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RESUMO
Dos direitos assegurados pelo Estado no tocante à regulamentação resguardada no
Estatuto da Criança e do Adolescente, aos quais tanto os filhos consanguíneos
quanto os filhos por adoção têm acesso, no que tange a sua proteção. Com escopo
de atender ao princípio do melhor interesse do infanto-juvenil concomitante com os
direitos humanos e com o princípio da dignidade da pessoa humana, que por estes
preceitos basilares observa-se a possível inserção do menor a família substituta.
Vez em que a genitora se encontra desfalcada de condições, geralmente, sócio-
econômicas, para sustentar bom desenvolvimento da prole, torna-se admissível a
adoção, tendo os pretendentes para este fim de preencher os requisitos da Lei n.
12.010/09 inscrevendo-se no cadastro nacional. Com o objetivo de reestruturar a
convivência familiar da criança é que se busca o reconhecimento pelo ordenamento
jurídico da adoção pronta, situação em que a criança já se encontrando refugiada
num seio familiar com vínculo de afinidade e afeto não seja essa desprotegida
rompendo-se, assim, o liame afetivo preestabelecido resultando em atingir
negativamente o desenvolvimento psíquico, sócio-afetivo e pessoal do menor, tendo
ou não conseguinte oportunidade de ser recebido por outro casal ou sujeito à espera
na instituição de acolhimento (abrigo); tudo por consequência da tomada da adoção
sem o prévio cadastro, situação que fere aos direitos humanos e o direito à vida.
Propõe-se, então, legitimação da intuitu personae importando-se que as normas
jurídicas estabelecidas se submetam à interpretação que melhor atenda do que seja
do interesse da criança e do adolescente.
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Graduando do curso de Direito na Universidade Salgado de Oliveira – Campus Goiânia (e-mail:
lucaspinange@gmail.com).
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Mestre em Direito das Relações Jurídico-empresariais (UNIFRAN/SP). Especialista em Direito Civil
(UFG) e em Direito Processual Penal (UFG). Pesquisador no DGP/CNPQ. Professor Assistente
Mestre e Pesquisador da UNIVERSO, campi Goiânia-GO. Professor Efetivo (concursado) da PUC
Goiás. Advogado licenciado para exercício de cargo público no Tribunal de Justiça de Goiás, onde é
assessor do Desembargador José Lenar de Melo Bandeira desde 1999. Autor de diversos livros e
artigos jurídicos. Palestrante com atuação em todo Brasil.
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ABSTRACT
About the rights provided by the State, regarding the regulation sheltered in the child
and adolescent statute, that both consanguineous children and children by adoption
have access, as regards their protection, with scope to meet the best interest of the
youth, concomitant to the human rights and the principle of human dignity, which is a
fundamental precept, inherent in the possible insertion of the children in the new
family, once the biological one do not have condition, generally, socio-economic, to
support the good development of the child, making the adoption permitted. The
applicants should meet the requirements of the Brazilian Law no. 12.010/09, enrolling
in the National Register. In order to restructure the family life of the child, it is
necessary a recognition by the legal system of adoption,in which the child will find
himself in a family environment with bond of affinity and affection, protected, without
damage to the psychic, affective and personal development, allowing or not an
opportunity to be received by another couple that waits at the host institution
(shelter); all by consequence of the adoption without prior registration, a situation in
which violates human rights and the right to life. It is proposed, therefore, the
legitimation of the intuitu personae, making note that the legal rulings established
have been submitted to aninterpretation, whichbetter suits the child’s interest.
INTRODUÇÃO
seu reconhecimento para a estruturação educativa do menor para sua vida futura,
assim despersonalizando as relações humanas e institucionalizando o emocional.
Com a finalidade de preservar, por meio da adoção pronta reconhecida
juridicamente, a edificação sócio-afetiva do relacionamento alcançado pelo adotando
dentro do tempo já vivido como também o espaço em que circula diariamente o
adotado, é que se preocupa pelo zelar do interesse deste; se em alteração de todo
esse ambiente já criado ao seu redor poder-se-á tornar por extinguir destacável
referência na formação do menor causando danos à sua constituição psíquica,
social e moral (PEREIRA, 2006: 137-138).
No que se refere da família advinda, a esta procura aliançar, por meio de
tentativa, a criança, caso, porventura, for da ciência ainda próxima e com contato da
mesma. Incorrendo com eficácia referida tentativa de restabelecimento afetivo
procurando atingir o bem da criança, tenta-se sua inserção por toda extensão da
família buscando hipótese de que algum parente esteja apto a acolhê-la. Neste
molde apresentado há de destacar a apatia do restante da família no tempo em que
o menor está em fase de direcionamento para sua reintegração no círculo afetivo da
família, sendo, então, dirigido à guarda fática tornando, quanto a não razoabilidade,
que tal família originária queira a guarda do infante, sendo que a eles fora
oportunizado esse instituo em momento anterior.
