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Adoção pronta e cadastro: vínculo afetivo ante formalidade

Lucas Pinangé Silva1


Orientador: Giulliano Rodrigo Gonçalves e Silva 2

RESUMO
Dos direitos assegurados pelo Estado no tocante à regulamentação resguardada no
Estatuto da Criança e do Adolescente, aos quais tanto os filhos consanguíneos
quanto os filhos por adoção têm acesso, no que tange a sua proteção. Com escopo
de atender ao princípio do melhor interesse do infanto-juvenil concomitante com os
direitos humanos e com o princípio da dignidade da pessoa humana, que por estes
preceitos basilares observa-se a possível inserção do menor a família substituta.
Vez em que a genitora se encontra desfalcada de condições, geralmente, sócio-
econômicas, para sustentar bom desenvolvimento da prole, torna-se admissível a
adoção, tendo os pretendentes para este fim de preencher os requisitos da Lei n.
12.010/09 inscrevendo-se no cadastro nacional. Com o objetivo de reestruturar a
convivência familiar da criança é que se busca o reconhecimento pelo ordenamento
jurídico da adoção pronta, situação em que a criança já se encontrando refugiada
num seio familiar com vínculo de afinidade e afeto não seja essa desprotegida
rompendo-se, assim, o liame afetivo preestabelecido resultando em atingir
negativamente o desenvolvimento psíquico, sócio-afetivo e pessoal do menor, tendo
ou não conseguinte oportunidade de ser recebido por outro casal ou sujeito à espera
na instituição de acolhimento (abrigo); tudo por consequência da tomada da adoção
sem o prévio cadastro, situação que fere aos direitos humanos e o direito à vida.
Propõe-se, então, legitimação da intuitu personae importando-se que as normas
jurídicas estabelecidas se submetam à interpretação que melhor atenda do que seja
do interesse da criança e do adolescente.

Palavras-chave: Adoção pronta, Interesse, Criança.

1
Graduando do curso de Direito na Universidade Salgado de Oliveira – Campus Goiânia (e-mail:
lucaspinange@gmail.com).
2
Mestre em Direito das Relações Jurídico-empresariais (UNIFRAN/SP). Especialista em Direito Civil
(UFG) e em Direito Processual Penal (UFG). Pesquisador no DGP/CNPQ. Professor Assistente
Mestre e Pesquisador da UNIVERSO, campi Goiânia-GO. Professor Efetivo (concursado) da PUC
Goiás. Advogado licenciado para exercício de cargo público no Tribunal de Justiça de Goiás, onde é
assessor do Desembargador José Lenar de Melo Bandeira desde 1999. Autor de diversos livros e
artigos jurídicos. Palestrante com atuação em todo Brasil.
1

ABSTRACT
About the rights provided by the State, regarding the regulation sheltered in the child
and adolescent statute, that both consanguineous children and children by adoption
have access, as regards their protection, with scope to meet the best interest of the
youth, concomitant to the human rights and the principle of human dignity, which is a
fundamental precept, inherent in the possible insertion of the children in the new
family, once the biological one do not have condition, generally, socio-economic, to
support the good development of the child, making the adoption permitted. The
applicants should meet the requirements of the Brazilian Law no. 12.010/09, enrolling
in the National Register. In order to restructure the family life of the child, it is
necessary a recognition by the legal system of adoption,in which the child will find
himself in a family environment with bond of affinity and affection, protected, without
damage to the psychic, affective and personal development, allowing or not an
opportunity to be received by another couple that waits at the host institution
(shelter); all by consequence of the adoption without prior registration, a situation in
which violates human rights and the right to life. It is proposed, therefore, the
legitimation of the intuitu personae, making note that the legal rulings established
have been submitted to aninterpretation, whichbetter suits the child’s interest.

Keywords: Prompt adoption; Interest; Child.


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INTRODUÇÃO

A escolha do tema voltado à adoção pronta, suas implicações quanto à


genitora e ao requisito do preenchimento ao cadastro por ordem prévia da Lei n.
12.010/09, reserva o seu prestígio frente a uma realidade social brasileira que
convive com o abandono dos filhos e que se depara com dificuldades para a
inserção desses em uma família substituta que o alimente com afetividade quanto ao
seu desenvolvimento na importância da preservação do direito à vida.
Deste modo, o escopo de proteger a harmonia da estrutura familiar é que
se dá o reconhecimento da adoção direta, quando o menor se encontra refugiado
num seio familiar coberto de afeto e aceitação propiciando gradativo crescimento
psicossocial. Nesta ocasião seria desrespeitoso por ordem processual da inscrição
prévia no cadastro para adoção exigido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) dirimir o pré-vínculo estabelecido por esses guardiões e por afetar à
dignidade, segundo preceito grafado no inciso III, do artigo 1., da Constituição da
República Federativa do Brasil.
Por isso, em razão da importância do crescimento interpessoal da
criança, tendo em vista as transformações legislativas no Estado, a adoção fora uma
delas tomando para os filhos por afeição efeito equiparado aos direitos dos filhos
biológicos, concretizando o melhor interesse do adotando bem como respondendo,
quanto à igualdade, a vigência do ECA.
Não se estacando na isolada interpretação do § 13 do artigo 50 da Lei n.
12.010/09, que tende inviabilizar a escolha dos pais substitutos alcançada pelos
biológicos, não obstante dessa lacuna da lei, requere-se a legitimação da adoção
pronta, tendo-se pretensão de que esta seja habilitada, sendo meio preexistente de
vínculo afetivo com o pretendente visionando, em sua plenitude, o sujeito para o
qual dispõe real interesse do que tange ao princípio da dignidade da pessoa
humana: a criança e o adolescente, considerando de antemão sua proteção tendo
por pressuposto de serem pessoas em formação, desenvolvimento.
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1 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO REFERÊNCIA

