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Quando dizemos que o nosso corpo fala, estamos nos referindo a algo que vai além do sentido
figurado. A linguagem se manifesta de várias formas.
Para a psicanálise, o sujeito é o sujeito da linguagem. Pois ele é nomeado muito antes de nascer,
quando os pais começam a falar sobre o bebê, fazer planos, dar nome e enfim. E são esses mesmos
pais que nomeiam cada parte de nosso corpo e assim vamos nos constituindo enquanto sujeito.
Nosso corpo é capaz de expressar os nossos sentimentos e as nossas dores, não só através de nosso
olhar, choro e fala; mas também com a postura, o modo como se coloca de maneira inconsciente
em relação àqueles ou aquilo que nos desagrada.
Quando estamos em uma roda de pessoas, por exemplo, e não estamos interessados em uma
conversa, podemos nos surpreender com o nosso corpo virado para o lado ou até mesmo para fora
desse grupo. O olhar se desvia a todo o momento, mesmo se estivermos trocando algumas palavras
com as pessoas ali. Quando estamos interessados em alguém mesmo se o nosso corpo não estiver
totalmente alinhado em direção a esta pessoa, os nossos pés e rosto estarão; os nossos braços não
estarão cruzados e nossas pupilas podem estar dilatadas se caso exista um interesse muito grande
na pessoa.
Nas constelações sistêmicas, o corpo é capaz de sentir sensações percebidas pelas informações
enviadas através campo morfogenético. Os representantes passam a sentir e vivenciar sentimentos
das pessoas que eles estão representando, sem nunca terem estado com elas, podendo aparecer
sintomas como: dores, dificuldades físicas de locomoção ou limitações que o sujeito representado
tenha.
Os sentimentos são tão reais que ao participar de uma constelação oculta, por exemplo, muitas
vezes aquele que representa objetos, imóveis ou situações é capaz de detectar que não está
representando uma pessoa.
Esse fenômeno acontece porque o campo carrega a memória do sistema ali representado e, através
do cliente, o constelador junto com as informações recebidas desse campo consegue “acessar” a
memória dos antepassados do cliente. No início, durante as primeiras constelações, o constelador
pode ficar tenso, emocionado com suas primeiras experiências, e com isso deixar escapar algumas
informações mais sutis. Mas com o tempo, ele saberá captar com mais facilidade essas informações
e fará uma leitura mais apurada do campo.
Muitas vezes os sintomas que surgem nos representantes são sintomas de doenças ou
características do representado. Mas frequentemente, são sinais que o campo está enviando e o
constelador tem que conseguir fazer essa leitura correta. Porque pode estar ali a resposta, ou a
chave para a resposta, da questão que o cliente veio buscar.
Várias vezes o representante fica insistindo em falar do sintoma, querendo uma explicação. E ele não
tem que obter essa resposta, já que a constelação não é dele. O papel do representante é somente
Pode acabar uma constelação e os representantes irem até o final com determinadas dores e
algumas podem desaparecer à medida em que a questão vai sendo resolvida. Como por exemplo:
dores nas pernas ou trava que sinaliza que algo impede o sujeito de seguir a sua vida profissional,
financeira, amorosa etc... quando se descobre o motivo e se resolve sistemicamente aplicando as
ordens sistêmicas, o representante se destrava. Quando aparece uma exclusão por aborto nem
sempre os representantes estarão olhando para o chão, muitas vezes sentem dores como cólicas
menstruais ou dores nas costas, na parte baixa (como dor de parto).
Para que se tenha uma boa constelação precisa existir uma empatia entre o constelador e seu
cliente. E este, confiar no trabalho do constelador. O campo ficará cada vez mais favorável quanto
maior for a entrega de ambos.
Em constelações onde o cliente não se entrega, ou tenta “manipular” a sua constelação, ou quando
o próprio constelador se nega a “entregar” ao cliente um resultado, vamos dizer, doloroso que
poderá mudar a história ou o rumo da vida do cliente; esteja certo de que essa constelação estará
fadada ao insucesso.
