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A desistência imotivada da adoção durante o estágio de convivência: é possível a incidência

de responsabilidade civil?

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A adoção diz respeito a um processo afetivo, previsto em lei, diretamente voltado a proteger
os interesses da criança e do adolescente a ser adotado. O processo de adoção está previsto
no Estatuto da Criança e do Adolescente, e na Constituição Federal é assegurado através de
seu artigo 227, que diz que é dever da família, sociedade e estado assegurarem às crianças e
adolescentes os seus direitos básicos, o mesmo dispositivo proíbe quaisquer discriminações
relativas a filiação. Ainda, o instituto da adoção possui seu resguardo nos princípios
constitucionais da integral proteção a criança e o adolescente, melhor interesse da criança,
principio da afetividade e da dignidade humana.

O procedimento se inicia, em regra a partir da decisão de destituição do poder familiar, que


está prevista no artigo 1.635 do Código Civil, momento do qual a criança/ adolescente estará
disponível para ser acolhida para as famílias devidamente habilitadas. Respeitar-se-á a ordem
de classificação no cadastro de adotantes e a partir dai inicia o estágio de convivência para
com o(s) adotando(s), onde ocorre a aproximação entre estes.

Em um primeiro momento, é possível a visitação do interessado ao lar de acolhimento,


inclusive levar o acolhido a pequenos passeios. Em caso positivo na aproximação entre
acolhido e interessado, é possibilitado o início do período de convivência, no qual a criança ou
adolescente passará a residir com a família, sendo acompanhados pelo poder judiciário. Em
regra, o período de convivência possui o prazo de 90 dias, sendo prorrogável por esta mesma
quantidade de tempo.

Após o termino do período de convivência, os interessados possuem o prazo de 15 dias para


ajuizar demanda de adoção, da qual não possui custas judiciais. Caso as condições sejam
favoráveis ao adotante, será proferida sentença de adoção pelo magistrado e a retificação do
registro civil, excluindo-se então qualquer vínculo e direito com os genitores biológicos. Após o
transito em julgado da sentença que julgou procedente a adoção, esta é irrevogável.

Na legislação atual, a desistência da adoção durante o período de convivência não se trata de


uma ilegalidade, estando de certa forma facultada a abdicação a adoção e a devolução do
infante ou adolescente aos lares de acolhimento. No entanto, esta desistência imotivada pode
causar danos psíquicos ao indivíduo prestes a ser adotado, pois durante a convivência há fores
possibilidades de ter havido criação de vínculos entre a família e o adotante e a esperança de
ser adotado por parte deste.

Logo, é neste momento que se inicia a discussão acerca de possíveis responsabilizações civis
por parte dos interessados que desistem da adoção.
O atual artigo tem por objetivo abordar sobre o instituto da adoção e as hipóteses de
cabimento de responsabilidade civil em face dos adotantes que desistem da adoção, de forma
imotivada, durante o processo desta, mais precisamente, no estágio de convivência.

Será inicialmente disposto sobre os dispositivos legais acerca do instituto da adoção,


no Código Civil, Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Adoção (lei 13.509/2017), e
após a efetiva destituição do poder familiar, o cadastro de adotantes e disposições acerca do
período de convivência, que diz respeito ao estágio de adaptação do adotando juntamente ao
adotante, que possui o prazo máximo de 90 dias, prorrogável pelo mesmo tempo.

Em um segundo momento, há de ser abordado sobre os dispositivos legais acerca da


responsabilidade civil e suas regras bem como o que trazem os renomados doutrinadores e em
quais situações esta pode ser cabível.
Ainda, trar-se-á a tona a discussão dos danos causados ao adotando nas hipóteses de
desistência do adotante ao processo de adoção, de forma imotivada, durante o estágio de
convivência. Após abordará sobre os danos morais causados ao adotante e a relação de
afronta aos princípios constitucionais da integral proteção a criança e o adolescente, melhor
interesse da criança, principio da afetividade e da dignidade humana bem como a possibilidade
de indenização por parte do adotante pelos prejuízos causados ao menor ou adolescente.

Finalmente, serão trazidas decisões jurisprudenciais dos tribunais nacionais para


chegar a conclusão se há efetivamente a viabilidade da responsabilização dos adotantes frente
aos infantes devolvidos aos lares de acolhimento institucional.

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