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Falta-nos o
amor que nos aproxima dos que erram. Sem erros. Também não podemos amar os outros.
Bert Hellinger
Este lugar não pode ser trocado em hipótese nenhum. Da mesma forma, este
lugar não pode ser ocupado por outros de nenhuma maneira.
Sempre que acontecem processos trágicos em sistemas, como acidentes graves, suicídios e
coisas semelhantes, trata-se de consequências da transgressão da ordem. Alguém em
posição posterior colocou-se no lugar de alguém em posição anterior, e consequentemente
reage com uma necessidade inconsciente de fracassar, ficar infeliz ou morrer.”
Permanecer em seu lugar, assumindo suas responsabilidade, limites e também sua própria
liberdade resulta em uma vida leve. E nisso, a Constelação Familiar pode ajudar.
“Ao vir ao mundo no seio de uma família, não herdamos somente um patrimônio
genético, mas sistemas de crença e esquemas de comportamento. Nossa família é
um campo de energia no interior do qual nós evoluímos. Cada um, desde seu
nascimento, ocupa aqui um lugar único.
(…) Somos, também, mantidos em nosso campo familiar pessoal e individual num
nível determinado, que entrava ou faz crescer a nossa disposição para ser feliz,
escolher livremente, ter êxito naquilo que empreendemos, para fazer durar os
relacionamentos agradáveis, a saúde, o bem-estar e também as doenças.
(…) As constelações familiares nos dão a oportunidade de compreender os
esquemas em seu nível mais pro fundo. Elas permitem que nos libertemos, ao
mesmo tempo que encontramos a paz e a felicidade.
Entre as más ações estão: adquirir bens de forma duvidosa, trapacear ou roubar,
pertencer a uma corporação cuja função envolva matar (como o exército, por
exemplo), as diferentes formas de violência, a internação psiquiátrica ou a prisão
de membros da família, os acidentes que terminam em morte, renegar sua religião
ou seu país.
A FAMÍLIA E A ORDEM
texto de Bert Hellinger
“Filhos saudáveis e felizes, bem como pais afetuosos, são encontrados em todas
as culturas, religiões e classes sociais. Portanto, há muitas maneiras eficientes de
criar filhos, que podem diferir umas das outras e mesmo contrariar-se.
Não obstante, o amor exige vínculo, equilíbrio entre o dar e o receber, e ordens
sociais adequadas seja qual for a cultura, mas deixa-nos largo espaço para
concretizar tudo isso.
Com respeito ao tempo, a hierarquia familiar vem de cima e do mais antigo até o
mais novo. Assim como o tempo, ela não pode ter a direção invertida: os filhos
sempre vêm depois dos pais e os mais jovens sempre vêm depois dos mais
velhos.
O amor vence quando os pais cuidam bem dos filhos quando eles são jovens, mas
a recíproca não é verdadeira. Assim, o relacionamento entre marido e mulher
assume prioridade na família.
A prioridade baseada no tempo também se aplica aos irmãos. Os que estão perto
do começo da vida recebem dos que já viveram mais. O mais velho dá ao mais
jovem, o mais jovem recebe do mais velho. O primeiro filho dá ao segundo e ao
terceiro; o segundo recebe do primeiro e dá ao terceiro; e os caçulas recebem de
todos os outros.
O primogênito dá mais e o infante recebe mais. Por isso, muitas vezes, o filho mais
velho é recompensado com privilégios e o mais novo assume maiores
responsabilidades para com a velhice dos pais.
É através dela que o cliente consegue se apropriar do que foi visto na Constelação
e partir para a ação e para as possibilidades que se abrem após um trabalho com
as Constelações Familiares.
Mas isso também tem um custo: sair do papel de vítima e dizer sim aos erros, e
também aos acertos. É ver a realidade, com tudo que a compõe.
Isso dá força, algo muito próprio que nos direciona para uma vida mais leve e
madura.
Sim, há ação do campo familiar e há reflexos em todo o sistema. Mas sem uma
postura realmente madura diante da própria realidade em relação às dores, aos
insucessos, ao que é difícil, os efeitos verificados na Constelação se perdem.
HELLINGER então o responde: “Nem sempre. Às vezes, a lealdade é tão forte que a
solução não é possível. A solução exige uma despedida da família e a disposição de ser
independente.
Isso está ligado a um sentimento de solidão. Por isso, o passo é tão grande. É
necessária, portanto, uma transformação interna, um processo de
amadurecimento, frequentemente, também algo assim como uma consumação
espiritual em direção a algo maior.
Então, isso tem êxito. Quem não tem antenas para isso, quem, por exemplo, quer
fazê-lo mecanicamente, não tem êxito. Funciona melhor quando se olha aquilo que
vem à luz, concorda-se com isso assim como é e, então, deixa-se que a própria
alma dirija, sem ser muito ativo.”
Este é um dos desafios após uma constelação. Temos que aceitar o tempo do
nosso centramento ao mesmo tempo que assumimos a responsabilidade por
nossas ações.
