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PRINCESA DO DESEJO

Andrew Philip Collins


A estória contida neste livro é fruto da imaginação de seu autor. Qualquer
semelhança com a realidade será mera coincidência.

Livro proibido para pessoas menores de 18 anos de idade.

Dedicatória

Ao Amor.

Porque ele é o bem e o mistério mais importantes desta vida e só existe vida porque
existe o Amor.

Felizes aqueles que amaram e foram amados.


Andrew Philip Collins

PRINCESA DO DESEJO
Relato da vida de uma jovem brasileira.
Prólogo

A história relatada a seguir é sobre o Amor e sobre a vida de jovens que todos nós
podemos conhecer. Aborda a busca dos seres humanos por encontrarem seu destino,
em sua procura individual pela felicidade, embora muitas vezes nem se dêem conta
deste fato. Nasceu-me a vontade de contar uma história que tentasse falar de amor,
porém esta ocorreu de uma forma um pouco tosca ou às avessas, posso assim dizer.
Desculpem-me, então, antecipadamente, por tudo o que escrevi. Não que eu
desejasse ser desta forma ou o fizesse de propósito, mas porque a vida real é de outro
modo: inúmeras vezes a antítese dos contos de fadas - não existem príncipes nem
princesas encantadas, e em muitas oportunidades não parece haver um final tão feliz.
Nenhum livro, por outro lado, pode contar toda a vida de uma pessoa, mas tem a
capacidade de revelar algo importante sobre a trajetória de um ser humano e mostrar
seu legado. Sim, todos nós deixamos uma herança de vida sobre nossos
comportamentos e as atitudes que tivemos. Desejo que este livro nos faça refletir
sobre nossas vidas e sobre as relações entre as pessoas.

São Luís, Maranhão, Brasil, primavera de 2023.


Parte I

Nasceu na vila Brasil, em São Luís do Maranhão, num mês de dezembro, logo
após o Natal. Seus pais lhe deram o nome de Andreza. Morena clara, dos cabelos
pretos e olhos de cor castanho escuro. O bairro é simples, as casas são apertadas e as
pessoas são em sua maioria trabalhadoras. O estilo de vida dos moradores é singelo e
os vizinhos se conhecem bem. Casas pequenas abrigam famílias inteiras, e muitas
pessoas passam o dia e a noite, vivem e dormem em abrigos muitas vezes apertados,
com perda da privacidade, mas ocorre o compartilhamento de várias gerações numa
mesma casa. As pessoas são religiosas e os costumes geralmente tradicionais.
Trabalham em empregos corriqueiros, na maioria com salários modestos, mas são em
geral felizes, por aceitarem a vida simples que têm. A vila Brasil é o retrato de muitas
periferias do Brasil: os habitantes são na maior parte amistosos, cordiais e passionais,
guiando-se mais pelas emoções do que pela racionalidade. Em geral, as pessoas
buscam seu espaço no mundo e sua ascensão social pelas vias honestas, embora isto
muitas vezes seja difícil. Alguns então procuram modos não convencionais e até ilícitos
para subir de posição na vida, adquirindo um melhor status econômico e social. Nesse
ambiente é que ela nasceu e passou sua infância, além do início da adolescência. Sua
família era grande e seus pais, de posses modestas.
Quando ela nasceu, seu pai José a pegou no colo e disse: “Minha primeira filha.
Que alegria, meu amor! Você é um presente de Deus para mim e sua mãe”. Olhando
para sua esposa Ester ainda disse: “Como é morena, parece que só puxou à mãe. Vou
te chamar de minha preta. Você será o orgulho do papai. Jesus abençoe sua vida.”
Ela se mostrou uma criança um pouco calada conforme foi crescendo, muitas
vezes introvertida e muito apegada aos pais, daquelas que grudam na saia da mãe
quando vêem um estranho pela primeira vez. Sua mãe já tinha uma primeira filha,
Marcela, com idade de 5 anos, de um relacionamento aos 18 anos de idade, quando
ainda era solteira. Dois anos após Andreza nascer, ela ganhou uma terceira irmã, que
foi chamada de Melina.
Cresceram como quase todas as crianças crescem, muito doentinhas até por
volta dos 7 anos, mas depois com mais resistência e como são quase todos os irmãos,
com aquelas desavenças e brigas típicas da infância. Sua família era cristã protestante
e sempre frequentaram a Assembléia de Deus do bairro, onde foram nascendo as
primeiras amizades, além dos vizinhos e amigos da escola. Andreza, todavia, não tinha
muita amizade com todos os vizinhos; até se interessava mais por pessoas adultas,
mas seus pais não queriam que ela tivesse afeição com adultos, excetuando os
familiares que moravam em sua rua. Na verdade, tinha afinidade com poucas crianças,
mas era bastante colega de Ana Carla, que também morava perto de sua casa.
Certo dia, quando ainda morava com seus pais, Andreza encontrou Carla na
porta de casa e ficaram sozinhas por alguns instantes. Ela indagou então:
- Carla, vi algo muito estranho. Acordei ontem a noite assustada e fui para o
quarto de meu pai. Mamãe e papai estavam fazendo umas coisas estranhas. Ela por
cima dele, quase pulando e ela gemia baixinho. Não entendi. Fiquei mais assustada
ainda e preferi voltar para minha cama. Mas parecia ser bom o que eles faziam. O que
era aquilo?
- Vou tentar ver se minha mãe faz o mesmo com meu pai - disse sua amiga. -
Vou tentar olhar ela quando estiver dormindo com meu pai.
- Vou perguntar pra mãe o que ela estava fazendo. Fiquei curiosa. Tenho que
descobrir. Gosto de descobrir as coisas. Sempre gostei.
De fato, Andreza falou com sua mãe e ela desconversou. “Será que você estava
sonhando, querida? Não sei do que você está falando?”, retrucou Ester.
- Mãe, acho que eu não estava sonhando.
Sua mãe não encontrava outra forma de dissuadi-la. Andreza tinha 8 anos
apenas, era curiosa e nessa idade é difícil falar sobre sexo com uma criança. Fôra um
descuido deixar sua filha os ver em momentos íntimos e os pais não perceberam que
eram flagrados fazendo sexo.
Andreza conversou outras vezes com Carla, mas ela não conseguia descobrir
nada.
- Não consigo ver meus pais dormindo - disse Carla. - Passo a noite no meu
quarto com minha irmã mais velha e eles trancam a porta do quarto deles. Também
não escuto nada vindo do quarto deles.
Andreza também não presenciou mais nada estranho. Seus pais ficaram mais
cuidadosos.
O pior viria depois. Um garoto da escola assistiu aos pais fazendo sexo oral e
contou para Andreza. Ela ficou desconfiada, sem entender bem, mas nasceu daí a
malícia em seu coração. Parecia que a idade da inocência estava acabando.
Não comentou, porém, nada com seus pais sobre o que seu amigo da escola
tinha relatado.
Sua mãe, entretanto, em certo dia, não suportou, tomou uma decisão, e se
voltou para Andreza, reservadamente:“Filha querida, preciso te falar uma coisa muito
séria. Você é criança, mas está ficando mocinha, e acima de tudo é mulher. As
mulheres guardam uma coisa muito preciosa. E são indefesas. Você precisa se
defender“.
- De quê, mamãe? – questionou a menina, de pronto.
- Dos homens – completou Ester. - Se algum homem tocar em você, nas suas
partes íntimas, me conte; me informe de imediato. Não tenha medo de me falar. Vou
te ajudar. E se for o caso, se alguém mexer com você, grite, não aceite o que quiserem
fazer com você e corra. Não me esconda nada. Sou sua mãe e sempre vou poder te
ajudar.
- Tudo bem, mamãe. E o que os homens fazem com as mulheres?
- Podem machucar e se aproveitar da inocência das meninas.
- E por que somos inocentes? O que é inocência?
- As crianças não sabem de tudo, são frágeis e indefesas. Precisam dos pais. As
mulheres, mais ainda. Os homens podem fazer o mal, baterem, machucarem e até
arrastar uma criança e levarem embora. Podem molestar uma mulher, se valendo da
força, por ser o sexo feminino muito menos forte fisicamente.
Apareceram mais questões em sua mente, mas não quis fazer muitas perguntas
aquele dia.
- Mamãe, você está me pondo medo. Estou ficando assustada.
- Por que, minha filha? Desculpe, mas eu precisava lhe falar estas coisas.
- Não entendi muito, mas fiquei com medo. Prometo que vou contar tudo que
acontecer comigo. Mamãe, mais uma coisa: papai é homem! Ele pode fazer mal pra
mim?
- Não, minha filha. Ele é seu papai e ele te ama. Não esqueça isso.
- Ainda bem, mamãe. Fiquei mais calma.
Fora difícil para sua mãe estabelecer esta conversa com a filha, mas achou que
se tornara imprescindível e o momento oportuno, apesar da tenra idade de sua filha.
Não quis falar exatamente sobre sexo, não encontrou forma, mas aquela conversa já
era uma entrada. Sentia que sua filha era muito criança para ouvir sobre sexo.
Andreza ficou curiosa, mais ainda, mas se conteve com suas dúvidas. Sua mente
ainda muito infantil não conseguia entender bem aquilo e não era imaginativa nem
questionadora o bastante para isso.
Aconteceu porém que uns dois anos depois sua irmã mais nova descobriu
novidades na escola, em verdade informações sobre sexo e contou para Andreza e foi
quando as duas começaram a compreender melhor o que era uma relação sexual.
- Andreza, meus amigos disseram que o homem e sua mulher se deitam na
cama e fazem sexo. E vou continuar perguntando como é isso.
Tudo serviu para Andreza reavivar suas memórias e conseguir juntar as peças
do quebra-cabeça para entender de fato o que é uma relação sexual.
Algum tempo depois, todavia, Andreza confessaria para uma amiga:
“Depois que mamãe me falou umas coisas fiquei muito curiosa e comecei a
tocar partes do meu corpo na hora do banho e ao deitar na cama para dormir.
Comecei a acariciar meus seios e minha periquita e achei bom. Foi uma sensação
diferente, gostosa, que eu não havia sentido ainda. Ficava molhada e me achava mais
relaxada. Mas pensava que não deveria estar fazendo aquilo, achava errado e me
culpava. Tinha medo de falar isso para mamãe. Ela ia me repreender. Mas, ao mesmo
tempo, por ser proibido, achava que era melhor ainda e eu queria fazer de novo.”
Carla, que era um ano mais velha, descobriu que isso era masturbação e que se
for em excesso pode fazer mal.
- Uma menina da escola disse que isso se chama siririca (*). E que algumas
meninas fazem nas outras - contou Andreza. - E disse ainda: “ Mas não quero que
ninguém faça em mim.”
- E você já andou fazendo isso? Siririca...
- Não, não, nunca fiz - mentiu Andreza.
E ainda perguntou:
- Carla, por que se tocar e se masturbar em excesso não é bom? Eu me
pergunto...
- Não sei bem, mas acho que pode fazer mal, Andreza. Você parece ter ficado
muito curiosa sobre tudo isso.
E Andreza não falou mais nada neste dia.
Ela achava, porém, que sua irmã mais nova também já andava-se masturbando,
pois um dia na hora de dormir pareceu-lhe que ela tocava suas partes íntimas e
vocalizava palavras ou murmúrios estranhos.
Mas não quis questioná-la inicialmente. E Andreza deixou de se masturbar no
momento de dormir, com receio de ser desmascarada.
____ (*) Termo coloquial brasileiro usado para indicar uma forma de masturbação
feminina.

Em sua mente Andreza começou a se questionar por que motivo as mulheres e


as meninas se masturbavam e será que os garotos também faziam? E como os homens
se masturbam?
Aconteceu depois que a mãe de Carla descobriu os conteúdos de suas
conversas com Andreza e contou para Ester.
- Imagine uma coisas dessas. Do que essas meninas andam falando? Isso é
conversa para crianças? Sua filha comentou alguma coisa com você?- reclamou a mãe
de Carla.
- Não, Margareth. Ela nunca falou nada sobre esse assunto comigo.
- Perdoe-me perguntar, mas: você já falou sobre temas de sexo com sua filha?
Porque acho um absurdo os pais falarem desses assuntos nessa idade.
- Não. Nunca abordei nada sobre estes assuntos com ela - mentiu Ester, pois
parecia que aquela sua conversa anterior com Andreza tinha aberto o interesse de sua
filha para os temas relacionados a sexo.
- Converse com ela. Mas nem sei como você vai falar. Talvez seja melhor
esquecer por enquanto e apenas ficar mais atenta. Cuidado com as companhias de sua
filha. Preste mais atenção! Acho melhor nossas filhas ficarem um tempo sem se falar,
para não tocarem nestes assuntos. Não deixe de levar ela aos cultos duas vezes por
semana. Veja se ela está atenta ao que o pastor prega.
- Vou cuidar mais de minha filha. Até outro dia - e se despediu.
- Pode deixar, - disse Ester, um pouco envergonhada. - Isso não se repetirá
mais. Estarei atenta. Obrigada por me avisar. Vou falar com Andreza.
Ester procurou sua filha. Expôs a razão da conversa com a mãe de Carla.
Relatou o conteúdo da conversa e a garota ficou envergonhada. Disse que Carla
trouxera o assunto e negou ter o tema partido de sua pessoa. Nem por isso Ester foi
amena com sua filha e lhe ordenou que não falasse mais com suas amigas sobre estes
temas.
- Tire suas dúvidas comigo – pediu Ester, encarecidamente.
De fato, Ana Carla desde então se afastou de Andreza.
Andreza sempre foi uma criança comedida. Aos 9 anos de idade seu pai e sua
mãe lhe presentearam com uma bicicleta, e apesar de todos os cuidados de seu pai, a
criança se acidentou e ela se machucou, não tendo sido atropelado por um veículo por
pura sorte.
Seus pais a levaram para uma unidade de saúde próxima onde recebeu
atendimento; não foi constatado nada de sério, a garota recebeu curativos e foi
liberada. Todavia, seus pais ficaram apreensivos com o que havia acontecido com sua
filha, recolheram sua bicicleta e ficaram receosos de que ela pudesse se acidentar
novamente, e pior, de forma mais grave. A bicicleta tinha ficado um pouco danificada,
e com muitos arranhões, e terminaram por vendê-la. Andreza questionou seus pais se
receberia outra bicicleta, e eles mentiram dizendo que sim, mas em verdade não
tiveram coragem de comprar outra bicicleta para Andreza. Este episódio marcou muito
a infância da menina e teria consequências no seu comportamento futuro. A criança
passou a se comportar de maneira mais melindrosa e arredia e seus pais ficaram mais
superprotetores.
Quando a garota adoecia era outro problema. Ela não aceitava bem tomar as
medicações e se indispunha com seus pais, principalmente sua mãe, que terminava
sendo a única que conseguia fazer Andreza tomar as medicações prescritas, embora
muitas vezes de forma impositiva e na base de muito sacrifício. Tudo isso gerava
desconfortos entre Andreza e sua mãe. Seu pai era mais passivo e era da opinião de
que não deveriam obrigar sua filha a consumir os medicamentos. Ester insistia, porém,
que os medicamentos haviam sido indicados pelo médico por necessidade e não
caberia a Andreza decidir tomá-los ou não, dado ser ela ainda uma criança, e sua saúde
estar na responsabilidade de seus pais. Sua mãe procurava lhe explicar tudo isso, mas
a jovem morena era rebelde para tomar as medicações. Quando ela adoecia e
precisava tomar medicamentos, sua mãe se via em grande aperto e era uma situação
estressante.
Ainda aos 9 anos de idade ocorreu um fato pitoresco e inusitado na vida de
Andreza. Ela saiu com sua família para assistir à festa e às danças do boi-bumbá e por
um instante a garota se afastou de seus pais, estando na companhia de Marcela, que
já tinha 14 anos de idade. Apareceu então do nada uma cigana quiromante, a qual
segurou a mão esquerda de Andreza, expondo a região palmar e olhando nos olhos da
criança, começou a dizer:
- Filha, posso ler sua mão e falar de você?
- Ela, de modo inocente, respondeu que sim. Marcela ficou curiosa e se
pronunciou neste instante:
- Senhora, não tenho dinheiro para pagar seu serviço!
- Não irei cobrar nada de duas crianças lindas como vocês – explicou a idosa. E a
cigana continuou, fitando os olhos de Andreza:
- Minha criança, você se sente com frequência intimidada e desafiada. Sua
mente já é de uma pessoa quase adulta, você é séria e gosta de amigos bem
mais velhos .
- Como a senhora sabe disso? - questionou sua irmã.
- Eu sei, pois eu leio isso nas mãos e nos olhos dela – justificou a idosa. E disse
mais coisas:
“Você é muito reservada e tem necessidade de ser levada a sério, o que pode
gerar sofrimentos para ti e chega a se sentir desconfortável no papel de criança; você
sempre vai aceitar somente o que é muito bom. Menina, tu nasceste para o mundo
adulto. Tens as habilidades de ser prática e concreta. Serás sempre uma pessoa
extremamente racional. Os outros toda vida precisarão te pedir permissão para tudo
que forem fazer contigo. És muito apegada aos teus pais, mas haverá de te libertar.
Acreditas hoje em hierarquia, mas logo romperás esta regra. Serás ambiciosa e sempre
confiara mais nos teus próprios esforços ao invés de confiar nos que te cercam. Amas a
paz e a quietude. És tímida, gosta de ser discreta, mas tens um ótimo senso de humor.
Cuidado com o senso de perfeição, com o orgulho e o medo de demonstrar seus
sentimentos. Tens muita paciência para se concentrar nos teus trabalhos e alcançar
seus objetivos. Terás que lutar a vida toda. Você será muito famosa pelos seus feitos,
mas não pela sua vontade nem pelo seu esforço, mas sim pela vontade e pelos
esforços dos outros. Deus te acompanhe”.
Andreza e Marcela estavam embevecidas. Nisto a mais nova se pronunciou:
- Senhora, entendi muito pouco do que você falou. É tudo sobre mim?
- Sim, criança.
- Como você sabe tanto da minha vida?
- Suas mãos me contaram. Entendeste pouco hoje, mas conforme o tempo
passar perceberás que eu estava certa.
E a senhora se afastou delas, desaparecendo na multidão.
O pai e a mãe de Andreza surgiram, então, aflitos, pois já procuravam as duas
filhas há 15 minutos e não as encontravam.
- O que vocês faziam, meninas? - questionou-as sua mãe.
- A gente estava conversando com uma senhora – disse a mais velha.
- Quem, minha filha? Alguma conhecida? - perguntou seu pai, ainda
preocupado.
- Não sabemos quem ela é e também não disse seu nome - revelou Andreza.
- Não falem com estranhos - pediu Ester.
- Só sei que a mulher pediu para ver as mãos da minha irmã e começou a dizer
um monte de coisas – confessou Marcela.
- Deve ter sido uma cigana – concluiu José. – Já vi algumas por aqui.
- Filhas, não reparem em nada que ela disse – pediu aquela mãe. - Ler mãos
não é coisa de Deus. Não acreditem em nada do que ela disse. Somos evangélicos e só
podemos crer no que a Palavra de Deus nos revela.
- Tudo bem, mamãe – prometeram as duas garotas.
E a família preferiu ir embora daquele lugar.
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Aos 10 anos de idade os pais de Andreza foram chamados na escola, pois ela
havia puxado os cabelos de uma coleguinha de mesma idade que a sua e também lhe
desferiu um pequeno bofete no rosto por conta de pequenas richas pessoais e ofensas
trocadas entre a garota e Andreza com sua irmã Melina. Ester havia algumas semanas
atrás instigado suas filhas a tirar satisfação de uma garotinha que se desentendeu com
Melina. José, todavia, não ficara sabendo deste episódio. Ao serem convocados pela
diretoria da escola, Ester e seu esposo José, negaram que sua filha do meio fosse uma
criança agressiva e disseram não saber que ela mantinha desavenças com colegas da
escola ou do bairro. Ela tinha bom comportamento prévio, mas apesar disso recebeu
uma suspensão de 3 dias e uma anotação em seu boletim de ocorrência escolar.
José ficou sem entender o comportamento de sua filha e a questionou sobre o
porquê dela ter cometido tal desvio de conduta.
Melina adiantou-se à conversa, dizendo que uma menina mais velha que ela
tinha lhe dado um empurrão e ela, Melina, se machucara levemente por conta disso.
Andreza, alguns dias depois disso tudo ocorrer, estava então fazendo um acerto de
contas com a garota e, portanto, apenas defendendo Melina.
José não aceitou as alegações de sua filha caçula e Andreza limitou-se a
responder que não sabia porque tinha feito aquilo. Quando perguntada por seu pai se
estava arrependida de seus atos, ela preferiu ficar calada. Ele ainda disse:
- Vocês fizeram tudo errado! Não se resolve as coisas assim. Se algum colega de
escola fizer algo de mal para vocês contem os fatos aos professores e para nós, seus
pais, e não tentem se vingar de seus amigos e brigar ainda mais com eles. Não
aumentem os conflitos. Falem conosco, que vamos tentar resolver de forma amistosa,
tomando as providências certas. Entendidas?
Andreza e sua irmã concordaram com um aceno. Neste momento olharam para
sua mãe totalmente caladas e a mesma fez de conta que não tinha nenhuma culpa
pela atitude da filha.
Ao chegar à sua casa, Ester reclamou com Andreza pelo que ela tinha feito,
disse estar envergonhada do que tinha falado para suas filhas algumas semanas atrás e
pediu para elas guardarem segredo com relação a José. Elas prometeram que não
contariam nada e a história se encerrou por aí. Depois desse dia, Andreza não cometeu
mais nenhum deslize ou ato condenável em sua escola.
Aos 11 anos de idade a morena começou a despertar a atenção de dois primos
de idade próxima à sua, um deles morando em sua rua. Ester percebeu que os garotos
passaram a frequentar sua casa com mais frequência e indagar mais sobre Andreza,
aumentando o interesse por ela. Eram frequentes os convites deles para acompanhá-la
nos cultos e para tomar sorvete. Ela, porém, de forma antagônica, diante das
investidas de seus primos, preferiu se afastar mais deles, fugindo de qualquer
aproximação. Suas tias e sua mãe Ester notaram isso e acharam a sobrinha um pouco
orgulhosa. Ela terminara por se afastar um pouco da casa de suas tias, mães dos
referidos primos, para fugir do assédio deles. As irmãs de Ester falaram então com ela
e expuseram sua opinião, dizendo acharem exagerada a reação de Andreza e pediram
para ela não se afastar delas por motivo tão fútil, alegando que as paqueras entre os
primos são frequentes e em geral passageiras, sendo típicas da adolescência. Ester
alegou então que sua filha era muito nova ainda e não cogitava namoros até então,
sendo ainda muito infantis seu comportamento e suas idéias.
Ester procurou, mesmo assim, sua filha, para um diálogo. E dirigiu-se a ela com
estas palavras:
- Filha, por que você está se afastando tanto da casa de suas tias? Elas estão
achando seu comportamento estranho. E elas estão tristes por isso. Elas gostam muito
de vocês, minhas filhas! Elas te adoram, Andreza. Não faça isso. Só por que seus
primos estão se interessando por você?!..
- É por este motivo mesmo, mãe. Não sei outra forma de fugir deles.
- Filha, basta dizer não. Fale para eles que só deseja amizade.
- Eles são insistentes.
- Isso vai passar logo, é uma fase... É comum primos quererem namorar com
primas, mas só acontece se os dois aceitam.
- Não quero namorar primos. Até acho que pode prejudicar o relacionamento na
família e criar inimizades se o namoro não der certo, não vingar.
- É verdade. Você pode ter razão, mas também não é motivo para se afastar de
sua própria família. Os rapazes até podem se achar rejeitados...
- E qual o problema?
- Não se faz isso nem com estranhos; imagine com os primos. Dê atenção a eles,
mas diga logo que não quer namoro; fale que você quer a amizade deles, de primos.
- Pode ser. Vou tentar ser clara com eles.
- Mas não seja preconceituosa com seus primos. E procure falar com jeito, sem
grosserias.
- Eu não sou preconceituosa, mãe – rebateu Andreza, um tanto irritada. - E acima
de tudo ainda tenho que falar com jeito?! Eles é que vêm me amolar e pegar no meu
pé e eu que vou precisar de jeitinho para responder a eles. Era só o que me faltava!
- Andreza, não fale assim! Não seja orgulhosa nem arrogante.
A jovem, porém, continuou em tom de exaltação:
- É, mãe, eu não penso em namoro ainda. Sou muito nova. Mas quando começar
não quero namorar qualquer um, não quero namoro com familiares, eu quero o
melhor para mim, quero crescer, melhorar de vida.
- Andreza, cuidado com o que fala. Eu concordo com você, mas não trate mal sua
família. Eu te peço.
- Está bem, mamãe.
- Filha, eu quero muito que você seja uma pessoa importante. Foi por isso mesmo
que eu e seu pai escolhemos um nome tão bonito para você.
E a garota foi almoçar, encerrando assim o debate daquele dia com sua mãe.
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Algum tempo depois na escola um menino levou uma revista com conteúdo
de sexo explícito e Andreza pôde ver a revista, ficando chocada, pois sua reação foi de
espanto. O sexo pornográfico a impressionou, e ficou muito assustada com tudo
aquilo.
- Tira esta revista de perto de mim, só tem coisas feias - suplicou Andreza, em
reação ao colega da escola.
Não quis comentar, todavia, esse ocorrido com seus pais. Eles também não
tinham ainda determinado com ela um canal de comunicação para falar sobre sexo e
relacionamento ou namoro.
Depois, em sua escola, começou a ter aulas sobre Anatomia Humana,
Reprodução e Sexualidade. Já tinha 12 anos e muita coisa se abriu em sua mente.
Chegou a ver outras revistas com conteúdo sexual e até adquiriu uma revista
escondido de seus pais, com uma grana dos lanches que economizou, num
comportamento não muito usual para as garotas de sua idade.
Ainda aos 11 anos ela se interessou por um colega da Igreja e depois outro da
escola, mas eles não lhe deram cabimento e não rolou nada.
Foi aos 12 anos de idade, porém, que ocorreu um lance no templo de sua
Igreja, exatamente uma apresentação com música e após o evento um amigo que
simpatizava com ela deu-lhe um beijo na saída, na boca. Beijo muito inocente, e se
separaram, indo embora cada um para sua casa.
Chegou à sua residência e contou do beijo para sua mãe. Esta retrucou, deste
modo:
- Mas, minha filha, você não tinha me falado deste rapaz ainda? E como você
foi beijar um rapaz sem nem eu e nem seu pai conhecermos. Ou você tinha falado para
seu pai sobre ele? Qual o nome dele, quem são os pais? Como você se interessou por
ele?
Andreza ficou um pouco surpresa pela reação de sua mãe; eram tantas
perguntas e se sentiu até um pouco chateada, mas ao fim concordou parcialmente
com ela e respondeu:
- Desculpe, mamãe. Ele é um bom garoto. Também não falei dele para meu pai.
Conversávamos de vez em quando, rapidamente. Achei sempre que ele trocava
olhares comigo. O beijo dele também me surpreendeu. Foi tudo muito rápido e nos
separamos. Não falamos mais nada.
- E quem são os pais dele?
- Luís Cláudio e Elisângela, me parece.
- Minha filha, você não sabe direito os nomes dos pais do rapaz? Cuidado. Não
faça mais isso.
- Desculpe, mamãe. Mas só fiquei em dúvida sobre o nome da mãe dele.. Mas
conheço bem os dois de vista. O pai e a mãe dele.
- E nunca falou com eles pessoalmente?
- Mamãe, eu não namoro com ele. É apenas meu colega da Igreja.
- Mas é preciso conhecer os pais antes de querer namorar um rapaz.
- E sobre os pais dele? Tudo bem...? Questionou a moça, tentando obter um
retorno de sua mãe.
- Vou falar com seu pai, Andreza. Não conheço eles muito bem. Os pais deste
rapaz. Conversarei com seu pai.
- Mamãe, eu não o estou namorando. Foi somente um beijo. Nem sei se ele vai
me procurar depois.
Andreza achou tudo muita complicação e dificuldades demais para iniciar um
namoro e no fundo não concordou totalmente com sua mãe.
De fato, após este dia o rapaz não procurou mais a jovem e algumas vezes
acenou para ela apenas com um oi, até se afastando das conversas. Ela ficou sem
entender, quis procurá-lo para conversar, porém desistiu. Ficaram dúvidas em sua
cabeça de por que Eduardo não falou mais com ela, e rapidamente o esqueceu. Sua
mãe também não a procurou para dar o resultado da conversa com seu pai sobre o
rapaz.
Andreza ficou um pouco chateada no início, pensando se foi interferência de
seus pais ou dos pais dele, e que não aceitariam o namoro e chegou a conversar com
sua mãe.
- Foi até bom, minha filha, ele não procurar mais você. Andreza, você é muito
nova ainda para namorar. Vai haver tempo. Estude primeiro. A prioridade são os
estudos. Namoro vem depois.
Andreza ficou um pouco decepcionada com as alegações de sua mãe.
- Sei que sou muito nova, mas um namoro bobo não faz mal a ninguém.
Conheço duas amigas na escola que têm minha idade e já namoram. Eu queria ter um
namorado.
- Paciência, minha filha. Sua hora vai chegar. Você é lindinha. Os rapazes vão se
interessar por você. As coisas de Deus têm a hora certa e seu propósito.
- Você me acha só lindinha? E quanto vou esperar ainda?
- Você é linda, minha filha. Muitos garotos vão se interessar por você. E sua
idade de namorar vai chegar, tenha calma. Tudo a seu tempo. Eu mesma só comecei a
namorar com 16 anos.
- Você, mãe. Eu não sou você. Eu quero namorar antes... Com 18 anos você já
era mãe..
Andreza nunca tinha respondido assim sua mãe, em tom questionador.
- Andreza, me respeite. E Deus me livre de você ser mãe aos 18 anos. Muito
nova. Vai estudar primeiro, se formar.
- Eu que não quero ter filho com 18 anos. Tenho muitas coisas a realizar em
minha vida antes de ter filhos. Você me entendeu mal.
- Muito bem - finalizou Ester. – Desculpe.

Quando Andreza nasceu, ela morava com seus pais e seus avós maternos, além
de duas tias, irmãs de sua mãe. Outra tia sua residia na mesma rua, porém em uma
casa próxima. Algum tempo depois a família se mudaria para uma casa no bairro
vizinho de São Cristóvão, onde morava uma das irmãs de José, a qual se mudaria para
Brasília-DF com seus filhos, deixando sua casa para José morar com sua família.
Naquela casa em que Andreza nasceu na Vila Brasil moravam muitas pessoas e
era desconfortável. A neta tinha 12 anos e indagou sua avó certa vez:
- Vovó, a senhora teve quantos filhos? Pois só na nossa rua moram quatro:
mamãe e mais três.
- Minha neta, eu tive oito filhos: 6 mulheres e 2 homens. - E sua avó repetiu o
nome dos oito filhos, além de suas idades.
- Vovó, você namorava demais! – brincou Andreza.
- Querida, - continuou Maria Augusta – no tempo de sua avó era difícil
conseguir pílulas para não engravidar.
- Vovó, eu já estudei algo sobre isso na escola.
- As crianças de hoje são muito sabidas, Andreza. Descobrem muitas coisas
cedo demais. Informações que na minha criação eu só vim aprender com quase 18
anos de idade.
- E o vovô também era muito danado. Oito filhos. É muito filho, vó.
- Minha neta, sua bisavó teve foi treze filhos!!!
- Vovó Augustinha, no tempo dela não tinha televisão ainda? Vocês só
pensavam em namorar?
- Menina, não diga uma coisa dessas – repreendeu sua avó materna. – Claro
que não tinha televisão no tempo da sua bisa. Mas era bom ter muitos filhos para
cuidarem de casa e da lavoura.
- Ah! Entendi, vó.
- E não existia pílula para não pegar menino; e fazer ligação com o médico, isso
é que era difícil as mulheres conseguirem.
- Vovó, eu gosto de saber as coisas: o que é ligação?
- Ai meu Deus, estou falando demais. Essa menina é muito curiosa! Ligação é
uma cirurgia, filha, que as mulheres fazem para não ter mais filhos.
- Ah! entendi, vó. Mas liga o que mesmo? A senhora sabe?
- Sua avó não é muito estudada, filha. Não sei de muita coisa. Mas dizem que o
médico liga as trompas da mulher, perto do útero.
- Pois, vovó, a senhora sabe é muita coisa. E a senhora fez ligação?
- Não, mas precisei fazer cirurgia e retirar tudo.
- Por quê?
- Sangramento, minha filha e útero caído. Eu tive oito filhos, esqueceu? E todos
por parto normal. Eu também tinha medo daquela doença, câncer. Graças a Deus não
deu.
- Vó Augustinha, hoje eu não vou perguntar mais nada para não lhe incomodar.
- Tudo bem, filha. Você falou em televisão. As crianças e os jovens de hoje
aprendem é coisas demais na televisão e por isso querem namorar muito cedo. A TV
ensina coisas boas, mas coisas ruins também.
- Vó, e quem faz cirurgia que tira tudo, ainda pode namorar? - indagou Andreza,
esquecendo-se de que havia prometido não perguntar mais nada para sua vó aquele
dia.
- Menina danada, você quer saber demais! Você é muito sabida! Não vou
responder mais nada pra você hoje! E eu vou contar para sua mãe que você está muito
curiosa...
- Conta não, vovó – pediu Andreza. – Não precisa mais responder.
E as duas encerraram a conversa aquele dia. Sua avó lhe ofereceu um doce de
abóbora com coco ralado que ela mesma tinha preparado e um copo de água e a sua
neta foi experimentar.
_______________________________________________________________________
A partir de 12 anos de idade Andreza começou a se interessar pelo universo
masculino. Ia assistir treinos de futebol num campo perto de sua casa. Ela confessou
depois por que motivos iniciou este hábito: “Adorava ver aqueles rapazes suados
correndo atrás daquela bola. Parecem uns bobos; mas seus corpos são bonitos. Têm
pernas e coxas grossas e torneadas e muitos deles a barriga sarada, bem chapadinha.
Eu gosto é disso. Por isso gosto de ir vê-los jogar. Acho que sou meio tarada por isso e
me dá tesão. Adoro“.
Seu pai gostava muito de futebol e achava curioso sua filha se interessar por
futebol também, pois em sua opinião ainda parecia ser um esporte muito masculino.
Mas também não achava que sua filha gostava de futebol por ter alguma tendência
homossexual. Ele via sua filha como uma moça totalmente feminina e de
comportamento normal. Para agradar ainda mais seu pai ela se declarou torcedora do
mesmo time que ele, e este ficou bastante orgulhoso. Não tinha um filho, mas tinha
uma filha que torcia com ele pelo seu clube do coração. Tudo isso o alegrou bastante.
Ele repetia:
- Filha do coração, só você mesma para fazer isso pelo seu pai. Te amo muito.

Quando Andreza tinha 12 anos de idade sua mãe decidiu fazer o curso de
Enfermagem para conseguir um trabalho melhor. Ester procurou então seu marido e
conversou com ele sobre sua intenção.
- José, meu marido, eu pensei em fazer uma faculdade.
- Qual, meu bem? – indagou seu esposo.
- Enfermagem. Sei que será difícil trabalhar, cuidar da família e estudar ao
mesmo tempo, mas preciso conseguir um emprego melhor e sei que esta profissão
tem boas oportunidades de emprego em nossa cidade. E eu me identifico com a área
da saúde.
- Que bom, Ester. Só me preocupo com nossas filhas e sei que sua vida vai ficar
muito atribulada no período em que você estiver estudando.
- Sei José que vou passar por provações e terei que me doar mais ainda, porém
eu sinto que preciso conseguir um trabalho para ganhar melhor e eu pensei na
Enfermagem. Pode-se trabalhar em postos de saúde, em hospitais, e outros .
- Sim, é verdade.
- Você me apóia?
José respondeu prontamente:
- Claro, minha esposa. Eu também desejo o melhor para você e que seja para o
bem de nossa família.
- Deus vai-me abençoar em minha escolha!
- Você vai conversar com nossas filhas sobre sua decisão?
- Sim, vou falar o quanto antes.
- Quando serão as provas para Enfermagem?
- Vou fazer duas provas. Daqui a 06 meses. Vou frequentar primeiro um curso
preparatório. Tenho estudado em casa, preciso de um reforço. Este curso será
noturno de 18 às 22 horas, de segunda a sexta-feira feira por quatro meses. Vai
atrapalhar minha frequência aos cultos, mas vou fazer este sacrifício.
- Bons estudos então, meu amor. Que Deus te ilumine e você passe logo na
primeira tentativa!
- Sim, vai dar certo.
No dia seguinte, à noite, Ester reuniu suas filhas e seu marido após o jantar e
deu a notícia para elas.
- Filhas, - começou a mãe - preciso contar para vocês uma decisão muito
importante que tomei em concordância com o pai de vocês.
- O que foi, mamãe? - indagou a mais velha, Marcela, um tanto assustada.
- Não é nada ruim - disse Ester, procurando acalmá-las.
- E o que é então, mãe? - questionou por sua vez, Andreza.
- É uma notícia boa, mas vou precisar da compreensão de todas vocês. Mamãe
precisa conseguir um trabalho melhor e para isso eu decidi fazer um curso de
Enfermagem.
- É mesmo, mãe?- indagou a caçula, aparentemente feliz.
- Sim, minhas filhas. Eu sei que será apertado para mim e vou passar por um
período muito atribulado, muito difícil, mas preciso correr atrás de melhorias para nós
e para ajudar seu pai nas despesas de nossa casa. Eu comecei a trabalhar no comércio,
mas ganho pouco e preciso conseguir um emprego melhor. Eu decidi pela
Enfermagem pois gosto dessa área e aparecem boas oportunidades de trabalho neste
setor em nossa cidade.
- Parabéns, mamãe, por sua escolha – declarou Marcela.
Andreza, porém, afirmou para todos:
- Mamãe, pai, acho bom a senhora trabalhar, mas só me preocupo pelo fato de
que a senhora vai ficar menos tempo conosco pois estará mais ocupada. Vai nos dar
menos atenção e precisamos da senhora.
- Oh, minha querida, é verdade. Mas será por um tempo passageiro e por uma
causa nobre.
- E se a senhora for dar plantões à noite? - questionou Andreza. - Vai nos
deixar sozinha com papai nos dias de plantão. Eu sei que enfermeiras também podem
trabalhar à noite.
- Prometo que farei de tudo para não trabalhar a noite quando eu me formar e
conseguir um emprego. Vou procurar trabalhos que sejam somente durante o dia.
- Mas, mamãe, durante o curso de Enfermagem, a senhora vai ter que dar
plantões à noite? - interpelou a mais velha.
- Sim, filhas, mas somente nos períodos de estágio, que devem durar cerca de 1
ano e meio.
- Ah, mamãe, fiquei feliz mas também fiquei triste ao mesmo tempo –
desabafou a filha do meio. – Não nos abandone. Papai, e o que o senhor acha disso
tudo?
- Filha, eu estou aqui para apoiar e estimular sua mãe. Foi uma decisão que
partiu dela, e ela tem o direito de estudar e trabalhar, e tenho convicção de que ela
procura o melhor para nossa família. Eu peço que vocês também apoiem sua mãe na
decisão que nós tomamos.
- Vou tentar - revelou Andreza.
- Tomara que esse período passe logo – desejou Melina.
- E quando você fará as primeiras provas, mamãe? - questionou a filha mais
velha.
- Daqui a 6 meses. Preciso estudar antes dos testes, minha filha. Se tudo correr
bem, inicio o curso de Enfermagem no próximo ano.
- Vamos torcer por você, mamãe – continuou Marcela. – A senhora é uma
guerreira e merece.
- Deus abençoe nossa família - pediu aquele pai. – Ester, meu bem, que você
realize seus sonhos e tenha sucesso na carreira que você está almejando.
- Obrigado, José. Nosso Deus estará sempre comigo. Orem por mim, filhas.
Peçam por sua mãe em suas orações.
- Sim, mamãe, pediremos - concluiu Andreza. – E as demais concordaram com
um aceno de cabeça.
Andreza, porém, saiu daquela sala para seu quarto um pouco tristonha. Ela
acreditava que sua mãe a partir de então não poderia mais lhe dedicar tanta atenção
como antes e as duas terminariam por se afastar mais uma da outra, de forma
gradativa. Andreza passou a ter este temor. De fato, dentro de nove meses, Ester
iniciou o curso de Enfermagem, pois teve êxito no concurso vestibular.
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O relacionamento de Andreza e sua mãe foi piorando com o tempo. Ester não
deixava Andreza sair sozinha com as amigas e o não era a resposta mais frequente aos
pedidos feitos pela filha. Praticamente ela só podia sair com a irmã mais velha, ou com
os pais para o templo evangélico ou algum outro lugar. Limitavam-se nos finais de
semana a visitar familiares, ir a shoppings, restaurante ou a praia, mas nem eram
todos os finais de semana que saiam de casa para almoçar ou jantar fora. Somente os
cultos evangélicos eram o programa obrigatório.
Andreza interessou-se por outros rapazes, mas devido às reações anteriores de
sua mãe, em geral trazendo empecilhos para que Andreza namorasse esta preferiu
desligar-se um pouco destas investidas, e decidiu ficar sem namorado. Nasceu nela
uma espécie de sentimento de medo de relacionamentos afetivos. Parecia ser um
tabu.
Ester começou a ter medo de que sua filha fosse muito assanhada e passou a
vigiá-la. O medo era que Andreza fizesse coisas erradas, se tornasse muito
namoradeira, começasse a ter relações sexuais na adolescência, contraísse doenças,
engravidasse e ficasse mal falada na vizinhança e na Igreja. Todos os receios de uma
mãe superprotetora e com memórias de casos semelhantes que já tinha presenciado.
Ester ficou até um pouco neurótica e começou a achar que todos os homens,
jovens e adultos, solteiros e casados olhavam demais para sua filha, com olhares de
desejo. Sua filha não era linda em sua opinião, mas era bonita, e não passava de uma
adolescente. Aquelas investidas contra sua filha a confrontavam e a ameaçavam e não
sabia como agir. Isso tornava Ester vulnerável. Seu esposo, porém, não se ligava muito.
Não parecia notar nada de errado e estranho. Ester também não sabia bem como
abordar tudo isso com seu marido e eram temas delicados para ela. Até se sentia
aliviada por pensar que seu esposo não notava que sua filha do meio já era desejada
por homens. Ester, porém, começou a perceber que havia algo diferente em sua filha,
e que atraía a atenção dos homens e isso a perturbava. Andreza parecia despertar a
cobiça dos homens por uma fêmea. Quando pensava então que Andreza poderia estar
notando aqueles olhares sedutores é que ficava mais angustiada. Ela não queria que a
filha naquela idade já se sentisse desejada e até assediada por homens mais velhos.
Parecia então para Andreza que ela era a filha de quem sua mãe tinha mais
ciúmes e que era a mais controlada. Começou a sentir sua vida cerceada, cheia de
limitações e prisões. Sua liberdade e suas vontades estavam ameaçadas. Não
compreendia bem porque sua mãe agia assim, mas não tinha coragem de conversar
seriamente sobre todos esses dilemas. Tudo foi afetando para pior a relação com sua
mãe. Como seu pai era aparentemente alheio a todos estes questionamentos e era
algumas vezes mais benevolente com Andreza esta foi-se afeiçoando ao pai e foram se
aproximando mais. Andreza sentiu então que estava gostando mais de seu pai do que
sua mãe.
Ester até pediu encarecidamente que sua filha mais velha ajudasse a guiar
Andreza e também a auxiliasse na vigilância de seus comportamentos. A relação das
duas irmãs passou a ser mais estreita a partir de então; porém, Andreza notou que a
intenção era bisbilhotar e controlar sua vida e em muitos momentos se indispôs com
sua irmã mais velha Marcela e tiveram pequenas discussões. A aproximação das duas,
todavia, fez com que Andreza aprendesse mais sobre relacionamentos afetivos, pois
sua irmã era 5 anos mais velha e já tinha namorado.
Aconteceu, porém, uma reviravolta na família. Marcela, infelizmente, cometeu
uma ação que gerou desgosto para seus pais e foi mau exemplo para as irmãs. Marcela
se descuidou e engravidou do namorado. Foi mãe aos 19 anos.

Ester estava apresentando muitos problemas de relacionamento com sua filha


Andreza, que estava na puberdade. Eram frequentes os desentendimentos e por isso
ela decidiu ter uma conversa com uma psicóloga com experiência no comportamento
dos adolescentes, a qual foi indicação de uma colega sua que trabalhava no hospital.
Esperava encontrar dicas e soluções para tentar melhorar sua relação com a filha do
meio, a qual já completara 14 anos de idade. A tarefa de manter saudável
o relacionamento entre mãe e filha não é fácil e Ester estava descobrindo esse fato da
pior maneira possível. Andreza era uma adolescente rebelde e havia se distanciado da
amizade de sua mãe, da qual já não era confissionária de seus segredos e dos detalhes
de sua vida.

Ester marcou com a psicóloga sem Andreza saber; apenas José sabia.
Chegando ao consultório se apresentou à atendente, e foi orientada a aguardar por
sua vez. Chegado o momento foi conduzida até a sala da psicóloga e se dirigiu à
profissional:

- Bom dia, doutora. Meu nome é Ester e você foi recomendada por uma amiga
minha.

- Bom dia, sou a Dra Priscila Andrade. Qual o nome de sua amiga?
- Tatiana Dutra. Ela trouxe aqui o filho adolescente, Felipe. Você se lembra? Faz
uns três meses aproximadamente, ela me falou .

- Ele é um loiro, bonito e ela morena clara do cabelo longo, da voz suave?

- Sim, são eles mesmos.

- Lembro sim. Mas me diga, Ester, o que te trouxe ao meu consultório?

- São problemas de convivência com minha filha de 14 anos, a minha filha do


meio. Também tenho uma de 19 anos, que teve filho recentemente e outra de 12
anos, mas esta não está me trazendo dificuldades ainda. Doutora, são comuns as
desavenças entre mães e filhas adolescentes? Eu nunca pensei que minha filha
Andreza (esse é o nome dela) ia ficar assim, trabalhosa. Ela era uma criança tão calma,
comportada e mudou tanto.

- Sim, Ester. Talvez o tema cause estranheza, mas no entanto, o assunto é


recorrente nos consultórios de psicologia e nas conversas entre amigas na mesma
condição que a sua. De fato, o relacionamento entre mãe e filha apresenta desafios
subjetivos e pode, em alguns casos, ser marcado pela severidade - relatou Priscila.
“Apesar de muito se esperar e exigir de um relacionamento entre mãe e filha,
nem sempre vemos a cumplicidade esperada. Também não são poucas as mães e
filhas que relatam dificuldades no relacionamento. A relação entre ambas não se limita
ao apoio e compreensão incondicional. Mães e filhas são humanas e como tal,
enfrentam dilemas e paradigmas. O que seria isso? Vou explicar: O relacionamento
entre mãe e filha pode enfrentar sentimentos nocivos, mesmo que permaneçam em
nível inconsciente. O julgamento, a culpa, a competição, a negação, a raiva podem
permear essa relação.
“A liberdade, a juventude, as descobertas trazem um sentimento de falta de
controle à mãe, que é lembrada pelo seu papel de matriarca.
Pois comece a me relatar, Ester, o que está ocorrendo entre vocês.
- Doutora, é o seguinte: Após entrar na adolescência, como era de se esperar,
Andreza mudou seu comportamento e suas atitudes. Mas não estou sabendo como
lidar com ela. Ela não aceita meus conselhos sobre namorados, não me comenta sobre
eles. Deseja as coisas como um celular e se ela me pede e não posso dar logo sinto
que ela fica aborrecida. Se eu dou uma ordem ela corre ao pai dela e ele ás vezes
cede e assim ela desrespeita minha ordem. Ela conversa pouco comigo, parece que
não confia mais em mim. Se tenho uma pequena discussão até saudável com o pai ela
fica depois estranha comigo ou parece defender mais o pai dela. Ela quase não quer
ajudar mais nas tarefas de casa. Briga demais com as irmãs. Implica demais,
principalmente com a mais nova, já que a mais velha não está morando mais conosco.
Ela não é carinhosa comigo, eu é que procuro ser com ela; me trata, ás vezes, de forma
grosseira. Não sei direito quem são os amigos dela da escola; ela não me fala sobre
eles.
- Ester, – continuou a dra Priscila - o crescimento da filha traz a constante
lembrança de que o tempo passou. Isso quer dizer que a filha está conquistando
autonomia e maturidade, e tenta mostrar isso à mãe, que não está ali para realizar
seus sonhos, nem viver o que foi sonhado para ela.
“Nesse conflito entre amor e ódio, elas irão se digladiar até encontrarem seus
novos papéis. Mesmo que isso resulte em afastamentos parciais ou definitivos,
podendo infelizmente destruir ou mudar para sempre, por completo ou parcialmente,
o relacionamento entre mãe e filha.
“Mas é possível tirar proveito desse comportamento, somando habilidades,
com compreensão, empatia e respeito, fazendo da autonomia de cada mulher, um
reforço extra, ou seja, despertando seu poder criativo e regenerativo.
- Como é a relação dela com o pai?
- É boa, mas ele é um pouco por fora de algumas questões. Ele, por exemplo,
não conversa muito com ela sobre o que está se passando na vida de Andreza e ele
também não debate comigo sobre a vida de nossa filha, só se eu entrar no assunto. Eu
é que proponho na maioria das vezes discussões sobre nossa filha. Em geral ele
concorda comigo, mas ele é mais propenso a ceder aos caprichos dela e suas vontades.
- Então converse mais com ele; vocês devem entrar em sintonia, em completo
alinhamento sobre o que vocês acham melhor para sua filha, mas devem sempre
procurar entrar em consenso sobre cada assunto para evitar passar mensagens
ambíguas ou conflituosas para ela. Lembrem-se que ela está com a mente em
formação, numa transição entre a infância e a idade adulta. Precisa de orientação e
apoio e de muita, muita paciência. Para dialogar com adolescentes é preciso saber
ouvir e ter muita, bastante boa vontade para não nos afastarmos cada vez mais deles.

- Acredito que o papel da mãe é, além de cuidar da saúde e alimentação,


transmitir informações que nortearão os comportamentos dos filhos para o resto da
vida. – declarou a mãe . Nestas informações estarão incluídos os valores da mãe que
poderão ser aceitos ou não pelos filhos, na minha forma de ver. Mas confesso que isso
gera mesmo muitos conflitos.

- Exato, Ester - continuou a psicóloga. - Quanto melhor for a relação da mãe


com seus filhos mais eles absorverão as informações passadas por você e terão a mãe
como referência.

“Quando a relação é com filhas (mulheres) a figura materna costuma ser mais
forte ainda e, seu papel de modelo a ser seguido é mais marcante. Tudo o que a filha
admirar em sua mãe poderá ser copiado e tudo o que ela rejeitar poderá ser evitado.
Por isso a mãe deve ter muito cuidado em manter uma ótima comunicação com a
filha, de forma a transmitir exatamente a mensagem que deseja, pois ela pode não
captar o que a mãe tem em mente e distorcer o conteúdo das informações passadas
por você e assim seu comportamento também será diferente da mensagem que a mãe
gostaria de passar.
- Doutora Priscila, o que posso fazer então? Como devo começar para melhorar
a interação com minha filha e para ela confiar mais em mim e se abrir comigo, que sou
sua mãe?

- Em primeiro lugar: Procure conhecer sua personalidade e a de sua filha. É a primeira


dica que te dou. Você deve saber se tem mais similaridades ou diferenças com sua filha, quanto
ás suas personalidades. Vai ajudar no diálogo e na compreensão mútuos.
Conhecer a si mesmo é fundamental para tomar decisões e observar com lucidez como
nos relacionamos. E se temos o poder de mudar a nós mesmos, é justo pensar que as
mudanças virão com o autoconhecimento.
“Todos os relacionamentos exigem mudanças. E um relacionamento entre mãe
e filha não seria diferente.
“Observe suas reações e os padrões que assumimos para obter o que
queremos. Ao identificar, mude o que gera conflitos.

- Será que minha filha algum dia será minha amiga e serei sua confidente? Eu sempre
imaginei isso para ela...

- E com sua filha mais velha foi assim?

- Foi, aproximadamente, sim. Tivemos e mantemos boa relação de convívio e


cumplicidade. Conversávamos bastante. Mas apesar disso ela engravidou cedo, aos 18 anos e eu
preferia que ela concluísse seus estudos primeiro.

A psicóloga continuou sua fala:

- Não é por serem mãe e filha que tudo deverá ser dito nas suas conversas.
Existe um certo limite entre mãe e filha, principalmente porque vocês não são apenas
“amigas”. Ester, na relação entre uma mãe e sua filha, por mais que vocês duas
possam confiar uma na outra, sempre há um certo julgamento e críticas por trás das
palavras de uma mãe, assim como a sensação de ser castrada ou controlada por parte
da filha. Isso é natural. Vocês devem superar isso e cada uma ceder um pouco.
“Por isso, mãe, respeite certos limites impostos pela relação, pelas gerações e
diferença de idade; você vai ter que aprender estes limites, para o seu bem e de sua
filha.
- É, não estamos tendo um bom diálogo no momento.

- O relacionamento mãe-filha costuma oscilar mesmo.- redarguiu a psicóloga -


Isto já é esperado. Muitas vezes a filha representa para mãe uma “segunda chance” de
realizar coisas que não foram possíveis para ela quando jovem e assim podem surgir
expectativas irreais nesta mãe em relação ao que esperar de suas filhas em
determinadas épocas da vida. Não espere que sua filha seja aquilo que você quis ser,
mas não conseguiu.
“Outras vezes, são as filhas que precisam sentir mais autonomia e tentam se
desvencilhar dos cuidados das mães – algo que pode “enlouquecer” uma mãe –
especialmente se ela não considera sua filha pronta para desbravar o mundo sozinha.

“A fase que costuma surgir mais atrito é na adolescência, pois a filha começa a
compreender que tem algum direito de fazer as coisas de seu jeito, mas muitas vezes a
mãe não concorda com esta visão da filha.

- E como vou conseguir fazer isso, doutora?


- Busque se superar, mãe. Não importa se você é mãe ou filha, sempre podemos
ser melhores em algo. Podemos viajar mais, ler mais, estudar algo novo, aprender a
dançar. Ao cuidar de si mesma, a opinião dos outros não irá nos desestabilizar com
facilidade.
“Quando temos certeza daquilo de que gostamos e queremos, é mais fácil ser
admirada e respeitada. No relacionamento entre mãe e filha isso é fundamental para
que cada um tenha autonomia em sua própria vida. Vou te dar mais umas dicas:

“Realizem alguma atividade de lazer juntas: descubra alguma atividade de lazer


que vocês tenham interesse em comum. Pratiquem uma caminhada, façam aulas
de dança, aulas de canto, saiam às compras, qualquer coisa que traga prazer para a
relação de vocês.

“Respeitem o espaço uma da outra: saibam identificar o espaço e entender


onde começa a liberdade da outra.

“Respeite tanto o espaço de cada uma quanto as preferências pessoais, o


modo de fazer as coisas e opiniões alheias.
“Faça do seu jeito na sua casa, e na casa dela (quando ela for para seu próprio
lar), respeite o modo dela, mesmo que não concorde. É o respeito às diferenças que
promove a boa convivência. Você só vai conseguir convencê-la a mudar de opinião
algumas vezes se for desta forma: buscando compreendê-la antes e se respeitar suas
ideias.

“Melhore a comunicação entre vocês: vocês não compartilham do mesmo


vocabulário, nem da mesma cultura. São gerações diferentes e o mesmo
acontecerá com seus filhos.

“Logo, a forma como nos comunicamos não é a mesma e muitos conflitos


surgem justamente pela dificuldade de uma comunicação e de oferecer uma escuta
ativa.
“O desejo de felicidade deve ser sempre maior do que o instinto de
superproteção. O que importa é respeitar as formas como lidamos com o mundo e as
pessoas.
- Vou analisar todas as suas proposições, doutora, e vou tentar colocar em
prática o que for de meu alcance. Não vou trazer ela por enquanto para uma conversa
com você.
- Ok. Respeito sua posição.
- Boa sorte com ela. Envie-me notícias.
- Tenha um bom dia e uma ótima semana de trabalho.
E despediram-se com um cordial aperto de mão.

Quando Ester chegou à sua casa, encontrou seu esposo José e falou sobre a
conversa que teve com a psicóloga Priscila.
José a indagou:
- Como foi sua consulta com a psicóloga, Ester?
- Foi muito boa, José. Ela me esclareceu muitas coisas e me repassou várias
orientações. Você depois também deve falar com ela; será muito bom.
- O que ela achou do caso de nossa filha? Ela concordou que suas preocupações
têm fundamento?
- Sim, acredito que sim. Ela me disse que as divergências entre mães e filhas são
frequentes no período da adolescência e os pais devem estar bem orientados e
preparados para lidar com seus filhos nesta fase.
- Ester, você tem certeza de que não está exagerando? Acho nossa filha uma
moça ótima.
- José, nossa filha é ótima, mas ela está se afastando muito de mim e fico
preocupada. Eu não quero perder minha filha para o mundo.
- Mas nossos filhos são criados para o mundo, e não somente para nós, Ester,
infelizmente. Nós sabemos que isso é verdade.
- Mas uma filha não pode deixar de amar sua mãe e só se importar com o
mundo lá fora só porque está virando adulta. Ou nós agimos agora, ou eu perco minha
filha.
- Valha-me Deus. Isso não vai acontecer, Ester. Com a graça de Deus, não
vamos deixar acontecer.
- A doutora disse que precisamos conversar mais sobre nossa filha e seus
problemas e precisamos nos aproximar dela para tentar ser mais ativos na vida dela.
Mas ela me alertou que precisamos aprender a linguagem dos adolescentes, ter muita
paciência e tentar nos colocar no lugar deles para compreender seus anseios.
- Eu sei o quanto isso é difícil.
- Eu também. Tenho sentido isso na pele. Tento me aproximar dela, mas é
difícil. Parece que Andreza não confia mais em mim. Preciso recuperar a confiança de
nossa filha, José. Pelo meu bem e para o bem de nossa família. A doutora me disse que
eu preciso buscar fazer algumas coisas junto dela para criarmos vínculos e
conseguirmos ter afinidade mútua. Ajude-me: pense numas ideias. Preciso me
aproximar de Andreza.
- Vou tentar ajudar. E a psicóloga quer falar com Andreza?
- Eu pedi para não levar ela ainda. José, eu também me preocupo de não ter
condições financeiras para pagar muitas sessões de psicoterapia. As sessões são caras
e só consegui particular.
- Vamos dar um jeito. Tenha fé. Nós vamos conseguir pagar as sessões que
forem necessárias.
- Obrigada, meu amor.
- Farei isso por você e por nossa filha.
E encerraram a conversa daquele dia.

Ester passou então a tentar fazer tentativas para se aproximar de sua filha
mais problemática. A mãe nos dias seguintes convidou Andreza para fazerem um
curso de culinária e um curso de casais na Igreja.
Ester chegou estava em casa e falou com sua filha Andreza.
- Querida, eu vou fazer um curso de culinária. Você quer me acompanhar?
Posso inscrever você. É permitido adolescentes a partir de 14 anos participarem,
acompanhados de um responsável. Você quer vir comigo, filha?
- Mamãe, eu não me interesso muito por cozinha.
- Filha, é um curso chique. Vai ensinar fazer pratos de comida diferentes, saber
apresentar as refeições e repassa várias técnicas de culinária. Todo mundo fica vestido
naquelas roupas de chefe de cozinha e aprendizes. É bem legal!
- Mãe, deve ser um curso caro. Não precisa pagar para eu fazer.
- Andreza, eu faço questão – insistiu sua mãe. - Venha me acompanhar. Eu
convidei Marcela e ela não quis vir – mentiu Ester. – Vamos participar nós duas.
- Ah então a senhora só está me convidando porque Marcela rejeitou seu
convite – retrucou a filha do meio.
- Não, filha, não é isso. Eu gostaria que participássemos nós três, mas ela não
poderá ir. Eu ia te convidar com certeza, de qualquer forma – justificou-se a mãe. -
Vejo que será um curso muito bom para nós duas.
- Certo, mãe, me inscreva que eu vou participar com a senhora – prometeu a
morena.
- Combinado, minha filha.
E encerraram assim a conversa daquele dia.
Duas semanas depois foi realizado o curso.
E as duas foram ao curso de culinária, o qual durou quatro dias; Ester adorou o
treinamento e aprendeu muitas dicas para a cozinha e receitas deliciosas, tendo
recebido um caderno com dicas e receitas ao final de tudo. Andreza, porém, era muito
atrapalhada e desastrada na cozinha, e estragou os materiais de uma receita, deixando
os ingredientes queimarem no fogo; também houve uma receita em que ela esqueceu
de colocar o sal e outra em que ela adicionou pimenta em demasia. Andreza foi
repreendida pela instrutora do curso, que era muito severa, e por sua mãe, e saiu um
pouco chateada e desapontada do curso, pelos transtornos que ela ocasionou. Sua
mãe até se arrependeu depois pela maneira como falou com sua filha.

Ester retornou ao consultório da psicóloga após cerca de 30 dias para dar um


feedback sobre sua relação com Andreza e para solicitar mais orientações. Após se
cumprimentarem, Ester voltou-se para a profissional nestes termos:
- Doutora, tenho procurado colocar suas orientações em prática, mas confesso
que não está sendo fácil.

- DAÍ A IMPORTÂNCIA DE MÃE E FILHA TEREM UMA BOA RELAÇÃO, ESTER -


AFIRMOU A PSICÓLOGA PRISCILA ANDRADE. - MULHERES GOSTAM DE DIVIDIR
SENTIMENTOS E EXPERIÊNCIAS E ACABAM FALANDO DEMAIS. TALVEZ POR ISSO SUA
FILHA NÃO QUEIRA SE ABRIR TANTO COM VOCÊ NESTE MOMENTO.

- Mas eu preciso saber da minha filha, doutora. Ela pode precisar de mim. Eu
sinto isso.- desabafou a mãe. – Como será dessa forma minha relação com ela?

- Muitas vezes esta relação pode ter problemas. Pois mãe é mãe, não é
amiguinha. Grandes problemas podem surgir quando a mãe considera que a filha seja
sua confidente, ou pior, quando acha que a filha poderá ser a confidente da mãe. A
filha terá muitas amigas em sua vida e são elas que deverão cumprir este papel. A mãe
deve ser uma figura a qual a filha pode contar com o apoio para toda a vida, que lutará
para que coisas boas lhe aconteçam, mas que não concordará com todas as ideias da
filha, pois este é o papel de mãe.

- Doutora, neste ponto eu não vou concordar com a senhora. Eu queria que
minha filha fosse íntima comigo e me deixasse a par de sua vida.

- Nem sempre isto será possível, mãe. Ester, você deve repensar muita coisa. A
adolescência é somente uma fase. Ela vai passar. Sua filha no momento pode desejar
não ser confidente de sua vida com você, não de todos os seus segredos. Infelizmente.
Aceite isso. É passageiro.

- DOUTORA, QUAIS PODEM SER OS PIORES ERROS COMETIDOS POR MÃES E


FILHAS EM SUAS CONVERSAS? - INTERPELOU ESTER.

Priscila respondeu :
- Mãe, não há uma resposta definitiva. Talvez seja um erro da filha considerar
que sua mãe é uma supermulher, que nunca erra e que será sempre completa e
perfeita. Aceitar a mãe como uma pessoa que deve ser ouvida, mas também
questionada quando houver informações que não parecem corretas ou ideais para o
momento pode ser conveniente muitas vezes e a figura materna tem que aprender a
aceitar este fato.

“Um erro da mãe, por sua vez, poderia ser acreditar que sua filha é 100% um
‘produto’ seu. A filha nem é propriedade e nem resultado total de tudo o que a mãe
ofereceu em educação. A filha tem sua própria personalidade.
- Doutora, fiquei um pouco desiludida agora - retrucou Ester.

Ester saiu chateada do consultório da psicóloga e pensou em não retornar mais.


Todavia, ela pediu que a psicóloga atendesse José também, em separado, e procurasse
dar umas orientações sobre a criação de Andreza para aquele pai.

Ester marcou uma reunião entre seu esposo José e a psicóloga Priscila Andrade.
Após se apresentarem, a psicóloga indagou a José:
- Pai, sua esposa vive muito preocupada com a educação de Andreza e sua
formação psicológica. Ela espera muito de você para ajudar na criação e na formação
do caráter de sua filha Andreza. Como você vê sua filha? O que você pensa sobre a
pessoa dela e sobre seu comportamento como adolescente? Eu gostaria de ouvir tudo
isso de você. Você poderia me falar?
- Sim, doutora, sem problemas. Doutora, minha filha é uma boa moça, mas
notei que ao entrar na adolescência ela se tornou um tanto rebelde e mais difícil de se
conviver e ela bate muito de frente com minha esposa.
“Somos evangélicos – continuou José - e gostaríamos que nossa filha fosse
educada segundo os preceitos cristãos e de nossa religião, conforme também fomos,
mas percebo que a juventude de hoje tem outras demandas e os jovens são mais
questionadores. Por outro lado, minha filha Andreza é uma pessoa um pouco fechada,
difícil de se abrir, até mesmo para as irmãs. Deste modo, eu tento muitas vezes
respeitar o jeito dela de ser e procuro não ser muito invasivo, ou provocar um conflito
por ela não querer revelar tudo que se passa em sua vida. Como qualquer pai não
concordo 100 % das vezes com Andreza nem com sua mãe, minha esposa, mas
procuramos não nos desentender na frente de nossa filha. COMO PODEMOS FAZER
PARA MELHORAR A RELAÇÃO COM NOSSA FILHA, ENTÃO? - indagou José.
Priscila discorreu suas opiniões:
- José, em primeiro lugar, assuma que nem sempre você conseguirá se
aproximar de sua filha. Ela muitas vezes estará ocupada com o computador, telefone,
livros, amigos, colegas da Igreja ou de sua escola, trabalhos escolares. Quando você
tenta conversar, ela não te ouve ou simplesmente o deixa falando sozinho, você ou sua
esposa. Ela, sua filha, pode achar você inconveniente neste momento. Entenda. E você,
por sua vez, pode se sentir impotente. Mas não fique assim, triste.
- Já notei isso algumas vezes, dra Priscila, mas quem se ressente mais dessas
percepções é a minha esposa.

- Entendi. Você também pode andar ocupado demais com o seu trabalho, a
outra parte da família, dinheiro, problemas individuais e muitas outras coisas. Alguma
dessas situações parece familiar? Se a resposta for sim, você precisa melhorar a sua
relação de pai e filha e reforçar o vínculo.
- Como farei isso. O que você me sugere, por favor?
- Pode parecer complexo no início, mas, depois de um tempo, vocês pais vão se
dar conta de que não é tão difícil quanto pensavam. Apesar de tudo, ela é sua filha. Se,
ainda assim, tu não sabes como se divertir com ela e encontrarem interesses em
comum, não se preocupe. Vou te repassar alguns passos que podem ser úteis.
- Pode falar.
- Arrumem tempo para ficar com ela. Tentem encontrar tempo na sua rotina
para fazer atividades com sua filha, você ou sua esposa, juntos, ou em separado. É
bom que seja sempre no mesmo dia e horário para que se lembrem do momento
especial de ficarem juntos e estejam sem compromissos. Os feriados e as férias são
uma ótima época para aproveitar, mas não somente estas datas.
- Trabalho muito, doutora. Tenho um pequeno frigorífico, de modo que
trabalho para mim, os lucros são pequenos e não posso me dar o luxo de tirar férias
prolongadas. No máximo uma semana por semestre.
- Não tem problema. Se você ainda estiver trabalhando nestes dias, tente
arranjar tempo no final de semana para ficar com ela. Dê a si mesmo pequenas folgas,
fechando o estabelecimento uma hora antes pelo menos duas vezes ao mês, por
exemplo, se puder, para sair com ela. Tentem passar pelo menos uma ou duas horas
por dia juntos. Escolha um horário em que ela esteja livre também.
- Em geral não dá para conciliar os horários em que ela está livre com os
meus de folga.
- Ainda assim, pergunte a ela: "Você quer fazer alguma coisa comigo e
com sua mãe?“, e fale o dia, ou pergunte qual o melhor turno no final de semana". Ou
questione quando ela estará livre e diga que você vai dar um jeito de arrumar tempo.
No entanto, nos dias de semana, sua filha provavelmente vai estar bem ocupada com
os trabalhos da escola, assim como você sem seu negócio. Respeite isso e veja um
outro horário para ficarem juntos.
- Vou conversar sobre isso com Ester, mas já fazemos algumas coisas
juntos, como ir á praia ás vezes e todo sábado e quarta-feira á noite participamos do
culto em nossa congregação.
- Conheça os gostos da sua filha. Saber de que tipos de atividades sua
filha gosta vai ajudar muito quando estiverem juntos, porque você já saberá o que
fazer e aonde ir. Observe sua filha e veja mais de perto o que ela está fazendo para
conseguir mais pistas do que ela gosta. Você vai ter uma noção melhor dos gostos
dela. Os interesses de sua filha talvez sejam bem diferentes dos seus, mas não tente
mudá-los.

- Vou convidá-la agora sempre para me acompanhar até o supermercado.


- Ou vão a um shopping quando precisar adquirir roupas ou calçados. Você
também pode pedir a ajuda dela para escolher as suas roupas. Sua filha irá adorar ser a
sua "consultora de moda", principalmente se ela se interessa pelo assunto. E quando a
mesma for escolher o que vestir, deixe-a criar o próprio estilo. Quando forem comprar
roupas, calçados, livros ou qualquer outro item, ainda mais agora que ela é
adolescente, deixe-a selecionar do que ela gosta. Sua filha estará simplesmente se
expressando e sendo ela mesma, pois é autêntica. Mas seja sempre claro com ela
quanto ao seu poder de compra. Ela vai aprender a entender essa questão.
- Minha filha já tem consciência disso; ela é bem pé no chão com relação aos
seus desejos de consumo.

- Que bom, então. Saiam para passear com mais frequência, se puderem. Não
precisam ser voltas para gastar. Uma caminhada no centro, nos parques ou na praia faz
todo sentido. Se não quiserem fazer compras, ainda há muitas opções. Como dito antes,
escolha um lugar pelo qual ela se interessaria. Leve sua torcedora de futebol para uma
partida do time dela.
- Taí uma boa idéia: só a levei duas vezes até hoje ao estádio para assistir aos
jogos do Sampaio Correa. Vou chamá-la para ver se ela me acompanha. Ela gosta de
futebol...
- Outro fator importante é o clima. Veja na internet, na televisão ou no jornal os
detalhes da previsão do tempo. Deixe as atividades a céu aberto, como parque e
clubes de piscina, para dias ensolarados. Se estiver no período de chuvas, vão a um
café para tomar um chocolate quente ou café. Ela gosta de café?
- Sim, ela gosta bastante.
- Ótimo. Vão a um cinema, restaurante, clube de piscina coberto, biblioteca,
museu ou qualquer outro lugar fechado, de acordo com suas possibilidades. Procure
fazê-la conhecer a cultura e a história de nossa cidade. Aposto que ela vai amar. Ela
tem sede de aprender coisas novas.
- Sim, doutora, com certeza. Ela é uma garota bastante curiosa e ligada.
- Assistam a um bom filme antigo em casa. Essa é uma ótima atividade se
estiver chovendo. Assistir a filmes juntos também pode aproximar vocês. Vejam suas
opções e escolham uma que ambas queiram assistir. Selecione um filme apropriado para
a idade dela! Filmes de comédia familiar são bons para todas as idades e sempre vão
fazer vocês rirem.
- Não gosto muito de assistir a filmes, mas vou me esforçar para fazer isso com
ela. Vou buscar filmes que tenhm uma boa mensagem.

- Sim, vale a pena. Ajude-a também com os trabalhos da escola. Como pai e
mãe, é importante que vocês dêem apoio e contribuição à educação de sua filha. Sempre
tentem ajudá-la com as lições de casa se ela pedir. Não dêem a resposta, ajudem-na. Se
ela estiver debruçada sobre o dever há muito tempo, diga que se ela precisar de alguma
ajuda, sempre pode pedir. Faça o mesmo se ela tirar uma nota baixa em uma prova.

- Eu tento ensiná-la algumas matérias, mas há assuntos que não sei mais. O
ensino está muito avançao. Eu sempre chamo uma moça, a Vanessa, para ajudá-la com
reforço escolar.
E a psicóloga continuou com suas sugestões:

- Joguem. Outra maneira de interagir com sua filha é um jogo legal.


Tenham uma noite de jogos regularmente ou simplesmente pergunte a ela se gostaria de
jogar alguma coisa. Existem bons jogos de família que vocês podem experimentar.
- Eu gosto de sinuca, mas acho ela muito jovem para jogar ainda.

- É verdade; se você entende que um tipo de jogo não é adequado para a


idade dela, concordo contigo; é outra dica minha. Se você não aprecia culinária, passe
esta tarefa para sua esposa. É outra maneira de vocês reforçarem o vínculo. Também é
uma boa forma de começar a ensiná-la a aprender a ter responsabilidade. Pegue alguns
livros de culinária e folheie-os com sua filha para ver o que fazer.

“Lembre-se que vocês estão cozinhando juntos. Deixe sua filha fazer
algumas coisas, como quebrar os ovos, ajudar a bater a massa, pôr os líquidos e fazer a
decoração. Não espere que as coisas saiam perfeitas – é assim que os adolescentes
aprendem. No entanto, supervisionem e acompanhem tudo o que ela for realizar na
cozinha.
- Minha esposa comentou comigo que elas duas fizeram juntas um
curso de culinária, recentemente.

- Boa idéia. Mostrem a ela que vocês a amam. Demonstrem isso!


Mesmo que passar o tempo com um jogo ou vendo TV mantenha vocês juntos, é
realmente um momento especial? Vocês podem não saber como fazer isso muito bem,
mas são as pequenas coisas que importam. Saiam para uma caminhada gostosa juntos,
conversem e apreciem a natureza. Quando sua filha estiver em dias ruins, deixe-a mais
animada com um abraço e palavras de conforto. Dê mensagens de incentivo com
frequência. Ela pratica algum esporte?
– No momento ainda não.
- Então já vão pensando em uma atividade esportiva para ela praticar.
Não se esqueçam de elogiar os esforços dela, acima de tudo, porque é importante que
ela aprenda que é nas tentativas e insistências, inclusive aprendendo a lidar com as
falhas, que terá sucesso na vida. Com o apoio de vocês ela seguirá com uma atitude
positiva. Divirtam-se com ela.
E Priscila continuou:

- Converse com sua filha. É importante para ela saber que pode sempre
contar com você se precisar de algo. Quando conversar com sua filha, olhe-a nos olhos
e faça-a retribuir. Diga a ela: "Preciso que me ouça.", mas em um tom calmo e
amigável. Tente ser breve e amável ou ela vai ficar entediada, desatenta e achar que
está metida em confusão ou levando um sermão. Sejam objetivos logo na primeira
frase e mantenham a conversa simples, usando palavras curtas e não confusas. Vocês
também devem conversar casualmente. Quando vocês dois se falam, não precisa
necessariamente ser uma conversa séria.
- Realmente, eu preciso começar a façar com Andreza sobre planos para
o futuro, mas sei que ela é somente uma adolescente e precisa se divertir. Nossas
conversas tem que ser amenas...

- Saibam ouvir; os adolescentes esperam isso de nós. Vocês e sua filha


precisam aprender a ouvir um ao outro. Se não fizer isso, ela vai achar que não faz
diferença dar atenção às pessoas – também esteja ciente de que os adolescentes
sabem quando os pais não estão realmente ouvindo o que elas dizem, e não é uma
sensação boa, porque eles se sentem diminuídos. Para ouvir, pare o que estiver
fazendo para olhar para sua filha. Faça contato visual enquanto ouve, para mostrar
que está dando atenção.
- Achei ótimas essas dicas que você me repassou agora, doutora.

- Seja presente na vida de sua filha, José. Isso é o mais importante de


tudo. Tu precisas sempre estar lá ao lado dela, seja indo a um evento importante,
dando conselhos ou proferindo palavras de incentivo. Se há algum evento esportivo,
musical, escolar ou qualquer outro importante que ela prefira que você vá, realmente
veja se pode ir. Se não, veja o porquê. Há muitas outras maneiras de se fazer presente
na vida dela. Ofereça ajuda.
- Já ofereci ensinar tocar violão, mas ela me disse que não pretende
agora fazer isso. Não vou forcá-la e fazer o que ela não tem afinidade. Procuro motivá-
la sim. Sou bastante positivo e incentivador; tenho consciência disso.

- Então, parabéns. Aprimore-se nos dons de elogiar e incentivar suas filhas.


Celebrem igualmente os talentos da sua filha. Essa é outra forma de motivação, e vai
deixar sua filha muito feliz por reconhecer os talentos dela. Perguntem se ela gostaria
de fazer um teste para a peça de teatro da escola, para um conjunto de música
instrumental ou para um time de qualquer esporte dentro ou fora da escola (mas não
force), e ela pode se interessar pela ideia.
E a psicóloga discorreu suas palavras finais:

- Confiem na sua filha. Pode ser difícil fazer isso, mas você precisa depositar
confiança nela. A razão pela qual você talvez não confie na sua filha é que ela mente
com frequência. E isso pode ser porque você faz o mesmo. Ela vai achar que não tem
problema mentir se vocês também mentem, então é hora de começar a ser um bom
modelo para ela (e para todo mundo). Sejam honestos; cumpram e não quebrem suas
promessas, dentro do possível; e se ocorrer o contrário, procurem se justificar com
ela; comunicação é tudo.
- Obrigado, doutora Priscila por todas essas recomendações – agradeceu aquele
pai. - Vou procurar colocar algumas delas em prática. Acredito que ainda teremos
outras conversas. Até outro dia. Bom trabalho.
- Bom dia, senhor José. Desejo que tenho uma semana produtiva.
E se despediram naquele momento; todavia, contrariando a fala de José, eles
não marcariam outras sessões e também não levariam Andreza até a psicóloga, pois
logo Ester e seu esposo se separariam e o homem partiria de São Luís para morar com
sua filha do meio em outra cidade por um certo período de tempo.

Após estes encontros com a psicóloga Priscila, José indagou a Ester se ela
continuaria as sessões de psicoterapia e se levaria Andreza até o consultório da
profissional que os atendera. Aquela mãe, entretanto, ficou um pouco decepcionada
com as palavras e as afirmações da psicóloga e desistiu de prosseguir com as sessões.
A cada semana parecia que a relação de Andreza e sua mãe se agravava e isso depois
viria a afetar o casamento de Ester e José. A senhora evangélica convidava sua filha do
meio para a acompanhar nos cultos e nas reuniões da Igreja, mas a jovem já recusava a
maioria das ofertas de sua mãe. Ester comunicou ainda que haveria um curso de
formação para jovens. Disse ela para sua filha:

- Andreza, querida, haverá em evento para jovens na nossa Igreja para o qual
eu gostaria que você participasse. Virá um missionário dos Estados Unidos e será
muito bom.

- É mesmo, mamãe? E qual será o tema do evento?

- Será relacionamento amoroso entre os jovens, namoro, etc.

- Ah, mãe, eu não quero participar.

- Por que, filha? Penso que seria muito bom para você, que é adolescente.
- Eu nem tenho namorado...

- Mas o curso e as palestras são abertas para todos os jovens, que já estão
namorando ou não. Não é você que é “louquinha” para namorar?

- Mas não estou afim de entrar neste curso. Desculpa, está bem? Deixa para a
próxima.

- Tudo bem filhota. Se mudar de idéia me avise.

E de fato Andreza não participaria daquele encontro para jovens presidido pelo
pregador norte-americano. Ester ficou bastante ressentida com sua filha do meio por
este motivo.

Além das dificuldades enfrentadas na criação de suas filhas, outros problemas


foram aparecendo na vida conjugal daquele casal e o relacionamento entre Ester e
José foi-se desgastando aos poucos e caindo na rotina. As discussões se tornavam mais
frequentes e os dois foram-se afastando pouco a pouco. Passaram a não ter mais vida
marital e após alguns meses Ester pediu a separação para seu esposo.

Disse Ester então para seu marido dentro de pouco tempo:

“Eu precisava de validação emocional no meu relacionamento. Coisas que meu


par tinha que dizer sinceramente como “Você é inteligente”, “Tenho orgulho de você“,
“Você é batalhadora”, “Admiro isso em você”, “Gosto da sua presença”, “Parabéns!
Você é muito honesta”, “Tenho prazer de estar ao seu lado“, “Eu confio em você”.
“Você tem um grande potencial”. Esses são alguns dos elogios que eu gostaria de ter
ouvido de meu marido, pois demonstrariam minha importância para você e o
significado que tenho para ele. Percebi que a chama do amor entre nós foi-se
apagando, até de forma precoce, ao meu ver. Só tenho pena de nossas filhas, mas
prefiro que cada um siga seu caminho. Vamos nos dar um tempo longe um do outro
para que a gente possa tomar uma decisão definitiva.

“Sinto a falta de um olhar, um silêncio em forma de abraço, um toque e até um


sorriso, para me validar emocionalmente, de um jeito empático e acolhedor. O
companheiro precisa treinar as habilidades sociais que permitem elogiar, dar
devolutiva positiva, pedir mudança de comportamento com afetividade e empatia.
Desculpa, mas não recebo isso de você, José.

- Perdão, Ester, se eu não soube te amar. Só nós resta a separação. Mas eu


proponho que continuemos amigos para o bem de nossas filhas. Só que eu gostaria de
ficar com uma delas, pois não tenho mais ninguém, e minha vida ficaria solitária. Você
me entende?
- Pode ser que haja uma chance ainda, mas precisamos de um tempo a sós para
pensarmos o que é melhor para cada um e para nossas filhas. Fico consternada por
ter que separar nossas meninas. Mas, se não há um outro meio de resolver, convide
então Andreza ou Melina para morar com você. Mas acho minha caçula tão nova para
se afastar da mãe.

- Pois ficarei com Andreza. Vou falar com ela - replicou José, com certa alegria,
apesar de tudo. – Obrigado, Ester, por sua compreensão. Será de cortar o coração, mas
tenho que aceitar, por mim. Não posso ficar só. Acho que eu não aguentaria. E não
estou fazendo drama.

- Entendo o seu lado – reiterou a mulher. - José, você necessita de uma escuta
atenta para nossa filha e desenvolver empatia com ela, ou seja, a capacidade real de se
colocar no lugar dela, considerando todas as circunstâncias e história de vida. Ouvir
atentamente, dar lugar para aquilo que ela quer demonstrar, usar palavras de
afirmação; são todas situações que vão lhe dar uma ideia de que você está de fato
atento, aberto, e que sabe sentir o que ela expressar.

Dois dias depois José encontrou Melina e Andreza e teve uma conversa com as
duas.

- Filhas, o papai tem que conversar um assunto delicado com vocês duas.

- O que foi, pai? - indagou sua filha do meio. – Alguma reclamação no colégio
contra nós duas?

- Não, queridas, felizmente não. É um problema mais sério, entre eu e sua


mãe.

- O que foi, papai? – quis saber Melina.

- Fala logo, pai. Você está me deixando ansiosa.

José não sabia como abordar um assunto tão delicado como uma separação
com suas filhas tão jovens.

- Eu vou falar primeiro com vocês e depois sua mãe também vai ter uma
conversa.

- Então papai é algo grave; estou com medo – pronunciou-se Andreza.

- Filhas, eu até nem sei direito como falar. Primeiro preciso dizer que pensamos
muito em vocês três. Sua mãe está falando agora com Marcela. A nossa prioridade são
vocês. Saibam que vocês estão em primeiro lugar na nossa vida e sempre faremos tudo
por vocês. Mas infelizmente queridas as coisas nem sempre evoluem como a gente
planejou; existem percalços em nossa jornada.

- Explique melhor, pai. Não estou entendendo - pediu a filha mais nova.

- Filhas, o papai e a mamãe vem passando por uma crise na nossa relação de
um ano para cá; nós nos desentendemos algumas vezes e fomos nos afastando um do
outro.

- O que o senhor quer dizer com isso? – questionou Andreza.

- Seu pai e sua mãe precisamos de um tempo para nós dois para a gente refletir
se vamos continuar juntos ou não. Sua mãe me pediu esse tempo para repensar sua
vida e tomar uma decisão. A gente pode se separar, filhas.

Andreza entendeu tudo e começou a chorar; sua irmã permaneceu calada,


atônita, com os olhos encharcados.

- O senhor vai sair de casa? Vai nos deixar sozinhas com mamãe? – indagou a
morena.

- Não exatamente. Eu expliquei para vocês que não é uma decisão definitiva.
Pode ter reversão. Mas falei com sua mãe que eu não posso ficar só. Eu não
suportaria. Ela me disse que seria melhor se Melina ficasse com ela pois é sua caçula e
ela não quer ficar sem ela e eu lhe pedi que Andreza viesse morar comigo. Vocês
aceitam essa proposta inicialmente?

- Papai, vocês querem nos separar? - interrogou sua filha do meio.

- Queridas, é uma decisão difícil, mas precisamos tomar. Tentem ver o lado de
cada um. Não queremos ficar sós. Nem eu nem sua mãe. Ela está sendo boa e altruísta
em me deixar conversar com vocês para saber se aceitam minha proposta. Eu não
queria perder vocês duas. Tenho esperança de que sua mãe sinta minha falta e que a
gente volte como casal, mas agora ela me pediu esse tempo. E aí, o que vocês acham?
Desculpem por tanto sofrimento.

Andreza ainda chorava e uma ou duas gotas de lágrimas transbordaram das


pálpebras de Melina.

- Papai, eu não gostei nada desta história, mas, se não há outra forma, vamos
tentar - declarou Andreza. - Aceito, papai, a proposta de ficar com o senhor; mas eu
também quero ouvir nossa mãe.
- Papai, eu estou muito triste – revelou Melina. - O senhor nos pegou de
surpresa. Não sei nem o que dizer. Eu não gostaria de me separar do senhor e de
minha irmã.

José ficou abatido, não disse mais nada e conteve o choro.

No dia seguinte, Ester dialogou com suas filhas.

- Queridas, como o pai de vocês já lhes adiantou, nós vamos dar um tempo.

- Por que, mamãe, a separação entre vocês dois? – interpelou a mais velha.

- Não está mais dando certo, filha. Seu pai pensa muita coisa diferente de mim.
Precisamos de um tempo para nós dois, para refletirmos sobre nossa vida.

- O papai tem outra mulher? - indagou Andreza.

- Não, filha, não é isso.

- Mãe, vocês tem chance de voltar? - quis saber a caçula.

- Vamos ver, querida. Deus é quem sabe!

- Mãe, como a senhora está? Como vai ter cabeça para estudar? – questionou
Andreza.

- Pior que eu preciso ter cabeça para terminar minha faculdade.

- E como a senhora vai se sustentar? – perguntou a filha mais velha.

- Eu me viro. Meus irmãos e minhas irmãs haverão de me ajudar; até já


conversei com eles. E farei alguns bicos, alguns pequenos trabalhos para me sustentar.
Assim que eu concluir o meu curso, tenho a expectativa de conseguir logo um
emprego.

- Deus te abençoe, mamis – desejou a filha do meio.

- Mamãe, eu quero ficar morando com você – pediu Melina.

- Eu imaginava, querida, que você optaria por ficar comigo.

- E quanto a mim, a senhora não pensou da mesma forma? - questionou


Andreza.
- Claro, meu bem, que eu pensei em todas vocês, e eu preferia continuar com
todas, mas seu pai pediu para não ficar só; ele disse que não suportaria a solidão e o
afastamento de vocês três ao mesmo tempo.

- Eu compreendo – afirmou a morena.

- Mãe, e vamos morar sozinhas? Tenho medo. Eu me sinto mais segura quando
meu pai está em casa - confessou a filha mais nova.

- Nosso Senhor vai nos proteger, filha, e ele estará sempre conosco, guardando
nossa casa e nos protegendo. Num dia em que estivermos preocupadas, peço para um
de meus irmãos ou sobrinhos vir dormir aqui com a gente.

- Dona Ester, meu pai disse que eu ficaria com ele – afirmou Andreza. – Partiu
dele ou da senhora a opção de eu morar com meu pai após a separação?

- Partiu dele, querida. Mas eu concordei. Melina ainda é muito nova, só possui
12 anos de idade; ela ainda precisa muito de mim. E percebo que José é mais apegado
a você; acredito que foi por isso que ele sugeriu que você vá morar com ele.

- Ok. Mas vou ficar muito triste por me afastar de minhas irmãs.

- Mas eu lhes peço: continuem amigas entre si. Não se afastem na verdade.
Vocês serão irmãs por toda vida, e não se esqueçam disso. Não é por que vão morar
em casas distantes que a amizade de irmãs se perderá. Cultivem o companheirismo
entre vocês .

- Mãe, eu me senti agora um pouco desprestigiada por meu pai – queixou-se


Melina.

- Filha, ele ama a vocês três igualmente. Até mesmo Marcela, que só é sua filha
do coração; é enteada. Ele sempre a tratou como o faz com vocês duas: com amor e
carinho. Seu pai não faz distinção de tratamento.

- Mas há momentos que não parece isso o que acontece - continuou Melina.

- É, se não há outra alternativa, vamos enfrentar a realidade – afirmou Marcela.

E as quatro mulheres foram almoçar. José não faria a refeição em casa naquele
dia.

Certo dia, antes de Andreza partir com seu pai, estavam as duas irmãs mais
jovens no seu quarto, quando a caçula se dirigiu para a outra e foi dizendo:

- Andreza, eu tenho muita vontade de fazer sexo – confessou Melina.


- Com quem, Mel? – indagou Andreza. – Você é só uma adolescente. Nem sabe
direito o que é uma relação sexual.
- Eu queria transar logo... Pode ser com um colega da escola.

- Irmã, não pode. Tire isso da cabeça. Sexo, somente após o casamento.

- Eu acho que não vou esperar tanto tempo.


- Você nem tem namorado ainda.
- Mas estou de olho num garoto. Ele é um ano mais velho do que eu.
- Como é o nome dele?
- André. Ele já toca guitarra e mora num bairro aqui perto, a vila Cascavel.
- Penso que eu não o conheço.
- Mas acredito que você vai conhecê-lo daqui a algum tempo.
- Tudo bem; quando puder me apresente para ele.
- Combinado, irmã.
- Mas não deixe mamãe saber de nada, por enquanto. Ela não deseja que a
gente namore tão cedo.
- Pode deixar, Andreza. Estou ligada. Obrigada por me avisar.
E foram se vestir pois frequentariam o culto evangélico naquele dia.

Quando Andreza ia completar 15 anos seus pais se separaram. A priori, de


maneira amigável. Ela preferiu mesmo ficar com seu pai, pois ele assim o pediu, e suas
irmãs permaneceram com sua mãe. A família deste modo se desagregou e as irmãs se
afastaram um pouco, até porque Andreza e seu pai foram morar por um tempo em
uma cidade próxima.
Andreza indagou a seu pai sobre os motivos da separação e este não deu
detalhes, mas atribuiu a Ester a maior parcela na decisão pelo divórcio. Este fato
também contribuiu para Andreza se indispor mais com sua mãe e deixou Andreza mais
entristecida por ser de sua mãe a maior parte da decisão pela separação do casal.
Embora a relação das duas não estivesse tão boa e se encontrasse até um pouco
abalada, Andreza preferia que sua família ficasse junta. Foi um baque para ela, mas
após uns 6 meses foi aceitando. A essa altura Andreza já era a filha predileta de José e
o seu relacionamento com as outras filhas (uma de sangue e a outra enteada) esfriou e
se afastaram um pouco. José, por ter ficado com uma única filha, passou a ter muitos
ciúmes dela e ser muito possessivo, superprotetor, mas por ser muito atencioso com
sua filha e ceder às vezes aos pedidos da mesma, esta parecia suportar e lidar bem
com os sentimentos de seu pai. Quando aquela jovem falava com seu pai era sempre
de modo dengoso e estes trejeitos ela carregaria até seus vinte e poucos anos de
idade, talvez fazendo com que aquele senhor imaginasse que sua filha seria sempre
aquela mesma garotinha dengosa e que gostava de adular seu pai.

Andreza e seu pai passaram 3 anos morando em outra cidade, mas vinham
visitar a família quase todos os meses. Nesta outra cidade Andreza fez várias amizades,
como Nádia e Trícia.
Nádia era uma moça muito alegre e que adorava festas. Seus pais a deixavam
frequentar festas desde 15 anos de idade, pois seu pai tinha um conjunto de música.
Ela convidava Andreza e seu pai, mas esta dizia que não podia aceitar pois era
evangélica e seu pai não frequentava estes eventos, além de não consumir bebidas
alcóolicas e por pensar que estes ambientes não seriam adequados para sua filha
frequentar.
Nádia era natural da mesma cidade natal de José, pai de Andreza. Ela era uma
moça simpática e bastante comunicativa, conhecendo quase todas as pessoas de sua
escola e de seu bairro, mas no momento não tinha namorado. Ela foi a primeira
grande amiga de Andreza, e os laços entre as duas persistiram até São Luís do
Maranhão, para onde as duas se mudariam depois, e onde, todavia, se desentenderam
e se afastaram um pouco uma da outra. Na escola sentavam próximas, eram
confidentes entre si e frequentavam suas residências mutuamente, embora Andreza
fosse menos à casa da amiga.
No templo da Igreja Evangélica que frequentava em sua nova cidade Andreza
conheceu Trícia, que era uma moça calma e de boa índole, além de ser fidelíssima aos
preceitos de sua religião. Ela também conhecia Nádia e eram amigas. Trícia tinha um
namorado chamado Rafael Gaia e ela outrossim frequentava a casa da morena.
Os programas das amigas eram frequentar as sorveterias e as pizzarias daquela
cidade e foi aí que nasceu o primeiro apelido de Andreza, que passou a ser
carinhosamente chamada por Nádia de Bruna, pelo fato de ser morena, em contraste
às suas colegas, que tinham a pele mais clara.

Andreza pediu a seu pai num sábado para que ela fosse à tarde para a casa de
Nádia.
- Filha, pode ir. Mas temos o culto evangélico às 20h. Não esqueça! Tenho que
te pegar uma hora antes para que haja tempo para a gente se arrumar e não
chegarmos atrasados no templo.
- Pode deixar, papai. Não vou esquecer.
- Filha, e o que vocês vão fazer à tarde na casa dos pais de Nádia?
- Vamos assistir a algum filme romântico e iremos brincar com jogos.
- Que jogos? – quis saber seu pai, com grande curiosidade.
- Jogos de cartas, baralho.
- Filha, você quer aprender a jogar baralho? E vocês irão jogar com mais quem?
– questionou José, com preocupação.
- Nunca brinquei de baralho. Vou aprender. O irmão dela e seu pai também
gostam de jogar.
- E você sabe me dizer se o pai dela gosta de jogar apostado.
- Não, pai. Que eu saiba ele só joga em casa e com a família.
- Verdade? Não vai ter outros homens lá jogando?
- Eu já questionei isso para minha amiga. Ela me garantiu que seremos apenas
nós.
- E vai ter bebedeira? O pai dela consome bebidas alcóolicas?
- Não. E ele nem pode. Ele toma alguns medicamentos, assim ela me contou. E
já ouvi Nádia comentar que o pai dela nunca tomou bebidas com álcool.
- Filha, você não está me enganando, está? Por favor, não minta para seu pai.
- Eu juro, meu pai, que disse a verdade. Pelo menos é o que eu sei.
- De toda forma vou deixar você lá pessoalmente e vou ficar por uns 15 a 30
minutos observando tudo. Se eu notar que vai ter bebida alcóolica ou que tem outros
homens lá além dos familiares, eu trago você de volta. Eu juro como eu trago.
Entendido?
- Certo, papai. Entendo seu lado. Mas acredito que lá vai ser tranquilo. Será
apenas uma brincadeira de família. A mãe dela vai preparar panelada pra gente comer
- É mesmo? Adoro panelada com farofa e uma pimentinha.
- Pois vou pedir um pouco para o senhor.
- Não, eu fico com vergonha de você pedir.
- O que é isso, pai. Já sou quase de dentro da casa deles. E lá todo mundo é
gente fina. A mãe dela, dona Conceição, vai adorar mandar um pouco da panelada
dela para o senhor comer. Já estou vendo. Deixe comigo.
- Não se preocupe comigo, filha. Só peça um pouco de panelada para mim se
sobrar.
- Com certeza. Pode deixar. Ela costuma fazer bastante comida. A casa deles é
muito animada.
- Não se acostume com farras, Suellen.
- Tudo bem, papai; não vou me acostumar.
- Vou sair agora filha e daqui a pouco passo para te pegar e te deixar na casa de
Nádia. Você combinou de ir que horário, mais ou menos?
- Entre 12:30 e 13 h.
- Combinado.
- Obrigada papai.
E seu pai saiu.
Conforme o combinado seu pai a levou até a casa de Nádia e lá passaram a
tarde, Andreza e os seus anfitriões. Nádia e sua família ensinaram Andreza a jogar
pôquer e sinuca naquele dia. A morena jamais tinha feito isso.
As duas garotas após esse encontro passaram a adorar os jogos de baralho e se
tornou para as mesmas uma forma de diversão nos finais de semana, já que a cidade
era muito pacata nos dias de sábado e domingo.

Nádia e Andreza se encontraram dentro de três dias mais tarde e voltaram a se


falar:
- Adorei jogar pôquer na sua casa, amiga, sábado passado – confessou a
morena. - Seu pai e seu irmão jogam muito bem. Quando você marcar de novo, me
chama, está bem!?
- Chamo sim, Bruna. E o que você achou do meu irmão?
- Como assim? Explique melhor.
- Você o achou divertido ou achou chato? Achou ele bonito ou não? Gostou da
conversa de meu irmão?
- Achei ele bem espontâneo e seu irmão é simpático, e tem um papo legal.
- Você não quer namorar com ele?
- Ele está solteiro? E ele comentou algo sobre mim depois daquele dia? Ele
acha que eu dei em cima dele?
- Não, não foi isso. Ele perguntou por você depois daquele dia, mas ele não
comentou comigo nada a mais. Ele gostou de te conhecer, mas perguntou por você
mais por educação.
- Ah, sei. E seu pai, o que comentou?
- Meus pais gostam muito de você. Por isso que eu pergunto se você namoraria
meu irmão.
- Eu poderia namorar; seu irmão é um rapaz bonito e parece ser boa pessoa; ele
também tem um futuro brilhante pela frente, mas eu não quero iniciar um namoro
arranjado e eu prefiro não namorar irmãos de amigas, ainda mais uma das minhas
melhores amigas. Não quero correr o risco de perder sua amizade no futuro por
consequência de um namoro mal sucedido com seu irmão.
- Que pena, Bruna, você pensar assim e olha que não gosto de bancar a
alcoviteira com meu irmão. Eu adoraria ter você como cunhada. Eu prezo demais pela
sua pessoa.
- Obrigada. Mas mudando de assunto: Nádia, você pensa em se formar em
quê? Quer seguir qual profissão? Já pensa sobre o futuro profissional?
- Amiga, eu penso muito em fazer Contabilidade. Meu pai e minha mãe dizem
que é um curso muito bom e que ajudaria na administração dos negócios da família.
O pai de Nádia tinha um supermercado e uma loja de materiais de construção.
- É verdade, amiga. Você tem patrimônios e negócios a cuidar em sua família –
concordou a morena.
- Só que eu preciso te confessar uma coisa, Bruna.
- O que, Nádi? – indagou Suellen, carinhosamente. Ela a chamava deste modo.
- Eu não tenho vontade de trabalhar. Se eu me formar um dia, vai ser apenas
para ter um diploma, penso eu. Eu queria viver da renda do meu pai.
- Entendi. Mas, desculpa me intrometer, e quando seus pais se forem, espero
que demore bastante, quem vai cuidar dos comércios?
- Eu e meu irmão; mas eu vou contratar uma pessoa para administrar no meu
lugar, a loja de materiais de construção ou o supermercado. É muito estressante esse
negócio do papai; ele e a mamãe quase não tem vida social e lazer. Não quero esta
vida para mim. Quero aproveitar mais a vida.
- Sei. E seu irmão, ele gosta de comércio?
- Sim, ele é três anos mais velho e é comerciante nato. O Franklin deseja
também começar uma faculdade de administração no ano que vem. Ele acredita que
vai ajudar na administração dos comércios de nossos pais.
- Que bom, então, amiga. E por que você não pensa em fazer uma faculdade do
seu gosto?
- Tenho 16 anos e não me decidi ainda. Estou indecisa.
- Você tem tempo. Escolha com calma.
- Mas é difícil e até agora não tenho afinidade com nenhuma área.
- Realiza um teste vocacional.
- O que é isso?
- Um teste que analisa sua personalidade, suas aptidões e seus interesses.
Ajuda na futura decisão de qual profissão seguir.
- Acho que não quero fazer este teste. Vou cursar Ciências Contábeis. Meus
pais querem e isso basta. Preciso agradá-los e estarei bem. O que vier pela frente eu
encaro. Se eu puder ajudar um pouco meu pai na contabilidade das empresas após
minha formatura acredito que ele ficará satisfeito comigo. Só que ele já tem o
contador dele, e que é muito competente. Não o quero substituir; seria prepotência da
minha parte.
- Por quê, Nádi?
- Ai amiga, impostos e contas é um assunto muito sério. Tenho medo de errar e
prejudicar as empresas de meu pai. Sou insegura neste sentido. E eu acho que negócio
familiar não dá muito certo. Graças a Deus, papai e mamãe não brigam por dinheiro e
pelo controle das lojas pois eles construíram juntos este patrimônio com seu trabalho,
sem a ajuda de sogro ou sogra de nenhum dos dois. Ela fica na loja de Construção e ele
no supermercado e tem dado muito certo.
- Que legal, Nádia. E seus pais são tão jovens e tão bem sucedidos. Parabéns!
- Sim, eles se casaram com 18 anos cada um. E sempre foram muito
trabalhadores. Andreza, você pensa em ser empreendedora no futuro?
- Você diz ser dona de meu próprio negócio?
- Sim.
- Não, nunca pensei nisso. Mas só que você me fez despertar este assunto em
minha consciência. Daqui para a frente vou pensar sim, apesar de que eu, coitada, não
tenho uma família com condição financeira de me patrocinar.
- Bruna, se espelhe no exemplo de meu pai. Ele é uma referência para mim. Na
verdade, ele e mamãe. Eles começaram por assim dizer do zero. Um dia vou contar a
história deles com detalhes.
- Vou me preparar para ouvir esta história. Parabéns por sua família ser tão
empreendedora, amiga.
- Obrigada. Preciso ajudar meu irmão a continuar os negócios da família para
honrar nosso pai e nossa mãe, e para que eles se sintam com orgulho dos seus filhos.
- Eu acredito que você vai conseguir.

E encerraram a conversa sobre esse assunto.

Cerca de uma semana depois Andreza foi a São Luís .


Carinhosamente, todos chamavam a morena pelo codinome Suh, pois seu
nome era Andreza Suellen; esta alcunha foi conferida pela caçula para sua irmã do
meio. Seu nome fora escolhido por sua mãe, visto que sua primeira filha era Marcela
Muallen, que havia nascido em São Paulo, e Ester preferiu que sua filha com José
tivesse um nome mais complexo, pois gostaria que sua cria chamasse a atenção nos
locais que viesse a frequentar, pois aquele nome parecia belo e atrativo. Ela não
desejava que sua primeira filha com o atual esposo recebesse um nome simples, como
ela o recebera, e como seu atual marido poderia cogitar.

Andreza foi passar um final de semana na casa de sua mãe e encontrou sua
irmã mais jovem. As duas conversaram. Começou Melina sua aula para Andreza de
como beijar um garoto pela primeira vez:

- Suh, numa festinha em que você ficar afim de um garoto, você vai proceder da
seguinte forma: desde o início, sente-se ao lado dele, – recomendou a professora - e
esteja com um corpo sempre voltado mais na direção em que ele está e vá se
aproximando conforme a conversa flui.

“Puxe temas leves e descontraídos para vocês papearem; algo interessante


para os dois. Algo que o faça admirar você de alguma forma, ou prender a atenção do
“boy”.

“O olhar dele vai predizer muita coisa; faça primeiro contatos visuais com o
pretendente. Se ele desviar os olhos por estar com vergonha talvez seja até um bom
sinal. Mas se ele apenas olha para seu rosto, mas nunca para seu olhos… ou ele não
quer nada, ou é um tapado e um banana.

“Faça movimentos limpos e vá devagar; comece a olhar para a boca dele de vez
em quando e retorne a mirar os olhos. Se tu sentires que ele continua confortável com
você fazendo isso, vá em frente.

“Coloque o seu braço ao lado de vocês dois, expandindo o espaço


compartilhado por vocês, mas nada de mais por enquanto. Coloque a mão no queixo
dele se houver uma brecha e faça um elogio como "Puxa! Como você é bonito!".

- Esse garoto vai me achar muito desesperada e oferecida, Mel – opinou


Andreza.

- Mas você não quer beijar? Esqueça essa conversa de menina desesperada e
oferecida! Continuando: Deixe ele sorrir com isso. Se ele disser algo como "também te
acho uma gatinha...". Aproxime-se e arrisque, "Posso te beijar?". Então se beijem.

- Simples assim??? Você está louca!? – questionou a morena. – Dificilmente


vai ser fácil dessa maneira. Sou um pouco tímida! – concluiu.
- Não complica, Suh. Você não pode enrolar demais. Se tu está afim do cara e
ele não investe, ele não avança o sinal, você vai ter que correr atrás.

- Eu não consigo agir assim, irmã – declarou Suellen. - E calma! Caso ele não
disser isso e apenas sorrir, todo lisonjeado, e com vergonha? O que faço?

- Bom... Deixe ele sorrir com o elogio e faça alguma coisa engraçada e apenas
encare nos olhos dele e ao seu redor. É importante ter uma quebra pequena da
tensão, para que vocês dois fiquem confortáveis. Diga algo como "Gato, olha pra
mim!! “. Procurem rir, relaxar... "Poderíamos ser modelos, não acha?". Depois respire
e se aproxime novamente, fique concentrada nele de novo e recomece os mesmos
contatos visuais que antes… Olhos, boca, olhos.

- Até que somos ótimas juntas ... Você tem cada orientação, Mel! Acho um
barato – observou a irmã mais velha.

- Veja como ele reage neste momento, Suh. Se ele falar: " É, nós somos". Então
vá em frente e pergunte a tão sonhada questão: "Eu posso te beijar?" Ou tenta beijar
logo, se esse cara não tem iniciativa; se você acha que ele vale a pena investir e você
está muito afim dele, tenta um beijo.

- E se ele só balançar a cabeça entendo como sim e então a gente se beijaria


???...

- Exatamente. Muito bem, irmã. Acredito que você entendeu minha mensagem.

Algum tempo depois Andreza começou a namorar um fiel de sua Igreja. Ela
relatou para uma de suas amigas mais próximas:
- Nádia, conheci um garoto em minha Igreja e estou ficando com ele. Seu nome
é Glauco. Ele é de Santo Antônio dos Lopes, e é conhecido de um colega meu, o Luan,
que está estudando no Piauí. Glauco é bem bonitinho, um garoto bem legal.
- Vocês se conheceram há quanto tempo?
- Há uns quatro meses, mas começamos a sair juntos há menos de um mês.
- Seu pai já sabe de seu namorico ? Ele aceitou...?
- Eu falei sim para ele que estava conhecendo melhor um amigo da nossa Igreja
e ele concordou. Não disse nada contra. Ele já falou com o boy umas três vezes após o
culto.
- E você já o levou em sua casa?
- Não. Ainda não. Acho cedo para essa intimidade. A gente sai para tomar
sorvete, fica conversando na praça, ele me encontra no final da aula, assistimos o culto
juntos às vezes e a gente dá uns beijinhos escondido.
- Vocês nunca transaram?
- Não. É cedo pra isso, amiga. Quero conhecê-lo melhor.
- Andreza, desculpe minha pergunta intrometida: você é virgem ainda? Uma
menina da capital...
- Sou virgem.
- Pela sua religião, você só vai ter relação sexual após o casamento?
- Acredito que sim. E você, Nádi, já ficou com algum garoto e perdeu sua
virgindade?
- Bruna, vou te confessar, eu já transei com dois amigos meus, mas minha mãe
e meu pai nem sonham.
- Você não tem medo de engravidar solteira.
- A gente preferiu transar de camisinha; sei que não é tão gostoso, porém, é
mais seguro. E sei da existência da pílula do dia seguinte. Qualquer acidente com o
preservativo, se ele romper, a gente toma essa pílula de emergência, para eu não
posso engravidar. Eu conheço seu “crush”?
- Amiga, você e Trícia não o conhecem, acredito eu, mas não vai faltar
oportunidade. No momento, você tem namorado?
- Não. Ninguém fixo. Na verdade, sou muito calma e caseira. Mas eu queria
conhecer Glauco qualquer dia. Eu gostaria de saber se ele está à altura de minha amiga
do peito.
- Sim, qualquer hora vai dar certo.
- Bruna, eu queria te convidar para aprender a jogar sinuca. Você gostaria de
aprender?
- Taí, pode ser. Parece ser muito bom jogo de bilhar. Quero aprender sim. Onde
vai ser?
- Na AABB. Também tenho um amigo que possui mesa de sinuca em sua casa.
Vou marcar e te aviso .
- Fechado. Tchau, amiga.
- Tchau, amor.

Melina começou a namorar aos 16 anos de idade, com um rapaz de nome


André, que morava em um bairro próximo e que também frequentava sua Igreja. Ele
era um ano mais velho e tocava guitarra, além de participar em um conjunto musical
da Igreja, tendo por isso chamado a atenção da moça, que o achava o máximo. Ela era
de menor estatura que Andreza, tinha a pele mais clara, gostava de pintar os cabelos
em tonalidade ruiva e em termos de beleza e simpatia era menos atraente que a irmã
do meio. Melina tinha um sorriso pequeno, tímido e não contagiante. A presença de
sua irmã parecia ofuscá-la e Melina percebia que sua irmã atraia os holofotes. Melina
era convencida por André, como se pode dizer; ela admirava muito a pessoa dele, sua
desenvoltura com a guitarra, com as pessoas e no dia-a-dia; e era muito apaixonada
por ele. O rapaz fez amizade rapidamente com a família de Melina e começou a
frequentar sua casa. Era um jovem bem comunicativo e logo conquistou a confiança de
sua mãe, pois os dois eram bastante extrovertidos, genro e sogra. Sempre foi aplicado
nos estudos e começou a fazer faculdade aos 18 anos no curso de História. Também
era de família simples e conciliava os estudos com trabalho. Tinha um único irmão
chamado Eric, que era 4 anos mais jovem.
Andreza o conheceu logo, quando esteve visitando a casa de sua mãe e ele
estava por lá. Tornaram-se colegas.
A garota, pelas conversas e depois pela convivência com a irmã mais novam,
logo percebeu o quanto ela e o namorado eram ligados. Eram um casal muito grudado.
Melina teve com ele sua primeira relação sexual, aos 17 anos de idade, fato que a
própria irmã revelou a Andreza. Esta também percebeu o quanto Melina era ciumenta
e possessiva, pois havia constantes crises de ciúmes entre os dois. A caçula também
confidenciava para a irmã do meio suas peripécias sexuais, todas ocultas de seus pais e
de seu padrasto (sim, elas teriam depois um padrasto). Melina contava ser um tanto
ninfomaníaca, um hábito que ela foi desenvolvendo e transparecendo aos poucos,
conforme ficava mais velha. Andreza começou a notar o quanto sua irmã gostava de
sexo e era ousada na cama, por tudo que ela contava de seu namoro. Também notou
que sua mãe não vigiava tanto a vida de Melina, talvez por confiar muito em André. A
parceria de Melina e seu namorado era muito boa, e acima de tudo eram ótimos
amigos. Pelas confidências de Melina á morena, as irmãs foram-se tornando cada vez
mais íntimas e cúmplices uma da outra. Havia desavenças, brigas, mas estas passavam
e a amizade persistia.
Com o tempo, porém, o namoro de Melina e André esfriou um pouco e a
relação de amizade parecia estar tomando de conta dos sentimentos afetivos,
colocando o namoro em cheque. O rapaz tinha que trabalhar e estudar e seu tempo
para os dois reduziu bastante. Seu ciclo de amizades aumentou e Melina não
conseguiu entrar logo na faculdade e isso os distanciou um pouco. Ela temia que ele a
deixasse por uma garota da faculdade. Aparentava que seus caminhos estavam
divergindo e Melina sentia que sua influência e seu poder de controle sobre André
haviam reduzido muito. O relacionamento passou por algumas crises, alguns gelos e
chegaram a se separar por curtos períodos algumas vezes, nas famosas atitudes de
termina o namoro e volta depois. As crises de ciúmes de Melina aumentavam e as
cobranças por atenção e fidelidade também, o que trouxe desavenças ao casal; mas
sempre conseguiam superar as crises e reatar o namoro. Ester via em André um bom
pretendente para casar com sua filha, pois era um rapaz calmo, de poucas farras e com
um bom futuro pela frente, visto que já estava na faculdade frequentando um curso
de nível superior. Ele também serviria de estímulo para sua filha procurar estudar e
adquirir uma profissão.
___________________________________________________________
Andreza estava visitando sua mãe em São Luís num final de semana e sua irmã
Melina a convidou para irem ao cinema. Andreza perguntou por André e sua irmã lhe
informou que ele não iria pois estavam brigados aquele final de semana. De fato,
Melina convidou apenas algumas colegas suas e de sua irmã do meio e marcaram no
Shopping às 15 h, no sábado.
- Suh, - disse Melina - será a oportunidade de você rever várias amigas. Posso
convidar nossas amigas da escola e da Igreja?
- Nossa; faz uns dois anos que não as vejo. - comentou Andreza.
Andreza tinha deixado São Luís com cerca de 15 anos e estava prestes a
completar 17 anos.
Chegado o dia e o horário combinado, José e Andreza foram buscar Melina na
casa de sua mãe e em seguida ele deixou as duas no Shopping.
- Vocês convidaram algum amigo? – quis saber José.
- Não, somente meninas. – informou a caçula.
- E vão assistir a qual filme?
- “O destino de Júpiter“– respondeu a morena.
- É um filme de ação? – questionou José.
- Sim, pai – respondeu a filha do meio.
- Muito bem – disse seu pai. - Filhas, vou dar o dinheiro das entradas no cinema
e com o troco vocês podem comer algo após o filme. Pode ser?
- Tudo bem, pai – continuou Melina.
- Que horas posso vir pegar vocês, filhas? - indagou ainda José.
- O filme começa 16h, não é irmã? – disse Andreza, pedindo a confirmação de
Melina. – e termina perto de 18:30h. Venha nos pegar por volta de 20:30 h, papai. É
tempo suficiente para a gente fazer nosso lanche. Este horário dá certo para o senhor?
Este horário está bom pra você também, irmã?
José e Melina responderam que concordavam com este horário e ficaram
combinados assim.
As amigas de Melina e Andreza chegaram cerca de 15 minutos depois e elas já
estavam na fila para o pagamento das entradas.
Compraram seus tickets e conseguiram entrar na sala de cinema a ponto de
assistir o início do filme. A sala de exibição estava com mais de 50% de lotação.
Gostaram bastante do filme e após este encerrar dirigiram-se todas para a praça de
alimentação. Era perto de 18:30 h.
Reuniram-se as garotas numa mesa redonda bem ampla e foram revezando na
solicitação de seus pedidos, com duas delas ficando sentadas para guardar a mesa, na
ausência momentânea das demais.
Após sentarem em volta da mesa, iniciaram uma conversa com participação de
todas as amigas.
Andreza falou primeiro:
- Gente, vocês nem imaginam a saudade que estava de vocês! Eu as vi há quase
dois anos atrás.
- Como está onde você mora? Tem muitos amigos? Tem muito o que fazer nas
horas vagas? - quis saber Adriana.
- Tenho poucas amigas lá, amigas mesmo. Mas duas são ótimas: a Nádia e a
Tricia. Agora colegas, tenho demais... Nas horas vagas o que fazemos lá é sair para
comer um sanduíche, tomar sorvete ou açaí, comer pizza. Até engordei um pouco. - E
Andreza mostrou como tinha adquirido uns kilogramas a mais.
- É mesmo. – comprovou Kátia examinando Andreza com os olhos - Muito
programa de comer?.- perguntou Kátia.
- Mais ou menos; quando papai me dá mesada sim - completou Andreza.
- Você tem frequentado o templo da Assembleia de lá? – questionou Kelly.
- Sim, todas as semanas – confirmou a morena.
- Amigas, e vocês, não trouxeram os namorados. Por quê? – perguntou
Andreza, com curiosidade.
- Não temos namorado - respondeu Kelly. - Desculpe, com exceção da Katia.
Por que seu namorado não veio, amiga? - indagou Kelly, voltando-se para sua amiga.
- Ele está estudando para as provas da semana que vem e não conseguiu
terminar a tempo de vir. O pai dele preferiu que ele ficasse em casa, estudando. –
respondeu Kátia.
- E você, Andreza, quando traz seu namorado para a gente conhecer? -
interpelou Michelle .
- Estou sem paquera no momento, Michelle.
- Não acredito, Suh. Fale a verdade! - pediu Adriana.
- É sério! – e Andreza omitiu que tinha um namorado naquele momento. -
Garotas vão me visitar em minha nova cidade!
- Sua nova cidade?! Então, você já está bem adaptada lá, não é? – indagou
Kelly.
- Acho que você não volta mais para São Luís! - declarou Kátia.
- Não, gente, eu gosto de lá, mas sou louca para retornar para a minha cidade.
Cobro isso do meu pai todos os meses. Ele diz que depende do trabalho dele e da
minha madastra, a Vanusa. Eu sonho com o dia de voltar, pode ter certeza.
- Andreza, desejo que você volte então para São Luís, se esta é sua vontade –
disse Kelly. - E você, Melina, não diz nada?
Melina estava muito calada até então.
- Peço a Deus para que minha irmã retorne para nossa cidade. Sinto muito a
falta dela.
Quase pontualmente José chegou para levar suas filhas embora e estas se
despediram de suas amigas.

Andreza retornou para sua cidade interiorana; estava em sua casa e


recebeu a visita de Trícia. Foi seu pai que a recepcionou:
- Filha, é sua amiga Trícia. Venha falar com ela. - Foi José anunciando para sua
filha a presença da visitante, ao mesmo tempo que a conduzia até o sofá da sala.
- Aguarde, querida – disse ele para Tricia. – Andreza já está vindo.
Esta veio do seu quarto até a sala e cumprimentaram-se com um beijo no rosto.
Disse a morena então:
- Amiga, que surpresa você aqui. O que houve? O que você deseja me contar...?
- Desculpa, amiga. É sobre mim. Eu poderia ter contado por telefone, mas eu
precisava falar pessoalmente e desabafar com alguém.
Tricia era dois anos mais velha que Andreza e no ano seguinte já deveria entrar
na faculdade.
- Estou aflita, amiga. Bobagem minha. Ano que vem vou me mudar para São
Luis, para fazer faculdade, passe eu ou não num concurso vestibular ou no Enem.
Meus pais me disseram que devo ir morar na capital e cuidar do meu futuro.
- E por que a preocupação, amiga? Não estou entendendo. E por que você já
está se antecipando a este problema? Só para sofrer antes da hora? - interpelou a
morena.
- Amiga, é por causa do meu namorado, Rafael – confessou Trícia. - Ele deve
continuar em nossa cidade. Como vou ir sem ele? Somos tão apegados e eu o amo.
Quando penso que vamos nos separar fico inconformada. Até já chorei. Acho que não
vai dar certo ficarmos longe e nosso namoro vai acabar.
- Mas, Trícia, você tem que pensar em seu futuro. Depois ele pode ir para São
Luis também. Sei que você gosta muito dele, mas tente ser forte. Diga para ele o
quanto você o ama e que você vai ficar esperando por ele. Veja se ele pode ir te visitar
todos os meses. Mas não amarre sua vida na vida de Rafael. Não se anule. Olhe: se ele
te ama ele vai ficar com você. Outras moças vão aparecer na vida dele, mas ele não vai
ceder, e vocês vão continuar juntos. Tenha fé que sim.
- Eu gostaria de pensar assim, mas não me sinto muito segura. Ele é muito
jovem, é bonito, e os homens não se guardam tanto, são danados. Tenho medo de que
ele me esqueça. A distância física atrapalha e mina muitos relacionamentos. Confesso
que estou muito insegura. Você acha que estou exagerando?
- Sim e você também é muito bonita e atraente. Pode conquistar outros
rapazes.
- Mas a princípio não é o que eu quero. Sou feliz com Rafael e o amo. Não será
fácil encontrar um garoto como ele. Ele é muito especial para mim. Nós nos damos
muito bem. Ele me completa. Sua companhia é tudo para mim. Até já fizemos alguns
planos juntos e ele sempre foi verdadeiro comigo, me levou a sério e me tratou bem.
Não penso agora em colocar em meu coração outra pessoa. Não cogito isso ainda.
- Você já contou para ele que o ama e disse o quanto ele é importante para
você?
- Não exatamente; nós trocamos palavras de carinho e juras de afeto, mas eu
nunca disse exatamente que o amo, com estes termos. Até tenho medo de assustá-lo
se eu disser que ele é o homem da minha vida. Somos muito jovens. Quero que ele
mesmo descubra isso e decida ficar comigo a vida toda. Desejo que tudo ocorra de
modo natural. Não quero forçar a barra, não quero forçar nada. Preciso saber se ele
me ama, mas nossa relação deve se desenvolver naturalmente. No fundo acredito que
Rafael também me ama, mas ainda não é o momento de eu declarar isso para ele.
- Pois boa sorte. Vou torcer por vocês para que esse amor dê certo. Eu vou
colocar vocês dois em minhas orações. Fique calma, que Deus irá providenciar o
melhor para a sua vida e para Rafael. Entregue nas mãos dele, de coração aberto.
- Obrigada, amiga, pelas palavras de apoio. Vou embora em situação mais
confortável e com o coração mais calmo. Deus te abençoe também. Tchau, depois nos
falamos mais.
- Já vai embora? Nem vai ficar para comermos um lanche juntas. Eu preparo...É
rápido.
- Não, vou resolver umas coisas agora para minha mãe. Tenho pressa. Deixa
para outra vez. Desculpa recusar sua proposta. Não é por mal.
- Está certo, então...Tchau.
- Até logo, amiga.
E despediram-se. Andreza foi em seguida preparar um lanche para ela e seu
pai.
Após três anos morando fora da capital, José e sua filha decidiram voltar para
São Luís; aquele pai teve convicção de que seria melhor para sua filha continuar os
estudos na cidade grande, e deste modo regressaram.
____________________________________________________________
Ao retornarem para São Luís foram morar no bairro São Cristóvão e Andreza
sentiu dificuldades em sua nova escola, pois o ensino em sua cidade anterior era de
qualidade inferior que na capital. No período em que ficou afastada de São Luís
Andreza completou 18 anos e ganhou de presente de aniversário seu primeiro
telefone celular e os aparelhos já contavam com câmera. A esta altura o Facebook já
existia. Andreza fez sua primeira conta no Facebook e foi mais fácil se comunicar com
parentes e amigos. No período em que passou em outra cidade ela teve alguns
namoricos, mas era reservada e a maioria destes relacionamentos não chegaram ao
conhecimento de sua família. Também sabia que a qualquer momento retornaria a
São Luís e não gostaria de se envolver seriamente com alguém daquele lugar, pois
queria ser bem prática e racional, e não estavam em seus planos permanecer a vida
toda naquela cidade. Não que não prezasse pelas pessoas daquele lugar, por sinal
tinha estabelecido várias amizades e os amigos de cidades pequenas parecem ser mais
sinceros; pelo menos transparecem isso, a princípio. Andreza também indagava seu
pai quando voltariam para São Luís pois achava o ensino em sua segunda cidade de
qualidade inferior e estava em seus planos fazer faculdade na capital, por toda a
variedade de cursos superiores ofertados. Na verdade sua maior motivação era ir
embora daquela cidade pequena. As pessoas sabem demais da vida alheia, as opções
para conseguir um namorado são menores e o estilo interiorano de vida não lhe
agradara. Ela anseiava por muito mais. Era muito mais ambiciosa em seus planos
futuros do que todos imaginavam e gostaria de construir sua vida em São Luís.
Quando seu pai comunicou que regressariam à capital em definitivo ficou muito
satisfeita e começou a avisar todos os amigos que estava indo embora. Seu pai,
enquanto morava nesta outra cidade conheceu outra mulher e a convidou para morar
com eles. Mas com ela não chegou a ter nenhum filho. Ela se chamava Vanusa e já
possuía, entretanto, um pequeno filho chamado Guilherme, de um relacionamento
anterior. José o adotou como filho. Quando retornaram a São Luís, ela e seu filho
foram com eles. Andreza mantinha uma boa relação com esta mulher, mas nunca
aprofundaram esta relação, chegando a ser próximas e íntimas. Andreza achava que
aprofundar certas relações não lhe seriam de utilidade no futuro e acreditava que
aquela pessoa não seria companheira de seu pai por toda a vida. Pressentia isso.
Andreza foi percebendo que sua personalidade era muito prática e tudo o que fazia já
tinha ou aparentava mesmo que de modo automático ou involuntário ter um
propósito futuro. Não gostava de se envolver com situações aparentemente inúteis,
trazer todos os sentimentos à tona e demonstrá-los, ainda mais contando que não lhe
trariam algum benefício futuro, ou até poderiam prejudicar seus planos e projetos
para diante. Para ela, conforme foi percebendo, as intenções e as atitudes devem visar
a um objetivo e um resultado a posteriori e o quanto mais ela pudesse planejar tudo
isso e controlar todas as situações, seria melhor para sua vida. Tudo isso, este conjunto
de preocupações e processos mentais, porém, fizeram de Andreza uma pessoa um
tanto calculista, excessivamente prática e com um tom de realidade apurado, mas
sufocava os idealismos e algumas sentimentalidades, o que poderia não ser tão bom
para sua personalidade. Seu caráter parecia ser de uma pessoa muito realista e pé no
chão. Sonhos para ela só teriam sentido se vislumbrasse poder realizá-los todos. Caso
contrário, seria tudo inútil e total perda de tempo e desperdício de sua energia mental.
E sua mente já ambicionava projetos futuros. Andreza tinha consciência de que podia
ser grande no mundo e trazer algo de especial para ele. Poderia fazer diferença, não
sendo apenas um número a mais na humanidade. Ela já percebia que lidar com todos
os sentimentos de nossa mente é um desafio, muito mais para ela com todo seu
caráter fundamentalmente prático; e estas dúvidas já estavam presentes em suas
meditações. Em uma mente e uma consciência tão jovens já nasciam muitos
questionamentos e indagações, que podem gerar às vezes angústias e sofrimentos
psicológicos, por vezes desnecessários.
Voltando a morar em São Luís, Andreza tornou a frequentar o templo
evangélico de seu bairro, o mesmo de antes e reencontrou velhos amigos. Também
passou a ter mais contato no dia-a-dia com sua mãe e suas irmãs. Foi importante para
ela voltar a frequentar sua Igreja, para poder se enturmar de novo.
Ficara afastada e necessitava recuperar o tempo perdido. Precisava reavivar os
laços de coleguismo e amizade com antigos conhecidos e encontrar novas pessoas. Os
irmãos da Igreja Evangélica são pessoas fáceis de aprofundar amizades e vínculos
afetivos. Fazem isso espontaneamente pelos seus princípios cristãos e para criarem
seus clãs e seus redutos de amizade e ideologia. Esta hospitalidade com os recém-
chegados parece facilitar a adaptação dos mesmos aos costumes e princípios da Igreja
Crista Protestante e ajudar a conseguir mais fiéis ao Evangelho. Aparenta que para os
evangélicos é mais fácil relacionarem-se entre si do que tratarem com pessoas e
grupos fora de seu ambiente religioso e moral, embora isto esteja mudando com o
tempo.
Andreza deixara sua cidade natal e seu bairro ainda adolescente por assim dizer
e agora retornava adulta, mulher formada. Era de estatura mediana, mas considerada
alta para a maioria das jovens de seu convívio; cabelo preto e longo, moça formosa,
simpática, sorriso fácil e alegre, e bastante extrovertida na convivência das pessoas
próximas e amigos.
Vários de seus simpatizantes começaram a elogiar sua beleza, no intuito de se
aproximarem e conquistarem a amizade de Andreza, além de sua aprovação. Diziam
como ela tinha mudado, como estava diferente e mais bela ainda do que antes. Os
elogios vinham de garotas e rapazes. As garotas para conseguir a amizade e a
aprovação de Andreza e os rapazes para demarcar território e para agradá-la, já
tentando marcar alguns pontos no conceito de Andreza, e plantando quem sabe
algumas sementes para um possível relacionamento ou namoro futuros.
Alguns rapazes eram até indiscretos, e ficavam dando em cima demais, falando
aquelas indiretas de que as mulheres não gostam. Andreza, porém, não queria ser
desagradável e nem sempre sabia dizer um não. Um amigo da Igreja, de idade mais
velha, era um dos mais atirados. Era 12 anos mais velho, era solteiro e os elogios para
Andreza eram constantes e cheios de excessos. Andreza também não tinha nenhuma
atração por homens muito mais velhos. E o referido rapaz não lhe atraía por nenhuma
virtude especial, e por ele apenas sentia amizade.
A partir daí foram-se seguindo várias investidas dos amigos de Andreza
tentando conquistar seu coração. Andreza se sentia valorizada e era definitivamente
uma moça desejada pelos rapazes. Todavia, era seletiva demais, e a maioria dos
pretendentes não lhe agradavam; e outros garotos, com quem se engraçava, só
queriam amizade. Mas de modo geral era sempre elogiada e xavecada com frequência
e se acostumou a não correr atrás de ninguém, ficando quase sempre na expectativa
da iniciativa pelos rapazes, como quase todas as moças se comportavam em seu
tempo. Eram os primeiros anos da década de 2010 e a maioria das moças mantinham
o comportamento passivo de esperar pela investida e pela paquera masculina, num
ambiente bem tradicional.
A maioria das moças preferiam manter essa tendência de atitude, a maior
parte, pelo menos. Falamos hoje, porém, nas pessoas de atitude, tanto nos
relacionamentos como nas demais áreas da vida e os comportamentos têm-se
modificado e se revolucionado rapidamente até os dias atuais.

Quando Suellen voltou com seu pai do interior para a capital ela acabara de
completar dezoito anos de idade e estava um pouco esnobe, fazendo pouco caso de
vários rapazes que tentavam se aproximar dela.

Após iniciar o terceiro ano do ensino médio, Andreza começou a namorar


Rodrigo, um rapaz de sua escola e que também frequentava sua Igreja. Ele não era da
mesma turma da garota. Seria mais fácil para seu pai aceitar um namorado que
também fosse de sua convivência na Igreja evangélica, obedecendo aos preceitos
religiosos. Ele possuía sua mesma idade, morava no bairro e era um rapaz alto e
bonito.
O pai de Andreza quis conhecer seu namorado e ela convidou o rapaz para ir
até sua casa.
Era um sábado à tarde, por volta de 15:30 h.
Chegando à casa de sua namorada, Rodrigo foi recebido por José.
- Boa tarde. É seu José? – questionou o jovem.
- Sim, exato. Você é Rodrigo?
- Sim.
- Entre, querido. Eu precisava te conhecer. Vamos nos sentar.
E os dois se acomodaram em duas cadeiras da sala para continuarem sua
conversa.
- Andreza fala muito bem de você – continuou aquele pai.
- E ela fala muito no senhor.
- Tenho uma filha muito especial. Trate bem dela, por favor – comentou José,
em tom descontraído.
- Com certeza. Ela é uma jóia preciosa – ratificou o jovem.
- Você e seus pais são evangélicos? Quais os nomes deles?
- Acredito que o senhor não os conhece. Somos recém-chegados na cidade.
Viemos de Imperatriz. Somos naturais de lá e eu vim para estudar.
- Compreendo. Mas Andreza me disse que vocês são da Assembléia de Deus. E
eu já vi seus pais com você no culto.
- Sim, eu ia dizer os nomes dos meus pais. Eles se chamam João Batista e
Valéria. Eles tem 38 e 36 anos, respectivamente.
- Muito jovens, graças a Deus, e formam um belo casal. Já os vi, como eu disse.
- Qualquer dia lhe apresento a eles. Andreza já os conheceu na escola e depois
dos cultos já conversaram também.
- Seus pais trabalham com o quê, filho?
- Somos comerciantes de peças para bicicletas e motos. Meu pai está avaliando
colocar uma loja em São Luís. Ele tem loja na nossa cidade e já cogitou instalar em
Açailândia.
- Você pretende fazer faculdade, Rodrigo?
- Sim. Estou pensando em curso de Direito ou Odontologia.
- Duas profissões em áreas bem opostas. - comentou José.
- Pois não é?! Verdade. Mas simpatizo com as duas. Quero me decidir daqui
para o final do ano.
Nisto Andreza apareceu na sala e cumprimentou seu namorado com um
abraço.
- Papai, nós vamos ao cinema. O filme começa 17:30 h. Depois vamos comer
alguma coisa. Devo estar em casa por volta de 21:30 h.
- Vocês vão até o shopping de que forma? Você está de carro, filho? – indagou
José.
- Vou tirar a carteira de habilitação ainda. Meu pai vai nos deixar no shopping.
Inclusive ele já está aqui na porta, nos esperando.
- Pois tchau, papai. Nós já vamos – despediu-se a moça.
- Um boa sessão para vocês – desejou José. - Foi um prazer conversar com
você, Rodrigo. Juízo para vocês. Vão com Deus.
E José abriu as portas para eles saírem, despedindo-se com um aperto de mãos
no rapaz e com um beijo e um abraço em sua filha.

Era por volta de 16:00 h e os pais de Rodrigo foram deixar o casal de


namorados no shopping.
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Após dois meses de namoro, Andreza e seu namorado começaram a ter
relações sexuais, sem a permissão de seu pai. A jovem também não chegou a contar
sobre Rodrigo para sua mãe e eles não tinham fotos juntos em redes sociais. A morena
dizia que era muito prematuro eles postarem fotos como casal e preferiria que
continuassem com discrição. Seu namorado concordou integralmente com ela a esta
altura. Ela também não estava frequentando o mesmo templo evangélico de sua mãe
e suas irmãs, de modo que preferiu omitir inicialmente seu namoro para elas. José não
se comunicava com Ester, apenas nas raras vezes que se encontravam ao vivo, de
modo que sua mãe não ficou sabendo logo do namoro. Num futuro breve, porém,
Andreza revelaria seu relacionamento para suas irmãs e por último para sua mãe, mas
esta não chegaria a conhecer Rodrigo pessoalmente.
O namoro dos dois foi um típico namoro de pós-adolescentes, mais como
companhia para frequentarem o cinema, irem a lanchonetes, pizzarias e para tomarem
sorvete ou açaí juntos. Andreza não tinha muito entrosamento com a família do
namorado e ele também não era íntimo de José e do restante da família.

Raramente foram à praia juntos ou fizeram algum programa diferente que não
saídas para comer no shopping ou nas proximidades de onde residiam.

Nesse período, publicou Andreza em sua conta do Facebook no início de seu


namoro:
“Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre
as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles.. “ Salmo 126:2
Ela publicou esse texto acompanhando uma foto tirada no templo evangélico
com um rapaz alto ao seu lado, e ela se apresentando bem sorridente. Era Rodrigo,
mas seu nome não era citado na fotografia.
Ester, ao visualizar esta publicação de sua filha na rede social, a indagou pelo
aplicativo de mensagens:
- Filha, quem é este rapaz tão belo ao seu lado? É seu namorado? Vocês
formam um lindo casal; - mas ela respondeu:
- Não, mãe. Ele é apenas meu amigo.
E se retiraram da conversa.

Certo dia, Andreza estava conversando com Rodrigo, seu namorado, quando,
do nada, ele perguntou:
- Andreza, quando foi e como foi sua primeira vez?
- Como assim? - retrucou ela, fingindo não saber do que tratava aquela
questão.
E ele foi mais claro:
- Sua primeira vez com um homem... Por que sei que você não era mais virgem
quando transamos.
- Não sei se devo te contar. É um segredo tão íntimo de cada garota. Só vou
falar se você me disser como você perdeu sua virgindade.
- Foi com minha ex-namorada. Mas transamos pouco. Foi boa minha primeira
vez, eu gostei – respondeu assim, Rodrigo, para simplificar. - E então você, meu bem,
como foi?
- Você é muito curioso. Quer mesmo saber? Eu não queria contar.
- Fale, pode confiar em mim. Sou seu namorado.
E ela contou:
- Na cidade onde eu estava morando com meu pai eu tive um namorado por 9
meses; meu pai sabia, mas nunca revelei para minhas irmãs nem para minha mãe. Um
dia a gente, eu e o boy, saímos para tomar um lanche e na volta passamos na casa
dele; os pais dele tinham saído para uma reunião da associação de moradores do
bairro; foi aí que rolou; a gente já estava com vontade; fomos para o quarto dele e lá
transamos; foi uma transa rápida; tínhamos medo de que os pais dele chegassem. Eu
estava tomando anticoncepcional por causa de cólica menstrual e por isso tivemos
coragem. Ele não tinha preservativo e fizemos amor sem “camisinha”.
- E você gostou da sua primeira vez?
- Sinceramente, não. Quer dizer, não foi ruim. Mas a primeira transa a gente
quase não sabe o que fazer, tem muita insegurança, e quase não sabe de nada mesmo.
É só uma iniciação, é apenas uma introdução (literalmente!) – e ela sorriu. - Funciona
mais para quebrar a barreira do medo e do pudor e dizer: pronto, transei, não sou
mais virgem. Depois vem tantas dúvidas e tantas cobranças na cabeça da gente. Fiquei
uma semana sem ver meu namorado após a primeira relação. Mas também transamos
poucas vezes. Íamos completar ainda 18 anos, mas estava perto desta data. Fui logo
embora da cidade e antes de ir preferi que terminássemos o namoro. Ele concordou e
seguimos amigos, mas não nos falamos mais.
- Como era o nome dele? - indagou seu atual namorado.
- Eu prefiro não falar, me entenda - respondeu a morena.
Rodrigo disse então:
- Amor, eu acho que não falei a verdade. Minha primeira relação sexual
também não foi muito legal nem prazerosa. Não fiquei a vontade com minha
namorada. Achei vergonha dos nossos corpos nus. Era de dia, o local estava claro e
acho que nossa química sexual também não combinou muito. Eu imaginei que minha
primeira vez ia ser melhor. Fiquei um pouco decepcionado. Por isso também nosso
namoro terminou após alguns meses de nossa primeira transa, acredito eu. Mas com
você é diferente: eu adoro fazer sexo com você. Sinto prazer e satisfação. Gosto de
transar com você, pois me sinto mais à vontade. Você é perfeita comigo.
- Obrigado, assim você me deixa envergonhada. Gosto de ficar com você
também. Você faz comigo bem direitinho, do jeito que eu gosto. Você sabe transar.
E os dois se beijaram calorosamente neste momento.

Próximo ao final do ano, Rodrigo procurou Andreza e lhe deu a triste notícia de
que ele partiria de São Luís, em definitivo. O rapaz se mudaria para Açailândia.
Lágrimas verteram dos olhos daquela jovem, pois ela estava gostando de seu
namorado verdadeiramente.
Disse Rodrigo:
- Vou ter que acompanhar meus pais no trabalho e no negócio deles. Eles não
aceitam ficar sem mim.
- Por que você não fica estudando em São Luís? O ensino aqui é muito melhor...
– alegou sua namorada, tentando convencê-lo a mudar de posição.
- Sou filho único e eles desejam que eu de continuidade aos negócios da
família. Já estão começando a me treinar. Preciso aprender desde cedo com eles.
- Que pena.
- Realmente. Eu estou gostando muito de você e não gostaria de me mudar
agora de cidade. E gosto daqui.
- Eu também gosto muito de você. Fiquei arrasada agora.
- Não fique assim, me desculpe.
- Você não tem porque se desculpar. São coisas da vida. Encontros e
desencontros. Chegadas e partidas. Temos que superar.
E se despediram alguns minutos depois. Nesse dia Andreza chorou quando
Rodrigo saiu e ela retornou para sua casa de postura cabisbaixa e passou três dias
muito tristonha pela notícia de que seu namorado ia embora.

Ao retornar a São Luís, Andreza passou a frequentar mais a casa de sua mãe e
esta tentou aproximar-se mais da filha. Sua mãe estava morando em outro endereço,
mas num bairro próximo. As duas conversavam num certo dia, isso antes de sua filha
encerrar o namoro com o Rodrigo:
- Andreza, minha filha, como está sendo seu dia-a-dia? Você não está
estudando mais?
- Mãe, estou estudando só em casa, preparando-me para as provas do Enem no
final do ano.
- E você já sabe para que curso vai fazer a prova?
- Estou me decidindo ainda.
- Você não me contou para o que você fez as últimas provas.
- Ah, nem passei mesmo, mãe. Não preciso dizer. Deixa pra lá.
- Você está trabalhando com alguma coisa?
- Estou vendo umas coisas por aí. Vou tentar realizar vendas pela Internet. Eu
não queria um trabalho agora, para não me tomar muito tempo e atrapalhar meus
estudos.
- E como você vai começar esse negócio, querida?
- Acho que vou pedir um dinheiro emprestado para Marcela para me ajudar a
começar este negócio.
- E ela tem essa grana para te emprestar?
- Falei com ela uma vez e ela me disse que talvez após um tempo seria possível.
- Você pensa em vender o que, minha filha?
- Roupas, é provável.
- Querida, mas esse negócio é tão disputado!
- Mas vou tentar.
- Andreza, você está namorando? Você não comenta sobre namorados comigo.
- Estou namorando um carinha da escola.
- Apresente-me, por obséquio.
- Sim. Qualquer hora o trago aqui. Porém, ele é muito ocupado, trabalha com o
pai.
- Andreza, eu gostaria que você fosse ao aniversário de seu avô. Ele vai
completar 80 anos. Vai ser na casa deles.
Mas Andreza não foi ao aniversário e depois justificou à sua mãe que estava
doente, com cólica menstrual e diarréia.
Quando encontrou Andreza, disse Ester:
- Que pena, Andreza, você não ter ido ao aniversário de seu avô. Todos
sentiram sua falta e perguntaram por você. Teria sido tão bom se você tivesse ido. Seu
avô foi uma das pessoas que mais cobraram sua falta. Ele te enviou lembranças. Disse
que faz tempo que você não passa na casa deles. Nem parece que já morou lá, naquela
rua.
- Eu estava muito indisposta, mãe. Não deu mesmo para ir. Diga para ele que
passo lá a qualquer momento.
- Andreza, desculpe o que vou falar, mas me parece que você não quer
amizade com seus avós e suas tias que ainda moram naquela rua. Você tem vergonha
da condição financeira deles?
- Não, mãe, não é isso. Falando estas coisas você até me ofende.
- Desculpa. Então esquece. Não falei por mal.
- Tudo bem. Vou tentar esquecer o que você falou .
Andreza tomou coragem e interpelou sua mãe:
- Mãe, deixa eu te perguntar uma coisa, eu gostaria de saber. Por que você se
separou do meu pai?
Ester então respondeu, de imediato:
- O amor acabou, filha. Chegamos nós dois à conclusão de que o amor acabou.
E o casamento só se segura e é mantido enquanto existe amor. Quanto este acaba,
viver juntos não tem mais sentido.
Andreza não disse mais nada. Ouviu aquelas colocações com muita atenção e a
seguir ficou refletindo se a sua mãe escondia alguma coisa, alguma razão mais
concreta que teria motivado o fim do seu casamento com o pai de Andreza.
Melina encontrou a morena e lhe contou um relato que ouviu de sua mãe:
- Andreza, mamãe me contou uma história tão estranha. Ela me disse que um
irmão dela, o tio Moacir, assediou e tentou molestar uma de suas sobrinhas e o
restante da família ficou muito chateado com ele e até pensaram em contratar um
pistoleiro para matá-lo, depois que descobriram tudo. Foi punk. Ele fugiu para outro
bairro, ficou escondido e depois ele terminou se mudando para São Paulo, fugiu talvez
e foi como esqueceram um pouco tudo o que ele tentou fazer. Ele passou um tempo
por lá, a trabalho.
A morena disse então:
- Nossa! Nunca imaginei que em nossa família tivesse acontecido uma coisa
dessas... Que história sinistra! Um caso de pedofilia! Que absurdo! E o criminoso um
tio...
- Mas ocorreu sim. Ela estava contando para Marcela, quando cheguei e ouvi a
história já pela metade. Pedi que ela me contasse também, e por milagre ela me
repassou também esses fatos. Ela me solicitou, porém, que eu guardasse segredo e
não revelasse a história para mais ninguém, mas estou te contando; pois você é a irmã
e a pessoa para a qual confio meus segredos.
Melina ainda falou:
- Fiquei com receio de que esta sobrinha na verdade fosse uma de nós e daí
mamãe ser tão protetora conosco, especialmente com você. Poderíamos ser muito
pequenas na época do acontecido e por este motivo não nos lembrarmos de nada nos
dias atuais. O que você pensa, irmã?
- Não sei. Não posso opinar sobre isso. Preciso saber mais.
A morena ainda disse:
- É, você falou bem, irmã - retrucou Andreza; e ela continuou: - Superprotera
comigo, pois com você ela sempre deixou correr solto e sempre te deu muita
liberdade. A mãe só pegou no meu pé. Não sei porque ela fez isso comigo. Fui vigiada
demais. Perdi muita coisa em minha juventude por causa de minha mãe. Ela era chata,
cri-cri e exigente, principalmente comigo. Guardo um pouco de mágoas dela neste
sentido.

O namoro de Andreza e Rodrigo desta forma chegou ao fim, pois ele teve que
se mudar com os pais para outra cidade, tendo em vista que eles trabalhavam com
comércio e seu pai colocou uma loja filial e foi passar um tempo administrando esta
nova unidade.
Quando ele já tinha-se mudado, uma amiga de Andreza na escola, Patrícia
Cutrim, lhe chamou para conversar:
- Suh, agora que o Rodrigo foi embora eu posso te contar uns fatos que
aconteceram. Eu pensei muito se te contava, e decidi revelar para você.
- E o que aconteceu, Paty? – questionou Andreza, muito ansiosa.
- Morena, muita gente comenta na escola que o Rodrigo namorava outras
garotas.
Andreza desabou e no mesmo instante seu semblante ficou sisudo e triste.
- Eu não quis falar antes para não parecer fofoqueira e você achar que eu
queria atrapalhar seu namoro - continuou Patrícia.
- Eu preferia ter sabido. Por que vocês fizeram isso comigo e me esconderam a
verdade? E muita gente sabia?
- Acredito que sim. Não sei como você nunca desconfiou de nada.
- Eu devo ser uma tonta, uma tapada mesmo.
- Não se martirize. Os homens em sua maioria são “galinhas” mesmo, ou seja,
são infiéis de carteirinha.
- E se pegam uma menina boba e inocente como eu, aí é que eles aprontam! Ai
meu Deus, como eu pude ser tão idiota! Eu estou com ódio daquele safado.
- E parece que ele contava para os amigos segredos da intimidade dele com
algumas meninas .
- Você ouviu falar que ele contou intimidades minhas com ele?
- Não, de você acho que ele não falou. Mas não tenho certeza.
- E ele ficava com outras meninas da nossa escola?
- Sim, umas três.
- E quem são elas? Preciso saber. – disse Andreza, aflita.
- Andreza, é melhor eu não te falar. São comentários apenas; ninguém tem
convicção de que é verdade. Parece que não há provas. Não posso falar o nome delas,
senão elas podem vir tirar satisfação comigo.
- Eu guardo segredo, eu juro. Conte-me. Patrícia, você jura que está falando a
verdade?
- Sim. Muita gente comenta sobre ele. Rodrigo era metido a “playboy” e é
muito namorador.
- O que mais comentam de mim?
- Que você também o traiu.
- Eu? Quem falou isso?
- Pessoas próximas a você. Andreza, é verdade? Se você me falar eu conto o
nome delas.
- Foi só uma vez que eu fiquei com o Tiago Palhano. Mas eu estava brigada com
o Rodrigo. Eu juro que foi só uma vez. Aí a gente voltou e eu não quis contar para ele...
- Mas acho que ele ficou sabendo por outras pessoas.
- Vixe, minha nossa! Estou verificando que em nossa escola existe de fato muita
gente futriqueira. Pronto, falei. Agora me diz o nome das garotas que me traíram com
ele, porque ele dizia que namorava apenas comigo. Então ele me enganou. Preciso
saber se elas me conhecem e se alguma delas ainda finge ser minha amiga.
- Eu só tenho certeza do nome de uma delas: Alice Viegas.
- Não conheço. E as outras duas? Você disse que eram pelo menos três.
- Não tenho certeza se as pessoas estão corretas. Quando eu tiver certeza eu te
revelo.
- Você mentiu... Disse que sabia o nome delas três.
- Não, Suh. Só não quero dizer o nome de pessoas que podem ser inocentes.
- Ok. Mas você vai descobrir o nome das outras duas e vai me dizer .
- Combinado.
- Tchau. Senão eu vou ficar de mal com você.
Para se certificar de que Patrícia havia falado a verdade e não teria criado
aquela história, Andreza sondou vários outros colegas da escola, mas sem se entregar,
até que falou com Márcia Pinheiro.
- Márcia, será que o Rodrigo era fiel comigo? Você soube de alguma coisa que
ele fez escondido e não me contou?
- Andreza, eu ouvi dois amigos dele comentando que ele sempre tinha duas
namoradas ao mesmo tempo.
- E eles falavam em nomes?
- Sim. Uma delas era Cíntia Jansen, do segundo ano do ensino médio, do
turno da tarde.
- Que safado! Então ele me traía
- Acredito que sim. Muita gente fala dele. Dizem que ele era sonso. Fazia as
coisas escondido.
- Sem vergonha.
- E dizia para as meninas que não tinha nenhuma garota fixa.
- Canalha! Tão novo e já tão mau-caráter. Estou com ódio do Rodrigo! A sorte
dele é que foi embora da cidade, senão eu ia arrebentar com ele. Eu não ia deixar isso
barato.
- A melhor coisa que você faz agora é esquecê-lo, Andreza. E a partir de agora
ter mais cuidado com os rapazes.
- Sim, vou ter.
Andreza ainda ouviria depois de Mariana Campelo que Rodrigo contava mesmo
intimidades de sua relação com as namoradas e era exibido, gabola, exagerando nas
suas histórias. Mariana garantiu para a morena que ele teria vazado informações
íntimas dos dois, o que poderia estar denegrindo a imagem da moça nos bastidores da
escola. Mas Andreza não conseguiu mais detalhes. Tudo aquilo a deixou todavia
arrasada e com o astral lá embaixo.
Por último, um colega seu de nome Carlos Henrique Cavalcante conseguiu uma
foto do Instagram de uma garota com o flagra de um beijo de Rodrigo na moça. A foto
estava na conta de uma amiga dela e Rodrigo não sabia que a foto havia sido tirada. A
referida prova da traição foi postada no período em que Andreza ainda namorava
Rodrigo. E o pior: era outra garota, uma quarta, com a qual ele esteve se envolvendo
enquanto namorava com Andreza.
Era a prova definitiva da traição do ex-namorado. Ela não estava mais com ele,
mas mesmo assim tudo aquilo doeu, pois as pessoas comentavam na escola e as
histórias eram várias. Andreza sofreu ao saber a verdade sobre seu relacionamento
com Rodrigo e se sentiu impotente por não poder fazer nada para reparar sua
reputação e acima de tudo veio o sentimento de traição, como ela nunca tinha
experimentado e ela descobriu como este sentimento maltrata e faz mal.
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Voltando a Andreza: esta já pensava em conseguir um trabalho caso não fosse
aprovada no ano seguinte para a faculdade. A jovem já sentia a necessidade de obter
seu dinheiro com algum trabalho, pois seu pai tinha empregos em que ganhava
relativamente pouco e ela gostaria de obter um complemento para começar a
comprar suas coisas e pagar suas contas. Afinal, uma mulher precisa se vestir bem e
cuidar de sua beleza. Tornar-se um pouco independente dos pais do ponto de vista
financeiro não é um mau negócio. Afinal de contas, quase todos os jovens na idade de
Andreza naquele momento vislumbram isso: poderem se manter, livres do controle
dos pais, ainda mais quando a família não é abastada. A dependência financeira dos
filhos em relação aos pais torna os primeiros mais submissos às vontades e aos
controles parentais e Andreza sabia disso muito bem. Por esse motivo a vontade de já
começar a ter uma fonte de renda e iniciar um processo gradual de independência de
seu pai.

A mãe de Andreza sentia muito a falta de sua filha e buscou uma aproximação
com ela, começando a fazer frequentes elogios perante as postagens da moça no
Facebook. Andreza notou o comportamento de sua mãe, e suas intenções e isso
amansou um pouco o coração de Andreza. E como Ester estava satisfeita com a
formosura da filha do meio! Era a mais alta e aquela considerada mais bela dentre as
três. A mãe criou coragem e comentava nas postagens de sua filha: “Andreza, mamãe
te ama muito.“
Sua filha tinha-se tornado mulher, uma bela moça e o quão isso é confortador
e gera orgulho para uma mãe. Quando via as postagens de sua filha se alegrava e
gostava que todos soubessem e lembrassem que aquela moça era sua querida filha:
“Vejam esta linda princesa. É minha filha linda, que mora no meu coração. Vejam,
olhem para a linda moça em que ela se transformou”.
Andreza pôde também ter mais contato com suas sobrinhas, pois já havia
nascido a segunda filha de sua irmã mais velha. As outras filhas de Ester começaram a
ficar enciumadas, em especial a mais nova, que ainda tinha 16 anos de idade e era
ainda imatura. Elas não conseguiam notar que as ações e os elogios de sua mãe
voltados para Andreza buscavam reconquistar sua filha. A própria Andreza percebeu
que os elogios visavam a uma reaproximação, mas temia que houvesse exageros de
sua mãe e a apologia não fosse tão sincera. Andreza era desconfiada e queria uma
prova de amor verdadeira de sua mãe. Palavras não seriam o bastante, não seriam
suficientes de forma alguma para reconquistar o seu coração e a confiança de Andreza
em sua mãe. Ela exigiria uma prova concreta do amor materno.
Receiava que a reaproximação com sua mãe trouxesse de volta os fantasmas de
controle e dominação de sua vida por sua genitora. Ela não aceitaria mais esta
situação, de modo algum. Estava certa de que não.
Sua mãe futuramente moraria com outra pessoa, mas no momento estava
solteira e com esse homem, porém, não teria mais nenhum outro filho. Andreza era
um pouco chateada por seu pai já ter outro par, e depois sua mãe também conseguiria
um novo companheiro, e isto tudo, a seu modo de ver, impediu a reaproximação dos
seus pais e o reatamento do matrimônio. Porém, Andreza já tinha-se conformado com
esta situação e tinha concluído que o desfecho era definitivo. Em sua cabeça, todavia,
sua mãe sempre seria mais culpada do que seu pai e Andreza posteriormente não ia
querer nem saber de seu, por assim dizer, padrasto; não almejaria nenhuma amizade
com ele. Não desejaria aproximação.
Foi no colégio na cidade antes de voltar para São Luís que Andreza conheceu
seu primeiro namorado e com o qual perdeu sua virgindade antes de completar 18
anos, sem seus pais descobrirem. Durante o período em que morou em outro
município Andreza foi reprovada em uma série. A transferência de escola, a separação
dos pais, a mudança de cidade e o afastamento dos amigos e da família contribuíram
para que perdesse um ano do colégio. Por conta disso sua conclusão do ensino médio
atrasou um ano e ela só encerrou seus estudos aos 19 anos de idade.
E ao concluir o ensino médio não conseguiu aprovação imediata em nenhum
concurso vestibular nem no Enem (exame nacional do Ensino Médio do MEC-
ministério da educação). No ano seguinte Andreza ficou estudando em casa, pois seu
pai não pode pagar um cursinho para ela se preparar para a faculdade.
Todavia, próximo à metade do ano seu pai a procurou e disse:
- Andreza, minha filha, quero pagar um curso preparatório para o Enem neste
segundo semestre. Eu estou somente ajudando a Vanusa a mover um processo
pedindo o pagamento de pensão alimentícia para o pai do filho dela. Terminando isso,
vou te ajudar, filha. Quero que você entre na universidade, com a graça de Deus.
Andreza respondeu, muito contente:
- Obrigada, papai, eu te amo. Vou me esforçar para ser aprovada desta vez.
De fato, ao final daquele ano, realizaria as provas e conseguiu ser aprovada
para uma faculdade particular, para cursar Ciências Contábeis.
José sentia muitos ciúmes da filha do meio. Ester até pensava que os ciúmes
daquele pai em alguns momentos eram meio estranhos, muito exagerados.
Andreza contava que seu pai controlava um pouco as roupas que ela vestia e
não gostava quando ela usava biquínis pequenos na praia. Por isso, aprendeu a usar
roupas longas, sem decotes e bem comportadas quando saía com ele. Ela até brincava,
falando com Melina:
- Ele viu umas fotos minhas na piscina, Melina, de biquíni e foi dizendo: “Te
veste, minha preta “. Que bichinho cri-cri, irmã - continuou a morena, sorrindo. E
continuou com tom de riso: - Com ele só posso sair comportadinha, imagina isso. Eita
papai.
Melina ouvia tudo com atenção, mas não gostava muito por saber que seu pai
preferia Andreza e só demonstrava tais ciúmes por ela. Melina fez gesto de pouco
caso, então, e disse: “O nosso pai parece só ter olhos para você. Ele quase não se
lembra de que tem outras filhas. Azar dele. Ele vai ver, se não liga para mim e Marcela
mais tarde vamos esquecendo dele também”.
- Melina, não fale assim do papai - rebateu Andreza, porém sabendo que sua
irmã tinha razão, em parte. Andreza era a filha mais importante para José, e esta
discrepância de tratamento estava incomodando Melina. Deste modo, esta se afastou
afetivamente um pouco de seu pai, e não haveria entre eles relação de carinho
profundo e reciprocidade, como ocorria entre ele e sua irmã do meio.
Melina até chegou a o indagar uma vez sobre isso e ele respondeu:
- O amor de um pai e de uma mãe é diferente por cada filha ou filho. Não dá
para explicar. Mas eu amo muito vocês todas.
- Mas você demonstra amar mais a Andreza! Você dá muito mais atenção e
mostra muito mais carinho e preocupação por ela do que por suas outras filhas.
- Impressão sua, querida. Mas é claro que é mais fácil pensar assim: convivo
mais com Andreza e ela mora comigo há 4 anos. Temos mais contato no dia-a-dia e por
esse motivo aparentamos ter melhor entrosamento.
Mas o fato é que José sempre achou Andreza mais carinhosa com ele do que as
outras duas filhas e o afastamento físico parcial destas duas reduziu mais sua
intimidade com elas. Parecia claramente também que José sempre fora mais
apaixonado por Andreza, e este afeto só foi aumentando no decorrer dos anos, o que
aparenta não ter ocorrido em relação às outras filhas. E nunca tiveram uma relação tão
próxima e carinhosa.

Quando Andreza entrou na faculdade ela passou a conhecer pessoas de várias


classes sociais e logo as diferenças começaram a aparecer. A faculdade também é um
ambiente onde ocorre um choque de culturas e vamos percebendo o quanto o mundo
é plural. Por outro lado, o convívio com pessoas de maior poder aquisitivo faz com as
aspirações aumentem nas pessoas menos favorecidas, como era o caso de Andreza e
ela logo percebeu que deveria trabalhar para poder se vestir melhor e ter uma melhor
apresentação no seu ambiente de convivência, agora universitário.

Rapidamente Andreza fez-se colega de várias pessoas, embora tivesse mais


amizade com Tâmisa, Kátia e Kelly.

Quando Andreza entrou na faculdade seus colegas se divertiram também com


o linguajar da moça, que era uma mescla do jargão da capital com o da cidade
interiorana em que ela tinha residido. Andreza falava o típico “maranhês”, um
delicioso dialeto derivado das subdivisões nordestinas da língua portuguesa, mas já
com influências da linguagem da região Norte, particularmente do Pará, além da
contribuição de termos de origens indígena e africana. O vocabulário e o linguajar de
Andreza eram muito coloquiais, por demais espontâneo e em muitas situações até
“acaboclado“ (típico dos caboclos), o que provocava chacotas na sala de aula e criou
situações constrangedoras para a morena. Os amigos de Andreza se divertiam com
suas mensagens no Facebook (algumas novas e outras, bem mais antigas) e no
WhatsApp, com um vocabulário bem tradicional e muito engraçado, até que ela,
gradualmente, foi aprendendo a usar um Português mais correto e simples, e mais
adequado ao meio acadêmico, deixando para trás aquela moça que tinha uma
linguagem muito coloquial e com muitos vícios de português, além de excessivas
palavras do dia-a-dia do povo, mas inadequadas ao nível superior de ensino.

Expressões como: Piqueno/Piquena – Menino/Menina; Piqueno, tu é o raio –


Menino, você é rápido, esperto; Vai pra baixa da égua ou pra caixa-prego – vai para
longe; Pior – verdade; Nã, Nem, Nam – Não; Marminino – Mas, menino; Marrapaz -
Mas rapaz; Arrmaria – Avé Maria; Rapá, sio – Rapaz, menino; Mermã – Minha, irmã,
amiga; perainda – espere um pouco: Cabuloso – Sem graça; Marróia – Mas olha;
Brocado – com muita fome; Té doido – Tu és doido; Aqui tá remoso – Aqui está
perigoso; Perainda – Espera um pouco; triscar – tocar; Banhar – tomar banho; do
tempo do ronca - antigamente; Mangar – debochar, fazer chacota; só quer ser –
pessoa metida a importante; cuida,cuida – depressa: Dá teus pulos – Se vira; Sem
mentira nenhuma – Estou dizendo a verdade; Aham aham ( arrâm, arrâm ) - sim;
rebolar no mato – jogar fora; um tiquinho – um pouco, dentro outras. Ela usava
constantemente.
Andreza teve que passar por um verdadeiro choque de educação linguística,
para se transportar para o meio social e acadêmico em que estava debutando, tendo
em vista que muitos de seus colegas tiveram uma educação de nível médio mais
adequada, e por serem provenientes de classes sociais com melhores condições
financeiras, em geral convivem com pessoas com melhor nível de instrução e formação
acadêmica, assim prezando mais pelas normas cultas da comunicação.

Tudo isso foi percebido por seus pais e suas irmãs, as quais, pouco a pouco,
também foram modernizando seus vocabulários e aderindo à prática de regras
gramaticais mais corretas, embora na maioria das vezes, bem simples.

Ester foi visitar sua irmã Analice em São José de Ribamar e esta perguntou por
Andreza e Antônio José, seu ex-marido.
- Analice, eu não falo muito com Andreza, mas ela está bem – relatou Ester. -
Estuda no ginásio do São Cristóvão e tem até um namoradinho, mas não o conheço.
Eles, Andreza e seu pai, voltaram agora, há poucos meses, de Coroatá. Ela aparece lá
em casa duas ou três vezes por mês.
- Eu vi umas fotos dela no Facebook. Está tão bonita – elogiou a tia.
- Sim, ela se transformou numa bela moça. Você a viu adolescente e agora ela
é uma mulher. Só está um pouco gordinha. Precisa emagrecer um pouco.
- E José, está trabalhando com o quê?
- Continua trabalhando com açougue.
- Ele tem outra mulher?
- Tem.
- Como é o nome dela, irmã?
- É o nome daquela cantora da jovem guarda: Vanusa.
- Você sabe, mais ou menos, a idade dela?
- Sei, ela é uns sete anos mais nova que eu, Analice. Ela já tem um filho com
outro homem. Ele me trocou por uma mulher bem mais nova...
- Mas não partiu de você, Ester, os primeiros passos para a separação?
- Sim, eu estava brincando. Já estamos divorciados. Até já voltei para meu
nome de solteira.
- Ela trabalha com o quê, a mulher do José?
- Parece que ela é operadora de telemarketing.
- E eles moram onde?
- No bairro São Cristóvão mesmo. Eu soube até que eles vão se casar no civil.
- E você, não tem ninguém ainda?
- No momento não, irmã, mas uma hora vai dar certo e uma pessoa enviada por
Deus vai chegar.
- Quando vir Andreza diga que estou com muita saudade e com vontade demais
de revê-la. Faz tempo que não me encontro com aquela morena.
- Pode deixar, Analice. Assim que eu a encontrar dou seu recado.
Ester tinha ido com Melina. Sua irmã perguntou então por Marcela.
- Marcela está morando com o pai das filhas dela. Ela teve outra moça, você
sabe, é a Isabel. Tem menos de 06 meses.
- Que bom! Outra mocinha! Preciso conhecê-la.
E continuaram conversando por mais de uma hora, colocando os assuntos em
dia. Analice as convidou para o almoço e ficaram até meados da tarde, sendo que
foram embora apenas depois do café das 15:30h.
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Ao retornar a São Luís e para o convívio de sua Igreja Evangélica, Andreza
reencontrou Nelsinho, um moço que era solteiro e possuía mais de 10 anos de idade a
mais que ela, mas se insinuava constantemente para a jovem, lançando indiretas,
sendo sempre um dos primeiros a elogiar suas fotos e publicações na Internet. Nelson
a conheceu uma adolescente simpática, mas sem nenhuma beleza atrativa; a moça,
todavia, reaparecera agora como mulher feita, bela e adulta, um fato que o encantou e
o rapaz não escondeu dela e de ninguém esta agradável constatação. Escreveu ele no
Facebook da morena: “Andreza, quanto tempo que não nos viamos! Que agradável
surpresa te reencontrar; como você mudou e como está bela!”. Nelson era um dos
poucos rapazes que podia fazer elogios nas redes social da garota sem provocar sua
ira. Ela não aceitava, por conseguinte, nenhum elogio de qualquer estranho e chega a
o entender como ofensa em algumas ocasiões. Ele cantava nos cultos da sua
congregação e era colega das irmãs e do cunhado da morena. Nelson só a chamava
pela alcunha de “Princesa” e nutria forte amor platônico por Andreza, sendo que esta
não o levava a sério, de modo proposital, sabendo fugir de todas as suas cantadas
enrustidas ou diretas. Andreza sentia por ele apenas amizade, mas o rapaz tinha
pequenas esperanças de a conquistar um dia, e insistia em pequenos convites para ela
sair com ele. O cantor evangélico se dizia um romântico assumido e chegou a criar uma
conta no Instagram de nome: “O recanto do apaixonado“, da qual a jovem era uma das
seguidoras. A garota evangélica, porém, achava que a maior parte deste romantismo
era pura pieguice, melosidades de pouca importância.
Marcela se separaria mais tarde do pai de suas filhas e voltaria a morar com sua
mãe; a filha primogênita morava no bairro São Raimundo, no Pontal da Ilha, e depois
de se afastar de seu companheiro convidou sua mãe, Melina e Andreza para morar
com ela. Posteriormente, a filha mais velha se mudaria para outra casa, deixando Ester
no bairro São Raimundo. Marcela chegou muito contente em casa pois conseguira um
emprego como atendente de “telemarketing”. Neste emprego ela indicaria depois suas
irmãs e seu cunhado André, de maneira que todos foram trabalhar na empresa de call-
center. O serviço de telemarketing era pesado e pagava relativamente pouco, mas foi
o trabalho que conseguiram. Andreza em particular precisava de grana para ajudar a
pagar sua faculdade particular. Melina não cursava faculdade ainda, mas fazia vez por
outra algum curso preparatório para concursos públicos.
Melina não se decidira ainda sobre fazer faculdade. André estava cursando
História. Ele decidiu depois estudar para o concurso de oficiais da Polícia Militar e esta
passou a ser sua meta.
A irmã caçula de Andreza e Marcela tentou se aventurar então num primeiro
empreendimento. Aproveitou que os empréstimos bancários estavam com juros mais
baixos naquele momento e contraiu um empréstimo para montar um restaurante com
música ao vivo no centro, na rua São Pantaleão. Todavia, pela falta de experiência no
ramo e após terem sofrido um furto de grandes proporções, Melina se viu obrigada a
repassar o bar para outra pessoa e entregou o imóvel. De quebra, infelizmente, ficou
com a dívida do banco para pagar.
____________________________________________________________
Andreza voltou a morar com sua mãe e Melina, novamente na Vila Brasil; Ester
morava apenas com Melina até então, além de outros familiares, no mesmo
endereço; entretanto, Ester conheceu um homem e foi morar com ele em outro
bairro, o jardim Aurora, deixando suas filhas com os avós e com um casal de tios;
Andreza odiou sua mãe por isso. Todavia, este novo relacionamento de sua mãe não
deu muito certo e após cerca de um ano se separaram, e a mulher foi morar com
Marcela, desta vez no Pontal da Ilha, levando suas duas outras filhas posteriormente.
Antônio José, algum tempo depois, quando Ester e suas filhas já estavam no Pontal da
Ilha, deixaria sua segunda companheira, mas, após um ano e meio passou a namorar
uma cabeleireira, de nome Angélica. José trabalhou em uma empresa de transporte
coletivo, chamada Cisne Negro, e nas viagens para a cidade de Angélica a conheceu,
tendo então começado um romance. Aquele senhor já havia fechado seu frigorífico,
após se separar de Vanusa.
Só que, dentro de alguns meses, Ester conheceu Genésio, que frequentava a
Igreja daquele bairro, e era caminhoneiro, mas Andreza não aceitou muito bem este
relacionamento e nunca manteve uma relação excelente com seu padrasto.

Marcela e Vanusa conseguiram um emprego para Andreza no serviço de call-


center e a morena estava cursando contabilidade. Ela, Suellen, tentou se aventurar na
venda de roupas por quase um ano, com a grana que Marcela havia lhe emprestado.
Todavia, o comércio de roupas não obteve sucesso e a moça desistiu. Como
resultado, ficou com a dívida perante sua irmã primogênita.

A irmã mais velha se dirigiu nestes termos:

- Suh, apareceram algumas vagas para atendente de telemarketing no call-


center. Vai haver um teste seletivo e eu vou indicar você. Melina me disse que não
deseja trabalhar agora. Você topa esse trabalho.

A morena refletiu um pouco e se pronunciou a seguir:

- Quero sim, irmã, obrigada por me indicar.

- Tem alguma amiga sua querendo trabalhar?

- Não sei, mas indica o André. Ele comentou comigo e com nossa prima Mary,
outro dia na Igreja, que está buscando um emprego.

- É mesmo? Bem lembrado. Pois vou avisá-lo para ele também se inscrever no
teste seletivo. É só vocês passarem no teste que eu e Vanusa garantimos a vaga de
vocês.

- Certo. Agradeço muito a vocês, Marcela. Estou precisando realmente


trabalhar; quero ter minhas coisas e nossos pais não podem me dar tudo.

- Mas, Suh, por favor, honrem esse trabalho e dêem suor. Vou ajudar vocês
entrarem; contudo, minha permanência no emprego a partir de então vai depender do
desempenho e da responsabilidade dos dois. Não me decepcionei, eu lhes peço.

- Pode deixar, minha irmã. Obrigada de novo. Você é um anjo.

E as duas se abraçaram. Em seguida, Marcela saiu para seu trabalho.

De fato, Andreza e o namorado de Melina passaram no teste seletivo do call-


center, foram convocados e começaram a trabalhar com telemarketing dentro de 30
dias aproximadamente. Foi o primeiro emprego de Suellen com carteira de trabalho
assinada.

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Aconteceu que a faculdade de Contabilidade do Maranhão, a Facoma, algum


tempo depois, realizou um simpósio em conjunto com o curso de Ciências Contábeis
da Faculdade Arquimedes e esse evento também levaria a um intercâmbio de
conhecimento entre os estudantes das duas instituições.
Foi nesta ocasião que Andreza conheceu um rapaz chamado Douglas. Ele se
sentou ao lado da moça numa das palestras iniciais e começou a puxar conversa.
Em determinado instante da exposição o rapaz se voltou para Andreza e fez
um pedido:
- Olá, você poderia me emprestar uma caneta? Eu preciso anotar algumas
coisas desta aula. Você tem uma caneta de sobra? Incomodaria me ceder por um
instante?
- Posso sim - declarou a moça.
“Que cara chato, me tirando a atenção, e ainda não traz sua caneta“, pensou a
estudante.
E, abrindo uma case de tecido, ela retirou uma caneta e lhe emprestou.
- Aqui está – ofereceu ela.
- Muito obrigado.
O rapaz fez algumas anotações durante 30 minutos e ao final da sessão
devolveu o item emprestado à dona.
Esta se manifestou assim:
- Pode ficar até o final da próxima palestra. Tenho outra caneta de reserva se a
que estou usando falhar.
- Como é seu nome mesmo? – indagou o rapaz.
Andreza ficou apreensiva com aquela simples questão. Seu crachá estava virado
ao avesso.
Num reflexo ela olhou para seu próprio crachá e constatou esse fato.
Respondeu então:
- Eu me chamo Andreza. E o seu? – perguntou ela, mais por educação.
- Douglas.
- Prazer. Fique com a caneta até o final – insistiu ela.
- Não vou precisar. Eu vou ter que sair. É porque eu não queria perder esta
penúltima aula que acabou agora. Sou muito fã desse professor que foi o último
palestrante. Eu já queria há algum tempo assistir a uma aula dele presencialmente.
- É, a aula dele foi excelente! – concordou a moça. - Mas o próximo palestrante
também é muito gabaritado. Tem vários livros publicados e suas aulas atraem muita
gente
- Como é o nome dele?
- Newton Linzmeyer Figueiredo.
- Realmente. Já li um capítulo de um livro escrito por este autor.
- Tenta ficar, então. – sugeriu a garota.
E Douglas fez uma ligação pelo celular combinando algo com a pessoa do outro
lado e terminou por conseguir ficar para assistir à palestra seguinte. Estavam num
intervalo de 10 minutos entre as aulas.
- Consegui resolver uma situação pelo telefone e vou poder assistir a próxima
apresentação.
- Que bom! Acredito que você não vai se arrepender.
- Você cursa Contábeis na FACOMA? - perguntou ele para Suellen.
- Sim, estou no segundo período. E você?
- Faço na Faculdade Arquimedes. Estou no quarto bloco do curso.
Continuaram sentados um ao lado do outro e ao final da última apresentação
saíram juntos da sala.
- Obrigado pela caneta, Andreza, - agradeceu o rapaz. - Dizem que pedir
emprestado uma caneta de uma mulher inteligente ajuda para que as anotações
depois nos lembrem de tudo o que foi dito na aula.
- E é? Você é muito engraçado. Nunca ouvi falar nisso.
- Mas eu acertei que você é muito inteligente e é uma aluna muito aplicada?
- Uma aluna mediana, digamos.
- Você está sendo muito modesta. Você parece ser muito interessada, além de
ser muito bonita.
- Obrigada.
Andreza notou o garoto se enxerindo um pouco, insinuando-se para ela e não
quis dar muito cabimento para ele.
- Pois foi um prazer, Douglas. Tchau – disse ela, em tom de despedida.
- Igualmente. Até uma próxima oportunidade. Bom descanso, Andreza.
A moça foi para casa de ônibus e ficou pensativa. Já faziam mais de 12 meses
que ela tinha terminado com seu namorado e nunca mais outro rapaz havia lhe
interessado. Douglas, embora tivesse demonstrado ser um pouco atirado, era um
rapaz muito simpático e bonito. Era um moreno alto, de olhos verde escuro e de rosto
delicado. Tinha uma voz agradável e suave, seu físico era atlético e aparentava ser
bastante educado. Isso chamou a atenção de Andreza.
No dia seguinte a garota voltou ao simpósio e assistiu às primeiras sessões de
palestras na companhia de duas colegas, Tamisa e Kelly. No intervalo da primeira
metade das aulas foram para um coffee-break na área externa aos auditórios e lá um
rapaz em certo momento acenou para a morena.
- Suh, aquele garoto está acenando para ti? - questionou Tamisa.
- Acho que sim – respondeu Suellen, despretensiosamente.
- Você o conhece? - perguntou a outra amiga. - Notei que ele não é da nossa
faculdade.

- Eu o conheci ontem. Fomos apresentados rapidamente – afirmou a morena.


- Ele é um gato – declarou Kelly. – Você não perdeu tempo ontem, hein,
amiga?
- Foi. – concordou Suellen.
- Ele é de qual faculdade? – questionou Tamisa.
- Ele é aluno da faculdade Arquimedes. Eu perguntei para ele e ele me falou.
O evento não era fechado para alunos das duas instituições. Cerca de 20 % das
vagas eram para estudantes de outras faculdades.
- Ele é muito bonito. Você fez amizade? Qual o nome dele? Anotou o número
do WhatsApp? – indagou Tamisa.
- Ei, calma!!! Vocês são muito ouriçadas, muito espevitadas. O nome dele é
Douglas. Mantive uma conversa rápida com ele, mas não trocamos telefones. E não
deu para ficarmos colegas. Só falei com esse gato uma vez.
- Pois pega o telefone dele e dá o seu para ver se ele se interessa em te ligar –
sugeriu Kelly, dando uma de cupido. – Eu fosse você tentava o conhecer melhor.
E Andreza não disse mais nada para suas amigas.
Por obra do destino, a tarde, Douglas chegou um pouco atrasado a aula,
adentrou na mesma sala em que Suellen estava e só tinha restado uma cadeira livre,
justamente ao lado dela e eles sentaram assim novamente um do lado do outro.
Ao sentar, Douglas pegou suavemente no braço da morena e desejou boa
tarde, falando baixo.
Ela olhou rapidamente para ele e o respondeu com outro “boa tarde”.
Ao final das aulas Douglas se dirigiu a Andreza com estas palavras:
- Como foram as aulas que você assistiu hoje de manhã? Foram proveitosas?
- Aprovei as apresentações que assisti hoje pela manhã – e Andreza contou
mais detalhes das aulas em que esteve presente.
- Não escolhi bem as minhas aulas, - contou o rapaz. E foi explicar o motivo
pelo qual as palestras que selecionou para assistir não lhe tinham agradado.
O simpósio ainda teria um terceiro dia, mas Douglas informou a ela que não
poderia vir, pois sua mãe faria uma cirurgia no dia seguinte e ele ficaria com ela no
hospital pois ela era viúva e a única irmã de Douglas não havia conseguido liberação do
trabalho durante o dia.
- Andreza, o simpósio está sendo muito produtivo, apesar de eu não ter
gostado muito das palestras que assisti hoje de manhã. Só que, infelizmente, eu não
vou poder vir amanhã no último dia.
E o estudante explicou por que razão faltaria ao último dia do evento.
- Pois eu desejo boa sorte na cirurgia de sua mãe – desejou a outra estudante.
- Muito obrigado – agradeceu o aluno e continuou: - Andreza, se eu te pedir seu
número de telefone você não me leva a mal? Gostei de você. Poderíamos nos
comunicar quando você quisesse conversar ou se precisar de alguma ajuda para a
faculdade. Poderíamos ser colegas ou amigos. Achei você muito especial.
Andreza pensou um pouco e até cogitou falar que estava sem celular. Naquele
dia ela não trouxera seu smartphone, por descuido, e isso já seria um pretexto para
dizer que ela não tinha aparelho de celular. Mas tomou coragem e contou seu número
de telefone para o rapaz.
Ela também imaginou que se suas amigas soubessem que ela teve a chance de
anotar o telefone daquele belo rapaz e ela tinha se acovardado, suas amigas ficariam
envergonhadas de sua amiga. A morena pensou, por outro lado, que Douglas jamais a
contactaria e depois daquele dia não se falariam mais.
Suas amigas depois a indagaram sobre Douglas e ela lhes contou que trocaram
os números dos telefones.
- Muito bem, Suh, assim é que se deve fazer. Agora espere ele entrar em
contato. – comentou Kelly.
Passaram-se então quase 15 dias e a morena já está se esquecendo do rapaz,
mas não dava o braço a torcer, e não encontrou coragem para lhe enviar uma
mensagem. Ela aguardou a iniciativa dele.
Desse modo, após quase 15 dias, e já imaginando que Douglas não se
comunicaria mais com ela, Suellen foi surpreendida por uma mensagem de
WhatsApp, um dia, no início da noite.
- Boa noite, Andreza. Tudo bem? Estive muito ocupado com a recuperação de
minha mãe nestas duas semanas. Mas não costumo ser indelicado assim. Graças a
Deus ela está se recuperando muito bem. O motivo do meu contato é que gostaria de
te fazer um convite inusitado: eu pratico jiu-jitsu e vou participar de uma competição.
Você gostaria de assistir a uma luta? Preciso de torcida. Brincadeira... Não sei por que
razão, mas pensei que você gostaria de assistir a esse torneio. Você gosta de esporte?
E curte artes marciais? Posso te pegar em sua casa ou em outro local. Analise meu
convite. A competição será no próximo final de semana, sábado e domingo. Os
vencedores de cada categoria vão estar habilitados para um torneio em Fortaleza
daqui a 45 dias.
Andreza visualizou a mensagem, e não quis responder de imediato. Procurou
refletir primeiro, para depois tomar uma decisão.
No dia seguinte enviou uma resposta ao rapaz:
- Douglas, fico um pouco envergonhada. Eu te conheço bem pouco, mas
confesso que fiquei com vontade de ir. Quando eu tinha 14 anos eu senti vontade de
praticar kick-boxer ou taekwondo, mas meus pais criaram uma desculpa e não
permitiram. Fiquei muito triste, mas deixa prá lá. Vou assistir a este torneio: pelo
menos às suas lutas (já estou achando que você vai chegar até a final). Mas não me
convide depois para praticar jiu-jitsu. Não tenho mais vontade de fazer nenhuma luta
hoje em dia.
Após cerca de duas horas Douglas replicou a resposta da morena.
- Que boa notícia! Você vai adorar! Após o evento a turma da academia em que
pratico jiu-jitsu vai sair para jantar. Você é minha convidada. Os atletas tomam banho
e se trocam após as lutas e saímos para uma churrascaria. O evento começa sábado às
15h. Acredito que até as 21h a gente encerra nosso dia. Combine depois comigo como
você quer ir. Será na academia Top Fit Master. Conhece?
Andreza nunca tinha aceitado um convite assim de uma pessoa que mal
conhecia e com tão pouco contato, mas lhe pareceu que Douglas era uma pessoa do
bem e estava sendo muito gentil. Mas o que dizer para seu pai aceitar que ela fosse
aquele evento com um estranho? E ainda mais passar a tarde e o início da noite, um
afastamento de tantas horas. Seu pai poderia achar perigoso e não deixar ela ir. A
morena, por outro lado, não queria levar seu pai. Começou a imaginar o que diria
para seu pai aceitar que ela se ausentasse de casa por tantas horas.
Suellen necessitava mesmo dar uma guinada em sua vida e sair da rotina e do
tédio em que vivia. Aquele garoto poderia ser uma oportunidade para ela ser feliz e
encontrar mais sentido para sua vida. De forma subconsciente, suas expectativas
sobre Douglas foram aumentando dia após dia.
Andreza conversou então com seu pai e inventou uma história para justificar
sua saída para o torneio de jiu-jitsu. A garota tinha receios de falar a verdade e
preferia criar suas versões e suas justificativas para obter o que desejava. Este hábito
de alterar os fatos e mentir, Suellen foi assimilando de maneira gradativa, de modo
que após certo tempo já transcorria de forma automática. Aparentava que a mulher
tinha medo de assumir a verdade e de suas consequências. Ela tinha trauma de falar a
verdade.
- Papai, quero te pedir para sábado à tarde ir assistir um campeonato de jiu-
jitsu. Dois colegas da minha faculdade me convidaram para ir. De lá a gente sai para
comer alguma coisa. Tudo bem?
- Onde vai ser, filha?
- Em uma academia. A gente se encontraria no shopping e de lá a gente vai.
Para voltar peço carona para alguém ou retorno de transporte alternativo.
- Eu deixo você na academia.
- Não precisa, pai. Nós já ficamos certos de nos encontrar no shopping. Somos
6. Não cabe em um carro só e moramos em locais distantes. Lá a gente vai pegar dois
transportes alternativos ou vai de ônibus. Vamos decidir na hora.
- Vou te pegar no final.
- A questão é que depende de quantas lutas meus colegas vão vencer. É porque
perdeu esta fora. Se alguém da faculdade estiver de carro peço uma carona. Não se
preocupe. Vai ter muitos conhecidos. Eu me viro.
- Não fale assim, filha. Você tem um pai que está à sua disposição.
- Por isso mesmo. Não quero abusar. O senhor já me leva para cima e para
baixo. Mas pode ter certeza que se a situação apertar, eu ligo pedindo sua ajuda .
- E eu vou com todo o prazer.
- Obrigado, papai. Boa noite. Eu te amo.
- Também minha filha. Te amo muito. Bom descanso.
E assim conseguiu convencer seu pai a deixá-la ir sem ele.

Conforme o combinado Douglas apanhou Andreza no shopping e foram ao


torneio de jiu-jitsu.
Conversaram dentro do carro:
- Andreza, você nunca assistiu a um torneio de luta ao vivo?
- Não. Será a primeira vez que vou assistir.
- Você vai amar. É muito emocionante. Torça por mim.
- Serão quantos lutadores?
- O campeonato vai ter lutas em duas categorias. Na minha categorias serão 08
competidores.
- O campeonato é só hoje?
- As finais serão amanhã.
- É a primeira vez que você vai participar?
- Não. Já competi quatro vezes e já fui vice-campeão uma vez.
- E quais suas expectativas para este torneio?
- Estou confiante. Tenho chances de vencer em minha categoria.
- Você convidou mais alguém de sua casa?
- Minha irmã não pode vir. Mamãe esta ainda repouso por causa da cirurgia. Ela
é viúva. Meu pai já é falecido.
Andreza em seguida fez uma pergunta mais ousada.
- E sua namorada? Você não tem namorada? Porque você me convidou e está
me levando e não falou em nenhuma garota ainda.
- Eu não tenho namorada no momento. Meu relacionamento terminou há um
pouco mais de 06 meses. E você?
- Estou sem namorar há mais de um ano.
- Poxa vida... Uma garota tão bonita... Sem namorado há mais de um ano!?
- Tive uma pequena desilusão amorosa e procurei dar um tempo para mim.
- Está certo.
E chegaram à academia onde seria realizado o torneio.
A torcida estava animada. Douglas venceu a primeira luta, mas perdeu a
segunda e não foi classificado para a final.
- Andreza, estou arrasado! – comentou o rapaz, muito tristonho. - Eu pensei
que chegaria à final. Eu queria ir para Fortaleza daqui a 45 dias para competir por
nosso estado.
- Você lutou muito bem, Douglas. Entendo pouco de lutas, mas acredito que
você perdeu por muito pouco.
- E é por isso mesmo que fico mais decepcionado comigo. Eu estive perto de
vencer...

- Como você tem espírito de competição – admirou-se a moça. – Quem te vê


uma pessoa calma como você parece ser não imagina que tem toda essa gana e esse
desejo por vencer.
- Eu gosto de competir. Alivia meu estresse e me faz bem. Eu sei lutar pelos
meus objetivos.
- Estou vendo... – continuou a morena.
- Vai haver outra competição daqui a 3 meses e vou me preparar mais ainda.
- Muito bem.
- Andreza, você vai sair conosco para jantar?
- Douglas, hoje não. Não me sinto a vontade no meio de tantas pessoas
estranhas.
- Tem certeza? Te garanto que todos aqui são pessoas muito bacanas e
acolhedoras.
- Acredito em você, porém, quero deixar para outra oportunidade. Douglas,
você poderia me deixar no mesmo shopping onde a gente se encontrou?

- Posso sim. Você quer ir agora?

- Sim, eu gostaria. Desculpe eu atrapalhar um pouco sua programação. Se for


incômodo para você eu peço um Uber.

- Não será incômodo, Andreza. Eu te convidei e vou te deixar onde for melhor
para você.

Alguns dias depois o rapaz convidou a jovem para um jantar a sós e ela aceitou
o convite.

Douglas e Andreza saíram para um jantar num restaurante bem reservado, com

boa frequentação, mas era um ambiente calmo, e sem música naquela noite. Era um

dia no meio da semana e não estava lotado, de modo que se sentiram à vontade para
conversar e se conhecerem melhor.

