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ABANDONO AFETIVO: INFLUÊNCIAS, DANOS AO INTERESSE DA CRIANÇA E

EFEITOS NO AMBIENTE JURÍDICO

AFFECTIVE ABANDONMENT: EVOLUTION, INFLUENT FACTORS, DISCUSSION AND


EFFECTS ON THE LEGAL ENVIRONMENT

Giovanni José Nascimento da Silva1

RESUMO

O presente trabalho faz um breve estudo sobre o fenômeno do abandono afetivo, que
se caracteriza pela indiferença emocional ou inafetividade de um genitor relacionada aos seus
descendentes diretos, a saber, os filhos, ou também o abandono dos filhos para com seus pais,
quando já se encontram idosos, como também dos parentes com os portadores de deficiências.
Relaciona seus malefícios de natureza psicológica e o debate no âmbito jurídico e legislativo
sobre a possibilidades de sanções aos responsáveis pelo referido delito, cuja estatística de
ações processuais tem crescido nas cortes judiciárias.

Palavras-Chave: ​Direito, Abandono, Afetividade, Responsabilidade

ABSTRACT

This paper presents a brief study on the phenomenon of affective abandonment, which
is characterized by emotional indifference or inaffectivity of a parent related to their direct
descendants, namely the children, or also the abandonment of their children to their parents,
when they are already elderly, as well as relatives with the disabled. It relates its maleficments
of a psychological nature and the debate in the legal and legislative sphere about the
possibilities of sanctions for those responsible for the offence, whose statistics on procedural
actions have grown in judicial courts.

1
​Acadêmico de Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2018-). Licenciado em História pela mesma
instituição (2006-2015). ​e-mail: ​giovannijns87@gmail.com​ Telefone: (083) 987756770
Keyword:​ Law, Abandonment, Affectivity, Responsibility2

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, a sociedade assiste de forma espantosa a constantes fatos em que são


elencadas diversas formas de infração à Lei cometidas por menores, assim como sua captação
pelo crime organizado ganham sucessivo destaque. Em condições mais agravantes, os casos
de depressão e suicídio conquistam crescente espaço na faixa etária dos doze aos dezoito anos
de idade.
Ao debruçar-se sobre a análise desse alarmante fenômeno social, identifica-se uma
preponderância nos discursos de Estado assim como na própria construção ideológica do
imaginário coletivo, a ideia de que comportamentos dessa natureza são consequência do
desmantelamento do sistema educacional público, confundido muitas vezes com a
doutrinação política; com a relativa falta da adoção de uma postura repressiva do Estado
enquanto detentor do poder de polícia, pois assevera Max Weber (1999) que o Estado como “
relação de dominação de homens sobre homens” assumindo um direito de coação legítima
carece de aceitação de ambas as partes, ou seja, de quem exerce o poder e de quem sofre a
ação desse poder, e que deve haver uma disposição subjetiva de seus sujeitos, ou seja, dos
sujeitos envolvidos nessa relação para que haja harmonia social e controle por parte do
Estado. (Max Weber, 1999, p. 526)².
Ocorre, ainda, a concepção já superada de que o infrator já nasce com a predisposição
biológica para o crime, ou de que sua condição socioeconômica seja determinante para tal,
negando o agir politicamente e socialmente para com os outros como gostaria que fosse feito
para si mesmos. Segundo Kant ​apud​. Rohden (2003):

“Só que uma razão pura é uma esfera de tal modo à parte, tão completamente
unificada em si, que não se pode tocar em nenhuma sem afetar todas as outras, e
que nada se pode fazer sem primeiramente ter determinado o lugar de cada uma e a
sua influência sobre as outras; porque, nada existindo fora dela que possa corrigir
o nosso juízo interior, a validade de cada parte depende da relação em que ela se
encontra com as outras na própria razão tal como na estrutura de um corpo

2
WEBER, Max. Economia e Sociedade. Fundamentos da sociologia compreensiva. Editora UnB. Brasília.1999
organizado o fim de cada membro só pode deduzir-se do conceito geral do todo
(KANT, ​apud​ ROHDEN, 2003, P. 20-21)3.

No entanto, ao estudar proficuamente a questão, percebe-se que a ideologia


liberal, em que o sistema econômico induz à competitividade e ao individualismo, em que se
exige cada vez mais do indivíduo produção laboral em vista de um confortável patamar
financeiro, aliada ao declínio da autoridade paterna, em parte decorrente da superação da
concepção patriarcalista, promoveu o crescimento de um fenômeno que consiste num
significativo estopim para a explosão destes distúrbios sociopsicológicos: o abandono afetivo,
que se trata do desprezo de um genitor pelos seus dependentes diretos. Existem, também, o
tipo da ação de abandono afetivo por parte de seus filhos, quando no caso estes pais já se
encontram idosos, como também o abandono afetivo de pais e de parentes de pessoas
deficientes, em especial os deficientes mentais, como podemos constatar no documentário o
Holocausto Brasileiro.
Assim como o abandono afetivo incorre em consequências psicológicas, também
encontra previsão no ordenamento jurídico, a partir das previsões constantes na própria
Constituição bem como das normas infraconstitucionais, que impõe responsabilidade ao
causador do dano pela ausência de afeto. Há doutrinadores que contestem por diversos
fatores, porém outros alegam a defesa dos direitos fundamentais como base para
responsabilidade judicial do ascendente enquanto causador do abandono.
Na produção acadêmica ora em apreço, o pesquisador enseja elencar as principais
raízes que originaram o fenômeno, assim como apresentar suas consequências no âmbito
psicológico e os debates jurídicos sobre o tema, assim como o entendimento das cortes
judiciárias e o processo legislativo de criação de normas que criminalizem o abandono.

2. PERSPECTIVA HISTÓRICA DA FORMAÇÃO FAMILIAR E OS FATORES


INFLUENTES DO ABANDONO AFETIVO

É impensável a formação da sociedade sem a formação da família; é evidente na


doutrina “que a família consiste numa sociedade sociológica e constitui a base do Estado, o

3
KANT, Emmanuel. Crítica da razão. Tradução, introdução e notas de Valério Rohden. Martins Fontes, São
Paulo. 2003.
núcleo fundamental em que repousa a organização social” (PEREIRA e GONÇALVES ​apud
SANTOS; 2011, p. 15)4.
Legar a um indivíduo a privação do afeto, além de consequências psicológicas,
implica em danos morais em vista do julgamento da sociedade. Para se compreender o
abandono afetivo, precisa-se entender diretamente a evolução do instituto familiar e como as
transformações neste culminaram no advento desta nova realidade social que produz efeitos
jurídicos.

