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SÍNTESE MODULO 16

JOSIANE TOMÉ DA SILVA

Adoção: a construção da Parentalidade pela via Adotiva

Este tema tem muitos aspectos envolvidos, falando


historicamente, a adoção, não é um tema recente, desde A.C, já existia na
história dados sobre a adoção, como no caso de Moisés, e outros, ao longo da
história da adoção, houve diversas mudanças nas regras e na maneira que se
enxergava este processo de parentalidade, dentro da sociedade.
O lugar onde se mais tinha dados sobre a adoção, foi na Roma
antiga, lá se era exigido a idade mínima de 60 anos, e o casal não poderia ter
tido filhos biológicos, depois da idade média, caiu um pouco a visão sobre a
adoção, neste período, a adoção não tinha um cunho positivo para a
sociedade, já no ocidente, era comum crianças irem para outros lares
temporários, para se buscar melhores condições de vida, em contra se oferecia
serviços, como a limpeza da casa, preparação da comida, cuidados de
crianças mais novas, e outros. Nos estados unidos, houve uma época, em que
as crianças passavam a semana em um abrigo, e apenas no final de semana ia
para casa com os familiares. Neste sentido a adoção ao longo dos anos,
sempre esteve associada a caridade e a troca de favores e interesses
envolvendo as crianças neste processo.
No Brasil, podemos notar grandes avanços no conceito da
adoção e no processo em que ocorre, no inicio se tinha muitos os filhos de
criação, não se tinha uma formalidade, e também estava ligado a caridade,
então uma família mais carente propunha a uma família com melhores
condições, o cuidado como comida, roupas e estudo, em troca de serviços para
a casa em que a criança iria exercer durante o período em que estivesse nesta
família mas avantajada. Também tinha a roda dos expostos, onde as mulheres
que não queriam mais ficar com suas crianças, ia e colocavam anonimamente
estas crianças nessas rodas de madeira que costumava ficar em centros
religiosos, sem nenhum registro ou formalidade e ali a criança era cuidada até
a idade adulta, este tipo de doação de crianças foi feito até meados de 1950,
ou seja, recentemente ainda se tinha este tipo de entrega.
Mas com a chegada do ECA (estatuto da criança e
adolescente), houve uma revolução nestas maneiras de adoção “a brasileira”,
buscando proteger a criança em seu conceito total, pois estes tipos de adoção
que existiam com intuito de caridade, colocavam as crianças muitas vezes em
risco, a abusos, a violência e a desumanização, muitos maus-tratos aconteciam
e até mesmo mortes de crianças que passavam por este processo, que hoje é
considerado ilegal, diversas normas mudou desde os anos 50, para a adoção,
como a idade mínima que hoje é de 18 anos, com diferença de 16 anos para o
adotado, além de que antes era apenas viável para casais a adoção, e sem
filhos biológicos, hoje pessoas solteiras, divorciadas, ou casadas podem, e
indefere se esta pessoa tenha ou não filhos biológicos.
O processo hoje é mais rigoroso, e a pessoa para conseguir
adotar uma criança, precisa seguir alguns passos, como entrega de
documentação comprovando sanidade mental, moradia (alugada ou não é
indiferente), antecedentes criminais, depois destes, é preciso fazer um curso
junto a vara da infância, onde é realizado encontros com temas e orientações
sobre a adoção, a pessoa também precisa passar por acompanhamento com a
equipe de psicólogos e assistentes sociais, todo processo de adoção segue
em sigilo no tribunal, para preservar a integridade da família adotiva, e da
criança. Todo processo tem um acompanhamento da justiça, assim como a
família que pretende adotar, passa por um processo cuidadoso, a criança
quando chega nas instituições de acolhimento, também passa por um processo
minucioso até ir para a fila de adoção, antes é feito a tentativa de reestruturar a
família de origem, para ver se de fato a criança não poderá permanecer nela,
neste período a criança fica em uma instituição acolhedora, caso todos as
tentativas de realocar esta criança na família de origem seja extinta, se busca
familiares próximos, caso nenhum família tenha interesse em permanecer com
a criança, através de um processo onde o juiz irá determinar as condições, esta
criança entra para o cadastro SNA, onde ficara disponível para as famílias
