Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dedicatória
Ao Amor.
Porque ele é o bem e o mistério mais importantes desta vida e só existe vida porque
existe o Amor.
PRINCESA DO DESEJO
Relato da vida de uma jovem brasileira.
Prólogo
A história relatada a seguir é sobre o Amor e sobre a vida de jovens que todos nós
podemos conhecer. Aborda a busca dos seres humanos por encontrarem seu destino,
em sua procura individual pela felicidade, embora muitas vezes nem se dêem conta
deste fato. Nasceu-me a vontade de contar uma história que tentasse falar de amor,
porém esta ocorreu de uma forma um pouco tosca ou às avessas, posso assim dizer.
Desculpem-me, então, antecipadamente, por tudo o que escrevi. Não que eu
desejasse ser desta forma ou o fizesse de propósito, mas porque a vida real é de outro
modo: inúmeras vezes a antítese dos contos de fadas - não existem príncipes nem
princesas encantadas, e em muitas oportunidades não parece haver um final tão feliz.
Nenhum livro, por outro lado, pode contar toda a vida de uma pessoa, mas tem a
capacidade de revelar algo importante sobre a trajetória de um ser humano e mostrar
seu legado. Sim, todos nós deixamos uma herança de vida sobre nossos
comportamentos e as atitudes que tivemos. Desejo que este livro nos faça refletir
sobre nossas vidas e sobre as relações entre as pessoas.
Nasceu na vila Brasil, em São Luís do Maranhão, num mês de dezembro, logo
após o Natal. Seus pais lhe deram o nome de Andreza. Morena clara, dos cabelos
pretos e olhos de cor castanho escuro. O bairro é simples, as casas são apertadas e as
pessoas são em sua maioria trabalhadoras. O estilo de vida dos moradores é singelo e
os vizinhos se conhecem bem. Casas pequenas abrigam famílias inteiras, e muitas
pessoas passam o dia e a noite, vivem e dormem em abrigos muitas vezes apertados,
com perda da privacidade, mas ocorre o compartilhamento de várias gerações numa
mesma casa. As pessoas são religiosas e os costumes geralmente tradicionais.
Trabalham em empregos corriqueiros, na maioria com salários modestos, mas são em
geral felizes, por aceitarem a vida simples que têm. A vila Brasil é o retrato de muitas
periferias do Brasil: os habitantes são na maior parte amistosos, cordiais e passionais,
guiando-se mais pelas emoções do que pela racionalidade. Em geral, as pessoas
buscam seu espaço no mundo e sua ascensão social pelas vias honestas, embora isto
muitas vezes seja difícil. Alguns então procuram modos não convencionais e até ilícitos
para subir de posição na vida, adquirindo um melhor status econômico e social. Nesse
ambiente é que ela nasceu e passou sua infância, além do início da adolescência. Sua
família era grande e seus pais, de posses modestas.
Quando ela nasceu, seu pai José a pegou no colo e disse: “Minha primeira filha.
Que alegria, meu amor! Você é um presente de Deus para mim e sua mãe”. Olhando
para sua esposa Ester ainda disse: “Como é morena, parece que só puxou à mãe. Vou
te chamar de minha preta. Você será o orgulho do papai. Jesus abençoe sua vida.”
Ela se mostrou uma criança um pouco calada conforme foi crescendo, muitas
vezes introvertida e muito apegada aos pais, daquelas que grudam na saia da mãe
quando vêem um estranho pela primeira vez. Sua mãe já tinha uma primeira filha,
Marcela, com idade de 5 anos, de um relacionamento aos 18 anos de idade, quando
ainda era solteira. Dois anos após Andreza nascer, ela ganhou uma terceira irmã, que
foi chamada de Melina.
Cresceram como quase todas as crianças crescem, muito doentinhas até por
volta dos 7 anos, mas depois com mais resistência e como são quase todos os irmãos,
com aquelas desavenças e brigas típicas da infância. Sua família era cristã protestante
e sempre frequentaram a Assembléia de Deus do bairro, onde foram nascendo as
primeiras amizades, além dos vizinhos e amigos da escola. Andreza, todavia, não tinha
muita amizade com todos os vizinhos; até se interessava mais por pessoas adultas,
mas seus pais não queriam que ela tivesse afeição com adultos, excetuando os
familiares que moravam em sua rua. Na verdade, tinha afinidade com poucas crianças,
mas era bastante colega de Ana Carla, que também morava perto de sua casa.
Certo dia, quando ainda morava com seus pais, Andreza encontrou Carla na
porta de casa e ficaram sozinhas por alguns instantes. Ela indagou então:
- Carla, vi algo muito estranho. Acordei ontem a noite assustada e fui para o
quarto de meu pai. Mamãe e papai estavam fazendo umas coisas estranhas. Ela por
cima dele, quase pulando e ela gemia baixinho. Não entendi. Fiquei mais assustada
ainda e preferi voltar para minha cama. Mas parecia ser bom o que eles faziam. O que
era aquilo?
- Vou tentar ver se minha mãe faz o mesmo com meu pai - disse sua amiga. -
Vou tentar olhar ela quando estiver dormindo com meu pai.
- Vou perguntar pra mãe o que ela estava fazendo. Fiquei curiosa. Tenho que
descobrir. Gosto de descobrir as coisas. Sempre gostei.
De fato, Andreza falou com sua mãe e ela desconversou. “Será que você estava
sonhando, querida? Não sei do que você está falando?”, retrucou Ester.
- Mãe, acho que eu não estava sonhando.
Sua mãe não encontrava outra forma de dissuadi-la. Andreza tinha 8 anos
apenas, era curiosa e nessa idade é difícil falar sobre sexo com uma criança. Fôra um
descuido deixar sua filha os ver em momentos íntimos e os pais não perceberam que
eram flagrados fazendo sexo.
Andreza conversou outras vezes com Carla, mas ela não conseguia descobrir
nada.
- Não consigo ver meus pais dormindo - disse Carla. - Passo a noite no meu
quarto com minha irmã mais velha e eles trancam a porta do quarto deles. Também
não escuto nada vindo do quarto deles.
Andreza também não presenciou mais nada estranho. Seus pais ficaram mais
cuidadosos.
O pior viria depois. Um garoto da escola assistiu aos pais fazendo sexo oral e
contou para Andreza. Ela ficou desconfiada, sem entender bem, mas nasceu daí a
malícia em seu coração. Parecia que a idade da inocência estava acabando.
Não comentou, porém, nada com seus pais sobre o que seu amigo da escola
tinha relatado.
Sua mãe, entretanto, em certo dia, não suportou, tomou uma decisão, e se
voltou para Andreza, reservadamente:“Filha querida, preciso te falar uma coisa muito
séria. Você é criança, mas está ficando mocinha, e acima de tudo é mulher. As
mulheres guardam uma coisa muito preciosa. E são indefesas. Você precisa se
defender“.
- De quê, mamãe? – questionou a menina, de pronto.
- Dos homens – completou Ester. - Se algum homem tocar em você, nas suas
partes íntimas, me conte; me informe de imediato. Não tenha medo de me falar. Vou
te ajudar. E se for o caso, se alguém mexer com você, grite, não aceite o que quiserem
fazer com você e corra. Não me esconda nada. Sou sua mãe e sempre vou poder te
ajudar.
- Tudo bem, mamãe. E o que os homens fazem com as mulheres?
- Podem machucar e se aproveitar da inocência das meninas.
- E por que somos inocentes? O que é inocência?
- As crianças não sabem de tudo, são frágeis e indefesas. Precisam dos pais. As
mulheres, mais ainda. Os homens podem fazer o mal, baterem, machucarem e até
arrastar uma criança e levarem embora. Podem molestar uma mulher, se valendo da
força, por ser o sexo feminino muito menos forte fisicamente.
Apareceram mais questões em sua mente, mas não quis fazer muitas perguntas
aquele dia.
- Mamãe, você está me pondo medo. Estou ficando assustada.
- Por que, minha filha? Desculpe, mas eu precisava lhe falar estas coisas.
- Não entendi muito, mas fiquei com medo. Prometo que vou contar tudo que
acontecer comigo. Mamãe, mais uma coisa: papai é homem! Ele pode fazer mal pra
mim?
- Não, minha filha. Ele é seu papai e ele te ama. Não esqueça isso.
- Ainda bem, mamãe. Fiquei mais calma.
Fora difícil para sua mãe estabelecer esta conversa com a filha, mas achou que
se tornara imprescindível e o momento oportuno, apesar da tenra idade de sua filha.
Não quis falar exatamente sobre sexo, não encontrou forma, mas aquela conversa já
era uma entrada. Sentia que sua filha era muito criança para ouvir sobre sexo.
Andreza ficou curiosa, mais ainda, mas se conteve com suas dúvidas. Sua mente
ainda muito infantil não conseguia entender bem aquilo e não era imaginativa nem
questionadora o bastante para isso.
Aconteceu porém que uns dois anos depois sua irmã mais nova descobriu
novidades na escola, em verdade informações sobre sexo e contou para Andreza e foi
quando as duas começaram a compreender melhor o que era uma relação sexual.
- Andreza, meus amigos disseram que o homem e sua mulher se deitam na
cama e fazem sexo. E vou continuar perguntando como é isso.
Tudo serviu para Andreza reavivar suas memórias e conseguir juntar as peças
do quebra-cabeça para entender de fato o que é uma relação sexual.
Algum tempo depois, todavia, Andreza confessaria para uma amiga:
“Depois que mamãe me falou umas coisas fiquei muito curiosa e comecei a
tocar partes do meu corpo na hora do banho e ao deitar na cama para dormir.
Comecei a acariciar meus seios e minha periquita e achei bom. Foi uma sensação
diferente, gostosa, que eu não havia sentido ainda. Ficava molhada e me achava mais
relaxada. Mas pensava que não deveria estar fazendo aquilo, achava errado e me
culpava. Tinha medo de falar isso para mamãe. Ela ia me repreender. Mas, ao mesmo
tempo, por ser proibido, achava que era melhor ainda e eu queria fazer de novo.”
Carla, que era um ano mais velha, descobriu que isso era masturbação e que se
for em excesso pode fazer mal.
- Uma menina da escola disse que isso se chama siririca (*). E que algumas
meninas fazem nas outras - contou Andreza. - E disse ainda: “ Mas não quero que
ninguém faça em mim.”
- E você já andou fazendo isso? Siririca...
- Não, não, nunca fiz - mentiu Andreza.
E ainda perguntou:
- Carla, por que se tocar e se masturbar em excesso não é bom? Eu me
pergunto...
- Não sei bem, mas acho que pode fazer mal, Andreza. Você parece ter ficado
muito curiosa sobre tudo isso.
E Andreza não falou mais nada neste dia.
Ela achava, porém, que sua irmã mais nova também já andava-se masturbando,
pois um dia na hora de dormir pareceu-lhe que ela tocava suas partes íntimas e
vocalizava palavras ou murmúrios estranhos.
Mas não quis questioná-la inicialmente. E Andreza deixou de se masturbar no
momento de dormir, com receio de ser desmascarada.
____ (*) Termo coloquial brasileiro usado para indicar uma forma de masturbação
feminina.
Quando Andreza nasceu, ela morava com seus pais e seus avós maternos, além
de duas tias, irmãs de sua mãe. Outra tia sua residia na mesma rua, porém em uma
casa próxima. Algum tempo depois a família se mudaria para uma casa no bairro
vizinho de São Cristóvão, onde morava uma das irmãs de José, a qual se mudaria para
Brasília-DF com seus filhos, deixando sua casa para José morar com sua família.
Naquela casa em que Andreza nasceu na Vila Brasil moravam muitas pessoas e
era desconfortável. A neta tinha 12 anos e indagou sua avó certa vez:
- Vovó, a senhora teve quantos filhos? Pois só na nossa rua moram quatro:
mamãe e mais três.
- Minha neta, eu tive oito filhos: 6 mulheres e 2 homens. - E sua avó repetiu o
nome dos oito filhos, além de suas idades.
- Vovó, você namorava demais! – brincou Andreza.
- Querida, - continuou Maria Augusta – no tempo de sua avó era difícil
conseguir pílulas para não engravidar.
- Vovó, eu já estudei algo sobre isso na escola.
- As crianças de hoje são muito sabidas, Andreza. Descobrem muitas coisas
cedo demais. Informações que na minha criação eu só vim aprender com quase 18
anos de idade.
- E o vovô também era muito danado. Oito filhos. É muito filho, vó.
- Minha neta, sua bisavó teve foi treze filhos!!!
- Vovó Augustinha, no tempo dela não tinha televisão ainda? Vocês só
pensavam em namorar?
- Menina, não diga uma coisa dessas – repreendeu sua avó materna. – Claro
que não tinha televisão no tempo da sua bisa. Mas era bom ter muitos filhos para
cuidarem de casa e da lavoura.
- Ah! Entendi, vó.
- E não existia pílula para não pegar menino; e fazer ligação com o médico, isso
é que era difícil as mulheres conseguirem.
- Vovó, eu gosto de saber as coisas: o que é ligação?
- Ai meu Deus, estou falando demais. Essa menina é muito curiosa! Ligação é
uma cirurgia, filha, que as mulheres fazem para não ter mais filhos.
- Ah! entendi, vó. Mas liga o que mesmo? A senhora sabe?
- Sua avó não é muito estudada, filha. Não sei de muita coisa. Mas dizem que o
médico liga as trompas da mulher, perto do útero.
- Pois, vovó, a senhora sabe é muita coisa. E a senhora fez ligação?
- Não, mas precisei fazer cirurgia e retirar tudo.
- Por quê?
- Sangramento, minha filha e útero caído. Eu tive oito filhos, esqueceu? E todos
por parto normal. Eu também tinha medo daquela doença, câncer. Graças a Deus não
deu.
- Vó Augustinha, hoje eu não vou perguntar mais nada para não lhe incomodar.
