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Universidade Católica de

Moçambique
Tema: Adopção

Nomes:
Ivo dos Santos
Paulo Uate
Solange Dias Docente: MA. Sandra Sondeia

Maputo, 08 de Março de 2023


Introdução
No presente trabalho, o grupo pretende abordar em torno
do instituto adopção, onde iremos primeiramente dar
noções básicas sobre o tema, a sua natureza jurídica, os
seus efeitos, quem poderá ser adoptado. O Instituto da
Adoção é conhecido desde tempos remotos por egípcios,
babilônios, assírios, caldeus e hebreus. No Egito, Moisés
foi adotado pela filha do Faraó, que lhe deu seu nome,
surgindo assim a adopção.
Noção
Nos termos do artigo 15 da lei da família ‘‘adopção é o
vínculo que, á semelhança da filiação natural, mas
independentemente dos laços do sangue, se estabelece
legalmente entre duas pessoas, nos termos do artigo
389 e seguintes.’’
Portanto nasce unicamente da vontade. Entre
adoptante e adoptado, não há qualquer laço sanguíneo
Natureza jurídica da adopção
Segundo DOS SANTOS, 1985, sobre a natureza
jurídica da adopção, três concepções se propõem: uma,
que ela é um contrato, outra que é um acto de direito
público (sentencia judicial), e uma terceira que diz que
é um acto complexo.
Cont...
 Adopção como um contrato:Que a adopção não pode ser um
contrato entre o adoptante e o adoptado, basta-nos saber que o
consentimento deste ultimo só é necessário quando ele tenha
mais de doze anos, art.405 da LF.
 Adopção como um acto complexo: Mas se a adopção não é
um contrato entre o adoptante e o adoptado, que é então?
 Dizem os bons autores que é um acto complexo, um acto
complexo de direito privado e direito público, um acto
complexo da declaração de vontades do adoptante e do
adoptado, integrada, porventura, pelo consentimento de outras
pessoas, e da decisão do juiz. Pois bem. Que o poder do juiz e
dicionário, e inteiramente discricionário no interesse do
adoptando, disso é que ninguém pode ter duvida. E pode ele
decretar a adopção sem o consentimento do adoptante.
Fins da adopção

O instituto da adopção persegue uma dupla finalidade:


Dar um filho a uma família sem filhos;
Dar uma família a um filho sem família.
Espécies da adopção

A adopção pode ser plena ou restrita, consoante a extensão dos seus


efeitos:
Adopção plena: o adoptado adquire a situação de filho do
adoptante e integra-se com os seus descendentes na família deste,
extinguindo-se as relações familiares entre o adoptado e os seus
ascendentes e colaterais naturais, art.400 da LF.
Adopção restrita : o adoptado conserva todos os direitos e deveres
em relação a família natural, salva as restrições estabelecidas na lei,
art.386 da LF.
Adopção singular : aquela que é feita por uma só pessoa, n◦2,
art.393 da LF.
Adopção plural : aquela que e feita por duas pessoas casadas, n◦1,
art 393 da LF.
Requisitos da adopção

Os requisitos da adopção podem ser gerais e especiais.


Requisitos gerais.
- O interesse do adoptando: ‘’a adopção só pode ser
decretada quando apresentar vantagens concretas
para o adoptando, não puser em causa as relações e
os interesses de outros filhos do adoptante que se
verificar que o adoptando e a família adoptante
revelam capacidade de integração.’’
Lei da Familia, artigo 391.
Cont...
 Legitima motivação do adoptante : pode a adopção oferecer reais vantagens para
o adoptando, e, contudo, não se fundar em motivos legítimos. Anteriormente a
reforma de 1977, não se exigia que adopção se fundasse em justos motivos. Agora o
n◦ 1 do artigo 391, determina que adopção apenas será decretada quando apresente
reais vantagens para o adoptando, se funde em motivos legítimos do adoptante.
 - Ausência de sacrifício injusto para os outros filhos do adoptante : conforme
dispõe o n◦1 do art.391, a adopção apenas será decretada quando não envolva
sacrifício injusto para outros filhos do adoptante. Com este requisito quis o
legislador acautelar o interesse dos outros filhos do adoptante.
 - Fundada suposição de que entre o adoptante e o adoptando venha a
estabelecer-se um vínculo semelhante ao da filiação: outro requisito de fundo da
adopção é afundada suposição de que entre o adoptante e adoptando venha-se
estabelecer um vínculo semelhante a da filiação com efeito nos termos do n1 do
art.391.
 - Previa convivência do adoptante com o adoptando e este ao cuidado daquele:
outro requisito os dispensáveis em casos excepcionais, é que o adoptando tenha
estado ao cuidado do adoptante durante o tempo suficiente para se poder avaliar da
conveniência da constituição do vínculo, este período é de no mínimo 6 meses, nos
termos do n2 do art.391 da LF.
Cont...

