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BANCA EXAMINADORA
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Orientadora Profª Dra. Carla Matuck Borba
Seraphim
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Coordenadora Profª Dra. Irma Pereira Maceira
Dedicatória
Ao querido José Pedro, amigo, herdeiro, e companheiro, meu filho muito amado cuja
alegria abastece a motiva minha existência.
Agradecimentos
Aos colegas do curso, em especial Moacyr, Ana Paula, Edinilson e Alberto, pela
amizade e companheirismo.
Cada ser humano é um universo em miniatura. Quando eu não mais me sentir mais
útil, quando sentir que estou pensando só em mim mesmo, eu não tenho mais o
direito de estar vivo.
Enéias Carneiro
RESUMO
A reparação pecuniária de danos é uma das formas mais eficazes que o ser humano
encontrou para resolver seus problemas com o menor efeito colateral possível; no
âmbito do direito de família não é diferente; em que pese as complexidades que
permeiam as relações familiares, há de se convir que o fato de tais relações conterem
de sentimentos de afeto, tal condição é fundamental para aumentar ainda mais a
necessidade de ressarcimento indenizatório quando eventualmente houver a prática
de atos que margeiam a legislação vigente; considerando que existem regras que
regem o direito de família, o descumprimento destas podem e devem ser
considerados como atos ilícitos, e como tais, suas consequências devem ser tratadas
nos rígidos termos da lei.
ABSTRAIT
La réparation pécuniaire des dommages-intérêts est l'un des moyens les plus efficaces
que les êtres humains aient trouvé pour résoudre leurs problèmes avec le moins
d'effets secondaires possibles; le droit de la famille n'est pas différent; malgré les
complexités qui imprègnent les relations familiales, il faut convenir que le fait que ces
relations contiennent des sentiments d'affection, une telle condition est fondamentale
pour accroître encore le besoin d'indemnisation lorsque finalement il y a la pratique
d'actes qui bordent le Législation actuelle; alors qu'il existe des règles qui régissent le
droit de la famille, le non-respect peut et doit être considéré comme un acte illégal et,
à ce titre, ses conséquences doivent être traitées dans des termes stricts de la loi.
Mots clés: droit de la famille; responsabilité civile; acte illégal; indemnité; principes
constitutionnels.
Sumário
1. INTRODUÇÃO. ..................................................................................................... 9
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 32
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 35
1. INTRODUÇÃO.
9
Além da viabilidade de pedido indenizatório por descumprimento de
preceito legal, deu-se visibilidade a construção doutrinara já aplicada nos
tribunais brasileiros denominada “perda de uma chance”, que também se mostra
plenamente viável sua aplicação no rompimento da relação conjugal de
comprovados seus pré-requisitos.
2. RELAÇÕES MATRIMONIAIS
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Naquele período a organização social da família se mobilizava em
torno da exploração extensiva das atividades agrícolas, onde cada comunidade
contava com um pater, patriarca da família incumbido de tratar das questões
religiosas, judiciárias e administrativa. (SOUSA, 2020)
Como contrato, tal relação jurídica acaba por gerar direitos e deveres
que consequentemente necessitam, desde sua gênese, de intervenção de
terceiros para dirimir os conflitos, sejam num primeiro momento pelo pater
famílias na Grécia antiga, seja pelo Estado na história mais recente da civilização
humana.
11
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento.
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Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
1
SIMOES, Fabíola. LEALDADE X FIDELIDADE. resilienciamag.com, 2016. Disponível em:
<https://www.resilienciamag.com/lealdade-x-fidelidade/>. Acesso em: 07 de julho de 2020.
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Acho que foi em 1993. Numa entrevista _ histórica_ pra MTV, Renato
Russo disse a Zeca Camargo que achava lealdade mais importante
que fidelidade. Eu era menina, mas lembro que gravei a entrevista
numa fita VHS e revi inúmeras vezes, me intrigando sempre nessa
parte.
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§ 3º A ação penal não pode ser intentada:
tacitamente.
Nos dias atuais, tal dispositivo pode parecer absurdo, mas era o que
vigia na legislação brasileira até o ano de 2005 quando foi revogado pela Lei nº
11.106/2005.
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Com o advento da tecnologia, novas formas de infidelidade surgiram,
logo, as consequências jurídicas por tais atos também são novas e desafiadoras
aos operadores do direito.
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Assim, a infidelidade comprovada caracteriza-se como ato indigno
que ofende a dignidade do outro cônjuge, e consequentemente está sujeito a
cessação do dever alimentar. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo há
algum tempo tem decidido neste sentido:
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A coabitação representa mais do que a simples convivência sob o
mesmo teto. É, sobretudo, o juris in corpus in ordine ad actus per se
aptos ad prolis generationem. Não só convivência, mas união carnal.
O jus in corpus de cada cônjuge sobre o outro implica, no lado passivo,
o “débito conjugal” que tem de ser cumprido para que a sociedade
conjugal se mantenha íntegra.