- Tudo bem, filha. Você falou em televisão. As crianças e os jovens de hoje
aprendem é coisas demais na televisão e por isso querem namorar muito cedo. A TV
ensina coisas boas, mas coisas ruins também.
- Vó, e quem faz cirurgia que tira tudo, ainda pode namorar? - indagou Andreza,
esquecendo-se de que havia prometido não perguntar mais nada para sua vó aquele
dia.
- Menina danada, você quer saber demais! Você é muito sabida! Não vou
responder mais nada pra você hoje! E eu vou contar para sua mãe que você está muito
curiosa...
- Conta não, vovó – pediu Andreza. – Não precisa mais responder.
E as duas encerraram a conversa aquele dia. Sua avó lhe ofereceu um doce de
abóbora com coco ralado que ela mesma tinha preparado e um copo de água e a sua
neta foi experimentar.
_______________________________________________________________________
A partir de 12 anos de idade Andreza começou a se interessar pelo universo
masculino. Ia assistir treinos de futebol num campo perto de sua casa. Ela confessou
depois por que motivos iniciou este hábito: “Adorava ver aqueles rapazes suados
correndo atrás daquela bola. Parecem uns bobos; mas seus corpos são bonitos. Têm
pernas e coxas grossas e torneadas e muitos deles a barriga sarada, bem chapadinha.
Eu gosto é disso. Por isso gosto de ir vê-los jogar. Acho que sou meio tarada por isso e
me dá tesão. Adoro“.
Seu pai gostava muito de futebol e achava curioso sua filha se interessar por
futebol também, pois em sua opinião ainda parecia ser um esporte muito masculino.
Mas também não achava que sua filha gostava de futebol por ter alguma tendência
homossexual. Ele via sua filha como uma moça totalmente feminina e de
comportamento normal. Para agradar ainda mais seu pai ela se declarou torcedora do
mesmo time que ele, e este ficou bastante orgulhoso. Não tinha um filho, mas tinha
uma filha que torcia com ele pelo seu clube do coração. Tudo isso o alegrou bastante.
Ele repetia:
- Filha do coração, só você mesma para fazer isso pelo seu pai. Te amo muito.
Quando Andreza tinha 12 anos de idade sua mãe decidiu fazer o curso de
Enfermagem para conseguir um trabalho melhor. Ester procurou então seu marido e
conversou com ele sobre sua intenção.
- José, meu marido, eu pensei em fazer uma faculdade.
- Qual, meu bem? – indagou seu esposo.
- Enfermagem. Sei que será difícil trabalhar, cuidar da família e estudar ao
mesmo tempo, mas preciso conseguir um emprego melhor e sei que esta profissão
tem boas oportunidades de emprego em nossa cidade. E eu me identifico com a área
da saúde.
- Que bom, Ester. Só me preocupo com nossas filhas e sei que sua vida vai ficar
muito atribulada no período em que você estiver estudando.
- Sei José que vou passar por provações e terei que me doar mais ainda, porém
eu sinto que preciso conseguir um trabalho para ganhar melhor e eu pensei na
Enfermagem. Pode-se trabalhar em postos de saúde, em hospitais, e outros .
- Sim, é verdade.
- Você me apóia?
José respondeu prontamente:
- Claro, minha esposa. Eu também desejo o melhor para você e que seja para o
bem de nossa família.
- Deus vai-me abençoar em minha escolha!
- Você vai conversar com nossas filhas sobre sua decisão?
- Sim, vou falar o quanto antes.
- Quando serão as provas para Enfermagem?
- Vou fazer duas provas. Daqui a 06 meses. Vou frequentar primeiro um curso
preparatório. Tenho estudado em casa, preciso de um reforço. Este curso será
noturno de 18 às 22 horas, de segunda a sexta-feira feira por quatro meses. Vai
atrapalhar minha frequência aos cultos, mas vou fazer este sacrifício.
- Bons estudos então, meu amor. Que Deus te ilumine e você passe logo na
primeira tentativa!
- Sim, vai dar certo.
No dia seguinte, à noite, Ester reuniu suas filhas e seu marido após o jantar e
deu a notícia para elas.
- Filhas, - começou a mãe - preciso contar para vocês uma decisão muito
importante que tomei em concordância com o pai de vocês.
- O que foi, mamãe? - indagou a mais velha, Marcela, um tanto assustada.
- Não é nada ruim - disse Ester, procurando acalmá-las.
- E o que é então, mãe? - questionou por sua vez, Andreza.
- É uma notícia boa, mas vou precisar da compreensão de todas vocês. Mamãe
precisa conseguir um trabalho melhor e para isso eu decidi fazer um curso de
Enfermagem.
- É mesmo, mãe?- indagou a caçula, aparentemente feliz.
- Sim, minhas filhas. Eu sei que será apertado para mim e vou passar por um
período muito atribulado, muito difícil, mas preciso correr atrás de melhorias para nós
e para ajudar seu pai nas despesas de nossa casa. Eu comecei a trabalhar no comércio,
mas ganho pouco e preciso conseguir um emprego melhor. Eu decidi pela
Enfermagem pois gosto dessa área e aparecem boas oportunidades de trabalho neste
setor em nossa cidade.
- Parabéns, mamãe, por sua escolha – declarou Marcela.
Andreza, porém, afirmou para todos:
- Mamãe, pai, acho bom a senhora trabalhar, mas só me preocupo pelo fato de
que a senhora vai ficar menos tempo conosco pois estará mais ocupada. Vai nos dar
menos atenção e precisamos da senhora.
- Oh, minha querida, é verdade. Mas será por um tempo passageiro e por uma
causa nobre.
- E se a senhora for dar plantões à noite? - questionou Andreza. - Vai nos
deixar sozinha com papai nos dias de plantão. Eu sei que enfermeiras também podem
trabalhar à noite.
- Prometo que farei de tudo para não trabalhar a noite quando eu me formar e
conseguir um emprego. Vou procurar trabalhos que sejam somente durante o dia.
- Mas, mamãe, durante o curso de Enfermagem, a senhora vai ter que dar
plantões à noite? - interpelou a mais velha.
- Sim, filhas, mas somente nos períodos de estágio, que devem durar cerca de 1
ano e meio.
- Ah, mamãe, fiquei feliz mas também fiquei triste ao mesmo tempo –
desabafou a filha do meio. – Não nos abandone. Papai, e o que o senhor acha disso
tudo?
- Filha, eu estou aqui para apoiar e estimular sua mãe. Foi uma decisão que
partiu dela, e ela tem o direito de estudar e trabalhar, e tenho convicção de que ela
procura o melhor para nossa família. Eu peço que vocês também apoiem sua mãe na
decisão que nós tomamos.
- Vou tentar - revelou Andreza.
- Tomara que esse período passe logo – desejou Melina.
- E quando você fará as primeiras provas, mamãe? - questionou a filha mais
velha.
- Daqui a 6 meses. Preciso estudar antes dos testes, minha filha. Se tudo correr
bem, inicio o curso de Enfermagem no próximo ano.
- Vamos torcer por você, mamãe – continuou Marcela. – A senhora é uma
guerreira e merece.
- Deus abençoe nossa família - pediu aquele pai. – Ester, meu bem, que você
realize seus sonhos e tenha sucesso na carreira que você está almejando.
- Obrigado, José. Nosso Deus estará sempre comigo. Orem por mim, filhas.
Peçam por sua mãe em suas orações.
- Sim, mamãe, pediremos - concluiu Andreza. – E as demais concordaram com
um aceno de cabeça.
Andreza, porém, saiu daquela sala para seu quarto um pouco tristonha. Ela
acreditava que sua mãe a partir de então não poderia mais lhe dedicar tanta atenção
como antes e as duas terminariam por se afastar mais uma da outra, de forma
gradativa. Andreza passou a ter este temor. De fato, dentro de nove meses, Ester
iniciou o curso de Enfermagem, pois teve êxito no concurso vestibular.
_________________________________________________________
O relacionamento de Andreza e sua mãe foi piorando com o tempo. Ester não
deixava Andreza sair sozinha com as amigas e o não era a resposta mais frequente aos
pedidos feitos pela filha. Praticamente ela só podia sair com a irmã mais velha, ou com
os pais para o templo evangélico ou algum outro lugar. Limitavam-se nos finais de
semana a visitar familiares, ir a shoppings, restaurante ou a praia, mas nem eram
todos os finais de semana que saiam de casa para almoçar ou jantar fora. Somente os
cultos evangélicos eram o programa obrigatório.
Andreza interessou-se por outros rapazes, mas devido às reações anteriores de
sua mãe, em geral trazendo empecilhos para que Andreza namorasse esta preferiu
desligar-se um pouco destas investidas, e decidiu ficar sem namorado. Nasceu nela
uma espécie de sentimento de medo de relacionamentos afetivos. Parecia ser um
tabu.
Ester começou a ter medo de que sua filha fosse muito assanhada e passou a
vigiá-la. O medo era que Andreza fizesse coisas erradas, se tornasse muito
namoradeira, começasse a ter relações sexuais na adolescência, contraísse doenças,
engravidasse e ficasse mal falada na vizinhança e na Igreja. Todos os receios de uma
mãe superprotetora e com memórias de casos semelhantes que já tinha presenciado.
Ester ficou até um pouco neurótica e começou a achar que todos os homens,
jovens e adultos, solteiros e casados olhavam demais para sua filha, com olhares de
desejo. Sua filha não era linda em sua opinião, mas era bonita, e não passava de uma
adolescente. Aquelas investidas contra sua filha a confrontavam e a ameaçavam e não
sabia como agir. Isso tornava Ester vulnerável. Seu esposo, porém, não se ligava muito.
Não parecia notar nada de errado e estranho. Ester também não sabia bem como
abordar tudo isso com seu marido e eram temas delicados para ela. Até se sentia
aliviada por pensar que seu esposo não notava que sua filha do meio já era desejada
por homens. Ester, porém, começou a perceber que havia algo diferente em sua filha,
e que atraía a atenção dos homens e isso a perturbava. Andreza parecia despertar a
cobiça dos homens por uma fêmea. Quando pensava então que Andreza poderia estar
notando aqueles olhares sedutores é que ficava mais angustiada. Ela não queria que a
filha naquela idade já se sentisse desejada e até assediada por homens mais velhos.
Parecia então para Andreza que ela era a filha de quem sua mãe tinha mais
ciúmes e que era a mais controlada. Começou a sentir sua vida cerceada, cheia de
limitações e prisões. Sua liberdade e suas vontades estavam ameaçadas. Não
compreendia bem porque sua mãe agia assim, mas não tinha coragem de conversar
seriamente sobre todos esses dilemas. Tudo foi afetando para pior a relação com sua
mãe. Como seu pai era aparentemente alheio a todos estes questionamentos e era
algumas vezes mais benevolente com Andreza esta foi-se afeiçoando ao pai e foram se
aproximando mais. Andreza sentiu então que estava gostando mais de seu pai do que
sua mãe.
Ester até pediu encarecidamente que sua filha mais velha ajudasse a guiar
Andreza e também a auxiliasse na vigilância de seus comportamentos. A relação das
duas irmãs passou a ser mais estreita a partir de então; porém, Andreza notou que a
intenção era bisbilhotar e controlar sua vida e em muitos momentos se indispôs com
sua irmã mais velha Marcela e tiveram pequenas discussões. A aproximação das duas,
todavia, fez com que Andreza aprendesse mais sobre relacionamentos afetivos, pois
sua irmã era 5 anos mais velha e já tinha namorado.
Aconteceu, porém, uma reviravolta na família. Marcela, infelizmente, cometeu
uma ação que gerou desgosto para seus pais e foi mau exemplo para as irmãs. Marcela
se descuidou e engravidou do namorado. Foi mãe aos 19 anos.
Ester marcou com a psicóloga sem Andreza saber; apenas José sabia.
Chegando ao consultório se apresentou à atendente, e foi orientada a aguardar por
sua vez. Chegado o momento foi conduzida até a sala da psicóloga e se dirigiu à
profissional:
- Bom dia, doutora. Meu nome é Ester e você foi recomendada por uma amiga
minha.
- Bom dia, sou a Dra Priscila Andrade. Qual o nome de sua amiga?
- Tatiana Dutra. Ela trouxe aqui o filho adolescente, Felipe. Você se lembra? Faz
uns três meses aproximadamente, ela me falou .
- Ele é um loiro, bonito e ela morena clara do cabelo longo, da voz suave?
“Quando a relação é com filhas (mulheres) a figura materna costuma ser mais
forte ainda e, seu papel de modelo a ser seguido é mais marcante. Tudo o que a filha
admirar em sua mãe poderá ser copiado e tudo o que ela rejeitar poderá ser evitado.
Por isso a mãe deve ter muito cuidado em manter uma ótima comunicação com a
filha, de forma a transmitir exatamente a mensagem que deseja, pois ela pode não
captar o que a mãe tem em mente e distorcer o conteúdo das informações passadas
por você e assim seu comportamento também será diferente da mensagem que a mãe
gostaria de passar.
- Doutora Priscila, o que posso fazer então? Como devo começar para melhorar
a interação com minha filha e para ela confiar mais em mim e se abrir comigo, que sou
sua mãe?
- Será que minha filha algum dia será minha amiga e serei sua confidente? Eu sempre
imaginei isso para ela...
- Não é por serem mãe e filha que tudo deverá ser dito nas suas conversas.
Existe um certo limite entre mãe e filha, principalmente porque vocês não são apenas
“amigas”. Ester, na relação entre uma mãe e sua filha, por mais que vocês duas
possam confiar uma na outra, sempre há um certo julgamento e críticas por trás das
palavras de uma mãe, assim como a sensação de ser castrada ou controlada por parte
da filha. Isso é natural. Vocês devem superar isso e cada uma ceder um pouco.
