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AS NOVAS CONSTELAÇÕES

As Constelações Familiares são as ferramentas correspondentes a um pensamento e, conforme


este pensamento evolui, a ferramenta vai evoluindo.
A técnica de representar uma pessoa desconhecida ou uma abstração, e receber informação
desta representação, é antiga. E a técnica se adapta à visão daquele que a utiliza.

O Desenvolvimento das Constelações


Em uma etapa inicial, Bert Hellinger atuava como psicoterapeuta, inspirado, sobretudo, pela
Psicanálise e pela Gestalt, nas quais o psicoterapeuta tem o poder e o conhecimento. Os
representantes estavam sob suas ordens. Não tinham autonomia de movimento. Buscava-se uma
imagem curadora para o cliente.
A constelação era uma representação fixa, imóvel, unicamente dirigida pelo Constelador (e pelo
cliente, quando posicionava cada representante). Este modelo de psicoterapia durou uns quinze
anos e continua presente na constelação com bonecos.
O Movimento da Alma
Quando nos vemos frente a algo maior, que dirige tudo, que ama tudo como é e move tudo com
amor, já não podemos mais ser nós os que movemos os representantes ou os fazemos falar.
No final dos anos 90, Bert Hellinger abandonou o modelo de psicoterapia, dando-se conta de que
a vida é muito mais que psicoterapia, e que distintas forças dirigem nossas vidas, forças muito
superiores a nós, a serviço das quais temos que nos colocar. A constelação faz aparecer estas
forças e somente o movimento das mesmas é o que provoca a cura. E Hellinger entendeu que
isso se refletia no fato de que os representantes têm um movimento autônomo e involuntário que
guia a constelação até um desenlace imprevisível, que será fonte de cura para todos.
Observou que, se os representantes estavam centrados, se moviam para uma solução
inimaginável para o constelador. No início, chamou esse movimento de “Movimento da Alma”.
Paralelamente, até mais ou menos o ano de 2004, eu estive me abrindo fenomenologicamente à
Consciência Moral. A partir de então, pude compreender que nossa fidelidade, na forma de
consciência moral, limita nossa entrega à vida e à cura, e que a cura é sempre um movimento de
reconciliação mais além dessa consciência moral. Uma força superior a todos move tudo, desde a
consciência moral e suas consequências trágicas até a cura e a felicidade dos seres humanos.
Tudo é movido a partir do amor, a serviço da vida, pelo amor do espírito.
O Movimento do Espírito
Então Bert fez uma distinção entre Movimento da Alma e “Movimento do Espírito”: o movimento da
alma, que abarca os representantes, é um movimento arcaico que mostra a dinâmica inconsciente
na qual o cliente está preso, preso em uma intrincação (emaranhamento) resultante da
consciência moral; o movimento do espírito é o movimento que surge depois, frequentemente em
consequência de uma frase curadora, e leva para uma reconciliação e para a cura. É um
movimento externo ao sistema humano, é um movimento do campo do espírito.
Já não buscamos uma imagem e, sim, um movimento e, ainda por cima, um movimento de
reconciliação.
A cura é, então, a cura que o sistema familiar inteiro precisa. É a cura boa para todos.
A partir do livro “A Fonte não precisa perguntar pelo caminho”, de 2002, Hellinger diz como
constelar: deixar o campo atuar. E em vários momentos, por exemplo no livro sobre as
Constelações do Espírito, diz que as constelações “antigas” são constelações de morte, são muito
perigosas para o constelador, pois embora permitissem uma cura à primeira vista, como não
respeitavam os sistemas familiares, criavam, depois, novas desordens com novas consequências
negativas para a família do cliente.
Em que não respeitavam os sistemas familiares?
Em que alguém mais novo – o constelador ou o cliente – se permitia mover ou fazer falar os
ancestrais.
O constelador acreditava ser ele o curador.
Nas Novas Constelações Familiares vemos que a energia de cura está no cliente. O constelador
apenas coloca o cliente em contato com a sua força de cura.
As Novas Constelações (do Espírito, Mediais, Quânticas etc.) são, então, os novos instrumentos
que surgem espontaneamente do campo se nos deixarmos levar, se estivermos centrados...
Elas se caracterizam pelo fato de que o constelador se retira, deixando atuar outras forças. Ele
continua tendo toda a responsabilidade do trabalho: seu centramento e sua conexão com outro
nível de consciência lhe permitem receber a informação do que o campo precisa para a cura
dessa pessoa. Na constelação, então, haverá dois planos presentes simultaneamente: o da
realidade presente, com o constelador e o cliente que poderá fazer ou dizer algo; e outro nível
atemporal e não-localizado, no qual se movem os representantes impulsionados pela energia de
cura.
Os representantes estão em um silêncio interno absoluto, apenas percebem a emoção. Somente
um movimento extremamente lento os dirige, sem que possam perceber para onde, até que se
finalize esse movimento.
O constelador está totalmente conectado e em silêncio interno. Às vezes, lhe chega informação,
lhe vem uma frase ou a necessidade de um movimento. Ao estar totalmente centrado, saberá
como fazer aparecer isto no campo, seja através dele mesmo, seja através do cliente. Já não
intervém sobre os representantes.