2.1. EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-JURÍDICA

No decorrer da longa duração histórica, o ente familiar sofreu uma série de


transformações em seu escopo, desde o período da Pré-História até os dias atuais. Sejam
influenciadas por fatores sociais ou pelas concepções religiosas, a estrutura familiar
acompanha a mudança de paradigmas de sua época; no dia de hoje, diversas formas e
composições segundo a identidade de gênero, assim como pela ideologia social que norteiam
as convicções pessoais de cada indivíduo, assim como pelo fundamento legal que reconhece
novos padrões de entes familiares.
A origem do conceito de família advém de um momento remoto do passado histórico,
por isso a incapacidade de delinear sua abrangência. Entretanto, é convencional a ideia de que
os seres vivos se agrupam geralmente pela necessidade de autopreservação e continuidade da
espécie; provavelmente por essa necessidade surge a hipótese de que a felicidade só será
desfrutada com a formação de vínculos familiares.
O antropólogo Lewis Henry Morgan (​apud ​AZEREDO; 2018, p. 15)5, ao escrever ​A
Sociedade Antiga​, em 1877, afirma que “a família é o elemento ativo, nunca permanece
estacionada, mas passa de uma forma inferior a uma forma superior, à medida que a sociedade
evolui de um grau mais baixo para outro mais elevado. Por nunca permanecer em posição
estacionária, ao longo da História uma série de modelos familiares existiram, com suas
peculiaridades culturais, práticas e morais.

4
​SANTOS, Maria Alice de Souza Santos. A Natureza do Afeto nas Relações Paterno Filiais Frente às
Responsabilização Civil. Dissertação. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2011.

5
​AZEREDO, Christiane Torres de. Abandono Afetivo: A Não Observância do Dever de Convivência.
Dissertação. Faculdade de Direito de Vitória. Vitória. 2018.
Nos primórdios da História, a primeira fase da família se constituía pela
consanguinidade, respeitando os limites dos ascendentes para os descendentes nas relações de
matrimônio, ou seja, pais e mães não copulavam com os seus descendentes. Com o
crescimento populacional, o casamento infrafamiliar foi superado pelas formações familiares
entre os clãs.
Com o advento desse novo modelo, surgiu a primeira forma de contrato, o dote. Por
meio dele, a mulher passava para o matrimônio levando consigo bens e riquezas que
passariam à administração do homem. Nesse ínterim surge a fase do Neolítico, que se
identifica a primeira divisão de atribuições entre gêneros na convivência coletiva, período que
se caracteriza pela mutação do estilo de vida, quando os hominídeos passaram dos hábitos
nômades à uma conduta mais doméstica, favorecida pela evolução na confecção dos
instrumentos de trabalho e da introdução da caça, incumbindo o homem da caça, da pesca e
da defesa contra grupos de indivíduos alheios ao seu grupo. Enquanto isso, a mulher se
encarregava da preparação da comida, da confecção das vestimentas e do cuidado com a
prole. Tais comportamentos influenciaram no contexto de identidade familiar, pois o que
inicialmente se identificava pela filiação materna, agora figura no vínculo paterno; só se
identifica da família pelos vínculos com o homem, favorecendo a primazia do patriarcalismo
na formação familiar; a partir de então, surge o conceito do pátrio poder, ou seja, o homem
detém poder de vida e de morte sobre toda sua família. Nas sociedades do oriente próximo,
mais precisamente na Palestina e na própria Península Arábica, os chefes de família, além do
poder familiar, detinham a função sacerdotal no exercício da religião.
Esse paradigma da superioridade patriarcal foi aperfeiçoado a partir do apogeu da
sociedade grega, quando foram claramente definidas as esferas do comum (​koinos​) e do
privado (​oikos​) em que no primeiro se manifestava a visibilidade, a aparência, a retórica e a
política, a qual se exercia pela práxis, ou seja, a prática reproduzindo o discurso (​léxis)​ . Já no
oikos​, ou seja, no ambiente privado da vida familiar, se manifestava a predominância
patriarcal, imposta pela violência, o despotismo e a desigualdade.
Em certa maneira, os discursos misóginos eram corroborados pela produção
intelectual dos cientistas e filósofos gregos, sobre o que discorre a teóloga alemã Uta
Ranke-Heinemann (1996, p. 21), no livro ​Eunucos pelo Reino de Deus6:

6
​RANKE-HEINEMANN, Uta. Eunucos pelo reino de Deus: mulheres, sexualidade e a Igreja Católica. Tradução
Paulo Fróes - Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, 1996.
“Não é verdade que o Cristianismo trouxe o autocontrole e o ascetismo ao mundo
pagão que se deliciava com os prazeres e com o corpo. Pelo contrário, a
hostilidade ao prazer e ao corpo é um legado da antiguidade que foi singularmente
preservado até hoje no cristianismo. Os cristãos não ensinaram aos pagãos
licenciosos, dissolutos, a odiarem o prazer e a se controlarem; foram os pagãos que
tiveram de reconhecer que os cristãos eram tão adiantados quanto eles próprios.”

A professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica


Portuguesa, Maria José Ferreira Lopes7, não só corrobora com esta concepção, como se
aprofunda na origem histórica da perspectiva de vitupério da mulher, conforme o excerto a
seguir:

“A desvalorização e o vitupério da mulher são uma realidade comum a inúmeras


civilizações de todos os tempos e lugares. No entanto, a origem da sua “retórica”
situa -se no berço da civilização ocidental. Foi Antípatro de Tarso, filósofo estóico,
que, já na época helenística, introduziu a palavra μισογυνία para designar o “ódio,
desagrado, desconfiança pelas mulheres”, curiosamente numa obra em defesa do
casamento (c.150 a. C.). O contexto é a referência à reputação misógina da escrita
(“τὴν μισογυνίαν ἐν τῷ γράφειν”) do tragediógrafo Eurípides (480 -406 a.C.).”

