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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Graduação em Direito

REGULAMENTAÇÃO DA UNIÃO POLIAFETIVA NO DIREITO BRASILEIRO

Lígia Manetta Galiazzo

Poços de Caldas
2021
Lígia Manetta Galiazzo

REGULAMENTAÇÃO DA UNIÃO POLIAFETIVA NO DIREITO BRASILEIRO

Projeto de pesquisa apresentado ao


curso de Graduação em Direito da
Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais – campus Poços de
Caldas – como requisito parcial para
aprovação na disciplina de
Metodologia da Pesquisa Jurídica.
Orientador: Prof. Me. Emerson Alves
Andena.

Poços de Caldas
2021
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. - Artigo
CF – Constituição Federal
CNJ – Conselho Nacional de Justiça
ONU – Organização das Nações Unidas
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

1.1. Problema .......................................................................................................... 5

1.2. Hipóteses .......................................................................................................... 5

1.3. Objetivo............................................................................................................. 5

1.3.1. Objetivo geral ............................................................................................. 5

1.3.2. Objetivos específicos ................................................................................. 5

1.4. Justificativa ....................................................................................................... 6

2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 6

3. METODOLOGIA ...................................................................................................... 8

4. PLANO DE MONOGRAFIA ..................................................................................... 8

5. CRONOGRAMA .................................................................................................... 10

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 11

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 13
5

1. INTRODUÇÃO

1.1. Problema

Considerando o direito como instrumento do princípio da dignidade da pessoa


humana, previsto no inciso III do art. 1º de nossa Constituição Federal de 1988, deve-
se legitimar a formalização das uniões familiares formadas pela poliafetividade ?

1.2. Hipóteses

Com o efetivo aumento das uniões poliafetivas públicas no Brasil, a falta de


regulamentação para que possam constituir uma relação jurídica tem gerado reflexos
sociais para esses sujeitos, eis que não possuem o direito fundamental da igualdade
tutelado.
Nesse sentido, faz-se necessária a adaptação do ordenamento por parte do
legislativo para adaptar-se aos reais carecimentos sociais, ensejando aos
interessados os mesmos direitos advindos da relação jurídica concebida pelo
casamento ou união estável, para que assim cumpra a função social da família
plenamente.

1.3. Objetivo

1.3.1. Objetivo geral

A presente pesquisa busca analisar as relações oriundas da união afetiva


estabelecida entre mais de duas pessoas, como originárias da formação de uma
família merecedora de proteção por parte do direito brasileiro, de modo a desconstruir
a normatividade da monogamia, possibilitando o reconhecimento jurídico da não-
monogamia.

1.3.2. Objetivos específicos


• Demonstrar que a ideia da validação somente das famílias baseadas na
monogamia é errônea;
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• Apresentar teses e da necessidade da regulamentação dessa união;


• Identificar os problemas jurídicos enfrentados na tentativa de normatizar
as famílias poligâmicas;

1.4. Justificativa

A reflexão acerca da regulamentação do modelo de entidade familiar formada


pela união de três ou mais pessoas, titulada como poligamia, insurge devido aos
reflexos que a falta de regulamentação do tema pode gerar para os envolvidos no
relacionamento, eis que não detêm nenhum dos direitos provenientes do casamento
ou união estável. Ou seja, não fazem jus a pensão alimentícia, pensão por morte,
herança e partilha de bens comuns.
Assim sendo, é demasiada a necessidade do direito, enquanto ciência mutável,
adaptar-se as evoluções familiares da sociedade, com o fim de viabilizar sua
existência jurídica a partir dos princípios do direito de família como dignidade da
pessoa humana, liberdade das relações humanas, igualdade, proteção reservada à
família e intervenção mínima do Estado no âmbito familiar. Garantido aos sujeitos
interessados a possibilidade de relacionar-se perfazendo todas as obrigações e
garantias geradas pela relação familiar.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Diante do tema a ser estudado com a especialização, qual seja o direito de


família, o referencial teórico encontra-se baseado na Constituição Federal/1988 e no
Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), esse que já está ultrapassado
no que pese as relações familiares, com disposição específica nos artigos 1.511 –
1.783-A, que lentamente vem sofrendo alterações, com o intuito de adaptar-se à
realidade atual da sociedade. Ademais, debruça-se sobre o Projeto de lei n.º 4.302 de
2016, Projeto de Lei do Senado n° 470, de 2013, que são as principais iniciativas de
leis que abordaram parcela da presente temática, e a última decisão do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), sendo referente ao pedido de providências da ADFAS (n.
0001459-08.2016.2.00.0000, julgado dia 26/06/2018) a despeito da lavratura pelos
cartórios de escrituras de união estável poliafetiva. Assim, o objetivo principal é o
7