Algumas vezes a constelação parece travar. Temos a sensação que o campo fechou. Tenta-se
constelar e nada. Daí um tempo vem a informação do campo de que se trata de um caso de adoção!
É que o cliente, às vezes, sem avisar ao constelador, coloca no campo sua família adotiva e os
representantes se não reconhecem. Coloca-se um representante para a questão e este
representante tem a sensação de não ter entrado no campo. Primeiro constela-se a família de
origem e claro, depois é colocada a segunda família, na ordem e no sistema.
O olhar das constelações para a adoção pode ser percebida como dura, e até mesmo controversa.
Falar sobre o tema é um desafio, pelas suas muitas possibilidades de má interpretação.
Muitas famílias evitam falar da adoção. Acham que estão protegendo a criança adotada evitando um
trauma futuro. Mal sabendo que no fundo a criança sente, desde sempre, que não é parte do
sistema. Por mais que receba amor, carinho e inclusão; os pais e família de origem nestes casos de
omissão estão excluídos e mais cedo ou mais tarde vem a consequência. A família de origem tem
que ser honrada. Os pais biológicos deram o mais importante: a vida. Eles são os primeiros e
precisam ser reconhecidos, não só pelo filho, mas pelos pais adotivos que também devem ser gratos
a estes que lhes foi dado a oportunidade de serem pais.
A CONSTELAÇÃO E A ADOÇÃO
Por Maria Inês Araújo Garcia Silva
A motivação das pessoas que procuram adoção pode ser uma vontade de compensar algo: seja
porque não se pôde ter filhos, seja porque não se consegue suportar ver o abandono que estas
crianças sofreram causando tanta dor.
Mas o pensamento para qual Hellinger nos chama atenção aqui é: Quando adoto uma criança, por
exemplo, porque não posso ter filhos, quem necessita de quem?
Mas será que é somente isso? O que de verdade faz com que uma adoção dê certo?
Segundo Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, precursor das constelações familiares, para que
uma adoção dê certo, é necessário se respeitar as 3 leis do amor.
Isto significa que os pais biológicos sempre serão os verdadeiros pais das crianças e a herança
familiar desta criança será representada através deste vínculo permanente e indissolúvel que
garante à criança adotada seu direito ao pertencimento a esta família de origem.
Se você decide adotar uma criança, é importante que você olhe para os pais biológicos desta criança
primeiro com respeito ao destino deles, depois com gratidão, pois a dificuldade deles no exercício
do papel de pais e mães como cuidadores foi o que possibilitou que esta vida que hoje você cuida e
ama, viesse e você pudesse viver esta experiência.
A criança precisa dos pais adotivos ou os pais adotivos da criança que não puderam ter filhos
biologicamente? Não há dúvida que crianças precisam do carinho e do cuidado que recebem em
seus lares adotivos. E que bom que existe essa possibilidade. Mas apontamos aqui motivações que
podem estar agindo sobre o movimento de quem adota, e que não percebe essas outras forças que
podem estar dificultando a adaptação da criança ao seu novo lar.
Quando observamos a esta dinâmica, percebemos que para que nós adultos possamos criar
adequadamente uma criança, devemos saber que nós cuidamos, e que as crianças devem ser
cuidadas.
Aí já se instala uma transgressão da ordem e do equilíbrio pois como pais, somos grandes e
ofertamos aos filhos tudo que eles necessitam, para depois liberá-los em amor. Mas se estabeleço o
vínculo inicial por uma carência, aí a criança torna-se a grande, aquela que suprirá sua necessidade e
isto já interfere em seu processo evolutivo de seguir seu próprio destino.
Sente-se grande quando é pequena, dá ao invés de receber e isto afeta seu equilíbrio.
A adoção para dar certo precisa que os pais que criam, como adultos, que se reconheça:
Mesmo que você tenha adotado a criança por circunstâncias diferentes, que não seja porque não
pode ter filhos, se respeitar essas leis básicas, existirá êxito.
Ao adotarmos uma criança, devemos lhe oferecer o melhor. E com certeza não há nada melhor que
conferir valor à sua história.