A medida da tutela confere quanto ao cuidado à criança ou adolescente


encargos a um terceiro que dispõe de zelo e administração de seus bens. Tomada
jurídica preferível em casos de orfandade, acolhida por familiares - irmãos e avós -,
obstruindo a adoção de acordo com o §1. do artigo 42 do Estatuto da Criança e do
Adolescente. Já a medida da adoção compreendida nesta obra não importa a forma
biológica, mas o restabelecimento da relação afetiva com perda e reformulação,
condição tanto da Doutrina da Situação Irregular como da Doutrina de Proteção
Integral, do liame familiar sob a instituição do abandono, que não se pode evitar.
Assim, toma-se a adoção direta, na defesa de sua institucionalização, como o almejo
da genitora de oportunizar ao menor dignidade (AYRES, 2005: 100, 108).
Em modos de costume no Estado, a Lei n. 12.010/09 regulamenta o pré-
requisito da inscrição no cadastro nacional de adoção, o que milita com casos que
pleiteiam da adoção pronta seu reconhecimento jurídico; realidade esta que
confronta a dignidade da pessoa humana, princípio ético e geral do direito incluso
nos princípios do Estado, expressão contemporânea no mundo jurídico com seu
marco principiante da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, apesar
de que no artigo 3. da Constituição da República italiana, em 1947, tal expressão se
utilizou: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a
lei, sem distinção de sexo, raça, língua, religião, opinião política e condições
pessoais e sociais”(PEREIRA, 2006: 71).
Assim, quanto ao Direito de Família, no que tange à adoção em contato
com a norma constitucional (artigo 227, § 6. da Constituição Federal), que trouxe
seu legítimo avanço dando igualdade no tratamento do filho adotivo indistintamente
em equiparação aos filhos consanguíneos com direitos assegurados, inclusive dos
sucessórios (FARIAS, 2010: 912), só haverá aquele consenso com os Direitos
Humanos e a dignidade a começar da ocasião em que não estiver à margem das
relações privadas, aquém do liame social.
A compreensão da ligação do direito de família com o princípio da
dignidade da pessoa humana e com os direitos humanos remete à cidadania que
implica a não exclusão, conceito contemporâneo que legitima inclusão social a cerca
de todas as formas de constituição de família e aos vínculos de afeto o devido
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respeito sem tratamento desigual também das diversas formas de filiação