A formação familiar como é predominante ainda hoje, consiste num legado da


civilização romana; AZEREDO, ao dissertar sobre a formação familiar e o abandono afetivo,
evoca o estudo de Friedrich Engels sobre a etimologia do próprio termo que designa família,
originário do radical latino ​famulus,​ que significa escravo familiar, indicando que abaixo do
patrício, todos eram seus escravos (​op cit,​ p. 22). Como no contexto romano a manutenção da
estrutura política e econômica demandava a promoção de guerras e a captura de espólios –
tesouros adquiridos com a vitória sob os povos subjugados, esta prática se estendeu ao lar. No
convívio familiar, até o próprio afeto era relativizado, pois nesta estrutura prevalecia o
interesse de inserção ou permanência nos ciclos de poder; só recebia afeto quem atendesse aos
anseios do chefe familiar. O patriarcalismo também trouxe a ideia da supervalorização do

7
LOPES, Maria José Ferreira. De Pandora a Eva: Fontes Antigas da Misoginia Ocidental. Revista Diacrítica
vol. 26 nº. 2. Braga. 2012.
nascimento dos filhos homens, pois manteriam viva a memória do patriarca do núcleo
familiar.
Porquanto, afirma Maria Alice de Souza SANTOS (idem, p. 17): “Assim, traçando
uma evolução histórica da família brasileira, verifica-se que não é possível deixar de observar
nas antigas civilizações a influência que por muito perdurou na organização familiar, seja por
meio da família romana, seja pelo catolicismo, ou pelo direito germânico”. Conclui-se que o
legado romano é muito forte nas questões sociais, jurídicas, religiosas e familiares, sobretudo.
A subjugação da mulher só foi intensificada com o advento da Idade Média,
fundamentada nos dogmas da Igreja, que se revestiu da autoridade máxima interferindo desde
as relações políticas, as quais a mesma figurava como protagonista consagrando os contratos
entre os senhores feudais de mútua cooperação produtiva e militar, até a interferência na vida
privada, na qual a submissão a Deus, à Igreja e ao cônjuge figurava uma virtude cristã.
O regime patriarcal sofreria seu primeiro revés com a formação do Estado moderno,
quando as sociedades se organizaram por seus aspectos comuns, principalmente vernáculos e
culturais, e concederam poder aos mais proeminentes senhores feudais com grande
capacidade militar. Com o Estado, surgiu a necessidade da legitimação deste, o que se
materializou com a elaboração das Leis. O pátrio poder continuava, porém limitado à
regulamentação legal dos decretos reais. Com o advento do Iluminismo e a ruptura plena da
relação Igreja-Estado, institutos como o divórcio passaram a ser uma realidade.
A segunda fase do capitalismo traria uma importante contribuição à emancipação
feminina, pois a industrialização trouxe em seu escopo a urbanização das cidades, a explosão
demográfica ao redor da metrópole, culminando na corrida armamentista e na Primeira
Grande Guerra, na qual as mulheres assumiram os postos dos homens nas fábricas, enquanto
estes combatiam na frente de batalha.
Somente com o fim da Segunda Guerra, em 1945, é que a concepção de Direito agrega
o enfoque nos Direitos Humanos, elencados na Declaração Internacional de 1948 e
homologados pela terceira fase do Constitucionalismo, que se constitui no fenômeno pelo
qual se estuda os fundamentos da formação das Constituições. Entre eles, o direito das
mulheres reafirmado na ​Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres.
No contexto Brasileiro, incorre em lugar comum o entendimento de que a cultura
familiar brasileira recebe fortíssima influência do legado português, do qual o antropólogo
Gilberto Freyre (2003, pp. 31-32)8 aborda além das bases de formação da população
brasileira, caracterizada pela miscigenação, elementos do imaginário coletivo da sexualidade
do lusitano, os quais induzidos pela ideia de superioridade étnica e de proliferação da
população portuguesa, acrescido do fato de haver poucas mulheres brancas na colônia,
cometiam diversos abusos contra nativas e africanas escravizadas, gerando diversos
descendentes inclusive extraconjugais, sem reconhecimento público, provocando o que na
perspectiva atual compreende-se como o abandono afetivo.
O ordenamento jurídico só abarcará uma perspectiva mais centrada nos direitos
humanos em uma conjuntura recente, a partir da aprovação da Constituição Federal de 1988 e
do Novo Código Civil de 2002. Antes, a Lei apresentava características fortemente
patriarcais, como a concepção clássica de casamento e a plenitude de direitos concedida ao
marido, inclusive da guarda e tutela dos filhos em caso de separação. Assim afirma
GIANDOSO (2004, p. 17)9:

“No Código Civil de 1916 predominava a ideia clássica de família, ou seja, a união
pelo casamento entre homem e mulher. A família adotava um modelo centrado na
autoridade patriarcal, ou seja, o pai era o líder e chefe da família. A esposa e a
prole ficavam subordinados ao autoritarismo do pai como chefe da família e
responsável pelas decisões. O marido era possuidor de todos os direitos e a única
função da mulher era obedecer as ordens designadas pelo marido, tomar conta das
prendas domésticas e da prole. O Direito Civil tinha um caráter patrimonialista.
Com a Constituição Federal do Brasil de 1988 o ser humano passa a ser foco
primordial do ordenamento jurídico. Como exemplo, podemos citar a igualdade
entre homens e mulheres e a proteção integral à criança e ao adolescente. Assim
sendo, o caráter patrimonialista do Direito Civil cede espaço a preocupação com
ser humano e consequentemente com o bem estar dos membros integrantes da
família.” (GIANDOSO: 2004, p. 17)

8
​FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia
patriarcal. 48ª ed. São Paulo. Global.2003.

9
GIANDOSO, Wanessa de Figueiredo. Responsabilidade Civil decorrente de abandono afetivo paterno/materno
filial. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo. 2014
2.2. FAMÍLIA NA ATUALIDADE E OS FATORES INFLUENTES DO ABANDONO
AFETIVO

Em virtude das mudanças aceleradas na estrutura da família na segunda metade do


século XX, e com isso tem sofrido adaptações sociais decorrentes da evolução de ideias e
necessidades de suprir lacunas sócio afetivas no contexto familiar, motivos pelos quais,
tornou grandemente amplo o conceito de família, pois na atualidade se constituem novos
conceitos de família e novas formações familiares, por causa de vários fatores ligados ao
crescimento da sociedade moderna perdendo o seguimento do modelo de família patriarcal.
Todavia, alguns tipos de famílias além da que é constituída de casamento entre homem e
mulher, temos; a família monoparental (mãe ou pai solteiro); Multiparental, composta,
pluriparental ou mosaico (composta por membros provenientes de outras famílias); Parental
ou anaparental (todos possuem vínculo sanguíneo); Eudemonista (união de indivíduos por
afinidade); Homoafetiva; homoparentalidade (família homoafetiva com a adoção de filhos).
Para ROSENVALD (2012) o modelo anterior de família permanece assegurada, pois a
concepção pós-moderna é abundante. Todavia, consegue coadunar com os inúmeros modelos
familiares (ROSENVALD, 2012, P. 63)10 incumbindo de uma concepção múltipla de família,
plural, unidos pelos elementos biológicos ou sócio-psico afetivos, permitindo se referir a uma
ou mais pessoas, com o propósito de firmar, eticamente, o crescimento da característica de
cada indivíduo.
O abandono afetivo se configura “pela omissão dos pais, ou de um deles, pelo menos
relativamente ao dever de educação, entendido este na sua acepção mais ampla, permeada de
afeto, carinho, atenção, desvelo”. (HIRONAKA; 2016, p.4). Muito embora seja possível sob a
perspectiva constitucional, especificamente no artigo 229 da Constituição Federal11, a
responsabilização dos filhos que desamparem os pais na enfermidade e na velhice, os casos
​ IAS,
práticos mais recorrentes consistem no abandono dos pais pelos filhos (​apud D
MUNARO & LIMA; 2017, p. 1).

