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INTRODUÇÃO

No ano de 2011 o Ministério da Família e Promoção da Mulher (MinFamu), registou


4678 casos de fuga à paternidade. As principais causas que estão na base desta situação
são nomeadamente, a falta de diálogo e entendimento, bem como questões de carácter
social e económicas.

De acordo com Jorge Trindade (Professor de Direito) “crianças criadas sem a figura
paterna apresentam 19 vezes mais possibilidades de serem indivíduos desajustados
socialmente, tornando-se delinquentes, marginais, drogados ou com distúrbios de
escolaridade, seja rico, ou seja, pobre”.

A família passou por inúmeras transformações ao longo da história da humanidade.


Mudanças essas que vieram a modificar, conseqüentemente, a disciplina jurídica da
filiação, buscando-se, mais do que nunca, atender ao princípio da igualdade.
Pretende-se demonstrar que a ascensão da paternidade originou-se mediante diversos
fatores, como observaremos ao relatar as inúmeras alterações que a família vem
sofrendo, ao longo dos séculos. Com a decadência do patriarcalismo surgiu a
possibilidade da família se organizar de maneira diferente, valorizando o individual,
respeitando o espaço de cada membro, em busca de um entendimento que abrangesse o
todo familiar.

PROBLEMATICA

Como a fuga a partenidade pode influenciar o comportamento socio-afectiva entre pais


e filhos?.

OBJECTIVOS

GERAL

Abordar a problemática fuga à paternidade no contexto socio-paternal.

ESPECIFICO

Identificar e descrever as causas da fuga à paternidade.

Determinar o número de mulheres que acorreram a justiça.

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Descrever as consequências da fuga à paternidade.

JUSTIFICATIVA

O estudo do tema em referência é importante porque a fuga á paternidade hoje é tão


comum que já não constitui um desvio, mais sim, uma problemática que perdura na
sociedade e será interessante constatar as causas da fuga da paternidade e as
consequências que podem advir deste terrível acto. Também por ser um tema muito
valorizado, mas pouco estudado em Angola.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Friedrich Engels, (2002, p. 34) “A família é o elemento ativo; nunca


permanece estacionária, mas passa de uma forma inferior a uma forma superior, à
medida que a sociedade evolui de um grau mais baixo para outro mais elevado”.
Num primeiro momento, não havia normas que disciplinassem as uniões, ainda segundo
Friedrich Engels, (2002, p. 35) “nesta época primitiva, imperava no seio das tribos, um
comercio sexual promíscuo, de modo que cada mulher pertencia a todos os homens e
cada homem a todas as mulheres”.
Logo após, os homens deixaram de ser nômades começaram a estabelecer em locais
permanentes e a desenvolver técnicas de agricultura para a sua sobrevivência. A mulher
passou a ter um papel fundamental no seio da sociedade familiar, era comparada à terra,
geradora da vida e responsável pelo crescimento da família.

Friedrich Engels, (2002, p 41/42), concluiu que desse estado primitivo de


promiscuidade, provavelmente bem cedo, formaram-se:

a) A família consangüínea,
b) A família punaluana.
c) A família sindiásmica.
d) A família monogâmica.

A família passou a ser fruto de uma comunhão de afeto recíproco, independentemente


de imposição legal ou vinculo genético, tendo por fim o desenvolvimento e a felicidade
de seus membros. A partir desta nova concepção, a paternidade não está somente
vinculada à relação biológica existente entre pai e filho, mas sim, na paternidade sócio-
afetiva, seja ela biológica ou não.
A verdadeira paternidade é aquela que se molda na convivência do dia a dia, nos
acontecimentos cotidianos, somente é pai, aquele que participou desde o inicio da vida
do filho.
Elementos sociais e comportamentais influenciaram na determinação de uma nova
paternidade, a sócio afetiva, que baseia-se na convivência entre pai e filho que não estão
ligados por laços genéticos.
Maria Berenice Dias, (2004), ensina que a mudança dos paradigmas da família reflete-
se na identificação dos vínculos de parentalidade, levando ao surgimento de novos