garantindo, assim, dignidade igualitária às entidades familiares.
Deste modo, que se tratando dessas garantidas, não há dúvida da
proteção que se deve reconhecer quanto ao desenvolvimento do menor, direito à
vida, assegurado a ele por seus pais substitutos, situação decorrente da adoção
isenta de cadastro autorizado pelo Poder Judiciário quando comprovado laço por
afeição entre a criança e adotando. Não obstante do requisito regulamentado do
cadastro, o menor que se encontra enxertado já em família substituta, que lhe
promoveu garantias de afeição, suporte social e educacional para seu
desenvolvimento, sendo indeferido pedido de adoção por esses pais
preestabelecidos e, no instante, com suficiente estrutura de afetividade, explicita-se
direta infração à dignidade do adotado não sendo justo para o mesmo permanecer
no que vigora a lei para a adoção, sendo a partir de então o liame de intimidade
rompido, e logo direcionado o menor para o abrigo, estabelecendo freio brusco ao
interesse deste que deve ser resguardado primordialmente, assim submetendo-o
aquilo que não está ao seu alcance de entendimento emocional e aceitação,
denegrindo seu desenvolvimento psíquico, socioafetivo e pessoal, tendo ou não a
oportunidade de ser prontamente recebido por outro casal ou sujeito, na maioria das
vezes, à espera na instituição do abrigo.
Nesse sentido, a entidade responsável pelo abrigo é considerada como
lugar sócio-educativo quanto ao seu planejamento de programas de proteção com o
durante a permanência provisória do menor. A nova lei substituiu tal terminologia por
acolhimento institucional com intuito de reflexão da mudança implementada por essa
regulamentação inserindo a entidade novas funções, a saber, da reintegração
familiar ou, nesta impossibilidade, admissão em uma família substituta. Tal entidade
poderá se comportar governamental, podendo funcionar isolada do registro no
Conselho Municipal de Direitos, autorizado sua ulterior efetivação, ou não
governamentalmente com tal registro para sue funcionamento, notando-se, perante
o requerimento requisitado em lei, forjamento dos Conselhos Municipais, que exerce
efetivo acompanhamento e fiscalização dos trabalhos desenvolvidos pelas entidades
de acolhimento (ROSSATO, 2009: 77). Tal instituição, frente às circunstâncias
hodiernas encontradas no Brasil, trata-se de medida excepcional que se destitui de
viabilidade de vínculo afetivo, tanto quanto dos princípios sociais e morais, como o
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seu reconhecimento para a estruturação educativa do menor para sua vida futura,
assim despersonalizando as relações humanas e institucionalizando o emocional.
Com a finalidade de preservar, por meio da adoção pronta reconhecida
juridicamente, a edificação sócio-afetiva do relacionamento alcançado pelo adotando
dentro do tempo já vivido como também o espaço em que circula diariamente o
adotado, é que se preocupa pelo zelar do interesse deste; se em alteração de todo
esse ambiente já criado ao seu redor poder-se-á tornar por extinguir destacável
referência na formação do menor causando danos à sua constituição psíquica,
social e moral (PEREIRA, 2006: 137-138).
No que se refere da família advinda, a esta procura aliançar, por meio de
tentativa, a criança, caso, porventura, for da ciência ainda próxima e com contato da
mesma. Incorrendo com eficácia referida tentativa de restabelecimento afetivo
procurando atingir o bem da criança, tenta-se sua inserção por toda extensão da
família buscando hipótese de que algum parente esteja apto a acolhê-la. Neste
molde apresentado há de destacar a apatia do restante da família no tempo em que
o menor está em fase de direcionamento para sua reintegração no círculo afetivo da
família, sendo, então, dirigido à guarda fática tornando, quanto a não razoabilidade,
que tal família originária queira a guarda do infante, sendo que a eles fora
oportunizado esse instituo em momento anterior.
Pelas possibilidades observadas, não sendo nenhuma destas
preenchidas e permanecendo, então, a criança ainda em abrigo aguardando quem a
adote, fica submetida ainda do processo de destituição do governo familiar, na
chance de serem conhecidos os pais. Contudo, segundo relatório apresentado pela
Associação dos Magistrados Brasileiros, grande parte das famílias disponíveis no
cadastro nacional esperam por bebês recém-nascidos, meninas e brancas
(PEREIRA, 2006: 140).
Desse modo, adverte-se a demora no processo que tem por maior
interesse solucionar o porvindouro dessa criança, sendo do seu melhor interesse
resposta que reflita respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana, no
caso, desacatado, estando tal diretriz unificada no direito de admissão em seio
familiar, adquirindo, então, status de direito fundamental segundo o § 2., artigo 5., da
Constituição Federal de 1988.
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2 DA VIOLÊNCIA ESTRUTURAL DA GENITORA E O INSTITUTO DO


ABANDONO

O liame de filiação é compreendido quando a criança disposta pela


genitora é tomada pelos adotantes. A adoção conjectura tanto no Estatuto da
Criança e do Adolescente quanto no Código de Menores, a perda e reinvenção do
laço familiar com via, geralmente, pela exposição do abandono. Conseguinte, do que
não se deve esquivar nem tanto se ausentar de admissão da existência seria da
compreensão e implicação a cerca desta instituição tomado pela genitora, que lhe
sobrevêm mediante seu estado sócio-psicológico.
O comportamento da genitora quanto ao abandono repousa, em regra,
sobre a individualidade daquela, tendo por compreensão a violência no ato da
maternidade, esta como incumbência no que tange a exposição de perigo dos filhos.
Ao se analisar por vias genéricas sociais quanto ao ato da entrega do filho, que em
mínimo se enxerga que seja das condições psicológicas e sociais, pode-se desfalcar
de vista de uma coletividade que assim emerge uníssona neste formato histórico
social. Deste modo, pensa-se como abandono forçado quanto à entrega do filho,
consequência da separação materna; logo tendo essa mulher-mãe de admitir a falta
de meios para criar seus filhos, desnorteando-se do destino materno, no intuito da
resguarda da cidadania do mesmo.
Da conceituação do abandono, pode-se verificar a condição da infância
afetada por este pelo desfavor pessoal e econômico conferido a genitora. Nesta
visibilidade, a violência estrutural está sujeitas às mães tanto intrinsecamente quanto
dos meios externos desfavorecidos para manter uma criança.
O comportamento de entrega do filho, mesmo que este o afete, porém
com intuito da genitora de resolução sócio-econômica, para adoção se manifesta por
via de violência psicológica, que recai quando identificada gravidez indesejada
associada à indiferença do companheiro ou mesmo própria, à acusação pessoal do
desejo de aborto, à resistência familiar quanto à gravidez; e sob nível de violência
social na falta de recursos por ser vítima de desemprego, sem informações de
procedimentos contraceptivos, etc.
Mediante todo conflito que se depara o direto meio que melhor responde
ao interesse do menor acometido por toda carga psicológica refletida por sua
genitora, observando-se a intenção da mesma, para que estabeleça fácil vínculo de
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filiação, no ensejo de produzir aliança da criança com a outra família, resulta-se por
estabelecido o sentimento de gratidão que pactua entre as duas famílias que assim
procedem nesta responsabilidade, caso expositivo em que a mãe oferece sua prole
à outra estabelecendo vínculo afetivo ofertando o possível acompanhamento do filho
e o credo de que a adotante bem cuidará desse. Nesta forma, desloca-se do campo
individual para o campo de estrutura do social, logo desestruturando o enlace entre
entrega e abandono, fixando em fins nobres de interesse social relevante, a saber, a
adoção.

