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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

ISCED – LUANDA

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM AGREGAGAÇÃO PEDAGÓGICA


PARA DOCENTES UNIVERSITÁRIOS

MODULO IV: Metodologia de Pesquisas Interdisciplinares e


Elaboração de Projectos

Tema: A FUGA A PATERNIDADE

Aluno: Ailton Djaír José Victalino da Silva

Luanda, Novembro 2022


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
ISCED-LUANDA

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM AGREGAGAÇÃO PEDAGÓGICA PARA


DOCENTES UNIVERSITÁRIOS

TEMA: A FUGA A PATERNIDADE?

DOCENTE: Phd. Carlos Van-Dúnen


Aluno: Ailton Djair José Victalino da Silva;

Luanda, Novembro 2022


Dedicatória

Dedico este trabalho a minha esposa e aos meus filhos.

i
Agradecimento

Agradeço ao Deus todo poderoso pelo folego de vida.

ii
Resumo
Neste trabalho de investigação científica sobre a fuga a paternidade em Angola,
procuramos sintetizar o assunto em quatro (4) subtemas.

I – Situação da fuga a paternidade

II – Principais causas da fuga a paternidade

III - Enquadramento Legal da fuga a paternidade

IV – Consequências da fuga a paternidade

Procuramos com isso, levar ao leitor um estudo dos principais motivos que levam a
fuga a paternidade e quais consequências permanentes que podem causar aos
indivíduos e a sociedade.

iii
Índice
Dedicatória....................................................................................................................................i
Agradecimento.............................................................................................................................ii
Resumo.......................................................................................................................................iii
Introdução....................................................................................................................................1
Objectivos....................................................................................................................................2
Objectivos Gerais.....................................................................................................................2
Objectivo específicos...............................................................................................................2
I – Situação da fuga a paternidade................................................................................................3
II – Principais causas da fuga a paternidade.................................................................................3
III - Enquadramento Legal da fuga a paternidade.........................................................................4
IV – Consequências da fuga a paternidade...................................................................................4
Conclusão.....................................................................................................................................5
Bibliografia..................................................................................................................................6

iv
Introdução
O tema em questão, é de extrema importância, por isso a razão de trazermos como tema do
nosso trabalho “A fuga a paternidade em Angola”, abordaremos com algum detalhe em como
este fenómeno se difundiu, quais as causas, e que consequências poderá trazer a sociedade.

O objectivo principal é definir o que é a fuga a paternidade tendo em conta vários factores.
Segundo (Cunico & Arpin, 2017), na evolução histórica da família concebe-se três grandes
fases, cada fase com características próprias, quais sejam: família tradicional, moderna e
contemporânea. A figura paterna, por muito tempo, ocupou um lugar central e privilegiado, o
pai era visto como o cabeça, o provedor, o inquestionado.

Angola não escapou deste fenómeno, e atendendo a condição social o número de crianças
abandonadas ou órfão de pai vivo. Inúmeros são os casos de criança a recolherem lixos,
crianças abandonadas pelos pais nas portas de igrejas, lares e deitadas em contentores de lixo ou
outros depósitos, e também vivencia-se que as crianças e adultos que vivem em um ambiente
onde um dos pais abandonou, são propensos a contraírem doenças e outros tais como:
desnutrição, alcoolismo e trabalho infantil, prostituição, desta feita, em meio a estas situações
alarmantes que esta problemática causa, levou-nos a esta tarefa de abordar sobre a fuga à
paternidade no fórum Patológico (Kinhama, 2022).

Por tanto com este trabalho procuramos trazer em debate este tema, para que todos possamos
entender as consequências da ausência da figura paterna.

1
Objectivos
Objetivos Gerais
O objectivo deste trabalho de investigação é de apresentar as consequências do não
tratamento e acompanhamento do fenómeno da fuga a paternidade e mostrar como as
famílias saem prejudicadas.

Objectivo específicos
Neste trabalho de investigação, teremos como objectivos:

o Entender as causas que levam a fuga a paternidade;


o Que medidas estão a ser tomadas para reduzir a possibilidade de ocorrência
deste fenómeno;
o As consequências às famílias que vivem com este fenómeno;
o Como pode ser evitado.