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conceitos e de uma linguagem que melhor retrata a realidade atual: filiação social,
filiação sócio-afetiva, posse do estado de filho.Todas essas expressões nada mais
significam do que a consagração, também no campo da parentalidade, do mesmo
elemento que passou a fazer parte do Direito de Família
O Professor e grande mestre João Baptista Villela, (1980, p.50) escrevia em seu texto,
então revolucionário, Desbiologização da Paternidade que:

O conceito de nascimento já não se contém nos estritos limites


da fisiologia e reclama um enfoque mais abrangente, de modo
a alcançar, além da emigração do ventre materno, todo o
complexo e continuado fenômeno da formação e
amadurecimento da personalidade, ou seja, em outros termos,
há um nascimento fisiológico e outro emocional. (Baptista
Villela, 1980, p.50)

1.1. Fuga a paternidade na sociedade angolana

O afeto exerce no atual contexto angolano um papel muito importante, delineando as


relações familiares e os novos paradigmas da filiação. Assim sendo, a posse do estado
de filho é um requisito fundamental à caracterização da paternidade/filiação sócio
afetiva, traduzida na aparência/demonstração de um estado de filho, chamada, portanto,
de estado de filho de afeto.
Conforme Fachin, (2003), a verdade sociológica da filiação se constrói, revelando-se
não apenas na descendência, mas no comportamento de quem expende cuidados,
carinho e tratamento, quer em público, quer na intimidade do lar, com afeto
verdadeiramente paternal, construindo vínculo que extrapola o laço biológico,
compondo a base da paternidade.
A posse de estado de filho não foi contemplada em nossa legislação como elemento
constitutivo de filiação. Entretanto pode ser contemplada como elemento constitutivo da
paternidade responsável, fundada nos laços de afeto, dentro da noção de família
sociológica.
Maria Helena Diniz (2002, p.367) leciona que “parentesco é a relação vinculatória
existente não só entre pessoas que descendem uma das outras ou de um mesmo tronco
comum, mas também entre cônjuges e os parentes do outro e entre adotante e adotado”.
César Fiúza (2002, p.987) diz que “o estudo do parentesco diz respeito às relações entre
certas pessoas pertencentes a um mesmo grupo familiar”.

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Analisando os conceitos supramencionados, conclui-se que parentesco é a relação de
todas as pessoas que compõem uma família. E essa relação jurídica de parentesco pode
ser natural ou por consangüínea, por afinidade ou civil.

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CONCLUSÃO.

Antes, pelo sistema codificado, apenas o casamento legitimava a família. Fora desse
modelo oficial, a união era considerada irregular e os filhos advindos desta eram
considerados ilegítimos. A paternidade era estabelecida pela presunção pater is est.

Da paternidade, conceito relativo e histórico, formam-se as relações de sangue e afeto,


pois dela decorre o direito ao nome e sobrenome, à origem, à identidade genética, em
consonância com o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Por outro
lado, também são estabelecidas as relações patrimoniais decorrentes do Direito de
Família, os deveres obrigacionais, os decorrentes da responsabilidade civil, além dos
direitos sucessórios.

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BIBLIOGRAFIA

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva 2002, v.5º:
Direito de Família.
ENGELS, Friederich. A Origem da Família e das Sociedades Comerciais. 5.ed. Belo
Horizonte: Del Rey 2002.
FACHIN, Luiz Edson. Comentários ao novo código civil: do direito de família; do
direito pessoal; das relações de parentesco. Coordenador Sálvio de Figueiredo Teixeira.
Rio de Janeiro: Forense, 2003.
FIUZA, César. Novo Direito Civil: curso completo. 5. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2002.
n.2, jun/jul 1999.
VILLELA, João Baptista, O modelo constitucional da filiação: verdade e superstições.
Revista Brasileira de Direito de Família. Porto Alegre: Síntese

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