3 A INTERFERÊNCIA EXACERBADA DO ESTADO DAS RELAÇÕES


PROVADAS ADVINDAS DA RESTRITIVA INTERPRETAÇÃO DADA
AO § 13 DO ARTIGO 50 DO ECA

Ante o vínculo afetivo preexistente entre o adotando e o que pretende


adotar não cadastrado, conferindo da cerceada interpretação do § 13 do artigo 50 do
Estatuto da Criança e do Adolescente que toma o cadastro como regra, tem-se por
efeito conclusivo a não relevância de sucessivas circunstâncias de guarda fática de
jovens e crianças concorrentes para a regularização em razão desse liame por
afeição.
Tratando-se da prescrição do dispositivo acima citado, poderá ser
deferida adoção em favor do candidato domiciliado no Brasil não cadastrado
previamente quando de pedido de adoção unilateral se tratar, quando formulada, já
havendo vínculo de afetividade com a criança ou adolescente, por parente; adoção
feita por quem detém a guarda legal ou tutela da criança, maior de 3 (três) anos de
idade ou adolescente, importando que entre eles seja bastante o tempo de
convivência para comprovar o vínculo de afeto, e não constatada má-fé das partes
ou qualquer das situações previstas nos artigos 237 ou 238 do Estatuto da Criança e
do adolescente.
Vislumbrando-se o inciso III do artigo descrito acima, deste se subtrai
assunto de importante relevância, pois a guarda legal apontada tange àquela onde a
figura do Juiz da Vara da Infância e Juventude é o representante, adoção que seja
deferida na isenção de cadastro pelos pretendentes com aquela finalidade.
Contudo, a realidade social brasileira difere dessa situação, quando
famílias, sem a regularização, cuidam de adolescentes, de crianças como se por
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filiação consanguínea fossem mesmo distante do preenchimento de situações


legais, dando ao caso nomeação de guarda de fato. Na aplicação da lei, deve-se
levar em conta o princípio da proteção integral para que este seja apreciado e não
suprimido pela desatinada redação legal (CARVALHO, 2010: 1).
O direcionamento, por parte da genitora, do filho à pessoa específica,
caso de guarda fática da criança ou adolescente com os quais fora gerado vínculo
afetivo, é tomado no Estado como costume, dando oportunidade, deste modo, para
as situações de guarda fática de menores, as quais merecem regulamentação, ante
a adoção deferida sem ulterior inscrição no cadastro dos adotantes.
Ainda assim, dos valores e fatos sociais efetivados na sociedade, deve o
ordenamento jurídico levar em conta a vivência sócio-cultural entre as pessoas,
resultado esse do desenvolvimento humano quanto a sua cultura, a qual está
constantemente enfrentando transformações. Com isto que se dá base ao possível
deferimento do pedido, sem prévia inscrição, de adoção para dar suporte
regularizador às situações de guarda de fato esquivadas da deferência pela
legislação.
Sem embargo, o vislumbre direcionado à Lei n. 12.010/09, que modificou
o Estatuto da Criança e do Adolescente, contorna com boa feitura à adoção direta,
exemplo de relações de socioafetividade. Por mais que não comporte
impossibilidade para essa adoção ocorra, o § 13, do artigo 50 do ECA, cria limites
quando das hipóteses cerca e inviabiliza outros meios para adoção em que o
cadastro tem a possibilidade de ser dispensado, somatizado a intervenção na vida
particular dos cidadãos por parte do Estado.
Acerca deste disposto assunto, encontra-se no ordenamento jurídico
mudança decorrida da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que
por causa da dignidade da pessoa humana consentiu em que tivesse uma
despatrimonialização do Direito Civil, alargando, deste modo por decorrência do
mesmo, o campo de aplicação da autonomia privada, refletindo na seara das
relações familiares (PEREIRA, 2006: 154).
Nessa perspectiva, a função de Estado-interventor passou para o Estado-
protetor no âmbito familiar, tomada, desde então, de modo individual aos olhos do
Estado e da sociedade operando, quanto à família, com tutela dando-lhe
manifestação de aspiração. Com isto, importante frisar a autonomia da vontade no
que tange ao princípio da dignidade da pessoa humana, o que dá abertura a
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liberdade de relações privadas dentre os tipos de entidades familiares com isenta


