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Módulo 3 - O Campo

O campo familiar é similar a uma consciência da qual contém todas as informações que pertencem a
um determinado grupo familiar. Esse campo age sobre nós o tempo todo. Por ele estamos ligados
com a nossa história e tudo o que ocorreu com nossos antepassados, e nele ficará a história que será
criada para frente, através de nossos filhos, netos e demais sucessores. Às vezes, algumas situações
causam desordem no campo, o que pode gerar dificuldades para os que integram esse sistema.

Todos nós somos influenciados pelo nosso campo familiar, não importa se queremos, sabemos,
concordamos, ou se temos consciência ou não dele, uma vez que ele existe e atua sobre nós,
independente de nossa vontade.

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O CAMPO MORFOGENÉTICO

Rupert Sheldrake, um cientista inglês, descreve a descoberta e o funcionamento destes campos, dos
quais ele chama de “Campos Morfogenéticos”, no seu livro: ​“Uma nova ciência da vida”​. Sheldrake é
um biólogo, bioquímico e autor de mais de oitenta artigos científicos e dez livros. Em 2013, foi
nomeado entre um dos 100 Maiores Líderes Pensadores Globais, pelo Instituto Duttweiler, em
Zurique, na Suíça. Ex-membro pesquisador da Royal Society, estudou ciências naturais na
Universidade de Cambridge, na Inglaterra, onde concluiu o doutorado em bioquímica. Também
estudou filosofia e história da ciência em Harvard. Foi membro do Clare College, em Cambridge,
onde foi diretor de estudos de bioquímica e biologia celular. Atualmente, ele é membro do Institute
of Noetic Sciences, na Califórnia, e do Schumacher College, em Devon, Inglaterra.

Rupert Sheldrake é um dos biólogos mais controversos de nosso tempo. E as suas teorias estão
revolucionando não só o ramo científico de seu campo (a biologia), como estão transbordando para
outras áreas ou disciplinas como a física e a psicologia.

Sheldrake postulou a hipótese mais revolucionária da biologia contemporânea: a da Ressonância


Mórfica. As mentes de todos os indivíduos de uma espécie, incluindo o homem, se encontram unidas
e formam parte de um mesmo campo mental planetário. Ele denominou esse campo mental de
Campo Morfogenético​, que afeta as mentes dos indivíduos e as mentes destes também afetariam ao
campo.

“Cada espécie animal, vegetal ou mineral possui uma memória coletiva da qual contribuem todos os
membros da espécie a qual formam”, afirma Sheldrake. Deste modo, se um indivíduo de uma
espécie animal aprende uma nova habilidade, será mais fácil para todos os outros indivíduos da
mesma espécie aprendê-la, por que a dita habilidade “ressoa” em cada um, sem importar a distância
na qual se encontram. E quanto mais indivíduos a aprenderem, mais fácil e rápido ressoará aos
demais. Estes campos morfogenéticos contém informações recompiladas de toda a história e da
evolução passada; algo como uma “memória racial” de Freud ou o “inconsciente coletivo” de Jung
ou o “circuito neurogenético” de Timothy Leary.

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Trechos desta apostila foram retirados dos seguintes artigos:
- “A teoria dos Campos Mórficos explicando os padrões familiares” da Dra. Simone Carvalho.
- “​Constelações familiares e campos morfogenéticos: breves considerações​” da Shirlei Mello.

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A ressonância mórfica, o princípio de memória coletiva, pode ser aplicado ao estudo da árvore
genealógica. Cada família tem sua própria memória coletiva da qual todos os seus membros estão
conectados e têm acesso.

A transmissão transgeracional ocorrerá pois neste campo mórfico há uma memória comum
compartilhada por todos os membros de um mesmo clã, mesmo que tenham ou não convivido nas
mesmas coordenadas espaço-temporais. Isso poderia ser uma outra forma de entender o
inconsciente coletivo e o inconsciente familiar? Responderia porque os segredos e os não dizeres de
uma geração exercem esse tremendo efeito nas gerações seguintes?

Claudine Vegh, dizia que “vale mais saber uma verdade, ainda que seja difícil, vergonhosa ou trágica,
do que ocultá-la; porque aquele que se cala, é subordinado ou descoberto pelos outros e esse
segredo se converte em um trauma mais grave a longo prazo”.

Anne Ancelin Schützenberger estudou a fundo: “os duelos não feitos, as lágrimas não derramadas,
os segredos de família, as identificações inconscientes e lealdades familiares invisíveis” passam para
os filhos e os descendentes. “O que não se expressa por palavras se expressa por dores”.