O rapaz falou de sua vida pessoal, seus objetivos e projetos e abriu um pouco

seu coração, explicando como ele se via. Disse que buscava um relacionamento sério e

que gostava de fidelidade e de companheirismo. Comentou que não era ciumento e que

era a favor da liberdade na medida certa, dentro de uma relação afetiva. Não se achava

muito romântico, mas valorizava as ações conjuntas dos casais e os sentimentos de


conexão entre as pessoas.

O papo foi ficando mais leve e mais solto após tomarem duas taças de vinho
branco seco, e o rapaz lhe pediu:
- Andreza, posso fazer um quiz com você? Eu já falei tanto de mim; eu queria
agora saber de você. Pode ser?

- Sim. Pode começar seu interrogatório comigo; estou preparada – afirmou a


garota, toda confiante.

- Você já fez striptease para alguém?

- Que primeira pergunta é essa, garoto? Mas vamos lá. Não, ainda não.
Próxima pergunta.

- Que sabor você acha que o meu beijo tem?

- Ei, essa enquete não é sobre a minha pessoa !? Não vale mudar as regras.

- São perguntas surpresa. Você tem que tentar responder.

- Está certo. Acho que seu beijo tem sabor de canela com mel.

- Nossa senhora, por quê? Não entendi agora a combinação de sabores.

- Doce e levemente ardente; e refrescante; seus lábios são tão grossos, tão
carnudos.

- Obrigado. Outra : qual foi o último sonho erótico que você teve?

- Sonhei que transava no banheiro de um avião numa lua de mel.

- Mentira, você está inventando isso. – disse o rapaz, com um sorriso no rosto,
duvidando realmente da morena.

- Mas foi verdade – insistiu ela, jurando estar sendo sincera.

- Você já disse sem querer o nome do penúltimo namorado durante o sexo,


passando vergonha na hora “H” com outro cara?
- Quase, mas engasguei na hora e me safei ... pois percebi o vacilo, quero dizer,
a gafe, a tempo.

- Qual é a parte mais sensível do seu corpo?

- Não sei ainda; - e Andreza fez uma leve pausa, sem falar. – Acho que é o meu
clitóris – continuou ela, falando bem baixinho.

- Que pergunta idiota, a minha! Se todas as mulheres fossem sinceras ao

responder esta questão, é claro que a sua resposta seria dada pela maioria delas. Você

está com a razão. Parabéns pela sinceridade. Esse tipo de conversa em que estamos
agora te excita?

- Penso que sim, mas se sinto constrangida.

- Eu vou te provocar mais então. Vou perguntar bem baixinho agora. Só nós
vamos ouvir: você gosta de uns tapinhas durante o sexo?

- Onde, menino? – retrucou a garota, demonstrando estar curiosa.

- Já vi que você não sabe nem do que estou falando. Eu digo uns tapinhas na
bunda, na coxa e até no rosto na hora do tesão, do ápice do clímax sexual.

- Não. Nunca. E isso é bom assim?

- Tem meninas que adoram! E ficam loucas, ou seja muito excitadas, quando os
caras fazem isso.

- Você já praticou isso em alguma garota?

- Já, mas guarde segredo.

- E ela gostou do que você fez?


- Ela adorou, e me pediu mais das outras vezes. Ela ficava mais excitada e gemia

mais. Ela me dizia que não imaginava como seria bom, mas não era bom, era fantástica
a sensação e ela gozava melhor!

- Nossa, que coisa. Não tinha ouvido falar nisso.

- Pois é. Vivendo e aprendendo.

- Seus vizinhos já ouviram você transando?

- Não, nunca fiz sexo em minha casa. Moro com minha família.

- Agora vai ser uma questão mais profunda: “Olhar nos olhos é importante
durante o sexo em sua opinião? Tu já fez isso?“

- Se eu gostar muito do homem e estiver bem envolvida na hora acho


importante, mas não é meu costume.

- Qual lugar mais inusitado em que você já transou?

- Ah, coitada de mim. Na casa do namorado ou no motel. Nada de especial.

- Mas tem vontade de experimentar uns locais desafiadores?

- Poderia ser.

- Você já transou no chuveiro?

- Não. É bom?? Toda molhada! O cabelo ensopado. Esse meu cabelo todo
rebelde.

- Ah! Coloca uma toca na cabeça, prendendo os cabelos.

- É mesmo! Eu não havia pensado nesta possibilidade. Mas não seria sexy
transar de gorro na cabeça.
- Por que não seria? Eu adoraria transar com você no chuveiro, de toquinha na
cabeça.

- Garoto, fala baixo – advertiu Andreza, em tom de brincadeira. – Acho que eu


nunca vou te dar esse prazer – continuou ela, com ar de piada (galhofa).

- Você já transou na cozinha ou dentro de um carro?

- Eu já te disse. Nunca fiz nada de especial.

- Nem transar na cozinha?

- Não. Nem isso. Já falei. Sou uma garota comportada.

- Por enquanto. Você não sabe o que está perdendo.

- Parece que você é bem safado. Continue com seu interrogatório, seu
malicioso.

- Você gosta de mordidas?

- Onde? – retrucou ela, muito surpresa.

- Em qualquer parte do corpo .

- Só umas mordidinhas na orelha.

- Já usou camisinha com sabor?

- Ainda não. Infelizmente. É bom?

- Também nunca usei com ninguém. Eu só queria saber...

- No que você pensa durante o sexo?


- Eu me concentro nesse momento, e só penso na pessoa que está ao meu
lado.

- Boa resposta.

- Prefere homens musculosos ou basta ser alto, magro e bonito de rosto?

- É melhor um equilíbrio.

- Você já pensou em sexo hoje?

- Pensei.

- Mas somente aqui e agora.

- Não. Eu havia pensado já em um certo momento do dia.

- Muito bom.

- Por que você diz muito bom?

- Pensar em sexo é bom para a saúde.

- É mesmo?? Está falando sério?

- Sim. Já li sobre isso. Só não pode pensar demais e atrapalhar as outras coisas.

- Você já fingiu um orgasmo?

- Nunca fingi; eu juro.

- Você acha que vale tudo quando se está entre quatro paredes?

- Não vale tudo; mas eu gostaria de experimentar coisas novas e sensações


prazerosas, mas de minha livre vontade e desejos espontâneos, sem pressões .
- Você é uma garota “cabeça“. Uma pergunta com malícia: Você acha
sinceramente que tamanho é documento ou não?

- Acho que pode ter importância sim; mas o essencial é quem o tem saber usá-
lo da melhor forma possível, com capricho.

- Prefere ficar por cima ou por baixo?

- Gosto das duas situações; mas se fosse escolher, sou mais ficar embaixo.
Aprecio mais ser passiva.

- Tem alguma posição que você nunca experimentou, mas tem vontade?

- Tenho, só que no momento estou com vergonha de falar. Não insista, por
favor.

- Tudo bem. Sem problema você não dizer. Só responda o que achar que deve.
Você se importa com gemidos ou prefere silêncio?

- Não gosto de exageros, mas uns gemidinhos são tão excitantes. Sem eles tem
hora que o sexo parece não ter graça.

- Mas você já simulou estar sentindo prazer através dos seus gemidos?

- Acho que somente uma vez, pois eu queria agradar muito o rapaz que estava

comigo. Porém, a transa estava legal de verdade. Eu só exagerei um pouco nas


demonstrações de satisfação por estar ali com ele.

- Então, você se preocupa com o prazer e o gozo de seu par?

- Sim, eu me importo com esse fato.

- Você já transou com venda nos olhos?


- Ouvi alguém comentar sobre essa fantasia outro dia; a qualquer hora quero
experimentar.

- Dizem que é muito bom.

- Pode ser verdade.

- Você tem preferência transar de manhã, à tarde ou de noite?

- Você só faz perguntas sobre sexo agora? – questionar Suellen, em tom


descontraído. – Você não é tarado, é , garoto?

- Não.

- Só faz perguntas agora sobre sexo! São questões muito íntimas, Douglas, e

são difíceis de responder... Ainda mais no ambiente onde estamos – continuou a garota,
sem demonstrar irritação.

- Desculpe. Mas o “quiz” estava sendo legal, não estava?

- Sim, está. Acho que até excitante demais...

- Só mais uma pergunta eu gostaria de fazer: posso??

- Só mais uma?? Pode sim!!!

- Andreza, você transaria comigo?

- Acho que sim – respondeu ela, meio acanhada pela situação.

Naquele jantar conversaram alegremente, mais empolgados ainda pela

alcoolemia promovida pelo vinho seco que degustavam. Tão animados ficaram que

solicitaram um jantar bem leve e saíram para casa no carro do rapaz. Este, de modo

presunçoso, notou que a jovem estava absorta pelo vinho e passou em frente a um
motel, ao que lhe convidou imediatamente para adentrarem ao local e ela aceitou a

sugestão. Transaram então de modo ardente e foram embora convencidos de que algo

mais rolaria daquele dia em diante, apesar de saberem que a leve embriaguez é que os
levou aos “finalmentes”.

___________________________________________________________

Cerca de cinco dias depois os dois se encontraram no Shopping e voltaram a


conversaram.
- Andreza, você tem algum apelido? - interpelou o rapaz. - Eu não possuo...
- Suh, para os mais íntimos.
- Como tudo em sua vida, Suh, parece que você gosta de planejar tudo em sua
vida, incluindo o amor, pelo pouco que já conversamos.
- Sim, costumo me envolver com quem já partilho uma amizade: essa condição
torna tudo mais confortável para mim.
- Qual seria seu par ideal? – quis saber o rapaz.
- Meu parceiro ideal amoroso?? Uma ótima pergunta; porém, de resposta um
tanto difícil. Acredito que seria encontrar alguém equilibrado com o que penso e faço
e dedicado a mim e a nós dois, e que deseje prosperar ao meu lado.
- Você paquera muito? Está namorando atualmente? Desculpa questionar isso.
Estou sendo muito abelhudo...
- Talvez xaveco e paquera sejam um desafio para mim. Preciso ter certa
confiança para tentar me envolver com alguém.
- É mesmo? E tem mais alguma razão para você agir assim na maior parte das
vezes?
- Demonstrar sinais de interesse não é uma empreitada simples para mim; eu
sou muito cautelosa. Se não transpareço sinais de interesse, como os garotos vão
saber que estou também interessada? Reside ai o problema, em muitas situações.
- Você tem medo também de “levar um fora” do seu pretendente?
- Sim, tenho receio de ser ilusão e me menosprezarem se eu mostrar iniciativa
por um cara: se o meu alvo não estiver interessado, e eu me insinuar para ele, com a
recusa ás minhas investidas não ficarem bem, e é provável que vou ficar com vergonha
dele, e talvez nem queira mais encarar o sujeito outra vez. Se levarem um abordagem
minha, séria, na brincadeira, vou ficar constrangida, com certeza.
- Portanto, você tende a fortalecer a amizade primeiro antes de investir no
flerte?
- Sim, antes de tentar um namoro, sim. Nesta fase me sinto ainda insegura
demais. Mas quando dá certo, e a relação engrena, a minha segurança sobe de estágio
e me solto mais, para curtir a paixão. Posso ser muito sincera e atenciosa, e gosto de
encorajar os projetos da pessoa que está ao meu lado. Claro que essa pessoa não
pode ser espalhafatosa, grosseira ou destemperada: nada disso se alinha ao meu ideal
afetivo. Gosto de ser reservada em público; só me solto entre quatro paredes.
- Você busca um espelho no romance, então? Alguém com quem tenha
afinidades e que se proponha a construir um futuro ao seu lado.
- Quando é algo sério sim. Eu sou obstinada: essa palavra define um pouco o
meu jeito de ser. Não existe, no mundo, um obstáculo que derrube minha
perseverança, minha vontade de vencer.
- Muito bem, parabéns. Também sou assim.
- Procuro ser uma pessoa prudente, confiável, controlada e saber onde piso;
gosto de calcular meus passos, e ter a noção exata do que desejo alcançar. Por isso, o
trabalho é uma prioridade para mim.
- Você gostaria de trabalhar com o quê? Qual seria o emprego ideal para ti,
Andreza?
- Acredito que seria em profissões onde eu pudesse mostrar minha capacidade
de realização, como construir e desenvolver ideias, projetos e processos. Meu negócio
é colocar a mão na massa, levantar valores, definir recursos, determinar prazos,
projetar resultados. Aprecio fazer um sonho virar realidade.
- Compreendo; sei bem que sem o esforço, um propósito no papel é só uma
possibilidade e sob um comando adequado as coisas podem se concretizar,
acontecer, afinal de contas. Eu penso assim. Você é uma pessoa muito independente?
- Eu tento ser a gerente da minha vida! E entendo que esse papel tem seu
preço, exigindo de mim tempo, ponderação, responsabilidade. Procuro ter
maturidade e seguir o ditame popular: “A paciência é a mãe de todas as virtudes!”.
- Sim, com calma, precisão e foco, pode-se conquistar muita coisa nesta vida. É
óbvio que isso implica ter ambição, sonhar com poder e sucesso, inclusive material.
- Todavia, essa sede de vencer tem um custo: a repressão das emoções, calcular
tudo, para atingir as metas, apesar de que de tempos em tempos é hora de renovar a
bagagem emocional e entendo que o segredo da felicidade pode morar aí.

E o rapaz foi deixá-la na saída do shopping; de lá Andreza ligou para seu pai ir
pegá-la e foram para casa.
__________________________________
Algum tempo após Andreza retornar para sua cidade natal, sua amiga Trícia
entrou em contato pelo telefone celular e lhe contou a novidade:
- Bruna, passei numa faculdade pública aqui em São Luís.
- Que notícia maravilhosa, amiga. Você vai cursar o quê?
- Passei para Direito.
- Trícia, você é muito inteligente. Parabéns! Passou na faculdade pública!?
- Foi sim, amiga.
- Que bárbaro! Você agora arrasou.
- Meus pais estão radiantes, graças a Deus.
- Amiga, vou te fazer uma pergunta indiscreta: e o Rafael? Nunca mais vocês se
viram? Já estão namorando outras pessoas? Me conta aí, vai.
- Bruna, você nem sabe: o Rafael foi embora para Belo Horizonte, Minas Gerais.
Ele fez o Enem no ano passado e foi aprovado numa faculdade pública em Belo
Horizonte para Medicina e ele se mudou para lá. Meu-ex foi para Minas Gerais este
mês.
- Nossa, ele também é muito inteligente. Fico feliz por ele.
- É verdade. O sonho dele é cursar Medicina; ainda mais numa universidade
pública; e Belo Horizonte é um grande centro médico; mas continuamos amigos,
apesar da distância e do tempo decorrido sem a gente se ver. Sempre falo com ele por
telefone em chamadas ou através de mensagens. Mas agora é somente amizade.
- E como você está? Não tem outro namorado nem ele tem garota?
- Não estamos namorando ainda. Mas é isso, Andreza. Daqui a um mês estarei
por aí, muito contente por sinal. Eu gostaria de que continuassemos amigas e
companheiras. E você, está namorando?
- Não, terminei meu namoro há alguns meses. Meu love também se mudou
para outra cidade.
- Que pena, então. E aí, nossa amizade vai continuar firme e forte?
- Pode deixar, amiga. Não me esqueço de você. Parabéns novamente; você
merece, pois é uma garota de ouro. Mando lembranças para Nádia. Tem falado com
ela?
- Em média uma vez por semana. Um cheiro!
- Outro. Tchau!

- Até mais. Mande notícias, sua sumida.


- Vou mandar.

Depois de algum tempo Nádia enviou uma mensagem para Andreza pelo
aplicativo de mensagens do telefone celular:
“Bruna, eu fui aprovada para Contabilidade e vou cursar na mesma faculdade
que você. Começo neste semestre.”
A amiga respondeu assim:
“Parabéns, Nádi. Seja bem vinda. Vamos nos divertir bastante na faculdade.
Você é dez! Sucesso”
E de fato a amiga de Suellen veio cursar Ciências Contábeis na mesma
instituição que a morena. A posteriori, Nádia solicitaria transferência para outra
faculdade e concluiria por lá seu curso superior.
__________________________________________________________
Andreza conversou com Melina três dias depois. A caçula indagou:
- Andreza, você gosta de homem que já fica com o pau duro durante o beijo?
- Não conheci nenhum garoto assim ainda - relatou Suellen.
- Eu adoro. No começo do meu namoro com André, num simples beijo sem
muito contato, ele já ficava com o pau super duro e latejando, como ele mesmo fala. É
gratificante ver que causei esse efeito, sabe? Até aumenta a autoestima. Nossa, eu fiz
isso! Sou foda e gostosa pra caramba. Mas você gostaria, se ocorresse isso com você?
– indagou a irmã caçula.
- Não sei te responder isso agora. Tenho que pensar mais. Acho que depende
muito da situação - refletiu a morena. - Eu acho que é muito excitante; posso até não
demonstrar, mas gosto quando isso acontece, desde que seja com meu namorado –
continuou.
- Eu gosto, Suh, adoro, fico passando a mão e apertando o pênis. Dá vontade de
abaixar a calça dele e cair de boca lá embaixo.
- E se o cara te achar muito fácil por este comportamento, Mel?
- Eu não acho que se uma mulher gosta disso significa que ela fica com
qualquer um. Como não gostar, Suh, de uma situação como essa? É ótimo sentir que
ele já está prontinho para mais.
- Eu, particularmente, - comentou Andreza - tenho muita atração e tesão pelo
cara que eu fico e adoro sentir o pau duro dele em mim. Mas não é qualquer beijo que
é para acontecer isso.
- Ah! Eu também acho! Depende da pessoa, do lugar, do momento... - disse a
ruiva.
- Pois é, eu gosto também. Porém eu não fico com qualquer um.
Só que essa atitude do garoto me faz pensar que ele é muito safado e pode facilmente
me trair. Desde que o pau duro seja somente comigo, está perfeito.
- O fato de a mulher gostar disto não quer dizer que ela fica com qualquer um,
e sim que é uma mulher normal e que tem tesão por homens. Apenas isto. Eu penso
assim – declarou Melina.
“É ótimo saber que você excita o cara, irmã – continuou a caçula. - O
problema é que homem começa ficar muito chato quando está de pau duro. Ficam
insistentes, focados naquilo... É chato muitas vezes. Mas eu tenho amigas que amam
saber que estão fazendo isso, e deixando eles assim (e soltou um riso) e elas provocam
o cara mesmo.
- E o André? O que acha disso?
- Ele adora e se amarra. Diz que é sinal de que está agradando. Ele me disse que
outros colegas dele também confessaram que é comum ficarem de pau duro nos
beijos! E é lógico que eles vão gostar de saber que a garota está curtindo! As mãos
passando pelo corpo! Tudo reflete em tesão...
- Homem se acha mesmo – pilheriou a irmã mais velha.
- Uma amiga minha, – continuou a ruiva, - a Lorena, me disse numa certa
ocasião: “Como não gostar disso? Tudo de bom: o cara que estou beijando ficar de pau
duro (para mim isto é uma honra) e eu sentir ele no meu corpo (ou na minha mão
mesmo)! Isso me deixa maluca, beijo em cima e me esquenta lá em baixo!! É
maravilhoso. Ainda mais se acontece com um cara de quem estou
gostando/ficando/namorando.

Andreza foi à casa de seu então novo namorado e conheceu sua mãe e sua
irmã. Por coincidência, um tio materno de Douglas estava visitando a irmã neste dia.
A garota começou a conversar com eles. Sua futura sogra era funcionária
pública de bom salário, sua “cunhada“ estava se formando dentista e o tio de Douglas,
Andreza descobriu ser médico. Em certo momento, Ana Catarina, a mãe de seu
namorado, perguntou com o que trabalhava o pai da moça, José. Esta respondeu que
seu pai era açougueiro. Neste instante, a jovem notou que os familiares de Douglas
desconversaram sobre seu pai, e pareciam estar fazendo pouco caso do mesmo.
Suellen não se sentiu a vontade e pediu para ir ao toilette.
Ela conseguiu também ouvir os presentes fazerem algum comentário sobre seu
pai, enquanto usava o banheiro, mas não foi possível entender com clareza o que eles
diziam. Após este dia a morena ficou com a impressão de que a família de seu
namorado tinha seus interesses na escolha de quem se relacionava com Douglas e
passou a ficar com a preocupação de não ser benquista naquela casa. Pareceu-lhe que
Ana Catarina esperava seu filho encontrar um partido melhor do que a morena, e esta
passou a se sentir inferiorizada naquela família. Deste modo a moça já não se sentia
tão bem em frequentar a casa do namorado.

Douglas, aos poucos, foi fazendo Andreza se soltar e mostrar seu lado
pervertido e de garota devassa.
Ele comprava vibradores e experimentava na moça, inclusive alguns de uso
intravaginal e com controle remoto. Os dois saíam e ele ficava brincando, estimulando-
a com o vibrador. Douglas também a ensinou praticar um sexo liberal e safado, com
“spanking”, “doggstyle”, sexo anal, posição “69”, finalização ejaculando dentro da boca
da namorada, “dirty talk”, com todas aquelas putarias contadas ao ouvido, sexo dentro
do carro, no estacionamento do shopping e da faculdade, sexo nas escadarias do
centro histórico e muitas outras fantasias e fetiches.
A primeira vez que fizeram sexo no estacionamento da faculdade foi recostado
ao carro dele e Douglas desafiou a namorada, dizendo que ela não teria a ousadia e a
coragem de fazer sexo com ele naquela condição e fizeram uma aposta de que se ela
topasse fazer sexo do lado de fora do veículo ele a pagaria R$ 250,00; do contrário, ela
o pagaria, se não o fizesse. Naquele dia, seu namorado foi buscá-la de carro em sua
faculdade.
Suellen aceitou o desafio e, aproveitando que o estacionamento ainda tinha
muitos carros e não havia ninguém por perto, transaram rapidamente e Douglas
gozou logo. Sorte dos dois e voltaram para dentro do automóvel, rindo de si mesmos
pela loucura que haviam feito.
A garota ganhou assim a disputa e recebeu a quantia em dinheiro no mesmo
instante.
Aí começou a deturpação da consciência de Andreza, bem como se deu início a
corrupção de suas ações, sem que ela o notasse.

ESTER CONVERSOU COM SUA FILHA ANDREZA CINCO DIAS DEPOIS SOBRE SEXO
ANTES DO CASAMENTO:
- Filha, você ainda é evangélica? Percebo que tem frequentado tão pouco os
cultos. Você está namorando no momento? – quis saber Ester.

- Sou evangélica, mãe, tenho a convicção deste fato, e não estou frequentando
a igreja no momento de forma tão assídua, mas tenho fé e tento sempre manter meu
relacionamento com Deus. Tenho um namorado que é simplesmente o amor da minha
vida, namoramos há cerca de três meses e está tudo indo super bem.

- Qual o nome dele, Suh?

- É Douglas.
- Preciso conhecê-lo; apresente-me, por favor.

- Qualquer dia vocês vão se conhecer, mamis.

- Está certo. Quero sim. Vocês pensam em casamento, filha?

- É muito cedo ainda, mãe. Precisamos terminar a faculdade e conhecer


empregos melhores. Ele não trabalha ainda...

- Compreendo, você está certa.

- Você sabe, a Trícia, ela está morando aqui em São Luís. Ela já tem 22 anos e
me disse que só não se casou porque não tem dinheiro pra ter casa própria, nem
carro, nem para a cerimônia, que é o seu sonho, nem pra se sustentarem ainda como
casal.

- Filha, o mais importante para juntar duas pessoas é o amor. Eu concordo,


porém, que não adianta de nada correr pra casar agora se eles tivessem que morar
separados, cada um na casa dos seus respectivos pais.

- Do jeito que está o país, sinceramente vai demorar muito pra eu realizar esse
sonho – queixou-se Andreza.

- Seja mais otimista, querida.

Andreza quis mudar de assunto e questionou sua mãe:

- Mamis, o que a senhora pensa sobre fazer sexo antes do casamento?

- Tenho uma amiga chamada Nádia que faz sexo desde os 18 anos e estava
tranquila com isso; ela tem um namorado há 09 meses e diz que sempre se
respeitaram e procuravam fazer tudo com o mais profundo amor; ele é o seu primeiro
namorado sério, assim ela me confessou e queria que fosse seu único. O problema, ela
me falou, é que de uns tempos pra cá vem martelando muito na sua cabeça a ideia de
que Deus desaprova o sexo antes do casamento, e toda a comunidade da sua Igreja
(ela é católica) tem uma opinião irredutível sobre o assunto; mas acho que é muito
fácil apontar o dedo para nós quem já está casado.

- Andreza, essa sua amiga é muito moderna. Você nunca me contou que ela era
assim. Precisamos conversar mais sobre suas amizades.

- Eu sei mãe por conversar com colegas da Igreja que há jovens cristãos que
casam com menos de um ano de namoro, sem nem se conhecerem direito, só pra
"poderem" ter relações sexuais, e depois descobrem que não se amam de verdade e
se divorciam? Isso tá certo? Já li bastante a Bíblia e ela sempre menciona apenas o
adultério e a imoralidade sexual (no caso não acho que eu seja imoral se só tenho um
parceiro e faça sexo com amor).
- Filha, a mesma Bíblia cita o seguinte versículo de Paulo, onde ele diz, e Ester
abriu e leu sua Escritura Sagrada, que estava próxima de si: "Se não podem conter-se,
casem-se. Porque é melhor casar-se do que ficar ardendo em desejo".

- Então, mãe, me peguei pensando que o casamento naquela época onde a


Bíblia foi escrita talvez fosse mais um contrato de negócios em que as mulheres eram
“vendidas” por assim dizer, do que uma união motivada pelo amor entre duas pessoas.
E mandar as pessoas casarem era benéfico, pois as mulheres não iam ficar mais livres
pra fazerem o que quisessem e os homens não sairiam fazendo filhos por aí. Por isso
sempre tento me convencer de que não estamos erradas em fazer amor antes do
casamento, que já nos escolhemos mutualmente e não tem problema; se a menina
toma anticoncepcional e toma seus cuidados, imagino que esteja tudo bem...

- Eu não acho tão simples assim, Andreza. É mais sério e delicado do que você
pensa ser. Eu fosse você continuaria insegura e com medo de ir para o inferno por ter
teimado no estilo de vida que eu quero, com devassidão.

- Não fale assim, mãe. Assim a senhora até me assusta. Nádia me pediu até por
favor se eu podia ajudá-la e questionou qual a minha opinião sobre o assunto.

- Busquem as respostas na Palavra de Deus e na pregação de nossos Pastores –


recomendou sua mãe.

- Por favor, não nos julguem apenas sob o ponto de vista da religião, sobre
nossa sexualidade, – suplicou Andreza - pois imagino que os pais podem ter a mente
mais aberta e nos ajudarem com opiniões sinceras, à luz dos dias atuais. A Bíblia foi
escrita há 2 mil anos e com certeza continua atual, trazendo ensinamentos e
orientações essenciais, mas os tempos mudaram, o mundo é outro, e a interpretação
bíblica precisa ser adaptada aos dias de hoje. Não se pode seguir mais ao pé da letra,
mãe.

- Vou refletir sobre suas ideias, minha filha.

- Casar de forma antecipada apenas para poder transar é muito mais


desrespeito com a religião do que transar antes do casamento, eu penso – declarou a
sua filha - até porque seria casar pelos motivos errados, e não por ter convicção de
amar. Se o relacionamento de um casal parece bastante sólido, e essa relação afetiva
foi amadurecida com o tempo em diversas situações além do sexo, eu concluo que não
devemos nos culpar. Já temos o mais difícil, que é um companheiro em sintonia
conosco. Quando a situação financeira melhorar eles poderão casar e deixar tudo
oficial e sem dar satisfação a outras pessoas, que não os familiares, principalmente aos
hipócritas.
“Para mim pecado é demonizar o sexo, que pode ser algo puro e sagrado se for
feito com amor. O cristianismo, mãe, e outras religiões, parece que muitas vezes
transformam em pecado qualquer prazer que as pessoas possam ter, para que
soframos como Jesus sofreu. O sexo depois do casamento só não é pecado também
porque tem-se que procriar a espécie. Isso é errado, é até absurdo.
- Filha, procure ler mais a Bíblia e se aprofundar sobre o matrimônio.

- Tudo bem, mamãe, vou buscar sim.

E as duas se afastaram nesse momento. Andreza foi descansar um pouco,


antes de sair para sua faculdade.

ANDREZA E TRÍCIA CONVERSARAM ALGUNS DIAS DEPOIS:

- Andreza, eu não concordo muito com sexo antes do casamento. E você, o


que pensa sobre esse tema?

- Eu sinceramente acho que fazer amor com apenas uma pessoa antes do
casamento não seja pecado, desde que os dois sejam fiéis um ao outro, e sejam
namorados que gostam de verdade um do outro.

- Mas não parece ser isso o que a Igreja Protestante prega! A maioria dos
pastores não recomendam ter relações sexuais antes do matrimônio.

- Meu conselho é que você busque entender como as diversas culturas e


religiões do mundo funcionam para perceber que moralidade é algo elástico e muda
conforme tempo e espaço. Assim quem sabe você se liberta dessa escravidão mental
que é a religião.
- O texto bíblico, porém, Bruna, diz o seguinte. E ela leu um trecho de
Eclesiastes 9:9: "Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os
quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua
porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol." Então Deus deseja
que o homem escolha uma companheira e desfrute com ela do amor por toda a
duração da vida do casal.

- Será, Trícia, que essa palavra "goza" não é apenas "aproveite", como muita
gente pensa, mas se refere também ao gozo sexual? Está falando exatamente em
casamento neste trecho das Sagradas Escrituras? Não! Está falando em pecado? De
jeito nenhum...

- Eu acho que não, Bruna. Este “gozo“ não tem nada a ver com o prazer sexual.

- Amiga, eu sou evangélica e confie quando te digo isso: acredito que Deus não
dá a mínima se você dorme com a pessoa que ama antes do casamento. O enlace
matrimonial é uma construção social, fundada séculos atrás para oficializar a união
entre famílias e não tem absolutamente nenhum fundamento espiritual. O que você
tem com seu namorado já é a única conexão que importa para você entregar seu
corpo e alma para ele, sem medo de ser julgada.

- Será então, Andreza, que foi o próprio ser humano quem demonizou o sexo;
sei que a Bíblia foi escrita por humanos, e nenhuma divindade iria dizer que isso ou
aquilo é errado, ainda mais o sexo! Além da reprodução ser a mais profunda forma de
expressar amor, e através dela nos tornamos mães.

- E é no sexo onde você está se entregando a seu companheiro, querendo ter


prazer com ele e o fazendo sentir-se satisfeito! Não tem nada de errado nisso, muito
pelo contrário. O sexo e o amor são muito mais simples do que a gente imagina e não
é um livro ou um conjunto de pessoas que vão dizer como funciona.

Andreza e Ester conversaram novamente, em outra ocasião, sobre sexo antes


do casamento. A garota criou a história de uma amiga fictícia para sua mãe:

- Mamis, uma amiga minha, a Andréa, me contou uma história dela e fiquei
com muitas dúvidas. Não sei se ela agiu certo ou errado. Eu queria saber sua opinião
sobre esse caso.

- Pois me conte, Andreza! O que aconteceu com sua amiga?

- Ok, vamos lá. Ela diz que cresceu numa casa de educação muito rígida e
religiosa, onde sexo antes de casar era algo proibido. Mas ela sempre teve a noção de
que não queria esperar o casamento para transar, e ela tinha a liberdade de falar isso
para seus pais, e Andréa diz que dialogou várias vezes sobre este assunto com eles. A
garota possui 23 anos atualmente e só agora perdeu a virgindade. Namorou por um
mês, gostou muito do rapaz e conta que se sentiu muito confortável para transar com
ele. E para se sentir melhor ela quis se depilar e comprou umas calcinhas novas, mais
bonitas; só que para isso ela teve que pedir o cartão de crédito de sua mãe
emprestado, pois o dela tem limite baixo e já estava estourado no referido mês. Ela
contou para sua mãe o que ocorria, e esta se chateou um pouco, alegando que era
muito cedo para transarem, pois a filha só conhecia o namorado há pouco mais de um
mês. Porém, minha amiga, contrariando sua mãe, disse que ia transar mesmo assim.
Depois disso sua mãe teve outra conversa ainda mais séria com ela, dizendo que a filha
não estava se valorizando, e que estava se entregando muito facilmente e o rapaz
poderia não valorizá-la tanto após o sexo. Mas agora já tinha acontecido, ela já tinha
dado para ele, mas terminou ficando com um peso enorme na consciência, dada a
crítica de sua mãe. Ela não teve coragem de contar nada para seu pai. Quero saber a
opinião de você, mãe, sobre o caso de minha amiga Andréa.

- Filha, eu penso que sua amiga não agiu corretamente. Eu vou te falar uma
coisa com toda sinceridade. Um mês de namoro e já querer transar?! Acho que ela foi
precoce demais, quer dizer, precipitada. Ela precisava conhecer melhor o rapaz.

- MÃE, ENTÃO VOCÊ ACHA QUE MINHA COLEGA NÃO FEZ O CERTO!? E o certo é
ficar esperando o casamento para fazer amor? Mas e se não casar? Vai morrer
virgem?! A vida é agora, não dá pra ficar sonhando acordada. E se o namoro não dar
certo, arruma outro!
- Filha, a Bíblia nos diz que a intimidade sexual está restrita ao homem e
à mulher casados um com o outro. Ela também condena a “cobiça pelo apetite
sexual”. Considere o seguinte exemplo: um casal de namorados talvez decida não ter
relações sexuais antes do casamento. Mas, eles se permitem outras intimidades
sexuais. Por fazer isso, estão cobiçando, ou desejando, algo que não lhes pertence. Isso
seria a “cobiça pelo apetite sexual”.

- Mas, mãe, tem que ser assim e viver. Esperar pelo sexo para somente após o
matrimônio é muito tarde. Porque depois você adoece, ou acontece algo, e Deus me
livre, você morre. E aí?! Viveu o que? Curtiu o quê? A vida é agora e é tão curta.
Acredito que devemos viver e ser felizes! A mãe dela achou ruim, e é porque ela já
tem 23 anos; ela não é mais uma menininha.

- É uma mulher de 23 anos, e com certeza tem sim responsabilidade. Todavia,


será que não houve nada de errado na sua atitude? Foi ao menos sexo com o seu
namorado, não foi com ninguém aleatório, mas ela só conhecia o rapaz há um mês. Ela
desobedeceu a orientação de sua mãe e não conversou nada com seu pai. Eu sei que
vocês jovens pensam que está na hora de viverem como mulheres adultas, donas do
próprio nariz, mas tomem cuidado! Existe o risco de gravidez, doenças transmissíveis e
de se machucarem emocionalmente se o namoro não der certo.

- Mas penso que se a gente gosta de uma pessoa, pode ser com dois ou três
dias, pode rolar a vontade.

- Aí você tem que controlar essa vontade, filha. É muito cedo para concluir que
você realmente gosta dele e ele de você, e quais as reais intenções do rapaz.

- Você acha, mamãe?

- Você tem um ponto em discordar da castidade até o casamento, eu


compreendi; só acho que você errou no tempo. Por exemplo, uma garota namora a
mesma pessoa há 8 anos. Posso te garantir que com menos de 2 a 3 anos ainda há
muito o que se descobrir da pessoa. Você vive anos e anos com outrem e este te
surpreende ás vezes com suas atitudes e suas ideias. Imagine dias ou poucos meses de
convivência.

- Acho que o único medo que ela deveria ter era de descobrir que esse cara é
um “traste”, um “cafajeste“, depois de um tempo e se sentir mal por achar que
poderia ter esperado um pouco mais para se entregar a ele. Porém, eu vejo que a vida
dela é daqui pra frente. Ela deveria buscar sabedoria para conduzir o seu dilema e
tentar não se culpar demais, principalmente absorvendo o aprendizado que essa
experiência lhe proporcionou. Definitivamente existem coisas mais sérias para se
preocupar com a idade.

- Minha família sempre foi conservadora, Andreza. Vou te contar um exemplo


que aconteceu comigo na juventude: fizeram uma tempestade quando eu disse certa
vez que ia á praia com uns amigos e voltaria no mesmo dia, porém mamãe e papai não
deixaram eu ir. Eles ainda me deixaram com a consciência pesada e me senti mal. Só
que depois, outro dia, eu fui . Não aconteceu nada demais, deu tudo certo; ninguém
nem comentou sobre o assunto; ficou um clima estranho um tempo lá em casa, mas,
enfim, passou. Talvez aconteça o mesmo com sua amiga.

- Mãe, às vezes, a gente tem que bater o pé e dizer que é adulta, que são
nossas escolhas e as outras pessoas, mesmo nossos pais, não podem nos impedir. Eles
podem ficar decepcionados/magoados por um tempo, mas é isso aí, não somos igual
aos nossos pais, infelizmente. Pertencemos a outra geração e vocês precisam entender
isso. As regras de suas vidas não precisam ser as mesmas que as nossas, pois o mundo
mudou e continua em transformação, numa evolução permanente.

- Entendo, filha, mas procurem ser responsáveis nas suas atitudes e pensem
com carinho em todas as consequências de suas decisões, tanto para vocês quanto
para as pessoas que te cercam, pois são indivíduos que voz amam e se importam
com suas vidas.

- Certo, mamãe, entendi. A senhora tem razão. A senhora está certíssima.

Andreza foi com seu pai ao templo evangélico e ouviu o pastor de sua Igreja na
pregação do Culto.

Pronunciou o Pastor Joaquim no culto de sábado à noite:

- Bom, é aquilo que eu já falei outras vezes. Depende de vocês! Se forem


cristãos e procurarem seguir os ensinamentos da Bíblia, lembrem-se do que Jesus disse
(vou adaptar): quando o homem e a mulher se deitam, ou seja, tem relações sexuais,
eles tornam-se um só corpo. Ou seja, é o mesmo que estar casado com a pessoa. Por
isso, só façam isso se realmente amem e queiram ficar com a pessoa com quem se
relacionam! Caso durmam com alguém e depois o rejeitem, esse outro pode se
separar, e se relacionar com outro indivíduo, mas será adultério. Então, depende de
nós!

“O pecado nos separa de Deus, e essa é a consequência mais grave do sexo


pré-marital. Depois de ir além do permitido, muitos de nós sabemos muito bem a
nuvem de culpa que pesa sobre nossos corações. A solução não é matar a nossa
consciência, mas segui-la para alcançar a liberdade. Ele, o Senhor, está nos chamando,
e não nos condenando. Desde que haja arrependimento pelo que fizemos de errado,
Deus estará lá para nos receber em Sua casa e nos deixar começar de novo, conforme
está escrito em João 8 e Lucas 15.

“O que tudo isso significa é que nossos corpos, nossos corações, nossos
relacionamentos, e nossas almas não foram feitos para o sexo antes do casamento.
Nós fomos feitos para um amor que dura a vida toda.

Andreza ouviu tudo aquilo muito compenetrada e depois não comentou


absolutamente nada com qualquer pessoa.
Três dias depois dialogaram Andreza e Melina no quarto da caçula:

- O que mais acontece, Suh, é a galera da igreja casando super cedo para poder
“meter”. E também têm aqueles que esperam uma vida inteira para achar a pessoa
correta, até chegar num ponto em que não consegue mais esperar e se escolhe
qualquer um. E a festa de debutantes, quando a menina completa 15 anos? Não é a
situação da família ficar colocando ela à mostra para os rapazes? Depois os pais não
querem que a filha comece a transar! Acham ruim...

- Olha, Mel, – retrucou sua irmã do meio - essas “leis” para o casamento foram
escritas em uma sociedade com uma expectativa de vida baixíssima. As pessoas se
casavam cedo, não tinham muita expectativa de nada, morriam com pouco mais de 30
ou 40 anos de idade. Hoje em dia, casar-se com essa idade, sair da casa dos pais,
conseguir sustentar uma família é muitas vezes algo completamente impensável; você
teria que se manter virgem até uns 20 e tantos anos de idade. Acho que você
realmente tem que se entregar a quem você confia ou ama, mas não deveríamos ficar
postergando até o casamento; íamos acabar perdendo a maior parte da nossa
juventude.

- Os nobres eram extremamente promíscuos, Suh; eu li sobre isso essa semana


– comentou a ruiva. - E os casamentos, por mais econômicos que fossem, não tinham
amor e logo não prescindiam de fidelidade. Catarina, a Grande, imperatriz russa, traiu
muito seu esposo e uma de suas relações sexuais foi com um cavalo. Era ninfomaníaca
demais. A fidelidade e o casamento é algo muito mais da moral católica, para evitar
que os homens saíssem casando com diversas mulheres e criando famílias e as
abandonando. Sem falar que dentre as pessoas com melhor condição financeira na
Europa medieval e renascentista estavam justamente as prostitutas dos nobres.

- Mas você não está de todo errada; – concordou Suellen - a festa de quinze
anos é uma tradição antiga, que vem da ideia de inserir a garota na sociedade adulta, a
fim de receber pretendentes. A Nádia fez o certo; errado é transar só depois do
casamento, porque imagina se a pessoa fode mal? Aí já era! Dançou! Já está casada e
não tem mais o que se reclamar; Quem inventou esse negócio de poder transar só
após casamento devia transar muito mal, porque aí já tinha amarrado o cônjuge.

- Eu também acho essa parada de sexo só depois do casamento muito sem


noção nos dias de hoje. Podia funcionar antigamente que os casamentos eram muito
mais rápidos e precoces e muitas vezes eram escolhidos pela família. Hoje em dia,
graças à evolução da sociedade humana, não acho mais necessário ser desse modo, e
nem uma porrada de coisas que a Igreja prega. Inclusive, essas imposições muitas
vezes causam mais problemas, atrapalhando mais o relacionamento do que ajudando.

- "Sexo proibido antes do casamento" é uma invenção criada pelo patriarcado,


afim de manter as mulheres nas rédeas, pois os homens são inseguros e machistas. E
ninguém questiona isso porque a maioria das pessoas não querem pensar por si só e
apenas reproduzem o conceito antiquado que é passado de pastores e padres mal
intencionados e pais extremamente religiosos para os seus filhos, sem questionarem
absolutamente nada, fazendo eles acreditarem que sexo é algo ruim e perpetrando
eles se sentirem culpados, quando na verdade sexo não é algo tão complicado assim,
causando traumas que perduram até a vida adulta das crianças que cresceram em
lares extremamente religiosos.

- Se você ama ou gosta muito de seu namorado não existe problema algum
em transar com ele. Acredito que o medo da nossa mãe é o garoto acabar te largando
depois, medo de gravidez ou medo de você ficar rodada. São inúmeros medos, eu sei,
temos que nos precaver, é verdade.

- Tenho muita dó de quem segue tudo isso de forma calada, sem se questionar
porque foi doutrinado e acha que vai ser castigado se argumentar, se você se opôs a
algo que seus pais ou religiosos quiseram impor; mesmo assim se você acha que esses
valores estão certos para você, tudo bem, não há nada de errado e cada um escolhe o
que quer para a própria vida; respeito, mas para mim particularmente não serve.

- Esse tabu que criam em torno do sexo e dos relacionamentos eu acho que
é uma das coisas mais nocivas nesse mundo.

Andreza, três dias depois, sonhou uma aventura erótica com Douglas na
cozinha. Ele foi pegá-la na faculdade.
- Meu bem, eu adoro cozinhar, - contou Suellen, com o carro de seu namorado
já em movimento - é uma das coisas que mais me satisfazem na vida. É um dos poucos
prazeres que eu tenho. Então, você acredita que tive um sonho contigo na cozinha?
Acho que era uma fantasia erótica na verdade.
- Como foi o sonho, amor? Você se lembra com detalhes? Fiquei curioso; me
conte como foi!
- Eu sonhei que estava preparando um bolo muito delicioso na cozinha, vestida
só de calcinha fio dental da cor branca de renda e sutiã da mesma forma. E você
chegava de surpresa na cozinha, por trás de mim: ia tirando minha roupa, me virava
de frente, ia passando leite condensado no meu corpo e farinha de trigo nos meus
seios e na minha xoxota. Você ficava lambendo numa colher de pau o resto da massa
do bolo e que estava em minha mão. Depois você me sentava nua na bancada de
granito da cozinha e ia me lamber e me chupar toda até eu gozar.
- Adorei seu sonho, meu bem. Achei muito excitante. Quero satisfazer essa sua
fantasia e esses desejos qualquer dia desses. Pode ser?
- Eu também adoraria tornar esse sonho real.

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Andreza passou dois dias com sua mãe. Disse Melina para sua irmã do meio a
fim de se vangloriar pelas suas proezas sexuais:
“Suh, tem horas que eu pareço uma puta. Adoro sexo, meu namorado
também. Ele me chama de safada e me quer sempre. Só tem um defeito: não chupa
minha buceta; no mais, faz tudo gostoso. Come meu cú e minha buceta; mama meus
peitos gostosos, goza na minha boca, bebo o leitinho quente dele; usamos até alguns
brinquedos. Mas nem uma lambidinha ele dá. Só falta isso para ficar completo. Deixo
depilada, cheirosinha, mas nada. Deixo ele louco; portanto, ele não tenta fazer do que
eu gosto.”
“Nossa, eu amo chupar até as bolas, engolir tudo até engasgar; adoro fazer com
cerveja, uauuuu! Fica geladinho o pau, e o André adora. Eu amo quando ele me pega
de quatro e come meu rabinho com força, eu grito de tesão! É delicioso! “
Andreza ouvia tudo aquilo com atenção, completamente calada.

Duas semanas depois André e Melina se desentenderam e ficaram afastados por


alguns dias. O rapaz, talvez para querer fazer ciúmes para sua namorada, convidou
Andreza para acompanhá-lo em uma apresentação. O jovem alegou para Suellen que
convidara a outra garota, mas esta recusara sua proposta e ele confessou que não
estava muto bem com ela. Sua “cunhada” aceitou o convite e foram juntos; lá a jovem
morena encontrou sua prima Maryane, pois era um ensaio de uma banda de rock
gospel e André fora convidado para fazer um teste tocando sua guitarra. Ao final do
evento os três fizeram uma fotografia juntos e esta ficou arquivada no telefone celular
da prima de Suellen.

A prima publicou, então, a fotografia na sua página da rede social de amigos no


dia seguinte e Melina tomou um susto ao ver Andreza e André juntos no ensaio, pois
ele não havia comentado nada sobre convidar sua irmã do meio para o acompanhar.
No mesmo dia a jovem namorada o contactou e lhe cobrou cíumes, demonstrando não
ter aprovado a atitude do rapaz. Passaram ainda alguns dias sem se ver, mas ao final
reataram o namoro. Melina, todavia, não falou mais com André sobre sua irmã e nem
chegou a comentar nada com esta sobre o fato. Andreza lhe falaria depois que se
apresentara no ensaio para acompanhar Maryane, que a teria convidado também para
aquele evento.

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Trícia conheceu pela internet um rapaz chamado Victor, que cursava Psicologia,
e marcou um encontro. Ela resolveu revelar tudo para Suh. Conversaram as duas pelo
celular.

- Bruna, conheci uma pessoa muito especial. Depois de Rafael imaginei que não
teria em minha vida uma pessoa tão bacana como ele era, mas aconteceu, graças a
Deus. O nome dele é Victor e ele estuda Psicologia. Andreza, como eu faço para
conquistar o coração do Victor? – indagou Trícia.
- Trícia, agora fiquei intrigada: como vocês se conheceram por internet e
telefone e apenas se falam remotamente e ainda assim você diz que Victor é uma
pessoa especial e que traz esperanças de preencher seu coração? Não entendo...

- Não sei bem explicar, amiga, mas percebo algo muito especial nele e que me
aborve antes mesmo de o cochecer bem, pessoalmente. Eu tenho certeza que vamos
dar certo.

- Puxa, vida!

- E então, o que você me recomendaria para o primeiro encontro com ele?

- A primeira impressão é muito importante e é possível conquistar um garoto


logo no primeiro encontro, e fisgar o seu amor. Uma das melhores maneiras de cair
nas graças de um rapaz é saber ouvir e conhecer as opiniões dele sem o julgar; isso
funciona porque as pessoas, em geral, gostam de falar sobre si.

- Então eu preciso deixá-lo falar mais no primeiro encontro. Mas se Victor for
muito calado e introspectivo, e quiser falar pouco dele?

- Mostre seu interesse pelo rapaz. Não adianta nada ficar apenas quietinha,
escutando. E se ele não tiver a iniciativa de se abrir, tente você primeiro. É importante
não interrompê-lo e demonstrar que está escutando com interesse e atenção ao que
ele fala.

- Eu sei que é preciso criar conexões afetivas, já ouvi falar sobre isso. Ou seja,
um simples aperto de mãos, ou a existência de amigos em comum podem produzir
mais confiança e conexão entre duas pessoas que estão se conhecendo.

- Quando conhecemos uma pessoa, o primeiro que queremos saber é se ela é


do nosso meio, se possui afinidades conosco, o que vocês têm em comum. Tudo são
maneiras de estabelecer pontes entre duas pessoas.

- Mas, Bruna, eu não estou buscando minha cara metade, ou alma gêmea, se é
que existe isso mesmo. Eu apenas quero conhecer melhor uma pessoa por quem estou
interessada e me pareceu um cara que tem valor.

- Entendo. Mas ninguém está exigindo que este pretendente seja 100 %
parecido e concordante com seus gostos e preferências. Apenas dei uma sugestão.
Outra coisa: para causar uma boa impressão logo no primeiro contato é essencial
cuidar bem do seu visual, como uma maquiagem adequada.

- Andreza, seu sorriso é lindo! Será que eu tenho pelo menos metade do seu
sorriso quando quero expressar que estou feliz!?
- Com certeza, confie no seu sorriso. Além de caprichar na apresentação, vale a
pena sorrir bastante, pois o riso é contagioso, e para o bem.
- Andreza, eu estou muito interessada por ele. E se não der certo a gente
namorar? Como vou ficar depois dessa desilusão?
- Não revele todo o interesse pelo cara, ainda. Mantenha sempre um certo
mistério sobre o seu entusiasmo e atração por ele, pois isso aumenta as possibilidades
de conquista. O homem quer encontrar desafios para procurar conquistar uma garota.
Todos são fascinados por esse jogo da sedução. Não se entregue ainda totalmente.
Não coloque de cara todas as cartas na mesa. É cedo demais para fazer isso...
- Preciso ter empatia com ele, pois sei o poder de influência deste sentimento
numa relação que se inicia. As pessoas que têm empatia uma pela outra estão mais
abertas e receptivas à comunicação e isso é possível graças ao respeito e à influência
mútuos.
- São habilidades para criar uma sintonia já num primeiro encontro. Para os
homens um “sorriso matador”, a roupa escolhida que se encaixe com a situação, a
gentileza, o senso de humor e a capacidade de comunicação são mais importantes do
que a competência sexual num primeiro instante.
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Nádia estava em São Luís e ligou para Andreza. As duas marcaram comer uma
pizza e Andreza foi só. A amiga perguntou nesse instante por Melina e André, pois
sabia que os dois namoravam e já tinha se encontrado com eles em duas situações.

- Não sei como é esse namoro da Melina com o André – comentou a morena. -
Acho muito esquisito. O relacionamento deles já tem cerca de quatro anos e parece ter
muita enrolação. Eles não postam nenhuma declaração de amor na Internet, não
publicam nenhuma foto juntos, nem no Facebook nem no Instagram. É um namoro
muito frio. Não entendo isso.

- Vai ver que eles são tímidos... ou gostam de ser reservados e não mostrar sua
intimidade para os outros.

- Timidez eu te digo que não é. Mas o Instagram deles é fechado: só quem


visualiza são os amigos e a família. E eles já namoram há muito tempo; uma relação
meio lá, meio cá, mas namoram. Eles não têm mais o que esconder.

- É, Andreza, cada casal tem seu jeito de se relacionar com as outras pessoas e
modos diferentes de demonstrar seu afeto. Alguns casais não apreciam exibir afeto
publicamente.

- Eu penso que quando se gosta de verdade e não se tem nada a esconder


geralmente se demonstra esse afeto em gestos concretos e palavras. Acho eles dois
um casal muito estranho.

- E Marcela?
- Está morando com nossa mãe e criando suas duas filhas. Ela não está mais
vivendo com o pai de suas filhas e ficou com as duas meninas. Elas são uns amores.

Trícia e o estudante de Psicologia começaram a sair juntos com frequência,


engatando um namoro em seguida. A garota estava se apaixonando por ele.

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Algum tempo depois, Trícia veio visitar sua amiga Andreza e as duas
saíram para o shopping a fim de comer e conversar.
- Amiga, o Victor não veio porque está acompanhando os pais dele num culto.
Eu preferi vir falar com você.
- Como está o namoro de vocês?
- Está tudo bem, mas sou um pouco insegura. Acho que eu não sei beijar
gostoso e tenho medo de perguntar isso para ele. E ele nunca elogiou meu beijo.
- Amiga, tenha mais autoconfiança e não se preocupe com isso. Eu vou te
ensinar como dar um beijo com pegada, e que vai enlouquecer teu homem – disse
Andreza.
- Eu quero umas dicas mesmo, Bruna.

- Não é nada legal ficar com alguém que não beija muito bem; porém, quando
se beija com pegada, bem gostoso, é inesquecível, e pode fazer com que a outra
pessoa suba aos céus, e fique quase enlouquecida.

- Mas eu sei que é necessário praticar – opinou Trícia.

- Pois treine. Primeiro: use suas mãos durante o beijo; não as deixe
penduradas. Abrace a cintura dele, apalpe a bunda ou segure seu rosto, com todo
jeito, usando as duas mãos.

- Eu vejo os casais colocando as mãos nos rosto do parceiro – comentou Trícia.


- Esse é um gesto que acho apaixonante.

- Provoque seu “gato” durante o beijo. Quando ele estiver envolvido por
completo, mova lentamente a mão do rosto para o seu cabelo e retire empurrando sua
cabeça para trás. Fique alguns segundo olhando diretamente nos olhos dele, talvez até
sorrindo um pouco, e em seguida volte a beijá-lo. Isso com certeza irá deixá-lo louco.

- Senti que essa técnica é algo que vai deixá-lo ainda mais com vontade, e eles
adoram esse tipo de situação - comentou Trícia.
- Sim, adoram. Também sussurre em seu ouvido. Mova sua cabeça devagar
para o lado e murmure palavras doces, ou talvez picantes, dependendo da situação,
em seu ouvido. Volte a encará-lo diretamente nos olhos e retornem a seguir para o
beijo. Isso irá deixá-lo alucinado!

- Tomara que dê certo...

- Deixe ele querendo mais, sempre, amiga. Bem no meio de um beijo, pare do
nada e comece a conversar com ele como se nada tivesse acontecido. Isso vai deixá-lo
desejando mais, e é provável que o gato não vai deixá-la ir embora assim tão fácil.

- O que você quis dizer com isso?

- Você entendeu muito bem! Sei que você não é boba!

- Sim, você é provocante, Andreza.

- Portanto, você pode esperar que ele vai te agarrar e começará a beijá-la de
novo em questão de segundos, e por certo será um beijo com pegada, muito mais
envolvente.

- Fala mais dicas, Bruna! Eu estou achando perfeito!

- Não esqueça do pescoço, garota. Não tem como beijar com pegada se um dos
dois esquecer essa parte do corpo. Você sabe que, quando ele beija o seu pescoço, isso
pode deixá-la louca, excitada.

- Mas esse beijo tem que ser em local apropriado, a sós.

- Mas é claro! – continuou Suellen. - Mais uma vez, se você quer um beijo com
pegada, antes de esperar que ele o faça, assuma o controle, e mostre as suas
habilidades, o que já é o suficiente para deixá-lo louco e querer fazer o mesmo com
você.

- Você é uma “ás” do beijo, amiga.

- Sou sim, modéstia à parte. Experimente minhas dicas. Depois que você já
pegou o jeito de beijar, isso pode parecer algo muito simples, mas existem várias
maneiras de você inovar. Homens gostam de garotas que os surpreendam com suas
ações. Trícia, e sempre é bom procurar inovar.

- E se eu pensar no que eu gostaria que ele fizesse comigo, em como seria um


beijo delicioso e com pegada; você acha que devo conversar com ele?

- Pode ser! – concordou a morena.


- Surpreenda-o com um beijo apaixonado quando ele menos esperar!
Aproxime-se como que fosse apenas abraçá-lo, ou se aconchegar nos seus braços, e de
repente dê aquele beijo gostoso e sufocante!

- É mesmo, você tem toda a razão. Faz todo o sentido.


- Você não quer, Trícia, ter que parar bem na hora que estiver mostrando o
seu lado sensual e dando aquele beijo com pegada no seu parceiro, quer? Sem contar
que provavelmente você não suporta aqueles casais irritantes que não param de se
beijar e se agarrar em público, certo?

- Não quero me tornar uma dessas pessoas; quero aguardar o momento ideal
para o beijar, quando estivermos sozinhos ou em local adequado e com poucas
pessoas por perto, onde a gente se sinta livres para mostrar um ao outro todo o
carinho e paixão.
- Você está certíssima, amiga. Vá em frente que vai dar tudo certo.
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Andreza voltou a morar com sua mãe, desta vez no bairro São Raimundo.

Ao chegar ao novo bairro, Andreza fez amizade com uma vizinha chamada
Silvane e por um tempo sua irmã mais velha também estava morando com sua mãe e
com as duas netas de Ester.

Certo dia, porém, Andreza saiu de casa para fazer uma consulta médica, mas
não contou nada para sua mãe. A consulta era com o ginecologista. Andreza estava
com sintomas de inflamação nas suas partes íntimas. Foi a consulta, realizou exames e
foi medicada.

Aconteceu então que Andreza saiu para o seu trabalho e deixou a bolsa em
casa. Sua mãe procurou então vasculhar o que havia nela e encontrou o resultado de
dois exames, além de algumas receitas médicas. Aqueles exames só podiam ser
realizados numa mulher que já tivesse sido deflorada, bem como a medicação de uso
vaginal só poderia ser aplicada numa mulher que já não fosse mais virgem. Foi assim
que aquela mãe teve certeza de que sua filha já praticava relações sexuais .

Ester já imaginava que sua filha do meio não era mais virgem, mas ainda tinha
alguma dúvida, pois ela jamais comentara nada sobre a perda de sua virgindade. A
mãe experimentou naquele momento um sentimento estranho, de alguém que se
sente enganado ou sem valor, de alguém completamente alheio à vida de alguém
querido e que tanto considera. Vivenciou até um sentimento de impotência e se
reconheceu desprezada. Sua filha nunca comentara sobre relações sexuais com
namorados. Nunca lhe pediu nenhuma opinião. Jamais lhe revelou qualquer coisa e
continuava omitindo e ocultando dela os detalhes de sua vida. Ester decidiu que teria
uma conversa séria com Andreza.
Dois dias depois aproveitou que sua filha estava de folga e a procurou para uma
conversa.

- Andreza, querida, eu preciso falar com você. Sente um pouco na cozinha


comigo.

Marcela estava no trabalho, as netas na escola e Melina no colégio.

- Diga, mamãe. O que a senhora deseja falar? – indagou Suellen.

- Filha, você está com algum problema de saúde? Você não está se sentindo
bem?

Andreza ficou pálida, e quase gaguejando, replicou:

- Por que, mãe, você me pergunta isso?

- Intuição de mãe - mentiu Ester.

- Não acredito nisso, mãe. Você está sabendo de alguma coisa.

- O que, Andreza? - blefou sua mãe.

- Mãe, está tudo bem comigo.

Ester foi-se irritando com as negações de sua filha e continuou:

- Andreza eu sei que você está com inflamação vaginal.

- Mãe, você mexeu em minha bolsa sem falar comigo – reclamou Andreza.

- Não, filha. Você esquece que sou enfermeira. Eu percebi seus sintomas e senti
o odor nas suas calcinhas e notei secreção nelas.

- Se sou eu que lavo minhas calcinhas – continuou sua filha, tentando despistar
sua mãe.

- Mas eu senti o cheiro ruim antes de você lavar.

- Pois eu não estou sentindo nada, mãe. Vou prestar mais atenção. Acho que
não é nada sério. Deve ser odor da transpiração.

- Certeza, Andreza? Não tem nenhum problema?

- Não, mãe. A senhora é muito insistente. Não estou mentindo.

- Filha, qualquer problema se abra comigo.


Andreza então quis se zangar e redarguiu, um tanto exaltada:

- Já falei, não tenho nenhum problema e não estou escondendo nada da


senhora.

Sua mãe não aguentou então e confessou a verdade.

- Filha, você me esconde os fatos e você mente sim para sua mãe.

- Do que a senhora está falando?

- Eu realmente olhei sua bolsa e descobri que você consultou um ginecologista.


Eu não costumo fazer isso, bisbilhotar as suas coisas, mas eu suspeitei que você não
estava bem e que tinha feito alguma consulta.

- Mãe, o que é isso? Não foi nada e eu só não queria te deixar preocupada.

- Preocupada! E prefere mentir para mim e esconder uma bobagem dessas!

- Não é verdade.

- Na realidade, Andreza, você me esconde isso porque você não quer que eu
saiba que você não é mais virgem.

Andreza ficou calada.

- Mas agora tive a certeza de que você já perdeu sua virgindade. Não tem
muito problema. Sabemos que isso aconteceria um dia, é normal na vida de uma
mulher, mas você me prometeu que me contaria e seríamos amigas.

- Eu prometi isso quando era muito criança; nem lembro mais.

- Sei. Você esqueceu muitas de nossas conversas. Você anda me esquecendo


também. Lembre de mim. Sou sua mãe. E eu me importo com você. Apesar de você já
ser adulta eu gostaria de participar de sua vida e que fossemos mãe e filha, nem digo
amigas.

- Eu sei que a senhora se importa comigo.

- Mas você, Andreza, parece não se importar comigo, com minha opinião e
minha presença.

- Mãe, eu não quero te amolar com meus problemas.

- Não me amola saber da tua vida.

- Não se preocupe tanto comigo.


- Ainda sim me preocupo. Você sempre foi muito assanhada, sua preta.

- Mãe, não fale assim de mim, pois você me magoa.

- Pode ser que sim. Desculpe então. Mas não me esconda mais coisas tão
importantes sobre você. Lembre que você tem uma mãe e que te ama.

E Ester saiu em direção ao seu quarto, trancou-se e foi chorar. Andreza também
foi para o quarto sem almoçar e ficou lá por algumas horas, calada e refletindo. Não
falou mais com sua mãe aquele dia.

À noite Ester teve que ir a um plantão no hospital. Mas ela raramente dava
plantões à noite. Nos dias consecutivos a este fato não debateram mais nada sobre
isso.

__________________________________________________________

Andreza foi convidada para ser madrinha de casamento de sua prima Alina.
Douglas, todavia, não foi chamado a ser padrinho, pois não tinha amizade com
nenhum dos noivos, e estes preferiram não convocá-lo. Mesmo assim o namorado de
Suellen ficou desapontado, mas não quis externar esse sentimento para sua garota.

Douglas e Andreza foram assim ao noivado da prima de Andreza.

O evento ocorreu em São José de Ribamar.

Na saída de São Luís pararam o carro na rodovia e transaram por cerca de 20


minutos

Douglas compareceu ao evento acompanhando a morena, mas não se sentiu


muito confortável. Após a parte formal do noivado e no meio da recepção que os
nubentes promoveram, foram embora.

Prosseguiram viagem. Durante o trajeto na estrada de Ribamar, no regresso a


São Luís, Suellen estava inquieta; o percurso não era longo e os dois já deviam estar na
metade do caminho.

Ela falou pouco durante o trajeto, ficava olhando pela janela do carro e se
ajeitava a todo momento no assento do carro, até que seu namorado ficou irritado e
perguntou a ela o que estava ocorrendo:

- Ei, amor, o que você tem?

- Estava pensando na loucura que fizemos lá na saída de nossa cidade; -


Andreza e Douglas transaram rapidamente do lado de fora do carro, na saída de São
Luís - até agora não sei como tive coragem! Não sei o que deu em mim!
Douglas olhou para ela meio preocupado, pois do jeito como Andreza falou ela
parecia se mostrar arrependida da ousadia cometida há pouco tempo atrás com seu
namorado. Ele disse então:

- Eu realmente achei que você não fosse topar, amor, mas gostei quando você
foi decidida a ganhar a nossa aposta!

- Você gostou mesmo, amor? – indagou ela.

- Gostei sim, deu muito tesão! Eu fiquei muito excitado.

- Será que alguém viu o que a gente fez?

- Só se alguma pessoa estava escondida para ter uma boa visão!

- Será que alguém viu a hora em que eu estava em pé em frente a você,


recostado no carro?

- Ninguém viu. Fique tranquila.

Andreza, na situação a que ela se referia, estava segurando na cintura de


Douglas, quando desceu, ficando de joelhos, puxou o pênis dele para fora da calça e o
trouxe para perto de sua boca, e como ele já estava armado, começou a sugar o
membro de seu par.

- Amor, quando o seu pau entrou no meio das minhas pernas, tomei um susto
na hora! – afirmou ela. - Então você foi safado e me puxou de propósito para encaixar
ali, entre suas coxas e seu pênis. Conforme seu membro endurecia, eu ficava
imaginando um pau duro imenso no meio das minhas coxas, cutucando a minha
bucetinha já molhada – confessou a namorada.

- Você gostou de sentir a minha pica, amor? Estava muito dura?

Ela o olhou assustada, e pensava na resposta que ia dar.

Douglas pegou a mão dela de novo e a colocou sobre sua calça, mostrando a
ela o quanto ele estava excitado de novo, ouvindo ela falar da safadeza ocorrida fora
do carro. A morena abriu um sorriso, talvez aliviada por saber que ele aprovava o que
ela tinha feito.

- Você está gostando de falar sobre essas coisas, não é? - disse ela, com rosto
de garota sapeca.

- Estou adorando e esta aí a prova de que não estou mentindo! – e Douglas


levou a mão da garota até seu pênis em ereção.

- Safado! - disse ela, e Andreza sorriu. - Estou agora com a xoxota toda
molhada de novo, “babe”.
Douglas parou o carro no acostamento e colocou a mão na coxa dela e desceu
até embaixo do vestido e a seguir veio com sua mão subindo pela abertura da roupa
da moça, chegando à virilha e depois colocou sua mão, afastando a calcinha com o
dedo, e pôde sentir a vagina de sua namorada úmida da secreção própria de
lubrificação.

- Viu? – reforçou a garota.

- Posso abaixar essa calcinha? - pediu o rapaz.

- Deixa que eu mesma faço isso.

Ela então desceu a sua peça íntima, abriu as pernas, e foi colocando os pés
sobre o painel do carro. Com os olhos fechados Andreza gemia, enquanto Douglas
massageava sua buceta.

Os caminhões passavam do lado do carro e buzinavam, mas Suellen não parecia


se importar com eles; seguia com as pernas arreganhadas para receber um carinho nas
suas partes íntimas.

Andreza se pronunciou neste instante:

- Seu safado, você quer me comer aqui, dentro do carro, amor? - indagou ela,
ainda a gemer de tesão.

- Você deseja que eu te coma aqui mesmo? – questionou seu macho.

- Quero! – pediu Andreza, confiante.

A respiração dela ficou mais ofegante nesse momento. Ela pediu:

- Vai! Coloca logo esse pau todinho na minha boca, amor! Quero chupar seu
pau duro, safado!

Nisto a morena gozou na mão de Douglas; não satisfeita, substituiu a mão do


rapaz pela sua e ainda continuou se masturbando, e gozou mais uma vez depois de
alguns minutos.

Transaram, então, dentro do carro.

Depois disso ela continuou observando a paisagem da estrada durante a


viagem de volta para sua cidade.

Douglas a deixou em casa e foi embora para a sua, pensando em tudo que ela
disse enquanto estava excitada e em tudo que tínham feito aquela noite.

O final de semana acabou sendo um divisor de águas; Andreza estava


realmente começando a assumir seus desejos.
A semana passou mais devagar, e ele não via a hora de chegar a sexta-feira
para buscar sua namorada na saída do serviço dela e aprontarem algo juntos. Ele se
masturbava todo dia imaginando ela a rebolar em seu membro e até bebendo depois
o sêmen.

Finalmente sextou! Foi buscá-la na saída do serviço, pois ela iria matar aula da
faculdade. Encostou o veículo na frente do prédio da empresa de telemarketing e
ficou aguardando a garota sair.

Andreza saiu do prédio acompanhada por Luciano, seu colega de trabalho.


Douglas percebeu que ela o viu de imediato, mas a garota continuou conversando com
o outro rapaz. Eles conversavam animados e sua namorada ria bastante; ela estava
arrumada para sairem, de modo que se encontrava muito provocante, com os cabelos
soltos, escovados e jogados para o lado, batom vermelho nos lábios, e que ela acabara
de renovar, e maquiagem desenhando bem os olhos; trocara no vestiário sua farda de
trabalho por uma camisa social branca mais justa, com os botões abertos até a altura
do decote nos seios; dava para ver um pouco do sutiã de renda preto que ela usava,
calça jeans azul bem justa e usava sapato salto alto preto “scarpin”.

Ela estava tentando chamar a sua atenção; jogava o cabelo de um lado para o
outro enquanto conversava. Durante a conversa entre eles, em certos momentos
Suellen dava uma olhadinha para o namorado dentro de seu veículo. Estava o
provocando, com toda certeza.

Depois de uns dez minutos ela se despediu de Luciano com um beijinho no


rosto e veio até o carro; entrou e deu-lhe um beijo de língua, bem molhado.

Douglas olhou para ela com rosto de interrogação.

- Andreza, o que vocês conversavam tanto? Você se divertia, ficava sorrindo.

- Nada demais, basicamente assuntos do trabalho.

Douglas passou a marcha do veículo e saíram dali. Continuaram o diálogo com


o carro em movimento:

- A conversa com ele estava animada, não estava? – indagou o rapaz.

- Eu sabia que você iria ficar com ciúmes! – e Andreza sorriu de modo suave.

- Como é o nome desse seu colega de trabalho mais alto?

- Luciano. Nós não nos falávamos muito antes, mas ultimamente ele tem
puxado mais assunto comigo.

- Engraçado agora ele vir falar com você com mais frequência, não acha?

- Seu bobo, acha que todo mundo só fala comigo porque quer me comer.
- E o André, seu cunhado? Você o encontrou hoje?

- Ele ficou chateado comigo outro dia.

- Por que motivo?

- Não posso dizer. Segredos de família. Mas hoje ele estava um amor comigo;
ele me viu chegando assim e foi só elogios! Elogiou minha boca que fica bem com esse
batom, elogiou minhas unhas que deixam minhas mãos mais delicadas e bonitas, meu
cabelo; ele reparou assim que cheguei ao escritório; o que mais? Nem lembro, hoje
foram muitos elogios de várias pessoas! – e ela abriu um sorriso.

- Esse André não perde a oportunidade de mexer com você!

- Não mesmo, agora na saída ele me chamou novamente para um happy hour
do setor dele; disse que ainda está me devendo um “drink” e que hoje seria um bom
dia para pagar!

- Por que hoje?

- Foi o que eu perguntei!

- E o que ele respondeu?

- Foi aí que eu notei que meu namorado tinha chegado, e que eu devia ligar
para meu pai avisando que iria sair com os amigos do trabalho e que não tinha hora
para chegar em casa!

- Por que você não disse, meu bem, que ia sair apenas comigo?

- Meu pai não ia deixar.

- E ele não perguntou por mim?

- Eu falei que você teria uma prova na faculdade e ia ficar em casa estudando.

- Andreza, pare de mentir para seu pai. Aprenda a falar a verdade... E suportar
as consequências ...

- Ai amor, sabe que de tanto você ficar falando nisso, acho que me abriu um
pouco os olhos; parece mesmo que eu preciso falar mais a verdade .

- Eu te disse! Não se acostume a mentir.

- Mas imagina se meu pai descobre que meu namorado é que me incentiva a
me vestir assim? Que você me deu um vibrador para eu usar...etc ... etc...
- Pior que já pensei nisso sim, amor; mas não acho nada demais o que fazemos
juntos e penso que não vai te prejudicar.

Andreza questionou, então, Douglas com olhar cheio de segundas intenções.

- Por que será que esse meu namorado é tão safado?

- Porque a minha namorada também é muito safada! – retorquiu o rapaz.

- Sou mesmo? Você tem certeza? - indagou a moça, deitando-se a seguir sobre
o colo do rapaz e, puxando o pênis de seu namorado para fora da calça, foi mamando
seu membro durante o trajeto até o boteco onde encontrariam um casal amigo.

Douglas gozou na boca de Andreza quando estavam a uns dois quarteirões do


bar. Lá chegando, ela desceu do carro ainda consertando o penteado e limpou os
cantos da boca.

Entraram no bar, onde seus amigos já os aguardavam. Cumprimentaram seus


colegas e Suellen foi ao banheiro retocar o batom, o qual estava todo borrado por
causa do boquete dentro do carro.

A namorada do seu amigo elogiou o novo visual de Andreza; fazia um tempo


que não se viam e ela ainda não tinha encontrado a morena toda produzida assim;
antes ela se vestia mais discreta, com maquiagens mais suaves. Quem via ela agora
assistia a um mulherão, apesar da pouca idade e do rostinho angelical.

O amigo de Douglas não tirava os olhos de Suellen; esta percebeu e


naturalmente a reação dela foi fechar um dos botões da camisa, para diminuir o
decote nos seios. Douglas acreditou que ela se lembrou da conversa que tiveram sobre
as pessoas próximas e agora ela tentava evitar futuras discussões com ele.

No entanto, na mesa ao lado, havia um indivíduo que não tirava os olhos dela
também, mas Douglas pode verificar que ele fitava muito para o quadril de sua
namorada, a qual estava sentada numa cadeira no canto da mesa. Douglas levantou-se
para ir ao banheiro e pôde ver que a calça jeans dela tinha cintura muito baixa e, do
jeito como sua garota estava sentada, ela exibia um pouco da marca do biquíni,
recentemente reforçado em seu final de semana na praia.

Douglas passou por ela e cochichou em seu ouvido que o homem da mesa ao
lado estava babando com a marca de sol do biquíni dela; a garota sorriu e disse que já
notara que ele estava olhando-a, e que ela abaixou mais a cintura da calça justamente
para o provocar.

Douglas voltou para a mesa com um sorriso largo no rosto, surpreso com a
atitude de sua namorada.

Saíram tarde do bar e Andreza não parecia disposta a sexo; pediu somente para
ir até sua casa; em sua residência, apenas tirou a roupa e caiu na cama, apenas de
calcinha, adormecendo de imediato. Ela tinha tomado apenas duas taças de vinho seco
e água mineral com gás. E jantaram um bife à milanesa com arroz branco.

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Um dos colegas de turma de Ciências Contábeis de Andreza, chamado


Cássio Mariano, já era formado em Psicologia e estava conversando com ela no
intervalo entre duas aulas de seu curso.
Andreza conversou a sós com seu amigo e lhe confidenciou:

- Cássio, eu não sei o que acontece comigo. Eu quero confiar no meu


namorado, o Douglas, e ter a convicção de que posso amá-lo sem restrições, de todo o
meu coração, mas algo me diz que não; algo afirma que eu não faça isso.

- É mesmo, Suh?

- O que poderia ser?

- Pode ser, porque, quando uma mulher se sente atraída por um homem e se
apaixona, suas inseguranças começam a aparecer, pois os três cérebros dentro de sua
mente começam a trabalhar uns contra os outros. É nesta fase que ela vai querer
validação constante para poder reforçar a si mesma de que esse homem é o que de
fato ela vinha procurando. Só que esta mesma mulher faz isto de maneira
completamente oposta ao que se esperaria, dando insegurança ao homem. Quanto
mais ela o deseja, mais sabota a relação dos dois, chegando a ser dramática. Então, os
dois precisam superar esta etapa inicial de uma relação, que é de desconfiança e
dúvida, para entrarem num compromisso sério e confiável. Só que em muitas
situações é extremamente difícil o homem superar essa etapa de provações a que a
garota o submete.
- Acho que eu sou muito assim, Cássio. Essa situação vale para muitas mulheres -
reiterou Suellen.

Conversou Trícia com Andreza antes de um ensaio para um culto especial em


sua congregação, a que as duas foram assistir. Comentou Trícia com a amiga:
“Ganhar sua amizade não é fácil: você tem um jeito discreto e seleciona com
cuidado quem pode fazer parte da sua intimidade – confessou a primeira. - Você
prefere escolher pessoas que concordem com suas crenças e seus valores, e que
também lhe tragam ensinamentos, ampliem seu repertório, enriqueçam suas
experiências. Não é raro você fazer amizade com gente mais velha. Quando a relação
de amizade se consolida, você costuma demonstrar muita lealdade e um
companheirismo sem igual, seja nos momentos de alegria ou tristeza. Ao longo da
vida, raciocino que tu vais eleger amigos mais próximos para dividir confidências e até
comentar seus próprios tropeços pelo caminho. Nesse caso, esses amigos (que
pertencem à categoria vip!) deverão se considerar megaespeciais, pois você acha
complicado entregar suas fraquezas. A confiança precisa ser total. Porém, quando está
tudo azul, eu sinto que você revela humor refinado e uma capacidade singular de rir de
si mesma, o que comprova o quanto você se sente livre para se enxergar por inteiro,
sem disfarces.
- Obrigada por tão belas palavras, amiga – agradeceu a morena.

Alguns dias depois Andreza anunciou para sua mãe que estava pensando em
participar de uma ação beneficente.

- Mãe, estive conversando com uns amigos da Igreja e tivemos uma idéia bem
legal: criar um pequeno grupo de teatro e fazer pequenas apresentações em clínicas e
hospitais públicos. O nosso propósito é tentar levar um pouco de alegria para crianças
doentes. Eu vi que tem um grupo de jovens em São Paulo capital que visita as crianças
doentes em clínicas e hospitais; são os “Anjos do Riso”. Pensei em algo semelhante ao
que eles realizam. O que você pensa desse nosso plano?

- Parabéns, minha filha. Excelente iniciativa de vocês. Achei uma idéia ótima!
Uma ação muito gratificante. Dou todo o meu apoio.
Depois desse dia, Andreza e seus colegas ainda realizariam duas ações
beneficentes em clínicas, duas no posto de saúde, três em asilos de idosos e duas em
orfanatos, mas o grupo depois se dissolveu e o projeto foi suspenso por tempo
indeterminado.
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Douglas conhecia alguns colegas da faculdade de sua na namorada, como


William e se encontraram numa partida de paintball num clube de tiro. Suellen não
gostava de praticar este esporte.

Após a brincadeira, o namorado da morena ofereceu uma carona para o


companheiro e este pronunciou as seguintes palavras dentro do carro:

- Douglas, você e a Andreza estão firmes?

- Sim. Estamos namorando firme.


- Desculpa perguntar. Como ela é de verdade como pessoa? Pois ela parece ser
meio sonsa. Dizem na verdade que ela é safadinha.

- Como assim? – indagou o amigo, em tom de seriedade. Você sabe algo sobre
ela que eu desconheço?

- Na realidade ouvi falar algumas coisas. Você teria coragem de ouvir?

- É confiável?

- Foi confidenciado a mim por pessoas bem próximas.

- E o que disseram? Conte-me – pediu Douglas, já bastante ansioso. - Jura que


é verdade? Te considero como amigo.

- E é por esse motivo que preciso te contar. Não tenho nenhum interesse nela
nem ciúmes de vocês, mas penso que você deve saber para ficar ligado e só tu saberá
se de fato as denúncias procedem.

- Pois fale.

- Dizem que ela já ficou com alguns caras por grana e chegou a fazer
programas até dentro de carros no estacionamento da faculdade.

- Não acredito. Deve ser mentira – reagiu Douglas, dando essa resposta mais
para dissuadir seu amigo.

- Outra situação, amigo. Aquele cunhado dela, o André...

- O que tem de errado com ele? – interrompeu o moreno de olhos verdes.

- Ele já veio pegar ela na faculdade algumas vezes. Eles parecem muito
íntimos. Desconfio que exista algo entre eles.

- É mesmo? Estranho.

- É basicamente isso, amigo. Fica esperto com ela.

- Pode deixar, mas não estou acreditando muito nesta estória. Andreza não
faria isso.

E concluiram aquele papo.

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O namorado de Andreza a partir de então foi-se tornando calado e meio


introspectivo; logo ele, que costumava ser bem comunicativo. A garota notara a
mudança no comportamento de Douglas e o inquiria sobre esse fato, mas ele afirmava
apenas que eram problemas familiares e seriam passageiros, mas se negava a detalhar
o que acontecia de verdade. Chegou a marcar alguns encontros com Andreza e faltava
aos compromissos ou desmarcava na última hora.

Então, pouco tempo depois Douglas pediu para ter uma conversa delicada com
sua garota. Encontraram-se no shopping, dentro da praça de alimentação, e o rapaz se
pronunciou:
- Suh, eu tenho algo muito sério para falar com você.
Andreza prontamente ficou apreensiva, mas já suspeitava de que seu
namorado estava prestes a encerrar o namoro pelo seu comportamento mais recente.
Ela voltou então, bem ressabiada:
- O que foi, amor? O que você deseja falar? – disse de forma carinhosa,
tentando fazer o rapaz abandonar a ideia de deixá-la. Mas ele foi dizendo:
- Meu bem, gosto de você, mas nossa relação não vai dar mais certo.
- Por que motivo, Douglas? – indagou Suellen.
- Minha vida tem sido muito corrida; a sua também; preciso dar apoio à minha
família; você, por seu lado, trabalha demais e ainda estuda; não temos tempo um para
o outro e acho que você merece mais atenção; não posso te dar - alegou Douglas.
A jovem retrucou:
- Amor, eu nunca me queixei que você me desse pouca atenção. Eu sou
satisfeita com nossa vida e nossa relação; sou feliz com você.
- Tem certeza? Há momentos que não transparece isso.
- Não entendo suas colocações – rebateu ela. - Douglas, você me ama?
- Sim – respondeu o estudante, sem firmeza na sua afirmação.
- Então, você está pensando em outra moça? Você já tem outra pessoa? –
interpelou Andreza, com certo desespero.

- Não é isso – disfarçou o homem.

- Meu bem, você me pegou de surpresa - mentiu a namorada, já um tanto


chorosa neste momento.
Douglas percebeu o princípio de choro e a tentou consolar.
- Andreza, acredito que será melhor para nós. Terminarmos e seguir em frente.
- Como assim? Pensei que a gente estava tão bem e que você me amava.
- É por isso que desejo terminar: para que você possa encontrar alguém que
possa se dedicar mais a você. Eu me preocupo com seu bem estar.
Andreza explodiu, então:
- Não é verdade. Se você gostasse de mim não ia me deixar desta forma, sem
um motivo plausível. Eu me decepcionei agora com você. Pensei que era diferente dos
outros e se importava comigo. Mais uma decepção, meu Deus – e ela divagou consigo
mesma, lamentando-se.
Douglas procurou manter a calma.
- Gosto de você, Andreza, mas prefiro terminar. Precisamos seguir adiante. É
melhor acabar agora do que nos envolvermos mais e sofrer muito mais, depois.
- Tudo bem, entendo – admitiu a garota. – Se não dá mais para a gente ficar
junto, não quero forçar a barra e prolongar esta situação. Aceito seu pedido de
terminar o namoro.
- Melhor. Podemos ficar amigos.
- Não quero. Não preciso de sua amizade. – afirmou a jovem.
- Então, tudo bem. Desculpe.- replicou o garoto.
- Não precisa se desculpar – disse Andreza, já elevando seu tom de resposta. –
Então se era apenas isso: Tchau. – E ela saiu de perto do rapaz, ao que ele ainda disse:
- Tchau, Andreza.
E nunca mais se falaram. Ela o bloqueou na agenda do telefone celular e de
todos os aplicativos de mensagens e não se procuraram mais. Naquele dia a jovem
chegou a sua casa muito abalada, foi ao seu quarto e chorou bastante.

Após Andreza se envolver profundamente com Douglas, este começou a se


desinteressar por ela de forma gradativa, ao ponto de esta chegar a imaginar que ele já
possuía outra garota. O estudante parecia usá-la apenas para satisfazer seus desejos
sexuais, tratando-a como uma verdadeira gueixa, mas a partir de certo momento
começou a desprezá-la, e nem por sexo se interessava mais, e chegava a tratar
Andreza mal. Ficava dias sem se comunicar com ela e já não dava muito valor para as
mensagens da jovem. Esta começou a concluir, então, que ele não gostava
verdadeiramente dela o quanto ela imaginava que fosse; e era tarde demais para ela
pois já estava muito apaixonada por ele. Andreza o questionava sobre a mudança de
atitude para com ela e se ele estaria interessado por outra garota, mas Douglas
desconversava ou negava tudo.

A família do rapaz também passou a tratar a garota de modo mais frio e


Suellen estranhou o comportamento deles. Andreza começou a investigar a vida de
seu namorado, tentando desvendar se ele tinha outras garotas e a estaria enganando.
Por fim, terminaram a relação em comum acordo e apenas uma semana após
romperem em definitivo, Douglas surgiu nas redes sociais com outra namorada, o que
fez Suellen supor que ele já a estaria traindo com essa moça, antes mesmo de
encerrarem o relacionamento. Como o belo rapaz apareceu tão precocemente com
outra garota, e mostrando-a para a sociedade, amigos e toda a família, sua ex-
namorada teve a convicção de que ele não se importava com seus sentimentos e de
Douglas não gostava de fato de Andreza o quanto ela gostaria. A decepção da morena
foi total.

Um certo dia Melina adentrou no dormitório que compartilhava com Andreza,


sem que esta percebesse, e notou que irmã examinava seu próprio telefone celular de
forma completamente absorta e compenetrada. A jovem ruiva permaneceu calada e
conseguiu verificar que Suellen visualizava uma fortografia em sua tela. Ela se
aproximou, mas a morena não a notava e parecia alheia ao que se passava à sua volta;
isto a intrigou de imediato; o que fazia Andreza ficar tão concentrada em seu telefone?
Dada a imensa curiosidade Melina se aproximou rapidamente pelas costas de sua irmã
do meio e conseguiu apreciar o que queria: sua irmã vislumbrava aquela antiga
fotografia que havia tirado com sua prima Maryane e André no ensaio da Igreja, sem
Melina. Na época Andreza possuía 18 anos e o namorado da ruiva era um adolescente
de 17 anos, bem magro e franzino. Melina então questionou sua irmã: “Andreza, por
que você está apreciando tanto esta foto com meu namorado? O que está
acontecendo?” Suellen logo percebeu o ciúme na fala de sua irmã, mas respondeu
assim: “Nada de mais, irmã. Apenas saudades de nossa prima que foi embora”. Melina
retrucou: “Eu nem sabia que você tinha essa foto no seu celular, Suh. Você pelo menos
nunca me contou.” Andreza continuou: ”Mel, foi a Maryane que me enviou outro dia;
ela me disse que encontrou em seu celular e ia me enviar para matar a saudade”.
Melina replicou: ”Foi mesmo? Mas você pareceu estar tão envolvida, examinando esta
foto; quase fora de si”. Porém, Suellen concluiu: “Mas é porque eu também estava
verificando como a gente muda; meu rosto era tão redondinho! Minhas pernas eram
tão torneadas! E eu estava tão gordinha. Eu parecia até ser mais morena. Sei lá.”
Melina ainda comentou, questionando: “André também mudou muito. E sobre ele,
você não acha nada?” Andreza replicou: “Não, nada especial em seu namorado”. E
encerraram aquela conversa.

Andreza contou para Nádia sobre o fim de seu namoro com Douglas alguns dias
mais tarde. Elas se falaram pelo aplicativo de mensagens.

- Bruna, você não responde mais minhas mensagens. O que está ocorrendo?
Estou apreensiva.

Mas a morena finalmente encontrou coragem para conversar com sua amiga.

- Nádia, eu tenho passado por muitos problemas. Por isso me afastei das
pessoas.

- Por que, Suh? Você sabe que eu te considero muito. Pode se abrir comigo.
Quem sabe eu possa ajudar. O que está acontecendo?
- Eu terminei meu namoro com Douglas e fiquei muito mal depois disso.

- Foi mesmo?! Que pena! Vocês me diziam que gostava tanto desse rapaz e
vocês se entendiam tão bem.

- Mas ele foi mudando; a família dele não tratou bem meu papel e também
começaram a fazer pouco caso de mim. Acho que é porque sou de origem pobre.

- Não diga isso, amiga. Não se sinta inferior por questões materiais.

- Obrigado pelas palavras; mas eu me senti. E ele começou a me tratar mal, me


esquecer. Não me convidava mais para sair, não era mais carinhoso comigo nas
palavras e nos gestos; parecia não dar importância para o que eu lhe falava; parece
que eu não tinha mais significado na vida dele. Comecei a sofrer. E eu me entreguei
tanto a ele, de corpo e alma!

- Sei, você foi intensa, e já não sentia mais correspondência dele para o seu
amor.

- Sim, eu acreditava que “ amor, com amor se paga” , mas descobri de modo
triste que nem sempre é assim. E o pior é que eu não fiz nada para merecer ser tratada
assim, com desprezo. Muito pelo contrário: eu só dei amor e atenção e me doei o
quanto podia nessa relação.

- Você pensava em noivado?

- Cheguei a pensar, claro, a garotinha apaixonada. Mas eu sempre achei


estranho que ele não se aproximou muito de minha família e não fez amizade.

- Ele talvez nunca teve boas intenções com você.

- Exatamente. Hoje eu pondero que ele só me queria para praticar sexo e


satisfazer todos os seus desejos sexuais.

- Não pense assim; você só irá se machucar mais ainda.

- Eu imagino que para ele eu era apenas uma “putinha“, que servia aos seus
prazeres e às suas fantasias eróticas. Ou uma boneca de fazer sexo.

- Bruna, não diga isso...

- Pior que é verdade. E quando penso que não tive nenhuma culpa para tudo
terminar assim, eu fico pior.

- Vocês não vêem mais chances de voltar?

- Não, Deus me livre. Não o quero ver mais . Realmente o pior sentimento de
tudo isso é não saber porque tudo mudou de repente, se estava tão bem. Se eu errei
em algo e no que foi que eu errei. Tenho dúvidas também se ele já me traia quando
estávamos juntos. Tudo isso me faz sofrer.
- Não se martirize. Se acabou procure esquecê-lo e prepare seu coração para
outra pessoa.

- Vai demorar um tempo agora. E pensar que ele mal me deixou e já apareceu
com outra menina. Dói demais. Ver quem você adora com outra garota ... E já, com tão
pouco tempo...

E Andreza chorou levemente em seu quarto após digitar essas palavras.

- Meu Deus, como ele foi mal com você. Assim que for possível, eu quero te
ver. Amiga, sei que é difícil, mas tenta esquecer e colocar sua vida para frente. Você vai
ficar bem, vou torcer e orar por você. Fica com Deus.

- Obrigada, amiga, só por me ouvir. Tchau.

E encerraram as mensagens.

O namorado de Melina veio esperá-la, pois iam a um ensaio na Igreja. Enquanto


a filha mais nova de Ester tomava banho e se preparava para sair o rapaz ficou
conversando com Andreza.
- André, eu preciso mudar meu e-mail para o Douglas não me enviar mais
nenhuma mensagem de correio eletrônico.
- Pois eu vou fazer uma conta de e-mail do Outlook para você pois como o e-
mail do Google é o mais usado se eu fizer Outlook ele não vai descobrir. E vou colocar
uns símbolos de “underline” intercalando nomes e sobrenomes para dificultar. E não
vou colocar o pós-nome “suellen” no seu e-mail.
- Então, vai ficar parecido com o seu e-mail?
- Sim. Olhe que nem para minha namorada eu fiz um e-mail. Mas vou fazer para
você.
- Obrigado, André, você é um amor.
- Mas não diga para a Melina que fui eu que fiz seu e-mail. Ela é muito
ciumenta.
- Pode deixar.
- Andreza, eu estou esperando o edital do concurso de oficiais da Polícia Militar.
Vou fazer o concurso do Maranhão e do Piauí, o que sair primeiro. Você não quer
estudar comigo, não?
- E Melina, não quer fazer este concurso? Ela não quer estudar com você,
André?
- Ela me disse que não quer seguir carreira militar. Na visão dela, ainda é uma
área mais destinada aos homens.
- Eu discordo.
- Eu também, mas temos que respeitar a opinião de sua irmã.
- E sua mãe, dona Ivonete, não acha que é uma carreira muito perigosa dada a
violência dos tempos atuais?
- Acha um pouco. Mas já a tranquilizei que os oficiais realizam mais o trabalho
burocrático e nos escritórios da Polícia Militar. Não tem muitas atividades em campo
de modo que nos expomos menos aos bandidos e temos menos confrontos diretos
com a marginalidade.
- Você fala como já estivesse fazendo o curso de oficiais e faltando pouco
tempo para se formar.
- Andreza, eu tenho certeza que vou passar neste concurso e vou melhorar de
vida.
- Deus te ouça.
- Obrigado.
- Assim você pode finalmente casar.
- Me casar?! - E André titubeou e depois de uns 3 segundos continuou - Ah!
Sim, com certeza. Eu e Melina vamos ter condições para nos casar.
Melina apareceu neste momento. André foi-se antecipando com um elogio:
- Melina, você está tão bonita.
- Vamos! - ela o convidou para sairem e a seguir se despediu da irmã - Tchau,
Suh.
- Bom ensaio para vocês - desejou a morena.
E eles saíram juntos para o templo.

Andreza pediu permissão para ir a um concerto gospel da banda evangélica


“Rosa de Luz” que ia acontecer em São José de Ribamar.

- Mãe, eu posso ir ao show que será promovido pela Igreja? Este evento está
sendo aguardado há quase 6 meses. Dizem que é imperdível. A banda é Evangélica.

- A apresentação que vai ser em São José de Ribamar?

- Sim.

- Fiquei sabendo; algumas pessoas comentaram no trabalho e na Igreja. E


quando será o show?

- Próximo mês, daqui a 3 semanas.


- Pode ir, filha. E você irá com quem?

- Quero ir para a casa de minhas primas lá em Ribamar e de lá a gente vai. Ou


da casa da Luciana ou da Isabel. Vou com elas.

- Boa ideia. E algum rapaz vai com vocês? Moças andando só é perigoso. E
certas companhias também o são.

- O namorado, quer dizer, agora noivo da Isabel, vai com a gente.

- Ainda bem. Então está ótimo. Já falou com seu pai?

- Sim. Ele concordou, mas me disse que depende de você...

- Por mim, sem problemas, da forma como você me falou. Se mais alguém for
com vocês ou algo mudar me comunique. E outros jovens de nossa comunidade
também vão?

- Sim. O Ícaro, a Kátia, Michelle, Kelly, a Amanda, o Valber, e outros, enfim,


muitos conhecidos.

- E algum paquera seu vai pintar por lá?

- Não , nenhum. Não tenho nenhum.

- Nem seu ex-namorado vai? Aliás, ele está namorando com outra moça?

- Pode ser que ele vá, mas não vou nem olhar na cara dele se ele passar por
mim. Não sei se ele já tem outra namorada. E ainda vou com aquela camiseta que tem
escrito na frente: “I hate you“ , que eu comprei em homenagem a ele.

- Filha... O que é isso?

- Mãe, vou tomar banho e me vestir para o trabalho.

- Tudo bem.

E as duas se afastaram. Andreza voltou ao seu quarto.

Chegando mais perto do dia do show um amigo da morena chamado Nelsinho


enviou uma mensagem para Andreza. Ele percebeu que ela estava online no
WhatsApp e iniciou uma conversa. Ele escreveu:

- Princesa, você não apareceu mais? O que houve? Senti sua falta.

- Estou muito ocupada, querido. Trabalhando demais. Chego do emprego


muitos dias bem cansada, só o resto, só as tiras de gente. Sem coragem para fazer
mais nada, só quero descansar.
- Meu Deus, que moça esforçada! Nunca mais quis cantar no culto

- Não deu mais certo. E não tenho o mesmo dom que você. Quer dizer, não
tive mais oportunidades - mentiu Andreza.

- Pois venha nos visitar aqui no templo do Tirirical qualquer dia. Estamos te
esperando de braços abertos.

- Obrigado, amigo. Vou ver um horário, prometo. Qualquer hora vai dar certo.
Mas não é para já.

- Que pena.

Nelsinho comentou então sobre o show gospel .

- E o show, minha linda, daqui a duas semanas, você vai? Eu queria te convidar
para ir...

A moça respondeu após uma pausa para pensar.

- Não, Nelsinho. Obrigado pelo convite, mas não estou pensando em ir. Vou ter
um compromisso de trabalho neste mesmo dia até tarde. Acredito que eu não irei ao
show.

- Tudo bem. Mas se você mudar de ideia, me avise. Posso te levar. Um abraço.

- Outro. Tchau.

E encerraram as trocas de mensagens naquele dia.

De fato, após duas semanas Andreza foi ao show com suas primas e lá
encontrou Nelson, dando-lhe a desculpa de que decidiu ir de última hora. Ela, porém,
não encontrou seu ex-namorado na apresentação, mas foi mesmo ao evento usando a
camisa com os escritos: “I hate you”.

Após encerrar o namoro com Douglas, Andreza não ficou legal. Não conseguia
dormir direito e nem se alimentava bem.
Seu pai, José, percebeu o que estava se passando com sua filha e buscou ter
uma conversa com ela.
- Andreza, minha filha, nas últimas semanas sinto que você não está bem. Ficou
mais calada, dormindo pouco e quase não come. Até emagreceu. Fico preocupado
com você. Tudo isso é porque seu namoro acabou?
- Acho que sim - respondeu sua filha.
- Meu amor, da outra vez que você terminou seu namoro foi do mesmo jeito.
Você fica muito mal.
“Reaja. Não fique assim. Você me deixa inquieto. Você fica transtornada,
Andreza, sempre que termina um relacionamento com algum rapaz. Você fica tão
debilitada que eu tenho medo de que algo pior aconteça contigo. Desmaiar, cair, bater
a cabeça no chão.
- Deus me livre, papai.
- Quase não tenho coragem de te deixar sozinha em casa. Quer me dizer algo?
- Vou reagir, papai. Sei que não posso ficar assim, sem vontade de viver. Preciso
me restabelecer. Sei que sou forte e vou atravessar esta barra. Preciso dormir, me
alimentar e sair de casa. Senão vai me atrapalhar na faculdade e até no trabalho. Hoje
faltei às aulas do meu curso. Realmente hoje não estou me sentindo bem. Preferi ficar
em casa.
- Sim; você não pode continuar desta forma. Siga sua vida em frente. Ou você
ainda gosta dele?
- Não gosto mais dele; fiquei decepcionada com Douglas.
- O que ele te fez mesmo? Conte-me tudo.
- Não quero dizer detalhes. Bobagens de namorados. E tudo está passando.
- Tem certeza que não quer contar o que ocorreu?
- Não foi fiel comigo e outras coisas. E chega. Ponto final. Não quero falar mais
nada.
- Ok. Respeito sua vontade. Você quer procurar um psicólogo ou um psiquiatra?
- Não precisa, papai. Eu juro que não. Eu vou melhorar. Vamos esperar mais um
pouco.
- Quer conversar com pastor Joaquim?
- Ainda não.
- Estou aqui para te ajudar, filha. Não me deixe assim, preocupado. Quero ver
você feliz. Quer sair para comer uma pizza?
- Hoje não, pai. Amanhã pode ser.
- Certo. Vou te cobrar amanhã; vou convidar de novo; você foi ao culto ontem?
- Não tive coragem de ir.
- Da próxima vez você vem comigo. Vou te arrastar. É pelo seu bem. Tem falado
com suas amigas da Igreja e da escola? Converse com elas. Trícia é uma moça tão
ajuizada. Ele pode te dar uns bons conselhos.
- Não sei se adiantaria. Tenho falado apenas com Nádia.
- Pois ligue para Trícia.
- Vou tentar.
- Certo. E você tem falado com sua mãe? Quando se falaram pela última vez?
- Falei com ela há 3 dias atrás, pelo zap.
- Comentou como você está? Pediu alguma orientação para ela?
- Não. Não quero deixar minha mãe preocupada. E não tenho certeza se ela
poderia me ajudar.
- Sua mãe precisa saber o que se passa com você, Andreza. Ela também pode te
ajudar. É importante. Você não pode esconder isso de sua mãe. Ester tem o direito de
saber como você está, para te ajudar ao tempo certo. Ela me cobra isso às vezes,
sabia?
- Imagino, papai.
- Ou você prefere que eu mesmo conte para ela o que está se passando com
você? Ela não ia gostar! Sua mãe prefere que você fale..
- Eu sei disso. Conto para ela o mais breve possível.
- Sua mãe pensa até que eu forço você a encobrir os fatos para ela!
- Não, papai. Não me diga isso. Não acredito.
- Sim, mas não é por mal que ela fala isso. Ela precisa saber mais de você. Seja
mais amiga de sua mãe.
- Papai, vocês me escondem alguma coisa ruim entre vocês e que provocou a
separação?
- Não, filha. Não ocultamos qualquer coisa de você. Eu juro.
Eram 21 horas e os dois foram se deitar.
- Filha, está cedo, mas vá se deitar logo. Você precisa descansar. Quer um
comprimidinho para dormir. Te dou metade do comprimido que eu uso quando estou
com insônia. Sei que você não gosta de tomar remédios, mas às vezes é necessário...
- Não, prefiro não tomar papai. Vou deitar. Vou conseguir dormir melhor hoje,
Deus me ajude. Sua benção, papai.
- Deus te abençoe, querida.
E José deu um beijo na testa de sua filha e dirigiram-se cada um para seu
quarto.
Por sugestão de sua mãe ou quase de forma impositiva Andreza foi ter uma
conversa séria com o pastor de sua Igreja, a sós. Após ser recebida por ele em sua sala
disse a morena:
- Bom dia, Pastor Joaquim. Posso entrar e me sentar?
- Bom dia, minha jovem, que Deus a abençoe. Sim, com certeza. Vamos sentar.
Sinta-se em sua casa. Como vai? Em que posso te ajudar? Estou aqui para te ouvir e
dialogarmos. Pode se abrir comigo. Será uma conversa aberta. Sou homem maduro,
sobretudo um homem de Deus, mas conheço bem os anseios dos jovens de hoje. O
que eu puder ajudar, estou aqui. Sua mãe me avisou que você gostaria de se reunir
comigo para pedir umas orientações.
- Eu pedi?? - replicou Andreza em tom irônico. – Perdoe-me, mas estou aqui
em sua presença, pastor, mais pela vontade dela. Ela que pediu para que eu viesse
conversar com o senhor.
- Mas, minha filha, você veio até minha presença contra sua vontade? Preciso
saber! - indagou o pastor evangélico, com bastante calma.
Andreza respondeu prontamente:
- Não, isso não. Não vim obrigada. Fique tranquilo. Estou aqui por livre e
espontânea vontade. Tenha certeza.
- Ah então está certo. Fico mais aliviado. Minha intenção é ajudar, se assim
puder. A propósito: como vão seus pais?
- Estão bem. Tocando a vida deles. Mamãe trabalhando muito no hospital. Ela
chega tão cansada dos plantões. Chego a ter pena dela! É um trabalho que não
combina comigo o dela , de Enfermagem.
- Mas vocês estão bem em casa? A família está unida?
- Sim, estamos.
- Seu pai, José, não o vejo há duas semanas. Por onde ele anda?
- Ele está viajando. Para a cidade natal dele. Foi visitar os irmãos. Chega semana
que vem.
- Entendi. E então minha querida, o que você tem para falar comigo? Podemos
começar...? Você prefere iniciar ou quer que eu te faça algumas perguntas e minha
filha vai respondendo, se quiser.
- Então comece.
- Minha filha, como está sua vida amorosa? Você tem namorado?
- No momento não.
- E uma moça tão bela está sozinha? Quando terminou seu último
relacionamento?
- Terminei meu namoro há algumas semanas. Prefiro ficar sozinha agora.
- Seu namorado frequentava nossa Igreja?
- Não. Ele era católico.
- Talvez por isso seu relacionamento não deu certo.
- Acredito que não foi por isso.
- Ele era praticante de sua religião? Ou apenas católico para dizer que tinha
uma religião?
- Ele ia à missa quase todos os domingos. Mas ao que eu saiba ele frequentava
as missas sim.
- E suas condutas eram cristãs?
Andreza titubiou um pouco para responder e após uma pausa deu uma
resposta não muito confiante.
- Sim, ele é um bom rapaz e age conforme as orientações da Igreja - foi o que
disse Andreza para convencer o pastor.
- Mas o fato é que seu namoro terminou. E sua mãe me disse que você vive
mito triste. Por que vocês terminaram? Sua mãe me contou que vocês gostavam muito
um do outro.
Andreza ficou sem saber se falava a verdade, mas disse:
- Ele me traiu, Pastor. E eu cansei disso. Terminei com ele e ainda fiquei
arrependida depois. Mas ele me fez sofrer muito, bastante mesmo.
- Então o esqueça, minha filha. Ore para que ele melhore como pessoa e peça a
Deus para trazer uma pessoa melhor para sua vida. Ele ainda a procura? Vocês ainda
se falam?
- Após o término ele ainda me enviou umas duas mensagens, mas eu optei por
não responder. Eu queria cortar o cordão umbilical que me unia a ele e estou
conseguindo.
- Você está conseguindo esquecer este rapaz?
- Sim, estou.
- Mas sua mãe me contou também que você vem se afastando um pouco da
congregação e dos cultos. Por que motivo?
- É só por um tempo. Não estou legal. Preciso de um tempo para mim, para
reinventar minha vida.
- Mas se afastar de Deus não é o melhor caminho. Volte-se para ele e entregue
sua vida.
- Eu não estou e não quero me afastar de Deus, acredite. É algo passageiro; só
não estou motivada a frequentar o templo com a mesma assiduidade de antes; mas
tenho certeza que vou melhorar logo e tudo irá voltar ao normal, como era antes.
- Já pensou em procurar um médico? Talvez você já esteja precisando.
- Acho que não necessito ainda. O senhor diz um psiquiatra? Acredito que não
chega a tanto. Ainda posso me virar sozinha para tentar resolver meus problemas. E
vou conseguir. Se piorar tento consultar um psicólogo ou um médico psiquiatra. Eu
não desejaria tomar remédios controlados. Eles têm muitos efeitos colaterais, os
tratamentos são prolongados e caros; e as drogas, mesmo sendo terapêuticas, podem
provocar síndrome de abstinência e dependência.
- Mas não pense assim. Se for prescrito por um especialista e você precisar
tomar será a melhor opção para você.
- Mas vou esperar mais tempo. E vou orar a Deus para ele me ajudar.
- É assim que se fala, Andreza. Fé e esperança! Você necessita destes dois e a
oração é um ótimo começo. E como está a relação com sua mãe, Ester. Vocês estão se
dando bem? Ou existe alguma desavença entre vocês duas?
Depois de alguns segundos a moça tomou coragem e falou de uns sentimentos
que lhe afligiam e gostaria mesmo de saber a opinião de seu pastor espiritual sobre
tudo isso. Imaginou que pastor Joaquim guardaria segredo e ela lhe contou:
- Pastor, alguns sentimentos me afligem, me perturbam um pouco. Tenho
sentimentos ambíguos por minha mãe, ora de amor, outras vezes de aversão e
antipatia. Penso que eu não sou uma pessoa ruim e não quero ter repulsa de minha
mãe, mas a qualquer momento que ela me desagrade, sinto muitas sensações
negativas e maus pensamentos com relação a ela. Chateio-me e me zango às vezes.
Porém, tento reprimir isso, não ser indelicada com ela e voltar a me relacionar bem,
como mãe e filha devem ser, amigas.
- Parabéns, minha filha. Lute contra estes maus sentimentos. Não são virtudes,
mas fraquezas humanas. Apóie-se em Deus e na sua Palavra Sagrada, a Bíblia. Quando
se chatear com o que sua mãe diz, seja humilde e a princípio baixe a guarda e peça
perdão. Acredito que se ela perceber que errou, ela irá reconhecer a partir deste
instante e vocês irão fazer as pazes, ao invés de ficarem chateadas e se sentirem até
ofendidas. Jesus quer a paz e a conciliação entre pais e filhos! Ele deseja sobretudo o
diálogo, sem ódio, sem agressões verbais, com reciprocidade, e ele sabe que pode
inspirar uma solução para todas estas questões. Por que vocês divergem tanto?
- Muitas vezes não estamos alinhadas e minha mãe só quer ver o lado dela. Ela
tem dificuldade para enxergar uma visão contrária à sua e de reconhecer quando está
errada.
- Mas não a condene. Procurem conversar de modo sereno. Respeite quando
sua mãe tiver razão e tente mostrar quando ela estiver equivocada, mas com
parcimônia. Eu não tenho dúvidas de que sua mãe quer o melhor para sua vida,
embora ela possa estar se excedendo às vezes.
- O senhor também poderia falar com ela?
- Sim, posso sugerir isso para ela. Vou procurá-la.
A moça contou mais:
- Pastor, sou um pouco estranha ou fora do padrão normal das outras garotas,
penso eu. Vou confessar: tenho muitos desejos sexuais, desejo muitos homens, sinto
muita atração por eles e isso parece afetar meu comportamento e minhas convicções.
Até por saber que pode atrapalhar minha vida. Tira minha concentração às vezes e
temo que possa me afastar do caminho certo. O que devo fazer? Sou muito pecadora?
- Tente não se martirizar. Ocupe sua mente com outras coisas. Deus pode
perdoar todos os nossos erros e faltas desde que reconheçamos o nosso pecado,
cessando o ato pecaminoso e realizando boas obras, sendo solidários com o próximo.
Andreza parou, refletindo estas palavras do pastor. Ele continuou:
- Evite olhar então para os homens que você ainda não conhece e para os
compromissados. E leia a palavra de Deus, siga seus preceitos, seus 10 mandamentos.
Vou te repassar umas sugestões de leitura na Bíblia Sagrada neste sentido. E ore todos
os dias a Deus pedindo para ele remover toda malícia e toda indecência de sua mente
e de seu coração. Peça a Deus para purificar seu corpo e sua alma e entregue tudo à
vontade divina. Acredite que ele pode te curar. Ele pode mudar sua vida para melhor.
Andreza ficou pensando e se questionou se o que ocorria com ela seria uma
doença. Ela precisava de cura, disse o pastor. Então ela necessitava de tratamento? Da
mente, da alma e do corpo? A moça guardou estes questionamentos para si.
- Mais alguma coisa, minha filha? Quer falar sobre mais algum assunto?
Interpelou ainda o pastor.
- Não, por hoje não. Já conversamos muito hoje. Nosso diálogo foi bastante útil
para mim. Preciso refletir mais, e sob a Palavra de Deus. Obrigada ao senhor pelas
palavras e pelas dicas.
- Espero conversar com você outras vezes. E que esteja se sentindo melhor.
Fica com Deus , minha filha. Boa semana.
- Obrigada de novo. Bom dia e até uma próxima vez.
E ela se despediu, saindo da sala.
CONVERSARAM MELINA E ANDREZA APÓS A ÚLTIMA ENCERRAR O NAMORO
COM DOUGLAS.
Andreza começou, dizendo:
- Melina, seja lá quem for a pessoa, eu não quero mendigar amor. O amor e a
paixão são sentimentos que deveriam ser espontâneos, não cobrados. Por isso, não
vou insistir tanto em alguém que não demonstra interesse por mim, pois somente me
magoa, me maltrata, com suas ações. Vou deixar meu coração mais leve, tirando as
amarras de pessoas que me prendem!
- Você tem razão, minha irmã. É necessário nestas horas ter amor próprio, para
desistir de um relacionamento tóxico e tocar sua vida para frente. Tenho lido
bastante, também, sobre a teoria da mulher de alto valor. Jamais devemos implorar o
amor de alguém. Ame a si mesma, em primeiro lugar, sempre. Jamais suplique o afeto
e o carinho de outra pessoa, pois isso não é digno da verdadeira felicidade. Ela
acontece sem pressão, com a vontade mútua e de maneira leve, no tempo certo.
- Algo que jamais será recíproco não vai perdurar, muito tempo - continuou
Andreza. - Veja meu exemplo com Douglas. Quem merece te amar, Melina, vai
aparecer em tua vida no momento exato, basta aguardar. Forçar que alguém te ame é
o mesmo que mendigar algo que jamais será recíproco, pois nada sob pressão pode ser
espontâneo e verdadeiro. E o amor, ah, esse é de alma e, quando acontece, não
precisa que ninguém peça para ser provado ou executado.
- O coração pode ser uma armadilha – retrucou a garota ruiva. - Muitos
machucarão você, irmã, mas não desista de amar, Suh. Não entregue seu amor para
qualquer um, mas ele, o amor de verdade, acredito que vale a pena. Tenha paciência,
irmã, não vá se doando a qualquer um, nem deixe seu coração exposto com todas as
suas fraquezas. Elas podem ser sua pior armadilha. E o mais importante: antes de se
entregar a um novo alguém, tenha em mente que o amor por si mesma deve ser maior
do que a qualquer outro ser humano.
- Sim, Melina, eu devo aprender a ter amor-próprio. O amor ocorre quando tem
que acontecer e não quando uma pessoa diz para a outra que a hora de amar chegou.
Cada um tem seu tempo, e não é viável forçar ninguém a ter um sentimento que é só
seu. Não importa qual for a justificativa, simplesmente anule-a e fique com o amor-
próprio.

- Não ame por dois, Suh! - opinou sua irmã. - Se Douglas não te deu o valor que
você merece, o esqueça, tire de sua cabeça e de seu coração. Não importa quem for,
não mendigue amor, você está corretíssima. Cuide de si, da sua autoestima e se
valorize. Vai para a academia, cuida de seu corpo, vai estudar, procurar ler a palavra de
Deus, compra uns livros interessantes para ler. Ninguém merece ter o seu sacrifício,
tampouco estar em um relacionamento no qual você ama pelos dois. Acima de tudo, é
injusto. Por isso, não deixe que a vida te leve na contramão da felicidade, vivendo de
migalhas.
- O grande erro do coração, Melina, - explicou a morena - é que ele nem
sempre sabe agir com sensatez, e só quer saber de amar e receber esse mesmo amor
em troca. Tolo, pois diversas vezes erra ao achar que quem nos menospreza merece o
amor que guardamos no peito, o que é um grande erro.
- Fuja de relacionamentos tóxicos - reforçou sua irmã mais nova. - A vida foi
feita para sermos felizes e encontrar o caminho que nos leva a evoluir como pessoas.
Um amor mal-resolvido só vai contra todo esse caminho e ainda destrói o pouco de
alegria que resta em seu coração, Suh. Vejo como você fica abatida, quase devastada e
confusa. Seu semblante muda, sua voz fraqueja, seu sorriso perde o brilho. Não fique
assim. Portanto, fuja de relacionamentos tóxicos, de pessoas como Douglas, que não
te merecem e encontre uma nova direção.
- Vou conseguir, irmã. Ele não merece o meu sorriso, não merece meu amor,
não merece me ter ao seu lado. Pessoas como ele, o melhor é expulsarmos de nossa
vida. Quem não me fez sorrir, não merece ser o motivo de minhas lágrimas. Vou
pensar agora em mim, no amor-próprio e não vou implorar para que ninguém tenha
sentimentos por mim. E vou me cuidar.
- Não se deixe contaminar! - suplicou Melina. - Existem pessoas que nos sugam,
dizem sentir um amor falso e por inúmeras vezes nos provam com suas atitudes que
não merecem o carinho e a dedicação de quem realmente tem um sentimento
verdadeiro no peito. Quando se deparar com quem é assim, não se deixe contaminar;
guarde o seu amor – mesmo que para isso precise sofrer em silêncio - e siga sua vida,
pois algum dia a pessoa certa aparecerá e lhe dará tudo o que merece.
- O amor vem de dentro! - filosofou Andreza. - Eu acredito nisso. Não há
sentimento mais bonito do que o amor. E por que ele é tão belo, contemplado e
desejado por todos? Porque ele vem de dentro, não precisa de esforço para acontecer
e, quando habita em um coração, simplesmente esbanja luz interior.
- O amor precisa ser cultivado e cuidado! - continuou sua irmã- Se um homem
não alimenta e cultiva nosso amor por ele, um dia este amor pode acabar. O amor
pode ser algo simples, que não precisa de muito para acontecer, mas necessita de
grande vontade para permanecer e ações contínuas para que possa florescer, senão
pode se esgotar um dia. Ele precisa ser cultivado dia após dia pelas duas almas
envolvidas e ser respeitado, pois, se há um descuido, ele se vai, deixando sempre
pessoas machucadas, como você ficou.
- O gostar é generoso, tem que ser! - opinou a morena. - Seja quem for, quem
não lhe dá amor, não merece tê-lo. Por isso, mesmo quem doa seu coração para
alguém, não pode mendigar amor, tampouco pedir perdão por erros que não
cometeu. A ação de gostar de uma pessoa deve ser algo doce, generoso, e que não
aceita a humilhação do outro. Então, se isso acontecer, é porque esse relacionamento
não serve para você. Ele deve acabar – disse Andreza. E continuou:

- Se alguém me ferir numa relação, posso até dar uma chance, mas se
continuar, terei de ir embora. Ele precisa me amar para eu ser feliz, mas antes preciso
me amar e cuidar da minha alma. Se ele me machuca, me magoa muitas vezes, não me
respeita, não retribui meus sentimentos e minhas ações por ele, terei de ir embora,
mas, se me der tudo o que eu lhe dou reciprocamente, ficarei por aqui pelo resto dos
meus dias, prometendo ser fiel até o fim e lhe dando o melhor de mim.
- Se entregue somente quando tiver certeza, Suh! - pediu Melina. - Viva
amando primeiramente a si própria. Entregue-se somente quando tiver certeza do
sentimento dele e assim não vai se machucar com alguém que deseja apenas brincar
com um coração puro e que guarda em si somente a vontade de se doar e amar.

- Amor não se obriga; e a confiança, quando é perdida, raramente é


recuperada - continuou a morena. - Afinidade somente não basta, nem mesmo o
desejo. Para ser feliz a dois, é preciso muito mais do que isso, é imprescindível sim
uma força, um querer que venha da alma e passe a fazer das duas vidas uma só.
- O amor quando é real, penso eu, - refletiu Melina - não tem essa de amar
depois, de esperar, de dar tempo ao tempo. O amor quando é real acontece agora,
sem demora nem pretextos. Se alguém um dia te enrolar, fuja, porque esse não
merece o seu melhor, nem mesmo a sua dedicação em fazê-lo feliz.
“Mesmo nos seus piores dias, o amor é lindo, e só quando é recíproco. Quem
não o merece, não deve saber o quanto você sofre enquanto não supera esse
sentimento. Por isso, mesmo nos seus piores dias, não implore atenção daquele que
um dia a desprezou e jogou fora o seu desejo de amar.
- Você tem toda a razão, irmã - concluiu Andreza. - Vou viver minha vida.
E encerraram aquela conversa.

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Antônio José e Ester convenceram sua filha a procurar um médico psiquiatra.


Andreza continuava muito nervosa após o término de seu namoro com Douglas.
Alimentava-se mal, perdia sono, quase não conversava mais e estava se afastando dos
amigos. Eram frequentes suas faltas à faculdade e só não faltava ao trabalho por medo
de ficar desempregada.
A morena publicou em sua conta do Facebook:
“Preciso dar um jeito na minha vida e em minha mente. É muita confusão para
a cabeça de uma pessoa só. “
Sua mãe e seu pai, que já vinham monitorando o comportamento da filha,
decidiram ter uma conversa com ela juntos.
Andreza estava de manhã na casa de seu pai, o qual alegou que não ia trabalhar
aquele dia por estar muito indisposto, quando ela recebeu a visita surpresa de sua mãe
Ester.
- Mãe, o que a senhora faz aqui tão cedo? – surpreendeu-se a morena.
- Bom dia, filha. Eu vim pois seu pai me convocou para termos um debate
juntos.
- Sim, filha, convidei minha ex-esposa para a gente ter um papo sério com você.
– confirmou José.
A moça fez uma cara de espanto e se sentou numa cadeira da mesa de jantar.
Seus pais também se sentaram e Suellen os questionou:
- O que vocês têm de tão sério para conversar comigo?
- Filha, nós queremos falar sobre sua saúde mental e seu estado psicológico –
declarou seu pai.
- Pois digam! O que há de errado comigo?
- Andreza, - começou sua mãe – estamos muito preocupados com seu
comportamento e com suas reações após o término de seu namoro. Na verdade, já
estamos aflitos e com muito medo de que algo pior venha acontecer com você.
- Como assim? – questionou a filha.
- Querida, você está ficando debilitada – afirmou seu pai. – Você já emagreceu
muito, vive agora trancada no seu quarto. Percebo você sempre com os olhos
vermelhos, como se estivesse chorando a todo instante. Você quase já não conversa
mais comigo. Não te vejo mais sorrir. Falta muito às aulas da faculdade: vai terminar
reprovando um semestre. Logo também vai começar a atrapalhar no seu serviço.
- Perdoe-me por eu estar assim, papai.
- Eu acredito que você não tem culpa de estar agindo desta forma. Imagino que
nem tudo isso é por sua livre e espontânea vontade – replicou José.
- Filha, até suas irmãs e seu cunhado André tem notado seu comportamento
estranho e distante. Você quase não está mais frequentando sua Igreja e está mais
distante ainda de mim. Eu me preocupo bastante.
- Não se preocupem tanto comigo. Eu vou me restabelecer. Já passei por isso
antes e eu superei - afirmou a moça.
- Mas desta vez verificamos que a situação está muito mais delicada. –
desabafou seu pai.
- E aonde vocês querem chegar? O que desejam que eu faça? – interpelou a
garota.
Sua mãe tomou um suspiro e prosseguiu:
- Filha, nós queremos que você procure um médico psiquiatra. Acreditamos
que você precisa de medicações para se acalmar e para ir retornando sua vida aos
poucos a uma situação de normalidade.
- Um psiquiatra? Eu não quero ir... – protestou Andreza.
- Você precisa de ajuda médica sim, querida – disse seu pai. - Já conversei
bastante sobre isso com sua mãe.
- Mas por quê? - voltou a questionar a garota.
- Filha, você precisa de medicamentos controlados para superar tudo isso –
insistiu sua mãe. – Já tive medo até de você passar a se envolver com drogas ilícitas.
- Isso não, mãe. Tenho boas companhias no meu dia-a-dia. Ninguém jamais me
ofereceu drogas. Eu juro.
- Graças a Deus, querida – reiterou sua mãe.
- Eu não queria tomar remédios controlados – suplicou a moça. - Tenho receio
de ficar dependente deles e ter que utilizá-los pelo resto da vida.
- Não, filha, não é assim – esclareceu José. – Veja o exemplo de sua tia Teresa:
ela realizou um tratamento de depressão por dois anos e já foi suspensa toda a
medicação. Ela está ótima. Eu considero que ela está curada.
- Mas ter que utilizar medicamentos controlados e cheios de reações por dois
anos ou mais!? É muito tempo para mim – declarou sua filha.
- Mas há casos em que o tratamento leva menos tempo, Andreza – explicou
Ester. - E as reações aos medicamentos são em geral somente no início do tratamento.
E o doutor pode mudar as medicações, se necessário, até chegar ao melhor esquema
pra você.
- E quando é precisar tomar remédios, Andreza, não há como fugir deles. Você
parece estar sofrendo de ansiedade e talvez esteja até com começo de depressão –
opinou o homem.
- Não, papai, depressão eu acho que não tenho – retorquiu sua filha.
- Só o médico pode dizer isso, querida, após lhe consultar – declarou aquele
senhor.
- Filha, vamos marcar a consulta – avisou sua mãe. – Recebi a recomendação
de um psiquiatra muito competente para te atender: Dr. Gregório Facundo. Ele é
professor do curso de Medicina.
- Eu só vou aceitar me consultar com ele se eu entrar sozinha no consultório.
- E você vai contar todo o seu problema, Andreza? Não vai encobrir nada do
médico? Por favor, é assunto sério. Não esconda os detalhes dos problemas para o
psiquiatra. O doutor precisa saber de tudo para fazer o diagnóstico correto – alertou
sua mãe.
- Mas ele não precisa saber detalhes de minha vida íntima; ainda mais
pormenores de relações afetivas. Ele lá quer saber disso!... - opinou a morena.
- Filha, tudo pode ser significativo para o médico – esclareceu José. - Responda
tudo que ele perguntar. O doutor não vai procurar saber filigranas do que aconteceu
com você, com riqueza de informações, mas ele precisa ser notificado do que se
passou contigo para entender o ponto em que você se encontra agora.
- Ok, tudo bem. Vocês me venceram – afirmou sua filha. - Eu vou para o
médico. Mas entro sozinha na sala dele. E, se ele me encaminhar para algum
psicólogo, eu não irei, porque acho um saco conversa de psicólogo e não podemos
gastar com terapias particulares: as sessões são sempre muito longas e só é mais fácil
conseguir tudo particular.
- Filha, não é questão de dinheiro – declarou José para acalmar Suellen. -
Faremos o que for preciso para você voltar a ficar bem.
- Obrigado, pai – agradeceu ela. – Eu vou ficar bem, se Deus quiser; e ele quer.
- Sim, filha, Deus é maravilhoso – concluiu sua mãe. – Você não vai se
arrepender desta consulta.
- Assim espero, mamãe.
- Filha, vou trabalhar – despediu-se a senhora.
- Bom trabalho – desejou Andreza.
- Tchau, José.
E Ester saiu para seu trabalho.

Andreza foi consultar o psiquiatra conforme o pedido de seus pais, mas ela

exigiu que entrasse sozinha no escritório do médico e assim o fez. Lá dentro eles se

apresentaram e o doutor lhe perguntou:

- Senhorita Andreza, conte-me o motivo de sua visita ao meu consultório.

- Doutor, eu vim aqui mais por imposição de meus pais.

- Minha jovem, então por que você veio? Tu és adulta e tem o direito de

decidir o que é melhor para si. Mas será que seus pais te motivaram vir aqui sem

uma justificativa plausível?

- Doutor, eu até penso que eu precisaria de um psicólogo para fazer muitas

sessões, mas confesso que não tenho paciência para psicoterapia. Estou atravessando

uns problemas pessoais, e que mexeram muito com minha cabeça, mas entendo que é

algo temporário; eu vou ficar boa logo. Por isso, eu não desejava vir consultá-lo agora,
já que não é de minha vontade começar um tratamento medicamentoso. Eu preferiria

aguardar um pouco mais.

Todavia, os pais de Andreza já haviam repassado para o médico tudo o que se

passava com ela: os transtornos, o desinteresse pela vida, a má qualidade do sono, a

dificuldade para se alimentar, o prejuízo no desempenho da faculdade e no trabalho.

Mas não adiantaria ele perguntar, pois seria provável que a paciente negasse quase

tudo.

- Querida, a ajuda, quanto mais cedo, mais bem vinda. Eu estou aqui para te

ouvir, e sou como um padre, totalmente confiável.

- Eu não confio muito em padres... – provocou ela.

- Pois desculpe a minha comparação. Conte-me um pouco dos seus problemas:

quero ser seu psicólogo hoje. Conte-me só um pouquinho.

- Doutor, tomara que você tenha paciência para ouvir.

- Pode falar. Comece.

- Acontece mais ou menos isso comigo: quando termino um relacionamento

afetivo fico muito mal, quase transtornada, sem vontade de viver, triste, e a cada

namoro sem sucesso, passo a confiar menos nas pessoas e a ficar mais pessimista com

a vida. Eu me abalo demais quando encerro um relacionamento no qual eu me doava e

achava que era sério. E nas duas vezes que terminei com meus namorados, descobri

que era enganada, ou seja, fui traída.


- Você é muito jovem: não leve a vida tão a sério assim. Envolva-se com calma

e de forma gradativa.

- Difícil, doutor. A gente começa a gostar das pessoas e vai confiando.

- Mas, por favor, me fale: antes destes namoros mal sucedidos como você era?

Como encarava a vida e as pessoas.

- Difícil responder: mas eu me achava uma pessoa normal. E penso que

continuo sendo uma pessoa de comportamento normal, mas de reações exageradas.

Preciso aprender a combater esse problema diante dos insucessos na vida .

- Que bom que você pensa assim; já é um bom começo para se libertar deste

problema. Vou lhe fazer alguns questionamentos. Responda se quiser, mas tente ser

verdadeira nas respostas. Posso perguntar?

- Pode.

- Moça, você costuma evitar atividades profissionais que envolvam contato


interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição?

- Eu até hoje só trabalhei como atendente de telemarketing. Só tenho contato


com meus colegas nas horas vagas, que quase não temos. O trabalho é puxado.

- Mas você se dispõe a se envolver com pessoas estranhas?

- Em geral não, a menos que eu tenha certeza de que possa ser recebida de
forma positiva.

- E nos seus relacionamentos afetivos? Como você se vê, Andreza?

- Eu me vejo uma pessoa mais reservada nos relacionamentos íntimos; não


gosto de aparecer muito e ser vista com meu par. Não gosto de me expor ás pessoas
com excessos de demonstrações afetivas na frente dos outros.

- Teria algum medo de passar vergonha ou de ser ridicularizada?


- Penso que não é essa a questão. É meu jeito: ser reservada nos
relacionamentos.

- Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais?

- Não muito; só um pouco.

- Por que você se preocupa com a opinião alheia?

- Quem não se preocupa, doutor? Me diga.

- Mas preocupações exageradas ou reações excessivas a críticas ou sugestões


das outras pessoas sempre são prejudiciais para nossa mente. Opiniões importam sim,
mas desde que sejam com bom senso e venham para a nossa melhoria, e não nos
menosprezar ou fazer escárnio de nossa pessoa.

- Eu não gosto de pessoas estranhas julgando minha vida.

- Então, por que se importa tanto com elas ou com suas opiniões sobre ti?

- Nem sei, mas prezo por minha honra e minha reputação. Talvez por isso eu
leve em consideração o que pessoas estranhas falam sobre minha pessoa.

- Você se inibe em situações interpessoais novas, que não tinha presenciado


ainda, em razão de sentimentos de inadequação?

- Explique melhor essa pergunta, por favor.

- Vou explicar: muitas vezes na vida podemos nos sentir inadequados. Em


alguns dias pode haver um motivo pelo qual nos frustramos, pensando que fomos mal
interpretados e incompreendidos por alguém. Mas vamos combinar que dar uma bola
fora ou pagar “mico”, como se diz por aí, faz parte de nossa vida? Temos de entender
que acontece com qualquer indivíduo; não podemos nos cobrar demais. O termo
“inadequado” sugere que haveria uma forma “adequada” de agir e de se comportar,
enquanto que o inadequado seria errado, ruim, ou doentio. O mal estar subjacente ao
sentimento de inadequação seria decorrente da incongruência do que se pensa e
acredita com os resultados observados. A pessoa se sente deste modo incomodada,
passando a questionar se suas convicções estão mesmo corretas ou se ela deveria
mudar.

- Eu acredito que isso acontece comigo em várias situações, em que eu não


seja uma pessoa leve, e me leve muito a sério, talvez me cobrando em excesso, como o
senhor pontuou.

- Pois busque ser mais “light”, mais serena, sorria mais de seus próprios erros e
não fique se punindo á toa, por qualquer bobagem ou besteira que tiver feito; muitas
vezes você não teve nenhuma culpa mesmo; lembre-se disso. Aprenda a rir de si
mesma.
- Vou tentar ser mais leve, e menos julgadora de mim mesma.

- Você já se viu como um indivíduo socialmente incapaz, ou sem atrativos


pessoais ou mesmo numa condição inferior aos outros?

- Sim, quando não aprendi a tocar violão, quando não consegui cantar bem no
culto, quando eu era adolescente e me interessava por alguns garotos e eles não me
davam atenção, quando eu caí de bicicleta e minha mãe não deixou mais que eu
tentasse aprender, quando falavam mal de mim na escola por eu ter sido traída por um
namorado; eu era a vítima e mesmo assim eu fui difamada e não somente ele, que foi o
traidor. Quando não consegui conquistar a amizade de uma pessoa que eu achava
importante. Quando eu tentei fazer um curso de culinária com minha mãe e eu
estraguei quase tudo na cozinha do curso; são muitas situações. Algumas eu prefiro nem
relatar.

- Supere tudo isso; foram aprendizagens para você ... Encare desse modo.

- Estou tentando vencer esses pequenos traumas e me convencer de que sou


uma pessoa capaz.

- Só se é capaz naquilo que se busca aprender e nos empenhamos, e há coisas


que não vamos aprender e paciência. Partimos para outra atividade. E todos nós somos
capazes, acredite nisso, basta correr atrás com fé, autoconfiança.

- Preciso adquirir esta autoconfiança; ela me foge ás vezes.

- Talvez você relute então, querida, de forma incomum em assumir riscos


pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas poderiam ser
constrangedoras.

- Acredito que no momento eu venho me comportando assim.

- Vamos corrigir isso; correr riscos na vida é necessário, e os riscos e benefícios


temos que aprender a calcular em cada situação. Mas é preciso arriscar...

- Eu tenho medo, em algumas ocasiões, de ser criticada, desaprovada ou


rejeitada; Ao menos que eu goste da outra pessoa, e tenha afinidade, ou me sinta
bastante confortável com ela, prefiro me isolar; eu preciso me corrigir quanto a esses
medos excessivos.

- Tem certeza de que não quer fazer umas sessões de psicanálise ou


psicoterapia.

- Não quero. São tratamentos muito longos; eu ia ficar enfadada; e é preciso se


abrir e contar tudo de nossa vida; não me sinto á vontade; não tenho esta coragem; e
nem posso pagar tratamentos tão longos.

- Pense melhor sobre isso depois.


- Quem sabe mais adiante eu possa fazer, se for ainda necessário.

- Você tem medo de passar vergonha ou de ser ridicularizada; isso pode afetar
seus relacionamentos, inclusive amorosos; já pensou sobre isso?

- Doutor, a família de meu último namorado não tratou bem meu pai nem a
mim de forma digna. Fiquei muito magoada com isso.

- Foi mesmo?! Que desagradável... Mas mudando de assunto: você tem uma
ou duas amigas confiáveis para se abrir com elas? Ficar com esses sentimentos
guardados não é o mais indicado; ou ainda, você se abre com alguma de suas irmãs?

- Não conto tudo para minhas irmãs, porém conversamos sobre assuntos
íntimos, mas nem tudo. Não desejo que elas saibam nem contem para minha mãe tudo
o que acontece comigo. Mas tenho duas amigas muito próximas: a Trícia e a Nádia.
Conversamos de vez em quando sobre assuntos reservados e pessoais.

- Muito bom. Exercite isso. Tente se abrir com elas quando estiver à vontade
para falar sobre algo que te aflige. Você não precisa acatar as dicas e as opiniões delas,
mas só o fato de alguém te ouvir com atenção já te aliviará a tensão e a ansiedade.

- Vou procurar seguir o que você está recomendando.

- Então, pelo que já dialogamos, percebi que talvez você se preocupe até
excessivamente com os eventuais julgamentos das outras pessoas em certas situações
sociais; tente não levar tanto em consideração. Não fique tão séria sempre. Não leve
tão sério tudo o que ocorrer de ruim em sua vida.

- Obrigada pela dica.

- Do contrário, poderá se sentir inibida em novas situações interpessoais,


devido a sentimentos de inadequação, o que deverá limitar sua vida social; Nunca se
veja como inferior aos outros e se sinta aceita pelas outras pessoas; senão, você vai ter
sempre uma tendência a não assumir riscos pessoais ou não vai querer se envolver em
novas atividades, por receio de sentir vergonha ou ficar frustrada depois com os
resultados.

- Eu confesso que já senti dificuldade em certas situações, como quando há


muitas pessoas que não conheço num ambiente aonde acabei de chegar; posso me
sentir constrangida então, ou até imagino que vou ser rejeitada ou excluída.

- Se demonstrar inibição social constante, e se com frequência você se sentir


inadequada, sua mente vai funcionar de modo hipersensível à avaliação dos outros, o
que não é bom para nosso ego. Por isso, se acostume a buscar maneiras de não fugir de
situações sociais que lhe tirem de sua "zona de conforto”; passe a enfrentar estes
desafios e não fuja mais.
- Doutor, a pessoa que se vê como inferior aos outros em certas ocasiões e
teme não ser aceita pelos demais, ao meu modo de pensar, e tem medo de assumir
riscos e de se envolver em novas atividades, tende a ser quieta ou tímida para não se
expor, evitar relacionamentos amorosos por receio de ser humilhada ou ridicularizada e,
no trabalho, recusar promoções ou oportunidades para se livrar de possíveis críticas dos
colegas. Sei disso tudo, mas é difícil lutar e corrigir essas fragilidades todas.
- Mas só em ter consciência das dificuldades e das falhas já é importante para
buscar melhorias para si. Cuidado com os padrões de desconfiança e suspeita
injustificadas dos outros que envolvem interpretar seus motivos como maliciosos.
Aprimore o senso crítico e não julgue tanto as pessoas de forma precoce. Por outro
lado, a desconfiança sem motivos reais, o distanciamento emotivo que pode advir daí, a
hipersensibilidade a críticas , muitas vezes corretas e justas, e o pessimismo extremo são
características comuns de uma personalidade patológica. Fuja de tudo isso.
- Quais poderiam ser as causas destes padrões, doutor?

- Depende de cada caso; nem sempre é possível estimar uma causa ou fatores
que podem desencadear os distúrbios; dentre os possíveis causadores estão ansiedade
excessiva, experiências de agressividade frequentes na infância e adolescência
(geralmente da família e/ou escola), separação dos pais ou entre irmãos, cultura
violenta na família ou no seio de convivência e fatores genéticos. As pessoas que
passaram por estes traumas podem se tornar indivíduos difíceis de se conviver,
provocando sérios prejuízos a seu próprio desenvolvimento social, acadêmico,
profissional e nos relacionamentos amorosos. Em situações extremas ideias de paranoia
e um padrão invasivo de desconfiança e suspeitas generalizadas em relação aos outros
podem se repetir na mente do indivíduo, prejudicando seu desempenho social.

- Tenho então que me cuidar, médico.

- Se você se preocupa com dúvidas infundadas acerca da lealdade ou


confiabilidade de amigos, namorados ou colegas; se reluta em confiar nos outros por
um medo sem razão de que essas informações possam ser maldosamente usadas contra
si; se interpreta significados ocultos, de caráter humilhante ou ameaçador em
observações ou acontecimentos benignos; se guarda rancores persistentes, relutando
em perdoar insultos, injúrias ou deslizes; se elogios frequentemente são mal
interpretados; se percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são visíveis pelos
outros e reage rapidamente com raiva ou contra-ataque, eu recomendaria você
procurar fazer psicanálise ou psicoterapia.

- Mas não tem a mínima condição de eu procurar agora. Doutor, eu sou mesmo
muito ansiosa e aperreada, e tenho reações explosivas ás vezes, pois não consigo
controlar minha língua diante de algumas situações que me afetam ou me afligem num
dado momento, me tomando de surpresa.

- Pois eu gostaria de lhe recomendar um ansiolítico, bem relaxante por sinal, e


medicações para estabilizar seu humor e te deixar mais calma, mais centrada.

- Risco de dependência?
- Não, vou te acompanhar direitinho e você não vai ficar dependente; mas
precisa ser tratada por determinado tempo para que as medicações surtam resultado.

- Será que resolve? E quanto tempo seria?

- Acredito que vai melhorar bastante; o tratamento deve perdurar por cerca de
12 meses.

- Ai, Meu Deus!!!

- Calma, você está necessitando desse tratamento.

- Tudo bem. Mais uma questão: o senhor já sabe meu diagnóstico e se eu tenho
mesmo algum problema psiquiátrico?

- Na realidade, eu não posso fechar seu diagnóstico ainda, mas posso afirmar
que você é muito ansiosa e precisa melhorar e estabilizar seu humor. Eu também
acredito que você esteja passando por um estresse pós-traumático muito perturbador.
Mas eu prefiro não te repassar ainda um diagnóstico conclusivo. Tudo bem?

- Ok. Tudo bem, doutor. Vamos às medicações então se é necessário.

E assim Andreza aceitou ser tratada e o psiquiatra lhe indicou os remédios que
achou necessário.

Ficaram de ter uma segunda conversa dali a 30 dias aproximadamente, para


avaliar o efeito inicial das medicações.

Andreza acabara de consultar o psiquiatra e este lhe recomendou algumas


medicações. A garota não aceitou a proposta de fazer psicoterapia. Cerca de um mês
após iniciar o tratamento para ansiedade ela apresentou alguns sintomas estranhos
como inchaço e sensibilidade nos seios, náuseas e leves tonturas.
Suellen conversou então com sua irmã mais velha:
- Marcela, eu até estava me sentindo mais tranquila com os remédios que o
doutor me indicou.
- Que bom, Suh. E está ocorrendo algum problema agora?
- Comecei há uma semana a me sentir um tanto indisposta, com enjoos, um
pouco de tonturas e me acho um pouco inchada. Até pensei que tinha sido de uma
refeição que fiz fora de casa e comi uma feijoada muito gorda e apimentada, mas
estou começando a achar que não foi dela; comi a feijoada já faz 5 dias e continuo
sentindo tudo isso.
- Irmã, você olhou nas bulas se não é efeito das medicações?
- Eu li e procurei ver, mas não entendo direito a bula. Pareceu-me que não é
dos remédios. E acho estranho que seja das medicações. Não senti nas primeiras três
semanas tomando os remédios. Por que os efeitos colaterais iam aparecer agora,
quase um mês depois. Não faz sentido.
- Pois ligue para o médico e esclareça com ele. Pergunte se essas reações são
normais e se dá para esperar.
- Tenho um retorno com ele esta semana e vou averiguar. Eu não queria
suspender os medicamentos, mas se for a última opção.
- Tomara que não, irmã. Já estou notando você bem melhor; mais calma, mais
serena. Espero que você possa continuar tomando seus medicamentos.
Com efeito, Andreza teve um retorno com o psiquiatra e ela o questionou se os
seus sintomas seriam reações adversas aos psicotrópicos. Após analisar o caso com
toda a cautela, o médico recomendou que a morena não suspendesse a medicação,
mas fizesse alguns exames de sangue. A paciente ficou de providenciar os resultados e
lhe encaminhar pelo WhatsApp.
Nos dias seguintes, Andreza conversou com Melina e esta a questionou:
- Andreza, sua menstruação está atrasada?
- Mel, está atrasada uma semana, mas isso já aconteceu outras vezes, de atrasar até
dez dias. Nossa, agora fiquei em dúvida. Será que minha regra veio mês passado?
Agora fiquei sem ter certeza.
- Suh, será que você não está grávida de Douglas?
- Não, irmã. Deus me livre. Não quero nem imaginar uma hipótese dessas.
Então já na manhã seguinte a garota colheu no laboratório o material para os
exames e recebeu os resultados após 3 dias, encaminhando imediatamente ao seu
médico pelo aplicativo de mensagens. Ela preferiu não tentar interpretar os resultados
e deixar isso para seu doutor. Cerca de duas horas depois este lhe enviou uma
mensagem de resposta.
- Srta Andreza, analisei seus exames. Está tudo bem com sua saúde, mas
infelizmente você terá que suspender as substâncias que lhe prescrevi hoje mesmo.
Você está grávida. Recomendo você agendar um atendimento com o obstetra e iniciar
seu pré-natal o mais rápido possível. Boa gravidez para você. Parabéns!
Andreza tremeu após receber essa resposta e não controlou o choro. Ela já
estava em seu trabalho e seus colegas a questionaram sobre o que estava
acontecendo. Ela, então, mentiu que era uma tia sua muito querida que acabara de
internar por motivo de doença, ela estava sendo comunicada e se emocionou com a
notícia.
Suellen ficou imaginando o que ela faria agora de sua vida.
No dia seguinte, ela procurou Marcela e teve com ela uma conversa reservada
com ela.
- Irmã, tenho uma história para te contar muito séria; estou aflita – começou
Andreza, realmente transparecendo um grande incômodo.
- O que foi, Suh? Fiquei preocupada agora.
- Marcela, estou grávida de Douglas. O que farei agora de minha vida?
- Meu Deus do céu! Como isso foi acontecer, minha irmã? Como a mamãe vai
ficar quando ela souber? Como você está?
- Estou péssima, muito preocupada. Mas quanto à gestação sinto apenas leves
enjoos e sensação de inchaço.
- Você tomava anticoncepcionais?
- Tomava sim, bem direitinho. Mas teve um mês que eu terminei esquecendo
de tomar umas duas vezes e acho que aí foi o problema.
- Você está gestante de quantas semanas?
- Não sei ainda exatamente. Não realizei exame de ultrassom, mas pelo exame
de sangue eu estaria com cerca de 08 a 10 semanas.
- E você já contou para Douglas?
- Não vou falar para ele.
- Por que, Andreza? É importante que ele saiba o quanto antes. Você deseja
que seu filho não conheça o pai?
- Eu não quero que ela saiba que estou grávida dele. Ele não vale nada, ele não
presta mesmo. Não merece ser pai. Quero ter meu filho e criá-lo sozinha.
- Tem certeza?
- Sim, estou convencida disso.
- Meu Deus... Você já falou para mais alguém?
- Não. Você é a primeira pessoa para quem estou contando.
- E você vai falar quando para a mamãe?
- Quero falar logo; não posso esconder isso dela.
- Certo. Cuidado como você vai contar!
- Você acha que mamãe me coloca para fora de casa?
- Acredito que ela não faria isso jamais.
- Marcela, eu já chorei tanto. No dia em que eu recebi a notícia eu quase não
fui trabalhar.
Marcela se lembrou do tratamento que a morena estava realizando com o
psiquiatra e a questionou:
- Suh, e os medicamentos do psiquiatra? Você já suspendeu, não foi? Não está
tomando mais, está? Porque não pode gestante tomar...
- Sim, parei. Meu psiquiatra suspendeu. Foi ele quem pediu o exame de sangue
que detectou a gravidez.
- E logo agora que seu tratamento estava começando a dar certo.
- É mesmo. Mas parei as medicações e felizmente até agora estou bem. Não
percebi sintomas de abstinência .
- Andreza, será que as medicações que você vinha tomando não vão prejudicar
o bebê?
- Espero que não. Já pensei nisso também, mas devo me tranquilizar, senão vou
ficar louca.
- Irmã, vou orar por você. Vou marcar uma consulta de pré-natal e te levo.
- Ok, Marcela, obrigada.
E despediram-se. Andreza e Marcela iam trabalhar.
No outro dia pela manhã Andreza conversou com sua mãe na cozinha.
- Mãe, preciso falar um assunto sério com a senhora. Vamos sentar. – começou
Andreza. Sua mãe estava preparando o almoço.
- Filha, deve ser assunto delicado mesmo. Você pedir para a gente sentar.
Andreza, eu tenho notado você realmente estranha nos últimos dias. Não vai me dizer
que você parou de tomar os medicamentos do psiquiatra ou vai sair do emprego?
- Não, mãe, é algo bem pior mesmo.
- Filha, agora você me deixou preocupada – retrucou sua mãe, mirando seus
olhos e tocando as mãos de Andreza. – E o que ocorreu de tão grave, Andreza? Não vai
me dizer que você está...
- Sim, mãe, eu estou grávida. Desculpe, me descuidei e aconteceu.
- Querida, eu não posso acreditar! – disse sua mãe, muito assustada. – Como
isso foi acontecer, filha. Por que você não se preveniu?
- Dei um vacilo mãe e esqueci o anticoncepcional. Eu fui irresponsável. Admito.
- E quem é o pai? Douglas? Vocês já se deixaram há quase 3 meses. Por que
você está me contando só agora? Será que vou ser sempre a última a saber o que
acontece de mais íntimo em sua vida, Andreza?
- Não, mãe, eu descobri agora há cinco dias. Estou grávida de dois meses. Eu
estava tão doida que no mês passado nem me dei conta que minha menstruação não
veio. Descobri a gravidez esta semana.
- E os medicamentos psicotrópicos? Meu Deus, será que fizeram mal ao
embrião? Fiquei preocupada agora...
- Eu já parei há cinco dias. Vou torcer para não terem feito nenhum mal ao
bebê. Vou realizar uma ultrassonografia esta semana.
- Seu pai já sabe?
- Ainda não.
- Minha filha, como vai ficar seu trabalho e seu curso na faculdade?
- Por enquanto não vai me afetar em nada.
- Meu Deus eu sempre pedi para que você e Melina só emgravidassem após se
casarem. O mesmo drama que vivi na primeira gestação de Marcela, e tudo se
repetindo. Minha filha, por que você fez isso? Um filho é algo muito sério na nossa
vida.
- Eu sei disso, mãe. Eu não queria, mas aconteceu.
- Filha, pelo amor de Deus, não pense jamais em abortar – advertiu Ester, de
forma encarecidamente.
- Não, mãe, não pensei em fazer isso em nenhum momento.
- Deus te dê forças para ter esse menino. E você vai procurar o pai de seu filho,
o Douglas, para lhe contar tudo...
- Por enquanto, não, mamãe. Deixa eu fazer mais exames.
- Como assim, Andreza? Ele precisa saber o mais rápido possível. Ou o filho não
é dele? Não me engane, Suellen, eu te peço!
- Certeza, mãe, que o pai é ele. Eu estava saindo apenas com Douglas e depois
que o deixei não fiquei com mais ninguém.
- Andreza, o que vai ser da sua vida, minha filha?
- Não sei, mãe. Mas estou achando que vou criar meu filho sozinha.
- Não. Fique conosco.
- Acho que quando meu filho completar um ano vou morar com ele e o colocar
numa creche.
- Não fale isso, filha. Já estou com dó desta criança.
- Mãe, eu vou descansar.
- Andreza, você precisa contar para seu pai o mais rápido que puder.
- Vou contar amanhã, mamãe. Pode deixar.
Passaram-se três dias, todavia, e Andreza não encontrou ímpeto para contar da
gravidez para seu pai.
Marcela a levou para uma consulta com o obstetra e em seguida realizou um
exame de imagem, confirmando que estava com cerca de 10 semanas de gestação. A
garota sentiu poucas náuseas e estas duraram apenas em torno de quinze dias. Ela
continuou indo ao trabalho normalmente e por lá ninguém desconfiou de seu segredo.
A garota também não revelou a seus colegas de trabalho ou faculdade de que
esperava por uma criança.
Após realizar a primeira ultrassonografia Suellen chegou à sua casa e debateu
com sua mãe.
- Como foi sua consulta, filha?
- Foi bem. Também aproveitei e realizei hoje mesmo um exame de imagem
com a doutora. Ela confirmou que estou gestante com pouco mais de 2 meses e está
tudo certo com o bebê em minha barriga.
- Minha filha, estive pensando, o que os vizinhos e nossa família irão pensar de
você? Isso não era para ter acontecido contigo. Eu não sonhei esse caminho em sua
vida e tanto que eu te orientei.
- Mas aconteceu, mamãe. Também não foi assim com Marcela e ela está aí
boazinha e com as filhas dela que você tanto ama e adula?
- Mas eu queria que seu filho ou sua filha crescessem ao lado do pai, o que não
ocorreu plenamente no caso das filhas de sua irmã mais velha.
- Nem ocorreu no meu caso e no de Melina, não é mamis? – polemizou a
morena.
- É verdade! Como no caso de vocês duas também...
- Andreza, você está certa de que não quer deixar Douglas ciente de sua
gravidez dele?
- Mãe, não tem condição de eu revelar para ele minha gravidez. Não quero
mais ver aquela cara ordinária. E quando eu penso em dividir a vida de um filho com
ele até a morte de um de nós dois eu me arrepio toda e não suporto nem pensar nessa
hipótese.
- Está bem, Andreza. O filho é seu, você decide. Mas nós duas sozinhas
criarmos essa criança será muito complicado e ele poderia te ajudar com uma pensão
alimentícia.
- Não, dona Ester, não quero pensar nesta possibilidade. Vou criar meu filho
sozinha... Mãe, eu não tenho coragem de contar para meu pai agora que estou
grávida.
- Filha, não faça isso. E quando vou vai contar para ele? Seu pai precisa saber.
Ele deve ser prioridade em sua vida. Não omita um fato tão importante como esse
dele. É um neto dele que vai nascer e ele também pode ajudar na criação deste
menino.
- Não quero atrapalhar a vida de meu pai.
- Então eu própria vou contar pra ele...

- Não faço isso, mamãe. Eu te peço. Vou me preparar. Criarei coragem para lhe
revelar a minha gestação.
- Vou esperar, filha.
- Com licença, mãe. Vou para o quarto.
E as duas se separaram, encerrando aquele papo.

A princípio, Suellen pensava em levar sua gravidez ate o termo e conceber seu
filho. Todavia, foram-se passando quase dois meses e a mente da garota foi piorando.
Quando Andreza meditou profundamente sobre o que seria ter um filho no momento
atual de sua vida, a sua disposição de manter aquela gravidez foi-se esvaecendo. Ela
também nunca reuniu coragem para contar tudo a seu pai. Devido à prenhez, a jovem
ficava os momentos de folga apenas dentro de seu domicílio. Seu ventre começou
lentamente a crescer, assim como seus seios, e já permanecia dentro de casa apenas
com vestidos leves e folgados. Quando uma visita adentrava sua casa, buscava se
esconder até o visitante se retirar, pois não gostaria que mais ninguém descobrisse sua
gravidez indesejada. Andreza começou a sofrer psicologicamente por aquele bebê não
planejado e já não o desejava mais como antes. Passou a aventar em sua consciência,
então, a possibilidade de realizar um abortamento, mas tinha muito receio de o fazer,
pelos riscos do procedimento e pelas potenciais sequelas emocionais que poderia
adquirir depois.
Diante disso, Andreza procurou ter uma conversa com Melina e André na qual
lhes pediu ajuda. Confessou que não estava disposta a levar sua gravidez até o final
pois não queria dar à luz aquele filho e estava por assim dizer preparada para suportar
as consequências da perda e da rejeição de seu filho. Mas como fazer para levar a cabo
seu intento, e o propósito de abortar?
- Melina, eu decidi que eu não posso ter essa criança. Não tenho a mínima
condição de ser mãe agora.
- Suh, você quer tentar fazer um aborto? - questionou sua irmã, atônita.
- Não vejo outra possibilidade para mim – replicou a gestante.
- Você sabe sobre os riscos e as complicações de abortar? – alertou André.
- Sim, eu refleti sobre tudo isso. Estou disposta a enfrentar. Deus me perdoe.
- Mas tirar um menino em uma clínica é muito caro, irmã. Não temos esse
dinheiro. Douglas não pode pagar?
- Eu não vou procurá-lo para nada – replicou Suellen. - Mas eu acho que não
possuo coragem de praticar um aborto em uma clínica clandestina.
- E o que faremos, então? – retrucou seu cunhado. - Desculpe por eu falar
como “nós”... Escapou. Você é que deve decidir o que fazer. Mas estou sem saber
como agir.
- Também estou tentando encontrar uma solução – continuou a grávida.
- Mas o que poderia ser? - inquiriu a ruiva.
- Gente, será que com quase quatro meses de gravidez ainda posso fazer um
aborto?
- Acredito que sim – opinou sua irmã caçula.
Neste instante André teve uma ideia simples e a revelou:
- Suh, eu tive uma ideia. Lembrei de um medicamento que se compra no
mercado negro e ajuda a mulher a abortar. É o citotec. Vou tentar comprar.
- É mesmo, bem lembrado André. Mas será que funciona mesmo? E não tem
muitos riscos?
- É a opção menos agressiva. Ele desencadeia um abortamento e depois voce
vai ao hospital para concluir o trabalho. Não tem outra forma.
- Eu tenho um dinheirinho guardado no banco. Deve pagar por esse remédio.
- Vou tentar comprar e te falo – concluiu André.
Apesar de estar triste com esta decisão, Andreza tomou um alento. Ela estava
mesmo decidida a interromper sua gravidez, mesmo que fosse contra suas antigas
concepções religiosas e éticas.
Com efeito, André conseguiu encontrar alguém que forneceria a medicação
abortiva e ele ajudou Andreza a pagar pela substância. A pessoa que vendeu a droga
proibida orientou como usá-la, o que ocorreria, os riscos e a necessidade urgente de
procurar atendimento médico após desencadear o processo de abortamento.
Andreza foi orientada por André e juntamente com Melina usou a medicação
conforme a orientação. André já ficou de sobreaviso para levá-las ao pronto-socorro
obstétrico. As duas aproveitaram a oportunidade de sua mãe ter saído para um
plantão extra à noite. Dentro de pouco tempo após tomar os comprimidos e aplicar
outros dentro de sua vagina, a gestante começou a apresentar fortes cólicas
abdominais, náuseas e ensaiou um princípio de febre. Andreza começou a ficar
nervosa. Surgiu também uma sudorese e um pouco de dor de cabeça. Melina guardou
as embalagens do remédio para entregar a André, pois este ia sumir com elas. A
morena questionou, então:
- Mel, será que já está no momento de eu ir para o hospital? Começo a ficar
preocupada. Tenho medo de desmaiar. Parece que minha pressão está caindo.
Melina tentava se manter sóbria e ao perceber que sua irmã estava ficando
pálida e suava muito, disse:
- Suh, acredito que sim, está na hora. Fica calma que vai dar tudo certo. Vou
ligar para André nos ajudar a chegarmos até a maternidade. Ele garantiu que ficaria
perto e já estaria vindo para cá.
De fato. Melina o contactou e André já vinha a caminho. Chegou dentro de
cinco minutos. Foi chamando um transporte alternativo e levaram Andreza à
maternidade.
O fato é que a garota realmente teve êxito em sua tentativa de aborto. Foi
submetida a uma curetagem e ficou internada por cerca de 48 horas. Somente assim
seu pai descobriu toda a verdade. Após a alta para casa ela ainda permaneceria mais
seis dias em repouso domiciliar e recebeu uma licença médica para justificar sua
ausência no trabalho e no curso superior. No trabalho ela não teve como esconder a
verdade, mas na faculdade justificou a seus amigos que tivera uma pneumonia e pediu
para o médico que forneceu o atestado para sua faculdade não citar o código da
doença. A garota ficou até preocupada em perder o emprego, mas felizmente isto não
aconteceu. Todavia, devido às faltas e aos problemas de saúde, Andreza foi reprovada
em uma disciplina da faculdade, o que atrasou mais tarde um semestre em sua
formatura.
Sua mãe e seu pai ficaram aflitos com o que aconteceu e jamais desconfiaram
que a garota provocou o aborto do próprio filho. Eles terminaram acreditando que
Suellen teria abortado por consequência ainda das medicações controladas que seu
psiquiatra indicou e ela consumiu no início da prenhez, sem saber que estava grávida.
Quando Andreza ficou bem e saiu do hospital, seus pais até se sentiram aliviados , pois
no fundo aquela gravidez não era desejada e eles ficaram imaginando como Andreza
criaria aquele filho e todas as dificuldades por que ela passaria. Pensaram até que esta
tinha sido afinal a vontade de Deus. Andreza permanecia calada, pois era consciente
de sua culpa.
Após este abortamento a morena permaceu cerca de um mês recolhida,
tristonha e meio calada, com uma postura cabisbaixa e voltou a tomar seus
psicotrópicos e os usaria ainda por mais seis meses aproximadamente. Suellen se
sentia aliviada por não mais levar aquele bebê dentro de si, mas quando a ficha caiu ,
um sentimento de frustração, de mágoa e de arrependimento lhe afligiram. Ela faltou
a algumas aulas na faculdade, porém continuou trabalhando sem faltar ao emprego e
após 30 dias do abortamento já se sentia melhor e voltou a sair de casa quando estava
de folga, e deste modo sua jornada foi retornando à normalidade.
Seu pai ficou muito chateado com ela, mas ao final lhe perdoou.
E Andreza seguiu sua vida.

____________________________________________________________

Após encerrar o namoro com Douglas, Andreza não ficou bem e teve que
procurar um psiquiatra, que lhe receitou tranquilizantes e lhe prometeu que ela usaria
pelo menor tempo possível. Andreza não se concentrava mais no trabalho, faltou
algumas vezes às aulas da faculdade, dormia mal e não conseguia se alimentar direito.
Parecia que carência de amor era uma doença grave para Andreza, e ela ficava
devastada.

Sua mãe a levou a um médico de confiança no hospital onde trabalhava.

Andreza, por um período então, mudou seu visual para um estilo que não
parecia o seu, agora mais descolado, um pouco metido a hippie, adotando outro estilo
no cabelo e nas roupas, e terminou por emagrecer, o que fez bem para sua
autoestima. Ela estava gordinha e os biquínis que possuía já não lhe caíam bem no
corpo. Porém, devido ao sofrimento psicológico e ao efeito das medicações, as quais
controlavam também seu apetite alimentar, a morena conseguiu emagrecer, ficar mais
esbelta e começou a ganhar elogios dos amigos e parentes, alguns de forma velada.
Suellen começou também a frequentar mais clubes e condomínios com piscinas,
exibindo seu corpo, inclusive com fotos nas redes sociais. Voltaram desta forma os
elogios de seus fãs, como Nelsinho e outros desconhecidos. André também elogiou o
corpo em forma da morena, comentando suas fotos no Facebook, enaltecendo sua
magreza e contornos esbeltos, o que ele nunca havia feito. Melina não tecia nenhum
elogio ou comentário sobre o peso e a forma física de sua irmã, mas também não
demonstrou nenhum ciúme pelos pequenos elogios de seu namorado para sua irmã.
Um rapaz desconhecido escreveu comentários calorosos para Andreza e esta o
repreendeu com rigor dizendo: “Quem é você que nem me conhece e fica fazendo
elogios e falando de mim... Eu nem te conheço; que absurdo”. E o saliente rapaz ainda
replicou: “Não nos conhecemos, por enquanto. Só depende de você! “ Andreza
retrucou, irada: “Você se manque, garoto sem noção! Vai se olhar no espelho. Era só o
que faltava. Vai procurar sua turma. Me respeite.”

A morena se “aporrinhava” à toa com as provocações de rapazes que ela não


conhecia. Era difícil para Andreza controlar seus ânimos diante dessas situações
corriqueiras e ela caia nas brincadeiras destas pessoas. A moça não demonstrava assim
que já possuísse um bom controle emocional.

Sua mãe a alertou neste sentido.


- Filha, não fique se expondo na Internet e respondendo com rispidez estas
pessoas que você nem conhece. Fica feio para você, que até pode estar-se passando
por mal educada e grosseira, ou mesmo indelicada. Não leve os comentários deles a
sério. O que deve nos importar é a opinião de quem valorizamos. O restante, releve.
Nem leia... Senão vão concluir de maneira equivocada que você é uma pessoa com
tolerância zero.

- Mamãe, preciso ler. Eles estão falando sobre mim.

- Mas são elogios...na maioria das vezes... da maneira como eles sabem elogiar.

- Eu não gosto. São comentários muito invasivos. São na maioria elogios


descabidos e vindos de pessoas que nem conheço. Não aceito isso. Exijo respeito. E
vem a senhora pedir que eu releve!... Não vou.

- Andreza, se acalme.

- Desculpe, mãe, mas não vou aceitar brincadeiras de pessoas conhecidas nem
de gente que nunca ouvi falar.

Ester entendia também que sua filha ainda estava em uso de medicações
psicotrópicas e poderia ainda estar com o julgamento de sua consciência alterado pelo
transtorno de ansiedade, de maneira que relevava muita coisa no comportamento e
nas atitudes da filha do meio.

Melina veio contar para Andreza que André havia sido convocado para o curso
de oficiais da polícia militar do Maranhão.

- Suh, tenho uma notícia maravilhosa. André acabou de me ligar.

- O que foi, irmã?

- Ele foi chamado para o curso de oficiais da Polícia Militar. Estou muito feliz! –
e Melina quis esboçar um choro de felicidade.

- Que bom, Melina. – Que notícia maravilhosa! – retrucou a morena, sem


muita empolgação.

- Não é uma ótima notícia? Estou muito feliz por ele.

- Vocês merecem.

- Ele estudou muito para isso.- confirmou a ruiva.

- Só nós é que ficamos para trás e não conseguimos nosso concurso ainda. –
reclamou a morena, maldizendo-se de sua sorte.
- É, já tentamos três vezes; não deu ainda; mas não vamos desistir. Não vamos
esmorecer, Suh! Nossas vagas nos esperam!

- E o concurso dele não ia prescrever? – indagou Andreza- Já iam se passar 2


anos e o teste perderia a validade, e eles não o chamavam. Como André conseguiu
ser convocado?

- Ele entrou com um mandado de segurança. André falou com um advogado e


entraram judicialmente. Foi assim que ele conseguiu ser convocado.

- E como vai ser de agora em diante? Quanto tempo dura o curso de formação
de oficiais?

- O curso demora 3 anos; ele já vai entrar recebendo salário, que vai
aumentando a cada ano; ao terminar o curso de formação ele sai com diploma de
bacharel em segurança pública e me parece que ele sai com a patente de aspirante a
tenente.

- Que legal. André agora está com o futuro garantido.

- Andreza, eu também estou pensando em prestar um concurso para a Polícia


Militar – confessou Melina.

- Vai em frente, irmã. Eu porém verifico que esta carreira não dá para mim. Não
combina com minha personalidade. Mas você não me dizia que acreditava não ter
vocação para a carreira de polícia?

- Estou mudando de ideia – declarou sua irmã.

- André até me chamava para a gente estudar juntos, você sabe...

- É mesmo?

- Mas eu nunca quis. Polícia não é para mim. Não gosto dessa área. A mãe dele
e o irmão devem estar muito orgulhosos com a aprovação dele, não é?

- Sim. André também me disse que vai ajudar agora a formar o irmão mais
novo.

- Que bonito da parte dele essa intenção! – elogiou Suellen.

- Vamos sair hoje à noite para comemorar a convocação dele. Você vem
conosco, Suh?

- Desculpe, irmã. Hoje não vai ser possível. Estou cansada do trabalho no call-
center. Estamos na semana para bater as metas. Meu emprego só paga mal, porque
em termos de serviço o ritmo é bem puxado. Vou preferir ficar em casa e descansar.
Diga para André que desejo todo o sucesso para ele e estou muito feliz por vocês. Sei
que tudo que ele queria na vida era ser chamado para esse curso de oficiais e ele está
de parabéns! Diga que mando um abraço apertado para ele!

- Pode deixar, irmã. Obrigado. Descanse. Qualquer coisa, domingo vamos a


praia. Se quiser vir conosco, é só falar.

- Tchau. Obrigado também pelo convite.

- Tchauzinho. Beijos!

Na faculdade, Suellen teve contato com indivíduos de mentalidades


diversificadas, cada qual com seus costumes.

Nos intervalos entre as aulas, ou quando saíam para comer, ou fazer algum
trabalho coletivo, costumavam dialogar sobre os mais diferentes temas.

Um dos colegas de Suellen era um rapaz de nome Fabrício. Ele era uma pessoa
simpática, bem conversativo e de boa índole. Era de classe média, e cujos pais eram
servidores públicos do estado do Maranhão. O rapaz pretendia montar um escritório
de contabilidade após a conclusão de seu curso e almejava adentrar na área da
Contabilidade Pública. Ele tinha bons projetos e era bem centrado em seus objetivos.
Gostava de expor suas opiniões e de as sustentar, mas era uma pessoa de consciência
flexível. O rapaz começou a namorar uma colega de turma já no primeiro semestre, de
nome Tâmisa, que era uma das colegas mais próximas da morena.

Certo dia, alguns colegas da turma de Andreza, saíram para um “fast-food” e


pediram hambúrgueres. Enquanto aguardavam seus pedidos serem entregues,
Fabrício trouxe para discussão com seus pares um assunto considerado por ele
divertido e sobre o qual havia se inteirado na Internet. O mesmo contou para seus
colegas os fetiches malucos que descobriu nas páginas das redes de computadores.

- Gente, eu descobri que existem fetiches muito estranhos. É difícil crer que não
se tratam de distúrbios mentais. – relatou Fabrício, que buscava navegar por temas
muito variados em suas horas vagas nas suas pesquisas on-line.

- Eu sei que cada pessoa possui um ou mais fetiches diferentes – comentou


Peter.

- Entretanto, existem fetiches e fantasias sexuais excêntricas, e muito curiosas


– disse Tâmisa, complementando a fala de seu namorado.

- É verdade, meu bem. Olhem só a lista de fetiches absurdos e inusitados que


eu descobri – continuou o primeiro. - Vou ler aqui o primeiro: ”Anadentisfilia: trata-se
do fetiche por pessoas sem dentes. A pessoa se sente excitada por fazer sexo com
alguém sem nenhum dente ou com algumas falhas na dentição”.

- Qual o prazer disso? É sem sentido – opinou Andreza.


- Devem ser os homens que gostam de sexo oral com mulheres desdentadas –
tentou explicar Kelly.

- Só pode ser – concordou Suellen.

- Olha aqui outra fantasia maluca – prosseguiu Fabrício. - Infantilismo: nesse


fetiche, a pessoa sente prazer pelas práticas infantis do parceiro, como o uso de
chupeta, mamadeira e até brinquedos durante o ato sexual.

- Deve ser vontade enrustida de fazer sexo com crianças, e saber que não é
possível, nem correto. No mínimo – opinou Kelly.

- Será tendência à pederastia? – questionou Tamisa.

- Talvez. Inconscientemente - sugeriu Fabrício.

- Encontrei uma aqui muito estranha – afirmou William. - Chama-se


coimetrofilia.

- O que é isso, meu Deus do céu? – impressionou-se Andreza. - Que palavrão!

- É a atração que as pessoas sentem por transar dentro de um cemitério –


explanou William. - Não envolve a prática sexual com os mortos; existe somente a
excitação pelo lugar.

- Mesmo assim! Que gosto mórbido e estranho! – declarou Kelly.

- E a gerontofilia? Encontrei aqui – indagou Kátia, mas ela mesma explicou o


que seria. - Trata-se da atração sexual por pessoas bem mais velhas. Sendo
assim, existe a procura por parceiros que se encontrem nesse perfil.

- Deve ser alguma atração sexual oculta e subconsciente por um parente


como o pai, o avô ou algum outro ascendente mais velho ou pessoa que foi
importante ao longo da vida, como um professor, um padrasto, etc. – opinou a
morena.

- É possível que sim! – declarou Kátia.

- Outra esquisitice: Altocalcifilia – citou Kelly. - Estou lendo também


aqui na Internet. Nesse tipo de fantasia, as pessoas tem prazer por ver o
parceiro utilizando salto alto, no caso quase sempre mulheres, principalmente
durante o sexo;

- Acho que eu já tinha ouvido falar sobre isso – declarou Peter. –


Pensando bem, até acho sexy! O bumbum das meninas fica mais empinado.

- Um gosto bem maluco, mas interessante - declarou Kátia.


- Gente, encontrei um aqui – revelou a morena. – É acrotomofilia: – e ela quase
não com conseguiu ler, de tão complicada que lhe pareceu aquele vocábulo. -
Nesse fetiche, fala aqui, a pessoa se sente atraída por parceiros que possuam
alguma parte do corpo amputada; cruz credo. Que ironia!

- Esse é mesmo bizarro, com todo respeito aos deficientes físicos – opinou
Tamisa. – Mas sentir atração sexual por esse detalhe e aspecto da pessoa é
esquisitice total. Acho que isso é doença psiquiátrica.

- Para finalizar, outro fetiche doideira – prosseguiu Fabrício. -


Amaurofilia: trata-se da excitação sexual por não conseguir ver o outro. Dessa
forma, o sexo geralmente é realizado com máscaras.

- Está aí um fetiche que eu achei provocante e talvez valesse a pena em


alguma situação – refletiu Andreza.

- Seria como ter a sensação de fazer sexo sendo deficiente visual completo,
isto é, cego. – tentou explicar Peter.

- Um fetiche louquinho! – afirmou Kelly.

- Eu só teria coragem de fazer com meu namorado! – admitiu Tâmisa.

- Olha, aí Fabrício, essa foi uma direta ou uma indireta para você? -
brincou Kátia.

- Mas acho que assim não teria graça – retrucou, porém, Fabrício.- Em
minha opinião.

- Acho que vou tentar um dia! – declarou William .

- Chega de fetiches, colegas. Vamos comer – concluiu Fabrício.

Após comerem ele fez um questionamento dirigido a todos:

- Gente e o que vocês acham da prostituição?

- Por que você trouxe esse assunto? - interpelou sua garota.

- Ah, eu queria saber a opinião de vocês. – ponderou o curioso rapaz.

- Eu acho que é um meio de vida temporário para algumas pessoas. –


comentou Katia.

- Eu não tenho uma opinião muito firme – declarou Peter. – Mas não vejo
como profissão, mas como um meio de ganhar dinheiro temporariamente; embora
muitas garotas e homens também terminando fazendo isso por muito tempo de suas
vidas; porque o dinheiro que faturam é bom ou não encontraram algo melhor e mais
rentável para trabalhar.

- Eu imagino que seja uma decisão muito delicada entrar nessa atividade pois
muda toda a vida daquela pessoa que vai fazer programas – afirmou William. – Pode
ser um trabalho livre em algumas situações ou um trabalho subordinado a terceiros
em outras oportunidades, até envolvendo a exploração sexual e financeira desta
pessoa que atua como prostituta ou prostituto.

- Eu chego a sentir compaixão dessas pessoas entregues a prostituição –


revelou Tamisa, que era cristã praticante. – Penso que boa parte das meninas que se
tornam garotas de programa; falo mulheres, porque a maioria das pessoas nesse ramo
ainda são do sexo feminino, começaram nesta atividade por necessidade financeira e
porque não tiveram boas oportunidades em outras áreas, embora existam exceções.

- Eu imagino realmente que existem garotas que entram por curiosidade –


declarou Andreza - e quando veem a grana entrar ficam seduzidas e terminam
mergulhando de corpo inteiro na área, por assim dizer.

- Eu vi que vocês já falaram quase tudo. – confessou Kelly – Não quero acrescer
nada hoje.

Fabrício deu então sua opinião sobre o assunto:

- Eu penso que a prostituição muitas vezes não representa uma forma de a


mulher poder viver sua sexualidade e seus desejos de forma livre e voluntária. Muito
pelo contrário.

- Como assim, Fabrício? Explique melhor sua opinião – solicitou Peter.

- As garotas e os garotos de programa continuam sendo dependentes dos


clientes, homens e mulheres, que pagam pelos seus serviços. Assim, eles nunca
poderão ser totalmente livres. E, por mais que digamos que eles (os profissionais do
sexo) podem selecionar e triar os clientes, não é bem assim que acontece na prática, e
que prestação de serviços é essa que discrimina os clientes a serem atendidos,
preterindo uns e outros não?! Eu acho injusto! Se é para considerar um serviço
prestado... E eles podem sofrer violências físicas e psicológicas sem volta, ou seja, de
consequências definitivas para sua personalidade e para sua saúde mental. A
prostituição não pode, por outro lado, ser encarada como uma profissão, em minha
humilde opinião. Uma profissão tem que ser uma atividade com formação prévia e
deve buscar promover um serviço e um benefício para a sociedade. Será que vamos
criar escolas de formação de prostitutas se a profissão for legalizada ? Eu acredito que
seria um absurdo, para os padrões de hoje, um desperdício formar jovens para se
prostituírem no sexo. Para mim, profissão necessita de capacitação técnica. Eu sei que
sexo se aprende na vida, mas isso não configura uma formação profissional. Jamais, a
meu ver, pelo menos. Por outro lado, qual o benefício desta profissão e qual serviço
presta para a sociedade: satisfazer o prazer e as fantasias sexuais de seres humanos
que podem pagar?? E os outros ,que ficam fora disso, e não podem pagar, como se
sentem? Se vivemos um mundo pós-moderno, onde as pessoas podem ter liberdade
sexual! (isso eu defendo, desde que seja com responsabilidade e respeitando as
escolhas dos outros, e sem envolver os adolescentes e as crianças nestas discussões e
decisões); sim, todos deveriam ter liberdade sexual, então por que é necessário uma
mulher comercializar seu corpo e vender programas de sexo se há tantas profissões
gratificantes? Puta para mim não é a mulher que decide ter relações afetivas ou não
com vários homens e manter relações sexuais com eles, e da forma como ela quiser,
como muitas pessoas querem insinuar. Ter a pretensão de chamar estas mulheres de
putas é um desrespeito com elas. Puta, em minha concepção, é a mulher que faz sexo
estritamente por dinheiro e vende esse serviço de forma explícita, sem querer entrar
no mérito se isto é válido ou não, sem querer julgar se o que ela faz é correto ou não.
Não quero aqui fazer julgamento delas. Não quero fazer juízo deste fato.

Ester descobriu que Andreza enviou fotos só de calcinha para umas amigas e
estava seguindo uma conta no Instagram que abria um “link” contendo fotos de
homens nus e seminus.

No domingo Andreza saiu com sua amiga Paulina, que conhecera no bairro de
sua mãe, para um banho nas praias de São José de Ribamar.

Ester, a contragosto, deixou que as duas jovens fossem sozinhas, mas lhes
recomendou juízo.

Andreza adorava banhos de piscina e de mar, alguns com seus paqueras, para
dar seus famosos beijos molhados, os “ beijos de boca de piscina “ , como ela dizia. A
moça combinou de se encontrar por lá com um candidato a namorado, um “ficante”,
assim como sua amiga. Ester também lhe implorou para que não tomassem nenhuma
bebida alcóolica.

Quando sua filha saiu, Ester percebeu que a moça esquecera o telefone celular
em casa e ao notar o vacilo sua filha já estava fora do alcance dos seus olhos. Era um
aparelho novo, que Suellen tinha adquirido há menos de 30 dias.

Ester ficou curiosa com o celular novo e quis explorá-lo. Tentou o desbloquear
usando a senha anterior que sua filha usava desde o primeiro celular que ganhou de
presente de seu pai, e para a boa surpresa de Ester, a senha continuava a mesma e ela
conseguiu acessar o smartphone de Andreza.

A mãe procurou então prescrutar a agenda, as páginas visitadas na Internet e


salvas, mensagens do WhatsApp, o Instagram e a galeria de fotos. Na agenda havia
poucas surpresas, quase todos os contatos eram conhecidos; nas páginas da Internet
nenhuma surpresa, os sites visitados por último não tinham nada de especial ou
conteúdo polêmico; no zap havia poucas mensagens e Ester as leu rapidamente; todos
os recados eram de pessoas amigas e conhecidas por Ester. Todavia, quando a mãe
abriu a galeria de fotos encontrou algumas fotos de sua filha vestida apenas com
calcinha e sutiã, e deitada na cama, em poses sorridentes e um pouco sensuais; as
fotos pareciam ter sido tiradas por outra pessoa, provavelmente Melina, e eram todas
no quarto de sua filha (pelo menos isso! Pensou ela, um pouco aliviada). Só que
Andreza nunca comentara sobre estas fotos e sua mãe também não sabia da
existência e do propósito das mesmas. Ester voltou- se então com toda ansiedade
para o WhatsApp para tentar descobrir se sua filha enviara tais fotografias para
alguém. Procurou, procurou e enfim encontrou o que temia: ela tinha enviado as fotos
para dois amigos e duas amigas, mas não havia mensagens de resposta, comentando
as fotos (ou ela teria apagado?). As mensagens eram de uns 2 meses atrás. Ester ficou
apreensiva.

Só restava explorar a conta do Instagram de Andreza. Ester abriu então o


aplicativo do Insta no celular de sua filha e para seu contentamento a senha estava
salva e o programa abriu imediatamente. Só havia uma mensagem no Direct, que era
de Paulina, para confirmar o banho de praia e, após ler esta mensagem, a mãe de
Suellen passou a investigar a lista de seguidores e pessoas seguidas por sua filha. Tudo
parecia dentro da normalidade, até Ester encontrar uma conta estranha com a foto de
um jovem malhado e de corpo musculoso e com um nome suspeito. A senhora abriu
aquela conta para a analisar e ficou abismada com o que viu: na referida conta havia
fotos de muitos homens nus e seminus, alguns com o pênis em ereção e simulando até
que estariam acabando de se masturbar e muitos eram do próprio estado onde
moravam. Sua mãe ficou abismada, pois jamais imaginou que sua filha estaria
seguindo uma conta de Instagram com aquele tipo de conteúdo. Os rapazes, em poses
sensuais, divulgavam ali seus nomes e suas contas de Instagram para quem os quisesse
seguir e entrar em contato. Ester, chateada com sua filha, desconectou a conta de
Andreza desta conta de divulgação de nudez masculina, deixando de segui-la e desfez
também a opção da conta seguir sua filha, pois se seguiam mutuamente, como se
Andreza conhecesse o administrador ou o responsável por aquela conta de conteúdo
depravado.

Ester fechou todos os aplicativos e esperou Andreza chegar para que tivessem
uma conversa.

Ela poderia esperar alguns dias para esfriar sua cabeça, mas aquela mãe não
resistiu. Queria colocar tudo a limpo com sua filha naquele mesmo dia.

Quando sua filha chegou, ela lhe dirigiu a palavra:

- Filha, como foi lá na praia? Vocês se divertiram bastante?

- Foi ótimo. Muito bom mesmo.

- Conheceram algum rapaz interessante?

- Hoje, infelizmente não.

- Nem a Paulina?
- Não. Por que, dona Ester?

- Ela te enviou uma mensagem, dizendo que tinha combinado com um paquera
de se encontrarem na praia. E ela ainda falou que ele ia com um amigo. Eles não
foram?

- Mãe, você mexericou meu celular?!

- Andreza, eu não sou xereta, mas uma mãe não pode ver mais o celular de sua
filha?

- É melhor que ela não vasculhe tudo no celular de uma garota. Ela pode
encontrar coisas que ela não gostaria de ver.

- Mas afinal, eles foram?

Ester fez uma pequena pausa e antes que a morena respondesse ela ainda
afirmou:

- Filha, não tem problema vocês encontrarem dois rapazes na praia e se


divertirem. Eu só gostaria de saber...

- Só foi o amigo de Paulina. O colega dele não foi – mentiu Andreza.

- Verdade, meu amor??

- Sim, mamãe, eu falo a verdade.

- Tomaram alguma bebida alcóolica na praia?

- Mãe, me desculpe, mas eu tomei uma caipivodca de seriguela. Só uma


mesmo. Eu juro. E tomei água de coco e refrigerante de cola.

- Tudo bem, filhota. Mas eu queria falar com você sobre umas coisas que eu vi
em seu celular.

Andreza ficou um pouco pálida e redarguiu, com voz fraca:

- O que a senhora viu?

- Suellen, em primeiro lugar: qual foi sua intenção de fazer aquelas fotos quase
nua e enviar para duas amigas e dois amigos? Vocês estão trocando “nudes” ou algo
parecido? E caso suas fotos vazarem para a Internet: o que você vai fazer? Você não
tem medo de perder sua reputação?

- Mãe, estas fotos já têm uns três anos. Eu só fiz essa vez. Foi uma brincadeira
de adolescente. Meus colegas já apagaram as fotos no celular deles. Eu esqueci de
apagá-las no meu.
- Então, essas fotos são de quando você morava com seu pai? E ele nunca
descobriu?

- Sim, ele não sabe de nada. Eu juro.

- Quem tirou? Algum homem? Onde foi?

- Foi minha amiga Nádia, na minha cama – disse a moça. - Eu falo a verdade. E
ela só fez as fotos porque eu insisti muito com ela – enganou Suh.

- Filha, você não tem juízo? Tirar umas fotos suspeitas como essas numa cidade
pequena, de interior. Você enviou para amigos de lá?

- Não, não. Estas fotos ficaram guardadas na memória de meu celular desde
então, e só as encaminhei depois para quatro colegas do ginásio no bairro São
Cristóvão.

- E essas fotos não geraram nenhum comentário sobre você na escola?

- Não, não aconteceu isso, não. Pode ficar tranquila! – defendeu-se a garota,
um tanto nervosa.

- Andreza Suellen, não faça isso nunca mais. Estas fotos são arriscadas. Não
coloque seu nome na lata do lixo. Cuide de sua reputação, querida. Eu lhe peço. É uma
dica de sua mãe: me ouça.

- Sim, mamãe. Terei mais juízo. Vou inclusive apagar estas fotografias do meu
smartphone. Será hoje mesmo. Perdoe-me. Não vai acontecer mais.

Mas Andreza se esqueceu e não apagaria as fotos.

- É pelo seu bem. Cuidado com esse tipo de foto.- reforçou sua mãe.

- E qual o outro problema, mãe?

- Andreza, que grupo é aquele do Instagram chamado Garoto Tesão que você
está seguindo? Que conta é essa? E quem é o administrador? Tem homens pelados e
outros quase sem roupa, alguns com o pênis armado, uma sem-vergonhice. São
garotos de programa? Você conhece alguns deles? Já se encontrou com alguns? Não
esconda a verdade.

- Mãe, eu nem lembrava que seguia esta conta.

- Mentira, Andreza.

- Eu estou dizendo... Ele pediu para me seguir e eu segui de volta, mas não
conheço o dono desta conta – mentiu a morena. – Os garotos são modelos do
Maranhão. Mãe, não tem ninguém nu nas fotos. O Instagram não permite.
- Quando eu abri um link através da conta, tinha.

- Pode ter sido uma falha momentânea do sistema de controle do aplicativo. Se


eles encontrarem, eles deletam as fotos e podem até excluir o canal.

- Você conhece estes rapazes?

- Pessoalmente nenhum. Eu só acho eles muito bonitos.

- Bonitos eles são, mas estão em poses provocantes demais para o meu gosto.

- E eles não trabalham como garotos de programa. Eu lhe asseguro. Os rapazes


desta conta são modelos. Eles saem em revistas de moda masculina: cuecas, sungas,
etc. Fazem trabalhos para outros estados.

- Estou tentando acreditar em você. Mas o nome da conta não me convence


disso. Acredito que eles estão ali para provocar as meninas e até mulheres casadas
para sairem com eles.

- Eu não sei, mamãe. Só sei de mim. Não saí com nenhum deles e no momento
não tem nenhum que me interesse. Está cheio de homens dando bola para mim; tem
fila. Por que eu ia pagar para ter namorado? Nem tenho dinheiro para isso. Só fiquei
curiosa e achei esses garotos bonitos. Somente isso. Assunto encerrado.

- Você me diz agora que há muitos rapazes querendo você. E por que não
aparece com nenhum?

- Porque ainda não me deu vontade. Não encontrei mais nenhum homem que
me interessou nesta cidade.

- Que menina exigente. E gabola também...

- Mãe, não fale isso de mim. Acho que puxei este comportamento da senhora.

- Me respeite.

- Verdade. Penso isso.

- Andreza, eu desconectei você dessa conta do Instagram.

- Tudo bem, mãe.

- Cria juízo, minha filha. Vai tomar um banho e vem jantar. Lave e seque seu
cabelo para retirar o sal da água do oceano.

- Com licença, mãe.

- Eu vou te cobrar, depois.


- Pode deixar.

E Andreza foi para seu quarto.

O namorado de Melina veio esperá-la, pois iam a um ensaio na Igreja. Enquanto


a filha mais nova de Ester tomava banho e se preparava para sair o rapaz ficou
conversando com Andreza.
- André, eu preciso mudar meu e-mail para o Douglas não me enviar mais
nenhuma mensagem de correio eletrônico.
- Pois eu vou fazer um e-mail do Outlook para você pois como o e-mail do
Google é o mais usado se eu fizer Outlook ele não vai descobrir. E vou colocar uns
símbolos de “underline” intercalando nomes e sobrenomes para dificultar. E não vou
colocar o pos-nome “suellen” no seu e-mail.
- Então, vai ficar parecido com o seu e-mail?
- Sim. Olhe que nem para minha namorada eu fiz um e-mail. Mas vou fazer para
você.
- Obrigado, André, você é um amor.
- Mas não diga para a Melina que fui eu que fiz seu e-mail. Ela é muito
ciumenta.
- Pode deixar.
- Andreza, eu estou esperando o edital do concurso de oficiais da Polícia Militar.
Vou fazer o concurso do Maranhão e do Piauí, o que sair primeiro. Você não quer
estudar comigo, não?
- E Melina, não quer fazer este concurso? Ela não quer estudar com você,
André?
- Ela me disse que não quer seguir carreira militar. Na visão dela, ainda é uma
área mais destinada aos homens.
- Eu discordo - disse Andreza.
- Eu também, mas temos que respeitar a opinião de sua irmã.
- E sua mãe, dona Ivonete, não acha que é uma carreira muito perigosa dada a
violência dos tempos atuais?
- Acha um pouco. Mas já a tranquilizei que os oficiais realizam mais o trabalho
burocrático e nos escritórios da Polícia Militar. Não tem muitas atividades em campo
de modo que nos expomos menos aos bandidos e temos menos confrontos diretos
com a marginalidade.
- Você fala como já estivesse fazendo o curso de oficiais e faltando pouco
tempo para se formar.
- Andreza, eu tenho certeza que vou passar neste concurso e vou melhorar de
vida.
- Deus te ouça.
- Obrigado.
- Assim você pode finalmente casar.
- Me casar?! - E André titubeou e depois de uns 3 segundos continuou - Ah!
Sim, com certeza. Eu e Melina vamos ter condições para nos casar.
Melina apareceu neste momento. André foi-se antecipando com um elogio:
- Melina, você está tão bonita.
- Vamos! - ela o convidou para sairem e a seguir se despediu da irmã - Tchau,
Suh.
- Bom ensaio para vocês - desejou a morena.
E eles saíram juntos para o templo.

