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DA TUTELA JURÍDA DA ADOÇÃO A BRASILEIRA

LEGAL GUARDIANSHIP OF BRAZILIAN ADOPTION

RESUMO: O ordenamento jurídico brasileiro comporta leis que versam sobre a adoção,
estabelecendo um procedimento formal e rigoroso no intuito de garantir ao individuo adotado,
seu direito de pertencer a uma família. Neste prisma, a presente pesquisa tem como objetivo
analisar a tutela jurídica frente a adoção a brasileira, prática recorrente e tipificada no Brasil
que consiste em promover a adoção de um individuo de maneira informal, ou seja, sem
respeitar os trâmites previstos em lei. Deste modo, o que se busca entender é o papel do
ordenamento jurídico frente à esta prática e quais as consequências para os “adotantes” e
“adotados”. Destaca-se que, o resumo expandido será realizado através de buscas em fontes
bibliográficas que, conforme estabelece Chiara Kaimen, refere-se à analisar as principais
teorias de um tema, e pode ser realizada com diferentes finalidades.

Palavras-chave: Palavras-chave: Adoção ilegal; Crime; Procedimento formal.

ABSTRACT: The Brazilian legal system includes laws that deal with adoption, establishing a
formal and rigorous procedure in order to guarantee the adopted individual their right to
belong to a family. In this perspective, the present research aims to analyze legal protection in
relation to Brazilian adoption, a recurring and typical practice in Brazil that consists of
promoting the adoption of an individual informally, that is, without respecting the procedures
provided for by law. Therefore, what we seek to understand is the role of the legal system in
relation to this practice and what the consequences are for “adopters” and “adopted”. It is
noteworthy that the expanded summary will be carried out through searches in bibliographic
sources which, as established by Chiara Kaimen, refers to analyzing the main theories of a
topic, and can be carried out for different purposes.
Keywords: Illegal adoption; Crime; Formal procedure.

INTRODUÇÃO

O procedimento de adoção no Brasil é marcado por uma rigidez formal que busca
proteger o individuo adotado e assegurar, da maneira mais eficiente possível, seu direito de
pertencer a uma família. Neste cenário surgiram inúmeros instrumentos legais que visam
pautar o procedimento de adoção, dentre eles o Código Civil, Código Penal, Estatuto da
Criança e do Adolescente, a Lei Nacional de Adoção (Lei n° 12.010/2009) e a Lei de adoção
(Lei n° 13.509/2017).
A Lei n° 13.509/2017, conhecida como Lei da Adoção, promoveu alterações
significativas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), dentre elas o artigo 19-A, que
versa sobre os procedimentos a serem realizados quando a gestante manifesta interesse em
entregar o nascituro para o sistema de adoção, vejamos:
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para
adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e
da Juventude.

§ 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da


Infância e da Juventude, que apresentará relatório à autoridade judiciária,
considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal.

§ 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá determinar o


encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua expressa concordância, à rede
pública de saúde e assistência social para atendimento especializado.

§ 3º A busca à família extensa, conforme definida nos termos do parágrafo único do


art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por
igual período.

Ocorre que, em decorrência dos padrões estabelecidos pelo adotante e que devem ser
seguidos pelo adotado, quanto à idade, cor de pele, cor de olhos, dentre outras características,
o procedimento para que a adoção se realize se torna moroso e difícil. Neste cenário, munidos
da esperança de realizar uma adoção mais célere, indivíduos incorrem na prática conhecida
como “Adoção a Brasileira”, que atualmente encontra-se tipificada no Código Penal:
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem;
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao
estado civil:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
A "adoção à brasileira" é uma expressão usada no Brasil para se referir a situações em
que uma criança é entregue a uma pessoa ou família, sem a observância das regras legais e do
devido processo de adoção estabelecido pelas autoridades competentes. Esse termo é
frequentemente utilizado para descrever adoções informais, não regulamentadas pelo sistema
legal, e que podem ocorrer sem o acompanhamento de profissionais e sem a garantia dos
direitos e do bem-estar da criança.
O objetivo da legislação e do sistema de adoção no Brasil é proteger os direitos da
criança e garantir que ela cresça em um ambiente seguro e saudável. Adoções à brasileira, que
não seguem esse processo legal, podem ser prejudiciais para a criança e sujeitas a
complicações legais. Portanto, é fundamental que qualquer pessoa interessada em adotar uma
criança no Brasil siga as leis e regulamentações aplicáveis, buscando orientação adequada e o
apoio das autoridades competentes.
Sobre o tema, a autora Isabel Fernandes de Assis manifesta que:
Com a adoção à brasileira é frustrado o direito do jovem, assegurado pelo art. 48 do
ECA, de saber a sua origem genética, a sua filiação, após completar 18 anos de
idade. Além do mais, o direito ao reconhecimento da origem genética é
personalíssimo, indisponível e imprescritível, como prevê o art. 27, também do
Estatuto da Criança e do Adolescente.
É importante ressaltar que a adoção é um ato de amor e responsabilidade. Seguir o
processo legal é fundamental para garantir que as crianças adotadas tenham seus direitos
protegidos e cresçam em um ambiente adequado. Quem deseja adotar uma criança no Brasil
deve buscar orientação junto a órgãos competentes, como os juizados da infância e da
juventude, e contar com o apoio de profissionais qualificados para garantir um processo
seguro e eficaz.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente resumo expandido foi elaborado com base em legislações em vigor e