Pelas possibilidades observadas, não sendo nenhuma destas
preenchidas e permanecendo, então, a criança ainda em abrigo aguardando quem a
adote, fica submetida ainda do processo de destituição do governo familiar, na
chance de serem conhecidos os pais. Contudo, segundo relatório apresentado pela
Associação dos Magistrados Brasileiros, grande parte das famílias disponíveis no
cadastro nacional esperam por bebês recém-nascidos, meninas e brancas
(PEREIRA, 2006: 140).
Desse modo, adverte-se a demora no processo que tem por maior
interesse solucionar o porvindouro dessa criança, sendo do seu melhor interesse
resposta que reflita respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana, no
caso, desacatado, estando tal diretriz unificada no direito de admissão em seio
familiar, adquirindo, então, status de direito fundamental segundo o § 2., artigo 5., da
Constituição Federal de 1988.
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filiação, no ensejo de produzir aliança da criança com a outra família, resulta-se por
estabelecido o sentimento de gratidão que pactua entre as duas famílias que assim
procedem nesta responsabilidade, caso expositivo em que a mãe oferece sua prole
à outra estabelecendo vínculo afetivo ofertando o possível acompanhamento do filho
e o credo de que a adotante bem cuidará desse. Nesta forma, desloca-se do campo
individual para o campo de estrutura do social, logo desestruturando o enlace entre
entrega e abandono, fixando em fins nobres de interesse social relevante, a saber, a
adoção.
recíproca entre filhos e pais adotantes. Tanto social como juridicamente tal filiação
está, crescentemente, sendo fortalecida, ponderando a divergência, quanto ao
reconhecimento daquela, entre o genitor e os pais biológicos, como também no
direito registral, tomando-se por responsável aquele que exerce papel de educador,
protetor e emocional (LIMA, 2011).
A partir da perspectiva constitucional, a qual traz a palavra afeto de modo
implícito no que tange ao âmbito de proteção com reconhecido princípio da
afetividade decorrente da dignidade da pessoa humana segundo o artigo 1.,inciso III,
da Constituição Federal, que a adoção adquire inovação a respeito da igualdade no
tratamento do filho biológico frente ao filho adotivo; inovações que independe da
origem para estabelecimento da igualdade entre os filhos (artigo 227, § 6., da
CF/88); que tem a adoção considerada como fruto de afetividade, haja vista a
isonomia de direitos que atinge tanto os filhos biológicos como os adotivos (artigo
227, §§ 5. e 6., da CF/88); também da comunidade afetiva reconhecida e tutelada
pelo Estado, formada pelos pais e seus descendentes, com a mesma dignidade de
entidade familiar (artigo 226, § 4., da CF/88) e o direito à convivência familiar como
direito incondicional da criança e do adolescente (artigo 227, da CF/88) (COSTA,
2008: 54).
Desvaler do afeto, tendo a sistemática jurídica tomado caminho que
almeja fisgá-lo no conceito de família, tanto viola a norma constitucional que aprova
o princípio da proteção integral, quanto se torna afronta ao preceito-mor do Estado
Democrático de Direito: a consideração à dignidade humana, na panorama de
crianças e adolescentes (DIAS, 2011b:1)
Por fim, através do exposto que se dá a devida importância à contestação
acerca da adoção direta, instituição configurada no encontro prévio do afeto. Assim,
daqueles que buscam regularização da guarda de fato não há de se considerar
pressuposto a intenção de adotar qualquer criança, fato explicativo por não ter
decorrido da inscrição no cadastro; em verdade, importa, no caso, a adoção
específica daquela criança, com a qual já está garantido afinidade, ocorrência que
garante por si mesmo segurança ao processo de adoção.
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CONCLUSÃO
genitora. Nestes moldes, a adoção pronta abre alas para a reinserção prática do
infanto-juvenil ao convívio familiar, que melhor entendeu os pais biológicos que o
direcionassem, para quem detinha do poder sócio-econômico oportunizando-o aos
diversos âmbitos necessários para que como indivíduo, filho e cidadão possa se
desenvolver, sendo, então, resguardada nestas diretrizes a proteção ao princípio da
dignidade da pessoa humana e do melhor interesse da criança e do adolescente.
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REFERÊNCIAS
AYRES, Lygia Santa Maria. Adoção de menor a criança, de criança a filho. Rio de
Janeiro: Juruá, 2005.
BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. Adoção. In: MACIEL, Kátia Regina Lobo
Andrade (Coord.). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
COSTA, Maria Isabel Pereira da. A responsabilidade civil dos pais pela omissão
do afeto na formação da personalidade do filhos. Revista Jurídica. Porto Alegre,
n. 368.Ano 56, jun. 2008.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011a.
ROSENVALD, Nelson. Direito das famílias. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2010.