“Por isso, mãe, respeite certos limites impostos pela relação, pelas gerações e
diferença de idade; você vai ter que aprender estes limites, para o seu bem e de sua
filha.
- É, não estamos tendo um bom diálogo no momento.
“A fase que costuma surgir mais atrito é na adolescência, pois a filha começa a
compreender que tem algum direito de fazer as coisas de seu jeito, mas muitas vezes a
mãe não concorda com esta visão da filha.
Quando Ester chegou à sua casa, encontrou seu esposo José e falou sobre a
conversa que teve com a psicóloga Priscila.
José a indagou:
- Como foi sua consulta com a psicóloga, Ester?
- Foi muito boa, José. Ela me esclareceu muitas coisas e me repassou várias
orientações. Você depois também deve falar com ela; será muito bom.
- O que ela achou do caso de nossa filha? Ela concordou que suas preocupações
têm fundamento?
- Sim, acredito que sim. Ela me disse que as divergências entre mães e filhas são
frequentes no período da adolescência e os pais devem estar bem orientados e
preparados para lidar com seus filhos nesta fase.
- Ester, você tem certeza de que não está exagerando? Acho nossa filha uma
moça ótima.
- José, nossa filha é ótima, mas ela está se afastando muito de mim e fico
preocupada. Eu não quero perder minha filha para o mundo.
- Mas nossos filhos são criados para o mundo, e não somente para nós, Ester,
infelizmente. Nós sabemos que isso é verdade.
- Mas uma filha não pode deixar de amar sua mãe e só se importar com o
mundo lá fora só porque está virando adulta. Ou nós agimos agora, ou eu perco minha
filha.
- Valha-me Deus. Isso não vai acontecer, Ester. Com a graça de Deus, não
vamos deixar acontecer.
- A doutora disse que precisamos conversar mais sobre nossa filha e seus
problemas e precisamos nos aproximar dela para tentar ser mais ativos na vida dela.
Mas ela me alertou que precisamos aprender a linguagem dos adolescentes, ter muita
paciência e tentar nos colocar no lugar deles para compreender seus anseios.
- Eu sei o quanto isso é difícil.
- Eu também. Tenho sentido isso na pele. Tento me aproximar dela, mas é
difícil. Parece que Andreza não confia mais em mim. Preciso recuperar a confiança de
nossa filha, José. Pelo meu bem e para o bem de nossa família. A doutora me disse que
eu preciso buscar fazer algumas coisas junto dela para criarmos vínculos e
conseguirmos ter afinidade mútua. Ajude-me: pense numas ideias. Preciso me
aproximar de Andreza.
- Vou tentar ajudar. E a psicóloga quer falar com Andreza?
- Eu pedi para não levar ela ainda. José, eu também me preocupo de não ter
condições financeiras para pagar muitas sessões de psicoterapia. As sessões são caras
e só consegui particular.
- Vamos dar um jeito. Tenha fé. Nós vamos conseguir pagar as sessões que
forem necessárias.
- Obrigada, meu amor.
- Farei isso por você e por nossa filha.
E encerraram a conversa daquele dia.
Ester passou então a tentar fazer tentativas para se aproximar de sua filha
mais problemática. A mãe nos dias seguintes convidou Andreza para fazerem um
curso de culinária e um curso de casais na Igreja.
Ester chegou estava em casa e falou com sua filha Andreza.
- Querida, eu vou fazer um curso de culinária. Você quer me acompanhar?
Posso inscrever você. É permitido adolescentes a partir de 14 anos participarem,
acompanhados de um responsável. Você quer vir comigo, filha?
- Mamãe, eu não me interesso muito por cozinha.
- Filha, é um curso chique. Vai ensinar fazer pratos de comida diferentes, saber
apresentar as refeições e repassa várias técnicas de culinária. Todo mundo fica vestido
naquelas roupas de chefe de cozinha e aprendizes. É bem legal!
- Mãe, deve ser um curso caro. Não precisa pagar para eu fazer.
- Andreza, eu faço questão – insistiu sua mãe. - Venha me acompanhar. Eu
convidei Marcela e ela não quis vir – mentiu Ester. – Vamos participar nós duas.
- Ah então a senhora só está me convidando porque Marcela rejeitou seu
convite – retrucou a filha do meio.
- Não, filha, não é isso. Eu gostaria que participássemos nós três, mas ela não
poderá ir. Eu ia te convidar com certeza, de qualquer forma – justificou-se a mãe. -
Vejo que será um curso muito bom para nós duas.
- Certo, mãe, me inscreva que eu vou participar com a senhora – prometeu a
morena.
- Combinado, minha filha.
E encerraram assim a conversa daquele dia.
Duas semanas depois foi realizado o curso.
E as duas foram ao curso de culinária, o qual durou quatro dias; Ester adorou o
treinamento e aprendeu muitas dicas para a cozinha e receitas deliciosas, tendo
recebido um caderno com dicas e receitas ao final de tudo. Andreza, porém, era muito
atrapalhada e desastrada na cozinha, e estragou os materiais de uma receita, deixando
os ingredientes queimarem no fogo; também houve uma receita em que ela esqueceu
de colocar o sal e outra em que ela adicionou pimenta em demasia. Andreza foi
repreendida pela instrutora do curso, que era muito severa, e por sua mãe, e saiu um
pouco chateada e desapontada do curso, pelos transtornos que ela ocasionou. Sua
mãe até se arrependeu depois pela maneira como falou com sua filha.
- Mas eu preciso saber da minha filha, doutora. Ela pode precisar de mim. Eu
sinto isso.- desabafou a mãe. – Como será dessa forma minha relação com ela?
- Muitas vezes esta relação pode ter problemas. Pois mãe é mãe, não é
amiguinha. Grandes problemas podem surgir quando a mãe considera que a filha seja
sua confidente, ou pior, quando acha que a filha poderá ser a confidente da mãe. A
filha terá muitas amigas em sua vida e são elas que deverão cumprir este papel. A mãe
deve ser uma figura a qual a filha pode contar com o apoio para toda a vida, que lutará
para que coisas boas lhe aconteçam, mas que não concordará com todas as ideias da
filha, pois este é o papel de mãe.
- Doutora, neste ponto eu não vou concordar com a senhora. Eu queria que
minha filha fosse íntima comigo e me deixasse a par de sua vida.
- Nem sempre isto será possível, mãe. Ester, você deve repensar muita coisa. A
adolescência é somente uma fase. Ela vai passar. Sua filha no momento pode desejar
não ser confidente de sua vida com você, não de todos os seus segredos. Infelizmente.
Aceite isso. É passageiro.
Priscila respondeu :
- Mãe, não há uma resposta definitiva. Talvez seja um erro da filha considerar
que sua mãe é uma supermulher, que nunca erra e que será sempre completa e
perfeita. Aceitar a mãe como uma pessoa que deve ser ouvida, mas também
questionada quando houver informações que não parecem corretas ou ideais para o
momento pode ser conveniente muitas vezes e a figura materna tem que aprender a
aceitar este fato.
“Um erro da mãe, por sua vez, poderia ser acreditar que sua filha é 100% um
‘produto’ seu. A filha nem é propriedade e nem resultado total de tudo o que a mãe
ofereceu em educação. A filha tem sua própria personalidade.
- Doutora, fiquei um pouco desiludida agora - retrucou Ester.
Ester marcou uma reunião entre seu esposo José e a psicóloga Priscila Andrade.
Após se apresentarem, a psicóloga indagou a José:
- Pai, sua esposa vive muito preocupada com a educação de Andreza e sua
formação psicológica. Ela espera muito de você para ajudar na criação e na formação
do caráter de sua filha Andreza. Como você vê sua filha? O que você pensa sobre a
pessoa dela e sobre seu comportamento como adolescente? Eu gostaria de ouvir tudo
isso de você. Você poderia me falar?
- Sim, doutora, sem problemas. Doutora, minha filha é uma boa moça, mas
notei que ao entrar na adolescência ela se tornou um tanto rebelde e mais difícil de se
conviver e ela bate muito de frente com minha esposa.
“Somos evangélicos – continuou José - e gostaríamos que nossa filha fosse
educada segundo os preceitos cristãos e de nossa religião, conforme também fomos,
mas percebo que a juventude de hoje tem outras demandas e os jovens são mais
questionadores. Por outro lado, minha filha Andreza é uma pessoa um pouco fechada,
difícil de se abrir, até mesmo para as irmãs. Deste modo, eu tento muitas vezes
respeitar o jeito dela de ser e procuro não ser muito invasivo, ou provocar um conflito
por ela não querer revelar tudo que se passa em sua vida. Como qualquer pai não
concordo 100 % das vezes com Andreza nem com sua mãe, minha esposa, mas
procuramos não nos desentender na frente de nossa filha. COMO PODEMOS FAZER
PARA MELHORAR A RELAÇÃO COM NOSSA FILHA, ENTÃO? - indagou José.
Priscila discorreu suas opiniões:
- José, em primeiro lugar, assuma que nem sempre você conseguirá se
aproximar de sua filha. Ela muitas vezes estará ocupada com o computador, telefone,
livros, amigos, colegas da Igreja ou de sua escola, trabalhos escolares. Quando você
tenta conversar, ela não te ouve ou simplesmente o deixa falando sozinho, você ou sua
esposa. Ela, sua filha, pode achar você inconveniente neste momento. Entenda. E você,
por sua vez, pode se sentir impotente. Mas não fique assim, triste.
- Já notei isso algumas vezes, dra Priscila, mas quem se ressente mais dessas
percepções é a minha esposa.
- Entendi. Você também pode andar ocupado demais com o seu trabalho, a
outra parte da família, dinheiro, problemas individuais e muitas outras coisas. Alguma
dessas situações parece familiar? Se a resposta for sim, você precisa melhorar a sua
relação de pai e filha e reforçar o vínculo.
- Como farei isso. O que você me sugere, por favor?
- Pode parecer complexo no início, mas, depois de um tempo, vocês pais vão se
dar conta de que não é tão difícil quanto pensavam. Apesar de tudo, ela é sua filha. Se,
ainda assim, tu não sabes como se divertir com ela e encontrarem interesses em
comum, não se preocupe. Vou te repassar alguns passos que podem ser úteis.
- Pode falar.
- Arrumem tempo para ficar com ela. Tentem encontrar tempo na sua rotina
para fazer atividades com sua filha, você ou sua esposa, juntos, ou em separado. É
bom que seja sempre no mesmo dia e horário para que se lembrem do momento
especial de ficarem juntos e estejam sem compromissos. Os feriados e as férias são
uma ótima época para aproveitar, mas não somente estas datas.
- Trabalho muito, doutora. Tenho um pequeno frigorífico, de modo que
trabalho para mim, os lucros são pequenos e não posso me dar o luxo de tirar férias
prolongadas. No máximo uma semana por semestre.
- Não tem problema. Se você ainda estiver trabalhando nestes dias, tente
arranjar tempo no final de semana para ficar com ela. Dê a si mesmo pequenas folgas,
fechando o estabelecimento uma hora antes pelo menos duas vezes ao mês, por
exemplo, se puder, para sair com ela. Tentem passar pelo menos uma ou duas horas
por dia juntos. Escolha um horário em que ela esteja livre também.
- Em geral não dá para conciliar os horários em que ela está livre com os
meus de folga.
- Ainda assim, pergunte a ela: "Você quer fazer alguma coisa comigo e
com sua mãe?“, e fale o dia, ou pergunte qual o melhor turno no final de semana". Ou
questione quando ela estará livre e diga que você vai dar um jeito de arrumar tempo.
No entanto, nos dias de semana, sua filha provavelmente vai estar bem ocupada com
os trabalhos da escola, assim como você sem seu negócio. Respeite isso e veja um
outro horário para ficarem juntos.
- Vou conversar sobre isso com Ester, mas já fazemos algumas coisas
juntos, como ir á praia ás vezes e todo sábado e quarta-feira á noite participamos do
culto em nossa congregação.
- Conheça os gostos da sua filha. Saber de que tipos de atividades sua
filha gosta vai ajudar muito quando estiverem juntos, porque você já saberá o que
fazer e aonde ir. Observe sua filha e veja mais de perto o que ela está fazendo para
conseguir mais pistas do que ela gosta. Você vai ter uma noção melhor dos gostos
dela. Os interesses de sua filha talvez sejam bem diferentes dos seus, mas não tente
mudá-los.
- Que bom, então. Saiam para passear com mais frequência, se puderem. Não
precisam ser voltas para gastar. Uma caminhada no centro, nos parques ou na praia faz
todo sentido. Se não quiserem fazer compras, ainda há muitas opções. Como dito antes,
escolha um lugar pelo qual ela se interessaria. Leve sua torcedora de futebol para uma
partida do time dela.
- Taí uma boa idéia: só a levei duas vezes até hoje ao estádio para assistir aos
jogos do Sampaio Correa. Vou chamá-la para ver se ela me acompanha. Ela gosta de
futebol...
- Outro fator importante é o clima. Veja na internet, na televisão ou no jornal os
detalhes da previsão do tempo. Deixe as atividades a céu aberto, como parque e
clubes de piscina, para dias ensolarados. Se estiver no período de chuvas, vão a um
café para tomar um chocolate quente ou café. Ela gosta de café?
- Sim, ela gosta bastante.
- Ótimo. Vão a um cinema, restaurante, clube de piscina coberto, biblioteca,
museu ou qualquer outro lugar fechado, de acordo com suas possibilidades. Procure
fazê-la conhecer a cultura e a história de nossa cidade. Aposto que ela vai amar. Ela
tem sede de aprender coisas novas.
- Sim, doutora, com certeza. Ela é uma garota bastante curiosa e ligada.
- Assistam a um bom filme antigo em casa. Essa é uma ótima atividade se
estiver chovendo. Assistir a filmes juntos também pode aproximar vocês. Vejam suas
opções e escolham uma que ambas queiram assistir. Selecione um filme apropriado para
a idade dela! Filmes de comédia familiar são bons para todas as idades e sempre vão
fazer vocês rirem.