postura de desigualdade quanto a estas apresentadas com diversos modos de
constituição familiar ou variadas formas de filiação. Tendo em vista a efetividade
dessa conduta do Estado para com a vida interpessoal do adotante e a criança
adotada, sua intervenção não deve causar discriminação quanto à formada família
substituta, caso que pode ser gerado apresentando-se dentro das relações privadas,
logo causando inevitável consequência de exposição do menor.
Ultima-se, por certo, tanto nem da admissão quanto da sua proibição por
parte da legislação, a saber, da adoção pronta, mesmo está sendo assunto discutido
em jurisprudência e doutrina, de que sendo argumentado, quanto à adoção sem
cadastro, por diversos magistrados sobre essa nova lei que se dirige a guarda de
fato, deseja aqueles, em verdade, proibir o direcionamento da filiação à pessoa
específica.
No entanto, levado em conta as diversas razões tomadas pelos genitores
quanto da entrega do filho, o que se faz mister, não havendo norma constitucional
ou infraconstitucional que torne tal conduta ilegal, é do princípio do melhor interesse
da criança, conferido no artigo 227, da Constituição Federal roborizado pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente. Nessa perspectiva, a vontade dos pais biológicos deve
ser respeitado, não desprezando o que esses desejam se cabendo a decisão do
futuro do menor ao Estado deixando, assim, o Poder Judiciário de legitimar a intuitu
personae (SOUZA, 2009: 185).
Do ato de entrega da prole, esta vontade dos genitores em maioria tem a
possibilidade de ser benévolo, no caso, às pessoas conhecidas, e que para si são
confiáveis. Talvez se desconhecidas, tendo em vista o cadastro, os pais talvez não
entregassem, podendo ocasionar conflitos futuros à criança, passando a ter convívio
com família sem relevante estrutura emocional e financeira para cuidar do menor.
Além de que, se a vontade dos pais for respeitada por meio do vínculo de afeto
criado às pessoas adotantes, as chances de conflito posterior são subtraídas, pois a
relação de confiança preexistiu para ser consumada através da adoção direta. Neste
sentido, há decisões judiciais que consagram este instituto, apreciando a vontade
dos genitores: (SOUZA, 2009: 186)
A ordem cronológica do art. 50 do ECA, comporta flexibilidade, quando dois
casais, em igualdade de condições, disputam a adoção de menor,
especialmente em caso de chamada ‘adoção dirigida’, em que a mãe
escolhe os adotantes, desde já, entregando-lhes o filho, confiada na melhor
guarda e no futuro da criança, que pretende proteger, para que tenha um
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futuro garantido, e não venha a sofrer como ela as vicissitudes da vida,


madrasta para mãe e para seus outros filhos. Agora, quer proteger a sua
cria e nada impede que assim o faça.” (TJRS – AI 598023919 – RS – 8ª
C.Cív. – Rel. Des. Roque Miguel Fank – J. 26.03.1998). Apelação Cível.
Adoção. Tendo a genitora da menor entregue sua filha em adoção a um
casal determinado (Adoção Intuitu Personae), não se pode desconsiderar
tal vontade, em razão da existência de listagem de casais cadastrados para
adotar. A lista serve para organizar a ordem de preferência na adoção de
crianças e adolescentes, não podendo ser mais importante que o ato da
adoção em si. Desproveram. Unânime. (Segredo de Justiça) (Apelação
Cível n. 70006597223, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 13-08-2003).

Por ademais vias de análise, no que tange à falta de reconhecimento


jurídico da adoção pronta, percebe-se que conseqüências da interpretação dos
dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente são tomadas de modo
negativo quando prevalece friamente a literalidade da norma, que zela pela inscrição
no Cadastro Nacional para adoção, situação vista na conduta de indeferimento do
pedido de adoção, que tem por escopo homologar o caso preexistente de vínculo
afetivo interpessoal, o que viola o bem de menores que acabam por serem dirigidos
às instituições de abrigo causando impacto social advindo daqueles que aguardam
por ser adotados para o restabelecimento do convívio familiar.
Nesse contexto, importante que se observe da interpretação abstrata e
inflexível que não se deve ser concebida da letra da lei tornando ao ordenamento
jurídico o acato de atos adversos a este, que, em detrimento das questões
peculiares do caso que se estabeleceria para a proposta da adoção, deixa por
apenas se constatar e considerar do que se entorna ao tecnicismo da norma,
esquivando-se, portanto, de precisa incidência analítica à universalidade jurídica
com uma sistemática interpretação para alcançar, por inclinação aos princípios
constitucionais, fim social do regulamentado instituto da adoção direta.
Assim sendo, do princípio do interesse do infanto-juvenil que os
dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente têm de ser interpretados, com
fim de alcançar sua efetiva aplicação considerando que se trata de pessoas em
desenvolvimento, os quais já foram expostos no gênese de suas vidas às
complicações sociais, importando que o direito que lhes cabe assegure o princípio
da dignidade da pessoa humana, ordem constitucional que consagra esta ideia
partindo do pressuposto de que o homem, em virtude de sua espécie humana e
independentemente de qualquer outra circunstância, é titular de direitos que devem
ser reconhecidos por seus semelhantes e pelo Estado.
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4 O LIAME DE AFETIVIDADE COMO EFICÁCIA JURÍDICA