Era um dia de sábado. Marcela olhou seu relógio. Era mais de 6 horas da tarde.
Ela se dirigiu então ao quarto de sua irmã do meio e a ela se referiu nestas palavras,
tentando acordá-la:
- Andreza, Andreza, acorde. Você vai hoje ao culto? indagou Marcela.
- Nãaaaaaooo seeiiii... - respondeu sua irmã, em volume muito baixo e cheia de
sono.
- “Você tomou remédios para dormir? Só é para usar à noite, irmã. Acorde,
vamos. Cuida! Cuida! Nosso pai vai tocar violão e cantar hoje no culto. Não faça uma
desfeita dessas de faltar. Ele ia ficar arrasado”. – pediu Marcela com insistência. Ela
também o chamava de pai, pois José a criou desde muito cedo.
- Marminino! Eu já estou acostumada a ouvir ele cantar. - esnobou a morena,
ainda em estado de transe pelo sono.
- Não fala assim, nega. Você sabe que ele hoje quer ver você lá. Não deixe de ir.
Não desagrade nosso pai. Ele é tão bom para você...
- Está bem, vou levantar e banhar - disse Andreza, com esforço e
pausadamente, pois ainda sentia sono.
- Que bom! Assim é que se fala! Coma depois alguma coisa, se arrume e venha
conosco para o culto.
- Está bom – concluiu Andreza Suellen.
Andreza deitara na cama no meio da tarde e já passavam de 18 h e ela não
acordava. Seu pai naquele dia ia fazer uma apresentação solo no culto e tinha
convidado suas três filhas a comparecerem, para vê-lo louvar ao senhor com uma
música.
De fato, Andreza foi ao culto com Marcela e Melina. Seu pai se apresentou e
ficou muito satisfeito pela presença das três filhas.
___________________________________________________________
E o fato concreto é que Andreza estava se afastando da Igreja e de suas
celebrações de forma gradativa. Ela foi desacreditando na sua religião, pois percebia
que as mudanças no seu estilo de vida não eram conciliáveis todas com o que o seu
pastor lhe pedia. Havia conflitos de ideias e isso estava ficando bem claro para ela. Ela
não deixara de acreditar na existência de Deus e no seu poder, mas já não via a prática
religiosa constante uma obrigação em sua vida. Além disso, seus planos e suas novas
concepções, lhe traziam desconforto de frequentar o culto e poder estar sendo
hipócrita, tendo uma vida cotidiana bem diferente daquilo que o pastor pregava. Ela
não se sentiria bem e preferiu ir se afastando aos poucos de sua religião.
Seus amigos da Igreja notaram suas ausências e seu progressivo distanciamento
deles.
Ao final daquele culto de sábado à noite, Ícaro a procurou para saber o que
estava acontecendo. Ele perguntou à sua amiga:
- Suh, o que está acontecendo, que quase não te vejo mais na Igreja? Você está
tão difícil ultimamente...
- Ícaro, eu nem sei. A faculdade e o trabalho estão me ocupando muito; na
maioria dos dias chego cansada. E os finais de semana uso para descansar e renovar
minhas energias. Você tem me achado muito ausente da Igreja?
- Sim, com certeza. Lembro que você era tão assídua. Já tenho saudades desse
tempo. E como você está após terminar seu namoro?
- Tentando me restabelecer. Mas no geral estou bem. E você? Como está sua
vida?
- Estou legal; apenas a escola que está puxada; estou no cursinho preparatório
para o Enem.
- E as namoradas? Tem alguma? – questionou a morena.
- Nenhuma no momento.
- Ícaro, preciso te falar uma coisa. Depois que entrei na faculdade eu tenho me
questionado sobre muitas coisas e minha mente abriu um leque de opções que eu não
enxergava antes. Acho que muitos evangélicos são bitolados e querem seguir ao pé da
letra o que os pastores dizem. Eu não questiono a Bíblia Sagrada e a fé em Deus e em
Jesus Cristo, mas penso que precisamos ter mais senso crítico.
- Por que você me fala isso, Suh? Explique melhor suas colocações.
- Ícaro, não estou dizendo que você é alienado ou fora da realidade, ou que a
religião te cegou. Não é nada disso. Mas digo que os evangélicos devem abrir os olhos,
pois o mundo lá fora pode nos engolir. Levar os ensinamentos cristãos a todo lugar é
nossa obrigação, mas devemos estar abertos ao diálogo com pessoas de todas as
religiões e aquelas sem religião, além de debater ideias que sejam diferentes das
nossas, concordando ou não com elas.
- Suh, vejo que você está abrindo mesmo sua mente. Mas não esqueça de nós,
por favor. Nós precisamos aqui de você. Sua presença nos faz falta. Pensa nisso.
- Não se preocupe; nunca vou abandonar vocês e esquecer nossa amizade.
- Deus te ouça, amiga.
- Tchau, Ícaro. Vou embora com minhas irmãs.
E despediram-se naquele dia.
Cinco dias depois Marcela indagou a Andreza:
- Suh, o que foi mesmo que aconteceu naquela tarde em que você dormiu
demais e quase não desperta? Você tomou uma superdosagem das medicações? O
que você queria, afinal de contas?

E Andreza confessou para Marcela:

- Eu acho que eu tomei aquele excesso de remédios foi tentando me matar.

- Não fala isso, Suh; nem brincando.

- Marcela, por favor não conta pra mamãe.

- Tudo bem, mas não faça isso nunca mais, pelo amor de Deus. Não repita essa
loucura.

- Não vou repetir. Prometo.

Marcela ficou um tempo morando com sua mãe e decidiu também seguir a
carreira de Enfermagem. Na casa de sua mãe a filha mais velha conheceu David, um
rapaz chegado de uma cidade do interior e engatou um relacionamento com ele.
Algum tempo depois, David a convidou para morarem juntos, com as filhas de
Marcela e após um período morando sob o mesmo teto, oficializaram a união no
cartório, continuando a morar no residencial Novo Mundo.

NO INTERVALO ENTRE AS AULAS DA FACULDADE OS AMIGOS DE ANDREZA

CONVERSARAM SOBRE SER AMANTE .

- Eu não compreendo bem a maneira de pensar de várias mulheres que gostam


de ser “a amante“ e as razões que as levam a assumir esse papel - declarou Andreza. -
Por outro lado, entendo também como vários homens as enganam. Num mundo onde
a traição é tão frequente é importante descobrir se você está sendo vítima de traição.

- A grande questão é a mulher aceitar ser a outra – opinou Fabrício. - Quando


uma garota se apaixona por um homem comprometido, alguns sacrifícios ela terá que
realizar, bem como uma espécie de contrato em aceitar ser a amante. Normalmente,
as mulheres que negam ser amantes, acabam por não ter hipóteses de ficar com o
homem que desejam. Por outro lado, aquelas que se sujeitam a ser amantes, nunca
saem desse posto. Se a mulher apenas quiser divertir-se, então não terá grandes
problemas em aceitar ser amante. Mas se sonhar ter um relacionamento, então as
coisas complicam-se e uma das partes acaba sempre por sofrer. Para além disso
pensem! Será que vale a pena estragar um relacionamento por uma paixão?

- Ser amante pode ter algumas vantagens, gente – disse Peter. - Ser amante não

envolve chegar a certas horas a casa nem em partilhar o lado mau dos

relacionamentos: as discussões. No fundo, a amante pode sair com vários homens ao

mesmo tempo e é totalmente independente, sem ter que dar satisfações da sua vida a

ninguém. No entanto, este tipo de mulher vive do comodismo e não tem quaisquer

expectativas para o seu futuro. Para além de ser falsa e não dizer outros nomes, não é

verdade?

- Eu penso que há muito mais desvantagens em ser amante – afirmou Kelly. - As

amantes têm um papel ingrato na vida, uma vez que não podem passar datas
importantes ao lado de quem gostam nem lhe ligar quando bem lhe apetecer. Além

disso, acaba por passar muito tempo sozinha e, se precisar desabafar, pode não ter a

outra pessoa para a ajudar. Acaba por servir apenas como uma segunda e para uma

escapadinha. Por sua vez, ela encontra-se clandestinamente com o seu amado. Este

tipo de mulher, normalmente, tem medo de sofrer preconceito social e querem

manter o seu nível profissional sempre no mais alto posto possível. Logo, não são

mulheres aventureiras nem arriscam muito. E por que vocês acham que elas escolhem

tantos homens casados?

- A meu ver, - respondeu Andreza - o motivo de escolherem homens casados e se

tornarem amantes deles tem várias razões possíveis, como procurar carinho e atenção

num homem, e só encontrarem em alguém já compromissado, e não se importar se

este é casado ou não, dada a escassez de caras legais;

as relações difíceis podem ser aquelas que dão mais prazer para algumas pessoas;

Procura de poder ou dinheiro;

Não quererem compromissos;

Gostarem de trair;

Gostarem de ter sentido de posse. De todas as formas uma traição é uma traição.

Existem pessoas que não se importam de ser as segundas, é uma espécie de relação

estranha que nunca irei compreender. Por outro lado, mesmo que existam vantagens,

será que valerão à pena depois da posição onde uma amante se coloca?

- Chifre é uma das verdades inexoráveis da vida – afirmou William, de forma


pessimista.

- Não exagere, William - disse Tâmisa.

- Já fui duramente criticado por afirmar isso – continuou o rapaz. - Mas digo e
repito, sob o risco de ser atacado pelos moralistas ou desacreditado pelos românticos:
mais cedo ou mais tarde todo mundo trairá ou será traído. Ainda que seja uma vez só.
Ainda que não seja nada sério. A traição pode ser no campo das idéias, dos
pensamentos de desejar outra pessoa e isso também pode prejudicar o
relacionamento de um casal. O lance é tão parte da nossa cultura, acho isso muito
triste, que criaram até uma data para homenagear o pessoal que de vez em quando
resolve dar uma passeada pelo quintal do vizinho para conferir se a grama por lá é
mesmo mais verde.

- Gente, longe de mim iniciar uma caça às bruxas - declarou Tâmisa. - Nada me
irrita mais do que esse povo de vestido de florzinha e colar de pérolas que fica ditando
regras sobre a vida afetiva e a sexualidade dos outros. Sou a favor da felicidade e
acredito de verdade que o caminho para chegar a ela é bastante pessoal. Se você não
se incomoda em ter encontros furtivos em horários inusitados ou não existir
oficialmente na vida do outro, tudo bem. Eu não consigo. Mas eu não sou medida de
nada.

- Veja bem, ser amante é quase como estar em um relacionamento que não tem as
partes mais legais de estar comprometido. Porque existe o tesão, o carinho e a
vontade de viver milhares de coisas juntos. Mas nada disso pode ser vivido de forma
plena porque há sempre a necessidade de se esconder e de disfarçar e o medo de ser
descoberto – opinou Kelly.

- Eu, particularmente, acho que ser amante é a maior roubada do universo –


declarou Fabrício. - Sério. Sou um cara bastante ciumento e a simples possibilidade de
dividir meu objeto de desejo com outra pessoa me tira do sério. Ainda que eu seja a
filial e, tecnicamente, esteja errado. No entanto, há quem dê conta de viver nessa
espécie de clandestinidade afetiva.

- Deve ser do tipo quando você está apaixonada por um cara que só está a fim de
te pegar de vez em quando – acrescentou Andreza. - O papo é bom, o sexo é bacana, o
sujeito é divertido e os momentos que vocês passam juntos são incríveis. Mas quando
ele vai embora sem dizer quando volta, ou se volta, fica aquele vazio, aquela sensação
de abandono. Quando você se envolve com alguém comprometido rola algo parecido.
Porque dá a impressão de que você recebe o que sobra do outro. Talvez por uma
mistura de insegurança, sentimento de posse e vaidade isso não me parece ser
suficiente para fazer alguém feliz.

- Nem vou entrar no aspecto ético dessa história toda, porque há pouco a dizer em
defesa de quem aceita ser a outra, ou o outro - relatou Tâmisa. - Sem moralismos,
mas quem, assim como eu, já foi traído sabe o quanto dói. Não consigo encontrar
argumentos que justifiquem um comportamento capaz de causar tamanho sofrimento
a alguém. Claro que a culpa não é só da amante. Para ser sincero, acho que ela é mais
vítima do que vilã. Mas vale a máxima do "quando um não quer dois não traem".
Então convém ficar longe do bofe alheio, ainda que ele insista em ficar bem pertinho
de você. Se não por respeito, pelo menos por medo. Porque dizem que a vida devolve
tudo em dobro e chifre é que nem perfume de marca ruim: ainda que você use pouco,
o estrago é sempre imenso. Imagine se vier em grande quantidade.
- Ser amante implica levar uma vida complexa, bem como ter um futuro incerto –
opinou Peter. - Tudo pode se complicar ainda mais quando dessa relação nasce um
amor, um desejo obstinado de ser esposa, que a mulher (mesmo inconscientemente)
sabe que dificilmente será correspondido.

- Para tentar entender o comportamento das mulheres – disse William - que são
amantes, é importante começar pela relação entre alguém que tem um compromisso,
muitas vezes uma família, e a mulher que chega para formar o triângulo amoroso.
Trata-se de uma relação efêmera desde o princípio, com limites bem estabelecidos.
- Os triângulos amorosos mais comuns costumam se conformar entre um homem
casado e uma mulher solteira – declarou Kelly. - Há um fator cultural e machista que
alimenta a crença de que um homem pode se permitir ter mais de uma mulher, sem
que isso suponha um grande problema. E geralmente é uma relação desequilibrada.

- Eu imagino que grande parte dos homens começa a relação com a amante sem
dizer que é casado – relatou Tâmisa. - É óbvio que há mulheres que se sentem
confortáveis com a condição de amante, e não desejam ser a "oficial" sob qualquer
hipótese. Porém, em muitos outros casos, o que há é sentimento de culpa. A amante
nem deseja provocar a separação, mas já está emocionalmente envolvida. E só há dois
caminhos: romper ou lutar pelo relacionamento.
- Os encontros furtivos e eventuais entre os amantes ajudam a idealizar uma
relação – opinou Fabrício. - Não há rotina, nem o peso das obrigações do dia a dia. E
não é raro que, sem perceber, a amante comece a imaginar uma vida ao lado dessa
pessoa, que já tem um compromisso. E aí começa o sofrimento.
“Nesse triângulo amoroso somente há espaço para uma esposa. Inclusive quando o
homem faz repetidas promessas de deixá-la para assumir a amante, essas promessas
quase nunca se concretizam.

- Eu acho que é inevitável que a amante experimente a decepção numa relação


assim – opinou Andreza. - Sua autoestima termina abalada, ainda mais quando se vê
obrigada a enfrentar os julgamentos dos demais. A "culpa" costuma recair sempre na
mulher amante, como se fosse a única responsável por descumprir um compromisso
amoroso.
___________________________________________________________

Andreza foi com seu pai passear na cidade do mesmo e visitou sua amiga Nádia
na casa desta última. Nádia se voltou para a morena e pronunciou as seguintes
palavras:

- Bruna, você está muito bem, como está linda! Eu acho você uma garota com
jeito sedutor. Nunca te falaram isso? Você possui algo diferente.

- Você acha mesmo? Oh meu Deus, coitada de mim - fingiu Andreza, fazendo-se
de desentendida. - E por que você nunca me falou isso, Nádi?

- Eu não sabia exatamente o que admirava em ti, mas eu conclui agora que é
essa característica sua.

- Será que é verdade o que você está dizendo, Nádia?

- Eu penso que o é. Andreza, o que é ser uma mulher sedutora para você?

- Ser uma mulher sedutora não é um clichê. Minha mãe dizia que são as
"mulheres que balançam os homens". Aquela garota que chega perto, e se move, se
insinua de forma delicada, sorrateiramente, sendo capaz de atrair todos os olhares
masculinos e suscitar/despertar desejos carnais a quase todos os caras que a
observem. Que faz também os homens tremerem na base e sentirem medo de não
conquistá-las.

- Uma característica comum das mulheres sedutoras é que elas se divertem ao


SEDUZIR, Bruna.

- Elas ficam excitadas só de pensar no ato de seduzir, e na hora de entrar em


ação elas não se intimidam com um possível NÃO como resposta masculina. Se
acontecer um NÃO, elas não se apegam, nem se apagam, elas não se sentem
rejeitadas, ou fracassadas.

- E o que pareci a ti que essas garotas fazem para seduzir? Eu quero desvendar
isso tudo.

- Uma mulher sedutora, assim acredito, precisa, antes de tudo, caprichar no


olhar. Quando você conhecer alguém interessante, Nádia, olhe para essa pessoa de
uma forma profunda e intensa por alguns segundos. Desvie o olhar e mire novamente
no seu alvo, de maneira ainda mais enigmática que na primeira fitada. Isso deixa o
homem curioso e o faz querer se aproximar de você.

“Deixe seu pretendente pensar que está no comando da situação. Quando se


trata de paquera e relacionamentos, os homens preferem tomar a iniciativa. Então,
quando o homem se aproximar, converse naturalmente, mas deixe-o sempre
pensando que está no controle da situação, que é ele quem ‘manda’. Daí, você
consegue o que quer sem nem ter de fazer muito esforço.
- A aparência e a apresentação eu acredito que são muito importantes.

- Ando sempre perfumada: escolha a fragrância e o perfume certos para cada


ocasião. Todo homem gosta de uma mulher cheirosa. Então use um perfume
marcante, nem muito forte, nem fraco demais. Ache um que esteja no ponto certo e
se transforme em sua marca de sedução, sua marca pessoal.

“Movimente seu cabelo de um jeito sexy, garota: Cuide para que os fios de
seus cabelos fiquem brilhantes e sedosos. O cabelo é a moldura do rosto feminino e,
por isso, merece atenção especial.

“Na hora que você estiver conversando com o homem de seu interesse, babe,
passe as mãos suavemente pelos seus cabelos e enrole alguns fios nas mãos, de um
jeito bem sexy, enquanto olha nos olhos do seu alvo.

- Ah! Isso eu suponho que exala sensualidade, amiga, e o homem percebe na


hora o quanto você está a fim dele.

- Nossos lábios devem ser provocantes. Tenha essa ideia em mente. Nada como
uma boca bonita para seduzir um rapaz. Passar a língua pelos lábios enquanto olha nos
olhos dele é extremamente sexy e prende a atenção do “crush” em você,
especialmente se você abrir um belo sorriso.

- Vou experimentar e te falo depois os resultados.

- Saber conversar também conta bastante, babe: Existem jovens que são
absolutamente lindas, até abrirem a boca. A sensualidade natural da garota não pode
estar ligada apenas á parte física. Para um homem, também é importante que a
mulher saiba conversar sobre vários assuntos e mostre que é inteligente. Se você tem
dificuldades nesse quesito, passe a ler jornais, revistas, livros e esteja sempre bem
informada. Assim, sempre terá assunto para conversar com o gato.

- Tem horas que eu ainda me vejo tímida, Bruna, principalmente quando estou
perto de um cara de que estou gostando.

- A timidez pode ser sua aliada: ela é vista como uma barreira para muitas
mulheres. Porém, o que muitas delas não sabem é que muitos homens adoram
meninas mais reservadas. Isso dá à garota um ar de mistério e deixa o boy ainda mais
curioso a respeito dela. Então, não se preocupe. Se você é reservada, invista em seu
olhar e no seu ar de mistério. Uma tímida também pode ser naturalmente sedutora. E,
muitas vezes, ela nem percebe isso.

- Novamente a aparência: saiba se vestir bem: Uma mulher sedutora precisa


conhecer bem o seu corpo e saber quais são os seus pontos fortes – que devem ser
destacados – e quais são os fracos – que você deve disfarçar, esconder em parte. Mas
saiba se vestir e escolher a roupa adequada para cada ocasião. Assim o seu
pretendente vai perceber que, além de inteligente, você é dona de muito bom gosto
na hora de se vestir.
- Acredito que há muito mais em você que me faz pensar que tu és uma mulher
sedutora. Andreza, você deve ser muito assediada pelos garotos. Como você reage a
essas investidas dos rapazes?

- Não me entenda mal, isto é muito legal. Eu adoro receber um "ataque


sedutor", principalmente de surpresa.

- Entendo. Todos temos nossas fantasias amorosas e sexuais, independente de


serem mais simples, mais comuns, ou mais exóticas, e também independente de que
sejam factíveis ou que tenham ou não sido já realizadas.

- E receber as atenções de uma moça física- e psicologicamente sedutora é


muito bom, e funcionam como uma boa massagem no ego de qualquer homem. Me
diga se não é verdade???

- De fato, sentir-se desejada é algo muito gostoso – e tenho certeza de que


ninguém nega isso. Queremos ser desejadas. E muito mais por quem nos despertou o
interesse – concordou Nádia. - E desejamos despertar a sede dos homens por nós.

“O problema é que apenas desejo não sustenta um relacionamento”, - voltou-


se para ela Andreza. - “Não quero pretender teorizar de forma completa sobre o que
sustente ou não uma relação de um homem e uma mulher, ainda mais se
considerando que cada pessoa tem gostos e anseios diferentes. Ocorre que aparência
e sensualidade são coisas que ajudam a manter um relacionamento amoroso, mas que
são superficiais.

“E não digo isso de forma pejorativa. Isto apenas quer dizer que é o que está à
superfície, é o que se nota primeiro. Porém humanos como somos, rapidamente nos
acostumamos com as situações e, não raro, até enjoamos delas. Que o digam artistas
famosos e atraentes conforme os critérios mais aceitos, daqueles que se julga
formarem "um casal perfeito", mas que acabam muitas vezes rompendo, por simples
fim do "estopim" ou até mesmo por traições. Como é possível? – nos perguntamos.

- Se ocorrem com eles, imaginem nós, reles “mortais”, amiga.

- Ocorre que muitas vezes se descobre – e rapidamente – que por trás de toda
a sedução, por trás de todas as caras e bocas, não havia muito mais. Ou pior, havia
algo podre, malvado.

“Então eis que há a sedução, que é um dos fatores desejáveis em


relacionamentos, mas há também algo muito mais profundo: o encanto.

“Tal como a sensualidade, que é aquele quê misterioso que atrai nossos olhares
e pensamentos libidinosos a algumas poucas mulheres dentre muitas outras, há
também o encanto, que preenche nossos sonhos de companheirismo e de
cumplicidade.
“A mulher sensual atrai olhares e desejos, enquanto a encantadora nos faz
desejar passar momentos a seu lado.

- Então eu quero ser essa garota encantadora, para enfeitiçar os homens, e


conquistar quem eu desejar.

- Não há problema nenhum em que estes dois elementos – e muitos outros -


venham juntos. Mas eu não sobreviveria apenas de "sensualidade", assim como não
viveria muito bem apenas com o leite que os bebês mamam. A partir de certa idade ou
estágio de amadurecimento, faz-se necessário alimento sólido, de mais substância,
para dar sustento ao nosso corpo.

- Eu pensei agora, Bruna, isto tudo sendo como que algo fruto de um
amadurecimento. Não tem uma idade certa para ocorrer, e nem garantias de que
aconteça.

- Infelizmente, a muitas não se lhes ocorrerá, porquanto muitas jamais


amadurecem.

“Faço analogia com o ato de se alimentar: a um jovem, em busca de


experiências e de novidades, uma comida de fast food, hamburguer de qualidade
industrial, batatas fritas, e toda esta explosão de sabores lhes atiça os sentidos. Mas
depois de um momento inicial, isto perde a graça. Passamos a desejar ingredientes
melhores, processos mais artesanais, resultados quase artísticos, e é necessário
amadurecimento para apreciar isto tudo. O paladar se vai refinando com o tempo e
conforme conhecemos mais e mais sabores. O mesmo ocorre com as pessoas que
vamos conhecendo ao longo da vida.

- E isto também se passa com relacionamentos. No começo, quando jovens,


amiga, tudo são hormônios – e pouco mais que isto.

“Mas com o passar dos anos não deixa de ser interessante, mas tampouco
bastam os hormônios do prazer e da puberdade. Quer-se uma companheira, alguém
para dividir momentos, alguém para confiar dificuldades, alguém que aceite viver e
superar tribulações juntos, desenvolvendo cumplicidade.

- Uma mulher sensual pode ser esta pessoa? Claro que pode! Mas não é a
sensualidade que vai garantir isto, mas o encanto.

“A sensualidade atrai olhares, mas o encanto é tão poderoso que os homens


podem se sentir atraídos até mesmo por mulheres que jamais viram ao vivo.

“Um amigo meu mais velho me disse que ao conhecer sua esposa (que na
época era só uma desconhecida), conversaram por uma semana por chat e por
telefone, até se encontrarem pessoalmente. A ansiedade e o desejo de se
encontrarem crescia a cada dia, a cada conversa. Ele jamais a tinha visto. Ela era uma
jovem sensual? Bem, depois ele descobriu que sim, mas até aquele momento, o que o
seduziu não foi a sensualidade, mas o encanto que ela foi revelando para ele, e que ela
tinha e parece continuar até agora, pois permanecem casados. Percebeu a diferença,
Nádia?

“É graças a este quê mais intenso e mais profundo, eu posso dizer que
mulheres extraordinárias, misteriosas e intrigantes, ou inspiradoras, encantam os
homens, até mesmo antes de que eles as tenham visto pessoalmente. E tenho a
absoluta certeza de que eles as achariam atraentes se/quando as vissem, porque o
encanto toma um papel muito mais profundo neles.

- Em minha opinião também o encanto se traduz em beleza, da mesma forma


como maldade se traduz em feiura sob o ponto de vista aparente.

- Pense que eles jamais tinham-se visto, e tampouco ele conhecia outras
mulheres encantadoras como essa que ele ia conhecer – mas a imagem mental que se
formou daquela garota foi maravilhosa, tal é o efeito do encanto. Elas se fazem
desejar, passar horas e dias ao lado delas, conversando, conhecendo, desvendando
seus mistérios e sua riqueza de personalidade.

___________________________________________________________

Nádia contou, então, para Andreza que estava transando com vários rapazes
ao mesmo tempo, uma prática que seus pais desconheciam.

Disse sua amiga, então:

- Pode ficar bem tranquila com a sua escolha, Nádi. Afinal, você já é maior de
idade e plenamente capaz de tomar suas próprias decisões – afirmou a morena. - Ter
crescido em um lar religioso não te obriga a absolutamente nada, pois você também
tem a liberdade de escolher a sua religião (ou de não ter uma, se for a sua vontade).

- Penso que minha mãe só está seguindo o que prega a doutrinação dela, já
que, oras bolas, ela escolheu essa religião e os seus ensinamentos; mas não
necessariamente essa doutrina irá me fazer feliz e, para ser sincera, nossa vida é bem
curta, para a gente não buscar o que nos faz felizes! Por isso digo e repito:, temos
direito a fazer nossas próprias escolhas. Isso não significa que sou uma pessoa ruim ou
perdida; quer dizer apenas que você é você mesma, tem uma identidade própria. Não
posso ser minha mãe, nem viver a religião dela de forma plena. E, principalmente, não
sou obrigada a seguir as projeções de outras pessoas.

- E se porventura não der certo esse relacionamento, Nádia, não pense que sua
escolha foi errada – encorajou-lhe sua amiga. - Não tem como adivinhar se esse
relacionamento vai dar certo ou não desde já e sequer temos que ficar com uma
pessoa para sempre se der errado. Circunstâncias mudam, ideias se modificam com o
tempo, pessoas sofrem metamorfoses, a gente se transfigura. Às vezes, nós deixamos
de ser compatíveis com alguém que tinha muitas afinidades conosco no começo da
relação.
- Amiga, não é o tempo de espera pra transar que vai fazer o homem te
valorizar ou não, penso eu. Você é uma mulher adulta e é seu direito ter liberdade
sexual. Na minha opinião temos que ter experiências sim para sabermos do que
realmente se gosta na hora “H” e aquilo de que não se gosta.

- Também pondero assim: não adianta nada se esperar até depois do


casamento para transar, porque se um dia você terminar com seu marido, vai ter que
procurar outro do mesmo jeito; raramente encontraria alguém que seja virgem, como
antigamente, quando era requisito para casar. Então fique tranquila e faça o que você
achar melhor pra você.

- A maior burrice seria casar sem conhecer como é o sexo com a pessoa que
escolhi. Não dá! É a receita perfeita para um casamento infeliz; fora que você ainda
seria mal vista pela igreja se fosse se divorciar. Você toma suas decisões na sua idade,
e ao invés de te repudiar e tentar travá-la, sua mãe deveria dar dicas para um sexo
seguro e como lidar com problemas no relacionamento.

- Melhor testar agora do que viver um casamento repleto de incompatibilidade


sexual.

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André saiu com sua namorada e disse para Melina o que ele esperava de uma

mulher.

- Sexo todo homem quer, Mel, mas quando ela diz sim na primeira vez… Eu

ficaria em dúvida se ela gosta de mim ou se ela age desta forma com todo mundo;

passa pela minha cabeça a ideia da mulher fácil e acredito que eu não namoraria uma

garota que aceita transar na primeira vez em que nos encontrarmos.

- Mas se fosse um date que você tivesse marcado com uma garota pela qual
você está muito afim há bastante tempo?

- Isso pode variar de caso a caso. No fundo, penso que não é isso o que
importa: a gente sabe (ou pensa que sabe) quando a relação é para uma noite ou
quando pode dar namoro; esse fato independe de ser no primeiro, segundo ou
terceiro encontro a primeira noite de amor. Vendo por este lado, pode ser que eu
esteja enganado com aquela minha regra inicial.
- Se o tesão pinta, e não é só por carência, porque deixar para depois, André –
alegou Melina. - Tem muitas pessoas que se preocupam com assuntos demais na hora
do sexo, sendo que tem certas coisas que só vamos descobrir depois.

- Também imaginam, meu bem, que os caras tem medo de encontrar e se


relacionarem seriamente com mulheres as mais safadas possíveis. É um mito que cai
por terra, que homem se assusta com garotas mais saidinhas e ousadas. Eu em
particular gosto de uma mulher mais liberada na cama; a que esteja completamente
no clima do momento, livre de tudo. Aprecio quando a gata se entrega aos instintos e
deixa rolar tudo o que gera prazer! Quero garotas que se fazem presentes, que me
olhem com tesão, que não sejam aquelas “loiras ou ruivas geladas” e não se
comportem com frescura.

- Eu gosto de ter ação e iniciativa; me agrada o máximo quando a iniciativa


parte de minha pessoa e eu mostro que gosto do que faço – retrucou a garota ruiva. -
Gosto quando você me chupa, morde, domina e deixa dominar; gosto de variar nas
posições. Só a posição papai e mamãe não dá!

- Gosto por outro lado quando a menina começa a massagear minhas costas
com o corpo dela, roçando os seios e se estendendo por todo o corpo. Sempre tenho
que pedir, até que elas descobrem que é um lance legal também quando elas fazem a
massagem.

- Na minha opinião, tem muita mulher preocupada em ficar linda, gostosa, mas
na hora do vamos ver, elas ficam travadas – opinou a garota. - Homem que é homem
não tem essa de reparar em celulite, e exigir menina de corpinho sarado. Ele deve
querer mulheres que gostem dele e gostem de praticar sexo com seu “boy”. E o que
você acha de garota que faz fio terra no cara?

- Eu não me vejo recebendo isso. Por mais que insistam que o homem pode ter
prazer ao receber sexo anal, isso está fora de questão para mim. Sou um pouco
machista com relação a essa questão.

“Sei que algumas garotas estão muito modernas, e já vão colocando o dedo
sem perguntar, sem mais, nem menos. Eu não me sentiria á vontade.

Trícia fez uma visita para sua amiga Andreza e esta lhe contou a trajetória do
fim de seu namoro com Douglas.

Após relatar esses fatos, Andreza comentou:

- Acho que vou participar de um grupo online para discussão de Filosofia. Eles
se encontram uma vez por semana, á noite. Preciso achar o que fazer, ocupar minha
mente.

- Interessante, Andreza! Existem estes grupos online? Eu não os conhecia.


- Sim.

- Bruna, procura ler algo de relevância.

- Trícia, li recentemente um livro interessante, que foi indicado por minha


cantora preferida de sofrência, a Marília. O título do livro é : “ A princesa salva a si
mesma nesse livro” , e a autora é Amanda Lovelace. A capa é nas cores preto e branco
e tem o desenho de uma bela princesa de longo cabelo saltando para galopar num
grande cavalo, daqueles enormes, que só se vêem em estórias de princesas e
príncipes encantados. As cores e os desenhos da capa são muito sugestivos e foram
muito bem selecionados, você não acha? – e a morena lhe mostrou a capa da referida
publicação.

- Qual a estória contada no livro, amiga? – questionou Trícia.

- Eu me apaixonei por este livro e ele parece se encaixar com minha vida. E o
mais importante: ele afirma que há luz no fim deste túnel escuro em que pareço estar
presa. È um livro sobre os temas amor, perda, sofrimento, redenção, empoderamento
e inspiração. Está dividido em quatro partes (“A princesa”, “A donzela”, “A rainha” e
“Você”) e combina o imaginário dos contos de fada à realidade feminina do nosso
século com delicadeza, emoção e contundência. Escute o que a escritora fala no
prefácio: “ A história de cada um de nós conta várias e várias histórias, diferentes e
iguais a tantas e tantas outras. Uma história que não é nossa pode nos contar também
sobre quem somos”. A autora constrói uma narrativa poética de tons íntimos e
cotidianos, como consta aqui nos comentários da internet . Pelo que li o livro fala
sobre autodescobrimento e todo o processo às vezes doloroso que precisamos
enfrentar para chegar lá. Olha o trecho inicial, que louco, e como dá certo comigo: “
Era uma vez uma garota que era princesa. A garota cresceu e virou donzela. Cresceu
mais um pouco e virou rainha “ E continua... Era uma vez uma princesa que nasceu das
cinzas que seus amores-dragão fizeram dela & se coroou a porra da rainha de si
mesma.” E ainda, em outra parte do livre :

““a princesa

pulou da

torre

& ela

aprendeu

que podia

voar

desde o começo.
— ela nunca precisou daquelas asas.”

Em “ princesa “ Amanda conta o início da estória, sobre traumas na infância e na


adolescência.

Em “ donzela “ a autora fala sobre os relacionamentos que destroçam nossos


corações e destroem um pouco de quem você é, e do processo de luto pela
protagonista ter perdido sua mãe vítima de câncer . Em “ rainha “ ela fala do amor
genuíno e como temos que levar muitos tapas na cara e que é necessário crescermos
como pessoas para superar nossos traumas, trazendo calmaria após o caos.

E por fim em “Você “ ela relata sobre os questionamentos que nos fazem repensar a
forma como somos tratadas – pelos outros e por nós mesmas - desde a infância, e o
porquê de aceitarmos tudo isso, mesmo que nos machuque. Ela pede que tentemos
escrever nossa história, colocando as mãos dentro das partes mais sujas de nós
mesmas, onde houver podridão e deterioração, para que possamos tentar a
transformar em nosso alimento e em vida.

“Também me identifiquei com a autora Amanda: Ela fala sobre seu relacionamento
conturbado com a mãe, e como ele deixou marcas profundas e dolorosas, sobre seus
problemas de auto-imagem, de sua primeira vez e a solidão que boa parte dos
adolescentes sentem nesta fase da vida.

- Tudo isso é muito profundo, Andreza e em alguns momentos se parece com sua
vida. Não é difícil para você ler um livro como esse?? Não machuca mais? ... Não
termina sendo mais traumático do que apenas esquecer tudo o que aconteceu com
você?...

- Prefiro refletir com livros como esse e os utilizo para descobrir soluções para
minha vida. Pelo menos neste momento...

Andreza tinha vontade de cantar em sua Igreja. Achava belíssima a


interpretação de várias colegas suas que se apresentavam nos cultos para louvar ao
seu Deus. Ela não tinha coragem de falar para ninguém, nem mesmo seus familiares e
amigos, mas ela já havia imaginado se apresentando também na celebração e
louvando ao seu Senhor.

A moça ficava fascinada nos cultos vendo outras irmãs se apresentarem para a
alegria de todos os presentes. E que sensação de satisfação todos eles sentiam em
estarem ali sendo instrumentos de louvor, pensava ela. E quais seriam estas
sensações? Ela gostaria de saber. Ícaro e Adriana, dois de seus melhores amigos na
Igreja, percebiam isso e comentaram com Andreza:
- Andreza, amiga, eu percebo como você fica ligada quando alguém canta nos
cultos em performance solo. Sua voz é bonita. Por que você não ensaia para se
apresentar também? Você tem coragem ou tem vergonha de cantar pra todo mundo
te ouvir? - indagou Ícaro.

- Não acho minha voz bonita para cantar – respondeu a morena.

- Mas toda voz pode ser trabalhada para o canto - retrucou Adriana. - Qualquer
pessoa pode aprender a cantar. Eu acho sua voz agradável. Não seria difícil você
aprender a cantar. Só precisa de umas aulas e de treino.

- Você acha mesmo, Adriana? – questionou Suellen. - Verdade? Ou está dizendo


isso somente para me agradar?

- Falo sério. Você concorda comigo, Ícaro?

- Concordo, Adriana - continuou o rapaz. - Suh, você pode aprender a cantar e


penso que você teria facilidade de conseguir. Olha, tem uma irmã nossa da Igreja que
tem experiência com aula de canto. É a Michele. Posso falar com ela para te dar umas
aulas de canto. Ela passa treinos e exercícios. A Kelly aprendeu muita coisa com ela.

- Eu nunca vou chegar aos pés da Kelly – rebateu Andreza. - Ela nasceu com o
dom de cantar e sua voz é belíssima e encanta a todos.

- Não se substime, Suh – redarguiu sua amiga. - Você é capaz, linda, de cantar.
Acredite e treine. Tenho certeza que você chega lá.

- Eu vou contar um segredo - revelou Andreza. - Eu já tentei cantar em casa


algumas vezes em que me encontro sozinha. Eu não consigo cantar bem, eu desafino e
me falta ritmo às vezes.

- Então está faltando auto-confiança. E treino também - insistiu Ícaro. - Posso


falar com Michelle sobre umas aulas para você?

- Não tenho como pagar – disse Andreza, um tanto triste.

- Ela não cobra dos irmãos da Igreja – insistiu o rapaz. - Ela terá todo prazer de
te ensinar, aposto. Ela se alegra com o louvor para Deus. Será seu pagamento.

- Tenho medo de só ocupar o tempo dela e não aprender nada. Continuar sem
saber cantar. Eu ainda passaria vergonha... - explicou-se a morena de cabelo alisado.
- Não pense assim. Tenha fé em Deus e se empenhe pois voce vai conseguir -
concluiu Adriana.

- Estou começando a aceitar a proposta de Ícaro. Mas só posso ir se não for


atrapalhar os compromissos de Michelle.

- Deixa que eu falo com ela - pediu Ícaro, concluindo sua fala.

E foram caminhando para suas casas, fazendo companhia cada um ao outro.

Andreza ficou bastante pensativa se ela deveria mesmo tentar cantar no culto.
Seu pai já fazia isso e Melina também já se apresentara umas três vezes. Ela, porém,
nunca tinha cantado em público, e por cima sozinha. Andreza também não sabia tocar
nenhum instrumento musical, ao contrário de sua irmã caçula e de seu pai, que sabiam
tocar violão. Seria um desafio para ela, mas ela já estava admitindo esta possibilidade.
Andreza aguardava agora o feedback de Ícaro sobre a conversa com Michelle.

Ícaro expôs a proposta para Michelle e esta aceitou ajudar a colega da Igreja
aprender as primeiras noções de canto e agendaram um encontro dentro de sete dias.

Deste modo, Michelle ministrou uma primeira “aula” de canto para Andreza

- Andreza Suellen, - começou Michelle - você gosta de cantar?

- Gosto, mas eu preciso dizer: não sei cantar! Só tenho vontade! Coitada de mim!

- O que é isso, querida irmã?! Olha, cantar é mesmo uma arte. E algumas umas
pessoas já nascem sabendo como cantar bem, mas isso não significa que elas sejam as
únicas que podem soltar a voz. Todos podemos aprender a cantar. Acredite em mim.

- Minha irmã mais a nova, você conhece, a Mel ela canta muito bem. E meu
pai também. E sabem tocar violão, mas não aprendi ainda. Também tenho duas
primas que são irmãs, a Emília e a Evellyne, e a última diz que vai ser cantora gospel e
veterinária. Ela canta muito bem, amiga, você precisa ouvir.

- Mostra para mim depois um vídeo ou um áudio de sua prima cantando.

- Não tenho aqui, mas vou tentar pedir para a minha prima e te mostro
depois.

- E a Melina, apenas canta? Ela sabe usar algum instrumento musical?

- Michele, minha irmã caçula toca violão e ela canta tão bem. Minha mãe e uma
tia , e que foi morar em Brasília e é irmã de meu pai, dizem que ela tem a voz
abençoada por Deus.
- Você também vai conseguir cantar, amiga, - incentivou-lhe Michele.

E deste modo Andreza e sua professora de canto treinaram por cerca de 04


semanas.

Após fazer cerca de cinco aulas com a irmã Michelle, Andreza pediu finalmente
para fazer uma apresentação solo no culto de sábado e sua proposta foi aceita. A
morena ensaiou na manhã do referido dia e estava confiante. Sua irmã caçula, porém,
ficava amedrontando-a e a incomodando, com insinuações de que Suellen deveria ter
feito mais aulas e mais ensaios antes de cantar sozinha no culto. Sua tutora Michelle,
porém, a reconfortou, ratificando que Andreza estava pronta para cantar. A morena
até solicitou que Melina fizesse o acompanhamento no violão, mas esta se negou,
alegando que existiriam outros instrumentistas mais preparados para seguir sua irmã.
Seu pai e sua mãe estavam ansiosos, mas sobretudo radiantes pela oportunidade
inédita de ouvir a bela moça se apresentar no culto de sábado à noite.

E o tão esperado culto ia acontecer, afinal. O momento de Andreza se


apresentar chegou e dois jovens, um violonista e outro, tecladista, acompanhariam-na
em sua canção.

A garota começou bem seu canto, mas depois ficou um pouco nervosa e
desafinou em dois momentos da música. Todavia, de modo geral, fez uma
apresentação razoável, tendo em vista que escolheu uma canção de um nível difícil
para executar.

Ao final do culto, porém, Melina a criticou, pela sua performance vocal:

- Andreza, eu te avisei, você devia ter ensaiado mais. Sua apresentação não foi
boa. Muitas pessoas criticaram sua apresentação. Sua voz não estava boa, você
desafinou.

Andreza foi-se enchendo com aquelas palavras e explodiu, com um pequeno


choro no rosto:

- Chega, chega! Irmã, ao invés de você me incentivar, só traz críticas. Melina,


você sabe que eu tinha um sonho de me apresentar sozinha no culto. Eu sei que eu
não canto bem, não tenho voz, mas eu apenas tentei.

- Desculpa, Suh. Não falei por mal.

- Mas não se preocupe, eu não vou me apresentar mais. Não quero incomodar
os ouvidos de ninguém. Outras moças de voz mais bela devem louvar ao Senhor.
José, Marcela e Ester se aproximaram das duas nesse instante.

- Filha, fiquei orgulhoso de você – elogiou seu pai. - Parabéns, você foi ótima!
Deus te dê muita sorte e traga muitas alegrias! Continue treinando para melhorar
ainda mais. Você puxou ao seu pai.

- Obrigada, papai, mas não me engane; seja sincero nos elogios.

- Estou sendo.

- E você, mamis, o que achou de minha apresentação?

- Gostei, filhota, do seu louvor. Foi razoável, mas para uma primeira vez foi
ótimo.

- E você, irmã, qual sua opinião? – indagou a morena para sua irmã
primogênita.

- Você foi bem, irmã. Desafinou um pouquinho, mas gostei bastante.

- Eu percebi que desafinei em dois ou três trechos da canção. Fiquei um pouco


nervosa.

- Normal, filha – incentivou sua mãe. - Você nunca tinha cantado sozinha para
uma assembléia lotada. Não se culpe e não se envergonhe. Sua apresentação foi boa.

- Obrigada, mamãe.

Melina permaneceu calada.

Depois Ícaro e Kelly se aproximaram e vieram dar um cumprimento na amiga,


pelo seu desempenho na música.

Michelle, porém, sofreu um contratempo de última hora e não pôde


comparecer ao culto daquela noite, mas alguns minutos depois enviou uma mensagem
de texto pelo telefone celular para sua “aluna”, perguntando como tinha sido o louvor
da morena em sua apresentação.

Andreza respondeu apenas que tinha sido bom, e satisfatório, e ela estava com
o sentimento de dever cumprido, e agradeceu bastante a sua tutora vocal.

Após aquele dia, entretanto, ninguém mais comentou sobre a apresentação da


jovem. Nenhum elogio e nenhuma crítica. Andreza preferiu a partir de então não se
apresentar mais nos cultos, apesar dos incentivos de seu pai e sua mãe, dada a crítica
de sua irmã e a indiferença e o desprezo dos demais pela sua apresentação. A jovem se
sentiu intimidada, e não conseguiu mais motivação para se apresentar nas
celebrações.

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E chegou finalmente o último ano da faculdade de Andreza. Seus colegas


estavam conversando na sala de aula: Felipe Aquino, Tamisa, Peter, Kelly, William,
Fabrício, Cássio, e outros mais. Andreza estava ausente nesta aula. De repente,
tiveram uma ideia brilhante, para fazer parte das comemorações da formatura: os
estudantes realizariam um baile a fantasia. Nenhum deles jamais havia participado de
uma festa desse tipo. A empolgação foi geral e todos concordaram. No mesmo dia já
dividiram várias tarefas entre si, para tirar a festa do papel.

Após esta aula Tâmisa entrou em contato com Suellen por mensagem de
WhatsApp:

- Suh, tivemos uma ideia muito bacana para nossa formatura.

- Qual foi, amiga? - indagou a morena.

- Vamos realizar um baile a fantasia. O que você achou?

- Que ideia legal. Adorei. Eu nunca fui a um baile fantasiada... Eu tinha esse
sonho de ir quando era adolescente.

- Você acredita que todos na turma disseram o mesmo. Nunca participaram de


uma festa a fantasia. Será inédito para todos. Vamos nos divertir muito.

- Com certeza. Adorei a ideia.

- Sabemos que você perdeu duas disciplinas da faculdade e vai atrasar um pouco sua
formatura, mas gostaríamos que você participasse deste baile a fantasia com a gente.

- Participo, sim. É uma pena que terei de colar grau com outra turma.

- Paciência. Fazer o quê...

- Acho nossa turma muito legal.

- Suh, todos gostaram da proposta da festa a caráter. Você quer participar da


equipe organizadora?

- Não, amiga, desta vez, não.


- Por que você faltou hoje a aula?

- Eu não estava me sentindo bem.

- Professor Henrique Tinoco perguntou por você. E todos sentiram sua


ausência. Você quase nunca falta às aulas.

- Eu tive muita dor de cabeça hoje e ainda não estou 100%. Acredito que é
sobrecarga do trabalho. Desejo que amanhã eu esteja bem para não faltar a aula na
faculdade.

- Melhoras, minha linda. Deus abençoe! Boa noite...

- Boa noite. Tchau.

E encerraram as trocas de mensagens naquele dia.

Os amigos da faculdade de Andreza planejaram deste modo um baile a


fantasia. Peter, Tâmisa, Fabrício e Kelly encabeçaram a organização do evento. A
morena foi convidada para compor a equipe de organização, mas alegou não ter
aptidão para este tipo de atividade de organização de festas.
Suellen nunca tinha ido a um baile a fantasia e ficou bastante empolgada. Ela
convidou suas irmãs, sendo que Melina concordou em ir também, e chamou André, o
qual também aceitou o convite.
Andreza buscou na Internet um local para alugar fantasias para festas e
encontrou uma loja no centro com boa variedade de opções. Para lá se dirigiu e
adentrando no estabelecimento encontrou uma funcionária que a recebeu, de nome
Isabelle.
- Bom dia, moça. Em que posso ajudá-la?
- Tudo bem? Qual o seu nome?
- É Isabelle. E o seu?
- Andreza. Isabelle, eu procuro uma fantasia para uma festa da minha
faculdade.
- Que legal! Temos muitas opções. E chegaram umas fantasias novas esta
semana.
- Que bom então. Estou tão animada para minha festa. Será em comemoração
a minha formatura, que está se aproximando.
- Quando vai ser a festa?
- Daqui a 2 dias. Sábado.
- Você está se formando em quê?
- Ciências Contábeis. Mas minha formatura será daqui a uns 6 meses ou um
pouco mais.
- Ok. Olha, meu patrão, sr Amâncio tem um amigo que está se formando em
Ciências Contábeis ano que vem. Qual sua faculdade?
De fato, quando Andreza respondeu o nome da faculdade, Isabelle disse:
- Vou chamar meu patrão para falar com você.
Quando o proprietário da locadora de fantasias veio, ele confirmou que seu
amigo, por coincidência, estudava na mesma instituição de Andreza.
- Você conhece Wellington Martins? Ele se forma no próximo ano em
Contabilidade.
- Sei quem é – respondeu a morena. - Eu estou há um semestre na frente dele.
- Mas ele não comentou nada comigo sobre esse baile a fantasia.
- É porque será apenas para minha turma e cada aluno pode convidar até 4
pessoas.
- Ah entendi. Temos muitas fantasias legais. Sou professor de teatro e olha que
de roupas para atores e atrizes eu entendo. Por isso abri uma locadora de fantasias.
- Você é professor de teatro?
- Sim. Vamos fazer curso de formação de atores? Você já teve alguma
experiência com encenação? Tem interesse por teatro?
- Já tive algumas experiências na escola e em minha Igreja Evangélica.
- Muito bom...
- Mas obrigado pelo convite. Vamos deixar para outra vez.
E ficaram conversando. Amâncio e Isabelle convidaram a moça para entrar
na loja e ver as fantasias.
Fizeram amizade e Amâncio anotou o Instagram da morena.
Suellen escolheu uma fantasia de “Pedrita”, a filha de Fred Flintstone, do
desenho animado.
- Eu adorava esse desenho animado – declarou ela.
- Eu também – contou o proprietário. – Ainda é de meu tempo. Assisti quando
criança.
Amâncio tinha a mesma faixa etária da morena.
- Essa fantasia sai bastante. As pessoas adoram. É bem descontraída – concluiu
o homem.
- Posso receber a fantasia amanhã?
- Sim. Vamos lavar e deixar preparada. Pode vir pegar amanhã a partir de 10 h.
- Combinado. Pois foi um prazer te conhecer, Amâncio.
- Igualmente. Tenha um bom dia.
- Tchau, Isabelle.
- Até logo, Andreza. Tudo de bom.
E a moça seguiu seu caminho.
Conforme o combinado, ela recebeu a fantasia e foi à festa com Melina e
André. Andreza não foi acompanhada por nenhum rapaz para ir livre e desempedida.
Sua irmã e seu cunhado preferiram alugar suas fantasias em outro local.
A festa começou relativamente cedo, às 20 horas e foi ótima, mas os
formandos levaram poucos convidados. Contrataram uma banda e a animação se
extendeu até 2 horas da manhã. Andreza e seus convidados chegaram logo após o
início do baile. Melina comentava com sua irmã que havia pessoas diferentes na festa.
- Melina, são amigos e familiares dos formandos – explicou a morena. - Eu
notei que tem uns gatinhos. Tem um garoto vestido de Fred Flintstone que fica só
olhando para mim. Acho que ele se perdeu da esposa dele e está buscando uma
namorada. E a Pedrita hoje está solteira! – e Suellen deu um sorriso.
- Está cheio de gente nova aqui. Tem uns rapazes que nem parecem ser de
São Luís. Acho que você vai se dar bem hoje, Suh.
- Deus te ouça, Mel. Mas meus amigos me dizem que em festas de formatura
quase sempre não dá em nada. Ninguém fica com outra pessoa. Como é mais família e
amigos as pessoas têm medo de ficar com alguém e saírem os comentários depois.
- É, pode ser, mas tenta se divertir. Quem duvida que sobre um gatinho hoje
para você.
- Pior que não vejo ninguém vestido de gatinho por aqui – afirmou a morena.
- Cuidado com os gaviões, Andreza - alertou André.
- Eu sei me cuidar. Fiquem tranquilos – concluiu Suellen.
Dançaram bastante e se divertiram. À meia-noite Melina pediu para ir embora.
Andreza disse que gostaria de ficar mais tempo e pediria carona para algum colega que
não toma bebida alcóolica ou, se necessário, solicitaria um transporte alternativo,
como Uber. André levou então sua namorada para casa.
No dia seguinte, Melina a interrogou:
- E aí, Suh, saiu da festa no 0 a 0? Não pegou ninguém? Mamãe disse que você
chegou em casa mais de 5 horas da manhã.
- Fiquei até o final do baile. Andei perto, mas desta vez não deu. Conversei
com dois caras, mas no fim não rolou nada. Não gosto mesmo de ficar com pessoas
que não conheço bem.

Na semana seguinte Andreza recebeu uma mensagem no Instagram do


proprietário da loja de fantasias perguntando se ela já conhecia Alcântara. Esta
mensagem foi enviada dois dias após a morena devolver sua fantasia.
O proprietário da loja de fantasias ficou louco por Andreza e começou a lhe
enviar muitas mensagens, convidando-a para sair. Ele era casado, mas não estava nem
um pouco preocupado com isso. Afinal de contas, toda a sua família morava em outro
estado e apenas sua esposa era maranhense. Amâncio trabalhava na cidade vizinha de
Alcântara e dava umas escapadas para lá com a garota. Ele começou a sair com
Andreza e transava com ela em toda parte, levando-a para Alcântara, sem que sua
esposa soubesse. Lá Andreza se deliciava com ele. E assim tiveram um caso por cerca
de três meses, até que não deu mais certo e acabaram. Amâncio a apresentou para
vários amigos seus da cidade histórica e a morena fez a alegria dos nativos
alcantarenses, tornando-se famosa na cidade como a garota do biquíni e da canga
preta. Ainda hoje ela é lembrada na cidade histórica pelos seus prodígios sexuais.
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Andreza conversou com Marcela para sair do call-center poucos dias mais
tarde.
- Marcela, estou pensando em me desligar do call-center. Pedir demissão. Lá
não está bom para mim. Meu chefe me cobra demais, a gente trabalha como um
jumento e ganha pouco. Acho que não vai dar mais pra mim...
- Que pena que você vai sair do call-center. Irmã... você já está procurando
outro trabalho? Já tem outro emprego em vista? - questionou Marcela. - Emprego está
difícil neste tempo de crise econômica por que passa o nosso país..
- Eu vi uma propaganda na Internet sobre duas vagas para vendedoras numa
loja do shopping: uma loja de bijuterias... Não exige experiência prévia com vendas.
Vai ter uma entrevista. Vou enviar meu currículo. Eles podem se interessar por mim, já
que estou cursando mais da metade da faculdade. O salário é um pouco melhor e o
trabalho parece ser menos cansativo e ter menos estresse. O ambiente de trabalho
também acredito que é mais saudável...
- Pois boa sorte, Andreza. Você já comunicou para a mamãe?
- Vou falar com ela ainda.
Dois dias depois a moça abordou sua mãe, relatando seus planos:
- Mãe, eu vou sair do call-center. Não aguento mais aquele ambiente de
trabalho. Estou vendo uma coisa melhor para mim.
- Minha filha, pensei que você estava satisfeita no seu emprego. Sair do
trabalho agora, nesta crise e numa época com tanto desemprego...
- Mamãe, eu não estou feliz nesse meu trabalho. Eu já decidi: vou sair. Estou
com uma proposta de emprego bem encaminhada...
- Onde? - indagou sua mãe, um pouco aflita. Ester sabia o quanto Andreza
precisava do emprego para se sustentar.
- Numa loja do shopping. Vou tentar ser vendedora. Especializada em bijuterias
e acessórios deste tipo para mulheres.
- Você está certa disso? Você tem perfil? Gosta de vendas? Pois é necessário
muita lábia, muitos bons argumentos para convencer clientes tão exigentes. E os
frequentadores de shoppings são pessoas em geral com um perfil mais exigente que
clientes do comércio em geral; pelo menos, é o que sinto, mesmo de longe. E este
trabalho não irá atrapalhar suas disciplinas na universidade?
- Creio que não. Vou ter uma entrevista com os dois proprietários semana que
vem. Já enviei meu currículo. Estou acreditando que vou conseguir trabalhar. São duas
vagas.
De fato, na entrevista a morena se saiu bem e agradou os dois sócios da loja,
tendo sua carteira de trabalho assinada já nos dias seguintes. O fato de ser
universitária e estar cursando contabilidade facilitou sua contratação, nas palavras dos
donos do estabelecimento.
Andreza saiu da entrevista bem contente, pois já avisaram que ela foi
selecionada e a seguir seria contratada. Foi avisar logo seu pai por telefone e ao
chegar à sua casa contou para Ester e para Marcela, a qual estava passando uma
temporada na residência de sua mãe.
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Terminou que Marcela teve que emprestar uma quantia em dinheiro para
Andreza montar sua venda de roupas pelo Instagram e pelo WhatsApp. Andreza
comprou outro chip de celular e fez uma conta de WhatsApp comercial.

Após alguns meses tentando deslanchar nestas vendas a morena desistiu e


amargou ainda um prejuízo. Ela também fez alguns gastos pessoais e ficou devendo a
sua irmã mais velha. Marcela havia lhe emprestado todas as suas economias, ou seja,
tudo o que ela tinha juntado de grana nos seus 4 anos trabalhando como atendente de
telemarketing. Sua irmã do meio prometeu pagar-lhe dentro de 6 meses, mas se
passaram quase 12 meses e nada. Andreza já não comentava com sua irmã sobre
quando pretenderia pagar a dívida e pediu demissão no serviço de call-center. Marcela
estava perdendo a paciência com sua irmã, pois parecia que esta tentava fazer Marcela
se esquecer do dinheiro emprestado. Ocorreu então que a irmã mais velha
aniversariou e Andreza lhe parabenizou através do Facebook com a seguinte
mensagem:

- Parabéns, minha irmã! Feliz aniversário! Que Deus abençoe sua vida e te traga
toda a felicidade do mundo! Continue essa pessoa maravilhosa que você é e essa irmã
incrível! Te desejo todo o sucesso do mundo, amor e paz!

Marcela, porém, respondeu à sua mensagem de aniversário de forma


inesperada, intempestiva e absurda:

- Feliz aniversário nada, Andreza! Eu quero é que você pague o dinheiro que
você me deve! Eu quero receber meu dinheiro de volta! Trate de me pagar, irmã! Este
é o único e melhor presente que você pode me dar!

Andreza ficou furiosa e muito envergonhada com estas palavras de sua irmã,
expondo aos familiares e amigos os problemas pessoais e por tanta indelicadeza de
sua irmã!

Andreza ficou, porém, estabanada, sem reação, e preferiu a priori não


responder a sua irmã em rede social e ficou remoendo aquela afronta de sua irmã.
Pensou até consigo: “Deixe ela ver; nos próximos aniversários dela não vou nem
lembrar da data. Vou fazer de conta que esqueci.“

Ficaram duas semanas sem se falar e Marcela até se arrependeu um pouco


de sua grosseria, mas não teve a humildade para pedir desculpas.

Sua mãe até a repreendeu:

- Minha filha, Marcela, que loucura foi essa que você fez. Você não poderia ter
falado aquelas palavras tão duras com sua irmã e expor esse problema para todos
saberem.

- Quem manda ela me dever e tentar me levar na brincadeira. Quando ela


necessitou do dinheiro, eu prontamente o emprestei, para ajudá-la a montar seu
negócio. Agora, já se passaram quase 12 meses e ela nem fala mais quando vai-me
pagar. Estou decepcionada com ela. Não se faz isso com uma irmã.

- Calma, Marcela. Tenho certeza de que Andreza vai te pagar assim que ela
puder. Vou falar com ela.

De fato, Ester comentou depois tudo isso com Suellen e esta se dispôs a pagar
sua irmã.

Assim que a encontrou, a morena disse para sua irmã:

- Pode deixar, irmã. Vou pagar minha dívida. Eu nunca esqueci. Eu estou
juntando o dinheiro. Eu te prometo que vou te pagar no próximo mês.
Marcela não tinha ideia de como sua irmã lhe pagaria, mas mesmo assim lhe
agradeceu.

- Obrigado, Andreza.

E depois deste dia fizeram as pazes. Todavia, Andreza ficou ressentida por
muito tempo com sua irmã mais velha, por aquela atitude infantil que constrangiu
Andreza perante a família e os amigos.

Suellen passou cerca de um mês sem mostrar a cara para a família e os


amigos, sentindo-se envergonhada.

A morena decidiu então procurar vários bancos e empresas de crédito fácil


até que encontrou um banco que lhe confiou um empréstimo para quitar a dívida com
sua irmã. Além disso, Suellen ainda pagou para Marcela um juro de 10 % sobre o
montante da dívida na tentativa de compensar parcialmente seu atraso em pagar sua
irmã. Andreza teve que contrair um empréstimo com altos juros, tendo financiado a
dívida em 48 meses.

Após cerca de 30 dias a quantia de dinheiro foi depositada em sua conta


corrente. Encontrou sua irmã e lhe entregou o cheque para o pagamento do
empréstimo, dizendo para Marcela:

- Receba, irmã, - e lhe entregou o cheque em mãos, devidamente assinado. -


Aqui está seu pagamento conforme o combinado. Desculpe o atraso. Obrigada.

Marcela recebeu o cheque prontamente, abrindo um leve sorriso no rosto,


mas não agradeceu e sequer disse alguma coisa.

Posteriormente, Andreza negociaria sua dívida no banco através de um site


(acordo certo), pois já não estava conseguindo pagar as prestações, e chegou a atrasar
algumas; porém, ao final, e com muita luta, terminou finalmente de pagar o
empréstimo, limpando seu nome do Serasa.

Andreza jurou a si mesma que nunca mais pediria dinheiro emprestado nem
para Marcela, nem para Melina, ou para qualquer outro familiar ou amigo.

___________________________________________________________
Andreza começou a trabalhar numa loja de bijuterias no Shopping.
Na semana seguinte após a entrevista de emprego, Andreza Suellen se
apresentou na loja de bijuterias levando seus documentos, inclusive sua carteira de
trabalho, e foi admitida formalmente, começando a trabalhar dois dias depois. A loja
tinha dois sócios, Sr Márcio André e Sr D'Avila. Os dois eram casados; o primeiro tinha
por volta de 35 anos, enquanto o segundo já beirava os 50. Márcio era o mais
presente, fazendo a função de socio-administrador, e com a constante visita de sua
esposa Regina, que “supervisionava” tudo. D’Ávila era mais tranquilo e aparecia de
surpresa cerca de uma ou duas vezes por semana; ele também tinha outro
empreendimento e se dividia entre os dois. Sua esposa muito raramente ia na loja: 3
ou 4 vezes no ano todo, no máximo. Quando da sua entrevista antes de ser admitida,
Andreza conheceu os dois sócios, sem as respectivas esposas.
Ao iniciar seu trabalho na função de vendedora, logo em seu primeiro dia, a
morena conheceu Regina, uma senhora simpática, tendo por volta de 35 anos , e mãe
de um casal de filhos, moça e rapaz, de 8 e 5 anos cada um. Regina e outra funcionária
de nome Mariana Filgueiras faziam a função de departamento de recursos humanos
(RH) da empresa e recepcionaram a morena:
- Olá, prazer, Andreza, meu nome é Regina, e sou esposa de Márcio. Desculpe
eu não estar no dia da sua entrevista e há 3 dias atrás quando você entregou seus
documentos. Eu ajudo Mariana no RH da empresa.
- Prazer sra Regina, como vai a senhora? Estou feliz com esta oportunidade de
emprego.
- Eu também; vejo que você é uma bela jovem, disposta a estudar e trabalhar.
Parabéns pelo seu esforço. Estarei aqui na empresa a sua disposição. Você receberá
um crachá especial indicando que você está em treinamento, pois você deve imaginar:
os clientes do shopping são exigentes e sei que você é novata na área de vendas.
- Mas com muita disponibilidade para aprender, dona Regina.
- Sim. As suas colegas de vendas, Rejane e Adriana, vão te auxiliar no que for
necessário para você entrar na rotina da loja e começar o atendimento dos primeiros
clientes. Elas vão te ensinar usar os programas de computador para as vendas, como
ver os estoques, como atender e tirar todas as suas dúvidas. Andreza, preciso ir. Bom
trabalho e seja bem vinda em nossa equipe. Temos mais uma funcionária na
administração, Fernanda Botentuit (ela adora seu sobrenome, nunca esqueça por
favor) - e Regina abriu um sorriso descontraído - e temos outra vendedora, que está de
folga hoje de manhã e irá revezar com você e suas colegas de hoje. O nome dela é
Cíntia, Cíntia Tribuzi, mas você pode chamá-la apenas de Cíntia. Ela não faz questão
por seu sobrenome não ser pronunciado sempre. Fernanda está numa consulta
médica, mas vai entrar 11 horas no trabalho. Você vai conhecê-la mais tarde. Até logo.
- Obrigado, senhora Regina. O prazer foi todo meu - disse Andreza, visto que a
patroa já se retirava.
De fato, naquele primeiro dia Rejane e Adriana começaram a ensinar tudo
sobre a loja, sobre os produtos e como atender os clientes. Rejane era mais séria e
mais calada; já Adriana, era mais divertida e conversadeira; mas as duas eram muito
simpáticas com os clientes e também receberam Andreza muito bem.
Andreza, bem descontraidamente, lhes perguntou:
- Meninas, e o sobrenome de vocês, poderiam me dizer? Fiquei curiosa.
- Nosso sobrenome é de pobre, Andreza – disse Adriana, com ironia.
E as duas pronunciaram seus sobrenomes familiares.
- Rejane Gomes.
- Adriana Silva.
- E nós duas temos Santos - reforçou Rejane, olhando para sua colega mais
nova.
- E por que tal preconceito com estes sobrenomes? - inquiriu Suellen,
calmamente.
- Foi só uma brincadeira, Andreza – respondeu Adriana. – Não sou
preconceituosa. É porque estes sobrenomes são muito comuns e não aparentam nada
de pomposo. Só isso.
- E você, vai preferir ser chamada de Andreza ou Suellen? - indagou Rejane.
- Prefiro Andreza.
- Você tem algum apelido? – quis saber a outra funcionária veterana.
- Por que você quer saber? - replicou a interrogada, rindo.
- Fiquei curiosa – justificou Adriana.
- Não é para fazer alguma gracinha depois, é? - indagou Andreza, em tom de
brincadeira.
- Não, fica tranquila – emendou Adriana.
- Não fala, Andreza! – brincou Rejane.
- Meu apelido é simples: Suh.
- Achei legal - disse Adriana.
- E vocês, têm apelidos?
- Só podemos contar após nossa amizade completar 6 meses e após
conhecermos seu pai e sua mãe. Ok. - Disse Rejane, brincando. - Você tem mãe e pai
vivo? É tão nova, deve ter!
- Sim, são vivinhos da Silva, literalmente. Se eu soubesse que vocês iam me
fazer mistério eu não teria contado meu apelido – disse Andreza, de forma
descontraída. – Só que tenho outro apelido e não vou falar, viu só.
Suellen já estava-se achando amiga de Adriana e Rejane e assim criou coragem
e perguntou:
- Meninas, eu fiquei curiosa agora. Vocês poderiam me responder mais uma
pergunta? Havia alguma funcionária no meu lugar e que foi demitida?
As outras duas se entreolharam e Rejane respondeu.
- Sim, havia.
- E vocês poderiam me dizer porque ela saiu? Ela pediu contas ou foi demitida.
- Foi demitida.
- E qual foi o motivo, posso saber?
As suas colegas fizeram uma pausa de cinco segundos, pensando.
Adriana respondeu:
- Não sabemos o motivo exato. Ela era uma boa vendedora. Temos suspeitas,
mas os patrões e a nossa ex-colega, que foi despedida, preferiram não falar nada. Nós
também não quisemos sondar muito. Percebemos até que ela mudou o número de
seu telefone celular.
- Estranho. Pode ter sido coincidência. E eu queria fazer uma pergunta
indiscreta. Posso?
- Faça – responderam as duas, em uníssono.
- Alguma de vocês tem medo de perder o emprego pra mim?
- Não, Andreza – disse Rejane.
- Fica tranquila, Suh - reforçou a outra vendedora.
- Neste emprego, pelos próximos dois anos, só tem uma pessoa que pode
provocar nossa demissão: nós mesmas. Pode se manter calma, Andreza. Não estamos
preocupadas de você tomar nosso emprego. Pode relaxar – disse Rejane. -Não tem
disputa entre nós; te garanto que não.
E foram trabalhar.
Andreza chegou muito satisfeita à sua casa e contou para sua mãe e para
Melina que seu primeiro dia no novo emprego tinha sido ótimo e conhecera a esposa
de um dos proprietários da loja, e que esta havia-lhe tratado muito bem.
Suellen se adaptou bem ao novo trabalho e dentro de duas semanas já se
virava bem na loja e estava tendo sucesso com os clientes. Seu patrão Márcio André
em especial notou a desenvoltura e o progresso da moça como vendedora. No terceiro
mês de serviço Andreza foi escolhida como a vendedora do mês e como era de praxe
ganhou direito a ter uma plaquinha com seu nome afixada no interior da loja por 30
dias, para comemorar e elogiar seu desempenho.
O sócio-administrador começou a se aproximar mais de Andreza,
principalmente quando sua esposa estava ausente e ficava puxando conversa com a
morena, embora com grande cautela e procurando se despistar das outras
funcionárias.
Ele indagou para Suellen:
- Andreza, você é de qual região de São Luís?
- Sou do bairro Jardim São Cristóvão – respondeu a morena.
- Eu tive um grande amigo que morava lá, mas ele se mudou.
- Você já tinha trabalhado com vendas antes de chegar aqui?
- Como eu lhe disse: apenas vendas online de roupas.
- Porque seu desempenho como vendedora está sendo elogiável.
- Fico agradecida. Talvez seja pelo fato de eu me interessar muito por joias,
semijóias e bijuterias. Eu estudo bastante sobre isso.
- Um! Interessante! Deve estar ajudando mesmo. Pensei que você só estudasse
contabilidade nas suas horas fora da loja. – disse Márcio, fazendo graça. - Deixe eu te
perguntar uma coisa: você é evangélica? É protestante?
- Sim, sou assembleiana. Por quê? O senhor o é também?
- Não, eu sou católico, mas pouco ativo na Igreja. Achei seu jeito inicialmente
parecido com o de uma pessoa protestante. E suas roupas também, no começo. Mas
não me leve a mal. Era só uma curiosidade. Respeito o credo de todas as pessoas,
embora eu pense que aqui não é local para debater sobre religião. Mas eu acho as
pessoas evangélicas em geral muito honestas e corretas.
- Obrigado pela parte que me cabe – redarguiu a morena.
- Não há de que – continuou o sócio da loja. – E você, termina quando sua
faculdade de Ciências Contábeis?
- No segundo semestre deste ano, ou seja, daqui a 6 meses. Já estamos
inclusive fazendo as fotografias para os álbuns e convites de formatura. Mas não sei se
eu vou pagar para participar do baile. Meu pai ainda vai ver se pode ajudar a pagar
minha festa.
- Pois parabéns. Está mais perto do que longe então.
- Sim, estou vencendo uma luta de quase 5 anos. Eu perdi um semestre da
faculdade por problemas de saúde.
- O que foi?
- Desculpe, mas prefiro não contar.
- Tudo bem. Sem problemas. Andreza, eu acredito que nós vamos contratar
mais uma pessoa para a administração. Como você já está dentro da empresa vejo que
você poderia ter prioridades ou estaria na frente de outros candidatos para assumir
esta vaga. Você está se formando em contadora e isso conta a se favor. O salário é
bem melhor, eu te garanto.
- É mesmo? Obrigado por pensar em mim. Fico lisonjeada. Foi dona Regina
que propôs meu nome?
- Não, fui eu mesmo. Cheguei a falar com D’Avila, e ele achou seu nome uma
possibilidade interessante, mas não falei com Regina ainda.
- Ah, entendi, - disse Andreza, imaginando como dona Regina reagiria – mas,
de toda forma, eu agradeço mesmo a confiança. E minhas colegas vendedores, não
ficarão enciumadas?
- Não vão ficar, não se preocupe.
Neste instante Márcio André se aproximou mais de Andreza e procurou fitar-
lhe os olhos, esboçando até que ia tocar suas mãos, mas não chegou a tanto e ainda
disse:
- Só depende de você para conquistar esta vaga. Eu estou do seu lado.
E Márcio se afastou da moça. Andreza ficou digerindo aquelas frases, que por
um momento lhe pareceram ter duplo sentido. Mas verificou a presença de uma nova
cliente na loja e foi atendê-la.
Ainda durante seu trabalho no shopping center Andreza conheceu duas
vendedores de outras lojas, de nomes Anália e Valentina, com as quais fez amizade na
praça de alimentação quando as encontrava lanchando num momento de folga. Elas
foram suas principais amigas do shopping; a morena não quis aprofundar sua relação
de amizade com as outras funcionárias de sua loja, pois não desejava misturar os
sentimentos e as relações pessoais com as profissionais, mas mantinha um vínculo
amistoso com todas.

Durante 7 meses Andreza conquistou o título de melhor funcionária por três


vezes. E chegou o período de sua formatura. Andreza convidou seus patrões, mas eles
não puderam ir pessoalmente para as festividades; contudo, enviaram-lhe, cada um,
um singelo presente e um cartão felicitando-a por ter alcançado seu objetivo na
faculdade.
Cerca de um mês após concluir seu curso superior Andreza foi promovida para
o setor de administração da loja, com a anuência dos sócios e da sra Regina. De suas
colegas de trabalho apenas Cintia questionou a promoção de Andreza, comentando
com as duas vendedoras mais veteranas que esta oportunidade deveria ter sido na
verdade para uma delas, por já terem mais serviços prestados a empresa. Rejane e
Adriana responderam a Cintia, porém, que estavam satisfeitas em sua função de
vendedoras e pensavam que Andreza havia conquistado a vaga na administração por
merecimento visto seu desempenho nos 7 meses iniciais de trabalho naquela loja, bem
como ter atingido a sua formatura no nível superior em Contabilidade, dado que elas
duas, Rejane e Adriana, não tinham curso superior.
Mariana Filgueiras veio comunicar Andreza de sua promoção para o setor de
administração e a felicitou porque em sua opinião de fato este setor carecia de mais
uma funcionária e a novata tinha-se habilitado ao cargo pela sua dedicação e esforço
nos primeiros seis meses de empresa. A morena trabalharia no setor de faturamento
junto de Fernanda Botentuit. Andreza chegou muito satisfeita à sua casa e foi
comunicar sua mãe sobre esta conquista. Deste modo a filha de Ester estava-se
realizando profissionalmente e aquela mãe se sentiu muito orgulhosa de sua filha.
Márcio André e Sr D’Avila continuavam na mesma toada e sra Regina gostava
bastante do trabalho de Andreza, antes como vendedora, e agora auxiliando na
administração, no setor de compras e reposição de estoques.
Durante sua permanência no Shopping a jovem Andreza Suellen colou grau e se
formou contadora, para a alegria de seus pais. Eles imaginaram que a partir de então
muitas portas se abririam na vida de sua filha querida, e que seu futuro já estaria bem
encaminhado.

Depois de viverem quase dez anos juntos e, após terem oficializado uma união
civil, José e Vanusa se separaram, por um desgaste natural da relação com o tempo de
convivência. O casal tinha montado um pequeno açougue, mas tiveram que desfazer a
sociedade. A mulher era cerca de dez anos mais jovem do que José, mas quando
começaram a conviver, ela já possuía cerca de 30 anos de idade e preferiram não ter
nenhum filho. Andreza já estava morando com sua mãe quando José e sua segunda
esposa se desligaram. Vanusa continuou morando na mesma casa, no bairro São
Cristóvão, a qual já era sua antes de se casar. José procurou alugar um pequeno
apartamento no mesmo bairro, pois não gostaria de se afastar daí.
Após a separação de José, como Ester permanecia sozinha, Andreza alimentou
pequenas esperanças de que seus pais reatassem o casamento, mas tudo isso logo se
desfez. Em verdade, como já estavam separados e divorciados há mais de cinco anos,
os dois não viam nenhuma condição de retornarem a viver juntos. Após pouco tempo,
Ester conheceu um fiel de sua Igreja, chamado Genésio, que era de uma cidade do
interior do Paraná, e que tinha-se mudado para São Luís, e iniciaram um
relacionamento afetivo.
Suellen, inclusive, chegou a comentar algo com seu pai se haveria uma
possibilidade de reconciliação com Ester, mas José confessou a sua filha que ele tentou
uma reaproximação com a ex-esposa por duas ocasiões, antes de conhecer Vanusa,
mas Ester recusou. Andreza, mais uma vez, ficou aborrecida com sua mãe, pois ela
gostaria mesmo que os dois ainda vivessem juntos.
- É por isso que tem horas que eu não gosto de minha mãe – desabafou a
garota.
Mas Antônio José tentou amenizar a situação.
- Filha, não fale assim de Ester. Ela te ama, apesar de tudo.
__________________________________________________________
Após se separar de José, Ester se voltou para seu curso de Enfermagem e para sua
Igreja, bem como esteve empenhada na criação de sua filha mais nova, Melina. E assim
essa mulher passou cerca de dez anos sem nenhum companheiro. Coincidentemente,
logo após o término do casamento de Antônio José e Vanusa, Ester conheceu um
homem, que também era divorciado e que era natural do interior do estado. Seu nome
era Genésio, tinha a mesma faixa etária da mulher e trabalhava como caminhoneiro.
Ele passou a frequentar a mesma congregação de Ester, depois fez um curso de
formação em sua Igreja, e tornou-se pregador da Palavra de Deus. Genésio fez
amizade com os pais de Ester e passou a fazer o papel que antes era ocupado por José,
ajudando a namorada no cuidado com seus genitores, os quais já eram muito idosos.
Genésio soube se aproximar de Marcela e de sua família, e também de Melina,
mas nunca conseguiu ter um bom entrosamento com Andreza.
Após 6 meses de relacionamento, Ester decidiu convidar Genésio para morarem
juntos e assim oficializaram a união num evento simbólico em sua congregação e num
buffet que ele alugou para realizarem a pequena celebração. A mulher sentia a
necessidade de ter um homem em sua vida e em sua casa e Genésio foi a pessoa que
apareceu na hora certa.
Suellen, porém, sentia ciúmes de sua mãe com Genésio e percebeu que aquela
casa agora estava pequena para albergar tantas pessoas. Marcela já tinha conhecido
David e passaram a morar juntos. Algum tempo depois que Genésio juntou-se àquele
núcleo familiar, Andreza teve uma discussão com o mesmo, e lhe afirmou que aquele
homem jamais substituiria seu pai e que ela não o aceitaria como padrasto. Em
consequência a este desentendimento pouco tempo depois a garota preferiu alugar
um imóvel e saiu da casa de sua mãe. Ela estava trabalhando no shopping, na loja de
bijuterias.
Ester ficou chateada com as atitudes e o comportamento de sua filha do meio e
passaram cerca de um mês sem se falar, mas depois fizeram as pazes.
José, por sua vez, viria a conhecer cerca de um ano e meio depois uma outra
pessoa, chamada Angélica, que era viúva, e tinha um salão de beleza e iniciaram um
affair.

A namorada de Antônio José era um mulher avançada e moderna, inclusive


seguia um grupo nas redes sócias chamado: “Adoro inversão de papéis” sobre casais
que curtem a prática de massagem prostática e outras loucuras sexuais. As filhas de
José perceberal isso rapidamente na conta de sua mais nova “madrasta” e concluíram
que a mulher era meio “danadinha” e “quente” com relação a sexo.
Trícia se encontrou com Suellen e disse para a mesma :

- Você ama seu ex-namorado, Andreza?


- Acho que não.
- Mas você disse que acredita ainda gostar dele.
- Ah, gostar é fácil. Eu gosto de muita gente, amiga. Eu sou muito fácil de gostar
das pessoas – justificou a morena.

- Bruna, por que será que você é tão bonita e tão desejada pelos homens, mas
não consegue alguém sério e que goste de você de verdade e por que motivo você não
consegue ser feliz?
- Nem eu mesma sei.

NÁDIA CONTOU PARA ANDREZA QUE UM AMIGO DELA SE APAIXONOU POR


UMA GAROTA DE PROGRAMA. Encontraram-se no shopping.

- Andreza, aconteceu um caso curioso com meu amigo Alfredo.

- Pois me conte, Nádia.

E sua amiga relatou a história completa:

- Depois de ser casado por cerca de 15 anos, Alfredo se apaixonou por uma
garota de programa com quem estava tendo relações há mais de 06 meses. A moça já
não cobrava pelo tempo que dispunha com o então cliente, que muitas vezes preferia
conversar durante o período. Ela conta que ela era mais nova, mais bonita e ganhava
até melhor do que a esposa dele e ele próprio. Ele a convidei para morar e a moça
topou. Depois que passaram a dividir o mesmo teto, entretanto, as coisas foram mais
difíceis do que o imaginado: ela chegava todos os dias muito tarde, com cheiro de
outros homens. Aquilo o torturava, porque ele tinha um imenso carinho por ela e
ficava imaginando tudo o que ela tinha feito com os clientes... Tentou fazer terapia,
mas chegou ao limite e ele pediu que a garota deixasse a profissão, mas o pedido foi
rechaçado. O romance, então, chegou ao final.

- E ele havia deixado a esposa?

- Sim.

- Que absurdo! E foi morar com essa menina que continuava fazendo
programas!?
- Ele bancou o babaca. Deixou a esposa numa situação ridícula, sem nenhuma
garantia, por uma aventura com uma puta.

- Não acredito que seu amigo fez isso. Quando foi e como ele está agora?

- Ocorreu o ano passado. Ele está sozinho. Ele não tentou voltar para a
esposa.

- Eu , se fosse ela, também não o aceitaria de volta – declarou a morena.

Nádia afirmou neste mesmo dia que possuía um segredo e uma novidade para
lhe revelar. O que ela queria contar para a morena é que ela se envolvera com um
homem casado, o que jamais havia acontecido. Nádia confessou para “Bruna“ que
estava sendo amante há 3 meses de um homem casado

Este homem a estava ajudando financeiramente e Nádia estava gostando de


passar pelo papel de amante. A esposa traída viajava a trabalho e eles aproveitavam a
oportunidade pois o indivíduo não tinha filhos ainda e se deslocavam para uma cidade
vizinha para curtirem sem serem vistos. Ela estava achando a situação tentadora e
divertida, apesar de saber que não estava agindo corretamente.

- Eu estou adorando a brincadeira; mas sei que ele é passageiro em minha vida
e não posso me envolver.

- Nádia, é adultério o que vocês estão praticando! Sai logo da vida desse cara!
É a dica que eu te dou, como amiga. Ele trabalha com o quê?

- Ele trabalha em um banco e mora numa cidade vizinha; quando o conheci


não sabia que ele era casado. Carlos me dá presentes e me ajuda com grana em
algumas coisas.

- Não pense apenas nas vantagens financeiras! Mas você não descobriu que ele
é casado? Deixa ele. Procura um solteiro.

- Eu vou deixar logo, logo. Mas está sendo tão bom o nosso caso.

- Cuidado para não ficar gamada demais. Não se iluda, pois dificilmente ele vai
deixar a esposa.

- Eu nunca o incitei a fazer isso. Comecei a gostar dele e quando descobri que
ele era compromissado era tarde demais... Safado, me enganou. Agora eu já estava na
“dele”, envolvida.

- Então pula fora, enquanto é tempo.

- Vou cair fora em pouco tempo, mas deixa eu aproveitar um tiquinho a mais.
- Amiga...

- Agora que fez três meses que a gente se conheceu...

Saíiram então para o shopping para comerem algo juntas.

A mãe de Andreza, Ester, pediu que uma vizinha sua de nome Silvane tivesse
uma conversa com a moça. Ester não tinha amizade com a outra senhora, mas como
esta era afeiçoada a Suellen, a evangélica se aproximou da vizinha para tentar sua
ajuda. Andreza escutaria Silvane e poderia ser influenciada por ela, pois eram amigas.
Ester foi até a casa de Silvane e dirigiu-se a ela nestes termos:
- Amiga, minha filha Andreza anda tão rebelde comigo. Ela está impossível. Vive
se desentendendo comigo. Eu queria que você falasse com ela para abrir seus olhos e
ver se ela muda. Quer sair da faculdade, só pensa em namoro, apesar de que não vejo
ela com ninguém, quer trabalhar demais. Eu digo que ela deve priorizar a faculdade e
ela se zanga comigo. Falo que ela deve ir ao culto conosco ao invés de sair com o
namorado e ela se aborrece. Peço para ela brigar menos com as irmãs e ela acha ruim.
Não quer lavar roupa, não gosta de cozinhar, detesta limpar a casa. Vive dizendo que
está cansada, chega do trabalho abatida, às vezes. Pergunto o que aconteceu e ela
responde apenas: “Não foi nada; tudo normal“. Mas penso que não foi. Ela chega com
cara de poucos amigos, quase não fala com a gente; come rápido, vai para o celular e
dorme, sem me dar boa noite nem pedir a minha benção. Andreza é uma boa filha,
mas tem horas que me deixa apreensiva. Briga demais com as irmãs, por roupas,
perfumes, calçados. São coisas assim: Ah, você pegou meu sapato novo e arranhou;
ah, você usou minha roupa nova escondido, lavou depois e manchou; ah, você
derramou meu perfume; você é chata, reclama de tudo. Andreza fala: Ah, seu
namorado vem demais aqui para casa, e isso enche o saco. Ah, seus amigos são
indiscretos e quando vem aqui pra casa fazem a maior baderna; tem momentos que eu
falto não aguentar, Silvane. É estresse. Minhas filhas me aborrecem.
- Acalme-se, Ester - disse a vizinha. - Eu vou falar com ela. Andreza me
considera muito e eu sei como abordar estas questões. Nossos filhos muitas vezes
escutam mais os estranhos e as pessoas fora de casa do que a nós mesmas. Mas pode
deixar que darei umas boas dicas para ela e vou procurar abrir seus olhos para a vida.
Lá em casa não era muito diferente antes do Armando sair para estudar. Ele vivia
brigando com a Sofia. Graças a Deus ele começou como estagiário da empresa de
correios e agora vai trabalhar com agricultura. E agora que ele tem ocupação meu
filho ficou mais adulto. Eles quase não tem mais conflitos. Lá em casa está a maior paz.
- Obrigada, Silvane. Você tem que conversar algumas vezes com Andreza.
Passar umas orientações para ela, já que ela recusa me ouvir. Depois você me repassa
o resultado dessas conversas com ela. Espero que deem algum resultado positivo.
Andreza precisa mudar. Ela é uma pessoa difícil de se lidar.
- Pode deixar, amiga. Vou tentar ajudar vocês duas - terminou Silvane.

Silvane mandou um recado para Andreza, dizendo que gostaria de falar com ela
em sua casa.
No dia seguinte a moça foi até sua residência.
A vizinha se dirigiu a Andreza:
- Entre, querida, estou com saudade de você. Você tem trabalhado muito
ultimamente; a gente já não se encontra mais.
- Pois é – reforçou a jovem.
- Você não veio mais para as minhas caranguejadas! Tenho notado sua
ausência! Já te convidei duas vezes e você não veio.
- Eu tinha compromisso nesses dias, amiga.
- Também tem uma piscininha agora para a gente tomar banho depois da
cerveja. Apesar de eu saber que você não gosta de cerveja!
- Ah, que bom, reparei que vocês tem piscina agora. Muito bacana!
- Sim, meu filho mandou colocar para nós uma piscina de fibra. Sofia Beatriz
adora tomar banho com o pai ou suas amigas.
- Como está o seu filho?
- Ele tem vontade de ter o negócio dele e quer trabalhar com pecuária e
agricultura. Armando é um rapaz obstinado.
- Que bom, Silvane! Parabéns pelo seu filho.
- Obrigada, minha querida. Tenho muito orgulho de meu filho Armando.
Quando ele estiver em casa, vou te chamar para vocês conversarem. Ele gosta muito
de você, sabia?
- É mesmo? Eu conversei com Armando tão poucas vezes; nem imaginava que
ele possuía alguma afeição por mim; e onde estão a Sofia Beatriz e seu esposo?
- Deram uma saída de carro; precisaram ir ao supermercado. Eles acabaram de
sair.
“Vamos até a cozinha tomar um café com biscoito. Eu terminei de passar o café
e eu sei que você aprecia um bom cafezinho cheiroso.
- Sim, eu gosto muito. Vou aceitar seu convite.
E as duas caminharam até a cozinha. Silvane pediu que a visita sentasse e lhe
serviu café com biscoito.
- O café é amargo; tem açúcar e adoçante na mesa: o que você prefere?
- Vou tomar com adoçante.
- Fique à vontade; vou tomar o meu com açúcar.
E a vizinha de Andreza continuou puxando conversa.
- Andreza, você é uma menina maravilhosa, sabia? Sua mãe tem muito orgulho
de você.
- Amiga, foi minha mãe que pediu para você me falar estas coisas?
- Não, Andreza, – fingiu Silvane - mas ela realmente já elogiou você para mim
inúmeras vezes. Percebo que ela é uma mãe apaixonada.
- Minha mãe gosta de adular para fazer suas exigências depois.
- Não é verdade, Andreza; mas a função das mães também é pegar no pé dos
filhos e cobrar certas atitudes e comportamentos. Precisamos ter esse papel
educativo. Eu trabalho numa escola e tenho um pouco de contato com pais e
professores. Sei como é esta luta. Imagine que você será mãe um dia e se coloque no
lugar da tua mãe, no que ela vive hoje.
- Eu nem sei se vou querer ser mãe um dia.
- Não diga isso, Andreza. E você é muito jovem mesmo para pensar na
maternidade. Mas tenho certeza de que sua mãe sonha em ver os netos e netas que
você ainda vai dar para ela.
- Deus é quem sabe.
- Eu também já penso em quando vou ganhar meus primeiros netos, quando
serei avó.
- Armando tem namorada?
- Ainda não. Ele é um rapaz muito calmo e sai pouco de casa. Até hoje ele só
teve uma única namorada. Mas acho que logo, logo, ele encontra uma moça bem legal
para namorar. Andreza, e como estão suas irmãs?
- Aquelas chatas?! Não vejo a hora de Melina arranjar outro emprego. Ela saiu
do call-center, foi demitida, ou ela entrar numa faculdade para fazer um curso
superior. Ela só fica dentro de casa o dia todo, abusada, enchendo minha paciência,
trazendo os amigos chatos dela lá para casa.
- Você não tem amizade com eles?
- Quase nenhum e nem quero.
- Por quê?
- Eles são muito bobos e são mais novos. E tem aquele namorado dela que não
sai lá de casa e do nosso quarto. Tira até minha privacidade.
- É mesmo?
- Sim, não sai lá de casa, adulando a mamãe.
- Mas você se dá bem com ele?
- Sim, me dou. Mas tem horas que eu abuso a cara dele. E tem mais: muitas
vezes chego em casa cansada, precisando descansar e ela fica ouvindo música em alto
volume no quarto. Usa fones de ouvido, mas você acredita que ela ouve música tão
alto que eu ainda escuto e me incomoda. Ela também usa minhas roupas, meus
perfumes, minhas maquiagens, e meus calçados, embora quase nunca combinem com
o número dela. Ela usa mais algumas peças de roupa e calçados da Marcela.
“Também não vejo a hora de Marcela ir para a casa dela com as minhas
sobrinhas. Lá em casa é pequeno demais para tanta gente. Eu sei que ficarei com
saudade das meninas, mas sei que esse dia vai chegar. Tenho que me preparar.
- Andreza, tenha paciência com sua irmã mais nova. Vocês devem procurar
resolver estas dificuldades no diálogo e sem brigas ou discussões.
- Vou tentar, prometo. Tenho que agir com mais maturidade.
- E a relação com sua mãe, como está?
- Vai bem.
- Vocês têm intimidade? Vocês sabem segredos uma da outra?
- Não. Eu não sei os segredos de minha mãe. Ela não me conta. Acho afinal que
eu nem quero saber mesmo.
- Certeza? Você está falando sério?
- Nem sei, Silvane. Digamos que sim.
- Andreza, a função de nós mães é difícil. Precisamos ser amigas de nossos
filhos, mas também necessitamos ver as coisas erradas e orientar nossos filhos para
que mudem para melhor e deixem o caminho errado. Essa tarefa para uma mãe é
trabalhosa e em muitos momentos pode não ser agradável para os filhos, mas temos
este papel, esta obrigação. Precisamos abrir os olhos de nossos filhos e não encobrir
os seus erros e seus defeitos, mas apontá-los e até sugerir mudanças. Andreza, você
gosta de sua mãe?
- Gosto dela sim. Por que, Silvane, você me perguntou isso? Eu fiz algo ou falei
coisas que indiquem o contrário?
- É porque não vejo você falar de sua mãe carinhosamente. Aí fiquei em dúvida.
Sua mãe já lhe fez algum mal?
- Não, mas noto que suas perguntas estão ficando difíceis de responder.
- Andreza, para terminar eu só queria dizer que acho você um pouco, digamos,
“distante“ de sua mãe; a minha opinião é que vocês deveriam ser mais amigas; e tenha
mais calma e mais paciência com suas irmãs. Com diálogo se resolve muita coisa. Eu
aqui em casa debato muito os problemas com o Marco e graças a Deus nossa vida está
dando certo. Nosso casamento já tem 21 anos.
- E na sua casa, seu casal de filhos tem algumas brigas?
- Não mais. Armando está muito maduro e não briga mais com Sofia. Após
entrar no estágio da empresa de correios ele ficou muito mais responsável e com um
comportamento mais adulto. Ele é um filho ótimo. Eu adoro meu filho. E seu curso na
faculdade? Como está, Andreza?
Silvane se recordou que Ester havia comentado que Andreza cogitava abandonar
o curso na faculdade para se dedicar apenas ao trabalho.
- Silvane, eu confesso que é duro e cansativo estudar e trabalhar ao mesmo
tempo, mas preciso concluir meu curso. Não posso decepcionar meu pai. Ele ficou
muito contente quando fui aprovada para a faculdade e ele sonha comigo formada e
trabalhando em minha área.
- Andreza, você gosta do seu curso? Ou só continua por causa de seu pai?
- Amiga, é mais ou menos assim: eu gosto sim, mas tenho receio de me formar
e ter poucas oportunidades de emprego. Contabilidade depende também de
concursos públicos e vejo que sempre são poucas vagas para Ciências Contábeis nos
concursos.
- Filha, acho sua área ótima. Você pode colocar um escritório e trabalhar de
outras formas também.
- Só se for com alguma colega; sozinha, acho que não consigo tocar pra frente.
Penso eu. E é necessário influência para se crescer no mercado de trabalho.
- Seja otimista, querida. Tenha confiança em seu trabalho.
- Pois, Silvane, eu vou embora. Tenho que me vestir e sair para o trabalho.
- Volte depois para a gente conversar mais. Adorei sua companhia no café.
- Eu também.
- Deixe eu te acompanhar até a porta.
E Silvane conduziu a moça até a saída de sua residência.
- Tchau.
- Tchau, querida.
E se despediram.

Dois dias depois Ester e Silvane se encontraram e a mãe de Andreza quis saber
o conteúdo da conversa entre a vizinha e sua filha.
- Ester, - começou Silvane – ela me confirmou quase todos aqueles problemas
em casa que você me relatou. Andreza tem frequentado os cultos?
- Antes íamos três vezes por semana, mas desde que ela voltou a morar comigo
ela tem frequentado a cada 7 dias apenas. Ela trabalha e faz faculdade, vejo que ela
realmente tem menos tempo.
- Parece que Andreza precisa orar mais...
- Por que, Silvane?
- Ela parece se desentender muito com a irmã dela.
- Sim. E a Melina saiu do call-center, está desempregada. Fica muito tempo
dentro de casa e não é bom. E sem ganhar o dinheiro dela, Melina usa um pouco os
objetos das irmãs e aí se iniciam alguns conflitos.
“Eu me lembro quando era adolescente e adulta jovem em minha casa: eram
muitas pessoas num lar bem pequeno, mas não tinha confusão e bate-boca como está
sendo lá em casa nos últimos tempos. Não vejo a hora de Marcela ir para a residência
dela, pelo bem de minhas netas.
- E você não pensa em devolver Andreza para o pai?
- Não. Eu quero ficar com minha filha. Deus está me dando outra chance de me
aproximar dela. Não posso deixar esta oportunidade passar. Quero que Andreza fique
morando comigo e Melina. Tenho esperança também de que elas vão se entender
muito em breve.
- Andreza tem namorado no momento?
- Não. Ela me diz que não. Ela terminou com o último namorado já faz algum
tempo.
- Será que ela não está precisando de um namorado? Ela deveria namorar com
meu filho, o Armando. Ele é um ótimo rapaz.
- Ai, Silvane, não acho muito legal namoro com filhos de amigas - replicou Ester.
- Para mim seria um prazer. Eu gosto muito de sua filha. Desde que ela veio
morar aqui fizemos amizade rapidamente. Nós temos muitas afinidades. Eu até falei
para ela que quando o Armando estiver em casa vou convidá-la para um almoço ou
uma caranguejada para eles fazerem amizade.
- É, pode ser – reiterou Ester, com pouca disposição.
- Minha filha Sofia também adora a Andreza. Ela gosta muitíssimo dela.
- Ela é uma menina de ouro e é simpática demais sua filha; um amor de pessoa.
- Ester, tente se aproximar de sua filha. Eu acho que esse jeito dela difícil e
fechado é da boca para fora. Com persistência você conquista o coração dela.
- Não é tão fácil, amiga. Ela é trabalhosa e tem um gênio difícil mesmo. Mas eu
nunca vou desistir de minha filha.
- É assim que se fala. Andreza deve estar assim também por conta da
sobrecarga de trabalhar e ter que estudar. Deve ser estresse emocional. Quando ela
concluir a faculdade você vai ver como tudo irá melhorar; sua filha vai ser outra pessoa
e vocês viverão em paz, como eu já estou vivendo, graças a Deus.
- Tomara, minha amiga. Oro a Deus todos os dias pedindo por isso.
- Ester, mais uma coisa: você já contou intimidades suas para Andreza?
- Não, em geral não.
- Pois conte ou invente. Ela vai passar a ter mais confiança em você. E já que
você está falando segredos para ela de sua vida pessoal pode ser que ela também
comece a contar sobre sua intimidade.
- É, pode dar certo, amiga. É um plano. Posso tentar. Sou grata pela sugestão. E
o aniversário de seu esposo, Silvane, vocês vão passar onde?
- Vamos para o interior. Marco e Armando são loucos pelo interior. Vou
comemorar em nossa cidade. Mudando de assunto: e você, Ester, continua sem
ninguém, nenhum amor em vista?
- Por enquanto, não. Mas qualquer hora vai dar certo. Se eu for merecedora,
Deus vai-me enviar uma pessoa. Eu creio.
- Tomara; você merece. José tem alguém?
- Ele mora com uma mulher que é da mesma cidade dele há cerca de 3 anos.
Ela veio com ele para São Luís.
- Você a conhece?
- Não. Parece que ela tem ciúmes dele e nunca a vi pessoalmente. Mas ela pode
ficar tranquila que de José agora só desejo amizade. E ele é o pai das minhas filhas, não
posso negar isso, e nem posso afastá-las do contato com o pai.
- Ester, vou indo. Tenho que preparar o jantar de Marco. Se eu conversar mais
com Andreza te dou um retorno.
- Até logo amiga e obrigada.

- Tchau.
Passaram-se alguns meses; Andreza havia terminado seu namoro com Douglas,
atravessou as turbulências e conseguir sair da situação mais difícil. Silvane foi até a
casa de Suellen e a convidou para seu aniversário.
- Andreza, meu aniversário será sábado, daqui a duas semanas, em minha casa
– disse sua vizinha. – Vou completar 24 anos. – E Silvane sorriu. – Brincadeira! Mas
estou uma gatona ainda, não estou? – brincou a mulher.
- Com certeza, amiga – concordou Suellen.
- Diga para Ester, Genésio e Melina que eles também estão convidados.
- Acho difícil mamãe ir – avisou a jovem. - Ela não pode faltar ao culto de
sábado à noite com Genésio.
- E Melina? Será que ela vai?
- Penso que ela não irá. Deve sair com o namorado, como fazem todos os
sábados.
- Ele pode vir também.
- Melina é um pouco desconfiada. Só gosta de comparecer a locais com o
namorado onde os dois conhecem todos os presentes. Mas eu vou sim, amiga, com
certeza.
- Obrigada, Andreza. Vou contar com sua presença.
- Pode deixar.
E despediram-se naquele momento.

Ester e Silvane se falaram no dia seguinte. A evangélica desabafou mais uma


vez sobre seus problemas com as filhas.
Disse Ester inicialmente:
- Eu preciso me libertar desta culpa, Silvane. No fundo, me sinto culpada pelas
atitudes e pelo comportamento de minhas crias. Uma psicóloga me relatou uma vez
que toda relação afetiva entre uma mãe e uma filha adolescente pode oscilar entre o
amor e o ódio. A princípio, fiquei abalada com essa afirmação. Mas analisei com calma
e vi que a doutora pode estar certa. E também não desejo me sentir culpada por sentir
coisas ruins.
- É verdade, amiga – replicou sua vizinha. - Quando chega a maternidade
dizemos: “Nasceu! É menina!” E aí imaginamos que no futuro será tudo mais fácil por
ser uma filha mulher e deste modo pensamos: “Vai ser minha melhor amiga, vai ser
minha companheira para a vida toda”, pensam as mães, ou pelo menos a maioria. Mas
a garotinha cresce e a relação entre ela e nós vai ficando cada vez mais difícil. Basta
uma palavra torta para a filha dizer que odeia a mãe. Algumas amigas já passaram por
esses distúrbios. É duro ouvir isso e pode não ter volta. São muitos os conflitos que
interferem na relação entre mães e filhas, infelizmente.
- Acho terrível a falta de respeito. É o problema da filha já ser adolescente e
querer ter mais privacidade, além do direito de fazer as próprias escolhas. Tenho
penado com isso. Consequência? A filha se dá conta de que não é dona de seu nariz
(especialmente quando a mãe deixa isso claro, obrigando-a a obedecer-lhe). E ela
começa a me enfrentar.
- Ester, ainda pode existir o problema da chantagem emocional. Tenho uma
sobrinha adolescente que faz isso com os pais. O problema é que muitas mães ficam
perdidas quando não conseguem controlar suas filhas e, então, apelam, falando dos
sacrifícios que fizeram por elas a vida toda.
- Existe ainda a competição entre as duas. Eu não aceito que minha filha está
em evidência (pelo momento de vida: juventude, escolha da profissão, trabalho…) e se
estabelece uma relação de inveja. Eu não quero sentir isso de minha filha.

- Sempre haverá expectativas não correspondidas, Ester. Uma mãe de


comportamento ansioso e perfeccionista pode gerar uma filha igualmente ansiosa e
perfeccionista. Assim, sua filha não vai conseguir aceitar os próprios erros e não
aprenderá a lidar com as frustrações.

- Também evito fazer críticas destrutivas para minha filha. Sei que mães muito
críticas geram filhos extremamente exigentes e com sentimentos de culpa, muitas
vezes, ou até adultos frustrados.

- Se a mãe diz à filha que ela é má ou burra, a criança vai crescer acreditando
nisso, Ester – comentou Silvane - e, mesmo adulta, pensará sempre assim. A mãe, na
verdade, precisa conversar e mostrar que é capaz de ouvir críticas e entender opiniões
diferentes das suas.

- Preciso retirar ideais ruins da minha cabeça. Preciso amar minhas filhas,
acima de tudo.

- Não fique culpada por sentir coisas ruins. Por conseguinte dialogue mais com
ela. Nós, mães, devemos criticar menos, e orientar melhor nossas crias. E as filhas por
sua vez devem encarar o que as mães dizem com mais leveza.
- Você tem razão, minha vizinha – concordou a mãe de Suellen.
- Assim, dê o exemplo, mulher. Mentir ensina a mentir. Antes de reclamar, a
mãe deve sempre se perguntar qual é o exemplo que está dando. Dê mais liberdade
quando tiver certeza que pode dar. Com a devida orientação, mães de adolescentes
podem, sim, deixar as filhas fazerem suas próprias escolhas. E evite o ciúme. Isso
prejudica o desenvolvimento da criança.
- Eu sou consciente, Silvane, de que a autoestima pode predizer a qualidade de
vida dos nossos filhos e estarmos conscientes do que estamos dizendo para eles é um
passo para deixar de proferir palavras de baixa-estima.
Após isso Silvane se despediu e saiu para sua residência.

___________________________________________________________

Ester procurou seguir as dicas de Silvane e tentou uma conversa mais íntima
com sua filha problemática.

- Andreza, minha filha, a gente nunca teve uma conversa aprofundada sobre
sexo e relacionamento. Acho que está na hora.

A moça se surpreendeu com a iniciativa de sua genitora. Por outro lado,


pensou: o que uma senhora evangélica de quase 50 anos teria para lhe ensinar sobre
sexo. Logo ela, Andreza Suellen? Mas a moça respondeu à sua mãe:

- Sim, podemos.

Ester começou:

- Minha filha, o sexo é mesmo muito bom para a nossa vida e nossa saúde.
Pena que a gente só deva fazer depois do casamento. E depois de uns drinks, ai ai, que
maravilha que não fica...

- Mamãe! ... – arremedou sua filha.

Andreza achou neste instante que sua mãe ia fantasiar alguns fatos.

- Sim, mamãe, que bom. Vamos conversar. Troque suas vivências comigo. Sou
toda ouvidos.

Continuou Ester:

- Quando você estiver com minha idade vai entender o que irei te falar hoje.
Estou na idade da loba.

- É mesmo, mãe? – indagou Suellen, se fazendo de desentendida.

- Mulheres de mais de 40 são muito decididas e resolvidas.


São seguras no sexo, querida. São capazes de compreender situações que uma
“novinha” não entenderia, como por exemplo: uma falta de vontade de transar do seu
homem devido a cansaço entre outras, mss saber contornar essas dificuldades,
satisfazendo-o de outras maneiras.

- Entendi, mamãe - e Suellen havia entendido mesmo aquela mensagem,


subliminarmente. – Continue, estou gostando da conversa.
- É preciso aprender a ter satisfação ao ver seu homem ter orgasmos, saber
demonstrá-lo e frequentemente colocar isso como prioridade.

- Você acha mesmo, dona Ester?

- Com certeza, minha filha. O altruísmo sexual de uma mulher vem com o
tempo. Mas também aprendemos com nosso parceiro como dar e receber prazer.

- Mãe, você fala com o Genésio sobre sexo? – questionou Andreza, meio
atônita.

- Conversamos sim, mas somos discretos com vocês. A intimidade do casal deve
ser para eles. Pelo menos é a minha opinião. Muitos casais falam abertamente sobre
suas fantasias sexuais com pessoas de confiança, amigos em geral. Mas eu não tenho
coragem de fazer isso.

- E o que você acha de inovar no sexo, mãe?

- Por já termos bastante vivência sexual em experiências anteriores, tendemos


a gostar de uma transa as vezes fora dos padrões normais. Não acho isso um absurdo.
Só não se pode exagerar. Não temos mais 25 anos de idade.

- E como as coroas sinalizam que desejar fazer sexo, mamãe?


- Elas dão claros sinais quando querem sexo. Não fazem rodeios, e nem usam códigos
secretos. Elas sempre deixam claro quando querem transar.

- O que mais, mãe?


- Temos a capacidade de transformar qualquer passeio casual em incríveis
aventuras sexuais.

Andreza se lembrou das viagens dela acompanhando Genésio. E Ester


prosseguiu com sua fala:

- Por já terem uma posição conquistada, reputação, carreira profissional,


família formada, grande parte das mulheres maduras não se importam com
julgamentos alheios em relação às suas fantasias.

- Vocês têm alguma fantasia sexual? – indagou Suellen, tomando coragem.

- Eu vejo, Andreza, que nós entendemos muito mais a mente do homem


quanto ao sexo e desejos masculinos do que as mulheres jovens demais. Isso permite
que os parceiros apreciem uma mulher bonita, sem crises de ciúmes. Nós não temos
fantasias. Realizamos no sexo tudo aquilo que acreditamos ser possível e vai agregar
na relação para os dois, trazendo prazer e satisfação.

- Existem muitos segredos que uma mulher beirando os 50 guarda de seu


companheiro? - quis saber a entrevistadora improvisada.
- Querida, sinceridade é o forte delas nessa fase da vida. Em geral somos
muito decididas e falamos a verdade.

- E as mulheres maduras solteiras. O que a senhora pensa delas com relação ao


comportamento nas relações?

- Acredito que elas conseguem separar a amizade de uma “ficada” com algum
amigo de uma relação que vai ser seria e duradoura. Geralmente, as coroas tem um
amigo de confiança e com ele elas tem relações sexuais ocasionalmente sem que
ninguém perceba, pela sua discrição.

Andreza disse então:

- Por gostar de inovar e estarem disposta ao novo, sei que algumas mulheres
maduras se dão o direito de se aventurar com outra mulher, ao menos para
experimentar. E não tem vergonha em transportar para qualquer lugar seu “kit sexo”
composto por óleos, vibradores, brinquedos e lingerie.

- Mas esta não é minha praia – retrucou sua mãe. - Sou uma mulher
comportada. E de Deus. – E Ester deu um pequeno sorriso.

- Obrigada, mamãe, pelas dicas. E a moça pediu licença. Ia sair para o trabalho.

Andreza já sabia que sua mãe gostava muito de sexo.

Melina já havia escutado todos os sons que ela produzia às vezes ao transar
com seu companheiro.

Sua mãe também havia confessado para Marcela as peripécias sexuais que ela
e Genésio já tinham realizado na boleia do caminhão daquele homem em algumas
viagens nas quais ela o acompanhou.

E nas poucas vezes que Ester tomou uns drinks a mais e sua alcoolemia excedeu
seus limites da razão, seu superego foi suprimido e a boa mulher fez pequenas
revelações amorosas que deixaram suas filhas sobressaltadas. Para terminar,
pronunciou-se Andreza:

- Mamãe, sempre tenho uma dúvida e eu queria lhe perguntar. Posso?

- O que, filha? Mas acho que pode perguntar sim.

- A senhora ama suas três filhas igualmente?

- Claro, querida. Por que essa pergunta?

- Por nada. A senhora tem certeza que ama nós três do mesmo jeito, cada uma?

- Sim, minha filha. Andreza, você sempre com esse ciúme sem motivo.
E Suellen não falou mais nada. Na verdade, aquela jovem questionou sua mãe
sobre a relação afetiva de Ester com as três filhas mais para fazê-la pensar que ela,
Andreza, se importava com isso.

Silvane dialogou com seu filho sobre Andreza após o convite que fez para a
garota. Armando estava agora trabalhando como caminhoneiro, mas estava passando
aqueles dias na casa de sua mãe. Ela já havia deixado o estágio na empresa de
correios. Seu filho também queria trabalhar com agricultura e pecuária e sonhava em
ter sua fazenda.
- Filho, eu convidei nossa vizinha, a Andreza, para meu aniversário.
- Foi mesmo, mãe? E por que a senhora está me falando isso?
- Meu filho, ela é uma moça tão legal. Por que você não namora com ela?
- Mãe, eu conversei com ela tão poucas vezes e foi muito rápido.
- Pois tentem conversar no meu aniversário. Puxe conversa com ela. Procurem
se conhecer melhor. Eu faria muita questão se vocês namorassem. Gosto muito dela.
- Certo, mamãe. Vou tentar bater um papo com Andreza e conhecê-la melhor.

Andreza foi ao aniversário de sua vizinha Silvane e conheceu melhor seu


vizinho.

Silvane tinha o desejo de que seu filho namorasse Andreza e fez saia para que
os dois conversassem durante sua festa de aniversário.

Armando era um tanto encabulado e sua mãe o chamou e o trouxe para perto
da jovem vizinha, reapresentando-os um ao outro e pediu que conversassem, pois
Suellen estava um pouco desambientada no evento. Melina, Marcela e André não
estavam com ela.

O filho de Silvane se sentou ao lado da garota e lhe disse:


- Tudo bem, Andreza? A gente se via algumas vezes no ginásio do São
Cristóvão, mas não lembro de ter conversado com você antes. Depois você veio
morar aqui e é incrível como a gente mora quase em frente ao outro e não nos vemos.

- É bastante curioso. Eu trabalho e estudo, quando chego estou cansada e só


quero repousar. Deve ser por isso. E eu nunca fui de ficar na rua nem frequentar a casa
dos vizinhos; sua mãe é uma exceção. Sempre fui criada muito presa e minha mãe me
educou assim.

- Acho interessante uma pessoa centrada em sua casa e focada.

- Obrigado.

- Você faz faculdade de quê?

- Contábeis. Na Facoma.

- Que bom. Parabéns. É um ótimo curso.

- E você, não está fazendo faculdade?

- Não. Tive que começar a trabalhar.

- Você trabalha como caminhoneiro.

- Sim; acho que eu nasci para essa área, falando sério. Eu adoro viajar. Também
quero trabalhar com agricultura e pecuária e estou me preparando para isso.

- Que bom!!

- E você trabalha onde, Andreza Suellen?

- Me chame de Suh. Este é meu apelido carinhoso. Trabalho no shopping, numa


loja de biju.

- Você é bem esforçada e é muito bonita também. Só é muito difícil te ver.


Ainda mais que agora viajo bastante.

- Fico lisonjeada – agradeceu a morena. - Mas você também é muito difícil:


acho que estudava demais ... Eu nunca te vi na rua.

- Precisei estudar bastante para passar no concurso seletivo dos correios, mas
não sou nerd. Eu pensava em fazer faculdade, mas por hora deixei esses planos em
“stand-by”. E sua irmã, aquela ruiva, por que ela não veio ao anivbersário de mamãe?

- Ela preferiu sair com o namorado. O programa deles de sábado à noite é


sagrado .
- É mesmo? E do que eles gostar de fazer, mal pergunte? Só responda se
puder; não quero parecer enxerido.

- Eles gostam de sair para bares e botecos.

- E você, Suh, gosta de sair para onde?

- Euuuu?! - assustou-se Andreza com a pergunta inesperada.

- Sou muito caseira.

- Eu também, mas sei que todos gostamos de fazer algumas coisas. Você, do
que gosta?

- Eu prefiro sair para jantar ou ir ao cinema.

- Eu também adoro cinema. Se eu te convidasse qualquer dia para assistir a um


filme comigo, você aceitaria?

- Com certeza – respondeu a garota, sem titubear.

- Você aprecia mais que tipos de filmes, por exemplo?

- Prefiro as produções de drama, romance, aventura e ação. Mas também


gosto de animações! – disse ela sorrindo ao pronunciar esta última frase – É meu lado
criança.

- Todos possuímos esse lado infantil; essas animações de hoje são muito boas
mesmo – reiterou Armando.

- Sim, concordo com você. Tenho uma sobrinha mais nova que adora: a Bell.
Vou ao cinema com ela ás vezes e chego a achar que me divirto mais que ela em
alguns filmes.

- Pois, Andreza, vou te convidar a qualquer momento para a gente assistir um


filme dentro dos estilos que te agradam.

- Combinado. Vou aguardar, vizinho.

- Está certo.

Nesse instante todos receberam o chamado para cantar os parabéns para a


aniversariante e os dois encerraram o papo.

_____________________________________________________

Andreza revelou para sua irmã caçula que estava pensando em namorar seu
vizinho.
- Mel, sabe o Armando, filho da Silvane?

- O que tem com ele? Não o conheço direito.

- Estou conhecendo-o melhor e percebi que ele é um cara interessante. Acho


que vamos namorar.

- Suh, ele é tão feinho. Não é ele que deseja ser fazendeiro?

- Sim, é ele.

- Só acho ele meio estranho e muito calado. Nunca tive intimidade com esse
vizinho. E você também não tinha. Como tudo foi acontecer?

- Silvane me apresentou a ele.

- Suh, você não vai namorar sua vizinha e amiga. Não se esqueça disso. Talvez
esse namoro arranjado não dê certo.

- Sei disso.

- Mas se você está mesmo afim dele segue em frente.

E MELINA DEU UMAS DICAS PARA ANDREZA USAR COM ARMANDO:


- Sabe o que tu faz com esse homem? Seja dominadora. Dance sensual, se
masturba na frente dele e deixa ele preso, amarrado; prende ele numa cadeira com a
mão do jeito que fica pra cima. Depois tira a roupa, deixando ele louco; permite ele
chupar seus peitos, pula nele de algum jeito que o obrigue a chupar a sua buceta; a
seguir chupa o pau dele, e no final se masturba. Então se troque, deixa ele um pouco
desamarrado para que sozinho se solte, mas antes disso saia. Quero ver se da próxima
vez ele não vai te fazer de puta na cama.
Andreza ouviu tudo calada e ficou internalizando aquelas ideias.
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Armando e Andreza começaram a sair juntos sem que seus pais soubessem.
Ester havia conversado com sua filha, aconselhando que ela não namorasse Armando
por ele não ser evangélico e por alegar que não ia muito com a cara dele e tinha uma
presunção de que ele não era uma boa pessoa. Suellen, porém, não deu muita
importância ao que sua mãe lhe recomendou e iniciou um namoro às escondidas com
o vizinho.
SILVANE, SEM SABER DE NADA, ALGUNS DIAS DEPOIS, RELATOU UMAS DICAS
PARA ANDREZA SOBRE SEXO.
A morena continuava frequentando a casa de sua agora “sogra“, sem que esta
desconfiasse ainda do relacionamento entre ela e seu filho. Andreza falava sobre como
satisfazer sexualmente um homem e como o atiçar na cama.
A morena também comentava sobre sua dificuldade de atingir o orgasmo.
Disse Silvane numa conversa entre as duas, na casa desta última, quando
ficaram um dia a sós:
- Vou te dar uma dica: Andreza … Deixa ele, seu namorado, te chupar com
calma, e você se entrega neste momento! Quando você estiver quase gozando, pede
pra ir por cima! Em poucas metidas você goza, e ele não, e o melhor é que o homem
permanece com o pau duro dentro de ti. Isso é delicioso. Já aconteceu contigo?
- Ainda não, infelizmente. – confessou a sua “nora“.
- Fique quietinha e você vai sentir o pau dele começar a pulsar dentro de você
neste instante. Comece a mexer bem devagarinho, vai aumentando o ritmo, e logo
vocês dois gozarão juntos ... É bom demais! Permaneça coladinha, o pau dele vai
amolecendo, vire de ladinho e deixa rolar…
- Ai que dica boa, vizinha. Adorei – agradeceu a morena.
- Toda vez que eu dou pro meu marido eu fico louca! – continuou Silvane. - E
ele adora meu fogo; eu amo ser sapeca; e satisfazer as vontades dele é me satisfazer
também de certo modo … sou o tipo de mulher que se ele me der um aceno qualquer,
vendo televisão ou mexendo no celular, eu já estarei fazendo um carinho no cacete
dele e me esfregando; ele ama! Rapidinho já começamos uma foda gostosa. Marco
sabe do que eu gosto e eu igualmente sei do que ele gosta. Toda vez que a gente
transa, eu fico me lembrando de como foi gostoso e me arrepio inteira; a pepequinha
chega a pulsar, é uma coisa de louco e não dá para explicar muito bem! Porém, não
consigo gozar todas vezes também; ouço mulheres que dizem esguichar rios de
secreção vaginal ao terem orgasmo, mas acredito que cada corpo reage de uma forma;
quando sinto um orgasmo gostoso, fico que nem uma cadela no cio depois da foda;
espero ele descansar para eu poder montar de novo; apesar de não sair uma cachoeira
de dentro de mim, eu me sinto mulher na cama e eu amo isso …
- Silvane, nossa, eu amo chupar até as bolas do cara, engolir tudo até engasgar;
adoro fazer um boquete com cerveja no pau dele, para ficar geladinho; uauuuu, fica
ótimo, uma delícia, e o homem adora! Eu amo quando um cara me pega de quatro e
come meu rabinho com força; eu grito de tesão, e é delicioso.
- Mas gostoso mesmo, Andreza, é sexo com liberdade e respeito – opinou a
senhora. - É muito bom onde existe o diálogo e você pode falar tudo o que quer, tal
qual escute o que o outro quer lhe falar. Isso é muito importante. Comunicação
verdadeira. Se quer que ele te chupe, fale: chupa a minha buceta, vai. Se quer chupar o
pau dele, fala que quer, ou só chupa, e veja a reação dele, se ele vai gostar disso. E
busquem se satisfazer sem medo ou nojo. Uma mulher ativa na cama costuma agradar
mais seu parceiro, e não basta que simplesmente se entregue. O lance é equilibrar.
Você não deve somente obedecer. Melhor ainda: siga seus impulsos e desejos. Deixe o
cara louco de tesão através do seu tesão, seu desejo. Tome atitude quando quiser. A
verdade mesmo é que eles aaaaamam isso. E se entregue; quando não conseguir,
feche seus olhos, deixe qualquer pensamento ou tabu simplesmente passar e ir
embora, se entregue e goze. Nada melhor que uma mulher que goza, nada mais
sedutor, mais atraente, poderoso, libertador. Se conheça, se masturbe, goze. Se
entregue ao momento e aos seus desejos; isso faz muuuito bem e não é errado!!
Contou Andreza ainda, para se gabar de suas proezas :
“ Eu já dei uma chupada no pau de um cara em plena luz do dia, em uma
escadaria que tem no centro da nossa cidade. O homem ficou doido. Eram 7:00 h da
manhã, um domingo, e a gente estava on desde a madrugada. Foi muito bom: alguns
caras que estavam trabalhando perto viram tudo. Bom, ninguém falou nada. Quando
descia alguém ele escondia a rôla e eu parava; depois a gente continuava tudo e os
caras ficavam olhando lá de cima … Uma loucura total!”

Andreza enganou sua mãe dizendo que ia trabalhar, mas na verdade ela estava
de folga do shopping center naquele dia e saiu com Armando. Encontraram-se em um
local combinado, passaram no shopping e de lá foram para o motel. Foi a primeira
transa dos dois, os quais juntaram a fome com a vontade de comer, pois já estavam
sem fazer sexo há algum tempo: ela há aproximadamente quatro meses e ele há cerca
de trinta dias. Após a transa o rapaz a deixou no shopping e ela pediu um transporte
alternativo para chegar até sua casa, pois não queria revelar ainda para a família seu
affair com o rapaz. A esta altura parecia para Andreza que aquela relação escondida ou
até proibida lhe trazia deste modo mais prazer e mais tesão.

Andreza começou a namorar escondido com Armando.


Após o aniversário de Silvane, no qual Andreza e Armando puderam se
conhecer melhor, e tiveram uma boa conversa, os dois trocaram telefones e passaram
a se falar pelo WhatsApp. Andreza antes via o rapaz como um adolescente, pois ele era
quase 3 anos mais jovem que ela; mas agora que ele já havia atingido a maioridade e
estava se apresentando como um rapaz promissor, que até havia sido aprovado para
estagiário na empresa de correios; a garota passou a ver seu vizinho de outro modo,
atraindo sua curiosidade e seu interesse. Foi numa dessas conversas pelo WhatsApp,
sem que seus familiares soubessem, que os dois marcaram um encontro no shopping,
assistiram a um filme juntos e na saída se beijaram no estacionamento. Chegando
perto de casa, separaram-se para não darem pistas do encontro amoroso. Dentro de
duas semanas já estavam transando e a sede por sexo dos dois era gigante. Armando
começou então a pensar em alugar um apartamento nos próximos meses, pois já
estava concluindo seu curso de formação, e gostaria de ter um local mais reservado
para se encontrar com Suellen. Continuaram se encontrando de forma oculta por uns
dois meses, até que seus pais descobriram.
Ester, num certo dia, chegou mais cedo à sua residência e notou ao chegar que
Andreza se despedia de Armando com um beijo do tipo “selinho” na boca, saindo da
casa do rapaz. A mãe já tinha desconfianças de que sua filha do meio estivesse se
relacionando com o vizinho pois a moça vez por outra falava dele e seus olhos
pareciam brilhar quando ela pronunciava o nome do rapaz. Todavia, Ester aguardava
sua filha se manifestar ou que ela, mãe, conseguisse mais evidências do namoro dos
dois, para enfim abordar o assunto com sua filha. Agora ela tinha a prova final. E
aquela senhora tocou no assunto com sua filha alguns dias depois:
- Andreza, querida, você está namorando e não me contou? – indagou a mãe;
ela jamais entendeu porque motivo sua filha lhe ocultava aquele relacionamento, já
que os dois eram livres e desimpedidos.
- Do que a senhora está falando? Namoro? Eu? – tentou ainda Andreza
esconder a verdade.
- Não precisa mentir, filha. Pode me contar do seu namoro com o vizinho. Eu vi
vocês se beijando.
- Beijando? Onde, mãe? – questionou a moça, duvidando que sua mãe tivesse
visto algo anormal. Além disso, Andreza não gostava de demonstrações de afeto em
público com seus namorados.
- Eu já desconfiava, filha, de que vocês estavam juntos. Ontem tive a certeza.
Eu presenciei Armando dando um “selinho” em você ontem.
- Mãe, estamos apenas nos conhecendo. Eu já ia contar tudo para a senhora –
alegou a filha.
- Eu contei para seu pai por telefone sobre esse seu namoro escondido,
querida. Uma vizinha me confirmou que vocês já estão saindo juntos pelo menos há
mais de trinta dias.
- Que fofoqueira! - retrucou a moça, em tom brincalhão. – Quer dizer que está
cheio de pessoas me vigiando neste bairro também. Gente mexeriqueira - e ela sorriu
brevemente.
- E Silvane, sua “sogra”, já sabe do namoro de vocês?
- Eu juro que não.
- Ainda bem, pois se eu fosse a última a saber eu ficaria muito desapontada
com você e com Silvane também. E você vai contar para ela ou terei que revelar eu
mesma toda a verdade, filha?
- Deixa que eu conto para ela.
- E você também irá falar com seu pai e o atualizar sobre seu namoro. O mais
rápido possível. Ok ? – exigiu sua mãe.
Diante da pressão psicológica, a morena afirmou:
- Pode se tranquilizar, mamis. Vou ter uma conversa com os dois e falo tudo
esta semana. Só vou comunicar Armando antes.
- Olhe lá, não me engane mais – advertiu sua mãe.
De fato, Andreza conversou com Armando e os dois se juntaram e contaram
sobre o recente namoro para os pais do jovem. Silvane em especial ficou muito
satisfeita pois tinha todo o prazer para que a vizinha namorasse seu filho.
Andreza também contou tudo pessoalmente para seu pai dentro de poucos
dias e este pediu para conhecer seu pretenso genro o mais rápido possível.
Algum tempo depois Andreza e Armando começaram a se desentender e Ester
encontrou algumas mensagens no celular de sua filha contendo as desavenças entre os
dois. Aquela senhora também notou que sua filha nos últimos tempos se tornara mais
aborrecida e estressada, e agora estava relacionando tal comportamento com os
problemas enfrentados por aquele jovem casal.
Não suportando os hábitos mal-humorados de Suellen dentro de casa, Ester
não encontrou outra alternativa, e teve que abordá-la sobre o tema:
- Andreza, querida, você anda tão rebelde e tão zangada nas últimas semanas.
O que está acontecendo? – interpelou sua mãe, fazendo de conta que não sabia sobre
os motivos de tal comportamento de sua filha.
- Do que a senhora está falando, mãe? Eu, só vivo aborrecida? Deve ser esse
meu trabalho no shopping, sempre tendo que bater metas. E o país vive em crise
econômica, as vendas caíram; mas os patrões não querem saber dessa desculpa.
- Andreza, você e Armando estão se desentendendo?
- Não, mãe, de modo algum – mentiu a garota.
- Filha, toda relação tem conflitos momentâneos. Conte-me. Posso dar
orientações.
- Mãe, acho que não preciso de orientações neste caso – retrucou a jovem,
com total orgulho.
- Quem sabe eu possa ajudar.
- São pequenas coisas. Já resolvemos tudo e ficamos bem.
- Mas seu comportamento aqui em casa não diz isso. Tenho receios de você
levar esse mau humor e algumas grosserias para seu emprego e para sua faculdade.
- Ah, isso eu não faço mesmo; eu tenho cabeça...
- Certeza.
- Eu juro...
- Mas sua família você pode tratar mal.- reclamou sua mãe, em tom irônico.
Andreza por último vinha tratando seus familiares de modo ríspido, em especial seu
padrasto.
- Mãe, eu não estou agindo exatamente assim. Penso que a senhora está
exagerando.
- Eu não acho, Andreza. E digo mais: você tem que refletir sobre suas ações
aqui dentro de casa e sobre a forma como você trata as pessoas.
- Mãe, e porque estou estressada mesmo com o trabalho.
- Se você já está assim agora, imagina quando se casar. As despesas
aumentam, vem os filhos.
- Mãe, eu nem penso em casamento ainda, na minha vida.
- Sei, vocês devem se conhecer melhor e trabalhar muito ainda para possuírem
seus bens.
- Sim. Eu sei disso.
- Tenho preocupação com seu futuro. E este rapaz, vive viajando...
- Mãe, não se preocupe. Eu sei que a senhora pensa que eu mereço um futuro
melhor do que viver acompanhando o marido numa boléia de caminhão. Mas
eu não penso nisso ainda.
- Filha, pois eu verifico que você já deveria começar a refletir sobre tudo isso.
- E a senhora, não adora umas viagens de carreta? Você não quer a mesma
vida para mim, sua filha? Estranho...
- Não fale assim, Andreza. Eu gosto de acompanhar Genésio. Mas raramente
viajo com ele. Tenho como prioridade meu trabalho. E ele só viaja para perto. Seu
namorado Armando viaja pelo Brasil inteiro e passa bons períodos fora de casa. Tudo
isso é difícil para uma esposa suportar.
- Eu sei de todas essas dificuldades.
- Pois pense em tudo o que te espera, para não se arrepender depois. Se vocês
já tem muitos conflitos enquanto são namorados, imagina depois do casamento!
Como será?
- Eu entendo suas preocupações, minha mãe. Fique tranquila, pois vou sempre
analisar o que será melhor para a minha vida. E também penso sempre em vocês. Não
quero ficar longe de minha família.
- Ainda bem que você pensa assim, filha. Nós te amamos, você sabe.
- Eu tenho convicção disso, mãe.
- Vá se arrumar para o trabalho, querida.
E as duas se retiraram uma da presença da outra.

A mãe da jovem e seu pai, não queriam aceitar o namoro de Andreza e


Armando, a princípio, mas, apesar de suas recomendações contra esse
relacionamento, Andreza não voltou atrás, e continuou seu affair com o vizinho. Após
algum tempo, como aquela mãe percebeu que sua filha estava gostando de Armando,
e como este parecia ter um bom futuro, Ester foi aceitando aos poucos esse namoro,
tendo em vista que nenhum fato por enquanto desabonara este caso de sua filha do
meio. Ester terminou reunindo o útil e o agradável, e como não surgiu na vida de
Andreza nenhum pretendente em melhor condição naquele momento da vida da
mesma, o jeito foi concordar e validar o relacionamento dela com o rapaz..
Todavia, Armando nunca teve relação de verdadeira amizade com Ester, José e
nem com as irmãs de Andreza ou seus cunhados. O rapaz continuava uma pessoa
reservada e não se aproximou muito da família de sua namorada e não chegou a
estreitar laços de convivência. Silvane, por outro lado, ficou muito satisfeita quando
soube da formação do casal entre seu filho e a vizinha, pois sempre teve grande
afinidade com Suellen. Ela sempre buscou dar o maior apoio a este namoro, por
desejar muito ter Andreza como sua nora, mesmo que fosse às custas de esconder da
moça alguns deslizes e comportamentos errados de seu filho, como uma boa mãe
apaziguadora e que procura fazer tudo para a felicidade do filho, embora agindo às
vezes de modo desleal com a companheira de seu filho.
______________________________________________________
Ester conversou com José sobre Armando poucos dias depois de descobrir
sobre o namoro escondido.
A mãe da garota descobriu que Suellen estava namorando Armando escondido
e pediu para falar com seu ex-esposo Antônio José.
A evangélica o contactou por uma chamada de áudio do aplicativo de
mensagens.
Quando aquele atendeu a ligação, disse ela:
- José, é a Ester. Como eu tinha falado, pedi para te ligar para falarmos sobre
Andreza.
- Tudo bem, Ester. O que foi que a Suellen aprontou dessa vez?
- Ela começou um namoro, sem eu saber, com o filho de uma vizinha que mora
quase aqui em frente de casa. Estava namorando escondido. Você sabia? Ela já havia
te contado?
- Eu juro que não. Não sabia que ela tinha um novo namorado. E ela anda
saindo com esse rapaz escondido? Por quê? A Andreza não tem idade mais para isso...
Fazer coisas enrustidas, e fora de nosso conhecimento. E tantos segredos de nós...
Parecem atitudes de uma adolescente.
- Exato, ela é de maior; teoricamente, sabe o que é melhor para si e pode
escolher com quem se relacionar, mas acho que ela vinha me escondendo este
relacionamento porque, de antemão, eu não apoiei esse namoro e até recomendei
que ela não fosse adiante nessa relação. Mas nossa filha é muito teimosa, você já sabe,
e ela não gosta muito de me escutar e de seguir minhas orientações.
- E por que motivo, Ester, você não aprovou esse namoro? O que você tem
contra esse rapaz?
- José, ele é filho de uma vizinha e eu até gosto dela. Não tenho nada contra ela
e a mesma sempre foi amiga de Andreza.
- Certo, e daí?
- Ele cursou a mesma escola em que Andreza estudava, mas se conheceram
melhor aqui mesmo no bairro, na casa dele. O problema é que eu já ouvi muitos
comentários ruins dele, e que me preocuparam.
- O que, por exemplo?
- Que ele teve uma namorada e não tratava a moça bem, que ele traía, que ele
tem momentos que se torna agressivo; ele não frequenta sua Igreja e não é
evangélico. É católico, mas não é nada praticante. As meninas aqui em casa não tem
amizade com ele. Ele é muito calado. Eu pressinto que a relação dos dois não vai dar
certo. Eu acho que ele não merece nossa filha. Eu não queria que ela o namorasse;
Deus que me perdoe; não quero parecer melhor que os outros, mas eu desejo um
rapaz melhor para minha filha.
- Compreendi suas preocupações. Qual o nome dele?
- Armando.
- E da mãe dele?
- Silvane.
- Vou falar com Andreza sobre ele.
- Vá com calma.
- Você já contou para ela que descobriu que ela namora escondido de nós?
- Ainda não. Mas vou conversar com ela a qualquer momento.
- Tudo bem. Qualquer novidade, me conte.
- Tchau.
- Um abraço, Ester. Lembrança ai para minhas filhas.

- Pode deixar.
ANDREZA E ARMANDO CONVERSARAM APÓS TRANSAREM NUM MOTEL POIS
SE ENCONTRARAM MAIS UMA OPORTUNIDADE NA MESMA SEMANA.

- Amor, qual é a sua fantasia sexual? – questionou Andreza.

- Minha fantasia sexual é ficar o dia inteiro fazendo amor, sexo, com você, meu
bem. Isso representa uma ideia genial e repleta de prazer para mim. Vamos reservar
um dia do mês apenas para fazer isso. Seria algo surpreendente, e o principal é que
seria possível realizar tudo o que vem à imaginação e procurar ficar em forma.

- Eu pensei que você fosse dizer que seria fazer sexo com duas mulheres, pois
não aceito isso.

Na mente de Armando, mulheres liberais, e que não se importam em dividir


seu homem com outras garotas, podem oferecer uma das safadezas mais
surpreendentes, para sempre registrada na memória do macho, ou seja, praticar sexo
com mais uma ou mais mulheres ao mesmo tempo. Para ele o público masculino em
sua maioria aprecia ou sonha com este momento na vida.

- Há casais que conseguem salvar o casamento ao apostar no sexo a três,


Andreza – alegou o rapaz .

- Orgias também são interessantes, com vários homens e uma ou duas


mulheres? - pilheriou ela.

- Eu não me importo com a presença de outras mulheres no recinto em que


acontecem os atos sexuais.

- Esta situação seria fácil para você, mas não para mim – declarou a morena,
um pouco chateada.

- Desculpe, não falei por mal – desculpou-se o namorado. – Não fique chateada
comigo.

- Vou tentar não ficar – disse ela ainda, um pouco amuada.

Um tio de Armando de nome Mauro veio visitar seu irmão e encontrou


Armando “sozinho” em casa.
Ele estava chegando à casa de seu irmão Marco, quando viu Andreza saindo da
casa de seu sobrinho e se despedindo com um beijo, um selinho na boca.
Quando ela saiu, o tio começou a questionar o jovem.
- Quem era essa gostosa que estava aí dentro com você?
- Era minha namorada...
- Menina bonita... Seu pai e sua mãe estão em casa?
- Não, tio. Eles saíram com minha irmã para um velório.
- E por que você não foi?
- Tio Mauro, eu não conhecia essa pessoa que faleceu. Eu pedi para ficar em
casa. Sabe, eu não gosto muito de ir a velórios. Só compareço em último caso, quando
é um conhecido ou amigo. Aí quando eles saíram eu liguei para minha namorada vir
fazer companhia para mim.
- E o que vocês estavam fazendo sozinhos, filho?
- Tio, você é curioso. A gente estava conversando e ela me ajudou a terminar de
preparar o jantar .
- Ela mora perto?
- Sim.
- E os pais dela não tem ciúmes de ela ficar aqui sozinha com você? Eles
confiam?...
- Ela é de maior, tio.
- Notei.
- Mas os pais dela estão em casa?
- O pai dela é separado da mãe. Ela mora só com a mãe, o padrasto e uma irmã.
A mãe dela e o marido saíram para o culto. Ela faltou a aula da faculdade para ficar
comigo.
- Eu percebi que ela é uma morena e tanto, e tem cara de safadinha.
- O que é isso, tio? Não fale assim da minha namorada.
- E você, disse que estavam só conversando e depois foram jantar! Filho,
quando ficar a sós com uma menina como essa, não perde a oportunidade. Traça ela.
Come essa menina. Você é muito mole, é muito devagar...
Armando não aguentou a pressão e disse:
- Tio, na verdade, a gente estava transando aqui em casa.
- Ela tem cara de que fode muito...
- Sim, ela trepa bastante. A menina é tarada.

- Que legal; me conta mais.


- A gente transa demais. Eu como ela de todo jeito: no quarto, na sala em cima
do sofá, no chuveiro, na cozinha em cima do balcão de granito, no chão, na rede. A
bicha é fudedeira. Gosta do negócio. Dá de quatro, de pernas para cima, de lado, gosta
demais de sexo. Outro dia a gente transou tanto que ela me disse que ficou com a
“xota” inchada.
- Mas ela toma pílula para não engravidar?
- Eu dou uma injeção para ela tomar todos os meses para ela não pegar barriga.
- Meu sobrinho, essas injeções podem engordar as mulheres.
- Tomara que ela não engorde, tio. Mas do jeito que ela trepa acho que ela não
engorda, não. E é difícil ela engolir a gala.
- Dizem que mulher que engole muito é que engorda.
- Tomara que minha namorada não engorde porque eu gosto muito dela.
- Mas você fica só com ela? Não pega outras garotas?
- Não, tio. Eu saio com umas putinhas de vez em quando aqui em São Luís e eu
fico com umas meninas lá na cidade onde eu trabalho.
- E ela não desconfia de nada, dos chifres que ela leva?
- Não. Eu tenho dois WhatsApps para tapeá-la. E ela nunca foi aonde trabalho.
Eu quero levá-la às vezes para lá, mas ela diz que não dá...
- Eu vi no seu Facebook que você segue uma garota de programa. Ela nunca
questionou você sobre isso?
- Não. Ela é bobinha. Nem sabe que a menina lá é garota de programa.
- Pois, meu filho, aproveite, e coma essa bichinha até dizer chega.
- Com certeza.
- Como é o nome dela?
- Suellen.
- Certo.
Os pais de Armando chegaram do velório e Mauro foi falar com eles.
Quando Mauro estava para ir embora ele se despediu do sobrinho e disse:
- Armando, não deixe de me contar as novidades! Vou ficar aguardando...
- Pode deixar, tio. Boa noite.
- Até outro dia. Tchau.
Poucas semanas depois sua namorada se mudou para um pequeno
apartamento que ela havia alugado.

Armando se encontrou com Andreza no apartamento da mesma. Ele dormiu


com ela numa noite de sexta-feira.

No sábado, a jovem acordou cedo. Armando se levantou e foi procurá-la pela


casa; encontrou sua namorada na cozinha ,vestida apenas de calcinha, preparando o
café da manhã para os dois.

Cumprimentou-a com um bom dia e um selinho na boca; sentou-se à mesa,


observando-a, com toda aquela beleza, as curvas do seu quadril, a bunda e os seios
empinados; era a namorada perfeita. Vê-la daquela maneira lhe provocava ainda mais
o anseio de a possuir e transarem ali mesmo.

Ficou Andreza desfilando de calcinha pela casa, e possivelmente algum


vizinho do edifício em frente possa ter visto sua namorada, pois as cortinas de algumas
janelas estavam entreabertas .

- Andreza, meu amor, você está fazendo a alegria dos vizinhos?

Ela riu e foi em direção ao banheiro tomar uma ducha. Armando foi atrás dela
para tomarem um banho juntos. No banho o rapaz falou que ela estava deliciosa
aquela manhã.

- Você gosta de me ver assim? – interpelou a morena, com um sorriso


malicioso.

- Eu amo ainda mais você sendo assim! – replicou seu macho.

- Eu também te adoro muito, sabia? Você me faz muito feliz! – disse ela.

- Quero te ver sempre feliz, amor! Faço tudo por você! Você sabe disso! –
relatou o indivíduo.

- Eu sei, meu bem! Nem sei o que fiz para merecer você! O namorado mais
perfeito do mundo!

E se beijaram apaixonadamente, debaixo das águas do chuveiro.

Ficaram um tempo sem postar novas fotos no perfil da rede social de sexo,
primeiro porque não haviam tirado novas fotos e segundo que ela tinha parado de
enviar mensagens maliciosas para ele; Armando ficou com a impressão de que ela não
queria mais publicar fotos fazendo sexo.
No domingo à tarde, um pouco antes de Armando voltar para o apartamento
dele, ela se sentou ao seu lado no sofá e olhando para seu namorado enquanto ele
assistia a um jogo de futebol, puxou assunto.

- Amor, fiquei pensando muito esses dias sobre o que você me pediu.

- O que eu te pedi, bebê?

- Sobre o “ménage”, com outra garota.

O rapaz até se posicionou melhor no conjunto de estofados, e foi abaixando o


volume do aparelho televisor.

- E aí? O que você decidiu, meu bem? Nunca mais falamos sobre esse assunto.

- Pensei bastante, em tudo, Armando, mas quero que você me prometa uma
coisa! Prometa não, melhor, eu quero que jure por tudo que é mais sagrado!

- Prometer o que, Andreza?

- Jura que, independente do que aconteça, você sempre vai ficar comigo? Que
não vai me abandonar? Não vai me largar depois que eu te ver comendo outra garota
e eu tiver uma crise de ciúmes?

Seu namorado refletiu um pouco e respondeu:

- Eu juro, amor! Jamais faria isso, te deixar! Eu te amo! Essa fantasia é minha,
mas estaremos juntos sempre, se depender de mim!

- Eu sei, amor, mas você quer isso muito mais do que eu quero, e não sei se
você vai gostar ou não, mas não quero que meu namorado me largue se eu não gostar,
entendeu?

Disse ela com os olhos cheios de lágrimas. Armando a abraçou, confortando-a.

- Se eu não gostar e se principalmente você não gostar do que fizermos, -


afirmou Armando - a gente finge que nunca aconteceu e “bola” pra frente, meu bem.
Seguimos nossa vida juntos e esquecemos nossa tentativa de “ménage”.

- Promete, então? – pediu ela, encarecidamente e com a voz ainda engasgada


pelo choro.

- Prometo, bebê! Mas quero que você também deseje isso, não quero que faça
somente por mim! Se precisar, pode pensar melhor no assunto.

Ele gostaria muito que isso acontecesse, mas, vendo que Andreza talvez ainda
não estivesse preparada, tudo o deixava com dúvidas.
Armando levou sua namorada para casa em seu carro, e foram em silêncio o
caminho todo.

No dia seguinte ela ligou para ele no horário do almoço dela, pedindo
desculpa, e dizendo que estava mais emotiva aqueles dias. Seu namorado disse a ela
que ela não precisava se desculpar, que estava tudo bem.

Alguns dias se passaram, sem fazerem nada ousado; final de semana tranquilo
em casa, com pouco sexo e com sensação de tudo ser mecânico.

Em uma sexta-feira, o rapaz recebeu uma selfie dela no espelho do banheiro do


serviço, com a saia levantada e sem calcinha, abrindo as coxas e deixando mostrar um
“plug” anal introduzido no ânus.

Armando respondeu a mensagem da selfie perguntando se hoje ele teria


atendimento especial, e Andreza respondeu a mensagem dizendo "talvez". Armando
estava na cidade e foi buscar sua garota no serviço; ela estava vestida com uma saia
preta rodada que ficava pouco acima do joelho, uma blusa regata azul escura e uma
sandália de salto alto preta.

A namorada entrou no carro do rapaz e pediu para irem diretamente para um


motel. Assim fez o rapaz e dirigiu até o motel mais próximo, o qual se encontrava
quase lotado; ocuparam a suíte que havia disponível, e era mais cara do que aquela
em que costumavam ficar, mas era a única desocupada no momento e os dois tiveram
que aceitar. “Eu pago a diferença, amor, “- ofereceu a morena.

Pararam o carro na vaga de garagem em frente ao quarto, e entraram.


Enquanto Armando fechava a porta, Andreza já o esperava na escada, subindo rumo à
suíte.

Quando adentraram na mesma, a garota ja foi-se livrando da saia e da blusa,


enquanto ainda caminhava ate a cama, deitando -se a seguir na cama e foi dizendo:

- Vem. Eu sou toda sua. Vamos transar, que estou com muita vontade!

Ela, então, abriu as pernas e exibiu o plug que estava inserido no seu ânus.

- Você trabalhou sem calcinha hoje? – questionou seu namorado.

- Não, retirei só na hora de colocar o plug; foi quando te mandei aquela foto.

- Você me deixou muito excitado!

Ela sorriu e disse:

- Esta era a minha intenção, “babe”.

- Será que alguém percebeu que você estava com o plug?


- Não, minha saia é longa, ninguém viu nada! – e Suellen soltou um riso
maroto.

- Certeza?

- Sim. Você está com ciuminho, meu bem?

- Não. Quando você comprou isso?

- Foi anteontem, passei no sexshop antes de ir para a faculdade.

- Ninguém desconfiou em sua casa?

- Não deixei ninguém o ver.

O rapaz se aaproximou de Suellen e tocou a vagina da garota com seu dedo,


comprovando que ela estava toda melada. A seguir ele colocou os dedos em sua
própria boca e disse: “Delícia!”.

- Passei a tarde toda assim, depois que coloquei o plug dentro de mim. Ele
provoca muito tesão, amor! Vem logo transar! Não quero esperar mais...

Armando quis tentar retirar o plug, mas ela não deixou.

- Não, meu bem! Deixa ele aí, põe seu pau na minha pepeca! Põe logo, vai. Me
come!

O homem se posicionou atrás da morena, e já estando com o pênis em ereção,


começou a penetrar sua buceta. Ela começou a gemer, com grande sensação de
prazer.

- Me fode, Armando! Eu tava louca para sentir você dentro de mim! Mete esse
pau todo, até o tronco! – pediu ela, empolgada.

O rapaz deu então uma reduzida no ritmo quando ouviu essas palavras; fazia
um certo tempo que não fantasiavam e dessa vez ela o chamou pelo nome, mesmo
sem ela estar usando o vibrador.

- Vai, meu bem, mete com força! Me fode com gosto... - pediu ela, com
sinceridade.

Seu namorado entroei no jogo e aumentou novamente o ritmo das


penetrações. A essa altura ele também começou a gemer de prazer.

- Come minha bucetinha apertada! Eu esperei por isso a semana toda. –


confessou a moça. - Isso! Assim! Me pega forte!
Armando apertou forte a cintura de Andreza e a bombava com mais energia
ainda. Neste instante aproximou sua boca do ouvido dela e sussurrou:

- Eu queria arrancar sua saia e foder você em cima da mesa do escritório, com
todo mundo vendo!

O rapaz viu o corpo dela se arrepiando por completo.

- Ai Armando! Me come! Vai, me fode com força, macho gostoso! - implorou a


fêmea.

Seu namorado a penetrou com vigor mais algumas vezes e ela gozou, gemendo
alto.

- Goza gostosa, goza na minha pica, garota safada! – exclamou ele.

- Acaba comigo! Me trata como sua puta, seu cachorro! Sei que você é louco
para me foder, então me come gostoso!

Armando neste momento se assustou. Sua namorada nunca tinha se


pronunciado nestes termos, mesmo nos momentos de êxtase e do clímax sexual. Mas
apreciou na hora.

Ouvindo isso, explodiu e gozou, como não gozava há tempos, enchendo a


vagina dela de sêmen.

- Meu bem, você está tomando sua pílula, não está? – questionou ele.

- Meu bem, você se esqueceu de que agora estou tomando injeções para não
engravidar, a cada 30 dias.

- Sim, meu bem. É mesmo!

- Faz menos de 30 dias que tomei a primeira injeção.

- Então, tudo bem.

Caíram na cama, um ao lado do outro, recobrando mutuamente o fôlego,


ambos suados.

- Daqui a pouco eu quero no meu cuzinho, amor! - pediu ela.

- Com prazer, amor. Adoro comer seu cuzinho apertado. É delicioso!

Enquanto esperavam, Suellen ligou o televisor do quarto, no qual estavam


sendo exibidos filmes eróticos; na cena que passava naquele instante duas mulheres se
masturbavam de modo simultâneo; ela logo tratou de mudar o canal ; agora era uma
mulher com quatro homens, sendo penetrada na buceta e no ânus ao mesmo tempo,
com mais dois homens ao lado dela, um de cada lado, oferecendo as rolas para ela
chupar. Ela mudou de canal de novo. Por fim chegou a um canal onde um homem
transava com uma mulher numa posição “69” com os dois em pé, estando a garota de
cabeça para baixo.

- Olha, amor! Será que um dia a gente chega nesse nível? - brincou ela,
sorrindo, ao mostrar aquela cena para seu macho.

- Eu acredito que nós conseguimos sim. Vamos tentar qualquer dia... - disse ele
com um sorriso sapeca.

E o rapaz continuou:

- Você toparia, amor, fazer sexo comigo e com outra garota?

Andreza fez uma pausa para responder. Ao final disse:

- Não, meu bem, não estou preparada para isso ainda...Eu não gostaria de ver
você transando com outra menina na minha frente .

- Mas você também pode transar com ela – rebateu ele.

- Você sabe que eu não gosto de sexo com mulheres. Não tenho nenhuma
tendência a ser bissexual...

- Eu sonho com esse dia, amor! Quando você vai deixar? Vamos fazer uma
experiência...!

- Calma, Armando, um passo de cada vez!

Armando acreditava que sua namorada tinha vontade de experimentar outras


formas de sexo; depois disso ela ficou sem dar mais nenhuma resposta. Andreza
apenas o olhou por mais alguns instantes e desconversou, e ele ficou com a impressão
de que ela não teve coragem de prosseguir com aquele assunto .

Em seguida Armando a deixou em casa.

A partir desse dia Suellen parecia estar mais a vontade com as brincadeiras de
exibicionismo e isso se refletia no dia a dia. Dava a impressão de que ela estava
gostando ainda mais de o provocar, pois sabia que tudo o deixaria mais excitado ao vê-
la se exibindo para ele com nudes e mensagens maliciosas convidando para fazerem
sexo.

No domingo seguinte o casal foi ao shopping center para a garota comprar um


novo biquíni, pois iriam passar o próximo final de semana numa casa de praia.

Ela foi ao shopping center com um vestido florido, desses que ficam mais
folgados no corpo, e que vai até o meio da coxa; calçava sandálias de salto alto cor
bege e fez uma longa trança nos cabelos no salão de beleza. Estava linda, chamando a
atenção dos homens.

Entraram numa loja de roupas de moda praia e a moça escolheu um modelo de


biquíni muito bonito, porém muito mais comportado do que Armando imaginou que
ela desejaria comprar e foi em direção ao provador.

- Amor, depois me chama para ver como ficou o biquíni antes de você o tirar? –
pediu ele.

Ela respondeu com um sorriso maroto e foi adentrando no provador e


fechando a cortina em seguida.

Pouco tempo depois, a morena saiu do provador vestindo o biquíni que ela
escolhera e procurou por seu homem no corredor das cabines; como não o viu de
imediato, dirigiu-se até a entrada do corredor, de onde era possível ver toda a loja e o
chamou:

- Meu bem, vem ver como ficou a minha roupa!

Ao ouvir Andreza chamar na entrada do corredor dos provadores, ele


prontamente acenou, avisando que já estava indo ao seu encontro.

- Esse modelo ficou muito lindo em você! – elogiou seu namorado.

Ele olhou neste momento para os pés dela, que ainda estava com as sandálias
de salto alto; Suellen percebeu seu olhar malicioso e se justificou.

- Não precisei tirar a sandália, amor! O vestido saiu por cima!

- Você esta parecendo uma modelo assim, - elogiou o rapaz - de biquíni com
calçado de salto alto. Dá uma voltinha para eu ver!

Andreza deu uma volta, mostrando o biquini na parte de trás, imitando assim o
movimento que as modelos fazem; seu namorado achou o biquini com tamanho
grande para ela.

- Eu não gostei desse biquíni, experimenta outro – e Armando escolheu outra


peça. - Esse aqui, tenta ele; achei mais bonito!

Sua namorada pegou o biquíni escolhido e fez uma cara de espanto, mas voltou
ao provador para experimentar.

A cortina do puxador não fechou muito bem quando ela a tracionou, ficando
uma pequena fresta aberta, de onde era possível ver ela trocando de roupa, mesmo
estando ele no corredor.
Um casal chegou na entrada do corredor, e a mulher entrou em um provador
que estava disponível; o homem ficou encostado ao seu lado, de onde era possível ver
Andreza se despindo. Quando ele percebeu, até chegou mais próximo de Armando, no
local onde tinham melhor visão do interior do provador dela.

Quando a cortina se abriu seu namorado até levou um susto: a morena saiu do
provador quase nua com aquele pequeno biquini que usava; ela estava deliciosa
naquelas peças, e veio desfilando com o salto alto em passos firmes.

- E aí? O que achou deste agora? – questionou ela. – Ficou melhor do que o
outro? - indagou ela, dando uma voltinha ao se aproximar.

O biquini era preto, na parte de cima eram apenas pequenos triângulos que
amarravam na parte de trás do pescoço e nas costas; a parte de baixo da roupa não
era de amarrar, mas era bem pequena; na frente era bem cavado e fino, cobria
apenas a vagina e o monte pubiano, deixando as virilhas bem expostas; as alças
laterais eram finas, com mais ou menos um dedo de espessura, desenhando bem o
quadril; a parte de trás era um pequeno triangulo que se perdia dentro daquela bunda
arrebitada.

O homem do seu lado não sabia o que olhar primeiro, tamanha sensualidade
dela naquele momento. Armando começou a sentir ciúmes.

- Deixa eu ver a parte de trás! – pediu seu namorado.

Ela se virou novamente, ficando de costas para os dois. Olhou para trás com
aquele olhar malicioso, empinou um pouco o bumbum com as mãos na cintura e
perguntou novamente:

- Ficou bom na parte de trás? - e sorriu.

- Esse está perfeito! - elogiou Armando. - Vamos levar esse! Pode se trocar,
meu bem. – pediu o rapaz, já importunado com o curioso ao seu lado.

- Já que você gostou vou levar esse também, vou lá tirar. Eu já tinha escolhido
um antes desse.

- Ótimo, meu bem. Levamos os dois, então.

E ela foi caminhando em direção a cabine do provador novamente, rebolando


suavemente aquela bunda que quase engolia o minúsculo biquini que ela usava.

Sua namorada saiu do provador e viu o volume na calça de Armando, notando


que ele tivera uma ereção.

- Amor! Que é isso? Gostou tanto assim do showzinho que dei para você? –
indagou ela, falando ao seu ouvido.
- Para você ver como você ficou gostosa nesse biquíni! – cochichou o rapaz para
ela.

Ela foi para o caixa toda sorridente e satisfeita pelo feito. Armando pagou um
dos biquínis.

Saíram da loja com os dois biquinis novos, um mais comportado e o outro, mais
ousado. Seguiram caminhando pelo corredor do shopping de mãos dadas, observando
as vitrines das lojas. Suellen neste dia estava radiante e parecia chamar a atenção dos
homens por onde passava; seu vestido acima do joelho e seu salto estavam causando
sucesso.

A semana se passou e na sexta-feira seguinte ele foi pegá-la para passearem


em Barreirinhas, na praia do povoado de Atins. Armando convidou sua namorada para
fazerem uma aventura na cachoeira do Boqueirão, em Icatu, mas a jovem já havia
estado lá, e dada a recordação de que o acesso ao balneário era muito dificultoso,
Suellen pediu para que não fossem para a referida cachoeira.

Como saíram tarde, chegaram no meio da madrugada a pousada escolhida.


Havia apenas um rapaz na recepção da pousada, o qual fez o check-in do casal, pegou
suas malas e os acompanhou até o quarto em que ficariam hospedados. Eram três dias
apenas em que permaneceriam no local, mas Andreza sempre levava muita roupa,
maquiagem, sapatos, etc.

O funcionário abriu a porta do quarto, ligou a luz e deixou as malas próximo da


saída, entregando a chave nas mãos de Armando. Ele explicou sobre o horário de
funcionamento do café da manhã, desejou-lhes uma boa estadia e voltou para a
recepção.

Era uma pousada simples, mas muito confortável e com bom atendimento. A
moça estava cansada e já foi tirando a calça, a camisa social e o sutiã, de modo que
ficou apenas de calcinha para se jogar na cama.

Armando se voltou para ela e disse:

- Já vai dormir, meu bem? Vou tomar uma chuveirada; se quiser, pode me fazer
companhia.

Ela só resmungou algo ininteligível e o rapaz ficou na esperança dela vir, pois
estava louco para foder ainda aquela noite, sob o chuveiro. Pegou as duas malas que
estavam perto da porta e as colocou dentro do quarto.

Durante o banho, o namorado ouviu o barulho de uma porta fechando, e achou


que a sua garota tinha ido até o carro buscar algo que tinha esquecido, e continuou
tomando banho.

Quando saiu do banheiro, notou que havia mais uma mala perto da porta. Era a
outra mala da Andreza, ela tinha duas. O rapaz da recepção deve ter voltado para
trazer a terceira mala que tinha ficado lá, mas se ele entrou no quarto para deixar a
mala, poderia ter visto a sua namorada deitada na cama, apenas de calcinha.

No dia seguinte, Armando questionaria Suellen sobre isso.

Conferiu a porta do quarto, confirmando que estava trancada e guardou a


terceira mala no armário, junto com as outras.

Deitou-se junto a Andreza e dormiram abraçados.

Para tomarem o café da manhã, passaram pela recepção, mas já não era o
rapaz de ontem que estava por lá, mas sim outra funcionária.

Sua namorada estava usando o biquíni preto que compraram na semana


anterior, coberto por uma saída de praia branca, mas a transparência do tecido
revelava o pequeno biquíni que ela usava por baixo, fazendo todos os homens ali
presentes ficarem ligados na morena sensual, enquanto ela se servia no buffet.

Após o desjejum, foram caminhando até e a praia; afinal de contas, a distância


da pousada ao mar era de aproximadamente 50 metros.

Durante o caminho ouviram alguns assobios, e óbvio que eram para a garota,
que mesmo estando de mãos dadas com ele, não evitava que os outros machos a
assediassem.

Chegando à praia viram um quiosque a alguns metros, com mesas e cadeiras,


foram até o local e se sentaram em uma mesa disponível.

Chamaram por um garçom que passava com uma bandeja; Armando pediu uma
cerveja, enquanto água de coco foi a solicitação de Andreza. O atendente do bar
anotava tudo enquanto observava disfarçadamente ela tirar a saída de praia e
estender em seguida uma toalha na areia para tomar sol.

Para posicionar melhor a toalha na areia ela teve que ficar de quatro, fazendo o
biquininho entrar ainda mais na sua bundinha.

Sua namorada exibia o corpo no novo biquíni, fazendo a alegria de todos


naquela praia. Muitos que estavam caminhando acabavam passando mais próximo só
para poder observá-la um pouco melhor.

Na mesa do lado havia três homens que não tiravam os olhos dela, e ficavam
conversando entre si, rindo e chegaram a apontar na direção da jovem.

Ela não se importava e continuava tomando seu banho de sol.

Passou um vendedor de cangas e ela deu um pulo da toalha, levantando-se e o


chamando, pois queria ver alguns modelos. A moça foi ao encontro do vendedor.
O carrinho parou bem na frente da mesa com os três homens e Suellen provou
quase todas as cangas que ele tinha, e no final escolheu uma na cor azul marinho,
muito bonita, mas voltou para a sua mesa sem a canga, desfilando aquele pequeno
biquini entre as mesas do quiosque.

Andreza voltou à mesa e Armando a questionou:

- Amor, hoje de madrugada nós esquecemos uma mala na recepção e eu


percebi que o funcionário foi deixar no quarto. Você abriu a porta para ele ou o
mesmo abriu sozinho, sem bater?

- Sim, ele chamou, amor, e eu abri a porta para o funcionário. Na verdade,


estava só encostada. E ele não tocou a campainha do quarto para não incomodar.

- E você foi abrir a porta só de calcinha? - indagou Armando, com rosto


apreensivo.

- Não, querido. Eu me enrolei nos lençóis até o pescoço e nem liguei a luz do
quarto. Eu apenas entreabri a porta e o rapaz empurrou a mala para dentro, e eu o
agradeci. Ele nem me viu. Fiquei atrás da porta.

- Certeza, amor? Ele não viu você?

- Você ainda está duvidando de mim? – retrucou a garota, já um pouco


zangada. - Isso é hora para começar discussão sobre ciúmes, Armando?

- Não, não é – amenizou o rapaz.

E Armando mudou de assunto por enquanto:

- Andreza, o que você quer fazer amanhã?

- Não sei ainda! - respondeu ela, de modo ríspido.

Gastaram o dia na praia; o sol se pôs e voltaram para a pousada.

Passaram pela recepção e lá estava o recepcionista da noite anterior; quando o


mesmo viu Andreza ficou meio constrangido; pelo menos foi o que sugeriu, ao
cumprimentá-los, dando a entender que realmente poderia ter visto a garota em
situação “privilegiada” na noite anterior. Ela, porém, fez de conta que nada de anormal
tinha ocorrido.

No quarto da pousada, a jovem se despiu e veio mostrar ao namorado que já


tinha adquirido um bronzeado em sua pele.

- Olha Amor! Já criei marquinhas! Já peguei um bronzeado hoje... Como estou?


– questionou ela, toda contente.
- Você está ainda mais gostosa! – elogiou o rapaz. – Eu acho muito sensual
quando seu corpo fica com essas marcas de sol. Eu acho o máximo! – continuou ele. -
Posso tirar umas fotos suas?

Suellen não gostava muito de se deixar fotografar no celular de outra pessoa,


mesmo que fosse seu namorado. Porém, desta vez cedeu e permitiu, dizendo:

- Só uma foto, amor. Tenho receio de ficar feia nas fotos!

- Tudo bem. Vou tirar somente uma foto. Se eu bater mais de uma, apago as
outras e te mostro.

- Sim, quero ver – pediu a garota.

Ele pegou seu celular e fez uma fotografia de Andreza numa pose de lado, com
um dos pés levantando o calcanhar, e usando uma sandália de salto alto, de modo a
salientar mais seu bumbum.

- Ficou linda! – declarou o jovem.

- Deixa eu ver! – e a morena conferiu sua foto após seu namorado lhe entregar
o smartphone. – Envia esta foto para mim pelo WhatsApp. – pediu ela

- Envio agora mesmo.

Em seguida disse a moça:

- Vou tomar um banho para tirar essa água salgada do mar, que quase acabou
com meu cabelo. Olha só como esta ressecado! Vou ter que hidratar após o banho!

- Já que você vai demorar aí. Eu vou até a recepção para tentar usar o wi-Fi;
aqui o sinal do celular não está legal no momento. Vou entrar em contato com meus
pais.

- Tudo bem, amor – concordou a morena.

Após fazer sua ligação, Armando voltou ao quarto. Sua namorada abriu a
porta; estava enrolada em uma toalha, e o indagou:

- Como estão seus pais? – indagou Suellen.

- Eles estão bem; só que falaram algo que eu não pude entender totalmente,
pois estavam no meio de um aniversário. Estava rolando música ao vivo.

- Oh! sogra festeira essa minha...

- Eu vou tomar um banho e depois vamos jantar! – comunicou Armando.


- Espera, deixa eu tirar o biquini do box, vou colocar para secar em outro lugar.
O wifi funcionou na recepção?

- Funcionou sim, muito bem.

- Vou lá então enquanto você toma banho, o sinal daqui é pessimo!

- Você vai ligar para quem, amor?

- Vou falar com meus pais.

- Está bem. Pode ir.

A morena colocou uma roupa, saiu do quarto e encostou a porta; estava


vestindo uma camiseta regata cor-de-rosa que deixava a barriga de fora, com sutiã
meia-taça e um short jeans mais solto, e bem curto, permitindo-se ver o contorno de
seu bumbum aparecendo, e calçava chinelo de dedo nos pés.

Ela não havia dado ainda sinais de que havia traido Armando.

Quando estava no banheiro, dentro do box, o namorado pisou em algo


grudento; era secreção vaginal. Ela tinha-se masturbado. Mas por que motivo? O
rapaz ficou a se questionar.

Andreza foi até a recepção, ativou o wi-Fi e realizou uma ligação de dentro de
um banheiro, próximo ao hall de entrada da pousada.

Primeiro ela enviou uma mensagem pelo zap.

- Posso te ligar agora?

A outra pessoa respondeu:

- Pode. Chamada de áudio.

E ela fez uma ligação pelo aplicativo de mensagens.

A pessoa atendeu e Andreza disse:

- André, meu bem, estou com saudade. Podemos conversar?

- Mentira. Você até viajou com o carinha aí.

- Você não pode viajar comigo. Ela não deixaria. E se descobrisse seria a maior
confusão. Eu tenho que sair de São Luís de vez em quando para desopilar minha
mente. Eu trabalho muito.

- Não esqueço nossa transa no motel rumo à praia.


- É difícil essa vida de dividir um homem entre duas mulheres; ainda mais irmãs.

- Também estou com vontade de te pegar de novo, bem de jeito.

- Eu até bati “uma” para você agora. Masturbei-me no box do chuveiro, pois o
boy tinha saído para a recepção.

- E por que não me enviou uma foto de sua xoxotinha toda babada?

- Eu não. Não sou nem louca. E eu estava sem sinal de Internet no quarto.

- O que vocês farão agora à noite?

- Não sei ainda.

- Pois se cuida. Não dá moleza para essa cara aí.

- Pode deixar. Um cheiro.

- Beijo.

- E você, não exagere com ela aí. Guarde sua energia para nós.

- Pode deixar. Hoje vou inventar até que estou com dor de cabeça.

- Preciso desligar. Parece que ele está me chamando.

- Vai então falar com ele. Tchau.

Armando tinha chegado à recepção e estava procurando por Andreza,


chamando seu nome em frente ao banheiro feminino. Estivera sentado no sofá em
frente ao balcão da recepção, mas dada a demora de sua namorada no lavatório, foi
procurá-la para saber se estava tudo bem.

- Andreza?! - chamou ele.

- Já vou sair, meu bem. – respondeu a jovem.

Quando ela saiu do banheiro seu macho a questionou:

- Por que demorou tanto, meu bem?

- Eu senti uma breve dor de barriga; mas já passou tudo; estou muito bem.

- Graças a Deus.

Em seguida voltaram a se sentar nas poltronas da recepção e ela apoiava seus


pés na mesa de centro, mantendo as pernas flexionadas sobre as coxas.
Na posição que ela estava, o short mais folgado deixava um discreto vão aberto
na virilha. Na posição do balcão dava para ver uma parte da calcinha branca de renda
que ela usava e o volume que se formava com o desenho do monte púbico.

Assim que percebeu isso, o rapaz que estava sentado atras do balcão, ou seja, o
recepcionista de plantão da pousada, passou a fingir que estava trabalhando no
computador e, de instante em instante, tentava espionar a região íntima da garota,
que parecia desatenta.

- Olha, amor! Consegui o wifi! O moço da recepção me ajudou a configurar –


disse ela.

Armando olhou para a tela do celular de Andreza. Ela estava vendo o


Instagram.

Seu namorado percebeu a malícia do recepcionista do hotel e a convidou para


darem um passeio pela vila de Atins, pois queria retirá-lo o mais rápido possível
daquela recepção.

Deixa só eu responder uma mensagem de minha irmã Marcela no WhatsApp –


pediu a garota.

Andreza rapidamente respondeu a mensagem.

- Pronto! Mensagem enviada! Vamos dar uma volta, amor; precisamos procurar
os melhores locais para jantar mais tarde – concluiu ela.

Foram para o quarto pois a garota pediu para trocar os calçados e saíram, após
a mesma escolher chinelos mais confortáveis.

E deste modo saíram da pousada para dar um role nas ruelas de Atins.

Caminharam pelas veredas do lugar e escolheram um local para jantar.


Retornaram ao hotel, tomaram um banho e já saíram novamente.

No jantar falaram pouco, pois estavam muito cansados; terminando de comer,


voltaram para a pousada para dormir.

Passando pela recepção, o atendente seguiu a jovem com os olhos, e esta


comentou com seu namorado.

- Nossa, amor, esse moço da recepção fica secando minha bunda, você viu?

- Andreza, você está prestando muita atenção nele; eu não gostei disso agora.
Eu sei que você é gostosinha e é difícil não olhar, mas acho que você está prestando
muita atenção nele e está muito preocupada para o meu gosto.
- Você ficou aborrecido comigo agora?! – retrucou a moça, um pouco amuada.
– Tu é que devia ficar esperto, e prestar mais atenção na sua garota. Os caras olhando
e você nem faz cara feia para eles...

- Desculpa, mas.

- Eu também estou chocada agora com você; eu sou a vítima e você inverte as
coisas – e Suellen fez uma cara de desapontamento. – Fica mais esperto, Armando; se
liga. Você tem é que me proteger e colocar moral nos outros homens.

- Só falei que você estava dando muita importância aos olhares dele; eu não
insinuei que você tentou dar bola para ele, ou chamar sua atenção de propósito.

- Mas não foi o que pareceu há alguns minutos atrás. Respeite-me, por favor.
Você me ofendeu, de certo modo. Não sou uma qualquer, e que sai dando cabimento
para qualquer um; eu respeito a sua pessoa, Armando, estando ou não ao teu lado –
continuou a sua namorada, um tanto inquieta. – Talvez você agiu assim comigo e disse
essas palavras por se comportar de outra forma quando não está ao meu lado.

- Não diga isso, Andreza. Você se excedeu agora.

Continuaram com o embate no quarto da pousada e a discussão foi-se


acalorando, de modo que ficaram muito chateados um com o outro e decidiram já ir
embora na manhã do dia seguinte.

Chegando a São Luís o casal de namorados passou cerca de uma semana sem
se falar, intrigados um com o outro. Após esse período, porém, fizeram as pazes e
saíram para jantar.

Andreza falou de sua sogra para Ester no dia seguinte:


- Mãe, eu adoro a minha sogra. Ela já me deu umas dicas tão legais!!!
- Foi mesmo? Que bom, filha. Eu sei que Silvane é uma mulher experiente e
muito cabeça.
- Sim, dona Ester, ela é sim. Adoro as orientações dela. Conversamos
absolutamente sobre tudo.
- Agora fiquei enciumada – brincou sua mãe. - E depois você vai ter que me
contar mais detalhes sobre estas conversas entre vocês duas.
- Pode deixar, mãe. Falarei sim – concluiu Andreza, mas nunca contou.
Andreza e Armando saíram para jantar. Depois disso foram a um motel. Eles
conversaram após transar:

- Amor, qual é a sua fantasia sexual? – questionou Andreza.

- Minha fantasia sexual é ficar o dia inteiro fazendo amor, sexo, com você, meu
bem. Isso representa uma ideia genial e repleta de prazer para mim. Vamos reservar
um dia do mês apenas para fazer isso?! – sugeriu seu namorado. - Seria algo
surpreendente, e o principal é que seria possível realizar tudo o que vem à imaginação
e procurar ficar em forma.

- Eu pensei que você fosse dizer que seria fazer sexo com duas mulheres, pois
não aceito isso.

Na mente de Armando, mulheres liberais, e que não se importassem em dividir


seu homem com outras garotas, poderiam oferecer uma das safadezas mais
surpreendentes, para ficarem sempre registradas na memória do macho, ou seja,
praticar sexo com duas ou mais mulheres ao mesmo tempo. Para ele, o público
masculino, em sua maioria, apreciaria ou sonharia com este momento na vida.

- Há casais que conseguem salvar o casamento ao apostar no sexo a três,


Andreza – alegou o rapaz.

- Orgias também são interessantes, com vários homens e uma ou duas


mulheres? - pilheriou ela.

- Eu não me importo com a presença de outras mulheres no recinto em que


acontecem os atos sexuais.

- Esta situação seria fácil para você, mas não para mim – declarou a morena,
um pouco chateada.

- Desculpe, não falei por mal – desculpou-se o namorado. – Não fique chateada
comigo.

- Vou tentar não ficar – disse ela, ainda um pouco amuada.

NO DIA SEGUINTE A MORENA SE ENCONTROU COM SEU CUNHADO MAIS


CHEGADO NA APARTAMENTO DELA E TIVERAM UMA CONVERSA .
Indagou Andreza:
- E aí: continua sem fazer sexo oral em minha irmã?
- Quem te falou isso? Como você sabe? – surpreendeu-se ele.
- Ela mesma me contou!
- Não acredito! Ela conta todas as nossas intimidades!!! – retrucou ele.
- Pois está bom de você mudar seu comportamento com ela. Buceta, você só
quer chupar a minha?! Se ela descobrir que você suga a minha xoxota com gosto ela
vai até querer te matar! Fica esperto...
- Pode deixar. Vou ter cuidado...

Andreza e Armando começaram a se desentender e tinham brigas com frequência,


apartando-se e fazendo as pazes alguns dias depois. Ela era ciumenta e exigente na
relação, e o namorado era um pouco relaxado e não era muito presente. A garota
pegava pesado com ele nas discussões e algumas vezes o deixava magoado. A partir de
certo período, Armando também começou a responder sua namorada de forma ríspida
e os dois saiam aborrecidos dos embates. Também Andreza começou a suspeitar que
ele a traía. Aquele casal começava a perder o autocontrole nas brigas, cometendo
excessos nas discussões.

Armando conversou com Silvane sobre Andreza, poucos dias mais tarde:
- Mãe, eu tive uns pequenos desentendimentos com Andreza.
- Por que, Armando? Parecia que vocês estavam tão bem. Foi algo sério?
- Ah! Ela muda muito o comportamento de uma hora para outra; ela é bem
estranha; tem horas que me cobra uns ciúmes sem nenhuma razão; ela está feliz, de
repente, fica zangada e irritadiça; não dá para entender; Andreza é uma garota de
“veneta”. Ela é bastante desconfiada.
- Meu querido, ela deve ter percebido algo de errado que você fez. Armando,
você andou traindo sua namorada?
- Não, de forma alguma – mentiu o rapaz. – É verdade, mãe, tem momentos
que é difícil entender Andreza e ela é difícil de acreditar e de se doar integralmente.
Tem situações onde parece que a cabeça dela está em outro lugar diferente e ela não
me dá a mínima. Eu ouvi falar que Andreza teve uma desilusão amorosa uma vez e isso
a maltratou muito, do ponto de vista emocional, mas Suh não comenta nada sobre
esse assunto comigo. Ela também teve um problema de saúde após deixar o namorado
e ficou cerca de três meses sem sair de casa.
- Foi mesmo? Eu não sabia. Pode ser por esse motivo que ela ficou sumida uns
meses e eu não a via. Isso foi há um ano e meio atrás, mais ou menos. Filho, trate bem
a Andreza. Tenho muita consideração por ela. É uma boa moça.
- Sim, mãe, eu gosto bastante de minha namorada e não quero perdê-la, mas
ela andou me cobrando uns ciúmes e a gente teve uma discussão.

- Vocês deram um tempo?


- Não. Mas quase que a gente termina, por assim dizer.
- Meus jovens, tentem conversar mais para não tomarem decisões precipitadas.
- Você tem razão, mãe. Precisamos conversar mais. Tenho que melhorar minha
sintonia com Andreza.
- Cuide bem dela, filho. Ela é uma garota de ouro. É moça para casar...
- Sei disso, mãe, e estou me esforçando para poder conquistá-la mais, dia após
dia. Mas Andreza é geniosa, e tenho que aprender a lidar com seu jeito .
- Então se esforce, pois acredito que valerá a pena. Vocês pensam em assumir
um compromisso sério em breve, para depois noivarem?
- Não, ainda não pensamos – blefou Armando, pois Andreza já o tinha
abordado sobre assumirem um compromisso mais sério e ele não a respondeu.
- Pense bem em tudo que eu falei hoje, querido.
- Sim, mãe. Boa noite.

MELINA CONVERSOU COM ANDREZA NO DIA SEGUINTE.

- Suh, eu fiz um striptease para o André.

- Foi mesmo, Mel? - replicou Andreza, bem surpresa.

- Ele ficou louco e eu nunca tinha visto o pau dele tão grande e tão duro como
foi dessa vez. Esta dica consagrada para deixar o seu homem com tesão máximo
durante as preliminares me foi repassada por uma colega da escola. Claro, tive que
utilizar uma roupa sedutora, pois é necessário, assim como colocar para tocar uma
música sensual no quarto do motel, e ficar com o ambiente em meia-luz; usei o
perfume que ele aprecia, dentre outros complementos , para que o striptease ficasse
com uma performance legal.

- Parabéns pela idéia, irmã – elogiou sua irmã, com certa inveja, na verdade.

- Outro dia eu fiz ele acordar todo molhado – continuou a ruiva.

- Como assim, irmã ? – quis saber Suellen.

- Suh, por mais que eles sempre neguem, os homens possuem diversos tipos de
desejos sexuais. E um deles é acordar ou ser despertado com sua namorada fazendo
sexo oral, uma bela mamada, bem gulosa.
- Viche, Maria – retrucou a morena, impressionada.

- Na prática, ao despertar desta maneira, seu namorado vai até pensar que
ainda está sonhando, e já acorda gozando. Bastou eu acordar um pouco mais cedo que
ele e então o despertei desta forma.

- E o que mais você andou aprontando com ele, Mel? – indagou sua irmã, bem
curiosa.

- Usei chantilly outro dia; eu sei que é uma das safadezas mais realizadas entre
os casais ao redor do mundo. Eu testei, foi ótimo. Coloque uma boa quantidade no
pênis dele e, lambi, chupei, comi, com todo gosto, até ele ter uma orgasmo na minha
cara. Eu engoli; ai, foi uma delícia.

- Pára, Melina. Estou ficando nervosa, – replicou Andreza – minha buceta está
latejando de desejo e estou ficando toda molhada. E não tenho ninguém agendado
para transar hoje. Vou ter que masturbar, se você continuar.

- Mas deixa eu falar só mais uma coisa: eu li outro dia sobre sexo exótico, ou
seja, posições sexuais do Kama Sutra e assuntos de Tantra, etc.

- Lá vem você; quer me deixar louca, sua tarada.

- Continuando, Suh: Sexo exótico consiste em outras das safadezas que os


homens mais adoram na cama. Existem vários tipos de culturas que podem nos
ensinar algo quando o assunto é prazer. Com o Kama Sutra, as posições ficam
prazerosas para ambos, em principal nas posições que trazem conforto. Mulheres
devem fazer yoga para aumentar o nível de elasticidade.
- Vamos fazer, então – sugeriu Andreza.
- Vamos procurar. A gente fala para nossos pais que deseja fazer para ficar mais
relaxada, aprender a controlar a mente; tudo mentira... – E Melina soltou um gostoso
riso.
- Melina, já tive vontade de aprender a massagem tailandesa, ou no sexo
tântrico eu ser capaz de causar prazer ao homem apenas ao toque das minhas mãos.
- Ah, Suh, nosso apetite sexual é voraz – gabou-se a ruiva. – Meu boy diz,
como ele ouvia numa música de que um tio dele gostava: “Quando mulher quer é bom
demais!”
- Como assim? Não entendi? Explique melhor! – questionou e pediu Andreza.
- A mulher deve demonstrar apetite sexual para o seu parceiro, e com certeza
ele vai ficar com o ego maior ainda, e vai adorar o que você fez. Procure ficar por cima,
mostre como pode ser capaz de deixá-lo morrendo de tesão durante o sexo,
alternando entre dominar e ser dominada. Demonstre que sua libido sempre está em
alta ao lado dele. Experimente safadezas diferentes e posições novas, irmã, com seu
namorado; perca qualquer espécie de medo antes de experimentar.
- Melina, você está sabendo de tudo. Que autoconfiança a sua! – surpreendeu-
se sua irmã. – Deixa eu te perguntar uma questão indiscreta: vocês já praticaram sexo
anal?
- Eu já. Você ainda não?
- Eu nunca fiz. Algumas mulheres vêem certos problemas em fazer sexo anal
com seus parceiros, como desconforto e dores após a penetração. E você?
- André é ótimo. E uma coisa é verdade: os homens adoram; em principal
quando eles conseguem chegar ao orgasmo e jogar o esperma dentro da gente. A
sensação é maravilhosa – e Melina fazia de conta como se estivesse acontecendo
aquilo agora, deixando sua irmã enciumada. - Topar e fazer sexo anal com prazer sem
dúvidas representa boa ideia para apimentar e surpreender a relação. Eu aceitei e
gostei bastante do anal.

ANDREZA DESCOBRIU QUE ARMANDO A TRAÍA. Contou ela para sua


irmã mais velha:
- Marcela, eu descobri umas mensagens do meu namorado. Eu clonei o
Whatsapp web dele num instante em que ele foi ao banheiro e por descuido o sacana
deixou o celular ao meu alcance. Eu descobri a senha do celular (Eu o vi unindo os
pontos para formar as imagens tracejadas). Armando realmente me enganou e me
traiu, aquele traste. Ele ficou com uma garota. O diálogo entre eles é a maior baixaria.
- Suh, que absurdo o que esse “mala sem alça” fez com você. Como você está
agora?
- Estou bem mal. Descobri nas conversas entre elas que rola a maior putaria. A
quenga diz que deu boquete bebendo a porra dele, entregou o cuzinho pra ele comer,
trepava até dentro da empresa em que ela trabalha, não temendo nem ser demitida
por justa causa; eles não tem um pingo de pudor, o mínimo de escrúpulo, e agem na
mais completa e alucinante vontade de trepar!
- Andreza, mulher é uma múmia na cama se NÃO ESTIVER PERDIDAMENTE
APAIXONADA pelo cara! Esta menina deve estar alucinada por esse ordinário! Pra fazer
todas essas coisas...
- Não entendo como ele se atreveu a fazer tudo isso comigo. Eu já estou
sofrendo, irmã.
- Calma, Suh! Quando você falou com ele pela última vez?
- Há dois dias atrás; de lá para cá tirei a visualização de mensagem lida do
celular e do último horário de acesso ao Whatsapp. Não respondo mensagens dele faz
dois dias.
- Você está certíssima. E por que será mesmo que ele te traiu? Você era liberal
com ele na cama?
- Ele deve ser apenas um narcisista cretino. Eu o satisfazia de todo jeito quando
fazíamos sexo. E, na verdade, acho que ele nunca teve ninguém que fosse capaz de
fazer as coisas que eu fiz por ele! Imagine isso!
- Você fingia ter orgasmos com ele? Muitos homens odeiam esse fato.
- Irmã, eu nunca fingi orgasmos com ele. Agora, um homem só será enganado
por uma mulher que finge orgasmo se ele não prestar atenção nela; não “olhar com
adoração” para sua garota! O corpo da gente fala! Movimentos involuntários,
contrações de prazer, tremores, são simplesmente impossíveis de serem simulados!
Ou se goza ou não! E para o cara que adora ver sua mulher gozar é simplesmente
impossível ser enganado pela imitação!
Disse Andreza ainda para sua irmã mais velha:
- Verdade. Dama na sociedade e puta na cama. É assim que eu me sinto. Faço
tudo pro meu namorado na cama. E procuro fazer tudo muito bem feito pra deixar ele
louco. Sou a verdadeira puta dele na cama. É assim que uma mulher tem de ser. E eu
fico cheia de tesão em ver ele louco também . E vice versa. Falo putaria, mamo gostoso
a piroca dele, dou muito a buceta bem apertadinha pra ele e o cú sempre que ele quer.
Amo fazer isso tudo. Fico melada todo dia só de pensar nele me comendo e fazendo de
mim a sua putinha.
Relatou Marcela então:
- Irmã, para o homem o sexo nunca está completo. Você vai aprender isso com
o tempo. Eles nunca estão totalmente satisfeitos. E os fetiches de fazer com 2 ou 3
mulheres: ele nunca comentou contigo?? Todo homem sonha. Eu sempre fiz tudo com
meu ex-namorado, fazia tudo o que ele me pedia, e certa vez ele me pediu uma prova
de amor que era fazermos uma transa com uma amiga. Nossa, eu me senti humilhada,
um lixo; era na verdade uma prova de que o sexo só comigo não estava suficiente.
Infelizmente terminamos, pois foi humilhação demais pra mim. Eu gostava muito dele.
Contou ainda Andreza:
- Faço de tudo pro meu namorado, mas ele goza rápido demais! Nunca fico
satisfeita, me sinto péssima e me torno muito brava. E como ele trabalha fora e fica
alguns dias longe de mim mando até fotos nuas pra ele me masturbando, mas ele
parece não estar nem ai para mim. Ele não comenta nada de legal sobre as fotos. Eu
gostaria de saber o que pode está acontecendo ou ele tem outra menina por lá.
- Essa questão de ele viajar deve estar influenciando. Acredito ser justamente o
contrário do que pensa quanto mais tempo sem sexo mais rápido é para gozar no caso
dos homens. Experimente ao invés de ir pro sexo direto fazer sexo oral e revezar
batendo uma pra ele porém devagar e sem pressão pra que ele não goze dai faça isso
por um longo tempo, assim possivelmente ele manterá a ereção por mais tempo sem
gozar e poderá te maltratar na cama como você quer.- sugeriu sua irmã.

MELINA CONVERSOU COM ANDREZA ALGUNS DIAS DEPOIS, FAZENDO


PROPAGANDA DE SUAS HABILIDADES SEXUAIS.
Pronunciou Melina :
- Sou muito puta, Suh. Adoro sexo, meu namorado também. Eler me chama de
safada e me quer sempre. Só tem um defeito não chupa minha buceta, faz tudo
gostoso. Come meu cú e minha buceta; mama meus peitos gostosos, goza na minha
boca, bebo o leitinho quente dele; usamos até alguns brinquedos. Mas nem uma
lambidinha ele dá. Só falta isso para ficar completo. Deixo depilada, cheirosinha, mas
nada. Deixo ele louco; portanto, ele não tenta fazer do que eu gosto.
“Nossa eu amo chupar até as bolas; engolir tudo até engasgar; adoro fazer com
cerveja, uauuuu ! fica geladinho o pau , o André adora. Eu amo quando me pega de
quatro e come meu rabinho com força, eu grito de tesão, é delicioso!
Andreza ouvia tudo aquilo com atenção. Em seguida a morena mudou de
assunto:

- Mel, como eu vou saber se Armando anda trocando mensagens com outra
mulher? Eu já tive suspeitas de que ele me trai...

