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CAPÍTULO I- A IMPORTÂNCIA DA FILIAÇÃO E O PODER

PATERNAL NA PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS


1.A Filiação
A palavra filiação vem do termo latino filliatio, que tem a sua raiz na palavra fillius, da
qual derivou "filho".
A situação jurídica de filho é assim um estado familiar de carácter permanente, situação
essa que, vista em sentido inverso, corres ponde à situação jurídica de pai e de mãe
respectivamente.
A Professora MARIA DO CARMO MEDINA define a filiação como sendo a relação
jurídica que estabelece-se entre cada pessoa e os seus progenitores. Como os demais
direitos familiares, é de natureza intercorrente e reciproca e estabelece-se entre alguém e
aquele homem e aquela mulher que o conceberam.
A filiação é, pois, o vínculo jurídico que liga o filho a cada um dos seus progenitores. A
relação jurídica de filiação desdobra-se em dois vínculos, o que se estabelece entre o
filho e o pai e o que se estabelece entre o filho e a mãe. Pode também falar-se, com
rigor, no vínculo de paternidade e no vínculo de maternidade.
Ao falar-se de filiação pensa-se em geral na filiação natural biológica. Mas no nosso
sistema jurídico ela abrange igualmente a filiação adoptiva Esta molda-se, aliás,
precisamente nos termos em que se processa a filiação natural, com a diferença de o
vínculo de adopção ter como causa a sua declaração por sentença constitutiva do
vínculo.
No direito de filiação estão abrangidas as relações entre pais e filhos, em regra a partir
do nascimento dos filhos, mas com maior relevância durante a sua menoridade,
abrangendo o chamado direito dos menores e o complexo de direitos e deveres que
constituem a autoridade paternal. Essas relações prolongam-se sob forma diferente após
a maioridade dos filhos e permanecem em regra durante a vida de uns
e de outros. A relação jurídica de filiação tem como causa o facto natural da procriação
e não está dependente do estado de casado ou não casado do pai e da mãe. Veremos
que, quando os pais estão unidos pelo casa mento, a lei faz presumir o vínculo de
paternidade em relação ao marido da mãe. A base da filiação é essencialmente
biológica. Mas, porque nem sempre é possível determinar directamente a filiação bio
lógica, a lei socorre-se de determinados critérios legais para o seu estabelecimento.
O Código de Família afastou desta forma o sistema segundo o qual a filiação se
estabelece por reconhecimento do progenitor (pai ou mãe), que seria um acto voluntário
deste e por si só constitutivo de direito. No Código Civil anterior este acto era designado
por "perfilhação". E agora aceite o sistema de filiação assente no facto natural da
procriação, com repercussão jurídica da filiação biológica.

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1.1. A importância da Filiação
A filiação constitui, por isso, o primeiro elo, certamente o mais profundo, entre todos os
que constituem as relações de parentesco. O vínculo de parentesco é, aliás, o resultado
de um encadeado mais ou menos alargado de sucessivas filiações.
A situação jurídica do filho constitui um estado familiar que assume importância
fundamental dentro das relações de família. É nas relações de filiação que se manifesta
com maior relevo o princípio de solidariedade e cooperação que deve prevalecer entre
os membros da família de grau mais próximo, ou seja, entre pais e filhos.
Ao serem anunciados os princípios fundamentais subjacentes ao Código de Família é
sublinhado (art. 4.') que as crianças merecem especial atenção no seio da família e que a
ela cabe, e em colaboração com o Estado, assegurar-lhes a mais ampla protecção e
prover à sua educação.
O n.º 2 do art. 127.º do Código de Família explicita que os direitos e deveres paternais
devem ser exercidos em benefício dos filhos e da sociedade. Estamos perante
verdadeiros poderes funcionais que são atribuídos ao respectivo titular mas de que não é
este o beneficiário.

1.2. Direito ao estabelecimento da Filiação


A palavra filiação vem do termo latino filliatio, que tem a sua raiz na palavra fillius, da
qual derivou "filho".
A situação jurídica de filho é assim um estado familiar de carácter permanente, situação
essa que, vista em sentido inverso, corres ponde à situação jurídica de pai e de mãe
respectivamente.
O direito ao estabelecimento da filiação vem hoje expressamente consagrado no art.
129. do Código de Família e deve ser considerado como direito fundamental da pessoa
humana.
Existe subjacente o interesse público em proteger o direito de todo o cidadão a ver
estabelecida a sua filiação e o direito a que a filiação que for estabelecida corresponda à
verdadeira filiação natural.
Do estabelecimento da filiação paterna e materna deriva para o filho o direito à
titularidade substancial da relação de filiação. O conceito de filiação hoje corrente não é
o que existia anterior mente e que contrapunha os filhos legítimos (que advinham do
casamento dos pais) aos filhos ilegítimos, estes muitas vezes considerados como os
"filhos bastardos".
Hoje aceita-se que a família tanto pode ser constituída com base no casamento, como
com base nos laços de sangue ou na adopção, não havendo lugar à discriminação entre
os mesmos, em razão da sua proveniência. Assim, todos os filhos têm, em relação aos