- Aprovação das contas da tutela ou administração de bens: o tutor ou
administrador legal de bens só pode adoptar o menor depois de aprovadas as
contas da tutela ou administração de bens e saldada a sua responsabilidade,
art.394 da LF, mais uma vez a lei cuida de acautelar o interesse do adoptando.
- Idade do adoptando em regra, inferior a 14 anos : o adoptando deve ter

menos de 14 anos, alínea b) e C) do artigo 395 da LF. No entanto poderá ser
adoptante o menor de 18 anos não emancipado, que desde idade não superior a
12 anos tenham estado a aguarda e cuidados do adoptante.
- Consentimento do adoptando : para que haja lugar a adopção é necessário o

consentimento, do adoptando quando maior de 12 anos, do conjugue não
separado de facto do adoptante, dos pais naturais do adoptando, ainda que
menores e mesmo que não exerçam o poder parental, dos filhos do adoptante,
quando maiores de 12 anos. O tribunal pode dispensar o consentimento destas
pessoas se estiverem privadas das faculdades mentais ou por qualquer outra
razão houver grande dificuldade em as ouvir, art.396 da LF.
Requisitos especiais

Adopção plural
Casamento há mais de três anos: nos termos do n 1 do
art.393 da LF, podem adoptar plenamente duas pessoas casadas
ou que vivam em união de facto há mais de 3 anos e não
estejam separadas de facto.
Idade superior a vinte e cinco anos e inferior a cinquenta:
os adoptantes terão de ter mais de vinte e cinco anos de idade,
art.393, n 1 da LF, e menos de cinquenta, idem n 3.
Adopção singular
Idade superior a vinte e cinco anos e inferior a
cinquenta:nos termosdo n 2 do art.393 pode adoptar quem
tiver mais de 25 anos, sendo um único adoptante.
Efeitos da adopção

- Estatuto familiar : pela adopção o adoptado adquire a situação


de filho do adoptante e integra-se com os demais descendentes
na família deste, extinguindo-se as relações familiares entre o
adoptado e os seus ascendentes e colaterais naturais, art.400 da
LF.
- Apelidos do adoptante: o adoptado pode adquirir os apelidos
da família dos adoptantes, art.402 da LF.
- Direitos sucessórios : o adoptado tem perfeitos sucessórios, os
meus direitos dos filhos naturais do adoptante, art.403 da LF.
- Direitos a alimentos : o adoptado ou os seus descendentes, e
os parentes do adoptante não estão reciprocamente vinculados a
prestação de alimentos, art.407.
Revisão da sentença

 Como sabemos a adopção plena é irrevogável independentemente do


acordo entre o adoptante e o adoptado, art404 da LF. Mas isso não tira
que a sentença que a tenha decretado não possa ser revista.
Casos em que pode ser revista a sentença
 A sentença que tiver decretado a adopção, só pode ser revista se:
 Tiver faltado consentimento do adoptante ou dos seus pais naturais,
quando necessário e não tenha havido dispensa;
 O consentimento dos pais adoptado tiver sido indevidamente
dispensado;
 O consentimento do adoptante tiver sido viciado por erro desculpável e
essencial sobre a pessoa do adoptado;
 O consentimento do adoptante ou dos pais do adoptado tiver sido
determinado por coacção moral e justificado receio da sua
consumação;
 Tiver faltado consentimento do adoptado, quando necessário.
Legitimidade e prazo para revisão

A revisão pode ser pedida nos termos do art.406 da


LF:
Pelas pessoas cujo consentimento faltou, no prazo de 6
meses a contar da data em tiveram conhecimento da
adopção;
Pelas pessoas cujo consentimento foi viciado, dentro
dos 6 meses subsequentes á cessão do vício;
Pelo adoptado até 6 meses a contar da data em que
atingiu a maioridade ou foi emancipado.
Irrevogabilidade da adopção

‘’A adopção é irrevogável independentemente de acordo


entre o adoptante e o adoptado.’
’Portanto considerando a adopção como um acto de
amor ao próximo, interessa ao estado que essa criança/
adolescente em estado de carência e abandono seja
inserida num ambiente satisfatório e homogéneo. Faz-se
necessário ainda concretizar que a adopção transitada em
julgado torna-se irrevogável, não tendo como se
arrepender posteriormente.
 
Lei da Familia, artigo 404.
Conclusão
No presente trabalho o grupo concluiu que é alta a percentagem de
profissionais que desconhece os aspectos legais da adoção em Moçambique,
as enfermeiras sendo as responsáveis pela orientação adequada de seus
pacientes e clientes deviam ter mais conhecimento naquilo que concerne ao
instituto adopção.
Notamos que as pessoas adotam uma criança ou jovem por numerosos
motivos que podem ser: Impossibilidade de ter filhos biológicos, Cimentar os
laços com o cônjuge, no caso de adoção de filhos da esposa ou marido com
um cônjuge anterior, Auxiliar uma ou mais crianças em dificuldades,
Fomentar a integração racial, no caso de adoção inter-racial, Satisfação do
desejo de ser pai/mãe, morte de um filho, solidão, companhia para filho único,
possibilidade de escolha do sexo. Durante a avaliação psicológica e social à
que o casal é submetido, estes aspectos são profundamente analisados, a fim
de observar se o casal possui condições de adotar naquele momento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lei da Familia (Lei nᵒ.22/2019, de 11 de Dezembro).


DOS SANTOS, Eduardo, DIREITO DA FAMÍLIA,
Almedina Coimbra, 1985.
Hörster, H. E., Evoluções legislativas no Direito da
Família depois da Reforma de 1977, in
“Comemorações dos 35 anos do Código Civil e dos 25
anos da Reforma de 1977”, vol. I (Direito da Família e
das Sucessões), Coimbra, Coimbra Editora, 2004
AGRADECIMENTOS
MUITO
OBRIGADO PELA
ATENÇÃO
DISPENSADA.

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