- A primeira dica se ele parou de falar com você por dois ou três dias, pois
algo pode estar acontecendo, ainda mais se o seu namorado costumava conversar
muito e bem comunicativo, e de repente muda de comportamento contigo. Se
ocorrer assim, pergunte se existe algo que o está preocupando, só para ver o que
ele responde.

- Tem momentos que eu sinto que ele está deixando de demonstrar o mesmo
afeto de antes, ou seja, ele não troca comigo o carinho que costumava me dar
antes.

- Ele pode estar conseguindo isso de outra mulher, e retribuindo a mesma.


Alguns homens quando traem começam a tratar a mulher enganada com mais
indiferença. É como se eles não tivessem a mesma carga de sentimentos bons para
distribuir por duas garotas; só é suficiente para uma de cada vez.

- Armando também já me deu umas desculpas para não se relacionar


sexualmente comigo algumas vezes, quando eu queria e ele alegou estar sem
cabeça, ou muito cansado, ou sem condições psicológicas para transar, culpando o
trabalho, muitas dessas vezes.

- Se ele normalmente pensava em sexo com frequência e desejava o mesmo,


e agora mudou, existe algo estranho, Suh. A partir do momento que o seu
namorado começar a dar desculpas para não trepar, pode ser que ele esteja saindo
com outra mulher.

- Será, irmã, que ele está fazendo isso comigo. Eu estava com o meu namorado
no apartamento dele e o mesmo começou a agir de maneira estranha e suspeita:
ele trancou a porta do banheiro e ficou por um bom tempo ao telefone, mas não
consegui ouvir e entender o que ele conversava; pensei em exigir que ele abrisse a
porta, e me relatasse o que estava havendo, mas deliberei não fazer isso.

- Ou caso ela sorria do nada sem alguma explicação, quando estiver ao


telefone, é mais provável ele se encontrar trocando mensagens com outra mulher.

- Pára, Mel. Assim você vai me deixar neurótica. Irmã, você está colocando
mais grilos em minha cabeça.

- Mas não é você quem está com as suspeitas de que seu namorado a trai.
Estou apenas te alertando e oferecendo umas dicas. É só isso.

- Outro dia ele começou a esconder o celular de mim, para eu não ler as
mensagens dele quando ele se encontrasse afastado; pior que eu imagino que
ele pode estar escondendo algo.

- Assim, Suh, quando ele não estiver por perto, mesmo não sendo ético mexer
no celular de ninguém, pode ser que você descubra alguma mensagem que possam
ser intrigantes, porém dolorosa. Sendo assim, sinta-se forte o suficiente para
investigar e vá em frente.

- Por fim, ele quase parou de sair comigo ou pelo menos evita saídas á noite,
como fazia antes. E, por último, fica mais de uma hora no telefone celular, sem me
dar atenção, quando estamos juntos; eu o indago sobre sua conduta e ele fala que
são assuntos de trabalho.

- Então você deve observar os outros sinais e procurar controlá-lo, pois


qualquer homem que não consegue encontrar um tempo para ficar com a sua
namorada, é possível que esteja trocando mensagens e saindo com outra mulher.
- Eu vou buscar por um , que ofereça serviços para me ajudar a descobrir
alguma coisa; pois eles possuem experiência nestes casos, e assim eles vão acabar de
uma vez por todas com as minhas incertezas.

- Eu é que digo agora: então relaxa um pouco, Andreza. Se continuar desta


forma, você deve ter uma conversa séria com ele. Colocar tudo a limpo. Não
precisa gastar com detetives particulares.

- Eu odeio lavar roupa suja.

- Mas tem momentos que não dá mais para fugir.

____________________________________________________________
CONVERSARAM NÁDIA E TRÍCIA NO MESMO PERÍODO, QUANDO AS DUAS SE
ENCONTRARAM NO APARTAMENTO DA PRIMEIRA EM SÃO LUÍS/MA.
- Trícia, um homem casado quer ficar comigo, o que eu faço? – interpelou
Nádia.
- Fuja dele, pois isso só trará confusão para você – opinou Trícia; - além do
mais, adultério é proibido pela lei de Deus, amiga. Homem casado que não se separa e
trai a esposa, é quase certeza não terá coragem de assumir um relacionamento com
você. Então não caia nessa. No Universo existe uma lei chamada de “Lei do Retorno”,
onde tudo que você faz terá um retorno em sua vida. Se ficar com uma pessoa casada,
você está alimentando a traição dentro deste triângulo, e isso irá retornar para sua
vida um dia.
- Amiga, dependendo das condições do casamento e da situação, o casamento
cristão pode até favorecer a prática da traição. – retrucou Nádia.
- Como assim?
- Isso porque em alguns casamentos cristãos, não há liberdade, confiança e
segurança para expressar vontades, desejos e até insatisfações. O que leva a pessoa a
procurar tudo isso fora do casamento.
- Será, Nádia?
- Não duvido que isso possa ser verdade.

Melina veio contar para Andreza que ia contrair noivado com André. Era nítido
o brilho dos seus olhos para dar a notícia. A irmã caçula disse então:
- Suh, eu e o André vamos noivar. Vai ser no próximo mês. Vamos comunicar
nossos pais. Estou muito feliz.
Andreza se mostrou surpresa e retrucou.
- Que legal, minha irmã. Que notícia boa. Mas ele nem havia te entregado um
anel de compromisso...Fiquei surpresa.. Tudo foi muito rápido...
- Sim, e verdade. Preferimos noivar logo, direto, sem história de anel de
compromisso.
- E vocês já pensaram em uma data para se casar? – quis saber a morena.
- Eu imagino que seja logo, porém não determinamos uma data provável ainda
- respondeu sua irmã. - Andreza, eu quero que você e Marcela sejam minhas
madrinhas.
- Será com todo o prazer.
Andreza neste momento não conseguiu esconder uma certa inveja. Ver uma
irmã mais nova assumindo um compromisso afetivo sério e estando prestes a casar
gerou em Andreza um sentimento de desconforto, como de alguém que está sendo
passado para trás. Com seus insucessos no campo amoroso Andreza já sentia
dificuldades em lidar com a felicidade alheia e alimentava certa inveja ao constatar a
felicidade de outra pessoa e que ela continuava na estagnação em sua vida afetiva. Até
a satisfação da irmã prestes a noivar parecia lhe incomodar um pouco.
Andreza, porém, se esforçou e disse as seguintes palavras para Melina:
- Minha irmã caçula, eu desejo que você seja muito feliz! Que Deus abençoe
sua união com André e que vocês continuem sendo um casal muito feliz!
- Obrigada, Suh. Já estamos vendo um local para realizar o evento, mas já te
adianto que a recepção será apenas para nós: pais, irmãos e sobrinhas. Eu vou
convidar minhas irmãs e André vai convidar o irmão dele. E nossos pais. Somente. Não
podemos gastar. Não temos muito dinheiro!
- Parabéns, Melina, você merece! – concluiu sua irmã.
Após esse dia, porém, Suellen começaria a modificar seu comportamento com
relação a Melina e terminaram por se desentender e tiveram uma discussão.

Sábado, Andreza e Melina foram ao culto, acompanhadas por sua mãe. Na


celebração daquela noite, o pastor Joaquim começou sua pregação:

- O que é, meus irmãos e minhas irmãs, o pecado, aos olhos de Deus??


“ E eu lhes respondo: É tudo aquilo que é contrário à natureza de Deus, é assim tudo
que vai contra as leis de Deus. É pecado! Tudo que é contrário à sua santidade. E
Deus, por sua natureza de Santidade, odeia e rejeita toda e qualquer forma de pecado.
Pela sua pureza Deus não contempla nenhuma espécie de manifestação pecaminosa.
Não existe nenhuma ligação entre Deus e o pecado. E dentre tantos pecados que Deus
abomina está o pecado da prostituição, pois este retira a dignidade das pessoas.
E o que a Bíblia diz sobre a prostituição? Pode Deus perdoar uma prostituta?
Com frequência as pessoas se referem à prostituição como a "profissão mais
antiga do mundo." De fato, tem sido sempre uma forma comum para as
mulheres ganharem dinheiro, até mesmo nos tempos bíblicos. A Bíblia nos diz
que a prostituição é imoral. Provérbios 23:27-28 diz: "Pois cova profunda é a
prostituta, poço estreito, a alheia. Ela, como salteador, se põe a espreitar e
multiplica entre os homens os infiéis."
Deus proíbe o envolvimento com prostitutas porque Ele sabe que esse
envolvimento é prejudicial para ambos os homens e mulheres. "porque os
lábios da mulher adúltera destilam favos de mel, e as suas palavras são mais
suaves do que o azeite; mas o fim dela é amargoso como o absinto, agudo,
como a espada de dois gumes. Os seus pés descem à morte; os seus passos
conduzem-na ao inferno" (Provérbios 5:3-5).
A prostituição não só destrói casamentos, famílias e vidas, mas destrói o
espírito e a alma de uma forma que leva à morte física e espiritual. “O desejo de
Deus é que permaneçamos puros e usemos os nossos corpos como instrumentos
para o Seu uso e glória “(Romanos 6:13). I Coríntios 6:13 diz: "O corpo não é
para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo."
Embora a prostituição seja um pecado, ela não vai além do escopo do perdão
de Deus. A Bíblia registra o seu uso de uma prostituta chamada Raabe para
promover o cumprimento do seu plano. Como resultado da sua obediência, ela
e sua família foram recompensadas e abençoadas (Josué 2:1, 6:17-25). No Novo
Testamento, uma mulher conhecida por ser uma pecadora sexual – antes de
Jesus tê-la perdoado e limpado - encontrou uma oportunidade de servir a Jesus
enquanto Ele estava visitando a casa de um fariseu. A mulher, reconhecendo
Cristo pelo que Ele é, trouxe-Lhe um frasco de perfume caro. Em pesar e
arrependimento, a mulher chorou e derramou perfume em Seus pés,
esfregando-o com os seus cabelos. Quando os fariseus criticaram Jesus por ter
aceito este ato de amor de uma mulher "imoral", Ele advertiu-os e aceitou a
adoração da mulher. Por causa de sua fé, Cristo perdoou todos os seus
pecados, e ela foi recebida em Seu reino (Lucas 7:36-50).
Ao falar com aqueles que se recusaram a acreditar na verdade sobre Si mesmo,
Jesus Cristo disse: “Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos
precedem no reino de Deus. Porque João veio a vós outros no caminho da
justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram.
Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para
acreditardes nele" (Mateus 21:31-32).
Assim como qualquer outra pessoa, as prostitutas têm a oportunidade de
receberem a salvação e a vida eterna de Deus, de serem purificadas de toda a
sua injustiça e de receberem uma nova vida! Tudo o que devem fazer é voltar-
se contra o seu estilo de vida pecaminoso em direção ao Deus vivo, cuja graça e
misericórdia são ilimitadas. "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura;
as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Coríntios 5:17).
Os desejos carnais, como a prostituição, fazem parte da natureza terrena do ser
humano (Colossenses 3.5), que surgem dentro de seu coração (Marcos 7.21).
Existe um espírito maligno de prostituição que impede a pessoa de ver que está errada
e em pecado, por isso “o seu proceder não lhes permite voltar para o seu Deus, porque
um espírito de prostituição está no meio deles, e não conhecem ao SENHOR” (Oseias
5.4). Por isso esta batalha é espiritual, contra potestades (Efésios 6.12) e precisamos
orar e jejuar para vencer (Marcos 9.29).Outro trecho da bíblia diz, vou ler aqui para
vocês : Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais
da prostituição” I Tessalonicenses 4.3
O povo de Sodoma e Gomorra foi condenado por Deus por sua vida libertina e a
prática da fornicação (Judas 1.7). A libertinagem de uma vida sexual sem compromisso
também é pecado (II Pedro 2.2,7 e 18). A Palavra de Deus declara que os fornicadores
estão entre os que não entrarão no Reino de Deus (Apocalipse 21.8).
Como resolver estes problema? Se você estiver amasiado, deve entrar em um
acordo com seu/sua parceiro/a para regularizarem sua situação quanto antes. Se for
um namoro sem limites, deve também orar a Deus e entrar em acordo com a pessoa
amada para deixarem de praticar o ato sexual até o casamento. Deus perdoa todos os
pecados (I João 1.7-9), mas Jesus disse para a mulher adúltera “vá e não peques mais”
(João 8.11).
I Coríntios 6.15,16 e 18 “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu,
porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz?
Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só
corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Fugi da impureza.
Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que
pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo”.
A grande estratégia de satanás ao levar uma pessoa a se prostituir de qualquer
das formas acima é poder adentrar dentro do santuário de Deus, que é o nosso
corpo (I Coríntios 3.16). Então devemos “fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena:
prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno” (Colossenses 3.5). Peça
perdão ao Senhor por seus pecados e receba a libertação.
Não podemos julgar as pessoas e nem esquecer que Jesus perdoou uma mulher
adúltera mostrando que a prostituição tem perdão, basta a pessoa se arrepender (João
8.1-11). Cristo ainda disse que no Reino dos céus, as meretrizes que se converteram
precederiam os religiosos (Mateus 21.31,32). Devemos pregar o evangelho de Deus
mostrando que as pessoas podem ser libertas da prostituição. Embora também não
podemos negligenciar que todo tipo de prostituição impede a entrada no Reino de
Deus se não arrependermos (I Coríntios 6.9).”

Deus liberta da prostituição!


O pastor Joaquim também contou o seguinte relato :

“Um estudo publicado na revista Sexualidade e Cultura sugeriu que os jovens


que assistem a uma quantidade excessiva de pornografia são menos propensos a se
casar.
O oposto não era verdadeiro para as mulheres jovens, no entanto, disseram os
autores, Samuel L. Perry, do Departamento de Sociologia da Universidade de
Oklahoma, e Kyle C. Longest, do Departamento de Sociologia da Furman University.

Além disso, a adesão às crenças religiosas não afetou os hábitos de visualização


dos jovens.

Os pesquisadores trabalharam com a hipótese de que “níveis mais altos de


pornografia serão associados a uma menor probabilidade de ingresso no casamento
durante o início da idade adulta” na análise de estudos e pesquisas.

Eles descobriram que era “sem suporte no efeito principal”, mas isso se deveu a
diferenças de gênero. Homens que viam pornografia em altas frequências “eram, na
verdade, menos propensos a se casar” do que moderados espectadores de material
explícito.

E contou também o seguinte recato na internet :

“Pastor ajudou a libertar mais de 130 mulheres da prostituição, na Itália.”


Deus está fazendo suas obras meus irmãos, retirando muitas mulheres desta
vida ilícita .
Vejam este exemplo que estou citando. Diz aqui na notícia :

O pastor cristão Genaro Chiocca criou o programa ’72 horas para Cristo’ com o
objetivo de resgatar e pregar às vítimas do tráfico e da escravidão sexual.

Na Itália, o mercado de exploração sexual é forte. São mulheres entre 13 a 40


anos, obrigadas a fazer sexo entre 10 a 20 vezes por dia, além de sofrer inúmeros
abortos. A maioria vem da Nigéria, mas também da Rússia, Ucrânia, Macedônia,
Bulgária, Romênia, Marrocos, Egito e vários países da América Latina, de acordo com a
Organização Internacional para imigrações.

Agora, existem vários grupos de resgate em diferentes partes da Itália. Alguns


dos 187 voluntários são profissionais que deixaram seu emprego para se dedicar
completamente a esse trabalho evangelístico. Como resultado, 130 mulheres deixaram
as ruas nos últimos três anos. “A maioria abriu seus corações ao Senhor”, explicou
Chiocca com grande alegria na reportagem.

Além disso, o programa tem um abrigo onde as meninas recebem atenção


médica necessária (muitas delas têm tuberculose), apoio psicológico e espiritual.
Evangelizar essas garotas e tirá-las da rua significa se envolver com organizações
criminosas internacionais, mas esses cristãos não têm medo de fazer o bem.

“Nós sabemos que qualquer coisa pode acontecer conosco, mas sempre vimos
o poder de Deus atuando para nos libertar de todo o mal”, disse Chiocca. Quando uma
equipe vai às ruas, outras apoiam em oração. Tudo isso os ajudou a resgatar com êxito
muitas mulheres que hoje são livres em todos os sentidos.

Outro exemplo vem de mais perto de nós, do Peru:

“Garotas abandonam as drogas e a prostituição após se renderem a Cristo. “

Um grupo de adolescentes jovens conheceram a Cristo por meio de um


trabalho voluntário de cristãos peruano. Do mundo das drogas e da prostituição para
uma nova vida de esperança e santidade, graças ao amor de outros cristãos por vidas
que estão perdidas no mundo.

As meninas, a maioria abandonadas pelos pais, contaram com o apoio da CBN e


Promessa de Orphan que trabalhando em conjunto desenvolvem o importante
trabalho de resgate.

“A verdade é que a maioria das meninas que estão aqui são menores, há
muitos problemas de violência de gangues, ou prostituição infantil, as meninas saíram
de casa, crescendo em lares disfuncionais e necessitam de ajuda para não se perderem
de vez”, diz Ùrsula Schelje, diretora do CBN Peru, na reportagem que li.

Ora, o senhor Jesus diz nas Sagradas Escrituras : Em verdade, em verdade, vos
digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Ora, o escravo não fica
para sempre na casa; o filho fica para sempre” (João 8:34-35).

E Deus nos enviou seu filho e nos revelou : Quando vier, porém, Aquele, o
Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por Si mesmo,
mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras” (João 16:12-13).

As palavras de Deus dizem: “Salvar o homem plenamente da influência de


Satanás não exigiu apenas que Jesus Se tornasse a oferta pelo pecado e carregasse os
pecados do homem, mas também exigiu que Deus fizesse uma obra maior ainda para
livrar o homem completamente de seu caráter satanicamente corrompido. E assim,
agora que o homem teve seus pecados perdoados, Deus voltou para a carne para guiar
o homem até a nova era e começou a obra de castigo e julgamento. Esta obra tem
trazido o homem a um reino superior. Todo aquele que se submete ao Seu domínio há
de desfrutar de uma verdade maior e de receber bênçãos maiores. Eles hão de viver
verdadeiramente na luz e de ganhar a verdade, o caminho e a vida”.

Desta forma entreguemos nossa vida a Jesus e ele nos ajudará a nos salvarmos
de toda forma de Pecado.

“Amém.

E o pastor concluiu sua pregação daquele dia.


Andreza e Melina conversaram após o culto na Igreja Assembleia de Deus de
sua congregação.
Disse Melina, inicialmente:
- Minha irmã, achei a pregação de nosso pastor hoje tão longa. Eu já estava
cansada de tanto ouvir ele falar; quase me levanto e ia dar uma volta para respirar ar
puro fora do templo; mas seria desrespeitoso de minha parte fazer isso; e ele foi muito
enfático e muito direto nas suas colocações sobre Sexualidade e Prostituição. O que
você achou, Suh?
- Achei ele bem duro na sua pregação; na minha opinião ele exagerou um
pouco e mostrou uma visão ainda muito antiquada do sexo antes do casamento. Uma
opinião até ultrapassada eu diria. E um pouco hipócrita também: são muitos os casais
de fiéis que praticam sexo antes do matrimônio e acredito que o pastor não vai poder
condenar a todos eles. Penso que na relação dos casais ninguém deveria meter opinião
ou se envolver e eles devem decidir se fazem sexo ou não antes de se casarem; mas
sou totalmente a favor que os casais sejam fiéis entre si e sou contrária à
promiscuidade. Quanto à prostituição não tenho nada a opinar.
- É, acho a opinião de nosso pastor sobre sexo antes do casamento um pouco
hipócrita e retrógrada. Ele precisa ver a realidade e dialogar com a Assembleia. É
melhor um debate aberto e verdadeiro reconhecendo que muitos casais de
namorados e noivos mantêm relações sexuais e procurar desfazer os tabus e trazer
estas pessoas para o seio da Igreja, para que não se sintam ultrajadas e pecadoras,
pois poderão se afastar das práticas religiosas ao invés de se aproximarem para pedir a
bênção de Deus para seus relacionamentos. Eu penso desta forma, concluiu Melina.
- Eu concordo com você, minha irmã. Vamos ver se nossos pais vão comentar
alguma coisa com relação a essa pregação nesta semana. Papai também estava
presente no culto. Falei com ele ao final da celebração.

Melina conversou com Suh sobre gravidez e celulite. Elas dialogaram no dia
seguinte.
Andreza indagou à sua irmã mais jovem:
- Mel, você não pensa em ter seu primeiro filho com André?
- Ainda, não, Andreza. Deixa a nossa situação financeira melhorar e o nosso
relacionamento se estabilizar mais...
- Como assim? – redarguiu a morena, bastante curiosa.
- Ah! Você sabe como agem os homens – respondeu sua irmã, sem titubear; -
nós, mulheres, precisamos sentir mais confiança. E Melina prosseguiu com sua fala:
- Mas, Suh, mudando de assunto de certo modo: quando você engravidar e seu
útero e os seios aumentarem, quer dizer, depois da gestação, quando a barriga e as
mamas voltarem ao tamanho normal, suas estrias nos seios e no abdômen devem
aumentar...
Andreza ficava desconfortável ao falar de suas estrias e celulite, e não
costumava abordar este tema com ninguém.
- Deus me livre de gestação, minha irmã. Eu acho que não quero engravidar
nunca... – retrucou a morena.
- Só por esse motivo??? – interpelou sua irmã, em tom questionador.
- Por esse e por outros.
- Ah sei. Excesso de vaidade e medo de estragar seu corpo.
- Não é nada disso, chata – fingiu a morena. – A maternidade ainda me
amedronta; não me sinto preparada para ser mãe e dona de casa.
- Entendo, Suh. Tente superar esses medos.

Ester descobriu que Suellen estava namorando Armando escondido e pediu


para falar com seu ex-esposo Antônio José.
Ester o contactou por uma chamada de áudio do aplicativo de mensagens.
Quando aquele atendeu a ligação disse ela:
- José, é a Ester. Como eu tinha falado, pedi para te ligar para falarmos sobre
Andreza.
- Tudo bem, Ester. O que foi que a Suellen aprontou dessa vez?
- Ela começou um namoro, sem eu saber, com o filho de uma vizinha que mora
quase aqui em frente de casa. Estava namorando escondido. Você sabia? Ela já havia
te contado?
- Eu juro que não. Não sabia que ela tinha um novo namorado. E ela anda
saindo com esse rapaz escondido? Por quê? A Andreza não tem idade mais para isso...
fazer coisas fora de nosso conhecimento. E escondido... Parecem atitudes de uma
adolescente.
- Exato, ela é de maior; teoricamente, sabe o que é melhor para si e pode
escolher com quem se relacionar, mas acho que ela vinha me escondendo este
relacionamento porque, de antemão, eu não apoiei esse namoro e até recomendei
que ela não fosse adiante nessa relação. Mas nossa filha é muito teimosa, você já sabe,
e ela não gosta muito de me escutar e de seguir minhas orientações.
- E por que motivo, Ester, você não aprovou esse namoro? O que você tem
contra esse rapaz?
- José, ele é filho de uma vizinha e eu até gosto dela. Não tenho nada contra ela
e a mesma sempre foi amiga de Andreza.
- Certo, e daí?
- Ele cursou a mesma escola em que Andreza estudava, mas se conheceram
melhor aqui mesmo no bairro, na casa dele. O problema é que eu já ouvi muitos
comentários ruins dele, e que me preocuparam.
- O que, por exemplo?
- Que ele teve uma namorada e não tratava a moça bem, que ele traía, que ele
tem momentos que se torna agressivo; ele não frequenta sua Igreja e não é
evangélico. É católico, mas não é nada praticante. As meninas aqui em casa não tem
amizade com ele. Ele é muito calado. Eu pressinto que a relação dos dois não vai dar
certo. Eu acho que ele não merece nossa filha. Eu não queria que ela o namorasse;
Deus que me perdoe; não quero parecer melhor que os outros, mas eu desejo um
rapaz melhor para minha filha.
- Compreendi suas preocupações. Qual o nome dele?
- Armando.
- E o nome da mãe dele?
- Silvane.
- Vou falar com Andreza sobre ele, o quanto antes.
- Vá com calma.
- Você já contou para ela que descobriu que ela namora escondido de nós?
- Ainda não; mas vou conversar com ela a qualquer momento.
- Tudo bem. Qualquer novidade, me conte.
- Tchau.
- Um abraço, Ester. Lembrança ai para minhas filhas.
- Pode deixar.

José conversou com Andreza sobre seu novo namorado pouco tempo depois.

- Minha pretinha, por que você está namorando escondido de nós? -


questionou seu pai.

- Eu, pai, como assim? - retrucou a garota, tentando ocultar os fatos.


- Filha, não precisa esconder. Eu e sua mãe já sabemos que você está
namorando o vizinho. O nome dele é Armando, não é?

- Sim, papai.. Mas eu já ia contar para vocês.

- Filha, você insiste nestes comportamentos de adolescente. Você é maior de


idade, não precisa esconder o que faz de nós. Não faça mais isso. Você tem idade para
decidir com quem deseja se relacionar.

- Mas minha mãe está sempre se metendo em minha vida e ela me falou que
não gostaria de me ver namorando Armando, pois não o conhece bem e não confia
nele.

- E você, confia totalmente nesse rapaz? - indagou seu pai, muito sério .

- Sim, confio plenamente nele. Até agora não tenho nenhuma ressalva contra
meu namorado. Ele é uma pessoa maravilhosa para mim.

- O que ele faz? Cursa faculdade? Trabalha com o quê?

- Ele é estudante; parece que deseja ser caminhoneiro, como um de seus tios. E
quer trabalhar com agricultura e pecuária. Sonha ser fazendeiro. Sei que ele adora
vaquejadas.

- E quando vou conhecê-lo? Filha, você nunca sentiu vontade de apresentar


este rapaz para mim e para Ester?

- É porque eu estava esperando passar mais tempo, para justamente o


conhecer melhor, e até para saber se nossa relação vai adiante, para depois vocês o
conhecerem – disfarçou a jovem.

- Pois tudo bem, minha filha, quero o mais breve possível falar com este rapaz e
o conhecer.

- Pode deixar, papai. Você vai conhecê-lo muito em breve.

- Está certo. Juízo, Andreza.

- Pode deixar, papai.

José conheceu Armando mas o achou muito estranho. Ele foi então
apresentado ao pretendente de sua filha querida num “happy hour” que fizeram no
shopping. José gostava muito de dialogar, mas não teve uma primeira impressão muito
boa do rapaz. O “sogro” achou o namorado da filha muito introvertido e calado, e saiu
com muitas dúvidas sobre ele em sua cabeça. Lembrou-se de tudo que Ester havia
falado sobre o vizinho e depois do encontro ficou avaliando em sua mente se
recomendaria ou não aquele affair de sua filha.
Cerca de dois dias após conhecer o rapaz, José enviou a seguinte mensagem
de texto para sua filha do meio.
- Andreza, querida, tudo bem? Filha, depois de nosso último encontro não pude
mais falar pessoalmente contigo, mas hoje decidi te enviar esta mensagem. Fiquei um
pouco apreensivo após conhecer seu novo namorado. Vou lhe ser sincero: passei a
concordar plenamente com as preocupações de sua mãe. Não se apaixone tão
depressa por este rapaz nem entregue logo seu coração.
- Por que, papai, o senhor está me dizendo tudo isso?
- Porque conheço você muito bem, filha. Minha opinião sincera é que este
rapaz não combina com você, que é alegre, extrovertida. Achei ele um tipo de pessoa
estranha, muito na dele, calado, pouca conversa. Sei que ele não me conhecia; foi a
primeira vez que nos vimos, mas ele deveria ter conversado um pouco mais comigo
para mostrar realmente o interesse dele por você e quais são as suas reais intenções.
- Só é o jeito dele, papai. Mas quando o conhecer melhor, vai ver que ele é
legal.
- Sinceramente, filha, eu preferiria que você não namorasse esse rapaz e
esperasse mais aparecer outra pessoa. É uma recomendação que eu lhe daria. Dica de
pai.
- Sei. Vou analisar com calma.
- Cuidado, para não sofrer depois. Boa semana. Fica com Deus.
- O senhor também. Boa semana. Tchau.
____________________________________________________________
Armando trabalhava em outra cidade e vivia convidando Andreza para
passarem os finais de semana nesse lugar, mas sua namorada recusava quase todos
esses convites, pois a garota não apreciava muito cidades de interior. Cerca de 9 meses
depois de terem iniciado o affair, o vizinho convidou Suellen para morarem juntos, mas
esta não aceitou. Ela preferia que eles passassem por todos os rituais antes de
quaisquer atitudes de viverem sob o mesmo teto. O rapaz, porém, não chegou a pedi-
la em noivado, mas insinuou que se amancebassem. Ela, todavia, não tinha a convicção
de que já tinha chegado o momento de morarem juntos, e gostaria de ser mais
valorizada por ele. A garota também não tinha a mínima pretensão de abandonar seu
emprego de forma tão precoce, e deste modo, ficar totalmente dependente de
Armando, passando a semana na cidade onde ele ficava e vindo para São Luís apenas
nos finais de semana. Deste modo, Andreza recusou sua proposta inicial.
- Não, meu bem. Não é o momento de a gente casar ainda – pronunciou-se a
morena, com certo eufemismo. - Vamos nos preparar melhor.
- Amor, eu tenho vontade de te ver todos os dias. Também pego escalas de
trabalho nos finais de semana, e nem sempre você quer vir me visitar. Sinto muita
saudade e eu gostaria que a gente morasse junto. Depois a gente oficializa nossa
relação.
Andreza tinha receio, porém, de que seu namorado a estivesse ludibriando e
após estarem morando juntos não oficializasse mais a união dos dois. Ela não gostaria
de ser enganada.
- Armando, deixe de pressão. E eu não posso deixar meu emprego. Eu não
aguentaria ficar sem trabalhar, e ainda mais morando numa cidade pequena –
defendeu-se a garota.
- Você não faria isso por nós? – provocou o rapaz, tentando dissuadi-la.
- Sou capaz de fazer muito mais coisas por nós, mas veja meu lado. Não quero
me afastar de minha família e de meu emprego. Preciso trabalhar e sou muito apegada
à minha família.
- Eu pensei que nós dois fossemos prioridade e você fosse apegada a mim –
afirmou seu namorado, com certa empáfia.
- Desculpe, meu amor, mas preciso pensar em todos os lados envolvidos e
minhas decisões devem ser bem ponderadas. Devo liberar minhas atitudes com mais
confiança e liberdade.
- Tudo bem; se você prefere assim.
- Você não tem expectativa de transferência para São Luís?
- Apenas daqui a dois ou três anos.
- Vou orar para que sua remoção aconteça antes desse prazo, meu bem, para
que a gente possa se casar.
- Se Deus quiser vai dar certo.
Mas, na verdade, Andreza gostaria que Armando tivesse com ela uma atitude
mais formal e a convidasse para noivar, assumindo um compromisso mais sério e
planejado, mas não pareciam ser esses os planos daquele homem.

Após discutir com o namorado de sua mãe, Suellen começou a planejar a saída
da casa de Ester. Como estava trabalhando no shopping, ela se viu na condição de
alugar um pequeno apartamento para morar. André também lhe auxiliou nas despesas
e ajudou a pagar o caução na locação do imóvel e nos primeiros meses lhe fornecia
uma quantia para custear suas despesas. Ela também desejava ter um local mais
reservado para se encontrar com Armando, visto que seu namoro com ele não era do
agrado de sua família. A morena também buscava morar só para poder realizar suas
peripécias sexuais com quem bem entendesse, sem a interferência de sua mãe ou de
outra pessoa, como seu “padrasto” ou sua irmã.

A morena, então, procurou sua mãe e lhe disse:

- Mãe, eu vou morar sozinha. Estou decidida...

- Como assim, Suellen? Filha, você nem me pede, vai apenas comunicando. Sua
decisão é definitiva?

- Desculpe, mãe. É sim.

- Você vai nos deixar por causa de Genésio? Isso não é motivo, filha.

- Não, mãe, não vou me mudar por causa dele – mentiu a jovem. – Eu descobri
que está no momento de eu me tornar mais independente.

- Você vai morar com Armando? Filha, você tem que se casar primeiro.

- Não, eu não vou morar com ele. Meu namorado vai continuar no
apartamento dele e eu vou ficar para o meu lugar.

- Filha, você já sabe onde vai morar?

- Já estou definindo.

De fato, após cerca de quatro semanas Suellen se mudou, saindo


definitivamente da casa materna.

Andreza e seu cunhado passaram a se encontrar no apartamento da jovem.


Em seu novo endereço Andreza começou a se encontrar com Armando e
André, sem que seus pais e suas irmãs soubessem de sua relação com o cunhado.
Andreza e seu namorado oficial continuaram se encontrando nos seus
respectivos apartamentos e passaram alguns finais de semana reclusos, apenas
praticando sexo, usando e abusando um do outro.
____________________________________________________________

Quando Andreza se desentendeu com o novo marido de sua mãe, ela estava se
aproximando de André e contou para este suas intenções de deixar a casa materna.
Andreza e o cunhado já estavam envolvidos e saíram duas ou três vezes para o motel.
A garota lhe disse então:
- André, eu tive uma discussão feia com Genésio e desde então me decidi a
procurar um outro local para morar. Estou cansada de morar com mamãe. Quero mais
liberdade para a minha vida. Já sou adulta e estou começando a pagar minhas contas.
Só que eu vou deixar meu cachorro com a mamãe. Quero alugar um apartamento
pequeno.
- Por que vocês se desentenderam, você e o Genésio? - quis saber o rapaz.
- Genésio começou a se meter na minha vida, na minha relação com Armando e
na minha relação com minhas irmãs. Ele pensa que irei ouvi-lo e vou obedecer suas
determinações, mas não é bem assim. Nem minha mãe e meu pai vão mandar mais em
mim, imagina um cara que acha que é meu padrasto. Eu nunca vou considerá-lo como
meu parente ou como padrasto. Não gosto nem um pouco dele; não vou com a cara
dele.
- Calma, Suh, sua mãe gosta muito de Genésio.
- Eu não estou nem aí para eles. Desculpe-me a sinceridade.
- Andreza, posso te ajudar a encontrar um local para você morar – ofereceu
seu cunhado.
- Você faria isso por mim?
- Com certeza; sem problemas.
- Mas, André, eu queria te pedir algo mais.
- Diga, Andreza.
- Eu gostaria de saber se você poderia ajudar nas minhas despesas nos
primeiros seis meses quando eu me mudar. Você sabe, o Armando não me ajuda em
nada, e não quero pedir para ele. Não quero que ele sinta que me tem nas mãos. Você
me entende?
- Sim, muito bem. Vou te ajudar, então, Andreza. Mas você não vai chamar o
seu namorado para morar contigo, vai?
- Pode ter certeza que não. Ele já mora em um apartamento. Ele saiu da casa
dos pais. Só que não quero morar com ele e Armando nunca me fez esse convite.
- Mas se ele te chamar amanhã para morar com ele você vai topar?
- André, acredito que não. Eu anseio para que Armando seja adulto comigo e
me peça em compromisso. Não vou ser boba e ceder, indo morar com ele sem
nenhuma garantia de um relacionamento com um futuro programado.
- Você tem razão, Suh. Valorize-se.
- Então, você pode me ajudar? Ganho relativamente pouco no shopping e sei
que para minha mudança vou me descapitalizar e os primeiros seis meses serão
apertados.
- Vou fazer isso por você, babe. Mas você vai me receber no seu apartamento,
não vai?
- Com certeza, meu bem – e a morena soltou um sorrisinho maroto.
E assim continuaram se encontrando para aventuras sexuais, sem que seus
pares desconfiassem.

Enquanto Andreza traía sua irmã caçula com seu noivo, altos papos rolavam
entre as duas de vez em quando.
ANDREZA e MELINA dialogaram dentro de poucos dias:
- Mel, eu sei que homens e mulheres são diferentes, – discorreu Andreza - mas
não concordo tanto que o padrão de comportamento em relação à infidelidade
também diverge entre os dois. Comenta-se que os homens traem para sair da rotina
ou porque preferem mulheres mais jovens; já as mulheres, são infiéis por vingança e
por optarem por caras mais maduros ou mais bem estabelecidos na vida. Eu tenho
convicção, porém que o sexo masculino ainda trai mais. Por que você acredita que isso
acontece?
- Andreza, acredito que os caras tem mais casos extraconjugais ou traem suas
esposas por falta de maturidade mesmo para lidar com problemas e conflitos; a
imaturidade emocional dos homens é um dos principais motivos da infidelidade.
Quando eles não estão preparados do ponto de vista emocional, os homens não
sabem lidar com problemas e conflitos. Assim, preferem deixar os problemas se
acumularem, evitam encarar os conflitos e procuram a “felicidade” fora do
casamento. Preferem “fugir” da realidade e viverem um mundo fictício, de fantasias e
só amor com sexo. Eu acho que é aproximadamente isso...
- Ou não gostam de serem subestimados e deste modo seriam estimulados a
trapacear na relação, até para se mostrarem superiores ou mais espertos que as
meninas. Muitos não gostam de ser subestimados em sua capacidade, contrariados ou
nem sabem lidar com regras. Quando uma norma lhes é imposta, esses indivíduos
sentem a necessidade de provar que conseguem driblar ou trapacear de alguma
forma. Parece ser uma características de muitos caras.
- Infelizmente, Suh, trapaças, os riscos sem sentido e o ato de infringir regras
são estimulados na sociedade, em especial entre os homens. Existe uma verdadeira
apologia para esses comportamentos na nossa cultura, na mídia, como as novelas da
Tv e até na nossa arte, como na música. Por isso são tão comuns as estatísticas onde
homens consomem bebidas alcóolicas enquanto dirigem seus carros, por exemplo.
- Eu imagino que muitos namorados ou esposos tem vergonha de suas fantasias
sexuais e não as expõem para suas parceiras, talvez por receio de serem ridicularizados
ou mal-compreendidos, irmã. Uma das coisas mais difíceis de entender, para mim, é
porque homens casados, com família e boa índole, simplesmente são pegos vivendo
um relacionamento extraconjugal. Ter vergonha de suas fantasias sexuais, como
possuir outra garota, é um dos motivos que levam à infidelidade ao meu ver e a busca
por satisfazer esses desejos, sem precisar relatar isso para a parceira.
- Mais uma vez aparecem a falta de maturidade e a insegurança masculina que
também estão relacionadas com a vergonha em conversar, dialogar e mostrar suas
vontades para a esposa ou namorada. Outras oportunidades, Suh, é tão somente
porque o parceiro decide ser infiel sem nenhum motivo influenciador. Ele apenas
decide ser infiel, sem motivos reais; pelo menos para nossa concepção de mulheres.
Não existe um motivo que influencia nessa decisão. Sendo assim, essa é uma escolha
própria, que implica em um comportamento depreciativo.
- Só que os motivos ou os pretextos de porque os homens querem amantes ou
casos fora da relação podem ser diversos, como a falta de romantismo na relação,
ausência de emoção na vida amorosa do casal; acúmulo e sobrecarga de funções,
trabalho e rotina, causando estresse e desinteresse na relação do casal; insatisfação
com a vida; pouco sexo no relacionamento; falta de entrega e ousadia na cama;
insegurança com o próprio corpo ou virilidade; entrega à poligamia por escolha. Já li
sobre tudo isso.
- Andreza, na sua opinião, homem casado ou de compromisso sério pode sair
sozinho com os amigos?
- Pode, sabendo a garota de suas companhias e para onde vão, se não forem
saídas com frequência ou em demasia, exceto se ele já pisou na bola e já fez besteira,
e desde que a mulher tenha a mesma liberdade. Afinal, ambos devem viver um
relacionamento da mesma forma e ter os mesmos direitos. O homem que tem
compromisso com uma menina pode sair sozinho, mas isso não justifica nenhum tipo
de infidelidade, pois sair ou não sozinho não define caráter.
- Suh, eu pondero que um dos piores momentos em uma relação seja quando
você desconfia de que sua esposa ou seu parceiro tem uma amante ou te trai de vez
em quando com qualquer uma. Pior ainda é quando você sente que ele não te deseja
mais e que está apaixonado por esta outra pessoa.

- As mulheres somos muito intuitivas, irmã, e por isso é possível perceber se


algo está errado, apenas observado o comportamento do parceiro. Se o seu namorado
ou noivo está tendo atitudes estranhas e suspeitas, pode ser que ele tenha outra
pessoa na vida dele ou ele te traía eventualmente ou com frequência para ter sexo
casual.

- Imagino que homens que têm amantes ou “ficantes” fora da relação


geralmente inventem muitas reuniões de trabalho falsas, viagens, saídas de casa
misteriosas, sumam do mapa e fiquem com o celular fora de área, mas no começo eles
costumam atender suas ligações, e apenas disfarçam.
- Exatamente, estas são algumas das desculpas mais usadas pelos homens
infiéis. Mas depois começam outros atos falhos, como não encontrarem as próprias
roupas, pois podem ter deixado alguma peça na casa da outra, até suja de batom ou
com o perfume da “ficante” ou amante. Se ele começa a te comparar a outras
mulheres, procurando defeitos em ti ou criando imperfeições que você não as possui,
é outro sinal suspeito. É comum isso ocorrer quando o marido ou namorado tem outra
pessoa o tempo inteiro na cabeça e esta mulher é totalmente oposta a você. Por isso,
ele está sempre reclamando do que você faz, porque acredita que a amante é perfeita.

- Sei, e para não ficar tão evidente que ele está te comparando com uma
pessoa em especial, fala que são “outras mulheres”. Frases como “as outras mulheres
não estão com roupas fora da moda na hora de dormir, mas você está ultrapassada”
ou “você só grita comigo, as outras mulheres não são assim”, são exemplos disso.

- Ele não faz mais planos com você: os homens infiéis obviamente fazem de
tudo para que suas mulheres não desconfiem das traições, por isso continuam fazendo
programas de casal como ir ao cinema, viajar com a família ou passar um fim de
semana a dois. Mas os maridos com amantes fixas não fazem mais isso, já que
precisam conciliar duas vidas. Evitar fazer planos é uma das características de homens
que têm outro relacionamento sério.

- Está sempre de mau humor ou parece estar triste quase o tempo todo. Isso
porque o que ele está vivendo com a outra pessoa não é apenas uma aventura, seu
coração está dividido e ele está tentando tomar uma decisão. Você passa a ter a
sensação que ele não te deseja mais... é notável.

Genésio viajou e a morena foi visitar sua mãe.

CONVERSARAM ESTER E ANDREZA:

- Mãe, o meu pai traiu a senhora alguma vez? – indagou sua filha do meio. –
Você já esteve insatisfeita em seu relacionamento?

- Filha, eu nunca tomei conhecimento de traição do seu pai nem de Genésio. No


momento, estou feliz em minha relação. Todavia, sei que a insatisfação com o
relacionamento também pode levar algumas pessoas a traírem, não que o justifique,
mas são alegações para a traição amorosa.

- Eu li que as mulheres traem ás vezes por falta de intimidade emocional,


deficiência de comunicação com o companheiro, o cansaço da relação no dia-a-dia,
traumas ligados a sexo ou abuso e falta de interesse no sexo com o parceiro atual. A
senhora já traiu alguém, mal que lhe pergunte?

- Não, Andreza, eu juro que não. Os homens ainda traem mais, penso eu,
alegando estresse, disfunção sexual com a parceira, falta de intimidade emocional,
ausência de diálogo, queixas até parecidas.

- Como a senhora sabe de tudo isso?


- Conversas com amigas, programas evangélicos na Tv sobre relacionamentos,
leitura de livros, casos na família e vizinhança. Tenho quase 50 anos de idade, querida.
Meio século.

Cerca de uma semana depois, Melina deu mais uma opinião sobre traição
amorosa:

- Eu acredito que muitas vezes, os homens traem por buscarem a satisfação de


vários desejos, como o desejo pela novidade, pela autonomia e por resgatar partes
perdidas de si mesmo. Quando busca a atenção do outro, nem sempre está virando as
costas ao parceiro, mas à pessoa que se tornou. E nem sempre está buscando uma
outra pessoa, mas busca uma outra versão de si mesmo. Além disso, uma traição pode
ter pouco a ver com sexo, e diz muito sobre o desejo por atenção, por se sentir
especial, por ser importante. O próprio desejo de conseguir o que é proibido, ou seja,
de não poder ter sua amante, pode levar à traição.

Andreza e Melina conversaram sobre Armando naquela semana.

- Melina, eu penso que Armando está com arrependimento de sua traição –


começou a morena. - Eu queria sua opinião se a traição dele tem perdão ou não.

- É claro que, ao perceber o erro de uma traição, a pessoa arrependida pode


procurar mostrar algum apreço que ela tenha pela pessoa traída, para tentar
reconquistá-la.

- Eu sei: durante a traição, por vários motivos, a pessoa que trai a maioria das
vezes não pondera racionalmente sobre as implicações daquele ato que ela está
prestes a cometer.

- Então, ao se dar conta, depois do erro, de que o ato rompeu com a confiança do
relacionamento, um dos sinais de arrependimento da traição é oferecer agrados.

- Exatamente, irmã. Ele me ofereceu um presente fora de datas especiais


(aniversário, Natal) e vive mandando entregar em meu apartamento as minhas comidas
favoritas .

- Outro sinal de traição é querer permanecer mais tempo dentro de casa, para
valorizar mais a presença com a pessoa que foi traída.

- Eu não sei se ele está querendo se mostrar disposto a aprender com os próprios
erros, e se ele realmente vai melhorar e me propiciar uma relação mais saudável, ou
se ele apenas está querendo me enganar, para depois repetir todas as traições.

- O romantismo pode ser um dos sinais de arrependimento de uma traição. Ele


ficou mais romântico ultimamente?
- Não, quanto a isso ele não mudou nada.

- Suh, ele nunca tentou terceirizar a culpa? Deixa eu explicar melhor minha
pergunta: a culpa de uma traição reside basicamente em quem traiu. Mas ele não
tentou insinuar e justificar aquilo que ele fez na verdade era culpa sua?

- Ela quis insinuar sim, mas eu esculhambei ele nessa hora. Eu fui fiel e sempre o
gradei em tudo, fazendo o que ele me pedia. Eu nunca a traição que eu sofri.

- Você acha que ele se arrependeu de verdade?

- Eu tenho minhas dúvidas. Ou seja, eu não confio mais nele, plenamente.

- É, quando se chega nesse estágio da relação é difícil continuar. Sempre fica uma
pulga atrás da orelha.

- Sei, que alguns homens que traem a namorada ou a esposa se arrependem de


verdade e deixam a outra, mas não estou convencida de que Armando deixou os
“casos” dele. Acho ele muito tarado por sexo e eu acredito que nunca o satisfiz por
completo.

- Nossa, você, uma mulher terrível na cama, folgosa ao extremo, não satisfaz esse
cara! Pula fora, irmã! Ele deve ter alguns distúrbios sexuais e nunca procurou se tratar.

- Exatamente. Eu penso que ele começar a buscar a satisfação de seus impulsos


sexuais com outra pessoa, por não entrar tudo em mim, mas não desconsidero as
questões emocionais e o que ele construiu no relacionamento comigo. Ele pode até
gostar muito de mim, mas não consegue deixar de ser infiel.

- Andreza, um homem infiel não ama sua namorada ou companheira. Deixa esse
cara enquanto é tempo, antes que você comece a amá-lo, senão o sofrimento será
muito maior.

- Eu sei de tudo isso. E não sei se já o amo.

- Agora complicou, então. No entanto, após deixar-se conduzir pelo viés emocional,
pode ser que o homem genuinamente se dê conta do erro cometido, uma vez que
sacrificou o afeto e amor prévios para dar vazão a outros estímulos.

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No dia do aniversário de Andreza ela estava escalada para trabalhar, e por


conta desta data festiva para ela seus patrões a liberaram do serviço com uma hora de
antecedência. Ao sair do trabalho, a moça foi surpreendida por Márcio com um pacote
de embrulho que parecia ser um presente. E ele a abordou assim:
- Andreza, espere. É seu patrão, Márcio.
A morena parou de caminhar e se virou para trás. Estavam perto da saída do
shopping, no estacionamento, num local com poucas câmeras de filmagem.
Ela disse então:
- Senhor Márcio, o que foi?
- Pode me chamar de Márcio. Eu queria lhe entregar um presente de
aniversário. Parabéns!
- Um presente para mim? – indagou a morena, com surpresa. - Obrigada.
Andreza pensou em dispensar aquele presente, mas achou que seria muito
orgulho de sua parte e poderia custar sua demissão, caso se negasse a receber. Mas
ela tinha receios de que a esposa de seu patrão descobrisse e a morena não queria dar
entrada para seu patrão tentar aumentar a intimidade com ela.
Limitou-se assim a receber o pacote e não falou mais nada.
Márcio ainda disse:
- Você merece! Você é uma menina de ouro! Abra somente em casa.
Andreza não deixou que ele se aproximasse nem permitiu que o seu patrão lhe
abrassasse ou a beijasse no rosto, felicitando-lhe. Limitou-se a dizer:
- Ok. Abrirei somente em casa. Obrigado novamente. Nem precisava se
incomodar.
- O que é isso?! Uma data como essa não pode passar em branco.- arrematou o
homem.
Andreza neste instante deu-lhe as costas e saiu no rumo da parada de ônibus.
Todavia, começou a se questionar o que haveria naquela embalagem de presentes.
Imaginou também que se fosse algo de valor sua mãe questionaria quem teria lhe
presenteado. E o que responder? Assim, a morena preferiu despistar André e voltou
para o interior do shopping, dirigindo-se para um banheiro feminino no piso térreo.
Entrou, buscou uma cabine com vaso sanitário e se trancou nela. Com calma, retirou o
laço e encontrou um cartão de parabenização com os dizeres: “Para uma pessoa
especial, um presente à altura. Tenho muita estima por você! Feliz aniversário e
sucesso em sua vida!”
O cartão não estava assinado.
Andreza leu duas vezes, e a seguir rasgou o bilhete em muitos pedaços
pequenos e dispensou na lixeira. Logo, terminou de abrir o embrulho, revelando-se o
presente: era um belo relógio de pulso, com pulseira de aço na cor dourada e de uma
marca muito conhecida. Percebeu que se tratava de um relógio relativamente caro. E o
que faria agora? Jogava fora? Se Márcio descobrisse que ela não ficara com seu
presente, ele poderia ficar furioso. Se ela levasse para casa um mimo tão valioso sua
mãe e posteriormente seu namorado questionariam quem a presenteou. Andreza
pensou por 2 minutos e tomou uma decisão: levaria o presente para casa, mas diria
que ela mesma tinha-se presenteado por entender que merecia, dado trabalhar tanto,
e que nunca conquistara um relógio tão valioso. Diria que comprou a prazo e assim o
fez. Levou a caixa sem a embalagem de presentes e escondeu o cupom fiscal. Sua mãe
quis saber o preço do relógio, mas Andreza respondeu que havia adquirido numa
promoção e não tinha sido muito caro. E ao retornar a loja, ela deveria usar o relógio
no trabalho? E se suas colegas questionassem como ela tinha adquirido aquele item?
E se a senhora Regina lhe indagasse? E se ela não usasse o relógio novo no emprego e
o senhor Marcio a questionasse ? Eram dúvidas que ela tinha e ainda avaliaria em
como resolver.
Ao final decidiu não usar o relógio no trabalho, mas tirou algumas fotos com ele
no braço, caso seu patrão a interrogasse sobre os motivos de não estar portando o
presente. De fato, alguns dias depois Márcio André perguntou se Andreza gostara do
presente e se já estava usando. Ela respondeu que havia adorado seu presente, mas
que preferia usá-lo somente em situações especiais, mas para comprovar que estava
com o relógio em casa lhe apresentou algumas fotos usando o presente. Márcio
concordou que aquele relógio seria um item para elar usar em determinadas ocasiões,
como um acessório para complementar sua roupa, mas disse desejar vê-la um dia
usando o relógio. Quando ele fez essa insinuação Andreza ficou calada.
A morena entendeu também que seu patrão preferia que ela não viesse para o
trabalho com seu presente, até para evitar questionamentos das outras funcionárias e
de sua esposa Regina.
Andreza começou a se questionar o que Márcio queria com ela de fato. Seria
apenas maldade de sua cabeça ou ele teria segundas intenções com relação a ela?
Seria Márcio apenas um homem muito gentil e interessado em agradar uma de suas
melhores funcionárias? Ou ele teria outras motivações? E como se comportar a partir
de então?
Após um mês no setor de compras e faturamento Andreza foi muito elogiada
por Regina e o senhor Márcio André decidiu lhe dar um novo agrado, desta vez um
perfume importado. A moça o aceitou pois já desejava este perfume há algum tempo,
embora não tenha comentado isso com ninguém. Pareceu-lhe uma enorme
coincidência o mimo que estava recebendo de seu patrão. Ele alegou que sua esposa
Regina e ele estavam muito satisfeitos com o desempenho de Andreza na
administração e esta fez por merecer seu novo presente. Andreza desta vez disse para
sua mãe que a fragrância francesa era uma dedicatória de sua patroa, por admirar seu
trabalho. Suellen preferiu desta vez usar o perfume apenas no ambiente de trabalho
pois não queria que seu namorado questionasse quem a teria presenteado com uma
fragrância tão requintada.
Na loja de bijuterias Andreza começou a chamar atenção pelo seu delicioso
odor e sra Regina reconheceu a marca do perfume, questionando-lhe quem a
presenteara com aquele delicioso perfume francês.
- Andreza, conheço este perfume francês. Ele é maravilhoso e é muito caro.
Você tem um excelente gosto por perfumes. Eu não sabia desse seu lado. Parabéns!
- Obrigada, dona Regina. – agradeceu a funcionária, em situação muito
desconfortável.
Regina indagou então:
- Suellen, quem te presenteou com este perfume tão especial? Esta pessoa
deve lhe prezar bastante. Valorize-a, por favor.
Andreza empalideceu subitamente, ficou cabisbaixa e sua saliva ficou entalada
no centro do pescoço, com uma sensação de constrição sufocante. A morena percebeu
e concluiu que Márcio André escondia fatos importantes para sua esposa, ocultando-
lhe a verdade. Suellen buscou uma resposta e após esta breve pausa respondeu:
- Eu ganhei de meu namorado, no meu aniversário.
- Que homem gentil – disse Regina. – Ele deve gostar muito de você. Estão
perto de noivar?
- Ainda não. Ele também não me entregou ainda nenhum anel de compromisso.
- Mas vai entregar muito em breve. Quem dá um perfume desses deseja
conquistar uma mulher.
Novamente Regina deixou Andreza sem ação e sem palavras.
- E ele trabalha com o quê? – quis saber sua patroa.
- Ele é sargento da Polícia Militar do Maranhão – mentiu a funcionária.
- Que bom, um rapaz de bom futuro. Ele tem sua faixa etária?
- Praticamente. Na verdade ele é quase 2 anos mais jovem do que eu.
- Então, vocês têm todo o tempo do mundo. Aproveitem e se amem muito. Não
precisam ter pressa mesmo para se casarem.
- Obrigada, dona Regina.
E Regina se afastou. O coração de Andreza estava batendo a mil por hora.
Aquela conversa com sua patroa a deixou atordoada e sentiu fortes dores de
cabeça mais tarde, já em sua casa. Teve que se medicar com analgésicos e
deitou-se sem jantar nada, conseguindo dormir apenas após quase uma hora
deitada, quando a dor de cabeça e as náuseas passaram. Naquele dia Suellen
sequer conseguiu falar com seu namorado e deixou o celular no modo
silencioso.
Após este dia, Andreza percebeu em seu trabalho que Márcio André
aparentava provocar situações para ficar a sós com ela na administração, e Andreza
ficava fugindo dele. Quando este patrão ficava na administração também gerava
ocorrências para que Andreza extendesse seu horário na loja, talvez pretendendo ficar
sozinho com ela para tentar lhe assediar. Nos horários de folga, porém, Márcio
dificilmente se comunicava com Andreza, e quando acontecia era estritamente por
motivos profissionais. Márcio também sabia que Andreza possuía um namorado, mas
que não era noiva ainda. Por receio das investidas de Márcio, Andreza começou a
pedir para Mariana ou Fernanda ficarem até o final do expediente com ela e que seu
pai fosse buscá-la todos os dias no mesmo horário e quando ela ainda tinha serviços a
cumprir seu pai ficava aguardando dentro da loja até Andreza ser liberada por Márcio.
Ela alegava para José e para seu patrão receio de ficar na parada de ônibus tarde da
noite, daí a necessidade de seu pai vir escolta-la, e já tinha recusado a oferta de carona
por parte de Márcio várias vezes. Por duas ou três ocasiões, também, a senhora Regina
apareceu de surpresa no final do expediente, com a loja já fechada, encontrando
apenas Márcio e Andreza na administração, mas felizmente não flagrou nenhuma
atitude suspeita dos dois. Regina tinha chaves reservas de todas as portas da loja. O
namorado de Andreza raramente podia ir pegá-la no shopping, pois na maioria dos
dias ficava em outra cidade, onde estava trabalhando como agricultor.
Após esse período, Regina começou a fazer cobranças progressivas do trabalho
de Andreza e se indispôs algumas vezes com ela, levando a pequenas discussões, que
outrora não existiam. A patroa passou a ficar mais e mais exigente com Andreza e
iniciaram as críticas ao trabalho de Suellen. Esta passou a entender que Regina já
poderia suspeitar das más intenções de Márcio com relação a ela, mas nunca
chegaram a ter uma conversa franca sobre este assunto.
Andreza começou a se sentir mal no ambiente de trabalho, onde as cobranças
aumentavam a cada dia. Já não ia trabalhar com a mesma satisfação. Tinha medo
também do assédio de Márcio, o que lhe provocava a vontade de pedir demissão, mas
não tinha coragem de denunciá-lo, pois não havia ocorrido nenhum crime de fato
ainda e ela não possuía provas contra ele. Andreza já estava morando sozinha em um
apartamento, recém alugado, há um mês apenas, e por receio de ter que deixar o
emprego já se sentia arrependida por ter saído da casa de sua mãe. Mas tinha a
intenção de não retornar mais para a residência materna.
Andreza também havia brigado com seu namorado e estavam dando um tempo
um para o outro.
Por fim, Márcio André ultrapassou mais uma faixa na sua lenta investida para
cima de Andreza. Ao chegar a sua casa em um determinado dia ela recebeu uma
encomenda sem nome de remetente e ficou apreensiva. Era uma caixa relativamente
pequena e bem leve, e que, ao ser balançada, parecia conter uma roupa dentro.
Suellen já tinha ouvido falar de cartas e encomendas que explodem ao serem abertas e
ficou imaginando que a caixa teria sido enviada por Armando. Contudo, por estar
muito curiosa para saber o que a caixa continha, decidiu abrir o pacote.
Quando Suh desfez o embrulho e abriu finalmente a caixa, ela encontrou uma
belíssima lingerie branca, bastante sensual e que lhe agradou. Procurou então algum
bilhete, ainda imaginando se tratar de um presente de Armando, buscando uma
reconciliação. Mas não foi isso que ocorreu. Andreza por fim achou um bilhete, no
meio de algumas folhas de papel seda. No bilhete estava escrito:
“Quando vi esta lingerie na vitrine eu só lembrei de você. Ela está a sua cara. Eu
gostaria de te ver vestida neste meu presente.”
E estava assinado apenas assim:
M.
Andreza ficou gelada; com certeza era mais um presente de Márcio e agora
estava comprovada a sua intenção para com ela. Armando jamais lhe enviou um
bilhete ou mensagem assinando desta forma e seu nome não continha nenhuma
palavra começando por “m”. Ela preferiu, porém, guardar a lingerie.
Andreza refletiu e decidiu que ia pedir suas contas na loja, ou seja, ia
apresentar seu pedido de demissão, o mais breve possível, mas antes comunicaria esta
difícil decisão para seu pai e sua mãe.
Andreza primeiro abordou seu pai sobre a decisão de sair do shopping. Alegou
que estava com outros projetos em mente, que tinha desentendimentos com a esposa
do sócio e que não se sentia mais valorizada dentro da empresa; com seu pai não
tocou no assunto de assédio por seu patrão por medo da reação de seu pai e
novamente pela razão de não ter provas sustentando sua versão.
Todavia, ocorreu uma reviravolta em todo o planeta Terra e a pandemia de
covid-19 se iniciou. Foi decretado pelo governo o fechamento do comércio e a
sociedade entrou em isolamento social, o famoso lockdown.
Todas as demais funcionárias e Andreza foram demitidas e todo o shopping
ficou fechado por 6 meses. Após a reabertura gradual das lojas Andreza não seria mais
chamada. Ela até mudou o número de seu telefone e Márcio nunca mais se comunicou
com ela.
Após ser demitida, Andreza ficou recebendo o auxílio emergencial do governo
federal e começou a pensar no que faria de sua vida após o lockdown.
Naquele período de 6 meses de lockdown ela foi gastando suas economias que
havia guardado nos últimos 12 meses durante seu trabalho no shopping e ainda
pagava o empréstimo que fizera no banco para quitar sua dívida com Marcela.
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Após sair do emprego na loja de bijuterias no Shopping Center, Andreza
confessou para sua mãe, quando a visitou no Pontal da Ilha:
- A esposa de um dos sócios tinha ciúmes dele comigo – contou a jovem - e
achava que ele dava em cima de mim e por este motivo começou a implicar comigo.
- E você deu motivos para isso, filha?
- Não, mãe, eu juro que não. Eu até acho mesmo que ele queria algo comigo,
pois deixava subentender às vezes que ele se insinuava para mim. Porém eu juro que
nunca dei trela para ele e não dei razões para ele imaginar que eu pensava em ter um
caso com ele. Jamais. Pode ter certeza. Tenho minha consciência limpa quanto a isso. -
E a morena continuou:
- Acredito que ela desconfiava de minha pessoa por ele (o marido dela) ter-me
promovido de vendedora a funcionária da administração, mesmo sem ter saído
nenhum funcionário deste setor para necessitar contratar outra pessoa. Mas eu
conclui que fui promovida por mérito e não porque meu ex-patrão tinha más intenções
e queria me conquistar. Eu era uma boa funcionária, esforçada nas minhas tarefas no
trabalho e sempre vesti a camisa da empresa. Também não fiz nada de irregular ou
imoral com ele que me concedesse esta promoção de cargo. Confie em mim, mamãe.
Falo a verdade.
- Eu acredito em você, querida, que uma filha minha não me enganaria e não
faria safadezas para subir no emprego e na carreira. Eu confio no seu caráter e nas
suas condutas pois eu e seu pai te demos sempre bons ensinamentos. E nossas
famílias são compostas de pessoas honestas. Temos honra e sobrenomes a zelar. Pelo
pai supremo não nos decepcione. Seja sempre uma moça idônea e de boa reputação.
Você sabe o quanto isto é importante para nossa vida.
- Com certeza, mãe. Pode contar comigo. E confie em sua filha, pois estou
contando a verdade.
- E você pensa em trabalhar com o que agora, Andreza?
- Não sei ainda mãe. Nada em vista. Só quero nos próximos dias descansar meu
juízo e relaxar minha mente.
- Armando já sabe que você saiu do emprego?
- Vou falar para ele ainda. Não tem pressa. Contar para ele não vai me ajudar
em nada mesmo. Só vou comentar com ele porque ele é meu namorado, senão nem
falaria.
- Mas se ele souber por outra pessoa da sua demissão ele vai ficar chateado em
saber que você não compartilhou sua vida com o próprio namorado. Ele vai pensar que
você não o valoriza e não dá importância à opinião dele. Andreza, você nem tocou
neste assunto com ele, para ele saber que você pensava em deixar seu emprego?
- Ah! eu estava meio emburrada com ele , um pouco de mal. E fiquei muito em
dúvida se ia pedir para sair do trabalho ou não. Foi de surpresa. Passei por uma
chateação e foi a gota d’água. Pensei: sabe uma coisa- sou tão jovem, tenho toda uma
vida pela frente; vou ficar neste emprego aguentando desaforos? Não. Vou ficar me
sacrificando por uma empresa que nem é minha e ainda não reconhece meu esforço?
Claro que não. Prefiro me desligar agora e seguir meu rumo, em busca de outro
trabalho. Não deu tempo de comentar com Armando. Tudo aconteceu muito rápido. E
acho tudo isso tão pessoal: a opinião de meu namorado não ia alterar minha decisão e
mudar os rumos de minha vida.
- Mas filha, não fale isso para seu namorado nem deixe ele sonhar que você
pensou desta maneira. Pois desta forma como ocorreu ele vai-se sentir desvalorizado
por você, como se ele não representasse nada importante para a namorada. Penso
que ele não ia gostar. Coloque-se no lugar dele e reflita.
- Vou contar para ele o mais rápido que eu puder. Pode deixar. Vou enviar uma
mensagem agora mesmo para saber quando a gente vai-se ver. Ele não está aqui em
São Luís. Quero saber se ele vem na próxima sexta-feira ou sábado. Eu queria contar
tudo pessoalmente.
-Mas se ele não vier agora conte a história pelo WhatsApp mesmo.
- Está certo, mamãe.
E Andreza se afastou de sua mãe, dirigindo-se para seu antigo quarto. Foi tirar
um cochilo.
Marcela dialogou com sua irmã do meio sobre o namoro desta última. Elas se
encontraram na casa materna.

- Irmã, - disse a primogênita, - esse seu namorado é um caboclinho muito feio.


Procura um garoto mais bonito. Você merece um homem mais bonitinho. Vocês não
combinam.
- Você acha, Marcela?
- Eu acho. E ele gosta de ser uma pessoa livre; sai sem você; vai assistir a jogos
de futebol e nem te convida para o acompanhar.
- Eu não gosto de assistir aos jogos no estádio. Ele também me convida para ir
às vaquejadas, mas em geral é em outras cidades e distante. Nem sempre o posso
acompanhar.

- Se ele fosse outro, e se importasse mesmo contigo, não frequentaria esses


jogos sem você, nem iria a estes rodeios, sem sua garota. Ficaria em casa, te fazendo
companhia na sessão de um filme ou série na TV ou te convidaria para sairem a um
local de sua escolha.
- É, você tem razão, Marcela. Nestes momentos parece que meu boy só pensa
nele. Mas eu gosto muito de Armando mesmo assim.
- Cuidado: não se anule por causa dele. Sei que seu namorado deve ter
qualidades. Só que ele precisa prestar mais atenção no que você aprecia, para buscar
te agradar. Ele não pode pensar somente no seu ego.
- Você está certa. Preciso ter uma postura mais incisiva diante de Armando. Ele
necessita valorizar minhas escolhas e considerar as minhas opiniões, senão vou
aparentar sempre uma estátua ao seu lado.
- E isso não é nada bom para você, irmã – concluiu Marcela.

Ester descobriu que Armando falava de Andreza para os vizinhos.

Um vizinho de Ester de nome Roberto veio falar com ela e não quis adiantar o
assunto.

- Ester, o Genésio está em casa?

- Não, Roberto. Ele está viajando a trabalho, no momento.

- Eu ia falar com ele sobre uma ação que está programada em nossa
congregação e vamos participar juntos. Preciso falar com ele pessoalmente.

- Ele chega daqui a três dias, no sábado.

- Certo. Peça para ele me ligar ao chegar de viagem. E a família, como está?

- Está tudo bem, graças a Deus. Marcela está na casa dela. Melina está prestes
a noivar. Andreza está morando sozinha.

- Sim, lembro dela. Ela se casou?

- Não. Ela nem noivou ainda. É só trabalhando muito. E tem um namorado –


contou a mulher. Quando Roberto veio falar com Ester Andreza ainda estava no
trabalho.

- Desculpe perguntar, mas ela ainda namora o filho do Marco e da Silvane? –


questionou o homem, com certa admiração.

- Sim. Por que você perguntou com certa preocupação?

- Ester, eu não deveria falar, pois é um pouco de fofoca, mas eu não gosto de
mentir nem esconder certas coisas. Todavia, já que citamos o nome de sua filha do
meio, eu gostaria de te contar umas coisas sobre ela.

- O que exatamente, Roberto?

- Ester, o filho de Marco, o Armando, ele contou algumas intimidades dele com
sua filha para dois amigos desse bairro e meu filho ouviu tudo. Esse rapaz é um pouco
estranho e ele deveria guardar seus segredos, mas não o faz. Penso que ele não fez um
papel muito digno com sua filha.
- É mesmo, Roberto? Vou falar com ela sobre isso.

- Tudo é verdade, mas por favor não conte que fui eu quem revelou isso pra
você.

- Pode deixar.

Roberto não gostava de fazer intrigas ou inventar fofocas, de modo que Ester
acreditou em suas palavras e ficou um pouco preocupada com a repercussão das falas
de Armando no bairro e com a reputação de sua filha do meio.

Ester procurou Andreza e lhe contou tudo. Foi o estopim. A morena ficou
furiosa e decidiu terminar o namoro com o filho da vizinha. Ela o procurou e disse:
- Armando, não vai dar mais para a gente ficar juntos.
O rapaz foi pego de surpresa e a questionou prontamente:
- Por que, meu bem?
A garota respondeu assim:
- Nesta relação só eu me dedico, parece que você não está nem aí para mim.
Nosso relacionamento foi perdendo o sentido, e não sei direito, mas parece que algo
mudou. Eu não gosto mais tanto de você.
O homem tentou que ela mudasse de ideia:
- Andreza, isso não é motivo para a gente terminar. Eu gosto muito de você.
Vamos tentar, me dá mais uma chance.
A namorada preferiu continuar mentindo sobre as razões verdadeiras de
encerrar o namoro:
- Eu preciso cuidar mais de mim, me dedicar ao meu trabalho e à minha vida
pessoal. Você é muito distante de mim. Esse namoro de final de semana não dá mais;
cansei ; estou saturada disso.
- Eu te chamei para vir morar comigo.
- Não quero ir para essa cidade tão pequena.
Suellen também esperava que o rapaz a convidasse para noivar e casar, mas
estas não pareciam ser as suas intenções no momento.
- Andreza, eu pensei que nosso amor seria para sempre. Nós nos damos tão
bem – alegou Armando, tentando convencê-la a mudar de ideia.
- Não tem volta, meu bem. É decisão definitiva.
- Você é de lua; da última vez que nos encontramos estávamos tão bem.
Nossa transa foi ótima. O que ocorreu?
Andreza, então, desabafou com Armando:
- Você me usou como uma cobaia de laboratório para satisfazer seus desejos
sexuais! Eu fui o próprio laboratório onde você testou seus experimentos sobre todas
as vontades e fetiches que tinha anseio de colocar em prática. E no fundo só me usou!
Fui apenas seu objeto de desejo! Você ouviu? Eu não quero mais você! Cansei de tudo
isso...
- Andreza, você agora me ofendeu! Eu pensei que você gostasse de tudo que
fizemos. Mas tudo bem se você não quer mais; vamos dar um tempo. Tchau.
E o homem se retirou da presença da namorada, bastante chateado.
A morena foi visitar sua mãe no bairro São Raimundo e deu uma passada na
casa da ex-sogra para conversarem.
Andreza comunicou a Silvane que ela terminara seu namoro com Armando.
- Minha sogra, eu e seu filho terminamos. Infelizmente, não deu mais certo a
gente continuar. A gente possuía alguns pontos discordantes e algumas opiniões
contraditórias e preferimos nos afastar – justificou Andreza sua separação de
Armando, amenizando a verdade sobre as verdadeiras causas do encerramento do
affair.
- Que notícia ruim, querida – retrucou Silvane. - E vocês não tem chance de
voltarem atrás?
- Não mais. Agora é decisão definitiva.
- Você está chateada com ele?
- Não. De forma alguma – mentiu a jovem.
- Porque meu filho é um rapaz tão bom, – bajulou a vizinha – e vocês faziam um
casal tão bonito.
- Era mesmo. Você tem razão, amiga. Mas prefiro que cada qual siga agora seu
destino. Armando gosta de ter liberdade, eu também, ele gosta das coisas dele, dos
caminhões, das vaquejadas, dos rodeios, das farras, deixa ele curtir a vida dele –
completou Andreza, com certa ironia.
- Mas, filha, não se afaste de mim. Gosto muito de sua amizade. Lembre que
antes de namorar meu filho já éramos ótimas amigas, e eu desejaria que assim
continuasse – pediu Silvane, carinhosamente.
- Pode deixar, Silvane, vamos continuar amigas sim. Tenho muita estima por
sua pessoa.
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Por ser muito indecisa Andreza continuou saindo com seu ex-namorado para
transar, mesmo após o término do namoro. Ela sentia necessidade de fazer isso e
preferia procurá-lo, pois não era muito de acordo com sexo casual, isto é, com pessoas
estranhas. Assim, ainda se encontraram uma meia dúzia de vezes após “encerrarem” o
relacionamento formal, até que enfim, apartaram-se em definitivo. Porém, Armando
continuava a lhe enviar mensagens convidando-a para sair. Ele sentia falta do sexo
gostoso e liberal que ela fazia com ele. Mas Andreza foi conseguindo se libertar do
desejo de fazer sexo com Armando, e foi vislumbrando outros projetos para sua vida.

Armando e Andreza haviam se desentendido e este chamou Andreza para


conversar. Seu quase ex-namorado soube que ela havia saído com outro rapaz e
poderia estar se envolvendo com ele; mas na verdade Andreza e Julio César saíram
apenas uma vez e não estavam namorando ou mantendo um caso.
O vizinho convidou Andreza para conversar e esta aceitou o receber em seu
apartamento. A garota imaginava que seu namorado tentaria uma reaproximação com
ela. Suellen não tinha a menor noção de que Armando estava ciente de seu encontro
com Júlio César, e ficara muito aborrecido por esse fato; todavia, um alcoviteiro do
bairro viu o que aconteceu e dedurou para o filho de Silvane, informando sobre o
encontro de sua ex com o outro rapaz.
A morena já estava se dispondo a dar mais uma chance ao ex parceiro. Todavia,
discutiram neste encontro e o desentendimento foi feio.
Reclamou Armando:
- Você já me esqueceu! Eu mal dei as costas e você já saiu com outro, Andreza.
Você não teve nenhuma consideração por mim – queixou-se ele. - Eu não fiquei com
mais ninguém depois daquele dia em que brigamos e a gente terminou – mentiu o
indivíduo.
- Armando, eu não tenho mais nenhuma obrigação de ser fiel a você.
- Eu pensei que só estivéssemos brigados... Não tem valor para você tudo que
nós vivemos? Todo esse tempo juntos...
- Não foi bem assim que eu entendi. Nós terminamos. E eu acho que você está
um pouco equivocado: foi de sua parte quem menos valorizou nossa relação e nosso
vínculo afetivo.
- E com tão pouco tempo já saiu com outra pessoa?
- Armando, eu preciso cuidar de minha vida. Tocar ela para frente. Eu sou
solteira. Foi uma única vez. Não estamos tendo nenhum affair.
- Vocês transaram??? – indagou Armando, em tom muito sério.
- Desculpe, Armando, mas não te devo mais satisfações sobre minha
intimidade.
- Sua safada ... - pilheriou o rapaz. – E assim que você me trata. Você não vale
nada.
- Não fale assim comigo, seu ordinário – retrucou a garota. – Eu não te quero
mais.
Neste momento, ao ouvir estas palavras da boca de Andreza, Armando se
alterou psicologicamente e fez algo não pensado, agredindo sua ex-namorada com um
bofete no rosto.
Andreza virou o seu rosto para o lado, chorando e esbravejou:
- Saia daqui; eu não quero te ver nunca mais. Vai embora – e não mirou mais
nos olhos de Armando.
- Minha vontade era te dar uma surra, pois é o que você merece, mas não
quero me prejudicar – retrucou o atordoado jovem.
- Sai do meu apartamento e não me apareça mais. Eu te odeio. Não trisca mais
nem um dedo em mim, senão eu vou te denunciar na polícia.
E Armando deu as costas, retirando-se daquele local. Depois desse dia
passariam muito tempo sem se ver pessoalmente.
Andreza optou por não contar nada para seus familiares e suas amigas, nem
desejaria comentar sobre o ocorrido com Silvane. Ela também ficaria um bom tempo
sem falar com sua quase ex-sogra. Depois desse dia, Andreza ficou com receio de que
seu ex tentasse se aproximar dela para realizar uma agressão e começou a tomar
medidas cautelares, principalmente quando ia sair para o trabalho ou quando estava
chegando. Ela também bloqueou o número de Armando na lista de contatos do
WhatsApp e na agenda do seu telefone.
Andreza comunicou, então, a seu pai o término de seu namoro com Armando
cerca de uma semana depois.
- Papai, como eu te falei, o Armando e eu não estávamos muito bem. Nossa
relação estava abalada.
- E o que ocorreu, filha? - questionou aquele pai, já imaginando o que havia se
sucedido.
- Eu e Armando terminamos em definitivo – e uma pequena porção de lágrima
se formou em cada olho de Andreza. – A gente ainda ficou algumas vezes após
terminar, mas agora é definitivo. Eu me prometi e também disse para ele que não tem
mais volta. Nossa relação se encerrou de uma vez por todas.
- E por que não vai dar mais certo o namoro de vocês, filha? - sondou seu pai -
Pensei que dessa vez saía casamento.
- No começo de nossa relação Armando parecia ser diferente dos outros, mas
eu o fui conhecendo melhor e descobri que ele é igual ou até pior que os outros
namorados que tive, e por último já estava quase abusando de mim. Ele também me
traiu, papai, e mais de uma vez. Por último, uma amiga minha o viu com uma garota se
beijando na saída de um bar. Eu também descobri que ele tinha ou possui ainda um
caso com uma mulher na cidade onde ele trabalha. Eu aqui, me matando de trabalhar,
pensando que a gente ia juntar grana para montar um apartamento juntos, mas ele
não me valorizou, e ainda por cima colocou muitos “chifres” na minha cabeça.
- Ainda bem, filha, que você não se casou com Armando. Eu penso que ele ia
somente te fazer sofrer muito. Tenho esse pressentimento. Você não ia ser feliz com
ele. Nunca fui com a cara desse rapaz. Mas você insistiu muito no namoro com ele. Eu
não podia palpitar a todo instante; nem eu, nem sua mãe.
- O senhor tem toda a razão, meu pai. Eu escapei de uma furada. Era um
precipício no qual eu ia cair e talvez não saísse mais de lá, nunca.
- Mas, filha, desta vez não vá se martirizar nem sofrer como das outras vezes,
com risco até de comprometer seu juízo. Vá procurar viver e esqueça esse cara.
- Sim, papai, vou superar esse relacionamento, com a misericórdia do Pai.
- Com certeza, querida, e vou estar aqui para te apoiar. Pode contar sempre
comigo.
- Obrigado, papai, eu te amo.
- Eu também, filha. Eu te amo muito, você sabe.
Apesar de sua promessa, Andreza sofreu após o encerramento de seu namoro
com Armando. Ela não chegou a ficar transtornada como da vez em que terminou a
relação com seu penúltimo namorado, mas nesta oportunidade, Suellen também
sofreria bastante após o afastamento do rapaz. Ela chegou até a se arrepender por o
ter deixado, apesar de tudo que ele lhe causou e até da agressão que a garota sofreu.
Agressão essa que Andreza jamais revelou a seus familiares e amigos.

Os sentimentos na cabeça de Andreza eram muito confusos, e apesar dela


sentir muita raiva do ex-vizinho pelo que ele fez e sentir arrependimentos por ter se
envolvido com ele tão seriamente, Suellen passou a sentir a falta de Armando em sua
vida, pois sabia que estava gostando muito dele, e quando a traição vem de alguém
muito querido e estimado, ela causa muito mais sofrimento e estragos psicológicos. A
garota, estranhamente, em alguns momentos, também se sentia arrependida e mal
consigo mesma por ter encerrado a relação, talvez porque estava habituada a dar
sempre mais alguma chance para ele mudar, e era difícil Andreza acabar com isso. Mas
ela buscou superá-lo e foi conseguindo aos poucos, embora tenha saído dessa relação
como uma mulher mais fria, pragmática, pessimista e até um pouco desiludida com
relacionamentos afetivos, magoada e calejada pelos sofrimentos que enfrentou.
CONVERSARAM MELINA E ANDREZA APÓS ESTA ENCERRAR O NAMORO COM
ARMANDO:

- Eu penso, Suh, que você vivia um relacionamento tóxico com Armando e ele
até demonstrava alguns sinais de ser uma pessoa narcisista. E o relacionamento com
uma pessoa narcisista pode ser prejudicial.

- Sei, Mel, a autoestima de quem se relaciona com essas pessoas vai, aos
poucos, sendo fragilizada. Como os narcisistas se sentem sempre melhores que os
outros, eles têm na maioria das vezes todas as justificativas de por que o seu ponto de
vista está correto.

- Eles não têm empatia por ninguém e jamais cogitam estar errados, o que faz
com que muitos desses relacionamentos se tornem abusivos, como foi o seu.

- Armando só teve desprezo pelos meus sentimentos – contou Suellen.

- Os narcisistas são pessoas que descartam facilmente a opinião da outra


pessoa – concordou sua irmã.

- Quando eu colocava minhas opiniões, ele dizia que se sentia mal; e sobre algo
que ele estava falando, ele não se culpava em nenhuma ocasião, apenas dizia que eu
não deveria me sentir assim, ou que ele falava aquelas coisas para o meu crescimento,
meu fortalecimento, imagine só! – confessou Andreza.

– É constante a tentativa dos narcisistas de culpar a namorada pelos erros e


falhas deles - opinou Melina.

“Quem se relaciona com um narcisista está sempre errado, não vence em uma
discussão, irmã. Se vence, é porque o narcisista disse: ‘mas isso acontece por que você
é culpada disso’; ou ‘isso não tem importância’, menosprezando o seu sofrimento“.

– Ele também vivia com birras e mostrava muita imaturidade - continuou


Andreza.

- Um narcisista, e eu também penso que Armando se comporta assim. quando


se vê irritado, consegue passar dias sem interagir e conversar. Essa é uma ótima tática
de manipulação, e ele adota esse silêncio para “ensinar” através do sofrimento,
exemplifica.

- Um absurdo isso! Como eu fui tola com ele! - desabafou Andreza.

- O pior, irmã, é que para casos assim não existe cura; apenas tratamento
psicológico para melhorar.
- Eu sei, Melina. Pessoas saudáveis refletem e fazem um autoquestionamento
quando são confrontadas. Armando, por mais que possua uma baixa autoestima
blindada pela valorização de sua imagem, quando eu o questionava, isso lhe causava
uma insegurança imensa.

- O narcisista apenas consegue fazer essa análise em tratamento com o


psicólogo e, mesmo assim, pelo desconforto que ele experimenta durante as sessões,
há possibilidade de que ele abandone a terapia; eu já li sobre isso.

- Eu não quero mais saber de Armando.

- É a decisão mais acertada, Suh.

A morena foi visitar sua irmã mais velha no residencial Novo Mundo.

Num instante em que ficou sozinha, Andreza estava revendo algumas fotos
armazenadas em seu telefone celular, quando encontrou alguns “prints” que salvou de
umas mensagens enviadas para seu ex-namorado.

Ela parou um pouco e relembrou o conteúdo daqueles recados.

Armando estava trabalhando em outra cidade e sua garota lhe enviou esta
mensagem:

“Meu amor, hoje o dia foi bastante corrido, mas fique sabendo que eu não
me esqueci de você por nem um segundo sequer. Sei que tudo o que estamos
plantando no presente valerá a pena no futuro próximo. Você é a luz que ilumina todas
as flores do meu jardim. E eu prometo cuidar muito bem desse nosso jardim. Eu te
adoro!

Armando respondeu mais tarde:

“Meu amor, resolvi lhe enviar esta mensagem para dizer que eu também te
adoro. Você faz total diferença na minha vida e sinto que tudo o que eu faço ao seu
lado dá certo. Agradeço-lhe a demonstração de seu carinho de forma tão afetuosa.
Você é a minha pessoa e sei disso porque me sinto totalmente confortável ao seu lado.
Eu quero você para sempre comigo!”

Andreza escreveu ainda para seu namorado:

“Eu tô mandando esta mensagem, mas queria mesmo era estar com os braços
em volta do seu pescoço, dando aquele beijo mais que especial que só a gente dá!
Infelizmente, não vou poder fazer isso hoje, por isso pensei em te escrever estas
palavras, só pra não deixar passar em branco essa vontade absurda que me deu aqui
de te amar agora mesmo. Que os dias corram rapidinho pra estarmos juntos de novo!
Em outra oportunidade a jovem enviou a seguinte mensagem:

“Você foi a melhor escolha da minha vida! Sinto como se tivesse


encontrado minha outra metade, literalmente, por mais clichê que pareça! Você
me completa, seus defeitos se encaixam com os meus, seu afeto combina com o
meu e sua companhia parece que foi escolhida a dedo para se juntar a mim. Te
quero com todas as minhas forças, para sempre!”

E outro dia:

“Toda vez que eu abro o WhatsApp para falar com alguém ou resolver
alguma coisa, e vejo o seu nome aqui na lista de contatos e não resisto a abrir; ai
como suas mensagens me agradam, você não tem a mínima noção disso; como
elas me fazem bem e me acalmam em meio às tribulações. Eu te amo e poderia
fazer mil e uma declarações todos os dias — sem exagero. Mas como não quero
ficar te importunando, vou apenas dizer que estou morrendo de saudade e que
não vejo a hora de estar contigo novamente!

Marcela, então, apareceu na sala. Suellen se voltou para ela e proferiu as


seguintes palavras:

- Ah, irmã, eu não gosto de muito mel nas conversas - revelou Andreza; -
quando eu penso o quanto me esforcei para enviar aquelas mensagens de amor para
Armando por nada, eu sinto ódio. O arrependimento é completo!!

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PARTE II

Durante sua permanência no Shopping Center Andreza fez alguns colegas e


conheceu duas novas amigas: Valentina e Anália. Tornaram-se bastante íntimas e com
frequência saíam à noite e para a praia, um programa de que gostavam muito. As duas
eram funcionárias de lojas do shopping.
Valentina era uma imigrante colombiana, moça extrovertida, “guapa caliente”,
muito desenrolada com os rapazes; adorava pintar o cabelo nas mais diversas cores e
era bem liberal no tocante a assuntos sexuais e de relacionamentos afetivos. Não tinha
parceiro fixo, era promiscua e confessou às amigas que chegou a fazer alguns
programas de sexo para complementar sua renda. Mudara-se para o Brasil com seu pai
Guillermo, por motivo de trabalho. Sua mãe permanecia no seu país.
Anália, por sua vez, era uma morena de cabelo cacheado, bem sorridente,
simpática e era natural de uma cidade vizinha a área metropolitana da capital;
também se tornou muito próxima de Andreza. Cursava Serviço Social e confessou às
amigas que era homossexual e tinha uma namorada, e que estava prestes a revelar
tudo para sua família.
As três saiam juntas e mesmo depois de Andreza sair do trabalho no Shopping
elas continuavam muito companheiras uma das outras. Andreza nunca tivera amigas
tão liberais.
Valentina, a colombiana, frequentemente trazia assuntos de sexo e
relacionamento; era muito explícita e direta em suas colocações. Seu padrão de
criação familiar era outro e gostava dos temas muitas vezes proibidos para certas
jovens. Conversavam sobre sexo, orgasmo feminino, relacionamentos a três, orgias e
outros temas semelhantes. Andreza continuava muito comedida em suas colocações.
Valentina, entretanto, não tinha prurido de apresentar suas opiniões modernas
e contemporâneas sobre relacionamentos e o casamento para ela não estava em
cogitação por enquanto; para a estrangeira a mulher deve conhecer muitos homens
primeiro, aperfeiçoar-se nas práticas sexuais antes de tudo, aproveitar a vida a
princípio para somente depois pensar em se envolver seriamente com um único
homem.
Valentina introduziu muitos temas e muitos questionamentos na consciência
de Andreza e esta começou a se interessar mais profundamente sobre sexo e
sexualidade.
Anália, por sua vez, contraiu relacionamentos com vários rapazes, mas veio-se
encontrar mesmo e se satisfazer com uma mulher, descobrindo ser lésbica.
No período em que Suellen ainda morava com sua mãe, ela não trazia muito
suas amigas para sua casa, mas Ester ,porém, terminou conhecendo as duas nesta
época; e foi investigando o telefone celular da filha que Ester descobriu alguns fatos
sobre elas. A mãe ficou então preocupada com as companhias de sua filha; porém, as
mensagens de WhatsApp não revelavam nem 10 % de todo o conteúdo de conversas
das três amigas, para a sorte delas. Ester notou, porém, que Valentina era uma moça
moderna e parecia ser assanhada, ou mesmo saliente, fora dos padrões da maioria das
moças de sua Igreja e dos modelos de amigas que sua filha tinha até então; a mais
liberal era Nádia, mas estava claro que não chegava aos pés daquela moça colombiana.
A outra colega de Andreza, Anália, Ester verificou nas conversas ser homossexual, mas
não dizia o nome de sua parceira. A partir deste momento Ester teve a convicção de
que as novas amizades de sua filha eram preocupantes e destoavam de todas as suas
antigas amigas. A mãe também ficou receosa de sua filha estar se envolvendo com
Anália, dado que Andreza não lhe apresentara mais nenhum pretendente e após o fim
de seu último namoro estava um pouco desiludida com os rapazes.
O fato concreto é que após o término de seu relacionamento com Armando e
após a companhia frequente das novas amigas, Andreza começou a buscar na Internet
assuntos de sexo explícito e sexualidade. Suas curiosidades se atiçaram mais ainda e
ela chegou a assistir alguns vídeos de sexo explicito, bem como ler artigos online sobre
como agradar e satisfazer sexualmente os homens, como uma mulher sentir mais
prazer nas relações sexuais, o que esperar de um parceiro, o que oferecer para ele e
técnicas de sexo oral, vaginal e anal; vários tipos de massagens e muito mais. Andreza
perdera definitivamente a vergonha de buscar estes assuntos na Internet e procurava
tirar todas as suas dúvidas, aprofundando-se nos mesmos. Mas tinha todo o cuidado
de não deixar sua mãe ver o que tinha buscado nem deixar rastros no celular para ela
não descobrir; nem suas irmãs estavam sabendo do conteúdo de suas pesquisas e
aprendizagens nas páginas da Internet.

Quando Andreza chegou da faculdade, sua mãe a indagou: (na época a morena
ainda morava na casa de Ester).

- Andreza, eu gostaria de conversar com você.

- Mãe, você está acordada ainda?

- Eu estava lendo a Palavra de Deus. Também estou hoje sem sono até agora.

- O que foi, mãe? Quando a senhora fala que deseja conversar comigo eu já fico
ansiosa e tensa.

- Por quê, filha?

- Não sei explicar, mas fico sempre assim.

- Filha, eu queria saber das suas amizades. Não vejo mais você falar com suas
amigas da Igreja e você quase não tem mais contato com suas ex-colegas de faculdade.

- Eu tinha alguns colegas na faculdade, porém mais chegados só mesmo a Kelly,


a Kátia e a Tamisa. É que cada um vai seguindo seu caminho e vai trabalhar, ou se
dedicar à sua família; a gente termina se afastando; Tamisa se casou com Fabrício;
Kátia está noiva; e Kelly está morando em Chapadinha; na verdade ela é de lá e
conseguiu emprego na cidade dela.

- Filha, eu queria te perguntar: quem é essa sua amiga que não é brasileira. O
nome dela é Valentina Valdez e ela tem trejeitos mesmo de não ser daqui.

- Mamãe, você estava olhando meu celular?

- Fui procurar seu carregador pois não achava o meu. Você deixou seu celular e
eu fui olhar. Desculpe. Bateu curiosidade. Uma mãe não pode olhar o celular da filha?

- Eu tenho mais de 18 anos, mãe. Não sou mais criança.


- Tudo bem. Desculpe. Mas quem é essa moça mesmo, filha?

- O nome dela é Valentina e ela veio da Colômbia. Ela trabalha no shopping e a


gente se conheceu na praça de alimentação, durante uma refeição. Ela é uma garota
bem legal.

- Traga ela aqui em casa, qualquer dia desses. Pode convidar – pediu Ester.

- Sim, vou trazer. Vou falar com ela.

- Andreza e como ela veio parar aqui no Brasil. Tenho medo. Ouço na televisão
que há tanto tráfico de drogas na Colômbia. Desculpe as ideias preconcebidas, mas
tenho medo de esse pessoal ser envolvido com tráfico. O pai dela trabalha com o que?

- Ela veio com o pai porque ela colocou um negócio no Brasil. Ele tem uma
representação de peças para barcos. Tem filiais em Belém e em Fortaleza. Fique
tranquila, eu já falei com ele umas 3 vezes no shopping. Ela é pessoa de bem. É gente
honesto e trabalhador.

- Certeza, filha?

-Sim, mãe. Não preciso mentir por uma bobagem como essa.

- E a mãe dela? Esta separada do pai?

- Ela diz que não e acredito que ela fala a verdade; ele não tem ninguém aqui .

- Filha, ele tem que idade, mais ou menos?

- Em torno de 42 anos.

- Então ele é novo ainda, relativamente novo. Filha, não me leve a mal, não vá
se envolver com esse cara. Deus me livre de você ir embora do Brasil. Acho que eu
morreria ou ia atrás de você.

- Não, mãe, não tem nada a ver. Não tenho uma pretensão com ele, nem ele
comigo. O pai da Valentina vai visitar a esposa de vez em quando, acho que em
intervalos de 3 em 3 meses. Já ouvi ela comentando umas duas vezes que ele estava
no país deles.

- E ela fica sozinha no Brasil?

- Sim. Por que não? Ela mora em apartamento e ela é bem independente. Ele
viaja bastante para Belém e Fortaleza e ela muitas vezes não vai com ele. Ela gosta
muito daqui. Ela até já comentou comigo que acredita que não volta mais para o país
dela. Ela já está aqui há quase 2 anos, está bem adaptada e quase já não tem mais
sotaque espanhol.

- Ela tem irmã ou irmão na Colômbia?

- Uma irmã.

- A mãe dela e a irmã não tem saudades? E nunca vieram ao Brasil?

- A mãe dela não quer viajar de avião e não simpatiza com o Brasil. A irmã dela
é mais velha, já é casada e trabalha muito, como dentista. Ela também possui um
restaurante em Cali.

- Andreza, você sabe tudo da vida dela!

- Ela é minha amiga, mãe. A gente conversa.

- E ela está gostando de nossa cidade. E isso mesmo?

- Mãe, na verdade ela gosta mesmo é dos rapazes daqui. Ela adorou os
brasileiros e não quer mais ir embora.

- Ela tem algum namorado sério?

- Não exatamente. Mas ela tem os relacionamentos dela. As colombianas


parecem ser desapegadas, pelo menos ela. Só que ela é muito divertida, tem muitos
amigos e amigas.

- E o que ela faz na vida? Só trabalha? E por que ela não trabalha com o pai?

- Ela faz faculdade de Direito. Ela não trabalha com o pai porque ela diz que
trabalho em família não dá muito certo. Ela diz querer traçar na vida um caminho
próprio e ela não gosta do serviço do pai dele. Mas ele não é chateado com ela.

- Ele se orgulha dela ser esforçada: trabalha e estudar! Que nem eu... Por isso
dona Ester, se orgulhe também de sua filha.

- Com certeza, filha. Tenho muito orgulho de você. É uma filha de ouro.

Andreza pediu licença para jantar e dormir em seguida e Ester a liberou. No dia
seguinte retomariam a conversa durante o almoço.
No dia seguinte, após o almoço, Ester procurou Andreza para conversarem
mais uma vez. Começou aquela mãe:

- Querida, você fez várias amizades no shopping. Você nem me falou de todas
elas. Por quê?

- Eu ia apresentá-las para você, eu juro – fingiu a morena.

- Andreza, desculpe eu falar, mas notei que uma delas é lésbica.

- Mãe, olhando meu celular novamente... não acredito. Pare, por favor.

- Filha, você não namorando esta moca, está?

- Não, jamais. Fique tranquila que é só amizade. Nunca fui e não serei lésbica
nenhum dia. Tenho convicção disso.

- Ainda bem. Graças a Deus.

- Dona Ester, a senhora é preconceituosa? Você sabia que o Icaro é


homossexual? Ele me revelou esse segredo.

- Querida, é verdade? Estou surpresa – retrucou sua mãe, com admiração. –


Conheço este rapaz há tantos anos; nunca imaginei que ele tivesse tendência a ser
“gay”. Ele tem algum namorado?

- Acredito que no momento, não.

- Pois, filha, se afaste um pouco desse rapaz.

- Mãe, seu conceito sobre ele agora mudou um pouco?

- Acho que sim, minha filha. Andreza, cuidado com suas amizades. Tenha
cautela com bebidas alcóolicas e nunca aceite experimentar drogas ilícitas.

- Pode deixar, mãe, sou cabeça feita. Bebo muito pouco e no tocante a drogas
sou completamente careta. Jamais quero provar das drogas.

- Deus assim te conserve.

- Mãe, vou precisar descansar antes de tomar banho. Em seguida, saio para
estudar.

- Tudo bem, filha. A gente conversa mais depois.


Aconteceu que Andreza desejou conhecer uma casa de massagens. E relatou
tudo o que ocorreu para Melina.
- Sempre tive curiosidade de conhecer como é uma casa de massagem e eu
queria passar por uma sessão de massagens. Imaginava que seria muito prazeroso. Li
sobre isso na Internet. São muitos tipos de massagens e parece bem gostoso. Sempre
tive curiosidade de receber uma massagem. E tive coragem, Melina, eu fui. Peguei o
endereço na Internet, entrei em contato pelo WhatsApp, marquei e fui.
- Andreza, você foi a uma casa de massagem ??? Retrucou sua irmã, em tom de
admiração. E continuou:“ E como foi lá, o que você achou?”.
- Ah foi ótimo. A massagem foi ótima?
- E foi com sexo? Com finalização?
- Não. Foi sem sexo. Imagina. Não tenho coragem de receber uma massagem
com sexo. É muito estranho para mim. Ser tocada, penetrada e gozar com uma pessoa
estranha. Mas fui muito bem recebida.
- E você fez a massagem com um homem ou uma mulher? Indagou Melina, com
grande curiosidade .
- Infelizmente fui atendida por uma massagista, - respondeu a morena, com ar
de brincadeira. - Mas foi muito bom. A massagem foi muito prazerosa, - concluiu.
- Qual foi o tipo de massagem???
- Tântrica.
- E você não chegou ao orgasmo?
- Quase cheguei.
E Andreza continuou:
- Irmã, eu conheci o dono. Ele é simpático e foi bem gentil comigo. Até anotei o
Instagram da clínica. Ele perguntou com o que eu trabalhava, disse que eu tinha perfil
para ser massagista e perguntou se eu não queria aprender a fazer massagens e
trabalhar com eles.
- Trabalhar com massagens!? Você está louca, Andreza? Que ideia maluca! -
retrucou Melina, com ar de espanto.
- Não, Melina. Foi somente uma conversa. Acho que esse trabalho não dá para
mim. Mas ele disse que dá para faturar até 3 mil reais por semana. E que posso fazer
meu horário. Ele disse que eles são bastante flexíveis. Vi que a clinica de massagens é
bem movimentada e deve render um bom dinheiro ao dono.
- Andreza, é um trabalho arriscado e pode prejudicar sua reputação. E nem
imagino se o pai e a mãe descobrissem. Seria terrível para você... Eles ficariam
furiosos. Nem pense numa coisa dessas. É fora de cogitação.
- Menina, foi só uma conversa, eu já disse. Não tenho interesse em trabalhar
como massagista. Eu só tinha a curiosidade de conhecer uma casa de massagens e
queria que fizessem em mim para eu saber como é a sensação e como eu me sentiria,
se é prazeroso. Foi bom, mas não achei esta coisa toda como falam, poderia ter sido
melhor - fingiu Andreza.
- Ainda bem, irmã. Tire ideias como essa de seus planos. Deus me livre de me
envolver num negócio como esse.
Só que depois desse dia Andreza e Melina passaram a pensar mais nestes tipos
de trabalho, como o de uma massagista. A princípio suas concepções eram totalmente
contrárias a esse trabalho, mas depois foram racionalizando. No final das contas, a
massoterapia era uma atividade de trabalho, pensaram as duas.
Após alguns dias declarou Melina para sua irmã:
- Andreza, eu estive pensando: a massoterapia pode ser um trabalho sério.
Pesquisei que existem muitas utilidades e vantagens para os clientes. Acho que eu
estava um pouco equivocada. Todavia, não estou dizendo estas afirmações para
estimular você a trabalhar como massagista, entenda - concluiu Melina, com ar
apreensivo.
- É verdade, Melina. Pensando por esse lado, concordo. E é uma ocupação que
remunera relativamente bem e é flexível a jornada de trabalho. E sobre as massagens
com sexo, qual a sua opinião?? O que você acha?
- Não, Andreza. Essas, não recomendo, não. Nem cogitaria um trabalho destes
para nós. É indigno. E não se encaixa com nossos ideais religiosos e nossas concepções
de vida.
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Melina, entretanto, ao longo dos dias seguintes, mudaria de concepção e ela


enviou uma mensagem de WhatsApp para Andreza algum tempo depois:

- Irmã, eu tive uma ideia. Na verdade é um plano bem ousado.

- O que foi, Mel? – indagou Suellen.

- Eu e você vamos montar uma clínica de massagens e uma hamburgueria. Esta


última será apenas para disfarçar, para justificar nosso ganho com as massagens e para
nossa família ficar calma, ficar tranquila, achando que nós temos um trabalho sério,
numa lanchonete.

- Mel, que proposta maluca! É um negócio muito arriscado! E é até desonesto


enganar nossa família.

- Mas é nossa chance de crescer na vida! É um empreendimento muito lucrativo!


Me apoie! Eu só confio em você, Suh. E não tenho coragem de entrar neste ramo
sozinha...

- Melina, esta área é totalmente nova para nós! Tenho medo! Podemos nos dar
mal!

- Não seja pessimista! Vai dar certo! Eu percebi que você se interessou muito por
massagens!

- Mas nós vamos ter que fazer massagens?

- Nós não. Vamos contratar as garotas para fazer e pagamos por semana de
acordo com a quantidade de massagens que cada uma realizar. Preciso falar com você
pessoalmente para explicar os detalhes de minha ideia.

- Melina, eu tenho medo de um negócio como esse.

- Perca seu medo! Vamos entrar nessa! Nós vamos ganhar um bom dinheiro e
depois a gente monta outra coisa para nós, como um comércio ou um salão de beleza,
etc.

- Tudo bem. Venha até meu apartamento amanhã e me explique essa sua ideia
louca. Mas não prometo de cara que vou topar. Preciso pensar melhor. Você
comentou algo com Marcela e André?

- Não.

- Certo. Você pode vir amanhã às 9 h da manhã?

- Sim. Estarei aí amanhã neste horário.

- Combinado. Beijos.

E desligaram o WhatsApp.

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Deste modo, Andreza e Melina conversaram no apartamento da morena
posteriormente:
- Andreza, podemos ganhar muito dinheiro com este negócio. Ninguém vai
descobrir.
“A gente monta um bar, um boteco, para disfarçar, e ninguém irá desconfiar.
Ajuda também a fazer o caixa 2 da casa de massagem e justificar para a família os
rendimentos que vamos obter.
- E como a gente vai dar conta de dois negócios?
- A casa de massagens funcionaria mais durante o dia e a lanchonete só abrirá
durante a noite. Por enquanto trabalharemos apenas com entregas a domicílio, devido
à pandemia. Eu fico a princípio na casa de massagens e você no bar, se você assim
preferir. Mas prometo que te ajudarei no boteco, só não todos os dias. Mas se quiser
ficar na casa de massagens às vezes não tem problemas. Como você gosta de cozinhar
vai adorar o trabalho do boteco. E você vai nos ajudar na contabilidade dos dois locais.
Andreza e sua irmã cresceram numa rua repleta de botecos e bares, como o
são muitas periferias de São Luís, e que serviam à venda de bebidas alcóolicas a granel
e pequenos lanches; isso provavelmente lhes instigou a imaginação para criarem tal
embuste. Continuaram o diálogo:
- Eu tenho medo, Melina. As casas de massagens não são estabelecimentos
legalizados. E será que nossos gênios vão se combinar nesse negócio: papai sempre diz
que não deveríamos ter um negócio juntas pois temos modos muito diferentes de
pensar e agir e ele acha que um negócio compartilhado por nós duas não duraria
muito tempo. Íamos nos desentender, brigar e desfazer a sociedade.
- Não, acredito que não. Temos muita parceria e cumplicidade. Vamos nos
entender bem. Quanto à regularização da casa penso assim: a cidade têm vários
locais semelhantes e funcionam sem ninguém reclamar. Ninguém mexe, não. O poder
público é conivente com esse tipo de atividade. Não chega a ser crime mais. Já se
aceita.
- E André? Você comentou algo com ele? Se namorado está sabendo de nossos
projetos?
- Sim, terminei contando nossa ideia para ele. Não posso esconder isso de
André!
- E ele concordou? - indagou Andreza.
- Ele disse que vai apoiar minha ideia. E até pode dar um suporte. Afinal, ele é
policial, tem arma e pode nos proteger.
- É verdade, porque poderá ser perigoso em alguns momentos. Atender gente
de toda espécie é complicado. Há clientes muito exigentes e podemos atender algum
vigarista, que não queira pagar pelos serviços. Eu já soube também de clínicas que
foram assaltadas.
- André vai fornecer o suporte e a segurança. E ele vai procurar um local para
começarmos e providenciar o aluguel. Ele tem renda suficiente e documentação para
fazer contratos de locação junto à imobiliária. Porque quase todos os imóveis são
contratados com imobiliária.
- E precisamos nos estabelecer num bairro bom para que os serviços de
massagem tenham um bom preço e a casa seja bem frequentada. Vamos conhecer
tanta gente importante, já estou imaginando. Além disso acho bom que o boteco e a
clinica de massagens fiquem perto um do outro para facilitar nossa administração. O
que você acha?
- Sim, melhor que sejam próximos. Vou falar com André.
- E você está pensando em colocar onde? Qual bairro?
- Ali pela Cohama. É bairro muito bom, frequentado por boas pessoas, com
várias faculdades perto. André conhece ali muito bem as redondezas pois já trabalhou
num supermercado naquele bairro. Ele conhece tudo por lá. Ele disse que tem certeza
de que o negócio vai dar certo nesse bairro.
- Mas irmã, tem um problema. Se André está sabendo dos nossos planos e vai
alugar 2 casas então ele vai cobrar uma comissão dos nossos negócios? Ele vai ser
sócio e ficar com uma percentagem dos lucros?
- Não. Ele só vai pedir que receba o valor que ele desembolsar pelos aluguéis
dos pontos.
- Certo.
- Andreza, - continuou Melina - também estávamos pensando num nome de
fantasia para a casa. Pensei em espaço Meliand, de Melina e André.
Sua irmã achou estranho Melina escolher um nome incluindo as iniciais de
André e começou a achar que sua irmã estava lhe enganando e ocultando alguma
coisa. Talvez Melina planejasse colocar André como sócio e este ganhasse uma
participação cada vez maior no negócio, colocando Andreza de escanteio. Os primeiros
passos de Melina indicavam isso. Andreza poderia estar sendo enganada. Talvez
Melina achasse sua irmã muito medrosa e que pudesse abandoná-la a qualquer
momento do negócio, e André precisaria estar a par de tudo e preparado para auxiliá-
la, caso fosse preciso. Poderia ser isso, imaginou Andreza.
- Vai dar certo, Melina - concluiu a irmã. - Vamos ganhar muito dinheiro com
este trabalho e depois saímos para montar outro negócio. Vai ser algo temporário,
acredite. Nem vai dar tempo de nossa família descobrir nem de nós comprometermos
nossa reputação. E dá para juntar muita grana em um tempo relativamente curto. É
um negócio muito lucrativo, como poucos e não paga encargos trabalhistas nem
impostos. Além disso, percebo que as casas de massagens estão bombando em São
Luís e teremos muitos clientes em potencial: pequenos empresários, funcionários
públicos, universitários, trabalhadores em trânsito passando pela cidade, homens
estressados ávidos por sexo fora do casamento, turistas, mulheres lésbicas, etc. É uma
cidade portuária, e por isso sabemos que temos marinheiros e marítimos e muitos
destes homens são loucos por sexo e estão azilados, secos, distante das esposas. Eles
serão um alvo relativamente fácil para nós e cairão em nossa propaganda. O turismo
sexual cresce muito em nossa cidade e a tendência é se expandir mais e mais. A cidade
cresce a cada dia e se transforma numa metrópole. Vi que São Luís foi uma das capitais
onde mais se desenvolveu a prostituição e o turismo sexual nos últimos 20 anos. É um
ramo que está muito lucrativo e no qual vale a pena investir. Vamos ficar ricas, e sem
muito esforço, e com o dinheiro destes homens.
- Sim, vai dar certo - concluiu Melina.
Melina continuaria morando com sua mãe; porém, elaborou uma estratégia
para sair de casa e ficar na casa de massagens. A garota ruiva havia se formado em
administração pela faculdade Arquimedes, e nesta instituição de ensino arranjou
vários esquemas para sua irmã Suellen. Todavia, para ludibriar sua mãe, Melina foi
aprovada no curso de Oceanografia, em uma universidade pública, e iniciou o curso;
sua intenção era faltar às aulas de modo proposital, para poder ficar em seu negócio
ilegal ; mas veio a pandemia, e as aulas presenciais foram suspensas; e a faculdade
pública não colocou aulas online; ela alegava, porém, que ia estudar para concursos no
apartamento de Andreza, e que em seguida as duas se dirigiriam para o boteco, pois
necessitavam preparar os sanduíches e hambúrgueres para o serviço de entrega
(delivery). Sua mãe fora informada sobre a abertura da hamburgueria. Todavia, no ano
seguinte, mudariam a clínica de massagens para outro endereço, próximo à praia do
Calhau, e a ruiva continuava sem frequentar o curso de Ocanografia, enganando sua
mãe.
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E assim aconteceu: André alugou duas residências próximas entre si no bairro
COHAMA, nos limtes do Cantinho do Céu. Numa delas colocaram um buteco ou
hamburgueria e no outro imóvel começaram a instalar a “clínica de massagens”.
Andreza ficava mais na lanchonete e Melina cuidava do prostíbulo disfarçado.
A casa de massagens já estava funcionando, mas o país atravessava uma crise
econômica e a pandemia do corona vírus já tinha iniciado e por isso a clientela ainda
era pequena. O “lockdown” (isolamento social) estava atrapalhando o desempenho da
casa. Também era difícil contratar garotas para treinar e para trabalharem como
massagistas. Apesar do desemprego, as pessoas tinham receio de contrair a infecção
pelo coronavírus 2019 e igualmente era complicado conseguir moças com formação
prévia em massagem tântrica. Andreza e Melina, então, terminaram por treinar elas
mesmas, nas duas semanas seguintes, duas moças que seriam as primeiras garotas de
programa do estabelecimento, uma do cabelo ruivo, e outra, uma morena, do cabelo
encaracolado, que foram batizadas de Jéssica e Nati, respectivamente.
Eram moças meio desajeitadas, sem experiência, não muito bonitas de rosto,
nem tinham o corpo muito atraente; a garota ruiva, ainda por cima, era chata, tinha
suas exigências (banqueira, botadeira de banca, como citavam alguns usuários), e
cheia de frescuras, segundo os clientes; e a morena, era um pouco fora de forma,
como se pode dizer, mas era um pouco mais fácil de lidar do que sua colega. Elas não
agradavam a todos os clientes, faltavam ao serviço às vezes e deixaram alguns usuários
da casa descontentes, o que atrapalhou o êxito do negócio ilícito. Não eram todos os
horários que havia massagistas na casa. André alugara duas casas na Cohama, uma
para albergar o boteco e outra para instalar a casa de massagens. Começaram a
anunciar também o prostibulo e seus serviços num portal de divulgação de negócios
da capital maranhense.
Andreza, por sua vez, foi escolhida para fazer uma fotografia deitada numa cama
só de calcinha e sutiã de renda, em pose considerada sensual, cobrindo seu rosto
porém com um emoji, de modo a não divulgar sua identidade e para que não fosse
reconhecida por ninguém. Ela se tornou deste modo a garota propaganda do
estabelecimento e sua foto ficou estampada na página do site criado e pago por eles
para fomentar sua atividade. Mesmo com muito debate entre os cúmplices e com
divergência de ideias foi afinal escolhido o nome Espaço Meliande para denominar a
casa. Este nome, todavia, só era divulgado na Internet e no número de whatsapp da
casa. Na fachada do imóvel alugado não havia qualquer alusão ao negócio ilegal, para
não chamar a atenção dos vizinhos e das autoridades.
Melina também criou uma conta de e-mail para ajudar no gerenciamento dos
negócios e uma conta no Instagram. Esta conta divulgava um número de telefone
celular com WhatsApp destinado à contratação de mais massagistas para serem
exploradas como garotas de programa.
Posteriormente, André convidou para trabalhar na casa de massagens uma colega
que tinha conhecido no serviço de call-center e após ter sido demitida já havia
trabalhado como operadora de caixa em uma loja, mas também já deixara este
trabalho alguns meses atrás e se encontrava desempregada. Ela foi atraída pela
proposta de receber uma quantidade de dinheiro bem maior que seus empregos
anteriores e trabalhando numa carga horária menor por semana. André fez todo o
canal de comunicação com ela e a contratou.
Após alguns meses então decorridos da inauguração da clínica de massagens
Melina e Andreza ficaram sabendo de dois sites de divulgação de encontros sexuais.
Foi então que cadastraram mais um telefone celular em conta pré-paga (os dois no CPF
– cadastro da pessoa física e nome de Melina) e passaram a divulgar as garotas da
casa nestes sites para aquecer o esquema de prostituição. Melina solicitou junto às
operadoras de telefonia celular o bloqueio da divulgação de seus dados pela
operadora para dificultar que alguém descobrisse a pessoa responsável legalmente por
aqueles números de telefone celular, pois como tinha trabalhado em um serviço de
call-center e telemarketing sabia todos os macetes e segredos desta área.
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Enquanto isso, Melina e André estavam indo para um motel. No caminho


conversaram no interior do veículo.

- Meu bem, você já teve algum fetiche comigo? – quis saber a garota.
- Sim, amor.

- Qual foi?

- Eu queria transar com você dentro de uma cabine da roda gigante, num
parque de diversões.

- Mas não daria tempo. É muito rápida a volta do brinquedo. Essa sua fantasia é
difícil de se concretizar. Pense em outra.

- Por isso mesmo nunca te contei esse meu desejo.

- Devia ter contado mesmo assim. E nunca teve mais nenhuma outra fantasia
ou fetiche comigo?

- Melina, eu tenho um fetiche de transar com você vestida de policial com uma
roupa toda emborrachada e colada ao corpo.

- Agora melhorou. Gostei desse. André, você acha normal uma garota ter
vontade de praticar fetiches na sua relação com alguém?

- Eu acredito que é normal possuir algum tipo de fetiche sexual. Inclusive, isso é
algo tão particular que cada pessoa irá ter o seu - declarou André. – Você tem algum
desejo sexual oculto, meu amor? - quis saber o rapaz.

- Acredito que tenho – respondeu a jovem. – Mas não quero revelar agora. Eu
imagino que independente dos tipos de fetiches, a característica mais importante é a
concordância dos envolvidos, ou seja, um fetichista não pode impor ou obrigar seus
desejos para o outro – continuou Melina.

- Com certeza.

Chegaram ao motel. No quarto daquele estabelecimento afirmou a garota:

- Amor, estou pensando em criar uma conta no Instagram para relatar casos
picantes de sexo: histórias reais vividas pelos próprios seguidores, inclusive as nossas.
Não precisa dizer que a história é da gente quanto publicar. Você entendeu?

- Que idéia maluca, meu bem. Mas pode ser. E qual seria o nome da conta?

- Contos secretos: prazer intenso.

- Estou achando o nome longo demais.

- Pois vou reduzir o tamanho. Eu contei a minha ideia para Suh. Ela disse que
topa entrar.
- É verdade?...

- Ela me disse até que já possui umas histórias bem maliciosas para
compartilhar.

- É mesmo? A Suh?

- Vou criar essa conta; você vai ver como var ser legal.

E foram transar.

A partir de então esta conta no Instagram faria um link para a hamburgueria de


Melina e Andreza e também para outras contas onde modelos e garotas de programa
do Maranhão se anunciavam. Eram várias contas de Instagram que funcionavam
quase como “books-pink”, os quais Melina divulgava e propagandeava para obter
algum tipo de vantagem.

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Andreza e Melina estavam conversando sobre a casa de massagens alguns dias
depois. A segunda conseguiu duas pretendentes para iniciar o trabalho como
massagistas em seu estabelecimento. A irmã caçula indagou então a morena:
- Andreza, como vamos fazer para treinar as meninas se nós não sabemos nada
de massagem tântrica?
- E se eu ficasse uns dias na casa de massagens do meu amigo para tentar
aprender alguma coisa? – redarguiu a irmã do meio.
- Não, Suh, não considere esta possibilidade - opinou a ruiva. – Não quero que
você se arrisque. Se você for para lá não vai poder ficar só olhando, senão o dono
desconfia que você deseja aprender para montar uma casa de massagens para você.
Não desejo isso para você. Seria demais. Não precisa se arriscar a esse ponto.
- Você acha?
- Sim. E não quero que você se submeta a uma experiência dessas de fazer
massagens com sexo. Se nossos pais descobrissem seria um escândalo e penso que
eles iam querer matar nós duas. Já estou imaginando a confusão que seria.
Andreza pensou por uns segundos e falou a seguir:
- Ah! Vamos assistir a uns vídeos na Internet e a gente ensina para elas as técnicas e
os tipos principais de massagens. Elas treinam uma na outra e nós fazemos a
supervisão.
- Você acredita que a gente daria conta do serviço?
- Tem tudo para dar certo.
- Não conhece outra pessoa que pode treiná-las ?
- Para falar sincero, não!
- Andreza, você não tem vergonha de ensinar as massagens para as duas meninas
que estão interessadas em começar?
- Não. Mas você precisa me ajudar, Melina.
- Então vou estudar sobre estas massagens. Andreza, você sente algum
desconforto planejando o que nós estamos prestes a fazer? Está tudo bem? Como
você está se sentindo?
- Fico confusa, minha cabeça vai a mil. Posso estar fazendo algo que é errado e
totalmente contra meus princípios.
- Mas precisamos de dinheiro, irmã. E não faremos mal a ninguém. E este negócio
será temporário; será apenas para conseguir capital para iniciar outro
empreendimento. Não pretendo ser dona de uma clínica de massagens a vida toda.
Acho que você compartilha este mesmo pensamento comigo.
- Sim.
- Vai ser por pouco tempo. Eu espero. Posso contar com você?
- Pode. Irmãs e amigas de confiança total. É o que nós somos.
- Amém. Acredito na nossa cumplicidade.
E encerraram aquela conversa.

Melina e Andreza treinaram então as primeiras massagistas.

Apesar de não terem experiência com as massagens tântricas, Melina e Andreza


assistiram a muitos vídeos na Internet e conseguiram adquirir os principais itens
necessários para a realização das massagens: duas macas, lençóis brancos,
travesseiros, toalhas felpudas, óleos para massagens, velas decorativas para iluminar
os quartos e lingeries para as garotas, dentre outros elementos menores.

Elas decidiram então colocar as duas primeiras garotas para treinamento uma
na outra, sob a orientação das irmãs. E foi deste modo que as duas primeiras garotas
após cerca de duas semanas de treinos e ensaios se sentiram preparadas para atender
os primeiros clientes. As idealizadoras do estabelecimento também recomendaram
que elas visualizassem muitos vídeos na Internet com as mais diferentes técnicas de
massagens eróticas. As patroas combinaram com suas funcionárias os valores das
massagens sem e com sexo, e acertaram as porcentagens a serem repassadas para as
garotas e a forma de pagamento. E a casa iniciou suas atividades, embora com
movimento muito baixo, pelo fato de o negócio ser novo e por conta da pandemia.
Melina chamou uma amiga chamada Neuzélia para ser recepcionista do local. André
conseguiu alguns clientes, convidando colegas militares para frequentar a casa. Após
cerca de 6 meses, conseguiram um imóvel de melhor localização e se mudaram.
Neuzélia saiu e foi substituída por outra recepcionista.

Alguns meses depois, André parou seu carro na rua atrás da clínica de
massoterapia e passou por uma parada de ônibus, onde três rapazes falavam sobre um
local do bairro onde havia serviço de massagem tântrica. Como os três homens não
tinham visto o militar sair de seu veículo e como este se encontrava à paisana, André
disfarçou que também ia esperar por um coletivo, e ficou por ali para flagrar o diálogo
dos três. Eis o que eles comentavam:
- Essa casa de massagens é uma furada; fica na rua aqui atrás; eu já marquei lá
umas duas vezes; chego lá e não tem nenhuma massagista me esperando; um
absurdo: fazem pouco caso da gente. Eu não recomendo para ninguém.
Outro disse:
- Pois eu já fui até lá duas vezes e fui bem tratado. Deu tudo certo.
- Pois você teve sorte. – replicou o primeiro.
O terceiro amigo se pronunciou então:
- Também não gostei nada de lá. Eu marquei um programa de sexo neste
estabelecimento pela Internet; não combinei nenhuma massagem; cheguei na casa e
me repassaram para uma ruivinha que eles dão o nome de Jennifer e que tinha a
maior cara de fresca. Fomos para o quarto e ela só queria fazer massagens e nada de
sexo; eu reclamei com ela, a ruiva branquela bem mais-ou-menos veio com a história
de que o principal era a massagem e o sexo era somente no final, após a massagem. A
dita cuja ficou toda irritada, pegou o telefone celular e falou com alguém e ela
chamou por fim outra garota para fazer o atendimento. Ela colocava muita banca;
parece até que quem estava pagando era ela, e tinha a maior cara de nojo; sei que eu
me senti enganado. Paguei pelo serviço meia-boca, fui embora sem dar tchau e não
voltei nem quero retornar mais. Depois disso um colega meu também disse que
marcou no mesmo local com uma morena chamada Naty, que pela Internet parecia
bonita de corpo. Quando ele compareceu ao local, parecia outra pessoa; não lembrava
nada a garota das fotos no site: era bem mais gorda e fora de forma. Ela até tentou
agradá-lo em seu programa, mas ele achou ela fraquinha e também se sentiu
prejudicado com a propaganda enganosa.

TRÍCIA DIALOGOU COM ANDREZA APÓS ESTA SAIR DO TRABALHO NA LOJA DE


BIJUTERIAS:
- Amiga, você está trabalhando na sua área?

- Não, eu não gosto muito de contabilidade. Saí do trabalho no shopping pois


descobri que não tenho mesmo aptidão para esta área.

- E os concursos públicos?

- Vou dar um tempo agora para mim. Eu já prestei três concursos, mas
infelizmente não deu para passar ainda.

- Fé, amiga, que você passa já, já num bom concurso. Não perde o foco: continua
estudando!.

- Com certeza, Trícia. Mas vou dar uma parada nos estudos por uns três meses
para descansar minha mente.

De fato, Andreza não havia cursado Ciências Contábeis por afinidade, mas por falta
de opção. Mas, como era muito indecisa, nunca escolheu outra área profissional para
seguir, e foi empurrando até terminar o curso.

A garota também tentou três ou quatro concursos, um deles inclusive bem no início
de sua faculdade, mas não obteve sucesso nas provas e não foi aprovada. Suellen
realizou poucos concursos públicos; não possuía muita motivação para estudar e
pensava que não conseguia estudar sozinha; não conseguia ser autodidata e tinha
dificuldade para pagar cursos preparatórios; faltavam-lhe disciplina e força de
vontade, infelizmente.

- E você vai trabalhar com o quê agora? Já está procurando outro emprego?

- Estou me decidindo sobre o que faço da vida. Estou igual aquela música do
Skank: “ Vou deixar a vida me levar para onde ela quiser...”

- Bruna, você está tão misteriosa... E o “love”, amiga?

- Deixei. Não deu mais certo. Terminei com o Armando. Minha vida amorosa é um
fracasso, amiga. É igual um belo desenho que representa uma linda história de amor,
só que é desenhado na areia da praia, bem próximo ao mar. Quando eu penso que
está tudo bem, vem as ondas do mar e desmancham todo o meu desenho, acabando
com meu sonho. Assim é minha vida amorosa. Sem sucesso...

- Calma, amiga, não fique desiludida. Quando eu perdi o Rafael também foi difícil;
ele era por assim dizer “tudo” para mim. Então, ele se mudou do nosso estado e
preferimos terminar, pois acho que ele não volta mais e não quero viver longe de
meus pais. Eu juro como imaginei que não encontraria mais uma pessoa como o Rafa.
Quando terminamos, fiquei mal; se eu fosse católica, penso que ia procurar ser freira.
Estava desiludida com relacionamentos afetivos. Ele, meu-ex, ainda me liga,
conversamos pelo zap, pergunta como eu estou e como está meu namorado. Ele
também já tem outra pessoa na vida dele; torço para que ele seja feliz, pois ele o
merece. Ele é muito amigo e atencioso comigo. Pois é, eu estava infeliz, quase
desiludida pela saudade do Rafael e ai apareceu o Victor, que também é maravilhoso e
veio suprir minhas necessidades. Por causa dele comecei a fazer Psicologia e queremos
fazer doutorado e ser professores e pesquisadores. Temos essa meta e vários planos
juntos. Ele é meu farol que me norteia. Rafael já o conhece pelo Whatsapp e
conversam muitas vezes. Então, sou muito feliz, pois tenho um novo amor e continuo
amiga de meu antigo amor. E sei que Victor é adulto e me entende. Graças a Deus sou
feliz.

- Você é felizarda, amiga, e merece. Quem dera eu também seja merecedora um


dia de tanta felicidade na minha vida.

- Há de ser, Bruna, com a graça de Deus.

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Melina veio contar para Andreza que ia contrair noivado com André. Era nítido
o brilho dos seus olhos para dar a notícia. A irmã caçula disse então:
- Suh, eu e o André vamos noivar. Vai ser no próximo mês. Vamos comunicar
nossos pais. Estou muito feliz.
Andreza se mostrou surpresa e retrucou.
- Que legal, minha irmã. Que notícia boa. Mas ele nem havia te entregado um
anel de compromisso... Fiquei surpresa.. Tudo foi muito rápido...
- Sim, é verdade. Preferimos noivar logo, direto, sem história de anel de
compromisso.
- E vocês já pensaram em uma data para se casar? – quis saber a morena.
- Eu imagino que seja logo, porém não determinamos uma data provável ainda -
respondeu sua irmã. - Andreza, eu quero que você e Marcela sejam minhas madrinhas.
- Será com todo o prazer.
Andreza neste momento não conseguiu esconder uma certa inveja. Ver uma
irmã mais nova assumindo um compromisso afetivo sério e estando prestes a casar
gerou em Andreza um sentimento de desconforto, como de alguém que está sendo
passado para trás. Com seus insucessos no campo amoroso Andreza já sentia
dificuldades em lidar com a felicidade alheia e alimentava certa inveja ao constatar a
felicidade de outra pessoa e que ela continuava na estagnação em sua vida afetiva. Até
a satisfação da irmã prestes a noivar parecia lhe incomodar um pouco.
Andreza, porém, se esforçou e disse as seguintes palavras para Melina:
- Minha irmã caçula, eu desejo que você seja muito feliz! Que Deus abençoe
sua união com André e que vocês continuem sendo um casal muito feliz!
- Obrigada, Suh. Já estamos vendo um local para realizar o evento, mas já te
adianto que a recepção será apenas para nós: pais, irmãos e sobrinhas. Eu vou
convidar minhas irmãs e André vai convidar o irmão dele. E nossos pais. Somente. Não
podemos gastar. Não temos muito dinheiro!
- Parabéns, Melina, você merece! – concluiu sua irmã.
Após esse dia, porém, Suellen começaria a modificar seu comportamento com
relação a Melina e terminaram por se desentender e tiveram algumas discussões.

MELINA CONTOU AINDA SOBRE UM FILME QUE ASSISTIU. Elas se falaram a


sós, no quarto das duas.

- Andreza, eu soube de um filme interessante e eu terminei assistindo em meu


telefone celular - contou Melina.

- Qual filme, Mel? Do que falava?

- Eu não gosto de contar spoilers, mas não sei se você terá paciência de assistir
algum dia este filme. E é um pouco antiga a filmagem. Chama-se “Jovem e bela”, e
traz a estória de uma garota melancólica, de nome Isabelle Blasé mas que, ao mesmo
tempo, e de forma contraditória, é uma mulher extremamente sexual. Ela sinaliza bem
aquela dualidade: “Ora devassa e ora inocente, tudo numa mesma pessoa”. A garota
divide seu tempo entre a escola e o trabalho como prostituta de luxo, utilizando o
pseudônimo “Lea”.

- Conte rapidamente o enredo do filme - solicitou a morena.

- É o seguinte: Isabelle mantém uma relação fria com a mãe e o padrasto, ao


contrário de uma cumplicidade quase insana com o irmão mais novo. Durante uma
viagem de verão com a família no sul da França, a jovem Isabelle vive a sua primeira
experiência sexual com um rapaz alemão. Após voltar para casa, ela passa a dividir o
seu tempo entre a escola e o agora recente trabalho como prostituta de luxo,
passando a usar o pseudônimo “Lea“, para ocultar sua nova personalidade de sua
família. Ela continua explorando a sua sexualidade e logo começa a ganhar dinheiro
com mais clientes. Um incidente trágico envolvendo um deles, entretanto, faz com que
a sua mãe descubra as suas atividades secretas.
- O que mais você assistiu neste filme, irmã? Fiquei interessada.

- Isabelle é uma bela jovem de 17 anos que, apesar de confortável condição


social e familiar, se torna prostituta. Desprovida de culpa, moral ou traço de
melancolia, a adolescente desassocia sexo de emoções, e se utiliza de suas aventuras
sexuais para suprir algo que vai muito além do poder e consumação da sedução: o
interesse em compreender seu próprio corpo. O filme se desenrola em capítulos que
partem do olhar de quatro voyeurs (irmão, cliente, mãe e padrasto). Cada um se passa
em uma estação do ano.

“O longa inicia-se durante o verão, quando Isabelle, em viagem com a família,


vive a sua primeira experiência sexual. Em seguida, na medida em que ela retoma sua
vida normal, vamos presenciar ela se dividindo entre a vida de estudante e de
acompanhante de luxo.

“Fica claro para a gente a vida dupla que Isabelle leva: enquanto explora sua
sexualidade, sempre com clientes mais velhos; ela continua mantendo uma persona
completamente diferente da que se apresenta aos seus clientes, como uma adolescente
recatada (assim se pensa), que vai da escola para casa e de casa para a escola.

- O filme é um drama?

- Não exatamente. O filme retrata a vida de uma adolescente francesa que se


aventura na prostituição só por curiosidade e acaba gostando do dinheiro; não é
drama, não é comedia, é só a vida real de uma pessoa meio sem noção.

- Você gostou do filme?

- Sim, eu gostei desse filme; ele consegue ser realista em certas coisas, como,
por exemplo, a gente saber como funcionam as negociações de prostitutas e clientes,
a diversidade de clientes, personalidades envolvidas e etc. Contém muitas cenas
eróticas, nudismo parcial, e uma protagonista tímida, reservada, mas quando quer ela
sabe ser provocante e tentadora, e claro o filme tem muitos problemas com relação a
muitas coisas, mas esse tema "prostituição" me chama a atenção, e esse filme foca
nisso, esse é o centro do filme.

“A relação inconstante que mantém com a mãe, os flertes com o padrasto e a


cumplicidade incomum com o irmão mais novo vão aos poucos revelando as
verdadeiras facetas da garota, que é tão deslumbrante quanto indecifrável – ainda
mais quando se transforma com uma camisa de seda cor cinza, saia na altura dos
joelhos, sapatos de salto e batom vermelho.

____________________________________________________________

AS TRÊS AMIGAS DO SHOPPING SE ENCONTRARAM ALGUNS DIAS DEPOIS E


DIALOGARAM ENTRE SI.
- Meninas, eu estou pensando em ir embora de São Luís – revelou Andreza.

- Por que, amiga? A falta de emprego e a pandemia te desiludiram? –


questionou Valentina.

- É mais ou menos isso – respondeu Suellen.

- Você está decidida? – indagou Anália.

- Não totalmente ainda.

- E para onde você vai? – perguntou a última.

- O pior que não sei ainda.

- Amiga, é uma pena pensar que voce quer sair de nossa cidade, - continuou
a ruiva - mas, se eu fosse você, eu me mudaria para Fortaleza, no Ceará. É uma
cidade grande, desenvolvida e não fica tão distante.

- É, você sabe que me deu uma boa ideia. É um caso a se pensar.

- Inclusive, tenho um amigo por lá e que pode te ajudar na locação de um


apartamento. Ele pode ser avalista para você, desde que você precise. Ele é muito
meu amigo. Sei que não vai recusar um pedido meu, de coração.

- Obrigada, amiga, pela disposição em me ajudar.

- Estou às ordens. Decida e me fale.


Andreza não valorizava muito o namorado de sua irmã Melina, mas, quando ele
passou para o curso de oficiais da Polícia Militar, as coisas começaram a mudar. Sua
irmã, muito envaidecida, vivia fazendo propaganda de quanto o namorado estava
ganhando em dinheiro e ia receber no futuro e tudo isto foi mexendo com a mente da
morena.

Ela e seu cunhado foram se aproximando cada vez mais e Melina imaginava que
era tudo apenas amizade.

André conseguiu comprar seu primeiro carro e ofereceu carona para deixar a
cunhada em seu apartamento.

Na verdade, tudo havia sido combinado entre eles e o “casal” foi parar no
motel. Melina estava num curso preparatório para concursos públicos.

Declarou André para a morena antes de irem para o motel:

- Andreza, eu quero ficar com você! Sempre quis ...

- Como assim?

- Sempre tive vontade de transar com você.

- Acho que eu também ... Mas pensei que você estava querendo dizer que
queria deixar a Melina para ficar comigo ... Isso eu não quero. Deus me livre e guarde
arrumar confusão com minha irmã caçula. Ela é muito zangada e vingativa. E a Mel é
apaixonada demais por você.

- A Melina vai estar hoje à noite no preparatório para o concurso que ela vai
fazer.

- Vamos para um motel?

- Sim, vamos. A Melina é ciumenta demais, mas será que com você ela não
aceita a gente formar um trisal?

- Eu é quem não aceito isso - esclareceu a morena. – E não quero me envolver


com você – disfarçou então.

- Eu quero apenas que a gente se divirta e que seja bom para mim e para você.
E posso te ajudar de outras formas – insinuou o cunhado.

Naquele dia, foram para um motel e transaram pela primeira vez. Depois disso
continuaram se encontrando para fazer sexo, de modo secreto, uma ou duas vezes por
semana, sem a suspeita de suas famílias.

Andreza já vinha percebendo aos poucos os interesses de André por ela e sabia
que começando a transar com ele poderia obter algumas vantagens e alguns
presentes. De fato, desde as primeiras transas, André lhe presenteou com um aparelho
de celular novo e roupas, mas isso era pouco para satisfazer Andreza.

Ela também passava por crises de identidade e de ciúmes na sua relação com
André e não aceitava nem desejava ser a outra na vida de um homem e já
mancomunava como se livrar desta ingrata situação.

PALESTRARAM VALENTINA, ANÁLIA E ANDREZA alguns dias posteriormente. As

três amigas se encontraram no apartamento da colombiana.

- Garotas, vocês já participaram de sexo a três? Meu namorado me propôs

uma vez, mas eu fiquei de responder – revelou Suellen. - O que pensam sobre o

mènage?

- Bruna, são muitos casais que têm fetiche em fazer o famoso “ménage à

trois”, eu te garanto – desabafou Valentina. - Desde que seja com o consentimento, a

experiência pode ser prazerosa, mas também pode se tornar um desastre total, se o
parceira é ciumento e você não se dava conta disso.

- Para que o sexo a três dê certo, eu penso que é importante garantir que o ato
seja uma fantasia de todos e que haja limites. – opinou a morena de cabelo cacheado -
O que costuma acontecer é o homem querer introduzir uma terceira mulher na
relação e a companheira cede para não perdê-lo e para satisfazê-lo.

- Eu sou crítica do fato de que muitos homens querem realizar a fantasia de

fazer sexo com a parceira e outra mulher, mas não aceitam quando a parceria sugere o

ato envolvendo um outro homem – confessou Andreza. - Isso é machismo. Ménage é


ménage com duas mulheres ou dois homens. Eu defendo isso.
- Só que mesmo que o casal queira experimentar o sexo a três, eu acredito que

a fantasia é muito diferente da experiência e, por isso, vale começar aos poucos –

comentou Val. - Eu, por exemplo, fui a uma casa de swing em Cáli, na Colômbia,

para ver outras pessoas transando, flertando e interagindo com outras pessoas - tudo
sem chegar nos “finalmentes”.

- Ah! Eu imagino que na maioria das vezes o casal não precisa do sexo com uma

terceira pessoa para se satisfazer – disse Anália. - Por outro lado, se eles forem a uma

casa de swing, mas sentirem ciúmes um do outro, só ficarem brigando, pode significar
que não estão prontos ainda para ter essa experiência.

- Se eu fosse fazer sexo a três, eu gostaria de poder escolher a “terceira pessoa”

– revelou a morena de cabelo alisado - e seria necessário uma conexão prévia com
ela.

- Por esse motivo que o casal deve conversar entre si e estabelecer limites para

que o ciúmes de um dos dois não acabe estragando o momento – opinou a


colombiana. - E a terceira pessoa tem de saber que está ali como convidada.

- Eu sei que neste tipo de relação, como quem quer experimentar o sexo a

três sendo a terceira pessoa, deve-se estar preparado psicologicamente para viver uma

“aventura” – comentou Anália. - O “invasor ou a invasora“ não pode ter um


envolvimento afetivo, nesse caso específico. Isso deve ser muito bem separado.

- Mas eu também aprecio o sexo a três com estranhos. Acho até mais excitante
- contou a garota ruiva.

- Falta entrosamento muitas vezes – disse Andreza. - Eu pensaria sobre ménage

se eu estivesse em um relacionamento aberto, e ai chegaria à conclusão se faria ou


não.
- Por isso, muita gente não faz - declarou Anália. - O que em algumas situações

não tem nada a ver com questões de ciúmes. O entrosamento, como você citou

Andreza, conta muito. Então, é praticamente impossível que em um ménage ele


chegue à conclusão de que ele gosta mais da outra menina.

- Eu namorava há uns três ou quatro anos na época e sempre fui muito aberta

com relação a isso. Eu era bissexual e meu ex-namorado era hétero – contou a

colombiana. - Nós já conhecíamos uma menina há algum tempo e o convite acabou

rolando da minha parte, com ele ciente de tudo, só que ele era extremamente

ciumento. Fora isso, era um relacionamento bem abusivo, coisa que eu só fui me dar
conta muito tempo depois de terminarmos.

“Mas, enfim, no dia nós fomos para um bar com ela, bebemos bastante e

fomos para um motel depois. Só que ele começou a meio que surtar a cada interação

que eu tinha com a menina. Fechava a cara, ficava puto. Ele achou que a gente ia estar

lá para servir ele, sabe? Aí quando ele viu que eu também estava curtindo, começou a

ficar mega incomodado com a situação, chegou ao ponto de jogar cerveja em mim
para que eu parasse de interagir com ela.

“Ele até disse que derrubou sem querer, mas eu vi que não tinha sido assim.

Então, na hora de dormir, ele não queria que eu ficasse encostada com ela, ficou super

bravo com isso. Enfim, tornou algo que era para ser prazeroso para os três em algo
mega desconfortável pra nós duas.

“Mas eu tenho para mim que o problema foi ele, não o ménage em si, por isso

ainda faria numa boa com meu companheiro atual. Com um casal [sendo a terceira

parte] já não tenho tanta vontade, mas não digo nunca, porque sempre pode
acontecer".

“Quando o assunto é sexo, um é bom, dois é bom e três não é demais! Vocês
não acham, amigas? – concluiu Valentina. E suas colegas não disseram mais nada.
Aconteceu que Melina ficou doente e acamada e foi para a casa de sua mãe
para que esta pudesse cuidar de sua saúde.

Melina combinou então com Andreza, comunicando-se pelo WhatsApp (suas


mensagens eram programadas para se apagarem com 24 horas):

- Suh, você vai ter que ficar na casa de massagens. Acredito que eu vá me
afastar uns 3 dias. Estou com muita enxaqueca e bem gripada. Fiz o exame para covid-
19 e graças a Deus deu negativo. Só que a gripe está forte demais e o médico que me
atendeu prescreveu um antibiótico por 7 dias. André todos os dias após sair do curso
de oficiais vai dar uma passada aí para ver se está tudo bem. Ele vai te dar uma força.
Nestes dias você não precisa abrir o boteco. Acho melhor você não abrir, para não se
cansar demais. A casa é prioridade, penso eu.

- Tudo bem, Melina. Recupere-se bem. Deixe comigo. Vou cuidar bem de nosso
negócio. Estefane e Nati estão indo todos os dias ?

- Sim. André conseguiu uma outra massagista. Ela começou ontem. Batizamos
ela de Paula.

- Muito bem.

- Mamãe tem perguntado por mim?

- Sim. Eu disse que você fica à tarde e à noite no boteco. E pela manhã no seu
apartamento, e almoça todo dia em casa. Ela comentou que gostaria de visitar o
boteco por estes dias, mas pedi para ela só ir semana que vem, para não me deixar só
e para ela não descobrir que você não vai abrir a lanchonete nestes dias. E perguntar
onde você estava.

- Como está meu cachorro?

- O Albert está ótimo. Você tem alguma dúvida quanto à casa de massagens ?

A seguir, Melina interpelou sua irmã do meio:


- Suh, de onde você tirou esse nome para seu cachorro: Albert. Que nome
exótico para um cão.
E Andreza explicou por que colocou o nome Albert em seu cachorro.
- Eu li uma reportagem na Internet sobre um cão-cientista; é isso mesmo que
você está ouvindo, Mel. E nome dele é Albert. Por coincidência meu lindinho é da
mesma raça dele. Achei o nome bem legal; por isso batizei meu filhote de Albert. Não
é um nome bem legal?
- Pensando por esse lado eu concordo. É um nome bacana para um cãozinho
bagunceiro.
- Ah, não fala isso do meu doguinho – brincou a morena de cabelo alisado.

- Não. Melhoras para você, irmã.

- Ah, mais uma informação; A Ívina, que fica na recepção e respondendo o zap,
chega 8 h. Só abra as portas depois que ela chegar. Ah, outra coisa. Ela tem o telefone
de um sargento, nosso amigo; caso aconteça algum imprevisto, é só mandar uma
mensagem dizendo Casa Laura Massa e ele vem correndo nos socorrer. Anote o
número do WhatsApp dele no seu aparelho de celular também. Dou uma cortesia de
massagem para ele 1x ao mês.

- Ok, Mel. Entendido. Tchau.

- Tchau.

E encerraram as mensagens de WhatsApp daquela conversa.

Andreza ficou deste modo responsável pela casa de massagens por 3 dias.

No primeiro dia, Nati, Paula e Estéfane foram realizar suas massagens e seus
programas, mas apareceram poucos clientes. Andreza ficou no quarto de Melina
deitada na cama vendo zap, Instagram e YouTube. Só saia do quarto para receber o
pagamento das massagens das mãos de Ivina. Depois voltava ao quarto e ficava
trancada. Andreza controlava o WhatsApp, ao contrário do que sua irmã fazia e
avisava sua funcionária por um ramal de telefone quando um novo cliente estava
chegando. André dava uma passada todos os dias por volta de 15 h e em seguida ia
para a casa de Ester para ver Melina.

A casa dispunha de 2 quartos para a realização de massagens e programas e de


garagem onde um cliente por vez poderia guardar seu carro, caso quisesse. Desta
forma, as três massagistas precisavam se revezar nos horários, pois só havia dois
quartos disponíveis para as massagens.

André trocava de roupa ainda no quartel para não dar pistas aos vizinhos e
sempre usava bonés e óculos escuros. Também estacionava seu carro em outra rua, há
2 ou 3 quadras de distância e vinha caminhando. Possuía uma cópia da chave do
portão e entrava rapidamente, para não ser notado pelos vizinhos.

Ocorreu, porém, que iniciou na cidade uma greve dos ônibus repentina no dia
seguinte e apenas Andreza conseguiu chegar à casa, pois foi de “Uber”. As outras
garotas não apareceram, nem Ivina, pois moravam distante e dependiam dos ônibus
coletivos.

Quatro clientes haviam sinalizado que compareceriam, e marcaram


antecipadamente, de modo que Andreza foi até a casa e ficou dentro do
estabelecimento. Ficou entrando em contato com as massagistas, mas todas disseram
que não conseguiriam ir. Por conta da greve dos ônibus também o trânsito e os
congestionamentos de carros particulares estavam insuportáveis.
Andreza ficou muito chateada pelo fato de as três garotas faltarem e alguns
outros clientes começaram a entrar em contato pelo WhatsApp indagando se a casa
de massagens ia funcionar naquele dia. E logo naquele dia de greve estava havendo
uma procura maior por programas. Que pena! Perder aqueles clientes! - pensou a
morena. Ela começou a despachar então todos que faziam chamadas no zap
informando que por causa da greve não haveria atendimento aquele dia na casa de
massagens.

Todavia, dois clientes apareceram, pela manhã, um as 9h e outro as 11h.


Andreza atendeu o telefone e disse que haveria a possibilidade aquele dia de
massagens sem final feliz, ou seja, sem sexo, sem finalização, pois ela estava decidida a
atender estes 2 clientes. A morena também achou os dois rapazes de uma conversa
legal e tinham fotos nos perfis do WhatsApp parecendo jovens e simpáticos. Andreza
teve muita coragem em recebê-los, estando sozinha na casa e de se propor a fazer
uma sessão de massagem neles. Jamais havia atendido nenhum cliente. Seria então
uma oportunidade. A morena parecia pressentir que aqueles rapazes não lhe fariam
mal e concordou que eles viessem nos horários combinados.

O primeiro chegou perto de 9 h. Por questões de segurança Andreza solicitou


que ele deixasse seu carro do lado de fora. Seu nome era Túlio. Ao entrar ele elogiou a
simpatia da morena e perguntou detalhes sobre a massagem. Ela avisou que faria um
mix de 3 tipos de massagens: tailandesa, nuru e lingam, e rapidamente explicou como
era cada modalidade, de forma sucinta. Foram para o quarto 1 e ela realizou as
massagens. Andreza a princípio ficou temerosa de fazer a massagem nua, mas Túlio
era muito descontraído e ela terminou por retirar toda a roupa para fazer a massagem
nuru. Depois pediu licença para recolocar um “baby-doll” e uma espécie de jaleco e
concluiu a sessão com uma massagem lingam, fazendo seu cliente chegar ao orgasmo.
A seguir ele tomou uma ducha no banheiro, se vestiu, agradeceu a massagem, pagou
pelo serviço e foi embora, prometendo retornar outras vezes. Ela lhe deu o nome de
Lia.

Perto de 11 h chegou o segundo cliente. Seu nome era Igor Sotero. Pediu para
ela explicar como seria a massagem e dirigiram-se ao quarto, tendo tudo ocorrido de
forma semelhante ao atendimento do cliente anterior, com a diferença de que
Andreza se sentiu mais solta e mais à vontade na sessão de massagens do segundo
cliente.

Cada um quis fazer uma massagem com uma hora de duração e pagaram R$
150,00 pela sessão, cada um. Foram muito educados e saíram satisfeitos, apesar da
massagem sem sexo.

Andreza ficou encucada, e sem entender bem como aqueles rapazes, que
tinham pago R$ 150,00 cada um por uma simples massagem sem sexo, saíram
agradecidos. Eles contaram que era a primeira vez deles numa massagista e que
estavam estressados, precisando daquela terapia. Andreza, por sua vez, escondeu
deles a informação de que era também sua primeira vez fazendo aquilo num cliente e
pareceu que eles não perceberam nada com relação a isso. A moça sentiu-se bem após
aquela sessão de massagens, sendo que ficou nua sobre eles fazendo massagem nuru,
além de massagem tailandesa e lingam, vestida com um baby-doll. Foi-lhe agradável
realizar aquelas massagens e se sentiu competente, como se fosse algo que estivesse
habituada a fazer. Aquilo tudo lhe produziu satisfação e não ficou tímida ao se despir
diante daqueles dois homens. Sempre tivera vontade de fazer massagens em um
homem estranho e aquele dia matou sua vontade.

Após atender o segundo cliente a morena enviou uma mensagem pelo


WhatsApp para André dizendo para ele que não precisava passar na casa de
massagens aquele dia pois estaria fechada devido à greve dos ônibus e ela abriria a
hamburgueria aquela noite. A depender da greve do transporte público a clínica de
massagens continuaria fechada no dia seguinte.

Andreza contou depois para Melina que fez duas massagens sem sexo na clínica
de massoterapia:

Passaram-se mais dois dias ainda com a greve dos ônibus, mas tudo enfim
retornou ao normal.

Andreza enviou uma mensagem pelo WhatsApp para Melina:

- Mel, as meninas faltaram por 2 dias e só duas apareceram no terceiro dia da


greve dos ônibus. A Nati e a Paula vieram de transporte alternativo e eu tive que pagar
a diferença para a passagem de ônibus.

- Isso é hora para greve de ônibus?! - lastimou-se sua irmã.

- Mel, você nem sabe o que aconteceu no primeiro dia de greve, quando as
garotas não vieram trabalhar?

- Suh, espera um pouco - e a moça ruiva foi trancar a porta.

Melina trancava a porta do quarto para falar coisas delicadas no WhatsApp.

- Pode continuar... tranquei a porta.

- Eu fiz massagem em dois clientes. Kkkkk! Adorei!!

- Andreza, você endoidou?

- Não. Foi muito bom. E eles adoraram. Um deles era gatinho...

- Você fez massagem com finalização? Final feliz? – quis saber sua irmã,
apreensiva.

- Não, querida. Claro que não.

- Verdade?
- Sim, confie em mim. Foi a única grana que nós faturamos no espaço durante 2
dias. No segundo dia de greve eu não abri a casa. As meninas disseram que não
viriam..

- Sei. Estou melhor, Suh. Volto amanhã para minha casa e vou reabrir a clinica.
Espero que a greve se encerre mesmo amanhã.

- Eu também espero que esta greve acabe. O movimento na hamburgueria


também reduziu.

- Andreza, você gostou de atuar como massagista? Eu não estou acreditando


ainda que você fez isso, que teve coragem. Estou passada!

- Eu tive vontade e fiz! Tinha essa curiosidade de fazer e depois da experiência


até gostei. Mas só para matar a curiosidade. Fica tranquila...

- E vai que era alguém que te conhecia?

- O zap deles tinha foto. Por isso fiquei mais tranquila.

- E o André, não ficou sabendo de nada?

- Não. Não contei nada para ele. Também não conte... Não permito.

- E os clientes não reclamaram da massagem sem sexo?

- Eu avisei que era sem sexo. Eles aceitaram. Os dois eram bobinhos e era a
primeira massagem deles! Ainda saíram me agradecendo e dizendo que voltariam.

- É arriscado as nossas funcionárias descobrirem que você fez estas massagens.


Então, se eles voltarem outro dia e perguntarem por você?

- Eu acredito que elas não vão descobrir. Posso inventar depois que foi outra
pessoa, se elas me questionarem. E eu não dei meu nome verdadeiro para eles. O
quarto de massagens estava com meia iluminação. Acho que eles nem gravaram meu
rosto direito.

- Tomara que eles não voltem.

- Então, você já está bem, curada desta gripe?

- Sim. Estou.

- Eu já ia te visitar amanhã; desta forma não precisa mais. Nós nos vemos
amanhã. Dou uma passada em sua casa, antes de abrir a hamburgueria.

- Combinado. Andreza, só mais uma coisa: você ficou nua com os caras? Fez
massagem pelada?
Andreza então preferiu mentir.

- Não, Mel, não tirei toda a minha roupa. Fica tranquila. Permaneci de calcinha
e sutiã.

- Está certo. Juízo, irmã. Tchau. Até amanhã.

- Melhoras, minha irmã. Até logo.

E encerraram assim a conversa pelo WhatsApp.

Melina era morena, mas a partir de 16 anos de idade começou a pintar seu
cabelo de vermelho e como não gostava de ir à praia foi ficando com a pele mais clara
com o passar do tempo, modificando assim seu visual. A garota também não era muito
bela de corpo, tinha os seios avantajados, e por isso não achava interessante se expor
de biquini na orla da capital. Como não desejasse se expor demasiadamente ao sol, foi
ficando com a pele muito mais clara e com a aparência de uma pessoa que nunca se
bronzeia e fica com um tom de pele muito branquelo. Deste modo, André começou a
notar que convidava sua namorada para banhos de mar e ela recusava e assim passou
a levar Andreza para dar uns rolés e umas escapadas nas praias, algumas vezes com o
consentimento de Melina. Aproveitavam, pois, essas oportunidades para saírem para
os motéis e para transarem. Alegavam que iam jogar sinuca com uns amigos e dar uma
passada para um banho de sol na orla, mas em verdade eram pretextos para traírem
Melina. Assim, faziam seus almoços nos motéis. Desligavam o GPS (*) e o sinal de
Internet dos seus smartphones para não serem rastreados.

___(*) Sistema Global de Posicionamento por satélite artificial de


comunicações.

E o fato concreto é que Andreza estava se afastando da Igreja e de suas


celebrações de forma gradativa. Ela foi desacreditando na sua religião pois percebia
que as mudanças no seu estilo de vida não eram conciliáveis todas com o que o seu
pastor lhe pedia. Havia conflitos de ideias e isso estava ficando bem claro para ela. Ela
não deixara de acreditar na existência de Deus e no seu poder, mas já não via a prática
religiosa constante uma obrigação em sua vida. Além disso, seus planos e suas novas
concepções, lhe traziam desconforto de frequentar o culto e poder estar sendo
hipócrita, tendo uma vida cotidiana bem diferente daquilo que o pastor pregava. Ela
não se sentiria bem e preferiu ir se afastando aos poucos de sua religião.
Seus amigos da Igreja notaram suas ausências e seu progressivo distanciamento
deles.
Ao final de um culto de sábado à noite, Ícaro a procurou para saber o que
estava acontecendo. Ele perguntou a ela:
- Suh, o que está acontecendo, pois quase não te vejo mais na Igreja? Você está
tão difícil ultimamente...
- Ícaro, eu nem sei. O trabalho na hamburgueria está me ocupando muito; na
maioria dos dias chego cansada. E os finais de semana, uso para descansar e renovar
minhas energias. Você tem me achado muito ausente da Igreja?
- Sim, com certeza. Lembro que você era tão assídua. Já tenho saudades desse
tempo. E como você está após terminar seu namoro?
- Tentando me restabelecer; mas no geral estou bem. E você, Ícaro? Como está
sua vida?
- Estou legal; apenas a escola que está puxada; estou no cursinho preparatório
para o Enem.
- E as namoradas? Tem alguma? – questionou a morena. Andreza ouviu
comentários de alguns colegas mútuos de que o rapaz confessara recentemente ser
homossexual.
- Nenhuma no momento.
- Ícaro, preciso te falar uma coisa. Depois que entrei na faculdade eu tenho me
questionado sobre muitas coisas e minha mente abriu um leque de opções que eu não
enxergava antes. Acho que muitos evangélicos são bitolados e querem seguir ao pé da
letra o que os pastores dizem. Eu não questiono a Bíblia Sagrada e a fé em Deus e em
Jesus Cristo, mas penso que precisamos ter mais senso crítico.
- Por que você me fala isso, Suh? Explique-me melhor suas colocações.
- Ícaro, não estou dizendo que você é alienado ou fora da realidade, ou que a
religião te cegou. Não é nada disso. Mas que os evangélicos devem abrir os olhos, pois
o mundo lá fora pode nos engolir. Levar os ensinamentos cristãos a todo lugar é nossa
obrigação, mas devemos estar abertos ao diálogo com pessoas de todas as religiões e
aquelas sem religião, além de debater ideias que sejam diferentes das nossas,
concordando ou não com elas.
- Suh, vejo que você está abrindo mesmo sua mente. Mas não esqueça de nós,
por favor. Nós precisamos aqui de você. Sua presença nos faz falta. Pensa nisso.
- Não se preocupe; nunca vou abandonar vocês e esquecer nossa amizade.
- Deus te ouça, amiga.
- Tchau, Ícaro. Vou embora com minhas irmãs.
E despediram-se naquele dia.

Melina discutiu com André nesse mesmo período.


A garota ruiva teve uma pequena discussão com André e ficaram sem se falar
por alguns dias, sendo que o militar nesse período não foi à casa de massagens, nem
ao boteco. Sua namorada ficou, então, enclausurada na clínica de massoterapia e
publicou neste período uma foto nas redes sociais com o áudio de uma música
intitulada: “Dona de mim“ e escreveu na parede atrás de si a seguinte frase: “Ame-se
em primeiro lugar”. Melina e André continuavam, cada um, morando na casa de suas
mães. A sogra da garota, porém, já era viúva.

Melina e seu namorado voltaram, porém, a se acertar poucos dias depois da


briga entre os dois e a jovem finalmente marcou seu noivado com André. Seria num
buffet fora da cidade, num ambiente ao ar livre.

A jovem renovou a pintura de seu cabelo e ficou ruivíssima, além de preparar


um belo vestido longo de cor branca, todo decorado com detalhes de finas rendas de
bilro.

Assim que Andreza soube por sua irmã que o noivado já tinha data certa o
comportamento da morena começou a mudar. Parecia que Suellen estava com ciúmes
da irmã e queria chamar mais atenção na família que a própria noiva. Suh também se
empenhou em encomendar de uma costureira um belo vestido longo e de saia rodada,
num tecido finamente quadriculado.

Andreza começou também a ter pequenos desentendimentos com sua irmã.


Numa conversa que tiveram as duas a sós disse Andreza:

- Melina, por que você já vai se casar? E como vão ficar nossos planos na casa
de massagens? Como vai ficar nossa sociedade após você se casar?

- Irmã, estamos apenas noivando. Já namoramos há 8 anos. Preciso que André


me sinalize um compromisso mais sério.

- Por que vocês não esperam ele concluir o curso de oficiais? E onde vocês vão
morar? Na casa de massagens? Ou vão alugar outra casa? Ele vai ter condições agora
de manter duas casas? Ele ainda ajuda o irmão que faz faculdade...

- Você está se incomodando demais com nossa vida. Pare! Vamos dar um jeito.
Mas não tenho certeza de que a gente já vai morar juntos.

- E se forem? Você vai deixar mamãe morando sozinha?

- Ela tem o Genésio.

- Ele vive viajando por causa do trabalho.


- E desde quando você se preocupa com a mãe? Se você se preocupasse já não
teria saído de casa e nos deixado sozinhas quando o marido dela viaja. Eu preciso
cuidar de minha vida. Uma hora vou sair de casa também. Será inevitável. Não é só
você que quer morar só e ter seu canto.

Andreza foi ficando com cara de zangada.

- Uma hora eu vou ter que cortar o cordão umbilical com a mamãe. Eu já tenho
mais de 20 anos. Está na hora – continuou Melina.

- E como vai ficar meu negócio com você com seu noivado agora? Você
prometeu que só ia noivar depois que a gente colocasse uma segunda unidade da casa
de massagens para eu administrar. Eu acho que você mentia.

- Eu não admito você falar isso, Suh. E você não vai dar ordens em mim. Essa
casa de massagens é mais minha do que sua. Você sempre foi covarde. Se fosse por
você não haveria nada.

- Ah! E assim que você me trata! Eu já sabia, que a qualquer momento você ia
jogar na minha cara. Faça da sua vida o que você quiser. O papai já tinha me avisado
que eu não deveria ter nenhum negócio em sociedade com você.

- Nós planejamos que eu só noivaria mais à frente, mas tive que alterar meus
planos. Não posso comprometer minha felicidade por um compromisso como esse.
Coloque-se em meu lugar.

- Vou tentar, mas parece que você é que não pensa em mim.

- Andreza, eu não estou te entendendo. Você tem ciúmes de mim com o


André?

- Não, isso não. Imagina – negou Andreza. – Vou passar uns dias sem ir ao
boteco e à casa de massagens. Pode ser? Quero uns dias para mim e para descansar
minha mente. Ainda não me recuperei do fim do meu namoro.

- Tudo bem – concordou a garota ruiva.

- Tchau, Melina.

E se despediram.

Depois desse dia as duas irmãs ficaram afastadas e passaram um breve


período sem se falar. Andreza a cada dia ficava mais transtornada, conforme a data do
noivado se aproximava e começou a tratar todas as pessoas de maneira ríspida e
irascível. Ela não respondia às mensagens de André no WhatsApp de forma proposital
e quase inventou uma viagem com as amigas para Barreirinhas para o período do
noivado de sua irmã caçula. Tudo que fazia era no objetivo de provocar e desagradar
sua irmã, uma vez que a morena percebeu que não impediria o noivado da mesma.
Andreza estava envolvida com André e também se sentia inferiorizada em relação a
Melina, dado o insucesso e o infortúnio de seus relacionamentos anteriores. Andreza
não era assim, incomodada com a felicidade alheia, mas estava experimentando
novamente um sentimento de inveja em relação à sua irmã, visto que se sentia infeliz
e percebia Melina mais satisfeita a cada dia, ou pelo menos deduzia isso. Andreza
sentia o tempo passar e sua vida amorosa continuar no marasmo e sem definição. Ela
não sabia como reverter esse quadro e não estava disposta a retornar para Armando.

E as vésperas do noivado chegaram. As duas irmãs continuavam intrigadas.


Marcela preferiu não se envolver na questão. Nos dias anteriores a mãe de Andreza
tentou uma reconciliação entre as irmãs, mas elas resistiram, e a morena chegou a
discutir com sua mãe. Andreza e Melina não queriam ceder na queda de braço.
Suellen, inclusive, estava mesmo disposta a viajar para Barreirinhas, só para faltar ao
noivado. Todavia, a costureira já tinha aprontado seu vestido e a morena o recebera
há cerca de três dias atrás.

Dois dias antes do noivado ser consumado, Ester pediu que André pessoalmente
fosse falar com Andreza para intermediar uma trégua entre ela e a caçula. Ester não
admitia que a morena faltasse ao evento de sua irmã. O rapaz viu então uma
oportunidade de ir até Andreza. Lá chegando, ela não quis recebê-lo inicialmente, mas
depois cedeu. A morena estava na casa de sua mãe. De lá inventaram que iam jogar
bilhar num bar distante, situado em uma praia. Andreza discutiu no carro com André,
cobrando-lhe ciúmes e terminaram entrando num motel, onde ela se entregou e
satisfez sua vontade. O que ela desejava de fato era fazer sexo com ele. E de lá saiu um
pouco mansa, desistindo da viagem para Barreirinhas. Porém, continuava deixando
dúvidas se compareceria ao noivado, pois, possivelmente, ela é que gostaria de estar
no lugar de Melina, mas André não podia noivar com as duas ao mesmo tempo.

No mesmo dia, a noite, seu pai lhe ligou e tentou convencê-la a comparecer,
mas ela permanecia colocando obstáculos e deixando tudo em dúvida. Toda esta
situação preocupou muito seu pai e o descompensou psicologicamente.

Após desligarem, José não se sentiu bem, apresentou um grande mal estar e
teve que ser levado ao serviço de urgência médica por sua namorada cabeleireira. De
lá, todas as suas filhas foram avisadas e chegaram rapidamente. Havia a suspeita de
que ele estivesse iniciando um quadro de infarto cardíaco, o que foi afastado. José
sofreu um mal súbito devido a ansiedade e uma crise hipertensiva, mas felizmente
teve alta com duas horas e conseguiu que sua filha do meio cedesse e confirmasse sua
participação no noivado.

No dia seguinte, Andreza foi cedo para se maquiar e para preparar seu cabelo,
pois queria chegar no noivado de modo deslumbrante e causando sucesso. Usou enfim
seu vestido longo de saia rodada e foi ao buffet com sua mãe, usando o transporte
alternativo.

Melina estava bem apresentada no seu vestido branco de renda e trazia um


cabelo alisado e de coloração ruivissima.
O noivo usava um terno (fraque) cinza com elegante gravata borboleta e
sapato mocassim preto.

Andreza fez tudo para chamar a atenção dos presentes e conseguiu, pois estava
tão produzida quanto a futura noiva; Suellen saiu distribuindo sorrisos em várias fotos,
algumas tiradas pelo próprio cunhado. Nestas últimas fotos ela aparentava sorrir mais
ainda. Melina não desconfiava da traição dos dois.

Almoçaram no buffet as duas famílias e assim o compromisso do casal foi


oficializado, com Melina finalmente recebendo seu anel das mãos de André.

Nos dias seguintes Andreza foi contactada por uma amiga através do
WhatsApp e sua amiga a questionou após ver algumas fotos no Instagram se sua irmã
Melina tinha noivado. Estranhamente a morena respondeu assim:

- Amiga, nem sei. Parece que foi um noivado. Nem entendi bem aquilo.

Sua amiga achou a resposta de Andreza confusa, mas preferiu não questionar
mais nada e encerrou a mensagem naquele dia. Ela imaginou que Andreza não estava
num de seus melhores dias. E desligou.

- Obrigada, amiga. Tchau.

___________________________________________________________

Andreza e Melina se desentenderam então pela divisão de lucros da casa de


massagens e tiveram uma conversa nos dias seguintes:

- Suh, vamos ter que repassar 30 % do faturamento bruto da casa para cobrir as
despesas que o André está tendo – afirmou Melina.

- Mel, a gente não tinha combinado que ele receberia 20 % e esse valor já era o
suficiente para cobrir as despesas de aluguel das duas casas? - retrucou a morena.

- Mas o faturamento da casa de massagens está oscilando muito, Suh, –


queixou-se sua irmã - é efeito da pandemia. André não pode ficar no prejuízo.

- Mas assim Mel ele vai terminar ficando com uma parte de nosso lucro e não
vamos poder reinvestir na casa de massagens, melhorando a estrutura e trazendo mais
conforto aos fregueses.

- Andreza, meu noivo já teve muitas despesas com a gente e ele sofreu
prejuízos em alguns meses, e teve que retirar grana do bolso dele para bancar os
aluguéis.

- Eu sabia que mais cedo ou mais tarde não daria certo a nossa sociedade com a
entrada de André. Você não deveria ter chamado ele para nosso negócio. Atrapalhou
tudo.
- Não fale assim dele. Não fosse por André não teríamos casa de massagens
nem a hamburgueria.

- Deveríamos ter feito um pequeno empréstimo para nos manter nos primeiros
seis meses para não depender dele.

- Empréstimo em bancos de novo, Suh? Já temos péssima experiência com isso.


Os juros são muito altos. A gente demora uma vida pagando... E não sabíamos como
seria o andamento dos negócios com a pandemia. São muitos riscos a correr. Não
valeria a pena se meter com bancos. Se o negocio falir, vamos ficar endividadas no
banco novamente.

- É, nesse ponto você pode ter razão. Só que o nosso combinado era somente
retirar a grana dos aluguéis e repassar para o André. Mas eu fiquei desconfiada desde
o início quando você chamou seu namorado para alugar as casas.

- Suh, não fale assim. André só nos tem ajudado. Eu não agi de má fé em
nenhum momento. Eu juro. Mas eu não poderia ocultar de André uma empreitada tão
delicada como essa nossa. Além disso, eu sempre imaginei que ele nos daria o suporte
de segurança necessário.

- Pois eu já não sei irmã se nossa sociedade vai se prolongar por muito tempo –
ameaçou Suellen.

- O que é isso, Andreza? Nós somos irmãs, parceiras e cúmplices. Sem você,
como vou tocar esse trabalho sozinha? Precisamos uma da outra. Sempre. Não me
abandone.

Mas Andreza continuou rebatendo as colocações de sua irmã.

- Mel, eu não quero me sentir traída, mas para eu continuar nesse negócio de
cabeça, preciso ter confiança e ter a convicção de que vai valer a pena para mim
também. Quero ter certeza de que também sou proprietária deste esquema e que
estamos sendo favorecidas igualmente nas transações.

- Andreza, por favor, não questione minha honestidade e a de André.

- Por enquanto não tenho nada a questionar, mas vamos ver como vai ficar
daqui para a frente – alertou a morena.

- Tudo bem.

- Eu fico todos os dias na hamburgueria com mais dois funcionários até quase
meia noite todos os dias dando meu suor para justificar esse negócio aqui. Vocês tem
que me valorizar. Eu vivo muito cansada. É pesado na hamburgueria por causa dos
deliveries. Você e André prometeram me ajudar, só que raramente aparecem na
lanchonete. Vocês não estão cumprindo com o prometido.
- Também me canso neste trabalho aqui na casa de massagens, por incrível que
pareça: me consome tempo e paciência. Lidar com funcionárias e clientes não é fácil. É
cansativo. E tenho que preparar refeições, levar roupas para a lavanderia, cuidar das
mídias, pagar as diaristas que fazem as faxinas, supervisionar as massagistas, controlar
os pagamentos das massagens, fazer compras, controlar as contas, e outras coisas
mais. É bastante serviço. Você também quase não nos ajuda aqui. Temos que pensar
como melhorar a gerência e a administração dos dois estabelecimentos. Devemos
rediscutir a distribuição das tarefas. André já tem as ocupações dele e ainda precisa
dar assistência à família. Mesmo assim, ele ajuda muito aqui. Faz compras, paga
contas, ajuda na segurança, está sempre procurando novas massagistas, e outras
coisas mais.

Valentina convidou Andreza para passarem um feriado em Barreirinhas, nos


Lençóis Maranhenses.

- Bruna, recebi um convite de um boy para passar o feriado em Barreirinhas.


Vamos! Vai ser divertido... Uma escapada para os Lençóis.

- A hospedagem vai ser cara no final de semana e talvez não haja mais vagas –
opinou a morena.

- Meu caso já alugou uma casa. Vem com a gente! Eu perguntei para ele e ele
disse que eu podia levar uma amiga, desde que fosse bonita...

- E ele é safado e descarado assim!!! Você não disse nada pra ele quando ele
falou isso...

- Temos uma relação aberta. É só curtição. E o bichinho é bom demais comigo.


Eu adoro ele. Você também vai gostar dele.

- Como ele se chama?

- Sérgio Frazão.

- Eu tenho um amigo que tem canal com as agências que fazem passeios nos
Lençóis, o Cristiano Vilaverde; vou falar com ele para ver os orçamentos dos passeios.

- Ótimo... Veja passeios para Barreirinhas e Santo Amaro. O Sérgio vai pagar
para nós.

- Ei, amiga, fico com vergonha de ele pagar para mim. Deste modo, já vou viajar
devendo para ele e com o sentimento de que tenho que retribuir um grande favor.

- Não esquenta com isso, não. Esta merreca de dinheiro não vai fazer falta para
ele. O Sérgio é médico e é solteiro. Conheci numa festa de faculdade. Ele trabalha em
duas prefeituras e ganha bem. Já saímos umas três ou quatro vezes. Ele me convidou
para fazer companhia para ele neste passeio. E aí, dá certo para você?
- Acho que vou sim. Estou com vontade de passear nos Lençóis. Fui lá apenas
uma vez, com meu pai. Faz um bom tempo. Deve ter mudado muita coisa na cidade.

- Nós vamos de carro com ele.

- Vou avisar meu pai e minha mãe.

- Pois está combinado. Retornaremos no domingo, no final da tarde.

Andreza avisou seu pai dizendo que passaria o final de semana em Barreirinhas,
na casa da família de uma amiga, mas ela não disse nada para sua mãe.

Ocorreu tudo conforme o combinado. Andreza repassou o número do telefone


de Cristiano para Sérgio e eles marcaram os passeios.

Na sexta-feira saíram bem cedo de São Luís. O rapaz pegou Valentina em seu
apartamento e depois foi buscar a morena e seguiram viagem de carro próprio.

Nem tudo estava funcionando por causa da pandemia de Covid-19, mas como
já tinham saído do lockdown (isolamento social), a vida das pessoas ia retornando
gradativamente ao normal.

Em Barreirinhas fizeram seus passeios e a noite Andreza conheceu um rapaz de


nome Gustavo Fróes, que era de São Luís, mas estava morando no momento no
interior de Minas Gerais.

Gustavo a convidou para passar a noite com ele no hotel onde estava
hospedado com outro amigo (em quartos diferentes) e ela aceitou seu convite e o
acompanhou.

Transaram à noite e no outro dia Valentina pediu o relatório de como tinha sido
a noite.

- Valentina, ele perguntou se eu não queria casar com ele e ir embora para
Minas

- Foi antes ou depois de vocês transarem?

- Antes, lá no bar em que a gente estava.

- Então, era só para te comer depois. E por que mesmo você foi logo para a
cama com ele?

- Eu queria saber como é ir para a cama com um estranho ... O que eu sentiria.

- E foi bom?
- Foi, mas ainda penso muito em Armando e isso me atrapalha. Não consigo
ficar focada na pessoa que está comigo. Termino lembrando dele. Não consigo relaxar
e me envolver com a outra pessoa.

- Pois, Bruna, é problema sério. Trate de esquecer esse Armando e retirar ele
do seu pensamento.

- Estou tentando. E ele aprontou tanto comigo! Não entendo como eu ainda
penso nele.

- Porque você gostava muito dele e se envolveram muito. E no fundo você


deve ser uma pessoa que sofre de muita carência afetiva.

- Deve ser a primeira opção. Eu realmente tenho que fazer algo para mudar
minha vida. Senão vou ser infeliz.

- Pois minha noite com Sérgio foi ótima – retrucou a amiga de Suellen.

- A minha também foi boa, mas parece que falta alguma coisa. E ainda lembro
de como eu transava com meu ex. E quando termina a noite e a pessoa com quem
você ficou vai embora, fica um vazio na sua vida. Volta tudo a ser como antes, ou seja,
eu não tenho ninguém.

- Eu estou achando você muito melancólica. Tenta não ver sua situação por
esse lado. Na verdade, você é uma pessoa livre, pode fazer o que quiser da sua vida e
aproveitá-la do modo como bem desejar.

- É verdade. Preciso aceitar minha vida como ela é e não entender que a
minha felicidade vai depender de outra pessoa. Sei que é difícil agir assim, mas eu
preciso seguir em frente.

__________________________________________________________

Nádia se comunicou com Suellen pelo aplicativo de mensagens e esta lhe


contou que saira de sua casa e havia alugado um apartamento na avenida Liberdade.
Sua amiga foi então lhe fazer uma visita alguns dias a posteriori.
Ela conversou com Suellen e esta lhe contou que tinha discutido com seu
“padrasto” e optou por deixar a casa de sua mãe, algo em que já vinha pensando; ela
então locou um pequeno apartamento na avenida Liberdade. Neste local conversaram:
- Bruna, eu estou pegando o Matheus, aquele carinha que você era louca para
ficar com ele.
- É mesmo, que bom! - redarguiu a morena, sem nenhuma empolgação. - Só
que eu nunca quis ficar com ele. De onde você tirou isso? – blefou Suh.

- Você mesma insinuou isso várias vezes – replicou sua amiga.


- Eu?! – retorquiu Andreza, esquivando-se. - Não lembro disso. Mas não
importa agora. Vocês estão ficando, estão transando? Ou é relacionamento sério?
- Só transas. E ele é tão safado na cama! Também estou aprendendo a ser
safada com ele. E você? Está namorando? Não viu mais o Armando?
- Estou sozinha ... Mas não quero falar sobre homens. Minha vida amorosa é
um fracasso - lamentou-se a morena.
- Está trabalhando, Bruna?
- Ainda não. Saí do Shopping Center há poucas semanas, sabia?. Estou sem
emprego no momento.
- Que pena, amiga. Suh, outra coisa: a gente nunca mais pegou um cineminha
juntas, com nossa turma.
- É verdade, amiga – concordou a morena. – O último filme a que assistimos
juntos foi “Esquadrão Suicida”, e já faz um tempo. Mas qualquer dia vai dar certo.
Vamos marcar.
- Sim; certamente. Andreza, mudando de assunto, vai ter um concurso da
prefeitura de Raposa? Você vai fazer?
- Apenas se eu conseguir isenção da inscrição. – Andreza sempre pedia
dispensa no pagamento das taxas de inscrição dos concursos, e às vezes era negado.
- Andreza, não perde este concurso. São muitas vagas. Deixa de ser miserável ...
Paga essa inscrição ... A taxa é de R$ 80,00.
Bruna fez cara de séria para Nádia e pensou em lhe dar uma resposta à altura,
mas preferiu se calar.
- Vou pensar melhor, amiga. Você fica em São Luís até que dia? – indagou a
morena, mudando totalmente de assunto.
- Hoje é sexta feira... Fico até segunda-feira... Vamos sair amanhã à noite!? –
convidou Nádia - Jogar bilhar e tomar uma gelada ...
- Em plena pandemia???
- Qual o problema? Quem tem medo desse vírus é quem mais pega a infecção!
- Será ???
- E aí, vamos?
- Acho que vou aceitar sua proposta.
- “Bruna”, você tem alguma coisa pra gente beber? Cerveja ou vinho? - indagou
Nádia, verificando que Andreza tinha uma bela garrafa de vinho chileno sobre uma
bancada.
- Você já quer começar a beber esta hora? São três horas da tarde. Não gosto
de tomar cerveja, consumo apenas vinho. Cerveja é muito calórica e por isso engorda.
- Mas a gente é nova, ainda pode tomar cerveja – contestou sua amiga. – E
aquela garrafa de vinho ali? – E olhou para a bebida. - Vamos tomar? Você não tem
nenhum “gatinho” para dividir ela com você no momento...
Andreza apreciava tomar vinho sozinha, assistindo a um filme ou série de
televisão no celular. Nunca comprou televisor.
- E precisa de companhia para tomar vinho? – questionou a morena. - Eu gosto
de tomar sozinha, bem á vontade. Não quero abrir essa garrafa agora. Desculpe-me.
- Também se toma vinho com as amigas! – opinou a outra jovem. - E não existe
hora certa para beber. Nós é que decidimos.
- Não quero tomar vinho agora.
Nádia ficou chateada com Bruna.
- Você me recebe a primeira vez no seu apê, e não me serve nada. Bruna, visitas
devem ser bem tratadas! – alegou Nádia. - Colega, domingo à tarde eu vou também
com dois amigos assistir a um jogo de futebol num boteco de esquina e iremos tomar
umas geladas. Você quer ir conosco?
- Não. Nádia, eu não gosto muito destes programas de bares à tarde para
assistir a jogos.
- Então está certo! Deixa para outra vez.
Conversaram mais um pouco e depois se despediram.
De fato, foram no dia seguinte à noite para um bar com mais duas amigas.
Nádia conheceu um rapaz e pediu para Andreza que aceitasse ela levar o garoto para o
apartamento da morena. Como esta não aceitou, tiveram uma discussão, pois já
estavam embriagadas e saíram dali brigadas uma com a outra.
A morena achou que sua amiga estava avançando o sinal, e desrespeitando
muito seu espaço. Suh não admitia que invadissem seu território. Além disso, Andreza
já sabia que sua amiga possuía problemas com alcoolismo e Suh não desejava ficar
viciada em bebidas alcóolicas.

Depois daquele dia, Nádia e Suellen não foram mais íntimas, e se afastaram.

Andreza publicou no seu Instagram dois dias depois: “Quem foi que disse que
as melhores coisas devemos oferecer para as visitas? Eu nem gosto de visitas!”

VALENTINA CONVERSOU COM ANDREZA E ANÁLIA NESTES MESMOS DIAS.

As três amigas do shopping foram passear na distante praia do Olho d’água e


enquanto caminhavam pela areia da praia quase deserta foram refletindo. Era uma
tarde no meio da semana e tinham acabado de sair do isolamento social provocado
pela pandemia de Sars cov-2.

- Garotas, vi numa reportagem que muitas prostitutas de luxo numa capital


brasileira sustentam seus maridos – relatou Valentina. – Essa cidade é considerada
uma importante rota de prostituição e turismo sexual nacional e internacional. Muitas
garotas afirmaram estar na profissão porque a renda é mais alta do que no mercado
formal. O estudo abordou mulheres de todas as camadas sociais, incluindo
profissionais de luxo.

- Olhem em que situação o mundo chegou – contribuiu Andreza. – Mulheres


trabalhando como garotas de programa para sustentar a família, inclusive o marido.

- Você acha isso errado ou muito absurdo? - indagou Anália.

Suellen pensou um pouco e então deu sua resposta.

- Eu não tenho uma opinião formada sobre essa questão. Sei que a pandemia
agravou a crise econômica e o desemprego que já existiam e muitas pessoas estão
fazendo de tudo, de modo literal, para sobreviverem. Fica difícil julgar às vezes tais
indivíduos.

- Também não faço nenhum julgamento exato sobre esse tema – declarou a
estrangeira.

- Vou ler e refletir sobre o assunto e depois lhes trago uma opinião mais
pautada – finalizou a estudante de Serviço Social.

ANDREZA CONTOU PARA MELINA QUE CONHECEU UM GRINGO NA INTERNET


NESTES MESMOS DIAS.
- Melina, você nem sabe... – iniciou a morena.
- O que aconteceu, Suh?
- Conheci no Facebook um italiano chamado Rafaelle Cozzolino. Ele é viúvo ao
que me parece.
- E o que tem com isso, irmã? Vai me dizer que você o está paquerando?
- Não, isso não. Ele tem idade para ser nosso pai.
- E daí? Não é questão de idade! Ele pediu para te adicionar como amiga e você
aceitou?
- Foi exatamente assim.
- E se ele for algum estelionatário ou sequestrador de mulheres? Não vai cair
na lábia dele.
- Não. Tenho cuidado.
- Ele já veio ao Brasil? Conhece São Luís? Já esteve aqui alguma vez?
- Não. Ele nunca veio ao Brasil.
- E ele comenta que tem vontade de conhecer nosso país?
- Ele já me comentou que pretende um dia conhecer o Brasil, mas não agora.
Sei que ele me vê online e nós conversamos bastante. Ele só me chama de “jovem
linda“, “Minha amiga brasileira“, “morena linda“.
- E como vocês conversam? Ele fala Português?
- Ele me diz que traduz as conversas de Italiano para Português pelo Google
traductor.
- Entendi. Andreza, de novo, tenha cuidado com ele. Não vá se meter em
encrencas. Ele tem filhos?
- Rafaelle possui três filhas adultas e todas moram na Europa: duas no seu país
e a última na França.
- E está rolando só conversas entre vocês ???
- Claro que sim. Quer dizer eu estou faturando uma graninha com ele...
- Como assim, Andreza??? Explica isso melhor!
- Estou vendendo umas fotos minhas para ele. E ele paga por unidade.
- Fotos nuas e revelando seu rosto???
- Claro que não, Mel. Eu falei para ele minhas condições: nada de fotos com
nudez ou mostrar a face para ser reconhecida depois. Ele aceitou.
- Suh, isso é arriscado de todo jeito! Se mamãe descobrir!? A briga vai ser feia e
ela até toma seu aparelho celular...
- Mas ele está pagando bem! Eu precisava de dinheiro... Tinha saído do call-
center e a venda de roupas pela internet não estava dando quase nada.
- Como ele te paga??? Ele não está te enganando?
- Não. O italiano paga tudo certinho. Ele deposita em minha conta bancária.
- Pois tenha muito cuidado para que nossos pais não descubram esse seu
esquema.
- Está sendo tão divertido, Mel. Eu estou adorando a brincadeira.
- Suh, não demora muito com isso. Pula fora enquanto é tempo.
- Eu já vou encerrar. Vou dizer para ele que não posso fazer mais. Que meu
namorado descobriu e me proibiu de fazer mais fotos.
- Boa desculpa.
De fato, Andreza faturou uma grana com o italiano. Porém, a morena enganou
sua irmã. Ela chegou a vender algumas fotos suas nua, embora realmente não tenha
exibido seu rosto em nenhuma das fotografias. Na verdade, algum tempo depois,
Suellen descobriria as mentiras do italiano: ela já morava no Brasil e não era rico, nem
abastado. Mas não quis revelar isso para sua irmã.
_______________________________________________________________________
André fez uma visita para Andreza em sua “hamburgueria”.
Disse André:
- Suh, já comi seu hot dog, é super-especial. E é delicioso. Por que você não o
batiza de “Albert hot-dog”, em homenagem ao seu pet, seu queridinho. O que você
acha? As pessoas adoram isso: personalizar tudo, inclusive os cardápios.
- Você acha mesmo? – questionou a moça. - Vou pensar em sua idéia.
- É uma sugestão minha. Coloque nome em seus sanduiches e hambúrgueres.
Ajuda a divulgar seu trabalho.
- Boa idéia.
A jovem mudou então radicamente de assunto:

- André, estou pensando em mudar para Fortaleza, no Ceará.

Seu cunhado ficou muito surpreso com a ideia:

- Como assim, Andreza? De onde você tirou essa possibilidade? Por que deseja
ir embora de nossa cidade e se afastar de todos?

- André, é tipo assim: não consigo bons empregos aqui; a pandemia atrapalhou
muita coisa; e estou ficando saturada desta hamburgueria. Está sendo muito trabalho
e pouco lucro. O negócio da casa de massagens é mais vantajoso...

- E seu negócio com Melina? Vai desistir e deixá-la sozinha com a casa de
massagens?

- Ela tem você – replicou a morena, para se justificar. – Além do mais, esse
negócio sempre foi mais dela que meu; e você entrou no meio.

- Desculpe, mas...

E Andreza o interrompeu:
- Também tenho receio da justiça. É um ramo arriscado – mentiu a morena,
pois não se importava muito com isso.

- E por que Fortaleza e não Brasília, onde você já tem parentes?

- Por esse fato: quero me sentir livre, longe de familiares; sem ficar na
obrigação de ter que fazer e receber visitas enfadonhas e sem graça; E não quero
ninguém fiscalizando minha vida e me bisbilhotando. Muito menos tias, tios ou primos.

- E por que Fortaleza? Você não me respondeu isso. É uma cidade distante.

- Onde seria? Belém? Teresina? São cidades quentes demais e quase a mesma
coisa de São Luís. Escolhi uma cidade de praia e mais desenvolvida. Onde posso
encontrar mais possibilidades para minha subsistência.

- Já falou com a Mel e com seus pais?

- Vou falar.

- E você possui algum amigo em Fortaleza para começar?

- Valentina possui um colega contador que vai me ajudar no meu início por lá.
Val é minha colega do Shopping.

- Eu sabia que tinha o dedo das suas amigas.

- Não. Tudo partiu de minha pessoa. É decisão minha, sem influência de


ninguém. Val apenas me ofereceu o contato deste rapaz para me ajudar no início em
Fortal e para ser meu fiador para alugar um pequeno apê, já que não sou assalariada.

- Ok. É decisão definitiva, sem volta? – redarguiu André.

- Sim, estou decidida. Preciso evoluir como pessoa e passar um tempo fora de
São Luís para descarregar minha mente e renovar minhas baterias.

- Tomara que dê tudo certo, Suh. Boa sorte então – desejou seu cunhado.

- Obrigado.

- E para quando seria?

- Dentro de uns dois meses.

- Já?

- Exatamente.

- Pois comunique logo sua família.


- Com certeza.

E concluíram a conversa.