estudo de toda essa parcela do direito, voltada à área do direito de família, a fim de
que se possa atualizar o conhecimento e tomar ciência dos empecilhos que a tentativa
de regulamentação vem sofrendo.
À vista disso, o primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos
diz que “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (ONU,
1948), item que fundamenta o art. 1º, III, da CF/88. No mesmo sentido, a jurista Maria
Berenice Dias (2020, p. 66) reforça essa característica da universalidade, ao sustentar
que:

O direito das famílias está umbilicalmente ligado aos direitos humanos, que
têm por base o princípio da dignidade da pessoa humana, versão axiológica
da natureza humana. O princípio da dignidade humana significa, em última
análise, igual dignidade para todas as entidades familiares. Assim, é indigno
dar tratamento diferenciado às várias formas de filiação ou aos vários tipos
de constituição de família, com o que se consegue visualizar a dimensão do
espectro desse princípio, que tem contornos cada vez mais amplos .

Outrossim, esse princípio, garante o direito de se viver plenamente, sem


quaisquer intervenções indevidas – sejam do Estado ou dos particulares – na
realização dessa finalidade (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012, p.76). Ora,
parece evidente que a falta de regulamentação possibilitando a formalização das
uniões poligâmicas fere tal princípio. Sendo preciso garantir o direito dos praticantes
do poliamor de viver plenamente, em atenção à sua dignidade (SANTIAGO, 2014, p.
143).
Corroborando com essa ideia, Maria Berenice Dias (2012) aborda que é preciso
respeitar a natureza privada dos relacionamentos e aprender a viver nessa sociedade
plural reconhecendo os diferentes desejos. Assim, se a família é plural, os vínculos
plúrimos podem ser opções oferecidas pelo sistema jurídico ao exercício da
autonomia privada, para quem desejar tal forma de constituição. (TARTUCE, 2017).
Reflexões que também defendidas por Lima, Santos e Borges (2016):

A nova espécie de família surge acarretando vários efeitos ao Direito (...). E


não há qualquer óbice legal para o reconhecimento da união poliafetiva como
uma entidade familiar, portanto não é correto agir de forma indiferente ante a
nova realidade social. Qualquer restrição que venha surgir ao direito e,
sobretudo, ao direito previdenciário dos envolvidos na união poliafetiva, é ato
puramente moralista, positivista e preconceituoso.
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Assim, como evidenciado pelos doutrinadores da área, torna-se


demasiadamente precisa a análise da temática dentro da normatividade do direito de
família, visto sua necessidade de atualização por parte do legislador, a fim de refletir
as reais necessidades da sociedade atual, cujo estudo e pesquisa procurará discutir
e aperfeiçoar a importância de concretização da referida matéria.

3. METODOLOGIA

A priori, o estudo irá partir de uma análise biográfica, com fincas a explorar a
temática com base em pressupostos teóricos, de modo que esta referência "não é
mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame
de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras"
(MARCONI e LAKATOS, 2001, p.71). Em complemento, Gillet e Fincato (2018)
abordam que a pesquisa bibliográfica sugere:

Constituído principalmente de livros e artigos científicos. Estudos


exploratórios, pesquisas sobre ideologias, análise de diversas posições acerca
de um problema são pesquisas que costumam ser realizadas quase que
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Junto com o termo pesquisa
documental, é chamada por alguns autores de técnica de documentação
indireta, sendo dita direta toda a restante

Visando alcançar o objetivo proposto, como dito, será utilizado a pesquisa


bibliográfica para a definição e construção dos conceitos discutidos nesta análise,
apoiando-se para isso em livros, decisões jurídicas, artigos, trabalhos acadêmicos e
afins, que foram aqui selecionados.
Por fim, a pesquisa transcorrerá a partir do método dedutivo, eis que parte de
princípios universais, plenamente inteligíveis, do qual se chega a um consequente
menos universal (GILLET; FINCATO, 2018). Sendo utilizado conceitos amplos e
ideias de juristas, semelhantes ao objetivo nesta, para a construção de uma análise
científica do estudo.