10
​ROSENVALD, Nelson e FARIA, Cristiano Chaves. Direito Civil – Teoria Geral. Rio de Janeiro: Lúmen Júris.
2012.

11
​BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Congresso Nacional. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm​. Acesso em: 27 jul. 2019
O fenômeno do abandono afetivo enquanto análise social, que também assume a
forma de debate jurídico, não configura uma prática recente na sociedade, pois a despeito do
estabelecimento de família constante na norma jurídica sobre a formação familiar, prevista
principalmente no Código Civil de 1916, na prática os próprios homens revestidos do pátrio
poder estabelecido pela legislação se agrupavam em arranjos alheios ao núcleo familiar, como
aborda SANTOS (​ibidem,​ p. 22):

“No entanto, a realidade social brasileira era diferente das imposições legais;
crescente número de agrupamentos familiares advindos de junções paralelas à
família matrimonializada, seja por uniões maritais sem casamento (concubinatos
puros e impuros), seja por mulheres solteiras chefiando o lar sozinhas com os
filhos, além dos filhos não serem vistos como força de trabalho para a aquisição de
propriedade, pois com os avanços industriais, casamento não era a melhor forma
de adquirir riquezas”.

O professor de Direito Civil e advogado especialista em Direito de Família Rodrigo da


Cunha Pereira12 relaciona, ainda, fatores como o divórcio, homologado na legislação brasileira
nos fins da década de 1970, para o aumento dos casos de distanciamento afetivo dos pais em
relação aos filhos. Somados a estes novos institutos legais, somam-se os fenômenos sociais de
quebra da espinha dorsal da concepção patriarcalista de família, como o feminismo, o qual
propiciou à pluralidade de arranjos familiares; produção independente, o fenômeno do “pai
anônimo”, também relegaram aos filhos a condição de abandono afetivo. Sobre isto, discorre:

“O declínio da autoridade paterna, conseqüência do fim da ideologia patriarcal,


apresenta hoje sintomas sociais sérios e alarmantes. Se os pais fossem mais
presentes na vida de seus filhos, certamente não haveria tantas crianças e
adolescentes com evidentes sinais de desestruturação familiar. Seria ingenuidade
pensar que esses sintomas sociais que o cotidiano nos escancara é conseqüência
apenas do descaso do Estado e de uma economia perversa. O que empurra um
sujeito da favela para a marginalidade e o faz pôr fogo em um ônibus, é o mesmo
“desejo desencaminhado” que faz adolescentes de classe média, ou rica, atearem
fogo em um índio dormindo em um ponto de ônibus. Como aconteceu há poucos
anos na capital federal. É muito mais cômodo para todos nós, inseridos neste

12
​PEREIRA, Rodrigo da Cunha . Nem só de pão vive o homem: Responsabilidade Civil por abandono afetivo.
Artigo jornalístico. Jornal Estado de Minas, Belo Horizonte, p. 3 - 3, 04 fev. 2006.
contexto histórico do declínio do patriarcalismo e da sociedade do consumo,
explicar e entender, pela teoria econômica como se fabricam os “fernandinhos
beira-mar” e o porquê de tantas crianças abandonadas, criminalidade juvenil e de
tanta “droga adição”. Poderíamos também enveredar até mesmo em uma visão
moralista e pensar que todos esses sinais de violência começaram após 1977, com
o divórcio no Brasil, e conseqüentemente um aumento crescente de separação de
casais e de novas formas de constituição de famílias.” (2006, p.1)

Além das hipóteses de dissolução das formas de união civil, seja o casamento ou a
união estável, outros fatores que podem relacionados ao abandono afetivo; inclusive, os
próprios genitores-guardiões, ou seja, os que detêm a guarda do filho após a desintegração dos
laços conjugais, podem ser os responsáveis pelo afastamento do genitor que se desvinculou do
lar, sob a análise da Professora Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka13 (​op cit,​ p 4):

“Por outro lado, pode acontecer de se configurarem hipóteses de abandono afetivo


determinado ou desencadeado pela atuação do genitor-guardião que, muitas vezes,
confundindo os papéis paternais com os conjugais, acaba por afastar o genitor
não-guardião do convívio com os filhos. Assim, isto pode se dar, por exemplo, nas
hipóteses em que o genitor guardião projeta o sofrimento vivido em função da
quebra da conjugalidade à relação parental, imaginando que o seu ex-companheiro
será mau pai exatamente por ter sido um mau convivente ou um mau cônjuge.
Outras vezes, o guardião pode impedir o direito de visita do outro em função do
inadimplemento das obrigações pecuniárias de caráter alimentar. Também pode
acontecer que o genitor guardião procure atrapalhar a relação do genitor
não-guardião com os seus filhos, em razão da reconstrução de sua própria vida
afetiva, crendo e propalando que as crianças agora têm um novo pai ou uma nova
mãe, melhor na exata medida em que esta pessoa se mostra também um melhor
companheiro amoroso do que fora o genitor não-guardião[...]”. (HIRONAKA;
2006, p. 4)

Portanto, não apenas a atitude do genitor sem o poder de guarda acarreta na privação à
assistência aos filhos; os próprios ascendentes com o poder de guarda pode agir de forma a

13
​HIRONAKA, G. M. F. N.. Pressuposto, elementos e limites do dever de indenizar por abandono afetivo. In:
Tânia da Silva Pereira; Rodrigo da Cunha Pereira. (Org.). A ética da convivência familiar: sua efetividade no
cotidiano dos tribunais. Rio de Janeiro: Forense, 2006
retaliar o ex-cônjuge, punindo-o pelo divórcio ou pelo descumprimento de certos deveres
enquanto genitor, inclusive financeiros, o que incorre ainda no crime de alienação parental,
conforme analisa BODIN DE MORAES & TEIXEIRA (2016, p. 17)14:

“Em um ambiente de litigiosidade, é frequente que, diante do desejo de vingança


de um dos ex-cônjuges pelo fim do casamento e pela reconstituição da vida afetiva
do outro, os filhos sejam afastados do outro genitor e usados como instrumento
para atingi-lo, principalmente por meio da manipulação da sua psique, fazendo-os
crer que viveram situações falsas, com o escopo de dificultar o convívio parental.
Enfim, trata-se de condutas que atuam na mente do filho para que esta seja
programada a rejeitar o outro genitor.”