CONVERSARAM MARCELA E ANDREZA NO DIA SEGUINTE:


- Irmã, você acha normal um cara trair a sua namorada? – indagou Andreza. -
Gente, o que estou vendo de casos sobre isso nas conversas com amigas está me
assustando muito, porque, tipo assim, eu namoro há 06 meses e nunca passou pela
minha cabeça trair meu namorado. Será que ele já pensou em me trair? Para você ter
uma noção, nesse tempo todo, ele praticamente é o único rapaz com quem eu falo
com frequência. Aí, hoje eu assisti um vídeo no Tiktok falando em traição na maior
brincadeira e fiquei refletindo depois. Qual a dificuldade em se ficar com uma só
pessoa? É tão difícil assim se contentar? Onde estão o respeito e a responsabilidade
afetivas? Cadê os sentimentos? Se alguém já soube do caráter horrível de outra
pessoa, por que se envolveu com ela? Não é mais fácil ficar solteiro quem nunca
deseja ser fiel? Não é pra isso que existe a solteirice? Para curtir á vontade, com quem
se queira sair. Até onde eu sei, em namoro tem-se que respeitar sim. O que está dando
nesse geração perdida de valores de hoje? Meu Deus!
- Traição na relação amorosa é quase impossível evitar, Andreza - opinou sua
irmã mais velha. - Seja por um flerte através de mensagem ou por sexo de verdade
com uma amante. Não adianta se falar que nunca vai trair e a outra pessoa jurar e
prometer de pé junto que nunca irá trair, porque a probabilidade dele fazer é quase
100%, pelo menos uma vez na vida.

- Mas as mulheres que sofrem de carência e mil sentimentos que nem elas
mesmas suportam também podem trair. Sei que existem exceções; porém, são muito
mais mulheres fiéis do que homens, penso eu.

- Hoje em dia, Suh, sair falando uma porção de bobagens e argumentos sem
sentido virou modismo na internet. Está sendo cada vez mais comum; espera para ver:
daqui a alguns anos vai ter gente falando abertamente que curte necrofilia, pedofilia,
zoofilia, traição, incesto e tortura; já, já estarão se tornando assuntos "normais" nos
blogs e podcasts. Vão dizer que é liberdade de expressão.

- Vira essa boca pra lá, Marcela. Isso não, irmã. Deus que nos proteja. Não
quero que alcancemos esse período, nem nós nem suas filhas.

- As pessoas são responsáveis pelo que fazem, e não pelo que sentem. Veja
esta situação: um cara se encontrar andando na rua, vê uma mulher bonita e ficar com
tesão; é algo de que ele pode não ter controle absoluto. Agora ele simplesmente pode
continuar andando e não flertar com ela ou tentar “ dar “ em cima, ou até incomodá-
la; é opção dele. Homens que gostam de trair, eu acredito que buscam sempre esse
caminho.
- Tem pessoas hoje, Marcela, que agem por modinha, se guiando pelas
tendências do momento.

- Acho engraçado como há pessoas cujas ações são baseadas em ver vídeos,
como no Tiktok, sendo que provavelmente o algoritmo vai continuar te oferecendo
esses mesmos vídeos baseados no padrão que a pessoa assiste. Cuidado, Suh, com
estes clipes virais. É o mesmo tipo de pessoa que acredita em “fake news”, ou em
correntes de mensagens do zap-zap, sem confirmar a veracidade das informações
repassadas.

- Marcela, você nunca traiu nenhum namorado?

- Nunca traí, e nem senti vontade de enganar, nenhum de meus namorados.


Penso que traição é algo que eu nunca faria; mas, realmente, por último, o que mais
vejo é o pessoal não ligando, e traindo sem remorsos; eu fico até com medo dessa
normalização da infidelidade.
- Trair jamais é uma questão que envolve o outro; vejo muito a falta de caráter
mascarada com falsos argumentos e coisas como: ela é ruim de cama, não conversa
direito, não me dava a devida atenção, não agia de modo carinhoso, etc.

- Pode envolver o outro lado, sim, Andreza. Algumas mulheres traem por
retaliação a uma deslealdade do seu par; embora eu pense que isso é totalmente sem
sentido. É melhor partir para outra. Trair porque se foi traído é pura bobagem que
inventam para se validar e tornar a infidelidade algo aceitável; não adianta, você pode
dar o mundo à alguém mas se ela não tiver um mínimo de caráter e respeito por você,
ela te trairá, e não há nada que você possa fazer e não importa o quanto você foi boa.

- Procuro ser eu mesma na relação, sem falsidades, e tento dar o meu melhor
para o romance; se eu for traída, não foi culpa minha; eu me entreguei por inteiro e fiz
o melhor que pude. Se ele não deu valor ao que eu fiz ou me desrespeitou, sempre
terá um outro alguém para preencher o lugar daquele que já não cabe mais.

- Homens que já traíram tem elevada chance de o fazer novamente; o cérebro


se adapta, e o que era errado no início, agora já não é mais. E a mente racionaliza para
justificar as práticas de infidelidade e adultério.

- Meu problema de conceituação com a infidelidade é o fato de algumas


pessoas acharem que ela só se constitui em conjunção carnal.

- Envolvimento emocional também pode configurar infidelidade, embora um


pouco mais branda na concepção de alguns.

- Como saber?

- Ligar o desconfiômetro com todos os homens. Fazer marcação cerrada, sem


que eles percebam.
- Você me deixou um pouco tonta agora e confusa do juízo. Existem diversas
coisas que podem ser configuradas como infidelidade, eu tenho noção, como flertar na
rua com a amiguinha ou qualquer pessoa, paquerar online, esconder informações
importantes! Mas existem pessoas que, mesmo sabendo que aqueles
comportamentos machucariam a suas parceiras, entregam-se aos próprios impulsos.

- E quem decide o que é infidelidade, Andreza? Eu raciocino que conversa


decide. Sou do tipo de pessoa que dialoga antes de fazer coisas que entendo que
incomodariam meu parceiro e gosto de analisar sempre a saúde e a estabilidade do
relacionamento.

- Entendi..

- Certamente. Nem sempre eu acerto, mas tem uma galera que vive para não
se importar. Desleixam o relacionamento, mal cuidam da saúde, não se incomodam
com que os outros pensam, não estão “nem aí” para nada. Não que a opinião de
qualquer pessoa nos seja importante, mas ignorar tudo que falam sobre nós é um
pouco de tolice. Temos sempre uma reputação a conservar. E a hipocrisia de muitas
pessoas segue imperando.
- Não é correto hoje e nunca vai ser normal a traição; agora, sim, é verdade: as
pessoas estão traindo e muito nos dias atuais. Eu, porém, tenho bom caráter e sou
uma pessoa que preza pela responsabilidade afetiva. Não quero jamais trair. Não é
normal. Todavia, muitos relacionamentos se resumem em sexo ou uma troca de
favores.

- Será que ainda há amor hoje em dia? Amor?? O que é isso? O que eu menos
vejo são relações com amor, ou romances em que o amor dura pra sempre; e ainda há
gente que fala que é "normal o amor acabar", que estupidez. Eu pondero que o amor
não acaba; ele nunca existiu naquele casal; o que os dois sentiam era apenas tesão,
desejo e vontade de transar.

- Eu acho que o amor pode acabar, irmã. Pode-se amar alguém e deixar de
amar depois. Infelizmente é possível; a vida é assim.

CONVERSARAM MELINA E ANDREZA NAQUELES DIAS:


- Andreza, você já praticou “ménage a trois” com algum dos seus namorados?
- Acho que eu só faria se eu conhecesse as duas outras pessoas muito bem .

- É verdade. Inserir um terceiro elemento em um relacionamento monogâmico

pode ser uma furada se não for tudo muito bem conversado e combinado antes.
Afinal, a vida não é um filme de comédia romântica ou erótica.
- A chave de todo relacionamento é a comunicação e aqui não é diferente.

- Vou te confessar: eu até já tive um tantinho de vontade de fazer sexo a três,


mas não sei como eu ia reagir depois; eu acho que sou muito ciumenta.

- Mas se tem vontade de fazer, mostre que isso é uma vontade sua e que te

excita. Se a fantasia for bem aceita, então entre no assunto e sugira que aconteça na
realidade!

- Eu raciocino que o ménage funcione mais nos relacionamento abertos, onde o

poliamor é bem visto e pode dar certo. Além disso, a escolha da terceira pessoa deve
ser cuidadosa.

- Seja uma desconhecida, ou uma amiga, a terceira pessoa não é um brinquedo

e também precisa participar de uma conversa esclarecedora antes do ato – opinou a

morena. - A garota deve saber seus limites e vontades para que vocês alinhem seus
interesses.

- Eu acho realmente que não tenho coragem de fazer por enquanto.

- André já te pediu alguma vez para vocês fazerem sexo a três?

- Ainda bem que não.

- Ser feliz em um ménage à trois , quando não se tem envolvimento emocional

com ninguém, acredito já não ser fácil; imagine quando se está em um relacionamento

sério e pinta aquela vontade de trazer outras pessoas para o sexo. Tem muitos riscos
de nos machucarmos. Pondero que eu também não tenho condições de fazer.

- Viriam à minha cabeça alguns questionamentos, como: Será que esse desejo é
sintoma de desconexão do meu par? Será que é o começo do fim da relação? E se um
dos dois se apaixonar pela outra pessoa? Essas dúvidas ficariam na minha consciência,
martelando-me, se meu namorado começasse a falar sobre um relacionamento mais
livre, e mostrasse desejo de me levar a um ménage.
- No meu relacionamento, sempre tento ser cuidadosa e verdadeira quando
surge essa conversa e é, claro, falar sobre algo tão delicado não nos isenta das
paranóias.

- Entendo, irmã. Concordo contigo.

Andreza Suellen colocou na cabeça que ia se mudar de São Luís do Maranhão


para uma cidade maior, mais desenvolvida. Alegou para seus pais e irmãs que carecia
fazer isto para renovar sua mente e suas aspirações. Para ela não havia mais naquele
momento de sua vida condições para continuar morando em São Luís. Andreza pensou
bastante, conversou com suas novas amigas e decidiu que ia se aventurar em
Fortaleza, capital do Ceará, que era uma cidade maior e mais desenvolvida do que São
Luís. Alegou também que lá teria melhores oportunidades de trabalho e mais opções
no caso de tentar uma pós-graduação em sua área de formação ou mesmo iniciar uma
nova formação acadêmica. André insistiu para que ela não partisse, mas a morena
estava irredutível em sua decisão. Seu pai e sua mãe também tentaram a todo custo
convencer sua filha a não se mudar e se afastar da família; porém ela alegou que seria
por um determinado período apenas; um espaço de tempo suficiente para colocar sua
cabeça em dia, e regressar em seguida; um tempo necessário para atravessar pelas
tribulações de sua alma e de sua mente; prometeu ela também que não se envolveria
seriamente com nenhum rapaz para não criar raízes em Fortaleza e modificar seus
planos; enfim, prometeu retornar a São Luís assim que fosse possível. Andreza sentia
que necessitava sair do ambiente de sua cidade, conhecer um pouco mais do mundo e
amadurecer como pessoa. Sempre fora muito dependente de sua família, pelo menos
no aspecto emocional. Ela sabia que tudo aquilo seria um grande desafio - afastar-se
do amparo de sua família - mas estava decidida a cumprir esta empreitada.

Andreza antes de se mudar para Fortaleza teve um papo a sós com André.
Conversaram os dois pelo “direct” do Instagram:

Escreveu André:

- Eu estava olhando o site de acompanhantes aqui e vi uma propaganda sua de


programas aqui na Internet. Eu te reconheci. Pelas fotos que você tirou na praia. Olha
o que você escreveu: “Acompanhante recém-chegada na cidade. Louca para te encher
de prazer. Sei exatamente o que é preciso para te levar às nuvens. O meu programa é
uma delícia e inclui massagem tântrica, sexo vaginal com preservativo e preliminares
com sexo oral guloso. Saia da rotina e venha relaxar comigo. Estou pronta para te fazer
gozar“. E ainda tem várias fotos suas; só o rosto é que não aparece bem. E se te
reconhecerem? Você ficou louca? E se descobrirem a identidade por trás do telefone?
E caso seu pai e sua mãe descubram tudo? Vai ser uma confusão terrível, um
escândalo. Não deixe isso acontecer. Vai ferrar com os nossos planos e de sua irmã.
Você falou com Melina que queria colocar este anúncio de programa na Internet?

- Não falei com Melina. E eu lá me preocupo com a opinião de minha mãe. Só


me importo com meu pai. Ele é a única pessoa que me importa neste mundo.
Ninguém vai descobrir, não, que estou fazendo programas. Estou fazendo
pouquíssimos .

- É melhor você retirar esta propaganda da Internet! O quanto antes melhor. É


arriscado para sua reputação.

- Não vou tirar!!! Você não manda em mim. Ninguém manda no que eu faço.

- Tudo bem, Andreza. Mas penso que você está se arriscando muito. É somente
um aviso. Analise esta situação com mais calma.

- Eu estou precisando de grana. Você pode me ajudar??

- Quanto??

- R$ 10 mil reais.

- No momento não posso te ajudar.

- Então, fique na sua e me deixe em paz. Tchau.

E Andreza se retirou da conversa online.

Andreza Suellen se despediu de seus pais e familiares alguns dias mais tarde.

E chegou o dia da garota viajar para Fortaleza. A família se reuniu na casa de


Ester. José também compareceu.

O clima era de tristeza e desolação, mas a moça aparentava estar feliz com sua
mudança.

- Filha, - disse seu pai inicialmente - ouço falar que Fortaleza é uma cidade tão
grande e violenta. Eu fico preocupado de saber que você vai morar lá sem nenhum
familiar por perto.

- Pai, eu vou procurar tomar todos os cuidados. Pode deixar... Eu sou uma
pessoa ajuizada.

- Filha, - iniciou sua mãe - só estou deixando você ir porque é para seu
engrandecimento profissional e porque sei que ao você colocar algo em sua cabeça
não há como ninguém retirar. Eu vou sentir muito sua falta, pois eu te amo.
- Ai mamãe, não me faça chorar - retorquiu a moça. - Eu também vou sentir
muito sua falta, de suas orientações, suas brigas comigo, seus puxões de orelha. Juro
que vou. Não vou me esquecer da senhora.

- Filha, mande notícias sempre. Não se esqueça da gente. – continuou Ester.

- Filha, - disse José - eu vou te ligar todos os dias, nem que seja apenas para
você me pedir a bênção ou para perguntar se está tudo bem ou se você precisa de
alguma coisa.

- Papai, não quero incomodá-lo todos os dias...

- Não será nenhum incômodo, minha filha. Ligarei sempre com todo prazer.
Você merece!

- Papai, não fale assim. A Marcela e a Melina, minhas irmãs, precisam muito do
senhor. Não faça assim, pois elas pensam que o senhor só pensa em mim e não se
preocupa com elas. De atenção para elas. As duas vão precisar mais do senhor do que
eu. Prometo que vou saber me cuidar.

- Andreza, - disse José - eu não vou poder te deixar em Fortaleza, mas prometo
que vou te visitar dentro de dois meses e quero saber onde você está morando. Se é
um lugar seguro, se é confortável, como está seu trabalho...

- Papai, não quero lhe incomodar... Só venha se puder mesmo; não force a
barra; não quero que o senhor se prejudique por minha causa.

- Imagina, filha. Não, não me incomoda. Já estou me programando. Quero te


visitar em breve. Não vai me atrapalhar nada.

André também estava presente e se despediu da “cunhada”:

- Andreza, eu quero te desejar uma boa viagem para Fortaleza, e que o tempo
que você ficar por lá seja produtivo e só tenha sucesso. Espero que você atinja seus
objetivos. Sei que tu és uma pessoa muito determinada e vai conseguir. Deus te
proteja também! Vamos sentir saudades e você vai fazer muita falta aqui. Qualquer
hora estaremos te visitando por lá. – e André abraçou sua cunhada.

A seguir, Ester se pronunciou:

- Melina, Marcela, - continuou a mãe - e vocês ? O que têm a dizer para sua
irmã, que está prestes a viajar?

A caçula respondeu:

- Quero dizer que estamos muito tristes com sua mudança, Suh; espero e
desejo que você volte o mais breve que puder; nos visite assim que for possível e
sempre estaremos aqui torcendo por você. Nós te amamos.
E as duas se abraçaram.

Andreza disse:

- Nunca nos afastamos tanto e pelo tempo que imagino que vai ser; não sei
como será, mas venho me preparando para passar por esse desafio e suportar essa
barra.

Ester encheu os olhos de lágrimas, mas conseguiu dizer:

- Filha, ainda é tempo de desistir dessa loucura.

- Não, mãe. Minha decisão não tem volta. – insistiu a morena. – Vai ser
importante para mim como pessoa e como profissional. Preciso me tornar mais
independente e crescer como ser humano. Eu necessito viver esta experiência. Não
estou aguentando viver aqui. Perdoe-me falar assim. Preciso de um tempo para
respirar e voltarei desde que eu me sinta melhor.

Foi a vez de Marcela dizer suas palavras e o que sentia naquele momento.

- Irmã, sou a mais velha e o que posso te falar num momento como esse?! É
difícil! - e ela esboçou um choro, mas se conteve e prosseguiu:

“ Andreza, eu te desejo muita força; eu desejo sucesso em seu período em


Fortaleza. E não se esqueça de nós. Vamos estar aqui torcendo por você e orando
todos os dias para Deus iluminar sua vida. Sei que brigamos bastante, nos
desentendemos, nos xingamos, mas é tudo da boca para fora. Eu te amo, minha irmã e
vamos ficar aqui de braços abertos, esperando você voltar. Tenha certeza. Eu, meu
esposo e minhas filhas. Davi falou comigo hoje e te desejou sucesso. Desejo tudo de
bom para você. Se cuida na sua nova cidade, longe da gente. Qualquer coisa, me liga, a
qualquer hora. Tentarei ajudar. Irmãs são para estes momentos”.

O esposo de Marcela, David, estava ausente de São Luís, viajando a trabalho, e


deixou lembranças.

E Marcela deu um abraço apertado em sua irmã do meio.

Em seguida, Andreza abraçou suas duas sobrinhas e com lágrimas nos olhos
disse:

- Minhas lindas sobrinhas, vou levar comigo o sorriso de vocês! Titia ama muito
vocês duas. Não se esqueçam da titia Andreza. Me liguem sempre que
quiserem, para falar o que desejarem . Deus abençoe vocês. Prometo visitá-las
logo que puder e garanto que um dia estarei de volta, pois aqui é o meu lugar.

Todos se encheram de tristeza e desolação.


Jantaram unidos aquele dia. Seu padrasto estava viajando e ligou lhe
desejando boa viagem, apesar das antigas desavenças com a enteada. Naquela noite,
Andreza foi dormir na casa de seu pai, pois no dia seguinte ele a deixaria bem cedo na
estação rodoviária para ela viajar para Fortaleza. Andreza ia de ônibus. Uma viagem
longa, num percurso total de mais de 16 h pelas rodovias que ligam as duas cidades.

____________________________________________________________
E Andreza foi passar uma temporada fora de São Luís para grande tristeza de
seus pais. Mudou-se temporariamente para Fortaleza/CE. Ela nunca se afastara tanto
de sua família. Esta decisão ocorreu pois ela não se sentia bem em sua cidade. Desistiu
de sua hamburgueria, ela havia se envolvido com André sem que sua irmã
desconfiasse, o fantasma de seu antigo namorado ainda prescrutava sua mente, sua
mãe não gostava de suas companhias e ela não conseguia um bom emprego. Andreza
também teve a convicção de que a prostituição seria um bom negócio, apesar de a
casa de massagens que montou com sua irmã não estar se saindo bem; ela também
tinha receios de que seus pais descobrissem o empreendimento ilícito que ela e Melina
tinham montado.
A verdade é que como Andreza não estava bem financeiramente e, como
entrar em um trabalho bem remunerado não estava nada fácil, a prostituição
definitivamente entrou em seus planos e ela foi perdendo o pudor e os temores de
adentrar neste mundo. Longe de sua família e dos amigos, sem a vigilância deles, seria
possível se aventurar como garota de programa. Ela imaginava que seria por um curto
período e o retorno financeiro seria válido e poderia ajudá-la a retornar para sua
cidade natal e montar seu próprio estabelecimento para explorar a prostituição.
Sim, ela teria sua própria clínica de massagens, somente dela e a administraria
do seu jeito. E faria de tudo para ficar oculta, sem aparecer, de modo a ninguém
descobrir, nem mesmo Melina ou André, que ela possuía um negócio ilegal e tão
lucrativo. Usaria “ pessoas-laranjas “ se necessário e colocaria um outro negócio além
da clinica de massagens, este por sua vez regulamentado e com alvará, para poder
justificar os rendimentos aferidos pelas atividades ilícitas.
Andreza estava planejando tudo isso em sua mente. Ela não queria mais dividir
seus negócios com nenhum parente. Não desejava mais ter nenhum negócio de
administração familiar. Estava certa disso. Era um posicionamento definitivo de sua
consciência.

Após Andreza partir, José se desentendeu com Melina e esta terminou se


afastando de seu pai. Melina continuava fingindo que ia trabalhar, mas na verdade
cuidava da casa de massagens. E permanecia o acobertamento para seus pais.
Quando ainda estava em São Luís, Andreza Suellen começou a procurar um
apartamento em Fortaleza, e encontrou um com preço de aluguel razoável, no bairro
Varjota, um bairro bem localizado, e próximo de áreas nobres em Fortaleza como o
bairro Aldeota e a praia de Meireles, bem como nas proximidades da praia do Futuro.
Valentina tinha um amigo em Fortaleza que ajudou a morena a alugar o imóvel, sendo
avalista da moça e ajudou na providência das documentações junto à imobiliária.
Andreza prometera a seus pais que buscaria logo um trabalho em Fortaleza e
tentaria iniciar uma pós-graduação ou pelo menos uma especialização em sua área
com brevidade. Antes de ir embora, Andreza desfez sua sociedade na casa de
massagens e recebeu de Melina uma quantia em dinheiro na sua conta bancária, um
valor que lhe ajudaria a se manter nos primeiros meses na capital cearense, sem o
conhecimento de seus pais sobre essa dinheiro. Para eles, Andreza mentiu que tinha
umas economias guardadas no banco do que apurou no boteco e do tempo em que
trabalhou na loja de bijuterias do shopping.
Ao chegar a Fortaleza, Andreza se surpreendeu com a grandiosidade e o
desenvolvimento da cidade, e gostou do bairro onde estava se instalando. O edifício
onde alugou seu apartamento ficava na rua Canindé, não era um prédio novo e os
apartamentos eram simples; a área de uso comum não tinha piscina nem academia,
mas a moça logo percebeu que a localização era estratégica. Ao chegar à sua nova
cidade, Andreza comprou apenas uma cama de solteiro, um ventilador, um fogão e
uma pequena geladeira, além do mínimo de utensílios domésticos para sua nova
morada. No mês seguinte compraria uma pequena mesa com quatro cadeiras. Apesar
da solidão e da saudade da família, ela sentiu inicialmente um forte sentimento de
alívio e experimentou momentos de paz. Acordava cedo todos os dias e preparava
refeições simples, e procurou saber aproveitar sua própria companhia, como todos os
solitários devem fazer.
Seu pai ligava todos os dias por volta de 8 h da manhã e sua mãe ligava uma vez
por semana. Os dois questionavam se Andreza não gostaria de voltar e se estava bem.
Chegaram inclusive a se emocionar nas ligações, não conseguindo controlar o choro na
segunda vez que ligaram. Os dois telefonavam sempre em separado. Melina estava
brigada com Andreza e só ligaria mais de 30 dias após a chegada da morena ao Ceará.
André ligou duas vezes e Marcela também, esta porém junto de sua mãe. A morena
pensou em colocar seu currículo e seu diploma em empresas quaisquer para ver no
que resultaria, mas tinha noção de que sem a indicação de alguém influente nenhuma
empresa contrata ninguém, a não ser que já anuncie que está precisando de novos
funcionários. Concursos públicos também não seriam a curto prazo.
A morena começou a procurar então na Internet por vagas de emprego a partir
de sua segunda semana em Fortaleza e chegou a entregar seu currículo em umas 5
empresas que anunciavam vagas que se encaixavam em seu perfil profissional. Chegou
a ser convocada para três entrevistas de emprego, mas nenhuma delas resultou em
contratação. Andreza procurou se motivar, pensar positivamente e dizer para si
mesma que estava apenas começando sua nova vida e logo conseguiria um bom
emprego naquela cidade grande e economicamente mais desenvolvida. A pandemia
de covid-19 se encontrava no seu segundo ano, porém, e esse fato ainda atrapalhava
muito a economia do país e as ofertas de emprego estavam escassas. No primeiro e no
segundo mês em Fortaleza, Andreza continuava sem conseguir trabalho. Seu pai então
lhe comunicou que estaria viajando para o Ceará quando a moça ia completar dois
meses em sua nova cidade. A garota ficou muito apreensiva; correu para comprar
uma rede para seu pai dormir, além de mantas e uma mesa com quatro cadeiras e
pensou em inventar uma história de que já estava trabalhando e que pediria uma folga
de cinco dias para ficar com seu pai. E assim ela o fez. Seu pai estranhou ela dizer que
ia pedir uma folga de uma semana, um trabalhador que mal começara no emprego.
Andreza alegou, porém, que estava trabalhando num salão de beleza e neste trabalho
atuava como free-lancer, sem carteira assinada por enquanto, mas com proposta de
ser admitida com todos os direitos trabalhistas dentro de 90 dias. Alegou também para
seu pai que tinha feito amizade com a proprietária do salão e esta havia concordado
com seu afastamento por cinco dias, sendo por uma causa nobre, ou seja, receber a
visita de seu pai.
José veio então a Fortaleza e passou sete dias. Passearam por shoppings e
praias, conhecendo apenas as praias urbanas. Seu pai gostou bastante de Fortaleza,
achou o clima agradável e a cidade bastante desenvolvida; também ficou mais calmo
ao passar uma semana na cidade e não presenciar nenhum ato de violência ou crime;
Andreza não tinha televisor em seu apartamento e isso ajudou, pois caso seu pai
assistisse aos programas policiais de Fortaleza, exibidos em pleno horário de meio dia,
sem censura, sem cortes e com todo o sensacionalismo do jornalismo tupiniquim a
impressão que Fortaleza lhe passaria seria a de que esta fosse a capital mundial do
crime, embora saibamos que por este período a cidade realmente tinha altos índices
de criminalidade. Andreza até seguia em seu Instagram um canal sensacionalista
chamado Fortaleza Ordinária, mas nunca deixou seu pai notar isso em seu celular. A
moça não gostaria de deixar seu pai preocupado com sua segurança em Fortaleza. Seu
pai lhe indagou sobre violência e criminalidade na capital cearense e Andreza lhe
respondeu que morava num bairro seguro e não tinha presenciado nenhuma
ocorrência adversa ainda, vivendo em paz naquele endereço. A morena declarou
também para seu pai que acreditava pelo que já percebia que os índices de
criminalidade de São Luís e Fortaleza seriam semelhantes. Disse isto para tentar
acalmar seu pai.
José indagou se Andreza teria já algum paquera ou se já teria feito amizades
naquele lugar.
Andreza respondeu que não pretendia namorar nenhum homem em Fortaleza
e tinha até então apenas colegas em seu trabalho, mas amizade mesmo, nenhuma, por
enquanto. Andreza também não conhecia seus vizinhos, pois não queria que as
pessoas começassem a investigar sua vida. Alegou a seu pai que não encontrava com
os outros moradores do prédio quando chegava ou saia e que nos horários de folga
estava sempre cuidando do apartamento, preparando suas refeições, ligando para a
família, descansando ou nos estudos pois aguardava a realização de concursos
públicos, de preferência em seu estado, ou concursos federais, já que poderia solicitar
depois transferência para seu estado de origem. A morena também relatou a seu pai
dos currículos que havia entregue procurando por trabalho e que ainda esperava por
entrevistas para tentar conseguir as vagas. Andreza mentia para seu pai para não o
deixar muito preocupado e para que ele não a pressionasse a retornar para São Luís de
forma precoce. Seu pai conheceu dois vizinhos e iniciaram uma rápida amizade, mas
Andreza continuou sem se aproximar dos demais moradores do edifício. José também
quis conhecer o suposto local de trabalho de Andreza, mas esta criou empecilhos para
esta visita, de modo que seu pai não descobrisse a verdade. A moça também enganou
seu pai dizendo que já estava procurando uma pós-graduação na área de
contabilidade que se encaixasse em seu orçamento e teria verificado que as inscrições
para esta pós iniciariam dentro de três meses. José ficou muito feliz com estas
informações e agradeceu a Deus pelas oportunidades que sua filha já vislumbrava em
Fortaleza. Andreza fingia que tudo estava correndo bem na sua nova cidade.
José indagou a Andreza:
- Filha, apesar de eu ver que você está bem aqui em sua nova casa, você tem
certeza que não quer voltar para São Luís? Estamos sentindo muito sua falta!
- Não, papai. Não posso ficar voltando atrás em minhas decisões a todo
momento! Não posso fraquejar. Mamãe sente minha falta? Ela conversa com o senhor
sobre mim?
- Sim, sua mãe vive cabisbaixa.
- Duvido.
- Verdade, filha. Outro dia ela me ligou chorando, falando da saudade de você.
E ela disse não poder vir agora: o Genésio , companheiro dela, viaja muito; você sabe,
ele é caminhoneiro; e ela não consegue trocar tantos plantões ou pagar outras pessoas
para ficarem por ela, facilmente.
- Mamãe, e suas prioridades! Sempre me colocando em segundo plano! –
retorquiu Andreza, um tanto chateada.
- Não fale assim de sua mãe, filha. Sua mãe ganha pouco, querida. Mas ela
deseja te visitar em breve. E ela tem um marido para cuidar além do emprego. Além
das netas que vão para a casa dela e o cachorro.
- Sei, ela tem que dar atenção para o marido dela. Mas meu cachorrinho não
atrapalha nada; ele é um amor. Minhas sobrinhas também não dão muito trabalho
para minha mãe.
- Sabe quem também enviou lembranças e perguntou por você?
- Quem? A vovó? – indagou a morena, com emoção.
- Sim, mamãe, sua vovó Luiza. Ela disse que morre de saudades de você e
queria que você ligasse um dia para ela. Ela já está um pouco surdinha, mas ainda
consegue falar ao telefone e gostaria de ouvir sua voz.
- Oh! Minha vovozinha, também sinto muitas saudades de você! Vamos nos
rever em breve, com a graça de Deus! - redarguiu Andreza, como se estivesse falando
diretamente com sua avó paterna.
- Transmitirei suas palavras para sua avó Luiza assim que eu retornar a São Luís.
Ela vai ficar satisfeita, mas ela vai-me cobrar sua ligação depois. Não se esqueça
mesmo de sua avó.
- E minhas irmãs? E minhas sobrinhas ? O que falam?
- Elas não te ligam? - questionou José, sobressaltado.
- Ligam, todas as semanas. Melina ficou mais de um mês sem me ligar, mas
voltamos a nos falar, e em duas oportunidades trocamos conversa de 15 dias prá cá.
Mas eu queria ouvir do senhor como elas estão sem mim.
- Por que Melina ficou todo esse tempo sem falar com você?
- Zangada comigo; as birras dela. Mas não quero dar detalhes. Já fizemos as
pazes, é o que importa.
- Filha, quando as vejo, parece que a vida delas está no mesmo ritmo e da
mesma forma que antes. Elas não demonstram saudade facilmente..
- Que chatas! Então já me esqueceram! Eu não valia nada ou quase nada para
elas! Eu já desconfiava...
- Não fale assim. Melina está estudando muito para os concursos e sonhando
em se casar, mas o fato de não ter um trabalho a maltrata; eu percebo isso.
Melina havia saído do call-center e depois encontrou outro serviço, mas ficou
empregada por pouco tempo e devido à pandemia e às suas faltas ao trabalho, foi
demitida. Seu pai até se indispôs com ela pela forma como Melina não valorizou seu
serviço.

- Sei, entendo, pai - retrucou Andreza, com fingimento.


- E quanto a Marcela, é fazendo o curso de Enfermagem com toda dificuldade,
com duas filhas para criar; o pai delas quase não ajuda, ele paga uma pensão
alimentícia muito pequena; o esposo atual dela vive trabalhando em outras cidades e
ausente muitas vezes. Tem horas que eu vejo ela atravessar a maior barra e ela é
guerreira; sua mãe ajuda com as meninas, mas ela trabalha, faz plantões e chega
cansada. O sogro e a sogra de Marcela moram em outra cidade e não podem ajudar.
Marcela me disse outro dia que se sente muito tristonha por você nos ter abandonado
e às suas sobrinhas também; ela desabafou que você deveria neste momento estar
ajudando na educação de suas sobrinhas e auxiliando ela e sua mãe na criação das
meninas. E elas são apegadas a você, especialmente a mais nova. E a mais velha está
se tornando adolescente e necessitaria de uma tia para com quem conversar e pedir
orientações e ela, Marcela, acreditava que seria você, mas, no entanto, você não está
mais presente entre elas. Marcela pediu que você ligasse sempre para suas sobrinhas.
Andreza neste momento acumulou algumas lágrimas nos olhos, mas não
chegou a chorar e ainda respondeu:
- Diga para ela que pode deixar comigo. Vou ligar sempre para minhas
sobrinhas. E também não me esquecerei dela e de Melina.
- Obrigado, filha. Que Deus te abençoe! Desejo que você seja feliz aqui em
Fortaleza e que Nosso Senhor decida seu destino!
- Eu que agradeço, papai, suas intenções por mim. Oro a Deus todos os dias por
nossa família. E você, papai, ainda está trabalhando na churrascaria?
José, após fechar o frigorífico que tinha com Vanusa, havia arranjado um
emprego em uma empresa de ônibus intermunicipal. Todavia, deixara esse emprego e
foi contratado para trabalhar numa churrascaria perto da praia do Calhau, mas, devido
à pandemia, o referido restaurante especializado em carnes terminou fechando suas
portas e aquele senhor ficou novamente desempregado.
- Filha, a churrascaria fechou.
- Que pena, papai.
- Sim; mas coloquei um ponto na feira do São Cristóvão e estou pensando em
montar com Angélica uma agência de turismo para pequenos passeios; só para
diversão nos finais de semana ou feriados e para ganhar um valor extra para as
despesas. Nós dois adoramos pequenas viagens para lazer. Nós apreciamos os passeios
na lagoa do Cassó, nas lagoas de Icatu e nos balneários de Morros. Também
recebemos muitos pedidos de programas de lazer para Santo Amaro e para
Barreirinhas, para visitar os Grandes Lancóis.
- Que bom, meu pai.
- Então Deus seja louvado. Boa noite, filha. Vou dormir na minha redinha.
- Boa noite, papai. Tenho mantas se o senhor sentir frio de madrugada. Vou
deixar agora em seu quarto.
- Acho difícil sentir frio aqui, e acho que vou dormir com a janela um pouco
aberta para entrar a ventilação natural; mas, se eu sentir frio mais tarde, sua manta
será bem-vinda.

Após um período inicial de alívio e descanso, e paz, como ela mesma dizia, as
primeiras preocupações apareceriam na cabeça de Andreza. Ela tinha consciência de
que possuía pouco dinheiro em sua conta bancária e precisava começar a ganhar
alguma grana, com algum trabalho, para continuar se bancando e pagando suas contas
naquele lugar. Começou a imaginar em que poderia trabalhar, mas sabia que a maioria
dos empregos remuneram mal, pagando de 1 a 2 salários por mês, e ela não gostaria
de receber tão pouco. Seus planos eram guardar um pouco de dinheiro, quem sabe
poder investir um pouco por mês em alguma aplicação ou previdência privada, e
quando retornasse para São Luís do Maranhão estar preparada financeiramente para
montar seu próprio negócio, e sua primeira opção era estabelecer uma outra clínica
de massoterapia, essa por sua vez somente sua. Então, chegou a conclusão de que um
emprego convencional e com baixa remuneração, não lhe faria chegar aos seus
objetivos. Este era o primeiro dilema de sua temporada em Fortaleza.

Após permanecer oito dias em Fortaleza seu pai retornou para sua cidade, com
Andreza recusando a todos os apelos de retornar com ele.
Andreza voltou assim à sua mesma rotina de antes, um tanto tediosa.
Aconteceu então que ela foi buscar no Google Maps, a título de informação, tudo o
que havia de mais relevante nas redondezas de sua moradia e foi quando ela se
deparou com algo que ela não tinha notado ainda nas ruas daquele bairro: era uma
clínica de massagens, que funcionava há cerca de 4 quadras de seu condomínio.
Andreza explorou as fotos e o interior do local, o qual parecia bastante organizado e de
bom gosto, com belas massagistas, todas bem vestidas, sem aparentar nada sexual
nem vulgar. A clínica era bem frequentada e tinha muitas avaliações positivas e elogios
no Google. A moça teve pois a idéia de ir conhecer o local e se informar se lá haveria a
possibilidade de contratar novas massagistas; existia porém o seu problema de falta de
experiência, pois, na verdade, Suellen não tinha a experiência prática para realizar
massagens sem ou com sexo. Todavia, ela lembrou de sua primeira experiência na casa
de massagens de sua irmã, e que fora agradável e isto a motivou a ir pedir emprego
nesta clínica de massagens perto de sua casa atual. A proximidade também a agradou,
pois poderia ir e voltar a pé, desde que fosse em horários com movimentação na rua,
como nas manhãs e tardes, e também porque Andreza não gostava nem pouco de usar
transportes coletivos.
No dia seguinte, Andreza tomou coragem, se arrumou, colocou um calçado
com um pouco de salto-alto, escolheu sua melhor bolsa de lado, aplicou-se uma
maquiagem bem suave e saiu de casa pela manhã, por volta de 09:30 h, em direção à
clínica de massagens.
Chegando lá deu bom dia, foi convidada a dizer seu nome e conversou um
pouco com a atendente, uma simpática jovem que lhe deu o nome de Thaís. Após uma
conversa descontraída que durou cerca de 5 minutos, a morena indagou se eles
estariam contratando massagistas e qual seria a pessoa responsável para ela tratar
sobre isso. Thais lhe respondeu:
( Andreza lhe deu o nome de Bruna).
- Bruna, não estamos exatamente contratando ninguém no momento, mas
achei você uma pessoa muito interessante e que pode ter perfil para se encaixar
conosco.
- Obrigada - agradeceu a morena.
- Nossa “gerente“ é a senhorita Carmen e vou te levar até ela. Poucas pessoas
tem este privilégio de eu conhecer e no mesmo dia permitir uma conversa com minha
chefe, mas te achei uma pessoa especial. Por favor, não me decepcione - e Thais
esboçou um sorriso maroto.
- Pode deixar. Não serei inconveniente. E sou confiável – garantiu Suellen para
a atendendo da clínica.
E a funcionária a conduziu até a gerente Carmen, passando por uma porta falsa
pivotada, atrás de um quadro de paisagem fixado naquilo que seria uma parede, mas
não era.
Apresentou Bruna para Carmen e as deixou a sós.
A gerente da casa era uma moça por volta de 30 anos de idade, de pele branca
e cabelo de cor castanho claro, com luzes em algumas mechas, e sem anel de
compromisso nos dedos. Vestia um blazer elegante de cor marrom claro e por baixo
uma blusa de botões quase bege e uma saia longa até a altura do joelho, de cor
marrom escuro, colada ao corpo, exibindo boa forma. Usava uma meia calça quase
transparente e um sapato salto-alto de bom gosto. Em sua sala a gerente tinha um
computador com dois monitores e num deles as imagens de 16 câmeras de segurança,
alguns armários com chaves e Andreza notou o que seria um botão de pânico para ser
acionado em situação de emergência em frente a onde a gerente se encontrava
sentada, mais precisamente na sua bancada do computador. Carmen elogiou a
simpatia e a beleza de Andreza e contou um pouco de sua história. Disse ter começado
como massagista, mas tinha sido convidada por um ex-cliente para gerenciar o negócio
que ele estava abrindo, mas não mantinha nenhuma relação afetiva com ele desde
então, mas apenas profissional. Carmen parecia ser verdadeira em suas colocações e
ouviu de Andreza um pedido para trabalhar.
Carmen interpelou Andreza :
- E você já tem experiência prévia como massagista?
Andreza mentiu então:
- Sim, tive uma experiência de quase 6 meses em São Luís do Maranhão. Sou
de lá.
- Que massagens você sabe fazer? - continuou perguntando a gerente.
- Tântrica e Nuru – respondeu a morena.
- Muito bem.
E Andreza ainda disse, para tentar conseguir a vaga:
- Eu faço bem estas massagens...mas estou...
Carmen a interrompeu:
- Com e sem sexo ?- questionou Carmen de surpresa, para testar Suellen. Mas
esta replicou com vigor:
- Sim.
- Ok - disse Carmen, como que convencida.
E Andreza continuou:
- Mas como eu dizia: estou aqui disposta a aprender mais coisas, pois tenho
gana de vencer na vida e este serviço me atrai muito. Eu gostaria desta vaga. Me dê
esta chance!
Andreza foi firme em suas colocações e terminou conquistando a confiança de
Carmen, a qual lhe repassou mais detalhes sobre o funcionamento da casa e sobre
valores e combinaram de “Bruna“ iniciar já no dia seguinte.
Andreza saiu sentindo um grande frio na barriga, mas ela não queria desistir e
prometeu a si mesma que no dia seguinte estaria na clínica de massagens, conforme
combinado com a gerente.
No dia seguinte, Suellen se apresentou na casa de massagens. Uma garota
chamada “Hellen“ ficou encarregada de orientar a morena e “revisar“ tudo sobre as
massagens com ela para que Andreza pudesse iniciar o atendimento dos primeiros
clientes já no dia seguinte.
Andreza confessou à sua tutora que nunca fizera massagens com sexo, mas
alegou conhecer e realizar as massagens tântrica, nuru e lingam. Hellen foi muito
paciente com Andreza e lhe passou confiança.
- Hellen, eu quero muito esse trabalho – suplicou Suellen. - E eu preciso de sua
ajuda. Quero aprender tudo que for possível e estou aberta para isso. Vou me esforçar
no que for necessário. Só peço que você tenha paciência comigo.
- Acho você jeitosa. Tem tudo para se dar bem. A não ser que você seja tímida.
Você é?
- Não.
Andreza tinha lhe dado o nome de Bruna e somente a gerente sabia de seu nome
real.
- Bruna, preciso te perguntar: você tem certeza de que está disposta a fazer
massagens com sexo? – indagou Hellen, encarando Andreza nos olhos.

Andreza fez uma pausa de 5 segundos em silêncio para refletir e respondeu:


- Sim. Eu estou decidida.

- Pois tudo bem. Preciso que você se sinta bem e esteja aqui feliz e de livre e
espontânea vontade. Se for trabalhar só por necessidade financeira, desista daqui.
- Não, Hellen. Tenho certeza de que é o que eu quero.
Naquele dia Hellen, cujo nome verdadeiro era Larissa, pediu que Andreza lhe
auxiliasse em suas massagens com os clientes, mas sem participar ainda ativamente,
pois já no dia seguinte Andreza e Larissa fariam atendimento juntas, para a morena se
ambientar. O propósito era que a nova massagista já iniciasse atendimentos sozinha
daqui a uma semana ou no máximo duas.
Nascia ali uma amizade entre as duas e dentro de duas semanas Hellen
convidou Bruna para saírem à noite. Foram jantar juntas com mais duas amigas de
Hellen, as quais Andreza descobriu serem garotas de programa.
Hellen revelou a Andreza que era natural de outra cidade e viera para Fortaleza
há 3 anos, sendo que há dois trabalhava como massagista e como acompanhante de
luxo. Não tinha relacionamento sério nem tinha filhos. Morava só e o restante de sua
família permanecia em sua cidade natal, cujo nome ela preferiu não revelar.
Andreza e Hellen contaram então seus nomes verdadeiros e Hellen declarou
que a morena maranhense levava todo o jeito para ter sucesso como acompanhante.
Estes elogios foram um incentivo e tanto para Suellen entrar de vez no mundo da
prostituição.
Larissa dizia ser feliz com aquilo que fazia, e já havia conseguido guardar algum
dinheiro, pretendendo num futuro a médio prazo abandonar a prostituição e montar
um negócio para viver.
Na casa de massagens Larissa foi uma ótima professora para Andreza e esta
rapidamente foi perdendo o pudor e os receios de fazer massagens com sexo. Ao
longo de duas semanas as duas fizeram atendimento coletivo e já na terceira semana
Andreza se aventurava nas primeiras massagens sozinha.
Andreza começou assim a faturar seus primeiros dividendos em Fortaleza e isso
a tranquilizou de certo modo.
Vez por outra ainda pedia o auxílio da amiga nos atendimentos e rapidamente
foi ficando expert em massagens sem ou com sexo. O dinheiro aferido no final de cada
dia justificava tamanho esforço e dedicação da morena e esta veio a confirmar que era
um trabalho vantajoso e relativamente lucrativo para ela e seu patrão, o qual ela , na
verdade, ainda não conhecia. Todos os clientes eram atendidos com preservativo e as
massagistas trabalhavam com uma faixa no rosto na altura dos olhos e os quartos de
massagens tinham pouca iluminação para o ambiente ficar mais aconchegante e a
identidade das massagistas ficar resguardada.
Andreza foi assim, no decorrer das semanas, aprendendo várias modalidades
de massagens eróticas bem como foi ficando experiente no atendimento de vários
tipos de clientes diferentes, com todas as suas peculiaridades.
Em alguns momentos Andreza foi questionada por sua consciência se estava no
caminho certo ou não de sua vida, mas a possibilidade de melhoria financeira e
conseguir realizar seus planos no futuro foi-lhe dando coragem para seguir no
trabalho como massagista. Além disso, tudo isso para ela era uma aprendizagem.
Após 2 meses atendendo na clínica de massagens Larissa indagou se Andreza
não gostaria de ganhar mais dinheiro e ela convidou sua colega para fazerem
atendimento juntas de clientes fora da clinica de massagens
- Bruna, são clientes que pagam um extra para nós – alegou Larissa. - Alguns conheci
na clínica de massagens, outros são turistas estrangeiros ou de outros estados, e
também possuo clientes fidelizados há quase 02 anos. Alguns me pediam atendimento
a três, ou seja, menage, mas eu não confiava em ninguém e agora apareceu você. E aí,
você topa fazer estes atendimentos comigo ? Serão bem discretos e os clientes pagam
melhor do que na casa de massagem. Tudo seguro, com uso de camisinha e
preservação da nossa identidade. Você vem comigo?
Andreza respondeu que pensaria com carinho, dando uma resposta dentro de
dois dias. Ao final deste período a morena enviou uma mensagem para a amiga
dizendo que aceitava a proposta e logo iniciaram o atendimento coletivo. Larissa
prometeu que seriam no máximo 3 atendimentos por semana, já que as duas já
ficavam bastante cansadas do trabalho na clínica de massagens, onde trabalhavam às
vezes até nas manhãs de sábado e tinham folgas aos domingos e num turno durante a
semana ou sábado.
Sábado à tarde e domingo estavam sempre liberadas da casa de massagens.

Hellen e Bruna ficaram amigas e começaram a sair juntas. Foram jantar e lá a


morena conheceu uma outra morena chamada Wanessa, que era também garota de
programa. Andreza se tornaria também amiga de Wanessa.

Andreza revelou para Larissa como aprendeu a gostar de sexo anal dois dias

mais tarde.

No intervalo entre duas massagens a morena e Larissa conversaram.


- Na primeira vez que eu fiz sexo anal eu fiquei nervosa e com medo, - afirmou

a maranhense - mas aí meu namorado foi carinhoso e paciente, e foi enfiando a rôla

bem devagarinho e com meu cuzinho bem lubrificado com gel; depois que eu

acostumei, fiquei até viciada. Sei que algumas garotas até gostam mais de penetração

anal do que sexo vaginal.

- A primeira vez que eu dei o meu rabicó foi um desastre. – confessou Larissa. -

O cara, além de ter uma pica de cavalo, foi muito bruto comigo. Doeu meu ânus neste

dia, sangrou, evacuei no o pau dele e fiquei com trauma de sexo anal durante anos.

Até que conheci um namorado, muito paciente e carinhoso como o seu, que aos

poucos foi me convencendo a dar a bundinha pra ele. Fui aos poucos me

acostumando, o cu alargou e hoje também sou gamada em dar o cú; se eu não der o

rabo quando eu transo com um cara de quem estou gostando não fico bem e ás vezes

nem gozo.

- Mulher, eu ficava louca quando ele passava a língua no meu cuzinho … Isso

era como me pedir: deixa eu te comer o butico. E eu deixava ... – continuou a morena.

- Verdade, funciona comigo também – replicou sua comparsa. - Eu havia

tentado várias vezes e não conseguia, não dava de jeito nenhum, até que um dia meu

boy me colocou de quatro e começou a chupar minha buceta e depois meu cuzinho

cheiroso. Ele meteu a língua dentro, comecei a gemer, deu aquela vontade de dar para

ele e tive que falar: “sei que você quer muito, pode meter um pouquinho no meu

traseiro”.

- E é simples amiga: de início, na primeira transa anal, o melhor é ficar na

posição de lado primeiro; tem que chupar bem o meu cuzinho até ele se arrepiar,

depois ele fica piscando, pedindo rola; aí é só lubrificar com gel e vai colocando

devagar; todos os caras que comeram o meu cú amaram e o melhor é quando eles
gozam dentro da gente pra alimentar o cuzão e é incrível a sensação do esperma

quentinho dentro da gente – comentou a garota do Maranhão.

- Verdade, também descobri que o segredo pra não sentir muita dor é fazer de

ladinho e ir com calma, e ir rebolando no pau dele que aí entra mais rápido; hoje, eu

adoro dar meu cuzinho, e sinto muito tesão – revelou Larissa.

- Tenho várias colegas virgens na pepeca, e só dão o cuzinho para os

namorados, até para não engravidarem e para permaneceram “intocadas”,

aguardando o marido, acho eu – e Andreza soltou uma gargalhada sapeca. - O

importante é que para fazer sexo anal você precisa ter confiança no homem e ele

precisa conquistar você. O cú é um troféu, e é para poucos caras que merecem. Ele

precisa ter jeito: meter devagarinho, gostoso e depois que o cú relaxar e dilatar um

pouco, ai ele pode socar. Não tem condição de fazer sexo anal com todos os homens.

Com alguns é impossível... A maioria não leva jeito. Mas depois que a gente vicia é

quase certeza que se goza com sexo anal. Comigo é assim.

Neste instante o ramal do quarto tocou e a atendente avisou que as duas

tinham um cliente para atender.

Andreza adquiriu coragem e começou a fazer programas sozinha, e fora da


clínica de massoterapia poucas semanas depois. Ela fez um breve anúncio num site de
acompanhantes e marcou com um cliente no motel. Era a primeira vez deste cliente
com ela.
O nome que ele deu foi Josué.
Ele foi na frente e quando estava a caminho ligou para que ela fosse ao
encontro dele. A morena chegou cerca de 15 minutos depois dele e ao entrar no
quarto Josué falou:
- Morena, eu já estava preocupado, achando que você não vinha mais.
- Desculpe, meu bem, pelo atraso - desculpou-se Andreza. - Deixe só eu tomar
um banho, para eu ficar toda cheirosinha - pediu a garota.
- Com certeza, pode tomar uma ducha. Estou limpinho; passei no chuveiro
antes de sair de casa. Deixe eu te pedir uma coisa.
- Pode falar...
- Posso ficar vendo você tomar seu banho?
- Eu prefiro que não. Não me leve a mal - pediu Andreza. - Sou um pouco tímida
- justificou.
Josué fez uma cara de alguém que está um pouco descontente, mas
respondeu.
- Tudo bem.
Aquele homem aparentava ter entre 40 e 45 anos de idade, tinha pele
levemente morena e apresentava boa condição física, sendo de boa estatura também.
Andreza voltou do banheiro de toalha, mas já estava de lingerie por baixo.
Retornando ao quarto foi tirando a toalha, e deixando suas curvas à mostra.
O cliente neste momento fez um elogio para agradar sua acompanhante do
dia:
- Você é bonita, belo corpo, parabéns! Também fode bem...? Brincou o homem.
- Você irá dizer depois - retrucou a garota de programa.
Ela sentou-se num canto da cama então e ele começou a beijar seu pescoço,
deixando-a já um pouco excitada.
Josué foi despindo-a a seguir, lentamente: primeiro retirou o sutiã e depois a
calcinha.
Ele, então, pediu para que ela fizesse sexo oral nele e ela o fez, com
preservativo, como costumava proceder com clientes novos e desconhecidos. Em
seguida, ele praticou um pouco de sexo oral nela e depois transaram com penetração
vaginal, tudo com camisinha. Depois de uns 30 minutos e após várias posições sexuais,
Josué chegou ao orgasmo.
Sentaram-se, então, um ao lado do outro, próximo a cabeceira da cama, e ele
comentou:
- Quando eu te vi de lingerie pensei que seu corpo era perfeito, mas me perdoe
falar, como você tem estrias no seio e no bumbum e como você tem celulite! E seus
seios, também são um pouco murchos. Moça tão nova e até magra. Quando a gente vê
suas fotos na Internet a gente nem imagina isso. Você usou algum aplicativo para
manipular as imagens, como Photoshop? Seus seios pareciam maiores também nas
fotos...
Andreza já havia usado fotos de outras acompanhantes, retiradas da internet,
para anunciar seus programas, mas fechou um pouco o semblante e quis dar uma
resposta ríspida, mas preferiu dizer apenas:
- Não, não usei.
O seu freguês insistiu, porém:
- Pois não parece. Mas de uma forma geral você é bonita sim e sua transa é
boa. Valeu o dinheiro. Vou até pensar em repetir o programa com você.
Andreza retrucou, ainda um pouco chateada:
- Tudo bem.
Todavia, ela na verdade não gostaria de se encontrar com aquele homem
mais.
Josué ainda falou:
- As garotas de programa nos dão muitos golpes. Divulgam fotos falsas, que não
são delas, e usam programas como Photoshop para enganar seus clientes.
- Eu juro que nunca fiz isso – reiterou Andreza.
Em seguida o homem a pagou. A morena agradeceu e pediu para sair logo;
também não aceitou a carona que ele lhe ofereceu.
Disse estar com pressa e foi embora.
Josué aguardou no quarto para pagar a conta do motel.
Andreza saiu com ódio daquele cliente.
Dois dias depois ela encontrou Wanessa e comentou sobre este último cliente.
“Wanessa marquei um encontro com um cliente péssimo, o coroa era um
porre, um podre”. E Andreza continuou:
- Ele me esnobou; insinuou que meu programa era “bonzinho” e chegou ainda
a implicar com meu corpo. Disse que tenho celulite, estrias e os seios pequenos e
caídos. Ele não tinha no que reparar, não? Será que a esposa dele tem o corpo
perfeito, sem nenhum sinal na pele? Se ela não tem celulite nem estrias, e se ela é
perfeita, por que ele procura garotas de programa? Safado!
- Alguns homens são assim. Não se incomode, não. Eles só sabem criticar e ver
defeitos; são poucos os que sabem elogiar as qualidades de nós mulheres.
- Ele começou me elogiando, para eu não desistir do programa, mas no final me
detonou. Que cara sacana! Não aceito mais nenhuma oferta dele de programa! Está
despachado! Vou bloquear ele no meu WhatsApp! Querer baixar minha autoestima, só
ver meus defeitos: estou fora da vida de homens assim, mesmo que sejam apenas
clientes. Desculpa, nem sei por que te contei tudo isso.
- É bom a gente contar nossas experiências e trocar ideias – reiterou sua amiga.
“Aprendemos muito com a convivência e os casos vividos por colegas de profissão”-
concluiu.
Wanessa continuou falando:
- Suh, vai ter um negócio aí legal pra gente. Um ricaço, coroa italiano, que é
amigo da Larissa, vai vir para o Brasil e vai ficar numa casa bem grande com piscina
alugada na praia do Cumbuco. Vamos passar 3 dias lá com ele. E ele paga nossas
diárias, nosso final de semana. Larissa é quem ajeita a mansão para ele. Ela vai atrás de
tudo, aluga a casa, compra comida e bebidas e ele paga.
- E de homens só vai estar ele? - questionou a morena.
- Não tenho certeza; acredito que sim. Ele confia muito em Larissa. Entrega
para ela o cartão de crédito dele com a senha e até cheque assinado em branco, sem o
valor, segundo ela mesma conta. E o velho é meio estourado. Dá presentes para ela,
roupas, calçados e outras coisas. Parece que ele é viúvo e os filhos são bem sucedidos
lá na Europa. Ele é estribado e não é nada miserável.
- Você já o viu? Como ele é? - quis saber Andreza Suellen.
- Coroa enxuto, até bonitão. Cabelo grisalho, charmoso, é educado. A altura por
volta de 1,80; olhos verdes. Simpático. Tem perto de 60 anos, mas é muito bem
conservado. Parece que pratica exercícios. Você está de olho nele, bichinha? Está se
interessando pelo coroa italiano?
- Não, isso não. Sei que ele tem caso com a Larissa. E ela é minha amiga. Eu só
fiquei curiosa e queria saber mais coisas dele. E Wanessa, tenho uma questão: nós
também vamos ficar com ele, temos que fazer sexo com o gringo?
- Não, espero que não. Larissa me contou que ele não gosta de orgia. Ela só
quer nossa companhia para a casa ficar animada, com festinhas, churrasco, drinks. O
italiano é animado e gosta de farra. Pode ser que ele traga algum amigo, mas ele
mesmo fica só com Larissa. Tem um quarto somente para eles. Ela contrata um
churrasqueiro para preparar a comida e uma barista amiga dela para elaborar os drinks
e coquetéis. O italiano adora folia. Larissa diz que é ele quem pede para ela chamar
umas amigas. Ela deve chamar a gente e mais umas duas.
- Aí Wanessa, eu estou achando que não vou. Já vão muitas meninas, e nem
conheço estas outras duas.
- Mas eu sei quem são elas. São garotas legais e bem discretas. Você vai ficar
colega delas. Venha conosco. Vai ser divertido. Você vai adorar conhecer o italiano. O
nome dele é Luigi. Você não vai se decepcionar, será muito bom, você vai ver. Venha
com a gente – insistiu Wanessa.
De fato, Andreza as acompanhou até a casa de luxo alugada para o italiano
passar suas férias no Cumbuco.
Larissa também convidou duas amigas: Monique e Juhliana. Andreza terminou
fazendo amizade com esta última, pois percebeu ter afinidades com ela.
O gringo trouxe um amigo alemão e convidou um amigo brasileiro para o final
de semana na casa de praia.
As garotas passaram o final de semana passeando de bugre com eles nas dunas
do Cumbuco, tomando cerveja e drinks e comendo churrasco a brasileira. Também
havia muita dança e brincadeiras. Os gringos pediram para aprender a dançar forró.
Monique e Larissa se ofereceram para ser as professoras de dança.. Os festeiros
curtiram o final de semana na casa de praia e fazendo passeios de bugre pelas dunas
do Cumbuco.
Larissa ficou com Luigi.
Andreza e Wanessa ficaram com o alemão (o nome dele era Wolfgang) e
transaram com ele, mas ele passava mais tempo embriagado do que sóbrio.
As meninas também dançaram funk e fizeram a brincadeira do strip-tease,
tirando uma peça de roupa por vez, estando todos sentados em círculo e girando uma
garrafa de whisky seca no centro. Andreza no início não queria participar da
brincadeira, mas ao final terminou aceitando, e também entrou na roda. Para quem
apontasse a boca da garrafa após cada giro era necessário tomar uma dose de whisky
e tirar uma peça da roupa. Todos ficaram muito alcoolizados sábado a noite e domingo
dormiram até quase meio dia, mas só foram embora segunda-feira pela manhã. Cada
garota recebeu R$ 2 mil reais pelo final de semana.
Andreza fez amizade com uma garota de programa chamada Juliana, a Juh, e
também conheceu Samuel, que era um aliciador de mulheres desejosas em conhecer
gringos solteiros ou dispostas a se aventurar fazendo programas por um tempo fora do
Brasil, especialmente na Europa.
Após conversarem um pouco, Samuel comentou que já tinha levado algumas
garotas para trabalhar fora do Brasil.
- Você tem canal em que países, Sam?- indagou Wanessa.
- Espanha, Holanda, Itália e Inglaterra.
- Mas é negócio seguro mesmo para as garotas ?- questionou Juliana.
- Sim, meus esquemas são seguros. Garanto. Não tem golpe pras meninas.
Inclusive já é combinado ficarem 4 meses e aí voltam e levo outras 2. Não tem risco de
trabalho escravo para onde vamos. São boates sérias, bem frequentadas e vocês já
saem daqui sabendo a média de valor que vão receber e o que vão gastar em euros. Lá
garantimos a hospedagem e o café da manhã. A casa não cobra de vocês comissão por
cliente atendido; cobra somente deles. O valor de vocês por transação é combinado
com antecedência. Larissa já foi 3 vezes e gostou. Ganhou uma grana legal.
- E quanto lucraríamos por mês? - quis saber Andreza.
- Cerca de 2.500 euros/mês líquidos, pelo menos. Pode ser bem mais se a
garota se sair bem. Larissa chegou a receber líquidos 3.500 euros num mês.
- E as passagens de ida e volta?
- Bancamos. Mas ao chegar lá vocês só podem desistir dentro de 15 dias. Caso
contrário, passando deste prazo, tem que trabalhar para pagar sua volta. As exceções
são mortes de familiares de primeiro grau aqui no Brasil ou se vocês contraírem
alguma doença séria e quiserem regressar ao nosso país.
Andreza ficou muito pensativa. A proposta era atrativa, porém as condições
eram muito sérias.
- Existe algum acordo por escrito entre as boates e as garotas que vão do Brasil
para lá ?- indagou Juh.
- Infelizmente não, mas vocês tem minha palavra. Já levei várias garotas, e
algumas Larissa conhece. Pode perguntar para elas. Nunca deu galho. Sou um agente
sério. Já atuo nessa área há 5 anos. Meu negócio sempre deu certo. Viajo de 4/4 meses
para a Europa. Sou formado em Turismo e disfarço que viajo a trabalho, para visitar
amigos, participar de eventos, etc . E sempre volto ao Brasil dentro de 4 meses para
não criar problemas com o departamento de imigração de cada país.
- Confesso que fiquei tentada - declarou Wanessa. - E a Europa é tão linda nas
fotos e nos filmes. Eu sonho conhecer.
- O custo de vida lá é alto? - interpelou Juh.
- Eu acho mais cara a moradia. Mas garantimos hospedagem para vocês com
água e energia elétrica. Só que vocês devem lavar as roupas de cama, toalhas e
vestuário. Mas no local tem máquinas de lavar e secar roupas e também ferro para
passar as roupas. Vocês também têm que limpar o quarto e preparar sua comida. O
alojamento tem uma pequena cozinha americana, com cooktop, forno elétrico e
micro-ondas. As duas brasileiras têm que dividir o quarto. A cama é beliche.
Dependendo do local o alojamento tem de 12 a 16 garotas vivendo. Mas garanto que
as brasileiras ficam juntas no mesmo quarto. Como vocês passam a noite na boate
oferecemos um desjejum simples com café com leite ou chocolate quente, croissant
ou torradas com geleia ou manteiga, iogurte e uma fruta da estação antes de vocês
saírem da boate para os alojamentos pela manhã.
- E a jornada de trabalho? - quis saber Andreza.
- Entra 16 h ou 18 h na boite dependendo da cidade e vai até 0 h ou 2 h da
manhã, respectivamente. Vocês tem uma folga a cada 7 dias. No aniversário de vocês
também estão liberadas.
- Pelo menos isso - comentou Wanessa. - “ Um lugar onde não esquecem nosso
aniversário.”
Samuel voltou-se para Andreza e a questionou:
- E você, morena bonita? O que achou de minha proposta? Viria comigo e com
outra colega sua para a Europa? Posso começar a preparar sua documentação. Pago as
despesas necessárias. Você está afim de vir comigo? Viajo daqui a 60 dias para a
Espanha. Um país lindo e sedutor. Eles amam as brasileiras, os espanhóis.
Andreza respirou um pouco. Mentalizou uma resposta e disse:
- Não me sinto preparada ainda para uma empreitada como essa. Seria um
desafio muito grande para mim. Nunca saí do Brasil. Comecei a trabalhar há pouco
tempo como acompanhante. Sou muito inexperiente ainda, e até insegura. Também
não sei como os homens lá fora se comportam e quais suas expectativas para conosco.
Confesso que tenho muitas dúvidas e receios. Eu poderia querer regressar a qualquer
momento e ser desagradável para mim e para vocês, inclusive você, Sam. Não quero
atrapalhar seu trabalho com eles lá fora, e manchar sua reputação. Por tudo isso eu
acredito que esta proposta não dá para mim ainda. Quem sabe eu possa aceitar mais
adiante?!
- Que pena, Bruna. Esse é seu nome de guerra, não é? Mas sobretudo gostei de
te conhecer. Podemos ser colegas. Também tenho minhas influências aqui em
Fortaleza e estarei à sua disposição.
- Obrigada.
E de fato Andreza trocou telefones com Samuel e posteriormente lhe repassou
também sua conta no Instagram. E tornaram-se amigos.
OS CONVIVAS DA FESTA EM SEGUIDA SE DESAFIARAM: CADA GAROTA TERIA
QUE RELATAR UM CONTO ERÓTICO.

Juhliana, Wanessa, Andreza e Monique relataram estórias eróticas.

A primeira jovem contou a seguinte narrativa:

“Eu estava voltando sozinha para casa à noite, depois de um show na beira

mar de Fortaleza, quando fui assaltada. Um cara levou minha bolsa. Quando cheguei a

minha casa, dei-me conta que ele tinha levado meu documento de identidade e meu

cartão de confirmação para a prova de um concurso que eu faria na tarde do dia

seguinte. Fiquei tão brava que saí de casa novamente para ver se o mau elemento não

tinha jogado a minha bolsa na sarjeta. No meio do caminho, um carro chique, desses

importados, parou ao meu lado, rente ao meio-fio da calçada. Era um boy muito gato,
e perguntou o que eu estava fazendo aquele horário na rua – era por volta de uma

hora da madrugada. Expliquei o que tinha acontecido e ele respondeu: ‘Entra aí,

vamos procurar’. Fiquei na dúvida na hora se entrava no carro dele, mas enfim topei.

Estava chorando de raiva, pensando que eu ainda teria que fazer o boletim de

ocorrência na delegacia antes da prova, que aconteceria no mesmo dia. Lembro-me de

conversarmos sobre o bairro e a ausência de polícia, sobre o show de rock alternativo

para o qual eu tinha ido naquela noite e sobre o concurso para o qual eu ia prestar

provas. Não mencionei o meu nome e nem perguntei o dele, que se ofereceu para me

levar para casa, após uns 20 minutos de busca sem sucesso. Quando ele parou o carro

em frente ao meu portão, pediu um abraço, eu dei e ele me beijou – safado, ele me

roubou um beijo. Retribuí, porque minha noite estava uma merda mesmo e eu

merecia beijar. Continuamos dentro do carro, sentei no colo dele e nos amassamos um

pouco. Ele ficou excitado e, por toda aquela adrenalina da madrugada, também fiquei.

Tirei a minha bermuda, ele colocou a camisinha e eu voltei para o colo dele. Fiquei

cavalgando o pênis dele, escanchada nas coxas do boy. Foi rápido, a rua estava deserta

e silenciosa, mas foi sensacional. Após o sexo, nós rimos juntos da situação. Entrei em

casa e nunca mais o vi. Não consegui fazer a prova naquele dia, mas pelo menos eu

transei.”

Monique contou a sua história para todos :

“Era um dia de sexta-feira e eu tinha saído do trabalho, e precisava relaxar, e

descarregar meu estresse da semana. Fui beber cerveja com uma colega, Sara, num

barzinho bem descolado, num posto de combustíveis, próximo a uma loja de

conveniência. Estávamos encostadas no balcão, quando entrou esse homem – um

gato, que usava um capacete todo incrementado, muito lindo! Ele apoiou o capacete

na mesma bancada e eu, que sempre gostei e entendi de motocicletas, elogiei o

acessório dele, que era personalizado. Chamei-o para sentar com a gente, pois ele foi
receptivo, mas logo que começamos a conversar, minha mãe me ligou, pedindo para

que voltasse logo para casa – e eu estava com o carro dela. Tive que ir e deixei os dois

lá, o boy e minha amiga. Mal cheguei em casa, Sara me ligou, dizendo que me buscaria

e ele ia seguindo o carro dela até minha casa. Chegaram ao portão e minha colega foi

comprar um lanche na esquina, para nos deixar sozinhos (acredito eu que ela fez de

propósito) e ela deixou a chave do carro com a gente. Começamos a nos beijar e a dar

uns amassos. Só fomos interrompidos por ela mesma, que voltou e disse para irmos ao

motel. Ela liberou o carro, deixamos ela em casa e fui sem nem pensar duas vezes.

Passamos a noite lá e foi ótimo. Ele era lindo, simpático e bom de cama. Voltei para

casa às oito da manhã após uma noitada de sexo delícia, sem nenhum tipo de

cobrança e expectativas para depois. Faria tudo de novo , igualzinho. Valeu muito a

pena”.

Wanessa relatou uma história de sexo casual:

“Eu estava num cruzeiro com umas amigas e todo dia um camareiro 'muito

gostoso' vinha arrumar nosso quarto. Olhei para ele já com maldade, mas era uma

situação bem complicada, não só por estar num quarto com as amigas, mas também

porque gente da tripulação não pode se envolver com passageiros. Trocar olhar podia

e isso nós fizemos, mas ficou nisso, por enquanto. Chegou o último dia da viagem no

navio; eu e minha patota esvaziamos o quarto e fomos para o hall da embarcação,

para aguardar o desembarque. Eu não conseguia parar de pensar no camareiro lindo e

maravilhoso, um tesão. Deu um estalo em mim mesma e inventei que tinha esquecido

algo no quarto e voltei para lá. Cheguei bem na hora em que ele estava arrumando a

cabine. Falei, mentindo: `Ai, acho que eu esqueci meu carregador de telefone celular

por aqui, só não sei exatamente onde’ e fingi que estava procurando. Ele soltou uma

risada e começou a procurar o item “perdido” comigo. Uns minutos depois falei ‘acho

que eu perdi mesmo, pode ter sido em outro canto do navio’. Nisso, já estávamos bem
perto um do outro, e rolou aquela tensão; daí em diante eu não tive dúvidas: empurrei

ele para dentro do banheiro da cabine e tranquei a porta. Ele não esperava que eu

fosse atacá-lo, mas a intenção dos dois estava bem óbvia. Ficamos ali e transamos: eu

por cima dele, que estava sentado na privada. Foi uma transa rapidinha, nem gozei,

mas valeu pela aventura. Eu estava morrendo de vontade de fazer sexo com ele e me

arrependeria se não tivesse feito aquilo. Acabamos de trepar e voltei para o hall do

navio como se nada tivesse acontecido, mas continuei fingindo estar muito chateada

por não ter achado o tal carregador.”...

Andreza a seguir “inventou” um conto erótico.

Relatou ela para os convidados do gringo italiano:

“Encontrei um cara numa festa à fantasia da minha formatura. Por pura


coincidência eu estava fantasiada de Pedrita e ele de Fred Flintstone e ele passou a
festa me comendo com os olhos. Depois de trocarmos olhares, nos aproximamos e
começamos a conversar. Seu nome era Guilherme Mafra e ele morava em Brasília. Era
amigo da prima de um formando e nem sabia o nome do familiar da amiga. Era um
rapaz bonito, másculo e tinha uma bela tatuagem no braço. Várias pessoas começaram
a ir embora e ficamos sozinhos sentados no chão por um instante . Meus familiares já
tinham ido embora, pois falei para ele que ia ao banheiro e dei uma desculpa para
minha irmã que estava no baile. Pedi que ela fosse embora com o namorado, pois eu
precisava resolver umas coisas com meus colegas após o baile á fantasia acabar. Ele
(Guilherme) estava tão cansado que retirou os sapatênis. Logo eu fui massageando os
pés dele, parecendo uma masturbação. Parecia que já nos conhecíamos há mais
tempo. Ele começou a revirar os olhos, enquanto eu deslizava os meus dedos entre os
dedos dos pés dele. Ai ele começou a falar: estou ficando com o pau duro, não faz isso
comigo não! Nessa hora eu parei, fui perto do ouvido dele e falei: vou te fazer gozar só
com essa massagem! Ele ficou doidinho, e me contou no ouvido que seu pau começou
a babar e apareceu aquela mancha na bermuda da fantasia. Começaram a chegar
algumas pessoas na sala e sentar perto da gente. Comecei a conversar com eles e logo
parei a massagem; parei só para despistar um pouquinho.

“Ai eu cochichei no ouvido dele, saímos do salão e fomos para um local detrás e
não tinha ninguém perto. Eu amei a fantasia do Gui : ela era super-prática pra pagar
um belo de um boquete; como eu disse, ele estava de Fred Flintstone, e aquele
“vestido” da fantasia era super fácil de levantar e eu pude mamar o pau delicioso dele.
Curtimos depois o resto da festa; ele já tinha bebido todas e eu só manjando ele. Era
umas 2 h da madrugada: ele falou que ia dormir, estava cansado e eu saí dali com ele.
Fomos para o hotel onde ele ficou hospedado. Chegando no quarto, ele trancou a
porta e me deu um beijo. Pensa num beijo gostoso que ele me deu; ele chupava minha
boca com gosto; ele gemia e falava: eu tava doido pra beijar essa boca carnuda. Eu
estava toda entregue a ele, levantei sua fantasia e caí de boca novamente. O pau dele
já estava todo babado, uma delícia aquele mel. Eu chupava até o talo do pênis,
colocava tudo dentro da boca. Ele logo me jogou na cama, me botou de quatro e
meteu a língua na minha buceta por trás. Que língua macia! Ele me chupava com uma
vontade louca e metia a ponta da língua sem pena! Eu gemia de prazer! Ele ficou uns
10 minutos só me comendo com a língua e pediu a camisinha, lubrificou o pau e meteu
tudo de uma vez só, me comendo de quatro. Eu afundei minha cabeça de lado na
cama. Que delicia de trepada ! O tesão estava dando pra sentir longe; ele estocava
forte, sem dó e me dava tapas na bunda, dizendo putarias. Eu gemia baixinho. Deitei
então de barriga para cima. Ele deitou em cima de mim, começou a me beijar
carinhosamente e falou: eu quero você toda pra mim nessa noite! Ele então me comeu
por cima, apertando meu pescoço, quase me enforcando. Depois eu fiquei em cima
dele, cavalgando aquele pênis imenso. E ele terminou gozando. Eu estava louca e
dessa vez me deu vontade de beber o néctar direto do pau dele, mas não deu. Em
seguida ele chupou minha buceta até eu gozar e eu ainda fiquei de joelhos no chão em
cima de um travesseiro chupando o pau dele e o encarando nos olhos até ele gozar
mais uma vez. Uma delícia de transa.

“Eu falei com ele que foi ótimo, mas que eu não queria nada mais além daquela
noite. “Não quero misturar as coisas, foi só uma diversão mesmo depois da festa” –
falei. Eu disse para ele que meu nome era Priscila e fui embora do hotel num Uber,
mortinha de cansada. Chegando a minha casa ainda bati uma siririca antes de dormir.
E nunca mais eu encontrei aquele rapaz, para minha sorte. Ele poderia me desviar do
bom caminho. Kkkkkk“.

Após Andreza relatar este conto erótico comentou Monique com todos os
presentes:

- Nossa, sua história foi a melhor, “Bruna”; é um relato que parece ser autêntico,
que tenha ocorrido de fato. É uma história com muitos detalhes, por exemplo, e você
contou de uma forma tão realista... Fiquei convencida de ser verdade...

A morena de São Luis retorquiu:

- Você achou mesmo, colega?

A seguir, divertiram-se com os comentários sobre aquelas histórias picantes e


foram se alimentar. Já passavam de 21 horas.

Wanessa e “Bruna” mais tarde conversaram a sós.

Wanessa passou alguns macetes para Andreza de como seduzir seus clientes e
conquistá-los. Ela disse:

- Bruna, amiga: se você é do tipo que acha que dizer "eu te amo" na cama é o
suprassumo da sedução, está no caminho errado. “Se a idéia é enlouquecer o cara,
melhor declarar seu amor à performance viril e ao membro poderoso dele”, eu te
garanto.
“ Não adianta ser contida nas demonstrações de prazer. Homem gosta de
mulher que geme. Mas não pode gritar, isso desagrada a maioria (é escandaloso!).
Quanto mais você der gemidinhos, mais ele vai se sentir ‘o’ cara, o garanhão, o
gostoso. Meus clientes também gostam que eu sussurre no ouvido deles frases do
tipo: ‘Estou ficando tão molhada’, “ Vai, gostoso, mete tudo !” “ Safado, me come de
quatro “, “ Me fode gostoso “,‘ Sou toda sua’ ou ‘Me dá uns tapinhas na cara” ,“ Bate
na minha bunda, safado”, “ Você é muito safado “ – tudo é um jogo que você deve
construir. “Eles ficam excitados com a idéia de que estão deixando a mulher louca.
“ Sexo oral: você deve ter atitude. Primeiro mandamento do sexo oral: luz
acesa. Se você tem vergonha, ilumine a região do pênis dele com um abajur e não pare
de encará-lo nos olhos, enquanto faz os movimentos de sugar o pau do seu macho.
Cara de tesão ajuda na performance. Não seja comedida: tem que lamber e sugar
tudo, inclusive os testículos. Às vezes, lambuzo a região com leite condensado, vinho
ou iogurte “chambinho” para aumentar a excitação. Você quer tentar isso? Arrisque-se
mais: Eles também gostam de uns apertõezinhos e umas chupadas nos mamilos com
as pontas dos dedos molhadas e a nossa boca .
- Entendi, boa idéia. Gostei dessa dica - disse Andreza.
- Faça de conta que está descontrolada! Os homens querem sentir que fazem
você perder o controle da situação. Por exemplo, quando for transar embaixo do
chuveiro, nada de se preocupar com o cabelo. Ele vai adorar ver que, com ele, você até
esquece a chapinha. Melhor ainda se você entrar de surpresa no banho. O importante
é mostrar que você tem atitude, mas que o cara é tão poderoso que você se submete.
Faça a mesma coisa na cama, termine sempre ‘de quatro por ele’. É assim que as
garotas de programa tiram roupas, carro e apartamentos dos homens.
“Explore regiões dos caras nunca antes exploradas por outras mulheres.
Muitos homens pedem algum tipo de brincadeira no ânus, acho que é porque têm
vergonha de pedir para suas mulheres. Tem cliente que pede beijo grego (uma
maneira mais fofa de falar... chupar as profundidades do derrière); o fio terra também
é super comum (cubra o dedo com uma camisinha, se não quiser se aventurar a seco);
e às vezes também uso vibrador, para fazer a penetração, mesmo. Não tem nada a ver
com homossexualidade. O homem acha gostoso ser estimulado ali, mas é um
supertabu, né, você sabe, tem que perguntar e ir com jeitinho.
- Nisso não vou me aventurar ainda! Não faz meu tipo e não é minha praia! -
advertiu a morena.
- Mas você vai descobrir que muitos clientes gostam e vão te pedir.
“E você tem que buscar sempre novidades para agradar seus clientes. Eu não
uso lubrificante tradicional. Gosto daquele que vem em formato de bolinha, tipo
aqueles óleos de banho dos anos 80, sabe? Você introduz a bolinha, e ela se dissolve
dentro da vagina, preparando o “terreno”. Passar óleo de coco também é ótimo. Tem
géis que esquentam, outros que esfriam, todos uma delícia. Assim o ato já começa
com níveis máximos de excitação. Os géis adstringentes, vendidos em sex-shop,
deixam o canal vaginal apertadinho e bem lubrificado, e aquele cheirinho que eles
adoram; parece que você é virgem de novo. Além disso, o homem tem a ilusão de que
seu pau é enorme. Outro apetrecho que uso muito é o creme vibration, que deixa a
parede da vagina latejando. A sensação é uma mistura de sexo tântrico com as
pulsações pós-orgasmo.
- Você consegue isso tudo?
- Sim, consigo. E tenho estas sensações maravilhosas e eles também têm, pois
eu pergunto tudo aos homens. Os clientes ficam muito satisfeitos.
“Outra coisa importante: aprenda a elogiar a performance de seus clientes.
Elogie sempre: o homem tem que se sentir poderoso na cama. Entenda que ele não
está transando com você, e sim nós transamos com o ego dele. E você tem que fazê-lo
sentir-se viril/macho: está aí o grande truque para conquistar qualquer homem. Como
atingir esse objetivo? Elogie o pênis dele, oras. Diga que o acha bonito, grande,
gostoso. Não é para dizer ‘eu te amo’, é para dizer ‘seu pênis é o melhor’. Quem gosta
de declarações românticas na cama é mulher.

Wanessa contou a seguir o que, na opinião dela, as mulheres desejam dos


homens na cama:

- Bruna, têm homens muito enganados no quesito agradar uma mulher na


cama. Eu diria: meu rapaz, você passou os últimos dias estudando as 1.001 posições do
Kama Sutra pra “dar” a ela muita satisfação? Pobrezinho de você... Sentimos informar
que agradar uma mulher na cama exige menos performances acrobáticas e mais,
muito mais, paciência e sensibilidade; não é questão de quantidade; trata-se de
qualidade, para levar ela até as nuvens e fazer gozar. Fazer as coisas bem feito e com
toda a calma do mundo. Este é o caminho das pedras.
“As mulheres tem que quebrar muitos tabus - continuou Wanessa. - Muitas
amigas me procuram e dizem ter medo de serem julgadas pelos namorados. Elas
querem experimentar sexo anal e acham que os caras vão ter nojo; ou querem fazer
uma coisa diferente, como ser xingada durante a transa, mas acabam não contando
aos parceiros. Tem que saber ouvir e deixá-las à vontade”, e tente deixar seu cliente á
vontade, Andreza, pois é assim que queremos ser tratadas pelos homens. É o mínimo
que eles podem fazer por nós na transa e nós por nossos pares.
“ Outra coisa fundamental no homem: o poder da pegada. É muito comum as
garotas se queixarem que os maridos têm mão mole, não mostram desejo. O homem
precisa desarmar a mulher, começando com um beijo bem caprichado ( quando
aceitamos beijá-lo ), depois agarrar a menina pelo pescoço ou pelo cabelo: elas
desarmam na hora. Durante o sexo é importante manter a atitude, dar apertão no
braço, puxar pela cintura e segurar firme o corpo enquanto troca de posição. Algumas
garotas gostam que os homens apertem seu pescoço, tipo uma “enforcadinha” de
leve. Mas sempre com carinho.
“Veja por nós :a mulher quer ser o centro das atenções ( e no nosso caso é
nosso cliente ! ):
Minha melhor dica de sexo é mostrar interesse pelo cara, conversar antes de
começar o sexo, até para quebrar o gelo e o conhecer um pouco, e o que ele espera de
nós; o que ele busca. Aliás, alguns clientes nos procuram mais para isso: conversar.
Fico ouvindo suas histórias o quanto for necessário. Outra coisa mortal é virar de lado
e capotar depois da transa. Eu sempre faço cafuné no gato até ele dormir quando
passamos um pernoite em um hotel ou pousada. Durante o sexo também é
importante ser carinhosa e mostrar que os dois estão conectados. Dou abraço, passo a
mão no rosto dele e nunca deixo de olhar dentro dos olhos da pessoa com quem estou
transando.
- Assim o cara vai gamar em você e se apaixonar...- disse Andreza. “ E aí? “.
- O problema é dele! Eu não tenho culpa se ele é carente! - concluiu Wanessa.

Juhliana e Andreza passaram a conversar sobre fetiches após o jantar de


domingo.

- Juh, - disse Andreza primeiro. - Quando eu penso em fetiches sexuais, as


primeiras imagens que me vem à mente são lingeries pretas ou semi-transparentes,
saltos altos, calcinha preta, chicotes e brinquedos sexuais, ou seja, pura excitação
sexual em resposta a um objeto ou partes do corpo, mas sei que não é só isso.

- Algumas pessoas devem ter o objeto de sua atração em mãos - comentou


Juhliana - ou estar fantasiando sobre isso, sozinhas ou com um parceiro, a fim de
serem despertadas sexualmente, para obter uma ereção e chegar a um orgasmo. Isso
é fetiche.

- É verdade que uma pessoa com um fetiche pode se masturbar enquanto


segura, cheira, esfrega ou prova o objeto? – questionou Andreza. - Ou pode mesmo
pedir ao parceiro que o use durante o ato sexual?

- Correto: o fetiche se refere a um comportamento ou uma excitação sexual


associada a um objeto tipicamente não sexual – completou sua amiga. - Já uma
fantasia é algo em que você passa algum tempo pensando enquanto faz sexo ou se
masturba .

- Não tenho esta fantasia, - confessou Andreza. - Tenho o desejo de transar


com um homem musculoso e todo tatuado.

- Que máximo! Eu tive dois clientes que tinham fetiche por pés. É típico dos
homens. Eles gostavam de cheirar, lamber ou acariciar os meus pés, os quais são lindos
de verdade. Um deles pediu que eu usasse saltos altos durante o sexo. Olha, que
desejo!

- Bem maluco! - arremedou a morena.

- Outros caras adoram voyeurismo: ficam excitados olhando para pessoas


fazendo sexo ou olhando para corpos nus. É um padrão de comportamento sexual no
qual a fonte de prazer se encontra em assistir alguma atividade sexual ou presenciar
pessoas nuas.

- O voyer pode ser observador ou exibicionista, eu sei disso. Tenho uma amiga
em São Luís, - contou Andreza - que namorou um rapaz que sentia imenso prazer
observando amigas nuas ( ele até se passava por gay quando jovem, ele contou ) e
conheci um cara que adorava pornografia.
- Já eu tive clientes que traziam a parceira para transar comigo, sem ele
participar e até sem que esta soubesse de tudo. Ele conseguia inclusive chegar ao
orgasmo tanto através da masturbação quanto apenas com o estímulo visual.

- Já o exibicionista sente prazer em se mostrar para outras pessoas, ou seja, ao


notar ser observado em momentos íntimos - explicou a morena. – Minha colega Val
falava sobre este fetiche. Isto pode se dar durante o ato sexual ou apenas andando nu
pela casa enquanto percebe a observação de vizinhos. Conheci essa moça colombiana
que gostava de tal fetiche e ela me contou.

- E Fetiche com látex? Já ouvir falar, Suh? Um cliente me pediu uma vez. Ele
trouxe uma roupa sensual, feita de borracha, para eu vestir, onde apenas minhas
partes íntimas e os seios ficavam visíveis. Tive vergonha e desisti do programa. Não
usei aquela roupa. Para outras pessoas, o cheiro ou a sensação do látex é suficiente
para acelerá-los. Uma doideira.

- Assisti a um vídeo sobre este fetiche. Observar parceiros sexuais vestidos com
peças destes materais ou fantasiar com profissionais que usam vestuário contendo
borracha, como mergulhadores e trabalhadores em roupas de proteção industrial.
Acho um fetiche muito excêntrico.

- E a sigla ( BDSM ), sabe o que significa?

- Bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo - estou


lendo aqui na Internet.

- O filme “50 Tons de Cinza“ mostra bem o que BDSM representa.

- É um termo genérico para casais que se envolvem em qualquer tipo de jogo


de poder com submissão e dominância durante o sexo. Um ou mais participantes
precisam exigir esse tipo de jogo para se sentirem sexualmente estimulados. Larissa
sabe fazer isso com alguns clientes. Eu não quis aprender ainda.

- Outro fetiche estranho: piercings no corpo, em vários locais, de umbigo


perfurado a sobrancelhas, pênis e mamilos, seja para apenas ver ou esfregar seu corpo
nas regiões com piercing.

- Muito doideira. Acho lindo um piercing no umbigo. Ainda quero colocar um


dia, assim que eu emagrecer um pouco.

- Já ouvi falar de outros fetiches estranhos, com água, relâmpago e luzes.


Algumas mulheres podem até se sentir excitadas pelo som de trovões e raios.

- Eu tenho medo de trovões e relâmpagos. Para mim não daria certo; eu não
ficaria relaxada.

- Mas para algumas pessoas esses atos aleatórios de gigantescos flashes de luz
no céu podem ser suficientes para desencadear seu desejo por sexo. Muito curioso.
- Agora vou te dizer: eu tenho nojo de fetiches com urina, suor ou fezes. Acho
um absurdo.

- Eu também.

- Eu acho doença psicológica. Tem que procurar um psiquiatra e se tratar.

- É mais comum o fetiche da urina. Um cliente de uma amiga minha já pediu


isso. Consiste na excitação sexual associada ao ato de urinar ou receber o jato urinário
do parceiro no rosto ou na boca. Chega-se, em alguns casos, a beber a urina. Sua
prática também é chamada de “chuva dourada “.

- Nunca fiz.

- Nem eu. Acho anti-higiênico. Mas há quem o faça

- Ainda existem as casas de swing, com trocas de casais - disse Andreza. - Você
já frequentou alguma aqui em Fortal, Juh ?

- Sim, já fui duas vezes com um ex-namorado meu. É pura loucura, mas até
gostei da brincadeira. Foi legal.

- Eu nunca fui a nenhuma – desabafou a morena.

- Você não sabe o que está perdendo – concluiu Juhliana.

Passaram-se alguns dias e Andreza passeou de Jet Sky na lagoa do Banana.

Após as noitadas na casa alugada para o gringo italiano, Andreza ficou


interessada em voltar à praia de Cumbuco. Ela queria conhecer a Lagoa do Banana.
Desta forma, a garota de programa convidou sua amiga Larissa e num domingo foram
passear na referida lagoa. Passaram por lá quase o dia todo e fizeram passeios de
bugre pelas dunas e uma travessia da lagoa em cima de um grande bote inflável
(conhecido como Banana-boat) puxado por uma lancha voadora, no estilo “com
aventura”. As duas se divertiram muito, junto com outras pessoas desconhecidas e
quando regressaram ao pequeno cais da lagoa começaram a ser observadas por dois
rapazes que acabavam de chegar de um passeio de jet-ski.

Andreza e Larissa sentaram-se então ocupando uma mesa de bar à beira da


lagoa e ficaram petiscando tira-gostos e cada uma pediu um drink: a primeira pediu
uma taça de Martini Bianco com uma azeitona, enquanto a segunda preferiu uma
caipirosca com vodca e kiwi.

Os referidos garotos do Jet ski se sentaram em outra mesa, não muito distante
das massagistas. E continuaram se entreolhando; eles bebiam cerveja e não tinham
comido nada ainda. Os dois homens eram mais jovens que as duas garotas e
aparentavam ter idade por volta de 23 anos; eram bonitos de rosto, tinham por volta
de 1,75 m de estatura, pele muito branca e bom condicionamento físico; um deles
tinha o cabelo loiro enquanto o outro tinha o cabelo preto. Andreza e Larissa
chegaram a imaginar que eles fossem estrangeiros ou provenientes do centro-sul do
nosso país. Após uns 30 minutos aproximadamente, Larissa foi ao banheiro e na saída
encontrou um dos rapazes, o de cabelo preto, lavando as mãos na pia e ela ficou
aguardando sua vez; Andreza os via de longe. Nisso notou a morena que o rapaz
puxava conversa com Larissa e o papo fluía, com os dois abrindo um sorriso juntos.
Andreza sentiu que rolava algo entre eles. Retornaram para suas mesas e Larissa
indagou Andreza se ela permitia que os rapazes viessem para a mesa delas; Andreza
concordou e permitiu; Larissa neste momento acenou para os rapazes dando um sinal
de confirmação e dentro de 3 minutos estes se mudaram para a mesa das garotas. O
de cabelo preto, que Larissa tinha conhecido, se chamava Rogério e seu amigo loiro
era Danilo. Ao chegar à mesa das mulheres, Larissa apresentou Andreza para os dois
chamando-a de Bruna e Rogério apresentou Danilo para as duas. As moças os
convidaram a sentar após um breve aperto de mãos entre eles. Larissa lhes deu o
nome de “Hellen“.

Juntaram-se então na mesma mesa e iniciaram um papo bem descontraído os


quatro.

Hellen disse ser de Fortaleza mesmo e Bruna alegou ser natural de Recife-PE,
mas já tinha perdido o sotaque por já ter morado em outros lugares e estava com
residência fixa em Fortaleza há 4 anos.

Os rapazes também se apresentaram. Rogério falou primeiro:

- Como eu estava contando para Hellen , somos engenheiros civis e


trabalhamos em construtoras. Somos egressos da mesma faculdade.

- E são formados há quanto tempo? – perguntou Bruna.

- Há menos de três meses – respondeu Danilo.

- E já conseguiram trabalho? – voltou a perguntar a falsa pernambucana.

- Fazíamos estágio nessas empresas antes da formatura e fomos contratados


após a conclusão do curso. Nossos pais também são um pouco influentes na
sociedade. Isso ajudou. Mas somos esforçados, modéstia a parte – disse Rogério.

- Vocês são de Fortaleza? - quis saber Hellen.

- Sim, somos – disse Danilo. - E vocês, trabalham com o quê?

Hellen elaborou uma resposta:

- Somos representantes comerciais; vendemos para supermercados: produtos


cosméticos e de higiene pessoal; multimarcas.
Os rapazes ficaram satisfeitos com as explicações da garota.

As moças ficaram olhando uma para a outra e torcendo para que os dois não
fizessem mais perguntas sobre trabalho.

De fato, os jovens eram muito simpáticos e foram falar de outros assuntos. Em


determinado momento deixaram subentendido que estavam solteiros e iniciaram um
papo sobre esportes radicais.

- Como vocês são praianas, – começou Danilo – imagino que devem gostar de
esportes náuticos.

Larissa se antecipou, dizendo que ela apreciava.

- O que você pratica, Hellen? – perguntou Rogério.

- Eu já fiz umas aulas de surf – contou a garota, dizendo a verdade.

- E você, Bruna? indagou Danilo.

- Já tentei fazer stand-up e kite-surf, mas desisti – respondeu a morena,


mentindo.

- Por que você desistiu? – voltou Danilo a questionar.

- Uma confluência de fatores: não sei nadar muito bem, falta de tempo e medo
de me machucar. Vi uma pessoa se machucar no kite e fiquei amedrontada. Preciso
superar meu trauma.

- Sim, eu pratico kite-surf – contou Danilo. – É um esporte bem seguro se você


seguir todas as regras e todas as orientações do instrutor. Mas confesso que a pessoa
tem que saber nadar razoavelmente.

E continuaram um papo descontraído. Com o seguimento da conversa as


garotas perceberam que Rogério tentava seduzir Larissa ao passo que o outro rapaz
tentava impressionar a morena. Em certo momento eles comentaram que os jet-skis
que elas tinham visto eram deles e convidaram-nas para dar uma volta. Andreza era
sempre a mais desconfiada e quis rejeitar a proposta de Danilo, mas Larissa a
convenceu para aceitar o convite e foram dar uma volta no jet-ski. Os rapazes foram
longe com as garotas e perguntaram se elas não queriam tentar comandar o Jet por
alguns minutos. Explicaram rapidamente como eles funcionavam e Larissa aceitou o
convite. Todos estavam de coletes salva- vidas, mas Andreza preferiu não arriscar.
Larissa foi bem em sua tentativa e depois pararam na margem de uma duna para
descansar. As garotas perceberam que os rapazes tentariam alguma coisa com elas,
mas souberam contornar a situação. As duas ficaram todo o tempo juntas e trocando
conversa e deste modo o tempo foi passando; depois alegaram estar com fome e
pediram para retornar ao restaurante. Pediram seu almoço, comeram juntos e ao final
dividiram a conta. Os rapazes pediram seus telefones e cada uma repassou para seus
respectivos paqueras o seu “telefone de trabalho“ com WhatsApp. Os dois foram
gentis e ofereceram carona, mas as garotas disseram que já tinham combinado um
carro para a volta e desistiram da oferta. Na despedida ficaram combinados de
conversar pelo WhatsApp para marcar outro encontro.

Despediram-se com um beijo no rosto e as garotas foram embora primeiro.

Larissa deixou Andreza em seu apartamento e então seguiu para sua moradia.
Depois de algumas horas se comunicaram pelo WhatsApp:

- Larissa, o que você achou daqueles rapazes? – indagou Suellen.

- Bem simpáticos. Eu gostei deles. Parecem ser bem legais.

- Você acha que eles nos contaram a verdade sobre eles?

- Pareceu-me que sim.

- Eles pensavam que a gente ia abrir a guarda para eles após aquela voltinha de
Jet-ski para nos impressionar.

- Mas acho que eles queriam só dar uns amassos na gente.

- Eu preferi bancar a difícil. Mal terminei de conhecer.

- Achei bonito meu boy. Quase aceitei trocar uns beijinhos com ele.

- Eu fiquei com medo deles nos forçarem a fazer sexo com eles. Juro como eu
me arrependi de ter aceitado aquele passeio de Jet.

- Relaxa mais, Bruna. Os rapazes não eram bandidos.

- Quem é que sabe? Não há mais como ter certeza hoje em dia.

- Minha intuição foi essa ... de que eles falavam a verdade e eram pessoas de
bem.

- Não confio muito em intuição – declarou Andreza.

- Sei, já percebi; você é uma garota bem desconfiada.

- E se eles nos chamarem para sair, você vai? Tem coragem?

- Claro que tenho. Se for um encontro cedo e num local público e bem
movimentado ,tenho coragem sim. E você?

- Não sei. Vou pensar melhor.


Rogério não entrou em contato com Larissa nos dias seguintes, mas Danilo se
comunicou com Andreza.

Andreza conheceu uma massagista domiciliar em Fortaleza de nome Evellyn.


Suellen saiu da clínica de massoterapia da Varjota, mas um dia sentiu uma grande
vontade de receber uma massagem relaxante pois estava estressada, mas preferia que
a massagista a atendente sozinha, com horário marcado, de preferência no endereço
de Andreza. Foi assim que Wanessa lhe indicou uma bela garota de nome profissional
Evellyn, a qual era especialista em vários tipos de massagens, com e sem finalização
sexual, a qual atendeu a morena maranhense em seu endereço.

Melina ligou para Andreza em Fortaleza no dia seguinte.

Melina fez uma ligação de videochamada pelo WhatsApp para falar com sua
irmã:

- Andreza, tenho boas notícias da casa de massagens.

- Quais são, Mel?

- Conseguimos nos mudar para um endereço melhor. André encontrou uma


casa de ótima localização, onde funcionava uma escola de dança do ventre e a
inquilina encerrou o contrato há 01 mês. A casa fica perto da praia do Calhau, nas
proximidades do condomínio Gran Park.

- Que legal, irmã. Uma área nobre da cidade!

- Sim. Agora o negócio vai pra frente. Este local agora é bem melhor. A rua é
discreta, quase não tem moradores perto para vasculharem nossa vida. As casas tem
terrenos grandes e são distantes umas das outras. Também é mais fácil estacionar na
rua pois sempre tem vagas disponíveis.

- E você vai ficar morando nesta casa?

- Acredito que sim.

- E o que vai fazer para que o papai, a mamãe e a Marcela não descubram
tudo?

- Vou pensar ainda em como vou fazer.

- A casa é grande?

- Tem três quartos e uma garagem onde cabem até dois carros. É
razoavelmente grande.

- O aluguel foi por imobiliária?


- Sim. Outra novidade boa: conseguimos mais duas massagistas bem novinhas e
estou anunciando na Internet. Eu estou empolgada: a casa de massagens agora vai
decolar.

- Com certeza. E André, não tem medo de que o negócio atrapalhe a carreira
militar dele? Ele não tem receios de ver o nome dele envolvido em algum escândalo e
ser eliminado do curso de oficiais?

- Eu vou fazer de tudo para ele não se envolver e para ele não ter problemas
no futuro. Suh, e você está trabalhando com o que em Fortaleza?

- A Nati, a Paula e a Estefane continuam?

- A Estefane saiu.

- Mel, eu estou numa clínica de massagens.

- Irmã, não acredito! Você entrou mesmo neste mundo?!

- Sim. Mas está sendo bom. Estou ganhando bem. Não conte nem para o André,
OK?

- Tudo bem. Você está fazendo massagens com sexo?

- Sim, irmã. Mas é sigilo nosso. Confio em você.

- E está só nessa casa de massagens?

- Sim, e prefiro ficar somente nela – mentiu a morena. – E tem muitas


massagens que realizo sem sexo.

- Fica perto de onde você mora?

- Sim. Fica pertinho.

- E você não está estudando?

- Ainda não. Olha, eu disse para a mãe e para o pai que estou numa boutique
de moda praia. Não vai dar mancada, hein.

- Andreza, quando você juntar uma grana boa volta pra cá. A gente coloca outra
unidade da clinica de massagens.

- Pode ser, Mel.

- Você já terminou de quitar o empréstimo que fez no banco para pagar a


Marcela?
- Não. Mas termino este ano. Fiz um acordo mediante um site, acordo certo,
me parece, e adiantei umas parcelas, conseguindo descontos.

- E você, não tem nenhum “crush”? Fazendo sexo só com os clientes?

- Ninguém em vista ainda.

- Capriche aí por mim.

- Com certeza. Vou desligar, ok?

- Quando tiver novidades me fala.

- Tchau, Melina. Boa semana.

Andreza e Danilo conversaram pelo WhatsApp dois dias depois:

- E aí, gata, vamos sair para jantar amanhã à noite - convidou o rapaz, numa
sexta-feira.

Após uma breve pausa a morena respondeu:

- Pode ser; onde seria?

- Tenho uma proposta de restaurante muito bom para nós.

- Qual seria então o restaurante.

- Lizarazu.

- Nossa, eu já ouvi falar dele! É um restaurante muito requintado! Danilo, eu


não tenho dinheiro para pagar menus de restaurantes chiques.

- Você será minha convidada. Pago para nós dois.

- Seria que horário?

- Pode ser às 20 h? Te pego em seu endereço.

Andreza pensou em que resposta ia dar, mas tinha convicção de que não
repassaria seu endereço verdadeiro para o rapaz. Ela disse então:

- Vou estar numa reunião no shopping Iguatemi. E vou estar liberada somente
às 21 h. Está bom para você?

- Sim, está ótimo. Combinado então, Bruna?

- Sim, marcado.
- Amanhã entro em contato para a gente se encontrar no shopping 21 h. Um
beijo.

- Até amanhã.

E encerraram as mensagens.

Andreza a princípio pensou em não aceitar o convite para o jantar, mas


terminou cedendo.

Em seguida enviou uma mensagem para Larissa.

- Amiga, preciso falar com você pelo zap. Quando puder conversar, me dá um
toque.

Após 30 minutos Larissa enviou uma mensagem:

- Estou on-line. Você também está?

Andreza viu a mensagem com 1 minuto e escreveu:

- Aquele carinha da lagoa do Banana, o Danilo, falou comigo hoje no zap.

- O que ele disse?

- Convidou-me para jantar num restaurante especial.

- Que chique! Então ele pode ter gostado mesmo de você, morena. E você
aceitou a proposta?

- Pensei em recusar; mas aceitei sim.

- E seria quando?

- Amanhã à noite. E o outro garoto, o Rogério, te enviou alguma mensagem?

- Não. Ele não me contactou ainda. E eu não vou ceder e mandar mensagem
para ele. Quero ver se ele vai ter a iniciativa. E se Danilo quiser algo sério com você,
Bruna?

- É muito cedo para pensar dessa forma. Fiquei curiosa e com vontade de sair
com ele para saber quais serão as intenções.

- Você gostou dele?

- Ele é bonito e simpático, mas, na verdade, não fiquei muito atraída por ele.
Quero ver como vai ser na segunda vez que nos encontramos.
- Vai se divertir, amiga. Boa sorte. Não espere demais dele, mas veja o que vai
rolar. A dica é: seja natural, procurem se divertir e faça tudo conforme sua consciência.

- Obrigado pelas dicas, amiga. Envio notícias depois. Tchau.

- Boa Noite. Fica com Deus.

- Você também.

E saíram do programa de mensagens.

De fato no dia seguinte Andreza ficou na casa de massagens até 18 h e então


foi para casa. Começou um lanche bem leve, tomou banho, se arrumou, pediu um
transporte alternativo e foi para o Shopping lá chegando antes de 21 h. Quando ainda
estava dentro do carro Danilo lhe enviou uma mensagem e Andreza disse que sua
“reunião“ estava acabando e dentro de alguns minutos ela lhe informaram o local
exato para se encontrarem, mas ele já poderia sair de casa para buscá-la.

Ao chegar ao shopping Andreza ficou numa das entradas e repassou sua


localização do GPS para o rapaz.

Após cerca de 10 minutos ele chegou. A moça entrou no carro e saíram. Parecia
que Andreza tinha perdido todos os seus medos e de uma hora para outra passou a
confiar naquele estranho.

Ele a levou realmente para o restaurante prometido e chegando lá já havia uma


mesa reservada para os dois.

Sentaram-se um em frente ao outro num local bem reservado e começaram a


conversar enquanto cada um examinava o cardápio.

- Você está gostando do restaurante? - indagou Danilo.

- Sim. É bastante agradável – comentou a moça. – É sua primeira vez aqui? -


quis saber Andreza.

- Sim, eu nunca tinha vindo aqui, - mentiu Danilo - mas eu ouvia falar que era
um restaurante excelente. E também estou confirmando isso. Resta provar a comida,
que é o mais importante.

- Com certeza. Mas um restaurante tão primoroso como este não vai pecar no
sabor das refeições.

- Bruna, você morou ate que idade em Recife? Acho incrível você não ter mais
sotaque.

- Morei até 12 anos de idade. Você trabalha viajando? – indagou a moça, para
mudar de assunto.
O garçom se aproximou e cada um fez um pedido de bebida: Andreza solicitou
que lhe servissem água mineral com gás e o anfitrião a acompanhou. Escolheram
também uma entrada e repassaram os pedidos ao garçom.

Danilo continuou, em resposta ao questionamento da sua convidada.

- Minha empresa, quer dizer, a construtora em que trabalho, é multinacional,


mas não recebi nenhuma proposta ainda para sair do país. – inventou Danilo.

- Você tem irmãos? Seus pais moram em Fortaleza? – interpelou a garota.

- Tenho apenas uma irmã, que está se formando médica. Todos moram em
Fortaleza. E você, me fale um pouco da sua pessoa. – pediu ele.

- Sou um pouco tímida para falar de mim – alegou a morena. – Meus pais
moram em Recife; tenho apenas uma irmã; sou formada em administração e adoro
esta cidade... – disse ela.

- É solteira?

- Sim, claro – e Andreza sorriu.

- E você? - questionou ela, de modo quase reflexo.

Danilo fez uma pausa de 3 segundos para responder, como que fazendo um
suspense intencional. Logo, falou:

- Sim, solteiríssimo, no momento.

Andreza pressentiu um ar de romance no ambiente com estas palavras do


rapaz.

- E como estão seus pais? Moram juntos? – indagou Andreza.

Mas Danilo rebateu:

- Vamos falar agora sobre nós.

Neste momento o garçom trouxe suas bebidas em belos copos com gelo e uma
rodela de maçã verde, para dar aroma.

- Aceitam suas águas com as rodelas de maçã verde? Sugestão da casa – disse
o atendente.

- Aceito – disse Andreza e Danilo também acompanhou.

A garota de programa sentiu um arrepio gelado com a direta do rapaz, o qual


percorreu sua espinha dorsal, de cima até embaixo. Mas conseguiu dizer:
- Tudo bem, vamos falar sobre nós.

Ela ficou pensando: será que aquele garoto estaria desejando algo sério,
embora tivessem acabado de se conhecer? Ela não acreditava.

Danilo continuou falando:

- Andreza, falando sério, você tem alguém? – e encarou-lhe nos olhos.

- Não, ninguém sério – respondeu ela, como se estivesse seduzida.

A partir de então Danilo foi descortinando a verdade.

- É porque eu não quero nada sério com ninguém agora. Acabei de terminar um
noivado e eu preciso conhecer novas garotas para sair. Achei você interessante. E
muito bonita.

- Entendi, obrigada. – replicou Andreza e ficou pensando silenciosamente, com


seus botões: “Que safado, e eu imaginando que ele poderia querer algo sério comigo;
pelo menos está sendo sincero, assim imagino”.

- Então, me explique melhor o que você quer de mim ! – suplicou a moça.

- Eu quero pessoas para me divertir, dividir momentos, sem muito


compromisso por enquanto; digamos, eu desejo um relacionamento aberto na
situação atual da minha vida.

Relacionamento aberto era tudo que Andreza não desejava e ela disse:

- Ah sei, entendo. Mas você já sai com outras garotas no momento? -


questionou a garota, pensando que Danilo mentiria na resposta.

- Não, você é a primeira que estou conhecendo desde que encerrei meu
noivado – blefou o rapaz.

- Verdade, Danilo? Não precisa mentir para mim.

- Para não dizer que não conheci ninguém, eu fiquei com uma ex-colega de
minha de faculdade numa festa 15 dias após o fim do meu noivado, mas foi porque eu
estava inconsolável e foi somente neste dia. Não reencontrei mais a garota desde
aquele dia.

“ Que coitadinho” – pensou Andreza, com ironia. Ela já não sabia mais se devia
acreditar ou não naquele homem. Então ela disse:

- Deixa eu ver se eu entendi: você quer que eu seja uma das suas ficantes? Pelo
menos, a primeira, por enquanto?
- É, mais ou menos isso – concordou Danilo, começando a revelar suas
intenções. - Mas fique a vontade, Bruna; não precisa ficar presa a mim; não sou
ciumento e não vou ficar te cobrando nada. Eu prometo .

Andreza pensou neste instante em discutir com aquele rapaz, mas percebeu
que seria inútil. Ela começou a notar que ele apenas tentava ser um playboy
conquistador e aquele jantar era mesmo apenas uma tentativa de levá-la para a cama,
em troca ao pagamento de um jantar num restaurante caro.

Neste instante, Andreza pediu licença para ir ao lavabo, no propósito de esfriar


os ânimos e pensar em como procederia na continuação daquele jantar.

A entrada chegou nas mãos do garçom e Andreza pediu para Danilo escolher o
jantar de sua preferência; pediu que ele ficasse à vontade e ela aceitaria qualquer
pedido que ele fizesse. E retirou-se da mesa, dirigindo-se ao banheiro.

Andreza foi arrumar o cabelo em frente ao grande espelho do banheiro. Era


um lavabo imenso, com uma bancada de mármore belíssima e o espelho tinha uma
moldura luxuosa. A moça estava vestida com uma bela blusa tomara-que-caia cor
marfim de golas e mangas pregueadas, mas o decote da blusa era muito comportado,
para combinar com o ambiente, além do fato de que a mulher tinha seios pequenos,
mas usava um acessório colado a pele dos seios para melhorar seus contornos. Usava
uma bela calça jeans de cor azul claro e sapatos de salto alto prateados. Enquanto
retocava sua maquiagem e depois penteava seu cabelo naquele magnífico espelho,
Andreza pensava no que ia dizer para seu anfitrião quando retornasse a sua mesa :
negar- lhe uma saída para o motel ou para seu apartamento? Aceitar sua proposta?
Inventar uma desculpa e pedir para ir embora sozinha após jantarem? Revelar para
ele seu verdadeiro ofício naquela cidade? Ir embora e bloqueá-lo no WhatsApp? Ou
haveria outras opções? Andreza tinha a convicção agora de que estava ali para ser a
sobremesa do jantar. A questão seria: o pós-pasto seria de graça ou custaria caro para
Danilo?

Andreza fez uma reflexão e decidiu contar para o rapaz seu verdadeiro trabalho
e avisá-lo de que a continuação da noite também não seria gratuita.

E a moça retornou do banheiro após uma ausência de quase 20 minutos.

- Meu bem, que demora - disse o rapaz. – Eu pensei que você tivesse passado
mal ou teria ido embora.

- Mulheres, meu caro... Ser bela para os homens nos custa bastante tempo e
esforço. É somente isso. Daí minha demora. Eu jamais me retiraria sem avisar meu
cavalheiro ; quanto a isso pode ficar tranquilo.

- Eu pedi um prato leve, com lagosta grelhada. Você pode comer? Não é
alérgica, é?

- Sim, posso.
- Que ótimo! Senão eu faria outro pedido para você.

- Obrigado.

- Aceitaria um bom vinho para combinar com a lagosta! - propôs o anfitrião.

- Aprecio muito os vinhos, mas não posso experimentar hoje, pois minha
garganta estava inflamada e tomei antibióticos até hoje pela manhã. – mentiu
Andreza.

- Mas já está tudo bem? Por que você não me avisou? Remarcaríamos o jantar
para daqui a dois ou três dias. – disse o homem, tentando ser gentil.

- Já estou há 02 dias sem sentir dor de garganta nem febre; mas estou
encerrando a duração do tratamento conforme o médico da UPA me orientou. E
também não estou com mau hábito, está bem? – mentiu Suellen.

Continuaram as conversas com mentiras sendo ditas dos dois lados até que o
jantar foi servido.

E começaram a saborear o prato principal, o qual estava delicioso. Nisto,


Andreza se voltou para o engenheiro civil e disse:

- Danilo, eu possuo um segredo e preciso contar para você.

Ele não imaginava do que se trataria.

- Pode falar, Bruna. Sinta-se à vontade.

A moça tomou coragem e disse:

- Danilo, eu sou garota de programa.

Danilo permaneceu calmo e falou:

- Poxa, eu juro que não tinha desconfiado.

- Você ficou zangado comigo agora?

- Não, absolutamente não. Já cheguei em várias garotas nas baladas à noite e


elas me confessaram que eram GPs.

- E quando isso aconteceu, o que você fez?

- Continuei meu papo normal, sem preconceito. E sua amiga, também é?

- Não. Ela não – disfarçou a morena. – E como vai ficar nossa situação de
agora em diante?
- Por mim, está tudo bem.

Danilo não entendeu por que Andreza perguntava aquilo, mas na verdade o
que ela insinuava é que a partir daquele momento ela passaria a cobrar por seus
serviços.

- Você trabalha em que local, gata ? – questionou o rapaz.

- Eu atendo numa casa de massagens.

- Legal. E depois daqui a gente pode ir para algum lugar? - quis saber Danilo.

- Se você quiser me levar para um motel você tem que pagar meu programa –
exigiu a moça.

Danilo ficou abismado com a sinceridade da morena, mas se controlou e disse:

- Sim, vamos. Quanto é seu programa?

- R$ 250,00 a hora. Sexo oral e vaginal, com camisinha.

Danilo preferiu não questionar o preço nem o que estava incluso no programa.

- Ótimo, babe. Quem vai adorar te conhecer vai ser meu pai.

- Seu pai? Como assim? Ele não vive com sua mãe? – questionou Andreza,
muito surpresa.

- O velho adora sair com umas gatinhas como você. Já repassei umas meninas
para ele.

- E sua mãe? O que ela acha disso?

- Não, está tudo bem. Ela não sabe de nada. É uma saidinha dele aqui e acolá,
um vez na vida; o velho é um pouco danado, mas ele gosta da mamãe.

- Seu pai tem quantos anos?

- 52 anos.

- Ah, ele é novo ainda. Você fala que ele é velho...

- Foi só um modo de falar. Posso repassar seu zap para você sair com meu pai?

A morena pensou um pouco e respondeu:

- Pode. Como é o nome dele?


- Benício.

Danilo não gostou muito do procedimento de Andreza, mas como já estava ali,
aceitou pagar o programa dela e foram para um motel.

No motel Andreza se deixou beijar na boca por Danilo e fizeram um sexo


tradicional, vaginal e oral, com preservativo, como Andreza tinha pedido. O rapaz
insistiu para que ela abrisse uma exceção e fizesse boquete sem camisinha, mas ela se
recusou, alegando que para ela a segurança era fundamental. Ao final ele pagou pelo
serviço da prostituta e pagou as despesas do motel. Depois de tudo, o playboy foi
deixá-la em seu apartamento, mas ela não deixou que ele entrasse no prédio.
Despediram-se com um beijo no rosto e ele a lembrou que seu pai ia entrar em
contato.

- Tchau, obrigada pelo jantar - despediu-se ela. – Boa noite.

- Tchau. Até a próxima vez.

E o rapaz seguiu seu caminho.

No dia seguinte Andreza entrou em contato com Larissa e disse:

- Hellen, saí com o carinha.

- O Danilo? – indagou sua amiga.

- Sim.

- E aí, como foi? Conta para mim os detalhes!

- Saímos para jantar num restaurante “chiquérrimo”.

-Só jantaram? Mais nada?

- Não, menina. Rolou sexo depois.

- Uhuuuuu! – exclamou a cearense. – Essa Bruna não brinca em serviço! Onde


foi? No seu AP? No dele? No motel.

- Motel.

- Ele pagou o seu jantar ou vocês racharam a conta meio a meio?

- Ele se ofereceu para pagar tudo.

- Você acredita que meu boy, o Rogério nunca me ligou.


- Mas ele vai entrar em contato ainda. Tem paciência...

- E aí, a transa depois do jantar foi 0800?

- Que nada. Eu dei meu preço e ele me pagou.

- Menina, você é maluca. Falou para ele que é GP e já saiu cobrando?

- Por que eu ia esconder a verdade? Se ele pensou que eu pagar aquele jantar
com minha buceta ele se enganou.

- Nossa, fiquei pasma. Mas deu tudo certo ? Ele não se chateou?

- Acredito que não. Ele até me disse que vai repassar meu telefone para o pai
dele sair comigo.

- O pai dele? É mesmo?

- O coroa gosta de sair com umas garotinhas.

- Bruna, você é louquinha. Vamos amanhã para uma barraca na praia do


Futuro?

- Pode ser. Que horas?

- 10 h.

- Está bem. Preciso dormir de hoje para amanhã para me recuperar da noitada.
O Danilo acabou comigo ontem. Ele tem o pênis grosso demais e fode muito .

- Estou só o resto... Preciso descansar.

- Amiga, você não fez sexo anal com ele, fez?

- Não. Senão eu sairia direto para o hospital.

- Pois repouse. Amanhã é domingo e vamos curtir uma praia. E segunda feira
os clientes nos esperam na casa de massagens.

- Até amanhã, amiga.

- Descanse, safada .

- Sim. Kkkkkkkk.
Ester e Marcela ligaram no outro dia para falar com Andreza.

A ligação foi através de uma chamada de áudio pelo aplicativo de mensagens,


pois sua filha pediu que não realizassem videochamada pois sua internet estava lenta
naquele dia.

A garota de programa atendeu:

- Alô, mãe, tudo bem?

- Tudo bem, filha. Estou ligando com Marcela para saber novidades suas. Você
não posta quase nada no Instagram e quase não me liga. Tem falado com seu pai?

- Sim, ele me liga todos os dias, bem cedo.

- Filha, como você está ?

- Estou muito bem. E a senhora?

- Vou bem. Com saúde, o que é o mais importante. Você está trabalhando
onde?

- Numa boutique de roupas para praia - mentiu ela.

- Como vendedora?

- Sim, é o que consegui por enquanto.

- E já vai iniciar alguma pós- graduação?

- Vou me inscrever daqui a dois meses para uma prova de especialização. Vão
abrir umas turmas na Unifor e em outra faculdade particular. Só que preciso juntar
grana para pagar.

- Vai dar certo, filha. Vamos torcer por você e vou te colocar em minhas
orações toda semana.

- Pensei que eu já estivesse em suas orações, mamis – ironizou Suellen; mas sua
mãe se zangou com a fala da garota.

- Você está gostando do local onde mora?

- É bem tranquilo e é bem localizado.

- Eu vi que você está passeando bastante: vive nas barracas da praia do Futuro,
em restaurantes belíssimos.
- Sim, na maior paz do mundo.

- Filha, e quem faz estas fotos suas na praia e nestas barracas ?

- Peço para os garçons às vezes me fotografarem.

- Você já fez alguma amizade?

- Sim, tenho uma colega da boutique que me faz companhia quando eu saio.

- Muito bem, filha. Não vá andar sozinha em Fortaleza. Você mal conhece a
cidade. Aí tem fama de ser lugar violento e perigoso. É bom ter a companhia de
alguém que nasceu e cresceu no lugar e sabe como se defender dos perigos.

- Sim, é verdade. Sinto-me mais segura andando com ela.

- Sua amiga é moça de família e é uma garota “cabeça“, ou melhor, é uma moça
de juízo?

- Sim. Com certeza, dona Ester.

- Ela é evangélica?

- Não. Ela é católica.

- Procure umas amizades evangélicas. Sua colega tem namorado?

- No momento, não. Mas fique tranquila que ela não é “sapatão“. Ela não é
lésbica.

- E você, filha, não arranjou nenhum paquera por aí?

- Ainda não. Não estou desesperada em encontrar, mãe. Não é a senhora que
diz que as coisas têm a hora certa de acontecer?

- Sim. Mas e então? Os cearenses estão fracos assim?

- Parece que sim.

- E a covid-19, como está a epidemia por aí?

- Acalmou mais no momento. E em minha cidade ?

- Também saiu há pouco tempo do pico. Você vai tomar as vacinas contra o
coronavirus, filha?

- Mãe, não estou querendo.


- Eu já imaginava isso. Você é de direita. E sempre foi do contra.

- Pois é, mãe. Fazer o quê, né?

- Andreza, estou pensando em lhe visitar este ano ainda.

A garota, de repente, ficou apreensiva.

- Mãe, você só não viria nas férias do próximo ano?

- Estou começando a mudar de ideia.

- Certo. Só me avisa com antecedência, para eu poder me programar aqui. Mas


atenção: só venha se der mesmo. Não quero atrapalhar sua vida.

- Sim, aviso; pode deixar que eu não vou chegar no seu apartamento de
surpresa. E não vai atrapalhar nada. Vou passar o telefone agora para Marcela. Um
beijo, filha. Se cuida. Deus te acompanhe!

- Obrigada, mãe. Fica com Deus.

Benício entrou em contato com Andreza alguns dias depois.

O pai de Danilo se comunicou com Andreza através de mensagens, convidando-


a para conhecer a praia de Porto das Dunas. Ele não agendou um programa, mas ela
aceitou o convite.
- Posso então te pegar domingo no seu prédio para a gente ir à praia?
- Pode sim.
- Passo que horas?
- Pode ser 10 h .
- Combinado. Estarei aí amanhã 10 h .
E desta forma se cumpriu. Andreza não convidou nenhuma colega.
Benício chegou num carro importado cabine dupla com vidros bastante escuros
e desceu para abrir a porta para sua convidada. A morena pensou que ele estava só no
veículo e que ela iria na frente com ele, mas ele abriu uma das portas traseiras e a
morena adentrou ao carro, logo notando que uma mulher já estava sentada no banco
dianteiro do mesmo, ao lado do assento do motorista.
Andreza permaneceu calada e não entendeu nada. Seria a esposa de Benicio?
Foi então que ele se antecipou e disse:
- Bruna, deixe eu lhe apresentar: esta é minha amiga Rose. Desculpe eu não ter
dito que ela também nos faria companhia.
Andreza, sentindo-se ainda meio preocupada, respondeu:
- Prazer, Rose.
Rose era uma bela mulher e aparentava ter entre 34 e 36 anos de idade.
Foram conversando amenidades dentro do carro e Andreza sustentou a história
de que era de Recife, Pernambuco, e morava em Fortaleza há quase dois anos .
No trajeto para a praia Benicio avisou que sua esposa estava viajando a
negócios.
De fato, dirigiram-se para a praia de Porto das Dunas e chegando lá foram para
uma barraca bem interessante.
Sentaram-se sob a sombra de um belo ombrelone, em torno de uma mesa
redonda de madeira, com vista para o belo oceano Atlântico.
Um garçom da casa rapidamente os atendeu e Benicio avisou que as
convidadas já poderiam pedir algo para beber e petiscar. Rose solicitou um drink
alcóolico, enquanto Andreza e Benicio preferiram ficar na água de coco. Como entrada
pediram dois pratos de camarão frito ao alho e óleo.
E começaram a conversar.
- Meu filho gostou muito de você, garota. - contou Benício.
- Muito obrigada. Ele é muito gentil – replicou a garota de programa, um pouco
desconfiada. Ela temia que o filho de Benício tivesse ficado aborrecido com ela pelo
ocorrido no jantar.
- Eu não tinha vindo nesta praia ainda – continuou Suellen.
- Ela é muito agradável. Gostamos bastante, não é, Benício? – comentou Rose.
- Sim, eu gosto muito desta praia.
- E seu filho, onde ele está hoje? – quis saber a morena.
- Nem sei. Com alguma gatinha por aí. Ele é muito namorador – declarou o pai,
sem cerimônia. – Você ficou interessada nele ?
- Diga logo que ele é muito raparigueiro mesmo ! – emendou Rose.
Andreza ficou um pouco impressionada com a sinceridade dos dois.
- Não estou querendo namora-lo. Entre nós é só amizade colorida - declarou
Suellen. - Seu filho trabalha numa construtora de sua família? - indagou Andreza, para
saber se o rapaz tinha lhe falado a verdade.
- Minha filha, ele se formou engenheiro civil há menos de 6 meses, mas ele não
trabalha ainda. ... está somente gastando meu dinheiro, por enquanto. Ele leva uma
vida de playboy, mas é um bom rapaz. – explicou Benicio.

Com esta resposta Andreza já percebeu que seu filho apreciava mentir.
- Ah, entendi ! - arremedou a moça. – E o senhor, trabalha com o quê? Pode
falar?
- Posso sim. Tenho vários negócios. Um deles e um dos meus preferidos é a
fábrica de cachaça. Por sinal, uma das melhores do Ceará. Sou dono da marca de
aguardente “Velho do Moinho”, uma cachaça premiada dentro e fora do meu estado.
- E o senhor gosta de tomar uma “cachacinha”? – questionou sua convidada, de
forma bem descontraída. – Meu avô adorava.
- Sim, gosto de tomar uma “dosinha” aqui e acolá, para abrir o apetite. Mas
com muita moderação. Também aprecio uma boa “caipirinha”. Minha aguardente de
cana eu recomendo, com modéstia à parte. Vou te oferecer uma garrafa depois, de
presente, da versão premium tipo exportação, para você experimentar.
- Agradeço. Vou adorar experimentar – retorquiu Suellen por educação, pois na
verdade nunca tinha tomado cachaça antes, nem possuía vontade de provar.
- Você está trabalhando onde, moça? - indagou o empresário.
- Trabalho numa boutique de moda praia, mas estou saindo de lá.
- É mesmo!? Que pena! Ainda são consequências da pandemia. Você aceitaria
uma oferta de emprego da minha parte?
- Não se incomode. Já estou com duas propostas para analisar – inventou a
moça.
- Seria pouco a remuneração: um salário e meio, mas te ajudaria enquanto
você encontra um emprego melhor - continuou o homem.
- Não, obrigada. Não se preocupe comigo – insistiu Andreza.
Ela não se interessava por trabalhos com salário tão baixo e ela já tinha um
pouco de experiência com patrões que desejam assinar a carteira de moças bonitas
apenas por pensar que vão poder transar com elas sem pagar por isso, como se o
emprego fosse um favor em troca do qual a funcionária tem que pagar com sexo ao
seu chefe.
Andreza por isso foi logo rechaçando aquela oferta de trabalho.
- E o senhor, gosta de umas “garotinhas”? – interpelou Andreza, lembrando-se
do que o filho de Benicio tinha lhe falado.
- Não me chame de senhor. Me chame por Benício. Carne nova é muito bom,
garota. Adoro novinhas. Elas nos renovam. É por isso que faço musculação quase todos
os dias. Para manter o físico e ajudar no desempenho sexual.
- Muito bem. Parabéns - elogiou a morena. - Benicio, eu percebi que você é
um homem que se cuida, e é bem conservado. Aparenta ser mais jovem do que sua
idade real .
- Meu filho disse até minha idade de verdade ?! Que traíra! Vou conversar com
ele – comentou o empresário, em tom de humor.
- E você, Rose, trabalha com o quê? - indagou Suellen.
- Eu tenho uma agência de modelos e organizo eventos para empresários.
- E tem uma agência de book rosa e adora ajeitar namoros das novinhas com os
empresários – fofocou Benício.
- Não fale isso, Benicio. – pediu Rose. – Bruna, ele está exagerando.
- Não estou, morena, mas Rose é gente boa. Se for trabalhar para ela, fique
tranquila, pois ela é muito honesta.
- Obrigada pelas boas referências – agradeceu sua amiga, com ironia.
- Vocês dois “ficam” de vez em quando? - perguntou Andreza, de forma
ousada.
- Não, somos apenas amigos - fingiu a outra mulher.
- Ela é apenas uma colega de longa data – blefou também o empresário.
- E sua esposa, sabe da amizade de vocês?
- Sim, ela sabe – mentiu novamente o homem.
E ele continuou:
- Morena, você é muito atraente. Eu quero marcar um programa com você.
Meu filho te descreveu e eu fiquei ansioso em te conhecer. Mas eu queria conversar
com você antes. Ele disse que você é uma garota do papo muito legal.
- Faço o possível para ser simpática. E adoro uma conversa mole.
- Meu filho disse!... Você frequenta academia?
- No momento, não.
- Pois se matricule, garota. Uma moça nova como você não pode ficar
sedentária. Tem o quê? Uns 25 anos? - questionou ele, já sugerindo uma resposta. -
Você precisa fazer atividade física, se cuidar. Malhação. Cuide da saúde.
- Sim, estou precisando de exercícios. Cogito entrar na academia. Pensei em
fazer outra atividade física, mas acho que vou para a musculação mesmo. É o mais
prático, com horário mais flexível e com resultados mais rápidos.
- Você tem família em Fortaleza? Ou estão todos em Pernambuco?
- Todos moram em Pernambuco – enganou Suellen. – E seus parentes? Você
é daqui mesmo? - devolveu ela a pergunta.
- Não sou de Fortaleza; sou de um estado vizinho, mas já me considero
cearense. Já moro aqui há mais de 20 anos – explicou o homem.
Rose convidou então Andreza para uma caminhada e um mergulho no oceano.
- Benício, você se incomoda de ficar sozinho na mesa? Eu queria convidar Bruna
para me acompanhar num banho de mar.
- Sem problemas, amiga. Só não demorem muito. Não se esqueçam de mim –
pediu Benicio.
- Você pode vir comigo, Bruna? – questionou a cafetina.
- Sim, posso; vamos dar uma caminhada na areia.

E as duas foram dar uma volta na praia e fazer um breve mergulho naquele
oceano de águas mornas.
Durante a caminhada Rose indagou a Andreza:
- Você é mesmo pernambucana?
- Saí de lá muito cedo.
- Sozinha?
- Não, com meus pais, e fomos morar em outros estados, mas eles voltaram
para Recife.
- Sei. Mas você tem jeito de maranhense! E sotaque também... da capital... São
Luís.
- Como assim? Eu pareço ser do Maranhão? E quem é do Maranhão tem
sotaque? Eu não sabia...
- Você parece com a gente de lá. O corpo, o jeito, a forma de falar. Eu conheço
algumas pessoas de São Luís e você tem algumas características e certos traços que
lembram as pessoas de lá. E sotaque existe sim, em todo lugar, embora o de São Luís
seja mais discreto.
- Estranho! – continuou Andreza, fingindo.
- Cuidado com o filho e os amigos do filho de Benicio. Não vá gostar de nenhum
deles. Eles são muito jovens e só querem se divertir com as garotas. Usam e depois
largam. Não se envolva profundamente com nenhum deles. É o conselho que te dou.
- E Benício, qual é a dele?
- Gosta de sair com umas novinhas, mas nunca vai deixar a mulher.
- Então é o homem do jeito de que eu gosto. Que não vai me pegar no pé,
apegado .
- Ele não acredita que nenhuma garota jovem e bonita vai ficar só com ele, sem
o trair. Sabe que a maioria das meninas só quer dinheiro mesmo.
- Acho que ele tem razão.
- Ele é bem tranquilo, e é boa gente. Mas não seja boba com ele. Benicio já fez
a cabeça de muitas mulheres jovens, se aproveitou e depois deixou para trás.
- Comigo não adianta. Não acredito em promessas. Quero ganhar meu dinheiro
e ponto final.
- É melhor você agir assim mesmo e de modo sempre racional.
- Você gosta dele, Rose? Vocês são amantes?
- Aprendi a gostar dele como amigo. A gente se diverte às vezes, mas não
somos amantes. Ele não me banca nem paga minhas contas. Também temos uma boa
diferença de idade e eu não tenho interesse de ficar com ele de compromisso.
- Rose, posso então sair com ele para fazer programas? Você não se chateia?
- Não, de forma alguma.
- E a esposa dele, é zangada ? Como é o nome dela?
- Ela não desconfia de nada. Ou faz vista grossa. É o que parece... Ela se chama
Consuelo Fontes.
- O Benício também é muito puteiro como os filhos?
- Um pouco menos. Já foi mais. Bruna, você pode vigiar meu chinelo e minha
canga enquanto dou um mergulho? - pediu Rose.
- Posso sim. Sem problema.
- Obrigado.
E Rose foi tomar banho no oceano.

Depois retornaram à barraca e foram encomendar o almoço.


Benício entrou em contato com Suellen alguns dias depois e marcaram um
programa no motel.
Ele foi buscá-la no seu apartamento e de lá saíram para o motel.
Chegando lá se dirigiram para o quarto e iniciaram as atividades. Benício se
aproximou da garota de programa e tentou dar-lhe um beijo na boca, mas ela virou o
rosto. Ela percebeu, também, que o homem possuía problema de mau hálito. Quando
o coroa tirou a roupa e exibiu aquele abdômen branco como “leite” e aquelas nádegas
peludas e flácidas, Andreza ficou sem excitação e sem tesão algum; pediu, então, para
o homem lhe penetrar por trás na famosa posição de 4 com ele em pé e ela deitada na
beirada da cama; depois ela ficou em cima dele na posição “cow-girl” invertida, sem
olhar no rosto do homem, assim como muitas garotas de programa o fazem, quando
não aguentam encarar o cliente. Na posição “cow-girl” Benício não conseguia manter a
ereção e começou a dizer:
- Não consigo, às vezes, ter ereção com camisinha. Vamos transar sem
preservativo. Eu faço exames para doenças venéreas de seis em seis meses e eu sou
fiel à minha esposa. Eu sou “limpinho“. Só saio com garotas novinhas, confiáveis e sem
doenças, e é raramente. Sou uma pessoa séria. Pode transar comigo sem camisinha.
Confie. Na hora de gozar eu tiro o pau fora e ejaculo longe. Sei controlar isso bem
direitinho.
Andreza, muito esperta, respondeu assim:
- Meus clientes tem que usar preservativo sempre nos meus programas. É uma
norma de segurança básica. Já utilizo com eles a camisinha ultra-fina tipo “skin” para
que eles não percam a sensibilidade. E também recomendo o condom que mantém a
ereção por mais tempo. Não sei o que está ocorrendo com você – questionou ela, de
modo indireto, se fazendo de desentendida.
Aquele senhor confessou:
- Acho que é porque eu não tomei a pílula “azulzinha”, a tadalafila, hoje. Eu
esqueci.
- Ah! Então está explicado; porque é difícil um homem brochar comigo,
modéstia á parte.
- É, você é bem gostosinha e sua xoxota ainda é apertada, mas hoje não estou
muito legal. Acho que é estresse e ontem não dormi muito bem.
- Vamos tentar mais uma posição diferente! – ofereceu Andreza.
- Garota, me faz um boquete primeiro. Nem o boquete pode ser sem
camisinha?
- Não – respondeu a garota de programa, na lata.
- Mas faz mais uma vez, com capote mesmo – solicitou o empresário.
E ela o fez; a seguir tentaram mais uma vez na posição “cachorrinho”, só que
desta vez os dois em cima da cama, ela se apoiando na cama com os quatro membros
e o abdômen voltado para baixo, e ele, de joelhos no leito; e assim o empresário
conseguiu finalmente chegar ao orgasmo.
- Ufa! – disse ele - deitando-se ao lado de Andreza, com ar vitorioso. – Eu
pensei que não ia gozar hoje, mas no final trabalhei bem.
Ela se cobriu com um lençol quase até o pescoço. Benício a questionou então:
- Vixe! E você é envergonhada? É tímida?
Andreza não era tímida; só não estava muito a vontade com o coroa, e mentiu:
- Não. Só estou com frio. Posso tomar um banho quente? Estou liberada por
hoje?
- Pode tomar sua ducha. Já encerrei hoje também! – concluiu o homem, todo
orgulhoso.
Andreza tomou seu banho, voltou do chuveiro já vestida e o empresário a
pagou.
- Valeu, obrigado – agradeceu ela.
E o empresário foi deixá-la toda contente no seu apartamento, pela grana que
recebeu.
- Tchau, babe, e até a próxima! – Despediu-se o homem – mas Andreza não
sabia se teria um segundo encontro com ele. Por ela, não.
Dois dias mais tarde Andreza se comunicou com Larissa através de uma ligação
pelo zap:
- “Hellen”, você acredita que eu saí com o carinha da lagoa e depois com o pai
dele.
- Como assim? Você fez programa com os dois? Foi mesmo?

- Sim. O filho é bom de cama, mas o velho já está passado.


- Verdade?
- Sim, só levanta o “pau” direito agora se tomar “viagra” e se transar sem
camisinha. Não sei como a mulher dele ainda transa com esse traste. Se com uma
gatinha como eu ele quase não deu no couro, imagine com a mulher dele. Deve ser
uma coitada! Devem fazer sexo de dois em dois meses, ou mais. Ele ainda veio me
dizer: “Você é gostosinha e ainda, ainda tem uma buceta apertada“. Que velho
palerma! Mas ele é rico e vou deixar ele me seguir no Instagram. Entretanto, não vou
aceitar proposta de programa da parte dele tão cedo.

- Você está certa, Bruna. Puxa vida. O coroa é mole assim?


- Melhor para mim que faturei um dinheiro fácil. Não deu nem para esquentar
ou arder minha buceta! Cabra frouxo...
- O velho pelo menos chupa direito...?
- Minha irmã, ele tem um bafo desgraçado! Eu nem tentei arriscar! Não deixei
ele chegar perto do meu priquito! Se aquela boca podre chupasse minha xoxota acho
que ela ia apodrecer!
- Minha amiga, em que boca você se meteu?
- Literalmente: uma boca podre.
- E o filho dele?
- É muito mentiroso e raparigueiro. Vou dar um tempo. Até dá medo de pegar
AIDS.
- Amiga, não vai chupar o pau de qualquer homem sem camisinha!
- Pode deixar, Hellen. Só vou chupar sem preservativo o pau de homens
selecionados e vai ser raridade.
- Tomara que seja verdade. Você é louca para chupar pênis!
- Adoro mesmo chupar pau. E aqueles que ficam babando eu fico doida para
cair de boca. Chupo até o talo e saio lambendo tudo...
- Cuidado com as DST’s, amiga. Quem vê cara, não vê doença.
- Pego não. Eu me cuido.
- Vai dormir, sua tarada.
- Boa Noite.

Andreza e Wanessa conversaram pouco tempo mais tarde:


- Wanessa, me indica aí um cliente bem legal. Estou precisando de grana.
- Bruna, eu tenho um “boy” bem legal para você. O nome dele é Thiago.
- E ele faz o que na vida, amiga?
- Ele é jogador de futebol. Foi Larissa que o conheceu primeiro e ficaram amigos.
Andreza ficou entusiasmada.
- É mesmo, do jeito que eu gosto. Eu curto jogadores de futebol. Adoro
homens que se cuidam e são sarados. Ele deve ter um físico ótimo. Qual a idade dele?
- quis saber a morena.
- Sim, bem magro e corpo em forma. Me parece que ele tem 24 anos. Ele é
solteiro e tem um vigor!!! Você nem imagina! - disse Wanessa, em tom de admiração.
- Sei do que você está falando. Jogador. Imagino. Mas ele não fica muito
cansado após os treinos e jogos?
- Não. O preparo físico dele é excelente. E é um cara gente boa; muito legal.
Ótima pessoa.
- Que bom! Você já ficou com ele quantas vezes?
- Umas três . Uma vez no motel e duas no apartamento dele. Foi ótimo.
- Ele te levou no apartamento dele? Foi mesmo?
- Sim, pois você sabe que sou discreta. Então ele confiou em mim e me levou
até lá.
- Wanessa, você ficou amiga dele??
- Não. Só colega. Por isso tenho o telefone de Thiago. Ele confia em mim. Já
indiquei a Larissa para ele. Fizeram um programa.
- Ele é muito raparigueiro? Por que um jogador de futebol ia sair com tantas
garotas de programa ? Ele é famoso?
- Ele é profissional, porém, ele não é famoso. Ele me falou que só sai com
garotas indicadas por alguém, que sejam discretas e confiáveis. Por isso, guarde
segredo da vida dele. Combinado?
- Sim, sou profissional e sou confiável – declarou Suellen.
- Thiago é o nome dele. O nome de verdade. Ele me contou que sofreu muito
após o término com a última namorada e quer dar um tempo agora. Ele me diz que
não vai querer nada sério por algum tempo com nenhuma garota. Ele também sai com
garotas que não são GPs, mas quando a moça vai querer algo mais sério ele diz que
pula fora da relação. Mas ele jura que não engana nenhuma mulher desde o princípio.
Elas é que vão-se apaixonando e ele prefere se afastar então. Thiago me disse que está
mais focado na carreira e ele pensa em se transferir para algum clube de futebol da
região sudeste, caso receba alguma proposta. Ele acredita que lá sua carreira pode se
deslanchar melhor. Ele se tornaria um jogador mais valorizado e com melhor salário.
Mas ele não ganha mal aqui em Fortaleza. Só não posso falar o clube em que ele joga;
é fácil você descobrir, mas nunca comente sobre qual o time em que ele joga, ok ? Ele
pediu sigilo para mim.
- Então ele é um jogador ambicioso. Interessante. Eu preciso de um homem
assim, para me espelhar nele.
- Andreza, não vá se apaixonar por Thiago – alertou sua colega de atividade. -
Ele é jovem, mas é muito inteligente e ele me disse claramente que não quer
envolvimento sério com nenhuma mulher por uns 2 anos. Ele garante que já esqueceu
a ex-namorada e já superou o relacionamento com ela, mas ele conta que não foi fácil.
Ele estava quase convicto de que ela era o amor da vida dele, mas a moça lá tinha
muitos ciúmes dele com as torcedoras e ela acreditava que ele a trairia após casar pelo
que ela constatou de dois amigos dele, colegas de profissão, que tiveram casos
extraconjugais. Então ela desistiu de noivar com ele e casar. Ele diz que ficou arrasado,
pois eles se davam muito bem, já tinham boa convivência dentro de suas famílias e ele
era muito apaixonado e nunca a traiu. Esse fato o entristece pois ele acredita que ela o
amava, mas se acovardou, com medo de ele mudar depois e ficar mulherengo. Thiago
me disse que agora vai aproveitar a solteirice por uns 2 anos.
- Coitado dele. Fiquei com pena dele nesta história, apesar de eu achar que
nunca devemos ter pena nem dó dos homens. Eles são maus conosco. Porém neste
caso eu senti dó de Thiago. Parece que ele foi muito sincero com você e só falou a
verdade. Aparenta que ele é uma pessoa de bom coração e não é falso.
- Sim, eu também senti isso nele. Acho Thiago uma pessoa especial. Ele é uma
pessoa verdadeira. Por isso, trate ele bem.
- Então ele tem tempo certo para se amarrar de novo - e Andreza deu um
sorriso safado. - Pois vamos aproveitar estes dois anos do Thiago em liberdade.
- Com certeza. Mas se você, Suh, sair com ele durante dois anos quem vai ficar
gamada é a senhorita.
- Deus me livre! Não penso em ter nada sério com qualquer pessoa aqui em
Fortaleza. Eu tenho convicção de que retornarei para São Luís. E quero voltar solteira;
levar um marido ou noivo daqui para o Maranhão pode não dar certo.
- Por quê? - questionou a amiga, que estava ruiva no momento.
- Uma questão minha, pessoal. Prefiro assim. Eu não vim para me prender a
alguém no Ceará. Não quero compromisso sério com ninguém, por enquanto. Quero
viver minha vida. Não quero me apegar nem me prender a qualquer homem tão cedo.
Eu juro, Wanessa.
- Você tem razão, amiga. Mas já estou ficando com saudades de você. Eu pensei
que você ia ficar em Fortaleza definitivamente. Aqui é maravilhoso. Uma cidade
grande, tem tudo: trabalho, vida noturna, tem muito homem disponível, amizades,
turistas, belezas naturais, muitas opções. Acho minha cidade espetacular, modéstia à
parte. Só violência que estraga, mas a gente vai aprendendo a viver aqui. E como é São
Luís do Maranhão, Suh? Ouço falar pouco de lá e não conheço sua cidade. Você é
natural de São Luís?
- Sim, nasci na capital. Eu gosto muito de minha cidade, não sei se é porque
nasci lá e é onde estão meus amigos e quase toda a minha família. Minha cidade é
menor que Fortaleza, mas não é tão menor assim; ela é menos desenvolvida e menos
verticalizada; não tem uma orla tão bonita e tão urbanizada quanto a capital do Ceará,
mas tem-se desenvolvido bastante nos últimos 20 anos. São Luís já tem vários
Shoppings Centers e muitas opções para sair à noite, como bares, pubs e restaurantes.
Também tem muitas pessoas de outros estados morando e trabalhando em minha
cidade. O Porto é bom, movimentado, possui a companhia Vale, e ambos trazem
divisas para São Luís. As praias não são muito boas, mas gosto de algumas, como a de
Araçagy e a do Mangue Seco. Eu gosto de minha cidade. Venha conhecer um dia.
- Com certeza; fiquei com vontade de conhecer agora que você fez propaganda;
um dia vai dar certo. Andreza, pois eu vou repassar seu contato para Thiago e ele vai te
chamar no Zap.
- Obrigada, amiga. Vou ficar aguardando.
E se despediram.
____________________________________________________________
Cerca de 7 dias depois Thiago enviou uma mensagem para Andreza. Wanessa
tinha dado o nome “Luna“ para a morena.
- Olá, tudo bem, Luna. Eu sou Thiago. Foi Wanessa que me passou seu contato.
Podemos marcar para sair?
Após cerca de uma hora “Luna“ visualizou a mensagem e a respondeu.
- Oi, como vai, Thiago? Sua amiga me falou de você. Você está precisando de
meu “ atendimento“?
O rapaz estava online e foi respondendo:
- Sim, eu queria marcar contigo um encontro. Onde poderia ser?
- Pode ser num motel.
- Você sugere algum de sua preferência?
- Próximo à Varjota está ótimo para mim, mas não exatamente neste bairro,
ok?
- Te pego no seu apartamento ou a gente se encontra lá?
- Me busca no meu endereço. Fica incômodo para você?
- Não. Sem problemas. Luna, quanto custa o seu programa?
- R$ 250,00 uma hora.

- Tudo bem. A gente poderia marcar para quando?

- Eu estou disponível todos os dias à noite, mas não quero fazer programas
domingo. É meu dia, para eu me dedicar a mim.
- Entendo. Pode ser hoje à noite, então?
- Pode. 20 h você pode passar na frente do meu prédio?
- Posso sim.
- Pois está marcado. Vou te enviar minha localização pelo GPS do WhatsApp.
- Foi um prazer e até a noite.

- Obrigada. Tchau.

A garota de programa estava na casa de massagens, no intervalo entre um


atendimento e outro, quando Thiago a contactou. Após trocar estas mensagens
começou a ficar ansiosa; nunca havia experimentado esta sensação de expectativa
antes de atender algum cliente. Não conseguiu almoçar bem e mais tarde procurou na
Internet fotos de Thiago, descobrindo assim o time de futebol em que ele jogava;
sabia, porém, que não deveria comentar com ele sobre sua equipe de trabalho, mas
sua intenção na verdade era matar a vontade de como era a fisionomia de Thiago.
Andreza achou o rapaz bonito: era um moreno claro, alto, de rosto delicado e olhos de
cor verde escuro, cabelo castanho bem liso e olhar sorridente nas fotos.
Aquele dia a massagista pediu para sair 17 horas do trabalho. Ao chegar a seu
apartamento, tomou um banho caprichado e foi preparar algo para comer. Após isso
foi revirar as suas malas e encontrou aquelas peças de lingerie que seu ex-patrão havia
lhe dado, mas ela nunca chegou a usar, e preferiu não jogar fora por ter achado a
lingerie belíssima. Ela as tinha lavado uma vez, há cerca de um mês atrás, de modo que
decidiu usá-las naquela noite.
Às 19 h Thiago entrou em contato com a moça, confirmando o encontro. Ela
ratificou que ele podia passar às 20 h ou perto disso. De fato, faltando 10 minutos para
o horário combinado, o rapaz estava na portaria do prédio da morena e a contactou
pelo WhatsApp. Ela já estava pronta e desceu imediatamente. A garota entrou no
carro do rapaz, cumprimentaram-se com um beijo no rosto e saíram rumo ao motel.
Thiago tinha escolhido um motel muito luxuoso, mas Andreza não o conhecia. No
caminho do local para o encontro, conversaram dentro do carro.
- Você é de onde, Luna?
- Sou de Recife-Pernambuco, – mentiu ela – mas já saí de lá faz tempo e então
perdi o sotaque pernambucano.
- Então você deve apreciar frevo e Carnaval! – insinuou o homem.
- Não, não gosto muito de frevo nem Carnaval.
- Mas dança um pouco de frevo, pelo menos?
- Só quando era criança; por isso, já esqueci – alegou Andreza, sendo que
blefava.
- Você já está neste ramo há quanto tempo? - questionou o jogador de futebol.
- Você quer dizer de acompanhante?
- Sim.
- Há menos de um ano. Eu estava morando em outra cidade e me mudei para
Fortaleza. Tive dificuldades para obter bons empregos e terminei começando a me
ocupar como massagista, mas não quero ficar muito tempo fazendo massagens.
- Tem família aqui?
- Não. E você?
- Minha família é de Morada Nova e de Fortaleza. Você faz programas fora da
casa de massagens?
- Raramente. Você conhece Hellen? – indagou Andreza.

- Sim. Já sai com ela uma vez.


- Ela é muito amiga minha. E trabalhamos juntas na clínica de massoterapia.
Nisto chegaram ao motel.
- Aqui é muito bonito – elogiou a moça. – Parece bem requintado. Nunca estive
aqui. Só conheci dois motéis aqui em Fortaleza, mas os outros não me chamaram a
atenção como este.
- Já estive aqui numa suíte de luxo com ofurô e sauna.
- Você deve ter trazido alguém muito especial...
Thiago preferiu não responder e permaneceu calado.
O rapaz escolheu um quarto e foram para lá.
- Você é bastante simpática, Luna.
- Obrigada.
Andreza pediu para tomar um banho e trocar de roupa. Thiago deu permissão e
foi arrumando os detalhes no quarto. Também retirou os sapatos e a roupa, ficando
apenas de cueca.
A garota voltou do banho enrolada numa toalha e vestida com a linda lingerie
branca que havia escolhido em seu apartamento.
Retornando ao quarto, olhou para o rapaz e disse:
- Prontinho – deixando cair de súbito a toalha no chão. – Como estou?
- Maravilhosa.
- Obrigada. Você gosta de lingeries?
- Adoro ver lindas mulheres vestidas em lingeries sensuais.
Thiago pôde vê-la, então, somente de lingerie e a morena estava muito sensual
naquelas roupas íntimas. Não eram peças ousadas demais, e caíram muito bem no
corpo de Suellen.
O rapaz ficou de pé em frente para ela e a elogiou:
- Você está linda nesta roupa.
Ela disse:
- Enfim, sós, e sou toda sua.
Thiago começou, então, a beijar com carinho o pescoço da garota,
abraçando-a de modo delicado. A garota deu um leve suspiro e declarou que
estava gostando daquele carinho. Logo a seguir, Thiago a pegou nos braços e
a deitou na cama, com o rosto para cima. Ele continuou s eus afagos, beijando
seu pescoço e desceu até os seios; aproximou depois sua boca ao ouvido da
morena e neste instante lhe perguntou, em murmúrio: “Posso fazer sexo
oral em você?”
- Pode. Fique à vontade! - ela respondeu. – Eu adoro ser chupada.
O homem continuou deslizando sua boca pelo corpo da garota
chegando até o abdômen, onde se deteve um pouco entre beijos e deliciosas
lambidinhas, deixando-a a cada momento mais excitada. Em seguida,
começou a beijar sua região púbica e depois os grandes lábios a través do
tecido da calcinha. Foi despindo-a com as duas mãos e então retirou suas
peças íntimas enroladas, dobrando as pernas da garota e finalmente as
removendo pelos pés. Aproximou sua boca da vagina da moça e começou a
sugá-la com os lábios e depois acariciá-la com a ponta da língua,
deliciosamente. Andreza se retorcia na cama e soltava breves gemidos de
tanto prazer. O seu par ainda acariciava seus seios com as mãos enquanto
praticava o sexo oral. Já muito estimulada e com sua vagina minando muco,
Andreza pegou na cabeça do seu par, fazendo-lhe um cafuné enquanto ela
gemia com aquelas carícias. Então, Andreza levantou-se da cama, e elevando
seu dorso, interrompeu o rapaz, também para que ela não tivesse orgasmo,
e pediu que seu amante do dia se deitasse em decúbito dorsal. Ele já estava
em plena ereção e Suellen começou a beijar-lhe toda a região em torno do
pênis. Buscou então um preservativo ultra-fino tipo skin e, retirando-o da
embalagem, colocou no membro de Thiago e começou a sugá -lo com
vontade. Thiago recostou sua cabeça no travesseiro, fechou os olhos e ficou
aproveitando aquelas sensações de prazer, pois, muito embora ela estivesse
realizando sexo oral com preservativo, estava sendo muito prazeroso para
ele. Ela o chupou por alguns minutos e a seguir ele começou a penetrá-la,
com boa alternância entre várias posições sexuais e assim ficaram neste
maravilhoso jogo sexual por mais 40 minutos, mais ou menos, até que ele
chegou ao orgasmo e ela pediu que parassem. Thiago queria prosseguir, mas
entendeu que Luna estava cansada e deitaram um ao lado do outro, para
descansar.

Andreza contou para Thiago após transarem:


- Ah! Eu cansei desses namorados que saem com sua garota e pagam um jantar
só para comerem elas depois. Eles só desejam isso delas e partem para outras. Se for
essa a condição eu prefiro receber para transar.
“Acredita que um dia eu sai com minha amiga Larissa para almoçar; ela é uma
GP que eu conheci por ai. Um carinha sentou numa mesa ao nosso lado e começou a
me encarar.
“Pensei: o que esse garoto quer? Passaram-se alguns minutos e o garçom veio
me entregar em mãos um pedaço de papel dobrado. Disse que era um bilhete do rapaz
da mesa ao lado. Fiquei surpresa e curiosa para ler. Ele escreveu estas palavras: “ Meu
nome é Flávio. Qual o seu nome, moça bonita? Você é compromissada? Eu queria te
conhecer. Pode me dar seu telefone celular? Aí está o meu número”. De fato, havia um
número anotado no bilhete. Pensei se responderia àquele pedido e o que ia escrever.
Mostrei para minha colega. Ela leu, e em seguida olhou para ele e sorriu, em tom
irônico. E ele permaneceu nos olhando, calmamente, sem gesticular ou falar qualquer
coisa. Decidi responder ao recado dele e escrevi exatamente estas palavras: “ Meu
nome é Bruna. O programa é de uma hora e custa R$ 250,00. “Percebi que enquanto
eu redigia a resposta ao bilhete dele o rapaz ficou radiante e parecia ansioso, mas
satisfeito por eu estar respondendo. Após alguns minutos (não tive pressa) um garçom
se aproximou de mim, eu o chamei e entreguei o bilhete de resposta para que
entregasse ao rapaz.
“O garçom entregou minha resposta, ele recebeu e segurou um pouco na mão
para valorizar. Após alguns segundos desdobrou o pedaço de guardanapo e leu o
verso, onde eu havia escrito. Ele leu e parece ter relido umas 2 vezes e deixou
transparecer ter ficado impressionado e meio triste com a minha resposta.
“Depois ele puxou um outro pedaço de papel em branco de um dos seus bolsos e
foi escrevendo outro bilhete. A seguir entregou de novo ao garçom, para que ele me
repassasse.
“Recebi e li sua contra-resposta:
‘Nossa, que resposta você me deu. Fiquei desconcertado. Você não parece ser
garota de programa’.
“ Aquele rapaz parecia estar procurando por uma moça séria, para namorar, fiquei
imaginando e comentei isso com Larissa. Minha resposta, porém foi a seguinte: “ E
por acaso as garotas de programa e acompanhantes têm escrito na testa o que são, e o
que fazem? Olhando para uma mulher é possível predizer que ela é uma GP, uma
garota? E anotei meu número de trabalho no bilhete de resposta dirigido a ele“. Eu
sempre abominei o estereótipo de prostituta. Nunca quis me vestir e cuidar de meu
visual para aparentar ser uma puta. Eu não queria isso: roupas curtas e decotadas,
mega-hair no cabelo, mechas coloridas, implantes de silicone imensos nos seios, cílios
postiços, unhas compridas e gigantes, muitas vezes pintadas de modo extravagante,
maquiagem chamativa, etc. Não fazia meu tipo bancar esse padrão de garota de
programa, estampado no rosto e no resto de tudo. Sei que ele recebeu meu novo
bilhete, mais aflito ainda e leu de forma imediata. E notei que apesar de tudo ele
pegou seu celular e acredito que anotou meu número de telefone, pelo menos meu
código 2, de trabalho. Larissa, ele está gravando meu número de telefone na agenda
dele. - comentei com Larissa, olhando para ele de modo sorrateiro. E continuei: “Que
carinha insistente. Acho que ele vai me chamar depois. Vamos ver no que isso tudo vai
dar? “. E sorrimos uma para a outra. Ele se levantou pois já havia pago sua comanda,
nos acenou enfim e foi embora.
“Logo também solicitamos nossa conta ao garçom, pagamos e saímos.
“E não é que Flávio me contactou uns dias depois e me convidou para um jantar.
Ele não quis combinar nenhum programa comigo, pelo menos não conversou nada
sobre isso. Fiquei um pouco zangada por ele tentar me burlar e desrespeitar o que eu
havia dito. Mas ele insistia. Queria me conhecer. Terminei aceitando e fui. Pedi que ele
não me pegasse em meu endereço (e eu não queria que ele aprendesse onde eu
moro) para não deixar entender que eu estava interessada nele ou naquele encontro;
um date, imagine só, que bobinho! Mas eu estava curiosa em saber o que ele ia dizer
para tentar me conquistar. Eu quis marcar cedo, para 18 h e num local que não fosse
tão reservado, nem parecesse romântico, para ele não se sentir o tal e para que não
ficasse envaidecido, ou já pensando ter muitas chances comigo. O que posso dizer em
resumo ao nosso jantar é que ele quase só falou dele mesmo (quase não me deixou
falar) e me contou um tanto de coisas e bens que ele possuía, acredito eu para tentar
me impressionar e me convencer a ficar com ele, e iniciar um namoro. Flávio me
contou enfim que estava procurando mesmo por uma namorada. E eu pensei: E logo
eu? Ele é jovem, e não é feio, mas oh coitado: ele me abordou da forma mais errada.
O que tinha a ver ele sair contando tudo que ele possui? Será que ele pensa que ele ia
me comprar com aquela conversa? Ele está enganado comigo. Será que ele agiu assim
por saber que sou garota de programa? Sei que ele é muito bobo se pensa que vai me
conquistar assim. Não tem nada a ver. Se ele marcar um programa comigo eu vou ir,
mas acredito que não saio mais com ele para jantar. Ele é até legal, mas é muito
infantil. Ele quis somente me subornar e eu não gostei nada disso. Enfim: foi apenas
um jantar mesmo e não rolou nada depois. Ele fez questão de pagar a conta sozinho:
foi gentil. Mas se ele pensou que ia pagar uma refeição para mim pra me comer depois
ele vai esperar a vida toda - terminou Andreza.

Thiago perguntou então para Andreza:


- Meu bem, você gosta de tomar um bom vinho?
- Adoro, em boa companhia e em ocasiões especiais. Mas também gosto de
escolher um bom vinho seco e ficar sozinha assistindo a um bom filme e saboreando o
vinho até tarde da noite ... Ummm !!- E ela fez na boca o gesto de quem está
experimentando um vinho excepcional – É um ótimo programa. Mas também aprecio
drinks, como aqueles feitos com gin.
- Sim, os drinks de gin são maravilhosos. Também adoro os drinks feitos com
esta bebida. Acho deliciosos.
Após uma breve pausa Thiago indaga:
- E você não é evangélica? Como aprendeu a beber álcool?
- Quando eu sai de casa e fui morar sozinha. Mas bebo pouco e somente na
companhia de quem confio.
- E seu pai: consome bebidas com álcool?
Andreza disse para Thiago:
- Thiago, meu pai bebe escondido, às vezes.
- Como assim?
- Não era para ele beber, por causa da religião. Mas ele toma bebidas alcóolicas
às vezes, o danadinho. Outro dia foi até engraçado: ele estava tomando cerveja num
restaurante quando um amigo dele se aproximou para o cumprimentar. Ele ficou com
receio de o amigo dele perceber que meu pai tomava cerveja. Aí ele pegou um copo de
refrigerante, colocou a cerveja dentro e escondeu a garrafa debaixo da mesa, oculta
pela toalha. Como a sua namorada e eu tomávamos refrigerante, acredito que o colega
dele não desconfiou. Meu pai também gosta de algumas bebidas destiladas. Mas papai
também bebe pouquinho. Eu nunca tomei bebidas álcoolicas na frente dele para não
dar bandeira. Não quero que ele sonhe que eu bebo, mesmo de forma moderada.
- Andreza, Andreza...
- O que foi? Eu bebo pouco, e raramente.
- Ok. Sem problemas. Você é adulta e dona do seu nariz.
Andreza contou também para Thiago que ela e Larissa já haviam atendido alguns
gringos, ou seja, turistas estrangeiros, embora Suellen insistisse que foram poucos.
Alguns até a convidaram para viver com eles fora do Brasil, como um norte americano
e um norueguês, mas ela não aceitara pois não queria ir embora de seu país. Ela
também falou de um europeu natural da França que ela contava ser louco por ela e o
estrangeiro até lhe ligava cantando músicas de sertanejo universitário para ela.
Andreza descrevia que ele era alto, loiro, dos olhos azuis e era praticante assíduo de
esportes náuticos e adorava a costa nordestina para praticá-los . Por esse motivo o
francês vinha ao Brasil a cada três meses em média e aqui já fizera muitas amizades.
Andreza aceitou dois convites dele para jantar, assim contou para Thiago, mas não
teve nenhum tipo de affair com ele, tratando-o apenas como colega, o que o deixou
desapontado, a ponto do estrangeiro ter se queixado de Andreza para suas amigas,
como Larissa, que tinha mais amizade com ele.
Neste dia, Luna terminou revelando seu verdadeiro nome para o rapaz e lhe
contou um pouco de sua vida e sobre seus infortúnios nos relacionamentos
anteriores.

DIALOGARAM LARISSA E ANDREZA SOBRE OS ERROS NO PRIMEIRO


ENCONTRO ENTRE UM HOMEM E UMA GAROTA. ELAS SE ENCONTRATAM NO
APARTAMENTO DE LARISSA NESSES DIAS.

- Ah, Bruna, eu já cometi tantas gafes e tantos equívocos nos meus primeiros
encontros com um rapaz. Eu até me arrependo ás vezes das bobagens que fiz. Como
falar sobre os ex-namorados, sem se notar. Segundo a maioria dos homens, este é um
dos erros fatais para o primeiro encontro. Não importa se o seu ex- é um amigo em
comum ao pretendente, falar sobre ele passa a impressão de desespero.

- Sei disso. O primeiro encontro é a sua chance de deixar a melhor impressão


sobre você e não deeja que o pretendente ache que é uma pessoa louca, amarga, ou
que não esqueceu ainda o derradeiro, quer?

- Exatamente. Eu também me achava demais: ficava me gabando; sei que


transmiti na verdade a impressão de que eu era insegura e precisava de atenção, mas
posso ter assustado muitos garotos. É bacana falar sobre a última viagem ou uma
conquista pessoal, mas eu devia tentar não fazer meus interesses parecerem apenas
materiais.

- Perguntar a seu pretendente sobre sua vida é válidos e notar se ele se sente
incomodado com minhas histórias, pois posso estar exagerando.

- É mesmo, mas eu aprendi depois de muito apanhar. Levei também muito


chega prá lá dos caras; e olha que alguns eram muito promissores. Você se fazer de
burra é outro erro: mostre sua inteligência, demonstre quem você é, de fato.

- Sei de encontros que viraram sessões de terapia, um tédio: deixo meus


problemas em casa quando saio para um encontro. Nenhum pretendente vai querer
me ouvir falar sobre preocupações com o pet doente, o patrão abusado e o último
affair.

- Como você se sentiria se o seu convidado se mostrasse frustrado e pessimista


o tempo todo no date? Não teria clima para saírem depois para outro local mais
interessante e reservado para vocês. É o que eu não gostaria de encontrar em uma
pessoa com quem eu estivesse saindo pela primeira vez.

- E nada de se mostrar muito séria: tem que relaxar, brincar, sorrir, contar uma
piada se houver chance.

- Sim, procuro me lembrar que não estão em um culto, uma palestra para
discutir política, religião e outros assuntos sérios.
- Eu não persigo nenhum “boy” em redes sociais: se ainda não somos amigos,
após o encontro, não corro para adicioná-lo no dia seguinte. Não quero dar a
impressão de desesperada, até porque não sou mesmo assim, mas tenho
perseverança para conquistar o que desejo. Homens sabem muito bem como garotas
possessivas ficam quando checam a página do namorado na Internet e vêem muitas
seguidores bonitas e atraentes; eles procuram fugir desse tipo de mulher possessiva e
insegura.

Larissa convidou Andreza para fazerem um atendimento conjunto a um turista.


Seria o primeiro ménage das duas fora da clínica de massoterapia. O turista era um
jovem viúvo espanhol, com cerca de 42 anos de idade, e que visitava o Brasil pela
quarta vez e já era cliente de Larissa de tempos atrás.

Óscar era um espanhol que começou a sair com Hellen e Bruna e faziam sexo a
três.
Iniciaram um diálogo num restaurante, antes de saírem para o apartamento
em que ela estava hospedado.
- Óscar, como é na Espanha? Uma esposa que trai seu cônjuge e é tratada pelo
amante como uma “puta” não gostaria de ser tratada igual pelo marido? – indagou
Larissa.
O homem respondeu:
- Esta pergunta pode estar impregnada de preconceitos, que eu nem sei direito
por onde começar, mas vou desmembrá-la por inteiro. Então vamos lá:

"Mulher que trai" - Isso não existe. Não existe mulher que trai e nem
homem que trai. O que existe é uma sociedade fundamentada na posse, onde
conceitos artificiais como o de casamento foram criados para legitimar esse
sentimento de posse. Ninguém pertence a ninguém e se uma pessoa, seja
homem ou mulher, quer relacionar-se com outra que não a que vive com ela, o
que há de errado nisso?
"Tratada pelo amante como puta" - O que isso quer dizer? Quer dizer que
ele paga a ela no final? Sim, porque essa é a única coisa de diferente em relação
ao sexo com uma prostituta: você tem de pagar a ela no final, porque é a
profissão dela. Mas se você acha que "tratar como puta" tem a ver com os atos
praticados (sexo oral ou anal, etc) ou com a forma deles (sexo selvagem, BDSM
ou qualquer outra fantasia 'tara'), então seu casamento deve ser muito ruim em
termos de sexo, porque a pergunta passa a impressão que no casamento só é
permitido o sexo “ tradicional“, a posição "papai-mamãe" e que qualquer
variação é apenas para ser praticada com prostitutas. Que triste deve ser um
casamento assim!
"Não gosta de ser tratada igual pelo marido" - Talvez essa mulher tenha
precisado de um amante justamente porque o marido é convencional e
"certinho" demais na cama com ela, não satisfazendo todas as necessidades e
fantasias que ela nutre. Talvez se ele, o marido, abandonasse a idéia de um sexo
convencional e rotineiro, ela nem precisasse ter um amante.
“Está, quem faz esta pergunta, acredito que está na hora de rever seus
conceitos!”- concluiu o espanhol, com sua visão pós-contemporânea de um
relacionamento.
- Com certeza, isto tudo vale para um relacionamento aberto, Oscar, - declarou
Andreza - ainda mais numa sociedade conservadora, como a brasileira. E todos nós,
brasileiros, temos um pezinho nesta tradição.
- Minha mãe dizia que não existe relacionamento com um narcisista, -
comentou Larissa - considerando que com eles as relações são unilaterais, ou seja,
somente você está nessa relação, doando-se, entregando-se, até de modo
subserviente, e o que é ainda pior, acreditando ser amada muitas vezes. Para início,
eles são propensos ao pensamento e idealização mágicos, o que significa que os
narcisistas acreditam que todos os seus problemas podem ser resolvidos pela “pessoa
certa”, você, a alma gêmea idealizada por ele.
- Verdade. A princípio, você será perfeita – continuou Óscar. - Infelizmente,
ninguém é realmente perfeito, e as expectativas e objetivos do narcisista são
completamente irracionais. Quando essa nova alma gêmea revela que nada mais é do
que uma pessoa comum com falhas, problemas e deficiências e – o pior de tudo –
necessidades, o narcisista geralmente fica desiludido e desapontado. Sente-se traído.
Como pode você não atender as expectativas dele? Como se atreve a deturpar-se
como perfeito?
- A indiferença, o tratamento pelo silêncio, fazem você tentar compensar a
falha, a imperfeição do que você se tornou para ele – afirmou Andreza - e, de modo
incansável, ás vezes mesmo sem entender o porquê, ele está te tratando assim, e você
fará de tudo para ter o tratamento do início da relação. Pode ser tudo em vão! Você
“traiu” o narcisista por não ser perfeita, por ser apenas um ser humano comum; é
exatamente assim que eles se sentem: traídos Não é um absurdo. Eles idealizam a
mulher perfeita e você é a culpada no final das contas. Eu já cruzei o caminho de dois
narcisistas em minha vida.
- Tanto quanto eles podem ver, na opinião deles, você mentiu, manipulou e
ainda os enganou – reiterou Larissa; então, eles têm o direito de derrubar na hora que
eles bem entenderem. Se deseja cometer um suicídio emocional, essa é só a fase 1 que
você enfrentará. Mas a sua pergunta te dá um sinal: como não ser “descartada” por
eles? … Pergunte a si própria: você se considera digna de descarte, como algo que já
não tem nenhuma utilidade? Significado: o ato ou efeito de se desfazer de algo que
não tem mais serventia ou não se deseja mais.
- Acredito que esta pergunta, para muitas mulheres, não passe de uma
curiosidade apenas, de coração! – disse Andreza. – Devemos ter consciência
emocional. Só que muitos homens não conseguem ter um sexo liberal e inovador com
sua mulher, namorada ou esposa, etc e há “n” motivos para explicar este fato, mas
não acredito que isso acontece porque eles têm receio de sua esposa imaginar que
eles as tratando assim pensariam que elas agem como “prostitutas“ na cama; eu
penso que a maioria dos homens de hoje não tem mais esse pensamento.
As três amigas, Andreza, Juhliana e Larissa, aprontaram na beira mar de
Fortaleza.

Andreza saía com suas amigas prostitutas na orla de Fortaleza fazendo fuzaca,
chamando atenção, dançando só de biquíni, rebolando nas barracas e restaurantes da
orla para chamar a atenção dos turistas nacionais e estrangeiros, de modo a angariar
clientes. Certa vez, estavam em um restaurante da orla e começaram a dançar e
rebolar, chamando a atenção de um coroa. Alguns clientes do bar reclamaram das
garotas, mas para a surpresa das mesmas, ele e sua esposa as defenderam. Andreza
ficou amiga do casal e chegaram a levar Suellen por duas vezes a uma casa de praia da
família, tratando-a muito bem, como uma filha. O nome do senhor era Kelvin e
trabalhava fazendo pizza e hambúrgueres artesanais. Andreza se referia a ele como
empresário e revelou depois que chegou a fazer dois programas com o coroa. Esse foi
o pagamento que ela deu à esposa do homem, em retribuição à consideração que ela
teve pela morena. Que ironia!

Juhliana convidou Andreza para passarem o sábado à tarde em seu

apartamento. A anfitriã preparou um lanche da tarde para a amiga e à noite


encomendaram comida chinesa por “delivery”.

A acompanhante morena indagou à sua colega :

- Juhliana, você já deu em cima de alguma menina e terminou fazendo sexo


com ela e seu “boy”, tipo um trisal ou “ménage”?

- Sim, foi assim que aconteceu: eu já tinha feito sexo a três em outras ocasiões,
mas era a primeira vez que eu fazia parte de um casal, pois eu estava namorando.
Como sou bissexual e meu namorado é um homem heterossexual, quis respeitar a
orientação dele e começar por uma segunda mulher. Então, lá fui eu. Comecei a
dançar com uma garota na pista de uma danceteria e nasceu um “climinha” entre nós
duas. Quando senti abertura, perguntei se ela ficava com mulheres e ela disse que
nunca tinha rolado, mas que tinha curiosidade. Comecei ali um flerte, só eu e ela,
enquanto meu homem pegava um drinque. Quando ele voltou, apresentei os dois e
trocamos algumas palavras. Nesse dia foi só isso que rolou.

- E aí? Teve uma segunda chance?


- Yes, teve. Algumas semanas depois, Guto e eu saímos para jantar com uns
amigos. Os encontros estavam voltando aos poucos, com a redução dos casos de
covid, e nós, que começamos a namorar no meio da pandemia, estávamos super-
curiosos com a vida a dois em sociedade. Depois da refeição, paramos para tomar um
drinque e resolvemos emendar em uma festinha. Aí Taíssa, a garota daquele dia,
coincidentemente, nos mandou mensagem perguntando onde estávamos e foi nos
encontrar.

- Você tinha ficado com o contato dela?


- Exato. Ela chegou e começamos a dançar os três. Quando vi, já estávamos
nos beijando na pista, eu e ela. O lugar começou a ficar muito cheio, então Guto e eu
sugerimos tomar um drinque na nossa casa e fomos. Sabe aqueles dias em que a gente
sai de casa e sabe que vai transar? Eu me sentia assim, talvez por causa do vestido que
estreava e que Taíssa elogiou assim que entramos em casa. Eu não sabia bem como
começar, mas entendi que o primeiro passo estava mais nas minhas mãos que nas do
Guto; então, aproveitei o gancho do elogio e, abrindo o zíper, perguntei se ela queria
provar o vestido - ela não provou, claro.

“Começamos a nos beijar enquanto o meu namorado ficou assistindo do outro


lado da sala e eu verificar que ele estava com tesão foi me deixando ainda mais
empolgada com a situação. Quando eu e a outra garota já estávamos numa pegação
intensa, ele resolveu se juntar a nós e aí foi uma delícia, mas não vou mentir: também
foi confuso pra caramba na hora. Eu não sabia ao certo como me comportar.
- Por que, amiga? - questionou Suellen.

- Eu já tinha feito ménage, mas nunca com um namorado. E eu gostava bastante


dele e já estávamos juntos há quase seis meses. É estranho sentir tudo o que surge ao
mesmo tempo nesse momento. Tesão? Claro. Vaidade? Sim. Afinal, é algo que tem
muito a ver com o fato se exibir para uma pessoa da qual gostamos. Ciúmes? Também.
Além disso, pudor, inadequação, liberdade e mistério são palavras que fizeram sentido
para mim naquele momento. Mas o que foi mais estranho é que, logo após nos
despedirmos de Taíssa (e na semana que se seguiu ao nosso primeiro ménage como
um casal), Guto e eu transamos de uma forma como não transávamos há algum tempo
– sabe essa coisa de começo de namoro, de encostar na pessoa e já ficar morrendo de
tesão? Foi isso.

- Que bom! Eu nunca tive coragem e vontade de experimentar isso numa


relação minha com alguém.

- Fica mais fácil comigo porque sou uma mulher bissexual. Entendo seu lado,
Bruna. Depois dessa oportunidade, transamos juntos com outras pessoas outras vezes.
Ainda temos nossas questões, claro – e acho que sempre vamos ter, como em todo
relacionamento. Mas tem ficado mais confortável, menos confuso, mais natural.
Parece-me ser um novo hobby que cultivamos juntos e, por isso, causa tanta conexão
entre nós como correr no parque lado a lado.
Tem uma parte em uma música que diz mais ou menos assim: “Quando eu te vejo eu
desejo o seu desejo”, que tem algo da psicanálise, algo que ama a ideia do amor do
outro, não o outro em si. Mas penso que também se encaixa aqui: ver uma pessoa que
eu amo, que está em um relacionamento comigo (desses que não tem nenhum
suspense e que tem muito respeito), transar com outra pessoa me despertou um novo
desejo, uma vontade, uma libido nova e isso tem sido muito bacana.

À noite Andreza solicitou um transporte alternativo e voltou para seu


apartamento.

_______________________________________________________________________

Larissa perguntou para Andreza por Flávio poucos dias depois:

- E aí, morena, você tem falado com o Flávio, aquele rapazinho do restaurante
que te enviou o bilhete?

- Você acredita que eu ainda jantei com ele por duas vezes.

- Ficaram colegas?

- Quase.

- E o que ele faz na vida? Ele é mesmo rico ou abastado? Como se diz aqui no
Ceará...

- Acho que não tanto. Ele faz Engenharia de Pesca numa faculdade particular.

- E ele tem grana, pelo menos?

- Acredito que é mais foba dele. Ele é falastrão e meio gabola. Parece que o pai
dele é comerciante na cidade onde os pais moram. Eles são de Morada Nova.

- Flávio pagou os dois jantares para você?

- Pagou sim.

- Mas vocês transaram?

- Não.

- Amiga, não mente para mim! – e Larissa fez uma cara de desaprovação.

- Não ficamos. E eu acho que não saio mais com ele.


- Está certo!

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Conversaram Thiago e Andreza cinco dias depois. Ele percebeu que “Luna”
estava online no aplicativo de mensagens e lhe enviou uma comunicação :

- Oi, o que você está fazendo agora, Luna?

- Estou saindo do banho neste instante; vou sair para o shopping; tenho que

comprar um presente para uma amiga que vai fazer aniversário.

- Você não vai trabalhar hoje? – quis saber o jogador de futebol.

- Não, meu bem, pois hoje estou de folga no salão de beleza. - Andreza dizia

fazer uns bicos num salão de cabeleireira. - Vou só me arrumar e saio para o shopping.

E você, Thiago, está livre? Que milagre...

- Estou com uma dor no joelho esquerdo e só pude fazer fisioterapia hoje. Não

consegui participar do treino com bola e nem do rachão. Eu ia pedir para você vir pra

cá. Estou só em casa.

- E atleta machucado pode namorar? Rsssssss – brincou a garota.

- Pode sim. E não estou com os lábios engessados. Eu queria dar uns

beijinhos!!!

- Beijinhos... Nossa, com seus beijos você falta me sufocar; mas eu gosto muito

deles. Adoro nossos beijos ... Eles têm pegada e possuem um sabor muito bom: de

quero mais.
- Que bom. Eu também acho uma delícia te beijar. Seu beijo é profundo,

envolvente e de um sabor doce. Seus lábios são molhadinhos, e são macios. Garota,

você beija divinamente bem...

- Obrigada. Parabéns para nós dois neste caso. Nada melhor que um convite,

como o que você me fez, mas no momento não dá.

- Sem problema, vá comprar a lembrança de sua amiga. Amanhã vamos tentar

nos ver. Hoje à noite vou receber a visita de meus pais. Eles chegam hoje, mas já vão

embora amanhã.

- Nossa, que pressa deles.

- Desta vez será uma visita corrida da parte deles. Durma bem hoje, amor,

porque amanhã eu não vou te deixar dormir. Rssssss.

- Eita! Se eu estivesse aí com você agora, o que você ia querer fazer comigo?

- Eu ia convidar você para jogar vídeo-game, e depois uma imersão na minha

banheira aquecida com sais de banho e aquela espuminha! A gente ia relaxar,

tomando um champanhe!

- Meu Deus, que apartamento chique! Tem até banheira de hidromassagem?

- Sim, estou morando num condomínio. E escolhi uma casa que tem jacuzzi na

sala de banho da suíte principal. É um luxo... Já fez sexo numa banheira?

Andreza mentiu na resposta, dizendo que não. E ainda afirmou:

- Você vai me realizar depois essa fantasia, quando tiver oportunidade.


- Eu quero sim; voce vai ver como é bom. Tchau, Luna. Um beijo!

- Outro. Aproveite que seus pais estarão com você. Nine bastante os dois.. Um

beijo também.

- Pode deixar. Bjs.

E encerraram as mensagens.

_____________________________________________________

Conversaram Andreza e Thiago alguns dias depois durante um encontro:

- Andreza, você não pensa em se envolver seriamente com outra pessoa? - A


garota já tinha falado um pouco sobre seus infortúnios nos relacionamentos passados.

- No momento, não, meu bem. Eu não quero me importar com os problemas


alheios. Eu quero curtir e ganhar minha grana como acompanhante. Agora está ruim,
mas você vai ver como eu vou ganhar muito dinheiro.

Suellen pronunciava essas palavras com grande orgulho e altivez.

- Meus pais me convidaram para passar o final de semana com eles na minha
cidade, mas acho que eu não irei – contou Thiago.

- Por que você não quer ir? – indagou a garota.

- Estou sem vontade de ir. Quero ficar por aqui.

- Vá visitar seus pais. Se eu pudesse, eu visitaria os meus todo final de semana.

- Andreza, desta vez não irei. Vou aproveitar essa folga de três dias dos treinos
para descansar.

- Aproveite então sua folga, meu bem.

- Eu pensei que a gente poderia fazer algo juntos.

- Então, pense nas possibilidades e me contacte. Pode dar certo. Não tenho
nada agendado ainda.

- Sim, vou ver.

Transaram e ao final, após se despedirem, ele ficou de enviar uma mensagem


depois, convidando-a para fazerem algo juntos nos próximos dias. De fato, o
futebolista encaminhou uma mensagem dois dias depois, mas Andreza só visualizaria
depois de três dias, e não se encontraram no final de semana.

Andreza e Thiago ficaram se encontrando cerca de uma vez por semana. No flat
de Larissa, no motel e até no apartamento dele. Wanessa, porém, a alertou:
- Bruna, não fica indo ao apartamento dele, Thiago. Assim, você vai se apegar
mais a ele, e eu sei que tu não quer gamar no boy. Atrapalharia todos os seus planos.
- É verdade. Você acha, colega, que não devo mais ficar com ele no seu apê,
quando ele me convidar?
- Fazendo assim, ele está te atraindo para o ninho dele – alegou a ruiva. – E
vocês vão começar a criar memórias e vínculos cada vez maiores; depois será mais
difícil se libertar e você poderá sofrer, se terminarem.
- Nós não temos nada um com o outro. Ele é apenas um cliente.
- Será? Tem que ser como estou falando; a menos que você queira algo sério
com ele.
- Ele lá vai querer nada sério comigo – desdenhou a morena. – Um cara como
ele é cheio de mulheres cortejando; todas aos pés dele: torcedoras e fãs. Eu vi uma vez
a agenda de contatos do zap dele, sem querer. Eu vi algumas páginas quando ele me
mostrou algo no celular: tinha muitas fotos de mulheres nos contatos. Várias meninas
bonitas.
- É normal, Bruna. Ele é jovem, bonito e é muito conhecido. Você ficou com
ciúmes, foi?
- Eu não. Nada de ciúmes dele. Não tenho. Agora tem uma coisa que aprendi:
convivendo um pouco com ele estive pensando; acho que não tenho coragem de
namorar um jogador de futebol bonito e um pouco famoso como ele. O assédio das
garotas é muito grande. Eu não ia saber lidar com isso.
- Pois, amiga, não se envolva muito com ele. Mas também não engana o amigo
da Larissa. Acho que ela não ia gostar que você o seduzisse e maltratasse depois.
- Não, isso não farei. Pode deixar que não vou maltrata-lo. Não vou iludir Thiago
e depois o enganar. Não sou psicopata nem mau-caráter. Juro que não sou.
- Sei que você não é, Bruna - concluiu sua amiga. - Vocês se viram quando, pela
última vez ? Você e Thiago.
- Há três dias atrás. Acho que ele vai me contactar nos próximos dois dias.
- Pois boa sorte. Aproveitem.
De fato, três dias depois Thiago a convidou para jantar e de lá saíram para um
motel. Ele a convidou para irem a uma danceteria, mas ela não aceitou, pois Andreza
não apreciava boates ou danceterias.
Neste dia a morena aceitou tomar duas taças de vinho seco e no motel soltou-
se com Thiago. Na oportunidade a jovem revelou seu verdadeiro nome. Beijou-o
ardentemente e fez sexo oral nele sem preservativo. O jogador também lhe retribuiu
uma sessão de sexo oral generosa e transaram por mais de uma hora, conseguindo os
dois chegar ao orgasmo. Era um motel de luxo. Passaram a noite e pela manhã
tomaram o café da manhã no quarto. Depois descansaram e tiveram uma pequena
transa matinal. Ao final de tudo, Thiago foi deixá-la em seu apartamento. Era um
domingo de manhã. Ele a deixou na portaria do prédio e se despediu dela, declarando-
se: “Tchau, Andreza, eu te adoro! “
Aquelas palavras a pegaram de surpresa e a mesma disse apenas:
- Não fala isso.
Andreza havia conversado com Thiago dentro do carro, antes de chegarem ao
seu apartamento, na volta para casa.
- Sei que os homens valorizam muito a beleza das mulheres e a beleza, porém,
é passageira. Por isso não posso ficar presa à beleza física. Eu não vou cair na
armadilha dos homens que só se importam com a nossa aparência física. Somos mais
que isso. Mas quero aproveitar minha beleza, minha juventude e meus atrativos para
ganhar meu dinheiro. Tenho que aproveitar logo minhas oportunidades. O tempo
passa rápido. Quero fazer meu pé de meia. Vou conseguir atingir meus objetivos.
Preciso ganhar dinheiro enquanto sou jovem.
Andreza, inclusive, já tinha publicado em seu Facebook: “Ela é muito mais do
que aquilo que se vê.” Suellen continuou:
- Sabe, meu bem, eu gosto de provocar o macho. Numa mesa de restaurante
ficar o estimulando por baixo da mesa, tocando-o de forma maliciosa, fazendo esta
provocação. Adoro uns vibradores que os homens colocam dentro de mim e ficam me
estimulando, me excitando, aumentando e diminuindo a velocidade da vibração por
um controle remoto que fica com eles. Gosto desta preparação antes de fazer amor.
Gosto destas preliminares. Me excita. Preciso disso.
- Luna, - (era este nome que ela tinha dado para ele), - você já fez sexo com
garotas?
- Nunca transei com mulheres, não é minha praia. Não curto. Já fiz
atendimentos a três poucas vezes, mas não interagi com minha amiga durante o
atendimento. Não gosto muito de menage a trois. Eu gosto de homens, adoro homens
na verdade; mas um dia recebi uma proposta inusitada: uma mulher queria trazer o
marido para transar comigo, na frente dela. Eu nunca tinha feito isso com ninguém.
Neste dia topei. Mas deixei claro que eu não transaria com ela, não sou bissexual e não
faço programas com casais e apenas abriria uma exceção naquela oportunidade. E
estava fraco de programas, eu precisava de dinheiro. Ela me disse que ele (o marido)
estava precisando, não entendi muito bem. Sei que eles vieram e eu tive relação sexual
com ele. Péssimo. Ele transava muito mal e era muito ruim de cama. Foi uma das
piores experiências da minha vida. Acho que ela gostaria que eu ensinasse ele a
transar ou ela o queria ver transando com outra mulher para conferir se ele só
transava mal com ela. Só sei que ele era péssimo de cama e não sabia transar. Acredito
que ela concluiu que o problema estava nele. Aquela mulher não era realizada
sexualmente com o marido.
- Luna, como você é ao transar, na sua intimidade, como você gosta que o
parceiro faça? Como quer que ele te trate?
- Eu gosto que me xinguem na hora “H”, me falem palavrões, quando estou
trepando, no momento do clímax. Gosto de ouvir putarias no pé do ouvido, segredos
de liquidificador; gosto de ser chamada de safada, vagabunda, puta, vadia, etc, aprecio
putaria. Adoro que puxem meu cabelo, me dêem tapas na cara e na minha bunda
quando estou transando; eu grito e solto gemidos muitas vezes; essas coisas me
excitam. Eu gosto de tudo isso. E quero que o homem tenha atitude, e me coma em
várias posições. Também adoro fazer o papel de submissa às vezes”.
- Você gosta de fazer o papel de puta, de encenar e incorporar esta
personagem; estes gemidos não seriam puro fingimento? Quem me garante que não é
tudo simulação para enganar e seduzir seus clientes? - comentou e indagou Thiago.
- Não, eu sou uma garota de programa e sou paga para isso. É meu trabalho. E
eu gosto do que eu faço. Sinto prazer e realização quando meu cliente chega ao
orgasmo e goza. Me sinto competente e realizada. Eu gosto do que eu faço.
- É verdade, já sai com outras garotas, e que não tem nenhum apreço pelo
pagante. São mecânicas, mal falam, não dão um sorriso e, se o cliente gozou,
levantam-se da cama, vão tomar uma ducha, se vestem e vão embora, mal dizendo
tchau. Você é diferente, e se preocupa com o cliente, procura agradar e cumprir tudo o
que foi combinado, sem enganação. Você é legal. É honesta. É comprometida com o
que faz.
- Obrigada, meu bem.
- Thiago notou que “Luna” nunca indagou sobre a data de seu aniversário e tal
fato o incomodou um pouco.
Ele por sua vez questionou:
- Andreza, quando é seu aniversário?
- Ah meu bem, eu prefiro nem dizer. Eu não gosto de comemorar.
- Você não poderia me dizer?
A garota desconversou.
- Na sua família vocês não tem a tradição de comemorar? – indagou o homem.
- Temos sim – fingiu Suellen, que não costumava parabenizar seus parentes. –
Eu é que não sou muito chegada a comemorações do meu aniversário. – Andreza
também não possuía muita intimidade com a família de seu pai, com exceção de uma
tia, que residia em Brasília.
- Sua família é unida, Luna?
- Somos; apesar de morarmos bem distantes uns dos outros, somos bem
unidos.
Todavia, a garota se mostrava fria e nunca quis saber a data em que Thiago
completava anos, e este fato chamou a atenção do rapaz, pois ela sequer o perguntou
por educação. Parecia que a garota não tinha nenhuma empatia por ele, por mais que
se encontrassem e conversassem sobre diferentes temas.