- Não gosto muito de assistir a filmes, mas vou me esforçar para fazer isso com
ela. Vou buscar filmes que tenhm uma boa mensagem.
- Sim, vale a pena. Ajude-a também com os trabalhos da escola. Como pai e
mãe, é importante que vocês dêem apoio e contribuição à educação de sua filha. Sempre
tentem ajudá-la com as lições de casa se ela pedir. Não dêem a resposta, ajudem-na. Se
ela estiver debruçada sobre o dever há muito tempo, diga que se ela precisar de alguma
ajuda, sempre pode pedir. Faça o mesmo se ela tirar uma nota baixa em uma prova.
- Eu tento ensiná-la algumas matérias, mas há assuntos que não sei mais. O
ensino está muito avançao. Eu sempre chamo uma moça, a Vanessa, para ajudá-la com
reforço escolar.
E a psicóloga continuou com suas sugestões:
“Lembre-se que vocês estão cozinhando juntos. Deixe sua filha fazer
algumas coisas, como quebrar os ovos, ajudar a bater a massa, pôr os líquidos e fazer a
decoração. Não espere que as coisas saiam perfeitas – é assim que os adolescentes
aprendem. No entanto, supervisionem e acompanhem tudo o que ela for realizar na
cozinha.
- Minha esposa comentou comigo que elas duas fizeram juntas um
curso de culinária, recentemente.
- Converse com sua filha. É importante para ela saber que pode sempre
contar com você se precisar de algo. Quando conversar com sua filha, olhe-a nos olhos
e faça-a retribuir. Diga a ela: "Preciso que me ouça.", mas em um tom calmo e
amigável. Tente ser breve e amável ou ela vai ficar entediada, desatenta e achar que
está metida em confusão ou levando um sermão. Sejam objetivos logo na primeira
frase e mantenham a conversa simples, usando palavras curtas e não confusas. Vocês
também devem conversar casualmente. Quando vocês dois se falam, não precisa
necessariamente ser uma conversa séria.
- Realmente, eu preciso começar a façar com Andreza sobre planos para
o futuro, mas sei que ela é somente uma adolescente e precisa se divertir. Nossas
conversas tem que ser amenas...
- Confiem na sua filha. Pode ser difícil fazer isso, mas você precisa depositar
confiança nela. A razão pela qual você talvez não confie na sua filha é que ela mente
com frequência. E isso pode ser porque você faz o mesmo. Ela vai achar que não tem
problema mentir se vocês também mentem, então é hora de começar a ser um bom
modelo para ela (e para todo mundo). Sejam honestos; cumpram e não quebrem suas
promessas, dentro do possível; e se ocorrer o contrário, procurem se justificar com
ela; comunicação é tudo.
- Obrigado, doutora Priscila por todas essas recomendações – agradeceu aquele
pai. - Vou procurar colocar algumas delas em prática. Acredito que ainda teremos
outras conversas. Até outro dia. Bom trabalho.
- Bom dia, senhor José. Desejo que tenho uma semana produtiva.
E se despediram naquele momento; todavia, contrariando a fala de José, eles
não marcariam outras sessões e também não levariam Andreza até a psicóloga, pois
logo Ester e seu esposo se separariam e o homem partiria de São Luís para morar com
sua filha do meio em outra cidade por um certo período de tempo.
Após estes encontros com a psicóloga Priscila, José indagou a Ester se ela
continuaria as sessões de psicoterapia e se levaria Andreza até o consultório da
profissional que os atendera. Aquela mãe, entretanto, ficou um pouco decepcionada
com as palavras e as afirmações da psicóloga e desistiu de prosseguir com as sessões.
A cada semana parecia que a relação de Andreza e sua mãe se agravava e isso depois
viria a afetar o casamento de Ester e José. A senhora evangélica convidava sua filha do
meio para a acompanhar nos cultos e nas reuniões da Igreja, mas a jovem já recusava a
maioria das ofertas de sua mãe. Ester comunicou ainda que haveria um curso de
formação para jovens. Disse ela para sua filha:
- Andreza, querida, haverá em evento para jovens na nossa Igreja para o qual
eu gostaria que você participasse. Virá um missionário dos Estados Unidos e será
muito bom.
- Por que, filha? Penso que seria muito bom para você, que é adolescente.
- Eu nem tenho namorado...
- Mas o curso e as palestras são abertas para todos os jovens, que já estão
namorando ou não. Não é você que é “louquinha” para namorar?
- Mas não estou afim de entrar neste curso. Desculpa, está bem? Deixa para a
próxima.
E de fato Andreza não participaria daquele encontro para jovens presidido pelo
pregador norte-americano. Ester ficou bastante ressentida com sua filha do meio por
este motivo.
- Pois ficarei com Andreza. Vou falar com ela - replicou José, com certa alegria,
apesar de tudo. – Obrigado, Ester, por sua compreensão. Será de cortar o coração, mas
tenho que aceitar, por mim. Não posso ficar só. Acho que eu não aguentaria. E não
estou fazendo drama.
- Entendo o seu lado – reiterou a mulher. - José, você necessita de uma escuta
atenta para nossa filha e desenvolver empatia com ela, ou seja, a capacidade real de se
colocar no lugar dela, considerando todas as circunstâncias e história de vida. Ouvir
atentamente, dar lugar para aquilo que ela quer demonstrar, usar palavras de
afirmação; são todas situações que vão lhe dar uma ideia de que você está de fato
atento, aberto, e que sabe sentir o que ela expressar.
Dois dias depois José encontrou Melina e Andreza e teve uma conversa com as
duas.
- Filhas, o papai tem que conversar um assunto delicado com vocês duas.
- O que foi, pai? - indagou sua filha do meio. – Alguma reclamação no colégio
contra nós duas?
José não sabia como abordar um assunto tão delicado como uma separação
com suas filhas tão jovens.
- Eu vou falar primeiro com vocês e depois sua mãe também vai ter uma
conversa.
- Filhas, eu até nem sei direito como falar. Primeiro preciso dizer que pensamos
muito em vocês três. Sua mãe está falando agora com Marcela. A nossa prioridade são
vocês. Saibam que vocês estão em primeiro lugar na nossa vida e sempre faremos tudo
por vocês. Mas infelizmente queridas as coisas nem sempre evoluem como a gente
planejou; existem percalços em nossa jornada.
- Explique melhor, pai. Não estou entendendo - pediu a filha mais nova.
- Filhas, o papai e a mamãe vem passando por uma crise na nossa relação de
um ano para cá; nós nos desentendemos algumas vezes e fomos nos afastando um do
outro.
- Seu pai e sua mãe precisamos de um tempo para nós dois para a gente refletir
se vamos continuar juntos ou não. Sua mãe me pediu esse tempo para repensar sua
vida e tomar uma decisão. A gente pode se separar, filhas.
- O senhor vai sair de casa? Vai nos deixar sozinhas com mamãe? – indagou a
morena.
- Não exatamente. Eu expliquei para vocês que não é uma decisão definitiva.
Pode ter reversão. Mas falei com sua mãe que eu não posso ficar só. Eu não
suportaria. Ela me disse que seria melhor se Melina ficasse com ela pois é sua caçula e
ela não quer ficar sem ela e eu lhe pedi que Andreza viesse morar comigo. Vocês
aceitam essa proposta inicialmente?
- Queridas, é uma decisão difícil, mas precisamos tomar. Tentem ver o lado de
cada um. Não queremos ficar sós. Nem eu nem sua mãe. Ela está sendo boa e altruísta
em me deixar conversar com vocês para saber se aceitam minha proposta. Eu não
queria perder vocês duas. Tenho esperança de que sua mãe sinta minha falta e que a
gente volte como casal, mas agora ela me pediu esse tempo. E aí, o que vocês acham?
Desculpem por tanto sofrimento.
- Papai, eu não gostei nada desta história, mas, se não há outra forma, vamos
tentar - declarou Andreza. - Aceito, papai, a proposta de ficar com o senhor; mas eu
também quero ouvir nossa mãe.
- Papai, eu estou muito triste – revelou Melina. - O senhor nos pegou de
surpresa. Não sei nem o que dizer. Eu não gostaria de me separar do senhor e de
minha irmã.
- Queridas, como o pai de vocês já lhes adiantou, nós vamos dar um tempo.
- Por que, mamãe, a separação entre vocês dois? – interpelou a mais velha.
- Não está mais dando certo, filha. Seu pai pensa muita coisa diferente de mim.
Precisamos de um tempo para nós dois, para refletirmos sobre nossa vida.
- Mãe, como a senhora está? Como vai ter cabeça para estudar? – questionou
Andreza.
- Mãe, e vamos morar sozinhas? Tenho medo. Eu me sinto mais segura quando
meu pai está em casa - confessou a filha mais nova.
- Nosso Senhor vai nos proteger, filha, e ele estará sempre conosco, guardando
nossa casa e nos protegendo. Num dia em que estivermos preocupadas, peço para um
de meus irmãos ou sobrinhos vir dormir aqui com a gente.
- Dona Ester, meu pai disse que eu ficaria com ele – afirmou Andreza. – Partiu
dele ou da senhora a opção de eu morar com meu pai após a separação?
- Partiu dele, querida. Mas eu concordei. Melina ainda é muito nova, só possui
12 anos de idade; ela ainda precisa muito de mim. E percebo que José é mais apegado
a você; acredito que foi por isso que ele sugeriu que você vá morar com ele.
- Ok. Mas vou ficar muito triste por me afastar de minhas irmãs.
- Mas eu lhes peço: continuem amigas entre si. Não se afastem na verdade.
Vocês serão irmãs por toda vida, e não se esqueçam disso. Não é por que vão morar
em casas distantes que a amizade de irmãs se perderá. Cultivem o companheirismo
entre vocês .
- Filha, ele ama a vocês três igualmente. Até mesmo Marcela, que só é sua filha
do coração; é enteada. Ele sempre a tratou como o faz com vocês duas: com amor e
carinho. Seu pai não faz distinção de tratamento.
- Mas há momentos que não parece isso o que acontece - continuou Melina.
E as quatro mulheres foram almoçar. José não faria a refeição em casa naquele
dia.
Certo dia, antes de Andreza partir com seu pai, estavam as duas irmãs mais
jovens no seu quarto, quando a caçula se dirigiu para a outra e foi dizendo:
- Irmã, não pode. Tire isso da cabeça. Sexo, somente após o casamento.
Andreza e seu pai passaram 3 anos morando em outra cidade, mas vinham
visitar a família quase todos os meses. Nesta outra cidade Andreza fez várias amizades,
como Nádia e Trícia.
Nádia era uma moça muito alegre e que adorava festas. Seus pais a deixavam
frequentar festas desde 15 anos de idade, pois seu pai tinha um conjunto de música.
Ela convidava Andreza e seu pai, mas esta dizia que não podia aceitar pois era
evangélica e seu pai não frequentava estes eventos, além de não consumir bebidas
alcóolicas e por pensar que estes ambientes não seriam adequados para sua filha
frequentar.
Nádia era natural da mesma cidade natal de José, pai de Andreza. Ela era uma
moça simpática e bastante comunicativa, conhecendo quase todas as pessoas de sua
escola e de seu bairro, mas no momento não tinha namorado. Ela foi a primeira
grande amiga de Andreza, e os laços entre as duas persistiram até São Luís do
Maranhão, para onde as duas se mudariam depois, e onde, todavia, se desentenderam
e se afastaram um pouco uma da outra. Na escola sentavam próximas, eram
confidentes entre si e frequentavam suas residências mutuamente, embora Andreza
fosse menos à casa da amiga.
No templo da Igreja Evangélica que frequentava em sua nova cidade Andreza
conheceu Trícia, que era uma moça calma e de boa índole, além de ser fidelíssima aos
preceitos de sua religião. Ela também conhecia Nádia e eram amigas. Trícia tinha um
namorado chamado Rafael Gaia e ela outrossim frequentava a casa da morena.
Os programas das amigas eram frequentar as sorveterias e as pizzarias daquela
cidade e foi aí que nasceu o primeiro apelido de Andreza, que passou a ser
carinhosamente chamada por Nádia de Bruna, pelo fato de ser morena, em contraste
às suas colegas, que tinham a pele mais clara.
Andreza pediu a seu pai num sábado para que ela fosse à tarde para a casa de
Nádia.
- Filha, pode ir. Mas temos o culto evangélico às 20h. Não esqueça! Tenho que
te pegar uma hora antes para que haja tempo para a gente se arrumar e não
chegarmos atrasados no templo.
- Pode deixar, papai. Não vou esquecer.
- Filha, e o que vocês vão fazer à tarde na casa dos pais de Nádia?
- Vamos assistir a algum filme romântico e iremos brincar com jogos.
- Que jogos? – quis saber seu pai, com grande curiosidade.
- Jogos de cartas, baralho.
- Filha, você quer aprender a jogar baralho? E vocês irão jogar com mais quem?
– questionou José, com preocupação.
- Nunca brinquei de baralho. Vou aprender. O irmão dela e seu pai também
gostam de jogar.
- E você sabe me dizer se o pai dela gosta de jogar apostado.
- Não, pai. Que eu saiba ele só joga em casa e com a família.
- Verdade? Não vai ter outros homens lá jogando?
- Eu já questionei isso para minha amiga. Ela me garantiu que seremos apenas
nós.
- E vai ter bebedeira? O pai dela consome bebidas alcóolicas?
- Não. E ele nem pode. Ele toma alguns medicamentos, assim ela me contou. E
já ouvi Nádia comentar que o pai dela nunca tomou bebidas com álcool.
- Filha, você não está me enganando, está? Por favor, não minta para seu pai.
- Eu juro, meu pai, que disse a verdade. Pelo menos é o que eu sei.
