1 INTRODUÇÃO 5
2 PRINCÍPIO DA SOCIOAFETIVIDADE APLICÁVEL AOS NOVOS ARRANJOS
FAMILIARES 6
2.1 Da Filiação socioafetiva e posse de estado de filho (a) 7
2.2 Provimento n.º 63 do Conselho Nacional de Justiça e a Legitimidade para
requerer o reconhecimento do vínculo socioafetivo 8
2.3 Os efeitos do reconhecimento do vínculo socioafetivo 9
3 O RECONHECIMENTO DA FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA POST MORTEM:
requisitos à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ 10
4 RECONHECIMENTO VÍNCULO PARENTAL COLATERAL SOCIOAFETIVO POST
2
MORTEM 1
5
5 CONCLUSÃO 1
6
REFERÊNCIAS 1
1 INTRODUÇÃO
Essas transformações são sentidas pelo estudo de seus princípios, muitos deles de
cunho constitucional, dentre os quais o princípio da dignidade humana,afetividade,
igualdade e liberdade.
O ponto central do novo contexto em que o direito de família está inserido consiste
na problemática do reconhecimento do vínculo socioafetivo e seus efeitos. Este, vem
sendo tratado com exaustão pelos doutrinadores, principalmente após o
reconhecimento do princípio da igualdade entre filhos previsto no art. 227, § 6º, da
CF e art. 1.596 do CC.
Diante disso, é possível pontuar que, o artigo 227 da Constituição Federal, em seu
parágrafo 6º, hasteia o princípio da isonomia entre os filhos, afixando que “os filhos,
havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos
e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”
(BRASIL, 2018).
Em suma, poder-se-ia dizer que essa igualdade abrange os filhos adotivos, os filhos
socioafetivos e os havidos por inseminação artificial heteróloga (com material
genético de terceiro). Essa igualdade é reflexo do cenário contemporâneo que passa
a valorar as relações familiares baseando-se no afeto.
A despeito de críticas suscitadas por alguns juristas, não resta dúvida de que a
afetividade constitui um princípio jurídico aplicado nas relações familiares e com
repercussões sucessórias (TARTUCE, 2017, p. 786).
Significa dizer que há possibilidade de produção de efeitos jurídicos a partir de três
diferentes enfoques parentais. O parentesco biológico, o registral e o socioafetivo,
nem sempre coincidentes.
Desta forma, na busca pela igualdade fraterna em razão das diferentes origens,
procurou-se impedir a discriminação quanto à procedência da filiação. Assim, o
direito de família busca tutelar as novas concepções de família, protegendo as
relações jurídicas de filiação (FARIAS; ROSENVALD, 2015, pp.540-541).
Como resultado de tal entendimento, é possível afirmar que todo e qualquer filho
goza dos mesmos direitos e proteção, tanto na esfera pessoal como na patrimonial.
Portanto, a existência de dispositivos legais que, direta ou indiretamente, violem a
isonomia devem ser excluídos do ordenamento jurídico. Fazendo com que a
isonomia, formal e material, entre os filhos seja plena.
Uma vez reconhecida a filiação pela posse de estado de filho, torna-se impossível
sua revogação ou retratação, operando-se todos os efeitos jurídicos daí decorrentes
(FARIAS; ROSENVALD, 2015, p.549).
Nesse trilhar, o STJ assentou entendimento que o direito de propor ação para o
reconhecimento do vínculo socioafetivo é personalíssimo, a saber:
Todavia, em outro caso, firmou entendimento de ser possível o pai propor tal ação
conforme se verifica no acórdão abaixo transcrito:
Acerca do tema, Maria Berenice Dias (2016, p. 409) sustenta que para o filho afetivo
ter direito sucessório é necessário que tenha nascido ou ao menos tenha sido
concebido antes da abertura a sucessão, tendo em vista que se não for reconhecido
não poderá desfrutar da condição de filho e não lhe será transmito a herança.
Ainda com relação a vocação hereditária cabe observar que a legislação dispôs que
na ausência de ascendentes e descendentes do de cujos serão chamados a
suceder os colaterais até o quarto grau.
Portanto, com base no artigo 1.841 do Código Civil, fora garantido o direito
sucessório ao colateral de segundo grau socioafetivo, a ser chamado a suceder na
herança do irmão que não deixou herdeiros necessários.
Em outro recente julgado, REsp 1.500.999/RJ, relatado pelo Min. Villas BôasCueva,
decidiu pela aplicação extensiva do dispositivo, enfatizando a importância do
reconhecimento da paternidade socioafetiva como realização da dignidade da
pessoa humana permitindo a valorização da verdade real consubstanciada no
histórico de vida e na condição social ostentada.
Ainda, segundoo Min. Marco Aurélio Bellizze, relator do REsp 1.328.380, “as
manifestações de afeto e carinho por parte da pessoa próxima à criança somente
terão o condão de convolarem-se numa relação de filiação, se, além da
caracterização do estado de posse de filho, houver, por parte daquele que despende
o afeto, clara e inequívoca intenção de ser concebido como pai/mãe daquela
criança.
Quanto à posse de estado de filho tem sua configuração, de acordo com a doutrina,
como a presença não concomitante de tractatus (tratamento de parte a parte),
nomen (utilização do nome de família) e a fama (reconhecimento pela família e pela
comunidade da relação de filiação).
Todavia, o avanço quanto ao conceito de família, devido a dinâmica social, fez com
que novos tipos de relações intersubjetivas pleiteassem seu reconhecimento
constitucional.
Dessa forma, surge a controvérsia sobre a taxatividade do rol previsto no artigo 226
da Constituição Federal. A priori poder-se-ia concluir que a proteção estatal abrange,
somente, os três modelos expressamente mencionados.
Apesar de parte da doutrina – da qual fazem parte maria Helena Diniz e Arnaldo
Rizzardo – entender que a Constituição não contempla outros arranjos familiares
existentes no plano fático, tem predominado, na doutrina e na jurisprudência, a
compreensão de que o rol do art. 226 da CF/88 é exemplificativo.
Daí surge à expressão criada por Sergio Resende de Barros (2003), a família
anaparental que quer dizer família sem pais. Corrobora com esse entendimento a
doutrinadora, Maria Berenice Dias, ao asseverar que “a diferença de gerações não
pode servir de parâmetro para o reconhecimento de uma estrutura familiar. Não é
verticalidade dos vínculos parentais em dois planos que autoriza reconhecer a
presença de uma família merecedora de proteção jurídica.”. (DIAS, 2016, p. 242).
Ademais, o art. 1.547 do Código Civil regula a chamada posse de estado, a qual
consiste no critério, reconhecido expressamente pelo direito brasileiro, para
demonstrar a existência de vínculo conjugal, conforme elementos fáticos que
comprovem de modo inequívoco a natureza material mantida pelos sujeitos.
O referido parecer decorre do caso em que três senhoras, que ainda em 1943,
conheceram um senhor com quem criaram um vínculo de amizade e eram
reconhecidos como irmão perante a sociedade em que viviam.
5 CONCLUSÃO
COLEHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: Família e Sucessões. 5.ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. 7. ed.
rev. amp. e aum. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2015.
LÔBO, Paulo. Direito civil: Famílias. 7.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 17. ed. São Paulo: Atlas,
2017. 5 v.
19