Tanto de menores como de maiores, o Código Civil de 1916 denominava


como simples a adoção, podendo apenas exercer deste instituto quem não tivesse
filho com vínculo limitado ao adotado e adotante levado a efeito por escritura
pública. Com o decorrer dos anos, Leis insurgiram mudança da esfera da adoção,
como a Lei 4.655/65, que apresentou irrevogável legitimação adotiva quanto a sua
aprovação e fazia sustar o liame com a família consangüínea. Com o advento da Lei
6.697/79, a saber, o Código de Menores, a relação de parentesco se ampliou
também aos familiares dos adotantes, tendo ainda nota de que até o advento da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, os adotados não eram
assegurados com os mesmo direitos conferidos aos filhos naturais. A partir desta
que se decorreu eliminação da diferenciação que se apresentava entre filiação e
adoção, proibindo qualquer que fosse a designação discriminatória, tendo, por
conseguinte, efetividade do princípio da proteção integral conferida em no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), que passou a adequar a adoção dos menores
de 18 anos, assegurando-lhes de todos os direitos e garantias (DIAS, 2011a: 482-
483).
Mediante a divergência encontrada por algumas vezes no campo
doutrinário, vez que diverge do Estatuto da Criança e do Adolescente quanto à
adoção que este dispõe acerca dos menores e maiores de idade, a origem da Lei n.
12.010/09, a saber, Lei da Adoção, que expressamente delega ao ECA adoção de
infanto-juvenis e ordena aplicação dos princípios a adoção de maiores de idade,
segundo o artigo 1.619 do Código Civil (Ibid., 2011: 483).
É com este escopo construído ao longo do tempo na busca de garantir
expressamente em lei os direitos que melhor atendem o interesse da criança e
adolescente revelando, então, importância da manutenção da criança rente a família
substituta que escolheu acolhê-lo, deste modo visando, quanto à proteção do bem
jurídico, o instituto da adoção, com ciência, do bem-estar do adotado e não dos que
estão cadastrados para alcançar essa finalidade.
No entanto, da inscrição no cadastro não se pode deslembrar do tocante
fim social para o qual fora designado com respeito ao princípio da isonomia, assim
respondendo positivamente ao processo da adoção de crianças e adolescentes,
poupando de possível interesse de outrem, que a estes influenciem na escolha de
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um pretenso adotante cadastrado, em detrimento de outro (BITTENCOURT, 2010:


130). Além do mais, a prevenção de eventuais práticas ilícitas é um assunto
importante inserido de forma a ser considerado quando se dirige ao conjugado de
procedimentos e requisitos imprescindíveis à aprovação da habilitação no cadastro
de adoção, como o tráfico de crianças e a contrafação de agentes públicos que
atuam nessa área.
Todavia, existem exceções, quanto da adoção, em que o implemento
inflexível do mesmo resulta inconveniente para o menor, no ensejo do vínculo afetivo
esse e o adotante não cadastrado, versando, deste modo, da guarda de fato por
quem não seja habilitado, a qual espera que o caso fático dantes já existente seja
regularizado.
No entendimento de que não se deve refrear quanto ao vínculo de afeto e
afinidade já consolidado entre a criança e adotando se tratando de prévia inscrição
no cadastro, articulou a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina decisão em conformidade com o julgado abaixo:
Apelação Cível - Adoção - Recém-nascido entregue à guarda de terceiros
logo após o nascimento – Casal não incluído no cadastro de adoção da
comarca – Formalismo legal que não pode sobrepujar aos interesses do
menor - Laços familiares estabelecidos com os pretensos adotantes -
Supremacia dos interesses e bem-estar do infante - Sentença reformada -
Recurso provido.
Mostra-se viável a concessão do pedido de adoção, quando evidenciado
que a criança encontra-se plenamente adaptada à nova família, que se
mostrou capaz de assegurar a proteção, assistência e educação que lhe é
devida. Embora a inscrição no cadastro de interessados à adoção seja uma
exigência legal, a sua ausência não pode ser óbice ao deferimento da
adoção, uma vez que o formalismo legal não pode se sobrepor aos
interesses do infante, ainda mais quando este já tenha consolidado laços de
afeto com os adotantes e todas as demais situações lhe são plenamente
favoráveis (Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação Cível. Segunda
Câmara Cível. AC n.2007.017499-7. Relator: Desembargador Mazoni
Ferreira. Florianópolis, SC, 23-08- 2007).