- De toda forma vou deixar você lá pessoalmente e vou ficar por uns 15 a 30
minutos observando tudo. Se eu notar que vai ter bebida alcóolica ou que tem outros
homens lá além dos familiares, eu trago você de volta. Eu juro como eu trago.
Entendido?
- Certo, papai. Entendo seu lado. Mas acredito que lá vai ser tranquilo. Será
apenas uma brincadeira de família. A mãe dela vai preparar panelada pra gente comer
- É mesmo? Adoro panelada com farofa e uma pimentinha.
- Pois vou pedir um pouco para o senhor.
- Não, eu fico com vergonha de você pedir.
- O que é isso, pai. Já sou quase de dentro da casa deles. E lá todo mundo é
gente fina. A mãe dela, dona Conceição, vai adorar mandar um pouco da panelada
dela para o senhor comer. Já estou vendo. Deixe comigo.
- Não se preocupe comigo, filha. Só peça um pouco de panelada para mim se
sobrar.
- Com certeza. Pode deixar. Ela costuma fazer bastante comida. A casa deles é
muito animada.
- Não se acostume com farras, Suellen.
- Tudo bem, papai; não vou me acostumar.
- Vou sair agora filha e daqui a pouco passo para te pegar e te deixar na casa de
Nádia. Você combinou de ir que horário, mais ou menos?
- Entre 12:30 e 13 h.
- Combinado.
- Obrigada papai.
E seu pai saiu.
Conforme o combinado seu pai a levou até a casa de Nádia e lá passaram a
tarde, Andreza e os seus anfitriões. Nádia e sua família ensinaram Andreza a jogar
pôquer e sinuca naquele dia. A morena jamais tinha feito isso.
As duas garotas após esse encontro passaram a adorar os jogos de baralho e se
tornou para as mesmas uma forma de diversão nos finais de semana, já que a cidade
era muito pacata nos dias de sábado e domingo.
Andreza foi passar um final de semana na casa de sua mãe e encontrou sua
irmã mais jovem. As duas conversaram. Começou Melina sua aula para Andreza de
como beijar um garoto pela primeira vez:
- Suh, numa festinha em que você ficar afim de um garoto, você vai proceder da
seguinte forma: desde o início, sente-se ao lado dele, – recomendou a professora - e
esteja com um corpo sempre voltado mais na direção em que ele está e vá se
aproximando conforme a conversa flui.
“O olhar dele vai predizer muita coisa; faça primeiro contatos visuais com o
pretendente. Se ele desviar os olhos por estar com vergonha talvez seja até um bom
sinal. Mas se ele apenas olha para seu rosto, mas nunca para seu olhos… ou ele não
quer nada, ou é um tapado e um banana.
“Faça movimentos limpos e vá devagar; comece a olhar para a boca dele de vez
em quando e retorne a mirar os olhos. Se tu sentires que ele continua confortável com
você fazendo isso, vá em frente.
- Mas você não quer beijar? Esqueça essa conversa de menina desesperada e
oferecida! Continuando: Deixe ele sorrir com isso. Se ele disser algo como "também te
acho uma gatinha...". Aproxime-se e arrisque, "Posso te beijar?". Então se beijem.
- Eu não consigo agir assim, irmã – declarou Suellen. - E calma! Caso ele não
disser isso e apenas sorrir, todo lisonjeado, e com vergonha? O que faço?
- Bom... Deixe ele sorrir com o elogio e faça alguma coisa engraçada e apenas
encare nos olhos dele e ao seu redor. É importante ter uma quebra pequena da
tensão, para que vocês dois fiquem confortáveis. Diga algo como "Gato, olha pra
mim!! “. Procurem rir, relaxar... "Poderíamos ser modelos, não acha?". Depois respire
e se aproxime novamente, fique concentrada nele de novo e recomece os mesmos
contatos visuais que antes… Olhos, boca, olhos.
- Até que somos ótimas juntas ... Você tem cada orientação, Mel! Acho um
barato – observou a irmã mais velha.
- Veja como ele reage neste momento, Suh. Se ele falar: " É, nós somos". Então
vá em frente e pergunte a tão sonhada questão: "Eu posso te beijar?" Ou tenta beijar
logo, se esse cara não tem iniciativa; se você acha que ele vale a pena investir e você
está muito afim dele, tenta um beijo.
- Exatamente. Muito bem, irmã. Acredito que você entendeu minha mensagem.
Algum tempo depois Andreza começou a namorar um fiel de sua Igreja. Ela
relatou para uma de suas amigas mais próximas:
- Nádia, conheci um garoto em minha Igreja e estou ficando com ele. Seu nome
é Glauco. Ele é de Santo Antônio dos Lopes, e é conhecido de um colega meu, o Luan,
que está estudando no Piauí. Glauco é bem bonitinho, um garoto bem legal.
- Vocês se conheceram há quanto tempo?
- Há uns quatro meses, mas começamos a sair juntos há menos de um mês.
- Seu pai já sabe de seu namorico ? Ele aceitou...?
- Eu falei sim para ele que estava conhecendo melhor um amigo da nossa Igreja
e ele concordou. Não disse nada contra. Ele já falou com o boy umas três vezes após o
culto.
- E você já o levou em sua casa?
- Não. Ainda não. Acho cedo para essa intimidade. A gente sai para tomar
sorvete, fica conversando na praça, ele me encontra no final da aula, assistimos o culto
juntos às vezes e a gente dá uns beijinhos escondido.
- Vocês nunca transaram?
- Não. É cedo pra isso, amiga. Quero conhecê-lo melhor.
- Andreza, desculpe minha pergunta intrometida: você é virgem ainda? Uma
menina da capital...
- Sou virgem.
- Pela sua religião, você só vai ter relação sexual após o casamento?
- Acredito que sim. E você, Nádi, já ficou com algum garoto e perdeu sua
virgindade?
- Bruna, vou te confessar, eu já transei com dois amigos meus, mas minha mãe
e meu pai nem sonham.
- Você não tem medo de engravidar solteira.
- A gente preferiu transar de camisinha; sei que não é tão gostoso, porém, é
mais seguro. E sei da existência da pílula do dia seguinte. Qualquer acidente com o
preservativo, se ele romper, a gente toma essa pílula de emergência, para eu não
posso engravidar. Eu conheço seu “crush”?
- Amiga, você e Trícia não o conhecem, acredito eu, mas não vai faltar
oportunidade. No momento, você tem namorado?
- Não. Ninguém fixo. Na verdade, sou muito calma e caseira. Mas eu queria
conhecer Glauco qualquer dia. Eu gostaria de saber se ele está à altura de minha amiga
do peito.
- Sim, qualquer hora vai dar certo.
- Bruna, eu queria te convidar para aprender a jogar sinuca. Você gostaria de
aprender?
- Taí, pode ser. Parece ser muito bom jogo de bilhar. Quero aprender sim. Onde
vai ser?
- Na AABB. Também tenho um amigo que possui mesa de sinuca em sua casa.
Vou marcar e te aviso .
- Fechado. Tchau, amiga.
- Tchau, amor.
Quando Suellen voltou com seu pai do interior para a capital ela acabara de
completar dezoito anos de idade e estava um pouco esnobe, fazendo pouco caso de
vários rapazes que tentavam se aproximar dela.
Raramente foram à praia juntos ou fizeram algum programa diferente que não
saídas para comer no shopping ou nas proximidades de onde residiam.
Certo dia, Andreza estava conversando com Rodrigo, seu namorado, quando,
do nada, ele perguntou:
- Andreza, quando foi e como foi sua primeira vez?
- Como assim? - retrucou ela, fingindo não saber do que tratava aquela
questão.
E ele foi mais claro:
- Sua primeira vez com um homem... Por que sei que você não era mais virgem
quando transamos.
- Não sei se devo te contar. É um segredo tão íntimo de cada garota. Só vou
falar se você me disser como você perdeu sua virgindade.
- Foi com minha ex-namorada. Mas transamos pouco. Foi boa minha primeira
vez, eu gostei – respondeu assim, Rodrigo, para simplificar. - E então você, meu bem,
como foi?
- Você é muito curioso. Quer mesmo saber? Eu não queria contar.
- Fale, pode confiar em mim. Sou seu namorado.
E ela contou:
- Na cidade onde eu estava morando com meu pai eu tive um namorado por 9
meses; meu pai sabia, mas nunca revelei para minhas irmãs nem para minha mãe. Um
dia a gente, eu e o boy, saímos para tomar um lanche e na volta passamos na casa
dele; os pais dele tinham saído para uma reunião da associação de moradores do
bairro; foi aí que rolou; a gente já estava com vontade; fomos para o quarto dele e lá
transamos; foi uma transa rápida; tínhamos medo de que os pais dele chegassem. Eu
estava tomando anticoncepcional por causa de cólica menstrual e por isso tivemos
coragem. Ele não tinha preservativo e fizemos amor sem “camisinha”.
- E você gostou da sua primeira vez?
- Sinceramente, não. Quer dizer, não foi ruim. Mas a primeira transa a gente
quase não sabe o que fazer, tem muita insegurança, e quase não sabe de nada mesmo.
É só uma iniciação, é apenas uma introdução (literalmente!) – e ela sorriu. - Funciona
mais para quebrar a barreira do medo e do pudor e dizer: pronto, transei, não sou
mais virgem. Depois vem tantas dúvidas e tantas cobranças na cabeça da gente. Fiquei
uma semana sem ver meu namorado após a primeira relação. Mas também transamos
poucas vezes. Íamos completar ainda 18 anos, mas estava perto desta data. Fui logo
embora da cidade e antes de ir preferi que terminássemos o namoro. Ele concordou e
seguimos amigos, mas não nos falamos mais.
- Como era o nome dele? - indagou seu atual namorado.
- Eu prefiro não falar, me entenda - respondeu a morena.
Rodrigo disse então:
- Amor, eu acho que não falei a verdade. Minha primeira relação sexual
também não foi muito legal nem prazerosa. Não fiquei a vontade com minha
namorada. Achei vergonha dos nossos corpos nus. Era de dia, o local estava claro e
acho que nossa química sexual também não combinou muito. Eu imaginei que minha
primeira vez ia ser melhor. Fiquei um pouco decepcionado. Por isso também nosso
namoro terminou após alguns meses de nossa primeira transa, acredito eu. Mas com
você é diferente: eu adoro fazer sexo com você. Sinto prazer e satisfação. Gosto de
transar com você, pois me sinto mais à vontade. Você é perfeita comigo.
- Obrigado, assim você me deixa envergonhada. Gosto de ficar com você
também. Você faz comigo bem direitinho, do jeito que eu gosto. Você sabe transar.
E os dois se beijaram calorosamente neste momento.
Próximo ao final do ano, Rodrigo procurou Andreza e lhe deu a triste notícia de
que ele partiria de São Luís, em definitivo. O rapaz se mudaria para Açailândia.
Lágrimas verteram dos olhos daquela jovem, pois ela estava gostando de seu
namorado verdadeiramente.
Disse Rodrigo:
- Vou ter que acompanhar meus pais no trabalho e no negócio deles. Eles não
aceitam ficar sem mim.
- Por que você não fica estudando em São Luís? O ensino aqui é muito melhor...
– alegou sua namorada, tentando convencê-lo a mudar de posição.
- Sou filho único e eles desejam que eu de continuidade aos negócios da
família. Já estão começando a me treinar. Preciso aprender desde cedo com eles.
- Que pena.
- Realmente. Eu estou gostando muito de você e não gostaria de me mudar
agora de cidade. E gosto daqui.
- Eu também gosto muito de você. Fiquei arrasada agora.
- Não fique assim, me desculpe.
- Você não tem porque se desculpar. São coisas da vida. Encontros e
desencontros. Chegadas e partidas. Temos que superar.
E se despediram alguns minutos depois. Nesse dia Andreza chorou quando
Rodrigo saiu e ela retornou para sua casa de postura cabisbaixa e passou três dias
muito tristonha pela notícia de que seu namorado ia embora.
Ao retornar a São Luís, Andreza passou a frequentar mais a casa de sua mãe e
esta tentou aproximar-se mais da filha. Sua mãe estava morando em outro endereço,
mas num bairro próximo. As duas conversavam num certo dia, isso antes de sua filha
encerrar o namoro com o Rodrigo:
- Andreza, minha filha, como está sendo seu dia-a-dia? Você não está
estudando mais?
- Mãe, estou estudando só em casa, preparando-me para as provas do Enem no
final do ano.
- E você já sabe para que curso vai fazer a prova?
- Estou me decidindo ainda.
- Você não me contou para o que você fez as últimas provas.
- Ah, nem passei mesmo, mãe. Não preciso dizer. Deixa pra lá.
- Você está trabalhando com alguma coisa?
- Estou vendo umas coisas por aí. Vou tentar realizar vendas pela Internet. Eu
não queria um trabalho agora, para não me tomar muito tempo e atrapalhar meus
estudos.
- E como você vai começar esse negócio, querida?
- Acho que vou pedir um dinheiro emprestado para Marcela para me ajudar a
começar este negócio.
- E ela tem essa grana para te emprestar?
- Falei com ela uma vez e ela me disse que talvez após um tempo seria possível.
- Você pensa em vender o que, minha filha?
- Roupas, é provável.
- Querida, mas esse negócio é tão disputado!
- Mas vou tentar.
- Andreza, você está namorando? Você não comenta sobre namorados comigo.
- Estou namorando um carinha da escola.
- Apresente-me, por obséquio.
- Sim. Qualquer hora o trago aqui. Porém, ele é muito ocupado, trabalha com o
pai.
- Andreza, eu gostaria que você fosse ao aniversário de seu avô. Ele vai
completar 80 anos. Vai ser na casa deles.
Mas Andreza não foi ao aniversário e depois justificou à sua mãe que estava
doente, com cólica menstrual e diarréia.