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pais, iguais direitos e deveres, independentemente da existência ou não de vínculo
matrimonial.
Por seu lado, os pais têm, em relação aos seus filhos nascidos dentro ou fora do
casamento, iguais direitos e deveres. Chegou-se assim à aceitação de um conceito
unitário de filiação, segundo o qual a situação jurídica do filho é uma só,
correspondendo a um único estado de filho. É esta concepção que vem acolhida no
Código de Família, cujo art. 128. dispõe que os filhos têm iguais direitos e estão sujeitos
aos mesmos deveres para com os pais, estejam estes unidos ou não pelo casamento.
O estabelecimento da filiação consiste essencialmente na questão jurídica de
determinar, em relação a cada pessoa, a sua filiação. Se é certo que ninguém, ao nascer,
vem previamente identificado como filho de tal pai ou de tal mãe, o legislador tem que
se socorrer de critérios legais que levem a atribuir em concreto a maternidade e a
paternidade em relação à pessoa em causa.

Sabemos que, relativamente ao direito à filiação, o Código de Família consagra os


seguintes princípios:

1- cada cidadão tem direito a ver estabelecida a sua filiação;

2- a filiação estabelecida deve, em regra, estar de acordo com a filiação biológica


ou natural.

Se a filiação não estiver estabelecida o filho carece do estado jurídico de filho e o pai e a
mãe carecem do estado respectivo, não podendo de jure exercer os direitos e deveres
que lhes cabem por lei. É o próprio Estado que procura assegurar o direito ao
estabelecimento da filiação a cada cidadão.

1.3. Estabelecimento da filiação por declaração


Não se trata propriamente de uma forma autónoma de estabeleci mento da filiação, pois
a declaração de paternidade ou a declaração de maternidade deve coexistir quer haja ou
não casamento dos pais, e na generalidade dos casos coexiste com as demais regras do
estabeleci mento da filiação derivada de presunção legal.
Na verdade, quando os pais estão casados, podem e devem vir declarar o nascimento do
filho, podendo até ser só um deles a fazê-lo. A declaração, nos termos do Código do
Registo Civil, que se aplica subsidiariamente, é obrigatória para os pais e até para
terceiras pessoas mencionadas na lei. Como declaração que é feita por um cidadão
perante uma autoridade pública, o funcionário do Registo Civil, ela está sujeita às regras
de direito penal no caso de falsidade.

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Distingue o Código de Família entre a declaração feita pelo pro genitor e a declaração
feita por terceiros. Esta declaração só se torna definitiva decorrido o prazo para
impugnação, sendo que o impug nante poderá ser, consoante os casos, ou a pessoa
indicada como pro genitor ou o marido da mãe, se ela não for impugnada. Quando os
pais não são casados, a declaração respectiva pode também ser feita por qualquer dos
progenitores. Ela constitui simultaneamente um dever e um direito. O pai ou a mãe têm
o direito de declarar a sua situação para assumirem a titularidade substancial do vínculo
de paternidade ou de maternidade.
Este direito sofre, no entanto, restrições legais. No caso de o filho nascer de mulher
casada, já se não permite, a não ser a título excepcional, que outro homem que não o
marido venha declarar a sua paternidade.
O outro caso dá-se quando se constitui o vínculo de adopção, entre o filho e outrem, que
assuma a posição jurídica de adoptante. O instituto da adopção, faz nascer entre o
adoptado e o adoptante uma situação legal em tudo idêntica àquela que une o filho ao
pai ou à mãe natural.

Ora, se for adoptada uma criança em relação à qual não estivesse estabelecido o vínculo
de paternidade ou de maternidade, a lei não con sente que, depois de constituída a
adopção, venha o progenitor natu ral declarar que é pai ou mãe do adoptado (art. 202.
do Código de Família).