adotivas.
Hoje se tem uma fila muito maior de famílias adotivas ( famílias
aqui são pessoas de apenas uma ou mais), do que crianças na fila para a
adoção, a conta não bate, devido ao perfil em que a família adotiva busca, pois
ao se candidatar-se esta família, pode escolher, entre cor, sexo, idade, grupos
de irmãos, e se esta disponível para receber crianças com ou sem deficiência
físicas ou mentais, na grande maioria das vezes, as pessoas buscam por
bebes menores de 3 anos, meninas, e sem comorbidades, porem, a grande
maioria das crianças nos abrigos, são maiores de 5 anos, do sexo masculino,
com comorbidades, e em grupos de irmão. O fato é que a conta não bate,
devido a estes fatores, toda via os tribunais tem feito muitas campanhas para
promover a adoção tardia, em busca de um lar para estas crianças, que
acabam ficando nas casas acolhedoras por muito tempo, as vezes até a
chegada dos 18 anos, onde ao chegar a maior idade precisa sair das casas
acolhedoras e seguirem suas vidas sozinhos, muitas comarcas em projetos
para preparas estes jovens adolescentes para deixarem o lar, e em alguns
casos existem até mesmo as casas comunitárias, onde ao sair do lar, pode
permanecer enquanto busca sua moradia fixa e um trabalho.
O processo adotivo é muito cuidadoso, e se busca o melhor
interesse da criança, é preciso de várias etapas até a conclusão de fato da
adoção, que ocorro com a mudança do nome na certidão de nascimento,
sendo uma nova certidão com os novos sobrenomes, assim possibilita a
segurança tanto da criança, quanto da nova família, impossibilitando que a
família de origem encontre esta criança e possa vir a fazer algum mal, toda via,
crianças com irmão, mesmo que adotados separadamente, é exigido o contato
entre os mesmo, para não se perder os laços afetivos que muitos tem.
Os cuidados psicológicos são importantes durante este
processo, tanto para a família nova, quanto para a criança adotiva, pois muitos
ao passar pelo processo de adaptação, acabam desistindo da adoção e esta
criança volta para o lar onde estava, causando nela muitos sentimentos, de
insegurança, incapacidade e medo, já para a família adotiva, precisa ter um
acompanhamento, para que estejam preparados para os desafios da criança
de um vinculo, este vinculo precisa ser construído ao poucos, respeitando o
tempo de cada um envolvido, entendendo que mesmo que seja um bebê, é
preciso de adaptações, existem também sentimentos de medo, insegurança,
nas famílias adotivas, e em todo este processo, estes sentimentos se
contradizem as expectativas que são construídas ao longo do processo de
parentalidade pelas vias da adoção.
Assim como na gravidez a família idealiza o filho, criando
expectativas sobre, como vai ser, as famílias adotivas também fazem este tipo
de imaginário, com a chegada do filho real, existe uma quebra da construção
deste filho, e é a partir deste momento se deve ter um cuidado maior, pois
muitos não conseguem entender que o filho real é diferente do filho idealizado,
sem uma ajuda profissional, acabam por desistir do processo adotivo, e isto
causa danos tanto na criança independentemente da idade, bem como também
na família. É importante também ter total conhecimento sobre os motivos que
se busca a adoção, pois estas expectativas criadas sobre o filho idealizado,
está muito ligado a estes motivos pela busca da parentalidade. Muitos casais
buscam por motivos que não se pode se sustentar por muito tempo, como a
ideia de que um filho irá assegurar uma relação que talvez esteja fragilizada,
sentimentos de caridade, busca por satisfação própria, estados de mãe ou pai,
dentre muitos outros motivos que estão ligados ao ego ou ao social, e não ao
desejo de fato que se ter um filho.
Enfim, o processo de parentalidade pelas vias de adoção,
requer muito cuidado para ambas as partes, ou seja, todos os envolvidos, é
possível sim ter estes vínculos construídos com muito cuidado e afetos, o papel
da justiça é manter a segurança e proteção desta criança, com a parceria da
psicologia que pode contribuir para que este processo seja o mais tranquilo e
esclarecedor possível, estar ciente de cada etapa e como funciona é de
estrema importância para a atuação do psicólogo, buscando sempre se
atualizar.

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