Quando encontrou Andreza, disse Ester:
- Que pena, Andreza, você não ter ido ao aniversário de seu avô. Todos
sentiram sua falta e perguntaram por você. Teria sido tão bom se você tivesse ido. Seu
avô foi uma das pessoas que mais cobraram sua falta. Ele te enviou lembranças. Disse
que faz tempo que você não passa na casa deles. Nem parece que já morou lá, naquela
rua.
- Eu estava muito indisposta, mãe. Não deu mesmo para ir. Diga para ele que
passo lá a qualquer momento.
- Andreza, desculpe o que vou falar, mas me parece que você não quer
amizade com seus avós e suas tias que ainda moram naquela rua. Você tem vergonha
da condição financeira deles?
- Não, mãe, não é isso. Falando estas coisas você até me ofende.
- Desculpa. Então esquece. Não falei por mal.
- Tudo bem. Vou tentar esquecer o que você falou .
Andreza tomou coragem e interpelou sua mãe:
- Mãe, deixa eu te perguntar uma coisa, eu gostaria de saber. Por que você se
separou do meu pai?
Ester então respondeu, de imediato:
- O amor acabou, filha. Chegamos nós dois à conclusão de que o amor acabou.
E o casamento só se segura e é mantido enquanto existe amor. Quanto este acaba,
viver juntos não tem mais sentido.
Andreza não disse mais nada. Ouviu aquelas colocações com muita atenção e a
seguir ficou refletindo se a sua mãe escondia alguma coisa, alguma razão mais
concreta que teria motivado o fim do seu casamento com o pai de Andreza.
Melina encontrou a morena e lhe contou um relato que ouviu de sua mãe:
- Andreza, mamãe me contou uma história tão estranha. Ela me disse que um
irmão dela, o tio Moacir, assediou e tentou molestar uma de suas sobrinhas e o
restante da família ficou muito chateado com ele e até pensaram em contratar um
pistoleiro para matá-lo, depois que descobriram tudo. Foi punk. Ele fugiu para outro
bairro, ficou escondido e depois ele terminou se mudando para São Paulo, fugiu talvez
e foi como esqueceram um pouco tudo o que ele tentou fazer. Ele passou um tempo
por lá, a trabalho.
A morena disse então:
- Nossa! Nunca imaginei que em nossa família tivesse acontecido uma coisa
dessas... Que história sinistra! Um caso de pedofilia! Que absurdo! E o criminoso um
tio...
- Mas ocorreu sim. Ela estava contando para Marcela, quando cheguei e ouvi a
história já pela metade. Pedi que ela me contasse também, e por milagre ela me
repassou também esses fatos. Ela me solicitou, porém, que eu guardasse segredo e
não revelasse a história para mais ninguém, mas estou te contando; pois você é a irmã
e a pessoa para a qual confio meus segredos.
Melina ainda falou:
- Fiquei com receio de que esta sobrinha na verdade fosse uma de nós e daí
mamãe ser tão protetora conosco, especialmente com você. Poderíamos ser muito
pequenas na época do acontecido e por este motivo não nos lembrarmos de nada nos
dias atuais. O que você pensa, irmã?
- Não sei. Não posso opinar sobre isso. Preciso saber mais.
A morena ainda disse:
- É, você falou bem, irmã - retrucou Andreza; e ela continuou: - Superprotera
comigo, pois com você ela sempre deixou correr solto e sempre te deu muita
liberdade. A mãe só pegou no meu pé. Não sei porque ela fez isso comigo. Fui vigiada
demais. Perdi muita coisa em minha juventude por causa de minha mãe. Ela era chata,
cri-cri e exigente, principalmente comigo. Guardo um pouco de mágoas dela neste
sentido.
O namoro de Andreza e Rodrigo desta forma chegou ao fim, pois ele teve que
se mudar com os pais para outra cidade, tendo em vista que eles trabalhavam com
comércio e seu pai colocou uma loja filial e foi passar um tempo administrando esta
nova unidade.
Quando ele já tinha-se mudado, uma amiga de Andreza na escola, Patrícia
Cutrim, lhe chamou para conversar:
- Suh, agora que o Rodrigo foi embora eu posso te contar uns fatos que
aconteceram. Eu pensei muito se te contava, e decidi revelar para você.
- E o que aconteceu, Paty? – questionou Andreza, muito ansiosa.
- Morena, muita gente comenta na escola que o Rodrigo namorava outras
garotas.
Andreza desabou e no mesmo instante seu semblante ficou sisudo e triste.
- Eu não quis falar antes para não parecer fofoqueira e você achar que eu
queria atrapalhar seu namoro - continuou Patrícia.
- Eu preferia ter sabido. Por que vocês fizeram isso comigo e me esconderam a
verdade? E muita gente sabia?
- Acredito que sim. Não sei como você nunca desconfiou de nada.
- Eu devo ser uma tonta, uma tapada mesmo.
- Não se martirize. Os homens em sua maioria são “galinhas” mesmo, ou seja,
são infiéis de carteirinha.
- E se pegam uma menina boba e inocente como eu, aí é que eles aprontam! Ai
meu Deus, como eu pude ser tão idiota! Eu estou com ódio daquele safado.
- E parece que ele contava para os amigos segredos da intimidade dele com
algumas meninas .
- Você ouviu falar que ele contou intimidades minhas com ele?
- Não, de você acho que ele não falou. Mas não tenho certeza.
- E ele ficava com outras meninas da nossa escola?
- Sim, umas três.
- E quem são elas? Preciso saber. – disse Andreza, aflita.
- Andreza, é melhor eu não te falar. São comentários apenas; ninguém tem
convicção de que é verdade. Parece que não há provas. Não posso falar o nome delas,
senão elas podem vir tirar satisfação comigo.
- Eu guardo segredo, eu juro. Conte-me. Patrícia, você jura que está falando a
verdade?
- Sim. Muita gente comenta sobre ele. Rodrigo era metido a “playboy” e é
muito namorador.
- O que mais comentam de mim?
- Que você também o traiu.
- Eu? Quem falou isso?
- Pessoas próximas a você. Andreza, é verdade? Se você me falar eu conto o
nome delas.
- Foi só uma vez que eu fiquei com o Tiago Palhano. Mas eu estava brigada com
o Rodrigo. Eu juro que foi só uma vez. Aí a gente voltou e eu não quis contar para ele...
- Mas acho que ele ficou sabendo por outras pessoas.
- Vixe, minha nossa! Estou verificando que em nossa escola existe de fato muita
gente futriqueira. Pronto, falei. Agora me diz o nome das garotas que me traíram com
ele, porque ele dizia que namorava apenas comigo. Então ele me enganou. Preciso
saber se elas me conhecem e se alguma delas ainda finge ser minha amiga.
- Eu só tenho certeza do nome de uma delas: Alice Viegas.
- Não conheço. E as outras duas? Você disse que eram pelo menos três.
- Não tenho certeza se as pessoas estão corretas. Quando eu tiver certeza eu te
revelo.
- Você mentiu... Disse que sabia o nome delas três.
- Não, Suh. Só não quero dizer o nome de pessoas que podem ser inocentes.
- Ok. Mas você vai descobrir o nome das outras duas e vai me dizer .
- Combinado.
- Tchau. Senão eu vou ficar de mal com você.
Para se certificar de que Patrícia havia falado a verdade e não teria criado
aquela história, Andreza sondou vários outros colegas da escola, mas sem se entregar,
até que falou com Márcia Pinheiro.
- Márcia, será que o Rodrigo era fiel comigo? Você soube de alguma coisa que
ele fez escondido e não me contou?
- Andreza, eu ouvi dois amigos dele comentando que ele sempre tinha duas
namoradas ao mesmo tempo.
- E eles falavam em nomes?
- Sim. Uma delas era Cíntia Jansen, do segundo ano do ensino médio, do
turno da tarde.
- Que safado! Então ele me traía
- Acredito que sim. Muita gente fala dele. Dizem que ele era sonso. Fazia as
coisas escondido.
- Sem vergonha.
- E dizia para as meninas que não tinha nenhuma garota fixa.
- Canalha! Tão novo e já tão mau-caráter. Estou com ódio do Rodrigo! A sorte
dele é que foi embora da cidade, senão eu ia arrebentar com ele. Eu não ia deixar isso
barato.
- A melhor coisa que você faz agora é esquecê-lo, Andreza. E a partir de agora
ter mais cuidado com os rapazes.
- Sim, vou ter.
Andreza ainda ouviria depois de Mariana Campelo que Rodrigo contava mesmo
intimidades de sua relação com as namoradas e era exibido, gabola, exagerando nas
suas histórias. Mariana garantiu para a morena que ele teria vazado informações
íntimas dos dois, o que poderia estar denegrindo a imagem da moça nos bastidores da
escola. Mas Andreza não conseguiu mais detalhes. Tudo aquilo a deixou todavia
arrasada e com o astral lá embaixo.
Por último, um colega seu de nome Carlos Henrique Cavalcante conseguiu uma
foto do Instagram de uma garota com o flagra de um beijo de Rodrigo na moça. A foto
estava na conta de uma amiga dela e Rodrigo não sabia que a foto havia sido tirada. A
referida prova da traição foi postada no período em que Andreza ainda namorava
Rodrigo. E o pior: era outra garota, uma quarta, com a qual ele esteve se envolvendo
enquanto namorava com Andreza.
Era a prova definitiva da traição do ex-namorado. Ela não estava mais com ele,
mas mesmo assim tudo aquilo doeu, pois as pessoas comentavam na escola e as
histórias eram várias. Andreza sofreu ao saber a verdade sobre seu relacionamento
com Rodrigo e se sentiu impotente por não poder fazer nada para reparar sua
reputação e acima de tudo veio o sentimento de traição, como ela nunca tinha
experimentado e ela descobriu como este sentimento maltrata e faz mal.
___________________________________________________________
Voltando a Andreza: esta já pensava em conseguir um trabalho caso não fosse
aprovada no ano seguinte para a faculdade. A jovem já sentia a necessidade de obter
seu dinheiro com algum trabalho, pois seu pai tinha empregos em que ganhava
relativamente pouco e ela gostaria de obter um complemento para começar a
comprar suas coisas e pagar suas contas. Afinal, uma mulher precisa se vestir bem e
cuidar de sua beleza. Tornar-se um pouco independente dos pais do ponto de vista
financeiro não é um mau negócio. Afinal de contas, quase todos os jovens na idade de
Andreza naquele momento vislumbram isso: poderem se manter, livres do controle
dos pais, ainda mais quando a família não é abastada. A dependência financeira dos
filhos em relação aos pais torna os primeiros mais submissos às vontades e aos
controles parentais e Andreza sabia disso muito bem. Por esse motivo a vontade de já
começar a ter uma fonte de renda e iniciar um processo gradual de independência de
seu pai.
A mãe de Andreza sentia muito a falta de sua filha e buscou uma aproximação
com ela, começando a fazer frequentes elogios perante as postagens da moça no
Facebook. Andreza notou o comportamento de sua mãe, e suas intenções e isso
amansou um pouco o coração de Andreza. E como Ester estava satisfeita com a
formosura da filha do meio! Era a mais alta e aquela considerada mais bela dentre as
três. A mãe criou coragem e comentava nas postagens de sua filha: “Andreza, mamãe
te ama muito.“
Sua filha tinha-se tornado mulher, uma bela moça e o quão isso é confortador
e gera orgulho para uma mãe. Quando via as postagens de sua filha se alegrava e
gostava que todos soubessem e lembrassem que aquela moça era sua querida filha:
“Vejam esta linda princesa. É minha filha linda, que mora no meu coração. Vejam,
olhem para a linda moça em que ela se transformou”.
Andreza pôde também ter mais contato com suas sobrinhas, pois já havia
nascido a segunda filha de sua irmã mais velha. As outras filhas de Ester começaram a
ficar enciumadas, em especial a mais nova, que ainda tinha 16 anos de idade e era
ainda imatura. Elas não conseguiam notar que as ações e os elogios de sua mãe
voltados para Andreza buscavam reconquistar sua filha. A própria Andreza percebeu
que os elogios visavam a uma reaproximação, mas temia que houvesse exageros de
sua mãe e a apologia não fosse tão sincera. Andreza era desconfiada e queria uma
prova de amor verdadeira de sua mãe. Palavras não seriam o bastante, não seriam
suficientes de forma alguma para reconquistar o seu coração e a confiança de Andreza
em sua mãe. Ela exigiria uma prova concreta do amor materno.
Receiava que a reaproximação com sua mãe trouxesse de volta os fantasmas de
controle e dominação de sua vida por sua genitora. Ela não aceitaria mais esta
situação, de modo algum. Estava certa de que não.
Sua mãe futuramente moraria com outra pessoa, mas no momento estava
solteira e com esse homem, porém, não teria mais nenhum outro filho. Andreza era
um pouco chateada por seu pai já ter outro par, e depois sua mãe também conseguiria
um novo companheiro, e isto tudo, a seu modo de ver, impediu a reaproximação dos
seus pais e o reatamento do matrimônio. Porém, Andreza já tinha-se conformado com
esta situação e tinha concluído que o desfecho era definitivo. Em sua cabeça, todavia,
sua mãe sempre seria mais culpada do que seu pai e Andreza posteriormente não ia
querer nem saber de seu, por assim dizer, padrasto; não almejaria nenhuma amizade
com ele. Não desejaria aproximação.
Foi no colégio na cidade antes de voltar para São Luís que Andreza conheceu
seu primeiro namorado e com o qual perdeu sua virgindade antes de completar 18
anos, sem seus pais descobrirem. Durante o período em que morou em outro
município Andreza foi reprovada em uma série. A transferência de escola, a separação
dos pais, a mudança de cidade e o afastamento dos amigos e da família contribuíram
para que perdesse um ano do colégio. Por conta disso sua conclusão do ensino médio
atrasou um ano e ela só encerrou seus estudos aos 19 anos de idade.
