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Módulo 4 - O corpo fala

E A CONSTELAÇÃO NOS CASOS DE ADOÇÃO.

A MANIFESTAÇÃO DOS SINTOMAS NO CORPO E A INTERFERÊNCIA DO


CAMPO

Quando dizemos que o nosso corpo fala, estamos nos referindo a algo que vai além do sentido
figurado. A linguagem se manifesta de várias formas.

Para a psicanálise, o sujeito é o sujeito da linguagem. Pois ele é nomeado muito antes de nascer,
quando os pais começam a falar sobre o bebê, fazer planos, dar nome e enfim. E são esses mesmos
pais que nomeiam cada parte de nosso corpo e assim vamos nos constituindo enquanto sujeito.

Nosso corpo é capaz de expressar os nossos sentimentos e as nossas dores, não só através de nosso
olhar, choro e fala; mas também com a postura, o modo como se coloca de maneira inconsciente
em relação àqueles ou aquilo que nos desagrada.

Quando estamos em uma roda de pessoas, por exemplo, e não estamos interessados em uma
conversa, podemos nos surpreender com o nosso corpo virado para o lado ou até mesmo para fora
desse grupo. O olhar se desvia a todo o momento, mesmo se estivermos trocando algumas palavras
com as pessoas ali. Quando estamos interessados em alguém mesmo se o nosso corpo não estiver
totalmente alinhado em direção a esta pessoa, os nossos pés e rosto estarão; os nossos braços não
estarão cruzados e nossas pupilas podem estar dilatadas se caso exista um interesse muito grande
na pessoa.

Nas constelações sistêmicas, o corpo é capaz de sentir sensações percebidas pelas informações
enviadas através campo morfogenético. Os representantes passam a sentir e vivenciar sentimentos
das pessoas que eles estão representando, sem nunca terem estado com elas, podendo aparecer
sintomas como: dores, dificuldades físicas de locomoção ou limitações que o sujeito representado
tenha.

Os sentimentos são tão reais que ao participar de uma constelação oculta, por exemplo, muitas
vezes aquele que representa ​objetos, imóveis ou situações é capaz de detectar que não está
representando uma pessoa.

Esse fenômeno acontece porque o campo carrega a memória do sistema ali representado e, através
do cliente, o constelador junto com as informações recebidas desse campo consegue “acessar” a
memória dos antepassados do cliente. No início, durante as primeiras constelações, o constelador
pode ficar tenso, emocionado com suas primeiras experiências, e com isso deixar escapar algumas
informações mais sutis. Mas com o tempo, ele saberá captar com mais facilidade essas informações
e fará uma leitura mais apurada do campo.

Muitas vezes os sintomas que surgem nos representantes são sintomas de doenças ou
características do representado. Mas frequentemente, são sinais que o campo está enviando e o
constelador tem que conseguir fazer essa leitura correta. Porque pode estar ali a resposta, ou a
chave para a resposta, da questão que o cliente veio buscar.

Várias vezes o representante fica insistindo em falar do sintoma, querendo uma explicação. E ele não
tem que obter essa resposta, já que a constelação não é dele. O papel do representante é somente

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informar, e ele é um grande aliado, temos que ouvi-lo, interpretar a informação e checar com o
cliente o que este trouxe.

Pode acabar uma constelação e os representantes irem até o final com determinadas dores e
algumas podem desaparecer à medida em que a questão vai sendo resolvida. Como por exemplo:
dores nas pernas ou trava que sinaliza que algo impede o sujeito de seguir a sua vida profissional,
financeira, amorosa etc... quando se descobre o motivo e se resolve sistemicamente aplicando as
ordens sistêmicas, o representante se destrava. Quando aparece uma exclusão por aborto nem
sempre os representantes estarão olhando para o chão, muitas vezes sentem dores como cólicas
menstruais ou dores nas costas, na parte baixa (como dor de parto).

Para que se tenha uma boa constelação precisa existir uma empatia entre o constelador e seu
cliente. E este, confiar no trabalho do constelador. O campo ficará cada vez mais favorável quanto
maior for a entrega de ambos.

Em constelações onde o cliente não se entrega, ou tenta “manipular” a sua constelação, ou quando
o próprio constelador se nega a “entregar” ao cliente um resultado, vamos dizer, doloroso que
poderá mudar a história ou o rumo da vida do cliente; esteja certo de que essa constelação estará
fadada ao insucesso.

Algumas vezes a constelação parece travar. Temos a sensação que o campo fechou. Tenta-se
constelar e nada. Daí um tempo vem a informação do campo de que se trata de um caso de adoção!
É que o cliente, às vezes, sem avisar ao constelador, coloca no campo sua família adotiva e os
representantes se não reconhecem. Coloca-se um representante para a questão e este
representante tem a sensação de não ter entrado no campo. Primeiro constela-se a família de
origem e claro, depois é colocada a segunda família, na ordem e no sistema.

