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ADOÇÃO

Vínculos e Rupturas: do Abrigo


à Família Adotiva
Peiter, Cynthia. 2ª Ed. São Paulo: Zagodoni
Editora. (2016).
Cap. 4 – Desdobramentos clínicos
• A solicitação de preparação de crianças para a adoção
não é uma demanda comum em consultórios
psicológicos ou em clínicas institucionais;
• Escassez de estudos;
• A colocação em família adotiva como alternativa mágica
- capaz de superar e ultrapassar qualquer sequela
relativa à trajetória dessas crianças;
• Caso Joana (exceção): apurada sensibilidade de
cuidadores, técnicos e juiz.
Cap. 4 – Desdobramentos clínicos
Casos de crianças trazidas pelos próprios pais durante o estágio de convivência
• Marcelo, 4 anos: encena situações traumáticas atirando e destruindo os
brinquedos. Estado psíquico caótico. Busca reorganizar a caixa e pintá-la.
• Mariana, 5 anos: jogos de “mamãe-filhinha”, apresentando uma filha má,
ou uma mãe má Confusão sobre a confiabilidade, verdades e mentiras.
Encena um sonho, apresentando a elaboração da imago materna.
• Marcos, 6 anos: interessado em piratas, que “não são essencialmente
maus”
• Alexandre, 5 anos: cenário lúdico de um aeroporto, em que o seu avião
tenta, mas não decola. Tem medo de fracassar e cair no oceano.
decide colocar um bonequinho no final da pista, para sinalizar.
Cap. 4 – Desdobramentos clínicos
• Trabalho terapêutico  espaço no qual personagens do
passado ressurgem em uma temporalidade atípica
confundindo-se transferencialmente e borrando os limites
temporais entre passado e presente.

• Seriam todas as crianças em processo de adoção


indicadas para o acompanhamento terapêutico?
Cap. 4 – Desdobramentos clínicos
• É comum em abrigos encontrar crianças que surpreendem
pela aparente facilidade e rapidez como se ligam ao adulto
que se aproxima (não raro pedem para ser adotadas)
 expressão de crianças sedentas por ligações afetivas
• Crianças adotadas que passaram por descontinuidades
relativas a separações precoces e/ou abandono, podem
manifestar o desenvolvimento do falso self em diferentes
graus, como defesa contra angústias originadas nesse
descompasso.
• “Maternar a si mesma”
Cap. 5 – A prática de preparação de crianças
para adoção no Brasil
• Caso Joana – um do pioneiros de acompanhamento
psicoterápico de crianças em vias de serem adotadas;
• Inviabilidade de atendimento em larga escala;
• Riqueza do processo;
• Previsto no ECA (Lei 8069/90), Art. 92 :
“As entidades que desenvolvam programas de acolhimento
familiar ou institucional deverão adotar os seguintes
princípios:
(...) VIII – Preparação gradativa para o desligamento”
Cap. 5 – A prática de preparação de crianças
para adoção no Brasil
• Equipe do abrigo não encontra-se preparada;
• Abrigos recebem a notícia sobre o desabrigamento de forma
repentina e sem tempo razoável para poder desenvolver um
trabalho;
• Nova lei da adoção (alterações no ECA, 2009), art. 28, Par. 5º.:
“A colocação da criança ou adolescente em família substituta será
precedida de preparação gradativa e acompanhamento posterior
realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da
Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos
técnicos responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito de convivência familiar”.
Cap. 5 – A prática de preparação de crianças
para adoção no Brasil

• Prática do psicólogo jurídico inclui muitas atribuições, entre elas o


acompanhamento de crianças a caminho da adoção;
• Termo “adotabilidade” é questionável  disponibilidade jurídica é
diferente do preparo emocional da criança;

Tempo Jurídico X Tempo Psíquico X Tempo Cronológico

• Fatores indicam disposição interna para a colocação de crianças


maiores em famílias: desejo de estabelecer novos vínculos,
elaboração de lutos, possível compreensão de sua história e
disponibilidade para falar sobre ela, etc.
Cap. 5 – A prática de preparação de crianças
para adoção no Brasil
Proposta Prática
Rio Grande do Sul – Adoção internacional/Parceria Brasil-
Europa: profissionais preparam pais e grupo acompanha
crianças.
Etapas:
1. Processo de luto
2. Trabalho com as representações
3. Matching
4. Preparação específica
5. Encontro
Cap. 5 – A prática de preparação de crianças
para adoção no Brasil

1. Processo de Luto: proporcionar espaço para que


a criança entre em contato com sua história de
vida. Entender o caráter definitivo da
destituição do poder familiar;
2. Trabalho com as representações: criança
estimulada a expressar suas representações de
família e ajudada a articular suas expectativas
sobre objetos, lugar e pessoas;
Cap. 5 – A prática de preparação de crianças
para adoção no Brasil

3. Matching: ou “enlace”. Busca-se por família que


mais atenda as necessidades da criança;
4. Preparação: trabalho realizado pelo psicólogo,
baseado na clínica com crianças. Canal de
comunicação e expressão de afetos. Apresentação
do tema da adoção por estrangeiros;
5. Encontro: preferencialmente na casa em eu se
encontram os adotantes. Estágio de convivência.
Cap. 5 – A prática de preparação de crianças
para adoção no Brasil
O lugar do intermediário
• Terapeuta e intermediário remetem à criança imagens
familiares subjetivas, e antecipa a apreensão da nova
família por meio do oferecimento de um novo ambiente
relacional, apontam para a noção de transicionalidade
teorizado por Winnicott  Objeto transicional
• Sustentar o paradoxo vivido pela criança;
• Valorização do papel de educadores do abrigo.

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