2. O poder paternal
O poder familiar ou poder paternal compreende direitos e deveres dos pais sobre os
filhos. Segundo José Antonio de Paula Santos Neto: "É o complexo de direito e deveres
concernentes ao pai e à mãe. fundado no direito natural, confirmado pelo Direito
positivo e direcionado ao interesse da família e do filho menor não emancipado, que
incide sobre a pessoa e o patrimônio deste filho e serve como meio de manter, proteger
e educar.
O fim primordial da autoridade paternal é a formação do filho menot, incumbe ao pai e
à mắc. O art. 130° do Codigo de Familia, considera «a formação moral e a preparação
profissional dos filhos primeiro a cidadãos válidos e socialmente úteis como o fim
social mais relevante ida O poder dever de educação dos filhos está em consonância
com as capacidades autoridade paternal (n." 2).
O direito da criança à educação vem consagrado no art. 28. da Convenção dos Direitos
da Criança. E exatamente no altruismo e espírito de abnegação dos pais, quc se radica a
possibilidade de as gerações menos favorecidas permitirem que os seus descendentes
ultrapassem situações de desvantagem cultural em que eles se encontrem. No esforço de
educação do filho, o pai e mãe devem colaborar com os organismos do Estado
vocacionados para a educação e assistência do menor, dado que a importância e
complexidade da tarefa não permitem que sejam só os pais a leva-la a cabo. Mas por
outro lado, os pais não podem relegar para esses órgãos do Estado essas tarefas
fundamentais.

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Os pais podem escolher a educação do filho e orientá-lo nas suas opções escolares e
profissionais. O dever de educação engloba, assim, o dever de proporcionar instrução ao
menor, obrigando à matricula dos filhos em idade escolar em estabelecimento de ensino
e ao cumprimento da obrigação de frequentar a escola. Devem ser sancionados os pais
que impeçam o filho de frequentar a escola, ou que sejam negligentes na forma como
acompanham o filho em idade escolar.

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3. Prestação de Alimentos
O dever de sustento e prestação de cuidados de saúde faz parte, bem como o dever de
educação, do geral de prestação de alimentos que incumbe aos pais favor do filho. É o
dever primordial dos pais em relação aos filhos, consignado não só no art. 135º. mas
também no art. 249º. n. 1, do Código da Familia.
A obrigação de alimentos é uma forma do dever de assistência material e nela se
incluem a prestação de alimentação, vestuário, habitação e educação, como adiante
veremos. Esta obrigação incumbe ao pai e mãe e é de natureza solidaris o que significa
que ela pode ser exigida na sua totalidade a qualquer um dos pais.
Se for um único progenitor a prestá-la, ele terá direito de regresso contra o outro.
Entre os pais existe uma responsabilidade solidária. O quantitativo desta obrigação varia
consoante a situação económica e social dos pais, pois ao filho deve ser assegurado um
nivel de vida idêntico aos dos seus progenitores e proporcional aos rendimentos destes.
Os alimentos não devem pois, restringir-se ao quantitativo necessário à mera
subsistência do alimentado. A prestação de cuidados de saúde (também incluída na
obrigação genérica de alimentos) envolve tudo quanto diga respeito ao desenvolvimento
físico e psíquico do menor, protegendo-o de doenças através de vacinações e outros
meios de sanidade e da devida assistência médica preventiva e curativa. Este direito
vem de novo consagrado no art. 14º da citada Lei da n. 25/12 sobre Proteção e
Desenvolvimento Integral da Criança. Cabe aos pais prestar autorização para
tratamentos ou intervenções cirúrgicas a que o menor seja submetido.

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CONCLUSÃO
Com base, a pesquisa feita para a elaboração do trabalho, pude concluir que; A palavra
filiação vem do termo latino filliatio, que tem a sua raiz na palavra fillius, da qual
derivou "filho, e situação jurídica de filho é assim um estado familiar de carácter
permanente, situação essa que, vista em sentido inverso, corresponde à situação jurídica
de pai e de mãe respectivamente.
Tendo como apoio o que nos é apresentado pela Professora MARIA DO CARMO
MEDINA que define a filiação como sendo a relação jurídica que estabelece-se entre
cada pessoa e os seus progenitores.
Quanto a sua importância, a filiação constitui, o primeiro elo, certamente o mais
profundo, entre todos os que constituem as relações de parentesco. O vínculo de
parentesco é, aliás, o resultado de um encadeado mais ou menos alargado de sucessivas
filiações. O direito ao estabelecimento da filiação vem hoje expressamente consagrado
no art. 129º do Código de Família e deve ser considerado como direito fundamental da
pessoa humana.
O poder paternal por sua vez advem da filiação, pois só poderá ser exercido quando esta
exista, sendo uma conclusão lógica, partindo do pressuposto de que sem filhos não há
responsabilidade paternal quer seja esta seja por causas naturais ou por adoção. E uma
vez que não se registe a filiação muito menos poder paternal que vem por sua vez ser
(um conjunto direitos e deveres dos pais sobre os filhos,e que segundo José Antonio de
Paula Santos Neto: "É o complexo de direito e deveres concernentes ao pai e à mãe).
Não há responsabilidade de prestação de alimentos.

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BIBLIOGRAFIA
MEDINA, MARIA DO CARMO, Lições de direito da familia
SANTOS, EDUARDO DOS - Direito da Família, Coimbra: Almedina Editora, 1999.

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