Em detrimento do formalismo que sucede do cadastro que, em casos


como esse, que se averigua a existência anterior da afetividade estabelecida entre o
adotando e o adotante, considerando resultado que melhor atenda ao interesse do
menor com direito ao restabelecimento do convívio familiar, elemento do intuitu
personae, o qual sobrepuja a qualquer que seja de interesse conflitante, a saber,
dizendo, dos inscritos para a adoção. Destarte, de acordo com o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, a socioafetividade impera sobre o cadastro.
A filiação sócio-afetiva, pelo relacionamento de carinho, encontra sua
fundamentação nos laços criados pelo cotidiano, companheirismo, uma doação
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recíproca entre filhos e pais adotantes. Tanto social como juridicamente tal filiação
está, crescentemente, sendo fortalecida, ponderando a divergência, quanto ao
reconhecimento daquela, entre o genitor e os pais biológicos, como também no
direito registral, tomando-se por responsável aquele que exerce papel de educador,
protetor e emocional (LIMA, 2011).
A partir da perspectiva constitucional, a qual traz a palavra afeto de modo
implícito no que tange ao âmbito de proteção com reconhecido princípio da
afetividade decorrente da dignidade da pessoa humana segundo o artigo 1.,inciso III,
da Constituição Federal, que a adoção adquire inovação a respeito da igualdade no
tratamento do filho biológico frente ao filho adotivo; inovações que independe da
origem para estabelecimento da igualdade entre os filhos (artigo 227, § 6., da
CF/88); que tem a adoção considerada como fruto de afetividade, haja vista a
isonomia de direitos que atinge tanto os filhos biológicos como os adotivos (artigo
227, §§ 5. e 6., da CF/88); também da comunidade afetiva reconhecida e tutelada
pelo Estado, formada pelos pais e seus descendentes, com a mesma dignidade de
entidade familiar (artigo 226, § 4., da CF/88) e o direito à convivência familiar como
direito incondicional da criança e do adolescente (artigo 227, da CF/88) (COSTA,
2008: 54).
Desvaler do afeto, tendo a sistemática jurídica tomado caminho que
almeja fisgá-lo no conceito de família, tanto viola a norma constitucional que aprova
o princípio da proteção integral, quanto se torna afronta ao preceito-mor do Estado
Democrático de Direito: a consideração à dignidade humana, na panorama de
crianças e adolescentes (DIAS, 2011b:1)
Por fim, através do exposto que se dá a devida importância à contestação
acerca da adoção direta, instituição configurada no encontro prévio do afeto. Assim,
daqueles que buscam regularização da guarda de fato não há de se considerar
pressuposto a intenção de adotar qualquer criança, fato explicativo por não ter
decorrido da inscrição no cadastro; em verdade, importa, no caso, a adoção
específica daquela criança, com a qual já está garantido afinidade, ocorrência que
garante por si mesmo segurança ao processo de adoção.
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5 O CADASTRO E A EVOLUÇÃO DO INSTITUTO DA ADOÇÃO

O instituo da adoção teve sua intenção provocada à mudada ao longo do


tempo. Em gênese, tinha como finalidade atender a quem não poderia conceber
naturalmente sua prole. Tal instituto é encontrado mencionado na Grécia antiga, nos
Códigos de Hamurabi, Manu, no Deuteronõmio e em Roma. Além de ser tomado
como função religiosa, no direito romano utilizava da adoção também em caráter
familiar, tendo a probabilidade do indivíduo de utilizar do instituto quando houvesse
impossibilidade de conceber filhos. Ao decorrer do tempo, a adoção sofreu
alterações quanto a sua motivação ao ser atendida passando de um caráter
potestativo para assistencialista, na qual continuar a ser hodiernamente
(BORDALLO, 2010: 198-199).
Mostra-se, desse modo, a inversão no objetivo de conduzir com a adoção,
que anteriormente se dirigia para suprir a vontade do adotante e, agora, o interesse
é da criança e do adolescente ter seu direito primordialmente observado. Do
princípio da igualdade junto a dignidade da pessoal humana atrelado a relação
familiar, que o tratamento social foi dado à filiação, tornando instituição democrática
a família.
Do dever do Estado de assegurar a crianças e adolescente, segundo o
artigo 227 da Constituição Federal de 1988, prioritariamente, o direito à convivência
no seio familiar. Tal garantia conferida a esses menores nem todas às vezes alcança
seu exercício rente a família de onde advém, caso que oportuniza a adoção como
solução efetiva ao princípio da proteção integral. Todavia, é preciso imediatismo em
seu procedimento para que se poupem complicações futuras quanto ao sócio-
psicológicas pela ausência de lar (DIAS, 2011b:1).
Para isso, confere-se a habilitação, nos termos da lei, mediante o
cadastro nacional para a adoção, estando por motivo dispensado apenas em casos
abordados no § 13 do artigo 50 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Tal
procedimento tem sua importância, garante segurança no processo que conduz do
pedido da adoção, possibilitando tanto da avaliação intencional e psicológica dos
pretendentes quanto da condição sócio-econômica que garantirá ao menor bom
desenvolvimento pessoal e intelectual; porém, como visto, é vasta a demasia de pré-
requisitos para que a criança chegue ao posto de apoderar-se da adoção com suas
dignas garantias.
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E é por legítima consideração que se vê pais que se inclinam à