A Constelação Familiar não é mágica. Ela exige bastante mudanças daqueles que
chegam até ela. Porém, os resultado tem se mostrado muito eficiente para todos
aqueles que desejam e se compromentem realmente consigo mesmo no
movimento das mudanças.
PORQUE REPETIMOS?
Você sabe porque repetimos as situações difíceis do nosso sistema familiar?
Isso acontece pelo nosso vínculo familiar, pela lealdade e amor (muitas vezes
inconscientes) que temos com todos aqueles que pertencem ao nosso sistema, em
especial em um espaço de 4 gerações.
“Na comunidade de destino, constituída pela família e pelo grupo familiar, reina
portanto, em razão do vínculo e do amor que lhe corresponde, uma necessidade
irresistível de compensação entre vantagens de uns e as desvantagens de outros,
entre a inocência e a sorte de uns e a culpa e a desgraça de outros, entre a saúde
de uns e a doença de outros, e entre a vida de uns e a morte de outros.
Em razão dessa necessidade, se uma pessoa foi infeliz, uma outra também quer
ser infeliz; se uma ficou doente ou se sente culpada, uma outra, saudável ou
inocente, também fica doente ou se sente culpada; e se uma morreu, outra,
próximo a ela, também deseja morrer.”
Alguém só pode dar porque antes recebeu, e tem o direito de receber porque mais
tarde também dará.
Quem vem primeiro deve dar mais, porque também recebeu mais, e quem vem
depois necessariamente recebe mais. Entretanto, também ele, quando já tiver
recebido bastante, dará aos que vierem depois. Assim, dando e tomando, todos se
sujeitam à mesma ordem e seguem a mesma lei.
Esta ordem também vale para o dar e tomar entre irmãos. Quem veio antes deve
dar aos que vieram depois, e quem vem depois deve tomar dos que vieram antes.
Quem dá, já recebeu antes, e quem recebe, também precisa dar depois.
Assim, filhos saudáveis querem assemelhar-se a pais doentes e filhos inocentes a pais
culpados. O vínculo faz ainda com que membros da família com boa saúde se sintam
responsáveis por membros doentes, inocentes por culpados, felizes por infelizes e vivos por
mortos. Assim, pessoas que se sentem em vantagem se dispõem também a arriscar e
oferecer sua saúde, inocência, vida ou felicidade pela saúde, inocência, vida ou felicidade
dos outros. Pois alimentam a esperança de que, renunciando à própria vida e à própria
felicidade, poderão assegurar ou salvar a vida e a felicidade de outros membros dessa
comunidade de destino, restituindo e recuperando a vida e a felicidade deles, mesmo que
tenham sido perdidas.
Na comunidade de destino, constituída pela família e pelo grupo familiar, reina, portanto,
em razão do vínculo e do amor que lhe corresponde, uma necessidade irresistível de
compensação entre a vantagem de uns e a desvantagem de outros, entre a inocência e a sorte
de uns e a culpa e a desgraça de outros, entre a saúde de uns e a doença de outros, e entre a
vida de uns e a morte de outros. Em razão dessa necessidade, se uma pessoa foi infeliz, uma
outra também quer ser infeliz; se uma ficou doente ou se sente culpada, uma outra, saudável
ou inocente, também fica doente ou se sente culpada; e se uma morreu, outra, próxima a ela,
também deseja morrer.
[VÍNCULO E PROGRESSO]
por Bert Hellinger, no livro “A fonte não precisa perguntar pelo caminho.”
“Quero dizer algo sobre o vínculo. Muita desventura está enraizada em vínculos. A criança
está vinculada profundamente à sua família e, na verdade, não somente a seus pais e irmãos,
mas também aos antepassados.
Porque ela, através do vínculo, faz parte da alma da família, participa também nos destinos
dessa família. Ela acha que mostra o seu amor participando desses destinos. Portanto,
quando alguém da família foi assassinado, ela acha que talvez possa mostrar o seu amor
pela vítima, se também morrer.
Ou se o pai se suicidou, ela acha que o seu amor por ele exige que morra precocemente
como ele. Eu denomino isso de dinâmica: “Eu sigo você”. Ou quando a criança vê que um
dos pais quer morrer, diz: “Eu faço isso em seu lugar”.
E que a alma da criança sente-se mais vinculada na desventura, quer dizer, sente-se inocente
na desventura. Enquanto que concordando com uma solução, afastando-se da morte e
voltando se para a vida, sente-se culpada. Por isso, a solução exige da alma tanto progresso.
A criança que quer ficar inocente em seu amor fica presa em sua própria família. Quem no
isolamento progride para o maior não está somente vinculado à sua família, senão a muitas
famílias, diferentes famílias, ele pode unir em si antagonismos, está ligado a um todo maior
e pode, portanto, também servir a um todo maior.
Por isso, quando alguém que viu uma solução torna a cair em desventura, sente-se mais
inocente e menor. Quando se libera e olha para frente, sente-se culpado, mas maior. ”
Há um preço a ser pago no caminho para o crescimento pessoal, e é sobre isso que
Hellinger fala neste trecho. Ao mesmo tempo, aquilo que é desafiante se torna uma nova
força para novas possibilidades.
