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Adoção é coisa séria, é isso não é um clichê

O direito à convivência familiar e comunitária é assegurado a criança e ao adolescente. O


direito em ser criado e educado no seio de sua família de origem ou, se não houver tal
possibilidade desta, então, em família substituta. Há modalidades de família substituta,
guarda, tutela e adoção. Assim, quando esgotados os recursos de manutenção da criança na
família de origem, ou família extensa, inicia o processo para inserção desta criança ou
adolescente em família substituta na modalidade de adoção. Há tantas histórias de adoção,
daquelas de tirar o folego. tantas histórias emocionantes, daqueles roteiros que você chora do
inicio ao fim de uma produção de Hollywood, mas há também as terríveis histórias de
suspense e terror. Não há outro gênero literário para descrever o desespero de uma devolução
de adoção. Tem uma canção que diz “Sei que nem tudo são flores, por isso inventaram os
amores para curar”. Bem se sabe que no roteiro da vida, nem tudo são flores, e isso nem é um
clichê. Adoção é coisa séria, e isso também não é um clichê. A adoção é medida excepcional e
IRREVOGÁVEL, a qual visa atender o melhor interesse da criança. Melhor interesse da
criança¿ Ter o direito de ser cuidado, amado, educado, em uma FAMÍLIA. Sim, há muitos
desafios em um processo de adoção. Não são tudo flores, mas que bom que inventaram os
amores para curar. A letra da canção é só uma analogia para explicar que adotar é um ato de
amor, e de muita responsabilidade também. Não espere a família margarina do comercial de
domingo de manhã, pois não é, não é roteiro de filme de fantasia, é vida real. E acredite, com
muitos desafios. As crianças que estão em processo de adoção, são crianças que já foram
negligenciadas, abandonadas, violentadas em seus direitos fundamentais. Pois bem, e agora,
essa nova família, vai me amar mesmo¿ Não sei se é isso mesmo, será que vão me aceitar¿.

A família que está prestes a adotar uma criança ou adolescente precisa estar bem ciente dos
desafios que irá enfrentar. Todos os pretendentes à adoção, após realizaram a habilitação
junto a Vara da Infância e Adolescência, são acompanhados por equipe multidisciplinar do
Fórum. Além disso, todos os pretendentes precisam passar por um curso preparatório, é
fundamental. Há também grupos de adoção, famílias que já adotaram, e realizam encontros
no intuito de contribuírem uns com outros sobre as dificuldades, adversidades no roteiro do
dia a dia. Considera de extrema relevância que os pretendentes a adoção estejam inseridos
nesses grupos, bem como estejam realizando acompanhamento psicológico, porque como
bem se sabe, nem tudo são flores. Romantizar a adoção não é o caminho. Pois, infelizmente
não há nada romântico na devolução de crianças adotivas. Retornar para uma instituição de
acolhimento, é trágico. Luz, Câmera e a Ação, “por isso inventaram os amores para curar”.
Adotar é um verbo, isso imprime uma ação, uma ação responsável e consciente.
“A adoção atribui a condição de filho ao adotando, com os mesmos direitos e deveres,
inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os
impedimentos matrimoniais.” Artigo 41 ECA. Pois bem, devolver um filho, é bárbaro. E bárbaro
não dos povos bárbaros, porque estes só eram chamadas assim porque não compartilhavam
da mesma cultura e organização da sociedade grega. Bárbaro aqui é de cruel mesmo.

Há necessidade de mudanças de paradigmas, adoção não é caridade, é um ato de


responsabilidade em assegurar o direito da criança e do adolescente à convivência familiar e
comunitária, é garantir o melhor interesse da criança. Não há personagens fictícios como os
filmes de fantasia, com um final “foram felizes para sempre”, mas sim, “baseado em fatos
reais”, supondo que no fim, vai acabar tudo bem, apesar dos desafios.

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