Podemos nós, os descendentes, modificar essa informação armazenada no campo? A cura da árvore
consiste em remover a repetição, compreendê-la, ou repeti-la de uma forma positiva.

“Os campos mórficos de grupos sociais interligam os membros do grupo, mesmo quando eles estão
a muitos quilômetros de distância, e proporcionam canais de comunicação por meio dos quais
organismos podem ficar em contato à distância. Eles ajudam a fornecer uma explicação para a
telepatia.” Assevera que há sólidas evidências de que “muitas espécies de animais são telepáticas, e
telepatia parece ser um meio normal de comunicação animal, como discutido” na obra ​Cães que
sabem quando seus donos estão voltando para casa​. Segundo Sheldrake, “a telepatia é normal e não
paranormal; natural não sobrenatural”, e também é comum entre seres humanos, especialmente
entre pessoas que se conhecem bem.

Sheldrake esclarece que “os campos mórficos de atividade mental não estão confinados ao interior
de nossas cabeças. Eles se estendem muito além do nosso cérebro, apesar da intenção e da
atenção.” Muito já se estudou sobre campos que se propagam além dos objetos materiais a que se
vinculam: “por exemplo, os campos magnéticos se desdobram para além das superfícies de ímãs; o
campo gravitacional da Terra se estende muito além da superfície planetária, mantendo a lua em sua
órbita; e os campos de um telefone celular se estendem muito além do próprio telefone. Da mesma
forma, os campos de nossas mentes vão muito além de nossos cérebros.”

Sheldrake, no seu artigo: ​Ressonância mórfica e campos mórficos - uma introdução​, resume a
teoria dos campos mórficos da seguinte forma:

1. São totalidades (entidades, unidades, todos) auto-organizativas.


2. Apresentam um aspecto tanto espacial quanto temporal, e organizam padrões
espaço-temporais de atividade vibratória ou rítmica.
3. Atraem os sistemas sob a sua influência para a adoção de formas características e padrões
de atividade, cujo vir-a-ser eles organizam e cuja integridade eles mantêm. Os fins ou metas
para as quais os campos mórficos atraem os sistemas sob sua influência são chamados
atratores. As vias pelas quais os sistemas normalmente alcançam esses atratores são
chamadas chreodes.
4. Os campos mórficos se inter-relacionam e coordenam as unidades mórficas ou hólons que se
encontram dentro deles, que por sua vez são totalidades organizadas pelos campos
mórficos. Os campos mórficos contêm outros campos mórficos em uma hierarquia aninhada
ou holarquia.

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5. Eles são estruturas de probabilidade, e sua atividade organizativa é probabilística.
6. Eles contêm uma memória embutida (intrínseca) dada pela auto-ressonância com o próprio
passado de uma unidade mórfica e por ressonância mórfica com todos os sistemas similares
anteriores. Esta memória é cumulativa. Quanto mais vezes determinados padrões de
atividade são repetidos, mais habituais eles tendem a se tornar. (g.n.)

Na prática podemos observar a ação do campo muito antes de se iniciar uma sessão de constelação
familiar. Muitas vezes, ao criarmos uma lista dos participantes, não imaginamos que todas as
constelações daquele dia estarão emaranhadas e muitos fenômenos irão acontecer ali, tais como:
nomes dos familiares e antepassados idênticos de quem constela e de seus representantes; o
representante levar para a sua constelação a mesma questão; sentimentos de dores e sensações
físicas realmente sentidas pelos representantes que muitas vezes chegam a passar muito mal
precisando até mesmo serem retirados do campo. Situações estranhas como odores e sons que
surgem do nada e são notados por todos os participantes. Fenômenos são recorrentes nas
constelações.

O cuidado com o campo deve ser uma constante. Ao abrirmos um trabalho de constelações nós
estamos entrando no campo das pessoas presentes. Muitas vezes os representantes vão para casa
com um sentimento estranho como se “ enredados” no papel representado e às vezes sentem
dificuldades em sair do papel.

O constelador precisa ter o cuidado em assegurar que os representantes, ao final da constelação,


tenham de fato saído dos papéis. Importante também é “fechar” o campo ao final da constelação,
deixando no campo a memória de todos que foram ali representados, suas dores e seus destinos.

Diante do exposto, conclui-se que as constelações familiares são instrumentos de cura profunda e
duradoura, uma vez que atuam sobre os campos morfogenéticos, de modo a ensejar movimentos
em direções diferentes dos produzidos inconscientemente em determinado sistema. Desvendados
certos emaranhamentos geradores de dor e/ou sofrimento, surgem novas possibilidades de
equilíbrio e amor, mediante o reconhecimento dos fatos e a aceitação daquilo que é, sem
julgamento.

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