O OLHAR SISTÊMICO
A Constelação Familiar e Sistêmica é um conhecimento que olha para influências
pessoais que surgem do vínculo a um grupo, seja ele familiar, profissional ou de
qualquer outro tipo.
Considerar o sistema e suas atribuições significa que o todo NÃO pode ser
explicado a partir da análise separada de cada elemento.
Na verdade, na inter-relação entre seus integrantes, uma realidade maior surge,
estando esta além para a simples soma da contruibuição individual de cada
integrante.
“A família tem uma memória. O que dela vem à luz nos é presenteado. Mas ainda
estão presos a ela o escuro e o oculto do qual vêm.
Isto é, o seu essencial nos permanece oculto, por exemplo, o seu “de onde” e o
“para onde”.
Por isso, o que veio à luz não trai o oculto e nem aquilo que está em segurança,
somente nos é mostrado por ele de maneira limitada.
Nossas opiniões se colocam na frente do que vem à luz, encobrindo-o. A opinião,
tão logo a tenhamos formado, nos permite permanecer no subjetivo e por isso
bloqueia o conhecimento.
Ao contrário, o que veio à luz nos força ao desconhecido, insólito e novo. Quando
nos concentramos neste trabalho, então nos concentramos naquilo que
permanece oculto, atrás do que quer vir à luz.
Nós nos submetemos não somente ao que vem à luz, mas também àquilo que
permanece oculto e a tudo aquilo que se manifestou e que volta a imergir.
CONSTELAÇÕES FAMILIARES:
FILOSOFIA APLICADA
“Vou esclarecer com um exemplo:
Um cliente reclama de seus pais ou reclama do que ele ou ela vivenciou de ruim
na infância.
Originalmente tínhamos pena desse cliente e pensávamos: ‘Vamos ajudá-lo’. Mas se penso
filosoficamente, através do espírito, não existe nada de ruim. Isso não pode existir.
Se atrás de tudo atua uma força criativa, não existe nada que possa contradizer isso.
Portanto, agora olho filosoficamente para essa situação e peço ao cliente que ele também
veja a sua situação filosoficamente e que diga: ‘Não importa o que tenha sido: obrigado.
Tomo isso como uma força. Eu tomo esses pais como pais especiais, que me dão forças
especiais e essenciais para a minha vida’.
Fica preciso.
Por isso, geralmente é um desafio falar da Constelação Familiar de Hellinger para aqueles
que nunca participaram de uma vivência.
Então, para fim de explicação e buscando facilitar o entendimento, vamos usar aqui neste
post um termo mais diretamente relacionado com o objeto deste trabalho. Usaremos
“Posicionamento Familiar” no lugar de Constelação Familiar.
Dadas algumas regras que regem o sistema familiar, como descobriu o psicoterapeuta
Hellinger, ao fazer o “Posicionamento familiar” com base numa questão trazida pelo
cliente, é possível verificar onde está a possível fonte da identificação do cliente com seu
sistema e que se manifesta como dificuldade em sua vida.
Essa dinâmica fica clara para o cliente, servindo como um rápido diagnóstico e incitando
mudanças. Como é uma experiência que se manfesta em seu corpo, a compreensão é muito
mais rápida e efetiva, diferente por exemplo, da terapia onde o cliente fala sobre suas
questões.
Outras teorias também se propõem a explicar outros resultados da Constelação, que vão
para além do trabalho com o cliente.
Neste texto apenas mudamos para auxiliar uma compreensão mais racional, sem a barreira
“mística” ( e inexistente) que o nome original em português as vezes desperta nas pessoas
que não o conhecem.
Com efeito, as constelações familiares também são terapias breves porque trazem à luz, em
poucos passos, o que estava, até então, oculto e, assim, as soluções com frequência
emergem, espontaneamente.
Isto é bem breve, quando se pensa o quanto vem à luz e quão amplos são os resultados.
Entretanto, ela traz toda a família para seu campo de visão, incluindo muitas pessoas na
solução.
Essa lei atua igualmente na psique, onde também busca sempre compensação.
Assim, a expiação é uma tentativa de compensar alguma coisa instintivamente.
“O que aparece em uma Constelação Familiar? O que é aquilo que se monstra em uma
constelação? E como pode ser que algo completamente desconhecido pode aparecer e se
revelar? Estas perguntas devem ser repetidas cada vez novamente.
É evidente que um campo sábio entra em ação em uma constelação. De acordo com as
compreensões e o conhecimento de hoje, a Constelação Familiar, como se revela agora,
está muitos anos a frente do tempo. A Constelação Familiar é um movimento externo de um
acontecimento cósmico.
Podemos partir do princípio que tudo que acontece numa constelação, que revelou
aquilo que foi e que será, sempre serve ao bem do cliente. Também se o cliente
teve outra expectativa em relação à sua ideia da constelação. Se o cliente confiar
no constelador, aquele resultado exato o indicará para um novo plano.