2
I – Situação da fuga a paternidade
A fuga a paternidade é a negação ou rejeição de assumir as suas responsabilidades paternais ou
maternais em relação aos filhos nascidos. (Mozaikos, Instituto para Cidadania, 2022).

O padre Mulewu aponta: o não sustento da família com o salário insuficiente de um dos pais, o
desperdiço de dinheiro, pode levar a negligenciar os filhos, a prostituição de um dos pais conduz
a negação da acção paternal sobre os filhos, a infidelidade no lar, leva um dos parceiros a
abandonar os filhos com um dos cônjuges sem tomar conta deles, a irresponsabilidade dos pais
em não cuidar dos filhos sobretudo na saúde, no vestuário e na habitação constitui
consequências negativas sobre os filhos por falta de atenção. (Mozaikos, Instituto para
Cidadania, 2022).

Entre os males da fuga à paternidade constam a falta de registo civil, crianças fora do sistema de
ensino, ausência de alimentação condigna, factores psicológicos, desestruturação de famílias e o
surgimento de casos de crianças na rua, que muitas vezes enveredam pelo mundo da
delinquência infanto-juvenil. (Júnior, Suzana, & Lopes, 2022)

Paulo Kalessi, Presidente do INAC – Instituto Nacional da Criança, assume que nos casos de
fuga à paternidade, na sua maioria, estão envolvidos agentes da Polícia Nacional e militares das
Forças Armadas de Angola (FAA). (Leite, 2020).

II – Principais causas da fuga a paternidade.


Violência Doméstica

A violência doméstica tem sido apontada como o confronto físico ou verbal como forma de
resolução do conflito familiar, e quando há conflito entre o casal, muita das vezes, há violência
e esta violência, levando à separação do casal, divórcio, prisão ou ainda à morte. Diante disto,
os filhos sofrem as consequências desta situação.

Alguns casos, a violência é contra a própria crianças, quando estes passam por maus-tratos,
ofensas físicas ou verbais, muitos fogem como tentativa de livrar-se da violência no lar, por não
aguentar a violência e, assim, tornam-se crianças de rua distantes do amor dos pais, da
assistência afectiva e financeira e, ainda, passam a viver em lares ou instituições acolhedoras.

Divorcio ou separação do casal

O divórcio, apontado como um dos factores que influencia a fuga à paternidade, tem grande
implicância nas relações entre pais e filho(a) inegavelmente. O divórcio quebra a unidade
familiar e com isto fragiliza a boa relação entre o pai e os filhos; muitos pais deixam de prestar
assistência e de cumprir com a sua verdadeira responsabilidade, pois acabam se encontrando
distante do filho.

Superstição (Feitiçaria)

Sendo Angola, um país com uma literacia carenciada, muitos casos socias são justificados pela
prática e uso da feitiçaria. Muitos pais abandonam seus filhos, acusando elas de feiticeiras ou
azarada. Apesar de ser uma prática que não se estuda academicamente, ainda é uma das razões
forte, das quais justifica a fuga a paternidade.

3
Nota-se que, nesta perspectiva que, o homem é desresponsabilizado de sua decisão de deixar a
família e, concomitantemente, a mulher feiticeira é, por este olhar social, culpabilizada. Assim,
a culpa pelo abandono familiar, justifica-se por via da feitiçaria, que passa do homem que
deixou a família para a mulher que o desejaria. (Sapalo, 2019)

III - Enquadramento Legal da fuga a paternidade


Protecção esta eminente a partir da Constituição da República de Angola, que no seu artigo 35.º
n.º 3 consagra o Princípio da Igualdade do homem e da mulher no seio da família, da sociedade,
cabendo-lhes os mesmos direitos e deveres. Devem garantir tudo o que for necessário para o
sustento do filho, desde saúde, habitação, vestuário, educação, e instrução, para o normal
desenvolvimento deste. arts.131.º, 247.º, 248.º e 249.º n.º1, todos do Código da Família.