Em suma, os fatores determinantes do abandono afetivo consistem numa


complexidade de fatores originários pelos quais o apartamento acontece, porém em todos os
casos o filho.acabará por ser prejudicado.

3. OS PREJUÍZOS DO ABANDONO AFETIVO E SEUS EFEITOS DENTRO DO


ORDENAMENTO JURÍDICO

3.1. EFEITOS PSICOSSOCIAIS DO ABANDONO AFETIVO

Conforme o percurso da análise anterior, de que as relações sociais consistem numa


prática cotidiana cujo fundamento é a mutualidade e a reciprocidade, o dever afetivo dos pais
em relação aos filhos não significa apenas a visibilidade nas dependências físicas do lar,
tornando-se imprescindível o exercício adequado das atribuições e responsabilidades
paternais.
Ao contrário do que se propaga na opinião pública, a formação ética e a agregação de
valores ao caráter da criança, assim como a promoção de seu equilíbrio emocional, não
configuram uma obrigação da escola; o desenvolvimento cognitivo é um processo paralelo,

14
​BODIN DE MORAES, Maria Celina; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Descumprimento do art. 229 da
Constituição Federal e responsabilidade civil: duas hipóteses de danos morais compensáveis. Revista de
Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 3, n. 3, p. 117-139, set./dez. 2016. DOI: 10.5380/rinc.v3i3.48534.
que complementa a incursão de valores e princípios à educação infantil, conforme o
enunciado a seguir:

“Por fim, o dever de educação da prole incumbe aos pais como forma de se
garantir aos filhos uma perfeita conformação moral e intelectual. Os pais devem,
assim, desempenhar as funções de educadores e de autoridades familiares para que
a criança possa se formar enquanto pessoa humana. O importante, segundo a
psicologia, é que a criança possa receber uma educação condigna e receba a noção
de autoridade, por meio da imposição de limites já no seio familiar, sob pena de
um desajustamento e uma inadequação social posterior, quando o grupo familiar,
por si só, já não se fizer presente, ou não se puder fazer ativo na proteção da

pessoa do filho​.” (​HIRONAKA; o​ p cit​, idem​)

Nota-se, portanto, que mesmo convivendo diariamente com o póstero, ao se eximir das
suas obrigações o ascendente também comete abandono afetivo. o que é evidente na
abordagem na análise de HIRONAKA (2006; ​ibidem)​ :

“Ainda que a presença dos pais seja uma constância na vida dos filhos, deve-se
atentar para o fato de que não basta a presença física, sendo mister que a presença
se consubstancie no bom desempenho das funções parentais. Pode se dar, assim,
que o mau desempenho destas funções acarrete danos à formação
sócio-psiquico-cultural da criança. Quer isto significar que há muitos casos em que
os pais convivem com seus filhos diuturnamente, mas delegam as suas funções de
educadores e de encarnação da autoridade a terceiros, desobrigados destas funções
ipso facto, na medida em que não sejam os genitores das crianças, mas que
assumem de forma derivada uma parcela mais ou menos significativa desta
responsabilidade em função de uma relação jurídica contratual, por exemplo.”

Portanto, é imprescindível que os pais ou que assumam a responsabilidade


materno/paterna não ensejem terceirizar sua participação na formação ética do seu
descendente ou tutelado, sob o perigo de causar-lhe danos de ordem afetiva.
O prejuízo afetivo quando se priva o filho do amparo imaterial implica em agressões
sem medida à dignidade do indivíduo. Na qualidade de ente dotado de personalidade, sendo
necessário o convívio social e familiar para manifestação deste instituto, o ser humano
devidamente amparado consegue desenvolver suas habilidades e assumir suas atribuições
enquanto cidadão.
Ademais, o trauma psíquico implicará em dificuldades na evolução social, ou seja, de
portar-se de forma socialmente aprovada conforme os preceitos morais; na formação
cognitiva a qual juntamente com o afeto constrói as noções de educação na mente das
crianças, além de incutir um senso de irresponsabilidade deficitário como reflexo da atitude
irresponsável do abandono afetivo. Portanto, tais consequências têm encontrado respaldo no
ordenamento jurídico, nas esferas Constitucional, Cível e Criminal, ainda que existam
divergências sobre quais sanções são aplicáveis ou não aos responsáveis pelo abandono
afetivo.

3.2. O ENTENDIMENTO DO ABANDONO AFETIVO NO SISTEMA BRASILEIRO


DE NORMAS LEGAIS E NAS CORTES JUDICIÁRIAS

Decorrido o estudo da evolução familiar e dos fatores originários do abandono afetivo,


alcança-se a consciência que, tanto o suprimento material quanto a transmissão do amor é
importante para o bom desenvolvimento dos parâmetros social e emocional de qualquer
indivíduo, principalmente da criança cujo caráter precisa ser completamente modelado na
primeira fase da infância.
Embora o afeto se constitua um elemento imaterial, ou seja, não consiste em uma
satisfação pela concessão de algo concreto como por exemplo, um presente, Reafirma
Angeluci (2006, p. 6)15

“O amor, o sentimento de união, tem de estar presente, especialmente o amor que


une pais e mães aos seus filhos, devendo os adultos olvidar seus problemas e voltar
as preocupações para as crianças e os adolescentes. Considere-se que o amor, tanto
para o ser humano como para a sociedade organizada, é muito importante; sem
dúvida, é o mais alto sentimento despertado na vivência em comunidade.”