Constelações a partir do Centro


Existe um requisito óbvio para praticar estas constelações e movimentos: estar centrado. Este
centramento ou abertura ao maior, ao nada, ao vazio, ao amor do espírito, demanda prática e,
sobretudo, crescimento interior, tanto por parte do constelador como por parte dos representantes.
Nem todo mundo pode representar. Pois, se o representante ou o constelador não está centrado,
o representante irá manipular, projetando suas necessidades, e o resultado vai ser perigoso para o
cliente e, por ressonância, perigoso para este representante ou para o constelador.
Nestas constelações, tanto o constelador como os representantes são abarcados pelas forças de
cura. Não agem, se deixam agir. Podemos dizer que estão em um estado de meditação ativa. Eles
se deixam preencher pelo vazio, se deixam possuir.

O Quântico
Estar em sintonia com a vida como ela é, assentir (dizer sim), agradecer à vida como é, produz um
salto quântico em nossas vidas. Produz a cura.
A aceitação e a gratidão são forças do campo do espírito, do centro vazio ou do grande Campo,
anteriores às Ordens do Amor. São forças que curam as ordens do amor e curam nossas vidas.
O que Bert Hellinger chama o Amor do Espírito é a visão da vida sobre a qual o novo paradigma
descansa: a visão quântica da vida.
Por um lado, nosso olhar de observador neutro, que vê tudo com amor, gratidão e respeito, muda
o que vê e, ao mesmo tempo, é transformado pelo que vê. A cura se transforma em um círculo de
ressonância sem fim, uma espiral de cura.
Por outro lado, agora sabemos que somos energia e que tudo é, ao mesmo tempo, partícula e
onda. Junto com cada partícula ou realidade materializada (desdobrada) existe um oceano
“implicado”, um oceano de outras probabilidades. O salto da partícula para outra onda de
probabilidade ocorre quando o observador deixa de olhar a partícula e não sabe o que vai
acontecer; ocorre quando sua mente está vazia.
Em nossa vida, as coisas mudam quando deixamos de olhar o problema, quando o aceitamos
plenamente, para depois soltá-lo, deixar de pensar nele, abrir-nos à vida como ela é, a partir da
aceitação incondicional, da gratidão e do respeito. O problema se transforma em outra
probabilidade, sempre melhor para todos que a anterior.
O Desenrolar de uma Constelação Quântica
As Novas Constelações integram a dimensão quântica da vida quando a pessoa se coloca como
observadora da sua vida, aceitando ver tudo o que se desenrola diante dela na constelação,
agradecendo e honrando tudo, em seguida decide se despedir do seu passado e escolhe a vida
com o que lhe cabe, entregando-se ao grande Campo e a todo o possível, com uma sensação
profunda de agradecimento a essa vida.
A constelação se inicia com os representantes que fazem falta. A partir desse momento, peço aos
presentes que se entreguem ao centro vazio e se coloquem a serviço da vida do cliente. Se eles
se sentirem empurrados por alguma força externa para representar, o farão sem saber a que
ancestrais irão representar.
Chega um momento na constelação em que “o movimento da alma” já se mostrou. Em que todos
os ancestrais intrincados na vida do cliente fizeram sua aparição e se mostram.
Então, chega uma nova etapa na constelação.
Em um determinado momento, o constelador sente que é necessário deixar a “partícula”, o
passado, o sofrimento e abrir-se ao presente e às novas possibilidades.
Já não somos os encarregados de curar os nossos ancestrais. Apenas devemos viver, viver com o
que nos cabe e, milagrosamente, tudo começará a se curar.
Então, o constelador pede ao cliente e aos demais que se entreguem de novo ao centro vazio, ao
silêncio, à gratidão e à alegria, para que, em seguida, agradeçam ao passado, que se despeçam
dele e digam “agora escolho a vida”, abrindo-se para a vida, ao futuro, tal como for.
Todos dirigem, então, o olhar para a vida, com decisão e gratidão. Ajudando a que se produza a
cura na vida da pessoa.

O Milagre quando se Escolhe a Vida


A energia no campo está em seu máximo cada vez que alguém pronuncia essa frase: “ESCOLHO
A VIDA”. Tudo se transforma.
Então se produz o “milagre”. Quando a pessoa escolhe, com toda a sua força, viver a vida como
ela é, o passado se cura e a liberta. Os ancestrais, um após o outro, vão se deitando e fechando
os olhos. Costumam comentar a libertação, a paz ou a alegria que lhes dá essa frase. Alguns
mortos relatam, inclusive, que vivem um profundo processo de transformação a serviço da vida. Já
não faz falta remexer entre os ancestrais para curá-los. Já não se deve saber quem são. Somente
ver tudo, agradecer e deixar para trás, para entregar-se ao Campo do ponto zero, para a Vida
como ela é, a partir do amor, sem intenção.
E descobrimos que a chave da cura está na nossa decisão, na nossa escolha, seja qual for o peso
anterior. O passado se cura graças à nossa aceitação, não pelo nosso trabalho sobre ele…
A evolução do movimento do espírito atualmente nos mostra que este movimento de cura está em
nossa escolha pela vida. Aí está a cura.
E a força que entra na pessoa e no campo, então, é máxima.
Desta maneira, saímos da polaridade “estar bem / estar mal”, o observador olha para tudo com
amor e gratidão e, ao fazê-lo, sua vida muda de frequência, sai da polaridade, dá um salto a algo
diferente e sempre melhor: para mais vida e mais consciência.

Material Via da Apostila – Brigitte Champetier de Ribes

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