4. PLANO DE MONOGRAFIA
A pesquisa, sempre nos limites dos objetivos propostos , se desenvolverá da
seguinte forma:
9

1. Introdução
2. Abordagem conceitual da família para o direito brasileiro
2.1. Monogamia, poligamia, bigamia, concubinato e poliamor
2.2. Princípios norteadores da ordem constitucional protetiva
2.2.1. Princípio da dignidade da pessoa humana
2.2.2. Principio da igualdade
2.2.3. Principio da pluralidade das entidades familiares
2.2.4. Principio da autonomia privada
2.2.5. Principio da não intervenção estatal
2.2.5.1. Principio da boa fé objetiva do direito de familia
3. Origens e peculiaridades da poliafetividade
3.1. Reconhecimento do poliamor como estrutura familiar
4. Tratamento legislativo, doutrinário em relação as entidades poligamicas
4.1. Situação jurídica formalização das uniões poliafetivas no Brasil
4.1.1. A validade da escritura pública
4.1.2. Posicionamento do Conselho Nacional de Justiça
5. Necessidade de reconhecimento e proteção jurídica da relação poliafetiva
pelo direito de família
Considerações Finais
Referências bibliográficas
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5. CRONOGRAMA

Atividade ago. set. out. nov.


1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
1 Escolha do tema
2 Definição do problema
3 Pesquisa bibliográfica
4 Elaboração dos objetivos
5 Elaboração da justificativa
6 Elaboração da hipótese
7 Elaboração do referencial teórico
8 Elaboração da metodologia
9 Finalização do projeto
10 Revisão do projeto
11 Apresentação do projeto
dez. jan. fev. mar.
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Leitura: Família para o direito brasileiro e
12
princípios

13 Elaboração da Introdução

14 Elaboração escrita do segundo capítulo


15 Revisão do texto
Pesquisa: Origens e peculiaridades da
16
poliafetividade
17 Elaboração escrita do terceiro capítulo
18 Revisão do texto
Levantamento das iniciativas de
19
regulamentação da temática
20 Elaboração escrita do quarto capítulo
abr. mai. jun.
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
20 Elaboração escrita do quarto capítulo
21 Elaboração do quinto capítulo
22 Elaboração da conclusão
23 Revisão da monografia
24 Revisão ortográfica
25 Formatação pelas normas da ABNT
26 Entrega e apresentação
11

REFERÊNCIAS

BOGES, Brasiliano Brasil; LIMA, Paula Tereza; SANTOS, Silvia. União poliafetiva e
seus efeitos no direito previdenciário. 2016.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei do Senado n° 470, de 2013, que
dispõe sobre o Estatuto das Famílias e dá outras providências. Brasília: Câmara dos
Deputados, 2013. Disponível em: <
https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=115242>. Acesso
em: 11 nov. 2021.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de lei n.º 4.302 de 2016, que proíbe o
reconhecimento da "União Poliafetiva" formada por mais de um convivente.. Brasília:
Câmara dos Deputados, 2016. Disponível em:
<https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra>. Acesso em: 11
nov. 2021.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n.

Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada


em 5 de outubro de 1988.

DIAS, Maria Berenice. Escritura reconhece união afetiva a três. Disponível em:
<https://ibdfam.org.br/noticias/4862 >. Acesso em: 11 nov. 2021.

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 9. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

FINCATO, Denise Pires; GILLET, Sérgio Augusto da Costa. A pesquisa jurídica sem
mistérios. Do projeto à banca. 3 ed. rev., atual. Porto Alegre: Fi, 2018.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil.
v. 6. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos metodologia científica. 4.ed. São


Paulo: Atlas, 2001.

MONTENEGRO, Carlos. Cartórios são proibidos de fazer escrituras públicas de


relações poliafetivas. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/cartorios-sao-
proibidos-de-fazer-escrituras-publicas-de-relacoes-poliafetivas/ >. Acesso em: 11 nov.
2021.

ONU - Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos


Humanos da ONU. Disponível em : . Acesso em : 07 nov. 2021.

SANTIAGO, Rafael da Silva. Poliamor e Direitos das Familias. Reconhecimento e


consequências jurídicas. 1 ed. Curitiba: Editora Juruá, 2015.
12

TARTUCE, Flávio. Da escritura pública de união poliafetiva. Breves


considerações. Jusbrasil, 2017a. Disponível em:
<https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/451673092/da-escritura-publica-de-
uniao-poliafetiva-breves-consideracoes> Acesso em: 07 de nov. de 2021.
13

BIBLIOGRAFIA

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LÔBO, Paulo Luiz Netto. Filiação – Direito ao Estado de Filiação e Direito à


Origem Genética: Uma Distinção Necessária . Revista Brasileira de Direito de
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