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Tribunal Supremo
Título: DIREITO TUTELAR DE MENORES, ACÇÃO DE
ALIMENTOS E REGULAÇÃO DO PODER PARENTAL
Direitos reservados ao
Tribunal Supremo
Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos.
Pitágoras
As crianças, quando bem cuidadas, são uma semente da paz
e esperança.
Zilda AmsNeumann
A melhor maneira de tornar as crianças boas é torná-las felizes.
Óscar Wilde
Prefácio
Os autores
PROCESSO JURISDICIONAL DE
MENORES COMO PROCESSO DE
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
Mestre Bernardo Chuzuaio
BERNARDO CHUZUAIO 17
1. Introdução
2
No domínio do Código de Processo Civil de 1939, estes processos eram regulados
nos artigos 1452º e seguintes (Processo de regulação de exercício do poder paternal)
e 1462º e seguintes (pedido de alimentos para menores), do referido diploma legal.
3
Antunes Varela, J. Miguel Bezera e Sampaio e Nora, Manual de Processo Civil, 3ª
edição, páginas 69 a 73.
4
O que não se deve confundir com arbitrariedade.
BERNARDO CHUZUAIO 19
5
Contudo, do disposto no artigo 9, da Organização Jurisdicional de Menores, con-
clui-se ter o legislador moçambicano querido que, sobre matéria de direito, seja ad-
missível recurso de revista para o Tribunal Supremo.
20 PROCESSO JURISDICIONAL DE MENORES COMO PROCESSO
DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
10
São eles que se degladiam relativamente à guarda do menor.
24 PROCESSO JURISDICIONAL DE MENORES
COMO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
11
O que ajudaria inclusive a terminar com o conflito dentro do mesmo processo ou a
propósito do mesmo assunto.
12
Mesma obra e páginas.
13
Recaído nos autos de recurso nº 538/11.4TBBRR-A.LI-8.
BERNARDO CHUZUAIO 25
14
Ver acórdão referido.
26 PROCESSO JURISDICIONAL DE MENORES
COMO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
decisão tomada e que, muitas vezes, são usados por progenitores para
procurar inverter a situação do menor, especialmente no que diz res-
peito à regulação do exercício do poder parental.
Exige-se, por isso, um cuidado redobrado por parte do juiz para
saber respeitar os princípios que acabam de ser referidos.
7. Conclusão
Depois do tudo o que descreveu, pode afirmar-se que, no domínio
dos processos jurisdicionais de menores, nomeadamente nas duas es-
pécies que elegemos, para se tomar uma decisão segura e conscien-
ciosa é essencial que o juiz se socorra dos poderes funcionais, que a
lei coloca ao seu dispor, para investigar livremente os factos, buscar
elementos de prova e recolher as informações julgadas pertinentes,
visando através delas atingir uma solução que se apresente o mais
adequada possível para o caso concreto e que melhor solucionem o
litígio; poderes que, ao mesmo tempo, constituem para o tribunal uma
espécie de chave-mestra por intermédio da qual pode acessar ao maior
volume de informação e provas possível, constituem ao mesmo tempo
um limite à sua actuação, no sentido de que a sua decisão não se ba-
seará em simples conclusões lógico-formais, como muitas vezes acon-
tece; que a execução das medidas tomadas no âmbito destes processos
será, por vezes, da competência do tribunal ou secção de menores que
a tenha tomado e dentro do mesmo processo18 ou autuado por apenso
ou em expediente independente19.
Que, nesta espécie de processos, não transitam em julgado as deci-
sões finais que hajam sido tomadas pelos tribunais, o que dá ao juiz a
possibilidade de alterá-la a qualquer altura, mas só quando tenha sido
solicitada pela parte, mas, para esse efeito, o juiz deve assegurar-se
que essa alteração se efectiva dentro do quadro procedimental, que a
própria lei estabelece20
18
Artigos 125, nºs 1 e 2 e 130, ambos da Organização Jurisdicional de Menores.
19
Artigos 126 e 131, ambos da Organização Jurisdicional de Menores.
20
Artigo 1411º, do Código do Processo Civil e artigo 126, da Organização Jurisdicio-
nal de Menores.
A ADOPÇÃO NA ORDEM
JURÍDICA MOÇAMBICANA
xaram grande número de crianças sem pais e muitos pais sem filhos.