15
​ANGELUCI, Cleber Affonso. Abandono Afetivo: considerações para a constituição da dignidade da pessoa
humana. Revista Cej, Brasília, v.10, n. 33, p.43-53, abr. 2016. Trimestral. Disponível em:
<http://www.cjf.jus.br/ojs2/index.php/revcej/article/view/713/893>. Acesso em: 03 ago. 2019.
Entretanto, no ordenamento jurídico brasileiro a identificação deste elemento
imprescindível ao desenvolvimento humano torna-se perceptível somente após a consagração
dos direitos civis intrínsecos aos direitos fundamentais preceituados na Constituição Federal
de 1988, onde [...] “ se propõe a diminuir o espaço antes reservado à autonomia privada
dentro das relações, aumentando a esfera do que seria de interesse público. Esta intervenção
estatal [...] é característica desse Estado Social que se instaurou no século XX e busca
defender os hipossuficientes dentro dessas relações…” (ARAÚJO: 2017, p. 14)16. Contudo,
cabe realçar que a intervenção estatal não descaracteriza a perspectiva privada da relação
afetiva, que permanece constituída por indivíduos de direito legalmente iguais, mas sob a
regulação da normatividade jurídica estatal, numa espécie de confluência que objetiva o
resguardo dos valores que mereçam proteção jurídica, entre eles o afeto. Ainda na Carta
Magna, o artigo 229 versa sobre o dever dos pais de “assistir, criar e educar os filhos menores,
e os filhos maiores têm o dever de ajudar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.
Aliado ao advento do constitucionalismo social, o Direito Internacional enfoca,
simultaneamente, os direitos da criança e do adolescente, a partir da promoção da ​Doutrina da
Proteção Integral, ​consolidada na Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças, sobre a
qual discorrem KRIEGER & KASPER17:

“Como importante marco deste novo enfoque dado aos direitos da criança e do
adolescente destaca-se a Doutrina da Proteção Integral. As crianças e adolescentes
foram postos a salvo de toda forma de negligência.[17] Consagrada por meio da
Convenção das Organizações das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças -
aprovada em 1989 e ratificada pelo Brasil em 1990, por meio do decreto n. 99.710
-, preconiza a referida doutrina que as crianças e os adolescentes são detentoras de
direitos da mesma forma como os adultos e gozam de prioridade imediata e
absoluta com relação à proteção de seus interesses, os quais devem ser
resguardados em qualquer circunstância, sempre devendo ser levado em conta o
seu quadro de vulnerabilidade, dada a sua peculiar condição de desenvolvimento.”

16
​ARAÚJO, Amanda Siebra de. QUE O TEU (DES)AFETO ME AFETOU É FATO: Novas perspectivas do
abandono afetivo e material na jurisprudência brasileira. 2017. 58 f. Monografia (Curso de Direito),
Departamento de Ciências Jurídicas, Universidade Federal da Paraíba, Santa Rita, 2017.

17
​KRIEGER, Mauricio Antonacci; KASPER, Bruna Weber. Consequências do Abandono Afetivo. Revista
Páginas de Direito, Porto Alegre, ano 15, no 1241, 13 de maio de 2015.
No sistema brasileiro de normas legais, a Doutrina recebeu ainda amparo do
Legislativo por meio da promulgação da Lei nº. 8.069, de 13 de junho de 1990, denominada
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)18, o qual regulamenta a defesa dos direitos
fundamentais constitucionais em favor da proteção da camada infanto-juvenil da sociedade
brasileira, em que precisamente o ​caput ​do artigo 4º expressa: ​“É dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.”.​ Se voltando ao Texto Constitucional, o artigo 227 preceitua o
mesmo dever:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional no 65, de 2010).

Ainda na esfera normativa infraconstitucional, o direito civil, que rege as relações em


sociedade assim como os negócios e a administração dos bens, ampara o dever de cuidado
com os vulneráveis, a partir da homologação da Lei nº. 10.40619, de 10 de janeiro de 2002
(Código Civil), que versa no seu artigo 1634, que os detentores do poder familiar - conceito
substitutivo do pátrio poder, ou seja, do patriarca - são encarregados de oferecer as garantias
​ AIVA. 2014, p. 7)20:
conforme dispõe o texto (​apud P

a) dirigir-lhes a criação e educação;

18
​BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível
em: ​http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069compilado.htm​. Acesso em: 10 ago. 2019
o
19
BRASIL. ​Lei n​ 10.406, De 10 de janeiro de 2002​. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm​. Acesso em: 10 ago. 2019.

20
​PAIVA, F. J. C. B. E. de. A Responsabilidade Civil E O Abandono Afetivo Nas Relações Entre Pais e Filhos.
Arquivo Jurídico. Teresina-PI. vol. 1. nº. 6. p. 39-57. Jan/Jun. 2014
b) tê-los em sua companhia e guarda;
c) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
d) nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais lhe
não sobreviver, o outro sobrevivo não puder exercitar o poder familiar;
e) representá-los, até os 16 anos, nos atos da vida civil, e assisti-los após a idade, nos
atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
f) reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
g) exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição;
h) administra-lhes os bens (art. 1.689);
i) conceder-lhes consentimento para serem adotados (art. 1621)

Portanto, a conjuntura da transição do Estado mínimo para o de Estado de Bem-estar


Social, culminando na incubação dos direitos fundamentais no texto Constitucional, assim
como da adoção legislativa dos novos paradigmas de direito da criança e do adolescente
baseado principalmente nas transformações de paradigmas no Direito Internacional, orientam
a condução do debate sobre a responsabilização do agente familiar causador do abandono
afetivo nas instâncias judiciárias. Há ainda o entendimento doutrinário de que, nos casos de
inafetividade, cabe a imputabilidade criminal baseada no Artigo 133 do Decreto-Lei nº 2.848
21
, Código Penal, o qual dispõe: “​Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono ​[...]”​. Combinado a ele, o Capítulo III, denominado “Dos crimes contra a
assistência familiar” do Código já citado estabelece, no artigo 244, o tipo penal do abandono
afetivo.
Embora haja doutrinadores, ou seja, indivíduos de notável saber jurídico que se opõem
ao cabimento da reclamação judiciária sob a alegação de que “O amor, próprio do ser
humano, é gratuito e incondicional, não pode ser comprado ou alugado, menos ainda
imposto.” (MONTEMURRO; 2015)22. Entretanto, não é o amor ou o desamor que causam o

21
​BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm​. Acesso em: 10 de ago. 2019.