recorrência da família substituta considerando do agrado tomar posto paternal de
substituição nessa filiação. Nada obsta que a mãe biológica escolha incorra desta
maneira. Talvez a patroa, vizinha, casal de amigos que têm boa-fé quanto ao
direcionamento da vida que levam, tornando à atenção da genitora que seriam
esses pais ideais para seu filho. É o que se denomina como adoção pronta que não
está vedada, porém sem previsão legal. Momento este que o legislador se torna
omisso, porém não impossibilitando que seja possibilitada. Ao oposto, o regimento
legal apresentado no artigo 1.729 do Código Civil assegura aos pais direito de
nomear ao seu filho um tutor, tornando para a análise de possível eleição também
de quem ficará com o filho pós-morte, o que não dá embasamento de negativa do
direito de direcionar a adoção a quem quer por escolha (DIAS, 2011b:2).
Se por um curso pode-se obter segurança jurídica no levantamento do
processo de adoção, por outro lado a insegurança que esta conduta apresenta,
sendo integralmente observada, poder-se-á causar, assim, instabilidade social
quanto à negação de reconhecimento jurídico da realidade que circula no Estado
das situações não raramente são encontradas, a saber, da intuitu personae.
Por fim, admirado liame de afeto entre o menor e o adotante sem
inscrição no cadastro, resta com que se legitime a adoção pronta com intenção de
corresponder com interesse do infanto-juvenil no tocante a garantia basilar que
condiciona o princípio da dignidade da pessoa humana, por meio do qual as normas
estabelecidas devem se inclinar à interpretação.
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CONCLUSÃO

A adoção por parte daquele que já detém a guarda de fato do menor, a


saber, deste instituto consolidado sem a preexistência de inscrição no Cadastro
Nacional da Adoção e com vínculo afetivo existente, em razão dos princípios que
protegem a criança e o adolescente, no ordenamento jurídico ocupa o seu espaço.
Em respeito ao direito de convivência familiar garantido pela Constituição Federal
apreciado pelo § 13 do artigo 50 do ECA, que se estaca o dispensar da norma
jurídica no que tange à sua formalidade para atender o maior interesse da criança.
Desrespeito à dignidade do menor como pessoa humana se apresenta
pela intervenção estatal buscando o alinhamento legal sem observar da condição da
criança o quê necessita, assim afastando-a da família substituta com a qual
estabelece um vínculo afetivo para recolhê-la ao abrigo, lugar em que estará à
deriva de cedo ou mais ser para si oportunizado a voltar à apreciação da condição
de adoção consumada.
O Estado, em vista de tutelar à família, que se deve inclinar
desimportando precisamente como está fora constituída já que a afeição circula em
seu meio e a sustenta vívida; importa que o respeito às relações privadas seja
preservado sem que tenha estas de se submeterem a uma “peneiração” por parte do
Poder Judiciário em detrimento da possível argumentação de má-fé das partes, o
qual julgado desobedeceria tão-somente a autonomia da vontade àquelas conferida.
Ante o conflito apresentado, a Lei n. 12.010/09 contribuiu, a partir do seu
vigor, para a integral proteção do menor no campo familiar, social, judicial e
extrajudicial, apesar do desfoque ocorrido quanto a perda da oportunidade de
legalizar a guarda fática, assim, prejudicando crianças e adolescentes, vítimas da
contradição apresentada na norma com a realidade hodierna.
Apesar do cadastro se direcionar ao infanto-juvenil com o intuito de
proteção jurídica, sua integralização irrestrita pode prejudicá-lo se não enxergando
as relações preestabelecidas por vínculo afetivo, resultando, deste modo, à
instabilidade tanto social quanto jurídica, transgredindo por esta conduta aos
princípios constitucionais dedicados à proteção da criança e do adolescente.
Por fim, percebem-se as veredas e caminhos trilhados pela adoção para
que fosse oportunizada a garantia de família ao menor exposto pelo abandono da
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genitora. Nestes moldes, a adoção pronta abre alas para a reinserção prática do
infanto-juvenil ao convívio familiar, que melhor entendeu os pais biológicos que o
direcionassem, para quem detinha do poder sócio-econômico oportunizando-o aos
diversos âmbitos necessários para que como indivíduo, filho e cidadão possa se
desenvolver, sendo, então, resguardada nestas diretrizes a proteção ao princípio da
dignidade da pessoa humana e do melhor interesse da criança e do adolescente.
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REFERÊNCIAS

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1990.

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