O artigo 80.º da Constituição da República de Angola, em correlação com o Código da Família


vêm responsabilizar as pessoas que se furtem à prestação de alimentos aos filhos. A Lei n.º
25/11 de 14 de Julho, Lei da Violência Doméstica, no seu artigo 25.º, criminaliza a fuga à
Paternidade, considerando-a como um “abandono familiar”, sendo que, todo aquele que praticar
este facto pode ser condenado na pena de prisão de dois (2) a oito (8) anos. (Calueyo, 2022)

IV – Consequências da fuga a paternidade


A fuga à paternidade afecta a sobrevivência e o desenvolvimento das crianças angolanas. Um
exemplo é o registo de nascimento. Em Angola, apenas uma em cada quatro crianças com
menos de 5 anos são registadas, de acordo com o Recenseamento Geral da População e
Habitação de Angola.

No que tange aos 11 Compromissos da Criança, importa ressaltar que em 2007, durante o III
Fórum Nacional sobre a Criança, o Governo de Angola assumiu os 11 compromissos de
protecção à criança, a saber:

1. Esperança de vida

2. Segurança alimentar e nutricional

3. Registo de nascimento

4. Educação da primeira infância

5. Educação primária

6. Justiça juvenil

7. Prevenção e redução do impacto do HIV/sida nas famílias e nas crianças

8. Prevenção e mitigação da violência contra a criança

9. Competências familiares

10. Criança e comunicação social

11. Criança no orçamento geral do Estado.

4
Os governos, podem sim reforçar as políticas socias de integração, mas, o número de abandono
ou fuga a paternidade não é controlado, não conseguirá certamente controlar os danos que este
fenómeno causa a sociedade.

Quando um pai se furta de suas responsabilidades, ela deixa a criança vulnerável a todos os
tipos de ataques que a sociedade oferece.

As crianças são o futuro do amanhã, e quando negligenciadas, estamos na verdade aumentar os


problemas socias do futuro, prostituição, crimes de várias índoles. As consequências são
catastróficas, porque vai produzir uma sociedade doente, com dificuldades de produzir
produtividade.

5
6
Conclusão
A guisa de conclusão, é necessário e urgente olhar-se para a fuga a paternidade como um
problema social que afectará toda estrutura social. Porque as crianças constituem o grupo mais
vulnerável à essa prática, contudo os elevados níveis de violência que se produz a nível da
sociedade está intrinsecamente ligado à essa situação. Neste sentido quanto menores forem os
níveis de fuga à paternidade menores serão as estatísticas inerentes à essa situação. Precisamos
urgentemente olha com atenção a isto, se quisermos fazer uma sociedade saudável.

O estado deve urgentemente adoptar medidas de integração social, para permitir a redução da
precaridade social e assim exigir de facto a responsabilização de pais que escolhem a fuga como
a rota mais fácil para escapar do peso financeiro de sustentar uma criança.

É mais que necessário, um estudo de profundidade, para se entender os verdadeiros motivos que
funcionam como pólvora para este fenómeno.

Que seja criado grupos e estruturas socias que trabalham na construção do homem,
sensibilizando-o das consequências que poderá trazer as crianças abandonadas.

É necessário também uma reformulação da política de distribuição de riqueza, de formas a


elevar a capacidade de compra do cidadão.

7
Bibliografia
Calueyo, A. (14 de Nov de 2022). Julaw. Obtido de Julaw: https://julaw.ao/a-fuga-a-
paternidade-e-a-maternidade-aracilis-calueyo/

Cunico, S. D., & Arpin, D. M. (2017). Família em mudança: desafios para. Porto Alegre: Porto
Alegre.

Kinhama, V. C. (09 de Set de 2022). Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e


Educação-REASE. Fuga à Paternidade em Angola, Província do Cuanza Sul,
Município da Cela, p. 136.

Mozaikos, Instituto para Cidadania. (14 de Nov de 2022). Obtido de Mozaikos, Instituto para
Cidadania: https://mosaiko.op.org/fuga-a-paternidade/

Pintinho, M. (2017). Efeitos da fuga à paternidade na estrutura familiar. Anhangabaú: Paco


Editorial.

Sapalo, J. M. (2019). afetivo ou fuga à paternidade em Angola, na província de Luanda,


município de Viana, no bairro da Estalagem. Brasil: São Francisco de Conde.

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