doutrinas atualizadas que versem sobre a temática, dentre eles, o Código Civil, Código Penal,
Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nacional de Adoção (Lei n° 12.010/2009) e a Lei
de adoção (Lei n° 13.509/2017). Desta forma, os métodos utilizados foram pesquisa
documental e bibliográfica, que conforme estabelece Chiara Kaimen, referem-se à analisar as
principais teorias de um tema, e pode ser realizada com diferentes finalidades.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Precipuamente, é possível afirmar que o Estado Brasileiro possui grande


preocupação com a criança e adolescente sendo que, por essa e outras razões, elaborou
dispositivos legais que garantem a esse público o direito de ter uma família, por exemplo.
Ocorre que, no intuito de burlar o sistema estabelecido pela jurisdição nacional, surge a
chamada “Adoção a Brasileira”.
A “Adoção a Brasileira” caracteriza-se como ilegal e sua prática acaba por ferir os
direitos individuais dos adotados, já que, como não há interferência pública nessa modalidade
de adoção, também não há observância aos critérios que viabilizariam o ato. Sobre a temática,
autores como Antonia Torres da Rocha (2010) manifestam-se quanto aos prejuízos
acarretados pela ação ilegítima, vejamos:
(..) o registro pode ser anulado, que acarretará a extinção da relação de filiação.
Percebe-se, dessa forma, que é uma relação frágil, pois havendo, por exemplo, o
arrependimento daquela mãe que deu seu filho para outro registrar, com um simples
exame de DNA, será possível desconstituir aquela relação familiar.
A segunda consequência importante é a repercussão na área penal, já que há
previsão de ilícito penal na prática de registrar como seu filho de outrem, sendo,
portanto, a adoção à brasileira, crime previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
Assim, é possível notar que são inúmeras as críticas à prática da adoção informal,
sendo que, o principal objeto de preocupação é o menor e consequentemente, seus direitos e
garantias individuais.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, verifica-se que a chamada “Adoção a Brasileira” constitui mácula
ao ordenamento jurídico nacional e uma violação aos diretos e garantias do indivíduo
adotado, isso porque não há qualquer observância aos procedimentos de validação previstos
em lei ou aos requisitos exigidos. Deste modo, após a realização da presente pesquisa é
possível vislumbrar que, apesar da “adoção a brasileira” constituir pratica comum, haja vista
sua celeridade em relação ao procedimento formal, é de suma importância a conscientização
dos riscos e consequências a curto e longo prazo para o ente central do ato, o menor

REFERÊNCIAS

CHIARA, I. D. et al. Normas de documentação aplicadas à área de Saúde. Rio de Janeiro: Editora E-papers,
2008.

Decreto Lei n° 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 19 de out. de 2023

HERBST, G. A.; AZAMBUJA, M. R. F.; “ADOÇÃO À BRASILEIRA”: ANÁLISE SOB A ÓTICA DO


PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Disponível em:
https://www.pucrs.br/direito/wp-content/uploads/sites/11/2020/08/gabriela_herbst.pdf. Acesso em 19 de out. de
2023.

Lei n° 13.509 de 22 de novembro de 2017. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-


2018/2017/lei/l13509.htm. Acesso em: 19 de out. de 2023.

MIRANDA, M. S. ADOÇÃO À BRASILEIRA: SEGURANÇA E EDICÁCIA DOS ATOS JURÍDICOS.


Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/adocao-a-brasileira-seguranca-e-eficacia-dos-atos-
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ROCHA, A. T. Adoção à Brasileira: Aspectos Relevantes. Rio de Janeiro 2010. Disponível em:
https://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/trabalhos_conclusao/1semestre2010/trabalhos_12010/antoniarocha.pdf
Metodologia Científica. Pesquisa Bibliográfica. Acesso em 19 de out. de 2023. Disponível em:
https://www.metodologiacientifica.org/tipos-de-pesquisa/pesquisa-bibliografica/. Acesso em: 19 de out. de 2023.

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