Despediram-se com um beijo rápido e a moça entrou em seu modesto prédio,


saindo daquele carro luxuoso do futebolista, sob os olhares atentos do porteiro. Ela
entrou sem dar confiança ao mesmo e seguiu para o bloco do seu apartamento.
____________________________________________________________

Thiago possuía um amigo bem próximo chamado Otávio, para o qual


confessava assuntos íntimos. Eles dialogaram alguns dias mais tarde dentro do carro
do jogador de futebol enquanto se dirigiam para um local onde jogariam boliche com
outros colegas.

- Otávio, eu estou gostando de uma garota de programa. Não sei bem como foi
isso, mas foi acontecendo. Você já viveu alguma situação parecida em sua vida?

- Nunca me apaixonei por uma GP, mas acho que, se você gosta dela, e imagina
que irá valer a pena, não custa tentar. O problema é se ela vai continuar "trabalhando"
durante o período do namoro, aí vai ficar tensa a relação.

- Otávio, é mesmo!
- Eu posso te falar um pouco da minha experiência com minha ex-namorada; ela
não era garota de programa, mas tinha muita experiência sexual. Apesar de ela afirmar
que teve apenas 04 homens antes de me conhecer, a melhor amiga dela falou que ela
já chegou a transar com essa quantidade de rapazes no período em um único mês (ela
pode ter exagerado, por isso não tenho certeza); ela era conhecida por participar de
"festinhas", de farras em cidades turísticas, e só tinha tido um namorado sério na vida
dela.
Resumindo: ela é ótima na cama - fantástica, safada, ardente. Não tem pudores, anda
pelada pela casa, fala sacanagem quando está sozinha com você, te chupa muito bem,
experimenta diversas posições que eu nunca imaginei serem possíveis.
Por outro lado: eu me sentia inseguro ao lado dela. A garota recebia muitos olhares de
outros rapazes, e eu imaginava que eles já a conheciam (e tinham provado do sexo
com ela ). Quando se tem tantas dúvidas se você realmente está conseguindo agradá-
la, mesmo ela falando que é uma das melhores transas da vida dela, não sabemos se
ela está realmente tendo orgasmo ou se ela está fingindo; fora que, quando a gente
estava já mal no namoro, a gente saía e ela comentava sobre os rapazes que a gente
via e ela já tinha feito sexo; falava sobre o corpo de outros homens, que tinha vontade
de ver algum cara pelado (voltei pra academia porque já estava até com medo dela
aprontar por lá) e começava a paquerar e se insinuar pra outros rapazes.
Ou seja: pelo lado do sexo, é ótimo. Mas você precisa estar mais seguro na relação, eu,
sinceramente, não encararia.

- Mas ela não parece ser esse tipo de garota. Ela é mais reservada. Ela não é
ninfomaníaca. Pelo menos, não aparenta ser.

- Investigue mais para ter certeza, mas não se faça um “stalker” dela. Ninguém
gosta disso, deste comportamento de perseguição, nem gosta de pessoas pegajosas, e
que ficam o tempo todo em cima da pessoa, querendo saber tudo da vida dela, sem
deixar respirar.

- Tenho consciência disso. As pessoas precisam de liberdade em qualquer


relacionamento. Sentimentos de posse ou de ciúme excessivo nunca são benéficos
numa relação amorosa ou afetiva.

E os dois prosseguiram no seu caminho, passando a conversar sobre outros


assuntos.

Thiago voltaria a se encontrar com a garota de programa cinco dias mais tarde
e a incentivou mudar de apartamento, dado que ela se queixava de problemas
enfrentados em sua residência atual.
- Thiago, eu não estou mais gostando do local onde moro – contou Suellen. -
Outro dia uma vizinha encrencou comigo. E o apartamento não é muito confortável.
Pega muito sol de tarde e aí fica quente demais.
- Muda para um apartamento um pouco melhor, ali mesmo pela Varjota. Você
paga quanto de aluguel, atualmente?
- R$ 900,00, com o condomínio incluso.
- O preço está muito bom pela localização e o seu ape tem dois quartos. O valor
está dentro do esperado.
- Eu também acho...
- Mas se você pagar mais R$ 300 ou R$ 400,00 acho que consegue um imóvel
bem melhor. Posso falar com uma amiga corretora? Ela pode te ajudar a encontrar um
outro imóvel com calma.
- Não precisa. Tem horas que eu penso em me mudar, mas pagar R$ 1.200,00
ou R$ 1.300,00 já começa a ficar pesado para mim. Ah! Eu não sei exatamente o que
fazer. Sou muito confusa!
- Mas se for o melhor para você, meu bem, eu te ajudo com o aluguel nos
primeiros seis meses; te dou uma ajuda de R$ 400,00 por mês. Você aceitaria?
- Não, eu não quero – Andreza não gostaria de ficar subordinada ou devendo
favores para nenhum homem.
- Tudo bem.
- Eu gostaria de ter um apartamento melhor, mas não quero gastar muito.

- Pense bem. O que você decidir, eu te apoio.


- De toda forma vou tentar. Repasse-me o telefone de sua amiga corretora de
imóveis.
E Thiago repassou o telefone.

De fato, Thiago indicou uma corretora de imóveis, a qual ajudou Andreza a


encontrar um apartamento conforme a mesma desejava. Depois, ele e a garota de
programa se encontraram e a mesma lhe afirmou que não ia precisar de nenhuma
ajuda financeira para fazer sua mudança de local, e ele poderia ficar tranquilo quanto a
isso.
Neste mesmo período de tempo Andreza pediu para sair da clínica de
massoterapia, pois a garota descobriu que não se sentia realizada naquela atividade e
ela atravessou um desentendimento com Larissa.
Conforme a amizade das duas foi evoluindo, Larissa começou a questionar
algumas atitudes de Andreza e também tentava lhe orientar e influenciar, mas
Andreza não gostava disso e as duas tiveram desavenças que as afastaram
temporariamente. A morena também ficou sabendo que “Hellen” lhe trapaceava, pois
não estaria dividindo o cachê dos clientes de modo igualitário entre as duas. Isso
aborreceu “Bruna”, mas esta nunca chegou a tirar satisfação com a amiga sobre esse
fato, pois ela não tinha provas de tal ocorrência.
Deste modo, após sair da clínica de massoterapia, Andreza começou a ter
dificuldades de ganhar dinheiro e, devido à pandemia de Covid-19 e a crise econômica,
a clientela ainda não era satisfatória. Quando ficava sem conseguir dinheiro, Andreza
alterava seu comportamento, mas por ser orgulhosa, e para não se sentir refém ou
devedora de favores, a acompanhante não quis pedir dinheiro para o jogador de
futebol.
Larissa, por outro lado, conseguia clientes e turistas estrangeiros ou nacionais
para fazerem programas, mas, como estavam brigadas, esta opção ficou descartada,
por enquanto. A morena também sabia que suas outras colegas, também amigas de
“Hellen”, eram solidárias a esta última, e começaram a isolar Andreza desde sua
discussão com a amiga massagista.
A esta altura do campeonato, então, Andreza já se sentia arrependida por ter-
se mudado para um apartamento mais caro e ponderava que Thiago era também
culpado, por tê-la incitado a se mudar. A mente de “Bruna” raciocinava assim.
O jogador de futebol agendou então um programa com Suellen e combinaram
de se encontrar no motel. Ela recusou carona para leva-la até o local agendado e o
rapaz achou estranho. Na verdade, a moça não queria que ele já descobrisse que ela
tinha-se mudado há poucos dias. A garota também colocou certa dificuldade para
marcar o programa, dizendo que não poderia se encontrar com ele naqueles dias e
quase não respondia suas mensagens nem atendia suas ligações.
No motel conversaram.
- Luna, você me enviou uma mensagem pelo zap e apagou antes que eu
pudesse ler. O que dizia a mensagem?
- Foi mensagem errada. Não era pra você – mentiu a mulher.
- Você já se mudou de endereço?
- Ainda não – blefou ela, pela segunda vez.
Durante e após a transa o jogador notou que a moça estava diferente, com um
jeito mais sisudo e pouco falante.
- Andreza, está tudo bem?
- Sim, por quê? – fingiu ela, só que Thiago notou que alguma coisa a
incomodava.
- Certeza?
- São apenas problemas lá em casa. Eles me amolam demais – inventou a
garota. - Não se envolva.
- Tudo bem – replicou o rapaz, já com medo da postura da garota.
Os dois estavam deitados nus na cama e ele ficou em cima dela nesse instante.
Após uma breve pausa, disse ele, fitando os olhos da jovem:
- Andreza, eu queria te perguntar uma coisa. Posso?
- Pode perguntar ... – reforçou ela, em tom sério.
- O que eu represento mesmo para você?
Andreza lhe respondeu impiedosamente, na intenção de o magoar:
- Você é apenas um cliente para mim. Só isso e mais nada. Por quê?
Thiago ficou um pouco surpreso com a resposta; todavia, o que ele sentiu mais
nesse momento foi tristeza e um pouco de decepção. Se Andreza estava falando a
verdade, ela acabara de revelar então que não nutria nenhum sentimento afetivo por
ele, ao contrário do que ele imaginava já estar acontecendo.
- Eu pensei que você fosse me dar outra resposta – retrucou o jogador.
- Por quê? Eu deveria? – questionou ela, com tom inquiridor.
- Imaginei que já houvesse algum sentimento entre nós. Eu acreditei que você
diria pelo menos que eu sou uma pessoa que você está conhecendo melhor e que se
importa um pouco comigo.
- Desculpe, então.
Depois disso, se apartaram e foram embora. Andreza saiu dali de transporte
alternativo. Thiago nem tentou lhe oferecer carona.

Cerca de 4 dias depois, Thiago procurou a garota em seu novo endereço. Ela já
não respondia mais suas mensagens. O endereço dela lhe foi repassado por sua amiga
corretora de imóveis.
Andreza ficou surpresa com a visita inesperada de Thiago e perguntou com
desdém:
- O que você está fazendo aqui? - indagou Andreza para Thiago.
- Eu só queria te ver e apareci... E eu queria conhecer seu novo apartamento.
- Eu ia te convidar para conhecer... mas não agora.
Thiago olhou então nos olhos de Andreza e a questionou:
- Bruna, por que você está fugindo de mim? Por que você se afastou tanto nos
últimos dias? Eu te magoei? Foi alguma coisa que eu falei que te desagradou?
- Não, não foi nada. É porque nestes dias eu estive muito ocupada com a
mudança.
Em certo momento,todavia, o rapaz ouviu Andreza sussurrar algo assim: “me
faz mudar de endereço pensando que vai ter um local melhor para transar, imagina,
não vai...”. O jogador, entretanto, preferiu não debater nada sobre tal fala da garota.
Na realidade, Andreza fingia e ela estava mesmo chateada com Thiago. Porém,
preferiu continuar enganando que não havia nenhum problema entre eles.
Thiago pediu então para ir ao banheiro.
- Meu bem, antes de ir embora, eu gostaria de usar seu banheiro. Posso?
- Pode. Tenta ser rápido. Vou precisar sair.
Thiago se dirigiu para o banheiro e foi quando Andreza fechou rapidamente a
porta de um quarto ao lado do lavabo e ainda disse:
- Por favor, não entra neste quarto! - pediu ela, bem compenetrada.
Não era o quarto com a cama de Andreza.
Thiago indagou, de pronto:
- Tudo bem; mas o que tem de tão especial neste quarto? Você está
escondendo alguma coisa?
- Não. É porque são minhas coisas que estão em caixas e bolsas. Não entre
nesse quarto e não mexa, por favor – reforçou a morena.
- Tudo bem. Sei cumprir ordens.
Após o rapaz sair do banheiro, ela dirigiu-se a ele, dizendo:
- Eu estou apressada. Tenho uma avaliação na academia 9:30h .
- Você marcou a avaliação com aquela personal que te indiquei, a Soraia? Ela é
ótima e muito competente.
- Não. Marquei com outra pessoa; o nome dele é Airton.
- Por que não deu certo a Soraia?
Andreza mentiu neste momento:
- Ela não podia hoje e eu só tinha este horário disponível.
Em seguida saíram do apartamento; Thiago lhe deu uma carona até um
quarteirão antes da academia. Na despedida, ele falou que entraria em contato nos
próximos dias.
- Tudo bem – respondeu a moça.
Andreza em seguida lhe deu um beijo tipo “selinho” na boca e se foi.

Otávio e Thiago conversaram sobre Andreza mais uma oportunidade, alguns


dias mais tarde:

- Otávio, como eu faço para chegar nessa garota? – indagou o segundo.

- Uma abordagem agressiva com essa garota não vai funcionar, amigo, mas
uma abordagem confiante, sim. Lembre-se de que confiança é fundamental; não é
tudo, mas ela deve saber a diferença entre uma atuação e uma estabilidade emocional
real. Ela conhece a distinção entre ousadia e segurança.

- Isto significa que devo ser bem pé no chão e pontual em minha abordagem.
Assim, Andreza vai se questionar por que não estou aos pés dela como outros homens
poderiam estar.
- Deixe a garota te ajudar; desafie-a a te seduzir; nunca perca a paciência, e
trate-a com respeito. Minha forma favorita de abordar este tipo de mulher é fazendo
elogios sinceros, mas na estratégia que mostre que estou acostumado com a beleza e
esta não é grande coisa.

- Eu compreendo. Primeiro, ela adora perseguir, seduzir – é como ela consegue


seu poder. Segundo, todos os outros caras estão se jogando aos seus pés. Então, é
apenas uma questão de não fazer isso; ser autêntico. Ela vai naturalmente procurar
conquistar você.

- Ela interpreta a dominação de um homem vendo quanto o mesmo fica


confortável ao zombar de si mesmo (e dela, mas em um nível menor). Fale
abertamente sobre seus objetivos, fracassos, interesses e memórias bobas da infância,
e seu momento embaraçoso mais recente. Sinta quando o cara comum tentaria
avançar ou tentaria dizer algo sedutor, e, ao invés disso, olhe para longe e relaxe seu
corpo e sua mente. Não banque o amante inexperiente.

- Será que posso em algum momento querer algo sério com ela? Você acha que
vale a pena investir? – questionou o jogador de futebol.

- Uma garota com perfil sedutor pode em algum momento querer uma família,
mas ela sabe que, hoje em dia, uma mulher não pode depender de um homem para
cuidar de si.

- Calma, Otávio, não estou pensamento em casamento ainda.

- Ela acredita ser independente e deseja a princípio pagar suas contas mais
essenciais. É provável que não vai ficar satisfeita em casa. Porém, como ocorre com
todas as mulheres, ela tem a necessidade de cuidar de seu homem para poder
fortalecer seus laços. Ela faz isso ajudando ele de formas práticas pois, acima de tudo,
é uma mulher realista.
- A última coisa que ela procura é um submisso, acredito eu. Homens são
egoístas – ela sabe disso porque ela teve muitos deles. Otávio, eu gostaria que ela
parasse de realizar programas.

- Não necessariamente, no início. As acompanhantes costumam não abrir mão


do seu trabalho para entrar em relacionamentos; se ela quiser continuar por um pouco
mais de tempo, e ela te pedir isso, e você se sentir confortável com a situação, basta
alguns cuidados com relação à privacidade e detalhes do programa. Vai com calma.

- O que, por exemplo?

- Tentem progressivamente se libertar dos programas; deixem de fazer apenas


sexo; deve haver assim espaço na agenda para programações de casal, seja um jantar
ou um cinema no final de semana.
- O que mais, amigo?

- Decidir sobre a questão dos familiares: por exemplo, se nem os delas


souberem da profissão que ela exerce, por que você contaria a verdade para os seus?
Porém, caso saibam, é justo você tentar esconder isso? É importante que ambos
conversem e possam expor suas opiniões sobre o assunto, antes de combinar o que
será feito.

- Mas se eu insistir que ela deve deixar de ser garota de programa?

- Agora, se você fizer questão que ela pare, esteja preparado para uma coisa: a
ajuda financeira. Sim, a maioria destas garotas podem estar procurando alguém para
bancá-las, a fim de que elas saiam dessa vida. Se você vai pedir para ela sair do seu
trabalho, você vai ter que ajudar financeiramente, até ela conseguir um emprego ou se
vocês decidirem tentar morar juntos.

- Mas sei que muitas acompanhantes faturam uma boa grana por mês. E aí?

- Sim, é por esse motivo que repassei estas últimas colocações. Se você quiser
que ela saia dessa vida, esteja preparado para no mínimo bancar o estilo de vida que
ela tinha. Não precisa dar uma “mesada” pra ela, mas se ela precisar de dinheiro para
comprar roupas ou ir ao salão, esteja preparado, já que ela não terá mais uma fonte de
renda.

- Obrigado pelas suas reflexões. Você me ajudou bastante a pensar melhor


sobre esta minha situação.

- Qualquer coisa, estou aqui para a gente conversar, amigo.

ANDREZA CONVERSOU COM WANESSA POUCO TEMPO DEPOIS :

- Wanessa, o que você acha de um homem que se apaixona por sua


acompanhante? – indagou Andreza.

- Por mais que a relação entre os dois seja agradável, ambos têm de conviver
com a desconfiança e o preconceito dos outros – opinou Wanessa. – Além disso, os
homens estão sempre mais preocupados com a fidelidade da garota. Por isso,
cobranças de ciúmes podem surgir e está aí um problema e tanto.

- Eu sei - continuou Andreza. - A primeira pergunta que passa pela cabeça dos
que cogitam esta relação é: uma prostituta ou ex-acompanhante pode ser uma mulher
fiel, ou sempre vai estar sujeita a fraquejar?

- Pois saiba, minha amiga - contou Wanessa - que para dar certo _ como em
qualquer outro relacionamento _ seu papel é oferecer segurança. Veja o que
aconteceu com um cliente meu que conheceu uma outra garota de programa em um
bar, mas não sabia que ela era GP, e começou a se envolver com a moça. Ele me
contou: no início, quando eles se conheceram e nos primeiros encontros, ela dizia ser
advogada. Depois de quase três meses de relacionamento, quando a relação estava se
tornando mais séria, ela abriu o jogo e revelou a verdade e qual foi sua reação: no
momento em que ele soube, Fred diz que virou as costas, sumiu, e ficou sem entrar
em contato por aproximadamente um mês. Com a ausência, ele disse que passou a
sentir muita falta da garota e voltaram a se encontrar. No começo, após a revelação da
verdade, foi mais difícil ele aceitar e tiveram algumas discussões. Não é qualquer
homem que aguenta, penso seu. Eles ainda namoraram e terminaram tendo uma filha
linda, mas hoje eles não moram juntos. Todavia, ele participa ativamente da criação
da filha.

- Ainda bem, menos mal. Um final parcialmente feliz – refletiu a morena. – Mas
não quero engravidar de nenhum cliente. Não tenho cabeça para isso.

- Mas, na história que relatei, eles nunca foram cliente e garota de programa.

- Sim, eu entendi o que você relatou.

_____________________________________________________________

Otávio e Thiago conversaram no dia seguinte, no apartamento do primeiro:


- Mulher safada, qualquer uma pode ser, - afirmou Otávio, - pior é conviver
com uma exploradora, e que usa o corpo para se beneficiar de ti; percebeu isso,
amigo, termina e cai fora o quanto antes; deixa para outro ser abusado; existe mulher
safada na cama, mas de bom caráter; basta procurar, e , quando achar a ideal, é só
valorizar e ser feliz.

Otávio contou ainda para Thiago:


- Passei um inferno com uma mulher assim, por quase um ano. Esse tipo de
garota nunca descansa: está sempre planejando meios de obter o que desejam;
armam tipo uma teia nas redes sociais, aguardando uma presa interessante cair no seu
embuste. Mesmo estando em um relacionamento sério contigo, ela ainda dá
confiança para qualquer um que ela encontrar, e que tiver algo bom a oferecer na
concepção dela, pois são sobretudo interesseiras; e analisam todas as possibilidades,
friamente; se tem algo que elas odeiam é namorar um hacker, por exemplo; todo
elogio de homens lhes é bem vindo, e analisado, e guardado. O namorado ou marido
poderá fazer tudo o que for preciso, mas ela não abrirá mão de dar brecha para
possíveis assédios. Quando ela pega mesmo o cara chamando de amor, larga seu
namorado, marido etc.. Normalmente não mudam o status no Facebook, pra lhes dar
mais oportunidades de conquista. Se o cara for desconfiado é porque é doente, elas
afirmam. Ele tem que confiar nela, totalmente; é o preço que elas exigem. Tentam te
usar o máximo que podem; se aparecer outro melhor, trocam-te por esse novo, mas
não antes de ficar com os dois, para os testar, e termina depois. Você fica pedindo pra
ela voltar; o cara sofre, sente a falta da garota. Se ela quebra a própria cara, então
pede pra voltar e diz ainda: não fiquei com ninguém. Parece que já descreveram minha
ex não chegamos a namorar por causa dessas tretas dela, mas ainda assim sofri
demais. Hoje a garota vive correndo atrás de mim dizendo que "as pessoas mudam".
Eu até dei uns pegas nela ontem, a mesma cara de safada de sempre, disse até que me
amava, com um sorrisinho de malícia. "Você não acredita em mim?" Eu ri fácil. Troquei
o chip e é vida que segue. Por isso, vaza amigo, que é fria.
- Otávio, será que devo investir nessa garota? Acho ela tão difícil. Eu quero me
interessar por ela, mas não sinto firmeza. Ela também parece não se interessar por
mim de fato. Nossa relação é superficial. Acho ela muito concentrada em seus
programas.
- Então, largue ela de mão, Thiago. Talvez ela tenha nascido para ser prostituta.
Pode ser o seu destino.

Três dias depois Suellen e o jogador de futebol ficaram de se encontrar.

Thiago tentava entrar em contato com Andreza pelo WhatsApp desde 15:50 h,
mas somente por volta de 17 h ela respondeu, dizendo apenas que estava passando
por um imprevisto e voltaria a falar com ele assim que pudesse.

- Algo sério, Andreza? - questionou o rapaz. – Se você precisar de ajuda, estou


aqui . Pode falar - escreveu Thiago.

Mas ela respondeu apenas:

- Não é nada sério. Fique tranquilo.

- Ok.

E ela ficou off-line.

Passaram-se cerca de 2h e meia e ela deu sinal de vida. E digitou na tela do


WhatsApp:

- Thiago...

Por coincidência ele estava online e foi respondendo de pronto:

- Estou aqui...

E ela continuou escrevendo:

- Meu bem, você não sabe o sufoco pelo qual passei hoje. Passei o maior
aperreio hoje, fiquei muito nervosa. Ainda estou me tremendo...
- O que aconteceu, Andreza?

- Eu tinha combinado me encontrar com você às 16 h, não foi?

- Sim, verdade. E o que aconteceu?

- Só que um cara agendou comigo 14:50 h, mas ele me contactou com


antecedência, por volta de 14 h, sabe. Deixei tudo certo com ele e até passei a minha
localização pelo GPS. Só que deu 15 h, deu 15:05 e ele não chegava. De repente, ele
me envia uma mensagem explicando o que estava acontecendo: ele estava na rodovia,
chegando ainda na cidade e disse que estava um pouco atrasado, mas viria. Eu juro
que tentei desmarcar o programa, disse para ele que não dava tempo mais, já tinha
outro cliente às 16h, mas ele não aceitou minhas alegações e passou a me dizer muitas
coisas, desaforos, muito alterado, e que eu o aguardasse, e depois desligou. Passou
um pouco de tempo e ele chegou aqui em frente ao prédio da Juh e ele me liga pelo
zap. Não atendi e aí ele mandou uma mensagem e eu li: ele dizia que era policial
militar e eu tinha que descer para falar com ele, pois senão ele não ia embora. Neste
horário o prédio fica sem porteiro, pois é um edifício pequeno, de apenas 3 andares,
com um único bloco. Eu desci e sai, percebendo então que ele estava armado e ele me
pediu que eu o acompanhasse; eu tinha solicitado que a gente fosse para um motel e
eu pensei que a gente ia, mas ele me levou para uma casa de conjunto num bairro
muito distante e lá fizemos sexo. Ele é bem parecido, tem uma patente militar e por
volta de 30 anos. No caminho da casa, dentro do carro dele, ele me contou que está
brigado com a esposa, viu meu anúncio na Internet e se agradou de mim. Ele estava
com o estado mental muito alterado, mas não chegou a me tratar mal. Chegando ao
destino final, porém, fiquei com medo. A rua era quase vazia de pessoas, e a casa para
a qual fomos estava fechada. Entrando na residência fomos para um quarto. Ele
tentou me beijar, e eu o lembrei que havia falado que não beijava na boca nos
programas. Ele quis se zangar, mas aceitou minha condição. Então fiquei com medo
dele querer fazer sexo comigo sem camisinha ou tentar me obrigar a fazer sexo anal.
Afinal, estávamos sozinhos naquele lugar e ele tinha um revólver para me coagir. Pelo
menos, ele parecia não estar embriagado ou sob o efeito de alguma droga ilícita. Só sei
que felizmente eu levei camisinhas, eu falei que só transaria protegida e que não
toparia sexo anal e ele entendeu. No final de tudo ele ainda quis saber meu nome
verdadeiro (mas eu não falei) e meu número de celular pessoal, mas eu também não
disse. Ele ainda me convidou para ser amante dele, acredita?

- E você respondeu o quê? - indagou Thiago.

- Eu disse não. Eu falei para ele que nem o conhecia para ir aceitando uma
proposta inusitada como essa... Ele me pegou de surpresa... E eu fiquei mesmo foi com
medo dele. Não podia bater de frente com ele, ele podia se enfurecer comigo. Sei lá.

- E você gostou dele? – questionou Thiago, um pouco preocupado.

- Não, mas ele não é feio. Na verdade ele me deixou muito assustada. E ele
continuou insistindo. Veio me deixar no apartamento da Juh e disse que vai me ligar
depois.. Eu fiquei calada.
- Você ainda quer sair com ele?

- Não sei... Quer dizer, de preferência não. Ele me passou a impressão de ser
uma pessoa um pouco esquisita.

- Tomara que esse condenado volte para a esposa.

- Ele me revelou que eles estão quase se separando .

- Difícil acreditar nisso. Ele falou estas coisas somente para te conquistar. E o
que você fará se ele te ligar de novo?

- Não sei mesmo... Fiquei com medo dele. Não sei o que ele pode fazer comigo
se eu não responder às mensagens dele.

- Mude seu número de telefone. Diga que não dá mais certo você sair com ele.

- Não posso alterar meu número de celular. Eu tenho muitos clientes nesta
linha. E ele já sabe o endereço do apartamento da Juh. Eu vou com muita frequência
pra lá. Do jeito como ele é louco, ele pode ficar me esperando, escondido, e me
apanhar de surpresa. Aí seria pior para mim.

- Então não responda mais às mensagens dele!!!

- Ele vai ficar zangado... Não posso fazer isso!

- Andreza, eu estou achando que você gostou dele.

- Não. Ele foi um cliente como qualquer outro.

- Pois você se prepare que ele vai começar a te perseguir. Muitos destes
policiais militares são mesmo loucos. E podem ser perigosos.

- Vire essa boca pra lá. Você só fala bobagem. – explodiu a morena- Ao invés
de tentar me acalmar vem falar uma coisa dessas. Não vai acontecer nada de mal...
Você é muito pessimista.

Thiago ficou um pouco chateado com a reação e a resposta de Andreza, mas


preferiu dizer apenas:

- Ou sou realista? Deus te ouça e que ele não te faça mais nada. Mas confesso
que fiquei preocupado contigo.

- Você não precisa se preocupar comigo, Thiago. Eu sou maior de idade e sei
cuidar de mim. Não se sinta responsável por mim. Deixa que eu resolvo isso
sozinha. - rebateu Suellen.

- Tudo bem. Você é quem manda. A gente tenta se ver amanhã a tarde, então?
- Pode ser. Entro em contato.

- Pois fique com Deus. Qualquer coisa, qualquer problema, me ligue.

- Boa noite.

E encerraram a conversa no WhatsApp.

Naquela mesma noite se abateu sobre a cidade uma forte chuva com raios. Era
mês de março. Andreza quase não dormiu por conta dos trovões e dos relâmpagos e
por volta das 3 h da manhã enviou uma mensagem de Whatsapp para Thiago onde
escreveu apenas: “Thiago”, mas ele não visualizou logo e só foi ver a mensagem no
celular no dia seguinte às 7 h, mas preferiu não responder a mensagem ainda. Ele
lembrou que Andreza havia falado de seu medo das tempestades com raios e
imaginou que seu contato fora por isso. Ele também pensou que ela não tivera uma
boa noite de sono , e somente agora, pela manhã, teria conseguido dormir e preferiu
não incomodá-la. Ela tinha visualizado o WhatsApp até quase 5 h da manhã. Thiago
ficou com pena de Andreza e ressentido por não ter percebido a mensagem dela na
madrugada. Mas já era tarde.

Depois daquele dia, porém, o oficial militar não entrou mais em contato com
Andreza. Provavelmente fez as pazes com a esposa e voltou para ela.

Thiago marcou um encontro com Andreza no motel e transaram por cerca de


90 minutos. Ela parecia incomodada com alguma coisa, mas não quis se abrir com o
jogador de futebol. Este percebeu que havia algo de errado com a garota, mas preferiu
não investigar.

Andreza disse que estava procurando um outro apartamento para morar e


estava estressada. Também tinha ido a um salão de beleza com preços mais acessíveis
e a cabeleireiro tinha danificado as pontas de seu cabelo. Também após transarem,
Thiago informou a prostituta de que ele ia viajar para uma partida em outro estado. A
morena não esboçou nenhum interesse no assunto e não lhe fez nenhum
questionamento sobre sua viagem. Ao final Thiago lhe inquiriu se Andreza sentiria
saudades dele nos dias em que ele ficaria ausente, mas ela preferiu responder:

- Não, por que eu sentiria saudades de você?

- Eu não sou nada para você? - questionou ele , novamente.

- Não. Você é apenas um cliente para mim.

- Tudo bem, Andreza. Quando você quer, você sabe ser indelicada.

Andreza permaneceu calada neste momento.


Thiago pediu a conta do quarto, pagou a comanda e foi embora, sem oferecer
carona para Suellen. Esta ficou um pouco chateada por ele ter saído assim, e Thiago,
por sua vez, ficou decepcionado com a grosseria da mulher.

Dois dias depois o rapaz lhe enviou a seguinte mensagem pelo aplicativo de
comunicação. O rapaz desabafou com Andreza:
- Luna, eu sinto que muitas de suas ações são guiadas pelo medo. Acredito que
os seus temores se devam aos infortúnios de experiências passadas e que te
trouxeram diversos traumas. Ou então seus temores são advindos de falsas
expectativas, ilusões ou devaneios de sua consciência. Talvez você tenha crescido num
ambiente exageradamente protetor ou teve uma educação demasiado severa que não
te deixou desenvolver uma pessoa mais corajosa e sem medo de investir em situações
desafiadoras para você. Você deve ter passado por frustrações que foram minando sua
autoconfiança. Independente do que provocou tal situação, se você continuar
dominada por seus medos excessivos, você vai perder grandes oportunidades em sua
vida, simplesmente pelo fato de nunca querer se arriscar, por temer as consequências
disso. E vai ser uma mulher excessivamente cautelosa, comodista, procrastinadora,
aceitando a situação em que se encontra e sem alçar novos horizontes. O medo
excessivo, sem controle, pode impor uma verdadeira cadeia, na qual você é sua
própria prisioneira, e pode chegar ao ponto de não encontrar mais armas nem forças
para se libertar. Você precisa superar estes medos e entender que na vida todas as
nossas ações geram riscos, mas é preciso aprender a calcular estes riscos e têm-se que
arriscar, porque, do contrário, não vamos sair do marasmo e da mesmice em que
nossa vida pode estar.
Cerca de uma semana depois os dois se encontraram.
Thiago se despediu de Andreza:
- Parece que eu também fui mudando meu jeito de ser, conforme eu ia
interagindo com você, Andreza. Parece que eu absorvi paulatinamente o seu jeito de
ser; já não me importo muito com as outras pessoas; não tenho muita vontade de ir a
missa; só me preocupo comigo; ou penso apenas em nós dois; o resto de tudo que se
exploda; não ligo por seguinte para o que ocorre no mundo; fiquei mais egoísta; fiquei
mais introspectivo; meu mundo ficou mais fechado; meus horizontes se reduziram;
acho que você me fez mal - disse Thiago. - Ou eu fiz mal em tentar viver sua vida. Eu
deixei de ser eu mesmo para viver sua vida e projetei seu ego dentro de mim, do meu
cerne. Eu me enganei. Eu não deveria ter feito isso, mas estou desistindo de você na
hora certa. Tchau para nunca mais.
E Thiago saiu para nunca mais voltar.
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Larissa indicou um jogador de pôquer, Cláudio, para ser cliente de Andreza. Eles
se conheceram na clínica de massagem tântrica, trocaram telefones e continuaram
marcando encontros fora dali. Ele era casado, tinha negócios e atuava como jogador
de pôquer.

Na clínica de massoterapia da Varjota, Andreza e Larissa chegaram a fazer um


atendimento conjunto para Cláudio; com ele, a morena fez amizade e passaram a fazer
programas fora dali. Ele era casado e traía sua esposa. Passaram a se encontrar em
motéis ou nos apartamentos de Larissa e Juhliana.

No primeiro encontro distante daquele estabelecimento os dois marcaram


num motel. Cláudio comentou que ficou bastante impressionado com o atendimento
de Suellen e a forma como ela transava e isso o atraiu para agendar com ela fora da
casa de massagens.

No quarto do motel Andreza ficou apenas de lingerie e o homem vestido


somente de cueca. Disse ele:

- No atendimento que vocês me prestaram na casa de massagens fiquei


surpreso com o desempenho de “Hellen” e principalmente de você, “Bruna”.

- Obrigada, meu bem. Mas sozinha, sem ela, não me sinto tão segura.

- Imagina, você é maravilhosa. Você é perfeita, garota – elogiou seu cliente do


dia.

- Comecei a fazer programas há pouco tempo.

- É mesmo?! Então sou um privilegiado.

Nisto Cláudio começou a beijar o pescoço da garota, e os pêlos da mesma


começaram a ficar todos eriçados. Em seguida, o homem desceu um pouco o sutiã da
jovem e começou a sugar seios, ao que Andreza retirou sua peça íntima superior. O
jogador no momento seguinte foi descendo sua língua até o umbigo da mulher e
depois á sua vagina, e abaixando-lhe a calcinha, praticou sexo oral na garota. Suellen
gemia de modo suave e discreto, contorcendo-se, porém, e começou a acariciar o
couro cabeludo do cliente, fazendo-lhe uma modalidade de cafuné.

Então, Cláudio pediu para que ela colocasse o preservativo em seu pênis e ela
o fez. A acompanhante passou a sugar seu membro, mas rapidamente o homem fez
gesto para que mudassem de posição, pois o mesmo já desejava penetrá-la. Ele a
deitou em decúbito dorsal, com a nuca da jovem apoiada sobre o travesseiro, e
começou a estocá-la na vagina, numa alternância entre um ritmo acelerado e outro
lento, variando também a força com que a penetrava. A garota olhava com firmeza na
pupila dos olhos do moço e mudaram a posição sexual por três ou quatro vezes. Em
algumas mudanças de posição sexual Andreza aplicava bastante lubrificante em sua
vagina. Cláudio falava pouco e após cerca de vinte minutos transando, ela ficou sobre
o leito, apoiada nos quatro membros, de joelhos, e sussurrou no seu ouvido: “Me
come de quatro”. Cláudio atendeu o pedido da garota e transaram na posição
“doggystyle”, mas com penetração vaginal. A seguir voltariam para outra posição
vaginal com a garota sobre ele, no estilo “cowgirl”. O rapaz já estava quase atingindo o
clímax sexual e a acompanhante voltou a lhe praticar sexo oral. Cláudio notou como
ela estava excitada, pois a mesma tentava estimular seu próprio clitóris com uma mão,
enquanto sugava seu fálus com gosto, num boquete guloso, pronunciando sons
guturais. Cláudio quis estimular o clitóris da jovem, mas ela pediu: “Deixe eu me tocar.
Eu tenho o direito de me tocar. ” Logo, o cliente chegou ao orgasmo e gozou no
preservativo. Andreza pediu para o limpar; ele concordou; a jovem foi ao banheiro,
trouxe um pouco de papel higiênico e o limpou; ele agradeceu a gentileza, mas pediu
mesmo para tomar uma ducha depois, oferendo-lhe porém prioridade no uso do
toilette. Suellen foi-se higienizar e depois que voltou foi a vez do homem usar a
ducha do banheiro.

Quando ele retornou do toilette dialogaram um pouco:

- Obrigado, “Bruna” pela transa. Gostei muito – comentou o homem.

- Eu também adorei... - reiterou a acompanhante. – Meu bem, se eu pudesse,


eu transaria todos os dias.

- Acho que eu também... E por que você não faz isso?

- Simplesmente não dá!

- Eu sei. Já esperava essa resposta sua.

- Daqui você vai para onde? Desculpe perguntar...

- Você deseja uma carona.

- Se possível, eu gostaria sim. Se não for incômodo para ti.

- Não, sem galho. Levo você até onde quiser. É perto daqui?

- Sim; eu queria ficar num endereço na praia de Meireles, num salão de


beleza.

- Você trabalha lá também?

- Digamos que sim. Estou tentando começar um trabalho por lá.

Em seguida, Cláudio pagou as despesas do motel e foram embora. Ela levou a


jovem até o endereço que ela solicitou e se despediram dentro do carro com um beijo
tipo “selinho” no rosto.

- Até outro dia, linda – disse o cara por último.


- Se cuida, meu bem – pediu a acompanhante.

E Andreza seguiu seu caminho.

Suellen saiu com o jogador de pôquer cerca de cinco dias depois para outro
motel e conversaram sobre sexo oral:

- “Bruna”, - começou Cláudio - veja aqui uma matéria interessante que


encontrei na Internet. Diz assim. E o homem leu o artigo para ela:

“BENEFÍCIOS DO SEXO ORAL

FAZER SEXO ORAL NAS MULHERES PODE FAZER BEM PARA A FLORA INTESTINAL
DO HOMEM”.

- Muitos homens adoram receber, mas não gostam muito de retribuir sexo oral
nas mulheres – contou Cláudio. - Mas li que as bactérias da vagina da mulher nos
fazem bem.

- O que você achou, Bruna? – indagou o homem.

- Curioso. Você aprecia muito o sexo oral, não é? Tenho notado esta sua
preferência...

- Eu penso que o sexo oral tem muitas vantagens para o casal - disse Cláudio. -
Tenho me informado sobre este fato e concordo com muitas coisas.

- Você acha mesmo, Cláudio? Por quê motivos?

- Há quem afirme que ele pode aumentar a conexão do casal. O sexo oral é uma
das formas mais íntimas que existe de fazer sexo, então pode ser benéfico para o
relacionamento.

- Você acredita que é verdade? Eu não penso exatamente assim.

- Acredito que para muitos casais é verdade. Além disso, ajuda a driblar a ejaculação

precoce.

- Porém, muitos homens gozam logo se a mulher realizar o sexo oral bem feito. Não é

contraditório? – redarguiu a moça.


- Os sexólogos dizem que a prática pode ser usada para ajudar homens que

sofrem com ejaculação precoce.

- Eu acho que pode não dar certo.

- O sexo oral também ajuda na excitação sexual das preliminares. Ele promove mais

tesão no casal.

- Sei que muitas pessoas se excitam recebendo o sexo oral, mas acho que são

os homens que gostam mais de sexo oral.

- Você acha?

- Opinião minha. Nas mulheres sei que nos ajuda atingir o orgasmo - afirmou

Andreza.

- Então é uma maneira gostosa e prazerosa de ter orgasmo - continuou Cláudio.

- Mas as mulheres gostam mesmo é de penetração, em minha opinião. Eu

particularmente prefiro. Gosto muito de receber sexo oral, mas a penetração é

melhor.

- E quais posições sexuais te dão mais prazer?

- Acho que todas. De quatro é uma delícia. Mas várias posições são muito

prazerosas. Eu gosto é dentro! - E Andreza deu um sorrisinho maroto.


- Pois eu gosto bastante do sexo oral também - continuou o homem. - Ele me
excita bastante e dá muito prazer. Gosto de receber da parceira e praticar nela.

- Exigente, hein. – E a garota deu outro discreto sorriso safado. – Mas é


verdade. Eu procuro me cuidar.

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Andreza e Cláudio se encontraram no apartamento de Larissa cerca de quatro
dias mais tarde.
A morena conversava com o jogador de pôquer:
- Meu bem, - começou ela, - eu e a Larissa conhecemos um gringo tão bonito.
Ele é francês. É bem alto, loiro, dos olhos azuis. Ele já veio ao Brasil 2 vezes e já saímos
para jantar umas 3 ocasiões. Por duas oportunidades ele me convidou sozinha e
saímos. Ele me diz que é louco por mim, mas entre nós nunca rolou nada. Ele até falou
com a Juhliana que estava um pouco chateado por eu não dar uma resposta para ele
sobre nós.
- Ele fala bem em português? Você pensa em namorar com ele?
- Fala bem língua portuguesa. Dá para a gente se entender direitinho. Quanto a
relacionamento com ele, e tipo assim: não sei, mas sinceramente acho que não. Ele é
bem legal. Me liga bastante pelo WhatsApp. Do nada ele me faz umas chamadas e
canta umas músicas de sertanejo universitário. Ele é doidinho, fica cantando para mim
no telefone. Ele é louco para eu ficar com ele ... Mas para mim acredito que é só
amizade.
- Você jura que nunca transou com ele?
- Nem beijei ... Ele me respeita muito. É um verdadeiro “gentleman”. Eu penso
que ele gostaria de ter algo sério comigo...
- Bruna ... verdade? Você nunca ficou com ele?
- Sim. Já saímos por duas ocasiões eu e ele, sozinhos, mas foi só para jantar.
Não aconteceu mais nada depois. O gringo não tentou avançar tanto o sinal. Ele me
disse as suas intenções comigo, porém me fiz de desentendida, digamos. Ele é grilado
comigo por isso, mas não posso fazer nada contra a minha vontade. Acredito que ele
me entende. Ele adora o Brasil e vem aqui de 3 em 3 meses ou até menos . Ele curte os
esportes no mar, como wind surf, kite surf, mergulho, etc.
- Que bom!
Após se encontrarem por três vezes “Bruna” e Cláudio foram ficando íntimos e a
moça terminou revelando seu verdadeiro nome.

- Qual o seu nome verdadeiro, garota?

- Meu nome é Andreza Suellen.

- Que belo nome! Parabéns... Quem escolheu seu nome?

- Meu pai queria Andreza (o nome dele é Antônio José); minha mãe se chama
Ester e sua avó era Suely. Daí, eles chegaram a um consenso e colocaram meu nome
Andreza Suellen.

- Mas por que Suellen e não Suely, já que sua mãe queria esse nome?

- Meu pai quis incrementar meu nome. Mamãe, a priori, ficou chateada, mas
logo aceitou. Hoje dona Ester acha meu nome muito bonito.

- Legal. Assim agradou aos dois; bem pensado.

Andreza pediu para Cláudio indicar ela para uns amigos dele em outra
oportunidade, após transarem.
- Ah, meu bem, vai, me indica para uns colegas seus!
- Ok - Respondeu o rapaz. – Mas eu quero saber se você vai me indicar também
umas gatinhas bem gostosinhas e que adoram transar, como você, meu bem!? Você
tem umas amigas gostosas para me indicar também? – pediu Cláudio, com brincadeira.
- Tenho sim - rebateu a morena. Mas não tinha tantas amigas assim para
indicar. E muito menos que se encaixassem no perfil de Cláudio. Andreza estava
blefando.
- E quanto vou receber por cada indicação de cliente pra você? – falou Cláudio,
em tom de anedota.
- Você esta falando sério? Quer uma comissão?
- Não, Andreza. Eu falei com graça. Não preciso receber nenhuma comissão
sua.
- Tenho poucos amigos para indicar - continuou o cliente. - A maioria dos meus
amigos são casados, outros não curtem acompanhantes e ainda tem os gays: esses,
não se conta com eles nesta hora - e sorriu. - Mas vou te recomendar para um amigão,
e que é solteiro, o Felipe. Vocês vão se dar bem. Vou passar seu contato para ele. Ele
vai te chamar no zap. Fique ligada.

- Obrigada, Cláudio. Você é maravilhoso.

Cláudio possuía um amigo bem próximo chamado Felipe Matos, que era
contador e era solteiro. O jogador de pôquer falou de Andreza para Felipe algumas
semanas depois.

Os dois amigos se encontraram num final de tarde para tomar um chopp e


Cláudio lhe falou sobre a garota.

- Felipe, eu estava muito estressado e procurei uma clínica de massoterapia


para fazer umas massagens relaxantes.

- Sei... – brincou seu amigo, com ironia.

- Então eu conheci uma gatinha bem legal; o nome de guerra dela é Bruna.
Você quer sair com ela? Ela me pediu para indicar um amigo, me disse que está
precisando de grana. O programa dela é bem legal; ela é simpática e é uma menina
boa de cama.

- E você vai me passar uma garota tão legal assim? Não vai ficar com ciúmes?

- Não. Pode sair com ela – replicou Cláudio, sem refletir profundamente no que
estava falando.

- Saio com ela sem problemas. Repasse o número de contato da menina.

E Cláudio lhe repassou o telefone.

- Você sabe o nome verdadeiro dela? – interpelou Felipe.

- O nome dela é Andreza. Mas não diga que eu revelei seu nome real. Ela é
desconfiada. Chame-a sempre de Bruna. Se ela contar seu verdadeiro nome pra ti,
sem problemas.

- Vocês se encontram em que locais?

- Motéis ou no apartamento de duas amigas dela. Ela não gosta de me receber


no seu apartamento. Vou avisar que você vai entrar em contato.

- Ok. Pode avisar.

E continuaram outros assuntos.


Cláudio fez mais um programa com “Bruna” em um motel de Fortaleza e lhe
contou que possuía um amigo chamado Felipe, e que era um homem muito curioso e
que já havia saído também com garotas de programa.

O jogador de pôquer comentou com sua acompanhante:

- Andreza, eu tenho um colega que apresenta fantasias sexuais com prostitutas.


Ele é solteiro, e o nome dele é Felipe. Eu falei de você para ele.

- Você anda falando sobre a gente com outras pessoas? Você contou para seu
amigo meu nome real?

- Não, eu não revelei para ele seu nome de verdade. – mentiu o homem. – Eu
comentei sobre a gente apenas com ele, pois confio em seu sigilo. Ele é meu amigo de
confiança.

- Tudo bem, mas não comente com mais ninguém sobre a gente. Não deixo. É
melhor para nós dois; principalmente para você, que mantenhamos a discrição.

- Concordo contigo. Andreza, ele me pergunta às vezes, pois tem uma dúvida:
garotas de programa gozam? Você costuma ter orgasmo com seus clientes?

- Eu tive orgasmo raríssimas vezes nos programas. Não faço questão, nem
tenho essa expectativa.

- Meu amigo diz que muitos homens comentam que, ao tocar em certas
garotas de programa, eles sentem estar-se encostando num corpo sem vida, e que a
mulher na verdade está ausente. A entrega seria estar realmente presente numa cena
sexual e usufruir desse momento, mas isso não costuma ocorrer nos programas;
parece que a cabeça das garotas está longe, em outro mundo.

- Eu procuro me concentrar no que eu faço e dar atenção à pessoa que está ao


meu lado.

- Percebi isso com você. Felipe me falou que ele procurou ler sobre o assunto e
descobriu que, do ponto de vista da psicanálise, a criança do sexo feminino, em um
período de sua vida, sente desejo e atração pelo pai (é o complexo de Electra),
chegando a ter ciúmes da relação dele com sua mãe, mas aprende com o tempo que é
preciso reprimir esse desejo e buscar outro homem, e, vai revitalizar essa atração por
um macho mais tarde, na relação com outro homem. A fantasia da prostituição
permitiria que a mulher desenvolva sua sexualidade sem as amarras do pai e se
entregue à relação com um outro objeto de desejo, geralmente um homem.

- Algumas mulheres apresentam inibições, meu bem, e não conseguem se


entregar ao ato sexual, acredito eu, por toda uma questão cultural e religiosa de que a
mulher deve ter uma capacidade de retração sexual superior à do homem – afirmou a
morena. - Muitas mulheres, por outro lado, encontram barreiras em dividir algumas de
suas fantasias sexuais com o homem que amam. Às vezes, elas temem o que o
parceiro irá pensar delas, e qual julgamento de caráter fará, e se ele vai continuar
amando-a como esposa e mãe de seus filhos, ou passar a imaginá-la mais como um
objeto de prazer a partir daí.

- Eu já li, garota, que para a mulher poder superar o conflito entre ter a
sexualidade de uma prostituta e a de uma “santa”, e ser uma mulher de sexualidade
equilibrada, sem essa visão dos extremos, há algumas alternativas. Se ela estabelecer,
para outro homem, o mesmo valor de desejo que atribuiu ao pai, terá de ser só uma
“santa” – e não se entregar sexualmente a ele, pois a última coisa que quer perder é o
amor. Mas a mulher pode também entender o contrário. Quando deve superar o
desejo pelo pai, sente-se traída e pensa o seguinte: quero todos os homens no lugar de
um. Então, ela escolhe a outra possibilidade: ser prostituta. Não somente a
prostituição real, mas a entrega a homens desconhecidos, como muitas jovens o
fazem. Na terceira opção, quando a mulher lida bem com essa questão edípica
(relativa ao Complexo de Édipo e Electra), ela não precisa escolher um dos dois papéis.
Pode amar e ao mesmo tempo se entregar totalmente na relação sexual, condensando
em uma coexistência harmoniosa os papéis da santa e da “puta”.

- Lembrei-me agora: minha irmã já assistiu um filme que tinha o seguinte


enredo. O nome do filme é “A Bela da Tarde“; nele, a personagem se prostitui porque
não consegue se entregar ao marido e tem um prazer em sua entrega, realizando seus
desejos através dos clientes. Esse é o caso de um cliente oriental que mostra uma
caixinha, e somente ela aceita atendê-lo, não sabemos ao certo qual foi a demanda
misteriosa, e o filme não revela claramente. Somente a vemos de bruços na cama,
cansada, mas não dá para saber se foi bom, e depois do possível coito, do qual não
temos nenhuma participação como voyeurs cinematográficos, pois o filme não é
pornô. Essa divisão entre a prostituta e a santa ainda está muito presente no
imaginário dos homens: a Bela da tarde era santa para o marido e puta em certas
horas de certos dias. Minha irmã percebeu nesse filme que a relação amorosa entre
um homem e uma mulher pode ser imperfeita e infeliz em alguns casos quando
produz entre os dois uma intimidade reprimida, onde o desejo é inibido, e tem
vergonha de existir. A prostituta, por sua vez, é aquela que não pergunta de onde o
homem vem; para ela ele é um desconhecido; ela não o identifica, ele é anônimo, e ela
não deseja; mas procura satisfazê-lo na cama, sem as amarras do pudor e do
julgamento social.

- A psicanálise nos diz ainda, conforme Felipe estudou, que o nosso interesse,
desde criança, é movido pela curiosidade sexual, onde sexo não é apenas a cópula,
mas tudo o que produz prazer e traz ânimo ao nosso corpo. E, por mais que tenhamos
derrubado tabus, ainda somos curiosos, pois o sexo organiza a vida emocional do
indivíduo. A vida de vocês acompanhantes continua sendo misteriosa para quem não
exerce essa profissão, atraindo a curiosidade dos homens. As putas sabem sobre o
maior segredo que existe no mundo é o segredo do sexo, e elas sabem se aproveitar
desse conhecimento. Existe até a estapafúrdia expressão “puta velha”, que seria
aquela pessoa que sabe profundamente das coisas, e que “não mete a mão á toa na
cumbuca, sem saber o que há dentro”, que tem uma certa sabedoria.
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Cláudio e “Bruna” se encontraram no apartamento de Larissa novamente algum


tempo depois. Disse o moço para Andreza:
- Descobri o gringo com quem você saiu, o tal francês - contou Cláudio. - Um
loiro muito magro e comprido, dos olhos azuis, metido a riponga. Você exagerou, meu
bem. Você, dizendo que ele era muito bonito. Acho que falou aquilo só para me
provocar ciúmes. Ele pode ser legal, mas na verdade ele é feio que chega a doer na
vista da gente. Por que você não aceitou o convite dele de passar um tempo fora do
Brasil? Medo de chegar lá fora, ele te abandonar e você passar a ser explorada por
algum agente ganancioso de prostitutas estrangeiras, se valendo da situação de que
elas são imigrantes ilegais?
- Não, só não quero ficar longe da minha família – declarou Andreza.
- Você já fez programas com muitos turistas estrangeiros?
- Não, foram poucos. Eu juro. Mas posso te dizer que eles são loucos por
morenas. Penso que eles nos acham muito quentes. As mulheres dos países deles são
em geral frias. E as jovens de lá não querem se envolver com caras maduros, como os
coroas viúvos, a não ser que seja rico. As mulheres aqui do Brasil não fazem muita
questão com relação a isso. Elas se relacionam com homens mais velhos. Basta o cara
ser boa pinta, a mulher ir com a cara dele e ele for bom de cama e der conta do
serviço. Dar no couro direitinho. As estrangeiras são cheias de banca. Um norte
americano e um norueguês me convidaram para casar e me mudar do Brasil com eles.
Mas é preciso conhecer melhor cada homem para se confiar. Não me vejo também
morando em outro país. Ouço falar que as mulheres lá fora só nos chamam de putas
quando tomamos os homens delas e assim elas o declaram. E a mulher brasileira,
comentam que sofre muito preconceito lá fora quando se casa ou se junta com um
estrangeiro. Tenho uma amiga, a Larissa, que é bem corajosa e descolada. Ela já esteve
algumas vezes fazendo programas na Europa e ganhando em euro, a convite de uns
amigos gringos e deu tudo certo. Mas não tenho a mesma coragem dela. Sei que para
mim as coisas podem dar errado. Por isso tenho medo. Me acho um pouco azarada, às
vezes.
Em seguida disse Cláudio para a jovem:
- Meu bem, eu só acho você uma pessoa tão fechada; você parece tão difícil de
se abrir. Por que você é assim?
E Andreza Suellen continuou se descrevendo como pessoa:
- Eu sou uma mulher cheia de mágoas, feridas mal cicatrizadas e frustrações.
Sou repleta de arrependimentos. Não confio em quase ninguém por tudo que já
passei. Não gosto que tentem invadir meu espaço. Sou complicada e muito confusa às
vezes. Pareço calma e serena para quem me conhece, e superficialmente, mas na
verdade sou temperamental e muito ansiosa, até muito aperreada.
Cláudio pediu, então, para Andreza enviar nudes, mas ela negou.
- Bruna, tem horas que eu estou com tanta saudade de você. Envia para mim
uns nudes.
- Não, meu bem. Eu prefiro não fazer isso. Já fiz por uma vez, mas não gostei da
ideia. Não me sinto segura e prefiro não fazer mais.
- Andreza, só para mim! – suplicou ele, ainda. Mas Cláudio aceitou a alegação
da jovem.
- Não, meu bem. Não dá certo. Eu não gosto disso.
Suellen só havia enviado nudes para Douglas e Armando, mas se arrependera,
por depois entender os riscos que tal atitude pode causar na reputação de uma garota.
Ela jamais soube do vazamento de alguma foto por Douglas ou Armando, mas não
tinha mais coragem de produzir tais fotos e as divulgar. A garota era extremamente
desconfiada e tinha medo de sua intimidade ser devassada, assim como sua dignidade.

ANDREZA E CLÁUDIO CONVERSARAM DOIS DIAS MAIS TARDE PELO WHATSAPP,

À NOITE. Escreveu a jovem:

- Estou deitada, sem sono e pensando em você. Quer me ajudar a me distrair


um pouco?

- O que você quer que eu faça, neném?

- Usa a imaginação. Canta um pouco para mim.

E Cláudio cantarolou uma canção do rock nacional anos 2000 para Andreza.

- Adorei. Sabe, tenho uma surpresa para quando você se encontrar comigo da
próxima vez. Você vai ter que tirar a minha roupa para descobrir qual é .

Cláudio imaginou que a surpresa poderia ser uma lingerie nova, como eles

tinham conversado. A garota queria atiçá-lo por aquela mensagem. Saber esperar,

porém, é uma parte importante do jogo e aumenta muito a excitação.

- Você fica muito sexy quando coloca essas lingeries lindas que você tem. Eu
fico todo arrepiado quando te vejo nelas.
- Qual você prefere dentre as que já usei? Aquela vermelha … ou aquela de

renda… decotada na cor branca?

- A lingerie vermelha com certeza: foi a primeira que você usou comigo. Eu
nunca mais esqueci. Ficou gravado na minha mente.

- Uhmmm ! Que bom! ...

- Aquela nossa última transa foi muito boa, senti todo o prazer do mundo ao

gozar dentro de você .

- Safado. Eu também adorei a última vez que fizemos amor. Gostei demais

daquele dia. Mas, me conta o último pensamento erótico que você teve? Eu quero

saber o que se passa nessa cabecinha cheia de imaginação.

- Adoro quando você fala assim! Eu queria sentir sua respiração na minha pele

agora.

- Você também me fez ficar toda arrepiada aqui agora! É mesmo uma

lembrança deliciosa: você cheirando o meu pescoço, me lambendo e me beijando. Eu

queria te beijar agora todinho. Eu queria você todo para mim nesse instante. Ainda

sinto o seu gostinho e seu cheiro, seu ferormônio, em meu nariz.

- Seu beijo é delicioso; é tão profundo e doce; seus lábios são tão macios; eu

adoro te beijar. Nunca tinha beijado alguém assim do beijo tão gostoso; sempre tem

gosto de quero mais...

- Eu também aprecio muito te beijar.

- Eu te adoro, meu bem.


- Eu acho que também te adoro.

- Vou ter que desligar. Boa noite. Durma com os anjinhos.

- Você, também babe. Boa noite.

CONVERSARAM CLÁUDIO E ANDREZA PELO WHATSAPP NOVAMENTE CERCA DE


TRÊS DIAS MAIS TARDE:

- Qual parte do seu corpo você gostaria que eu beijasse agora? – perguntou o
homem.

- Eu queria umas lambidinhas no meu pescoço e nos meus seios. Imagine aí.

- Estou imaginando: você ficando com os pêlos arrepiados e começando a


soltar aqueles gemidos que são uma delícia... ai... é muito bom!

- Que tipo de música ou som te deixa excitado, meu bem?

- Sua voz e uma música romântica em volume bem baixo.

- Ai, que meloso!!! Minha voz... puxa vida. E soa tão erótica assim para ti?

- Na hora “H” sim. Sua voz se torna sensual.

- Onde você mais gosta de ser tocado?

- Nas partes íntimas! E você? ...

- Eu também, assim como na cintura e em minha bunda. Aquela pegada forte


eu curto demais !!! kkkkkkkk... - e soltou assim uma risada.

- Em que lugar você amaria fazer sexo?


- Em qualquer lugar privativo, desde que com a pessoa certa.

- E eu seria essa pessoa no momento?

- Talvez sim.

- Qual sua opinião sobre levar brinquedos para o sexo, Andreza?

- Eu não gosto muito, mas a “Hellen” e a Wanessa, elas curtem; você tem
fetiche por alguma coisa?

- Eu exatamente não. Eu gostaria de saber de você. Curiosidade. Mas você me


diz que não.

- Sim. Não curto muito fetiches, dominatrix, nem objetos para

sadomasoquismo; do que eu gosto se bem utilizados são os vibradores. Eles causam


uma sensação gostosa, e valem a pena ás vezes.

- Você prefere dominar ou ser dominada?

- No momento atual de minha vida prefiro fazer o papel de submissa ao


homem. Sinto mais tesão e mais prazer ao me sentir dominada.

- Já fez sexo amarrada?

- Deus me livre! Não tenho essa coragem; com ninguém.

- E o que você faria se eu estivesse na sua cama agora?

- A gente treparia bem gostoso. Eu ia te chupar e te lamber todinho e você ia


me comer de todo jeito, da maneira como a gente sabe fazer.

- Ai, assim você me mata. Agora me bateu uma vontade imensa de fazer sexo.
Daquelas que quase não dá para resistir...
- Qual fantasia você tem e nunca contou para ninguém?

- Eu queria transar com você numa praia deserta, á luz do luar. Até já sonhei
com isso. Veja só quanta ousadia...

- Numa praia deserta eu toparia; daria certo, sem nenhum grilo. E em qual
posições você gostaria de transar comigo agora?

- Eu queria te comer de quatro, e te deitar de barriga para cima te penetrando


e beijando sua vida, quase te sufocando.

- Você e seus beijos molhados. Mas eu aprecio bastante quando você me beija.

- Qual fantasia você gostaria de realizar comigo, gata?

- Vou pensar ainda; não sou pessoa de fantasiar muito o sexo; eu prefiro

idealizar pouco e colocar em prática o que me vem á cabeça na hora do sexo. Tudo de
forma mais natural possível.

- Eu fantasio um pouco mais; todavia, nada mirabolante; fico apenas pensando


de que formas eu poderia te dar mais prazer.

- Nossa, por que tanta preocupação com minha satisfação e meu bem-estar?!

- Eu quero que o sexo seja bom para nós dois. Eu me importo com esse fato.

- Você gostaria de ver eu me tocando agora?

- Gostaria, mas não vai dar.

- Eu falei isso, mas eu não gosto realmente de me exibir nas câmeras do celular.

Eu tenho muito pudor quanto a isso. Já fui mais exibicionista; essa minha fase já
encerrou.
- Eu queria te perguntar: você já experimentou usar alguma calcinha
comestível, com sabor?

- Um cliente me trouxe uma vez. Não me pedem isso, não. - Se você fosse fazer
uma massagem em mim, por onde começaria?

- Começaria te beijando e depois passaria para suas costas e sua bunda. Eu

adoraria massagear seu bumbum e roçar seu pênis nessa sua bundinha empinada.

Depois eu passaria para o seu tórax e ia descendo. Aquela parte... tem que deixar por
último, sempre.

- Você já fez massagem em alguma garota ou na sua esposa?

- Não. É porque nunca deu vontade e ninguém jamais me pediu isso.

- O que você faria se recebesse um “nude” meu?

- Não sei, mas eu gostaria. Mas entendo que você é reservada quanto a isso.

Não tem problemas não me enviar.

Suellen começou a sair com o amigo de Cláudio, o contador Felipe. Dentro de


poucos encontros, ela começou a relatar para Felipe as estórias de sua rotina como
acompanhante; ela também falou um pouco sobre sua família.
A morena comentou, inclusive, sobre o namoro de Melina e André para seu novo
cliente.
Disse Andreza para o rapaz:
- Minha irmã caçula tem uma namorado há 08 anos; foi o primeiro namorado
dela. Mas eu acho o namoro deles tão estranho, tão esquisito. Eu acho um namoro
morno, distante, eu não queria um namoro desses para mim. Eu quero aproveitar a
vida. Sou muito jovem ainda. Não quero me prender a um homem ainda, Felipe.
Também não desejo um namoro como o da minha irmã; acho muito sem futuro; não
entendo aquela relação deles.

CLÁUDIO FALOU DE ANDREZA PARA FELIPE ALGUNS DIAS POSTERIORMENTE.


Contou Cláudio para seu amigo quando se encontraram num fim de tarde para
um happy-hour num bar da Aldeota:

- Felipe, sabe aquela acompanhante de que eu te falei? Ela não sai da minha
cabeça; o chato é ter quase certeza que ela não vai querer nada além de sexo; isso que
é deprimente, pois ela é linda, maravilhosa, apaixonante. Ela não faz qualquer sexo;
ela faz um sexo delicioso, ela se entrega, sabe fazer com gosto, geme que é uma
delícia, e manja tudo na cama... Mexe deliciosamente... tinha que ser morena! As
morenas são muito safadas e ainda tem um fôlego que minha nossa... Será que estou
confundindo sexo com paixão?? Porque não tiro ela da cabeça ... Será que é porque
acho ela um tesão demais?? Sei lá! Já aconteceu com você, Felipe?

- Meu irmão! – retorquiu seu amigo. - Você não vai querer isso para você! Esse
é o papel delas: fazer tudo para agradarem os homens na cama!
- Mas a maioria das acompanhantes não faz! – replicou Cláudio.
- É verdade! Porém, elas muitas vezes querem nos fazer gamar e dar mais grana
para elas! Cara, você está confundindo as coisas; Cláudio, você deve estar carente e
por isso está se sentindo assim. Está pensando com a “cabeça de baixo”; você vai
querer algo sério com uma menina que faz programa? Claro que não! Lembre-se que o
que ela faz com você, faz com outros caras também.
Amigo, se quer um conselho, vá atrás de meninas que valham a pena, meninas que
realmente querem um compromisso.
- É, eu preciso avaliar isso melhor, Felipe. Posso estar fazendo uma burrada!
- Ainda mais que você é casado.
- Sim, tenho ciência disso.

CLÁUDIO E FELIPE VOLTARAM A FALAR SOBRE A GAROTA DE PROGRAMA DUAS


SEMANAS DEPOIS.

- Felipe, eu penso que a Andreza não gosta de mim, de verdade – afirmou


Cláudio. - Acho que ela não é sincera. Ela é muito contraditória...

- Descubra se ela gosta de você de verdade, - provocou Felipe. - Apesar de ser


complicado, às vezes, descobrir se uma garota realmente está gostando de nós, alguns
sinais podem servir para nos ajudar. Então, preste atenção: se ela nunca te convida
para uma transa, é só você quem a procura; se ela não liga nunca depois de se
encontrarem nem manda mensagens; se ela não conversa sobre parar de fazer
programas e estar somente esperando encontrar o cara certo para largar tudo; se ela
não pede para você ficar mais um pouco após fazerem amor, então eu penso que ela
não tem nenhum interesse por você que não seja além de ser cliente dela.

- Você acha, não é?


- Enfim, - continuou seu amigo - a partir do momento em que ela começa a
demonstrar fazer questão de você, e não do dinheiro proporcionado pelo trabalho
dela, há uma boa chance de algo a mais rolar!

- É, isso não aconteceu ainda ...

- Cláudio, eu vi que ela (a Bruna) tirou umas fotos na praia colocando a língua
para fora da boca. Por que você acha que algumas pessoas fazem isso nas fotos? Isso
pode significar alguma coisa em especial? Você acha legal ?
- Felipe,- respondeu seu amigo - eu li os comentários de um psicólogo que
afirmou que este tipo de “selfie” pode indicar que mostrando a língua, toda divertida,
a pessoa na verdade não estaria muito confortável em frente à câmera, mas não
concordo. Ele aponta, ainda, que talvez esse tipo de pose indique que você se sente
bem em colocar esse seu lado “bobo”, moleque, para fora.
- Eu também li - continuou Felipe - que pode haver uma verdade oculta por trás
dessa pose. Muitas pessoas não sabem disso, mas o fato de colocar a língua para fora
nas fotografias se tornou uma moda entre os jovens e também no mundo dos famosos
e esse sempre foi um hábito muito comum entre os roqueiros, que além do gesto com
a língua costumam fazer a mão chifrada. No entanto, o verdadeiro significado de ser
fotografado fazendo essa pose seria um ato de adoração a uma entidade do hinduísmo
chamada Kali. Para o paganismo, Kali é considerada a deusa da morte e da
sexualidade. Ela é a esposa do deus Shiva, outra entidade adorada no hinduísmo.
- Eu também li que tirar fotos em poses incomuns, como a de pôr a língua para
fora da boca, debochando, poderia ser um gesto de protesto ou um ato de rebeldia.
Será que estas garotas que a gente vê no Instagram e no Facebook tirando selfies
deste tipo sabem de tudo isso e nós é que estamos boiando e sem saber de nada??
- Talvez sim.
- Porque você acabou de dizer que Shiva também é a deusa da sexualidade na
Índia e de uma religião pagã. Isso pode ter a ver com a ideologia e o comportamento
desta geração de garotas de hoje.
- É verdade. Bem pensado.
- Outra coisa que notei é como estas garotas têm mensagens de auto-ajuda e
trechos da Bíblia cristã em sua página de rosto das redes sociais. Sei que muitas delas
se afastam da prática religiosa, talvez por acharem que seu estilo de vida não é
compatível com os preceitos das religiões cristãs e pelo fato de os padres e pastores
evangélicos serem muito moralistas. Acredito que muitas das garotas de programa
não se sentem mais à vontade para frequentar missas e cultos, dada a vida que levam,
e não se sentem confortáveis de comparecerem a estas celebrações. Penso eu. Mas
percebo quantas delas colocam trechos e versículos da Bíblia ou frases de amor-
próprio e otimismo em sua página de rosto do Face e do Insta. Versículos como “ Seja
Forte e Corajoso”. Os reais motivos? Eu vivo me indagando.
- Sei que se a gente perguntar elas podem não falar a verdade... e não
contariam os reais motivos de fazerem isso.
- Não sei se o fazem para ludibriar outras pessoas e disfarçar a vida que levam
ou se é para dizerem para si próprias: sou garota de programa, mas continuo
acreditando em Deus ou possuindo otimismo e boas expectativas da vida. São
hipóteses que eu imaginei...
- É, você pode estar certo, Felipe.

- Amigo, Andreza tenta ser uma mulher sedutora – afirmou Felipe. – Ela é uma
garota que gosta de testar os homens, e experimentar vários. Porém, ela é,
sobretudo, uma mulher realista, mas encara o sexo como algo normal, como se
estivesse saindo para comer, bater um papo, beber e procurar estar sempre
transando, pois isto a agrada bastante. Qual a razão disso? Não sei. Foi muito privada
de relacionamentos e agora quer extravasar? Sofreu algum tipo de abuso sexual, e
passou a encarar o pós-trauma dessa forma?
E nessa empreitada, penso que ela prefere correr riscos para conseguir suas aventuras
sexuais, e sempre experimentar situações e sensações novas e inusitadas.

- Mas ela não parece ser uma garota ousada, que tenta experimentar drogas,
usar piercings, se tatuar , praticar esportes radicais.

- Porque o perfil psicológico dela, Andreza, é ser muito cautelosa, inclusive com
sua segurança; aventuras para ela, de preferência as sexuais. Mas ela já me contou
que deseja emagrecer para implantar um piercing no umbigo. E ela tem uma certa tara
por homens tatuados...

- É verdade, bem lembrado...

- Esta combinação de atributos que citei pode tornar garotas como ela muito
confiantes, sexuais e independentes, e acredito que é neste tripé que ela se confia. Ela
acredita que pode ser uma “diva“ equilibrada no sentido de ser forte, sexy e tem uma
presença que intimida alguns homens.

- E todos esses fatores podem ser interessantes para quem deseja seguir em
frente com confiança nesta jornada da conquista. Só não tenho certeza se vale todo
esforço por ela, tendo em vista que não passa de uma garota de programa.

- É esse o dilema, Cláudio. Mas procurar entende-la e saber como lidar com ela
já se torna um jogo atraente, pois ela vê a maioria dos homens como fracos e
inseguros, o que lhe é muito frustrante, pois mulheres assim são muito excitadas, mas
igualmente buscam foco no trabalho e na carreira. Ela não tem tempo nem espaço na
sua agenda para lidar com egos, e deste modo, suas atitudes devem espantar os fracos
do seu caminho.

- Só que não vejo esse foco nessa garota. Ela vive sem rumo, sem eira nem
beira, de modo até atoleimado; chego a ter pena dela; não vejo nenhum futuro
promissor para Andreza, se ela continuar sempre como ela é atualmente.

- Eu já me relacionei com uma menina que tinha esse perfil sedutor. Se você
conseguir se manter frio, não se comportar como carente emocional e saber cuidar de
suas necessidades sexuais, ela será uma mulher selvagem, uma das melhores que você
vai encontrar,
mas, por outro lado, se você se incomodar ao vê-la ocupada ela não puder te ver logo ,
ou se você parecer nervoso quando conversam, ela vai passar para outro.

- E ela não é o tipo de mulher que você pode reconquistar, eu sei disso. Se ela
notar uma fraqueza, ela vai embora, e nunca mais vai te ver da mesma forma.

- Exatamente. Esse fato não significa que ela é fria, mas que ela precisa de um
homem mais confiante; não precisa ser um garanhão na cama, contudo você deve ser
“generoso” na cama. Se você for inexperiente, ela pode te ensinar como ser agradada.

- Eu entendo que o comportamento de insegurança nunca é legal e ela pode ver


isso com maus olhos. Mas na verdade, admitir suas falhas de vez em quando, pode ser
mais confortável para ela, do tudo demonstrar uma força que você não possui e ela
pode reconhecer esse aspecto como positivo. É mais “sexy” abordá-la como uma nova
experiência, explorar, descobrir aos poucos o que especificamente a deixa louca.

- Felipe, eu noto que essas mulheres têm seus


desejos, pelos menos nos relacionamentos, voltados ao sexo. Isso é porque elas
parecem não ter tempo ou disposição para outras coisas, e é provável que não
estejam procurando por nada sério, além de transar, e acha que namorar é bobagem
no momento atual. Ela anseia por caras que sejam amigos, parceiros, respeitem seu
tempo, admirem sua inteligência e talento, e lhes entreguem a foda quando ela
precisar. Não é uma descrição de emprego ruim...

- Por ironia, esta pode ser melhor maneira de encerrar um relacionamento sério
com ela, pois as condições do relacionamento serão ideais se você for um cara que
está em seu próprio caminho e possui metas na carreira e na vida. Ela não vai exigir
muito tempo seu. Respeito mútuo pelos objetivos de cada um é a base para uma
relação mais duradoura com ela.
Ela vai tentar te seduzir continuamente, e se sente poderosa quando usa sua beleza,
energia e habilidade para te excitar. Ela gosta de perseguir sempre, mas não como
uma colegial. Seduzir um homem é como ela consegue seu poder.

- O problema é que ela vai estar sempre buscando outros homens para seduzir.
- Provavelmente. Todavia, ela vai precisar melhorar seu ego, ela precisa se sentir
sexy, e fica louca quando seu homem está sedento por ela, não porque ele está apenas
excitado, mas devido a algo que ela fez para ele ficar assim. Existem ótimas técnicas
para deixá-la chegar nesse estado.
- Como elas costumam conseguir o que querem, essas garotas ficam cercadas
por homens excitados. Ela é sexy e confiante, e os homens se jogam em cima dela. Isto
é entediante. Ela gosta da atenção até certo ponto – é melhor ser desejada do que
indesejada. Mas ela está procurando por um homem que é um desafio.
Você não tem que provocá-la, nem deve jogar nenhuma partida estratégica. Ao se
manter calmo e abordar a garota como uma pessoa normal, sem cantadas exageradas
ou elogios vazios, você vai parecer um desafio simplesmente por ser diferente dos
outros interessados nela. Em geral, essa garota vai mostrar Interesse em ti por este
ponto. Ela não tem problemas para assumir a liderança quando quer algo, no caso,
você.
- Realmente, verifico que Andreza não tem problemas com o sexo. Ela acredita
na sua confiança e na habilidade de seduzir e satisfazer um homem, eliminando
qualquer medo de parecer uma mulher fácil ou vadia. Uma vadia dorme com homens
por desejar atenção. Ela, a sedutora, dorme com os caras porque ela gosta disso. Uma
garota vadia é usada. Uma sedutora tenta usar os homens! Isso é excitante.
- Amigo, - afirmou ainda Felipe – Andreza é uma garota que gosta de testar os
homens, e colocá-los a prova. Porém, ela é, sobretudo, uma mulher realista, mas
encara o sexo como algo normal, como se estivesse saindo para comer, bater um
papo, beber e procura estar sempre transando, pois isto a agrada bastante. Qual a
razão disso? Não sei. Foi muito privada de relacionamentos e agora quer extravasar?
Sofreu algum tipo de abuso sexual, e passou a encarar o pós-trauma dessa forma?
E nessa empreitada, penso que ela prefere correr riscos para conseguir suas aventuras
sexuais, e sempre experimentar situações e sensações novas e inusitadas.

- Mas ela não parece ser uma garota ousada, que tenta experimentar drogas,
usar piercings, se tatuar, praticar esportes radicais.

- Porque o perfil psicológico dela, Andreza, é ser muito cautelosa, inclusive


com sua segurança; aventuras para ela, de preferência as sexuais. Mas ela já me
contou que deseja emagrecer para implantar um piercing no umbigo. E ela tem uma
certa tara por homens tatuados...

- É verdade, bem lembrado...

- Esta combinação de atributos que citei pode tornar garotas como ela muito
confiantes, sexuais e independentes, e acredito que é neste tripé que ela se confia. Ela
acredita que pode ser uma “diva“ equilibrada no sentido de ser forte, sexy e ter uma
presença que intimide alguns homens.

- E todos esses fatores podem ser interessantes para quem deseja seguir em
frente com confiança nesta jornada da conquista. Só não tenho certeza se vale todo
esse esforço por ela, tendo em vista que não passa de uma garota de programa.
- É esse o dilema, Cláudio. Mas procurar entendê-la e saber como lidar com ela
já se torna um jogo atraente, pois ela vê a maioria dos homens como fracos e
inseguros, o que lhe é muito frustrante, pois mulheres assim são muito excitadas, mas
igualmente buscam estar focadas no trabalho e na carreira. Ela não tem tempo nem
espaço na sua agenda para lidar com egos, e deste modo, suas atitudes devem
espantar os fracos do seu caminho.

- Só que não vejo esse foco nessa garota. Ela vive sem rumo, sem eira nem
beira, de modo até atoleimado; chego a ter pena dela; não vejo nenhum futuro
promissor para Andreza, se ela continuar sempre como ela é atualmente.

- Eu já me relacionei com uma menina que tinha esse perfil sedutor. Se você
conseguir se manter frio, não se comportar como carente emocional e saber cuidar de
suas necessidades sexuais, ela será uma mulher selvagem, uma das melhores que você
vai encontrar, mas, por outro lado, se você se incomodar ao vê-la ocupada, se ela não
puder te ver logo, ou se você parecer nervoso quando conversam, ela vai passar para
outro.

- E ela não é o tipo de mulher que você pode reconquistar, eu sei disso. Se ela
notar uma fraqueza, ela vai embora, e nunca mais vai te ver da mesma forma.
- Exatamente. Esse fato não significa que ela é fria, mas que ela precisa de um
homem mais confiante; não precisa ser um garanhão na cama, contudo, você deve ser
“generoso” na cama. Se você for inexperiente, ela pode te ensinar como ser
agradada.
- Eu entendo que o comportamento de insegurança nunca é legal e ela pode
ver isso com maus olhos. Mas, na verdade, admitir suas falhas de vez em quando,
pode ser mais confortável para ela, sobretudo demonstrar uma força que você não
possui e ela pode reconhecer esse aspecto como positivo. É mais “sexy” abordá-la
como uma nova experiência, explorar, descobrir aos poucos o que especificamente a
deixa louca.
- Felipe, eu noto que essas mulheres têm seus desejos, pelos menos nos
relacionamentos, voltados ao sexo. Isso é porque elas parecem não ter tempo ou
disposição para outras coisas, e é provável que não estejam procurando por nada
sério, além de transar, e acham que namorar é bobagem no momento atual. Ela anseia
por caras que sejam amigos, parceiros, respeitem seu tempo, admirem sua
inteligência e talento, e lhes entreguem a foda quando ela precisar. Não é uma
descrição de emprego ruim...
- Por ironia, esta pode ser a melhor maneira de encerrar um relacionamento
sério com ela, pois as condições do relacionamento serão ideais se você for um cara
que está em seu próprio caminho e possui metas na carreira e na vida. Ela não vai
exigir muito tempo seu. Respeito mútuo pelos objetivos de cada um é a base para uma
relação mais duradoura com ela.
Ela vai tentar te seduzir continuamente, e se sente poderosa quando usa sua beleza,
energia e habilidade para te excitar. Ela gosta de perseguir sempre, mas não como
uma colegial. Seduzir um homem é como ela consegue seu poder.

- O problema é que ela vai estar sempre buscando outros homens para seduzir.
- Provavelmente... Todavia, ela vai precisar melhorar seu ego, ela precisa se
sentir sexy, e fica louca quando seu homem está sedento por ela, não porque ele está
apenas excitado, mas devido a algo que ela fez para ele ficar assim. Existem ótimas
técnicas para deixar ela chegar nesse estado.
- Como ela consegue o que quer a mulher sedutora pode ficar cercada por
homens excitados. Ela é sexy e confiante, e os homens se jogam em cima dela. Isto é
entediante. Ela gosta da atenção até certo ponto – é melhor ser desejada do que
indesejada. Mas ela está procurando por um homem que é um desafio para ela.

Andreza engatou uma amizade com um estudante de Biomedicina chamado


Luan Cássio e este a convidou para dar uma volta de motocicleta. A garota não
gostava muito de passeios de moto, pois tinha receio de se envolver em algum
acidente. Mas ele prometeu que fariam um programa após o passeio na praia do
Futuro e ela aceitou o convite.

- Quero comer uma “xoxota” salgadinha hoje – brincou ele.

- Tudo bem, safado – concordou ela. – Por que a gente não vai no final da
tarde. Eu tenho uma tara por transar dentro do mar. – confessou a garota de
programa.

- A praia fica muito perigosa no final de tarde – retrucou Luan. - Aparecem


também muitos maus elementos na orla neste horário. É grande o perigo de assaltos a
mão armada e até risco de abuso sexual para as mulheres. Temos que sair da praia até
17:30 h e neste horário tem muita gente ainda observando. Não dá pra arriscar e fazer
sexo nestas condições.

- Entendi. Então minha vontade e minha fantasia vão ficar para outra
oportunidade.

- Sim, babe. É melhor.

Assim fizeram e Luan Cassio fez algumas fotos da morena no celular da mesma.
Retornaram do passeio por volta de 17 horas e foi aí que ocorreu um acidente. Um
veículo grande do tipo pick-up invadiu a pista perpendicularmente ao trajeto da
motocicleta com o casal e estes se chocaram com a parte posterior da lateral da pick-
up. Sua sorte é que vinham em baixa velocidade e não tinham consumido nenhuma
bebida alcóolica. Andreza teve mais sorte e caiu sobre um canteiro de grama,
machucando levemente o punho esquerdo e teve algumas escoriações nas pernas e
no antebraço, mas nada grave. Seu companheiro, porém, não teve a mesma sorte da
moça e sofreu uma fratura exposta no antebraço. A ambulância veio socorrer os dois e
Luan pediu que Andreza ligasse para o irmão dele vir pegar a moto. Foram ao hospital,
sendo que ela foi liberada no mesmo dia, mas o estudante universitário ficou
internado para operar o antebraço.

Três dias depois Andreza se encontrou com Cláudio e este, percebendo as


escoriações no corpo da mulher, a questionou:

- Bruna, o que aconteceu com você, que está machucada? Já faz quantos dias
que ocorreu?

- Foi há 3 dias atrás, cai da moto com um colega meu, que estava me dando
carona para o centro – enganou ela.

- Mas no mais está tudo bem? Não foi nada sério?

- Felizmente sim.

- Se você estiver precisando de alguma coisa, posso te ajudar.

- No momento estou bem. Qualquer coisa eu aviso – mentiu a orgulhosa.

- E com o seu colega? Ocorreu algo mais grave?

- Também não. Fomos ao pronto atendimento público. O médico nos


examinou, e não precisou pedir exames. Fizeram curativos em nós e fomos liberados,
com a orientação de continuar os curativos em casa ou no posto de saúde mais
próximo.

Andreza também usava o codinome “Luna” para seus clientes de programas.


Wanessa contou para “Luna” que Thiago ia noivar. Passaram-se apenas dois meses
após Thiago se apartar de Andreza e ele iniciou um namoro sério com uma jovem
arquiteta de Fortaleza e após 3 meses de namoro já anunciaram o noivado.

Wanessa veio contar a novidade para Andreza:

- “Luna”, a Larissa me contou que o Thiago Mota, o jogador de futebol, vai ficar
noivo de uma garota. Não era esse o nome que você repassava para ele?

- Já?! – questionou a morena, com surpresa. – A filha movimentou rápido


assim para ele?

- Sim, amiga. E Larissa foi convidada para o noivado.

- Parabéns para ela – retrucou a morena, com desdém.

- Bruna, você ficou agora com um pouco de ciúmes?


- Não, por que ficaria?

- Larissa contou que ela estava gostando de você de verdade e ficou um pouco
decepcionado com seu comportamento e suas atitudes para com ele.

- Foi mesmo?

- Ele disse que pretendia ter algo mais sério com você.

- Não me importo mais.

- Andreza, poderia ser você a garota com a qual ele irá trocar alianças daqui a
um mês.

- Não estou arrependida. Ele não era para mim e eu nunca pensei que fosse
feita para ele. Boa sorte à noiva.

- Só acho que você perdeu um grande partido. Você literalmente jogou uma
grande chance fora.

- Paciência! Bola pra frente! A minha vida continua.

Melina ligou nesses dias para Andreza, solicitando dinheiro e pedindo para ela
vir a São Luís.

A irmã caçula fez uma ligação de áudio para Andreza.

- Alô, Suh – disse a garota ruiva quando sua irmã atendeu o telefone.

- Oi, Mel! O que foi?

- Andreza, como você está aí em Fortal?

- Tudo bem, irmã. Passeando com as amigas e trabalhando de leve.

- Continua no mesmo local de trabalho?

- Não. Eu saí da clinica de massagens. Não estava mais gostando de lá.

- E agora? Você está fazendo o que para ganhar dinheiro?

- Estou fazendo uns programas de vez em quando com uma amiga de Fortaleza.

- Você já está cheia de esquemas com as garotas daí?

- Mais ou menos.

- Não conheceu ainda nenhum estrangeiro ou empresário rico ou milionário?


- Não. Conheci só um empresário que sonha em ser rico, daqui do Ceará
mesmo, mas eu não quis nada com ele.

- Por que motivo?

- Não valia a pena me envolver com ele. O dito cujo também tem um filho bem
galinha e raparigueiro, mas também preferi não sair mais com ele. Me afastei.

- Você está certa, Suh. Não queira nada sério com qualquer pessoa por aí. Você
tem que retornar para a gente continuar nosso projeto. Não vá se apaixonar por
nenhum homem e nenhuma mulher .

- Deus me livre me apaixonar por mulheres. Mel, eu recebi algumas propostas


aqui.

- Quais? Conte-me, Suh.

- Primeiro, foram alguns gringos: um francês e um norte-americano me convidaram


para morar no país deles.

- E aí?

- Eu recusei as propostas de cada um. Não pretendo sair do país por enquanto.

- E que outros convites você recebeu, irmã? Fiquei curiosa.

- Um aliciador de garotas de programa brasileiras perguntou se eu não queria


trabalhar por 6 meses numa boite em Barcelona, na Espanha. Mas eu não quero. Não
quero trabalhar em boates noturnas. Pior ainda em outro país .

- O que mais, Andreza?

- O mesmo carinha me convidou depois para entrar numa agência de


acompanhantes que seguem empresários e outros importantes em viagens e eventos
Brasil e mundo afora. Achei a proposta um pouco tentadora, mas por hora não
pretendo me afastar do Ceará e do meu Maranhão.

- E ainda tem mais alguma proposta? Esse cara deve ter achado você muito
banqueira e botadora de “boneco“, como dizem aí no Ceará.

- Sou opiniosa. Ninguém me convence facilmente a fazer o que querem que eu


faça. Eu só delibero alguma coisa por minha consciência e se for de livre e espontânea
vontade.

- Eu já sei disso – confirmou sua irmã.

- Como eu ia dizer, recebi mais um convite de trabalho, agora de uma amiga


aqui da cidade. Ela me ofereceu a proposta de viajarmos pelo nordeste fazendo
programas e quem sabe depois Brasil afora. Mas quando eu penso numa vida de
viagens, eu me enfado e desisto. Não dá pra mim. Eu até gosto de viajar e penso que
conhecer novas culturas é muito importante, mas a trabalho e nas circunstâncias em
que viajamos eu não quis topar agora. Por isso, também rechassei esta última
proposta. Vou ficar fazendo uns programas de leve.

- Suh, eu estou te ligando também pois necessito de mais dinheiro no


momento. Eu queria comprar mais uma maca para massagens e um aparelho de ar
condicionado. Os clientes reclamam das massagens sem ambiente climatizado. Eles só
falam em fazer sexo sem suor. Tem dias que o ventilador não dá jeito no calor. Sei que
a conta de energia vai aumentar, todavia vamos atrair mais clientes. O boca-a-boca
dos usuários da clinica de massoterapia é fundamental para a clientela aumentar. Eu
ainda estou pagando um débito no banco do restaurante que faliu e tivemos agora um
prejuízo com o carro. A minha sogra também vai fazer uma cirurgia particular e André
vai bancar tudo.

Andreza ouvia toda aquela choradeira de sua irmã por dinheiro e se questionava
em silêncio: “E o que eu tenho a ver com todas essas histórias? Por que ela me conta
tudo isso? Será que Melina acha que eu vou ajudar a pagar as contas dela, do seu
homem e da família dele?”. Após uma breve pausa, disse Andreza, um tanto
incomodada:

- Mel, parece que você só liga pra mim para contar problemas e para me pedir
dinheiro!

- Desculpe, irmã, mas eu só tenho você a quem posso recorrer. Marcela, papai,
e nossa mãe não tem a mínima condição de me ajudar. E não posso revelar nosso
segredo para nossos pais.

- Seu segredo! – lembrou a morena. - Eu não tenho nenhum envolvimento com


sua clínica de massagens no momento.

- Sim, é verdade. Mas podemos retomar nosso sonho e expandir nosso negócio,
só que preciso de sua ajuda.

Essa última fala de Melina pareceu ter seduzido Andreza levemente, e


reacendeu seus interesses em explorar o trabalho sexual de outras prostitutas.

A irmã do meio afirmou então:

- Tudo bem, Mel. Vou ver o que posso fazer para te emprestar uma grana. Mas
preciso de mais quinze dias para batalhar o dinheiro. Pode ser?

- Sim, não preciso do dinheiro com urgência.

- E você precisa de quanto, mais ou menos?

- R$ 2.500,00 são suficientes.


- Assim que eu juntar a quantia toda eu aviso.

- Tudo bem, Suh. Obrigado, viu. Tchau.

Andreza já tinha essa quantia, mas se fez de difícil para ludibriar sua irmã, de
modo que ela não ficasse imaginando que a morena poderia voltar a emprestar
dinheiro a qualquer momento. Por outro lado, Melina sabia que Andreza já tinha essa
verba guardada, pois tinha noção de que sua irmã era muito esforçada no trabalho e
era muito econômica, conseguindo sempre poupar um pouco de dinheiro (o que a
ruiva não sabia fazer), e tinha o pressentimento de que Andreza fingiria não ter essa
quantia para valorizar a situação e ganhar tempo. Melina conhecia bem as artimanhas
de sua cúmplice e irmã.

Cerca de dez dias depois Suellen emprestou a quantia para sua irmã caçula.

Melina começou a frequentar a universidade. A garota ruiva comunicou sua irmã


que fora aprovada para o curso de Oceanografia, mas depois não se identificaria com
a área escolhida e terminou por abandonar o curso no segundo período da faculdade.

__________________________________________________________

Cláudio e Andreza se encontraram dentro de dois dias e dialogaram:


- Andreza, como foi que você começou a gostar de sexo? – indagou o homem.
- Ah, meu bem, você deve imaginar; eu era pobre e uma diversão dos jovens é
também o sexo. Sei que eu transava por horas e horas com meu namorado, dentro do
carro, em casa, em motéis, trancada num apartamento. Não sei se fiquei aficionada
em sexo!? Trepava até em lugares inusitados. Não tínhamos muita grana para
frequentar lugares chiques e concorridos, mas era muita vontade de transar. Muitas
vezes nossa diversão foi praticar sexo. Acredito que foi isso...
- E agora você tenta reviver esse tempo com seus clientes...
- Talvez...
- Andreza, vou confessar uma coisa: eu comecei mais a sair com você e me
interessei pela sua pessoa porque você nem parece ser uma garota de programa; você
se assemelha mais a uma moça de família, e isso em ti me agrada .
- Foi mesmo? – replicou a garota. Um tanto surpresa.
- A maioria das acompanhantes são muito estigmatizadas. Fazem o tipo de
prostituta que ao sair na rua todo mundo já percebe. E até no tratar dos clientes têm
todo o traquejo e os trejeitos de putas maçantes e que cansam qualquer homem já na
segunda transa. E nos tratam de um modo frio, sem graça. Às vezes parece até que o
fazem por obrigação.
- Obrigada, meu bem, na parte que me toca.
Andreza decidiu mudar de assunto e relatou como aprendera a jogar bilhar e
comentou com o homem.
- Cláudio, você gosta de sinuca? Eu queria saber onde posso jogar bilhar aqui
em Fortal.
- Quem te ensinou a jogar sinuca, Bruna?
- Foi uma amiga, a Nádi. Eu aprendi com ela. Meu pai também gosta um pouco
de jogar e meu cunhado André.
- Tem mesas de sinuca principalmente em shoppings e nas “barber shops”.
Também costuma ter em clubes, mas estes costumam ser fechados para os sócios.
- Eu queria de preferência um bar com jogos, como de sinuca. Barbearia é um
ambiente muito masculino e nos shoppings deve ser lotado de adolescentes no setor
de jogos.
- Sim, é verdade. Vou ver para você alguns bares que tenham sinuca. Acredito
que existe sim. Andreza, eu estou pensando em ir a um torneio de pôquer no mês que
vem em São Paulo. Você quer vir comigo?
- Sua esposa não vai?
- Não. Ela vai estar em outro compromisso. Ela vai a um evento da faculdade no
mesmo período.
- Eu nunca estive em São Paulo. Seriam quantos dias?
- Cerca de 5 a 7 dias.
- Vou pensar e te dou a resposta. Tenho quanto tempo para decidir?
- Será daqui a 03 semanas. O quanto antes você decidisse seria importante por
causa das passagens que podem-se esgotar ou ficarem muito caras em cima da hora.
- Vou te dar um veredito dentro de 7 dias.
- Por que tanto mistério? Vamos? Vai ser ótimo. Tem muitos lugares para a
gente explorar em São Paulo.
- Confesso que eu tenho um pouco de medo daquela cidade. Ela é grande
demais. E os atrativos de São Paulo só são shoppings, restaurantes, parques. Também
tem muitos locais para fazer compras, mas não quero gastar.
- Ah, mas os melhores restaurantes estão em São Paulo capital. E tem sempre
eventos, exposições, feiras; há sempre algo diferente para conhecer ou visitar. Eu
particularmente gosto bastante de lá . Já fui a São Paulo em inúmeras oportunidades.
Já fiquei hospedado em vários bairros, e os hotéis são excelentes. E os shoppings de lá
são um luxo.
- Eu não tenho muita curiosidade de conhecer São Paulo. Eu preferiria o Rio de
Janeiro.
- Mas desta vez não vai dar tempo para a gente passar no Rio. Que local você
gostaria de conhecer primeiro, Andreza?
- Eu tenho vontade de conhecer o Jalapão, em Tocantins. Já vi fotos e assisti
vídeos. A natureza de lá é exuberante; são muitas cachoeiras, rios com corredeiras e
fontes de água, e em algumas fala-se que a gente flutua. É uma natureza belíssima;
tenho vontade de conhecer.
- Quem sabe um dia a gente não possa visitar juntos?
- É, pode ser. Eu pretendo conhecer quando tiver oportunidade.
- Bruna, quando você vai a São Luís? Sua mãe não fala em te visitar?
- Já estou em Fortaleza há 8 meses; estou pensando em visitar minha família
até o final do ano.
- E sua mãe?
- Ela não me confirmou ainda se vai vir aqui este ano; prefiro mesmo que ela
não venha; ela diz que só poderia vir nas férias e ela só terá férias agora ano que vem.
- Andreza, vou indo. Aguardo uma resposta sua, babe. Pense na nossa viagem
com carinho.
- Vou pensar, meu bem. Tchau.
E despediram-se.
Na semana seguinte Andreza se comunicou com Cláudio e lhe respondeu que
não iria com ele para São Paulo. Ela criou uma desculpa alegando que seu pai estava
doente e ela não gostaria de se afastar muito, além do fato de que não aproveitaria a
viagem por assim estar preocupada com a saúde de seu pai. Cláudio achou um motivo
válido e não ficou aborrecido com a garota. Ela lhe desejou boa viagem e não puderam
se encontrar mais naquela semana.

Ao retornar de viagem, Cláudio convidou Andreza para ser sua amante.

A acompanhante o recebeu em seu apartamento, o que raramente o fazia.

- Andreza, eu trouxe para você uma caixa de chocolates finos. Você aceita? - e o
homem mostrou-lhe uma bela caixa de chocolates amargos da marca “Copenhagem”.

- Obrigada, querido – respondeu ela, já recebendo o presente. – Adoro


chocolate amargo.
- Eu queria te fazer uma proposta! - disse ele.

- Que proposta, meu bem?

- Eu gostaria que você fosse minha amante!

- De onde você tirou essa ideia, menino?

- E aí: você aceita? Você topa ser minha amante?

- Cláudio, você já teve alguma amante anteriormente?

- Não, Andreza.

- E eu deixaria de fazer programas?

- Num futuro a curto e médio prazo, sim. É minha intenção...

- Preciso pensar melhor. É uma decisão muito séria.

- A gente colocaria um negócio para mim e para você.

- Acho que não. Sociedades são complicadas; já tenho más experiências com
isso. Cláudio, eu pretendo voltar para São Luís. Só não sei quando.

- Tudo bem, Andreza. Pense com calma e me dê uma resposta depois.

- Vou analisar sua proposta com carinho. Pode deixar comigo.

- Obrigado.

Não transaram naquele dia, pois o homem tinha um compromisso e ele


procurou Andreza na oportunidade apenas para que tivessem uma conversa, e o
mesmo fizesse sua proposta.

Na semana seguinte, Cláudio e Andreza agendaram um encontro no motel e o


homem lhe questionou:

- E então, você analisou minha proposta? Aceitaria que fôssemos amantes?

A morena fez uma breve pausa, em silêncio, e então respondeu:

- Cláudio, gosto de você e fico satisfeita pelo seu convite, mas não posso ser
sua amante. Prefiro que a gente continue como está. Tudo está fluindo nos conformes.
Vamos deixar da mesma forma.
Cláudio, no mesmo instante, formou um semblante tristonho e vazio. Ele
acreditava que ela ia aceitar sua proposta.

- Tudo bem, Andreza. Assim, continuamos com os nossos encontros?

- Por mim, sem problemas. Seguimos em frente.

- Ok, “babe”. Saiba que eu gosto muito de você. Você é muito importante para
mim.

- Obrigada.

Andreza já desconfiava que a esposa de Cláudio tinha descoberto que ele a


traía. Disse Suellen, então:

- Meu bem, tem uma mulher na academia que ultimamente anda olhando
tanto para mim. Eu estou desconfiada. Não sei o que ela deseja comigo. Tem horas
que eu penso que ela é lésbica; tem outros momentos que eu acho que pode ser sua
esposa. É uma intuição.

- É, vocês frequentam a mesma academia. Sabia?

- Sua esposa costuma ir em que horário para malhar?

- Varia, porém, ela vai mais à noite.

- Eu estou indo pela manhã; mas já fui umas três vezes à tarde, por volta de 17
h. Então, não deve ser sua esposa, pois essa mulher que fica me observando vai
sempre pela manhã.

- Quem manda ser bonita.

- Quem manda elas serem invejosas ou lésbicas.

- Como é sua esposa? Ela é loira? – indagou Suellen.

- Não. Ela é morena.

Andreza, todavia, já tinha encontrado duas fotos da esposa de Cláudio numa


rede social, e percebeu que ele estava mentindo.

- Cláudio, você me acha uma garota muito complicada, meu bem? - questionou
ela, para testar o homem.

- Eu te acho um pouquinho complicada, Andreza. Por que você me pergunta


isso? Tenho certeza de que você sabe bem como você é. E continua sendo assim
porque o quer.
- Não é bem assim. Eu deveria ser menos complicada, mas a vida foi me
deixando deste modo. Eu juro que não tem como eu controlar toda a situação e mudar
tudo isso. Mas eu sou mesmo muito indecisa e confusa. Meu Deus, até quando eu vou
ser assim? – disse a garota, pronunciando seus pensamentos.

- Até quando você o desejar.

- Você imagina que é fácil mudar. Não sabe o que eu já passei até os dias atuais.

- Andreza, você já me disse umas duas vezes que acha que eu faço drama com
algumas situações, mas eu te afirmo: você, garota, também possui seus dramas. Você
pinta muitas situações dramáticas para justificar suas ações e seus pensamentos de
hoje em dia. Mas parece que você só quer enxergar o seu lado, e tudo o que aflige as
outras pessoas, para você, são dramas exagerados.

DIALOGARAM JUHLIANA E ANDREZA SOBRE CLÁUDIO ALGUM TEMPO


DEPOIS:

Juhliana questionou Andreza:

- “Bruna”, você ainda sente vergonha ou timidez quando faz sexo oral nos
homens?

- Não. Mas e você? O que você sente ao praticar sexo oral nos caras?

- Eu tento explorar todos os sentidos: imagine que é você que está recebendo o

sexo oral. O que gostaria que te fizessem? Coloque-se no lugar do outro e explore tudo

o que você quiser. Esse é o melhor momento para brincadeiras e para liberar toda a

excitação. Mas, se você não consegue evitar ficar um pouco envergonhada, não faz
mal comunicar.

- Eu tento fazer uma sucção alternada para introduzir o pênis na boca – contou

Andreza - , chupando como um pirulito, descendo e subindo como acontece na


penetração. Isso não me impede de lamber, brincar e masturbar.

- Eu procuro variar em movimentos, lambidas e sucções. A arte do sexo oral

exige uma vontade real de agradar o parceiro. Alterno a velocidade da sucção,

detendo-me por um tempo na cabeça do pênis, usando a língua para percorrer todo o
membro dele, acariciando o corpo dele. Vale tudo para deixar tudo mais divertido.
- Eu também gosto...

- Não esqueça do olho no olho, Bruna: mantenha contato visual. Fixo o meu

par nos olhos para deixar o clima bem mais excitante, além disso serve como
termômetro para você perceber o que está agradando mais.

- Eu também sei o poder das mãos, amiga. e uso-as muito. Elas são grandes

aliadas no sexo oral. Uso para masturbar o meu parceiro nos intervalos de sucção ou
para acariciar o restante do corpo.

- Uso minha língua sem economizar. Ela me ajuda a incrementar as


brincadeiras. Vale lamber todo o pênis, os testículos e a glande.

- E o que você acha do uso dos acessórios e aqueles produtos de sex-shop


na hora do sexo oral? – questionou Andreza.

- Sim, acho bastante legal; tem balas refrescantes, água gelada, gelo e produtos

específicos podem dar uma ótima sensação de frescor, deixando tudo ainda mais
estimulante.

- E o sêmen? Você já engoliu alguma vez? – quis saber a morena de cabelo


alisado.

- Já sim, mas foi uma loucura minha - disse a sua amiga. – Mas muitos homens

têm uma tara e adoram quando a mulher não tem receio de ir até o final. Mas, devido
à textura e ao gosto, pode ser desagradável para você, por exemplo.

“Outra coisa, Bruna : deixe a luz do quarto acesa ou invista em uma meia-luz.

Seu par vai adorar ver tudo o que está acontecendo. Também vale para potencializar o
visual com uma lingerie sensual. E não deixe seu cabelo esconder a melhor parte.

Andreza em seguida mudou de assunto.


- Juh, sabe o Cláudio, eu digo para ele nas entrelinhas que gosto de ter os
cabelos puxados quando estou transando, de ouvir putarias, de levar tapas na bunda e
no rosto, mas não adianta: ele não faz nada disso. Ele não capta minhas mensagens.

- Ai, Bruna, vai ver que ele gosta somente de sexo romântico. É o estilo de cada
homem. O Cláudio deve preferir um sexo mais “normal”, digamos.

- Ele é bem tarado, louco por sexo, mas eu gosto de umas “coisinhas” que ele
não aprecia. E sexo romântico não é a minha praia.

ANDREZA FALOU PARA WANESSA QUE CLÁUDIO A CONVIDOU PARA SER


SUA AMANTE.

- Wanessa, o Cláudio me convidou para eu ser sua amante e deixar de


fazer programas.
- É mesmo, amiga? E o que você está pensando em fazer?

- Eu sei que me tornar amante de um homem casado é uma questão

delicada. Esse tipo de relacionamento pode ser movido por diversos motivos – amor,

paixão, carência, sexo, comodismo – e é mais comum do que se imagina e ás vezes

esbarra nos limites da razão. Não sei se eu gostaria de ser chamada de amante, pois a

palavra tem uma conotação pejorativa para muitos. É preferível ser chamada de

namorada, é mais respeitoso e até mais romântico.

- Então amiga, você vai topar? Notei que você não acha a idéia interessante.

- Mas sei que, por outro lado, há mulheres que se sentem à vontade no

papel da "outra" e desfrutam, sem culpa, desta condição. Mas nunca experimentei

uma situação como essa. Já li, porém, que ser amante é alternar, o tempo todo,

sofrimento e prazer. Por isso tenho muitas dúvidas e medos.

- Também acho, amiga, que outro fator negativo é que o envolvimento nem
sempre constrói laços afetivos entre o casal – opinou Wanessa. - Os encontros são
limitados e geralmente quando os dois se vêem acabam transando, e esse tipo de
relacionamento fica vinculado quase exclusivamente ao sexo.
- Você tem razão. Se ele deixar sua esposa por mim, posso vir a pensar que
ele é um excelente mentiroso. Quanto mais tempo vocês estavam juntos, mais
mentiras ele contava. É uma reflexão.

- Exato – concordou a colega de Suellen. - Você pode não ter mais o homem
com quem você costumava ficar. Um divórcio amigável pode ser brutal. Um divórcio
conturbado pode destruir um homem emocional- e financeiramente.
- Eu tenho receio de que o homem que sobre no final disto possa ser uma
apenas uma sombra daquele alguém por quem eu tenha me apaixonado. E se ele se
consumir com culpa e dúvida após deixar a família, deixando com um grande chicote
para açoitar-se dia após dia. Eu teria que aguentar tudo isso. Adivinha quem vai estar
lá então?

- Também não fique tão neurótica – suplicou Wanessa.

- Mas tenho medo. Acredito que quase ninguém vai torcer por vocês como
um casal. Se os filhos dele descobrirem que você é a razão pela qual ele deixou a mãe
deles, é provável que eles nunca te aceitem.

- Só que, Bruna, mesmo com todos os indícios de que o relacionamento não

tem futuro, muitas amantes não abrem mão do amante – contou a ruiva – em muitas

ocasiões, por causa do espírito de competição feminina. Algumas acham que vão

vencer a oficial, porque se consideram melhores e conseguirão conquistar o sujeito.

- Ou seria apenas liberdade e prazer acima de tudo. – disse Andreza - Sei

que elas são raras, mas existem, as mulheres que preferem namorar homens casados

simplesmente por diversão, conscientes de sua escolha. Já conheci uma garota em São

Luís que era assim. Cobranças e compromisso não fazem parte do vocabulário dessas

garotas, ao contrário de sexo por prazer.

- Esse comportamento sempre existiu, Bruna, – opinou a sua amiga - mas

penso que ele vem ganhando maior visibilidade porque as mulheres estão mais

independentes e, como os homens, assumem o que querem e do que gostam.

- Tem horas que eu tenho medo de compromisso – disse Andreza - e há

quem só se sinta atraída por homens comprometidos ou encare um relacionamento

atrás do outro com parceiros "indisponíveis". A repetição caracteriza uma forma de


proteção emocional à experiência concreta. Li que algumas mulheres elegem pares

comprometidos para não vivenciarem os riscos das relações reais.

- Eu acredito que o envolvimento com homens casados também acontece

porque muitas mulheres aprendem a relacionar amor e dor desde a infância, ou seja,

na sua vivência com os adultos significativos das suas vidas (pais, avós) são

desprezadas, ignoradas, controladas e exigidas a sempre fazer o que o outro espera

delas. Com isso crescem com baixa autoestima e escolhem inconscientemente sujeitos

indisponíveis, já que não se sentem merecedoras de afeto ou atenção”- declarou

Wanessa.

- Eu tenho também medo do futuro incerto – afirmou a morena. -

Dificilmente os homens casados que mantêm relacionamentos extraconjugais se

separam. Eu já li sobre isso. O motivo? Apesar de a vida sexual com a oficial estar

desgastada ou sem graça, eles valorizam suas famílias e “amam” suas mulheres e seus

filhos.

- Parece ironia, mas quando um homem decide se separar da "matriz",

raramente assume a "filial" – contou Wanessa. - Já ouvi algumas histórias assim. A

"outra", muitas vezes, representa para o indivíduo a sensação de liberdade e, ao se

separar, o homem prefere viver experiências novas e diversificadas, sem o

compromisso de estar vinculado a ninguém. Em algumas poucas ocasiões eles ficam

com a amante quando é um amor grande e verdadeiro.

- Ah, se um homem me assumir totalmente e pagar todas as minhas contas,

eu não me importo, eu seria amante dele por um tempo, mesmo que ele fosse casado

– concluiu Suellen.

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Larissa convidou Andreza para viajarem e fazerem programas em outras

cidades e as duas viajaram de Blue para Petrolina, Recife e Aracaju. Nesta última

cidade a morena adquiriu a infecção por Covid-19 e terminou ficando impossibilitada

de fazer seus atendimentos. Retornaram em seguida para Fortaleza e a maranhense

passou mais oito dias em repouso, antes de voltar a fazer seus programas.

Felipe fez um comentário sobre garotas de programa para Cláudio quando se


encontraram num final de tarde para tomar um chopp num boteco da Varjota.

- Vou te fazer um desabafo, Cláudio – iniciou Felipe. - Eu vou contar as


bravatas, uma porção de absurdos que já ouvi de algumas garotas de programa. Enfim,
daria para escrever um livro e abrir um consultório de psicologia sexual. Elas nem se
incomodam de contar que ficam ouvindo muitos clientes durante os encontros e
comparam seus diálogos com “desabafos de bêbado”. Olha que desrespeito, mas
algumas GPs salientam que cobram por hora, e adiantado, e isso é o que importa, e só
assim aguentam ouvir tantas lamúrias dos clientes: “Eles reclamam do casamento, da
crise econômica, da reforma no apartamento, do sofá que a mulher está querendo
para a sala, dos gastos com o cachorro da esposa, do comportamento dos filhos, da
relação com a sogra, dos pedidos de empréstimo de dinheiro por amigos e familiares,
do problema com o carro, é tanta coisa… Tem horas que a gente falta não resistir” .
- Nesse momento, eu me lembrei do que a minha prostituta me disse uma vez,
a Andreza – relatou Cláudio. - Perguntei para ela se era mais fácil faturar com o cliente
que não quer transar, e deseja muito mais conversar; ela disse que não. "Gosto dos
homens práticos, aqueles que me pagam, transam e vão embora em seguida. Eu não
sou psicanalista, não quero ouvir os problemas do cliente com a mulher dele; não me
importo com isso nem quero me envolver com os problemas alheios“ – afirmou ela.
- Ainda tem aquelas putas que são casadas com outras garotas de programas –
relatou seu amigo. - Eu quis saber de uma delas se era razoável achar que as
prostitutas tendem a se tornar lésbicas, em função da relação fria que desenvolvem
com os homens. Ela me retrucou : “Em um trabalho como o meu, é bem melhor
encontrar uma mulher quando você volta para casa”. Mas ela me revelou já ser
homossexual antes de começar na atividade de prostituição. Ela ainda me endossou a
tese de que muitas prostitutas tomam "nojo" ou “asco” de alguns homens por se
relacionarem mecanicamente com eles, e pela maneira como muitos deles as tratam,
com certa indiferença e desprezo, muitas vezes se tornam depois lésbicas. Ela me disse
que começou "na vida" em um tempo em que não havia os sites de garotas — e isso as
obrigava a serem exploradas nas casas de massagem e prostíbulos, onde o ambiente
muitas vezes era pesado, com subordinação ao dono do local, exploração e até
sentimento de prisão muitas vezes, tipo uma penitenciária. Ela me contou que não
podia se distrair que era roubada ou enganada, a menos que conseguisse uma
“protetora” dentro do local de trabalho.
- É difícil a vida de muitas dessas mulheres, amigo. Mas ainda penso que elas
optaram por tal vida e o dito caminho. Algumas podem ter entrado por curiosidade ou
necessidade momentânea de dinheiro e depois não conseguiram sair mais desse ramo.
_______________________________________________________________________
Andreza saiu com suas amigas acompanhantes para um restaurante. Sentaram-
se numa mesa onde já estava acomodada uma bela jovem loira. Rapidamente Larissa
apresentou todas para sua amiga. Seu nome de trabalho era Safira. Andreza sentou
numa cadeira, mas não gostou do local da mesma e pediu a suas colegas para mudar
de posição.
A morena se levantou, então, deu alguns passos e se sentou ao lado da loira
que se apresentava como Safira e tinha 22 anos de idade.
Após algumas conversas preliminares, ela se virou para Suellen e se dirigiu a
ela em particular:
- Bruna, é este seu nome, não é? Eu saí com aquele gordinho. - disse Safira – e
apontou com discrição para um homem sentado em outra mesa do restaurante, ao
lado de uma bela mulher - Aquele com a garota de vestido sóbrio, de cor preta, justo
ao corpo, e de alças finas e ela tem uma flor tatuada um pouco abaixo da batata da
perna. É uma acompanhante de luxo, eu a conheço. Seu programa custa R$ 400,00 a
hora.
As duas conversaram, e em alguns momentos Safira parecia hostil. A medida
que ela deu espaço para a morena, esta avançou nas perguntas.
- Você tem namorado, garota?
Safira explicou que tinha, sim, um namorado, mas que “ele não sabia de nada
ainda", ou seja, não sabia que ela era garota de programa.
- Como assim?? – questionou Andreza, com grande curiosidade.
- Ele não é da capital, mora numa cidade do interior. E tem fazenda.
- Por que, então, você não se casa com ele, Safira, e formam uma família?
- Bruna, para uma pessoa racional ou muito prática, parece óbvio que, se o meu
negócio é ganhar dinheiro com sexo, melhor seria para mim tentar com alguém de
quem se gosta, porém eu te respondo: não é tão simples assim; mas acredito que a
gente vai casar. Só que preciso entrar neste casamento tendo um pouco de dinheiro.
- Você já viajou com algum cliente?? Ganha presentes de vez em quando?
Como é? – perguntou a morena.
- Presentes e viagens. Para mim, não é ruim trabalhar como garota de
programa: eu tenho uma agenda legal, de clientes que me pagam bem, me tratam
bem, me dão presentes, me levam até para viajar. Já fui até pedida em casamento.
- Se é assim, o que será que você fazia naquele inferninho de luxo, o cabaré de
luxo onde você trabalhava? – brincou Larissa.
- Faz muito tempo que eu saí de lá... – retrucou a jovem loira.
E ela pediu para falar mais sobre o gordinho da outra mesa.
- Sabe aquele cara da outra mesa, o gordinho: ele já me pediu em casamento.
Acredita?
- E o que você respondeu? - questionou Andreza.
- Respondi que não aceitava – respondeu Safira, com a maior naturalidade.
- Você disse um “não” logo pra ele, de cara? – questionou a morena, um pouco
surpresa.
- Sim, era a terceira vez apenas que a gente saía. O pedido dele me pegou de
surpresa.
- Entendi – replicou Andreza.
- Eu combinei hoje com um cliente, mas acho que ele me deu um cano –
contou Safira.
A loira, todavia, parecia ter ficado mais seduzida pelo pedido de casamento
feito pelo cliente do que pelo fazendeiro. Mas não teve coragem de admitir isso para
suas colegas.
Ela não sabia entender exatamente o que estava sentindo. Pelo pouco que
conseguia entender, ela imaginou que a vida que o cliente poderia lhe proporcionar
seria muito mais estimulante, e cheia de boas surpresas. Em algum lugar, porém, ela
sabia que essa percepção deveria ser mantida no campo da fantasia.
Safira explicou ainda para as outras garotas que não aceitou nenhum dos dois
pedidos de casamento a princípio, nem do namorado, porque não gostaria de "ficar
presa" ainda. – “Quero ter minha liberdade, sem ser cobrada. Tenho muitos planos
para o futuro e não sei se nenhum homem me entenderia no momento. Então, talvez
eu me case depois com o fazendeiro… Mas não já“.
Em seguida fizeram seus pedidos e prosseguiram dialogando.
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ALGUNS DIAS DEPOIS ANDREZA COMENTOU COM JUHLIANA SOBRE CLÁUDIO.


- Juh, eu acho que estou gostando de um homem casado; ele diz que gosta de
mim e também já ficamos várias vezes; ele igualmente diz que não ama a esposa, que
gosta muito dela, mas já percebeu que não a ama; acredito que se ele realmente não
ama, é por isso que ele a trai. Ele diz que prefere fazer amor comigo ao invés da esposa
porque faço tudo com ele na cama, e a esposa dele é evangélica e não faz certos tipos
de sexo com ele; ele também é evangélico; mas não quero me envolver muito com
ele; não quero que o casamento dele acabe por minha causa pois não sei se vamos
ficar juntos por muito tempo; tenho muitas dúvidas, não sei se ele fala a verdade
comigo, tem horas que nem quero saber mesmo, e acho que o nosso caso é
passageiro; não posso me envolver demais, pois quando existe um sentimento entre
ambos é mais difícil se libertar.
- Você tem razão, Bruna – concordou Juhliana. - Na maioria dos casos o homem
é infiel apenas porque decide ser infiel. Logo, não existe um motivo que influencia
nessa decisão. Sendo assim, essa é uma decisão própria que implica em um
comportamento depreciativo. Homens que têm amantes costumam ter os mesmos
comportamentos.

Samuel, o aliciador de garotas de programa, entrou em contato com Andreza,


convidando-a para um jantar. Ela imaginou que o rapaz estivesse interessado nela.

Samuel lhe enviou uma mensagem:

- Bruna, você lembra de mim? Eu estava na casa de praia que a Larissa e o Luigi
alugaram. Eu gostaria de sair com você. Já faz mais de um mês que a gente se falou. Eu
disse que ia te ligar...

- Você quer ir para onde? – questionou Suellen.

- Pode ser um jantar no restaurante aí perto da Varjota. Eu pago para você o


jantar.

A maranhense se encorajou mais a fim de aceitar a proposta.

- Vamos sair para jantar. Mas o que você deseja falar comigo? - questionou a
moça; ela suspeitava que Samuel estivesse interessado nela.

- Preciso conversar com alguém e pensei em você. Aceite meu convite, por
favor. Eu também gostaria de falar sobre trabalho e umas oportunidades que
apareceram para você.

- Mas, Sam, eu já te disse: não penso em sair do Brasil.

- Eu lembro sim o que você disse. São outros assuntos. Podemos marcar para
sexta-feira a noite.

- Prefiro sábado.
- Pois está combinado.

- Um abraço.

- Outro. Entro em contato mais próximo. Eu passaria no seu prédio umas 20 h.


Pode ser?

- Pode sim.

- Boa Noite.

- Tchau.

Sábado, Andreza e Samuel confirmaram o jantar. Ela estava muito ansiosa para
saber o que o rapaz queria com ela e qual seria o conteúdo de sua conversa.

Encontraram-se num shopping e de lá foram ao restaurante que Sam sugeriu.

Chegando ao destino procuraram uma mesa, sentaram e começaram a


conversar.

- Bruna, você está gostando de seu trabalho na clínica de massoterapia?

- Sam, eu estou descobrindo que eu não gosto muito de fazer massagens, mas é
o que posso fazer por enquanto e não paga tão mal. Por isso vou seguindo nesta
ocupação.

- Você não deseja ser acompanhante de empresários e os seguir em viagens de


lazer e eventos?

- Como é isso?

- Eu tenho dois amigos que possuem agências que oferecem estes serviços aos
empresários. Belas garotas, educadas e com boa apresentação para lhes fazerem
companhia em várias situações. Combina-se o valor das viagens por diária e a agência
cobra uma taxa pelo serviço.

- Quanto em média?

- 15 a 30 %

- E nestas viagens sempre o serviço sexual está incluso?

- Nem sempre. Os valores são diferenciados. Alguns empresários são


homossexuais e querem acompanhamentes apenas para passar uma imagem de que
são seres humanos comuns, casados ou compromissados. Mas as acompanhantes já
viajam sabendo de tudo antecipadamente.
- Não sei. Não quero me afastar muito do meu nordeste e de minha família.

- Esta experiência é muito interessante. Muitas garotas adoram, pois conhecem


restaurantes requintados, museus, galerias de arte, resort, estações de esqui, hotéis,
culturas, pessoas diferentes, participam de eventos. Enfim, podem conhecer coisas
totalmente novas e se tornarem pessoas mais vividas e conhecedoras do mundo. Foi
assim que muitas garotas de programa conheceram o amor de suas vidas. E algumas
conseguiram um bom casamento.

Após essa fala de Samuel, Andreza já percebeu que ele não demonstraria
nenhum interesse por ela e o jantar seria realmente por outros motivos. Disse ela
então:

- E se eu não tiver nenhum interesse em me casar?

- Melhor ainda. Isto quer dizer que você ainda tem muito trabalho pela frente e
vai ganhar bastante dinheiro. Você tem quantos anos, mal lhe pergunte?

A morena não gostava de falar sua idade real e respondia que era menos do
número de verdade.

- Que pergunta indelicada para uma garota responder. Tenho 23 anos. –


respondeu ela.

- Viu só, muito jovem – reforçou o moço, aparentemente sem desconfiar que
ela não dissera a verdade. – E ai: você toparia tentar ser realmente acompanhante de
luxo?

- O problema, Sam, é que eu acredito que a garota vai ficar neurótica com seu
corpo. Tem que estar sempre fissurada em academia para agradar estes clientes
exigentes.

- Nem sempre. Também não é tanto assim. Mas exercício físico não faz mal
para ninguém. E mulheres que se cuidam precisa ter uma alimentação correta para se
manterem “fitness”, com o “shape” em forma.

- E você, Sam? Tem namorada? Você não conta nada sobre você – indagou a
morena, por curiosidade.

- Bruna, eu sou homossexual. Mas toda a minha família e amigos sabem disso e
me aceitam como eu sou. Sou bem resolvido, graças a Deus. Tenho um namorado há
dois anos quase, mas não moramos juntos.

- Legal. Eu não desconfiei que você fosse “gay”. Perdoe-me falar assim; não é
por mal.

- Sem problemas. Sou bem resolvido e lá em casa bem como o restante da


família e amigos sabem e aceitam minha opção sexual.
- Ainda bem. Melhor viver em paz consigo mesmo e com os outros, e sem
mentiras. Eu já não posso me vangloriar e dizer o mesmo de mim. Minha vida real é
ocultada de meus familiares e amigos.

- Bruna, eu conheço muita gente. Eu queria depois te apresentar para um


influencer aqui de Fortaleza. Ele também é “gay”. É uma pessoa ótima, um cara bem
legal. É bem louquinho, mas você vai gostar muito dele. Waldir conhece muita
gente.Ele é um blogueiro daqui de Fortaleza muito influente e usa o nome artístico
“Klebinho Bezerra“.Vou te apresentar também para o pessoal de uma banda de forró
pé-de-serra e arrasta-pé. São muito amigos meus. Você vai adorar os conhecer.

- Ok. Vou aguardar.

E foram jantar.

CONVERSARAM WANESSA E ANDREZA CERCA DE TRÊS DIAS DEPOIS:

- Wanessa, você faz sexo anal com clientes? Eu só fazia com meus namorados –
começou a morena

- Sabe, Bruna, tenho um cliente meu que é casado há quase 15 anos e ele diz
que sua esposa ama de paixão o sexo anal e exige que ele ejacule dentro do ânus dela;
ela fala que adora sentir o liquido seminal quentinho dentro do seu ânus.
- Eu também adoro isso – aprovou Andreza.
- Mas ele me contou que se ele quiser transar duas vezes na noite com ela eu
tem que usar preservativo na primeira vez. Ela odeia preservativo, ele diz; agora, do
que ela gosta muito também, segundo ele é o sexo oral, e tem dias que ela pede o cara
ejacular dentro da boca dela para que ela engula: ela gosta mesmo de engolir. Mas ele
diz ter nojo; pois ás vezes faz sexo anal sem preservativo, ela faz oral nele depois e
ainda quer beijá-lo no fim. O que você acha?
- Acho que ela é meio tarada. Eu fosse ele não beijaria. Acredito que é por isso
que ele quer fazer o sexo anal a primeira vez com capa. Eu , com sinceridade, odeio
sexo anal com camisinha. Gosto com o pau limpo, mas bem lambuzado de lubrificante.
- É uma delícia mesmo – concordou a ruiva assanhada.
____________________________________________________________
Larissa e Andreza ficaram brigadas e sem se falar por cerca de um mês. Depois,
voltaram a se comunicar. A morena também tentou retornar à clínica de massoterapia
e ainda passou alguns dias realizando massagens, mas depois saiu em definitivo.

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Andreza, Wanessa e Monique se encontraram no apartamento de Larissa. Esta
última viajara para a casa de seus pais e deixou suas chaves com Wanessa. Larissa
havia informado que elas poderiam se reunir no seu apartamento enquanto ela
estivesse ausente. As trê prepararam uma macarronada e ficaram tomando vinho,
enquanto assistiam a um filme de romance por “streaming” na TV.
Elas dialogaram após o filme.
Andreza começou, dizendo:
- Eu me acho boa de cama. Porém, eu não gosto de julgar ninguém com
relação ao comportamento na cama.
Seja ouvindo a fantasia do meu parceiro ou me permitindo identificar completamente
a mim mesma, estou aberta a desejos diferentes; sei que que estar atenta ao que
excita o parceiro, é essencial para satisfazê-lo. Lembro-me de que muito na mente dos
homens está na esfera da fantasia – não é algo que você tenha que fazer de fato algum
dia, mas busco deixar os julgamentos de lado e ouço de verdade os desejos dele pra
esquentar o clima da transa.

- O que você acha que uma garota deve fazer para apimentar o encontro? –
questionou Monique.
- Eu penso que se deve inovar, sempre que for possível – afirmou a morena. -
“Você olha o braço de um sofá e já imagina qual seria a melhor posição se estivesse ali
com seu parceiro? Seu sutiã daria uma boa ferramenta de “bondage”? Faço o teste de
uma lingerie ousada com ele? Peço para ele fazer uma posição sexual que ele nunca
tentou. Ser criativa e buscar novas formas de esquentar a relação são qualidades
essenciais numa boa parceira sexual. Eu tenho procurado ter imaginação e criatividade
neste sentido.

- Vocês pensam muito em sexo, meninas? - perguntou Wanessa. - Eu não


penso apenas quando estou prestes a transar; quando vejo um cara sexy e másculo
na academia ás vezes me bate a vontade, mas tento me controlar.

- O sexo tem um forte componente mental, eu sei disso - disse a morena. - Eu


presto atenção quando tenho um pensamento sobre sexo ou me sinto excitada em
alguma situação do dia-a-dia, e não dispenso a idéia logo de cara. Permito-me sentir
erotizada e observar o que há de sexy em cada pessoa que me atrai – concluiu
Andreza.

- Você sente atração por mulheres também? – quis saber Monique.

- Nunca tive vontade de transar com uma mulher – respondeu Suellen.

- Eu já me senti atraída por mulheres; mas nunca fiquei com nenhuma. –


redarguiu Monique.

- Você precisa ás vezes colocar as necessidades do outro em primeiro lugar. É


uma prática de “ compaixão”, como em alguns outros aspectos de nossa vida. Pode
ser um desafio enorme, mas praticar na cama pode fazer de você uma ótima parceira
sexual - disse Wanessa.
- Não se trata de sempre colocar o homem em primeiro lugar, mas sim de dar
prazer a ele quando ele merece, ou só pela satisfação de vê-lo realizado sexualmente.
Por exemplo, surpreendê-lo pela manhã com uma trepada rápida mas gostosa ou um
belo boquete; ele vai adorar e ficar admirado com sua inovação - opinou Andreza

- Eu tento saber quando aumentar o volume e o grau de excitação e das


ações na transa. Precisamos dominar isso – acrescentou a ruiva - A capacidade de
relaxar, deixar acontecer e colocar os pudores de lado é um atributo sensacional numa
mulher. Em primeiro lugar, porque se você ficar menos inibida, tudo fica mais sexy.
Além disso, homens também querem ouvir você fazer barulho, gemendo, falando
palavras picantes para ele no momento do clímax - disse Wanessa.

- Seu par nem sempre vai ter certeza de que você está gostando de transar
com ele se você não der sinais disso; por isso, se você estiver sentindo prazer, sinalize
– opinou Monique.

- Procuro acima de tudo ser espontânea na cama – disse Wanessa. -


Penso que a coisa mais excitante que uma mulher pode fazer durante o sexo é ser
surpreendente e espontânea. Desde acordá-lo com sexo oral, sugerir uma posição
sexual mais ousada ou esperar na cama de lingerie; estas são pequenas situações que
fazem uma diferença enorme para fugir da rotina – concluiu Wanessa.

- Um dos problemas que muitas mulheres enfrentam na hora do sexo, é


justamente não saber o que fazer para ficar mais “solta” - declarou Monique. – Soltar-
se na cama está relacionado a fazer sexo intenso, carregado de prazer. E isso, minhas
amigas, é saber como ser boa de cama! É voltar a virar bicho, ligar seu instinto animal.

- É quando você para de agir racionalmente, e começa a agir de forma


impulsiva – disse a morena de São Luís. - O que acontece com muitas mulheres, é que
estão sempre analisando a situação, mantendo uma rotina, questionando se estão
fazendo certo… Esquece a posição, a luz, a celulite, as estrias! O sonho de todo
homem é ter uma mulher que sabe se soltar na cama. Então procuro ser essa mulher!

- Eu já li que o sexo em si de uma casal passa por três fases – comentou


Monique. - Fase Primária: Onde o sexo é feito como dever, sem prazer, apenas para
reprodução. A maioria das mulheres está nessa fase, transando quase que por
obrigação. Fase Secundária: É a fase carnal, onde o sexo dá prazer nos órgãos genitais.
A maioria dos homens está nessa fase, e adoram isso. E Fase Tântrica: É um sexo quase
que espiritual, sexo em seu sentido amplo, com hiperorgasmo para os dois. A mulher
que entra nessa fase é praticamente venerada por qualquer cara.

“Logo, se você se reprime, e se priva de experimentar coisas novas, estará


permanecendo na fase primária, e jamais conseguirá ter uma profunda conexão
sexual com seu homem. O sexo não estará sendo bom como deveria, entende?

- Sim, acredito que entendi – finalizou Andreza.


WANESSA CONVIDOU ANDREZA PARA FAZEREM PROGRAMAS EM OUTROS
ESTADOS.
Wanessa se voltou para Andreza e lhe disse:
- Bruna, eu queria te fazer uma proposta.
- Qual é, Wanessa?
- Vamos viajar para fazer atendimento em outros estados. A gente começa pelo
nordeste e depois, quem sabe, parte para os grandes centros do Brasil, outras capitais
por ai.
- Wanessa, é um convite interessante; porém, não tenho a convicção de que
seria vantajoso para mim. Já tive uma primeira experiência e não deu muito certo.
Financeiramente, por exemplo, não foi recompensador. E acho as viagens cansativas.
- Por que você pensa deste modo, Bruna?
- A gente gasta muito em viagens: passagens aéreas e terrestres, hotéis,
alimentação, traslado, e com a pandemia o volume de clientes reduziu. Ainda tem
muita gente com medo de pegar Coronavírus. Não acho o momento muito propício
para viajar. As passagens aéreas subiram muito de preço e o valor dos programas caiu
ou estagnou...
- É verdade, tem garotas demais fazendo programas de sexo. Depois que os
sites de encontro se popularizaram muitas meninas se dispuseram a fazer programas
para faturar dinheiro. E como os salários são baixos na maioria dos trabalhos
convencionais, muitas jovens preferem optar pela prostituição para juntar uma grana e
depois decidirem o que vão fazer de suas vidas.
- Eu não aprecio muito as viagens. Eu até gosto de conhecer novos locais, mas é
a viagem em si de que não gosto. Fico muito tensa nas viagens, penso em acidentes;
não me entendo bem, mas em geral não consigo relaxar quando estou no trajeto das
viagens.
- Tenho algumas amigas que viajam pelo nordeste. Cidades como Natal,
Recife, Petrolina, Juazeiro do Norte, João Pessoa, São Luís, Campina Grande, Feira de
Santana; dá para faturar uma grana. Os caras que buscam meninas nestes sites de
acompanhantes sempre querem novidade. Quando chegam garotas novas na cidade
eles caem de cabeça, igual abelhas no mel.
- Imagino. Os clientes saturam da gente; nós também nos cansamos de alguns
clientes.
- Ok, Bruna. Vou convidar outra colega. A clientela para mim está escasseando
mesmo. Iniciarei estas viagens para faturar um extra e para sair da rotina.
- Obrigado pelo convite. Deixa para outra vez.
Três dias depois, Andreza e Larissa retornaram de um “ménage a trois” que
fizeram com um turista americano e conversaram durante o trajeto, no interior do
automóvel da segunda.

- “Hellen”, qual a diferença na sua opinião dos fetiches em relação às fantasias


sexuais? – questionou a morena.

- A fantasia só acontece a partir de um desejo que não pode ser facilmente


decifrado, mas sentido – declarou a amiga. - Assim, a fantasia erótica é um desejo
acerca de uma situação ou lugar que aumente o prazer do ato. São exemplos de
fantasias sexuais a submissão; a vontade de se sentir dominada; sexo grupal; sexo
com duas mulheres ou com dois homens ao mesmo tempo; sexo com estranhos.

- Nesse sentido, elas seriam algo em que a pessoa passa um bom tempo
pensando sobre enquanto faz sexo ou até durante a masturbação? - deduziu Andreza,
já fazendo uma pergunta.

- Sim, pode ser. Dessa forma, você pode fantasiar sobre fazer sexo com duas
mulheres na cama e não realizar no mundo material – explicou sua amiga. -
Entretanto, no fetiche, é fundamental possuir aquele objeto no qual você expressa o
desejo sexual; caso contrário, você pode acabar ficando menos excitado.

- Entendi muito bem – disse a morena. - Existe diferença entre fantasias de


homens e de mulheres? – quis saber Andreza.

- Bem, eu vejo que não é possível especificar essa diferença. Entretanto, é


comum os homens fantasiarem com maior frequência do que as mulheres.

“Porém, há fantasias mais associadas às mulheres e são aquelas que envolvem


serem presas ou prenderem o parceiro, especialmente em cenários românticos. Já os
homens preferem algo que envolva mais força e poder. As sensações masculinas
tendem a explorar o campo de novas sensações, posições e lugares diferentes.

- Larissa, quando é que o fetiche vira um problema, no seu modo de pensar?

- Quando eu penso o que é um fetiche, na sua definição, não encontro nenhum


problema. Aliás, pode ser benéfico para a saúde caso esteja trazendo felicidade.
Entretanto, é possível que o fetiche seja prejudicial quando ele perde o controle.

- Nesse sentido, a pessoa passaria a sentir desejo sexual somente com a


utilização de certos objetos ou com a representação de determinados cenários?

- Correto. Sendo assim, o fetiche se tornaris obrigatório nos diferentes tipos de


sexo, configurando uma patologia.
- Então, quando a pessoa passa a depender somente daquele prazer específico
para ficar excitada pode ser um problema nesta pessoa. O mundo sexual diz muito
sobre cada indivíduo.

Cláudio e Felipe conversaram sobre Andreza alguns dias mais tarde:


- A vida dela é feita de mentiras - disse Felipe para Cláudio. - Ela já se
acostumou a criar mentiras e desculpas para tudo e ocultar sua verdadeira vida e suas
atitudes. Mulheres como ela fazem de tudo para ganhar dinheiro e para sobreviver.
Elas não tem pudor na maioria do tempo. Quem está nessa vida delas topa tudo para
faturar dinheiro. Nada me deixará admirado no que diz respeito ao que parte delas.
- Não vale a pena se envolver com garotas de programa, Cláudio. Fazer sexo
sem poder beijar, sem envolvimento, não vale a pena. As garotas de programa só
querem o nosso dinheiro: a maioria ou a quase totalidade. Uma namorada, a esposa
ou uma amante vão te dar muito mais prazer e se importar com você. Uma garota de
programa não está nem aí. Ela só quer fazer o trabalho dela e ir embora. A maioria das
garotas de programa não beijam na boca, não fazem sexo oral sem camisinha, são
mecânicas, algumas querem até te humilhar se você exige um programa melhor. Se
você não combinar todos os detalhes do programa antecipadamente, elas com certeza
vão te enganar. Se você gozar com 15 minutos de relação sexual dançou; elas até te
expulsam, se você estiver no local delas; mas quando fazem o anúncio do programa
dizem que é uma hora para te pegar. Já aconteceu comigo, mas sou educado e me
retirei sem discutir. Agora eu sei porque chamam estas mulheres de vagabundos.
Muitas delas são picaretas e não valem nada. Já fui maltratado três vezes por putas.
Sei que muitos homens as humilham, porém, eu sempre as tratei com dignidade e elas
foram descontar justamente em mim os maus-tratos que outros clientes lhes
infligiram. Um absurdo isso.
___________________________________________________________
Andreza e Felipe tiveram um encontro no motel dentro de poucos dias.
Conversaram os dois naquele estabelecimento (“Bruna” já havia revelado para
o contador seu nome verdadeiro):
- Andreza, me parece que você adora sexo, assim como eu. É impressão minha
ou estou enganado? Porque a maioria das garotas de programa gostam é de dinheiro,
e quase nada de sexo. Só fazem pelo dinheiro, sem nenhum prazer pelo trabalho.
- Meu bem, você sabe de uma coisa: eu acho que eu sou assim louca por sexo
porque eu puxei a minha mãe. Ela é muito danada, é muito fogosa. Ela me conta cada
história! Ela é uma mulher muito quente; adora uns drinks... e aí você imagina..
- Você acredita que ainda vai atuar muito tempo como acompanhante?
- Sei que vou trabalhar ainda muitos anos fazendo sexo, até fartar minha
vontade. Gosto muito de sexo. Sabe, acho que eu nunca vou casar.
- Você é muito jovem; não está no tempo de pensar em casamento ainda -
contou Felipe. - Quando criança você criava muita encrenca no seu bairro? Era
brigona? Você me parece ser fácil de se zangar.
- É mesmo. Por quê?
- Não sei explicar, mas tenho impressão que sim.
- Eu nunca fui barraqueira, mas quando eu era pequena uma menina da minha
rua mexeu com minha irmã caçula e quis bater nela. Aí minha mãe me disse: Andreza,
vai lá com sua irmã e dá uma surra nesta garota, quebra a cara dela, para vingar o que
ela fez com Melina. Minha mãe não deixava as coisas barato. Ela me ensinou isso.
- E aconteceu alguma coisa depois?
- Não. Não aconteceu nada.
- Meu bem, você nunca trabalhou em um local como um bordel? E você já fez
programa com algum idoso?
- Meu bem, eu tenho pavor de cabaré e de atender velhos - contou Andreza,
com um sorriso maroto ao falar. - “Gosto de homens “coroas”, mas tenho horror de
ficar com um idoso. Não gosto. E também quero passar longe de cabaré. Se tem um
lugar no qual eu não trabalharia é no bordel. Deus me livre! – E a morena sorriu.
- Você já conheceu alguém importante aqui na cidade? Alguma autoridade?
- Não, infelizmente ainda não. Mas eu queria conhecer o traficante ou o chefe
da bandidagem deste bairro. E manter alguma proximidade com ele. – revelou
Andreza Suellen, em tom malicioso.
- Por quê? - indagou Felipe, sobressaltado.
- Ah! E importante conhecer este tipo de gente. Eles são influentes, mandam e
desmandam na comunidade. Não preciso ser muito amiga deles, mas ajuda ter boa
relação. Eles impõem respeito e se você é colega deles nenhum mala mexe com você,
senão ele sofre as consequências.
- Ah! Entendi. Só que é arriscado! Será que ele vai querer te comer sem pagar
pelo serviço...?
- Não, isso não. Não diga besteira.
- Desculpe-me, então. Tomara que você esteja certa.
- Andreza, você já teve a curiosidade de saber quais os significados do seu
nome?
- Sim, já. Andreza quer dizer mulher forte, lutadora. Suellen quer dizer “lírio
reluzente”. Suellen é a junção e abreviação de Susan + Hellen.
- Interessante. Você acha que combina com você?
- Acredito que sim.

Dois dias depois Suellen e Cláudio se encontraram no flat de uma amigo do


jogador de pôquer.
Suellen e Cláudio tiveram uma conversa:
- Você diz, Andreza, que não quer gostar de mim, que acha melhor não
aprender a gostar de mim. Eu te pergunto então: Será que o fato de não gostar de mim
não irá te dar a prerrogativa de me odiar, me tratar mal e me magoar quando você
bem entender e não sentir remorsos depois? Quando se sentir desconfortável por
qualquer atitude que eu fizer e não te agradar, você não me tratará mal apenas como
retaliação? Será que este é um dos mecanismos de defesa do seu ego? Eu me
questiono.
- Não, não pense desta forma. Minhas ações não são para o mal. Pelo menos
não tenho esta intenção. Só não quero sofrer depois nem fazer ninguém sofrer. Eu já
padeci muito por amor e não quero que você confunda as situações.
- Andreza, você já amou alguém em sua vida? - indagou Cláudio.
- Não. Eu nunca cheguei a amar ninguém. Eu já gostei muito de uma pessoa,
muito mesmo, mas acho que eu não cheguei a amá-lo. E você, Cláudio, você ama
alguém?
- Acho que também nunca amei ninguém de verdade, eu digo uma mulher. E eu
acho que o amor é a coisa mais importante desta vida.
Alguns dias depois em outra conversa...
- Cláudio, um dia eu reencontrei meu ex-namorado na casa da mãe dele e ele
falou comigo. Fiquei até sem jeito; fazia tempo que ele não dirigia a palavra para mim;
penso que ele era chateado comigo...
- Por que, Andreza, ele estaria chateado com você?
- Não quero dizer. Continuando: nesse dia a gente conversou um pouco. Sabe o
que ele disse? Ele falou que ainda me ama. E eu sei que ele após me deixar não tem
ninguém assim sério.
- Foi mesmo?
- E eu não sei se o amo. Eu sou tão confusa.
- Andreza, então se você gosta dele, por que não volta para seu ex! – sugeriu
Cláudio, um pouco entristecido. - Eu não quero atrapalhar nada entre vocês - concluiu.
- Não, meu bem, não é tão simples assim. E se não deu certo antes entre nós,
não é agora que daria certo. Eu não quero voltar para ele. Acredito que a nossa
história já passou.
- Pense bem, seu caminho está livre - reforçou Cláudio.
Neste instante o rapaz ficou imaginando se Andreza dissera aquelas palavras
para testá-lo e tentar provocar ciúmes ou se ela realmente ainda gostava de verdade
de seu ex-namorado.
- Andreza, gosto muito de você. Gosto muito mesmo. Eu penso também que a
gente quando gosta de uma pessoa não é porque a gente quer, é algo que pode ir
contra a nossa vontade; às vezes, não dá pra entender direito, e não adianta tentar
lutar contra isso.
- Não. Entre eu e meu ex-namorado não existe mais nada.
- Você pensa que o amor vai chegar em nossa vida na hora em que a gente
quiser? Acredito que não funciona assim. Eu creio que se o amor bater na nossa porta,
a gente tem que correr atrás.
- Cláudio, eu não quero que você me ame.
- Andreza, eu acredito que o amor existe e ele pode mudar a vida de uma
pessoa. E eu penso que não se pode viver sem amor. Eu creio que o amor é a coisa
mais importante nesta vida.
- Acho que você superestima o amor, Cláudio - disse Andreza.
- Não diga isso, Andreza. Você fala assim porque nunca amou ninguém de
verdade. No dia em que amar vai ver que eu estava certo. Vai concordar comigo e vai-
se recordar das minhas palavras.
- Não sei; tenho minhas dúvidas.
- Todos temos. Mas acredito nas minhas palavras.
- Eu já sofri por amor e tenho medo de sofrer de novo; mas não descarto que
eu possa amar.

Cláudio começou a enviar mensagens para Andreza pelo WhatsApp três dias
posteriormente.

Ele pensou em enviar uma mensagem pelo zap dois dias depois para Bruna,
tipo assim: “Sonhei com você essa noite “. Pensou ele: uma mentirinha não faz mal a
ninguém, não é mesmo? E ele tinha que estar pronto para responder o que sonhou,
porque certamente ela ia perguntar. Pensou em inventar uma história envolvendo os
dois, repleta de detalhes picantes, ou dizer que havia sonhado a noite toda com ele
tirando a sua roupa, realizando strip-tease para ele.

Enviou então à tarde uma mensagem para o Whatsapp dela.

- Meu bem, você nem sabe, sonhei ontem á noite com você. Um sonho tão
bom. Acordei hoje todo molhado...

- Nossa, que sonho foi esse? - quis saber a morena.

- Sonhei que nós dois estávamos numa ilha deserta e passamos a noite
transando na areia, sobre uma toalha bem felpuda, tomando vinho, ao lado de uma
fogueira e sob a claridade de uma linda lua cheia!

- Que sonho romântico! – retrucou a garota de programa. – Mas estou achando


que você aumentou a estória deste sonho...

- Não, é tudo verdade. Lembro-me muito bem de tudo que ocorreu no sonho.

- Pois tá bom. Acredito! Então foi maravilhoso?

- Sim, foi, para nós dois. Eu te garanto. E o que você está fazendo agora? –
indagou o rapaz, com todo cuidado para não soar como uma cobrança.

- Estou deitada na cama; acabei de acordar de um cochilo após o almoço. – Era


um domingo, ás 15 h aproximadamente. - Sabe que eu lembrei de você hoje de
manhã!

- Foi mesmo! Que bom! E está deitada, só de calcinha??

- Exato. Mas de calcinha e top nos seios. Se você adivinhar a cor da minha
calcinha você ganha um beijo e um cheiro.

- E qual a garantia que eu vou ter de que se eu acertar a cor você não vai me
enganar?

- Se quiser, eu posso enviar uma foto para você conferir se acertou. O beijo

você pode me dar depois mesmo se você errar, mas se você acertar o desafio,

receberá um beijo especial, muuuuiiiito caprichado – disse a morena. Ela queria deixá-

lo imaginar um pouco antes de ceder.


- Fiquei empolgado agora e com água na boca. Seu jogo é divertido e me

instigou.

- Pois tente acertar? – provocou a garota. – Tente descobrir a cor da calcinha

que estou vestindo!

Cláudio fez uma pequena pausa para valorizar sua adivinhação e respondeu:

- Branca ! ... Acertei?

- Não !!! Que pena, você errou, meu bem.

- Pois me mostra.

E ela fotografou sua peça íntima de baixo e lhe enviou as imagens.

- Calcinha vermelha ... - revelou a morena. E o homem pôde comprovar nas

fotos.

- Quem me garante que você já não tem uma galeria com calcinhas de várias

cores para enganar os bobos? – questionou o jogador de pôquer.

- Nossa, como você é desconfiado! Deve ser descendente de São Tomé! Pior

que não acredita nem quando vê!

- Desculpe, foi uma brincadeira. Na verdade eu não desconfiei que você possa

me ter enganado. Mas estou aqui lembrando de ontem à noite. O sonho foi delicioso!

- Imagino; seria muito boa essa experiência com que você sonhou... O local, a

bebida, o luar, sozinhos, Uhmmm! – disse Bruna, apertando suavemente seus lábios.
- O que ficou mais marcado na minha cabeça foi quando você tirou seu vestido

e eu vi sua lingerie, que estava muito sensual e então você me falou: “Comprei uma

lingerie nova, só para você“. Eu fiquei extasiado, e a vaidade me tomou nessa hora. Eu

me senti importante para você, valorizado.

- Pois qualquer dia vou comprar uma lingerie e vou fazer uma surpresa para

você.

- Também posso comprar uma lingerie e te presentear?

- Acho difícil você acertar meu número. Tenho o bumbum grande, embora

meus seios sejam pequenos. Tenho dificuldades de encontrar peças íntimas que me

agradem e dêem certo para mim.

- Entendo...

- E eu queria fazer uma surpresa para você...

- Obrigado, vou aguardar essa surpresa ansiosamente. Vamos depois marcar de

a gente se ver semana que vem.

- Ok. Entre em contato semana que vem.

- Tenha um boa continuação de domingo, Bruna.

- Você também. Tchau.

E encerraram as mensagens .

Larissa perguntou por Flávio mais uma vez .


- Andreza, você realmente não saiu mais com o Flávio? Aquele mentirosinho
que curso engenharia de pesca.

- Claro, o chatinho do restaurante! Saímos para comer apenas duas vezes. Não,
amiga. Ele ficava me enviando mensagens uma vez por semana pelo menos, mas há 15
dias ele me confessou que arranjou uma namorada e está bem satisfeito com ela.
Conheceram-se pela Internet e ela está iniciando um curso de Estética. Desde então,
Flávio não me contactou mais. Eu penso que agora ele vai me deixar em paz. Ele vai
parar de me perturbar. Eu torço por ele para que dê certo. O bichinho é tão bonzinho!

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Sam convidou a morena para uma festa de forró “pé de serra” e lá a


apresentou a uma banda composta por vários amigos seus e duas mulheres. Andreza
fez amizade com eles. A banda se chamava os “Os Mouriscos do Forró“ e Andreza se
engraçou por um dos vocalistas, de nome Clóvis, que era repleto de tatuagens no
corpo, e além de cantar, tocava sanfona. A garota teve um rápido caso com ele, que
ainda durou cerca de 2 meses; porém, como Clóvis era muito mulherengo e infiel,
Andreza percebeu que era caso sem futuro, e terminou e virou só amizade.

Sam também apresentou para Andreza um influencer gay. Samuel não


encontrava o que fazer e fez Suellen conhecer um influencer fortalezense chamado
“Klebinho Bezerra“ , o qual era muito engraçado e conhecia muitas pessoas de
sociedade na capital, assim como garotas e garotos de programa. O blogueiro era
homossexual, mas não tinha companheiro nem paquera. Ele possuía vários amigos e
amigas, dos quais Andreza conheceu alguns, muitos sendo garotos e garotas de
programa e outros homossexuais, como alguns dançarinos. Por meio dele, a morena
conheceu e se tornou amiga também de dois garotos de programa .

Terminou, entretanto, que o esquema de Samuel foi denunciado na justiça


brasileira e sua prisão foi decretada. Como ele se encontrava fora do país, Sam
preferiu ficar em território estrangeiro até a poeira abaixar. Ele continuou, porém,
comunicando-se com Andreza pelo Instagram e vez ou outra a convidada a sair do
Brasil, mas ela continuava sem aceitar sua proposta.

Suh e Larissa saíram no meio da semana. Foram à praia e lá Suellen encontrou


uma amiga de Larissa chamada Evellyn. As duas puderam conversar reservadamente.

Evellyn confessou para Andreza:

- A falta de relacionamento amoroso e de amizade, ou seja, “amigos de


verdade”, dentro e fora da profissão são alguns dos problemas que eu enfrento.

“ Preciso me esconder da família para não descobrirem o que faço: inventar


histórias, omitir as amizades com outras GPs, esconder a condição financeira, viagens
com clientes, noitadas, etc. Por vezes a desculpa que eu dou é a do namorado bem
sucedido e que dá presentes. Só que este nunca dá as caras e a família estranha. E
aqueles que eram amigos, já tenho vergonha de ter muito contato com eles e ficarem
sabendo de minha ocupação atual.

“Conheço outras garotas que passam por dramas semelhantes: aquelas de


origem mais carente e que venham a se envolver afetivamente com alguém freguês,
por vezes até conseguiram um bom casamento, todavia, foram poucas; na maior parte
das vezes eles terminam, trazendo frustração, tristeza e mais solidão para a garota.

“Como em toda profissão, existem as mais ou menos profissionais e


atenciosas: aquelas que realmente se importam com o cliente, criando até laços
verdadeiros de amizade, e os ajudam, quando for preciso, e tem paciência com os
mesmos. E as acompanhantes que são frias e calculistas, focadas somente no ganhos
financeiros que a atividade pode proporcionar.

CONVERSARAM VICTOR E TRÍCIA, DENTRO DE UMA SEMANA:

- Por que alguns homens se apaixonam por prostitutas, meu bem? – indagou
Trícia. - Você acha que estas garotas são mais vítimas ou seriam culpadas? O fato é que
muitos homens ficam bastante atraídos por elas e, em alguns casos, de forma séria.

- O debate pode nunca chegar ao fim, Trícia. É como pensar na prostituição


como atividade ou opção: seria sinônimo de liberdade ou exploração? Até mesmo a
ciência já estudou o fenômeno de homens que se apaixonam por prostitutas. Parece
que o que se descobriu até agora é que uma parcela da população masculina admitiu o
desejo de ter um envolvimento com uma garota de programa além do sexo, pois, ao se
tornarem clientes de garotas de programas, acabam criando vínculos afetivos que
fazem com que eles a enxergue como uma parceira romântica com a qual poderia, de
fato, manter laços mais sérios.
- Então seria uma espécie de amizade colorida, só que numa situação onde se
paga pela companhia da garota.
- Com certeza.

Wanessa e sua amiga maranhense foram fazer uma visita à sua amiga Larissa.

Chegando ao apartamento de Larissa, Wanessa e Andreza conversaram a sós,


enquanto Larissa preparava algo para elas comerem.

- Wanessa, você faz sexo anal com clientes? Eu só fazia com meus namorados –
começou a morena.
- Sabe, Bruna, tenho um cliente meu que é casado há quase 15 anos e ele diz
que sua esposa ama de paixão o sexo anal e exige que ele ejacule dentro do ânus dela;
ela fala que adora sentir o liquido seminal quentinho dentro do seu ânus.
- Eu também adoro isso – aprovou Andreza.
- Mas ele me contou que se ele quiser transar duas vezes na noite com ela eu
tem que usar preservativo na primeira vez. Ela odeia preservativo, ele diz ; agora, do
que ela gosta muito também, segundo ele é o sexo oral, e tem dias que ela pede o cara
ejacular dentro da boca dela para que ela engula: ela gosta mesmo de engolir. Mas ele
diz ter nojo; pois ás vezes faz sexo anal sem preservativo, ela faz oral nele depois e
ainda quer beijá-lo no fim. O que você acha?
- Acho que ela é meio tarada. Eu fosse ele não beijaria. Acredito que é por isso
que ele quer fazer o sexo anal a primeira vez com capa. Eu , com sinceridade, odeio
sexo anal com camisinha. Gosto com o pau limpo, mas bem lambuzado de lubrificante.
- É uma delícia mesmo – concordou a ruiva assanhada.
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Após três dias Andreza se encontrou com Juhliana e comentou sobre Cláudio.

- Juh, eu acho que estou gostando de um homem casado; ele diz que gosta de
mim e também já ficamos várias vezes; ele igualmente diz que não ama a esposa, que
gosta muito dela, mas já percebeu que não a ama; acredito que se ele realmente não
ama, é por isso que ele a trai. Ele diz que prefere fazer amor comigo ao invés da esposa
porque faço tudo com ele na cama, e a esposa dele é evangélica e não faz certos tipos
de sexo com ele; ele também é evangélico; mas não quero me envolver muito com ele;
não quero que o casamento dele acabe por minha causa pois não sei se vamos ficar
juntos por muito tempo; tenho muitas dúvidas, não sei se ele fala a verdade comigo,
tem horas que nem quero saber mesmo, e acho que o nosso caso é passageiro; não
posso me envolver demais, pois quando existe um sentimento entre ambos é mais
difícil se libertar.
- Você tem razão, Bruna – concordou Juhliana. - Na maioria dos casos o homem
é infiel apenas porque decide ser infiel. Logo, não existe um motivo que influencia
nessa decisão. Sendo assim, essa é uma decisão própria que implica em um
comportamento depreciativo. Homens que têm amantes costumam ter os mesmos
comportamentos.

Andreza convidou Safira para passarem o dia numa barraca da Praia do Futuro,
“O Planeta Green”, um ambiente o qual as duas apreciavam muito, por ser bastante
animado e frequentado por pessoas agradáveis. As duas colegas passaram o dia neste
local e conheceram um jovem marítimo de nome Hinaldo, com o qual bateram um
papo e este terminou por acompanhá-las numa mesa. Todavia, ambas se interessaram
pelo rapaz, que se dizia ser livre e desimpedido, e as duas começaram a trocar
mensagens pelos seus celulares indicando uma para a outra tal interesse, sem que ele
notasse. Num momento então que Hinaldo foi ao banheiro as duas se desentenderam,
pois ambas tinham pretensões em relação a ele; terminaram numa calorosa discussão,
e quase se engalfinharam, não chegando às últimas consequências da discussão por
muito pouco. Andreza se aborreceu e ,assim que o rapaz voltou do toilette, ela
inventou uma desculpa e pediu para ir embora, deixando em cima da mesa duas
cédulas de R$100,00 para ajudar no pagamento da comanda do local. Desse dia em
diante, Suellen não falou mais com Safira, e abortaram uma amizade que mal se
iniciara, as duas se bloqueando mutuamente nos aplicativos de mensagens.

Nos dias posteriores Ester ligou para Suellen e dialogaram.


Andreza, nos finais de semana em Fortaleza, ficava desfilando pelos bares e
restaurantes da praia do Futuro e postava em suas redes sociais algumas fotos tiradas
nestes locais. Sua mãe deu uma curtida em duas publicações e notou que sua filha
tinha adquirido alguns quilogramas a mais e aparentava estar num peso tal qual nunca
havia alcançado antes, mostrando isso nas fotografias de biquíni. Ester imaginou que
Suellen estaria com a vida muito sedentária na capital cearense e deveria estar se
alimentando mal, talvez mais às expensas dos fast-foods, daí o ganho de peso que sua
filha apresentava.
Na primeira oportunidade em que se comunicaram por telefone, Ester alertou
a garota.
- Andreza, querida, vi suas fotografias tiradas naqueles restaurantes
chiquérrimos das praias de Fortaleza. Você está linda e uma fofura de gostosa.
- Obrigada, mamãe – agradeceu a jovem; mas assim que terminou a frase, sua
mãe replicou:
- Só tem um probleminha filha, que eu notei.
- O que foi, mãe? – indagou Suellen, de pronto.
- Meu bem, eu achei você um pouco gordinha nessas fotos.
- Você fala sério, mãe? – redarguiu a filha, bem pensativa neste momento. – Eu
estou muito acima do peso? Você achou mesmo?
- Sim, minha filha – reforçou sua mãe. – Eu nunca tinha te visto com esse peso
todo. E fiquei preocupada, até me questionando: Será que minha filha está abusando
de comidas não saudáveis, comendo fora de casa e exagerando em fast-foods?
Preocupo-me com sua saúde, querida. Não é questão apenas de estética.
Andreza negou essa hipótese.
- Não, mãe, eu não costumo comer besteiras na rua e comidas que não sai
saudáveis. Eu procuro comer mais em meu apartamento e costumo preparar eu
mesma minhas refeições. Tenho aversão por comidas pesadas e com excesso de
frituras ou massas.
- E por que razão você está engordando, filha? – voltou a questionar sua mãe.
- Não sei, mamãe. Não faço ideia.
Só que Suellen mentia: ela estava usando um contraceptivo injetável que
provocava aumento de peso e ultimamente vinha abusando nos pedidos de comida e
lanche por delivery, comendo lanches e refeições muitas vezes com resultados
desagradáveis para sua saúde e causando ganho excessivo de peso.
- Pois, querida, se cuide, melhore sua alimentação e procure uma atividade
física para fazer! - recomendou sua mãe, ainda em tom de preocupação.
- Mãe, outra coisa: estou com tanta saudade do meu doguinho, o Albert. Sinto
a falta do meu filhote.
- Viu só; quem mandou ir embora de sua terra. – retrucou sua mãe, em tom
descontraído.
- Mas eu tive uma idéia para amenizar a falta do meu cachorrinho.
- Qual foi, Suh?
- Vou criar uma conta de Instagram paraa gente da família seguir e a senhora
me postar vídeos e fotos dele. Eu crio a conta e lhe repasso a senha para a senhora
administrar e fazer as postagens. Pode ser?
- Pode sim, querida. Ótima idéia. Vai ser muito divertido.
- Com certeza. Obrigado. Tchau, mamis .
- Até outro dia, minha filha.
Andreza encerrou a ligação e ficou consciente da importância do diálogo com
sua mãe, pela natureza do conteúdo, mas, apesar de saber disso tudo, ainda ficou
remoendo as palavras de sua mãe e ficou um pouco chateada com Ester, pois Andreza
não tolerava muito receber críticas.
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Larissa e “Bruna” foram a uma balada eletrônica numa danceteria de Fortaleza
poucos dias depois, onde encontraram um colega de “Hellen”, um rapaz tatuado de
nome Ian Felipe, e a morena percebeu que este ofereceu drogas para sua amiga, ao
que ela aceitou. Andreza consumiu apenas um drink à base de gin e o ingeriu
lentamente, ao longo da rave. Mais tarde, na mesma festa, Larissa se aproximou da
morena e lhe disse:

- Bruna, você não sente vontade de usar algo para ficar mais animada e se
sentir mais legal?
Andreza maldou o que ela insinuava, mas disfarçou :

- Como assim, Hellen. Explique melhor.

- Você nunca provou nada diferente?

- Do que você fala, amiga?

Larissa já estava sob o efeito dos entorpecentes e sua amiga o notou.


Questionou “Hellen” ainda, em tom desafiador:

- Bruna, você é tão ingênua assim? Eu falo de drogas.

- Desculpe, Hellen, mas nunca quis experimentar. Isso não me atrai.

- Você é muito careta. É mesmo uma garotinha de cidade pequena. Não sabe o
que é bom – cutucou a cearense, sob a ação das drogas ilícitas.

Andreza notou que ela estava alta. Mesmo assim devolveu a provocação:

- Eu não sou uma caipira. Apenas tenho opinião própria e não quero usar
drogas, mesmo que sejam oferecidas por uma colega.

Andreza então avisou que já ia embora e foi para casa sozinha, por meio de um
transporte alternativo. Larissa continuou na balada. A morena ficou profundamente
chateada com sua colega e ponderou que ela estava passando dos limites, e querendo
mandar em sua vida.

Larissa e Andreza romperam a amizade por Andreza achar que Larissa estava se
metendo demais em sua vida.

Cerca de quinze dias mais tarde, porém fizeram as pazes. Após reatarem a
amizade, Larissa e Andreza se entenderam ainda por cerca de dois meses, mas
voltaram a ter desavenças, de modo que a morena saiu em definitivo da casa de
massagens e também se afastou de uma vez por todas de sua colega de programas.

Felipe e Cláudio saíram para jogar boliche e conversaram .


- Felipe, o que seria uma mulher safada para você? - indagou Cláudio.
- É uma mulher em constante mutação: muda seu comportamento de uma
hora para outra, para não ser previsível. Ela também sabe muito bem o melhor
momento de atacar. Procura ter o domínio da situação, e gosta de estar no controle de
tudo. É sorrateira, e procura não sentir culpa daquilo que faz, esteja certo ou não. Essa
mulher nunca revela seus segredos, e mente para esconder suas verdadeiras
intenções.
- Combina tudo com Andreza.
- Ela tem dificuldade de lidar com seus problemas, se incomoda com as
frustrações amorosas do passado. Procura satisfazer seu prazer físico e sua vaidade.
Características de uma mulher que hoje tenta ser safada.
- O perigo, Cláudio, é que estas mulheres visam muitas vezes apenas a uma
conquista “ financeira “; elas trocam prazer por algo mais, como bens materiais,
conforto e bem estar, enquanto os homens trocam prazer por prazer.
- É muito arriscado se meter com elas, garotas como Suellen.
- Ela é confusa, indecisa e só toma decisões na empolgação. Isso é visível na
marcação de encontros e compromissos. Muda de opinião a todo momento. Chega a
ser falsa consigo mesma e julga não depender de homem ou sentimento nenhum. É
ela toda ... Parece uma descrição fiel da Andreza.
- Tem na safadeza seu meio de fugir dessa dependência. No íntimo, Felipe, ela
sabe que pode sofrer o troco de tudo que faz com os outros. Andreza é uma escrava
da própria ilusão. A garota criou uma máscara e agora tem medo de retirá-la e tenta,
deste modo, não enfrentar esse risco.
- Cláudio, garotas assim preferem contrariar tudo o que representa estabilidade
no relacionamento. Elas às vezes têm fetiches por homens fiéis e querem provar a si
mesmas que sua frustração amorosa não é exclusividade delas, e todos os homens são
iguais, traem, e são os verdadeiros culpados.
- Acredito que Andreza tem uma habilidade de notar a fragilidade de cada
homem em seu relacionamento, para lhe provocar naquilo que lhe chama mais
atenção .
- A maioria destas garotas é bem sociável, e sabem se portar em várias
situações. Buscam em geral serem bem articuladas, fazendo amizades com as pessoas
certas, conforme seus interesses momentâneos, e tem um bom ciclo de
relacionamentos.
- Dificilmente estas mulheres são introvertidas, e quando o aparentam, é de
propósito, pois lhes interessa passar esta imagem naquele instante, ou período da
vida, mas quando o são de fato perdem isso nos momentos íntimos.
- Ela sabe fazer joguinhos amorosos. Sabe complicar sentimentos onde não há
o que dificultar e adoram fazer mistérios. Encanta-lhes parecerem misteriosas. Gostam
de chantagem emocional. Elas buscam no fundo domínio, conquista e auto-afirmação.
- É a sensação de estar retomando os seus sentimentos antes frustrados.
Enquanto funcionar, ela continua; depois substitui por outro. Ela não é ligada a
questões éticas, morais ou espirituais; por isso, tendem a abandonar sua religião. Ela
tende a confrontar idéias e comportamentos. Ela é apegada ao materialismo.
- Sua percepção de vida é restrita a ter e poder. É vaidosa e tem no seu corpo
sua maior estima. Valoriza a aparência daquilo que é socialmente aceitável.
- A mulher safada não quer satisfazer a homem nenhum, mas somente a si
mesma. O sexo é tão essencial para ela quanto para os homens. Mas em razão do
machismo ela tem que se esconder através de um papel de boa moça, frágil e
iingênua. Porém, no momento certo, ela demonstra no olhar todas as suas intenções
sacanas. Ela faz charme, intriga os homens. Ela os tem nas mãos porque é diferente de
todas as outras.
____________________________________________________________

Cláudio fez uma chamada de vídeo para Andreza num sábado pela manhã. Era
por volta de 09:30 h e ela ainda estava deitada.
Quando ela o atendeu, disse ele:
- Meu bem, bom dia. Você ainda está deitada, – falou Cláudio, ao constatar
que a garota estava deitada em trajes de dormir e com a luz do quarto apagada. -
Desculpe, vou desligar então.
- Não. Pode falar. Eu já estava acordada.
- Eu estou vendo um negócio para você colocar e pode ser online.
- Não sei, meu bem, se ainda tenho coragem de investir. Eu já trabalhei com
venda de roupas online. Mas não deu certo. A menina deve fazer fotos com as roupas,
e eu não gosto muito disso. Por essa razão, acho que o negócio não foi adiante; penso
que esse foi um dos motivos do meu fracasso.
- Mas vamos tentar....
- Você não me entende! – retrucou Suellen. E continuou, murmurando, mas
Cláudio conseguiu ouvir : - Você faz isso porque estou longe da minha família; se eu
estivesse perto deles você ia ver.
- Não estou entendendo bem o que você está falando.
- Eu não quero me envolver com ninguém agora. Por que você me ligou por
chamada de vídeo? Deve estar comendo seus créditos de Internet.
- Não tem problema. Meu pacote de Internet é bom. Eu queria te ver...
- Você é muito insistente. Eu não quero colocar nenhum negócio agora.
- Tem certeza? Pode começar como uma complementação de renda. Depois
que engrenar você deixa os programas .
- Eu até já pensei em arranjar outro emprego.
- Seria bom. O inconveniente é que a maioria dos serviços pagam entre um e
dois salários e a jornada de trabalho é tão pesada! Você viveria cansada e a gente
quase não teria tempo para se ver.
- Não quero que você se arrisque com sua mulher por mim ... Por isso cuidado
com esses negócios que você anda analisando. Além disso, eu penso que qualquer dia
estarei retornando para São Luís.
- Pode deixar...
- Pensei mesmo em voltar a trabalhar em outro ramo; mas com o quê? Até
houve um empresário da cidade que me ofereceu um serviço, mas seria para receber
pouco mais de um salário e eu não aceitei. Também não desejo ficar subordinada a ele
e o mesmo pensar que só porque me deu um emprego vou ficar dando para ele de
graça. Estou fora.
- Quem foi esse empresário?
- É segredo. Não posso dizer. Ele é casado e tem filhos.
- Certo. Você e seus segredos.
- Oh meu amor, adorei você ter me ligado e eu ver sua carinha linda tão cedo.
- Vou desligar, meu bem. Descanse mais. Um beijo!
- Outro. Tchau.
E encerraram a chamada de vídeo.
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Andreza e Cláudio se encontraram no apartamento da garota poucos dias mais
tarde. Após transarem, ele a indagou:
- Você tem Instagram, meu bem?
- Tenho sim – respondeu Suellen.
- E só possui uma conta de Instagram?
- Sim.
- E já passou sua conta de Instagram para algum cliente?
- Alguns poucos...
- Como você revela sua conta pessoal para alguns clientes, você não tem medo
de expor sua família?
- Não. Neste Instagram eu não posto fotos com familiares, e não tem o nome
deles. Nem posto fotos com namorados ou ficantes pois têm vários seguidores meus
que são clientes ou ex-clientes. Não quero que eles vejam isso para não ficarem
enciumados. Não seria bom para mim. Devo aparentar que estou sempre solteira e
disponível. Mulher sem nenhum compromisso com homem algum. Não tem postagens
com outras pessoas e nem aparecem outras pessoas nos stories. Tenho esse cuidado.
Só eu mesma apareço nas minhas postagens, com exceção de duas amigas minhas. E
tudo muito discreto. Não dá para ninguém desconfiar de nada. Também não estou
muito ligada em Instagram no momento. Tenho poucos seguidores (não chegam a mil)
atualmente e meu Instagram é fechado. E só sigo quem me segue e pessoas que eu
conheço, com raras exceções, como o meu cachorrinho, que mora com minha mãe. Eu
fiz uma conta de Instagram para o meu fofinho. Ele é meu único filho, sabia?
- Legal, gata. E você já vendeu fotos de nudes ou chegou a produzir conteúdos
de vídeo para vender online?
- Cheguei a tentar umas duas vezes, mas não me sinto muito à vontade para
produzir estes conteúdos e desisti. Também tenho medo de que termine sendo mais
exposição para mim. Acho que não levo muito jeito para produzir fotos nuas e vídeos.
E a mulher deve estar com o corpo perfeito. Os homens reparam em tudo. Eu penso
que a produção destes conteúdos traria mais riscos para mim do que vantagens, além
de que as pessoas pagam muito pouco por eles. Eu tenho receios e não me senti à
vontade produzindo estas mídias, por isso desisti. Se eu viajasse muito para outras
cidades até poderia dar certo, mas vejo que remunera pouco, em geral. Só se a gente
produzir muito conteúdo, com frequência e com qualidade! Aí dá para recuperar um
bom dinheiro com a venda destes serviços.
- Notei que seu Instagram não tem nada sobre o seu passado de dois anos para
trás, mas verifiquei que você possui Instagram há mais de cinco anos. Por que você
apagou todas as postagens deste período?
- Ai, meu bem, é melhor deletar algumas fotos, vídeos e lembranças. São boas
recordações, mas que às vezes trazem sofrimento. Eu não quero mais postar muita
coisa que me mostre com outra pessoa que será passageira. Prefiro não publicar
mais...
- E você faz vídeos de verificação?
- Pretendo começar a fazer logo, logo, para selecionar mais os clientes. Nos
vídeos também preciso ver os clientes antes de atender. Isso está nos meus planos.
- Manu, você fez massagem prostática em algum homem?
- Sim, somente uma vez. É muito prazeroso para os homens.
- Onde você aprendeu?
- Não posso contar. Você quer experimentar? Deseja que eu faça em você?
- Não. Não tenho a curiosidade de receber esta massagem ainda. Dispenso o
convite, por enquanto.
- E por que me perguntou se eu faço?
- Só para saber. Curiosidade...
- Não gosto de pessoas muito curiosas...
Passaram-se alguns segundos e Cláudio indagou a Andreza:
- Manu, e o que você tem mesmo naquele quarto trancado, no qual você não
me deixou entrar aquele dia e ficou tão apreensiva quando me aproximei da porta?
- Não sei. Foi? Não tem nada de especial neste quarto - mentiu Andreza.
Na verdade a garota de programa guardava neste quarto vários artigos para
massagem tailandesa e uso por uma “dominatrix”, como penetradores de borracha,
vibradores, artigos para sadomasoquismo; massagem tântrica, nuru e lingam; outros
objetos de uso para uma dominatrix, inversão de papéis sexuais com homens e
massagem prostática. Tudo isso seria levado para a casa de massagens de sua irmã
quando ela fosse a São Luís.
- E a inversão de papéis entre homens e mulheres, você já fez? - interpelou
Cláudio.
- Não, não fiz ainda - respondeu a morena.
Só que ela já tinha aprendido isso na casa de massagens onde estagiou em
Fortaleza, no bairro Varjota, e estava ocultando a verdade novamente.
Andreza disse naquele dia que estava menstruada e fez sexo oral sem
preservativo em Cláudio até ele gozar. Recebeu sua grana pelo programa e ela foi
embora.
- Tchau, meu bem. Se cuida! – disse ela.
E despediram-se um do outro com um selinho na boca.
- Tchau, babe. Até outra vez - despediu-se a garota.
Andreza era bastante astuta. Ao fazer o primeiro programa com um cliente que
lhe parecesse interessante ela fazia o papel de garota atenciosa e ficava papeando
após a transa, para tentar envolver e impressionar aquele freguês. Ela deste modo
parecia criar rápidos laços de amizade com aquela pessoa então desconhecida. Não
raramente já entregava seu verdadeiro nome no segundo ou terceiro atendimento e
também revelava sua conta de rede social para contatos posteriores.

Conversaram Andreza e Cláudio sobre massagens e sex shop após outra transa,
dentro de uma semana aproximadamente.
- Andreza, você já entrou em algum sex shop aqui em Fortaleza?

- Eu adoro sex shops, Cláudio, e sigo alguns lá em São Luís; gosto muito dos
vibradores; um cliente já usou em mim uma vez -, afirmou ela, mentindo a seguir -
mas aqui em Fortaleza eu nunca fui a nenhuma loja desse tipo.

- E como você teve a curiosidade de conhecer os produtos dessas lojas?

- Meus namorados me ensinaram a gostar destes estabelecimentos. Eles


vendem umas coisinhas deliciosas para incrementar o sexo. Mas até hoje comprei
poucas coisas por sex shop e hoje peço mais pela Internet.

- E as massagens eróticas? O que você acha sobre isso?

- Agora, massagens, eu não aprecio muito. Nem de praticar e nem de receber.


Mas eu já recebi uma massagem domiciliar por uma garota aqui em Fortaleza, uma
vez, e gostei do trabalho dela. Foi baratinho também . Só que não foi com sexo.

- Me repassa o telefone dela.

- Não posso. Ela é sigilosa. Para marcar com ela é preciso que alguém da
confiança dela a indique. E a garota só confia em um cliente novo quando já o atendeu
pelo menos três vezes. Ela se dá todo esse luxo porque ela já possui uma boa clientela,
e que é fiel ao seu trabalho.

- Entendi. Ela não faz anúncios das massagens em sites nem nas redes sociais?

- Não faz.

Cláudio levou Andreza ao apartamento de um cúmplice seu e lá conversaram


sobre fetiches .

- Meu bem, - disse ele, depois que chegaram ao apartamento - olha aqui os
principais fetiches e fantasias sexuais que aparecem entre as buscas na Internet dos
brasileiros, segundo uma pesquisa:

”Sexo anal; Cross dressing (usar roupas e acessórios do sexo oposto); Chuva
dourada (urinar ou receber urina durante o sexo); Spanking (bater ou apanhar na
hora do sexo); Dominatrix (mulher que assume o papel de dominadora).

- Esse “spanking” eu tenho – revelou Andreza. – Eu adoro uns tapas no rosto e


na bunda quando estou trepando. Também já experimentei sexo ao livre, eu curto,
mas tive poucas oportunidades de fazer- contou ela. - E você, Cláudio?

- Acho que eu não tenho fetiches. Minha fantasia é comer uma morena bem
gostosa até a gente gozar bastante.
- Ah sei; entendi. Mas nem adianta esconder: todo homem tem a fantasia de
transar com duas pessoas gostosas ao mesmo tempo. Acertei?

Cláudio permaneceu calado.

Após transarem, Andreza se voltou para o homem e disse:


- Sabe de uma coisa: eu não gosto de gostar de você.
_______________________________________________________________________
Cláudio falou ainda com Andreza mais uma vez sobre o tema sex shops, algum
tempo depois. O jogador de pôquer levou a morena para um motel.
Andreza se impressionou com o requinte daquele estabelecimento a que o cara
a tinha levado e confessou para o seu cliente que em São Luís só tinha conhecido
motéis medianos, principalmente nos limites da Cohama e do Turu.
Cláudio também elogiou o top que a garota de programa vestia e a bermuda
jeans com detalhes rasgados, deixando à mostra suas belas coxas. Ela agradeceu os
elogios e disse, em tom sorridente e brincalhão:
- Se eu pudesse, meu bem, eu me vestiria sempre assim, neste estilo de roupas.
Adoro.
Em seguida o indivíduo lhe questionou:
- Bruna, você gosta de produtos de sex shop para incrementar a transa, você já
me disse. Posso trazer algo diferente para nós? – indagou ele.
- Sempre gostei dos acessórios de sex shop. Eu aprecio provar coisas novas no
sexo. Meus ex-namorados me ensinaram a gostar. Adoro uns chocolates
apimentados...
- Eu trouxe uma surpresinha pra gente experimentar.
- Um vibrador!?
- Você adivinhou... Gosta ???
- Adoro... Confesso que já tive um, mas já desmantelou.
- Vamos usar, então, o que eu trouxe.
- Vamos. Mas deixe eu tomar um banho.
A acompanhante tomou uma ducha caprichada e voltou toda enrolada numa
toalhinha bem curta.
O seu cliente já estava vestido apenas de cueca, deitado na cama, a esperando.
A garota sentou na cama ao lado dele e foi-se despindo. A seguir se beijaram e Cláudio
fez-lhe uma saborosa sessão de sexo oral. Suellen gemia propositalmente e contraia
suas coxas de modo involuntário. Quando ela já estava quase chegando ao clímax, o
seu amante pediu para que ela relaxasse mais ainda , permanecesse com os olhos
fechados e ele começou a estimular sua genitália com o vibrador. A moça continuou
sua sessão de arrepios, sussurros e gemidos, ate que quase gozou, mas, de súbito,
sentou-se e pediu que ele sentasse na beirada do leito. Ela se ajoelhou no chão sobre
um travesseiro e praticou um boquete caprichado. Em seguida, o homem colocou uma
camisinha e transaram sentados numa cadeira de madeira que havia no quarto; ainda
tiveram energia para fazer uma posição sexual em pé, com ele por trás.
Cláudio gozou em pé, tremendo as pernas, e Andreza brincou com ele por isso.
Em seguida o rapaz ainda fez sexo oral nela e esta por fim gozou.
- Ai! Que milagre! Finalmente... – disse ele, com brilho nos olhos, ao perceber
que a garota conseguira ter um orgasmo.
- Obrigada, meu bem – agradeceu ela.

Após transaram, Cláudio foi deixá-la em seu endereço.

A esposa de Cláudio descobriu o Instagram de Andreza pelo celular de seu


esposo e através da conta da morena na rede social conseguiu encontrar a academia
onde a acompanhante fazia sua malhação. Cláudio era preguiçoso e não frequentava
academia; havia sido lutador de taekwondo e kick-boxer e gostava apenas de jogar
futebol society ou beach tênis com os amigos três a quatro vezes por mês.

Sua esposa, porém, era “rata” de academia e sem seu marido saber se
matriculou na academia que Andreza frequentava, pois queria ver pessoalmente a cara
da cunha que a estava traindo com seu marido. Cláudio descobriu depois que sua
esposa tinha entrado na mesma academia de Suellen, mas era tarde demais para
intervir.

____________________________________________________________

Andreza recebeu depois disso uma mensagem de ameaça da esposa de

Cláudio:

Suellen foi verificar seu aplicativo de mensagens e havia uma mensagem de

uma pessoa que não estava em sua agenda de contatos. Não havia foto naquela conta

de WhatsApp e não tinha o nome da pessoa. Ela abriu o recado e foi ler. Eis o que

havia escrito na comunicação:


“Cuidado, sua vagabunda. Largue meu marido de mão, o Cláudio André. Eu

estou na sua cola e já estou sabendo tudo de você. Pare de se encontrar com meu

esposo. Não fale para ele que recebeu esta mensagem. Esse problema tem que ser

resolvido entre nós. Vá atrás de outro homem casado. Deixe meu marido em paz. Saia

da nossa vida enquanto é tempo. Guarde nosso segredo.”

Após ler esse texto ameaçador Andreza ficou aterrorizada e teve a convicção de

que não se encontraria mais com o jogador de pôquer. A garota passou a temer por

sua integridade física.

Depois que Andreza foi ameaçada pela esposa de seu “amante“, ela passou a
sentir ódio dele, ao seu modo de conceber, pois Suellen era assim e ela tratava uma
pessoa mal simplesmente porque estava chateada com ela, mesmo que o outro não
tivesse culpa. Ela percebeu, então, que seu caso com Cláudio estava prestes a acabar;
e para provocar uma separação mais rápida entre os dois, procurou tratá-lo mal na vez
seguinte que se encontraram, cerca de duas semanas após ter recebido a ameaça em
seu celular. O jogador de pôquer já estava chateado com ela pela amizade com Luan e
pela garota não ter aceito sua proposta de ser amante dele e estes fatores foram
acelerando o fim dos programas entre o jogador de pôquer e Suellen.

Melina fez uma ligação para Andreza pelo aplicativo de mensagens.

A irmã caçula falou primeiro:

- Suh, tudo bem por ai?

- Tudo bem, Melina.

- Você está trabalhando bastante?

- Sim. Estou trabalhando bem. Como está na casa de massagens?

- Está melhorando mais o movimento. Agora tem o telefone fixo e dois


números de celular e estou anunciando todos na Internet naquele site que você me
recomendou. Os três números tem WhatsApp. Como a pandemia acalmou mais o
movimento está aumentando e já consigo ter um pouco de lucro. Como também
mudamos de endereço neste local agora melhorou demais... Mas Suh, eu estou te
ligando porque eu estou precisando de uma grana. O André pode te pagar depois.

- E para o que seria irmã?

- Quero fazer umas melhorias na casa de massagens e na casa de nossa mãe. E


só agora terminei de pagar o empréstimo no banco. André também tem um
empréstimo a pagar pois ele fez uma pequena reforma na casa da mãe dele e ele paga
a faculdade particular do irmão.

- Irmã, eu tenho pouco dinheiro guardado.

- Eu preciso de R$ 15 mil . André te paga dentro de 6 meses.

- Certo. Vou fazer o possível para te emprestar. Mas me paga um juro de R$


500,00.

- Pode ser. Suh, depois procura aqueles itens que eu pedi para as massagistas.

- Sim, não me esqueci.

- E aí, você tem alguém aí em Fortaleza? Está ficando com algum cara?

- Ainda não.

- Nenhum cliente, ninguém mesmo? Não tem ninguém com quem você sai mais
e está rolando alguma coisa?

Andreza mentiu então:

- Não. Eu juro como não tenho?

- E o papai, como ele está? – indagou a morena, para mudar de assunto.

- Está bem. Ele te falou que conheceu uma mulher que é divorciada e estão
namorando?

- Não sei se ele comentou rapidamente.

- Parece que é sério o caso deles.

- Estão morando juntos?

- Não.

- Ela trabalha com o quê


- Tem salão de cabeleireira e trabalha com a filha. Ela é boa pessoa. Mamãe vai
conhecer. Eles marcaram para comer uma pizza juntos; Marcela, eu e mamãe vamos.
David e Genésio estão viajando.

- Certo. Ele não falou quase nada dela. Acho que é porque estava muito
recente, mas estou percebendo também que parece ser sério.

- Andreza, e você já pensa em voltar para nossa cidade? Estamos precisando de


você. E eu penso que a gente pode expandir o nosso negócio pois com o fim da
pandemia tudo deve melhorar. E eu queria tirar as massagens de dentro da minha
casa. Quando você pensa em retornar?

- Não tem prazo ainda, Mel. E com você me pedindo dinheiro emprestado aí e
que vou demorar mais aqui. Por que o Genésio não paga a reforma da mamãe
sozinho? Ele não vai ajudar, não?

- Vai sim. Ele vai pagar a metade. O restante vai ser eu e a mãe. Afinal, a casa
está no nome dela.

- Mas eles já convivem maritalmente há quase 2 anos.

- É verdade, mas combinamos assim. Deixa permanecer como está.

- E minhas sobrinhas, como estão?

- Ótimas. Marcela foi para a casa dela com David. Eles pretendem ter um filho
dentro de 2 anos. Isabel é a que mais pergunta por você. Beatriz já está quase
namorando: ela já tem treze anos e acho que está da minha altura ou maior.

- Eles se adaptaram bem onde estão morando?

- Acredito que sim. Marcela não fez nenhum comentário que diga o contrário.

- Andreza, tenta retornar ano que vem. Vamos retomar nosso negócio. Desta
vez vai deslanchar; eu pressinto isso.

- Lá vem você com suas intuições. Eu acredito é em trabalho duro...

- Eu também. Mas sinto de verdade que de agora em diante tudo vai melhorar.
E você precisa voltar.

- Por enquanto, ainda não. Preciso me capitalizar mais, juntar dinheiro.

- Aí está valendo a pena? Você está guardando dinheiro de verdade?

- Estou, com certeza. – respondeu Suellen, mas após sair da casa de massagens
em Fortaleza seus rendimentos reduziram bastante.
- Você ainda na está na clínica de massagens?

- Sim, estou.

- E está fazendo os programas extras com suas amigas ?

