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DIREITO DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E

IDOSO

UNIESP – 2023.1
ADOÇÃO
(art. 39 e ss)
Adoção
“Ato civil pelo qual alguém aceita um estranho na qualidade de filho.” (Clóvis
Bevilaqua)

“A adoção cria um vínculo fictício de paternidade-maternidade-filiação entre pessoas


estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica. (...) A adoção constitui um
parentesco eletivo, pois decorre exclusivamente de um ato de vontade.” (Berenice
Dias)

“É forma de colocação em família substituta que surge como uma possibilidade de


reconstrução do direito à convivência familiar. Surge com um novo nascimento, como
um ato de amor.” (Maria Regina Azambuja)

Segundo o §1º do art. 39 do ECA, a adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual


se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou
adolescente na família natural ou extensa.
Considerações sobre a adoção (Lei n. 12.010/09):

• Ato personalíssimo – vedada a adoção por procuração.

• O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o


adotando.

• A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e


deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais ou
parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
• É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o
adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau,
observada a ordem de vocação hereditária.

• Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os


vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge, ou concubino do adotante e
os respectivos parentes.

• Para a adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados


civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da
família.

• Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.


• Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem
adotar conjuntamente, contato que acordem sobre a guarda e o regime de
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância
do período de convívio e que seja comprovada a existência de vínculos de
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
excepcionalidade da concessão (guarda compartilhada, quando benéfico para
o adotando – art. 42 §5º).

• A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação


de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a
sentença.
• A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do
adotando, sendo dispensado quando os pais são desconhecidos ou tenham
sido destituídos do poder familiar.

• Na hipótese de adoção de adolescente, ou seja, do maior de 12 anos de


idade, também será necessário seu consentimento.
• A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da
criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. Este prazo poderá ser
prorrogado por igual período por decisão judicial fundamentada.

• O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob


tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja
possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. A simples guarda de
fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.
• Na hipótese de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do
país, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no
máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma
única vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. Ao final
do prazo, será apresentado laudo fundamentado pela equipe
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude.

• O estágio de convivência será cumprido no território nacional,


preferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a
critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer caso, a
competência do juízo da comarca de residência da criança.
• O vínculo de adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no
registro civil, no qual será consignado o nome dos adotantes como pais,
bem como o nome dos seus ascendentes. O mandado judicial cancelará o
registro original do adotado.
• Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões
do registro.
• A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de
qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. Neste caso,
é obrigatória a oitiva do adotando, observado os §§ 1º e 2º do art. 28.
• A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença
constitutiva (exceção do §6º do art. 42, quando retroage a data do óbito).
• Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando
for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica.
• O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 (cento e
vinte dias), prorrogável uma única vez por igual período, mediante decisão
fundamentada da autoridade judiciária.

• O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada, após completar
18 (dezoito) anos. O acesso ao processo de adoção poderá ser também
deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada
orientação e assistência jurídica e psicológica.

• A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais.
• Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no
Brasil não cadastrado quando:

a) se tratar de pedido de adoção unilateral;

b) for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha


vínculos de afinidade e afetividade;

c) oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior


de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência
comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade e não seja constatada a
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238
do ECA.

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