Joana foi deixada no hospital após o parto e encaminhada a um abrigo. Após tentativas fracassadas de adoção, ela iniciou atendimento psicanalítico. Ao longo das sessões, Joana estabeleceu vínculo com a terapeuta e elaborou suas angústias em relação à adoção. Após nove meses de terapia, ela foi encaminhada para adoção internacional, mostrando-se fortalecida para estabelecer novos laços familiares.
Joana foi deixada no hospital após o parto e encaminhada a um abrigo. Após tentativas fracassadas de adoção, ela iniciou atendimento psicanalítico. Ao longo das sessões, Joana estabeleceu vínculo com a terapeuta e elaborou suas angústias em relação à adoção. Após nove meses de terapia, ela foi encaminhada para adoção internacional, mostrando-se fortalecida para estabelecer novos laços familiares.
Joana foi deixada no hospital após o parto e encaminhada a um abrigo. Após tentativas fracassadas de adoção, ela iniciou atendimento psicanalítico. Ao longo das sessões, Joana estabeleceu vínculo com a terapeuta e elaborou suas angústias em relação à adoção. Após nove meses de terapia, ela foi encaminhada para adoção internacional, mostrando-se fortalecida para estabelecer novos laços familiares.
à Família Adotiva Peiter, Cynthia. 2ª Ed. São Paulo: Zagodoni Editora. (2016). ADOÇÃO - Prefácio e Apresentação • Pesquisa clínica psicanalítica – Winnicot • Peculiaridades na escuta psicanalítica: demanda específica, prazo, pais não diretamente envolvidos (equipe técnica) • Universo da adoção tardia • Conceitos de holding e handling; transicionalidade, paradoxo; desamparo; trauma • Trabalho de mediação entre instituição e o novo lar • Grupo Acesso – Estudos, Pesquisa e Intervenção em Adoção • 1ª edição: 2011 Cap. 1 - O CASO JOANA • Deixada no hospital, doente, após o parto; • Encaminhada a instituição de abrigo, tratada e cuidada; • Ao final de dois anos, disponível para adoção; • Tentativas fracassadas de adoção; • Evitava o contato, chorava, era arredia e grudada na responsável; • Encaminhada ao atendimento psicológico pela equipe da Vara da Infância e da Juventude (3 anos de idade); • Processo de adoção suspenso, aguardando parecer para reabertura do processo. O CASO JOANA - Estabelecimento de um vínculo • 1ºs encontros: chora, não faz contato visual, não fala, não entra sozinha; • Confere se a acompanhante ainda a aguarda na sala da espera, confere o motorista; • Demonstra algum interesse na caixa lúdica; • Após o 4º encontro, terapeuta propõe que a acompanhante salsa da sala ao final da sessão. Choro muito forte, mas tolera; • Alterna sessões sem chorar, outras com choro; • Ganhando confiança, estabelecendo rituais (lencinhos, banheiro, cortar e colar, etc.) O CASO JOANA - Estabelecimento de um vínculo (cont.) • Aproximação delicada (espaço novo, semelhante à família adotiva) • Ambivalência em relação ao vínculo: adoção significando mais abandono que acolhimento; • Angústias impensáveis remetem ao medo da desintegração. Ausência de uma figura materna que segure a criança física e psiquicamente; • Apego ao abrigo como garantia de sua sobrevivência. Presença da terapeuta ameaça esse apego, e remete às angústias impensáveis. • Medo de vincular-se, como se investir em novos objetos pudesse oferecer riscos, levando um afastamento geral; • Manter distância segura, não invadi-la, evitar uma imposição traumática e ficar num lugar de desprezo e rejeição; • Holding – ofertar lencinhos. O CASO JOANA – Marcas corporais • Ambivalência do vínculo: MEDO X CURIOSIDADE; • Busca pelo controle total da situação: atendimento urgente de suas demandas, manutenção de um ambiente previsível; • Diferentes rituais de marcar seu corpo com diversos elementos (cola, etiquetas, fitas, desenhos) - Experiência primitiva de marcas identificatórias; • Handling: a figura materna na tarefa de manejar o corpo do bebê de forma a proporcionar a instalação de uma trama psicossomática. Contrapartida materna no percurso da construção do self; • Desejo de ser reconhecida em suas necessidades, sem precisar falar – Criatividade primária. O CASO JOANA – Separação e Transicionalidade • Construção de uma nova história; • Elaboração de uma bolsa/envelope, em que colecionava recortes, e lencinhos – amuleto que lhe trazia segurança (separações e ligações); • Função equivalente à dos objetos transicionais; Importante recurso para lidar com a ansiedade de perceber-se separado, podendo ser retomados em momentos de solidão; • O objeto permitia um ir-e-vir, sem o perigo da quebra da continuidade do ser (self integrado); [Após 6 meses deu-se a reabertura do processo de adoção] O CASO JOANA – Hora de rupturas • Introdução do tema sobre famílias e famílias adotivas; • Busca pelo espaço vazio deixado pelos recortes nas revistas; • Busca pela família atende às necessidades dela, porém nesse momento parece uma invasão traumática – mudanças no comportamento de Joana; • Necessidade de introdução do tema da adoção, em um tempo que não foi determinado pela criança; • Mudanças na relação com a terapeuta, alvo de hostilidades, que permite a elaboração de sua agressividade, sem direcionar aos pais adotivos; • Holding. O CASO JOANA – Elaborações • Após uma brincadeira com recortes de golfinhos há a transformação de Joana: tom de voz mais forte; • Sessão seguinte chega mais espontânea, demonstrando autonomia, maior exploração da sala, retomada de brinquedos anteriores; • Agradece a “conversa” sobre mudanças: encontros abertos a diálogos, em que ela é consultada e pode até discordar; • Compreensão sobre continuidade do processo; • Tema da adoção encontra uma área intermediária (objeto transicional) quando se torna possível brincar com isso. O CASO JOANA – A interminável espera pela família • Mais descontraída nas sessões subsequentes, apropriando-se do espaço; • Tempo como tema recorrente, e desenrolas de fios/fitas (reconstrução histórica contribuindo com a construção do self); • Desarmonia entre o tempo cronológico, o tempo jurídico e o tempo psíquico da criança. (Paiva, 2004); • Possibilidade de adoção, que não se concretiza; • Defesas onipotentes, sem risco de desintegração: já tinha uma mãe internalizada; • Começou a frequentar a escola, sem problemas de separação e com bom vínculo com colegas; [9 meses de trabalho terapêutico, Joana com 4 anos: encaminhada para adoção internacional] O CASO JOANA – A interminável espera pela família • Surgimento de uma família adotiva interessada; • Dificuldade para a aproximação gradual (questões burocráticass), desabrigamento compulsório; • Terapeuta encontra dificuldade em manter contato com a menina e com a nova família; • Urgência do tempo Joana mostrou-se fortalecida e preparada para estabelecer limites e incluir estágios intermediários na constituição do vínculo; • Estágio de amadurecimento “eu sou”, capacidade de ficar sozinha na presença e na ausência do outro; [Último contato com a terapeuta] O CASO JOANA – Notas finais Caso utilizado para pesquisa científica na USP, apresentado e discutido em alguns eventos, como importante referencial para o estudo mais aprofundado sobre o que se passa com crianças nesse momento delicado de vida. O método psicanalítico de pesquisa que se utiliza de material clínico é um modo privilegiado de observação dos fenômenos psíquicos e presta-se a um tipo de produção de conhecimento que, investigando o particular, possibilita a composição de modelos mais abrangentes do psiquismo humano. (Safra, 1993)