E ao concluir o ensino médio não conseguiu aprovação imediata em nenhum
concurso vestibular nem no Enem (exame nacional do Ensino Médio do MEC-
ministério da educação). No ano seguinte Andreza ficou estudando em casa, pois seu
pai não pode pagar um cursinho para ela se preparar para a faculdade.
Todavia, próximo à metade do ano seu pai a procurou e disse:
- Andreza, minha filha, quero pagar um curso preparatório para o Enem neste
segundo semestre. Eu estou somente ajudando a Vanusa a mover um processo
pedindo o pagamento de pensão alimentícia para o pai do filho dela. Terminando isso,
vou te ajudar, filha. Quero que você entre na universidade, com a graça de Deus.
Andreza respondeu, muito contente:
- Obrigada, papai, eu te amo. Vou me esforçar para ser aprovada desta vez.
De fato, ao final daquele ano, realizaria as provas e conseguiu ser aprovada
para uma faculdade particular, para cursar Ciências Contábeis.
José sentia muitos ciúmes da filha do meio. Ester até pensava que os ciúmes
daquele pai em alguns momentos eram meio estranhos, muito exagerados.
Andreza contava que seu pai controlava um pouco as roupas que ela vestia e
não gostava quando ela usava biquínis pequenos na praia. Por isso, aprendeu a usar
roupas longas, sem decotes e bem comportadas quando saía com ele. Ela até brincava,
falando com Melina:
- Ele viu umas fotos minhas na piscina, Melina, de biquíni e foi dizendo: “Te
veste, minha preta “. Que bichinho cri-cri, irmã - continuou a morena, sorrindo. E
continuou com tom de riso: - Com ele só posso sair comportadinha, imagina isso. Eita
papai.
Melina ouvia tudo com atenção, mas não gostava muito por saber que seu pai
preferia Andreza e só demonstrava tais ciúmes por ela. Melina fez gesto de pouco
caso, então, e disse: “O nosso pai parece só ter olhos para você. Ele quase não se
lembra de que tem outras filhas. Azar dele. Ele vai ver, se não liga para mim e Marcela
mais tarde vamos esquecendo dele também”.
- Melina, não fale assim do papai - rebateu Andreza, porém sabendo que sua
irmã tinha razão, em parte. Andreza era a filha mais importante para José, e esta
discrepância de tratamento estava incomodando Melina. Deste modo, esta se afastou
afetivamente um pouco de seu pai, e não haveria entre eles relação de carinho
profundo e reciprocidade, como ocorria entre ele e sua irmã do meio.
Melina até chegou a o indagar uma vez sobre isso e ele respondeu:
- O amor de um pai e de uma mãe é diferente por cada filha ou filho. Não dá
para explicar. Mas eu amo muito vocês todas.
- Mas você demonstra amar mais a Andreza! Você dá muito mais atenção e
mostra muito mais carinho e preocupação por ela do que por suas outras filhas.
- Impressão sua, querida. Mas é claro que é mais fácil pensar assim: convivo
mais com Andreza e ela mora comigo há 4 anos. Temos mais contato no dia-a-dia e por
esse motivo aparentamos ter melhor entrosamento.
Mas o fato é que José sempre achou Andreza mais carinhosa com ele do que as
outras duas filhas e o afastamento físico parcial destas duas reduziu mais sua
intimidade com elas. Parecia claramente também que José sempre fora mais
apaixonado por Andreza, e este afeto só foi aumentando no decorrer dos anos, o que
aparenta não ter ocorrido em relação às outras filhas. E nunca tiveram uma relação tão
próxima e carinhosa.
Tudo isso foi percebido por seus pais e suas irmãs, as quais, pouco a pouco,
também foram modernizando seus vocabulários e aderindo à prática de regras
gramaticais mais corretas, embora na maioria das vezes, bem simples.
Ester foi visitar sua irmã Analice em São José de Ribamar e esta perguntou por
Andreza e Antônio José, seu ex-marido.
- Analice, eu não falo muito com Andreza, mas ela está bem – relatou Ester. -
Estuda no ginásio do São Cristóvão e tem até um namoradinho, mas não o conheço.
Eles, Andreza e seu pai, voltaram agora, há poucos meses, de Coroatá. Ela aparece lá
em casa duas ou três vezes por mês.
- Eu vi umas fotos dela no Facebook. Está tão bonita – elogiou a tia.
- Sim, ela se transformou numa bela moça. Você a viu adolescente e agora ela
é uma mulher. Só está um pouco gordinha. Precisa emagrecer um pouco.
- E José, está trabalhando com o quê?
- Continua trabalhando com açougue.
- Ele tem outra mulher?
- Tem.
- Como é o nome dela, irmã?
- É o nome daquela cantora da jovem guarda: Vanusa.
- Você sabe, mais ou menos, a idade dela?
- Sei, ela é uns sete anos mais nova que eu, Analice. Ela já tem um filho com
outro homem. Ele me trocou por uma mulher bem mais nova...
- Mas não partiu de você, Ester, os primeiros passos para a separação?
- Sim, eu estava brincando. Já estamos divorciados. Até já voltei para meu
nome de solteira.
- Ela trabalha com o quê, a mulher do José?
- Parece que ela é operadora de telemarketing.
- E eles moram onde?
- No bairro São Cristóvão mesmo. Eu soube até que eles vão se casar no civil.
- E você, não tem ninguém ainda?
- No momento não, irmã, mas uma hora vai dar certo e uma pessoa enviada por
Deus vai chegar.
- Quando vir Andreza diga que estou com muita saudade e com vontade demais
de revê-la. Faz tempo que não me encontro com aquela morena.
- Pode deixar, Analice. Assim que eu a encontrar dou seu recado.
Ester tinha ido com Melina. Sua irmã perguntou então por Marcela.
- Marcela está morando com o pai das filhas dela. Ela teve outra moça, você
sabe, é a Isabel. Tem menos de 06 meses.
- Que bom! Outra mocinha! Preciso conhecê-la.
E continuaram conversando por mais de uma hora, colocando os assuntos em
dia. Analice as convidou para o almoço e ficaram até meados da tarde, sendo que
foram embora apenas depois do café das 15:30h.
_____________________________________________________
Ao retornar a São Luís e para o convívio de sua Igreja Evangélica, Andreza
reencontrou Nelsinho, um moço que era solteiro e possuía mais de 10 anos de idade a
mais que ela, mas se insinuava constantemente para a jovem, lançando indiretas,
sendo sempre um dos primeiros a elogiar suas fotos e publicações na Internet. Nelson
a conheceu uma adolescente simpática, mas sem nenhuma beleza atrativa; a moça,
todavia, reaparecera agora como mulher feita, bela e adulta, um fato que o encantou e
o rapaz não escondeu dela e de ninguém esta agradável constatação. Escreveu ele no
Facebook da morena: “Andreza, quanto tempo que não nos viamos! Que agradável
surpresa te reencontrar; como você mudou e como está bela!”. Nelson era um dos
poucos rapazes que podia fazer elogios nas redes social da garota sem provocar sua
ira. Ela não aceitava, por conseguinte, nenhum elogio de qualquer estranho e chega a
o entender como ofensa em algumas ocasiões. Ele cantava nos cultos da sua
congregação e era colega das irmãs e do cunhado da morena. Nelson só a chamava
pela alcunha de “Princesa” e nutria forte amor platônico por Andreza, sendo que esta
não o levava a sério, de modo proposital, sabendo fugir de todas as suas cantadas
enrustidas ou diretas. Andreza sentia por ele apenas amizade, mas o rapaz tinha
pequenas esperanças de a conquistar um dia, e insistia em pequenos convites para ela
sair com ele. O cantor evangélico se dizia um romântico assumido e chegou a criar uma
conta no Instagram de nome: “O recanto do apaixonado“, da qual a jovem era uma das
seguidoras. A garota evangélica, porém, achava que a maior parte deste romantismo
era pura pieguice, melosidades de pouca importância.
Marcela se separaria mais tarde do pai de suas filhas e voltaria a morar com sua
mãe; a filha primogênita morava no bairro São Raimundo, no Pontal da Ilha, e depois
de se afastar de seu companheiro convidou sua mãe, Melina e Andreza para morar
com ela. Posteriormente, a filha mais velha se mudaria para outra casa, deixando Ester
no bairro São Raimundo. Marcela chegou muito contente em casa pois conseguira um
emprego como atendente de “telemarketing”. Neste emprego ela indicaria depois suas
irmãs e seu cunhado André, de maneira que todos foram trabalhar na empresa de call-
center. O serviço de telemarketing era pesado e pagava relativamente pouco, mas foi
o trabalho que conseguiram. Andreza em particular precisava de grana para ajudar a
pagar sua faculdade particular. Melina não cursava faculdade ainda, mas fazia vez por
outra algum curso preparatório para concursos públicos.
Melina não se decidira ainda sobre fazer faculdade. André estava cursando
História. Ele decidiu depois estudar para o concurso de oficiais da Polícia Militar e esta
passou a ser sua meta.
A irmã caçula de Andreza e Marcela tentou se aventurar então num primeiro
empreendimento. Aproveitou que os empréstimos bancários estavam com juros mais
baixos naquele momento e contraiu um empréstimo para montar um restaurante com
música ao vivo no centro, na rua São Pantaleão. Todavia, pela falta de experiência no
ramo e após terem sofrido um furto de grandes proporções, Melina se viu obrigada a
repassar o bar para outra pessoa e entregou o imóvel. De quebra, infelizmente, ficou
com a dívida do banco para pagar.
____________________________________________________________
Andreza voltou a morar com sua mãe e Melina, novamente na Vila Brasil; Ester
morava apenas com Melina até então, além de outros familiares, no mesmo
endereço; entretanto, Ester conheceu um homem e foi morar com ele em outro
bairro, o jardim Aurora, deixando suas filhas com os avós e com um casal de tios;
Andreza odiou sua mãe por isso. Todavia, este novo relacionamento de sua mãe não
deu muito certo e após cerca de um ano se separaram, e a mulher foi morar com
Marcela, desta vez no Pontal da Ilha, levando suas duas outras filhas posteriormente.
Antônio José, algum tempo depois, quando Ester e suas filhas já estavam no Pontal da
Ilha, deixaria sua segunda companheira, mas, após um ano e meio passou a namorar
uma cabeleireira, de nome Angélica. José trabalhou em uma empresa de transporte
coletivo, chamada Cisne Negro, e nas viagens para a cidade de Angélica a conheceu,
tendo então começado um romance. Aquele senhor já havia fechado seu frigorífico,
após se separar de Vanusa.
Só que, dentro de alguns meses, Ester conheceu Genésio, que frequentava a
Igreja daquele bairro, e era caminhoneiro, mas Andreza não aceitou muito bem este
relacionamento e nunca manteve uma relação excelente com seu padrasto.
- Não sei, mas indica o André. Ele comentou comigo e com nossa prima Mary,
outro dia na Igreja, que está buscando um emprego.
- É mesmo? Bem lembrado. Pois vou avisá-lo para ele também se inscrever no
teste seletivo. É só vocês passarem no teste que eu e Vanusa garantimos a vaga de
vocês.
- Mas, Suh, por favor, honrem esse trabalho e dêem suor. Vou ajudar vocês
entrarem; contudo, minha permanência no emprego a partir de então vai depender do
desempenho e da responsabilidade dos dois. Não me decepcionei, eu lhes peço.
____________________________________________________________
- Não será incômodo, Andreza. Eu te convidei e vou te deixar onde for melhor
para você.
Alguns dias depois o rapaz convidou a jovem para um jantar a sós e ela aceitou
o convite.
Douglas e Andreza saíram para um jantar num restaurante bem reservado, com
boa frequentação, mas era um ambiente calmo, e sem música naquela noite. Era um
dia no meio da semana e não estava lotado, de modo que se sentiram à vontade para
conversar e se conhecerem melhor.
O rapaz falou de sua vida pessoal, seus objetivos e projetos e abriu um pouco
seu coração, explicando como ele se via. Disse que buscava um relacionamento sério e
que gostava de fidelidade e de companheirismo. Comentou que não era ciumento e que
era a favor da liberdade na medida certa, dentro de uma relação afetiva. Não se achava
O papo foi ficando mais leve e mais solto após tomarem duas taças de vinho
branco seco, e o rapaz lhe pediu:
- Andreza, posso fazer um quiz com você? Eu já falei tanto de mim; eu queria
agora saber de você. Pode ser?
- Que primeira pergunta é essa, garoto? Mas vamos lá. Não, ainda não.
Próxima pergunta.
- Ei, essa enquete não é sobre a minha pessoa !? Não vale mudar as regras.
- Está certo. Acho que seu beijo tem sabor de canela com mel.
- Doce e levemente ardente; e refrescante; seus lábios são tão grossos, tão
carnudos.
- Obrigado. Outra : qual foi o último sonho erótico que você teve?
- Mentira, você está inventando isso. – disse o rapaz, com um sorriso no rosto,
duvidando realmente da morena.
- Não sei ainda; - e Andreza fez uma leve pausa, sem falar. – Acho que é o meu
clitóris – continuou ela, falando bem baixinho.
responder esta questão, é claro que a sua resposta seria dada pela maioria delas. Você
está com a razão. Parabéns pela sinceridade. Esse tipo de conversa em que estamos
agora te excita?
- Eu vou te provocar mais então. Vou perguntar bem baixinho agora. Só nós
vamos ouvir: você gosta de uns tapinhas durante o sexo?
- Já vi que você não sabe nem do que estou falando. Eu digo uns tapinhas na
bunda, na coxa e até no rosto na hora do tesão, do ápice do clímax sexual.
- Tem meninas que adoram! E ficam loucas, ou seja muito excitadas, quando os
caras fazem isso.
mais. Ela me dizia que não imaginava como seria bom, mas não era bom, era fantástica
a sensação e ela gozava melhor!
- Não, nunca fiz sexo em minha casa. Moro com minha família.