22
MONTEMURRO, Danilo. Amor não é obrigatório, mas abandono afetivo de criança gera dano moral.
Disponível em: ​http://www.conjur.com.br/2015-dez-06/amor-nao-obrigatorio-abandono-afetivo-gera-dano-moral
Acesso em: 06 dez. 2015.
prejuízo psicológico ao atingido pelo abandono, mas sim a violação das disposições legais
sobre o afeto, conforme o excerto a seguir:

“Mas não é a falta de amor que gera dano, não é o desamor por si só, o ato ilícito
praticado capaz de gerar o dano moral, mas sim a negativa em desferir amparo,
assistência moral e psíquica, é desatender as necessidades em prejuízo da
formação de uma criança, é, em muitos casos, desfazer os vínculos de afetividade
já estabelecidos, é, por derradeiro, o descumprimento dos deveres decorrentes do
poder familiar.” (MONTEMURRO: 2015, ​op cit​)

Em suma, presume-se que existe, inquestionavelmente, a urgência de uma intervenção


jurídica estatal no que concerne aos direitos de personalidade e de melhor interesse da criança
e do adolescente, em respeito aos princípios legais e normativos norteados pela Lei Maior e
para coação do genitor, parente o tutor que detém o poder familiar que incorra na negligência
em propiciar o pleno desenvolvimento do indivíduo a quem se deve o amparo afetivo,
evitando distúrbios de ordem emocional, intelectual e ética nos sujeitos ao referido amparo.
Nesse sentido, as funções de Estado se voltaram ao tema, com isso, tanto no
Legislativo quanto no Judiciário tramitam projetos de Lei que visam criminalizar o abandono
afetivo, quanto a jurisprudência das cortes segue para um entendimento pacífico sobre a
responsabilidade do parente causador do abandono afetivo. No ambiente legislativo, a Câmara
dos Deputados, no sentido de regulamentar a afetividade e a consideração da ausência desta
como conduta ilícita previsto com previsão legal, analisa o Projeto de Lei nº 3.212/201523,
anteriormente aprovado no Senado como Projeto de Lei (PLS) nº. 700/2007, que altera o
Artigo 4º, § 2º e § 3º da Lei nº. 8.069/1990, que passam a vigorar com as alterações a seguir:

“Art. 4º .......................................................................................................................
[...] § 2º Compete aos pais, além de zelar pelos direitos de que trata o art. 3º desta
Lei, prestar aos filhos assistência afetiva, seja por convívio, seja por visitação
periódica, que permita o acompanhamento da formação psicológica, moral e social
da pessoa em desenvolvimento.

23
​BRASIL. Congresso. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº. 3.212, de 2015. Altera a Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para caracterizar o abandono afetivo como ilícito civil.
Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1999535. Acesso
em: 10 ago. 2019
§ 3º Para efeitos desta Lei, compreende-se por assistência afetiva:
I – orientação quanto às principais escolhas e oportunidades profissionais,
educacionais e culturais;
II – solidariedade e apoio nos momentos de intenso sofrimento ou dificuldade;
III – presença física espontaneamente solicitada pela criança ou adolescente e
possível de ser atendida.” (BRASIL: 2015, p. 2)

Quanto a classificação da ausência afetiva enquanto ilícito civil, o Projeto de Lei


supracitado altera o artigo 5º, Parágrafo único do ECA, que passa a dispor da seguinte
redação:

“Art. 5º ………………………………………...........................................................
Parágrafo único. Considera-se conduta ilícita, sujeita a reparação de danos, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis, a ação ou a omissão que ofenda direito
fundamental de criança ou adolescente previsto nesta Lei, incluindo os casos de
abandono afetivo.” (BRASIL; 2015, ​idem​)

Para fins de orientar a doutrina e a jurisprudência, no sentido de pôr termo aos dilemas
sobre a abordagem da ilicitude do abandono afetivo, o Senado também se mobiliza com a
tramitação de importantes matérias legislativas: o Projeto de Lei do Senado 473/2013, de
autoria da Senadora Lídice da Mata, tramita “Com o escopo de adequar as necessidades da
sociedade atual ao ordenamento jurídico e reunir em um único local toda lei referente ao
Direito de Família” (GIANDOSO; ​op cit,​ p. 104). Especificamente nos Artigos 108 e 109 da
referida matéria busca considerar, assim como os projetos analisados anteriormente, a
ilicitude do abandono afetivo, assim como dispor sobre as competências dos pais no cuidado
com seus filhos.
Portanto, verifica-se que dada a incidência da responsabilidade civil elencada pelo
legislativo, unido ao que já foi disposto nas normas legais, cabe ressaltar a tendência do
judiciário rumo ao entendimento da procedência das ações que discorram sobre a
inafetividade. Todavia, como os regulamentos legais, assim como os projetos em tramitação
expressam maior proteção ao interesse da criança, sugere MONTEMURRO (2015, ​idem)​ : “o
autor da ação ou vítima do abandono deve ser, necessariamente, uma criança, adolescente ou
jovem e jamais um adulto. Ou seja, um adulto jamais terá pertinência ou legitimidade para
propor uma ação desta natureza, salvo se alegar fato ocorrido enquanto ainda adolescente,
salvo os prazos prescricionais.” Ainda subscreve MONTEMURRO:

“Não é qualquer comportamento omissivo ou ativo capaz de caracterizar o ato


ilícito passível de indenização. Deve estar presente a negativa injustificada dos
deveres do poder familiar, haverá de ocorrer o distanciamento na convivência
familiar; a omissão ou ação deve comprometer seriamente o desenvolvimento e
formação psíquica, afetiva e moral; deve-lhe causar dor, submetê-lo ao vexame,
causar-lhe sofrimento, humilhação, angústia. Como efeito, pelo viés prático,
revela-se extremamente dificultoso a valoração dos fatos possíveis de serem
alegados e provas passíveis serem produzidas num processo que se pretenda
indenização por abandono afetivo.”

Após sucessivas negativas de provimento às ações de reclamação de indenização por


abandono afetivo, o Supremo Tribunal Federal, maior corte de justiça brasileira, consolidou o
entendimento assim como concedeu repercussão geral sobre a possibilidade de
responsabilização por abandono afetivo no julgamento do Recurso Extraordinário nº.
898.060/SC, ao indeferir recurso do pai biológico por alegar existência de paternidade
socioafetiva, pelo fato da filha ter sido registrada em nome de outro indivíduo, mas que
reclamava seu reconhecimento paterno bem como seus direitos patrimoniais.
No ementário do processo, o relator, Ministro Luiz Fux, considerou, entre outros
aspectos, a proteção constitucional da felicidade em detrimento aos modelos pré-concebidos
pela lei, assim como elencou o reconhecimento à luz da Carta Magna da diversidade de
formações familiares, refutou o paradigma do Código Civil de 1916 o qual excluía os aspectos
biológico e afetivo da filiação, conforme disposto nos pontos da ementa a seguir:

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL


RECONHECIDA. DIREITO CIVIL E CONSTITUCIONAL. CONFLITO
ENTRE PATERNIDADES SOCIOAFETIVA E BIOLÓGICA. PARADIGMA
DO CASAMENTO. SUPERAÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988. EIXO
CENTRAL DO DIREITO DE FAMÍLIA: DESLOCAMENTO PARA O PLANO
CONSTITUCIONAL. SOBREPRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA (ART.
1º, III, DA CRFB). SUPERAÇÃO DE ÓBICES LEGAIS AO PLENO
DESENVOLVIMENTO DAS FAMÍLIAS. DIREITO À BUSCA DA
FELICIDADE. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO. INDIVÍDUO
COMO CENTRO DO ORDENAMENTO JURÍDICO-POLÍTICO.
IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DAS REALIDADES FAMILIARES A
MODELOS PRÉ-CONCEBIDOS. ATIPICIDADE CONSTITUCIONAL DO
CONCEITO DE ENTIDADES FAMILIARES. UNIÃO ESTÁVEL (ART. 226, §
3º, CRFB) E FAMÍLIA MONOPARENTAL (ART. 226, § 4º, CRFB).VEDAÇÃO
À DISCRIMINAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO ENTRE ESPÉCIES DE
FILIAÇÃO (ART. 227, § 6º, CRFB). PARENTALIDADE PRESUNTIVA,
BIOLÓGICA OU AFETIVA. NECESSIDADE DE TUTELA JURÍDICA
AMPLA. MULTIPLICIDADE DE VÍNCULOS PARENTAIS.
RECONHECIMENTO CONCOMITANTE. POSSIBILIDADE.
PLURIPARENTALIDADE. PRINCÍPIO DA PATERNIDADE RESPONSÁVEL
(ART. 226, § 7º, CRFB). RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
FIXAÇÃO DE TESE PARA APLICAÇÃO A CASOS SEMELHANTES.1. O
prequestionamento revela-se autorizado quando as instâncias inferiores abordam a
matéria jurídica RECURSO EXTRAORDINÁRIO 898.060 SÃO PAULO
RELATOR : MIN. LUIZ FUX RECTE.(S) :A. N. ADV.(A/S) :RODRIGO
FERNANDES PEREIRA RECDO.(A/S) :F. G. 2 invocada no Recurso
Extraordinário na fundamentação do julgado recorrido, tanto mais que a Súmula n.
279 desta Egrégia Corte indica que o apelo extremo deve ser apreciado à luz das
assertivas fáticas estabelecidas na origem. 2. A família, à luz dos preceitos
constitucionais introduzidos pela Carta de 1988, apartou-se definitivamente da
vetusta distinção entre filhos legítimos, legitimados e ilegítimos que informava o
sistema do Código Civil de 1916, cujo paradigma em matéria de filiação, por
adotar presunção baseada na centralidade do casamento, desconsiderava tanto o
critério biológico quanto o afetivo. 3. A família, objeto do deslocamento do eixo
central de seu regramento normativo para o plano constitucional, reclama a
reformulação do tratamento jurídico dos vínculos parentais à luz do sobreprincípio
da dignidade humana (art. 1º, III, da CRFB) e da busca da felicidade.” (BRASIL:
Supremo Tribunal Federal, 2016)24

Ademais, o afeto é valorizado nas relações de parentalidade no subitem 10 da ementa,


que versa: “10. A compreensão jurídica cosmopolita das famílias exige a ampliação da tutela
normativa a todas as formas pelas quais a parentalidade pode se manifestar, a saber: (i) pela
presunção decorrente do casamento ou outras hipóteses legais, (ii) pela descendência
biológica ou 4 (iii) pela afetividade”.

24
​BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 898.060/SC. Relator: Ministro Luiz Fux. 21 de
setembro de 2016.
Por fim, fixa-se a repercussão geral na leitura do subitem da ementa, que segue: “16.
Recurso Extraordinário a que se nega provimento, fixando-se a seguinte tese jurídica para
aplicação a casos semelhantes: “A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro
público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na
origem biológica, com todas as suas consequências patrimoniais e extrapatrimoniais.”
Isto posto, conclui-se que, embora a repercussão geral não explicite o efeito vinculante
por questões de omissão legal, ou seja, a legislação seja silente sobre o efeito contra todos
(​erga omnes)​ os tribunais, restringindo a vinculação destes decidirem de forma unânime
apenas em ações de controle de constitucionalidade nos termos do artigo 102, § 2º da
Constituição Federal, a importância do afeto vem conquistando espaço nas decisões
favoráveis à responsabilização judicial por abandono afetivo, graças à consolidação
Constitucional dos direitos à dignidade humana e à felicidade, que incorrerá em um futuro
próximo à vinculação pleiteada, dada a natureza da Lei de proteger os direitos fundamentais
do indivíduo e aplicar as devidas sanções aos seus infringentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho se completa no sentido de que, indubitavelmente, o afeto


configura um elemento imprescindível para a formação ética, o desenvolvimento intelectual e
o aperfeiçoamento do princípio da dignidade humana.
Como o pleno desenvolvimento psicológico solidifica suas bases na fase da tenra
infância, evidentemente nessa fase da vida humana o indivíduo deve ser protegido e
amparado, primeiramente pela família conforme disposto nas normas jurídicas pertinentes,
como pelos operadores do Direito, para que se propicie os devidos avanços pessoais com fins
na própria pessoa e na sua independência como ser dotado de consciência.
Conclui-se, ainda, que o ordenamento jurídico brasileiro não só dispõe de arcabouço
para a consideração do afeto como um direito intrínseco a dignidade da pessoa humana,
elencado na Carta Constitucional e nos dispositivos infraconstitucionais que valorizam a
afetividade, como urgem a judiciação criteriosa porém consistente dos entes familiares que se
constituam causadores do abandono afetivo.
Irrefutavelmente, o Estado deve tutelar os direitos de personalidade da criança e
adolescente, a fim de evitar os transtornos psicossociais e os prejuízos morais que se
configuram uma maleita à sociedade, sem contudo tornar o instituto da responsabilidade civil
pela inafetividade em uma forma irracional de compensação monetária , como se apenas a
reparação financeira sanasse o problema.
Ademais, sendo o ordenamento jurídico mais propenso a estabelecer a guarda
exclusiva, como é o brasileiro, concedendo apenas o direito de visitar ao genitor que não a
detém, cada ação por abandono afetivo deve ser analisado e julgado com a devida cautela,
dadas as possíveis manipulações emocionais do detentor da guarda em desfavor daquele que
não a tem. Em suma, assim como o direito à vida consiste em um direito fundamental, o
direito ao afeto deve alçar seu devido valor.

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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 898.060/SC. Relator: Ministro


Luiz Fux. 21 de setembro de 2016.

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