O olhar das constelações para a adoção pode ser percebida como dura, e até mesmo controversa.
Falar sobre o tema é um desafio, pelas suas muitas possibilidades de má interpretação.

Muitas famílias evitam falar da adoção. Acham que estão protegendo a criança adotada evitando um
trauma futuro. Mal sabendo que no fundo a criança sente, desde sempre, que não é parte do
sistema. Por mais que receba amor, carinho e inclusão; os pais e família de origem nestes casos de
omissão estão excluídos e mais cedo ou mais tarde vem a consequência. A família de origem tem
que ser honrada. Os pais biológicos deram o mais importante: ​a vida​. Eles são os primeiros e
precisam ser reconhecidos, não só pelo filho, mas pelos pais adotivos que também devem ser gratos
a estes que lhes foi dado a oportunidade de serem pais.

A CONSTELAÇÃO E A ADOÇÃO
Por Maria Inês Araújo Garcia Silva

Conscientemente, as pessoas buscam acolher crianças através da adoção como um ato de


generosidade. Porém, Bert Hellinger pontua que pode haver uma outra motivação, inconsciente.

A motivação das pessoas que procuram adoção pode ser uma vontade de compensar algo: seja
porque não se pôde ter filhos, seja porque não se consegue suportar ver o abandono que estas
crianças sofreram causando tanta dor.

Motivos reais que sim, acolhem milhares de crianças.

Mas o pensamento para qual Hellinger nos chama atenção aqui é: Quando adoto uma criança, por
exemplo, porque não posso ter filhos, quem necessita de quem?

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Muitas vezes vemos a adoção como uma atitude altruísta e benevolente diante o abandono de
crianças condenadas a crescerem longe de suas famílias. Vê-se na adoção uma solução generosa
para estas crianças.

Mas será que é somente isso? O que de verdade faz com que uma adoção dê certo?

Segundo Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, precursor das constelações familiares, para que
uma adoção dê certo, é necessário se respeitar as 3 leis do amor.

Isto significa que os pais biológicos ​sempre serão os verdadeiros pais das crianças e a herança
familiar desta criança será representada através deste vínculo permanente e indissolúvel que
garante à criança adotada seu direito ao pertencimento a esta família de origem.

Se você decide adotar uma criança, é importante que você olhe para os pais biológicos desta criança
primeiro ​com respeito ao destino deles​, depois com gratidão, pois a dificuldade deles no exercício
do papel de pais e mães como cuidadores foi o que possibilitou que esta vida que hoje você cuida e
ama, viesse e você pudesse viver esta experiência.

Questiona-se muitas vezes, quem precisa de quem em um processo de adoção.

A criança precisa dos pais adotivos ou os pais adotivos da criança que não puderam ter filhos
biologicamente? Não há dúvida que crianças precisam do carinho e do cuidado que recebem em
seus lares adotivos. E que bom que existe essa possibilidade. Mas apontamos aqui motivações que
podem estar agindo sobre o movimento de quem adota, e que não percebe essas outras forças que
podem estar dificultando a adaptação da criança ao seu novo lar.

Quando observamos a esta dinâmica, percebemos que para que nós adultos possamos criar
adequadamente uma criança, devemos saber que nós cuidamos, e que as crianças devem ser
cuidadas.

As crianças necessitam​, não os adultos.

Aí já se instala uma transgressão da ordem e do equilíbrio pois como pais, somos grandes e
ofertamos aos filhos tudo que eles necessitam, para depois liberá-los em amor. Mas se estabeleço o
vínculo inicial por uma carência, aí a criança torna-se a grande, aquela que suprirá sua necessidade e
isto já interfere em seu processo evolutivo de seguir seu próprio destino.

Sente-se grande quando é pequena, dá ao invés de receber e ​isto afeta seu equilíbrio.

A adoção para dar certo precisa que os pais que criam, como adultos, que se reconheça:

● Os pais biológicos sempre serão os verdadeiros pais;


● O respeito aos pais biológicos da criança e de seu destino;
● Reconheça que você cuida da criança deles para eles;
● Ensine a criança a respeitar sua história;
● Agradeça aos pais biológicos desta criança a oportunidade de cuidar desta vida até o
momento que ela necessitar.

Mesmo que você tenha adotado a criança por circunstâncias diferentes, que não seja porque não
pode ter filhos, se respeitar essas leis básicas, existirá êxito.

Ao adotarmos uma criança, devemos lhe oferecer o melhor. E com certeza não há nada melhor que
conferir valor à sua história.

Instituto Ancestrais - Constelações Familiares

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