- Sim, estamos.

- Elas te dão 50 % ou menos. Os programas aí são mais caros?

- Sim, meio a meio. O cliente paga na minha frente e dividimos o valor depois
sozinhas. O preço dos programas eu acho ser o mesmo daí.

- E você não está mais tentando outros empregos, como na sua área?

- Não, por enquanto. Dei uma pausa. Tentei muito e dei uma parada por um
tempo.

- Está certo, Suh. Pensa com carinho em tudo o que eu falei. Se cuida.

- Você também. Tchau.

E desligaram o aplicativo do telefone celular.

Andreza confessaria depois a seu quase amante Cláudio:


Na minha adolescência e pré-idade adulta eu queria e sonhava ter jóias;
possuir o melhor aparelho celular, o mais moderno e do ano; ter carro luxuoso ou
confortável com alguém me conduzindo aos lugares para os quais eu necessitasse ir;
poder viajar, conhecer diferentes locais e culturas; frequentar os melhores
restaurantes; poder provar dos melhores vinhos. A sociedade consumista, a televisão
e a Internet nos influenciam demais, nos nossos anseios e a ostentação não é de todo
ruim; uma mulher hoje em dia não tem muito valor e não chama muito a atenção se
não tiver um belo cabelo, usar uma boa maquiagem, se vestir bem e usar belos
calçados; as mulheres precisam de roupas, calçados e acessórios para diferentes
ocasiões e eu tinha consciência disso; sei que estas coisas não são tudo na vida de uma
mulher, e podem não ser as mais importantes; porém, nos dias atuais são essenciais.
Mas tudo isso parecia muito distante para mim: meus pais não podiam me ajudar a me
formar num curso superior melhor, eu não tinha heranças a receber e tampouco eles
conseguiriam bancar um negócio para mim. Até tentei alguns trabalhos online, vendas
também e montei um pequeno empreendimento, mas é difícil prosperar. Este
primeiro negócio não foi adiante. Desisti. Minhas primeiras tentativas não deram
certo. De quebra ainda fiquei devendo a minha irmã mais velha e depois ao banco.
Fiquei frustrada e foi arrasador para mim. Entrei na faculdade, porém o curso não me
agradou tanto. Fiz Ciências Contábeis. Terminei para não perder o curso, que era
pago, e para não desagradar meu pai, trazendo-lhe decepção. Foi duro para mim, mas
eu terminei. Ainda conciliava a faculdade com um trabalho estressante e chato: eu era
atendente de telemarketing, um serviço para o qual minha irmã Marcela tinha me
indicado (ela já trabalhava com isso ); o salário era baixo, porém eu precisava de um
pouco de grana para minhas coisas, e fui trabalhando com isso enquanto eu suportei;
até por volta de metade da minha faculdade. Até cheguei a tentar fazer outro curso, na
área de tecnologia; fui aprovada no concurso seletivo do Enem, mas desisti e não
cheguei a me matricular no curso. Acredito que me arrependo desta decisão. Fiquei
baratinada, muito confusa por ter desistido. Foi duro passar por esta situação. “

Andreza disse nesse mesmo dia para Cláudio:


- Meu pai me liga todos os dias, pela manhã, para saber como eu estou. Você
acredita? Ele é muito preocupado comigo.
- Que bom ter um pai assim atencioso! Ele é muito preocupado com você?
- Bastante...
- E ele desconfia do que você faz aqui em Fortaleza?
- Não.
- Seu pai já veio te visitar aqui no Ceará?
- Sim, logo que mudei. Amor, meu pai é tão diferente de mim. Ela gosta de falar
com todo mundo, ele gosta de fazer amizades; ele é muito dado com as pessoas; eu
seu o inverso dele neste sentido. Quando ele esteve aqui fiquei com tanto medo dele
descobrir alguma coisa, mas nunca dei bandeira no prédio onde moro. Nunca
demonstrei nada para os vizinhos desconfiarem do que eu faço.
- Sorte sua.
- E se o seu pai descobrisse tudo? O que você sente quando está do lado dele e
sabe que esconde a verdade do próprio pai?
Andreza encheu os olhos de lágrima.
- É difícil... Você não entende... Não consigo contar.
Andreza quase chorou, mas logo se conteve.
- Não fique sim. Desculpe.
- Quando você vai a São Luís?
- Não sei ainda.
- Suas irmãs têm te ligado?
- Quase todos os dias. Só me ligam por problemas. Fico de cabeça cheia com
elas. Estou com tanta saudade de minhas sobrinhas e de meu cachorrinho, sabia? Ele
está com minha mãe.. Sempre envio dinheiro para ela para ajudar nas despesas com
ele. E minhas sobrinhas, estou sonhando em passear com elas no shopping. Elas
adoram.
- Você tem quantas sobrinhas?
- Duas, uma tem 11 anos e outra 15 . Elas são uns amores. Adoro elas,
principalmente a mais nova.
- Desde que você veio para Fortaleza você já foi alguma vez visitar sua família?
- Ainda não. Só estou aqui há 6 meses. Quero ir daqui a uns 2 meses
aproximadamente.
- Você quer sair para jantar sábado?
- Pode ser... Vou pensar e te respondo amanhã.

Claudio e Andreza terminaram brigando pouco tempo depois.

O jogador de pôquer viu Andreza chegando a seu apartamento de motocicleta,


pois tinha pego carona com uma rapaz chamado Luan, que era estudante de
biomedicina, e se despediram com um selinho na boca. Ele imaginou assim que aquele
rapaz pudesse ser um namoradinho da garota e ela não havia falado sobre ele. O
jogador de pôquer ficou chateado e depois tirou satisfação com Suellen, a qual lhe
replicou que ela era livre e não lhe devia satisfações. Tiveram uma pequena discussão
nesse dia e Cláudio saiu muito aborrecido com ela pela forma arrogante como ela o
respondeu e pelo fato de Andreza não contar a verdade sobre o que aquele rapaz da
moto representava em sua vida.

Andreza comunicou ao seu pai que já estava pensando em retornar para São
Luís do Maranhão. Ao receber esta notícia José ficou muito alegre e um sorriso abriu
em seu rosto. Sua filha amada estaria retornando à sua cidade natal em breve. Que
boa nova! Que satisfação! Toda aquela angústia de sua filha estar longe dele ia
terminar. Como bom pai que buscava ser José procurou um programa público de
financiamento de casas populares e procurou inscrever a filha. “Andreza, você
comentou comigo que deseja ter sua casa, seu canto. Pois eu quero te inscrever no
programa do governo Casa Verde e Amarela. Me envie cópias autenticadas dos seus
documentos, comprovante de renda e uma procuração pública em meu nome para eu
dar entrada pra você, minha querida”.
Andreza engasgou neste momento pela falta de um comprovante de renda,
mas pensou em enviar a cópia da declaração do imposto de renda.
- Sim, papai, vou providenciar – respondeu ela, após uns segundos, para pensar
na resposta. “E em qual bairro seria? “
- Aí é que está. Pode ser um pouco longe filha. Mas vou tentar morar perto de
você. Vou concorrer a uma casa aí próximo. Os conjuntos habitacionais que vão ser
construídos agora serão após a vila Sarney. Mas o transporte público está melhorando
muito ultimamente.
Andreza notou que ficaria muito longe para ela morar e com certeza
atrapalharia seus planos de montar uma casa de massagens, pois desejava se
estabelecer numa região melhor da cidade. E não gostaria outrossim de perder muito
tempo com deslocamento entre sua residência e seu negócio. Mas não quis
desagradar seu pai e afirmou:
- Tudo bem, pai. Vou providenciar as cópias dos meus documentos e a
procuração e vou enviar por encomenda expressa dos correios. Vai dar certo. Obrigado
o senhor estar vendo isso para mim.
- Filha, se é de você pagar aluguel caro, é melhor pagar logo por um imóvel que
será seu. Eu penso desta forma.
- Sim, papai, o senhor tem razão – concordou Andreza. Mas no fundo a moça
estava torcendo para não ser sorteada e não ganhar nenhuma casa neste bairro tão
distante da área nobre da cidade, e que ainda ia ser construído. E ficou na torcida para
não ser sorteada, sem que seu pai soubesse disso.
Seu pai continuou:
- Filha, eu já ia te visitar em Fortaleza novamente. Desta forma não vou mais -
disse José.
- É mesmo, papai, o senhor já vinha me visitar de novo? Que bom! - rebateu a
morena, com pensamento de surpresa e preocupação. Ela tinha pavor de que seu pai
descobrisse o que ela andava fazendo em Fortaleza. Mas falou ainda para ludibriar seu
pai:
- Legal, papai, seria ótimo. Mas eu entendo que o senhor não precisa vir mais,
pois estarei em breve retornando para São Luís. E não desejo atrapalhar suas
ocupações aí na sua cidade. E vou ter que resolver também muitas coisas aqui para
minha mudança. Só chatices. Não quero tomar seu tempo. E eu não teria tempo
também para ficar com o senhor e lhe dar a devida atenção se o senhor viesse agora.
Deixa que eu me viro aqui. A saudade de vocês todos é imensa, mas logo, logo estarei
de volta, e em definitivo. Só falta um tiquinho para eu retornar para vocês. E de uma
vez por todas.
- Que notícia boa, minha filha. Estou muito satisfeito! - Repetiu seu pai. - ”Vou
avisar a todos por aqui”.
- Não, papai - redarguiu a moça. - Eu prefiro que o senhor não conte ainda para
ninguém sobre minha volta. A hora certa de falar vai chegar. Entenda.
- Mas você não virá logo?
- Sim, mas às vezes acontecem imprevistos, situações fora de nosso controle.
Vou falar ainda com minha patroa sobre minha demissão. Pode ser que ela peça para
eu ficar mais um mês ou dois até ela conseguir uma substituta a minha altura. Não
quero criar ansiedade e muitas expectativas ainda em vocês; sei que retorno em breve;
acredite!
- Ok, filha, entendo você. Vou ficar te esperando. Tenho muitas saudades de te
ver com frequência. Um abraço e um beijo carinhoso. Papai te ama. Se cuide e cuidado
aí na cidade grande! Boa semana para você, querida!
- Para o senhor também, papai. Fica com Deus. Tchau.
E encerraram a chamada de áudio do aplicativo de mensagens .
___________________________________________________________
Suellen tinha três números de telefone celular: um para a família e para os
amigos mais íntimos; uma outra conta que ela só revelava para algumas pessoas e
funcionava para os seus esquemas em sua cidade natal; e o último, de “trabalho”,
como ela dizia, divulgado para seus fregueses no Ceará. Era como se fosse uma escala
de crescimento em sua intimidade e confiança, passando de um a três.

Ela contou para Cláudio que possuía um número de celular “secreto”, o qual
seria oculto de seus parentes, uma conta que ela já tinha desde o tempo de São Luís, e
que ela só repassava para seletas pessoas. A garota o avisou para se comunicarem por
este número, pois o telefone de “trabalho” ficaria desligado a maior parte do tempo
enquanto ela permanecesse em sua cidade.

Após receber por telefone a ameaça pela esposa de Cláudio, Andreza se


indispôs com ele e lavou “roupas sujas”, ultrajando-o, insinuando que o homem era
apenas um adúltero covarde, e que não era homem suficiente para assumi-la. O
jogador de pôquer, todavia, não aceitou calado as alegações de Suellen e lhe disse que
ela também não era santa e também tinha culpa no cartório; André lhe confessou que
a inconstância de Andreza dificultava alguém acreditar nela e em seus sentimentos e
tentar investir amorosamente na garota. “Eu não sou o único mentiroso aqui”, disse
Cláudio. ”Sua vida, Andreza, também é repleta de ilusões e mentiras, pois você
encobre muitas verdades de sua família também. Estamos quites, então, eu e você”.
Andreza quis dar uma lição de moral em Cláudio por ele ser casado, mas o tiro saiu
pela culatra.
Andreza viajou para São Luís em dezembro e passou doze dias na capital do
Maranhão.

Suellen viajou a São Luís, com receio de que sua mãe estivesse prestes a visitá-
la e por estar numa temporada ruim de programas. Ela se despediu de Cláudio e de
Felipe e foi passar alguns dias em sua terra natal.

Ela contou para seus clientes assíduos que ficaria na casa de seu pai, mas
chegando a São Luís preferiu ficar hospedada na casa de sua mãe, pois queria ver
Armando, talvez para provocar ciúmes em André, ou tentar uma reaproximação com o
–ex e, deste modo, ao retornar ao bairro São Raimundo e a rua das Mangabeiras,
voltou a frequentar a casa de sua ex-sogra para saber mais informações sobre seu ex-
namorado.

Chegando a São Luís, Andreza disse para sua mãe que ia ao shopping fazer
umas compras, mas na verdade ela foi-se encontrar com seu cunhado e foram transar
num motel, pois estavam com saudade um do outro.

No desenrolar do encontro, André inventou para a morena que estaria prestes


a se casar com Melina, a fim de provocar a sua amante. Ele também se gabou de sua
promissora carreira militar, de quanto receberia de salários e que almejava chegar à
patente de coronel. Tudo para iludir e impressionar Suellen.

- Suh, eu e a Melina vamos marcar nosso casamento – revelou o homem.

- É mesmo!? Estranho! Ela não comentou nada comigo. Ela conta para mim
tudo o que acontece com vocês e o que vocês planejam.

- Quase tudo... – interveio o militar. - Na verdade a ideia do casamento é


segredo nosso.

- E você, vem me contar!? Conta outra, André – rebateu a garota de programa.

- Acredite, é verdade. Vamos escolher uma data – continuou o homem,


blefando. E para mudar de assunto perguntou:

- Como você estava em Fortaleza?

- Bem. Eu trabalhava num salão de beleza e fiz alguns programas com turistas,
mas raramente.

- Sei. Você não tem ninguém lá no Ceará?

- Não.

E Andreza voltou ao assunto do casamento:


- André, você vai casar, não é? Então entre a gente acabou. Não vai dar mais
certo, entendeu. Não vou ficar com um homem casado, só se fosse meu freguês dos
encontros pagos.

- É mesmo, Suh? – questionou o rapaz, como que duvidando de Andreza.

Depois desse encontro com André a morena ficou transtornada. Ela tentou não
ficar baratinada com a ideia de seu cunhado se casar, mas não conseguiu e começou a
alterar seu comportamento, ficando irritadiça. Ela aproveitou que Genésio, seu
desafeto, estava viajando a trabalho e passou uns dias na casa de sua mãe.

Andreza antes de viajar se despediu de Felipe e de Cláudio, mas ela estava mais
afeiçoada ao primeiro e assim dialogaram antes de Suellen partir para sua casa em
férias.

Felipe e Andreza tinham-se desentendido, mas, antes que ela viajasse, fizeram
as pazes e tiveram uma transa muito quente, no endereço da garota. Esta escolheu
uma trilha sonora ao estilo “sofrência“ e sertanejo universitário e simulou o papel da
moça apaixonada.

Ao se despedirem, o contador lhe perguntou se ela retornaria a Fortaleza e a


mesma respondeu que no fundo não tinha vontade de voltar de São Luís, mas o faria.

- Quando estou lá, meu bem, não tenho a mínima vontade de voltar.- afirmou a
jovem.

- Mas venha me ver - pediu ele, com delicadeza.

- Meu amor, me ligue quando estiver com saudade para eu ouvir sua voz e ver
seu rosto - disse ela.

- Tudo bem, Andreza. Ligo sim.

E assim Andreza partiu de férias e tanto Cláudio como seu amigo ficavam se
comunicando com ela, o último com mais frequência.

Felipe lhe mandava mensagens de bom dia e lhe perguntava como estava
sendo em São Luís, mas, conforme os dias se passavam, ela demorava mais a
responder as mensagens e às vezes as visualizava e não dava um retorno. E quando
Andreza lia as mensagens de Felipe ou Cláudio proferia respostas lacônicas ou
desconcertantes, por vezes desaforadas.

- Como você está aí meu bem? - quis saber Felipe.

- Não estou muito legal.

- Por quê? Você está de férias, na casinha de sua mãe e seu pai. Por que não
está relaxando?
- Eu estou relaxada. Eu só não estou feliz.

- Você está com seu pai ou sua mãe?

- Estou na casa de minha mãe.

- Eu não te entendo, Andreza. Você estava aqui e tudo o que você dizia é que
tinha saudades e precisava ver sua família. Que você não se sentia contente, porque
estava há mais de 6 meses sem ver seus entes queridos. Agora você está aí, junto
deles, e me fala que não está se sentindo feliz.

- Pois é.

- Você tem saído com suas sobrinhas?

- Só pude sair duas vezes, uma para a praia e outra para o shopping.

- Eu ouço falar que São Luís é uma cidade que tem custo de vida elevado. É
verdade, meu bem?

- Sim, São Luís é uma cidade onde tudo é muito caro. E eu estou sem ganhar
dinheiro.

- Você tem visto muito seu pai?

- Não muito, pois ele está resolvendo uns problemas dele e anda muito
ocupado.

Na verdade José estava atrás de uma casa popular para sua filha do meio e
começou a inscrevê-la num programa do governo para habitações de baixo custo.

- Andreza, você tem ido à academia?

Ela se aborreceu :

- Meu bem, eu não sou impressionada com academia, não. Eu preciso fazer
algo mais, além de exercícios físicos. Não posso ser uma garota fútil assim.

E ela enviou um emoji de aborrecimento; aquele com uma mulher com a mão
espalmada no rosto, lamentando-se.

- Você me tira do sério – alegou a garota. - Felipe, eu gosto muito de você, mas
tem momentos que você me chateia demais. Eu não entendo: com os outros clientes
eu brinco, a gente se diverte, eu conto piadas. Mas com você não consigo.- inventou a
prostituta.

- Por que será?


Felipe achou Andreza muito ríspida e desagradável naquele dia, mas não dava
para saber quais seriam suas reais intenções com aquelas falas.

Em outro dia ele perguntou se poderia lhe fazer uma chamada de vídeo em
algum momento, mas ela o respondeu dizendo que achava melhor ele não ligar para
ela, pois não seria legal nem oportuno.

O rapaz notou que aquela Andreza não parecia a mesma de quase dez dias
atrás. Era outra pessoa. Fugia de suas conversas ou o tratava mal. Alguns problemas
estavam ocorrendo.

Andreza estava realmente muito aborrecida, pois queria fazer programas na


casa de massagens de sua irmã, mas não estava com coragem. A história do possível
casamento de André e Melina que se aproximava também mexeu com sua
concentração. E ela já tinha ido três vezes à casa da mãe de Armando, e nada dele
aparecer. A garota estava com uma vontade louca de transar com ele, mas o rapaz não
aparecia e ela não queria dar bandeira , questionando sobre o mesmo para sua ex-
sogra apenas de modo sorrateiro, para não entregar pistas das suas intenções.

Após cerca de doze dias Andreza retornou a Fortaleza.

Felipe descobriu neste intervalo de tempo que Andreza tinha um número de


telefone para agendar programas pela Internet e quando a garota se encontrava em
São Luís ela anunciou programas em um site de encontros sexuais pagos. Ele adquiriu
um chip novo, instalou em seu aparelho celular e cadastrou o chip com DDD 098, que é
o código da região de São Luís. O homem incluiu então o contato de Andreza no celular
e a contactou pelo WhatsApp, se passando por um cliente de São Luís, tentando
agendar um programa com ela.

A garota caiu na armadilha e inclusive lhe enviou sua localização em São Luís pelo
GPS. Felipe colocou o endereço no Google Maps e para sua surpresa o local indicado
era uma casa de massagens. Então, Andreza fazia programas em sua cidade. No
anúncio desta clinica de massagem tailandesa havia dois telefones, um fixo e um
móvel, ambos com acesso ao aplicativo de mensagens. Havia também um link para um
site onde havia uma propaganda da casa de massagens que se chamava Espaço
Meliand e na página do site a foto de uma garota só de calcinha e sutiã deitada numa
cama com um emoji no rosto, que tinha todas as características de ser Andreza. O
espaço Meliand tinha então dois números de telefone e por meio destes telefones
Felipe descobriu a proprietária das linhas; era uma mulher chamada Melina. O homem
descobriu que o pai de Melina tinha o mesmo nome do de Andreza: Antônio José e
procurando nas redes sociais de Suellen, o rapaz encontrou uma foto das duas juntas,
fazendo referência que as duas eram irmãs. Assim ele descobriu que a irmã de Andreza
tinha uma casa de massagens e Andreza mentia.

____________________________________________________________
Andreza passou seu aniversário em São Luís.
O jogador de pôquer, Cláudio, enviou então a seguinte mensagem para Andreza
na noite de seu aniversário, quando ela estava na capital maranhense, supostamente
na casa de sua mãe.

“Andreza, feliz aniversário 🎂! Desejo do fundo do meu coração que Deus


realize todos os seus sonhos e te faça feliz!
Quando a garota leu a mensagem do homem, respondeu- lhe somente:
“Obrigada, meu bem” – foi sua concisa resposta às felicitações desejadas por
Cláudio.

Andreza retornou afinal de São Luís. Ela havia chegado há 03 dias e Felipe não a
tinha encontrado pessoalmente ainda. Haviam conversado apenas pelo smartphone.
Cláudio também não a reencontrara ainda.
Marcaram Felipe e a jovem de se encontrar no apartamento dela. A garota o
deixou esperando na rua, dentro de seu carro, por cerca de 20 minutos. Quando a
mesma lhe deu um OK, ele subiu até o andar do apartamento da moça.
Assim que o homem entrou em seu recinto, ela disse:
- Você falou que não queria transar hoje, só me ver. Espere só um instante que
vou escovar meus dentes.
Felipe a acompanhou e ficou na porta do banheiro.
- Como foi sua viagem? – ele questionou.
- Fui bem. Só estou muito cansada. É uma viagem muito longa.
- Sua família está bem? - quis saber o rapaz.
- Sim, estão todos bem.
Depois sentaram na cama, com Andreza recostada na cabeceira e Felipe
sentado na lateral da cama e voltaram seus rostos um para o outro.
- Você estava com saudade? - indagou o rapaz.
- Bastante. E você?
- Eu também.
- Eu estava com saudade do seu cheirinho...
- Eu queria te encontrar de novo.
- Meu bem, eu vou te confessar uma coisa: quando eu viajo para a cidade de
minha família não tenho vontade de retornar...
Felipe continuou falando; porém, mal disse as primeiras palavras a garota
interveio, dizendo:
- Não me fale nada da sua vida. Não quero saber.
- Eu não ia falar nada demais. Eu é que não quero contar detalhes da minha
vida. Não preciso disso.
- Eu não sei porque você me chateia. Eu não fico à vontade. Eu gosto muito de
você, Felipe. Mas tem momentos que você me tira do sério. Com os outros clientes
eu brinco, conto piadas, a gente se diverte, mas com você é diferente; não consigo me
descontrair. Não sei o que acontece.
- Eu também gostaria de saber. Parece que você quer gostar de mim, mas tem
raiva deste sentimento e quer descontar em mim. Você é muito imatura, Andreza.
- Felipe, você me acha muito complicada?
- Um pouco – o rapaz amenizou na resposta, de modo intencional, para não
elevar o tom da discussão com a garota. - Como foi seu aniversário? – ele quis saber.
- Sei lá, foi normal.
- Como assim?
- Não teve nada demais.
- Você só tem isso para dizer sobre seu aniversário?
- Só
- Tudo bem. Só precisa falar o que você se sentir à vontade. Você ficou com
alguém lá em São Luís nestas duas semanas, Suh? - perguntou o rapaz, calmamente.
- Fiquei só uma vez com uma pessoa. E você, ficou com outras garotas.
- Sabe que não. Vocês transaram???
- Não.
- Você me disse que não estava feliz na casa de sua mãe. Por quê?
- Eu estava relaxada, mas não estava feliz. Acho que é porque eu queria
trabalhar e não podia.
- E o que você fazia nestes dias.
- Fui ao shopping algumas vezes, fui a praia e fui a casa de minha ex-sogra.
- E você já teve sogra?
- Modo de dizer. Eu namorei com o filho dela.

- Ela mora perto de sua mãe?


- Sim. Eu passei o réveillon na casa dela.
- Foi mesmo? Que legal! – Felipe ficou na verdade surpreso por Andreza não
ter ficado a virada do ano com sua família, já que ela alegava tanta saudade de seus
parentes; no mínimo era estranha sua atitude - Na sua casa não tinha nada preparado
para a virada do ano?
- Não. E desta vez não pude passar a virada do ano com meu pai .
- E o que tinha na casa da sua vizinha?
- Lá é muito animado. Teve música à noite toda, bebidas, coquetéis. O pau
ficou cantando até de manhã cedo. Eu tomei drinks de gin. Foi muito bom. Fiquei até
quase 6 horas da manhã.
- Você gosta de gin?
- Adoro. Meu bem, na casa deles sou tratada tão bem. Eles fazem tudo por
mim. Me tratam como uma princesa. Só falta estenderem no chão um tapete
vermelho para eu passar. A filha dela me trata como uma irmã. Eu fico tão assim. Eu
sinto que não mereço esse tratamento que eles me dão.
- Não se culpe. E seu “ex“ , ele estava lá?
- Estava.
- Ele tem compromisso com outra garota?
- Parece que não. Sabe que ele nem falava comigo desde que a gente terminou.
- Por quê?
- Não sei. Mas desta vez conversamos e depois que ele tomou umas e outras
ele veio me dizer que ainda me ama. Eu fiquei pensando, fiquei confusa; não sei se eu
também o amo.
- Andreza, você lá ama ninguém! Nem sei se você ama a si mesma! Não
parece...
- Será? Você acredita que minha mãe ainda pediu para ele me deixar na estação
rodoviária!
- E ele foi?
- Sim.
- E na despedida vocês choraram? Rolou um clima? Beijaram-se?
- Não rolou nada – mentiu a morena prostituta.
- Verdade? Falando sério?
- Verdade. Pare de me cobrar.
- Por que vocês não voltam a namorar?
- Ah meu bem, não ia dar certo. Se não fomos felizes na primeira tentativa de
nossa relação e tivemos problemas, não acredito que vai ser agora que vai ocorrer
tudo nos conformes e tudo vai funcionar.
- Entendi. E você não foi a nenhuma academia nestes dias? Não fez nenhuma
atividade física? Se cuide.
- Lá vem você. Eu não penso só em academia, não. – e a morena fez uma cara
de desaprovação. – Eu não sou impressionada com a forma física; eu me cuido, mas
não sou neurótica com fitness. E pior que eu estava comendo demais: minha mãe
estava fazendo muita comida gostosa... Tem horas que você só fala bobagens, Felipe.
Eu gosto muito, muito mesmo de você, meu bem, mas tem horas que você me chateia.
Se eu for pensar apenas em academia serei uma pessoa fútil. Preciso pensar em algo
mais para minha vida. - alegou Andreza, fazendo pensar que estava preocupada com o
que faria de sua vida.
- Desculpe-me, então. E suas sobrinhas, você se divertiu muito com elas?
- Só com a mais nova. A outra já é moça e tem os amigos dela. Acompanhei
minha sobrinha caçula umas duas vezes ao shopping e uma vez a praia, mas eu já
estava gastando demais! E sem ganhar nada nestes dias...
Felipe refletiu então sobre esta última fala de Suellen pois já sabia que a irmã
de Andreza tinha uma casa de massagens com prostituição.
- Eu imagino... – completou o homem.
Andreza e Felipe em seguida ficaram em pé e começaram a se beijar
recostados na parede. Despiram-se parcialmente, ficando ainda com suas roupas
íntimas. O clima esquentou e deitaram na cama; ela, com o abdômen voltado para
cima.
Felipe abaixou sua calcinha e começou a sugar os pequenos lábios e o clitóris
de Andreza.
- Estou com saudade do gosto da sua buceta, amor. – murmurou ele.
Ela recebia estes afagos sem reação, e o interrompeu, elevando suas costas e se
apoiando na cama com suas mãos, e assim olhou para ele, dizendo:
- Vem cá, meu bem.
E voltaram a se beijar.
Transaram naquele dia de modo estranho. Parecia que Andreza o beijava
diferente, sem intensidade, como ao beijar um estranho. Felipe achou isso. Os dias
sem se verem pareciam ter modificado alguma coisa entre eles.
Mas continuaram.
A morena ficou em cima de Felipe, cavalgando seu pênis.
- Ah! Eu estava precisando disso. Eu estava com saudade deste pau. Que
delicioso!
Felipe também ficava lhe falando palavras agradáveis e ela o interrompia:
- Pare de falar estas coisas.
Andreza não queria se envolver emocionalmente e sabia o poder das palavras de
afeto e do olho-no-olho na hora do sexo.
- Se eu pudesse, eu transaria todos os dias. - completou Suellen.
Subitamente parou, exausta, e mirou nos olhos de Felipe.
- Ah, se eu tivesse te conhecido há cinco anos atrás. Você não cansa quando
está transando; tem muito pique. – disse ela. – Agora é sua vez de trabalhar, filho. Te
levanta. É sua vez.
E Felipe ficou por cima de Andreza.
- Qual a sua posição preferida, meu bem? - perguntou ele.
- Eu gosto é dentro! Por mim tanto faz...
Fizeram sexo até ele gozar. Andreza não conseguiu chegar até o orgasmo.
Após fazerem sexo conversaram:
- E o que você fez no último final de semana quando retornou a Fortaleza? –
indagou Felipe. - Você me disse que não estava se sentindo bem, com febre e dor de
cabeça. Por que não se comunicou comigo? Eu não disse que ficaria á disposição.
- Eu melhorei logo. Não precisa se preocupar comigo.
- Como você é orgulhosa ...
- Só minha mãe fala assim comigo.
- Porque ela deve te amar e precisa falar a verdade para você, embora nem
sempre te agrade. E o que você fez mesmo ontem, domingo?
- Saí para a praia com um amigo.
- Não era você que sábado se queixava de dor de garganta, febre e dor de
cabeça e ainda não queria tomar remédios..
- Eu não gosto de tomar muito remédio e não tomo medicações efervescentes.
Você comprou um efervescente e me enviou pelo entregador da farmácia. Não tomo.
Não me obrigue a fazer nada.
- Eu já pedi desculpa. E eu comprei o efervescente sem querer. Eu havia
esquecido que você não gosta desse tipo de remédios. Você foi a praia? E tomou
banho no mar?
- Sim, no final da tarde. Mas eu até acho que me fez bem.
Felipe lembrou que Andreza havia lhe revelado uma fantasia de praticar sexo
dentro d’água.
- Foram para que praia? - indagou o rapaz.
- Nem sei. Só posso dizer que era uma praia isolada e só tinha a gente.
- E você matou sua vontade de fazer sexo dentro do mar?
- Não fiz isso – respondeu a morena, já ficando zangada.
- Tem certeza? Não precisa me esconder. Eu sou cobra criada.
- Eu não te devo satisfação da minha vida.
Felipe imaginou que Andreza estava escondendo a verdade.
Ele perdeu a compostura e pilheriou:
- Sua santinha do pau oco.
Suellen se enfureceu.
- A intimidade fez mal para nós dois. Nunca mais eu vou contar fatos da
minha vida particular para você. E eu só fiquei com você hoje porque você me paga.
- Andreza, você fala que tem intimidade comigo. Então, você acha que estas
histórias que você conta dizendo serem suas e de suas colegas garotas de programa é
intimidade? Não sei e não fico te perguntando detalhes da sua vida. O que você me
conta é porque quer e nem sei se você fala a verdade. Acredito que tudo são meias
verdades e mentiras. Você acha que apenas deitar na cama nus e transar é intimidade?
Se intimidade entre um homem e uma mulher para você é somente isso, então somos
íntimos. Na minha opinião não é só isso. Deste modo considero que nunca fomos
íntimos. Mas não faço questão.
- Outra coisa: não vai dar mais para a gente se encontrar no meu
apartamento. – avisou a garota de programa.
- Sei: aqui não dá para a gente fazer o sexo selvagem como você quer...Pode
incomodar os vizinhos. E não quer que sua conta de energia elétrica dê muita alta. Sem
problemas. Eu te entendo, mulher maravilha.
- Não seja irônico comigo.
- Não estou sendo.
E Felipe pediu para ir embora naquele momento.
- Fica com Deus, Andreza. Tchau.

Alguns dias depois, através do aplicativo de mensagens, Felipe disse para


Andreza que havia comprado um presente de aniversário para ela, mas avisou que não
ia entregá-lo porque ela não o merecia.

Quando ela estava viajando para São Luís a garota fez aniversário e Felipe lhe
comprou um presente, mas não contou nada. Devido o comportamento estranho e
subversivo da garota quando permaneceu em sua cidade, o rapaz preferiu que ela
chegasse para conversarem e somente depois decidir se lhe entregaria o presente.

Como Andreza voltou e se mantinha rebelde com ele, cheia de desaforos, o


contador lhe revelou:

- Garota, quando você estava viajando eu pensei em comprar uma lembrança


de aniversário para ti e adquiri um relógio. Nem te falei qualquer coisa
antecipadamente. Mas eu esperei você retornar de suas pequenas férias para te ouvir.
Só que eu decidi não te dar mais o presente; você só sabe me tratar mal; não é mais
seu; simplesmente porque você não o merece; gastei meu dinheiro em vão; vou
guardar para outra pessoa.

- Não preciso de nenhum presente seu.

- Tudo bem...

CLÁUDIO E FELIPE CONVERSARAM DEPOIS SOBRE ANDREZA.

- Cuidado, Cláudio, com ela - disse Felipe. - Uma mulher que engana os próprios
pais, é capaz de fazer coisas de que duvidamos. Ela pode nos surpreender. Bruna pode
ser capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos . Fique com as orelhas em pé.
Tenha cuidado com ela.
- Felipe, eu me apaixonei por Andreza.
- Amigo, como você deixou isso acontecer? Você é casado! Você se envolveu
demais com essa garota.
- Realmente, eu devia ter pensado melhor, antes de me aprofundar tanto nos
sentimentos por ela. E ela, Andreza, é uma caixinha de surpresas. Sinceramente, nem
sei se vale a pena investir tanto nessa mulher.
- E seu casamento? E sua esposa?
- Felipe, eu vivo bem com minha mulher, mas parece que falta alguma coisa
em minha vida. Não me sinto realizado e totalmente feliz. Acredito que eu não amo
minha esposa. Essa é a questão. Parece que com esse romance tosco com Andreza eu
tento fugir de minha realidade de empresário, jogador de pôquer e marido infeliz.
- Entendo. Mas você tem um casal de filhos tão lindos.
- Sim, eles são lindos. Sei que Andreza não é a solução dos meus problemas,
mas é uma válvula de escape pra mim. Se ela realmente gostar de mim a gente poderia
tentar algo sério. Não quero nem posso deixar minha esposa agora, mas também não
sei se meu casamento dura para sempre.

- Você não deveria ter me oferecido para sair com Bruna, se você estava
gostando dela de verdade.

- Sim, mas não imaginei que fosse ficando sério.

- E o que você diz para Andreza? Você já disse o quanto gosta dela?

- Sim, eu digo que gosto muito dela e que considero ela muito importante para
mim. Ela também diz gostar muito de mim, mas uma relação como a nossa é estranha.
E sei que não podemos progredir pelos entraves que temos, e não quero entrar de
cabeça de uma vez pois sei que não está certo. Eu não tenho a convicção de que
Andreza realmente gosta de mim. Ela jamais me deu essa certeza, por meio de suas
ações e de suas palavras. Eu sinto essa dúvida e acredito ter razão.

- Acho ela também muito indecisa e às vezes imatura. Penso que ela necessita
mais do nosso dinheiro do que de nós exatamente.

- Felipe, eu queria pedir para você se afastar dela. Somos muito amigos. Não
acho nada legal a gente continuar dividindo essa garota. Eu vou tentar com ela até ver
no que vai dar. Vou dar uma chance para nós dois...

- Tudo bem, Cláudio. Estou entendendo suas colocações. Acho que você pode
estar sofrendo, pois na medida que você mais se apega a Andreza e percebi que ela
continua na prostituição, e como você ainda vive o dilema do adultério, sua mente vive
confusa e em excitação permanente. Vou deixar de sair com ela. Preciso conservar
nossa amizade.

- Obrigado por me entender.

- Mas vá com calma com ela; não se envolva tao rápido e tão facilmente, se é
que ainda é tempo de eu falar isso. Parece-me que Andreza é uma garota volúvel; ela é
fácil de se envolver, mas também parte para outra muito facilmente. E neste
momento de sua vida ela é muito confusa, tenta não se relacionar seriamente com
nenhum homem, e pondero que sua prioridade nos dias atuais é ganhar dinheiro com
seus programas. E só isso mesmo. Estes argumentos a resumem neste instante,
infelizmente. Desse modo, tome cuidado, amigo.

- Compreendi suas preocupações comigo.


Após o pedido de Cláudio para Felipe se afastar da morena e pela forma
grosseira como esta lhe tratou, o contador preferiu deixar a garota e não a procurou
mais; entretanto, depois disso, nas vezes em que Felipe se encontrou com o jogador
de pôquer debateram ainda sobre Suellen e o contador expôs suas percepções sobre
ela.
- O maior prazer dela - declarou Felipe - é abrir o WhatsApp e ver que está
cheio de mensagens dos amorezinhos dela. São os amores da vida dela. Ela já me
confessou, Cláudio, que fica muito satisfeita e radiante quando abre o zap e estão lá os
recados dos clientes. É tudo para ela. É a vida dela. São os verdadeiros amores da vida
da Manu. - Cuidado, amigo, com ela – continuou Felipe - Uma mulher que engana os
próprios pais, é capaz de fazer coisas de que duvidamos. Ela pode nos surpreender.
“Bruna” pode ser capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos. Fique com as
orelhas em pé. Tenha cuidado com ela.

“Outra coisa: ela só quer amizade com putas, homossexuais agenciadores de


garotas de programas e malandros. A maior parte das amigas e colegas dela são
apenas aquelas putinhas; são umas figuras que em alguns momentos dá até pena. Ela
só quer se achegar e aproximar de gente que não vale quase nada, que gosta de
farras, raves e usuários de drogas. Ela fique esperta, senão vai terminar viciada em
drogas por intermédio destas amizades absurdas que ela possui aqui em Fortaleza.

Mas Andreza não percebia isso e continuava seu relacionamento com os


mesmos indivíduos.
Andreza não aceitou ser amante de Cláudio e ele não a procurou mais. Eles,
assim, tiveram um grave desentendimento.

Aconteceu uma última discussão e o homem desabafou:

- Você não gosta de mim. Você gosta apenas de fazer sexo comigo. E gosta
mesmo é do meu dinheiro. Você precisa apenas dele, e não de mim.

- É verdade.

- Andreza, parece até que existe dentro de você uma parte boa querendo se
manifestar, mas ela não consegue. Você não deixa ela prevalecer. Vá embora desta
cidade. Volte para o seu lugar, que é o local de onde você nunca deveria ter saído para
vir atormentar a vida dos outros aqui nesta cidade.

E Cláudio saiu sem falar mais nada.

Depois que a morena do Maranhão recusou a oferta do jogador de pôquer


para ser sua amante eles se encontraram somente mais duas vezes, se
desentenderam, e Cláudio a deixou. Isto é, ele não procurou mais Andreza e esta por
sua vez também não lhe enviou mais mensagens; assim, afastaram-se em definitivo.

Alguns dias posteriormente, Andreza escreveu isso no status de seu WhatsApp,


após se afastar de Cláudio:

“Preciso retirar os espinhos que estão atrapalhando minhas rosas crescerem e


remover as pedras do meu caminho. É hora de recomeçar”.

Após alguns desentendimentos com suas colegas prostitutas e depois que


Andreza se afastou de seus clientes mais assíduos ela preferiu voltar para sua cidade.
Ela também jamais conseguiu um bom emprego em Fortaleza e a saudade de sua
família pesou bastante. A garota se despediu então das amigas que lhe restaram e foi
embora de Fortaleza.

E Andreza se despediu de suas três colegas de farra antes de partir para São
Luís: Wanessa, Juhliana e Monique.
- Amigas, vou ficar com muita saudade de vocês! – afirmou a morena
maranhense. – Vocês foram minha família aqui no Ceará. Obrigada por tudo!
- Suh, venha nos visitar algum dia! – pediu Wanessa.
- Boa viagem e boa sorte no seu retorno, amiga – desejou Juhliana.
- Se cuida, amiga – disse por fim Monique.
Elas foram deixar a amiga no terminal rodoviário. Despediram-se com um
abraço cordial e Suellen adentrou no audo-ônibus de regresso.
Andreza também reencontrou “Klebinho” antes de deixar Fortaleza. Samuel estava
fora do país.

Finalmente, Andreza retornou a São Luís e por algum tempo preferiu morar
com sua irmã caçula, na mesma residência onde funcionava a casa de massagens e
por lá ficou fazendo seus programas, sem a anuência de seus pais.

Voltando de Fortaleza, Suellen preferiu ir morar com sua irmã Melina, pois
como continuava desempregada preferiu continuar no ramo da prostituição, agora
atendendo na casa de sua irmã. Antônio José e Ester estavam brigados com Melina e
por conta desse fato não frequentavam sua casa. Eles ficaram sabendo depois por
terceiros que a filha caçula tinha montado em sua residência uma clínica de
massoterapia, mas a propaganda do estabelecimento no Google possuía informações
discretas sobre o lugar, e não fazia supor que ali se praticassem atividades de
prostituição.
Andreza, ao retornar para sua cidade, contava a seus pais apenas que estaria se
preparando para concursos públicos, juntamente com Melina.

Sua irmã caçula a questionou:

- Andreza, você fez em Fortaleza alguma especialização ou MBA na sua área


de Ciências Contábeis?

Suellen revelou para Melina:

- Lá em Fortaleza, Melina, eu tive várias “professoras“ , que ensinaram quase


tudo o que eu sei hoje. Foi uma verdadeira pós-graduação em “pau” – e ela soltou uma
gaitada bem gostosa.

- Andreza, e lá em Fortal você chegou a praticar “ménage a trois” com seus


clientes?

- Melina, fiz sim, poucas vezes, sempre com a mesma colega, pois só tinha
confiança de fazer com ela. Mas não gostei nada disso. Quero o homem na cama só
para mim. Não gostei nada da experiência de dividir o “boy” com outra menina. Prefiro
só o casal mesmo, pois assim o cara pode me dar mais atenção e por conseguinte
pode me proporcionar mais prazer.

Quando Andreza voltou para São Luís do Maranhão ela pensou em deixar de
fazer programas, mas se passou um mês e ela não tinha ainda em mente com o que
trabalhar. Suellen não queria conseguir um trabalho para ganhar apenas um ou dois
salários mínimos, cumprindo horários rígidos e sem nenhuma estabilidade. Desejava
realizar algum concurso público, mas seria bem adiante e ela teria que se preparar
previamente.
- Melina, eu queria deixar de fazer programas, - revelou Suh - mas a
prostituição me seduz demais. Eu não vou conseguir parar agora. Eu tenho que
trabalhar, eu preciso juntar grana.
- Pois fica em minha casa fazendo seus programas por um tempo – ofereceu
Melina.
- Sei que vai ser difícil, mas não sei fazer outra coisa. E é a única ocupação que
me é lucrativa no momento. E sinto que eu gosto de fazer programas; parece que cada
estranho que vai entrar no quarto é um desafio para mim e isso me seduz. Eu adoro
me colocar à prova, quero provar a mim mesma que sou competente e que posso dar
conta de qualquer homem que vier trepar comigo. Quando fico sem fazer programas
eu me sinto mal ... Pelo menos no momento, é assim. Eu preciso trabalhar, eu quero
trabalhar – pronunciou Suellen, com ar de carência.
- Pois faça seus programas, irmã, para juntar seu dinheiro.
Por conseguinte, após cerca de 30 dias que retornara à sua cidade, a moça
decidiu voltar a fazer programas. Ela estava morando com sua irmã, na casa de
massagens e sabia que seria uma situação bem difícil, a princípio. E ela iniciou
colocando anúncios de seus programas na Internet, em sites de acompanhantes. A
morena não gostaria de fazer mais massagens.
A princípio, Andreza estava cheia de pudores e receosa de que sua família ou
amigos descobrissem que ela era garota de programa e estava fazendo anúncios na
Internet. Apenas Melina e André sabiam da sua situação. Ela então comprou um chip
de operadora de celular e colocou um DDD de uma cidade do interior do Maranhão
(99) e inventou uma história para tentar disfarçar.
Assim ela anunciou na Internet:
“Olá, garotos. Sou uma bela morena com muita vontade de fazer sexo com
vocês. Meu programa é delicioso e você não vai se decepcionar e vai querer repetir
comigo várias vezes. Só tem um problema: sou de São Mateus do Maranhão, mas
posso ir a São Luís de vez em quando. Me chama no zap. Apesar disso, a gente vai-se
falando. Espero seu contato, meus amores. Beijos.”
Andreza tinha muito receio de sua família descobrir sua vida secreta e pensou
nessa ideia para dificultar que fosse desmascarada. Todavia, se passaram alguns dias e
esta estratégia não funcionou. Apareceram poucos clientes querendo marcar
encontros. Suellen então apelou e partiu para um plano mais ousado. Ela buscou no
Google, nas imagens pela rede de computadores: “puta mostrando a buceta” e
conseguiu umas fotos de uma garota de programa exibindo sua vagina e seus
pequenos seios nus e curiosamente Andreza achou o corpo e o rosto daquela garota
parecidos com o seu. Mas havia a vantagem de que a garota das fotos estava mais em
forma e parecia mais jovem que a morena, e ela queria justamente mostrar fotos em
que parecesse jovem e magra. Tratou então de fazer umas fotografias da tela de outro
telefone celular, omitindo o rosto e usou estas imagens em outro anúncio na Internet,
agora mais ousado que o anterior:
“Novinha de 18 anos, cheirando a leitinho e da buceta bem apertada, louca
para dar. Venha se deliciar comigo! Estou te esperando! Me chama no zap, meu bem“.
Andreza colocou este anúncio e sorria do mesmo, imaginando como é fácil
enganar os pobres homens. Pensou também consigo nos inúmeros homens que
sonham ou desejam ter sexo com uma garota jovem, e que atingiu a maioridade há
pouco tempo. Andreza aparentava ter entre 25 e 27 anos e portanto estava se
arriscando, pois alguns clientes poderiam questionar sua idade real e a veracidade do
anúncio postado na Internet. Após esta segunda propaganda a moça conseguiu
realizar alguns programas e relaxou mais sua mente. Daí em diante seguir-se-iam
vários anúncios de conteúdo ousado para conseguir clientes. Andreza comprou outro
chip de celular, agora usando o DDD 98.
Andreza havia conversado com sua irmã algumas semanas antes “Eu quero
trabalhar! Eu preciso trabalhar!“, referindo-se às suas atividades de prostituta. Suellen
já estava vivendo uma síndrome de abstinência dos programas e procurou assim
desesperadamente propagandear na rede de computadores seus atendimentos, os
quais passou a realizar na casa de massagens de sua irmã.
Para aumentar a esculhambação, escreveu ela o seguinte anúncio na Internet:
“Olá, prazer, meu nome é Manu. Eu gosto de rapazes. Adoro homens. Sou uma ótima
opção para homens de bom gosto. Amo subir em cima de um pau duro e rebolar
minha bunda. Eu gosto quando me xingam e dão tapas em meu rosto. Sou muito
safada. Gosto que dêem bofetes na minha bunda também e me falem putarias nos
ouvidos. Aprecio dar minha bucetinha em várias posições. Preliminares bem gostosas.
Quero muito te satisfazer na cama. Morena linda de verdade, sem decepção. Estou
esperando sua chamada, gatinho. “

Retornando à sua cidade natal, Andreza conheceu um DJ chamado Rafael


Apolinário.
Suellen saiu à noite com uma amiga garota de programa e conheceu o rapaz, o
qual já era colega de sua companheira. Andreza e o DJ trocaram telefones e
começaram a marcar programas.

Rafael era solteiro e morava ainda com seus pais.

Suellen e Rafael fizeram um programa e conversaram depois do sexo. O rapaz


disse:

- Andreza, eu acho que você é hipersexual.

- Rafael, eu não sei exatamente por quê. Mas eu tenho dúvidas se fui abusada
por um tio quando eu era criança. Estas desconfianças pairam na minha cabeça e
acredito que tudo isso pode ter influenciado meu comportamento...

- Andreza, tudo isso que você falou é muito sério.

- Sei que é.

- Você já falou sobre esse fato com seus pais ou revelou para outra pessoa.

- Não.

- Você nunca buscou tratamento psicológico.

- Não, nem quero.


- Tudo bem; mas pense sobre tudo isso com calma.

- Andreza, parece que você quer se fazer de vítima do mundo, da sorte e do


destino, e essa constelação de fatores teriam te levado ao mundo da prostituição, tudo
servindo agora como uma forma de auto-punição e auto-flagelação para justificar as
escolhas que você tomou. Tenho para mim que pensando assim você procura
racionalizar e aceitar a vida que decidiu levar adiante, fazendo parecer que a sociedade
é sua algoz.
- Mas não quero procurar nenhum psicólogo, por enquanto. Pondero que eu
não preciso de terapia no momento.
- Você acha mesmo?

- Acho.

Andreza reclamou da sua condição financeira para Rafael.


- Eu não gosto de reclamar da vida, meu Deus. Mas como é ruim ser pobre!!!
- Você na verdade é pobre de espírito! E a pior pobreza não é a material, mas a
pobreza da alma – retrucou o homem.
Suellen se enfureceu com ele e iniciaram uma calorosa discussão, ao fim da
qual o rapaz foi embora.

Retornando a São Luís do Maranhão, Andreza registrou em seu CPF (cadastro


da pessoa física) mais dois chips de operadoras de telefonia celular, e o segundo
passou a usar com fins de agendar os programas na casa de massagens de Melina. O
primeiro serviria para agendar seus programas “pessoais”, fora da “clínica” de
massoterapia, usando um DDD 99 e fingindo ser de São Mateus do Maranhão; mas
este esquema não logrou êxito e ela rapidamente abandonou este primeiro número de
tefelone móvel. O segundo número,contudo, deu certo. A proprietária da clínica de
massagem tântrica exigiu, porém, que o pagamento dos atendimentos que ocorressem
em seu estabelecimento, quando fosse por transferência bancária ou pix, caísse
diretamente na conta da garota ruiva, de modo que Suellen necessitou cadastrar este
seu segundo número de telefone celular como chave pix para uma conta bancária de
Melina. ”Irmãs, irmãs, negócios à parte”, deve ter pensado a morena sobre a atitude
da caçula, suscitando que esta não confiava de modo pleno na morena.
“Manu” estava na casa de massagens de sua irmã. Passou o Carnaval tentando
fazer programas, mas a procura dos clientes pelos seus serviços foi muito pequena
neste período e os raros fregueses que se apresentavam vinham muitas vezes em
pleno estado de embriaguez, o que obrigou a garota a encerrar seus programas por
volta de 18 horas no período do Carnaval.
Todavia, após o período da folia de rei Momo, as duas irmãs cafetinas
começaram a multiplicar os anúncios dos programas na Internet e conseguiram mais
duas jovens massagistas, mais novas e mais belas que Andreza, as quais batizaram de
Luna e Paula, dois codinomes que Suellen também já havia usado. Luna era bastante
jovem e Paula era uma morena bem mais bonita e atraente do que Suh, de modo que
as duas primeiras passaram a ser as preferidas dos clientes, em detrimento de
Andreza. Luna e Paula se tornaram as sensações do espaço Meliand, roubando vários
clientes da irmã da dona.
Deste modo, Andreza começou a colocar mais anúncios na Internet e comprou
mais dois chips pré-pagos de operadoras para anunciar seus trabalhos sexuais. Ela teve
também que extender seus serviços para os horários mais tardios da noite, quando as
outras prostitutas iam embora e os quartos enfim ficavam desocupados.
Posteriormente, Suellen também precisou aceitar fazer massagens com sexo, algo de
que ela não gostava, mas precisou se sujeitar para poder conquistar seu dinheiro.
E Andreza todos os dias dormia naquelas mesmas camas onde homens de toda
estirpe e suas garotas de programa cumpriam sua sina e seus acordos de sexo. Ela
sentia certo asco por dormir naqueles leitos onde ocorriam tantas e tantas transas
motivadas pela ambição por dinheiro. A morena precisava trocar as roupas de cama
todos os dias e sua mão de obra nas manhãs para preparar sua comida antes dos
programas e para manter o quarto limpo e para lavar as roupas chegavam a ser
extenuantes.
Suellen também precisava fazer programas nos finais de semana, dado que os
quartos do bordel eram muito disputados de segunda-feira até sábado pela manhã.
A jovem se sentia um pouco acuada naquele local e apresentava certa
vergonha de se expor na rua e assim ser reconhecida pelos vizinhos. Estes, porém,
eram escassos, pois a maioria das residências em volta do prostibulo estavam
desocupadas ou tinham poucos moradores e que não se atentavam para as atividades
ilícitas daquele local. Os principais hobbies aos domingos de Melina e de André, além
de Andreza, eram os churrascos ou aniversários nas residências dos colegas do militar,
mas às vezes a morena não os acompanhava, no intuito de ficar em casa atendendo
seus clientes de sexo.
Suellen trabalhou em praticamente todos os feriados, incluindo Semana Santa,
Tiradentes, Dia do Trabalho, Corpus Christi e até mesmo no dia dos namorados.
Todavia, em meados de abril, um incidente desagradável ocorreu com a
morena. Andreza fazia campanhas muito apelativas nos sites de acompanhantes para
atrair homens ávidos por sexo. Anúncios como este:
“Prazer, Manu; sou uma acompanhante muito educada e louca para te dar
prazer. Adoro homens. Gosto de homens educados e carinhosos. Sou uma morena
linda de verdade, sem decepção. Adoro que puxem meu cabelo, me batam no rosto,
que me deem tapas na bunda e me falem putarias e palavras ardentes nos ouvidos
quando estou transando. Sinto muito tesão em dar minha bucetinha apertada em
várias posições. Sou muito safada e faço tudo para satisfazer meu par. Venha fazer um
programa comigo e você com certeza vai querer repetir depois porque meu programa
é uma delícia. Estou te esperando.”
Propagandas como essa, tão sedutoras, atraíam muitos homens, embora as
condições dos programas de Suellen afastassem muitos potenciais fregueses,
desejosos de sexo anal, sexo oral sem preservativo e transas com beijo na boca,
situações que ela não aceitava.
Certo dia, porém, Andreza recebeu um cliente num dos quartos, mas levou um
imenso susto. Tratava-se de uma pessoa conhecida, um ex-vizinho do Jardim São
Cristóvão e a mulher logo o reconheceu. Não chegaram a consumar o ato sexual e a
morena não teve certeza se o homem a reconheceu, mas ela inventou uma desculpa e
não fez o programa, passando-o para outra massagista. Sua sorte entre aspas e que
era meio de semana e o cliente não foi abusado nem muito exigente. Suellen retorceu
o rosto, e o escondendo, alegou uma indisposição de última hora e recusou a transa. O
freguês não deu certeza se a reconheceu, mas assim mesmo Andreza ficou preocupada
depois desse dia.
Apesar de saber dos riscos que enfrentava, como ser descoberta, e da vida que
havia escolhido, a morena procurava ainda salvaguardar sua reputação. Diante desses
fatos, ela ficou preocupada e deixou de fazer anúncios neste segundo número de
telefone por quase três meses, alterando também as fotos de seus anúncios e os
textos, passando a assumir um tom mais leve nas propagandas e usando fotos mais
comportadas do que as anteriores que havia utilizado.
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Após Andreza retornar de Fortaleza, Valentina e Anália entraram em contato
com a garota de programa, mas esta, até de modo estranho, não quis mais manter
intimidade com as duas velhas amigas, e optou por não sair mais na companhia das
mesmas. Anália, estranhamente, havia deixado sua namorada e estava vivendo com
um homem. No período em que Suellen ficou no Ceará sua amiga ruiva foi apenas uma
vez passear na capital cearense, mas não puderam se encontrar nesta oportunidade.
Valentina continuava solteira e na mesma vida de farras e diversão.

Conversaram Andreza e seu cunhado André nesta mesma semana, através do


telefone celular.
Perguntou a morena:
- Você vai se casar com Melina? Quando vocês vão se casar?
- Acho que eu nunca vou me casar com ela.
- Então, você vai ficar só enrolando minha irmã ?
- Mais ou menos. Não é tão fácil assim a situação. Você sabe... Tem a gente.
- A gente? Não entendi.
- Ah, Andreza, casamento hoje é só uma formalidade. Conheço casais que
davam muito certo até inventarem de “oficializar” a relação dos dois. Basta cair nessa
e a união do casal não dura dois anos.
- Quando chegar a crise dos 10 anos, vamos ver como vocês se sairão! – brincou
Suellen.
- Espero que não haja crise nenhuma de relacionamento.
- Então não vamos dar muita bandeira.
Parecia que André só não deixava Melina para se manter próximo da cunhada.

Antônio José estava tirando um cochilo após o almoço quando recebeu uma
mensagem de texto no telefone celular, um SMS, que dizia assim: “Sr Antônio José,
cuidado. Sua filha mais querida está te ludibriando. Ela anda fazendo coisas erradas e
trabalhando como garota de programa. Faça alguma coisa por ela, antes que seja
tarde“.
Essa mensagem inesperada foi como uma facada em seu coração. Aquele pai
quase teve um mal estar súbito e a reação inicial foi duvidar da veracidade do recado
ou imaginar que havia sido encaminhado para a pessoa errada. Ele, no mesmo
instante, enviou uma pergunta para o telefone que lhe tinha enviado aquele
comunicado: “Quem é você? De quem você está falando? “ E a pessoa do outro lado
respondeu apenas: “ É tudo verdade. Falo de sua filha mesmo, José, a Andreza. Ela
precisa de sua ajuda. Depois te mando mais notícias. Tenta descobrir a verdade.“ Estas
poucas palavras foram um choque para ele. Seu mundo num instante veio de alto a
baixo. Sentou-se numa cadeira e começou a se sentir mal; porém, estava sozinho em
casa e não tinha ninguém para o socorrer, caso seu estado piorasse. Lembrou-se então
que tinha alguns comprimidos de um tranquilizante de tarja preta guardados.
Procurou pela caixa num armário de sua cozinha e, após o encontrar, verificou a
validade dos medicamentos. Comprovou que não estavam com o prazo vencido e foi
tomando um comprimido com água para poder-se acalmar. Pensou impulsivamente
em ligar para Andreza e tirar a história a limpo, mas refletiu melhor e tomou a decisão
de conversar antes com Ester.
Ficou sentado na mesa alguns minutos, desolado, e sem exatamente saber o
que faria diante daquela denúncia. Quando sua mente se reorganizou em parte,
aquele homem enviou uma mensagem dirigida a sua ex-esposa. Ele escreveu assim:
“Ester, tenho um assunto urgente para tratar com você. Sendo assim, me ligue
o mais breve possível. Eu gostaria que fosse hoje e você pode me contactar a qualquer
momento.”
Antônio José pensou em averiguar melhor os fatos, para somente depois avisar
Ester. Todavia, imaginou que ela ficaria muito chateada com ele e poderia até não o
perdoar se descobrisse a verdade tardiamente e por intermédio de outra pessoa, que
não seu ex-marido. Desta forma, decidiu revelar as suspeitas para Ester, a fim de
tentarem decidir juntos o que fazer daquele momento em diante.
Ester leu sua mensagem cerca de 30 minutos após o envio e o ligou em seguida
por chamada de áudio.
- O que aconteceu, José? Fiquei preocupada com sua urgência na mensagem. –
indagou a senhora, sem ter ideia do motivo de seu ex-esposo tê-la convocado para
uma conversa.
- Realmente é algo urgente! Pelo menos em minha opinião. E é sobre nossa
filha Andreza.
- Aconteceu alguma coisa grave com ela? Ai, meu Deus!!! - questionou a
mulher, já se desesperando.
- Não, minha querida, não se trata de risco iminente de vida. Porém, é
igualmente sério o que eu tenho para lhe revelar.
- Pois conte logo, homem. Agora fiquei preocupada. Continuo aflita.
- Ester, o que eu vou falar, não está confirmado ainda. Na realidade, foi uma
espécie de denúncia que eu recebi. Vamos ter que descobrir se é verdade. Por isso te
chamei logo no WhatsApp. Caso seja tudo verdade, já precisamos decidir quais
medidas vamos tomar...
- Conte logo, José. Entendi o que você falou. Agora quero saber o que está
pegando!
- Ester, eu recebi umas mensagens anônimas hoje em meu telefone celular.
Uma pessoa que não se identificou disse que ia fazer umas revelações sobre nossa
filha Andreza. O que ele a acusou, afinal de contas, se assim posso dizer, é que nossa
filha está fazendo programas, ou seja, ela está atuando como garota de programa, sem
que a gente desconfie.
Ester quis chorar e teve uma reação terrível, com um misto de decepção,
revolta e dúvida:
- Ai meu Deus, não pode ser – reagiu aquela mãe, e dos seus olhos verteram
lágrimas que transbordaram pelas pálpebras inferiores. - Eu não acredito nisto que
acabei de ouvir. Minha linda filha, seduzida pela prostituição. Meu Deus, eu nunca
imaginei que pudesse viver isso em nossa família – e Ester começou a chorar. – Onde
foi que eu errei? – lamentou-se ela, já soluçando. – Como Andreza pode fazer isso
conosco? E esconder de nós algo tão grave?!
- Desculpe eu ter falado pelo celular. Você está bem? – perguntou seu ex-marido,
agora um pouco preocupado. - Eu tive que tomar um calmante aqui em casa. E eu
precisava contar logo para você... Foi a primeira pessoa que me veio à cabeça, depois
que recebi estas terríveis mensagens.
- E o que essas mensagens contavam em detalhes? – interpelou a mulher.
- Pior que não detalharam nada. Mas a pessoa do outro lado citou
precisamente o nome dela. Disse que Andreza necessita minha ajuda e falou no final
que me contaria mais detalhes e os fatos novos num segundo momento.
- E será que esta denúncia é verdade, meu ex-marido, ou se trata de uma
grande brincadeira de mau gosto?
- Pelo tom da mensagem não pareceu nada inventado, Ester. Eu temo que seja
tudo a mais pura verdade.
- Ai meu Deus! Será que eu vou aguentar!? – queixou-se ainda Ester. - José,
não tem a mínima condição de eu pensar agora. Vou desligar, vou fazer um chá para
eu tomar e vou deitar. Você acha que devemos falar com Andreza logo?
- Não, por enquanto, não. Vamos tentar descobrir mais alguma coisa.
- Concordo. Vou desligar, não estou suportando, quero chorar.
- Você precisa de ajuda? - questionou José - Posso ir até sua casa ou pedir para
Marcela passar aí.
- Não precisa vir. Genésio pode ficar com ciúmes se ele te encontrar em nossa
casa. E não quero que Marcela e Melina saibam de nada agora. - E aquela mãe
encerrou a ligação e continuou chorando, com a mente completamente confusa, e
quase em estado de choque por tudo que acabara de ouvir de seu ex-marido. Após
alguns minutos de pranto foi preparar um chá de camomila para tentar se acalmar.
José e Ester não comeram mais nada aquele dia e tiveram uma péssima noite,
ficando quase a madrugada toda em claro, sem conseguirem dormir, após saberem da
suspeição de que sua filha Andreza havia se transformado em uma prostituta.
Nos dias seguintes Antônio José e sua ex-mulher não passaram bem. Aquela
revelação contida na mensagem de celular o deixou transtornado. Ficava a todo
momento procurando por novos torpedos (SMS) em seu aparelho celular. Tinha
receios de receber novidades que comprovassem a veracidade da primeira
comunicação, mas, ao mesmo tempo, não conseguia se libertar da ansiedade de
verificar periodicamente a chegada de mais uma terrível mensagem reveladora. Sua
filha Andreza então ligou para seu pai certa manhã e este atendeu a chamada.

- Bom dia, pai. Sua benção. – saudou ela a seu pai.


- Bom dia, filha. Jesus te abençoe.
- Papai, faz três dias que não nos falamos. Achei tão estranho o senhor não ter
me ligado. Aconteceu alguma coisa?
- Não, Andreza. Tive um problema com meu celular – mentiu o homem. – E foi
até bom, pois você teve que me ligar. Sempre sou eu que te chamo primeiro no
telefone, não é verdade?
- Sim, é verdade. Desculpe, paizinho. Confesso que eu deveria ligar mais para o
senhor, porém, já me acostumei com o senhor me ligar quase todos os dias, sempre
pela manhã. Certeza de que está tudo bem?
- Alguns problemas, filha, mas eu gostaria de não te envolver, querida.
- Problemas de quê?
- Do dia-a-dia. Nada de especial. E você, algum fato importante para me
contar?
Suellen fez uma pausa de cinco segundos para responder. Ela pareceu
pressentir que seu pai sabia de alguma coisa séria. Ao final disse:
- Não, por hora, nada, papai.
- E quando você vem me ver, filha?
- Papai, dentro de dois dias eu passo por aí.
- Filha, e você não está trabalhando ainda?
- Não. Só estudando para concursos com Melina e André. Ele nos ajuda, sabe.
André é muito inteligente e ele estuda conosco as vezes.
- Andreza, você esta bem na casa de Melina? Não tem vontade de ter seu teto?
- Vontade eu tenho, mas só posso me mudar quando eu conseguir um emprego
bom ou passar num concurso interessante.
- Filha, você não está trabalhando com nada? Só estudando?
- Sim, meu pai. Exatamente.
- Filha, vou ter que desligar. Um beijo.
- Um bom dia para o senhor.
- Tchau.
E encerraram a ligação.
Naquele mesmo dia a noite José recebeu uma segunda mensagem por SMS
(torpedo) com o seguinte conteúdo: “Suas duas filhas mais novas mantém uma casa de
massagens com sexo e Andreza usa um telefone para agendar programas e faz
anúncios na Internet. Vou repassar tudo para você. “
No outro dia, José recebeu um comunicado com o referido número de telefone
com o qual sua filha agendava os programas e outro recado com o nome do site onde
ela divulgava seu anúncio de serviços sexuais, além do seu pseudônimo como garota
de programa: Manu.
José instalou o número em seu celular e testou. A conta de WhatsApp
realmente existia e a foto no zap parecia mesmo de uma garota de programa , além
de lembrar a fisionomia de sua filha. O rosto, porém, era coberto por um emoji. Ele
não encontrou coragem, todavia, para lhe enviar uma mensagem e sabia que ela
negaria tudo quando o reconhecesse. José acreditava que ela lembraria o número de
seu pai e o reconheceria de imediato, mesmo que ele mudasse seu nome e sua foto no
perfil do aplicativo. Pensou em pedir para que alguém amigo enviasse a mensagem; só
que não ficaria bem para ele; o amigo poderia imaginar que José se interessara por
uma prostituta; desistiu dessa ideia.
O homem voltou a se comunicar com a ex-esposa, expondo-lhe as novidades
do caso. E solicitou sua opinião:
- Ester, o que devemos fazer agora? Falamos logo com ela ou é precipitação? O
que você pensa? Esperamos mais tempo? Quais os nossos próximos passos?
- José, também não estou sabendo como proceder. Ainda tenho dúvidas de que
isso tudo seja verdade sobre nossa filha. Peço a Deus que não seja!
- Tomara que fosse mentira; mas, das piores notícias, muitas vezes não há
como fugir. Tratam-se da mais pura verdade.
- E como tiramos isso tudo a limpo?
- Ester, consiga alguém para entrar em contato com este número de WhatsApp
que acusam ser dela. Peça a algum conhecido. Diga que é uma moça que estaria
saindo com o noivo de uma colega sua e ela pediu para você investigar para não
envolver a família agora, prevendo que ela sofreria com antecipação.
- José, sua ideia não é ruim. Mas eu pediria para quem?
- Não peça este favor para Genésio nem Davi.
- Ok. Tudo bem. Deus me livre. Vai haver uma reunião da Igreja amanhã a
tarde. Vou pedir para irmão Isaac fazer esta gentileza para mim. Confio muito nele e
ele não há de pensar mal sobre minha pessoa depois.
- Pois vou orar para dar certo. Peça para ele fazer de contas que vai marcar um
encontro com ela e ele pede a localização pelo GPS. Tomara que ela repasse sem
impor obstáculos.
- Você teria coragem de ir até onde ela se encontra para comprovar se é
realmente nossa filha ou não?
- Tentarei criar esta coragem, Ester. Precisamos descobrir a verdade.
No dia seguinte aquele pai tomou ânimo e adquiriu um outro chip de telefone
celular com um pequeno crédito inicial. Chegando a sua residência, instalou o chip no
aparelho e ligou para a operadora, a fim de cadastrar o chip e poder utilizá-lo.
Respirou fundo então e ligou para o suposto número em que sua filha do meio
marcava os programas sexuais. Passou o dia tentando, mas sempre a linha dava
ocupada ou chamava e ninguém atendia a ligação, e por sorte ela não o bloqueou, até
que, em mais uma tentativa já sem esperanças, alguém atendeu do outro lado, uma
voz de mulher jovem, e falou :
“Alô, não posso atender. Me chama no WhatsApp. Só podemos conversar pelo
zap. Tchau. Se ligar mais uma vez, vou bloquear.” – e desligou.
O coração de Antônio José palpitava forte e descompassado, e agora quase lhe
saía pela boca. Uma onda de calafrios correu-lhe corpo abaixo, e sentiu as pernas
faltarem firmeza. Estava sentado; do contrário, viria ao chão. Permaneceu mudo
durante a ligação e encerrou a mesma sem nada dizer.
A voz era com certeza de sua filha. Como ele não reconheceria a voz de sua
amada filha? Estava agora em estado de choque e teria que se abrir com ela o mais
rápido possível. Preferiu, porém, aguardar a visita de Andreza, para que pudessem
conversar seriamente. Decidiu que não trabalharia no outro dia e enviou uma
mensagem para Andreza dizendo que sentia muita saudade e aguardaria uma visita
dela no dia de amanhã.
Antônio José preferiu não ligar mais para Ester e somente após o diálogo com
sua filha entraria novamente em contato com sua ex-esposa para deixá-la a par do
caso. Aquele restante de dia foi terrível para o homem, alternando sentimentos de
raiva e revolta, agora mais fortes que antes, e em alguns momentos cogitou ligar logo
para Andreza e conversar por telefone, mas se conteve, e foi planejando a conversa
do dia seguinte. Não tinha noção, porém, de qual seria sua verdadeira reação após
abordar fatos tão delicados e desagradáveis com sua amada filha, e qual seria a atitude
desta, se aceitaria revelar a verdade, ou continuaria tentando enganá-lo, e omitindo
sua vida atual de prostituição. Algumas coisas começaram a se encaixar em seu
raciocínio e já não tinha mais dúvidas de que sua filha estava trilhando um caminho
muito errado para ele, sustentando-se como garota de programa.
No dia seguinte, conforme José tinha solicitado, Andreza lhe fez uma visita.
Era por volta de 13 h e José a convidou para se sentarem à mesa da cozinha.
- Você já almoçou, querida?
- Sim, papai, almocei 11:30 h, antes de Melina. Eu mesma preparei a refeição
de hoje.
- Ummm! Está uma cozinheira de mão cheia mesmo?
- Eu faço o que posso, papai, para agradar na cozinha.
- Aceita um cafezinho na máquina? Preparo num instante.
- Pode ser. Adoro um café preto.
Enquanto preparava um café expresso para os dois, aquele pai continuou
perguntando para sua Andreza:
- Filha, você gosta muito de cozinhar?
- Adoro.
- Por que você não pensa em colocar um restaurante?
- Papai, é preciso ter capital para investir. Melina já possuiu aquele restaurante
e teve que passar adiante. Eu tive uma pequena hamburgueria e percebi que dá muito
trabalho. Não sei se tenho coragem de ainda apostar no ramo de alimentação e
refeições .

- Por que você não tenta só mais uma vez? Comece com um negócio pequeno.
Posso te ajudar financeiramente.
Andreza sabia, porém, que seu pai não tinha dinheiro para lhe emprestar.
- Não se preocupe, pai. Estou estudando para concursos. Quando eu estiver
trabalhando e juntar uma grana quem sabe a gente não coloca um negócio juntos.
- Não, meu bem. Desejo que você tenha um negócio todo seu, e independente
de minha pessoa. Mas posso te ajudar a começar. Posso contrair um empresário no
banco para você em meu nome.
- Não vejo necessidade, papai. Não quero me envolver com bancos tão cedo.
Fiquei traumatizada. E não desejo ver o senhor individado por minha causa.
- Tudo bem, Andreza. Mas querida, eu também pedi que você viesse até minha
casa porque tenho um assunto muito delicado para falar com você.
Nesse momento a fisionomia da moça mudou drasticamente, e surgiu um ar
de preocupação e medo.
- O que foi, pai? – retrucou ela, de modo automático.
- Filha, você guarda algum segredo da minha pessoa e de sua mãe?
- Não, meu pai – blefou a morena.
- Filha, eu vou abrir o jogo com você. Eu descobri tudo que você anda
fazendo. Já sei que você está trabalhando como garota de programa. Isso me chocou
bastante e meu chão desapareceu.
José encarou-lhe nos olhos, mas a garota não suportou. Transbordaram-lhe
algumas lágrimas; a mulher, por seu lado, se levantou de uma vez, sem conseguir
mais fitar os olhos de seu pai, abaixou a cabeça, deu-lhe as costas e se pronunciou:
- Quem inventou esse absurdo e essa infâmia sobre minha pessoa?
- Andreza, não precisa me enganar mais. Eu recebi denúncias sobre você
no celular e apurei tudo. Fui eu quem ligou para ti ontem e atendeste o telefone.
Ouvi sua voz e reconheci. Não minta mais para mim.
Andreza ficou calada. Depois disse:
- Papai, não sei do que o senhor está falando – e começou a chorar.
- Fale a verdade, que será melhor. Preciso te ouvir; me olhe de frente; não
me esconda mais a realidade dos fatos; sou seu pai. Sei o quanto é difícil admitir isso,
mas é melhor você não mentir mais para seu pai.
José ficou em pé e girou o corpo de sua filha, colocando-a de frente ao seu
rosto, e passou a mirá-la no fundo dos olhos, os quais já estavam vermelhos e ela já
não o conseguia encarar.
A garota não falava nada e seu pai prosseguiu:
- Andreza, como você pôde fazer isso comigo e com sua mãe? Omitir tudo
isso de nós. Você está nos enganando há quanto tempo?
- Não sei.
- Suas irmãs sabem dos seus maus procedimentos? Suas amigas sabem?
Andreza começou a admitir aquela dura realidade:
- Ninguém sabe de nada; só eu mesma – mentiu ela.
- Eu nunca pensei, meu Deus, que eu fosse viver isso, esse problema, em
minha família. Logo você, que criei com tanta estima, minha filha mais amada.
Andreza, você me decepcionou por completo.
- Desculpe, meu pai.
- Por que, filha, você fez tudo isso contra nós? Por que você escolheu essa
vida?
- Não sei direito.
- O dinheiro, a vontade de desfrutar os luxos da vida te seduziram, querida.
Sempre fomos pobres, mas procurei dar o melhor que pude para vocês e em
especial para ti, Andreza. Você se formou, tem uma profissão, não precisava
adentrar nesse mundo perverso da prostituição.
- Eu precisava de dinheiro.
- Nenhum dinheiro do mundo, meu bem, vai trazer sua dignidade de volta e
irá pagar os pecados que você cometeu, minha filha.
- Eu sei, tenho consciência disso.
- Andreza, como você se atreveu a entrar nesse caminho? Você não tem
medo de sofrer agressão sexual ou de adquirir uma doença grave como AIDS?
- Eu sou adulta e procuro me cuidar. Tomo minhas precauções.
- E quando as pessoas souberem? Como ficaremos? Com que rosto vou
encarar as pessoas se eu passar na rua e ficarem comentando aos cochichos
picuinhas do tipo: “Olha lá, aquele homem, é o pai daquela moça; ela agora é
garota de programa.” Eu me importo com isso, filha. É a minha reputação e a sua
também. De que forma vou encarar as pessoas e levar minha vida adiante?
Explique.
- Não se preocupe com o que os outros irão falar, papai. Eu não vou dar
bolas. Não vou valorizar. E quem terá que se preocupar mesmo sou eu, pois
estarão falando sobre mim.
- Nem se os comentários vierem de sua família, você não vai se preocupar?
Eu vou me preocupar sim. Conheço muita gente.
- Farei tudo para ninguém mais descobrir. Serei discreta.
- Filha, você não tem nenhum arrependimento de tudo isso que você fez?
- Acho que não.
- Você começou a fazer programas quando?
- Este ano, há menos de seis meses.
- Você me jura que não fazia programas em Fortaleza?
- Juro que não realizava, papai.
- Andreza, você não sabe o quanto eu e sua mãe já choramos por sua
causa? Tive medo até de eu tentar fazer algo pior contra minha vida .
- Mamãe também está sabendo?
- Sim.
- Papai, eu lhe peço, não pense em fazer nenhuma loucura. Se alguém tiver
que ser punido, tem que ser eu mesma.
- Andreza, tem horas que eu não quero mais olhar na sua cara. Você me
decepcionou demais. Estou muito triste com você.
- Desculpe, papai. Essa não era minha intenção.
- Como não era sua intenção, filha? Esse caminho que você está trilhando é
perigoso; é um dinheiro aparentemente fácil, mas tudo isso poderá destruir sua
vida e a de nós, seus pais.
- Tem horas que eu penso em ir embora e nunca mais voltar pra cá.
- Parece que você não nos ama mais, e o que te importa mesmo agora é o
dinheiro.
- Não é verdade, meu pai.
- Andreza, eu vou te falar sério: deixe essa vida ou eu vou me afastar de
você. Vou apagar suas fotos comigo no Facebook e no Instagram. Vou dar um
tempo. E aí: você vai parar de fazer programas? Saia dessa vida. Eu peço
encarecidamente. O que você tem a me dizer?
Andreza refletiu brevemente e ao final respondeu a seu pai, com lágrimas
nos olhos mais uma vez.
- É difícil eu falar isso, papai, mas não posso parar agora. Não quero fazer
programas por muito tempo, mas não dá para eu interromper neste momento. Já
entrei nessa área e vou ter que ficar um pouco mais de tempo. Me desculpe e me
perdoe. Se o senhor me ama de verdade vai me entender depois e vai me perdoar.
Eu já estou lhe pedindo desculpas. Preferia que o senhor e minha mãe nunca
soubessem. Prometo que deixarei esta vida assim que for possível.
- Tudo bem, Andreza, é assim que você responde a um apelo de seu pai!?
Pois de hoje em diante esqueça que você teve um pai.
Andreza emudeceu e olhou para seu pai com a face profundamente triste.
- Eu vou orar, porém, sempre por você, - continuou José - mas não vou te
ligar mais, não quero saber mais de sua vida. Siga o caminho que você escolheu e
vamos ver no que vai dar. Eu te desejo boa sorte, filha. Fica com Deus mesmo
assim.
E José saiu da cozinha e foi chorar em seu quarto.
Andreza se derramou em pranto e após 5 minutos foi embora, sem se
despedir de seu pai, e deixou a porta de frente da casa apenas encostada. Ela saiu
dali completamente arrasada e naquele restante de dia não comeu mais nada e só
ficou deitada num quarto, com o aparelho celular desligado.
Melina a questionou sobre o que estava acontecendo, mas ela preferiu
dizer que se tratava de uma crise de enxaqueca. Solicitou um analgésico e um copo
com água para disfarçar, e ficou trancada até o dia seguinte, sofrendo pelo
desentendimento com seu pai. De repente, sua paz havia desmoronado, de uma
hora para outra, e ela não enxergava solução. O que seria dela agora sem o apoio e
o carinho de seu pai em sua vida? Ela não tinha ideia do que fazer. Só lhe restava
sofrer e esperar; aguardar que aquela tempestade mental passasse e mais uma vez
ela se restabelecesse por sua persistência e sua resiliência.
No dia seguinte Ester ligou para José e dialogaram.
- José, meu amigo da Igreja marcou um suposto encontro com ela, naquele
número de WhatsApp. Infelizmente caiu no endereço de Melina. Não acredito que
elas estão nos enganando.
- Eu conversei com nossa filha e ela confessou que é tudo verdade. Então
Melina é cúmplice de tudo.
- Como elas puderam montar esse esquema na própria casa onde moram?
- Ester, eu me desentendi com Andreza e vou passar um tempo sem falar
com ela. Nem sei se voltaremos a nos falar algum dia.
- Ah meu Deus... – ressentiu-se aquela mãe e começou a chorar.
- Suellen me decepcionou demais. Nunca imaginei que ela pudesse ser
capaz de fazer isso.
- Vou orar por nossa filha. Nosso Senhor Jesus há de tirá-la desta vida de
pecado e sofrimento.
- Você vai falar com Melina?
- Vou sim. Devo ligar pars ela para conversar, mas não hoje. Preciso esfriar
minha cabeça, pois esta para explodir. José, quero te fazer um pedido.
- Pode fazer, Ester.
- Não deixe de orar e pedir todos os dias por nossa filha. Tenho fé que um
dia ela vai sair dessa vida.
- Eu disse a ela que continuaria orando por sua vida. Vou cumprir minha
promessa. Fale com Melina.
- Quero dar um tempo delas duas. Estou arrasado; estou decepcionado
agora com elas e André. Todos eles são cúmplices.
- Vá descansar José. Que Deus abençoe nossas famílias!
- Tchau, Ester. Desculpa por dar essas notícias. Boa noite..
No dia seguinte a morena contou para Melina sobre a descoberta de
seu pai. Comunicaram-se pelo aplicativo de mensagens:
- Mel, alguém contou para meu pai que eu faço programas. Estou com
ódio, seja ele um homem ou uma mulher. Como eu gostaria de descobrir quem foi
esse dedo-duro.
- Irmã, e agora? O que vamos fazer?
- Não tenho ideia.
- Você prometeu para ele encerrar os programas?
- Não.
- E o pai já sabe da casa de massagens?
- Não. Ele não comentou nada sobre isso.
- E você vai tentar descobrir quem te entregou?
- Não sei. Só tenho a convicção de que devo me preparar melhor. Quem
quer paz, deve se preparar para a guerra. E eu vou estar pronta. Eu juro.
- Vamos pensar então no que fazer.
- Mamãe já sabe também?
- Acredito que papai irá contar para ela, infelizmente.
- Meu Deus.
- Eu vou entregar agora tudo a Deus...
- Vamos ver no que vai dar.
E finalizaram as mensagens nesse dia.
Alguns dias depois Antônio José recebeu outras mensagens de um
remetente desconhecido informando-o sobre a existência da casa de massagens, a
qual era gerida pelas filhas mais novas e pelo genro André.
Andreza e Melina se desentenderam com seus pais após estes
descobrirem que Andreza fazia programas e a irmã caçula a acobertava. Elas então se
afastaram um pouco de seus pais e passaram a se dedicar totalmente à exploração do
meretrício.

Conforme José havia prometido, ele desativou uma conta de Instagram e outra
do Facebook onde se encontravam fotos dele com sua filha. Andreza também
apagou algumas fotos no Facebook com seu pai.
E assim os dois passaram cerca de quatro meses sem se falar. Ela não o
procurava e ele também não cedeu. Era uma queda de braço dos dois lados.
Ester também se afastou das duas filhas temporariamente e a família assim
estava desagregada.

Marcela soube por uma amiga chamada Neuzélia que sua irmã caçula instalou
uma clínica de massagens e quando abordou Melina esta não negou, referindo, porém,
que não era um local de prostituição. Todavia, alguns meses depois, uma outra pessoa
lhe revelou que o local funcionava com massagens e sexo, porém Marcela preferiu não
contar isso ainda para seus pais e acobertou sua irmã caçula. Ela esperava que a
própria irmã revelasse tudo para seus pais.

Dialogaram ESTER e ANTÔNIO JOSÉ uma semana mais tarde sobre Andreza
ter-se prostituído:
- Onde foi que nós erramos, José, na criação de Andreza? – queixou-se Ester. -
Para ela ter enveredado para este caminho da prostituição?
- Não faço ideia, Ester. Mas não se martirize; somos humanos e é normal que
cometamos erros.
- Eu sempre tentei elevar a autoestima de nossa filha, evitando frases que
atrapalhassem emocionalmente Andreza, já sendo consciente dos danos que algumas
falas podem propiciar, influenciando de forma negativa na autoestima dos filhos.
- Sei que, às vezes, falhamos, e deixamos nos vencer em algumas ocasiões
pelo cansaço depois de um dia de trabalho árduo. Quem nunca se desesperou com as
tarefas que ainda o esperam em casa ou com “aquela” birra que parece mesmo de
propósito? Mas eu sempre procurei pedir desculpas pelas palavras em que me excedi,
algo que nos custa muito sacrifício, ás vezes. Mas procurei o fazer, para dar o exemplo.
Não fiz isso para me retratar, nem para compensá-las com carinho e palavras bonitas
pelos meus erros e excessos, mas pela sua aprendizagem, para que soubessem tomar
as melhores decisões da próxima vez.
- Sim, José, sei que nossas ações como pais têm consequências, e é preciso
corrigir maus comportamentos, mas sempre de um ponto de vista construtivo e com
empatia. Frases como "Se você se comportar, eu compro..." acho completamente
equivocadas e por vezes, nós pais, utilizamos este estilo de comunicação para fazer
com as crianças uma espécie de chantagem emocional, terminando por se correr o
risco de que elas não aprendam o motivo de terem que fazer o que lhe pedem, mas
sim o que o fazem para obter um determinado fim.

Poucos dias depois, Andreza recebeu uma misteriosa mensagem no seu


telefone celular, e que dizia:
“Eu não sabia que você tinha um patrão e uma patroa. E a putinha parece ser
bem submissa a eles. Você não contou sobre isso. Boa sorte com eles, seus chefes.
Trabalhe bastante para enriquecê-los! Sua hipócrita!”

Um belo domingo de sol André convidou sua cunhada favorita para o


acompanhar até a praia, mas a mulher recusou a proposta. Na verdade, Andreza ficara
cheia de manchas roxas nas nádegas e nas coxas após dois programas de sexo com
Raynério, um dos colegas do militar, e desta forma ela não aceitou o convite para ir à
praia.
- Por que você não quer vir, Suh? – questionou seu cunhado.
Andreza o ludibriou:
- Estou com muita dor de cabeça e bastante indisposição. Prefiro ficar em casa
hoje. Muito obrigado pelo convite. Quero apenas descansar no dia de hoje. Valeu.
Ela até chegou a comprar uma pomada para acelerar a reabsorção daqueles
hematomas. E assim Suellen ficou cerca de cinco dias sem fazer programas. Ela
também entrou em contato com seu último freguês, pedindo uma quantia extra de
dinheiro, alegando de forma bem humorada que estava há quase 7 dias sem fazer seus
atendimentos por culpa dele.
Raynério alegou que ia analisar a situação em questão, mas no fim das contas
não pagou mais nada para Andreza, tapeando-a deste modo.
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Marcela descobriu, enfim, que Andreza fazia programas pois também recebeu
algumas mensagens estranhas em seu telefone celular revelando a vida oculta de sua
irmã do meio e tirou satisfação com ela.
- Você não tem vergonha de ficar com esses homens e vier aqui e beijar minhas
filhas? Você não podia ter ocultado isso de mim. Você foi falsa. Saí beijando vários
homens desconhecidos, fazendo sexo oral, circulando por motéis. Você não entende a
gravidade disso, não? Depois chega aqui e vem beijar suas sobrinhas. Andreza, você
não se preocupa com o bem-estar delas, não?
- Eu não beijo na boca de nenhum desses caras com quem eu faço programas. E
eu nunca faço sexo oral sem camisinha. Eu sei me proteger das doenças sexuais. E eu
só frequento motéis decentes. Também procuro selecionar meus clientes. Não saio
com qualquer um. Só faço sexo com pessoas que se demonstram higiênicas; do
contrário, eu recuso o programa. Eu tenho juízo. Deus me livre trazer doenças para
minhas sobrinhas.
- Por favor, não ouse colocar a saúde de suas sobrinhas, minhas filhas em risco?
- Pode deixar... Nunca quis prejudicar minhas sobrinhas.
- Você faz exames para DST’s com frequência, minha irmã?
- Faço sim, de seis em seis meses.
Mas Andreza já estava há quase um ano sem fazer os exames.
- Ok. Quero ver seus últimos exames! - pediu sua irmã.
- Vou fazer mês que vem. Está no tempo – declarou Suellen.
- Assim que fizer, me mostre...
- Ok, minha enfermeira. Mas por favor, não me afaste de minhas sobrinhas
queridas.
- Não quero fazer isso. Só peço que não me engane. Pense em sua saúde e na
segurança de suas sobrinhas.
- Eu penso sim. Tenho responsabilidade.
- Pois até mais, irmã.
- Tchau, Marcela.

Cássio Mariano entrou em contato com Andreza e esta terminou lhe contando
revelações de sua vida e passaram a realizar algumas sessões de psicoterapia. Numa
delas a mulher confessou:
- Eu me acho muito estranha. Parece que eu me incomodo com a felicidade dos
outros, eu não me sinto bem; devo sentir inveja, só pode ser isso, - ponderou Suellen,
como que dialogando consigo mesma, - e me sinto frustrada. Deve ser essa a
explicação. Não consigo me sentir à vontade com a satisfação dos outros, e eu, me
vendo infeliz, não sou realizada. Eu sofro com isso, ao constatar a aparente alegria de
pessoas que têm seu par, por exemplo. Eu quase não suporto ver essas pessoas felizes
e satisfeitas, e tento ignorar muitas vezes seu contentamento, pois não consigo ser
feliz vendo a realização amorosa e pessoal dos outros, já que não possuo nada disso.
- Andreza, você precisa repensar tudo isso e fazer algo para mudar esta
situação.
- Eui sei disso, mas é difícil.

ANDREZA CONVERSOU COM UMA DAS MASSAGISTAS DO BORDEL DE


SUA IRMÃ NO INTERVALO ENTRE OS ATENDIMENTOS.

- Acredite, a maioria dos homens se sentem constrangidos ao pensar que eles


pagam uma mulher para ter intimidade com eles – contou Andreza, - mas a maneira
como conduzo meu tempo com eles minimiza o aspecto de compensação do nosso
acordo.
- Eu não acordei um dia e decidi ser uma acompanhante – contou Escarlete. -
Eu tenho dois diplomas, fui criada em uma família de classe média, viajei um pouco e
tive uma breve carreira profissional. Também fui casada por um curto período de
tempo, quase fui mãe, cheguei a ser dona de casa suburbana, e vivi o “sonho
americano”. O oposto completo do tipo de mulher que a maioria das pessoas pensa
que é uma acompanhante.

“Eu não bebo e não festejo. Eu não gasto meu dinheiro em drogas ou itens de
luxo. Sou praticamente uma pessoa caseira quando não estou trabalhando. Os clientes
que se apaixonaram por mim não me veem como uma acompanhante, mas como uma
mulher comum, e esse também é outro motivo pelo qual eles têm dificuldade em lidar
com suas emoções.

- Eu estou aprendendo a separar os meus sentimentos do meu trabalho,


Escarlete. Preciso aprender e, para ser honesta, não é algo fácil de fazer, mas sou
solteira e eles, os clientes, muitos não são.

“Depois do nosso tempo juntos, eles saem felizes e satisfeitos, mas precisam
voltar à realidade quando chegarem em casa. Não consigo imaginar o quanto deve ser
difícil estar com uma mulher que te dá atenção e te ouve e depois voltar para casa
para alguém que mal reconhece sua presença, pois muitos se queixam disso.

- Portanto, se você pode compreender essa situação, talvez possa entender


como um cliente pode se apaixonar por uma acompanhante.

“Todos nós queremos nos sentir desejados, necessários, valorizados e


respeitados. É da natureza humana. Eu não sou uma destruidora de lares. Não quero
mudar a vida dos meus clientes, quero acrescentar felicidade à vida deles. – opinou
Escarlete.

- E para aqueles que se apaixonarem por mim, imediatamente vou parar de vê-
los – declarou Andreza. - Explicarei gentilmente meu raciocínio e os vou incentivar a
reorientarem a atenção que estavam colocando em mim em seu relacionamento e em
si mesmos.

- Já bloqueei o número de alguns deles por esse motivo e cortei todos os laços
com os mesmos. Acompanhar é o que faço para viver. Faço o que faço e, de verdade,
estou feliz por poder trazer felicidade aos meus clientes.

“Muito poucas pessoas podem dizer que amam o que fazem, mas eu
sinceramente posso.

CONVERSARAM ANDREZA E ARIANE, UMA DAS GAROTAS DE PROGRAMAS DA


CASA DE MASSAGENS DE MELINA.
- Você é parenta da patroa, Manu? – indagou Ariane.
- Não, por quê? Você me acha parecida com ela? – indagou Andreza, um pouco
preocupada com a desconfiança da colega.
- Na verdade, não. Mas alguma coisa me diz que vocês são parentes uma da
outra, ou mesmo irmãs. Talvez seja intuição.
Suellen não dizia para ninguém na casa de massagens que era irmã de Melina.
Apenas Ívina sabia a verdade e esta era confiável e sabia guardar segredos.
Para fugir desse assunto Andreza perguntou para Ariane (este foi o nome de
guerra com que Melina batizou a garota de programa):
- Ariane, como você iniciou neste trabalho atual?
- Parecia improvável, Manu. Sou um tipo comum de garota, de estatura
mediana para as mulheres: tenho 1,60 m de altura, nem magra nem gorda, cabelos
quimicamente lisos e exalo desencanto. Eu não me iludo: sei que não tenho cara de
puta, para os padrões que agradam a maioria dos homens, mas precisava ganhar
dinheiro. Em cerca de quatro anos trabalhando como garota de programa, por
períodos intermitentes, desde 18 anos de idade, descobri que o importante é
despertar a fantasia do cliente. Quem não tem o corpo exuberante põe uma roupa
justa, curta, decotada, provocante, que dê idéia de a garota ter “má intenção”, e os
homens acham que isso é feito para eles. Assim os bobinhos vêm atrás. Sabe o
cachorro quanto persegue a cadela que está no cio? É mais ou menos isso. Um dia, um
cara me disse que preferia as garotas que não são tão bonitas, porque elas eram mais
esforçadas em satisfazer seu cliente. Eu não ligo para o que os homens vão falar de
mim; não estou aqui para receber elogios. Eu me importo se eles me pagam bem.
- E quem seria o bom cliente, e o mau, Ariane, em sua opinião? – quis saber
Suellen.
- OIha, o melhor cliente, a meu ver, é aquele que paga bem e termina o
programa bem rápido. Eu nunca vou me queixar de ejaculação precoce: isso é
problema para a esposa dele cuidar. Ela é que pensa em gozar com ele na transa; eu
não preciso ter orgasmo com todo cliente.
- Ariane, eu me considero em muitas oportunidades até "menos prostituta" do
que algumas mulheres e esposas dos meus clientes, que exploram os seus homens por
tudo, e também porque eu, pelo menos, tenho um preço certo que eles já sabem o
quanto vão pagar. As suas esposas, e outras oficiais os exploram muito mais e elas
nem percebem isso. Alguns homens se queixam...

Andreza e Melina se desentenderam com seus pais após estes


descobrirem que Andreza fazia programas e a irmã caçula a acobertava. Elas então se
afastaram um pouco de seus pais e passaram a se dedicar totalmente à exploração do
meretrício.

Conseguiram atrair mais duas massagistas (no total agora eram cinco,
contando com Suellen) e compraram mais chips de outras operadoras de telefonia
móvel para agendarem os encontros sexuais de modo que chegaram a dispor de seis
números de telefone para o esquema, todos com o aplicativo de mensagens incluído.
Desta forma, a casa de massagens passou a ter garotas de programa em todos os
horários de segunda-feira até sábado, e Andreza ainda agendava encontros aos
domingos.

As massagens com sexo se iniciavam às 8 h da manhã e se extendiam até perto


de 23 h. A clientela da clínica de massoterapia foi crescendo aos poucos, também a
medida que a pandemia de sars cov-2 ia cedendo e a economia do país melhorava.
Quando Andreza voltou a São Luís, o público que frequentava o bordel era limitado e
de segunda a sexta-feira os programas começavam por volta de 10 h e já se
encerravam entre 15 e 16 h; a quantidade de clientes era pequena. Mas com a
chegada da nova rapariga e com a estratégia de aumentar o número de telefones e
oferecer mais massagistas pelos sites de encontros sexuais a freguesia cresceu de
modo espetacular nos 3 meses seguintes ao retorno da morena e pela adoção das
novas estratégias. Melina e Andreza nunca tinham ganhado tanto dinheiro na vida e
conhecido tantas pessoas. A opção de ter mudado de endereço também deu muito
certo pois estavam instaladas agora num local bem mais nobre, próximo ao
condomínio Gran Park e à praia do Calhau. A rua onde ficava o bordel também era
muito calma e discreta e os vizinhos, que eram poucos, não se incomodavam ou não
desconfiavam das atividades realizadas naquela casa, o que, porém, foi mudando a
medida que o volume de carros estacionados na rua aumentou, bem como o número
de pessoas que entravam e saíam daquele endereço, e assim foi-se despertando a
curiosidade dos vizinhos.

As funcionárias massagistas ficavam até por volta de 19 ou 20 h e Suellen ainda


ficava atendendo clientes até perto de 22 ou 23 h, conforme o dia. A ganância por
dinheiro era muito grande e a morena passou cerca de três meses trabalhando de
segunda a segunda-feira, com raras folgas.

Um homem que deu o nome de Maxwell marcou um programa com Manu na


casa de massagens de sua irmã.
Após a transa, a morena e o cliente dialogaram um pouco e este lhe revelou
alguns detalhes de suas atividades.
- Você é muito atraente, morena, e gostei bastante de seu programa – elogiou
o homem. – Foi muito bom o “test drive” com você. Acredito que vou repetir outro
dia.
- Test drive?! – repetiu a garota, demonstrando surpresa. – Ninguém jamais
tinha usado essa expressão comigo. Achei curioso agora.
- Eu também trabalho de certa forma na sua área, sabia? – afirmou Maxwell
causando espanto na moça.
- Como assim? Não entendi... Você é garoto de programa???
- Não é isso que eu quis dizer. Eu também alicio pessoas; como vocês também
fazem..
- Não estou entendendo? O que você quer dizer com isso? Eu não alicio
ninguém... Não sou cafetina. Eu apenas trabalho aqui ...- defendeu-se Andreza,
mentindo.
- Não precisa me enganar, garota. Eu até sei o seu nome verdadeiro: é Andreza.
- Quem te contou? – retrucou a prostituta, já um tanto preocupada.
- Eu sei de muita coisa e sei que aqui é mantido por uma família: duas irmãs e o
esposo de uma delas. Também sei que ele é militar e dá cobertura para vocês atuarem
no ramo. Mas fique tranquila: eu sou da paz. Não procuro confusão, apenas parcerias.
- Como assim? E por que toca neste assunto comigo? Por que motivo não
procurou minha irmã e meu cunhado: eles tratam de tudo aqui. Só estou neste ramo
de passagem... Vou permanecer aqui apenas por um tempo.
- Entendo. Quase todas as garotas de programa dizem a mesma coisa, mas o
tempo vai passando e, quando elas se dão conta, a prostituição já consumiu a melhor
parte de suas vidas.
- Não enrola. O que você deseja falar comigo? De que parceria você está
falando?
- Eu levo pessoas que querem mudar de vida ou tentar outra chance em outros
países. Eu ajudo neste sentido e garotas que trabalham com programas também são
bem vindas.
- Você quer dizer tráfico de pessoas?
- Eu não chamaria assim; todos os enviados são maiores de idade e vão para
países que não exigem visto. Também não aceitamos levar pessoas com ficha criminal
e condenações em nosso país. Recebo deles apenas uma comissão para providenciar
papelada, passagens e cartas de recomendação para trabalho. Mas como passagens
aéreas tradicionais são em geral muito caras, muitos preferem ir de navio.
- E não trabalham com tráfico de órgãos?
- Juro que não.
- E por que você pensou em nós? E o que temos a ganhar com esse esquema?
- Apesar dos pesares, o negócio é lucrativo. Nenhuma das pessoas que
ajudamos a ir embora do Brasil saberá nosso nome verdadeiro e tenho alguns
intermediários que me ajudam e são de confiança. Lá fora pagam uma boa comissão
por nossos trabalhadores e trabalhadoras ...
- Não há trabalho escravo envolvido?
- Não, de maneira alguma – mentiu o aliciador.
- Continue: por que pensou em nós como parceiros em potencial?
- As casas de massagens recebem muitas propostas de jovens querendo
“trabalhar“ , mas não vão conseguir absorver toda essa mão de obra. Aí é que nós
entramos. Além disso, eu soube que vocês têm a cobertura de policiais militares. Então
o esquema de vocês tem certa segurança e certa garantia.
- Você acha?
- Sim. Esse pessoal não gosta de escândalos e sabem acobertar as coisas. E
preciso disso: acobertamento. Para o negócio continuar funcionando... Entende?
- Estou começando a entender. E quanto receberíamos por cada pessoa
“indicada“ para você e qual a garantia de que vamos receber sem ser passados para
trás?
- Vocês receberam entre 5 a 10 mil reais por pessoa indicada que topar fazer o
estágio fora do Brasil e concluir todo o processo. Todos que vão embora assinam um
documento e eu lhes mostro. Sou confiável. Se alguém que vocês indicarem não
terminar o processo e se vocês quiserem confirmar lhes repasso o telefone da pessoa
para vocês entrarem em contato e confirmarem como a pessoa não foi. A cada pessoa
que vocês indicarem a gente revisa o que aconteceu com o último. Mas sempre vou
dar o resultado de cada indivíduo que vocês nos repassarem. Somos bem organizados.
- Tudo bem. O esquema é seguro mesmo?
- Com certeza.. Também temos nossas influências e nossos peixes. Não
somente vocês são privilegiados por os possuírem.
- OK. Maxwell, vou falar com meu cunhado e minha irmã e te dou um retorno.
- Combinado, morena. Foi um prazer. Tchau. Fico no aguardo.

E o homem pediu licença para sair.

Andreza depois conversou com Melina e André sobre Maxwell e sua proposta,
mas os dois recusaram, pois tiveram receio de se envolver num esquema tão perigoso
e arriscado. André não gostaria também de colocar sua carreira militar em risco.
Suellen entrou em contato com Maxwell dizendo que iam preferir não
participar do esquema e ele apenas respondeu que era uma pena e qualquer mudança
de ideia ela o comunicasse. Andreza desde então não viu mais aquele homem.

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Melina chegou do supermercado e Ívina ainda estava na clínica de massagens,

e ela se surpreendeu pois já eram quase 21 h. A atendente da casa tinha ficado com
Andreza e mais duas garotas de programa. Quando a patroa chegou, indagou-lhe com

espanto:

- Ívina, tu ainda por aqui? O que houve? Algum problema aconteceu...

- Sim, chefe. Alguém da justiça veio entregar um documento destinado ao

responsável pela casa. E tive que assinar o recebimento. Não abri para ler, em seu

respeito. Vou te entregar, dona Melina, em mãos, para você própria ler.

A garota ruiva ficou pálida e disse apenas, com voz trêmula.

- Obrigado, Ívina. Pode ir em paz – e foi tomando aquele envelope de papel

das mãos de sua funcionária.

Imediatamente, mil situações se apresentaram em sua consciência; não deveria

ser nada legal. Ela foi abrindo a correspondência, logo após fechar o portão para a

recepcionista sair e leu rapidamente: era uma convocação para depoimento na

delegacia. A casa de massagens havia sido denunciada. Melina, de pronto, ligou para

seu noivo, que a atendeu logo, e ela lhe contou o que estava se passando. Andreza, que

também tinha saído, chegou após 30 minutos, e sua irmã também lhe revelou aquela

desagradável notícia. A morena disse então que falaria com um cliente seu que era

advogado e seu colega para ver se ele poderia ajudar, pois se tratava de um profissional

competente e com certa influência nos órgãos de justiça locais.

Melina e André dialogaram no dia seguinte. A casa de massagens do casal foi


denunciada na polícia por crime de incitar a prostituição.
Andreza conversou então com um dos seus clientes, o qual era advogado, de
nome Valter Cantanhede, e este se dispôs a ajudar sua irmã e seu cunhado numa
possível defesa em juízo.
Melina, a qual, antes não temia qualquer denúncia e punição por ter
estabelecido aquele local de prostituição, agora já não tinha mais a mesma confiança e
certeza de antes.
- André, você acha que pode nos acontecer algo de sério? – interpelou a garota
ruiva. - Isso tudo pode dar em processo? Temos risco de ser preso? Eu também temo
por você, por sua carreira, que está apenas começando.
André tentou confortá-la:
- Calma, meu bem. Acredito que não chega ao ponto de dar cadeia. Mas
podemos ter que encerrar as atividades. Não vejo com muita preocupação, pois não
aliciamos menores de idade para fazer programas.
- Mas não é somente isso que é configurado como crime. Eu sei. Os telefones
são em meu nome e isso me preocupa. E eu tenho receio por você também porque o
aluguel da casa está em seu nome.
- Qualquer coisa que pesar sobre mim eu uso as minhas influências...
- Pode ser que você necessite, amor.
- Você vai contar para seu pai e sua mãe sobre a polícia?
- Eu não. Jamais. Vamos esconder.
- Então, que a história fique entre nós três, a Ivina e as garotas da casa que
descobrirem a denúncia.
- Pior que eu não queria fechar minha casa de massagens! Agora que ela estava
dando bons lucros...
- Pior que é verdade. Mas para limpar nossa barra pode ser necessário fechar
as portas e nos mudarmos também.
- Eu também tenho medo de que, agora, diante da situação, alguma delas nos
denuncie ou fique ameaçando, fazendo chantagens.
- Elas não são loucas. As garotas sabem que pode sobrar para elas. Tomara que
elas não ousem pensar nisso. Será suicídio para elas...
- E Andreza? – indagou sua irmã.
- Ela tem que ir procurando um lugar para ela morar.
- Eu também acho. Concordo que ela deve ter o canto dela. Ela sempre disse
que aqui seria provisório e o interesse dela é de morar só.
- Eu lembro bem que ela falou isso mesmo.
- Precisamos ter nossa vida também, a sós – desejou Melina.
- Sim, precisamos. Esta será uma oportunidade – reiterou seu noivo.
- André, eu vou marcar uma reunião com o advogado que a Suh recomendou.
Ele é chapa dela. Vamos ao escritório dele, pois será melhor nos encontrarmos lá. Vou
marcar e lhe falo.
- Fica tranquila, meu bem. Não vai acontecer nada de mais conosco – garantiu
o rapaz. – Mas pode marcar com o advogado que eu vou junto contigo. - colocou-se
ele a disposição.
Em seguida André saiu para visitar sua mãe. Melina foi arrumar as unhas num
salão de manicure.

MELINA E ANDRÉ REUNIRAM-SE DENTRO DE ALGUNS DIAS COM O

ADVOGADO.

- Do que podemos estar sendo acusados, doutor? – indagou Melina.


- Favorecimento de prostituição ou de outra forma de exploração sexual.
“O artigo 228 do Código Penal conceitua o crime de favorecimento da
prostituição ou outra forma de exploração sexual como o ato de ‘induzir ou atrair
alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou
dificultar que alguém a abandone’.
- Você acha que pode dar boró mesmo para nós ou não devemos nos
preocupar? - perguntou André.
- Se for mais de uma denúncia, vocês devem ter cuidado. Vou me instruir
ainda sobre o que há de fato de denúncia contra vocês .
- Não temos nenhuma menor de idade aqui – reiterou a mulher.
- Mas só esse fato não os os exime de serem processados e julgados. Outras
situações também configuram ilícitos, como: convencer alguém a ingressar na
prostituição; divulgação de contratação de prostitutas (os); facilitação, como qualquer
o auxílio à prática da prostituição ou a captação de clientes; dificultar o abandono da
prostituição.

“Na indução, atração ou facilitação à prostituição, o crime consuma-se no


momento em que a vítima passa a se prostituir, mesmo que ainda sem ter tido relação
com qualquer cliente. Nenhuma ex-garota da casa se desentendeu com vocês e saiu
brigada daqui?

- Não temos essa suspeita. Nenhuma garota que deixou de prestar serviço
conosco saiu por desentendimento - respondeu Melina. – Também podemos ser
multados com cobranças em dinheiro?

- Infelizmente sim. Aplica-se cumulativamente a pena de multa se o crime


for cometido com o fim de lucro. Embora essa hipótese seja improvável.
- E se alegarmos que as garotas só usavam o local como ponto de encontro
com os clientes?

- Acredito que essa não cola. Nossa lei nunca puniu a prostituta ou o seu
cliente, mas criou regras que dificultavam a atividade. Todavia, o rufianato nunca
deixou de ser crime. A questão é que pouco se denuncia.

- O que diz exatamente o texto do código penal?

- Com sua licença, doutor, vou ler aqui o CPB . Eu curso Direito – afirmou
André – e leu: "Artigo 229 — É crime : manter, por conta própria ou de terceiro,
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou
mediação direta do proprietário ou gerente. Pena: reclusão de 2 a 5 anos e multa".

- Exato, a nova redação da lei constitui importante alteração ao estabelecer


que o crime só se configura quando ocorrer "exploração sexual" no local. Dessa forma,
existe o crime quando houver pessoas sendo exploradas. Agora a questão se estas
pessoas, no caso as garotas, agem por livre e espontânea vontade ou não ser
considerada na caracterização exata do crime depende de um magistrado para outro.
É caso de interpretação da lei.

- "Explorar", ao meu ver, é submeter alguém à condição análoga à de


escravidão ou servidão – opinou o militar - , impondo a prática de sexo contra a
vontade, sob más condições, sem remuneração, ou com remuneração insuficiente, e
sem liberdade de escolha.

- Como eu disse, depende de cada situação e da análise final do juiz.


Portanto, a prostituição forçada é exploração sexual, um delito merecedor de punição
severa. A prostituição voluntária, porém, pode ou não ser considerada crime, quando
ocorre ela dentro de um estabelecimento.

- Está claro, doutor, que a sociedade patriarcal não pode prescindir do


comércio sexual, que é o serviço que nós prestamos, haja vista a falência de todas as
medidas adotadas para coibir a prática em todos os tempos – comentou a mulher.

- Sim, acredito que a legislação precisa corrigir a distorção imposta pelo


conservadorismo hipócrita e que também se prestava a outros crimes conexos como
ameaça, extorsão, corrupção, sonegação fiscal, tráfico de drogas, cárcere privado,
entre outros – opinou seu noivo.

- É, mas nossa sociedade ainda é tradicional e a atividade das casas de


massagem não é regulamentada – prosseguiu o bacharel em Direito - e vocês não
recolhem tributos nem garantem os direitos trabalhistas e previdenciários às
prestadoras de serviço. Talvez resida ai o problema que dificulta a aceitação completa
da atividade.

- A meu ver, com a alteração trazida pela nova lei, os processos por crime de
"casa de prostituição", se não envolverem exploração sexual, deverão resultar em
absolvição por atipicidade da conduta, pois manter casa para fins libidinosos, por si só,
já não configura crime – alegou André.

- Mas não vamos confiar totalmente nessas alegações - concluiu o


advogado. - Tratar-se-ia de abolitio criminis. Os inquéritos nas mesmas condições
comportariam arquivamento e muita gente que estava sendo processada se veria
dispensada da investigação, mas este entendimento da lei é algo novo e de aceitação
gradativa na magistratura, ao meu ver. Vou me informar melhor sobre as denúncias e
volto a falar com vocês.

- Combinado.

As opiniões de André e Melina, contudo, eram claramente influenciadas pela


vontade de justificar e legalizar a atividade ilícita que realizavam, principalmente uma
tentativa de seu ego de amenizar suas culpas.

O advogado Valter Cantanhede foi-se inteirar sobre a denúncia contra a casa de


massagens e descobriu que havia duas entradas no ministério público pedindo
investigação contra o prostíbulo. Ele sabia que no local não havia a exploração sexual
de menores ou adolescentes, mas mesmo assim recomendou a Melina e André que
encerrassem as atividades do estabelecimento. O advogado usou suas influências e
evitou que o casal mantenedor da casa fosse convocado para um depoimento na
delegacia.

Duas semanas depois Melina também recebeu um comunicado da imobiliária

de que o proprietário do imóvel, por intermédio de seu procurador, não renovaria o

aluguel. Na verdade, ele também foi notificado dos usos ilícitos que sua casa estava

recebendo por parte dos inquilinos. A imobiliária forneceu um prazo de 60 (sessenta)

dias para os locatários entregarem o imóvel.

Ao final desse período, em verdade, a casa de massagens foi de fato


denunciada na polícia por exploração de prostituição e após as filhas se
reaproximarem de seus pais estes pediram que as duas encerrassem as atividades do
bordel. O período de ouro para ganhar dinheiro das duas irmãs durou pouco e tiveram
que desistir do seu negócio promissor, pelo menos por um tempo.
Melina comunicou Andreza que a clínica de massoterapia teria que ser
fechada:
- Suh, o advogado recomendou que encerremos as atividades da clínica.
- Que pena , Mel? Realmente nos denunciaram na policia.

- Sim.
- Mas eu fui citada em algum processo ou denúncia na delegacia? – questionou
a morena.
- Não.
- Ai, graças a Deus.
- E comigo e com André você não se preocupa? É isso mesmo...?
- Não, irmã, Também me preocupa a situação de vocês; mas foi um alívio para
mim saber que meu nome não foi envolvido; sou nervosa demais para essas coisas.
- Eu e André também não chegamos a ser denunciados em processo. É por isso
que decidimos encerrar nosso negócio: antes que complique para todos nós.
- E sobre as meninas, as massagistas?
- Vou conversar com elas de hoje para amanhã, pessoalmente, uma de cada
vez. Inventarei uma desculpa e vou falar que decidi fechar a clínica de massoterapia.
- Elas vão ficar arrasadas...
- Com certeza; por uma notícia dessas e tão repentina; mas não tenho outra
opção.
- E minha situação? Não tenho outra fonte de renda. Como vou ficar de
imediato?...
- Suh, eu pensei em você ficar fazendo seus programas na casa pelas próximas
quatro semanas; por mim, sem problemas; você faz seus anúncios nos seus números
pessoais de trabalho, sem usar os telefones da clínica, e tenta ser discreta com seus
clientes. Temos mais dois meses e meio para a gente deixar este imóvel e procurar
cada um nosso canto.
- Ok, Mel. Obrigada pela força.
- Não há porque agradecer, irmã.
E as duas se afastaram neste momento.

Nestes quatro meses que se passaram após Antônio José descobrir a


verdade sobre Andreza, Angélica questionou para saber por que ele havia se
afastado de sua filha, e ao final deste período, seu namorado não aguentou e
terminou contando toda a história para a cabeleireira.
Angélica notou que o homem vivia muito tristonho e cabisbaixo e lhe
propôs que aceitasse uma espécie de trégua com suas filhas, para uma
reaproximação delicada. Ela tentaria intermediar uma conversa entre os três, pai e
filhas.
Deste modo a cabeleireira contactou Suellen e Melina e lhes sugeriu que
saíssem juntos para jantar e para um diálogo de reconciliação. José ainda se sentiu
mal e enganado por suas filhas mais novas; todavia, o sentimento de falta e
saudade era grande e o pai começou a aceitar a hipótese de reaproximação com as
filhas pecadoras.
- Meu bem, se reaproxime de suas filhas – pediu Angélica. – Elas duas são
muito jovens. Os jovens podem cometer deslizes, mas devemos lhes dar uma
segunda chance, em especial nós que somos pais.
- Vou tentar.
- É assim que se fala. Quem sabe você não as influencia a deixar essa
atividade e elas darem uma guinada em sua vida.
- Quando eu sugeri isso a primeira vez para Andreza ela não me acatou. Eu
me senti desvalorizado.
- Elas podem estar mudando de opinião. Aproxime-se de suas filhas e
depois tente novamente. Quem sabe dessa vez dá certo. Vou tentar depois falar
também com elas e aconselhar, se elas permitirem.
- Pois tente marcar um encontro entre nós.
- Vou tentar marcar.
- Obrigado.

Com efeito, Antônio José, Angélica e as duas filhas mais jovens daquele
homem se entraram dentro de alguns dias para comer uma pizza. Foi uma conversa
descontraída e procuraram evitar falar sobre prostituição, conforme Angélica lhes
orientou.

Refizeram as pazes e as garotas até se deixaram fotografar com a namorada


de seu pai. A partir daí, Andreza iniciou uma lenta reaproximação com seu pai. Este a
convidou algumas vezes para irem até a residência de sua namorada ou para visitar
os netos de Angélica e a garota de programa aceitou. Antônio José também pediu para
sua filha do meio voltar a frequentar a Igreja, mas esta pediu um tempo e preferiu por
enquanto não retornar á sua antiga prática religiosa.

E Andreza voltou a se comunicar com seu pai e acompanhá-lo às vezes em


saídas á noite com sua namorada ou aos sábados e domingos para almoçar, mas não
tão frequentemente. A relação dos dois de fato mudou após todos os fatos ocorridos.
Suellen, inclusive, já não curtia mais todas as publicações de seu pai nas redes sociais,
mas ficaram em paz, um com o outro.
Trícia e Andreza se encontraram alguns dias depois no shopping. Disse a
morena:
- Domingo será o dia dos namorados: mais uma vez sozinha, sem sogra, sem
sogro, sem cunhados ou cunhadas, sem namorado.
- Fica assim, não, Andreza. A qualquer hora vai entrar a pessoa certa na sua
vida.
- Eu estou tão inspirada que até escrevi um poema para esse dia especial –
contou Suellen.
- Foi mesmo! – retrucou Tricia, com empolgação. - Pois me recita essa sua
criação poética, amiga.
- Escrevi assim: - e ela declamou os versos:

“ Hoje é feriado.
Uma data comemorativa para os amantes.
Dia dos namorados...
Efeméride antiga...
Dia do amor...
Vivaz retrato...
Do sonho infortunado...
Melancólico espaldar...
Quisera viver um amor.
Hoje se comemora...
Eu sonho com este dia...
Mas para mim não passa de uma Quimera... “

- Pronto. Terminei. É curtinho – concluiu a morena.


- Muito belo, Andreza. Mas me desculpe falar: que pena que é triste sua poesia
– afirmou Tricia.
- Ela representa o que o dia dos namorados significou até hoje na minha vida.

Trícia decidiu então questionar sua amiga:


- Suh, não há nada que você deseje conversar comigo e você enxergue alguma
barreira, algum entrave? Não há nada que você queira desabafar, algo que você
precisa conversar com alguém tipo para se sentir melhor?
- Não, Trícia. De onde você tirou isso.
E as amigas continuaram conversando sobre assuntos mais amenos e típicos
das mulheres.

Duas amigas comentaram sobre Andreza ao se encontrarem alguns dias mais


tarde:

- Kelly, sabe quem foi que eu vi semana passada no shopping? - inquiriu


Tamisa.

- Não faço ideia, amiga. – retrucou Kelly.


- Foi a Andreza, nossa ex-colega de faculdade.
- Foi mesmo? Nossa, já fez quase três anos que não a vejo. Como ela está?
- Conversamos rapidamente. Ela me pareceu um pouco tensa e não estava
muito a vontade. Disse que não está atuando como contadora e que trabalha com a
irmã com venda de material esportivo. E estuda para concursos. Ela passou um tempo
morando em Fortaleza.
- E ela se casou ou está noiva?
- Ela me contou que tem um namorado, mas não noivaram ainda.
- E no mais , o que você achou da Suh?
- Amiga, na verdade, achei ela muito estranha. Não sei exatamente o que é.
- Ela continua bonita?
- Eu a achei um pouco abatida e já não tem aquela beleza de quatro anos atrás.
A Suh era lindinha. Achei ela um pouco com cara de sofrida. E já não tem mais aquela
beleza e aquele sorriso de quando fazia faculdade. Estava hoje muito maquiada, mas já
percebi em seu rosto umas marcas do tempo. Parece que os homens estão fazendo-a
sofrer...
- Ou os caras estão sugando sua vitalidade e sua energia. Ela era tão bela de
corpo!
- Era e não tinha um pingo de barriga. Mas está agora um pouco fora de forma.
Não é mais aquela garota de vinte e poucos anos e de corpinho sarado.
- É, já nos aproximamos dos trinta. A idade vai batendo. Ela não teve nenhum
filho?

- Não. E ela nunca se casou.


- Mas a Suh é jovem ainda. Ela tem toda a vida pela frente.
- Com certeza.
- Você anotou o telefone dela?
- Não, mas ela me disse que continua o mesmo número. E eu a sigo no
Instagram.
- Tenho saudades dela. A Suh era uma boa menina.
- É isso aí, amiga, e cada uma vai trilhando o seu caminho.
- Tchau, amiga. Um abraço.
Cumprimentaram-se com um abraço e um beijo no rosto e cada uma seguiu
seu rumo.

Trícia e Victor se encontraram dentro de alguns dias.

Victor explicou para sua namorada:

- A síndrome do impostor é caracterizada por pessoas que têm tendência à


autossabotagem, Tricia. Então, o indivíduo constrói, dentro da cabeça dele, uma
percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência. Naturalmente, todo o
cérebro humano possui essa pré-disposição a colocar essa sensação de incapacidade e
demérito. É preciso lutar contra essas ideias pessimistas e de autodestruição,
construindo uma autoconfiança responsável, baseada no bom senso e em
aprendizagem contínua sobre a vida.

- Eu acho que uma amiga minha sofre desse mal?

- Quem é, Trícia?

- É a Andreza Suellen. Quando alguma coisa na vida dela está perto de dar
certo e ter sucesso ela se esforça para atrapalhar, ou volta atrás e complica tudo, com
a finalidade de autossabotagem.

Pronunciou ainda a garota:

- Acho incrível, Victor, como essas garotas fazem um papel psicológico de


dualidade. A mesma mulher que é séria, comportada, filha, às vezes tem namorado, de
um instante para outro assume o papel de mulher devassa, safada, puta, deusa do
sexo. Não sei exatamente como a mente delas trabalha essa separação. Parece-me
estranho representarem estes dois papéis. Uma mulher é a mãe, a namorada, a filha,
que devem respeitar as convenções sociais e os preceitos da Moral; a outra mulher é a
prostituta, que faz o que sabe e pode para agradar seus clientes, não tem fidelidade,
não sei se possui Ética e sua Moral, embora ela possa até acreditar que a possui.
Incrível como mudam, tal qual um camaleão, de uma forma para outra, em pequeno
intervalo de tempo. E o fazem muitas vezes representando perfeitamente estes dois
papéis aparentemente opostos para a maior parte da sociedade: o da mulher
prostituta e o da mulher decente.
- Talvez, meu bem, seja mesmo esse desafio de forjar as duas personagens
antagônicas que estimule tantas mulheres a entrar nesta vida e seguir este ramo –
opinou seu namorado. - Essa tarefa deve ser excitante e desafiadora para elas,
trazendo prazer e satisfação. E elas aprendem a executá-la muitas vezes com maestria.
- Victor, tem horas que eu acho que a Andreza tem algo estranho em seu
coração. Não sei se é raiva de alguma coisa ou de alguém. Por isso sinto ela infeliz em
muitas oportunidades que nos encontramos.
- Muitas pessoas vivem inundadas por rancor e raiva – opinou Victor. - Estes
indivíduos se prendem às mágoas, a tudo que os outros lhes fizeram de mal, e não
conseguem superar esta situação, a qual vai-se perpetuando em sua trajetória de vida.
- Eles não conseguem perdoar a quem os magoou, - continuou Tricia - ficam
remoendo esses machucados em seus corações e deste modo estes maus sentimentos
vão persistindo de forma contínua em suas mentes; eles passam a viver presos ao
passado, o qual é repleto de mágoas e arrependimentos.
- Estas pessoas podem assim guardar esse rancor e se tornarem pessoas
amargas e pessimistas, fechando-se para as outras, e internalizando essa raiva, ou
podem fazer estes sentimentos ruins fluírem e, tal qual uma explosão, eles podem
descarregar em pessoas inocentes e que não têm culpa pelas mágoas que elas
carregam dentro de si.

- Victor, o rancor e a raiva machucam muito mais a quem foi ferido, é claro, do
que a pessoa que os provocou. Todavia, é preciso esquecer as ofensas, os insultos, as
agressões, todo o mal que sofremos, afim de superar as mágoas e para que se possa
seguir em frente, sem angústias e sem dores – concluiu sua namorada.
- Trícia, e o cunhado de Andreza? O que você pensa dele? Como ele é conivente
com a participação das duas na prostituição.
- Ah, meu bem, é cômodo para ele que as duas tenham sua “fontinha” de
renda, para aliviar nos gastos com as duas princesas. Na verdade eu acredito que ele é
mesmo um cafetão, pois ele se beneficia do dinheiro que vem dos programas. E dizem
que eles vivem um trisal. Acredito que eles só não se assumem por causa da família.
Principalmente para não contrariarem os pais de Andreza e sua irmã, nem a mãe de
André.
- Que pouca vergonha.
- É mesmo! Por mais que os tempos de hoje sejam modernos, a relação dos três
é difícil de entender: esse papel que André faz é ridículo de explorar as duas e viver
maritalmente com elas, num jogo estranho e imbricado. Ao mesmo tempo elas
precisam dele pela grana e pela proteção que ele fornece e já se acostumaram a essa
vida de privações afetivas e sociais, dividindo os sentimentos entre si, e se escondendo
do mundo em várias situações. Mas eu juro que não entendo exatamente como
funciona a relação entre eles. Pois é esquisita demais... E tenho certeza de que os três
não são felizes completamente e nunca o serão, e perderam a chance de cada um dos
três buscar alguém que realmente amassem, para ficar com esta única pessoa e terem
uma vida mais plena.
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Após o fechamento da casa de massagens Andreza ficou chateada e procurou
seu cunhado favorito para uma conversa. Eles se encontraram a sós. A morena se
virou para André e esbravejou:
- Você é culpado por boa parte das coisas ruins que acontecem comigo. Você
vai ajudar eu me bancar. É o mínimo que pode fazer por mim. Você vai me patrocinar,
André. A situação está difícil para mim. Quero trabalhar menos e necessito estudar.
Quero fazer um concurso público e desejo colocar um negócio para mim: me ajude.
Preciso de dinheiro. Anseio ter os mesmos direitos de Melina. Faço por você o mesmo
que ela faz. Sou merecedora. Não me deixe na mão. Não traia minha confiança.
- Você já esqueceu totalmente seu ex-namorado? Certeza? quis saber André. E
continuou: “Você diz que muitas vezes sua mente está confusa. Quero ficar com você,
mas tenho minhas exigências”, rebateu André. E disse mais: “Você vai fazer menos
programas, teremos um dia só para nós e vou controlar suas redes sociais. Também
quero a senha do seu e-mail e você terá uma única conta de e-mail. Quero saber com
quem você vai sair e não pode se envolver emocionalmente com nenhum cliente.
Nada de beijos na boca ou sexo oral sem camisinha. E não aceite fazerem sexo oral em
você. Não quero mais nenhum outro homem chupando sua buceta. Estas são minhas
condições para nosso trato dar certo. Pense também num prazo para terminar de
fazer programas “.
- Tudo bem - respondeu Andreza Suellen. “Não penso mais em Armando. Ele já
é passado para mim, uma página virada em minha vida. Você me quer toda sua,
exclusiva. Ok. Vai dar certo depois. Sou sua puta: faça o que quiser comigo, meu bem.
Estou a seu dispor. Gosto de me sentir submissa a você. “
E transaram a seguir por quase uma hora. Todas as semanas passavam horas e
horas transando. Era o hobby preferido dos dois. Deixavam de sair de casa para ficar
trepando.
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Andreza e Rafael, porém, continuaram se encontrando, mas agora com menor
frequência; à noite, numa casa noturna, os dois dialogaram.
A garota lhe confessou que estava um pouco decepcionada com sua vida e
tinha momentos que chegava a sentir algum arrependimento pelos rumos a que tinha
levado sua vida.
Comentou o rapaz:

- Eu não duvido, Suh, que daqui a alguns anos você se arrependa de tudo o que
você fez e faça de tudo para as pessoas esquecerem seu passado de garota de
programa; e ainda volte a ser evangélica praticante, talvez mais fervorosa ainda do que
antes. Tudo isso é chamado de sublimação, Andreza.

Ela também revelou que não conseguia manter interesse e confiança por
muito tempo em nenhum homem que entrava em seu caminho. Rafael, então,
explicou para ela:

- Manu, de acordo com um estudo, uma mulher se sente mais atraída por um
homem quando ela não tem certeza de quanto ele gosta dela. Amor é uma escolha.
Acontece quando a atração e o tesão se foram. É baseado em uma decisão a longo
prazo, e que só pode acontecer de forma madura, se você conhecer profundamente a
pessoa amada. Você tem que colocar tudo a limpo, e abrir o jogo no momento certo,
enquanto ainda há tempo.
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CONVERSARAM TRÍCIA E ANDREZA ALGUNS DIAS DEPOIS:

- Trícia, o que exatamente significa uma traição para você, em se tratando de


relacionamento afetivo? – indagou Andreza.

- Por que você me pergunta isso, “Bruna”? Você suspeita que seu namorado a
trai ?

- Não é comigo. Não tenho namorado atualmente. Está acontecendo com uma
amiga minha. Pelo menos, ela suspeita... – disfarçou a morena.

- A traição, amiga, envolve atitudes infiéis, que configuram como uma ameaça
ao relacionamento. Significa também a perda completa da lealdade. Na nossa
sociedade, geralmente, entende-se como um caso extraconjugal secreto, em que pode
haver uma conexão emocional e o desejo sexual. A traição, portanto, não envolve
apenas sexo.

- Minha amiga flagrou umas conversas suspeitas do boy dela nas redes sociais,
e descobriu que ele tem um perfil ativo no Tinder e no Badoo, acredita?

- Então ele não é confiável. Ele criou estes perfis em sites de relacionamentos
já durante a relação dos dois?

- Provavelmente sim.
- Bruna, até uma troca de nudes pode ser uma traição, e se os dois que trocam
as fotos se conhecem, pior ainda.

- E por que você acha que as pessoas traem? Por que a traição é dolorosa? A
infidelidade é uma experiência emocional dolorosa, como relatou minha amiga,
mesmo quando ainda está no campo da dúvida.

- Sei, Bruna, e é essa dúvida que maltrata nossa mente e nossa consciência. Os
homens ainda traem mais, e os motivos são vários, conforme o caso. Mas no final das
contas o denominador comum parece ser o fato de que o traidor não ama sua
companheira.

- Antigamente, quando o casamento era literalmente um acordo financeiro,


Trícia, a infidelidade ameaçava a segurança financeira. Mas agora que o casamento ou
a relação é um acordo romântico, quando prezamos por isso, a infidelidade ameaça
nossa segurança emocional. Minha amiga diz que está ficando tão insegura. E isso
repercute em todas as suas atividades, na sua rotina diária.

- Eu entendo. Afinal, depositamos no parceiro a expectativa de amar e ser


amadas, e a traição pode ser uma ameaça à essa segurança.

- Minha amiga Virgínia, você não conhece, - Andreza inventou esta pessoa –
me falou que tinha o ideal de que seu parceiro preenchesse uma lista extensa de
necessidades: ser o amante, amigo, parceiro, confidente, e no futuro o pai de seus
filhos, etc.

- E, ao mesmo tempo, Suh, há a expectativa de que sejamos isso para o cara: a


escolhido, única, indispensável e insubstituível (que pretensão a nossa); muitas vezes
inatingível em sua plenitude. E a traição indica que não somos isso, ameaçando a
nossa autoestima e a nossa própria identidade.

- Em geral, quando uma pessoa diz que é traída, e isso vem a público, pelo
menos na sua roda íntima, assim eu suponho, a primeira reação dos amigos ou
familiares é julgar e incentivar a separação. Daí o receio de que outros descubram,
mesmo os íntimos. Nem sempre vamos estar preparadas para um rompimento tão
repentino de uma relação que dava certo.

- Correto. Na verdade existem muitas questões a serem levadas em


consideração, e quem está fora do relacionamento não as compreende. Logo, a pessoa
pode sentir vergonha de falar sobre a traição que sofreu, até pelo julgamento que os
outros farão.

- Imagino. É sempre mais fácil julgar os outros, do que oferecer apoio e o


devido suporte que seria tão importante nesse momento delicado. Mas por que
mesmo você entende que muitos homens traem suas mulheres, Trícia?

- Como eu relatei, eles traem por diversos motivos. Em muitos casos são
características pessoais que aumentam a probabilidade de traição, como pessoas
narcisistas ou desprovidas de honestidade. Assim, é irrelevante o quanto da sua vida
você dedicou ao relacionamento. Tais pessoas vão usar a traição como forma de suprir
suas necessidades narcisistas

- Também acho que o histórico pessoal e familiar é importante. Minha mãe me


falou isso certa vez.

- É comum que as pessoas se questionem se quem já traiu uma vez, pode trair
de novo. E a resposta é sim! Se o parceiro já traiu uma vez, seja em um relacionamento
antigo ou no atual, a chance de trair novamente é maior.

André recomendou Andreza para alguns colegas militares após alguns apelos
da garota.
- André, me indica para uns colegas seus da corporação! Preciso fazer mais
programas – pediu a morena.
- Eu vou te recomendar para uns amigos meus do curso de formação; e para
dois oficiais que aparentam gostar de uma puta, pelo que já conversei com eles.
Acredito que todos vão apreciar você, morena.
- Obrigada pela força!
- Mas não se envolva demais com nenhum deles. Quase todos são casados ou
noivos.
- Eu lá me importo... Só quero fazer programas com eles. Não quero ter caso
com nenhum.
- Nem permito. E nada de sexo oral sem capa, beijo na boca ou sexo anal,
garota. Eu vou saber de qualquer deslize seu.
- Você por acaso vai instalar câmeras de filmagem escondidas onde eu estiver
transando?
- Pode ser – admitiu André. – Mas não preciso disso. Não sou como aquele
motel em que a gente foi e ficaram filmando nossa transa. Acho que é porque
trepamos gostoso demais e os funcionários do motel acharam que era uma gravação
de clipe pornô para a Internet. Quando eu pedi a conta do quarto, eles já sabiam o que
nós tínhamos usado e consumido. Fiquei muito desconfiado. Cheguei até a pensar que
foi sua irmã quem mandou nos filmar, mas era apenas nossa segunda vez naquele
motel. Enfim, tenho outras formas de descobrir que você descumpriu nosso trato.
- Como assim? Quando eu beijo outro homem ou faço sexo oral com eles sem
preservativo você sente um gosto diferente em minha boca?
- Pode ser que eu sinta. E outras coisas também me fazem descobrir a verdade.
Você não sabe mentir para mim. Eu sei quando você está escondendo a verdade.
- Pelo visto, você se acha, hein, meu bem?
- Você sabe que eu tenho razão. Sei quando você tenta mentir.
- Pois me indique para eles.
- Vou sim. Trate bem o subcomandante da PM.
- Pode deixar. Só me avise de antemão qual o nome dele e quando ele irá me
chamar no WhatsApp.
- Pode deixar.

No final de semana seguinte era o aniversário de sua sobrinha mais nova e esta
lhe pediu um saco de areia e luvas para treinar kickboxer. Isabel estava completando
11 anos de idade. As duas, tia e sobrinha, neste dia se divertiram muito, com Andreza
tentando ensinar as primeiras lições desta arte marcial para sua sobrinha Isabel. Esta
lhe indagou, então, após lhe agradecer o presente que havia acabado de receber:

- Tia, eu te adoro. Era meu sonho ganhar esse presente. Eu já tinha pedido para
a minha mãe, mas ela não pôde me dar. Obrigado.
- De nada, meu amor. Você merece. Você é uma sobrinha maravilhosa, sabia?
Isabel então parou um pouco e a seguir questionou:
- Tia, eu só não sei uma coisa.
- O que, Bel ? – redarguiu Suellen.
- Você trabalha com o que, tia? Nunca ouço você falar de trabalho. Eu soube
que você possuiu uma lanchonete, mas faz tempo que fechou. Sei que minha mãe
estuda enfermagem e minha vó trabalha no hospital, como enfermeira. Tia Melina
estuda e cuida do tio André. Mas, e você?
Andreza respondeu:
- Eu sou contadora, Bel. Eu trabalho com dinheiro, meu amor. Viu como é legal?
- Puxa, é mesmo tia – concordou a menina. - E onde fica seu trabalho?
- Eu sou autônoma; trabalho por conta própria. Explicando melhor para você:
presto serviços para outras pessoas, mas eu mesma sou minha chefe, minha patroa.
- Ah, acho que entendi. Legal mesmo, tia. Vamos treinar mais, me ensina -
convidou Isabel.
E foram se divertir no pátio fora de casa onde seu cunhado rapidamente
pendurou e montou o saco para treino de kickboxer.
José se reaproximou de Melina e de Andreza e após saber da existência da casa
de massagens, a qual funcionava na residência de sua filha mais nova, fez-lhes uma
visita e pediu que as duas encerrassem as atividades do prostíbulo. As duas garotas
prometeram a seu pai encerrar os serviços de massagens dentro de trinta dias.

Melina comunicou Suh sobre o fechamento da casa de massagens. Ela se


reuniu com sua irmã do meio e lhe disse:

- Irmã, vamos ter que fechar mesmo a casa de massagens. Vamos deixar nossos
planos em stand-by. Nosso sonho fica para depois, quem sabe.

- Por que você decidiu fechar mesmo o seu negócio.

- O advogado disse que seria a melhor opção; o locador pediu o imóvel e não
quero desagradar nossos pais. Quero uma reconciliação com eles e desejo paz. Então
decidir encerrar o negócio, por enquanto.

- Então, Mel, a partir de agora eu vou morar no meu canto.

- Você prefere mesmo, Suh, morar sozinha? Está certa dessa decisão?

- Sim, irmã – replicou a morena, sem hesitar. – Só me ajudem a encontrar um


apartamento. Vou optar por condomínio, por ser mais seguro para mim. Meu desejo
realmente é morar sozinha. Prefiro curtir a solitude e a minha própria companhia.

- Tudo bem, Andreza. Eu compreendo você, mas por favor não se afaste de
mim. Eu te amo, minha irmã.

- Eu também te amo.

- E como você vai fazer, Suh. Como vai fazer os programas? Você pensa em
procurar outro serviço? Não há previsão de nenhum concurso interessante para nós
no momento, com exceção do seletivo da Guarda Municipal. Vou fazer as provas. E
você, não vai tentar?

- Este concurso não me agrada, Mel. Não quero atuar como guarda municipal,
policial civil nem militar. E quase não estou me preparando mesmo para concursos;
estou estudando muito pouco.

- Tudo bem.

- Respondendo à sua primeira questão: vou ficar atendendo os clientes nos


motéis, em ritmo bem mais leve. Depois de uns seis meses quero dar uma parada.
Tenho umas pequenas economias e vou me virando. Sei como ser econômica e viver
com pouco.

- Oh, minha irmã, você às vezes se sacrifica tanto...


- E o que você vai fazer, irmã, agora de sua vida? – indagou a prostituta Suellen.

A garota ruiva havia sido aprovada para o curso de Oceanografia, mas não se
identificou e abandonou a universidade, vindo a ser depois desligada de modo
compulsório por jubilação.

- Vou ver irmã, acho que vou estudar para concursos e André deve colocar um
negócio comigo.

E as duas se abraçaram, com lágrimas nos olhos. Em seguida, Melina foi buscar
seu noivo no quartel da polícia , pois ela estava com o veículo dos dois em sua posse.
Andreza foi atender um cliente que acabara de chegar na recepção e Ivina lhe
comunicou pelo interfone.

Dali a quatro meses seria a formatura de André no curso de oficiais da Polícia


Militar.

Melina e André, infelizmente para eles, tiveram que fechar as portas da casa de
sua, a qual se mostrava um negócio promissor, porém ilegal. Após encerrar as
atividades do estabelecimento, a garota criou uma conta de Instagram chamada
“Meliand” para matar a saudade de sua clínica. Alguns parentes ficaram seguindo esta
conta.

Andreza começou a chantagear que ia embora de novo para Fortaleza após o


fechamento do bordel.
Ela publicou nos stories de seu Instagram:
“Tem dias que dá vontade de largar tudo e ir embora“.
Andreza chamou depois André para uma conversa na pousada onde estava
hospedada no bairro Turu. Ela já tinha saído da casa de seu cunhado e de Melina.
- Meu bem, eu vou embora de São Luís – afirmou ela, para fazer chantagem.
- Andreza, como assim? Você já viu que não deu certo uma vez. Foi loucura.
Vai cair nessa bobagem de novo.
- Não tenho ninguém que me banque. Aqui está ruim de programas. Estou
cansada de sair para motéis. Vou sair de São Luís. Em Fortaleza tenho minhas amigas;
lá tem mais turistas estrangeiros, e mais clientes em geral. E tem outras
oportunidades. É uma cidade maior. Aqui a mente das pessoas ainda é de uma cidade
provinciana.
- Eu fosse você, não ia. Sua família vai ficar arrasada. Espere mais um pouco.
Posso lhe ajudar a montar sua casa de massagens.
- E Melina?
- A gente vai colocar outro negócio. Estamos pensando ai num serviço de
entrega de malotes, importação de produtos esportivos, temos uns planos em mente.
- E eu não quero mais ficar em pousada. Quero um apartamento para morar e
bem localizado.
- Não posso alugar nada para você agora. Estou terminando de pagar a
faculdade de meu irmão e uma reforma que realizei na casa de mamãe. E gastamos
muito agora na mudança para nossa casa. Melina quis tudo novo.
- Sempre é tudo para ela; você não se lembra de mim; me deixa de lado! –
queixou-se Suellen.
- Claro que não. Já estou procurando um local bom para você morar.
- Sim, pois eu quero morar sozinha.
- Eu também prefiro que você more só.
- E você vai pagar meu aluguel e minha conta de água e luz, pois quero
trabalhar menos. Vou diminuir meu ritmo de programas.
- Melhor, Andreza. Assim vamos ter mais tempo para nós.
- André, a gente não vai poder ficar hoje. Estou menstruada e vou ter que sair
para comprar alguma coisa para comer. Também estou com muita dor de cabeça. Lá
no supermercado tem uma farmácia. Vou comprar dipirona e tomar lá mesmo. Você
me deixa no supermercado, meu bem?
- Com certeza.
E seu cunhado a levou até o supermercado.
Depois desse dia Andreza desapareceu por quase duas semanas. Ela enviou
uma mensagem para seu pai e sua mãe dizendo que tinha viajado para fazer um
concurso público em outra cidade.
Andreza retirou a opção do último horário de visualização e de leitura das
mensagens de WhatsApp e não respondia mais nenhuma mensagem de André, Melina
e de mais ninguém.
Na verdade, ela apenas se mudou de pousada e cadastrou outro chip em seu
CPF para continuar agendando seus programas na Internet. Colocou outro nome de
garota de programa no site de encontros e sua propaganda não tinha fotografias, para
não ser reconhecida. Também mudou o texto da chamada de seu anúncio. Tudo fazia
parte de seu plano de chantagens emocionais.
Neste intervalo de tempo André a procurou na pousada anterior, mas
constatou que ela havia saído e sem deixar pistas de seu paradeiro.
Andreza procurou Cássio Mariano para uma sessão de terapia. Pronunciou o
rapaz para Andreza:
- Uma prostituta também pratica adultério, Suh, mesmo que não seja
exatamente intencional. Na medida em que ela aceita fazer programas sexuais sem
saber quais clientes são compromissados, casados ou não, ela também está traindo a
companheira de vários deles. A garota de programa participa ativamente da prática de
adultério e infidelidade, apesar de não ter consciência de tudo que está acontecendo
em cada situação. Ela pode alegar que não sabe quem é casado ou não, mas como na
maioria das vezes elas não perguntam se os clientes tem compromisso de fidelidade
com alguém, e quando o sabem não deixam de marcar os encontros com estes
clientes, assim elas passam a ter culpa, ou mesmo que eles mintam, isso não as exime
por completo de serem cúmplices, pois de modo voluntário assumiram os riscos e a
responsabilidade de praticarem atos sexuais com pessoas já compromissadas. Ao
aceitarem fazer sexo em troca de dinheiro com vários homens, elas estarão fadadas a
cometer adultério, embora com uma parcela de culpa menor, se é que podemos
considerar deste modo. Mas elas com certeza tem envolvimento direto na traição e
até podem ser convocadas em juízo para depoimentos em casos de separação litigiosa
de casais.
Andreza ouvia tudo aquilo de forma apreensiva, sem nem piscar. Será que
Cássio dissera aquilo para ela se sentir arrependida por tudo que ela fazia? E, sentindo-
se culpada desistir daquela sua vida e daquelas atividades que praticava?

Conversaram Rafael e Andreza novamente após um novo programa entre os


dois naqueles dias.
- Eu penso, Andreza, que você não tem vontade de parecer uma mulher
devassa para um homem pelo qual você se interessar seriamente. Você faz programas
para satisfazer sua vontade de sexo selvagem e com todas as loucurinhas que você
deseja realizar. Porém, sabe que os homens podem acham uma mulher muito
pervertida, pelo menos no início, quando notam e descobrem que ela é gamada nesse
sexo louco e sem limites. No fundo, você ainda quer passar para seus pretendentes, no
começo da relação, a imagem de que é uma garota que tem pudores. Também tem
receios de que eles saiam por aí falando o que você faz entre quatro paredes, quando
não confia bem no homem. Saindo com clientes, que são caras com os quais não tem
compromisso, e não sabem exatamente quem você é, fica mais fácil encobrir seu lado
de mulher devassa e tarada.

- Não sei por que nenhum homem quis me bancar ainda - reclamou-se a
morena para Rafael, em tom de brincadeira.
Na realidade, Andreza gostaria de encontrar um cara que bancasse suas
despesas, mas não lhe cobrasse ciúmes nem exclusividade, para que ela continuasse
seu intento de transar com quem bem entendesse.
Rafael ouviu esta lorota de Suellen e ficou calado. Não reagiu a sua queixa.
Mas após uma pausa ele pronunciou:
- Andreza, enquanto você for garota de programa, nenhum homem de valor vai
te levar a sério.
- Você acha?
- Andreza, eu me acho muito parecido com você, na minha forma de agir e
pensar.
- Como assim?
- Eu sou um tanto misterioso e sou muito difícil de me entregar totalmente para
uma pessoa... Gosto de esconder o jogo. Não abro meu coração facilmente.
- Tem medo de sofrer? - questionou Suellen, interrompendo-o.
- Talvez sim. Eu não entrego tudo que eu penso e todas as minhas intenções.
- Mas penso que sou assim apenas porque não quero me envolver
profundamente com ninguém no momento. Não me interesso por ninguém nesta
cidade, neste instante.
- Compreendo. Mas desconfio que você não tem convicção do que está
falando.

Disse ainda Rafael:

- Eu não duvido que daqui a alguns anos você se arrependa de tudo o que você
fez e faça de tudo para as pessoas esquecerem seu passado de garota de programa; e
ainda volte a ser evangélica praticante, talvez mais fervorosa ainda do que antes. Tudo
isso é chamado de sublimação, Andreza.

Andreza se queixou que só teve uma festa de aniversário:

- Rafael, eu sou um pouco traumatizada com festas de aniversário. Eu até hoje


só tive uma única festa de aniversário e foi quando completei meus 12 anos. Eu tinha
um sonho de meus pais prepararem para mim uma bela festa de debutantes, quando
eu chegasse aos 15, porém meus planos foram de água abaixo com a separação dos
dois. Não deu certo. Fiquei frustrada. Hoje em dia quando eu e outra pessoa faz
aniversário pouco ligo e não tenho vontade de comemorar. Se me chamam para a
festa de aniversário, eu vou; mas se não me convidam, tanto faz. Não lembro do dia de
nascimento de todo mundo e nem sempre ligo no dia ou envio mensagens de
parabenizacão .
Disse Rafael para a jovem:
- De acordo com um estudo, Andreza, uma mulher se sente mais atraída por
um homem quando ela não tem certeza de quanto ele gosta dela.
“Amor é uma escolha. Acontece quando a atração e o tesão se foram. É
baseado em uma decisão a longo prazo, e que só pode acontecer de forma madura, se
você conhecer profundamente a pessoa amada.

A morena e Rafael conversaram um pouco mais antes de transar.

- Andreza, falando sério: você prefere sexo bruto ou apaixonado?

- Uma mistura dos dois. Depende do dia.

- Qual é o seu fetiche?

- Transar com um homem tatuado e de músculos definidos.

- Você gosta de um pouco de dor durante o sexo?

- Sinceramente, não.

- Já usou comida na hora do sexo?

- Como assim??

- Para incrementar algo durante a relação sexual.

- Só tomei vinho espumante uma vez.

- Você já teve algum sonho ousado comigo?

- Sim. Transamos dentro de um elevador.

- Verdade?

- Sim.
- Que legal! E Já foi pega no flagra por alguém? Por exemplo, sua mãe, seu pai
ou sua irmã?

- Não.

- Já observou alguém transando?

- Só quando fiz ménage, mas foram pouquíssimas vezes. Não gostei muito da
experiência.

- E já transou com alguém assistindo?

- A mesma resposta da pergunta anterior.

- Você já fingiu ser outra pessoa enquanto transava?

- Eu não. E não aceito bancar esse papel se me pedissem para o fazer.

- Você já usou chantilly durante o sexo?

- Minha irmã me contou que já. Eu, quase uma vez !! Não deu tempo. Um

cliente maluco queria que eu chupasse o pau dele sem camisinha e com chantilly, mas

como não aceitei, ele também dispensou fazer com camisinha. Uma fantasia maluca
dele ! Ele pensava que eu toparia qualquer coisa. Comigo não, criança.

- Você já pagou por sexo?

- Não. Pondero que eu não pagaria. Mas quem é que tem certeza disso...

- Você já pensou em recriar alguma cena de filme pornô com a pessoa que está
transando contigo?
- Assisti a poucos vídeos eróticos para aprender algumas coisas, mas não
procuro reproduzir exatamente o que se faz neste tipo de filmes.

- Você já transou com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, fora nos
programas?

- Não, meu bem.

- Onde você mais adora receber beijos?

- Na boca, com toda certeza.

Melina confessou para Andreza que também chegou a fazer programas.

- Como tinham duas ruivas na casa de massagens eu podia enganar quem


insinuasse que eu fazia programas.

Também cheguei a divulgar no meu celular umas fotos de uma putinha que fez
estágio no Rio de Janeiro e se intitulava “A Carioca“. Na verdade ela é de São Luís e
passou um tempo no Rio. Pense numa bichinha avacalhada, puta toda, como eu nunca
tinha visto. Ela precisa trabalhar para sustentar sua filha.

Trícia soube por umas amigas suas, também conhecidas de Andreza, que esta
última havia adentrado ao mundo da prostituição. A estudante de Psicologia nunca
quis comentar nada com a morena, esperando que esta lhe revelasse os fatos, o que
jamais aconteceu. Trícia, entretanto, nunca deixou de ser colega de “Bruna”. A moça
revelou a história de Andreza para seu namorado, pedindo segredo. Ela conversou
com Victor neste mesmo período sobre esse tema. Disse ela:
- Acabei ver os stories no Instagram do pai de uma amiga minha, a Andreza
Suellen. Eu soube por uns colegas que ela se tornou garota de programa e já teve uma
casa de massagens com uma das irmãs dela, mas que faliu e elas tiveram que fechar.
Faz algum tempo que não nos falamos. Eu não sigo ela no Instagram e a conta dela é
privada. Mas voltando aos stories do pai dela: ele postou uma foto com as três filhas e
legendou assim: “Esta aí meu futuro! “ Eu fiz a seguinte reflexão: Se o futuro do Brasil
e da humanidade for a prostituição, Andreza e sua irmã Melina estão fomentando o
porvir e elas são as representantes exatas deste futuro! Mas do contrário, eu não sei
mais de nada.

Um falso cliente marcou com Andreza no motel. Após o fechamento da clínica


de massoterapia ela passou a atender seus fregueses em móteis na região da
Forquilha e do Turu.
Um homem chamado Jouberth Macieira entrou em contato com Andreza pelo
WhatsApp e quis marcar um programa.
- Olá, tudo bem? Eu queria marcar um encontro com você – e o pretendente
disse seu nome.
Assim que a garota pôde, ela respondeu à mensagem.
- Você quer marcar para quando? Só posso amanhã.
- Tudo bem. Para mim está ótimo. Quanto está o programa, garota?
- R$ 200,00 a hora. Sexo oral e vaginal, com preservativo. Atendo em motel, na
região do Turu.
- Que programa barato, eu pago até mais – esnobou o homem.
- Marcamos para amanhã?
- Sim. Para você, garota, fica melhor qual período do dia? Estarei disponível de
14 às 19 h , amanhã.
- Marcamos então 18 h. Vou direto para o motel que você escolher. Chego lá 15
minutos antes. É certeza. Não falte, por favor. Qual será o motel?
- Paradise. Conhece? Pode ser?
- Pode sim.
- Da minha parte está tudo certo também. Se eu tiver algum imprevisto procuro
avisar com uma hora de antecedência. E faremos uma chamada de verificação.
- Pode ser agora a chamada? Posso te chamar com que nome?
- Se você prefere agora, sem problemas. Eu me chamo “Manu”.
E Andreza fez logo uma chamada de verificação por vídeo. E ficaram acertados
para o dia seguinte.

A morena achou algo estranho naquele homem, mas não quis desistir do
programa.
No dia seguinte ela se arrumou e saiu bem comportada, como sempre fazia,
para os vizinhos não desconfiarem de nada. Em geral, saía com uma calça jeans
folgada e uma blusa comum, sem decotes e nada sensual. Pedia seu transporte
alternativo, quando o cliente não a levava ao motel, e descia do carro duas quadras
antes do motel escolhido, de modo a despistar. Aprendeu a usar boné (um hábito que
conheceu com Cláudio) e óculos escuros, para dificultar ser reconhecida. Já saía do
seu apartamento com as peças de lingerie por baixo, de modo a não precisar levar
muita coisa em sua bolsa de lado. Essa roupa íntima era obrigatória para seduzir e
agradar os clientes; Andreza se sentia mais bela e sexy de lingerie, de modo que era
quase obrigatório ela usar estes itens nos programas. Antes de chegar ao motel o
cliente lhe avisou pelo WhatsApp o número do quarto em que ele estava.
A garota seguiu seu protocolo, chegou à recepção do motel, o qual procurava
variar bastante, e seguiu rumo ao quarto indicado por Jouberth.
Chegou em frente ao quarto e bateu na porta. Subitamente a porta foi aberta e
Andreza adentrou, mas não viu ninguém. No mesmo instante, um homem, que estava
atrás da porta, fechou a mesma de forma abrupta, e a morena foi surpreendida por
uma pessoa atacando-a pelas costas, e tentando esganar seu pescoço. Ela não
conseguia falar nada e o indivíduo rapidamente a jogou em cima da cama, sendo que
já a xingava, proferindo várias ofensas desde o momento em que tentava sufocá-la
com as mãos.
A luz do banheiro estava acesa e a porta entreaberta. A morena foi lançada
violentamente contra o leito; ao cair deitada ficou voltada com o abdôme para cima e
pode finalmente visualizar seu agressor. Era um homem alto, magro, bem jovem, de
voz aguda e que estava com uma fina meia no rosto, encobrindo sua face.
Andreza ficou aterrorizada, mas ainda conseguiu perguntar:
- Quem é você? Qual o mal que eu te fiz?
O homem respondeu:
- Então, você é a lambisgóia que saiu com meu namorado por várias vezes!?
- Eu...? – questionou Andreza, pálida e quase paralisada.
- Por sua causa ele mudou comigo e me deixou. Eu fiquei para morrer. Quase
me matei por sua causa, vagabunda.
- Você está falando de quem?
- É claro que não vou dizer.
- Você deve estar me confundindo com outra pessoa?
- Não senhora, sua vaca. Eu peguei o telefone celular dele e anotei seu número.
Não tente fugir da responsabilidade.
- Não fiz nada por mal. Nenhum cliente comentou que queria deixar o
namorado por minha causa. Não concordo com isso. Sou muito profissional e não me
envolvo com meus clientes, em suas questões amorosas. Eu juro.
- Não acredito em você, vagabunda – reclamou aquele homem enfurecido –
Entregue-me seu celular – exigiu em seguida.
Andreza imaginou que o homem estivesse com receio de ela contactar alguém
e que ele queria levar seu celular para não deixar pistas e para que o mesmo não
corresse o risco de ser descoberto depois.
Ela resistiu inicialmente, pois não queria perder seu smartphone onde estava a
agenda dos clientes. Ela salvava todos os números das contas no próprio aparelho de
telefone.
- Entregue-me seu celular – falou o homem de novo, mas já usava um tom de
voz baixo para não atrair a atenção dos funcionários do motel. – E você, fica calada a
partir de agora, senão eu te mato num instante, antes que alguém venha te socorrer. –
ameaçou.
E o homem exibiu a extremidade de uma pistola que estava presa por dentro
de sua calça.
- Tudo bem, entendi – disse Andreza, bem baixinho.
- E o que a gente pode fazer para você pagar o que fez contra mim?
A garota de programa abaixou a cabeça, sentada na cama, e começou a chorar.
- Vai, me entrega o telefone. E não olha mais para mim – exigiu o homem mais
uma vez.
Ela repassou o celular com a mão completamente trêmula.
- Se eu pelo menos soubesse o nome dele eu não aceitaria mais fazer
programas com seu “boy” - disse ela ainda.
- Não vou dizer. Pensa que sou otário.
- E o que posso fazer, então? - indagou a moça, aos prantos.
- Eu podia te matar, mas não quero sair daqui preso. Seu sangue não vale a
minha liberdade, sua vagabunda.
Aquelas ameaças e aquelas ofensas verbais estavam minando Andreza, que já
se encontrava prestes a desmaiar.
Mas o enfurecido rapaz ainda falava.
- Sua lambisgóia, trata de fazer outra coisa na vida. Só não vou te bater muito
na cara porque você vai fazer barulho e vão me descobrir. E só não vou tirar sua vida
porque ele não está mais saindo com você. Eu sei disso.
- Como você sabe?
- Não posso dizer. Quer dizer, eu contratei um detetive.
- Tenta voltar para ele então.
- Se cala, sua puta ordinária. Ele já está com uma namorada e dizem que ele vai
se casar. Tudo por sua causa. Olha o que você provocou!
- Então ele já ia te deixar. Ele desistiu de ser homossexual.
- Cala a boca. Você não sabe de nada. Eu não te dou o direito de discutir e dar
palpites na minha relação com ele.
- Eu peço desculpas.
- Eu não estou nem aí para as suas desculpas.
- Certo...
- Eu vim aqui para te dar um recado: te cuida, pois sua vida não vale nada e
você pode perdê-la a qualquer momento.
Andreza emudeceu com aquelas graves ameaças, embora indiretas.
O furioso indivíduo continuou vociferando.
- Deixa essa vida, vagabunda. Você já deve ter estragado a vida de muitas
pessoas e de muitas famílias. Não é todo mundo que vai ter com você a mesma
paciência e a mesma condescendência que estou tendo. Abre o olho, vadia. Toma
jeito.
Em seguida o homem começou a bater na tela do celular de Andreza com um
objeto do quarto e o lançou no chão. Ele decidiu levar o smartphone que havia caído
no chão, mesmo com a tela toda danificada, e sem responder ao touch-screen.
Saiu do quarto deixando a moça trancada por fora, sumiu com a chave e se
evadiu rapidamente do motel, a pés.
Andreza ficou calada por 15 minutos na cama, chorando bastante. Depois
gritou por um funcionário e vieram ao seu socorro. Os funcionários do motel pegaram
a chave de reserva e encontraram Andreza sentada no chão, encostada na cama, de
lingerie, enrolada num lençol.

Os funcionários lhe indagaram o que havia acontecido e ela relatou que havia
sido agredida pelo homem que ficara com ela no quarto.
- Como ele te agrediu? – questionou um deles.
- Ele tentou me matar apertando meu pescoço com as duas mãos. Ele tentou
me sufocar. – Andreza falava com dificuldade; sua voz quase não saía.
E de fato Andreza tinha marcas no pescoço dos dedos do agressor e até um
pequeno hematoma de cada lado da região cervical .
- Mas você está melhor? Está sentindo falta de ar? – indagou uma funcionária.
- Estou melhorando, só que estou muito assustada.
Andreza ainda tremia com o frio do quarto gelado pelo aparelho de ar
condicionado e com o susto que levou.
- Você quer que a gente te leve a um hospital? – questionou um funcionário.
- Acho que não vai necessitar disso – manifestou-se a morena.
- Certeza?
- Sim.
- Quer companhia para ir à delegacia fazer um boletim de ocorrência contra
ele? – ofereceu-se uma moça, que parecia ser a gerente.
- Acho que eu não vou fazer boletim de ocorrência. Não adiantaria. E eu não
quero me expor mais e mais.
Andreza também estava com receio de sofrer retaliações pelo agressor, que lhe
pareceu uma pessoa perigosa e poderia ser um policial ou um bandido, tendo em
vistas que possuía até arma. Ela ainda fez um apelo:
- Eu prefiro que esta história fique entre nós e não vaze nada. Minha família
não ia gostar de saber que estive aqui e o que aconteceu comigo.
- Na verdade também preferimos a discrição e o sigilo. – desabafou a gerente. –
Uma história assim não ia cair bem para a reputação do motel. E eu te juro que caso
semelhante nunca tinha ocorrido.
- Eu acredito em você – disse Andreza.
- E logo num dia em que as câmeras de segurança não estão operando. É muita
coincidência! – continuou a gerente.
- Será que foi mesmo coincidência? - questionou a vítima, levantando uma
suspeita.
- Ele era seu namorado? - indagou um funcionário do motel.
- Não. Quer dizer que vocês não têm a filmagem com o rosto dele?
- Infelizmente não; o sistema de câmeras não está funcionando desde ontem.
Está em manutenção.
- Que droga! Vocês anotaram a placa do carro dele? - quis saber a moça
agredida.
- Ele estava a pé, não veio de carro – respondeu um deles.
- Ordinário! – esbravejou a garota.
E Andreza voltou a chorar.
- Ele te bateu? – indagou uma outra funcionária.
- Não. Só tentou me esganar mesmo. E ele me maltratou muito, me xingava,
me ameaçava. Um louco, completamente fora de si.
- E ele falou por que fez isso com você ? – questionou o funcionário da
segurança.
- Pior que não. Eu perguntei, mas ele não me respondeu. – mentiu a vítima.
- Você aceita um pouco de água? – ofereceu a gerente.
- Sim, aceito.
Em seguida a gerente pediu que todos os demais se retirassem e ficou a sós
com Andreza. Quando todos já haviam saído ela conversou com a moça.
- Você quer tomar um banho quente para se trocar? – sugeriu a gerente.
- Não. Obrigado. Você está sendo muito gentil. Vou tomar a água, me vestir e
quero ir embora o mais rápido possível. Posso pagar para você o gasto do quarto ?
Parece que ele quebrou algumas coisas.
- Não se preocupe. Eu não vou te cobrar.
- Obrigado de novo.
- É o mínimo que eu posso fazer por você. Mas eu queria te perguntar mais
duas coisas.
- Pode ser! – disse a morena. Andreza ficou, porém, com temor das perguntas.
- Você não conhecia aquele homem que estava com você neste quarto?
- Eu não o conheço – a moça preferiu dizer a verdade.
- Desculpa, o que eu vou te perguntar, mas eu te adianto que a resposta não vai
mudar nada do que eu penso sobre você. Você foi hoje uma mulher covardemente
atacada por um homem estúpido e não tem nenhuma culpa disso. Mas me responda:
moça, você é garota de programa?
Andreza não respondeu nada. Preferiu ficar calada.
- Tudo bem, sem problema. Não precisa responder. - replicou a gerente do
estabelecimento.
- Eu gostaria de ir embora para meu apartamento – pediu a morena.
- Como você prefere ir para casa ? Quer que eu chame um Uber, deseja que eu
ligue para algum amigo ou amiga, ou quer que eu te mande deixar em casa.
- Você faria essa gentileza de me mandar deixar em meu endereço?
- Em que bairro você mora?
- Aqui no Turu.
- Sim, mando deixar você em casa. Vou falar com um funcionário e ele vai te
levar em meu carro.
- Muito obrigado. Deus te abençoe. Como posso retribuir sua gentileza?
- Eu que peço desculpas, apesar de achar que não tivemos culpa. Mas eu queria
pedir para você nunca mais voltar a este motel. Não me leve a mal. Prometo que essa
história vai morrer aqui dentro, entre nós. Eu notei que você precisa desse sigilo.
- Obrigado. Acredito que eu não terei mesmo nenhuma coragem de voltar aqui
algum dia. Não culpo vocês. Aquele homem era um louco. Deus me proteja dele.
- Boa sorte, moça. Vá com Deus. Espere aqui dentro do quarto.
- Sou muito grata. Perdoe-me pela confusão que eu criei para vocês.
- Imagine. Você é a única vítima aqui. Estou aliviada por saber que você está
indo em boas condições para casa. Vá descansar. Se cuida, garota. Tchau.
E a gerente saiu do quarto, sem dizer seu nome.

Um funcionário foi deixar Andreza no flat onde ela estava hospedada e a


mesma pediu para descer do carro um quarteirão antes do seu número. A rua ainda
estava movimentada. Era um dia de semana e Andreza foi para seu apartamento.
Chegando em seu apart-hotel a prostituta ligou para sua irmã e seu cunhado
André, pedindo que eles viessem com urgência socorrê-la.
Quando chegaram Melina indagou:
- O que ocorreu, Suh, para você pedir nossa presença com urgência.
- Eu sofri uma agressão no motel por um falso cliente. Ele me atraiu para lá e
tentou me esganar.
- Qual o nome desse ordinário? – quis saber o cunhado.
- Ele me deu o nome Jouberth Macieira.
André fez uma rápida busca no Google e no Instagram e não obteve nenhuma
resposta.
- Ele deve ter usado um pseudônimo. – declarou André.
- Eu já imaginei isso.
- Me passa o número do zap dele. E pelo número do telefone a gente vai
descobrir em quem a linha está registrada na operadora.
- Ele levou meu celular embora.
- O que ele fez com você? – interpelou a garota ruiva.
- Ele tentou me enforcar, fez muita tortura psicológica e me ameaçou.
- Eu vou descobrir quem é esse cara e ele vai pagar. – afirmou o oficial da
polícia, com muito ódio.
- Acalme-se, meu amor. – pediu sua quase esposa.
- Eu prefiro que a gente não mexa com ele, por enquanto – pediu a vítima. - Eu
gostaria que vocês dormissem hoje aqui comigo. Estou com medo.
- Ele falou por que estava te agredindo? Ele contou qual a motivação disso
tudo? – questionou Melina.
- Ele ficou chateado por eu ter saido com um ex-namorado dele. Ele é viado. E
descobriu meu número na agenda do cara. Eu juro que não sabia de nada. Ele também
se negou a dizer o nome do cliente. E por algum motivo esse louco acha que eu fui a
razão principal do ex-caso ter deixado ele.
- Que história sem sentido... – opinou André.
- Para nós; - declarou a ruiva - mas ele deve ter mesmo as motivações dele
- O sacana ainda estava armado. Eu tenho medo de que ele seja um policial ou
um bandido. – afirmou a morena.
- Existe essa chance, pelo visto. – concordou o rapaz. – Pode ser uma pessoa
perigosa. Devemos ter cautela.
- Por isso eu quero deixar ele em paz, por enquanto.
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Dois dias depois Andreza foi até a operadora de telefonia celular, levando um
boletim de ocorrência notificado pela Internet e que informava o furto de seu aparelho
celular, e conseguiu um novo chip com o mesmo número anterior, mediante o
pagamento de uma taxa para ressarcir o serviço e o novo chip.
Suellen instalou o chip novo em outro aparelho mas, para seu
descontentamento, o contato de Jouberth, ou seja lá quem fosse aquele indivíduo,
havia ficado na memória do antigo aparelho de telefone, de modo que ela não poderia
investigar em nome de quem estava o chip que ele utilizou para contactá-la. Jouberth
não se comunicou mais com ela, felizmente, mas o paradeiro do seu agressor, por
outro lado, nunca foi determinado.

Após o incidente com Jouberth, a garota de programa ficou cerca de uma


semana sem agendar nenhum encontro sexual. Cogitou consigo até desistir em
definitivo da sua atividade, mas a necessidade por grana imperava e ela se viu na
condição de voltar a sair com clientes.
Decidiu, porém, que a partir de agora só agendaria encontros com clientes que
tivessem foto no perfil e que aceitassem fazer uma chamada de vídeo mútua de
verificação. Dava preferência por novos clientes indicados por clientes antigos e ela
também não aceitava mais que o pretendente escolhesse o motel. Tomou consciência
de que não pegaria mais carona com seus clientes, e nem faria mais programas após as
18 h. Outrossim, passou a não aceitar mais pagamento por pix. Só em espécie ou
cartão, pois possuía uma máquina para pagamento com cartão de crédito ou débito.
Tudo seriam medidas para tentar evitar que se repetisse o incidente da última vez.
Igualmente, instalou um aplicativo em seu smartphone e no telefone de André que
permitia ao policial rastrear em tempo real onde ela estivesse e ainda colocou um
outro app com botão de pânico para avisá-lo, caso enfrentasse algum imprevisto
desagradável.
Diante de todas essas precauções e mudanças, Suellen voltou lentamente a
fazer programas, agora com muito mais cuidado, e numa quantidade bem reduzida.
Temia pela integridade de sua saúde e de sua vida.
Um cliente conhecido lhe convidou então para realizar um programa e ela
marcou num motel bem confortável, repleto de câmeras de segurança e localizado
numa via bem movimentada. Agendou o encontro para as 15 h e solicitou que o
cliente não se atrasasse. Ela fez questão de chegar 15 minutos antes do combinado e
ela mesma escolheu o quarto. Também se certificou, antes de adentrar ao quarto, que
o sistema de segurança do estabelecimento estava funcionando e foi ao encontro com
um outro aparelho celular mais barato e o escondeu no local, antes que o cliente
entrasse no recinto.
A transa transcorreu dentro dos conformes e desta vez Andreza não sofreu
nenhum golpe. O programa durou cerca de 50 minutos e após seu cliente atingir o
orgasmo ela pediu para ir embora, sem tomar banho, por precaução. Quando a
morena chegou a seu pequeno apartamento sentiu um imenso alívio.
Assim a morena voltou a realizar seus encontros remunerados, agora num
ritmo mais livre, cerca de três vezes por semana, atendendo no máximo dois homens
por dia.
Passaram-se três semanas e um segundo incidente transcorreu com a garota.
Andreza agendou um programa com um cliente indicado por outro já seu conhecido e
foram normalmente ao motel. No quarto de encontro conversavam:
- Morena, você tem uma bunda deliciosa: deixe eu fazer anal com você – pediu
seu amante do dia.
- Eu não costumo fazer sexo anal, com raras exceções – rebateu a morena.
- Adoro fazer anal. Eu faço com todo o jeito. Tenho experiência. Nunca
machuquei nenhuma garota no anal. Muito pelo contrário, só dei prazer. Tive umas
duas namoradas que faltavam me implorar para fazer anal com elas. Gozavam a ponto
de urinar ou tremerem as pernas como gelatina. Uma sensação deliciosa.
Andreza achou também aquele cliente muito delicado. Era um rapaz branco,
bonito, com algumas tatuagens no braço e na panturrilha, e não tinha o pênis muito
grande.
A garota fez então sua proposta:
- Posso topar fazer sexo anal com você. Mas só pode gozar uma vez e se eu
estiver sentindo dor interrompemos de imediato. E você terá que me pagar mais R$
100,00, dentro desta mesma hora que já combinamos.
O cliente de nome Gustavo pensou um pouco e após alguns segundos proferiu
sua resposta :
- Aceito, meu bem. Quero fazer anal com você. Adoro comer o cú de
garotinhas lindas como você e que colocam dificuldade para entregar o fe-o-fo. Você
não vai se decepcionar hoje comigo. Pode ate chegar ao orgasmo.
- Não se preocupe. Não faço questão de gozar. O importante aqui é você ter um
orgasmo gostoso.
- Tudo bem. Só que eu trago um preservativo especial para fazer sexo anal e
que traz mais sensibilidade.
- Qual é?
- Skin.
- Ah eu conheço. Eu gosto desta camisinha de Vênus. Ela é bem fininha e traz
uma sensação maravilhosa. Chega a parecer que o homem nem está usando proteção
no pinto.
- Sim.
Enfim começaram as preliminares e Andreza fez sexo oral usando a dita marca
de “capote” em Gustavo.
Fizeram a seguir sexo vaginal e ele não gozou. O cara pediu então para fazer
sexo anal e a garota renovou o lubrificante na camisinha.
E Gustavo começou a estocá-la sem pena, bofeteando as nádegas da morena
de instante em instante, ao que ela não parava de gemer e falar:
- Vai, mete tudo, está gostoso demais. Come a minha bunda. Mete gostoso até
os ovos! – empolgou-se ela.
E nessa coreografia sexual continuaram até que ele chegou ao clímax.
- Cachorra, vou gozar... vou gozar bastante.
- Goza, goza gostoso, que eu quero ver.
- Ai! Gozei... – e Gustavo parou.
- Deixe eu ver seu pênis todo meladinho! - pediu a puta.
O homem retirou então seu pênis de dentro da garota e tomou um tremendo
susto, dando-se conta de que a camisinha sofrera uma ruptura e ele ejaculara no canal
anal da garota.
Ele ficou então calado e ela olhou para seu pênis, constatando que o
preservativo havia se rompido durante a penetração anal.
- O que aconteceu Gustavo que você ficou calado? A camisinha se rasgou?
- Foi, aconteceu – admitiu o homem.
- E você gozou dentro de mim? – questionou a morena, já ficando preocupada,
e pensando em DSTs.
- Isso nunca tinha acontecido comigo. Já usei esta marca de camisinha muitas
vezes
- Acho que você exagerou comigo! Você não percebeu que a camisinha tinha
estourado? E ainda ejaculou dentro de mim? – reclamou Andreza.
- Desculpe. Eu não tive culpa. Não notei nada de errado.
- Você é tapado! – explodiu ela, perdendo já a compostura.
- Não fale assim comigo. Sou responsável, me respeite. – defendeu-se ele.
- E o que vamos fazer agora?
- O que foi ? Qual seu medo? Não foi sexo vaginal! Não tem risco de você
engravidar... – argumentou o cliente.
- Eu falo de doenças transmissíveis ... Você fez exames para DSTs nos últimos
seis meses? – perguntou ela.
- Não. Eu só transo com garotas de programa com camisinha...
- Mas teve algumas namoradas nos últimos meses.
- Só umas três...
- Com certeza, transou com elas sem proteção e ficou com algumas outras
também sem camisinha.
- Olha, com meninas de sociedade não é preciso usar capote.
- Claro que necessita...
- É horrível...
- E você é tatuado! Já usou drogas? Não me esconda! – quis saber a garota de
programa.
- Desculpa, eu já usei drogas...
- Pois nós dois vamos ter que fazer exames para doenças sexuais. E você vai
pagar meus exames particulares! Não vou procurar serviço público para me expor! –
exigiu a prostituta.
- Tudo bem. Ok – fingiu Gustavo estar concordando.
Saíram juntos do quarto após pagar a conta e o indivíduo solicitou um
transporte alternativo. Ficaram aguardando na avenida em frente ao motel, só que
duas quadras depois para disfarçarem.
Todavia, quando o transporte alternativo chegou, Gustavo entrou
imediatamente no carro e foi pedindo para o motorista travar as portas do veículo, e
evadiram-se do local. Tudo ocorreu muito rápido, de modo que Andreza não conseguiu
fotografar a placa do veículo. Ela ficou ali, furiosa e desolada ao mesmo tempo.
Desbloqueou seu celular e enviou uma mensagem para Gustavo, mas percebeu que
ele já a tinha bloqueado no aplicativo de mensagens. A garota solicitou um Uber e
quando este chegou dirigiram-se para seu apartamento. No mesmo dia, Suellen entrou
em contato com André. Ela se encontrava quase desesperada.
- André, aconteceu algo terrível comigo hoje. Estou quase chorando. Preciso de
sua ajuda com urgência.
- O que foi, Suh?
- A camisinha de um cliente rompeu hoje e ele ejaculou dentro de mim. Foi no
sexo anal. Ele é promíscuo e confessou já ter usado drogas.
- E onde ele está?
- Ele me enganou. Solicitou um Uber e fugiu. Eu exigi que ele fosse realizar
exames para DST’s comigo, mas ele se negou e desapareceu.
- Você depois disso enviou alguma mensagem para ele pelo zap?
- Ele me bloqueou no mesmo instante .
- Qual o número do zap desse safado?
Andreza lhe repassou o número. André tentou contactá-lo, mas percebeu que
o telefone já estava desligado ou sem acesso à Internet.
- O número dele não está recebendo mensagens! – avisou o cunhado.
- Ele deve ter desligado o aparelho – deduziu a morena.
- Andreza, me espere ai no seu apartamento que eu passo dentro de uma hora
e te levo para fazer exames.
- André, não comente nada com minha irmã.
Após cerca de 90 minutos André chegou ao apartamento da morena.
- Puxa! Você demorou demais! Pensei que não viesse mais.
- Muito trânsito.
- E o que disse para Melina?
- Não a vi agora.
- Não diga o que aconteceu comigo.
- Tudo bem. Pode deixar. Vou despistar se for necessário.
André levou a garota para uma consulta de urgência e o doutor que a atendeu
recomendou um esquema preventivo contra HIV. Andreza tomou a medicação a
muito contragosto, mas foi convencida da necessidade. Realizou testes rápidos para o
vírus HIV, e para seu alívio, pelo menos seu teste foi negativa. Colheu material para
outros exames de infecções transmitidas por sexo e apresentou os resultados ao
médico após 7 dias. Os resultados felizmente foram bons, e ela se sentiu mais aliviada.
Foi alertada, porém, para que repetisse toda a bateria de exames dentro de 90 dias. E
assim, seu sofrimento ainda demoraria um pouco mais.
De fato, no dia seguinte aquele homem mudou seu número de telefone, de
maneira que a morena não pode mais entrar em contato com ele.

- Suh, me confessa uma coisa. – suplicou André.

- O que, André?

- Esta foi a primeira vez de verdade que o preservativo de um freguês rompeu


dentro de você?

- Vou falar a verdade: não. Já é a terceira vez; mas as outras duas foram com
clientes conhecidos, que não eram promíscuos nem eram usuários de drogas
injetáveis. E eles não se negaram depois a realizar os exames para doenças venéreas e
deu tudo normal. Eles me mostraram. Eu também fiz e deu tudo Ok. Também houve
duas vezes que a camisinha dos caras saiu do pênis e entrou em minha vagina, mas os
clientes perceberam logo e nem chegaram a ejacular. E, assim que notaram, foram me
avisado e substituíram o preservativo.

- Pois, Andreza, passe a tomar mais cuidado ainda - pediu o militar.

Melina estava se tornando consumista de roupas: viciada em comprar.

Mel arrecadou uma boa grana com o serviço sua casa de massagens e, após
fechar o estabelecimento, começou a investir em seu visual, gastando mais com o
cabelo, tratamentos estéticos, dietas orientadas por nutricionistas e roupas, muitas
roupas.
Andreza, por outro lado, quando morava em Fortaleza, frequentava os brechós
daquela cidade para comprar roupas mais baratas.

Naquela capital Suellen era muito econômica e adorava comprar roupas em


brechós e lojas mais simples da periferia por um custo acessível.

Sua irmã caçula, porém, estava quase viciada na compra de vestuário e


acessórios; a ruiva se tornara uma garota consumista, e esse fato fez com que Andreza
passasse a sentir inveja do estilo de vida gastador de sua irmã mais jovem.

Melina também começa a andar de bike em passeios num grupo combinado


pela internet . Andreza não quis acompanhar sua irmã.

Melina finalmente descobriu a senha do smartphone de André e começou a


vasculhar seu celular quando tinha oportunidade. Foi nestas pesquisas que ela
descobriu um contato chamado “Thalita“ , e era alguém que ela absolutamente não
conhecia. Havia trocas de mensagens entre André e “Thalita“ cerca de duas ou três
vezes por semana e parecia haver um código de comunicação entre eles. A garota
começou a decifrar esta codificação da linguagem e desvendou numa das conversas
que na verdade se tratava da marcação de um encontro. Melina se sentiu muito mal e
ficou furiosa, mas não abriu o jogo com seu namorado. Ela precisava afinal de contas
ter a certeza de que ele saia com outra mulher e quem seria ela. O fato é que a ruiva
conseguiu contratar um detetive particular, o qual montou um plano e acompanhou o
noivo da cliente por meio de um táxi e o acompanhou até ele encontrar a pessoa com
quem tinha marcado. Ele tirou fotografias e acompanhou os dois que rumaram para
um motel. O detetive revelou as fotografias e as entregou para Melina, que pagou pelo
serviço. A garota abriu o envelope com as fotos, e as retirou com pressa, examinando-
as com muita ansiedade. Para sua surpresa, a garota nas fotos era sua irmã do meio e
eles foram flagrados entrando em um motel. Melina ficou arrasada.

Melina conversou com Andreza sobre a traição de sua irmã.


As duas se encontraram na nova cada onde sua irmã e André estavam morando.
Melina abriu o jogo com Suellen revelando-lhe que já sabia de sua traição com André.
- Depois de tudo que eu fiz por você, Andreza. Eu te ajudei quando você
retornou de Fortaleza e estava na merda, com o bolso liso igual a quiabo cozido, e esse
é o pagamento que você me dá, enganando-me com meu próprio noivo. Há quanto
tempo vocês me traem, sua safada?
- Mas quando eu estava em Fortaleza, você precisava de grana e era eu quem
te socorri. Não era? Esqueceu.
- Eu já paguei a você tudo que eu devia. Você voltou sem dinheiro do Ceará
porque você tinha vida boa por lá e vivia em farras.
- Não diga isso. Não levante falso testemunho. Não me julgue se você não vivia
comigo em Fortaleza para saber como era minha vida por lá.
- Não me enrole, Andreza. Responda. Há quanto tempo você e André me
enganam?
- Que história é essa, Mel? Quem inventou isso, irmã? Querem nos colocar
uma contra a outra – defendeu-se a morena.
- É mesmo?! Pois veja isso aqui! - E a sua irmã abriu o envelope com as fotos
realizadas pelo detetive.
Melina mostrou todas as fotografias para Andreza, que as folheou uma por
uma, ficando bastante desapontada com o que viu nas imagens.
- Quem fez essas montagens? – ainda questionou Andreza, tentando gerar
dúvida na cabeça de sua comparsa.
- Não adianta vocês me enganarem mais, irmã. A casa de vocês caiu. Nunca
imaginei isso da sua parte, me trair com André. Você tem consciência de que eu o
amo, e já namoramos há dez anos; você sabe muito bem. E apesar disso, tiveram a
petulância de me enganar e me trair. Há quanto tempo vocês saem juntos, sua vaca ?
Me diga! Eu tenho o direito de saber...
Andreza respondeu, sem conseguir encarar os olhos de sua irmã.
- Nós ficamos poucas vezes; começamos a nos encontrar há pouco tempo. –
mentiu a morena - E foi por pura insistência dele. Ele é o culpado. Eu estava fragilizada
e ele se aproveitou de minha condição de carência afetiva. Mesmo assim eu te peço
perdão.
- Não tenta me enganar, Suh. Algo me diz que vocês dois tem culpa no cartório.
E eu contava todos os meus segredos com ele para você. E você foi desejar meu
homem, meu namorado. Sua frustrada. Só porque não tem ninguém bom como André
em sua vida. Vai caçar um homem pra você. Vai correr atrás dos caras solteiros. Mas
eu não vou te dar o gostinho de ficar com ele, se você pensou que eu faria isso quando
descobrisse a infidelidade de vocês. Eu não vou deixar o meu noivo para você ficar com
ele. Pode tirar seu cavalinho da chuva. Mas vou te pedir: deixa ele em paz, porque se
vocês continuarem saindo juntos, eu nem sei do que sou capaz de fazer com vocês
dois, seus adúlteros. Acredito que eu tenho coragem até de mandar matar vocês dois.
- O que é isso, Melina ? Eu terminei com ele esta semana. A gente já não ia se
ver mais de verdade. Eu juro. – mentiu Andreza, para tentar limpar sua barra.
- Andreza, eu quero passar agora uma bela temporada sem ver sua cara.
Desaparece da minha frente. Fica esperta. Você sabe do que eu posso ser capaz .
- Sim, irmã. Desculpa. Estou indo embora.
E as duas se apartaram. Em verdade as duas irmãs passariam desde esse dia
cerca de 3 meses sem se falarem, brigadas.

Melina abriu o jogo com André sobre a traição dele com Andreza.
A garota procurou seu homem e lhe revelou que descobriu a traição dele com
Suellen. Os dois discutiram e o militar abriu o jogo, dizendo que não deixaria Andreza e
que a garota ruiva teria que aceitar o triângulo amoroso dos três. Ela ficou amuada e
passaram cerca de oito dias intrigados, mas ao final reataram, pois Melina era muito
dependente do militar do ponto de vista financeiro e o amava de verdade. O fato
agora de ter que dividi-lo com sua irmã foi um terrível baque para ela, mas a ruiva
preferiu continuar com seu noivo ao invés de o entregar de mãos beijadas para sua
irmã.
Melina, porém, lhe fez algumas imposições e colocou suas exigências, como a
de que ela e sua irmã continuariam morando em endereços distintos e André não
poderia aparecer em público ou fazer fotografias com a morena. A ruiva também
combinou com ele que manteria uma amizade aparente com Andreza perante a
família e as duas continuariam uma relação pacífica e civilizada, especialmente aos
olhos da sociedade. E assim ficaram acertados. Melina teria que perdurar como a
oficial de André Ricardo perante todos.
Após este desentendimento com seu namorado, Melina rompeu com ele por
algum tempo, e conheceu um jovem de nome Nailson, que havia frequentado sua
igreja. Eles iniciaram um relacionamento afetivo e a garota começou a fazer postagens
na internet com seu novo garoto, no intuito de provocar ciúmes em André, e chegaram
a fazer uma viagem para o Ceará. No período em que namoraram Melina até chegou a
traí-lo com André. Então, cerca de seis meses depois, desligaram-se, e como André não
estava namorando ninguém, Melina e o militar se reconciliaram.
Afinal de contas, Andreza reduziu o ritmo de programas e retirou as
propagandas da Internet.

Após os incidentes com os últimos clientes e dado que André aumentou sua
ajuda no pagamento das despesas diárias da morena, esta optou por retirar seus
anúncios dos programas na Internet por um tempo e reduziu o ritmo dos mesmos. Ela
também começou a frequentar três vezes por semana uma academia de ginástica
perto de seu endereço e se matriculou num curso preparatório para concursos.
Andreza também estava um pouco cansada de frequentar motéis e procurou uma casa
de massagens, passando a atender na mesma uma vez por semana. A morena também
parou de fazer programas de sexo sábado á tarde e aos domingos.

Andreza procurou seu cunhado mais próximo e fez chantagem emocional com
ele, algum tempo mais tarde .
Quando a casa de massagens se desfez Andreza passou cerca de um mês e
meio numa pousada no Turu fazendo programas.

E começou a fazer ameaças para André de que iria embora de São Luís
novamente.

- Ai que vontade de largar tudo e ir embora! Tem dias que bate uma vontade de
abandonar todas as coisas e sumir, sem dar sinal de vida..- publicou ela em seu
Instagram.

André a contactou pelo aplicativo de mensagens:

- Suh, o que está acontecendo com você?

- Eu estou pensando em sair de São Luís e passar um tempo fora da cidade.


Está muito ruim de programas...

- Você não esta saindo mais com nenhum colega meu da corporação?

- Já faz duas semanas que não saio com nenhum. Tem uns três deles que não
me chamam no WhatsApp há mais de um mês.

- Não inventa mais isso de ficar longe da sua família, Suh.

- Preciso ter um local para morar e você vai alugar e pagar para mim um
apartamento agora que você terminou seu curso de oficiais. Senão eu vou embora.

- Eu vou alugar um ape legal para ti então.

- Obrigada.

- Você quer ficar em qual bairro?

- Pelo Turu.

- Lá o aluguel é muito caro. Acho que não vai dar para eu pagar.