Desde então até aos tempos mais recentes, a adopção evoluiu no
sentido de passar a ser entendida mais como um meio de proteger os
menores em estado de abandono, do que uma forma de preservar o
nome ou o património dos adoptantes.
No caso de Moçambique, com a entrada em vigor da Constituição
da República de 2004 e da Lei da Família de 2004, reforça-se a posição
de que a adopção visa integrar o menor numa família. Na verdade,
embora a adopção possa prosseguir a finalidade de dar um filho a
uma família que não tenha filho, esta finalidade é secundária, atento
ao princípio constitucional do interesse superior da criança.
3. Requisitos da adopção
1999, p. 119.
ADELINO MUCHANGA 35
4. Processo da adopção
5. Efeitos da adopção
6. Adopção internacional
1. Introdução
1. Considerações iniciais
de Menores e Laboral, 1990-2003, Vol. II, Tomo 1 e 2, 2011, 2004-2008, Vol. II, 2012 e
2009-2012, Vol. II, 2012.
LUÍS FILIPE SACRAMENTO 59
8. Recursos
1. Regras gerais
2. Regras processuais
rias, nas quais se inclui a audição do menor, nos termos do artigo 12,
n.º 1, da Convenção Sobre os Direitos da Criança e, logo depois, o juiz
decide, proferindo sentença, como resulta do n.º 2, do artigo 120, da
Organização Jurisdicional de Menores.
Entretanto, é preciso ter muita atenção em relação à regra fixada
no aludido número dois, pois ela tem de ser aplicada de forma hábil
e cuidada, tendo em conta que tem de ser conciliada com o princípio
contido no número três.
Daqui decorre que, a registar-se a falta de um ou de ambos os pro-
genitores, não se deve, de forma automática, fazer seguir a lide até
decisão final. Pois, bem pode acontecer que o faltoso venha justificar,
no prazo de cinco dias, a sua não comparência.
A acontecer esta situação, aplica-se então o previsto no número três,
ou seja, marca-se nova data, dentro dos trinta dias imediatos, para a
realização de nova conferência. O mesmo acontecendo quando, entre
a citação e a data da efectivação daquele acto judicial, tiver sido reque-
rido o seu adiamento, por motivos relevantes.
Em todo o caso, é preciso ter em consideração que só pode haver
lugar a um adiamento, como se infere também do citado número três.
É importante ainda ter-se presente o princípio expresso no n.º 4, do
artigo 120, segundo o qual a conferência só pode ser suspensa quando
se mostrar conveniente para os interesses do menor e por período não
superior a quinze dias.
Caso não se alcance acordo dos progenitores, estando estes pre-
sentes ou devidamente representados na conferência, nesse mes-
mo acto deverão ser notificados, de imediato, para, no prazo de
dez dias, produzirem alegações sobre o modo mais conveniente de
se exercer o poder parental, devendo com elas oferecer o rol de tes-
temunhas, juntar os documentos julgados relevantes e requerer as
diligências25 que entenderem necessárias, como se extrai do pre-
ceituado nos nºs. 1 e 2, do artigo 121, da Organização Jurisdicional
de Menores.
O princípio acabado de referenciar reveste-se de importante al-
cance, tendo em consideração que o momento para se indicar tes-
temunhas, apresentar quaisquer elementos de prova ou requerer
25
Relacionado com diligências requeridas pelo progenitor, veja-se os acórdãos profe-
ridos pelo Tribunal Supremo nos processos nº 81/89, 192/89 e 203/89, publicados na
Colectânea já antes indicada.
74 REGULAÇÃO DO PODER PARENTAL
A propósito dos fins a que se destina o inquérito social veja-se, entre outros, os
26
acórdãos proferidos pelo Tribunal Supremo nos processos nº 144/97 e 27/90, publica-
do, na Colectânea de Acórdãos do Tribunal Supremo – Jurisdição Cível, de Menores
e Laboral, 1990-2003, Vol. II, Tomo 1 e 2, 2011.
LUÍS FILIPE SACRAMENTO 75
menor à guarda de pessoa estranha à sua família, desde que este tenha
familiares e entre eles haja quem possa ficar com ele , tendo em conta
os princípios expressos nos artigos 3 e 4, da Lei da Família e artigo 33,
n.º 2, da Lei de Bases de Protecção da Criança.
