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NÚCLEO FAMILIAR
RESUMO
O presente artigo cientifico, teve como objetivo, analisar a recepção de novos
arranjos familiares no âmbito do direito de família, utilizando-se para essa
finalidade a legislação brasileira a doutrina e a jurisprudência pátria, para
chegar-se a uma conclusão de que foi necessária uma ampliação do conceito
de família proposto pelo legislador, afim de proporcionar os mesmos direitos e
garantias a famílias formadas pelo vínculo da afetividade, corrigindo com isso,
uma expressa omissão legislativa, proporcionado a essas famílias a justa tutela
jurisdicional.
INTRODUÇÃO
O Direito de Família no Código Civil de 1916, nada mais era do que o reflexo
de uma sociedade conservadora, patriarcal, agrária e patrimonialista. Nesse
contexto, a instituição casamento, era o meio legal, único e legítimo de
formação da família, que consistia na união heterossexual de indivíduos com o
proposito de procriação. Desse modo, qualquer outro tipo de união diverso
desse modelo, encontrava-se fadado ao desprezo da lei, da sociedade e
consequentemente sofria com as perdas dos direitos e garantias advindas do
Direito de família vigente.
1. O PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
Desse modo, um novo paradigma foi sendo adotado, ou seja, um modelo que
lança um olhar compreensivo a dinâmica e complexa realidade das relações
interpessoais e admite, novas formas de conceber o conceito de família, que
seja aberto e inclusivo, que abrange toda a sociedade, reconhecendo o
aspecto da subjetividade individual, abarcado unicamente pelo parâmetro da
afetividade.
Essa nova realidade acabou por apresentar demandas imprevistas e
cada vez mais complexas, para muitas das quais o direito de família
não tinha previsão legislada. Tomem-se como exemplo as uniões
estáveis (homo e heteroafetivas), os parentescos socioafetivos, os
casos de multiparentalidade, inseminações artificiais (até mesmo post
mortem), as famílias simultâneas, as famílias solidárias, as demandas
poliafetivas, entre diversos outros casos no mínimo instigantes a um
ordenamento que não os regula previamente. 1
Esse novo paradigma, por certo, é mais condizente com a realidade do mundo
atual. Porém, o Direito civil brasileiro, ainda não processou essa evolução
social ao ponto de positiva-los em seu ordenamento, de tal sorte que, esse
entravo legislativo, acaba por obstar as diversas demandas sociais no direito
de família, causando irreparáveis injustiças, pela omissão e desrespeito aos
1
12-Principio-da-Afetividade-no-Direito-de-Familia.pdf (tjba.jus.br) p.142.
princípios constitucionais, quais sejam, a dignidade da pessoa humana, da
igualdade, liberdade, não discriminação e da afetividade.
O Código Civil de 2002, capítulo IV, trata Do Direito de Família, e os arts, 511 e
seguintes tratam do subtítulo I, Do Casamento, de suas disposições gerais, da
capacidade, dos impedimentos, das causas suspensivas, do Processo de
Habilitação, da celebração, das provas, da eficácia, da Dissolução da
Sociedade e do vínculo conjugal, da Proteção da Pessoa dos Filhos.
Tem-se com isso uma pequena amostra da legislação vigente, que a despeito
da realidade social, não tem coragem de ampliar os dispositivos positivados no
ordenamento jurídico e desafogar o judiciário, dando visibilidade jurídica a
novas de entidade familiar presente sociedade.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a
mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer
vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente
a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos
encargos da família.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre
o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 3
3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
conceito de família corrigindo com isso as injustiças lançadas aos demais
arranjos familiares.
Nesse sentido, o supremo do STF julgou em 2011 a, ADI 4277 e a ADPF 132,
reconhecendo a união estável para casais do mesmo sexo. A partir desse
julgado, torna-se claro, que não há possibilidades de marginalizar os casais
homoafetivos, mitigando-lhes seus direitos, uma vez que eles são reconhecidos
como entidade familiar
O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º, inciso IV, da CF
veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que,
nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em
função de sua preferência sexual. “O sexo das pessoas, salvo
disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica”,
observou o ministro, para concluir que qualquer depreciação da união
estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do artigo 3º da
CF. Os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa,
Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso, bem
como as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen
Gracie, acompanharam o entendimento do ministro Ayres Britto, pela
procedência das ações e com efeito vinculante, no sentido de dar
interpretação conforme a Constituição Federal para excluir qualquer
significado do artigo 1.723 do Código Civil que impeça o
reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como
entidade familiar.4
Outro julgado importante foi o da ADI 5971, situação em que a Lei Distrital
6.160/2018, excluía os casais homoafetivos de serem comtemplados pelas
políticas públicas.
Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu que, para fins de aplicação de políticas públicas no Distrito
Federal, o reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo
sexo não pode ser excluído do conceito de entidade familiar. A
decisão foi tomada no julgamento em sessão virtual da Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) 5971. [...], O ministro ressaltou, no
entanto, que o dispositivo, se interpretado no sentido de restringir o
conceito de entidade familiar exclusivamente à união entre homem e
mulher, apresentará violará os princípios constitucionais da dignidade
da pessoa humana e da isonomia. Ele explicou que o STF, no
julgamento da ADI 4277 e da Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF) 132, excluiu do dispositivo do Código
Civil qualquer interpretação que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como
família segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências
da união estável heteroafetiva. Quando a norma prevê a instituição de
diretrizes para implantação de política pública de valorização da
família no Distrito Federal, deve-se levar em consideração também
aquelas entidades familiares formadas por união homoafetiva”,
concluiu.5
4
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931
5
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=423582
Dessa forma, percebe-se que a jurisprudência tem dado vida ao direito, uma
vez que com o olhar voltado para a realidade social, passa a interpretar as
lacunas deixadas pela legislação, dando interpretação abrangente e inclusiva,
fundamentada em princípios constitucionais condizentes com os direitos
humanos.
Tem-se o acordão proferido em 2012 pelo STJ, que admitiu a reparação civil
pelo abandono afetivo (STJ, REsp 1.159.242/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Terceira Turma, julgado em 24/04/2012, DJe 10/05/2012).
CONCLUSÃO
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http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=325781
Diante do exposto, pode-se afirmar que o Direito de Família brasileiro tem
alcançado um avanço significativo por conta dessas decisões ao receber as
atualizações consoantes a dinâmica das relações interpessoais da sociedade
moderna.
BIBLIOGRAFIA
CALDÉRON, Ricardo. 12-Principio-da-Afetividade-no-Direito-de-Familia.pdf
(tjba.jus.br)
TARTUCE, Flávio. O Princípio da Afetividade no Direito de Família. In
Revista Consulex nº 378, 2012. Disponível em:
www.flaviotartuce.adv.br/assets/uploads/artigos/201211141217320.ARTIGO_A
FETIVIDADE_CONSULEX.doc.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=423582
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=325781