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Tal preceito, que já vigorava no Código Civil anterior, foi conceituado
por Clóvis Beviláqua como “toda ofensa à honra, à respeitabilidade, à dignidade
do cônjuge, quer consista em atos, quer em palavras” (BEVILÁQUA, 1943)
Assim, nenhum cônjuge não pode ser obrigado à prática sexual com
seu consorte, sob pena de incorrer até em crime ou mesmo ofensa ao princípio
constitucional da dignidade, no entanto, a recusa injustificada é motivo para o
rompimento da união.
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realmente está inserido em uma estrutura eivada de bem estar e
proteção integral, sem a qual o casamento não faria qualquer sentido
em ser realizado já que a felicidade, o amor e a afetividade são os
elementos primordiais dos nubentes.
20
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão”. (grifo nosso)
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adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 20 de dezembro
de 1989 e ratificada pelo Brasil em 24 de setembro de 1990.
Já no seu preâmbulo a referida convenção reafirma sua
confiança nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor
da pessoa humana, com vistas a promover o progresso social e a
elevação do nível de vida com mais liberdade, concebendo a família como
grupo fundamental da sociedade que deve assumir plenamente suas
responsabilidades dentro da comunidade e, em especial, promover o
crescimento, o bem-estar das crianças, adolescentes e jovens e o
pleno e harmonioso desenvolvimento de sua personalidade em um
ambiente de felicidade, amor e compreensão. (UNICEF, 2020)
Ainda sob ponto de vista internacional, constata-se um dos
documentos mais relevantes da história humana dos tempos modernos
que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e
proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de
dezembro de 1948 e assinada pelo Brasil na mesma data.
Na evidenciada Declaração fica claro o reconhecimento da
dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus
direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da
paz no mundo, estabelece o artigo 26 que merece destaque: (UNIDAS,
2020)
Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita,
pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O
ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever
ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a
todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e
ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e
deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas
as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz.
Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de
educação a dar aos filhos.
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Portanto, seja pela legislação nacional seja pela internacional,
não restam dúvidas que ambos os legisladores entendem que a família é
a primeira instituição apresentada à criança e no seio da família a criança
deve estar a salvo de toda forma de negligência, não restando qualquer
dúvida quanto à responsabilidade pela educação, cuidado e proteção, e
na falta da família o Estado deve suprir essa lacuna.
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Sob esse prisma, constata-se que de fato o casamento deste há muito
traz consigo do sentimento de cada ter cônjuge “direito” sobre o corpo um do
outro eis que ambos são "uma só Carne", são dogmas canônicos que se impõem
através dos tempos (ARRIETA e ALLI, 1991).
O Art. 186 do Código Civil estabelece que “aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
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direito de ressarcimento à aquele que foi vítima do ato lesivo afim haver
reequilíbrio patrimonial do lesado.
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De fato, como ressaltado por Jairo Vasconcelos do Carmo (CARMO,
2003) sobre a liberdade de amar dos cônjuges, o casamento é um projeto de
vida a dois que decorre o risco de ser rompido:
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O que ocorre hodiernamente, é o estabelecimento de pensão
compensatória, que seria espécie de mistura entre assistência e indenização a
qual há latente situação de desigualdade patrimonial provocadora de prejuízo ou
dano em um dos cônjuges, ocorrida com a separação.
Não se pode olvidar, que o art. 1.704 do Código Civil ainda está
vigente, nele há previsão de que o cônjuge culpado pela separação deve pagar
pensão alimentícia ao outro:
27
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
28
prosseguimento do procedimento e, consequentemente, a
possibilidade de ganhar o processo.
29
É bem verdade que essa teoria tem nasce a partir da ideia de
responsabilização civil por danos derivados de ato ilícito, e nesse sentido os
ensinamentos de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona são fundamentais para
melhor compreensão do texto (GAGLIANO e FILHO, 2009):
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fundamentais na vida de qualquer pessoa, posto que a partir dele se construirá
um novo núcleo familiar que in tese deve perdurar até a morte.
31
Considerando que a carreira de modelo tem curta duração, se o
casamento durar 10 anos a retomada profissional dessa mulher é praticamente
impossível, nesse caso, comprovando-se a culpa2 do marido é plenamente
possível a aplicação da teoria da perda de uma chance.
6. CONCLUSÃO
2
Nos termos do parágrafo único do art. 1.704 do Código Civil: Parágrafo único. Se o
cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em
condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a
assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.
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envolvidas no contrato entre pessoas é de extrema relevância para solução de
eventual conflito como demonstrado alhures.
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Por outro lado, não se pode olvidar que, para além dos deveres
conjugais existe outra forma de concretizar motivo de indenização no matrimonio
que é a aplicação do princípio da perda de uma chance, o qual estará
evidenciado no casamento cujas expectativas iniciais foram claramente
frustradas por culpa daquele que induziu o outra em erro para conquista-lo.
34
BIBLIOGRAFIA
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