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contemporânea
Hoje, as estruturas familiares já não são mais formadas apenas pela união matrimonial
patriarcal como nos séculos passados (nos quais as leis canônicas eram impostas aos
cônjuges como lei maior) mas sim por laços amorosos e afetivos entre os membros. Isso
porque, com o surgimento da sociedade contemporânea e o afastamento (de certa
forma) das leis canônicas, a questão afetiva foi posta como um princípio norteador do
direito de família, para amparar decisões que envolvam, por exemplo, a poliafetividade.
A adoção de crianças e adolescentes é regulada pela Lei Nacional de Adoção (Lei n°.
12.010/09) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei n°. 8.069/90) e hoje
é dividida em espécies. Uma das modalidades é, inclusive, a adoção homoafetiva,
permitida jurisprudencialmente desde que respeitando todos os requisitos legais do
processo adotivo. Porém, atualmente, devido a não aceitação da estruturação familiar
poliafetiva, a adoção por famílias poliafetivas enfrenta barreiras no âmbito jurídico, e o
seu não reconhecimento legal dificulta decisões delicadas dentro do direito de
família [2].
Mas, apesar das barreiras, o direito de família continua a evoluir e algumas decisões
judiciais dão esperança de um futuro mais inclusivo. Por exemplo, a decisão proferida
pelo juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude, Élio Braz Mendes, que deferiu o pedido de
guarda compartilhada feito pelos três responsáveis de uma criança de quatro anos,
levando em consideração o princípio da afetividade e o bem-estar da criança envolvida
no processo. Tal decisão configurou uma adoção poliafetiva, visto que na certidão da
menor constará dois pais biológicos e um socioafetivo, este último tendo relação
amorosa com um dos pais biológicos, configurando o papel de madrasta da criança e
com ela tendo desenvolvida uma relação socioafetiva [3].
Portanto, deve-se priorizar o reconhecimento judiciário dessa espécie familiar para que
com ele sejam assegurados todos os direitos que lhes são resguardados, buscando uma
maior efetivação do direito de família com relação à adoção e ao parentesco civil
socioafetivo.