Anote-se que, a verificar-se situação em que nenhum dos progeni-
tores reúne qualidades para garantir o normal crescimento e desen-
volvimento do menor e assistir aos deveres de educá-lo e orientá-lo,
ao tribunal impõe-se que faça um exercício de sensibilização e educa-
tivo, para que os membros da família assumam as obrigações que lhe
são próprias, no que respeita à guarda do menor.
Em qualquer das situações acima indicadas, na sentença em que
haja decidido sobre o destino do menor, também se deverá regular
o regime de contactos a estabelecer entre o menor e os dois proge-
nitores, incluindo no período de férias – cfr. n.º 1, do artigo 123, da
Organização Jurisdicional de Menores. Princípio este que se traduz
na concretização do direito que se acha expresso no n.º 3, do artigo
9, da Convenção Sobre os Direitos da Criança e artigo 29, da Lei de Bases
de Protecção da Criança.
Quando for esse o caso, ao decidir-se sobre o destino do me-
nor, independentemente de requerimento, a atribuição do direito
ao arrendamento, relativamente ao imóvel habitado pela família,
ao progenitor não arrendatário é feita pelo tribunal, e a respectiva
notificação é feita ao senhorio a título oficioso – cfr. n.º 2, do aludido
artigo 123. Verificando-se incumprimento quanto à decisão tomada
sobre esta matéria, o progenitor, a quem foi confiada a guarda do
menor, deve usar dos meios estabelecidos no artigo 49, da Organi-
zação Jurisdicional de Menores.
No caso de separação de pessoas e bens ou de divórcio dos pro-
genitores, enquanto não ocorrer a partilha do património conjugal, o
progenitor a quem foi confiada a guarda do menor tem direito a habi-
tar no imóvel, que constituía a casa de morada de família, desde que
o imóvel constitua bem comum do casal – cfr. n.º 4, do artigo 123, da
citada organização.
De acordo com o previsto nos nºs 2 e 3, do mencionado artigo,
aquela medida pode ser tomada pelo tribunal, mesmo quando não
tenha havido requerimento do progenitor para esse efeito, o que
significa que não depende de requerimento prévio da parte inte-
ressada. O que importa é que se configure como necessária a sua
LUÍS FILIPE SACRAMENTO 77
dãos proferidos pelo Tribunal Supremo, nos processos nºs. 15/95, 23/95, 111/95,
130/98, 131/96 e 23/98, publicados nas Colectâneas de Acórdãos do Tribunal Supre-
mo – Jurisdição Cível, de Menores e Laboral – 1990-2003, Vol. II, Tomos 1 e 2, 2011,
2004-2008, Vol. II, 2012, e 2009-2012, Vol. II, 2012.
78 REGULAÇÃO DO PODER PARENTAL
porta não só fazer referência aos critérios que lhe serviram de base,
como também se deve buscar a devida fundamentação.
Em se tratando de progenitores que não se acham casados le-
galmente, que estivessem vivendo em união marital ou de facto,
de igual modo, o tribunal pode decidir sobre a atribuição do direi-
to ao arrendamento para habitação, fazendo uso dos critérios aci-
ma mencionados, embora, neste caso, com recurso à via analógica,
dado se estar perante situação de omissão de lei em relação a este
tipo de situações.
6. Do recurso
1. Regras gerais
JURISDIÇÃO DE MENORES
Art. 2, do 8/2008, de 15/07 (normas subsidiárias a observar pelos tribunais de
menores: normas processais porque se regem outros tribunais; os princípios
legais enunciados na Lei de Bases de Protecção da Criança e nos instrumen-
tos de Dto. Internacional de que Moçambique é parte.
REGRAS GERAIS
Regras Gerais:
Art.88 (Natureza dos Processos cíveis);
Art.91 ( Constituição de advogado );
Art.93 (Princípios processuais a adoptar no caso das providências em rela-
ção aos quais não se estabelecem regras próprias – ex: emancipação).
Processo de Adopção
Art.101 (Recurso) nº 1 Decisões recorríveis; nº 2 instrução do recurso, regra
de apresentação de alegação; nº 3 – deserção do recurso.
Art.102 (Revisão da sentença de adopção).
