Você está na página 1de 15

Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história.

Rirla Bezerra
Psicóloga CRP 11/12398
Pós Graduada em Saúde Mental;
Pós Graduada em Gestão;
Pós Graduanda em ABA.
Curso de Capacitação Estimulação Precoce
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história

• O filho que chega para como uma


compensação ou repetição da própria infância
da mãe. Para também ocupar o lugar de
desejo, daquilo que a mãe teve que renunciar,
os seus sonhos perdidos, é a hora então de
preencher um vazio e reparar o perdido. Para
isso, a mãe idealiza uma imagem fantasmática
que é sobreposta ao real do filho (MANNONI,
1991).
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história


• O planejamento e o período de gestação e de espera para o
nascimento de um bebê constantemente é vivenciado pelos
pais com diversas expectativas. A criança passa a ser
intensamente envolvida por pensamentos de idealização,
fantasia e desejos.
• Este envolvimento representa um investimento libidinal, o
qual evoca nos pais um (re)encontro de sua própria história
por meio desse filho, projetando nele o seu ideal de ego.
Cria-se, dessa forma, um filho imaginado, objeto de
investimentos afetivos, que difere do filho real.
• Após o nascimento, o filho representado no sistema psíquico
dos pais, filho idealizado, será comparado com o bebe que se
constituiu na realidade.
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história.


Este momento de impacto confronta todas as
expectativas criadas para o bebê. Os pais apresentam
dificuldade de encontrar, nessa criança, às
representações do que eles desejam que seja o filho,
de acordo com as suas idealizações. Não conseguem
se (re)conhecer nesse estranho, que chegou com uma
falha, assim ocorre a perda do filho idealizado.

Pensando no lugar atribuído a criança pela


família, em todo potencial da família em frear ou
não o desenvolvimento dessa pessoa, sugere-se o
todo cuidado que o profissional deve ter para não
cair no discurso repleto de toda uma concepção
que os familiares já têm desse sujeito
(MANNONI, 1991).
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

DIAGNÓSTICO

Por meio do diagnóstico desencadeia-se um processo semelhante


ao luto. Trata-se de um luto pela perda do ideal de filho, perda da
fantasia do bebê perfeito. Leva-se tempo para a família conseguir
processar essa perda, esse luto do bebê que foi sonhado, e elaborar
o nascimento psíquico desse filho com deficiência.
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

DIAGNÓSTICO

• O diagnóstico deve então, ser indicado a partir da compreensão global da família e das
dificuldades intrínsecas do momento. Torna-se imprescindível o cuidado com as palavras
que serão utilizadas e o conhecimento do profissional que indicará a deficiência, o
acolhimento, o apoio, a orientação clara. Devem ser informadas as alternativas e
possibilidades que auxiliem a criança e a família.

• “[...] prognóstico do grau de tolerância dos pais” (MANNONI, 1991, p.58).

• Algumas famílias, por não estarem preparadas, não aceitam, não acreditam no diagnóstico.
Devido ao choque frente ao inesperado, aderem um período de negação. Em vezes, buscam
por outros diagnósticos que possam negar a constatação inicial.
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

DIAGNÓSTICO

• O momento do diagnóstico é extremamente delicado. Produz um corte


doloroso, marcado por um choque e uma sensação de desorientação, os quais
são inevitáveis.
• Afirmar que a criança possui uma deficiência irá transformar a criança
"normal" numa criança "anormal". O lidar com a "anormalidade" é algo
incompreensível, difícil de decifrar. Muitas vezes, a deficiência pode passar a
ser o não-pensar, o não-existir ou o não-ser, o que acaba por impedir o sujeito
com necessidades especiais seja inserido em um circuito de trocas e
investimentos.
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história

• Com isso, ocorrem mudanças nas


relações e na estrutura familiar. Os planos
futuros deste filho serão abdicados e a
parentalidade deverá ser ressignificada.
• “Com efeito, a verdade, e a dor não
reconhecidas senão na medida em que o
Outro lhes aceita a aprovação através de
sua própria angústia” (MANNONI, 1991,
p.8).
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

FASES DO LUTO
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história.


 “A criança está presa a fantasia materna. A doença dá à mãe todos os direitos; e
ao pai, uma culpabilidade suficiente para justificar sua retirada” (MANNONI,
1991, p.90).
 Tratamento do filho, diferentemente da mãe. Sair do lugar de culpabilização, e
sim o filho que assume o tratamento em seu nome, sua própria história
(MANNONI, 1991).
 Dialética com a família, a possibilidade de palavra aos cuidadores, que muitas
vezes estão em mais desamparo que a própria criança. Sair da condenação e
perceber a solicitação e necessidade de escuta da família. (MANNONI, 1991).
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história.

Tratamento do filho, diferentemente


da mãe. Sair do lugar de
culpabilização, e sim o filho que
assume o tratamento em seu nome,
sua própria história (MANNONI,
1991).
Curso de Capacitação Estimulação Precoce
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

A história de uma criança tem uma pré-história.

CAVALCANTE, Fátima. Família, subjetividade e linguagem: gramáticas da criança "anormal".


Ciênc. saúde coletiva vol.6 no.1 Rio de Janeiro 2001.
MOURA, Leonice; VALÉRIO, Naiana. A família da criança deficiente. São Paulo, v. 3, n. 1, p.
47-51, 2003.
Curso de Capacitação Estimulação Precoce

Você também pode gostar