- Se vira e encontre um que você possa pagar. Só quer gastar com sua família e
com minha irmã. Vai gastar comigo também, senão, você já sabe.

- Sei, nada de sexo comigo. Vou conseguir um imóvel no Turu, mas estou com
muitas despesas. Você não poderá ter conforto agora. Vai ter que dormir em quarto
com ventilador.

- Tudo bem, seu sacana. Mas só vou transar contigo no motel .

- Você é muito complicada. Podemos transar também debaixo do chuveiro,


com água fria.
- Deus me livre!

- Deus me livre por quê? Você tem chuveiro elétrico? Nunca teve. Não está
acostumada a tomar banho quente.

- Estou acostumada a tomar banho frio, mas não trepar na ducha fria do
chuveiro.

- Está certo.

André concordava com Andreza, pois sabia que não adiantava debater com ela.
Na verdade, dentro de duas semanas, Suellen não lembraria mais do que falou. Essas
birras da adúltera eram somente porque ela queria se sentir sempre vitoriosa em seus
embates e fazer seu ego entender que sua vontade sempre prevalecia em todas as
questões que se envolvesse. Um mero jogo de chantagem emocional para conseguir
realizar seus intentos.

___________________________________________________________

Um homem de nome Matheus Novaes agendou, através do programa de


mensagens, um programa de sexo com Andreza em um motel. Ela o achou bem
atraente, e palestraram após o coito.
- Meu nome é Paula – mentiu ela. - Matheus é o seu verdadeiro nome? –
indagou a prostituta.
- Eu coloquei um nome “fake” no zap que te repassei. Meu nome real é Heitor.
Heitor Melo Carvalho Soeiro Júnior.
- Prazer então – disse a morena, cumprimentando-o com um aperto de mãos.
- O prazer foi meu – completou o freguês.
- Você trabalha com o que, Heitor? Seu jeito é de doutor. Parece ser muito fino
e é muito polido.
- Obrigado, mas não sou médico. Sou formado em Arquitetura e Urbanismo –
respondeu ele.
- Você tem escritório na cidade? Desculpe a curiosidade e uma questão tão
boba como essa.
- Sem problemas. Trabalho aqui com dois amigos, no escritório deles, mas não
posso dizer o nome do escritório, pois faço alguns projetos e eles somente assinam e
te conheci agora. Não posso repassar esta informação. Tudo bem? Você ficou
chateada por isso?
- Não, de forma alguma – afirmou a garota.
- Andreza, você também é muito educada. Tem jeito de ser moça da sociedade.
Suellen se envaideceu neste momento. Heitor prosseguiu:
- Você é formada em que, minha linda? Tenho certeza de que você possui
curso superior.
- Eu sou contadora.
O rapaz pressentiu que a morena não trabalhava em sua área de formação.
- Parabéns. É um ótimo curso – elogiou o moço.
- E você, é de São Luís?
- Não; sou brasiliense; sou candango – E ele sorriu brevemente.
- E como veio parar em São Luís? Tem parentes aqui?
- Na verdade, minha avó materna era daqui. Ainda possuo alguns tios e primos
nesta cidade.
- E veio para se instalar aqui em definitivo? - interpelou a jovem acompanhante,
com certa empolgação.
- Vou ficar trabalhando entre Brasília, Belo Horizonte e São Luís. É porque fiz
faculdade em Minas e ainda consigo uns trabalhos por lá.
- E como você veio trabalhar em São Luís? Desculpe de novo a curiosidade.
Aliás, estou sendo indiscreta? Seja sincero. Se não desejar me responder mais nada
encerro minhas perguntas.
- Não, imagina. Pode me indagar. O que eu achar impertinente eu falo. Mas não
quero ser desagradável. Inclusive estou adorando nosso papo.
- Então; como veio trabalhar em minha cidade?
- Uns colegas meus de faculdade conhecem os dois engenheiros do escritório
em que estou colaborando aqui em São Luís. Eles foram até Brasília e viram mais de
perto meu trabalho. E assim me fizeram uma proposta de emprego e achei satisfatória.
Daí, aceitei o convite e venho a São Luís de três em três meses, aproximadamente, e
permaneço por cerca de duas semanas a cada oportunidade. A maior parte do
trabalho, porém, é a distância, por “home-office”. Mas em alguns projetos maiores
preciso vir pessoalmente para uma análise em “loco” dos terrenos e depois no
acompanhamento das obras.
- Muito bom – disse Andreza, a qual se encontrava embevecida por aquele belo
rapaz. Heitor tinha o corpo bem definido, seu rosto era de traços delicados; possuía
por volta de 1,78 m de estatura e sua idade aparentava 26 anos. – Você é bastante
jovem, mas já deve ser um profissional bem sucedido e promissor pelo visto -
completou ela.
- Sim, modéstia à parte – reiterou o rapaz.
Andreza quis perguntar se ele era solteiro, mas se conteve. Ela esperou o
homem abrir o jogo sobre isso, mas ele omitiu as informações. Pelo menos ele não
portava anel de casamento nem compromisso.
- Você e sua família são de São Luís, meu bem? – indagou ele, finalmente.
- Sim, somos daqui mesmo.
Suellen e seu cliente do dia ainda conversaram outras amenidades por cerca
de mais dez minutos. A seguir, a funcionária do motel trouxe a comanda com as
despesas e o rapaz fez o pagamento. Ele convidou Andreza para deixá-la em seu
endereço e ela o permitiu. Conversaram um pouco mais durante o trajeto do carro que
ele locara e despediram-se cordialmente com um ósculo no rosto, quando a moça
chegou ao seu destino. Ficaram combinados de marcar um segundo encontro, mas
sem prazo definido ainda.
De fato, os dois ainda marcariam mais dois programas ao longo de sete dias e
Andreza foi-se envolvendo com aquele belo e gentil rapaz. No terceiro “date” ela
revelou seu verdadeiro nome, deixou-se ser beijada na boca e teve confiança em
praticar sexo oral sem preservativo naquele freguês. A esta altura Heitor já revelara
que era solteiro e sem nenhum compromisso sério com outra mulher, o que ajudou a
trazer confiança para Andreza em sua pessoa. Ele também comentava sobre seus
parentes em Brasília e em São Luís e já aventava a possibilidade de mudança definitiva
para a capital maranhense, pois dizia estar impressionado com a cidade e se
encontrava satisfeito com as oportunidades de trabalho na sua área, mostrando-se-lhe
uma praça muito promissora. Toda esta fala de certo modo foi iludindo a garota de
programa.
Então, ela também abriu um pouco seu coração e começaram a falar sobre
relacionamentos, todavia, sem levantarem ainda nenhuma possibilidade de iniciarem
um namoro real. Nisto, Heitor comunicou Suellen que ainda permaneceria na cidade
por mais uma semana e a convidou para um jantar num dos mais requintados e
sofisticados restaurantes daquela cidade, o qual por sinal Andreza não tinha
frequentado até então. Ele a convidou avisando de antemão que pagaria todas as
despesas do jantar em favor daquela dama. E marcaram deste modo o jantar, saindo
assim do ambiente dos motéis, os quais tinham sido até esta altura os únicos locais a
presenciar as reuniões daquele casal.
A jovem até imaginou que Heitor a convidaria finalmente para um namoro e
sua expectativa cresceu para esse encontro. No dia agendado ela preparou as unhas e
o cabelo num salão de beleza de sua preferência e não realizou assim nenhum
programa de sexo para não desmanchar seu penteado.
Heitor se comunicou com ela no princípio da tarde confirmando o jantar e
combinou um horário para recebê-la em seu carro e conduzi-la ao restaurante
combinado. Ele inclusive alugou um outro carro, de modelo seda, com ar
condicionado, para dar mais conforto a sua convidada.
E assim ocorreu. O rapaz foi pegá-la na frente de seu apartamento no horário
pré-ajustado e se deslocaram para o local marcado. Era noite de sexta-feira. O
ambiente estava com total lotação. Chegaram por volta de 21 h. Heitor havia
reservado uma mesa, mas tiveram que aguardar por cerca de trinta minutos para que
uma mesa lhes fosse disponibilizada. E afinal adentraram ao espaço principal do
restaurante e foram se acomodar em sua mesa. Ela a tratava como uma prezada
dama, inclusive puxando-lhe a cadeira para ela sentar e retirou-lhe um casaco que a
garota vestia por sobre o vestido e o pendurou atrás do assento de sua convidada. Ela
tinha alugado tal vestimenta exclusivamente para esse encontro especial, mas como a
temperatura do local não estava muito baixa a jovem se permitiu retirar o casaco no
início do jantar, para evitar suja-lo.
Sentaram-se, enfim, e continuaram a conversa iniciada no hall de entrada
daquele estabelecimento; agora, porém, num local muito mais reservado.
Dialogaram livremente.
- Heitor, seus pais pretendem visitar São Luís em breve? Eles já conhecem
esta cidade?
- Acredito que eles virão em breve. Os avós de mamãe são daqui, mas a
família de meu pai é toda de Goiás e do Distrito Federal. E sobre o outra pergunta: eles
não conhecem esta bela e encantadora cidade ainda – E Heitor colocar os dois braços
estendidos sobre a mesa, segurando nesse instante as duas mãos de Andreza, fitando
seus olhos castanhos. A garota se envaideceu e ficou absorvida. Ela conseguiu dizer.
- Que pena eles não terem conhecido ainda minha amada cidade.
- Mas eu penso que eles vão desejar conhecer, logo, logo. – e o rapaz continuou
segurando com sutileza as mãos de Andreza e manteve seus olhos penetrando as
pupilas da jovem.
- Que bom! Fico feliz! Minha cidade tem ótimos atrativos – reiterou a morena.
Heitor soltou-lhe as mãos e voltou com seus braços para sua posição de
outrora. O garçom os abordou então para realizarem os primeiros pedidos.
Como um perfeito cavalheiro ele permitiu que sua convidada tivesse
prioridade na sua solicitação e a moça escolheu primeiro sua entrada e uma bebida. A
princípio, Andreza pediu apenas uma água mineral com gás para beber, optando por
não pedir nada alcóolico ainda. O homem solicitou uma água tônica, com gelo e limão
em sua taça. Heitor indagou qual entrada era a preferência de sua dama e seguiu o
pedido da mulher.
Continuaram conversando.
Heitor perguntou pela família de Suellen; talvez por educação, pois quase só
falavam de seus parentes; a jovem pouco havia comentado sobre seus familiares em
seus encontros, até este dia.
- Meus pais são separados desde minha adolescência – confessou a morena. –
Minha mãe já vive com outro homem e meu pai teve uma companheira, mas se
deixaram, e ele agora tem uma namorada.
- E você tem boa relação com seu padrasto e com a namorada de seu pai?
- Com ela, sim; tenho boa convivência e nos seguimos nas redes sociais. Com
ele, não. Nunca me considerei sua enteada e já nos desentendemos; foi um dos
motivos que precipitou a minha saída da casa de minha mãe antes do tempo certo,
digamos assim – procurou explicar Andreza.
Heitor notou que a garota era um pouco tinhosa e tinha temperamento
delicado.
- E você só tem irmãs? Você disse que são duas?
- Sim, quando minha mãe se casou com meu pai ela já possuía uma filhinha de
quase três anos, de um relacionamento que ela teve em São Paulo, pois ela morou por
lá e engravidou do pai de Marcela. É minha irmã primogênita, mas é tão magrinha e
pequena do meu lado que você vai concluir erradamente que eu sou a mais velha; mas
nunca fale isso para ela, pelo amor de Deus; ela é meio geniosa e às vezes é explosiva;
mas amo muito minha briguenta; ela possui uma irmã mais velha em São Paulo, por
parte de pai. Então, continuando: tenho esta irmã mais velha, que é casada e possui
duas filhas, uns amores, de 11 e 14 anos de idade, e está querendo engravidar do atual
companheiro para lhe dar um herdeiro, pois sonha em ter um rapaz e suas duas filhas
são fruto de relacionamentos anteriores.
Heitor a interrompeu então:
- Que legal! Uma bonita história...
Neste momento o garçom chegou com suas bebidas e a entrada escolhida por
ela.
O rapaz, na verdade, estava achando muito complicada a história da mãe e da
irmã mais velha de Andreza e lhe pareceu que as mulheres daquela família, pelo
menos as primeiras de que ele estava se informando, eram muito danadas e
avançadas, como se diz.
Andreza continuou a descrição de sua família.
– Tenho ainda uma irmã caçula, essa não é meia-irmã, é irmã-inteira - e ela
sorriu de sua própria fala e deu seguimento – que se chama Melina. Ela é casada com
um militar e moram juntos, mas não tiveram filhos ainda. Acho que minha mãe
colocou esse nome pois o apelido dela, mamãe, quando jovem, era “Melzinha” e foi
papai que escolheu meu nome; mamãe teve o direito, assim, de determinar o nome de
sua segunda filha com meu pai.
- E ela parou por aí? Sua mãe... Não teve nenhum filho com o atual marido?
- Graças a Deus que não. Ela já se uniu a ele com mais de quarenta anos de
idade e acredito que ela já tinha feito ligação tubária.
- Ah, entendi. Então, esse companheiro dela é recente?
- Sim, após se separar de meu pai ela ficou muitos anos sem ninguém.
- Sua mãe parece ser uma mulher de fibra! Criou vocês sem ninguém?!
- Não exatamente. Morei por um tempo com meu pai; minha mãe ficou na
casa dos pais dela com Melina. Depois, mamãe se mudou para outra casa e levou
Melina. Ela mudaria depois em definitivo para outro local e tanto eu como Marcela e
Melina passamos um tempo com ela neste outro endereço. Ela tentou, porém, antes
disso, um relacionamento com uma outra pessoa e morou um tempo sozinha com ele
no Jardim Aurora, mas não deu certo a relação. Neste período fiquei com Melina na
casa de meus avós maternos, morando com eles e um casal de tios com suas
respectivas famílias, no mesmo endereço onde nasci. Era uma casa apertada para
tanta gente. Eu odiei minha mãe por isso: por ela ter-nos deixado neste endereço,
numa casa tão desconfortável e com tanta gente, quase sem privacidade. Foi um
tempo difícil. Eu saí da casa de meu pai para morar com mamãe, mas ela me deixou na
casa de minha avó, passando por muitos apertos. Eu ainda tinha um trabalho muito
sofrível, de atendente de telemarketing, mas foi o único trabalho que eu consegui, por
intermédio especialmente de Marcela e de minha “madrasta” (depois eu falo dela).
Posteriormente, minha mãe se mudou para uma casa no Pontal da Ilha e fomos todas
para lá, pois Marcela já não vivia mais com o pai de suas filhas.
- Nossa, muita história – comentou Heitor. – E dá até nó no juízo para
acompanhar – brincou o rapaz. Ele também notou que Andreza costumava reclamar
das condições de sua vida pregressa. Ela parecia ser bastante reclamona e insatisfeita
com vários aspectos de sua vida.
- Minha história de vida é longa. Estou sendo enfadonha?
- Não, imagina. Você deveria pedir para alguém escrever sua história um dia.
Conte mais. Andreza, você me disse que possui uma madrasta?!
- Sim, o nome dela é Vanusa. Quando meu pai foi morar com ela, Vanusa já
tinha um garotinho de um ano de idade, fruto do relacionamento anterior dela. Então,
meu pai criou o Guilherme e este o considera como pai. Portanto, tenho um irmão
adotivo.
- E seu padrasto, tem filhos?
- Ele possui uma filha, mas não tenho contato com ela.
Neste momento, enquanto degustavam a entrada que Andreza tinha
escolhido, um carpácio de carne temperada com um delicioso molho agridoce, Heitor
tomou o cardápio novamente em suas mãos e começou a folhear suas páginas. Era um
belo menu de capa dura que parecia ser feita de couro. Enquanto examinava o
repertório de pratos servidos naquele restaurante ele pronunciou.
- Andreza, meu bem, o cardápio daqui inclui pratos que aparentam ser muito
deliciosos. Ao lado de cada refeição há uma foto colorida com a apresentação do
prato. Veja só – e ele cedeu gentilmente o menu para sua convidada.
Ela o recebeu em suas mãos e depois de apreciar de modo rápido aquele
livreto, a jovem se manifestou:
- Concordo com você. E há refeições que não eu conhecia, algumas bem
sofisticadas. E tudo aqui parece ser muito saboroso.
- Sim, com certeza.
- E o que achaste dos preços, meu bem? – questionou ela, sussurrando.
- Não achei caro. Mais barato do que em Brasília; posso te jurar. Mas não se
preocupe com valores. Você pode escolher os pratos que desejar; para mim está
ótimo.
Então foi a vez de Andreza colocar o cardápio sobre suas coxas e os braços
estendidos sobre a mesa, buscando apertar as mãos de Heitor. E ela disse:
- Obrigada, meu bem, por este jantar maravilhoso.
- Não tem de quê. As emoções estão só começando – brincou o anfitrião; e
sorriu, continuando a encarar Andreza. – Mas continue olhando o cardápio: vá
pensando em seus pedidos. Mas não precisa se decidir agora. Pode ficar à vontade.
E a morena retomou o menu, voltando a examiná-lo atentamente. Ela se
mostrava embevecida com aquela quantidade de opções das mais variadas refeições
sofisticadas. Heitor comentou nesse momento:
- E o que você acha, querida, de solicitarmos a carta de vinhos e você escolher
uma saborosa bebida para brindar nossa noite e nosso encontro?
- Pode ser. Só que, Heitor, eu conheço pouco sobre vinhos. Acho melhor você
escolher o mais apropriado.
- Tem certeza de que não quer decidir o vinho? Uma moça tão prendada como
você deve saber a bebida apropriada para cada refeição.
Andreza se sentiu valorizada com tais palavras, mas disse:
- Eu penso que você conhece mais de bebidas finas do que eu e está mais apto
a escolher o acompanhante do jantar de hoje.
- Tudo bem – concordou o mesmo, enfim. – Vai depender apenas do prato
principal que você escolher, Andreza.
- Certo. Vou verificar o menu com toda calma e a gente decide juntos o que
pedir. Quero sua opinião, por favor. Entendido.
- Sem problemas. Ajudo, sim, você escolher a refeição principal.
A acompanhante continuou analisando o cardápio e após cerca de dois
minutos externou sua sugestão.
- Você está certo de que não deveríamos pedir uma sugestão do garçom ou
da “hostess” ? – indagou Suellen.
- Não. Quero que você faça seu pedido independente da opinião de outra
pessoa. Capriche. Acredito que sua escolha será boa para mim. Confio no seu gosto.
- Sabe, você, que gosto mesmo de cozinhar? Papai até me questionou porque
não tento colocar um restaurante.
- Ah, você aprecia culinária?!
- Quase; não é tanto; mas tenho uma prima graduada em Culinária e que é até
professora da faculdade.
- Não quero saber dela – brincou o jovem. – Eu quero provar da sua comida,
meu bem, preparada com carinho.
A garota novamente se sentiu radiante com essa proposta de Heitor.
- E então, você já tem algumas sugestões, meu bem? – perguntou ele, por fim
- Heitor, eu pensei em solicitar um prato de lagosta grelhada com castanhas.
Qual a sua opinião?
- Lagosta é um prato refinado. Gosto dele bastante. E confesso que pedi
poucas vezes.
- Agora você falou como um galã conquistador. Já deve ter saboreado muitas
lagostas com várias belas garotas em Brasília e BH.
- Na verdade, não. Juro que não mesmo. Não sou tão namorador assim como
aparento ser devido ao meu jeito simpático e descontraído.
- Ah, me engana, que eu gosto de ser enganada. – brincou a morena.
- Não; falo sério.
- Está bem – aprovou Suellen.
Cada frase de Heitor aumentava a confiança da prostituta e a fazia se sentir
seduzida pelo arquiteto.
- Andreza, aprovo seu pedido.
- Obrigada.
E Heitor chamou o atendente do restaurante de modo muito educado, dentro
de alguns segundos, para que sua convidada concretizasse seu pedido.
O anfitrião aproveitou o ensejo para solicitar ao garçom a carta de vinhos e ,
quando este a trouxe, escolheu uma bela garrafa de vinho Rose. Andreza pediu para
ver o cardápio dos vinhos e se assustou com o preço da bebida escolhida pelo homem.
- Heitor, a garrafa deste vinho custa R$ 480,00?! É um vinho importado! É
italiano: diz aqui no menu dos vinhos. Você está convicto de quer tomar uma bebida
tão cara em minha companhia?
Parecia que cada pergunta de Andreza lhe servia para testar as intenções do
rapaz e seu interesse por ela.
- Andreza, não importa o preço. Este vinho é o que mais vai-se encaixar e
combinar com a lagosta grelhada.
- Ah, entendi.
A morena estava imaginando que seu pretendente queria impressiona-la
naquele encontro e sua satisfação por estar ali sentada em frente ao rapaz só se
avolumava com o decorrer do tempo. Seu olhar já estava radiante a esta altura.
Andreza ainda degustava o carpácio lentamente e tomava sua água mineral
com gás como uma educada moça da sociedade.
Heitor então a questionou.
- Querida, peço a garrafa de vinho agora ou aguardamos chegar o prato
principal?
- Por mim, a gente já começa a tomar esse vinho.
- Muito bem. Gostei. Vou solicitar o vinho ao garçom.
Continuaram um papo descontraído até que um dos garçons se aproximou de
sua mesa e o jovem fez o pedido do vinho.
A bebida chegou rapidamente e o atendente abriu a garrafa na presença dos
dois e lhes serviu uma pequena porção do vinho em duas taças muito belas para que
pudessem degustar o vinho e sentir seu aroma. O casal agitou cada um sua taça para
que a bebida desprendesse seu maravilhoso odor e enfim puderam provar aquele
vinho importado. Aprovaram-no de imediato (era um vinho semi-seco) e o garçom lhes
serviu uma quantidade mais generosa do vinho em cada taça.
Continuaram bebendo e conversando. Heitor insistia em perguntar sobre a
família de sua pretendente:
- Andreza, sua mãe trabalha com o quê?
- Ela é enfermeira e trabalha em hospital.
- É uma nobre profissão: cuidar de doentes e aliviar seus sofrimentos. E seu
pai, com o que trabalha?
- Com açougue. Comércio de carnes. Algumas pessoas na família dele
trabalham nesse mesmo ramo.
- Entendi.
Andreza ansiava, porém, para que o rapaz mudasse de assunto e começasse a
falar sobre eles dois, mas teve vergonha de tentar mudar o rumo das conversas para
algo mais romântico. Ela esperava a iniciativa de Heitor.
O anfitrião da noite indagou então:
- Andreza, você já namorou sério ou foi noiva de alguém?
- Já tive dois namoros sérios, mas não cheguei a noivar.
- Você sente saudade de algum dos seus ex-namorados?
- Não. E você, Heitor, já teve ou tem compromisso sério com alguém?
- Sim, já tive relacionamentos bem sérios, e estive prestes a noivar, mas
terminou.
- Por que motivo? - arriscou-se ela a perguntar. – Estou me intrometendo
muito em sua vida pessoal?
- Está, mas posso responder. Eu quase noivei com uma moça de BH; éramos
da mesma faculdade. Só que terminei meu curso, optei por voltar a Brasília e
decidimos não ficar namorando a distância. Ela me disse que não se mudaria para
Brasília se cassássemos e eu tinha convicção de que não queria morar longe de meus
pais. Terminamos assim o namoro em comum acordo.
- Que bonito da sua parte se preocupar tanto com o bem-estar dos seus pais. –
elogiou a morena, mas parou para refletir se com ela ele poderia agir da mesma forma,
no futuro.
- Obrigado. Mas também optei por voltar ao Distrito Federal porque eu já tinha
uma proposta de emprego bem encaminhada.
- Entendi. E seus pais são muito apegados a você? Sua mãe é muito ciumenta?
- Não. Eles são um casal moderno; me ligam quase todos os dias, um de cada
vez, mas entendem minha liberdade. Eles sabem da minha necessidade de trabalhar.
Mas quando estamos juntos é muito bem. Eles são bastante carinhosos comigo.
- Eles trabalham com o quê?
- São funcionários públicos e já estão perto da aposentadoria.
- Você possui irmãos?
- Somente uma irmã, que é dois anos mais jovem e está se formando
advogada.
A morena tomou coragem e perguntou, após um elogio ao rapaz:
- Heitor, achei você muito interessante. Mas preciso saber de você: suas
primeiras impressões de mim também foram de uma pessoa especial? Eu chamei sua
atenção? Em caso positivo você poderia me dizer o porquê.
Ele respondeu:
- Andreza, conheci pouco de você até agora, mas você chamou, sim, minha
atenção. Talvez pela simpatia, pelo jeito descontraído. Então eu desejei te conhecer
melhor.
- Obrigada – retrucou a garota. – E o que mais você achou de mim.
- Você é uma pessoa interessante; pondero que vale a pena conhecer. Eu
gostaria, inclusive, que você agora falasse um pouco sobre si mesma.
Eles dialogavam ao mesmo em que o vinho era consumido. Em breve o prato
principal já seria servido.
Andreza pensou sobre o que contaria de sua vida e sobre si mesma. Após um
breve pausa para reflexão ela se manifestou:
- Heitor, o que posso falar de mim. Deixe-me ver...
- Seja sincera! Mas não se sinta sob pressão. Só fale se quiser e for para seu
bem.
- Heitor, acredito que eu seja uma mulher romântica, como quase todas o
são, mas que muitas vezes não aparento isso. Sou difícil de me entregar, mas quando
o faço, é de corpo e alma, e me dedico com intensidade. Eu sei ser intensa quando
quero, em especial ao notar que meus sentimentos são retribuídos de forma justa.
- E você já se entregou em uma relação de corpo e alma? Já teve essa
coragem?
- Sim, já me entreguei.
- E foi bom? Valeu a pena?
- Por um tempo foi bem e valeu a pena; depois não deu mais certo e tive que
me retirar da relação. Mas vivi sim excelentes momentos, dos quais não me
arrependo.
- Mas está disposta a se entregar novamente, de corpo e alma?
Andreza pressentiu um clima romântico no ar e respondeu calmamente:
- Acredito que eu posso dar tudo de mim numa relação, se eu quiser, apesar de
que sofri muito a última vez. Eu tenho certeza de que posso me doar e fazer alguém
muito feliz. Basta eu ter convicção de que a pessoa certeza chegou e em momento
apropriado.
Heitor ia dizer algo em resposta ao discurso de Suellen, mas neste instante o
garçom, juntamente com outro funcionário da cozinha, trouxeram a refeição principal
do jantar. Com a interrupção, o casal deu uma breve pausa no assunto e começaram a
se servir.
O prato estava com belíssima apresentação e parecia estar delicioso. Andreza
se manifestou:
- Não vejo a hora de experimentar essa delícia, Heitor. Parece que acertamos
em cheio no pedido.
- Você acertou, meu bem. Foi você. Parabéns.
- Mas deixe a gente provar a refeição primeiro para você me gabar pela
escolha que fiz no menu. Experimente logo, Heitor.
Ele o fez. E ao começar a saborear aquela refeição fez uma cara de quem
aprova.
- Está muito bom. Uma lagosta temperada deliciosamente. E no ponto certo.
Parabéns de novo, Andreza!
A moça se sentiu orgulhosa. Agradeceu e disse ainda:
- Deixe-me provar – e também fez “Uhmmm”, confirmando que a refeição
também estava saborosa para ela.
Continuaram conversando durante o jantar, intercalando com doses de vinho,
e pediram uma segunda garrafa da bebida.
Em certo momento a morena indagou, enquanto comiam sua lagosta
lentamente:
- Você acertou demais no restaurante, meu bem. Você já esteve aqui antes
com alguém?
- Não. Mas recebi a recomendação de alguns colegas sobre este ambiente,
todos falando a pena e dizendo que era ótimo. E você, não conhecia aqui?
- Não. Eu não tinha vindo aqui ainda. – disse a garota.
Passaram a conversar mais sobre si mesmos.
- Andreza, você fez alguma faculdade? – interpelou o homem.
- Sim. Eu sou contadora.
- E você não atua na sua área de formação?
- No momento, não.
- E você gosta da atividade que você realiza no momento?
- Sabe, Heitor, eu gosto de conhecer pessoas novas e fazer amizades. Se for
ver por este lado é bom.
- Eu adoro minha profissão.
- Tem momentos que eu me sinto frustrada; eu gostaria de fazer outra coisa,
e qualquer hora vai dar certo. Heitor, você não tem nada sério com outra pessoa.
- No presente momento não tenho namorada.
- E por que você pensou em me convidar para este jantar?
- Eu quis te conhecer melhor. E você, não possui namorado? Porque sei que
várias garotas na sua condição tem uma pessoa...
- Eu não tenho ninguém.
- E você, o que achou de mim, numa primeira impressão?
- Estou achando você uma pessoa maravilhosa: muito educado, gentil, tudo de
bom.
Neste momento Heitor pediu licença para Andreza, comunicando que
precisava se dirigir ao toilette, ao que a sua convidada o permitiu.
Ele se levantou, ficou por trás da cadeira de Suellen e lhe beijou a fronte,
carinhosamente, e pronunciou:
- Até já, meu bem.
Andreza o seguiu com os olhos enquanto conseguiu até o trajeto do rapaz para
o lavabo e voltou depois a saborear seu prato.
Ela ficou meditando: “Meu Deus, que rapaz legal. E de modos tão refinados. Se
eu namora-lo, que sorte a minha. Era tudo que eu esperava. Um partido e tanto. Será
que ele quer mesmo iniciar uma relação séria comigo? Nem estou acreditando”.
Só que se passaram 10 minutos, e mais 5 minutos e nada de Heitor reaparecer.
Suellen tomou então seu celular, o desbloqueou e após abrir o aplicativo de
mensagens enviou uma mensagem para seu acompanhante: “Onde você está? Está
tudo bem?“, mas Andreza verificou que o celular do homem não estava recebendo
mensagens dela e a foto do arquiteto no WhatsApp havia desaparecido. Ele a teria
bloqueado naquele momento. A morena, então, de forma muito educada chamou por
um garçom e lhe pediu que procurasse seu anfitrião no banheiro do restaurante,
chamando-o pelo nome, alegando estar preocupada com ela, pela sua ausência já
perto de vinte minutos. “Procure meu namorado, por favor. Ele foi ao toilette, e não
voltou ainda. O nome dele é Heitor”.
E o garçom saiu para procurá-lo, retornando pouco tempo depois, sem tê-lo
encontrado. O mesmo comunicou tal fato a Andreza e ela se sentiu enganada por
completo. Ele tinha-se evadido do local.
Andreza fez assim uma ligação telefônica para ele, mas o telefone celular de
Heitor se mostrava desligado ou impedido de receber ligações naquele momento.
Ela a tinha abandonado ali, naquele sofisticado restaurante; e sem nenhuma
justificativa. Mas por que motivo? Ela ficou se perguntando.
Andreza perdeu o apetite e não tomou mais o restante do vinho. Pediu a
conta com as despesas do jantar e fez o pagamento por pix.
Quando o garçom trouxe a conta, ele questionou a morena.
- Senhora, seu namorado teve que ir embora?
- Sim, houve um imprevisto e ele foi obrigado a sair.
- Desculpe-me, mas a senhora o chamou de Heitor?!
- Sim.
- Estranho. Ele já esteve aqui antes umas duas ou três vezes, e meu colega me
disse que ele havia falado que seu nome era Márcio Roberto. Não vi antes ninguém
com nome tão longo como Heitor Márcio Roberto.
- Deve ser equívoco. O outro garçom tem certeza disso?
- Pior que sim. Ele já o atendeu pelo menos duas vezes de um ano para cá.
Andreza mentiu um pouco então para ver o que o funcionário diria.
- Impossível; meu noivo é de Brasília. Ele é um arquiteto famoso por lá.
- Mas me desculpe, - reiterou o garçom – não querendo ser intrometido; meu
colega comentou que ele dizia ser advogado.
- Que estranho! – Andreza tentou amenizar a situação. – E ele esteve aqui em
jantar com quem? Outra mulher?
- Isso já não posso revelar, senhora.
- Tudo bem.
Andreza pagou a conta e foi embora por transporte alternativo. Dentro do
veículo ela tentou enviar mais uma mensagem para o rapaz, mas tudo indicava que ele
a tinha bloqueado.
- Desgraçado! Mentiroso! Canalha! – esbravejou ela no banco de trás do carro.
Ouvindo isso, o motorista reagiu:
- Moça, você está falando com quem?
- Desculpe, não é com o senhor. Foi um problema que descobri agora em meu
smartphone.
- Tudo bem com a senhorita?
- Tudo ótimo. Foi uma raiva passageira. Já se foi.
Chegando a seu apartamento Andreza fez uma pesquisa na Internet com o
nome do rapaz, mas não encontrou resposta. E não descobriu nenhuma informação
que provasse ser ele arquiteto. No dia seguinte ele modificou o número de seu
telefone celular e a morena deste modo não poderia mais se comunicar com “Heitor”,
se o quisesse fazer. Provavelmente ele a tinha enganado e havia feito a jovem cair num
golpe. Suellen ficou com muito ódio daquele impostor, mas preferiu não contar sobre
este caso para mais ninguém. E ela engoliu mais uma decepção. “Pelo menos conheci
mais um restaurante chique”, pensou ela, tentando minimizar sua despesa.
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Andreza conversou com Melina alguns dias depois, mas não comentou nada
sobre Heitor. Sua irmã caçula lhe indagou se ela nunca mais se comunicou com seu ex-
namorado. Andre, entretanto, afirmou:
- Acho que o bobinho do meu ex-namorado, o Armando, pensa que não fiquei
com mais ninguém nem transei mais depois que deixei ele, pois não posto nada
pessoal no meu Instagram nem no Facebook. E parece que ele ainda está sozinho, não
tem compromisso sério com ninguém. Ele nem imagina a quantidade de homens com
os quais já transei depois que nós terminamos. Oh coitado! E ele ainda me disse depois
que nos deixamos que ele ainda me ama. Mas eu não sei se o amo.
- Você ainda pensa em voltar para ele, Suh? - indagou sua irmã. “ Depois de
todo mal que ele te causou...
- Não – respondeu Suellen prontamente. - Apesar de eu ser uma pessoa muito
confusa, tenho convicção de que não quero voltar para ele. Se não deu certo na
primeira tentativa nossa, não é agora que vamos nos acertar. Não quero ficar mais
com ele. E eu acho que nem mereço.
- Não estou entendendo. Ele te fez sofrer e você ainda pensou em voltar para
ele um dia?
- Olha, é mais ou menos assim: pensar eu até pensei, mas não quero e não vou
dar outra chance para ele. Tenho certeza que nosso tempo juntos passou. Nossa
história está superada e é coisa do passado.. Porém, tenho certeza de que ele não me
esqueceu e ainda tem esperanças de eu voltar com ele; nós nos falamos outro dia na
casa dele... Ele disse que ainda me ama.
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Andreza adorava mesmo eram os churrascos nos sábados à tarde, domingos ou
feriados na casa dos militares amigos de André. Era comida 0800, drinks ou cervejinha
de leve nas revoadas dos cadetes aspirantes a oficiais. Aí Suellen fazia a festa dos
militares, pois sempre aparecia algum novato ou algum que era solteiro e rolava
alguma coisa ali mesmo ou depois. Algumas festinhas, inclusive, eram em casas
alugadas para isso ou na residência dos descompromissados e várias garotas eram
convidadas para a “revoada” ficar completa, pois estes encontros não tinham limites
do que podia acontecer, rolando música, danças, comida, bebidas e sexo.

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Comentou Trícia para Victor pouco tempo depois numa mensagem de texto na
qual fez um desabafo:

- Victor, eu não acredito que a irmã da Andreza teve uma casa de massagens
que funcionou em dois endereços, segundo me contaram, por mais de 18 meses, e
seus pais não sabiam de nada, sendo que no segundo local Melina morava na própria
casa onde aconteciam as massagens e os programas. Eu nem consigo imaginar como é
que ela conciliava essa situação: permanecer na mesma residência onde funciona um
bordel; porque para mim era a mesma coisa que um cabaré, só que disfarçado.
Imagino eu que pelo menos nos aposentos dela a dona não liberava para servir aos
programas; mas, Suellen, dormir na mesma cama onde toda espécie de homem, além
dela e das outras garotas transavam, é muito estranho; é na verdade bizarro, e chega a
ser repugnante. Acredito que ela substituía os lençóis da cama e as fronhas dos
travesseiros todos os dias após atenderem o último freguês. Pelo menos isso. Mas
levar em consideração que a família dela não sabia do esquema: eu não creio nisso.
Eles deviam ou devem ser coniventes. E uma família evangélica, cristã! Garotas que
eram evangélicas! Eu me pergunto: como pode uma família cristã se beneficiar da
exploração da prostituição?! É um contrassenso; é contraditório demais; chega a ser
cinismo; é falso moralismo e é desacreditar e descumprir todos os preceitos de Ética e
Moral em que se baseavam suas atitudes. Eu acho tudo isso absurdo.

Armando descobriu que Andreza se tornara garota de programa quando veio


passar o final de semana na casa de seus pais e conversava com sua mãe, quando
esta lhe disse:
- Filho, você tem falado com Andreza?
- Não, mãe. Faz alguns meses que não converso com ela pelo celular e nem a vi
mais pessoalmente.
- Eu não queria te falar um assunto sobre ela, pois acho que é fofoca, mas vejo que
você deveria saber.
- O que foi, mãe? Quanto suspense...

- É um segredo sobre ela. Você quer saber?


- Nossa, quanto mistério. Agora fiquei ansioso para saber do que se trata.
- Armando, rola uma conversa aqui no bairro que ela se tornou garota de
programa. Você sabia de alguma coisa?
- Mãe, que história maluca – reagiu seu filho, muito surpreso. - É sério isso? Nossa
Senhora: Andreza virou prostituta?!
- Quando você a namorava, chegou a desconfiar de algo nesse sentido?
- De forma alguma. Estou surpreso e estarrecido com essa notícia. É verdade
mesmo, mãe?
- Filho, as pessoas juram que é.
- E os pais dela, como estão? Como reagiram a essa novidade infeliz?
- Querido, comentam que eles sofreram bastante, mas já estão superando.
- Que notícia surpreendente! Fiquei passado agora – e o rapaz lançou um olhar
vazio e distante a seguir, emudecendo.
Após uma breve pausa de silêncio, indagou sua mãe:
- Armando, hoje, se Andreza dissesse que te ama e que gostaria de voltar para
você, depois do que eu te contei, você ainda ficaria com ela?

- Não sei, mãe. Preciso pensar bastante. Agora já não sei mais, não tenho certeza
sobre o que decidir.
E Armando se retirou da conversa sobre sua ex-namorada.

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Melina e André, infelizmente, tiveram que fechar as portas da casa de
massagens, a qual se mostrava um negócio promissor, porém ilegal. Após encerrar as
atividades do estabelecimento, a garota criou uma conta de Instagram chamada
“Meliand” para matar a saudade de sua clínica. Alguns parentes ficaram seguindo esta
conta.

A garota sempre queria fazer questão de mostrar que eles eram um casal
unido, como uma espécie de entidade única, agora representada simbolicamente pela
sigla “Meliand“, uma espécie de marca registrada, e passaria a se manifestar nas redes
sociais muitas vezes com esta conta ao invés de sua conta pessoal.

Durante quase 15 dias Andreza ficou brigada com André após sair da casa de
massagens e deu uma sumida do mapa. Ela, então, conheceu um cliente chamado
Fernando, o qual chamou sua atenção, e passaram a sair cerca de duas vezes por
semana. Porém, ela continuava saindo e fazendo programas com outros homens.
Andreza o conheceu após deixar a casa de massagens de sua irmã mais jovem.
Inicialmente, ela estava numa pousada, no bairro Forquilha, pagando diárias; mas
depois preferiu alugar um flat com locação paga por mês, no que recebeu o apoio de
Fernando. Enquanto estava na pousada, sua família não sabia de seu paradeiro.

Ela colocou um anúncio de programa na Internet, utilizando outro nome: Paula,


com fotos diferentes das usadas por ela anteriormente, para se ocultar de Melina e
André, e esta propaganda atraiu um cara chamado Fernando, e marcaram um
encontro na pousada onde ela ficava hospedada.

Fernando marcou em cima da hora, para dez horas da manhã, sendo que já
eram 09:30h. Suellen até desconfiou que fosse uma pegadinha e que ele não ia ao
encontro, podendo ser apenas um trote. Todavia, o rapaz apareceu. Era o primeiro
cliente daquele dia. A morena quis impressioná-lo e caprichou na escolha da lingerie.
Fernando chegou à recepção da pousada e a garota autorizou seu acesso ao quarto.
Ele era um homem branco, de olhos e cabelos de cor castanha, possuía média estatura
e idade por volta de 38 anos.

Quando o cliente entrou, encantou-se com a silhueta da garota e a foi


elogiando: “Meu bem, você é linda!“; ela agradeceu o elogio e o convidou para
entrarem no quarto, pois havia uma pequena antesala antes do dormitório
propriamente dito. Fernando havia combinado alguns detalhes do programa e ela
notou que ele era um pouco exigente e detalhista. O homem perguntou se ela poderia
beijá-lo e a moça respondeu que no máximo aceitaria lhe dar um selinho, mas ele
poderia praticar sexo oral nela à vontade e beijá-la em qualquer lugar que não fosse a
boca. A morena o achou simpático quando ele chegou e foram sentando na cama.
Apresentaram-se rapidamente e ela lhe deu o nome de Manu.

Fernando não perdeu tempo; foi-se despindo e perguntou se podia acariciá-la.


Beijou-lhe o pescoço, fazendo-a se arrepiar e foi despindo a garota; sugou os seios da
morena a seguir e pediu licença para sugar e lamber sua genitália, ao que a moça
permitiu. O homem caprichou na sucção de seu clitóris e dos pequenos lábios. No
momento seguinte Andreza realizou-lhe sexo oral com preservativo e concluíram com
sexo vaginal, em diversas posições até Fernando gozar. Nisto transcorreu cerca de uma
hora. Ficaram sentados na cama e ela dialogou um pouco com o cliente.

- Você é daqui de São Luís, garota? – questionou o homem.

- Não, meu bem. Eu sou de Recife, Pernambuco, mas saí de lá bem cedo e por
isso já perdi o sotaque. Eu já morei em muitos lugares.

- Gostei de transar com você. Foi ótimo! Você foi maravilhosa na cama...

- Obrigada. Você também foi. Você tem muita energia.

- Você gosta muito de sexo?


- Eu gosto bastante de sexo. Tive um namorado com o qual eu ficava horas e
horas trancada num apartamento, fazendo sexo. Eu gostava muito dele.

- Você o amava?

- Eu nunca amei ninguém. Olha que eu gostava muito dele, muito mesmo, mas
acho que amor mesmo eu nunca senti por ele.

- Você tem dificuldade para ter orgasmo? Percebi que você não gozou...

- Tenho. Eu e meu namorado transamos por muitas vezes e eu gozei com ele
em raras oportunidades. Eu não entendo. Teve uma vez que eu transei com um cara
bem novinho e eu já consegui gozar com meia hora de relação sexual.

Palestraram por mais uns cinco minutos e então se despediram.

- Interessante. Foi um prazer te conhecer, Manu. E até uma próxima


oportunidade – disse Fernando.

E Andreza se permitiu dar um discreto selinho naquele homem.

- Tchau. Se cuida, meu bem. – E a morena se despediu dele.

Passaram-se cerca de três dias e Fernando voltou a chamar Andreza no zap.

- Manu, é o Fernando. Daria para a gente marcar um encontro amanhã?

- Para que horário?

- Seria o mesmo de três dias atrás.

- É possível sim. Podemos agendar?

- Eu gostaria.

- Pois está marcado.

- Vou sonhar hoje com você.

- Pois sonhe, meu bem, sonhe fazendo amor bem gostoso comigo! Ai, que
delícia!

- Adorei ficar com você. Você é uma garota incrível! Tenha um excelente dia .

- Você também. Beijinho.

No dia seguinte fizeram outro programa. Transaram por cerca de uma hora e
Andreza o fez gozar fazendo posição “69” com um preservativo ultra-fino. Ao final de
60 minutos o cronômetro do celular da garota soou, avisando o término do período e o
rapaz pediu um prolongamento por mais 30 minutos da transa, pagando-lhe um extra.
Ao final conversaram brevemente.

- Manu, você fica até quando aqui em São Luís? Eu também vi que o DDD de
seu celular é 85.

- Quando estive em Fortaleza comprei este chip com DDD 85. Não sei até que
dia vou estar por aqui, - fingiu ela – mas devo permanecer mais umas duas semanas.

- Depois daqui você vai para onde?

- Você é curioso, hein? Não posso falar, mas é provável que eu viaje para fazer
atendimento no Piauí ou no Ceará. Depois vou tirar uma folga dos atendimentos de
uns 15 dias.

- Você já conhece esses estados?

- Só o Ceará. O Piauí só conheço de passagem, de dentro dos ônibus.

- Você não fará um passeio aos Lençóis Maranhenses? É um local muito belo,
imperdível para se conhecer.

- Desta vez não será possível – disfarçou ela.

- Eu queria te ver antes de você ir embora.

- Sim. Vamos combinar.

- Vou embora, meu bem. Tchau.

Fernando já tinha pago os serviços sexuais da garota. Deu-lhe um abraço e um


beijo em cada lado do rosto e partiu.

Cerca de 4 dias depois o homem voltou a contactá-la, mas ela disse que estava
fora da cidade e só retornaria depois de 4 dias.

Fernando não quis perguntar para onde ela estava indo para não ser muito
intrometido e apenas lhe desejou boa viagem. Manu contou, porém, que poderia
retornar a São Luís dentro de 03 dias.

- Divirta-se onde estiver. Entro em contato então depois para saber se a gente
pode marcar um horário.

- Combinado. Bom final de semana para você também.

Cerca de cinco dias depois o homem voltou a entrar em contato com a morena
e marcaram novamente na mesma pousada.
Neste dia tiveram uma transa muito envolvente, mas não se beijaram.
Fernando percebeu que estava muito atraído por Manu e estava se apaixonando. Ele
também pressentiu que a garota estava se envolvendo, pelo desenrolar das transas,
que estavam cada vez melhores e com mais paixão. O homem lhe falava palavras
picantes ao ouvido e ela já se permitia llevemente ser beijada. Parecia para ele que os
dois tinham uma ótima sintonia na cama. Neste momento a ideia de não ver mais a
garota por muito tempo ou até de modo definitivo o preocupou.

O homem decidiu, então, fazer uma proposta para a garota de programa.

- Manu, eu gostei muito de você e eu desejaria ficar te vendo. Por que você
não fica vindo todos os meses para cá e passa 2 semanas por mês. Eu te dou uma
ajuda de custo para ajudar suas despesas e para você fazer os programas comigo.

- Poderia ser. Se for vantajoso para mim. E como seria a sua proposta?

- Eu te repassaria R$ 4 mil por mês. Pode ser?

- Não sei. São Luís é tão longe de Fortaleza e as passagens aéreas são tão caras.
Só dá para vir de ônibus mesmo. Mas vou pensar em sua proposta e te dou a minha
resposta pelo WhatsApp. Ok ?

- Sem problemas. Fico no aguardo.

Cerca de três dias depois a moça enviou uma mensagem para Fernando.

- Fernando, olá. Sua proposta ainda está de pé?

Cerca de uma hora depois ele viu a resposta da garota e replicou.

- Está de pé sim, com toda a certeza. Você vai aceitar?

Andreza respondeu com 10 minutos.

- Vou sim. Mas precisamos nos falar pessoalmente.

- Certo, vamos marcar. Estou muito feliz, Manu.

Era um dia de quarta-feira.

- Pode ser sexta-feira de manhã?

- Pode. Pela manhã?

- Sim.

- Pois marcado. Ligo no dia para confirmar.


- Pois até sexta-feira.

- Um beijo. Tchau.

Na sexta-feira pela manhã Fernando entrou em contato com Manu e esta disse
que estava presa no centro num congestionamento, mas que ele voltasse a entrar em
contato daqui a duas horas para ver se ela já estava na pousada. Na realidade Andreza
mentia: ela estava na pousada.

O homem voltou a se comunicar com ela dentro de duas horas, mas ela não
respondeu mais suas mensagens.

Após 30 minutos, como ela não o respondia, Fernando fez uma ligação, porém
ela também não o atendeu. Pareceu-lhe que a garota de programa não queria recebê-
lo.

Após cerca de 45 minutos, ela finalmente respondeu sua mensagem dizendo


que chegara em casa .

Fernando indagou se já podia ir e ela lhe pediu 30 minutos e quando ele


chegasse a avisasse de imediato.

Assim ele o fez e quando chegou a pousada ficou dentro de seu carro
estacionado na rua e lhe enviou um recado pelo aplicativo de mensagens.

- Cheguei. Posso entrar?

- Espere uns 15 minutos . Aí pode vir.

- Ok.

Passaram-se 20 minutos e ele se dirigiu a recepção da pousada, e pediu


permissão para ir ao quarto de Manu. O recepcionista já fora informado por ela do
visitante e liberou seu acesso ao quarto.

Fernando foi até o quarto, bateu à porta e uma voz lá de dentro disse: pode
entrar. E ele entrou. Manu estava em pé e ele lhe ofereceu um pequeno presente:
uma caixa de bombons de chocolate.

Ela o agradeceu e recolheu o mimo que acabara de receber.

Fernando achou que a jovem estava muito estranha e parecia não lhe dar muita
confiança.

Ela começou a dizer que achava que não daria certo, que ela tinha negócios a
cumprir em Fortaleza e que teria que sair para o shopping para resolver algumas
coisas.
Fernando lhe perguntou se ela tinha compromisso com alguém e ela lhe
respondeu que não.

Em seguida ele lhe ofereceu carona até o shopping e pediu para lhe fazer
companhia e ela aceitou. Foram a um shopping onde ela entrou em duas lojas e o
homem a esperou do lado de fora. Após essas compras Manu lhe confessou que
estava em jejum e pediu para irem tomar um café com croissant pois não queria
almoçar ainda. Eram cerca de 11 h .

Foram até à praça de alimentação e lá conversaram um pouco.

Manu percebeu que Fernando tinha uma aliança de casamento, mas não
perguntou por sua família. Nos programas anteriores ele estava sem aliança e não
comentou nada sobre ser comprometido .

Ela, então, lhe revelou seu nome verdadeiro: Andreza e falou um pouco de si.
Confessou que era de São Luís mesmo, que tinha saído da casa da irmã e que não
sabia se ia permanecer na cidade ou se ia embora para Fortaleza, onde já tinha
morado por quase um ano. Mas dizia que tinha quase certeza de que ia se mudar para
a capital do Ceará.

- Meu bem, eu sou daqui de São Luís e eu queria ficar perto de minha família, –
afirmou ela - mas não sei como vou conciliar com meus programas. Minha vida está
muito confusa. Por isso, tem horas que eu penso em ir embora.

- Você não pensa em trabalhar com outra coisa ou colocar um negócio?

- Por enquanto, não.

Fernando lhe fez algumas perguntas sobre a vida íntima e Andreza lhe
respondeu que era uma mulher frustrada pelos seus relacionamentos anteriores, que
não tinham dado certo e pelas traições que sofreu. Contou que era formada em
Contabilidade, que tivera uma hamburgueria que não se consolidou e teve que fechar
e contou que sua irmã com a qual tinha morado tinha um salão de beleza e ela
desejava colocar outro para ela e deste modo trabalhava como acompanhante, para
juntar dinheiro.

Andreza por sua vez perguntou com o que ele trabalhava e o homem revelou
que era advogado e atuava em causas previdenciárias.

Andreza também confessou a Fernando que havia se desentendido com sua


irmã mais nova e com seu cunhado e afirmou que precisava se libertar mais da
influência deles.

- Eu preciso cortar esse cordão umbilical invisível que me une a eles.

Fernando notou que a garota não gostava de perguntas pessoais e em certo


momento ela se irritou, proferindo que não havia nada mais para lhe contar.
Ele a sentiu como uma pessoa muito indecisa e não chegaram a debater sobre a
proposta que tinham ensaiado anteriormente.

O homem também a achou um pouco relaxada com a aparência e um tanto


acima do peso, agora que podia vê-la em roupas comuns, sem ser lingeries, e sob a
claridade do sol. Ele ficou imaginando se valeria mesmo a pena investir em um caso
com aquele garota.

Após passarem cerca de uma hora e meia no shopping, Fernando a deixou na


pousada e se despediram apenas com um aperto de mão e um boa sorte.

Passaram-se cerca de quatro horas, todavia, e Fernando foi verificar a Internet,


após ter almoçado em casa com sua esposa. Ele havia notado que Manu estava há
cerca de cinco dias sem colocar os anúncios de seus programas no site de encontros,
mas nesse dia, após o almoço, ela recolocou uma chamada na Internet, no site de
acompanhantes.

No dia seguinte, Fernando acordou com vontade de entrar em contato com


Andreza, e assim o fez à tarde, tentando marcar um encontro.

- Manu, a gente poderia agendar um encontro?

Ela, porém, retrucou rispidamente:

- Não, meu bem, não tenho interesse.

Fernando se sentiu preterido, rejeitado, pela garota, a qual parecia estar muito
chateada com ele.

- Por que, Manu? Você está zangada comigo?

E ela continuou, um pouco cabisbaixa, sussurrando consigo mesma, do outro


lado:

“Puxa vida; me fazer voltar para a pousada, gastar. Tive despesas de transporte,
alimentação. Quem ele pensa que é; me fez de palhaça. E só conversa mole”. Todavia,
o homem conseguia ouvir e entender tudo que a garota murmurara.

Fernando ficou sem entender direito o comportamento e a fala da garota.


Parecia outra pessoa e não a mesma que tinha se encontrado com ele há um dia atrás.
No dia anterior ela não falou nada sério sobre a proposta que Fernando lhe tinha feito
e aparentava até em certos momentos estar fugindo dele ou fazendo pouco caso.

- Eu vou desligar, me esqueça – ameaçou ela.

Fernando cedeu e lhe fez um pedido.

- Pois me permita te fazer de novo a proposta: me dá uma chance.


- Acho que não vale a pena. Eu quero mesmo ir embora para Fortaleza. E estou
cansada desta pousada.

- Por favor.

- Pois está bem: faça sua proposta. E seja breve.

- Eu te dou uma ajuda de custo mensal pra ajudar com seu aluguel e suas
despesas. Uma ajuda de R$ 4 mil. E a gente fica se encontrando. A frequência dos
programas a gente acerta pessoalmente.

- Pois está certo.

- Fechado?

- Sim. Em nem sei como me comportar, exatamente como agir. Nunca fiz um
trato semelhante com outra pessoa.

- Andreza, eu queria que você gostasse de mim. Eu ouvi tudo aquilo que você
me falou nos programas: eu queria te dar prazer, eu gostaria de fazer você ter
orgasmo. Eu também gostaria que nossos encontros fossem bons para mim e para
você. Vamos tentar viver essa paixão, sem cobranças de cada lado e o futuro Deus vai
determinar.

- Eu também quero te satisfazer. Tudo que você me pedir eu faço; pode me


pedir. Eu também quero te dar muito prazer, meu bem.

- Pois até segunda-feira.

- Até. Um beijo.

- Segunda- feira de manhã vou ai repassar sua verba.

- Já. Ok. Obrigado.

- Você é uma garota incrível. Você merece coisas melhores em sua vida. Aí
você decide para onde ir depois dessa pousada.

- Quero ir para uma quitinete.

- Tudo bem. Um beijo. Tchau.

Na segunda-feira os dois se encontraram na pousada, finalmente se beijaram


na boca e Andreza praticou sexo oral sem preservativo em Fernando. Este lhe trouxe a
verba adiantada e ela o agradeceu. Suellen jamais havia recebido de uma única vez tal
quantia de dinheiro. Tudo isso só faria a ganância de Andreza aumentar, bem como as
suas aspirações por luxo e conquistas graças à prostituição. Fernando, exatamente sem
querer, apenas aguçou ainda mais a ambição daquela garota por dinheiro. Ela
percebeu, definitivamente, como o sexo poderia favorecê-la do ponto de vista
financeiro.

Quando o advogado chegou à sua casa enviou-lhe uma mensagem pelo


WhatsApp dizendo que a transa tinha sido maravilhosa e ele tinha adorado. Ela
também afirmou que tinha sentido muito prazer naquela transa entre os dois e o
agradeceu pelo sexo, pelo dinheiro e por tudo.

Dentro de cinco semanas Andreza se mudou para uma quitinete, mas que não
era ainda num bairro de seu agrado. Ela disse para Fernando que também tinha
escolhido ficar próximo à Forquilha para ficar melhor para o homem, ficando mais
próximo de seu trabalho.

Assim ficaram se encontrando por cerca de dois meses e meio. Fernando dava
umas escapadas de seu trabalho e procurava Andreza; deste modo faziam programas
duas ou três vezes por semana.

Os dois faziam sexo por uma hora e meia a duas e pareciam insaciáveis, mas
era Fernando quem cansava Andreza. Conversavam um pouco sobre a vida de
Andreza, mas o homem falava pouco de si, e era muito reservado.

Eles também se comunicavam bastante pelo aplicativo de mensagens e


trocavam juras de afeto e autoestima.

Um certo dia ela falou para Fernando:

- Incrível como é esse nosso mundo! Você não acha?

- Como assim?

- Há cerca de 30 dias quem era você para mim? Nada... Hoje estamos aqui, nos
envolvendo.

- Andreza, será que a gente terá algo sério algum dia?

- Não sei. Só posso te dizer que você é a pessoa com quem mais falo. Eu não
tenho ninguém.

- Eu gosto muito de você; eu te quero muito e você é muito importante para


mim.

- Fernando, eu acho que você vai ser passageiro em minha vida.

- Não fale assim. Vamos tentar. O futuro pertence a Deus. Não quero te cobrar
nada; só quero que você me trate bem e que a gente faça um ao outro feliz quando
nos encontrarmos.
- Eu também quero te fazer feliz; vamos aproveitar nossos momentos; eles
serão apenas nossos e de mais ninguém; eu te quero todinho para mim. Quero te dar
muito carinho. Quando estou com você é muito bom.

- Sinto muita paz quando estou ao seu lado. E nunca uma mulher me deu tanto
prazer como você. Da forma como você me beija, acredito que você gosta de mim.
Nossos beijos são muito caprichados.

- Eu adoro...

- Acho que eu jamais vou te esquecer, Andreza. Voce é maravilhosa. Deus te


abençoe.

- Eu quero que você seja feliz; oro muito por ti para que seja bem feliz.

- Obrigado. Você me faz feliz.

- Você também me ajuda muito a aliviar meu estresse.

- Andreza, prometa que nunca vai esquecer nosso beijo.

- Nosso beijo é maravilhoso. Eu adoro. Eu gosto de te beijar todinho. Se eu


pudesse eu mordia e retirava uns pedacinhos de você. Quando você chega parece que
vou voar. Quando transamos é muito bom.

- Eu vou às nuvens e ao céu com você e depois retorno.

- Quando não estou com você eu fico lembrando e sentindo o seu gostinho.
Quando vejo o celular e tem mensagem sua você não tem noção de como eu fico feliz.

- Eu adoro te dar um boa dia, desejar boa semana ou terminar um dia com boa
noite. E quando você me dá um simples bom dia já fico envaidecido e parece que vou
ter certeza que meu dia será melhor. Você me faz muito bem, Andreza. Eu te adoro.

- Pára se falar essas coisas. Eu não resisto. Eu também fico muito satisfeita
quando você me deseja uma boa jornada. Minha vida fica mais colorida e mais leve.
Você também me faz muito bem.

- Tchau, meu bem. Vá descansar.

- Fica com Deus. Boa noite.

Fernando e a garota de programa ficavam assim brincando de namorado e


namorada, e talvez estivessem gostando da situação, pois careciam de atenção e
afeto. Aquele homem, de modo ingênuo, acreditava que poderia conquistar o coração
de Andreza.
Andreza voltaria a conversar com Fernando alguns dias mais tarde, após uma
cópula.
- Andreza, você não desejaria montar um salão de beleza comigo, meu bem? Eu
te ajudo.
- Não sei, Fernando.
- Você pensa em fazer programas por muito tempo ainda?
- Eu não gostaria.
- Então, vamos colocar um salão de cabeleireira.
- Ah, Fernando, sociedades são tão difíceis. Temos que pensar mais. Meu pai
vive falando que eu e minha irmã caçula jamais devemos colocar um negócio juntas,
pois discutimos demais. Acho que ele está certo. Ainda mais abrir um
empreendimento com uma pessoa que não é familiar.
- Ok. Pense mais e me dá um retorno depois.
- Pode deixar. Meu bem, mudando de assunto: meu pai me disse que eu
preciso procurar uma Igreja e que eu deveria ler a Bíblia todos os dias - contou ela.
- Você era evangélica?
- Sim.
- Comprei um livro bem legal, de auto-ajuda. Vou te dar. Você quer ler?
- Pode ser. O último livro que li foi Senhora, de José de Alencar, que eu comprei
no Shopping, mês passado.
- Eu estava no supermercado, fazendo compras. Paguei minha conta e estava
saindo quando uma moça se aproximou e ofereceu estes livros, todos com temática
cristã. Ela disse que estava vendendo para ajudar em umas obras beneficentes. Então
comprei três. Cada um saiu por R$ 20,00.
- Meu bem, eu acho que você deveria ser mais caridoso, mais generoso e
ajudar outras pessoas. Você pode. Eu mesma ajudei no Natal passado uma família
carente em minha rua, onde mora minha mãe.
- É verdade, Andreza, parece que sou um pouco egoísta. Eu deveria ajudar mais
o próximo. Boa ideia. Mas eu faço algumas doações para a Igreja, para as obras dos
padres, já ajudei minha mãe e um irmão meu. Mas sei que é pouco, eu deveria ajudar
mais outras pessoas. Também tenho muitos funcionários e acho que no meu dia-a-dia
contribuo um pouco para a humanidade.
- Acho que isso não vale... Fernando, eu não gosto de padres.
- Por que, meu bem? Eles já te fizeram algum mal...?
- Não gosto deles. Fernando, você tem uma profissão. Quanto a isso me sinto
vazia, eu gostaria de ser mais útil à sociedade. Sinto que não estou completa, e em
minha vida falta sentido sob este ponto de vista.
- E por que você não tenta um trabalho online em “home office” ou pensa em
fazer outra faculdade.
- Outra faculdade agora não. Preciso trabalhar. Não é o momento certo, eu
sinto. Já tentei uns trabalhos online como vender roupas mas não gostei. A garota tem
que fazer fotos e vídeos experimentando as roupas. Não é para mim. Sinto vergonha.
Não me sinto à vontade para fazer isso e não levo muito jeito. Por isso desisti. E é difícil
vender, mesmo pela Internet; tem que dedicar muito de seu tempo, ter tino para os
negócios e hoje em dia por cima ainda ser blogueira para vender. Também não tenho
grana para montar um outro negócio pela Internet.
- Você não gosta da sua profissão, de Contadora?
E Andreza ficou calada, sem responder. Depois continuou:
- Eu também já tive uma hamburgueria, mas me tomava muito tempo. Fechava
tarde da noite. Eu trabalhava até tarde demais, era sobrecarregada e não tinha tempo
para meu namorado e amigos. Eu também penso que eu me esforçava tanto e meu ex
não valorizava. Além disso ele me traía muito. Eu era bem chifrudinha, uma droga. Aí
decidi terminar com ele e depois me arrependi. Sofri muito. Fiquei mal, fiquei doente,
acho que quase enlouqueci. Eu gostava muito dele. Mas ele não estava
correspondendo e ele não me valorizou. Minha cabeça ficou muito confusa. Foram
mais de 6 meses para eu ir me recuperando. A bagunça na minha mente era quase
total e decidi sair um pouco de São Luís e só retornar quando as coisas melhorassem
para mim. Quando a poeira abaixasse...
- Meu bem, como você sofreu! Sinto muito.
- E meus negócios quebraram e ainda fiquei devendo à minha irmã mais velha,
que havia me emprestado uma quantia de dinheiro e ao banco.
- E por que você entrou na prostituição, babe? Você trabalha por algum
objetivo à frente?
Andreza não respondeu prontamente e após alguns segundos falou:
- Eu trabalho para montar um salão de beleza, de cabeleireira. Batalho para
juntar essa grana e montar esse negócio para mim aqui em São Luís.
- Você não deseja montar o salão lá em Fortaleza, que é uma cidade maior?
- Não, preciso montar perto de minha família. Minha irmã mais nova, sabe, ela
já tem um salão de cabeleireira. Meus planos são ampliar o negócio, montando outra
unidade num bairro melhor, em área nobre e expandir assim o salão.
- E você já tem alguma quantia guardada que economizou?
- Tenho quase R$ 50 mil. Mas preciso de bem mais. São Luís é uma cidade com
custo de vida elevado, uma cidade cara.
- Que legal sua luta! Te admiro então por isso. Sua irmã é cabeleireira? E você
também?
- Sim, mas minha função no negócio seria administrar: contabilidade e
administração.
- Muito bem. Parabéns. Andreza, você trabalhou com o que em Fortaleza?
Andreza levou mais uma pausa para pensar na resposta e disse:
- Eu trabalhei num salão de beleza perto da praia de Meireles. Mas fiz amizade
com a dona do estabelecimento e ela era bem flexível na cobrança dos horários
comigo. Já trabalhei numa loja antes, mas saí e fui para o salão.
- Muito bem! Andreza, você tem mais algo para me contar?
- Não, não tenho mais nada pra falar. Minha vida é só isso – respondeu a moça,
em tom ríspido.
- Desculpe minha curiosidade. Andreza, eu quero te dizer que não estou aqui
para te julgar. Estou aqui querendo te entender e desejo te ajudar, se for possível.
Tudo bem?
- Sim. Mas eu não consigo confiar em mais quase ninguém. As pessoas me
traíram muito a confiança. Sou uma mulher muito calejada, cheia de mágoas, são
muitos arrependimentos. Sofri muitas decepções ao longo da vida que me
maltrataram bastante. Não consigo mais confiar nas pessoas.
- Não deixe tudo isso endurecer sua alma. Não deixe de acreditar nas pessoas.
Não perca a esperança. E não deixe estas frustrações dilacerarem seu coração.
- Vou tentar. Espero que você também não me decepcione.
- Vou fazer o possível para isso não acontecer.
Neste momento disse ainda o advogado, após uma breve pausa:
- Andreza, eu vou ter que me ausentar da cidade por uns dias com...
A acompanhante, então, o interrompeu, de modo abrupto, tentando gesticular
com desdém, mas na verdade visivelmente irritada:
- Eu não me importo; eu não quero saber; não me interessa...não quero saber
da sua vida.
- Eu não ia falar nada demais...
E o homem não disse mais nada, fugindo de qualquer discussão com a garota.
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Nas semanas seguintes Andreza e Fernando se tornaram mais íntimos e
agendaram vários encontros. Eles se comunicavam pelo aplicativo de mensagens e
continuavam trocando mensagens de afeto. Fernando tentava conquistar a confiança
de Suellen e procurava entender quais suas reais intenções. A garota, porém, era
muito comedida e se aproximava aos poucos do homem. Ela contava situações de sua
família, da relação com seus pais e o advogado mais ouvia, mas ele notava que eram
informações vagas e superficiais; ele igualmente não revelava muito de sua vida
pessoal. Fernando não se queixava de nenhum problema conjugal ou financeiro, nem
outros distúrbios familiares, mas revelou não ser completamente feliz no casamento e
não se sentia uma pessoa satisfeita de forma plena com sua vida. Andreza se queixara
de seus insucessos amorosos, mas jamais detalhou os problemas que teve com seus
namorados. A jovem contava para Fernando que sofria pequenas aflições, mas não
conseguia se abrir totalmente com ele e o rapaz não forçava a barra para Andreza se
confessar. A morena gostava mais de contar suas proezas sexuais e os dois se
divertiam com estes relatos; ela, todavia, não parecia levar Fernando muito a sério e o
homem tentava se aprofundar na relação com a jovem, mas ela resistia.

Andreza planejava ficar na pousada da Forquilha por umas duas semanas, mas
terminou passando um mês e meio. Neste período Fernando a visitava
frequentemente, cerca de três vezes por semana, mas nem sempre praticavam sexo. O
advogado chegou a levar pequenas compras por duas vezes e a conduziu numa
oportunidade para passearem numa praia. Ele também sugeriu que ela praticasse
algum esporte, mas a jovem não queria. Depois, com muita insistência, Andreza se
matriculou numa academia para fazer musculação. Quando transavam, Fernando lhe
dizia palavras de amor, mas a jovem pedia, de modo dengoso, que ele não
pronunciasse aquelas declarações de afeto, pois na realidade a morena não queria se
deixar seduzir. Falavam sobre relacionamento e Suellen declarava que não queria se
envolver seriamente com ninguém naquele momento. Fernando insistia às vezes e ela
rebatia suas declarações, dizendo que o advogado não a entendia. Numa certa tarde,
encontraram-se e Fernando logo notou que Andreza estava muito chateada. Ele a
abordou sobre isso e a jovem mostrou o cabelo que havia sido cortado em um salão
próximo àquele bairro e a profissional havia danificado as pontas dos cabelos de
Suellen. Esta comentou que estava arrasada e pensava em fazer um mega-hair.
Fernando quis ajudá-la e lhe ofereceu a quantia de R$ 2.000,00, ao que ela aceitou,
após certa insistência do homem.
Aquele homem percebeu desde o início que Suellen era uma mulher
materialista, mas ele acreditou que por trás desta mulher que se apresentava assim,
poderia existir uma pessoa melhor e ele decidiu investir afetivamente na garota. Ela,
por outro lado, não sabia com certeza o que o advogado queria com ela de fato, e não
dava o braço a torcer. Andreza também não gostaria de ceder às investidas daquele
homem, pois seus projetos eram outros, e ela não estava disposta a lidar com as
consequências da separação de um homem casado.
Fernando também ajudou Andreza a encontrar um flat na localização e nos
valores que a garota desejava. Ele acionou corretores amigos que lhe enviaram fotos e
ele as entregou para a jovem escolher, com todos os contatos das imobiliárias
responsáveis pelas locações. Suellen, todavia, teve liberdade de escolher e preferiu um
flat em um pequeno edifício de três andares. O advogado não pôde lhe acompanhar
nas visitas aos imóveis. Depois ele também terminaria por pagar a caução para Suellen
entrar no flat, pois ela ameaçava ir embora, dizendo estar desiludida com aquela
cidade. O cara igualmente lhe ofereceu um auxílio financeiro para Andreza adquirir
mobília e eletrodomésticos, mas ela preferiu recusar sua ajuda. No futuro a morena
diria estar arrependida de ter escolhido um flat, pois, em sua opinião, numa casa,
embora com menos segurança, teria, mais condições de realizar seus programas de
sexo sem incomodar e chamar a atenção dos vizinhos.
Fernando notou que a jovem oscilava muito seu temperamento, com uma
novidade a cada encontro, sempre se queixando de calor, dores de cabeça, mal estar,
náuseas; Fernando lhe questionava se não seriam efeitos colaterais dos medicamentos
contraceptivos ou se ela estaria sofrendo de ansiedade, pois ela estava utilizando
anticoncepcionais injetáveis, conforme tinha revelado para o rapaz, mas ela rechaçava,
dizendo que não; Suellen apenas deixava subentender que sentia saudades dos
familiares, pois se encontrava um pouco afastada deles. Ele também sugeriu que a
garota procurasse um médico e Andreza prometeu que o faria se os problemas
persistissem.
Certa tarde Fernando chegou à pousada, pois tinham marcado uma transa e
adentrou ao quarto de Andreza. Ela estava ao telefone, conversando algo que parecia
muito sério; a garota lhe pediu para aguardar um pouco, e logo encerrou a ligação, até
para que Fernando não ouvisse o que ela conversava. O homem não resistiu à
curiosidade e então a questionou:
- Com quem você estava falando, Andreza?
- Era minha irmã caçula que estava me ligando; ela só telefona para falar de
problemas e me pedir favores, inclusive dinheiro.
- É mesmo?
- Não sei por que há tantos problemas nas famílias.
Fernando, porém, não quis se aprofundar nas suas questões para não se
mostrar indiscreto e curioso demais.
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A família de Andreza fez um passeio no Interior poucas semanas depois.
José e sua namorada promoveram um passeio para o rio Periá, entre os
municípios de Primeira Cruz e Humberto de Campos. Andreza, Melina e André também
foram para o dia de lazer. A morena não fazia muita questão de ir a estas viagens, mas
como seu pai a convidava com antecedência, ela se via quase na obrigação de ir, pois
ele dizia que sua presença era imprescindível. Andreza ia com maiôs bregas (fora de
moda) para disfarçar e fazer “média” com seu pai. Alugaram um ônibus de turismo e
foram para o dia de lazer, com alguns outros amigos de José e de sua namorada.
Lá chegando, tomaram banho no rio e ficaram brincando de flutuar numas
bóias improvisadas com câmaras de pneumático de caminhão. André não descolava de
Andreza, e a todo tempo ficava empurrando-a em sua bóia, dentro do rio de águas
amareladas pelas raízes da vegetação. Melina não desconfiava de nada.
José fez algumas fotografias da turma e a morena se manteve muito
introvertida e envergonhada em todo o passeio, quase não se deixando fotografar.
Saíram de São Luís às 6:30h do posto Concha do bairro São Cristóvão e
retornaram às 17h, chegando de volta às 19:30h em seu destino final.
Dois dias depois, Fernando a questionou sobre o passeio, e Suellen, bem a seu
modus operandi, não quis entregar detalhes do passeio, escondendo o jogo.
- Meu bem, eu vi que você fez um passeio. Para onde vocês foram? – indagou o
rapaz.
Respondeu ela:
- Meu bem, eu nem sei direito o nome daquele lugar para onde a gente foi!
- É mesmo?! – retrucou Fernando, bastante surpreso, fazendo de conta que
acreditava nas palavras de Andreza. – E como foi lá? O que você achou da viagem?
- Eu só sei que foi muito bom; foi muito bom mesmo. Nós nos divertimos
bastante – concluiu a moça.

- Então foi ótimo. Parabéns pelo passeio – disse Fernando, encerrando o


assunto.
Andreza se reclamou a seguir para Fernando:

- Sabe, meu bem, eu fui criada muito presa - queixou-se Andreza para o
advogado, talvez querendo fazê-lo entender suas atitudes e seu comportamento atual.
– Minha mãe me prendeu muito e não me deixou viver minha vida como eu queria.
- Que pena, então, Andreza. Porém, mudando de assunto: estive pensando
outro dia: você me acompanharia para assistir a um jogo de futebol no estádio, pela
Copa do Brasil?
Suellen respondeu, após uma breve pausa:
- Meu bem, acho que não. Nunca fui a um estádio assistir a uma partida de
futebol. Mas sabe: eu adorava ver os garotos jogarem no meu antigo bairro e em outra
cidade onde morei. Ah, futebol é ótimo para sarar um homem. Se um homem quer
secar e ficar com barriga “tanquinho” é só jogar futebol – recomendou Andreza, com
certo brilho nos olhos, como se relembrasse boas passagens de sua vida. – Mas,
estranhamente, hoje não tenho curiosidade de ir assistir a alguma partida num estádio
de futebol. Acho um ambiente muito masculino.

De fato, a garota era um pouco aficionada por homens que praticavem futebol e
tinha desejos sexuais por eles.
_______________________________________________________________________
Andreza, dois dias mais tarde, enviou algumas fotografias para o telefone
celular de Fernando, através do aplicativo de mensagens. O advogado abriu seu
aplicativo de mensagens e se surpreendeu com umas fotos estranhas. Eram imagens
de uma adolescente, deitada de lado numa cama, com o queixo apoiado na mão,
cotovelo na cama e um discreto sorriso no rosto, vestida apenas de roupas íntimas, e
que estavam no zap de Manu, mas não havia nenhuma mensagem de texto
acompanhando as fotografias. A qualidade das fotos não era excepcional, mas se
tratava de uma garota morena que teria no máximo 18 anos de idade, mas o rosto não
deixava certeza se aquelas imagens eram de Andreza. Ele ficou se questionando o por
que da moça ter-lhe enviado aquelas fotos, e preferiu não fazer nenhum
questionamento e nem mesmo algum comentário sobre as fotos.

Fernando não sabia exatamente a explicação de Andreza ter-lhe enviado


aquelas fotos e ficou realmente com dúvidas se as imagens eram dela, pois eram
muito antigas.
Depois, encontrou-se com Andreza e esperou ela fazer alguma comentário, só
que este não apareceu. Ele, desse modo, a notificou:
- Andreza, eu visualizei as fotos no seu WhatsApp.

- Foi mesmo? – questionou ela, fazendo-se de desentendida.

- Aqueles retratos eram seus?


- Acho que eram. Como essas fotos foram parar no seu celular?
- Foi você que me enviou!
- E foi? E o que você achou das fotos?
Fernando ficou-se perguntando se daria uma resposta sincera ou não. Na
realidade ele não achou a moça nas fotos muito bela. Mas decidiu responder assim:
- Achei bonita a garota das fotos. Era você mesma? Notei que estas fotografias
já tem muitos anos. Nem se parecem com você...
- Você achou? Vixe. Agora fiquei passada.
Fernando preferiu encerrar o assunto. Ele em verdade não entendeu o porquê
de Andreza ter encaminhado aquelas fotos para ele. Pensou que ela provavelmente
apenas queria testá-lo, pois a moça queria saber se ele se interessava por ela apenas
por sua aparência atual.
Quando adolescente Andreza se sentia pouco atraente e muitos dos rapazes
que lhe interessavam não ficavam com ela por preferirem garotas mais belas. Isso
ficou marcado em sua consciência. Ela, agora, já adulta, assim como muitas outras
mulheres, tinha receio de que os homens se aproximassem e se interessassem por ela
apenas por questões de beleza ou aparência física. Suellen ainda guardava
ressentimentos pelo fato de que muitos rapazes a rejeitaram na adolescência, quando
ela não tinha ainda um corpo de mulher e não era tão atraente.
Andreza havia encaminhado estas fotos para Fernando pois se recordou de um
incidente ocorrido no início de sua vida adulta. Nádia fez estas fotos para Andreza
quando a morena ainda era adolescente e sua amiga guardou na memória de seu
celular. Ao retornar para São Luís e já estudando no bairro São Cristóvão ela enviou
suas fotos para duas amigas e dois amigos e eles não responderam nada. Ela ficou
curiosa e depois de duas semanas foi questionando um de cada vez a razão de não
responderem ou comentarem sua mensagem e quis saber o que eles tinham achado
das fotos. Andreza considerava aqueles quatro colegas, dois homens e duas mulheres,
os mais bonitos de sua sala, dentre aqueles em que ela confiava. Para sua tristeza, os
quatro relataram que não tinham reconhecido que a foto era dela e disseram que a
garota das fotos era feia e não era atraente. As fotos haviam sido tiradas há cerca de
três anos atrás, no celular de Nádia, que depois repassaria as fotos para Andreza,
quando esta ganhou de presente de seu pai seu primeiro telefone celular. Andreza se
sentiu arrasada com a atitude de seus colegas de escola.
Quando Nádia fez aquelas fotos, Andreza, na época, não gostou de sua imagem
corporal e pediu para a amiga deletar as imagens, mas esta insistiu em manter as fotos
salvas até que Suh concordou e Nádia pediu para salvar as fotos. A morena não se
achava bonita, nem atraente, e imaginava se ainda teria chances de ficar bonita, pois já
possuía 15 anos de idade na época das fotos. Andreza tinha medo de terminar seu
crescimento, tornar-se adulta e continuar feia, pois se considerava assim. Tinha a
convicção de que seu rosto não era tão bonito e seu corpo não era atraente. Andreza
por conta destas suas ideias era muito insegura e não era satisfeita com sua imagem
corporal. Depois, Andreza mostraria outras fotos em poses semelhantes e já em idades
mais avançadas para suas irmãs Melina e Marcela, e esta última sempre respondia:
“Essa nega saliente, só quer ser bonita”.
Após se tornar adulta, Suellen foi aprendendo a gostar de seu corpo e foi-se
aceitando mais, e deste modo sua autoestima foi melhorando.

Fernando e Andreza falaram sobre massagens e ela fingiu não saber quase de
nada. O advogado achava que o jeito de “Manu” transar se parecia muito com o jeito
das massagistas que fazem seu trabalho com final feliz. Ela mesma havia anunciado na
Internet que “adorava subir em cima de um pênis e ficar rebolando sua bunda“.
O homem notou que ela geralmente começava a trepar pelas posições de
“cow-girl” de frente e de costas, cavalgando o membro dele. E como ela caprichava
naquelas posições sexuais, olhando de forma marota para o seu macho, vendo-o se
deliciar com aquela vagina massageando seu falus!
Andreza gostava de fazer sexo com Fernando. Este, percebendo que a mesma
deveria ter habilidade como massoterapeuta sexual, lhe questionou:
- Manu, você já trabalhou em alguma clínica de massagem tântrica?
- Não. Eu não - mentiu ela e ainda perguntou: “Por quê?
Mas Fernando devolveu com outra questão:
- Nem sabe fazer massagens eróticas?
- Já assisti vídeos sobre massagens: sei como é uma massagem tântrica, uma
nuru, uma lingam, massagem prostática, mas nunca fiz.
De fato Andreza não apreciava fazer massagens, mas ela tinha aprendido todas
estas modalidades de massagens sexuais.
- Mas já recebi algumas massagens, disse ela.
- Você já foi a alguma clínica de massagens?
- Não. Uma massagista foi até minha casa.
- Interessante.
Em seguida Fernando lhe fez uma proposição:
- Manu, e se eu te pedisse, você tentaria fazer massagens em mim.
- Faria – blefou ela.
- É mesmo? – disse Fernando, fingindo estar animado. Na verdade, ele queria
mais desvendar se Andreza tinha sido massagista.
- Só que para fazer massagens é preciso uma cama dura e alta, ou seja, uma
maca rígida para massagens. De outra forma não dá muito certo - explicou a garota.
- Entendo. Mas podemos tentar um dia.
- Pode ser – redarguiu a moça, sem empolgação.
- Vou comprar uns óleos de massagear e outros produtos necessárias para as
massagens. Você pode me indicar alguns? Conhece?
- Posso ver na Internet. Sei que tem gel erótico que esquenta e esfria, umas
bolinhas que rompem dentro da vagina e um estimuladores de clitóris na forma de
anel que o homem coloca na base do pênis, dentre outras coisas – disse a morena,
mas ela não gostava muito desses incrementos. Preferia outros acessórios da relação
sexual.
- Ah! Eu penso que para receber esta massagem a gente deve estar muito
concentrado – opinou Fernando. – Acredito que deva haver uma sintonia entre o
cliente e a massagista.
- Não, eu não concordo – afirmou a garota, pois bem sabia que tinha
experiência no assunto. – Não precisa disso. Não é bem assim.
- Posso procurar então os produtos para massagens?

- Pode, meu bem.

- Eu adoraria ter você fazendo massagens em mim, roçando seu clitóris e sua
xoxota no meu pênis ereto, latejando, e tudo lambuzado nos óleos de massagem. Seria
uma delícia!
- Até imaginei agora – disse a morena.
- Vou procurar, amor.
- Procure - concluiu ela, simulando estar empolgada com aquela proposta para
fazer massagens.
Andreza não gostava de fazer massagens. Ela gostava de transar, apreciava
sexo, e sem enrolação.
Em seguida o advogado lhe questionou.
- Andreza, você pensa em mim às vezes?
- Eu sempre sonho coisas boas para você... Eu sempre desejo coisas boas para
sua vida e desejo o melhor para você.
Andreza continuou falando:
- Fernando, sabe uma coisa?
- O quê?
- Você se parece com meu irmão adotivo, o Gui.
- Como assim?
- Ele parece um doidinho... Você também. Há momentos que eu penso que
você tem algo estranho e “não bate bem da cachola”. Aparenta não possuir muito
juízo.
- Andreza, assim você me ofende. Por que motivo eu pareço um louco em
alguns momentos?
- Não sei, mas me parece. Tem horas que você não me parece muito normal.
- Talvez, você é que não seja normal, e está projetando isso em mim. Eu apenas
sou louco por você, e é provável que por tal motivo eu pareça pra você, em certos
momentos, que não regulo bem das faculdades mentais. Mas você, me desculpe,
acredito que apresenta algum distúrbio de comportamento ou personalidade. Você
parece ter mania de perseguição e outros problemas a mais...
- Tem horas que também acho isso, e até já pensei em fazer terapia.
- Pois considere essa possibilidade com carinho.
E encerraram aquele debate.
Neste intervalo de tempo em que Andreza se encontrava com Fernando, a
garota refez as pazes com André e voltaram a ter encontros nos motéis.
De alguma forma o militar descobriu que sua “amante” estava saindo com
Fernando; Andreza cometeu um descuido e o homem conseguiu acessar o telefone
celular de “trabalho” da jovem e encontrou as mensagens dela com o advogado. Ele
as leu rapidamente sem que Suellen percebesse pois ela tomava banho. O aspirante a
oficial da polícia notou que aquele cliente era um tanto “especial” pelas constantes
mensagens entre os dois, e no mesmo instante ele concluiu que poderia estar havendo
um caso entre os dois; André ficou bastante enciumado; ele sempre recomendou para
que a morena não se envolvesse emocionalmente com seus clientes. O militar ficou
digerindo tudo aquilo que leu e planejou em momento oportuno debater com Andreza
sobre Fernando.
Cerca de uma semana depois, Suellen e seu amante puderam se encontrar a
sós e o homem pôde colocar suas cartas na mesa. Disse André:
- Suh, eu descobri que você está se envolvendo com um cliente.
- De onde você tirou isso, André? – rebateu a jovem.
Mas ele insistiu:
- Andreza, você me prometeu que não se envolveria afetivamente com nenhum
freguês dos seus programas.
- Mas não estou entendendo – continuou a garota em seu disfarce.
- Eu li tudo em seu smartphone.
- Quando? – questionou ela, bem surpresa. – Você tem a senha de meu
telefone de trabalho? Quando você bisbilhotou meu Whatsapp? Saiba que não gosto
disso. Nem você tem o direito de futricar meu aparelho de telefone – reclamou ainda a
garota.
- Tenho sim – objetou, porém, o militar.
E André continuou com suas queixas para Andreza.
- Garota, você está beijando esse cara na boca? E você está fazendo sexo oral e
vaginal com ele sem preservativo?

- Não, de forma alguma – mentiu ela.


- Não me engane. E eu vi nas suas mensagens pequenas trocas de afeto.
Andreza, você está gostando desse cara? Parece haver algum sentimento em suas
mensagens. Ou você apenas o está iludindo para conseguir deste sujeito o que quer?
Não vá se apaixonar por ele!
- Não estou gostando dele! Você está com ciúmes de um simples cliente??? E
me respeite: não sou mau caráter.
- Pelas suas mensagens trocadas com ele, não parece ser um usuário qualquer
de seus serviços. Transparece que existe algo mais entre vocês: algum envolvimento
afetivo.
- Mas é apenas um cliente como todos os outros.
- Certeza?
- Sim.
- Pare de fingir a namoradinha para ele. Coloque-o no devido lugar. Que
história essa de romancinho! Pára de inventar isso.
-OK.
- Ele trabalho com o quê?
- É advogado de causas previdenciárias.
- Então tem grana. Ele andou te prometendo o quê, afinal de contas? Para você
estar tão interessada...
- Nada. Não me prometeu nada em dinheiro... E não tenho interesse nele.
- Mentira...
- Além do mais, ele é casado.
- Ainda é casado?! O safado tem família... Mas ele insinuou que deseja algo
sério com você?
- Muita conversa, mas nada de concreto.
- Ainda bem...
Neste momento Andreza preferiu falar a verdade, mas exagerou um pouco na
descrição da proposta que Fernando lhe tinha feito, só para provocar André.
- André, ele perguntou para mim se a gente não queria abrir um negócio juntos.
Fernando já falou sobre isso comigo várias vezes.
- O quê? Ele nem pode ter sociedade com você. Ele não é casado?
- Mas ele pode colocar uma empresa escondido comigo ou pelo menos me
bancar e eu ser a “laranja” dele em um negócio.
- Esse advogado sabido falou isso somente para ficar te comendo e você dar
mais atenção para ele – retrucou André, com menosprezo.
- Não é verdade. Fernando parece ser sincero quando fala disso.
- Duvido.
- Eu disse para ele que vou pensar em sua proposta.
Neste momento André pareceu ficar muito apreensivo e decidiu dizer para
Andreza:
- Não acredite neste cara, Suh. Ele nunca vai deixar a esposa.
- Será? Eu nunca falei com ele sobre isso, de ele deixar a mulher. Só falamos de
montar um negócio para mim.
- Andreza, é melhor você começar a enfezar esse cara e o tratar mal. Provoca-o
para te deixar.
- Não vou fazer isso.
- Vai sim. Começa a tratar ele mal e vai deixando ele chateado até ele te deixar.
Quando ele falar em te deixar você dá o golpe.
- O que, menino?
- Chantageia ele e pede grana para montar seu salão de cabeleireira.
- Mas isso pode ser estelionato.
- Ele é casado e vai ficar com medo de você revelar a infidelidade dele para a
esposa. Ele não vai te denunciar. Além disso, ele gosta de você.
- Você acha?? É muito arriscado. E eu nunca fiz isso. Não vou me sentir bem se
eu agir desse modo.
- Você não precisa de grana? Inventa uma alegação e diz que ele deveria te
repassar o dinheiro para você montar seu negócio. Fala que você não tem nada
guardado. Diz também que você se descapitalizou para montar o flat, que ele nunca te
ajudou financeiramente como ele tinha proposto, que você perdeu clientes e
programas para se encontrar com ele, que você teve que deixar seu emprego em
Fortaleza por ele, etc.
- Nossa, parece que você leu tudo em meu celular.
- Li algumas coisas.
- André, vou pensar em tudo isso que você me falou, mas não gosto nem de
imaginar em agir assim.
- Eu fosse você, pensaria. Será que você não quer deixar de fazer programas?
E Andreza não disse mais nada.
Andreza pronunciava muitos de seus pensamentos, falando em voz alta com
seu próprio ego, e Fernando começou a achar isso muito estranho. Pareciam
procedimentos de uma pessoa que não regulava bem do juízo. Ela pronunciava
baixinho, sem olhar para ele, como se falasse consigo mesma. Ás vezes falava alto.
Situações e falas do tipo:
- Ah! Você nem é tão bonito assim... Você é bonito, mas não é uma beleza
escultural...
- Ah! Eu queria ver se eu estivesse perto da minha família. Eu só estou atraída
por você porque estou distante de meus familiares.
- Você está querendo fazer o papel da minha família, mas não vai...
- Gostar, eu gosto de muitas pessoas, meu bem....
Fernando chegou a lhe dizer:
- Parece, Andreza, que você está sempre brigando contra seus bons
sentimentos.
Disse então a garota para Fernando:
- Parece que há uma única coisa que eu me sinto competente em fazer: é o
sexo. E isso me satisfaz.
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Andreza contou para Fernando neste mesmo dia:
- Ah, eu e meu namorado, a gente fez tanta coisa juntos, foi muito bom.
Transamos até no estacionamento de um shopping, e eu fiquei em cima do capo do
carro dele. As pessoas passavam longe e nos olhavam. Aquilo foi excitante! Nunca
vou esquecer. Foi muito bom. Transamos demais - contou Andreza para Fernando. E
ela continuou seu relato: - Também fazíamos amor dentro do carro dele. Houve uma
vez até que saímos transando com o carro em movimento. Este dia foi maravilhoso!
Gosto destas provocações! Adoro estas situações inusitadas. Só não consegui ainda
transar dentro d’água, mas ainda vou ter oportunidade; tenho quase certeza - concluiu
a moça.
A garota tinha grande prazer de relembrar suas proezas e suas experiências de
sexo. Sentia grande satisfação por isso, transparecia em seus olhos. Deixava entender
que Andreza gostava de passar neste momento uma imagem de mulher devassa,
vivida e que experimentou as mais variadas formas de obter prazer que uma garota
pode imaginar no seu ideário sexual.
Andreza e Fernando se encontraram dois dias depois e conversaram
novamente.
- Vou revelar uma coisa para você, Manu. Quando criança eu vi meus pais
transando na cama deles. Eu não tinha idade para ser capaz de entender aquilo que
eles estavam fazendo, porém foram cenas que me marcaram. Eu cresci com aquelas
imagens como flashes na minha consciência e acredito que isso influenciou minha vida.
Tenho hoje muita sede por sexo.
- Eu também tive uma experiência assim quando criança - retorquiu Andreza. -
E somente alguns anos depois eu vim perceber e descobrir que aquilo era sexo. E
também acho que tudo isso foi gravado no meu inconsciente.
Fernando optou por mudar de assunto.
- Você ama seu ex-namorado, Andreza? Desculpa perguntar algo tão íntimo.
- Acho que não.
- Mas você disse que acredita ainda gostar dele.
- Ah gostar é fácil. Eu gosto de muita gente, meu bem. Eu sou muito fácil de
gostar das pessoas – justificou a morena.
Depois de alguns segundos, disse a garota:
- Fernando, eu queria que você fosse sincero comigo, que você fosse você
mesmo, e não fingisse ser uma pessoa a qual não é .
- Eu juro que estou sendo verdadeiro.
- Meu bem, eu entrei numa academia. Tem um instrutor que fica só puxando
conversa comigo...
- E o que você fez?
- Ah! Eu não dei bola pra ele...
A seguir Andreza se queixou:
- As pessoas são muito curiosas. Odeio quando elas ficam perguntando sobre a
vida da gente, querem saber tudo. Acho isso tudo muito desagradável. Não gosto de
gente bisbilhoteira. As pessoas adoram se importar com a vida alheia...
- Eu poderia te comprar uma aliança de compromisso para você usar e afastar
os curiosos de você.
- Não sei... Acho que vou combinar com algum carinha da academia para a
gente dizer que é noivo.
- Melhor você não fazer isso.
- Por que não?
- Ele poderia gostar da brincadeira e depois querer levar a sério.
- É verdade...
Suellen pronunciava estas idéias com a maior naturalidade do mundo.
Fernando perguntou, então:
- Amor, e aquelas pequenas queimaduras que você recebeu no bronzeamento
artificial? Já passaram? Você me falou que estava sentindo ainda ardência na pele.
- Melhorei, sim, com hidratantes. Quero ficar bem bronzeada e com
marquinhas para quando minha família me reencontrar.
- Tenha mais cuidado da próxima vez que for escolher uma estabelecimento
para realizar bronzeamento artificial.
- Fernando, eu estou querendo emagrecer para colocar um piercing no umbigo.
Andreza apreciava usar bermudas jeans ultra-curtas e tops, mas não gostava
de circular assim nos corredores das pousadas e dos condomínios para não chamar
tanto a atenção dos homens.
- Acho bonito. Legal mesmo. Você já pensou em fazer cirurgia plástica? Seus
seios são tão pequenos.
- Eu já quis implantar uma pequena quantidade de silicone nos seios, mas
desisti, por enquanto. Eu muito indecisa. Por outro lado, gosto de ter o corpo natural.
Muitos homens nos preferem assim..
- É verdade...
- Só que eu já pensei em realizar uma cirurgia de ninfoplastia...
- Por que razão?
- Acho meus pequenos lábios muito grandes. Quero reduzir seu tamanho.
- Na minha opinião, eles tem um tamanho ótimo.
- Não acho; penso seriamente em realizar esta cirurgia em breve.

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Quando a morena se mudou para o flat, não queria mais ver Fernando em seu
próprio endereço. Suellen queria fazer sexo selvagem, com “spanking” e algumas
coisas mais, e sabia que ali não seria o local mais adequado, pois provocaria a atenção
dos vizinhos. Como também era avarenta, a ideia de ter um aparelho de ar
condicionado no quarto, e ter que utilizá-lo com frequência, e pagar uma conta mais
alta de energia elétrica a deixava irada. Ela também se queixou depois para o
advogado que já estava arrependida de ter mudado para um flat, pois chegou à
conclusão de que se ela tivesse se instalado numa casa, seria uma ambiente mais
discreto e mais apropriado para agendar seus programas. Nesse aspecto, a garota
parecia ser bastante corajosa: instalar-se sozinha numa casa e lá receber seus clientes
de sexo. Pelo menos foi isso que Fernando pensou sobre a ideia da mulher. Suellen e o
advogado ficaram se encontrando cerca de duas ou três vezes por semana e o homem
imaginou que a garota estava gostando disso. Porém, numa tarde marcaram um
programa no flat de Andreza, mas quando seu cliente chegou e estacionou seu veículo
na rua, ela simplesmente não respondia suas comunicações nem atendia ligações. Ele
imaginou que ela poderia estar atendendo outra pessoa e aguardou. Após cerca de 30
minutos, ele enviou mais uma mensagem e ela finalmente o respondeu, dizendo que
ele podia entrar pois a portaria estava aberta. Fernando percebeu que neste intervalo
de tempo ninguém entrou no prédio nem saiu dele. Ela estaria com alguém no flat
ainda? Ele, todavia, confiava na garota e entrou.
Ela se encontrava sozinha e não deu explicações de porque deixou o advogado
esperando tanto tempo. Ele também preferiu não perguntar.
Naquele dia, Fernando notou que Andreza estava diferente, mais introvertida e
parecia incomodada com alguma coisa.
Ela se comportava de forma mais mecânica, conversou muito pouco e se
mantinha um pouco fria. Sua cabeça parecia estar muito distante dali.
Após transarem, e, naquele dia, sem muita disposição da parte da garota,
Fernando se deitou na cama ao lado dela e a mulher desabafou:
- Fernando, acho que você não está cumprindo seu trato comigo.
- Como assim, Andreza?
- A gente ficou de se encontrar duas semanas por mês.
- Mas a gente nunca acertou isso em detalhes.
- Você tinha falado que seria dessa forma.
- Naquela primeira conversa pelo zap, mas que a gente acertaria os detalhes
pessoalmente.
- Não entendi assim.
- Você não viajou mais. Ficou por aqui. A gente foi-se encontrando. Eu pensei
que você estava gostando dos encontros.
- Você disse também que ia me ajudar para eu montar o flat.
Só que Fernando tinha oferecido ajuda financeira para comprar os móveis e ela
tinha recusado.
- Você é que não quis aceitar minha oferta de ajuda.
- Eu tive que vender minhas coisas em Fortaleza e me descapitalizar para vir
para São Luís. E aqui está péssimo. A cidade não é interessante. Quase não aparecem
programas. Você é o culpado de me ter atraído para cá. E quando falo em ir embora, e
voltar para Fortaleza, você diz não, fica mais um pouco. Você está somente me
prendendo aqui.
- Andreza, por que você não conversou sobre estes problemas antes?
- Eu esperei você se tocar. Acho que não tem nada aqui nessa cidade para mim.
Você tem um trabalho, tem profissão, e é util para a sociedade. Já não digo o mesmo
da minha pessoa.
- Por que você não se prepara para fazer concursos públicos?
- Tenho pensado sobre isso. Vou ver uns cursos preparatórios.
- Pois veja com calma. Pode ser uma boa opção para você.
- Mas, enquanto isso, preciso trabalhar. Fernando, mais uma coisa: não vai dar
para a gente se encontrar mais no meu flat.
- Por que, Andreza?
- Não vai dar mais certo.
- Ok. Andreza, você me joga tudo isso na cara depois que eu te repassei R$
4.000,00 e ainda te ajudei com R$ 2.400,00 para você pagar o caução do flat?
Suellen neste instante ficou calada.
Em verdade, Fernando havia ajudado a garota a entrar no flat, cobrindo as
despesas de caução, com o pagamento adiantado de três meses de aluguel, para evitar
a necessidade de um fiador na imobiliária.
Depois disso se apartaram e o homem foi embora.

Após sair da casa de massagens e iniciar sua peregrinação pelos motéis de São
Luís com seus clientes Andreza começou a reduzir sua lista de seguidores e das pessoas
que ela seguia no aplicativo de fotos e vídeos instantâneos. André também lhe
solicitou que ela reduzisse sua lista de contatos, assim como ele já havia feito. Assim,
Andreza começa a apagar vários de seus seguidores do Instagram. Seu comportamento
era de mudança repentina, excluindo de uma hora para outra vários de seus
seguidores, numa atitude muitas vezes não tão bem deliberada.

Fernando ficou desconfiado com o comportamento de Andreza e procurou nas


redes sociais, descobrindo assim o nome completo de sua irmã mais nova. Ele
procurou a ajuda de um amigo que descobriu o número do telefone celular de Melina
e por esse número conseguiram descobrir o endereço da irmã caçula de Suellen.
Fernando então lançou o endereço no aplicativo de mapas urbanos na rede de
computadores e, para sua imensa surpresa, o advogado descobriu que a ruiva tinha o
negócio da clínica de massagens. A estória inventada pela morena fazia algum sentido.
Ela dizia que sua irmã caçula morava perto da praia, em um bairro nobre. De fato, o
endereço da casa de massagens era próximo a praia do Calhau. Andreza mentia e
encobria a verdade dele. Fernando verificou também que a mãe de Andreza era
enfermeira e sua irmã mais velha cursava Enfermagem. E numa pesquisa na Internet
verificou que nenhuma delas nem o cunhado de Andreza possuíam nenhum salão de
cabeleireira.
Fernando concluiu então que Andreza trabalhava para montar um bordel para
si, pois deveria querer ter seu próprio negócio, independente de sua irmã. Ela alegara
que sua irmã tinha um negócio em um bairro e ela Andreza fazia programas na
intenção de juntar grana para expandir o negócio de sua irmã, só que num bairro
melhor. As frases faziam sentido, interpretando a forma de Suellen mentir.
Ele decidiu, porém, que não contaria para a garota de programa que tinha
descoberto a verdade.

Dialogaram Fernando e Andreza alguns dias depois, após uma transa:

- Fernando, sinta-se livre para procurar outras garotas no site.

- Não, Andreza. Eu só quero você.

- Oh! Que bonitinho! Mas pode ficar à vontade, meu bem. Falo sério. Não sei:
algo mudou entre nós. Eu sinto isso. Você me magoou. Acho que a gente deveria dar
um tempo. Antes, quando eu te via chegando parece que eu ia voar; eu ia até as
nuvens e voltava.

- Andreza, eu te quero muito. Você é muito importante pra mim. Quando eu te


conheci eu atravessava um momento difícil em minha vida e me sentia muito
estressado e estafado. Você me deu tanto carinho e prazer como nenhuma mulher
jamais havia me dado. Acho que eu nunca vou te esquecer.

- Eu também passava por um instante delicado em minha vida, com o


distanciamento da minha família e tu me trouxeste alento, me trazendo bons
momentos quando eu estava muito triste, para que eu pudesse transpor essa situação
delicada. Acredito que tudo isso valeu e não hei de esquecer. Foram muitos bons
momentos. Será que nada disso valeu ? Eu me questiono em alguns momentos.

- Andreza, todo homem é mais comedido nas suas expressões de afeto, se


comparado às garotas. Mas quando um cara diz que gosta de uma mulher ou mesmo
declara que a adora, acredite que é verdade. E é melhor dizer que se adora alguém,
falando a verdade, do que dizer que se ama outra pessoa, quando não se tem certeza.
Um homem dificilmente chega para uma garota e diz que a ama; porém, quando ele
diz que gosta, deve ser pra valer!

- Mas se você preferir a gente se dá um tempo para decidir sobre nossa


situação. Você é quem sabe. Mas eu acharia melhor se fosse assim.
EM SUA CASA, ANTES DE DORMIR, FERNANDO PROCUROU UM TEXTO NA
INTERNET SOBRE HOMENS QUE SE APAIXONAM POR ACOMPANHANTES.
O advogado ficou curioso com o tema acompanhantes e pesquisou na internet
sobre relações afetivas com prostitutas e encontrou o seguinte texto:

“Diversos homens que costumam sair com garotas de programa já se


depararam com uma paixonite, provavelmente alavancada graças à química do primeiro
encontro.

“A questão é: ´Será que dá para levar o romance adiante, mesmo com uma
profissional do sexo?´ Bom atendimento e reciprocidade de sentimentos são coisas
diferentes. Namorar uma garota de programa é furada?

“Ela é uma profissional, e está acostumada com essa separação entre prestação
de serviço e envolvimento amoroso.

“Resumindo, ela pode estar simplesmente ‘interpretando’ uma personagem


apaixonada por ti. Portanto, não confunda frases carinhosas (ela chamará você de
´amor`, mas não é para levar a sério) ou afirmações sobre você com um possível
sentimento da garota. Tudo que estará rolando nesses casos é uma profissional
exercendo bem o seu trabalho.”

O homem leu e releu com muita atenção e depois ficou refletindo o conteúdo
do texto.

Conversaram Andreza e Fernando alguns dias depois, após transarem no local


da garota:

- Manu, eu li numa pesquisa que o “cuckold” é uma prática em ascensão no


Brasil, visto que as mulheres estão se permitindo mais, se envolvendo em outros
relacionamentos e experimentando relações novas e mais casuais. Ou seja, a busca do
sexo feminino por espaço na sociedade e para ter os mesmos direitos que os homens
também se estende para a vida sexual.

- Eu soube que a prática de “BDSM” é a que mais cresce no Brasil – declarou a


garota. - Você sabe o que é isso?

- Sim. Você pratica tal modalidade de prática sexual?

- Não. Não curto. Mas tenho umas colegas que praticam.


- Eu acredito que o aumento do interesse nestas práticas se deve, em parte, à
internet e à mídia, além de outras questões comportamentais e de personalidade. A
mídia populariza os fetiches através de músicas e filmes - como é o caso da trilogia
“Cinquenta Tons de Cinza”, que incentivam a prática do BDSM na vida de muita gente.

- Além disso, atualmente também existem sites especializados em contos


eróticos, o que acaba contribuindo para o crescimento dos fetiches tanto no Brasil
como no mundo – disse Andreza.

Em seguida disse a garota:


- Fernando, minha família não pode saber que estou aqui, neste lugar – afirmou
Suellen. - Eles acreditam que estou em Fortaleza. Ai, meu Deus, como eu sou confusa –
falou ainda, como que pronunciando em voz alta seus próprios pensamentos. - Minha
irmã caçula e meu cunhado não podem saber que estou aqui. Eu não contei isso para
eles ainda.
Neste momento o advogado mudou de assunto:
- Andreza, acho que eu descobri algo sobre você...
- O que, Fernando? Retrucou a mulher, bastante surpresa.
- Estive pensando naquilo que você me disse de se sentir uma pessoa frustrada;
de ser uma mulher cheia de arrependimentos...
- Sim, e daí? Prossiga.
- Eu estive olhando suas redes sociais...
- Fernando, você estava bisbilhotando minhas páginas na internet. Não gosto
disso. Quem te deu esse direito?
- Desculpe, então.
- E o que você acha que descobriu sobre minha pessoa? Indagou a jovem mais
uma vez, já ansiosa.
- Andreza, você já esteve grávida, não foi? E esconde isso das pessoas. Essa
gravidez é um dos motivos das suas frustrações e dos seus arrependimentos... Mas por
quê?
Neste instante a garota ficou calada, como que não negasse; mas, ao final de
uma pausa, pronunciou, como que surpresa, mas se percebia que tentava mentir:
- Eu???
- Eu te vi em umas fotos com roupas muito folgadas e seu ventre crescendo;
seu semblante estava diferente; você fez umas postagens estranhas. Minha intuição
diz que você estava grávida.
- Fernando, não gostei nada de você ter investigado minha vida. Eu nunca
engravidei; de onde você tirou isso, essa ideia? Alegou a morena.
Todavia, o homem sustentou sua colocação. E fez mais uma pergunta:
- Andreza, e o que aconteceu com seu filho? Você perdeu a gravidez? Teve um
aborto? Ou você teve seu filho e o entregou para alguém o criar?
Andreza emudeceu de vez. O advogado percebeu o quanto aquele assunto a
tinha incomodado. Neste momento a jovem mudou seu semblante e transpareceu
uma singela tristeza; seus olhos também parecerem ficar mais úmidos e prestes a
lacrimejar.
Ela decidiu, então, quebrar o seu silêncio, mas disse apenas:
- Não quero falar sobre isso. Jamais.
E ela ainda pronunciou:
- Fernando, você foi longe demais. Ficar bisbilhotando minha vida. Não faça
mais isso. Saiba que nunca gostei de gente curiosa demais e xereta. E eu sei cuidar de
minha vida. Não preciso ficar remoendo meus problemas com os outros. Deixe, que sei
cuidar de mim.
- Tudo bem, desculpe. Não tocarei mais nesse assunto.
O rapaz concluiu que a história tinha fundamento.
E realmente não conversariam mais sobre esse tema.

Enquanto se relacionava com Fernando, Andreza continuava tendo encontros


com Rafael. Conversaram Suellen e o DJ numa boite de São Luís quando saíram à noite
pouco tempo depois dela ter visto Fernando.

Os dois dialogaram um pouco antes de transar. Disse o rapaz, inicialmente:

- Andreza, falando sério: você prefere sexo bruto ou apaixonado?

- Uma mistura dos dois. Depende do dia.

- Qual é o seu fetiche?

- Transar com um homem tatuado e de músculos definidos.


- Você gosta de um pouco de dor durante o sexo?

- Sinceramente, não.

- Já usou comida na hora do sexo?

- Como assim??

- Para incrementar algo durante a relação sexual.

- Só tomei vinho espumante uma vez.

- Você já teve algum sonho ousado comigo?

- Sim. Transamos dentro de um elevador.

- Verdade?

- Sim.

- Que legal!!! E Já foi pega no flagra por alguém? Por exemplo, sua mãe, seu
pai ou sua irmã?

- Não.

- Já observou alguém transando?

- Só quando fiz ménage, mas foram pouquíssimas vezes. Não gostei muito da
experiência.

- E já transou com alguém assistindo?

- A mesma resposta da pergunta anterior.

- Você já fingiu ser outra pessoa enquanto transava?


- Eu não. E não aceito bancar esse papel se me pedissem para o fazer.

- Você já usou “chantilly” durante o sexo?

- Minha irmã me contou que já. Eu, quase uma vez!! Não deu tempo. Um

cliente maluco queria que eu chupasse o pau dele sem camisinha e com chantilly, mas

como não aceitei, ele também dispensou fazer com camisinha. Uma fantasia maluca
dele! Ele pensava que eu toparia qualquer coisa. Comigo não, criança.

- Você já pagou por sexo?

- Não. Pondero que eu não pagaria. Mas quem é que tem certeza disso...

- Você já pensou em recriar alguma cena de filme pornô com a pessoa que está

transando contigo?

- Assisti a poucos vídeos eróticos para aprender algumas coisas, mas não
procuro reproduzir exatamente o que se faz neste tipo de filmes.

- Você já transou com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, fora nos
programas?

- Não, meu bem.

- Onde você mais adora receber beijos?

- Na boca, com toda certeza.

Andreza conversou com Fernando três dias depois, após uma transa.
- Tenho duas sobrinhas - contou Andreza - e a mais nova é muito ligada a mim.
A mais velha já tem quase 15 anos, é moça, já está quase da minha altura e por isso
tem suas companhias e suas paqueras; a mais nova porém só tem 11 anos e é minha
companheira. Vamos ao shopping passear, vamos à praia. Também adoro dar
presentes para ela. Mamãe já me falou que eu preciso ter uma filha pois já tenho mais
de 25 anos de idade. Eu penso porém que agora não necessito; não está em meus
planos; tenho minha sobrinha. Eu já disse para ela que a titia a ama muito.
- Andreza, será que fazer programas em sua cidade, onde sua família mora, não
foi um erro seu? Você não se expôs muito e expôs muito sua família? Será que suas
sobrinhas quando crescerem e entenderem das coisas vão ficar orgulhosas do que a tia
fez, caso descubram seu passado? Você não está arriscando sua família a sofrer
ridicularização e retaliações por conta dos seus procedimentos e da vida devassa que
você levou?
- Não sei. Prefiro acreditar que não. Farei tudo para agir na surdina.
______________________________________________________________________
Fernando foi ao supermercado e comprou uma garrafa de vinho seco,
lembrando que Andreza comentara apreciar esta bebida, e ofereceu à garota, dizendo-
lhe, porém, que ela poderia tomar o vinho sozinha, com calma, se o quisesse. Ela era
desconfiada e não o convidou para provarem da bebida juntos, e o advogado não quis
forçar esta situação. A jovem, na noite seguinte, consumiu a bebida, e após ingerir 3
taças do vinho, caiu levemente no sono, e teve alguns delírios, onde dialogava consigo
mesma: “Não, eu não vou ficar com você. Você não realizou nada demais por mim.
Não vou me apaixonar por você, não posso. Além disso, você nem é tão bonito assim.
Eu pensei que poderia ter para mim uma pessoa melhor. Eu nunca tive em minha vida
uma pessoa boa como você, mas é ilusão da minha cabeça... Eu não posso me
enganar... Você só quer me seduzir para me fazer sofrer depois. Não vai conseguir. Vou
te mostrar”. E continuou dormindo, sem lembrar de nada no dia seguinte.
Alguns dias depois Suellen ficou estranha e quase não respondia as mensagens
do advogado. Ela parecia estar se afastando, mas o homem conseguiu marcar um
encontro com a jovem. Ela o atendeu de modo diferente, com o semblante fechado e
uma “cara de poucos amigos”. Não se assemelhava em nada com a meiga garota de 10
dias atrás. Fernando tentou abordar o problema, mas ela se negou a confessar. Ele
neste mesmo dia teve a infeliz ideia de questionar se Andreza se importave com ele e
se o considerava algo mais que um cliente. Ela, porém, o respondeu rispidamente e
ainda afirmou categoricamente que o rapaz para ela era mesmo apenas um cliente a
mais, como qualquer outro. Ele notou a intenção de Andreza de machucá-lo
psicologicamente e percebeu um excesso de sinceridade que até o chocou, mas
acreditou que aquelas palavras representavam mesmo a verdade. O advogado não era
nada importante para Suellen, ao contrário do que ela afirmara anteriormente. Ela ela
estava ali somente pelo seu dinheiro, ele pensou, e de resto não lhe mantinha
nenhuma afeição especial. Ela não imaginava que ela o amasse, mas pensava
tolamente que a garota lhe nutria algum sentimento de afeto, do que agora ele já
duvidava completamente. A morena se desentendeu com Fernando e lhe disse que
eles estavam se encontrando demais e não haviam combinado isso. Ele também se
chateou, pois perguntou se a garota se importava com ele e esta o respondeu dizendo
que não. Suellen ainda disse que o advogado tinha feito pouco por ela e o que realizou
foram apenas pequenos favores. Ela também desmarcaria um encontro com ele em
cima da hora alguns dias mais tarde para atender outro cliente no motel, pois
Fernando se atrasou um pouco, e depois disso o homem ficou aborrecido com ela e se
sentiu desvalorizado. Tiveram por fim mais uma discussão e preferiram dar um tempo.
Andreza lhe disse que ainda lhe devia um encontro e este ocorreu, tendo sido bastante
caloroso e com muito envolvimento, ao final do qual, preferiram terminar o caso
entre eles.

No dia seguinte, contudo, Andreza lhe enviou uma mensagem:


“Fernando, já que a gente não vai se ver mais posso apagar seu contato em
minha agenda do telefone celular?”
O advogado a respondeu:.
“Não, Andreza, não apague meu contato ainda. Espere um pouco”.
No mesmo dia, algumas horas depois, Fernando lhe enviou a seguinte
mensagem:
“Andreza você é muito especial e é importante demais para mim. Eu gosto
muito de você. Acho também que nunca vou te esquecer. Jamais uma mulher tinha me
dado tanto carinho e tanto prazer como você. Eu espero que a gente ainda tenha uma
chance. “
Andreza, dois dias mais tarde, escreveu a seguinte carta em resposta a
Fernando:
“Desde a última vez em que nos falamos e depois de tudo aquilo que você me
disse eu vim fazer algumas reflexões.
Fernando, eu gosto de você, mas você não tem cumprido o que me
prometeu. Eu sou uma garota de programa e tenho de ser paga pelas minhas horas de
trabalho. Minha companhia não é de graça. Você disse que me ajudaria, mas não está
me ajudando. Você não está cumprindo um papel de homem. Você me atraiu pra cá e
está me manipulando. Eu preciso de dinheiro. Você me fez várias promessas, mas que
ficaram da boca para fora. Na última vez que nós ficamos eu senti muita coisa boa,
sentimentos especiais; não sei se você gosta mesmo de mim, ou apenas é fingimento;
mas se sentisse metade do que eu senti aquele último dia em que nós transamos eu
teria a certeza de que você gosta mesmo de mim. Se você preferir vamos dar um
tempo para que a gente possa pensar melhor.”

Ao receber a mensagem com esta correspondência Fernando leu e releu e fez


a seguinte reflexão: “Andreza se contradiz muito no que ela diz e no que ela faz; e o
conteúdo de sua carta é apenas um desabafo repleto de cobranças por bens materiais;
é a manifestação de uma pessoa puramente materialista, e que, no final, para disfarçar
sua verdadeira intenção, diz sentir algo de bom por outra pessoa, mas no fundo, só
está preocupada mesmo é com vantagens materiais e financeiras“.

Mas não enviou nada disso para ela. O homem ficou muito entristecido com
aquelas palavras de Suellen.

FERNANDO ENVIOU UMA MENSAGEM PARA ANDREZA DOIS DIAS DEPOIS. Ele
encaminhou a seguinte comunicação pelo aplicativo de mensagens:

“Andreza, estou pensando mesmo em desistir de você. Eu não queria fazer isso
e chegar a este ponto, mas estou perdendo as esperanças contigo. Eu fiz de tudo para
criar uma conexão afetiva com você, mas confesso que é muito difícil. Não sei mais o
que tentar. Eu busquei ter empatia com você e prestar atenção a tudo que você me
dizia, para descobrir seus gostos, seus desejos e sonhos, mas você pouco se abre.
Procurei me interessar por sua vida e seu mundo, e buscar similaridades com você.

“Revelei segredos meus para você e te fiz confissões para conseguir sua
confiança, sem medo de demonstrar meus defeitos e fraquezas porque eu acreditava
em você e passei a confiar em ti. Todavia, nunca me lastimei de minha vida e nunca fiz
papel de falsa vítima. Procurei ser verdadeiro.

“Busquei te compreender e respeitar suas opiniões, e assim demonstrei estar


interessado e empolgado com tudo que você me contava. Tentei te compreender e
ouvir, sem te julgar.

“Tentei te encorajar e te oferecer outras opções para sua vida, mas sem
cobranças nem pressões, sempre te deixando livre para decidir o que era melhor para
si.

“Tentei demonstrar afinidades, te trazer algum conforto e fazer com que se


sentisse agradável ao meu lado e experimentasse boas emoções na minha companhia,
mas não consigo. Nunca tentei fazer o jogo da sedução barata contigo, te enganando e
mostrando uma pessoa que não sou. Eu juro que fui honesto e autêntico.

“Eu estou desistindo de você.

O advogado e a garota voltaram a se encontrar alguns dias posteriormente


pela última vez e tiveram mais desavenças.

O advogado notou que Suellen estava tristonha e lhe indagou:


- Andreza, está tudo bem? Posso te ajudar em algo.
- Não se preocupe comigo. Não se sinta responsável por mim. Fernando, você
abusou de mim - queixou-se a garota de programa.
- Como assim, Andreza? Não estou sabendo do que você está falando.
- Também estive analisando com calma nossa situação. Você está me devendo
uns programas ainda.
- Garota, eu não vou te pagar mais nenhum centavo. Chega de exploração. Eu
já te dei muito dinheiro. Eu te repassei R$ 4.000 no início. Depois, ajudei no seu caução
do flat; te ajudei com R$ 2.000,00 para você arrumar seu cabelo; e, por sinal, você
nunca mandou ajeitar seu cabelo.
- E eu vou sair dessa relação sem nenhuma recompensa? Não vai sair nada para
mim? Você dizia que me ajudaria a montar um salão de cabeleireira. E então? O salão
de beleza de que você tanto falava...
- Andreza, nós só falamos sobre esse assunto uma única vez e sem aprofundar a
discussão. Depois disso nunca mais você tocou nesse tema nas nossas conversas. Seria
algo para ser planejado e para o futuro, se nosso relacionamento desse certo. Mas
infelizmente não deu...
- Fernando, eu me decepcionei com você; você parecia ser uma boa pessoa,
mas...
- Como assim, Andreza? O que eu te fiz?
- Você só me manipulou e abusou da minha boa vontade. Você cometeu um
estupro de boa fé. Você me provocou montar esse flat para se encontrar comigo e me
explorar. Explique isso.
- Andreza, que absurdos você está dizendo! Não acredito no que estou ouvindo
hoje de você. Que bicho te mordeu hoje, menina? Por que você diz que eu fui abusivo
com você? Eu nunca te obriguei a fazer sexo comigo. Tudo o que você fez foi de livre e
espontânea vontade.
- Quando eu estava nos meus momentos difíceis, aflita com meus problemas,
você não me deixava em paz, me procurava, querendo sexo... Você abusou sim de
mim.
- Andreza, se você passava por dificuldades e angústias, não se abria comigo.
Dizia somente para eu não me preocupar contigo. Não quer contar seus problemas,
fica guardando e remoendo, depois dá nisso. Quer descarregar toda a culpa e os
ressentimentos em quem não tem nada a ver e é inocente, como eu. Se não tem
coragem de se abrir comigo e com mais ninguém, por que não procura um psicólogo
que não conheça ninguém da sua roda de amizade ou família e se revela para ele,
desabafando o que for necessário? Andreza, eu não te forcei nem obriguei a fazer
nada. Eu não impedi que você trabalhasse com o que você quisesse e não influenciei
em suas opções. Você sempre foi livre para tomar suas decisões e levar sua vida ao
rumo que você bem entendesse.
- Estou cansada de você. Nunca mais a gente vai ser íntimo; não dá mais; perdi
a confiança em você. Você me enganou: você não passa de um abusador hipócrita. Nos
momentos em que eu estava mal psicologicamente, você mesmo assim me procurava
para fazer sexo com você. Eu só fiquei hoje com você e transei porque você me paga,
senão eu não queria ver sua cara.
- Andreza, eu nunca fiz sexo com você contra a sua vontade; nunca transamos
na condição que eu percebesse que você estivesse sob o efeito de bebida alcóolica ou
drogas, lícitas ou ilícitas. E quando nos encontramos você jamais me pediu para não
transarmos porque não estava se sentindo bem. Muito pelo contrário, nossos
encontros foram maravilhosos. Sua fala agora me causa estranheza.
- E adiantaria falar isso para você? Eu já estava me tornando uma escrava
sexual sua...

- Claro que adiantaria; quanto absurdo você acabou de me dizer; você me


pintou agora como um monstro. Andreza, também cansei de você.
- Pois é...
- Andreza, quando eu te conheci, eu falei que tinha sentido uma energia muito
especial e muito boa em você, e que me tocou profundamente. Em parte, era verdade.
Mas eu também falei isso para tentar criar uma empatia com você, mas percebi depois
que era impossível... Comprovei minhas desconfianças: você não passava de uma
garota materialista e insensível.
- Você mentia, então.
Fernando desabafou para Suellen neste instante:
- Andreza, você engana quem te conhece mal - disse o advogado. - Você não é
uma boa pessoa. Eu fiz tudo para te agradar, elevei sua autoestima, fui legal com você,
fui delicado, fui humano. Eu tentei construir uma ligação afetiva com você, mas, ao
menor sinal de problemas, você me trata mal, tenta me humilhar, me magoar. Você
não presta. Quando você quer magoar alguém não poupa palavras para fazer isso. Sai
descarregando sua verborreia sem pensar melhor, sem imaginar as consequências. É
“sincericídio”. Engraçado como você fica vocalizando seus pensamentos, parece uma
pessoa que sofre das faculdades mentais. Pensamentos de ódio, retaliação e vingança.
Mas é bom que você não esconda mesmo tudo isso que é tão negativo e tão pesado
que existe em seu íntimo e que você deixa escapar nestes rompantes de total
destempero de sua pessoa. As pessoas inteligentes irão descobrir então quem você
realmente é; sua máscara vai cair; eu tentei ser bom para você e te tratar como ser
humano, mas você não quer e não merece. Eu desisto. Você diz que sente mágoa de
muitas pessoas, muitos traíram sua confiança e te decepcionaram, mas a verdade é
que você também decepciona as pessoas com suas grosserias, seu mau humor e sua
instabilidade emocional; você descarrega toda uma aura pesada em cima dos outros,
você é uma pessoa tóxica. Seu afeto é tóxico. Você vai passar a vida toda dizendo que
as pessoas te decepcionaram e que você só guarda mágoas em seu coração. Mas saiba
que a verdadeira culpada de tudo isso é você mesma.
”Hoje será nosso último dia. Eu estou farto dos seus abusos e de sua mania de
perseguição. Vai se tratar. Para mim não dá mais certo. Não quero te ver mais. Tchau.
E Fernando se retirou do flat da garota.
Andreza enviaria ainda um recado para Fernando pelo aplicativo de
mensagens:
- Desculpe, se eu não fui aquilo que você esperava de mim.
- É só isso que você tem para falar para mim, Andreza? – replicou o homem. -
Eu pensei que você me pediria desculpa de outra forma e com outras palavras pelo
modo como você me tratou e pelos absurdos que você disse. Sua desculpa é
insuficiente.
- Tudo bem, me desculpe.
Mas ele já não tinha nenhuma intenção de retornar para ela e Suellen já sabia
que nunca mais daria certo se encontrarem.

Após se afastar de Fernando, Andreza decidiu fazer um “book” para vender


fotos dela nua e para divulgar na internet nos sites de acompanhantes. A garota
lembrou que havia conhecido através de seus programas dois fotógrafos renomados:
Jonatan Negrão e “Leleco”. Ela os procurou e realizaram o conjunto de fotografias que
a morena desejava. Ela pagou uma parte do trabalho dos seus amigos com programas.
Eles também lhe ofereceram para que a jovem divulgasse seu álbum de fotos para
empresários interessados em garotas de programa, mas ela recusou a oferta.

Após alguns dias, Andreza conheceu um cantor e DJ na noite de São Luís e


começou a sair com ele. Seu nome era Jefferson, o qual confessou ser casado, mas ela
se apaixonou por ele mesmo assim. Era uma pessoa misteriosa, fugidia e não corria
atrás de Suellen. Fazia o sexo safado de que ela prescindia e isto conquistou a jovem.
Jefferson a princípio não sabia que a jovem era uma acompanhante sexual. Todavia,
após alguns encontros ela criou coragem e revelou a verdade para o homem,
temendo porém poder perdê-lo após tal notícia. Mas ele preferiu continuar saindo
com a jovem.

- Você gosta do seu nome? – questionou Jefferson.


- Na verdade eu preferiria que meu nome fosse apenas Andreza; não gosto do
pós-nome “Suellen”.
- Realmente; também não simpatizo muito com esse nome; Suellen – e o
homem pronunciou pausadamente. - Ele parece combinar com nome de garotas de
programa.
- Não fala isso. Assim você até me ofende.
- Desculpe, escapou.

A morena lhe confessou a vontade de montar um bordel de luxo ao perceber


que Jefferson conhecia muitas pessoas relevantes, e lhe fez uma proposta de
montarem este negócio juntos. Ele soube envolver Andreza psicologicamente e ela
imaginou que o DJ poderia deixar sua mulher para ficar com ela, pois o rapaz não
possuía filhos ainda e não era casado de fato nem civil nem religiosamente, como ele
mesmo revelou. Tiveram um rápido romance, que durou cerca de dois meses, e
Andreza transava com ele sem preservativos, tentando engravidar. Ela fazia de tudo
para agradá-lo na cama, mostrando-se totalmente submissa a ele. Todavia, ao final de
dois meses de encontros e das mais loucas transas em motéis, hotéis, apartamentos
de amigos, praias e dentro de carros, os dois se apartaram, pois Jefferson disse que
não poderia deixar a esposa e não gostaria de ver Andreza sofrer, pois percebia que
ela estava apaixonada por ele.
Após transarem um certo dia, o homem disse à garota:
- Suh, achei interessante o que você escreveu em sua página de Facebook.
- E o que eu escrevi? Você andou vasculhando minhas redes sociais? Eu não
gosto disso, viu?
- Eu li apenas algo interessante que você colocou, uma citação, que por sinal
não é sua. Você retirou de outra pessoa.
- Qual foi?
- Você escreveu: “Os contidos que me perdoem, mas eu nasci para ser
intensa.”
- É verdade, eu sou assim mesmo: intensa em tudo que faço e me dedico.

- Legal, sua altivez. Mas cuidado que muita intensidade no começo pode ser
somente “fogo de palha” - rebateu o indivíduo. – Mais importante é ter persistência.

- Ai filho, resiliência e perseverança é o que não me faltam.

- Então, parabéns para você.

Enquanto mantiveram um caso amoroso, porém, Andreza não lhe confessou


que já o estava amando e inclusive não o cobrava financeiramente pelos encontros,
mesmo depois de revelar seu verdadeiro ofício. Ao terminarem, eles ainda se seguiram
por um tempo no aplicativo de mensagens instantâneas e vez por outra ela fazia
postagens enviando mensagens indiretas para ele, como um vídeo que Suellen postou
em seus “stories” com uma criança chorando e uma mensagem dizendo mais ou
menos assim: “Eu te amo tanto e você nem ‘tchuuum’ para mim, não me dá a mínima
atenção”; e outra mensagem, em outro dia, nos seus stories, contendo um vídeo de
um homem dançando com duas mulheres coladas ao seu corpo, uma por trás e outra à
sua frente, de modo semelhante a um sanduíche, sendo que Andreza escreveu a
seguinte legenda para este vídeo: “Eu gostaria de saber conduzir minha vida da mesma
forma como este homem faz com estas mulheres nesta doença”. Todavia, Jefferson
nunca se manifestou perante estas mensagens e o caso amoroso entre os dois
encerrou de modo definitivo.

Ela o convidou para montarem o negócio de uma casa de massagens juntos e a


garota terminou lhe confessando ser acompanhante. Suellen se apaixonou por ele,
mas Jefferson preferiu continuar com sua companheira e deixou Andreza, a qual
estava brigada com André; A morena e seu cunhado fizeram as pazes e voltaram a se
falar.

Após encerrar seu breve caso com Jefferson, Andreza se reconciliou com André
e este por sua vez aumentou o controle sobre a prostituta. O militar supervisionava
sua conta principal de e-mail e de Instagram, sendo que tinha acesso a elas, pois
conhecia a senha. Ele também passou a pagar sua conta de aluguel, taxa de
condomínio e energia elétrica, literalmente para comprá-la. Suellen estava então
totalmente submissa a ele, por um preço muito baixo.

Também, depois de sair da casa de massagens e iniciar sua peregrinação


pelos motéis de São Luís com seus clientes Andreza começou a reduzir sua lista de
seguidores, também por ordem de André, além das pessoas que ela seguia no
aplicativo de fotos e vídeos instantâneos. Seu comportamento era de mudança
repentina, excluindo de uma hora para outra vários de seus seguidores, numa atitude
muitas vezes não tão bem deliberada.

Ester e Antônio José foram então se reconciliando com suas duas filhas mais
novas. Melina fechou o prostíbulo e partiu para tentar outras atividades. Andreza foi
morar sozinha, apartando-se de sua irmã caçula, e continuou fazendo programas. Seus
pais sabiam disso, mas tinham a esperança de que ela a qualquer momento largasse o
mundo da prostituição. Em parte eles foram seduzidos pelos proventos gerados por
essa atividade, e nunca bateram de frente com suas filhas, optando mais por orientá-
las a abandonar este ramo, para o bem das duas.

Dali a quatro meses também seria o aniversário do militar. André cutucou


Andreza:
- Suh, vai ser minha formatura e meu aniversário. Eu quero um presente. Você
nunca me deu uma lembrança quando faço aniversário.
Diante da pressão Suellen teve que ceder da sua avareza e assim o prometeu:
- Está bem, André. Vou te dar uma recordação.
- Meu Deus, até que enfim! – retrucou o militar, com certo alívio.
De fato, a garota foi até uma loja da franquia Relicário e adquiriu um perfume
masculino, que estava na promoção, pagou à vista e guardou para entregar ao
aniversariante.
Ofereceu-lhe dois dias antes de sua festa e pediu segredo para que Melina não
descobrisse.
- Não comprei nada para ela no seu aniversário – disse a morena, pedindo
sigilo. – Está aí, meu bem, um presente de aniversário. Você merece ! – felicitou sua
cunhada.
- Eu pensei que meu presente fosse duplo – brincou o rapaz.
- Pudera! – reagiu a jovem - Eu não estou rica não, menino – completou Suh.
___________________________________________________________
Andreza estava quase viciada em jogos de videogame para celular. Passava o
dia jogando, e em alguns momentos olhava suas redes sociais. Mas dedicava boa parte
de seu tempo nesses jogos, entre um programa e outro. Não encontrava motivação
para estudar. O último concurso público que realizara fora há 2 anos atrás e a moça já
não se inteirava mais com sua área de formação. A cada 15 ou 30 minutos
aproximadamente verificava o WhatsApp para saber se havia o recado de algum
cliente em potencial. Era grande a sua satisfação quando abria o WhatsApp e
encontrava mensagens a responder. Ficava até envaidecida e um brilho aparecia em
seus olhos. Mas eram tantos clientes exigentes e com tantas perguntas que ela desistia
de fazer programas com vários deles. Muitos também pareciam estar muito
interessados após as conversas preliminares com Andreza no celular, mas ao final
desistiam e não agendavam nenhum programa; a moça notava que ficava arrasada;
por outro lado, o papo de muitos homens não lhe agradava e era muito chato, ou até
antipático, segundo ela confessou e assim dispensava alguns clientes. Uma amiga sua
perguntou por que ela não se cadastrava num site de sugar-baby e sugar-daddy, mas
ela dizia que este tipo de situação não lhe atraía, e não estava em seus planos, por
enquanto. Quando Andreza fazia poucos programas sexuais seu nível de ansiedade e
angústia aumentavam. Ela mal comia; dormia tarde e por poucas horas; acordava
cedo; quase não sentia fome; as refeições eram muito rápidas pois a vontade de
retornar ao telefone celular era muito grande e a dominava; preparava para o jantar
muitas vezes apenas um macarrão instantâneo ou um sanduíche; não queria pedir
delivery de comida pois sua intenção era economizar dinheiro; felizmente não era
viciada em nenhuma droga ilícita (como muitas garotas de programa terminam
ficando) e consumia bebidas alcóolicas com moderação, e raramente. Andreza era
muito controlada e responsável com seus gastos e despesas; usava pouco ar
condicionado e preferia o ventilador para reduzir a conta de energia; comprava pouca
comida; não gostava de farras; comprava poucas roupas neste momento de sua vida;
era controlada nas ligações de celular; seu aparelho de smartphone não era o de
última geração; Andreza não tinha casa própria nem carro; tinha poucos móveis e
poucos eletrodomésticos em seu apartamento; chegava a ser um pouco mesquinha às
vezes. Mas o fato é que quando os programas não aconteciam e ela estava ganhando
pouca grana Andreza se transformava: ficava mais nervosa, impaciente, amuada e um
pouco revoltada; seu temperamento se alterava e ela poderia tratar mal qualquer
pessoa que passasse em sua frente, como resposta à aquela sua insatisfação
momentânea e incontrolável. Mas Andreza não era fácil de reconhecer quando estava
errada; dentro de si algo dizia que ela sempre deveria sustentar que ela estava certa e
com toda razão nas mais diversas circunstâncias em que ela se colocasse; seu
temperamento teimoso exigia que ela estivesse certa sempre e não reconhecesse
falhas nem erros, acusando os outros muitas vezes de desvios que na verdade eram
seus, seus próprios deslizes e erros, pois era quase impossível ela reconhecer quando
estava equivocada e pedir desculpas. Era muito improvável ela pedir perdão a alguém
por suas faltas.

Andreza dizia para Fernando que não se preocupava muito com sua aparência
e o seu shape, mas, após terminarem, ela começou a fazer muitas dietas de
emagrecimento e consumia chás para eliminar os excessos de líquido do corpo e para
perder peso, pois desejava ficar com a barriga sarada para colocar um piercing no
umbigo e para conquistar mais clientes. Ela também desejava aparentar uma menor
idade que a real, por essa questão ser imprescindível na atração de mais fregueses
para os programas.
Depois de se afastar de Fernando, Andreza a começou a ficar ranzinza, pois
estava realizando poucos programas, e agora parecia mais grosseira e indelicada nas
suas respostas aos clientes pelo WhatsApp. Como a situação estava difícil, sua
paciência estava se esgotando.
Alguns clientes se manifestaram assim pelo WhatsApp:
Cliente 1:
“ Olá, tudo bem? Vi seu anúncio na Internet e queria sair com você. Quais as
condições de seu programa? Meu nome é Caio.
“ Olá, Caio. Tudo bem? Meu programa inclui sexo oral e vaginal, ambos com
preservativo. Não faço sexo anal. Programa de 30 minutos R$ 150,00 e 1 h R$ 200,00.”
“ E se eu pagasse mais você faria sexo oral sem camisinha?
“ Não. Não é questão de valor. Não faço.
“ Você beija na boca?
“ Não, você pode me beijar em qualquer lugar, mas não beijo na boca. No
máximo um selinho.
“E posso fazer sexo oral em você? Posso chupar sua buceta, se der vontade na
hora?
“ Você pode me chupar, eu até gosto, mas não beijo. Não faço o estilo
namoradinha. Ok ?
“ Certo. Vou analisar e volto a entrar em contato. Obrigado “
“ Tudo bem. Tchau “
Muitos traziam a mesma conversa e nada de agendar programas.
Cliente 2:
“Bom dia. Vi seu anúncio e queria sair com você. Me chamo Alessandro. Como
é seu programa? Me repasse os detalhes.
“Sexo oral e vaginal, com camisinha. R$ 150,00 30 minutos e R$ 200,00 1 hora.
“Faz sexo oral sem camisinha?
“Não.
“Você topa sexo anal?
“Não faço.
“ No seu programa posso gozar mais de uma vez?
“Pode. Dentro do seu tempo pode.
“Você faz o estilo namoradinha?
“Não, meu bem, não faço. Vamos agendar o programa?
“ Vou ver um tempo em minha agenda e volto a te chamar. Tchau.
“ Tudo bem.
E encerraram a conversa.
Cliente 3:
“Bom dia. Vi seu anúncio e queria sair com você. Quanto está custando seu
programa? Me chamo Carlos.
“ Olá, Carlos. Está R$ 150,00 meia hora e R$200,00 1 hora. Sexo oral e vaginal,
com preservativo.
“ Nossa. Que programa barato... Você faz sexo a 3?
“ Não, meu bem, por que eu não faço sexo anal.
“ Beija na boca?
“ Não. Você pode me beijar em qualquer parte do corpo, mas não dou beijos
na boca.
“ E se eu te pagar uma quantia extra você pode chupar meu pau sem
camisinha?
“Não. Desculpa, mas não faço, por nenhum valor.
“ Você faz sexo com dois homens ao mesmo tempo?
“Não, meu bem pois eu não faço anal.

“Você faz pernoite?

“Não. Vamos agendar?

“Vou ver aqui e entro em contato depois.

“Ah eu sabia... Só queria papear mesmo. Tchau.

E Andreza se retirou da conversa.

Cliente 4:

“Bom dia, gata. Meu nome é Adriano. Eu queria fazer um programa com você!
Quando pode ser?

“No momento não dá. Estou fora da cidade. Mas estarei de volta no início da
semana.

“Quanto está o programa?

E ela repetia o valor.

“Você atende em local próprio?

“No momento estou atendendo em motel.

“No seu programa posso gozar mais de uma vez?

“No seu tempo pode.

“Você beija na boca?

“Olha, sou muito atenciosa. Mas não faço estilo namoradinha.


“Tem que pagar antecipado, por pix?

“Não.

“ Você dá algum desconto se eu te pagar em espécie?

“ Não posso. Este já é o menor valor que posso fazer.

‘”Está bem.

E o cliente encerrava a negociação no WhatsApp, sem marcar nada. Muitos


procediam assim. Parece que a maioria dos clientes buscavam sexo oral sem
camisinha, beijo na boca e sexo anal, fora aqueles que ainda pediam descontos nos
programas. Mas Andreza não queria ceder às exigências dos clientes e preferia
continuar com as suas condições para os encontros. Como as transações estavam com
valor muito baixo e os clientes pediam muito sexo anal Andreza começou a admitir a
possibilidade de fazer sexo anal nos programas, com a finalidade de aumentar o valor
cobrado com este adicional.

Ela respondia:

“O programa está R$ 150,00 30 minutos e R$ 200,00 uma hora, mas posso fazer
sexo anal. Ai o valor sobe para R$ 250,00. Mas isso só posso ver na hora, se dá para
fazer anal. “

Pois tudo dependeria da gentileza do cliente e do tamanho de sua


“ferramenta”. Ela tinha muito medo de se machucar ao realizar sexo anal, pois são
poucos os homens que sabem fazer este tipo de penetração e dar prazer para seu par.

De tanto os clientes lhe afligirem por beijos de boca nos programas Suellen
colocou a seguinte propaganda na Internet:

“Prazer, pode me chamar de Paula. Meu programa é uma delícia. Sou uma garota
muito safada. Adoro sexo. Comigo você vai ter um programa delicioso, com
preliminares bem gostosas, sexo oral e vaginal, com preservativo; mas atenção: sou
muito atenciosa, mas não faço o estilo namoradinha. “

A garota estava abusada dos homens perguntarem por beijos nos encontros
sexuais .

Algum tempo depois Andreza confessaria para Melina:


“Irmã, eu cansei de colocar anúncios de programas na internet. São muitos
curiosos; fazem perguntas demais e não agendam nada. Estou abusada desta situação.
São homens muito cheios de exigências e na maioria não querem nada. Só tomar
meu precioso tempo. Eu logo, logo, vou parar de colocar propagandas nos sites de
acompanhantes. Ah, eu já tenho meus clientes cativos mesmo. Vou ficar atendendo
somente eles mesmo ou algum amigo que eles me recomendarem. Posso até dar um
desconto em um s programas se eles me conseguirem fregueses novos. Mas
somente gente conhecida deles e confiável. Quero ter meus clientes cativos; são meus
namoradinhos; a gente sai para jantar ou vai para um pub; toma um vinho e depois
transa. E ainda me retribuem a companhia me pagando. Para que melhor? Adoro
meus clientes. A gente se diverte juntos; conversa, conta piadas, ri de nossas bobagens
e trepa, que é o mais importante e é o que eles afinal querem numa mulher; e ela não
ficar amolando a paciência deles nos dias seguintes. Nem qualquer pessoa ficar me
cobrando. Prefiro assim”.

- Parabéns, Andreza. Você está certa – concordou sua irmã caçula.

Andreza e seu cunhado mais próximo se encontraram e foram a um motel.


André acreditava que suas redes sociais tinham sido clonadas e comentou sobre esse
fato.
- Andreza, eu estou desconfiado que minhas redes sociais foram hackeadas e
invadidas.
- Por que, André?
- Meu Instagram travou e recebi uma mensagem de que a senha havia sido
alterada. Pedi para enviarem outra senha para meu e-mail e quando a senha chegou
cancelei esta conta do Insta e inclusive fiz outro e-mail. Também recebi um recado do
Facebook no meu e-mail de que tentaram mudar minha senha. Quem será que tentou
fazer isso?
“Também descobriram aquele outro e-mail que eu usava e clonaram. Não sei
quem está fazendo isso. Será que tem relação com a denúncia da clínica de
massagens?
- Não sei dizer; não faço ideia, André. Você acha que devo também modificar
minha conta de e-mail? Pois eu só tenho uma conta principal.
- Não, não precisa. Você tem alguma suspeita de que estão te espionando ou
“estalqueando”?

- Até o presente momento, não. Não desconfio de nada.


- Preciso ter cuidado: agora sou uma pessoa pública, um oficial da Polícia
Militar.
- Com certeza; tudo cuidado que você tiver é pouco.
- Qualquer suspeita da minha parte eu te aviso.
- Ok. Vamos ficar alerta.
- Você comentou algo com Melina?
- Sim. Avisei que eu ia mudar a minha conta de Instagram.
- Mas ela não havia comentado nada a respeito disso?
- Não.
- E onde ela imagina que você está agora?
- Eu disse que ia na casa de meu amigo Heverton, da Polícia. E por precaução
desliguei o GPs do celular há 20 minutos. Agora vou colocar no modo avião. Quando
eu estiver perto de casa retornarei o celular para as funções normais.

Depois dessa conversa foram transar.

Melina se lamentou após o fechamento da casa de massagens; escreveu a


mulher em sua página de rosto do WhatsApp:
- Uma hora vai melhorar; a situação está difícil, mas tenho esperança: um
momento tudo vai melhorar. Vou aguardar as obras de Deus.
Andreza comunicou sua irmã mais jovem que faria um concurso público para
trabalhar temporariamente como recenseadora. Ela chegou a prestar um concurso
público em outra cidade, mais para assustar André, sobre uma possível mudança de
cidade, o que não agradaria seu cunhado, mas ela não foi aprovada. O salário também
não compensava muito nesta vaga que ela estava concorrendo.

- Esse trabalho paga pouco, - contou Suh, referindo-se ao seletivo para


recenseadores - mas, por outro lado, posso fazer meu horário e assim conciliar com os
programas – justificou-se Suellen.

Andreza pediu isenção da inscrição, como sempre fazia, dada a sua avareza, e
realizou as provas. Foi selecionada, mas decidiu não assumir.

A casa de massagens já estava fechada e o casal Melina e André foram morar


em outro local, uma casa, perto do shopping Anil. Andreza também se mudou para um
apartamento no bairro Turu. Posteriormente, Melina comunicou sua irmã de que ela e
André estavam se mudando para um apartamento mais próximo da residência da mãe
dela, Melina e de sua sogra.

E André concluiu seu curso de oficiais da Polícia Militar.


Estranhamente ele publicou uma única foto nas suas redes sociais em
referência à sua formatura, e sem Melina ao seu lado.

Cerca de uma semana depois, Andreza enviou uma mensagem para Armando e
eles saíram.
Após o fechamento da casa de massagens e após se afastar de Jefferson,
Andreza sentiu saudades de Armando e tentou uma reaproximação com ele. O ex-
namorado já sabia que Andreza trabalhava como acompanhante, mas não deixou isso
transparecer para sua ex-namorada.
A morena lhe enviou uma mensagem pelo aplicativo de conversação.
- Armando, tudo bem? Quanto tempo que a gente não se vê. Você está
solteiro? Porque eu estou solteiríssima. Será que a gente poderia se encontrar para
bater um papo. Bateu uma saudade de você, meu bem.
Suellen notou que seu ex não postava nenhuma foto com alguma namorada ou
“ficante”, e não fazia nenhuma referência a estar compromissado. Então, Suh lhe
enviou esta comunicação.
Quando o rapaz leu o recado da garota, ficou bastante curioso. Ele imaginou
que ela procurava uma reaproximação. Mas tanto tempo depois... Por quê? O jovem
não hesitou em responder sua ex, tentando marcar um encontro.
- Andreza, que bom você entrar em contato comigo. Eu e que digo: quanto
tempo sem a gente se ver e se falar. Vamos marcar um encontro. Pode ser no próximo
final de semana?
Quando a jovem leu a resposta do rapaz, um sorriso abriu em seu rosto e ela
ingenuamente respondeu:
- Vamos marcar sim. Pode ser sábado à noite? Onde seria?
Ao visualizar a réplica de Suellen, o seu ex-namorado sugeriu o restaurante e o
horário.
- Tudo bem. A gente pode se encontrar lá às 19h ? Prometo ser pontual. –
pediu ele, sem lhe oferecer carona.
- Combinado. Até sábado, meu bem.
E ficaram acertados para um jantar no sábado, no restaurante e no horário
indicados por Armando.
No dia combinado, encontraram-se no local em que haviam marcado. A garota
chegou 15 minutos atrasada, pois as mulheres costumam atrasar por conta da
maquiagem, mas Andreza culpou sua pequena demorada pelo atraso do transporte
alternativo.
Ela chegou ao recinto e logo o avistou numa mesa reservada, num canto do
restaurante. Chegou até lá, e o cumprimentou com um beijo em cada lado do rosto,
assim que o homem se levantou. Ele a seguir lhe puxou uma cadeira e a convidou para
sentar.
Conversaram rapidamente, perguntando como tinha sido o dia de cada um e
Andreza mentiu que tinha passado o dia estudando.
Após esse papo introdutório, Armando indagou se a moça o acompanharia num
vinho seco e ela aceitou sua proposta.
O anfitrião chamou o garçom, solicitou a carta de vinhos e, juntos, escolheram
a marca do vinho.
Pediram também a entrada da casa que foi sugerida pelo garçom e ao tempo
em que degustavam o vinho foram dialogando.
- Andreza, você tem trabalhado com o quê? – indagou o homem, para testá-la.
- Armando, estou trabalhando no salão das enteadas do meu pai. Eu faço a
contabilidade de lá. – mentiu a prostituta.
- Que bom. Há quanto tempo já ?
Suellen engasgou um pouco na resposta, mas inventou:
- Olha, já faz um bom tempo. Há quase dois anos.
- Você está estudando para concursos públicos?
- Sim, Armando. Estou nessa luta. Passei no ano passado no concurso do IBGE,
mas não deu para eu assumir a vaga.
- E sua irmã, a Melina, está fazendo faculdade? Está trabalhando?
- Meu bem, a Melina prefere estudar para concursos públicos. Ela está se
preparando comigo para os próximos que aparecerem. Ela fez uma prova no ano
passado para curso Técnico em Edificações, mas eu nem sei qual foi o resultado.
- Pois, Andreza, vamos falar sobre nós: por que mesmo eu fui convidado para
este jantar hoje a noite contigo? O que você deseja de mim?
- Eu queria poder conversar com você sobre nós, calmamente, somente nós
dois; olhos nos olhos... – afirmou a jovem, insinuando-se para o rapaz.
- Uhmmm! Fiquei interessado agora! – afirmou Armando, para envolver a
garota. – Fale mais!
- Ai, Armando, fico envergonhada. Acho que você já imagina o que eu queria
dizer para você. – continuou a garota, na sua artimanha de sedução.
- Suellen, eu sonhei várias vezes com esse reencontro entre a gente.
- Foi mesmo, que bom. Então eu acertei em cheio nesse convite para você.
- Sim, você foi certeira. Precisávamos muito nos ver – declarou o indivíduo. –
Mas o que mais você tem a me dizer ou me contar – continuou Armando em sua
provocação.
- Armando, você não tem ninguém sério em sua vida? Depois que terminamos
você não assumiu nenhuma garota?
- Não, nenhuma – respondeu ele. – E você?
- Não vou mentir – blefou ela. – Eu estava com uma pessoa, mas a gente já
terminou há mais de 3 meses , e já o esqueci...
- E, somente agora que está solitária, lembrou-se de mim? – provocou o
homem, surpreendendo-a com sua colocação.
- Não, querido. Esse meu último caso não foi nada sério. Na verdade, acho que
eu nunca te esqueci – alegou a garota. - E porque não tivemos mais chances. – alegou
a mesma, sabiamente.
- E daí? – retrucou o cara.
- A gente poderia se dar mais uma chance. O que você pensa sobre isso?
Armando pensou em lhe dar uma resposta verdadeira, mas preferiu dizer:
- Pode ser, meu bem. Nós podemos tentar mais uma vez. Quem sabe nessa
ocasião a gente se entende bem e dá tudo certo.
Em seguida Andreza comentou:
- Meu bem, – chamou-o assim, por costume de tratar assim todos os clientes –
eu vi no seu Insta que você tem participado de tantos churrascos e tantas noitadas, e
aparecerm tantas mulheres, fico até com ciúme. É uma revoada atrás da outra. Que
vida boa a sua.
- Imagina – retrucou o rapaz raparigueiro.
Armando se impressionou um pouco com a sinceridade daquela mulher, que
antes lhe parecia uma pessoa calculista.
- Não, é impressão sua - enganou e disfarçou ele.
Continuaram assim a conversa do jantar e Armando, para testar de modo
definitivo se Suellen queria fisgá-lo, convidou-a após o jantar para irem a um motel e
ela aceitou seu convite. Lá, transaram bastante, com direito a todo o pacote de
concupiscências e o sexo safado com o qual Armando sonhara. Ele a fez praticar sexo
oral sem preservativo, posição 69, sexo anal, xingou-a se valendo do velho “dirty talk“
que ela tanto esperava, sexo violento com tapas no rosto e na bunda de Andreza, com
direito a gritos da garota e finalizou a trepada ejaculando dentro da boca da mulher.
Foi a transa dos sonhos do homem e valeu pelo jantar que ele lhe pagou. Ao final,
Armando a deixou em seu apartamento e se despediram com um selinho na boca.
- Eu entro em contato depois... – disse ele, ao se despedir da prostituta, e ele
seguiu seu caminho. Ela entrou no portão do condomínio e foi em direção de seu
apartamento.

Andreza imaginou que havia reconquistado seu ex-namorado e que este nos
dias seguintes correria atrás dela igualmente a um cachorro que vai em direção ao
dono quando este o chama, estalando os dedos. Mas desta vez isso não ocorreu;
passaram-se vários dias e nenhum comunicado de Armando chegou ao seu celular; a
garota começou a estranhar a situação e ficou mesmo assim na espera de um contato,
tentando não dar o braço a torcer e não querendo lhe enviar uma mensagem primeiro.
Só que se passaram mais de dez dias e seu ex não deu mais sinal de vida.
Então, embora não gostasse disso, Suellen lhe enviou uma mensagem bem
presunçosa.
- Armando, bom dia. Você não entrou mais em contato comigo. Aquele dia foi
muito especial... Adorei, sabia? Aconteceu alguma coisa com você? Posso ajudar?
Envie notícias! Um beijo! Tenha um ótimo dia, meu bem.
O homem, propositalmente, leu a mensagem apenas no dia seguinte, mas
nada respondeu para aumentar a ansiedade e o desapontamento de Andreza.
Esta começou a ficar desconfiada, mas como era muito inconstante e volúvel
voltou a lhe enviar outro recado dois dias depois .
- Armando, bom dia. Eu gostaria de conversar com você. Seria possível a gente
marcar?
O homem olhou a mensagem da prostituta apenas 12 horas depois e lhe deu a
seguinte resposta:
“Andreza, não vai dar certo a gente se encontrar mais. Eu já soube toda a
verdade sobre você. Sei que é uma puta agora e que transa por dinheiro. Nem sei por
que motivo me procurou, mas não cairei em sua lábia. Aquela nossa noite foi uma
despedida; obrigado pela trepada; nunca vou esquecer. Você é mesmo boa na cama,
mas é só isso mesmo. É apenas uma vagabunda, louca por sexo e grana. Naquele dia,
eu já sabia toda a verdade sobre sua pessoa. Não vou mais te dar prazer e não nos
encontraremos mais. Eu tenho consciência de que você se mudou para Fortaleza para
se prostituir e para se aprimorar neste ramo, assimilando tudo sobre sexo e putaria, e
aprendendo toda a artimanha para iludir seus “clientes”, escondendo tudo de sua
família e de mim. Eu te amava, mas agora já sinto nojo de você. Esquece que eu existo.
Você ainda tentou me enganar! Você não podia ter omitido estes fatos para mim. Siga
seu caminho: não quero mais saber de você. Vai enganar outro, rapariga.”
Após ela ler sua resposta, Armando apagou a mensagem em seu telefone
celular e bloqueou o contato de Andreza.
Ela leu aquela resposta tão desagradável e teve a convicção de que Armando
estava fora de sua vida. A garota se sentiu muito humilhada e não quis mais falar
com seu ex.
Duas semanas depois, Suellen fez uma postagem misteriosa no aplicativo de
mensagens de vídeo instantâneas, onde colocou o trecho de uma música de sofrência
que continha uma trecho que dizia mais ou menos assim: “deixa eu te superar,
cuidado com as suas revoadas, pega leve para não me magoar, e etc“ .
A garota desde então ficou com a estória das revoadas fixa em sua mente e
vivia fazendo postagens com esses caracteres sobre os vídeos ou textos divulgados
por ela nas redes sociais. Mas Armando não se manifestou mais e por ora sumiu.

Andreza fez mais algumas sessões de psicoterapia com Cássio Mariano e


lhe revelou o seguinte:
“O erro dela (minha irmã caçula) foi ter contado detalhes demais do seu
relacionamento com o namorado. E ele era meu amigo. Tudo isso me despertou a
curiosidade e o desejo. Melina falava como eram suas transas, o que eles faziam, e ela
contava serem muito fogosos e ardentes na cama. Faziam sexo em vários lugares e
adoravam experimentar novas formas de transar. Eu acho ela muito descolada, muito
pra frente e sendo dois anos mais nova estava me passando a perna, me deixando
para trás, pois da forma como ela relatava ela estava transando mais e melhor do que
eu. Me provocou inveja. André é um ano mais novo do que eu. Minha irmã parece
uma tarada e seus relatos me desconcertaram. Cresceu em mim a curiosidade em
como seria fazer sexo e trepar com André. Ele não parecia muito másculo, não o acho
muito bonito ou atraente, e nada garanhão, mas ela dizia que ele era perfeito na cama
e era insaciável. Eu desconfiava que ela criava algumas estórias de sua mente e não
passava de uma namorada apaixonada e boba. Que ela no fundo só queria me
impressionar, fazer inveja (mesmo com mentiras) e parecer para mim a fodona e seria
mais provável que as transas deles eram sempre iguais e não ocorria nada de especial.
Porém, eu não podia duvidar que ela estivesse falando a verdade.
“Fiquei abismada e me questionei: como aquele ‘caboquinho’ era tão bom de
cama? Mas eu não queria que ela desconfiasse que eu desejava o boy dela e eu sabia
disfarçar. Por isso, quando ela falava dele eu fazia de conta que não me importava, eu
até desdenhava dele, fazia pouco caso e não deixava transparecer que eu me
interessava pela pessoa dele. Mas comecei a achar que ele nutria algum interesse por
mim. Vi então que eu tinha que fingir mais ainda e não dar cabimento para ele, não lhe
dar muito espaço. Afinal de contas, ele era apenas um garoto a mais, sem nenhum
diferencial em relação aos outros e sem nenhum atrativo especial. Ele tinha um
emprego simples e ganhava pouco. Chegamos até ser colegas de trabalho no call-
center (Melina também trabalhou conosco no mesmo emprego). Ele só tinha a virtude
de ser esforçado e estudioso. André até me convidou algumas vezes para estudarmos
juntos, depois de algum tempo, e quando nos tornamos mais íntimos. Ele começou a
frequentar a casa de minha irmã (para a qual retornei depois), fez amizade com nossa
mãe e conheceu nosso círculo de amigos. Mas eu não ia trair a confiança de minha
irmã e ficar com ele só para satisfazer meus desejos e minhas curiosidades. Todavia,
depois de um tempo não foi bem assim que tudo aconteceu. Eu gosto de me
relacionar sexualmente com pessoas que conheço bem e com o tempo fui adquirindo
confiança nele e outras necessidades me fizeram experimentar fazer sexo com ele.
Sim. Comecei a transar com ele e no início minha irmã nem desconfiou. Ela foi
ingênua. E confiou demais em mim. Eu me envergonho um pouco de contar essas
coisas. Mas aconteceram e tenho que contar. Faz parte da minha vida. Sabe de uma
coisa: se tem algo de que eu me arrependo de não ter feito é o fato de eu não ter
tomado o namorado de minha irmã caçula. Porque ele dava bola demais para mim..
Tem horas que eu penso que André só namorava Melina para poder ter contato
comigo e ficar perto de mim, pois eu era uma pessoa um pouco fechada, e assim ele
conseguia ter acesso a mim. Sempre desconfiei das intenções dele. Acredito também
que um dos fatores que me levou a fazer programas foi porque eu queria fazer ciúmes
para ele. E também me envolvi com um namorado que era meu vizinho e era
totalmente sem futuro; me arrependo amargamente disso. Eu sentia em vários
momentos que André me desejava. Eu tive chances de ficar com ele no início do
namoro dos dois, mas me ressinto de não o ter feito. Além do mais, eles brigavam
muito e eu ajudava nas reconciliações. Eu a consolava nos momentos difíceis e lhe
encorajava a voltar para ele. Arrependo-me de ter feito isso por ela. Acho que me
sacrifiquei por minha irmã. E de certo modo comprometi minha felicidade. Minha
moral religiosa também não me deixava ficar com o namorado de minha irmã. Uma
bobagem! Hoje minha irmã já sabe que eu fico com ele também. Dividimos o André.
Mas não quero ficar somente com ele. Quero algo só meu; anseio algo melhor.
Confesso por outro lado que um dos fatores que me levou a fazer programas foi para
tentar provocar ciúmes em André. Cheguei a esta conclusão. Desejo ter um
namorado; mas por enquanto não abro mão de ser prostituta. ”
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Andreza dialogou sobre namoro com sua sobrinha Beatriz Sofia.

As duas se encontraram no aniversário da adolescente e em certo momento


tiveram uma conversa em particular. Beatriz passou a morar com seu pai, deixando
assim a casa de Marcela.

- Tia, você começou a namorar com que idade? – indagou Sofia.

- Ah, querida, eu tinha 17 anos de idade.

- Foi mesmo?! Você demorou então a namorar.


- Foi.

- Tia, eu já penso em namoro. Tem um garoto que está afim de mim na escola.

- Que ótimo, Bia. Você já falou sobre ele para seus pais? Contou para os dois?

- Sim. Contei para minha mãe e meu padrasto. Eles disseram que eu posso
paquerá-lo. E seus pais, como eram?

- Bem difíceis; quase não me deixaram relacionar com ninguém.

- Tia, desculpa perguntar, você é ressentida por esse fato?

- Não, Sofia. Não tenho ressentimento de meus pais. Eles sabiam o que
estavam fazendo. Esse garoto é de sua turma?

- Sim. Ele virá hoje pra cá.

- É mesmo?! – replicou Andreza, com admiração. - Pois me apresente ou me


mostre ele depois, por favor. Quero conhecer o pretendente de minha sobrinha
amada.

- Obrigado, tia. E quanto a você? Seu love vai aparecer hoje por aqui?

- Não. Ele não vai poder vir por causa do trabalho – disfarçou a tia.

- Tia Andreza, você é tão misteriosa com relação a relacionamentos afetivos.


Por que você age assim ? Existe algum motivo especial?

- Não, querida. É que no momento atual de minha vida estou com foco no
trabalho e nos estudos para concursos, e em minha vida pessoal.

- Entendo.

- Você logo vai perceber em sua vida que uma mulher precisa cuidar de si
mesma e se amar mais que aos outros para ter sucesso e felicidade.

- Você filosofa às vezes, tia. Foi interessante o que você acabou de me falar. Eu
não tinha pensado sobre isso ainda.

- Eu também não percebia tal fato na sua idade, mas tive que assimilar essa
situação com o passar do tempo.

- Você está trabalhando com o que, tia?

- Com Melina e André e prestando uns serviços de contabilidade online para


umas amigas que possuem escritório.
- Tia, estou completando 14 anos. Ano que vem, faço 15. Você acha que festa
de debutantes ainda faz sentido? Ou está fora de moda? Você acha cafona hoje em
dia? E você teve uma festa de debutantes?

- Não pude ter pois foi na época da separação de meus pais. Acho que se você
quer, não há problema. Hoje em dia, eu optaria por uma viagem bem legal. Peça a seus
pais. Quem sabe eles possam te dar esse presente.

- Eu vou pensar. Mas só vou querer se meus pais puderem pagar.

- E a Bell? Comenta sobre alguma paquera?

- Não. Ela é muito criança ainda.

- Beatriz, nossa como você está grande. Não tem nem 15 anos e já está quase
do meu tamanho. Estou achando que tu vais ficar mais alta do que eu.

- Você acha, tia? Que bom.

- Acho sim.

- Tia, você é feliz? E você tem vontade de ter filhos?

- Sou feliz sim. Não quero ter filhos agora. Quem sabe em um futuro próximo.

- Obrigada por ter vindo a minha festa.

- Não há de que, meu amor. Eu e que agradeço o convite.

E neste instante as duas se afastaram.

Nas vésperas de feriados ou dos aniversários de sua família ou amigos, bem


como antes de se ausentar de sua cidade para pequenos passeios, Suellen realizava
verdadeiros plantões de sexo, ficando até de madrugada fazendo programas ou
vendendo vídeos ao vivo para seus clientes mais próximos. Ela assim tentava conseguir
um ganho extra, já sabendo que suas despesas nos dias seguintes seriam maiores e
estaria impossibilitada de fazer seus atendimentos nestas datas especiais, por estar em
companhia de seus familiares, amigos ou quem a estivesse acompanhando.

Andreza costumava não fazer conta do aniversário de seus parentes e


dificilmente dava curtidas ou fazia comentários nas fotos e nas publicações sobre as
comemorações de seus familiares, exceto os mais próximos. Um mês antes de seu pai
completar anos, este a convidou para a festa de aniversário da avó paterna de Suellen,
a qual completaria 89 anos de idade. Mas Andreza recusou o convite de seu pai,
alegando que não se sentiria bem na frente de seus familiares e ficaria envergonhada
pois sabia que muitos deles já sabiam de sua ocupação e de suas práticas atuais. Seu
pai ficou bastante chateado, mas por fim aceitou sua desculpa.
No dia do aniversário de José, nos primeiros dias do último mês do ano,
Andreza passou o começo de noite com seu pai e este lhe confessou o presente dos
seus sonhos.
- Filha, obrigado pelo presente que recebi. – Andreza o presenteou com um
relógio de pulso, o surpreendendo. – Eu nem queria que você tivesse gasto esse valor.
- Você precisava de um relógio novo, papai. O seu já estava velho – justificou
sua filha – E o senhor merece.
Em seguida Andreza o abraçou.
- Mas, filha, o que eu realmente queria lhe dizer era outra coisa – insistiu
aquele pai.
- O que seria, meu pai? – replicou a garota, já ficando curiosa e um pouco
apreensiva.
- Andreza, o presente que eu em verdade gostaria de receber de ti era você me
dizer que vai deixar de fazer programas - e Antônio José a encarou firmemente nos
olhos.
A jovem se surpreendeu com o pedido de seu pai e demorou alguns segundos
para elaborar sua resposta.
- Papai querido, eu não desejaria conversar sobre isso com o senhor.
- Entendo, filha.
- É constrangedor para mim. O que posso afirmar é que desejo em breve deixar
de trabalhar com isso, mas não posso lhe dar um prazo exato.
- Mas pense com carinho, minha filha. Você há de encontrar um trabalho e
seguir sua vida.
- Sim, papai, torça por mim. É tudo que desejo nesta vida: deixar de ser
acompanhante. – retrucou a garota, sem passar muita confiança. - Eu vou deixar de
colocar anúncios na Internet, papai – prometeu, ainda.
- Deus é maior que tudo, querida. Entregue sua vida para ele. – desejou seu pai.
- Eu prometo, meu pai, que vou fazer o possível para largar essa vida.

- Filha do coração, eu te amo muito e desejo tudo de bom nesta vida para você
e que você seja muito feliz. São meus votos mais sinceros!

E Andreza seduziu seus pais com presentes. Apesar dos pesares, os pais de
Andreza foram tolerando sua prostituição. Ela lhes prometeu que deixaria a atividade
gradativamente, mas não se sabia até quando. Por outro lado, com os rendimentos do
meretrício, ela foi seduzindo seus parentes: regalos para suas sobrinhas, presente de
aniversário para sua mãe e uma bela camiseta de time de futebol para seu pai, pois
chegara a Copa do Mundo de Futebol do Qatar. Andreza, inclusive, foi convidada por
Nailson, ex-namorado de Melina, para fazer um ábum de fotografias promovendo a
venda de camisetas para a copa do mundo. Depois disso ela chegou a fazer alguns
programas com ele e eram amigos. Nailson também seguia várias contas de Instagram
que promoviam garotas de programa do Maranhão, e era seguidor também da antiga
conta que relatava contos eróticos, e que fora criada pela irmã de Suellen. Ele também
sabia da existência da casa de massagens. A morena também quitou o IPVA atrasado
de seu pai e lhe pagou uma pequena dívida e ele talvez percebeu que o dinheiro da
prostituição não era tão ruim assim. Andreza também sonhava lhe dar uma casa
própria.
Andreza e Melina organizaram inclusive uma festa de aniversário para Ester. As
duas irmãs mais novas decidiram realizar uma comemoração para sua mãe, pois já
faziam aproximadamente cinco anos que Ester não festejava seu aniversário em alto
estilo. Ela completara 50 primaveras no ano passado, todavia não houve
comemoração. Desta vez, Andreza e Melina lhe bancaram uma festa. Aquela mãe
fazia aniversário no mesmo mês de sua filha do meio.
E assim foi feito: contrataram um buffet, alugando o espaço deles e
comemoram mais um ano de vida da matriarca. Todavia, só participaram da
comemoração a aniversariante, com suas filhas, genros e netas.

Ester foi visitar seus pais e os avós maternos de Andreza perguntaram por ela.
Eles se queixaram de por que nunca mais aquela neta os tinha visitado. Ester teve que
mentir para seus pais alegando que a jovem trabalhava em excesso, mas sempre
perguntava pelos avós e ela mesma, Ester, acompanharia Suellen até a casa dos avós,
em breve. Parte da família de José e de Ester descobriram aos poucos que Andreza
fazia programas de sexo e alguns se afastaram dela, embora a morena já estivesse sem
manter contato com vários parentes há um bom tempo.
Antônio José se sentia um pouco desolado pela situação de Andreza, que
continuava na prostituição e por ela ter-se afastado um pouco dele. Melina, talvez
para compensar esse fato, tentou-se reaproximar e reconquistar o afeto de seu pai;
eram constantes desde então seus breves comentários elogiando as postagens de seu
pai. Andreza fez programas até no dia de seu aniversário, mostrando que não fazia
questão naquele momento de festejar seu dia excusivamente com sua família. À noite,
porém saíram todos para um jantar em família; somente Genésio não compareceu.
Andreza chegou a ser convidada por seu pai para frequentar um culto, mas ela
desistiu e lhe ofereceu algumas desculpas para não acompanhá-lo. No fundo, Suellen
não se sentia mais digna de adentrar ao templo e sabia que seria muita hipocrisia ouvir
o sermão do pastor e continuar no seu ramo de atividade. Ela lembrou, por outro lado,
que já fizera um programa de sexo com um pastor, em outra cidade. Sua cabeça tinha
muito mais desconfianças sobre os evangélicos desde então.
Andreza, poucos dias posteriormente, convidou sua sobrinha Isabel para
acompanhá-la num espetáculo do circo “Kronos”, uma grandiosa companhia circense
do país que passava por aquela cidade. Divertiram-se bastante na apresentação e a
garotinha questionou sua tia:
- Titia, por que a senhora já foi embora de nossa cidade uma vez?
- Eu precisava fazer uns estudos fora de São Luís, em um centro maior, querida.
- E valeu a pena? Foi bom? Porque ficar distante da família não deve ter sido
nada legal.
- Apesar de tudo, valeu a pena, Bell. Foi difícil sim - contou a morena. - Eu
chorava de vez em quando – mentiu a tia. – Senti saudades demais de meus familiares,
especialmente de você, meu bem.
- Obrigada, tia. Mas eu preciso perguntar mais uma coisa para a senhora.
- Pois fale, Bell.
- A senhora ainda pensa em ir embora novamente e nos deixar?
- Não, meu bem, nunca mais eu irei embora. Eu estarei aqui sempre para você
e para todos que eu amo.
- Ainda bem. Tia, eu te amo também.
Só que Andreza ainda pensava em deixar São Luís. Ela havia apagado muitos
contatos nas suas redes sociais, mas mantinha os laços com todas as pessoas que
conheceu em Fortaleza. Talvez, algum dia, quando lhe faltassem pai e mãe, ela voltaria
a Fortaleza, para tentar uma nova vida por lá. Aquela cidade ficou em sua cabeça.
Suellen ficou bastante impressionada com a capital do Ceará e guardava boas
lembranças de lá, apesar dos contratempos pelos quais passou.
Algum tempo depois, Andreza e Melina fariam uma primeira conta de
Instagram para Isabel e escreveram assim: “conta monitorada pela minha tia”. Que
ironia – logo elas, teriam alguma moral para controlar e fiscalizar a conta de sua
sobrinha?
E Suellen ficou morando por um tempo num pequeno apartamento no bairro
Turu, onde comprava suas garrafas de vinho e ficava bebendo sozinha, meditando
sobre sua vida. Tinha poucos amigos no condomínio, mas lá seria seu refúgio por
algum tempo. Voltou a ter uma rotina, sendo que acordava relativamente cedo todos
os dias, preparava seu café da manhã e seu almoço, examinava as redes sociais para
tentar agendar seus programas e fazia suas refeições. À tarde cumpria sua rotina de
exercícios físicos na academia, frequentava um curso preparatório para concursos
públicos e fazia seus programas de sexo. Sexta e sábado à noite saía com amigos,
ficantes ou familiares. Domingo ia às praias ou visitava seus familiares. A garota
sempre circulava no condomínio com roupas longas e nada sensuais, para não chamar
a atenção, e fez amizade apenas com dois jovens vizinhos de seu novo endereço.
Dentro do seu apartamento, porém, só utilizava bermudas curtas e “tops”, exibindo
sua barriga, inclusive gravando vídeos para o tiktok com estas vestimentas.
Melina estava participando de um grupo de garotas que faziam passeios de
bicicleta pela cidade, as “garotas da bike”, mas Suellen preferiu não acompanhar sua
irmã por enquanto nestes passeios. As duas contrataram um “personal trainer” e
estavam sendo orientadas por ele na academia. Melina e Andreza tentavam
emagrecer e ficar mais em forma.
As duas se encontraram e mantiveram um diálogo. Em certo momento, disse
a mais jovem:
- Suh, você não pensa em deixar de fazer programas?
- Mel, na verdade ainda não. Sabe que eu até gosto da minha vida. Cada
homem novo que eu atendo é um desafio para mim. Acho que eu já me viciei no que
eu faço. Se eu permanecer um dia sem olhar as redes sociais para ver se alguém me
procura eu fico ansiosa. Já me habituei a este trabalho, e é o que melhor sei fazer.
Vou continuar por mais tempo, até quando Deus quiser. Qualquer dia eu abandono
isso tudo, e parto para fazer algo diferente. Mas, por enquanto, não tenho expectativa
de deixar... Parece que estou sempre imaginando que um dia o homem da minha vida
vai entrar pela porta do motel no quarto onde estou esperando meu cliente daquele
dia.
Em verdade, Melina chegou a alugar uma residência próxima ao shopping Anil e
realizaram programas, ela e Andreza, por cerca de três meses, mas voltaram a se
desentender e sua irmã do meio desistiu da empreitada.
Suellen depois passou a alugar um imóvel próximo ao apartamento onde
morava, com vistas a montar um local a fim de receber seus clientes, pois estava
cansada de frequenter motéis e pretendia incrementar novamente sua agenda de
programas sexuais, mas desistiu da idéia.
Sua irmã, por outro, comunicou-lhe que estava se mudando para um
apartamento mais próximo de sua mãe e de sua sogra, pois a casa onde estavam
morando era muito quente e infestada de mosquitos, obrigando-os, ela e André, a ligar
todas as noites o aparelho de condicionado, o que encareceu sua conta de energia
elétrica.
- Estamos nos mudando para um apartamento num andar elevado e deste
modo com boa ventilação – revelou a ruiva. – André também optou por este outro
condomínio por ser mais perto da casa de mamãe e de minha sogra.
- Que bom, irmã. Melhor para vocês - desejou Suellen.
A morena também informou sua irmã que faria um passeio para Porto de
Galinhas, em Pernambuco.
- Você irá com quem, irmã? – indagou a irmã caçula.
- Não posso dizer, irmã – foi o que respondeu a misteriosa garota.
- Não leve a mal o que direi agora. Mas, por favor, não vai fazer programas por
lá, está bem? Aproveite este passeio para relaxar e descansar.
- Pode deixar, Melina. Vou somente a passeio. Nada de trabalhos.
- E quando será?
- Semana que vem. Vou passar sete dias naquela região.
- Pois aproveite, minha irmã. Você merece umas férias, pois trabalha demais.
Bom passeio.
- Obrigada, irmã.

Naqueles dias Andreza soube que ia ser titia mais uma vez. Marcela estava
grávida pela terceira vez e nesta oportunidade seria um rapaz, e que seria chamado de
Lívio. A irmã mais velha de Andreza se encontrava muito satisfeita pois estava
desempregada, mas conseguiu um trabalho no aeroporto, por indicação de sua amiga
Neuzélia.
Sua irmã caçula também lhe revelou a intenção de engravidar pela primeira
vez. Ela e seu noivo tinham chegado ao consenso de estar no momento certo de
nascer seu primeiro filho. Melina, deste modo, tentaria uma gestação a partir de
agora. E Andreza seria a única das irmãs a não ter filhos ainda.
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E Andreza deixou a vida a levar conforme a vida quis, convivendo entre seus
programas de sexo, suas atividades na academia de ginástica e seus cursos de
preparação para concursos públicos, conhecendo novos clientes e desfrutando de
suas amizades coloridas. Não sei ao certo o que ela deve estar tramando no momento,
e o que está aprontando nos dias atuais, e o que faz hoje da vida.
Eu sempre penso que devemos refletir sobre a vida de mulheres como Andreza.
Esta pessoa vive em quase todas as garotas de programa. Elas não são vilãs nem
heroínas, são apenas mulheres que escolheram o caminho da prostituição, de oferecer
seu corpo em troca de um retorno financeiro. Ela persegue, incansável, o seu destino,
buscando, sem se aperceber, o seu príncipe encantado, sem a certeza de que ele
exista, bem a seu modo de encontrá-lo, e continua, enquanto isso, em sua luta
incessável por dar prazer aos homens. E esta era sua vida!
E Andreza foi-se transformando: ela era uma garota relativamente calma, que
não apreciava muitas saídas á noite, e consumia pouca bebida alcóolica. Com o passar
do tempo, entretanto, Suellen foi-se tornando uma garota farrista, que adorava
noitadas, só se deitava de madrugada e seu consumo de bebidas alcóolicas aumentara
bastante. Mantinha, porém alguns comportamentos relativamente infantis, preferindo
inclusive seguir mais adolescentes em seu perfil do aplicativo de mensagens, fotos e
vídeos instantâneos. Melina assim percebeu este fato e questionou Andreza de por
quê ela preferia seguir mais os adolescentes de sua família e outros além, como
familiares da namorada de seu pai, mas estranhamente não seguia muitas de suas
tias, tios nem primos adultos. Ela, porém, não ofereceu resposta.
Cerca de duas semanas depois de Melina comunicar Andreza de que desejava
engravidar, esta última se encontrou a sós com André e conversaram.
- Mel me falou que vocês planejam ter um filho – começou a jovem.
- É verdade, estamos pensando sim.
- Pensando? – retrucou Suellen, bem surpresa. – Eu pensei que já era uma
decisão definitiva.
- Não, é sim – gaguejou o militar.
- E antes disso vocês não vão oficializar a união de vocês na Igreja, diante do
pastor?
- Sim, só que mais adiante.
- Não façam as coisas errado.
Após uma breve pausa, refletiu a garota:
- André, sabe de uma coisa? Minha mãe vivia dizendo que já está na hora de eu
engravidar e de eu lhe dar um neto ou uma neta. Ela me falou outro dia: “Filha, você
está perto de completar 30 anos e não tem nenhum filho ainda? Está no momento
certo de me presentear com mais um netinho.” Todavia, eu lhe repliquei: “Mamãe,
mas se não tenho nem namorado fixo. Como vou ter um filho? E não me deixe
aperreada: só faço 30 anos no final do próximo ano; ainda vou completar 29 anos.” O
que você acha, meu bem?
André opinou:
- Suh, e se você engravidasse de mim?
- Que loucura essa sua? Que idéia, menino? E se Melina descobrir?
- Ah! Ela nunca irá saber...
- Certeza? Ela possui uma intuição aguçada. E se ela pedir teste de DNA para
paternidade.
- Eu me recuso a fazer. Jamais farei. E você diga que vai querer um filho, uma
produção independente. A gente só dá um tempo para o meu filho com ela completar
1 ano e meio ou dois anos de idade.
- E ainda terei que esperar todo esse tempo?
- Passa rápido, meu bem.
- Você acha mesmo?! Não é sua vida - zombou Andreza.
- Tenha um filho comigo e darei toda a assistência. Ofereça para eu e Melina
sermos os padrinhos do seu filho.
- Meu Deus, quanta loucura.
- Vai dar certo. Tenha um filho comigo: serei a pessoa certa. E sempre vou estar
perto de você, para dar assistência à criança. Sempre estarei em sua vida.
- Vou pensar no seu caso.
- Pois analise com carinho.
E se despediram neste instante. Poucos dias posteriormente a garota enviou
uma mensagem para André dizendo o seguinte:
- Meu bem, o que você acha de a gente registrar o nome do meu filho de
“Richard”? Acho um nome lindo.
- Também gostei de sua sugestão. Mas eu preferiria que você o chamasse de
Antônio Jose Neto para agradar seu pai e para bajular o velho.
- Pode ser também! – ponderou a morena. - É uma boa ideia: uma homenagem
ao meu pai.
- Exatamente. Eu e Melina seríamos os padrinhos do garoto, não se esqueça,
por favor.
- E se for uma menina?
- Vamos pensando em um nome legal para ela.
- Ok. Obrigada, André. Tchau.
- Tchau, Suh.
Para evitar rumores na vizinhança sobre sua vida pessoal, dadas as visitas
constantes de André ao seu apartamento no Turu, e pelo risco de os vizinhos
descobrirem seus meus de vida, Andreza exigiu que seu cunhado mais próximo lhe
comprasse um anel de casamento e a jovem passou a usar este acessório no dedo
anular de sua mão esquerda, pelos menos quando transitava nas dependências do
condomínio, com ou sem a companhia do militar. Próximo ao aniversário de Melina,
Suellen começou a se indispor com André e exigiu que este lhe comprasse também um
bom presente. A morena alegou que precisava de uma telefone celular mais moderno
e mais seguro, pois alegava estar suspeitando de ameaças á segurança e à privacidade
de seu smartphone, e assim exigiu um aparelho mais moderno para seu “amante”. Ela
sempre tinha esse comportamento perto do aniversário de sua irmã caçula e não
aceitava que André presenteasse apenas a outra, senão ficava emburrada e de mal
com ele. No aniversário de Melina viajaram os três para comemorar. Foram
cocnehecer as praias quase desertas de Tutóia e dos Pequenos Lencóis Maranhenses.
Andreza fazia constantes exigências ao militar. André e Melina tiveram inclusive que se
mudar para um apartamento de aluguel mais barato e mais ventilado, de modo a não
precisarem de ar condicionado no dormitório, pois a morena exigia mais dinheiro do
rapaz e este precisou reduzir suas despesas com Melina. Andreza também não
concordava que André desse mais conforto para a ruiva, visto que ela, Suellen, quase
não usava ar condicionado a princíopio, e gostaria de ter os mesmos direitos que sua
irmã caçula na relação com ele. Até a foto de rosto das duas na página do Instagram
era semelhante: sentadas no banco dianteiro do carro, e com o cinto afivelado.
Parecia uma espécie de competição entre as irmãs.
Andreza Suellen também desejava um telefone celular mais moderno pois
estava pensando em gravar pequenos vídeos de conteúdo erótico para vender em
alguma plataforma ou aplicativo com fãs que pagam por esta forma de conteúdo. Seria
o “Stúdio A“, mas ela ainda estava adquirindo coragem para assumir essa atividade. Já
com esse intuito, a morena retirou as suas fotografias de todos os aplicativos, inclusive
de mensagens e telefone celular, e das suas redes sociais, para dificultar ser
reconhecida quando começasse a gravar e vender os conteúdos de vídeos e imagens.
Ocorreu também em pouco tempo o falecimento da avó materna de Andreza,
mas esta cumpriu um luto de apenas um dia e meio e já rertornou aos seus programas
de sexo. A garota teve pouca consideração ao luto de sua avó Augustinha.
Melina continuava com os planos de remontar a casa de prostituição e
enquanto isso continuava com sua hipocrisia seguindo vários pastores e teólogos em
suas redes sociais. Vez por outra ela também frequentava alguns cultos evangélicos.
Perto da formatura de sua irmã primogênita e do aniversário de seu avô
materno, Suellen decidiu colocar um novo anúncio no site de acompanhantes. Ela
escreveu na propaganda:
“Prazer. Eu me chamo Ana Manu. Linda e totalmente natural.
"Como eu sou? Morena, altura mediana, seios pequenos para médios, cintura
fina e bumbum grande. Não atendo mulheres. Faço vídeo de verificação.
“Sou gentil, educada e discreta. Procuro homens com as mesmas qualidades.
Parecia até que Andreza procurava por um namorado, com este tipo de
anúncios que fazia na internet, oferecendo seus serviços sexuais. Mas ela desejava
mesmo era um homem que, acima de tudo, reconhecesse seus dotes sexuais, e
pagasse bem por esse serviço e pela sua companhia.
Apesar de não querer fazer o jogo de “namoradinha” nos programas, Suh tinha
gostado do esquema de se envolver um pouco mais com os clientes, e fingir que estes
eram seus “namoradinhos”.
Alguns dias depois Andreza conheceu um homem chamado Marcos Alexandre,
um pequeno empresário, e com ele fez três programas num intervalo de dez dias. Na
terceira vez que se encontraram, ele reclamou do preço dos programas, já que
estavam tendo atendimentos frequentes, e Manu lhe ofecereu a possibilidade de que
ele a pagasse por mês um valor pré-ajustado e estipulassem programas mensais.
- Olha, meu bem, se você quiser me repassar um valor fixo por mês, e a gente
combinar um número certo de atendimentos, acho interessante – propôs a garota. -
Pode ser vantajoso para mim e para você. Já fiz desta forma com um cliente uma certa
oportunidade e deu tudo certo – mentiu em parte a garota. - Pode ser?
- Pode sim; vamos negociar, então, um valor – concordou o cliente.
- Exatamente; vamos chegar a um consenso.
Ela tinha gostado da ideia de receber uma quantia fixa e pré-determinada por
seus serviços. E a mesma estória de antes se repetiu...
Alguns dias depois a acompanhante viajou com seu pai e sua “madrasta“ para
comemorarem o aniversário da mãe de Angélica, que morava em uma cidade próxima.
Lá, foram a um culto evangélico e na recepção do aniversário Suh conheceu algumas
pessoas, todas evangélicas; com eles fez amizade e passou a segui-los nas redes
sociais. Sua mente era muito conflituosa...
Pouco tempo depois Ester se reencontrou com Margareth em um evento da
igreja evangélica. Elas tinham sido vizinhas na Vila Brasil. Começaram a trocar ideias.
Margareth contou que sua filha Carla, que fora colega de Suellen na mesma rua, já era
casada, tinha duas filhas e possuía um bom emprego público em São Luís. Frequentara
a faculdade de Administração e já era concursada num órgão público. Ester
parabenizou Margareth pelo sucesso de sua filha. A seguir esta mulher perguntou pela
filha de Ester e a última respondeu, mentindo:
- Andreza não se casou ainda; ela possui um namorado e está quase noiva, mas
não ainda. Ela ainda não é mãe.
- Que bom! Ela é evangélica?
- Sim.
- Mas frequenta onde?
- No bairro onde ela mora, o Turu.
- E ela trabalha com o que, amiga?
- Minha filha é uma moça maravilhosa. É muito esforçada e bastante estudiosa.
Andreza se formou em Contábeis. Ela presta serviços on-line tipo home office para
vários escritórios de contabilidade desde a pandemia e ajuda a irmã nos negócios,
além de auxiliar na contabilidade do pai e da namorada dele, pois ela possui um salão
de beleza.
- Pois que bom, amiga. Parabéns pela sua filha também. Foi um prazer te
reencontrar.
E se despediram neste instante.
Aquela mãe, assim, guardaria sempre de sua filha, em sua memória, aquelas
imagens de uma jovem adolescente, bela e sorridente, que um dia se mostrou para
ela. Imaginava sempre ver sua filha chegando à sua casa, com esposo e filhos, para
visitar a residência da vovó, mas até agora não fôra possível. José, igualmente, vez por
outra, procurava seus antigos álbuns de fotografias, e ficava apreciando os retratos de
sua filha, e não raramente formava discretas lágrimas em seus olhos. Mas a vida
prosseguia e era necessário aceitar a realidade.

Fim

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