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Semestre: 2023/1
Professora: Lívia Leão
CASO 1: PAMELA
Pamela tinha 3 anos de idade no início do atendimento, que foi solicitado pela assistente
social do abrigo, pois a criança era considerada quieta e fechada. Abrigada por
negligência por parte dos pais, encontrava-se desnutrida quando chegou ao abrigo e com
o “emocional abalado” (sic), tendo presenciado várias brigas entre os familiares. A mãe
de Pamela também havia sido abrigada anteriormente e engravidou da menina aos 14
anos. A equipe técnica do abrigo manteve contato durante a gravidez e, logo após o
nascimento da menina, ambas permaneceram abrigadas durante um tempo.
A equipe do abrigo informou que a mãe de Pamela não tinha “maturidade para ser
mãe”, não era protetora e tinha uma “falta de recursos internos” (sic) para desempenhar
tal função. A informação obtida no início do atendimento foi de que, em breve, a
paciente retornaria ao convívio com a mãe e o pai, sendo, portanto, desabrigada, com a
condição de que os pais freqüentassem a terapia em grupo com a psicóloga do abrigo.
Mas o que ocorreu posterior- mente foi que a mãe sofreu um processo de destituição do
poder familiar por não mostrar condições de cuidar de Pamela e da irmã mais nova.
Sobre o pai, era usuário de drogas e não tinha condições de manter a companheira e as
filhas. Havia problemática de alcoolismo por parte da avó. Também houve história de
negligência da avó de Pamela com a mãe da menina, que saiu de casa quando a mãe de
Pamela tinha 3 anos de idade.
CASO 2: Sara
O terapeuta acompanhara a família por um mês, encontrando-se primeiro, em duas
sessões, com a paciente identificada uma jovem mulher diagnosticada como depressiva
com ideação suicida e depois, por quatro sessões, com os demais membros da família
em diferentes agrupamentos. Ao requisitar a consultoria, o objetivo do terapeuta era
ajudar Sara, a paciente de 22 anos a renunciar à responsabilidade de tomar conta de seus
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE RIO VERDE - IESRIVER
Rua 12 de Outubro, nº 40 - Jardim Adriana - Rio Verde/GO | CEP: 75906-577
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dois irmãos mais jovens, de 18 e 16 anos, e encorajar os membros da família a
apreciarem e apoiarem Sara, que se sentia desvalorizada, tomava pequenas doses de
antidepressivos e respondia bem à medicação.
A família Martinez compunha-se dos dois pais, Pedro (51 anos) e Josefa (50 anos); uma
filha casada, Juana (28 anos), que vive na mesma cidade; Sara (22 anos); Alberto (18
anos) e Javier (16 anos), ambos frequentando uma escola técnica de ensino médio para
aprender uma profissão. Uma família extensa também vive na mesma área, incluindo-se
as duas avós. Esses familiares os visitam com frequência.
Trata-se de uma família da classe trabalhadora, e todos, com exceção da mãe, trabalham
fora. Eles chegam à sessão vestindo roupas casuais e mostram-se amistosos e relaxados.
Caso 4: Pietra
Pietra, de 3 anos e descendência italiana, é filha de pais separados. Ela era muito
próxima do pai, mas ele foi morar em outro país. Apresentava-se muito agressiva e
opositora à mãe.
Do lado da família paterna, avó e avô tinham se separado quando seu pai era criança e
tiveram três filhos (o pai e dois irmãos); já na família materna a mãe é filha única.
Apesar de sua pouca idade, Pietra identifica semelhanças entre seu avô e o pai, apesar
de ter convivido pouco com o avô. O que surpreende é que ambos, avô e pai, repetiram
histórias de rompimento de relações abruptamente e apresentam comportamentos
impulsivos em suas histórias (segundo relatos do pai); o mesmo acontece com a avó
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paterna e o segundo filho, que têm comportamentos similares (segundo relatos da mãe).
O tio paterno que aparece diferente dos outros membros é considerado pela criança
como o mais acessível e brincalhão.
Quando lhe disse que os avós eram separados, contou que “o papai tinha trocado a
mamãe por outra mulher”. Conversamos sobre o assunto e perguntei-lhe se as filhas
também poderiam ser “trocadas”, e ela, abaixando os olhos, responde “sim”.
Esse genograma possibilitou o trabalho de elaboração da separação dos pais e o medo
existente pela possível perda de sua posição. Tendo vivenciado a dor da separação com
a mãe, imaginava-se também correndo o risco de perder o afeto do pai, visto que já
havia perdido a presença. Seu comportamento com a mãe refletia uma profunda dor,
uma tristeza que era comunicada agressivamente e uma angústia por encontrar-se em
um vazio, um hiato representado pela separação.
Caso 5: Léa
Léa, de 9 anos e origem japonesa, tem uma irmã de 8 anos. Seus pais são profissionais
da área jurídica, estudiosos e exigentes com relação ao desempenho escolar das filhas.
A queixa inicial era de que Léa era insegura, dispersa e tinha dificuldades para reter
conteúdos acadêmicos. Na família materna, sua mãe é a terceira filha e, na família
paterna, seu pai é o filho mais velho.
Todo o processo relacional era calcado em hierarquias e os questionamentos de Léa,
pré-adolescente, “incomodavam” a ordem familiar. Tudo era feito em família, sempre
os quatro juntos, pais e filhas. Não havia espaço para o casal, somente para a família.
Como descrito anteriormente, o terapeuta participa na solicitação dos integrantes,
pergunta sobre as características deles e colabora na construção das linhas de
sustentação, mas muitas vezes a própria criança assume essa distribuição. Foi o que
aconteceu aqui, Léa apresentou por meio de sua construção um sistema fraterno, com a
irmã, cuja principal regra era a complementaridade. Onde uma tivesse sucesso, a outra
fracassaria, e assim sucessivamente.
Nas consultas, a complementaridade foi expressa nas narrativas, a diferença de 11
meses era percebida como o avanço das habilidades adquiridas pela irmã em relação às
suas. Algumas frases eram muito frequentes, como “eu sou boa em matemática e minha
irmã em português…” ou “ela tem a letra mais bonita mas eu desenho melhor que
ela…”.
O trabalho desenvolvido teve a participação de todo o núcleo familiar; muitas consultas
foram realizadas com o sistema fraterno e outras com todos os integrantes da família.