Você está na página 1de 18

Psicologia Jurídica

O psicólogo judiciário e as avaliações nos


casos de adoção

Luiz Henrique Aguiar

UNIP
A Historia da Adoção
 Adoção é uma instituição social com séculos de existência
 Todos os povos conviveram e precisaram lidar com o abandono

 Historia, Religião , Artes e Mitologia


 Hercules (semideus adotado por Anfitrião), Romulo e Remo;
Moisés retirado das aguas pela filha do faraó; Mogli, Tarzan,
Superman, Bambam, Pinóquio, filmes, etc.

 Filosofia do “melhor interesse da criança” tem origens recentes

 Adoção Clássica x Adoção Moderna

• Suprir as necessidades de casais inférteis x Direito a toda criança de


crescer e ser educada em uma família
Adoção no Brasil
 Ato de abandonar os filhos foi iniciado pelos brancos
 Índios não abandonavam seus próprios filhos

 No período imperial ate a década de 1950 crianças legitimas e


ilegítimas eram abandonadas – Rodas dos Expostos – permitiam
os abandonos anônimos – Conventos e Santas Casas de
Misericórdia

 O mecanismo, em forma de tambor ou portinhola giratória,


embutido numa parede, era construído de tal forma que aquele
que deixava a criança não era visto por aquele que a recebia.

 Crianças não eram anônimas, levavam o nome dos pais, das


profissões que aprendiam e dos santos do dia que foram recebidas

• Também oriundas das zonas rurais


Adoção no Brasil
 Embasado pela Declaração Universal dos Direitos das
Crianças (1959); Convenção das Nações Unidas sobre os
Direitos das Crianças (1989) e Constituição Federal de
1988:
 Art. 227 “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”

 Surge o Estatuto da Criança e do Adolescente – 1990


 Igualdade de tratamento entre filhos genéticos e adotivos
 Facilitação para realizar a adoção
 Redução da idade mínima para 20 anos – diferença de 16 anos
 Adoção por pessoas solteiras, viúvas e divorciadas
Estatuto da Criança e do Adolescente
 Definição dos direitos e das políticas de atendimento
 Adoção plena

 Subseção que trata exclusivamente das adoções

 Destina ao Judiciário todas as providências referentes à


adoção

• Legislação descreve os requisitos necessários aos


adotantes e adotados – penaliza adoções irregulares:
anulação do registro e perda da criança

 Equipe interprofissional obrigatória

• Psicólogos e Assistentes Sociais – diversas etapas do processo


A atuação dos psicólogos judiciários nos
casos de adoção

 A avaliação dos pretendentes à adoção

 O trabalho com as famílias de origem e com os pais


biológicos

 O acompanhamento das crianças e adolescentes


abrigados em instituições em vias de serem colocados
em famílias substitutas

 Assessoria à recém-formada família no estágio de


convivência’
A avaliação dos pretendentes à adoção

 Proposta de atuação “profilática”

 Interroga os ‘desejos’ dos pretendentes e


considera as suas singularidades

 Identificar possíveis conflitos dos pretendentes

• evitar que dúvidas e ansiedades interfiram no


vínculo a ser formalizado com a criança

• Fundamental investigar o que está por trás das


expectativas!!!
A avaliação dos pretendentes à adoção
 Motivações

 Compensar perdas sofridas, como a morte de um filho;

 Suprir a inexistência de um projeto de vida e de trabalho;

 “Salvar” o casamento;

 Ter companhia na velhice;

 Ter alguém para receber a herança e cuidar do patrimônio


familiar;

 A decisão, entretanto, pode estar associada ao desejo genuíno


dos pretendentes de se tornarem pais e de constituírem ou
ampliarem a família.
A avaliação dos pretendentes à adoção
 Projeto da adoção

 Há consenso entre os solicitantes e concordância na família?


 Quais as expectativas que existem em torno da criança ou
adolescente?
 Quais as fantasias em relação à historia da criança?

 Importante indagar tudo o que diz respeito à criança para além


das características físicas preferidas:

 72% querem apenas uma criança; 88,2% querem crianças


plenamente saudáveis; 45% optam pelo sexo feminino; apenas
5,6% afirmam ser indiferentes à cor da pele;
O acompanhamento das crianças e
adolescentes abrigados em instituições

 Somente 10,7% eram juridicamente adotáveis

 Estavam com o processo de destituição do poder familiar


concluído.

 61% tinham idade acima de sete anos


 85% possuíam irmãos.

 Literatura apresenta que crianças que vivem períodos


prolongados em instituições ficam expostas a prejuízos graves e
danos emocionais irreversíveis.

 Contudo, afastar a criança ou adolescente da família, ainda que


temporariamente, pode ser fundamental para a sua segurança;

 Sociedade tem deveres de manter a proteção integral da sua


saúde física e mental.
O trabalho com as famílias de origem e
com os pais biológicos

 Destituição do poder familiar

 O juiz, em geral, solicita a intervenção da equipe técnica

 Perda do poder familiar = diferentes motivos

 Situações de violência doméstica (física, sexual e psicológica)


 Negligência, abandono e ausência de vínculos afetivos
 Situações de pobreza permeiam, mas não definem a perda do
poder familiar

ECA, artigo 23: “ A falta ou carência de recursos materiais não constitui


motivo suficiente à perda ou suspensão do poder familiar”
Assessoria à recém-formada família no
‘estágio de convivência’

 Termo de guarda e responsabilidade provisório

 Exceções: adotado com menos de um ano de idade ou se estiver há


muito tempo na companhia dos adotantes.

 Determinação de um estudo psicossocial


 Verificar o Estágio de Convivência: período de adaptação, e
constituição do vínculo – REGULAMENTADO POR TERMO DE
GUARDA PROVISÓRIA

 Objetivo: averiguar além da adaptação ao novo contexto


familiar por parte da criança, também como os pais vivenciam os
novos papeis parentais. – PROJETO ADOÇÃO TARDIA
Revelação aos filhos adotados

 Trabalhada como preparação – como pretendem contar ao


filho

 Dolto: “as palavras são muito importantes, é preciso


observar sua precisão”

 Ex: pais adotivos que dizem que não são os pais


“verdadeiros”

• Pode gerar na criança uma ideia de que ela não é um ser


humano de verdade;

• “Filho do coração” = nasceu do coração, não da barriga? ? ?


Revelação aos filhos adotados

FATORES QUE PODEM FACILITAR A REVELAÇÃO

 Iniciada nos primeiros anos de vida;

 Ocorre ao longo do tempo, não numa única conversa ;

 Quando os pais concedem espaço para que os filhos possam


formular as perguntas e tentam respondê-las

 Quando encaram a revelação como indispensavel para a


construção da identidade dos filhos.
Psicologia Jurídica

O psicólogo judiciário e as ‘avaliações’ nos


casos de adoção

Luiz Henrique Aguiar

UNIP

Você também pode gostar