ATT.:Art.771º, do CPC - os fundamentos são diferentes; nº 7 (da sentença de
adopção cabe sempre recurso).
Tutela
Art.104 (Aplicação das normas de adopção ao processo de tutela);
Art.110 (Recurso) – aplicam-se as regras dos artigos e 101, nºs 2 e 3, e deve
também ser interposto no prazo de oito dias.
Art.111, nº 2 ( Regras aplicáveis ao recurso interposto em acção de anulação
PROCESSOS DE JURISDIÇÃO CÍVEL
da tutela ).
Processo relativo à administração de bens do menor
Art.112 (Nomeação, remoção, e exoneração do administrador) remete para
os art. 1409º, 1410º e 1411º do CPC, logo; Recursos: art. 1411º.nº2,do CPC –
Admite-se o recurso apenas até ao nível do TSR.
Processo relativo à família de acolhimento
Art.114 (Processo de acolhimento) – em matéria de recurso, aplicam-se as
regras do Art.101, relativas à adopção.
Regulação do exercício do poder parental
Art.124 (efeitos do recurso de apelação) nº 1 – efeito da apelação; nº 2- subida
dos agravos – remete para o nº 3 do art. 60.
Art.125 (Cumprimento coercivo das obrigações dos pais) nº 4 - efeito do
recurso das decisões proferidas ao abrigo do Art.125 que não decretem a
prisão.
Acção de alimentos devidos a menores
Art.129 (Contestação e diligências de prova) nº 4 recorribilidade da decisão
e efeito; nº 5 subida dos agravos interpostos no decorrer do processo.
Entrega judicial do menor
Art.132 e ss.
Inibição do poder parental – Art.135 e ss.
Providências aplicáveis no caso de exercício abusivo do poder parental, da
tutela ou acolhimento – Art.142 e ss
Processo relativo à autorização para a prática ou confirmação de certos ac-
tos – Art.147
Processo relativo a suprimento ou dispensa – Art.148
Averiguação oficiosa de maternidade ou paternidade – Art.149 e ss
No respeitante a recurso, do nº 3, do artigo 154, retira-se que não cabe re-
curso do despacho que mande arquivar a providência ou que ordene a sua
remessa ao MP para instauração da competente acção de investigação.
ÍNDICE
Prefácio 9
Nota prévia 13
PROCESSO JURISDICIONAL DE MENORES COMO
PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 15
1. Introdução 17
2. Processos de jurisdição voluntária - ideias gerais 18
3. A prática das instância 20
4. Inquérito social – forma de recolha de informação e conteú-
do do relatório 22
5. Poderes do Juiz nos processos de regulação do poder pa-
rental e nos processos de alimentos devidos a menores 24
6. Alterabilidade das decisões nos processos jurisdicionais de
menores – limites 26
7. Conclusão 28
A ADOPÇÃO NA ORDEM JURÍDICA MOÇAMBICANA 29
1. Origem e fins da adopção 31
2. Noção e modalidades da adopção 32
3. Requisitos da adopção 33
4. Processo da adopção 38
5. Efeitos da adopção 40
6. Adopção internacional 41
ALIMENTOS DEVIDOS A MENORES E REGULAÇÃO DO
PODER PARENTAL 45
1. Introdução 47
ALIMENTOS DEVIDOS AMENORES 59
1. Considerações iniciais 51
2. Acção de alimentos devidos a menores 51
3. Decisão sobre alimentos – elementos a considerar 57
4. Natureza da decisão sobre alimentos 59
5. Incumprimento da decisão sobre alimentos 59
6. Cessação da obrigação de prestar alimentos 62
7. Consequências jurídicas da falta de observância de princí-
pios e regras jurídicas e processuais 62
8. Recursos 63
REGULAÇÃO DO PODER PARENTAL 65
1. Regras gerais 67
2. Regras processuais 70
3. Da decisão sobre a regulação do exercício do poder parental 78
4. Incumprimento da decisão sobre regulação do exercício do
poder parental 81
5. Alteração da regulação do exercício do poder parental 83
6. Do recurso 87
RECURSOS NA JURISDIÇÃO DE MENORES 85
1. Regras gerais 87
2. No âmbito da prevenção criminal 90
3 No domínio dos processos de natureza cível 92
Jurisdição de Menores 97