- Agora vai ser uma questão mais profunda: “Olhar nos olhos é importante
durante o sexo em sua opinião? Tu já fez isso?“
- Poderia ser.
- Não. É bom?? Toda molhada! O cabelo ensopado. Esse meu cabelo todo
rebelde.
- É mesmo! Eu não havia pensado nesta possibilidade. Mas não seria sexy
transar de gorro na cabeça.
- Por que não seria? Eu adoraria transar com você no chuveiro, de toquinha na
cabeça.
- Parece que você é bem safado. Continue com seu interrogatório, seu
malicioso.
- Boa resposta.
- É melhor um equilíbrio.
- Pensei.
- Muito bom.
- Sim. Já li sobre isso. Só não pode pensar demais e atrapalhar as outras coisas.
- Você acha que vale tudo quando se está entre quatro paredes?
- Acho que pode ter importância sim; mas o essencial é quem o tem saber usá-
lo da melhor forma possível, com capricho.
- Gosto das duas situações; mas se fosse escolher, sou mais ficar embaixo.
Aprecio mais ser passiva.
- Tem alguma posição que você nunca experimentou, mas tem vontade?
- Tenho, só que no momento estou com vergonha de falar. Não insista, por
favor.
- Tudo bem. Sem problema você não dizer. Só responda o que achar que deve.
Você se importa com gemidos ou prefere silêncio?
- Não gosto de exageros, mas uns gemidinhos são tão excitantes. Sem eles tem
hora que o sexo parece não ter graça.
- Mas você já simulou estar sentindo prazer através dos seus gemidos?
- Acho que somente uma vez, pois eu queria agradar muito o rapaz que estava
- Não.
- Só faz perguntas agora sobre sexo! São questões muito íntimas, Douglas, e
são difíceis de responder... Ainda mais no ambiente onde estamos – continuou a garota,
sem demonstrar irritação.
alcoolemia promovida pelo vinho seco que degustavam. Tão animados ficaram que
solicitaram um jantar bem leve e saíram para casa no carro do rapaz. Este, de modo
presunçoso, notou que a jovem estava absorta pelo vinho e passou em frente a um
motel, ao que lhe convidou imediatamente para adentrarem ao local e ela aceitou a
sugestão. Transaram então de modo ardente e foram embora convencidos de que algo
mais rolaria daquele dia em diante, apesar de saberem que a leve embriaguez é que os
levou aos “finalmentes”.
___________________________________________________________
E o rapaz foi deixá-la na saída do shopping; de lá Andreza ligou para seu pai ir
pegá-la e foram para casa.
__________________________________
Algum tempo após Andreza retornar para sua cidade natal, sua amiga Trícia
entrou em contato pelo telefone celular e lhe contou a novidade:
- Bruna, passei numa faculdade pública aqui em São Luís.
- Que notícia maravilhosa, amiga. Você vai cursar o quê?
- Passei para Direito.
- Trícia, você é muito inteligente. Parabéns! Passou na faculdade pública!?
- Foi sim, amiga.
- Que bárbaro! Você agora arrasou.
- Meus pais estão radiantes, graças a Deus.
- Amiga, vou te fazer uma pergunta indiscreta: e o Rafael? Nunca mais vocês se
viram? Já estão namorando outras pessoas? Me conta aí, vai.
- Bruna, você nem sabe: o Rafael foi embora para Belo Horizonte, Minas Gerais.
Ele fez o Enem no ano passado e foi aprovado numa faculdade pública em Belo
Horizonte para Medicina e ele se mudou para lá. Meu-ex foi para Minas Gerais este
mês.
- Nossa, ele também é muito inteligente. Fico feliz por ele.
- É verdade. O sonho dele é cursar Medicina; ainda mais numa universidade
pública; e Belo Horizonte é um grande centro médico; mas continuamos amigos,
apesar da distância e do tempo decorrido sem a gente se ver. Sempre falo com ele por
telefone em chamadas ou através de mensagens. Mas agora é somente amizade.
- E como você está? Não tem outro namorado nem ele tem garota?
- Não estamos namorando ainda. Mas é isso, Andreza. Daqui a um mês estarei
por aí, muito contente por sinal. Eu gostaria de que continuassemos amigas e
companheiras. E você, está namorando?
- Não, terminei meu namoro há alguns meses. Meu love também se mudou
para outra cidade.
- Que pena, então. E aí, nossa amizade vai continuar firme e forte?
- Pode deixar, amiga. Não me esqueço de você. Parabéns novamente; você
merece, pois é uma garota de ouro. Mando lembranças para Nádia. Tem falado com
ela?
- Em média uma vez por semana. Um cheiro!
- Outro. Tchau!
Depois de algum tempo Nádia enviou uma mensagem para Andreza pelo
aplicativo de mensagens do telefone celular:
“Bruna, eu fui aprovada para Contabilidade e vou cursar na mesma faculdade
que você. Começo neste semestre.”
A amiga respondeu assim:
“Parabéns, Nádi. Seja bem vinda. Vamos nos divertir bastante na faculdade.
Você é dez! Sucesso”
E de fato a amiga de Suellen veio cursar Ciências Contábeis na mesma
instituição que a morena. A posteriori, Nádia solicitaria transferência para outra
faculdade e concluiria por lá seu curso superior.
__________________________________________________________
Andreza conversou com Melina três dias depois. A caçula indagou:
- Andreza, você gosta de homem que já fica com o pau duro durante o beijo?
- Não conheci nenhum garoto assim ainda - relatou Suellen.
- Eu adoro. No começo do meu namoro com André, num simples beijo sem
muito contato, ele já ficava com o pau super duro e latejando, como ele mesmo fala. É
gratificante ver que causei esse efeito, sabe? Até aumenta a autoestima. Nossa, eu fiz
isso! Sou foda e gostosa pra caramba. Mas você gostaria, se ocorresse isso com você?
– indagou a irmã caçula.
- Não sei te responder isso agora. Tenho que pensar mais. Acho que depende
muito da situação - refletiu a morena. - Eu acho que é muito excitante; posso até não
demonstrar, mas gosto quando isso acontece, desde que seja com meu namorado –
continuou.
- Eu gosto, Suh, adoro, fico passando a mão e apertando o pênis. Dá vontade de
abaixar a calça dele e cair de boca lá embaixo.
- E se o cara te achar muito fácil por este comportamento, Mel?
- Eu não acho que se uma mulher gosta disso significa que ela fica com
qualquer um. Como não gostar, Suh, de uma situação como essa? É ótimo sentir que
ele já está prontinho para mais.
- Eu, particularmente, - comentou Andreza - tenho muita atração e tesão pelo
cara que eu fico e adoro sentir o pau duro dele em mim. Mas não é qualquer beijo que
é para acontecer isso.
- Ah! Eu também acho! Depende da pessoa, do lugar, do momento... - disse a
ruiva.
- Pois é, eu gosto também. Porém eu não fico com qualquer um.
Só que essa atitude do garoto me faz pensar que ele é muito safado e pode facilmente
me trair. Desde que o pau duro seja somente comigo, está perfeito.
- O fato de a mulher gostar disto não quer dizer que ela fica com qualquer um,
e sim que é uma mulher normal e que tem tesão por homens. Apenas isto. Eu penso
assim – declarou Melina.
“É ótimo saber que você excita o cara, irmã – continuou a caçula. - O
problema é que homem começa ficar muito chato quando está de pau duro. Ficam
insistentes, focados naquilo... É chato muitas vezes. Mas eu tenho amigas que amam
saber que estão fazendo isso, e deixando eles assim (e soltou um riso) e elas provocam
o cara mesmo.
- E o André? O que acha disso?
- Ele adora e se amarra. Diz que é sinal de que está agradando. Ele me disse que
outros colegas dele também confessaram que é comum ficarem de pau duro nos
beijos! E é lógico que eles vão gostar de saber que a garota está curtindo! As mãos
passando pelo corpo! Tudo reflete em tesão...
- Homem se acha mesmo – pilheriou a irmã mais velha.
- Uma amiga minha, – continuou a ruiva, - a Lorena, me disse numa certa
ocasião: “Como não gostar disso? Tudo de bom: o cara que estou beijando ficar de pau
duro (para mim isto é uma honra) e eu sentir ele no meu corpo (ou na minha mão
mesmo)! Isso me deixa maluca, beijo em cima e me esquenta lá em baixo!! É
maravilhoso. Ainda mais se acontece com um cara de quem estou
gostando/ficando/namorando.
Andreza foi à casa de seu então novo namorado e conheceu sua mãe e sua
irmã. Por coincidência, um tio materno de Douglas estava visitando a irmã neste dia.
A garota começou a conversar com eles. Sua futura sogra era funcionária
pública de bom salário, sua “cunhada“ estava se formando dentista e o tio de Douglas,
Andreza descobriu ser médico. Em certo momento, Ana Catarina, a mãe de seu
namorado, perguntou com o que trabalhava o pai da moça, José. Esta respondeu que
seu pai era açougueiro. Neste instante, a jovem notou que os familiares de Douglas
desconversaram sobre seu pai, e pareciam estar fazendo pouco caso do mesmo.
Suellen não se sentiu a vontade e pediu para ir ao toilette.
Ela conseguiu também ouvir os presentes fazerem algum comentário sobre seu
pai, enquanto usava o banheiro, mas não foi possível entender com clareza o que eles
diziam. Após este dia a morena ficou com a impressão de que a família de seu
namorado tinha seus interesses na escolha de quem se relacionava com Douglas e
passou a ficar com a preocupação de não ser benquista naquela casa. Pareceu-lhe que
Ana Catarina esperava seu filho encontrar um partido melhor do que a morena, e esta
passou a se sentir inferiorizada naquela família. Deste modo a moça já não se sentia
tão bem em frequentar a casa do namorado.
Douglas, aos poucos, foi fazendo Andreza se soltar e mostrar seu lado
pervertido e de garota devassa.
Ele comprava vibradores e experimentava na moça, inclusive alguns de uso
intravaginal e com controle remoto. Os dois saíam e ele ficava brincando, estimulando-
a com o vibrador. Douglas também a ensinou praticar um sexo liberal e safado, com
“spanking”, “doggstyle”, sexo anal, posição “69”, finalização ejaculando dentro da boca
da namorada, “dirty talk”, com todas aquelas putarias contadas ao ouvido, sexo dentro
do carro, no estacionamento do shopping e da faculdade, sexo nas escadarias do
centro histórico e muitas outras fantasias e fetiches.
A primeira vez que fizeram sexo no estacionamento da faculdade foi recostado
ao carro dele e Douglas desafiou a namorada, dizendo que ela não teria a ousadia e a
coragem de fazer sexo com ele naquela condição e fizeram uma aposta de que se ela
topasse fazer sexo do lado de fora do veículo ele a pagaria R$ 250,00; do contrário, ela
o pagaria, se não o fizesse. Naquele dia, seu namorado foi buscá-la de carro em sua
faculdade.
Suellen aceitou o desafio e, aproveitando que o estacionamento ainda tinha
muitos carros e não havia ninguém por perto, transaram rapidamente e Douglas
gozou logo. Sorte dos dois e voltaram para dentro do automóvel, rindo de si mesmos
pela loucura que haviam feito.
A garota ganhou assim a disputa e recebeu a quantia em dinheiro no mesmo
instante.
Aí começou a deturpação da consciência de Andreza, bem como se deu início a
corrupção de suas ações, sem que ela o notasse.
ESTER CONVERSOU COM SUA FILHA ANDREZA CINCO DIAS DEPOIS SOBRE SEXO
ANTES DO CASAMENTO:
- Filha, você ainda é evangélica? Percebo que tem frequentado tão pouco os
cultos. Você está namorando no momento? – quis saber Ester.
- Sou evangélica, mãe, tenho a convicção deste fato, e não estou frequentando
a igreja no momento de forma tão assídua, mas tenho fé e tento sempre manter meu
relacionamento com Deus. Tenho um namorado que é simplesmente o amor da minha
vida, namoramos há cerca de três meses e está tudo indo super bem.
- É Douglas.
- Preciso conhecê-lo; apresente-me, por favor.
- Você sabe, a Trícia, ela está morando aqui em São Luís. Ela já tem 22 anos e
me disse que só não se casou porque não tem dinheiro pra ter casa própria, nem
carro, nem para a cerimônia, que é o seu sonho, nem pra se sustentarem ainda como
casal.
- Do jeito que está o país, sinceramente vai demorar muito pra eu realizar esse
sonho – queixou-se Andreza.
- Tenho uma amiga chamada Nádia que faz sexo desde os 18 anos e estava
tranquila com isso; ela tem um namorado há 09 meses e diz que sempre se
respeitaram e procuravam fazer tudo com o mais profundo amor; ele é o seu primeiro
namorado sério, assim ela me confessou e queria que fosse seu único. O problema, ela
me falou, é que de uns tempos pra cá vem martelando muito na sua cabeça a ideia de
que Deus desaprova o sexo antes do casamento, e toda a comunidade da sua Igreja
(ela é católica) tem uma opinião irredutível sobre o assunto; mas acho que é muito
fácil apontar o dedo para nós quem já está casado.
- Andreza, essa sua amiga é muito moderna. Você nunca me contou que ela era
assim. Precisamos conversar mais sobre suas amizades.
- Eu sei mãe por conversar com colegas da Igreja que há jovens cristãos que
casam com menos de um ano de namoro, sem nem se conhecerem direito, só pra
"poderem" ter relações sexuais, e depois descobrem que não se amam de verdade e
se divorciam? Isso tá certo? Já li bastante a Bíblia e ela sempre menciona apenas o
adultério e a imoralidade sexual (no caso não acho que eu seja imoral se só tenho um
parceiro e faça sexo com amor).
- Filha, a mesma Bíblia cita o seguinte versículo de Paulo, onde ele diz, e Ester
abriu e leu sua Escritura Sagrada, que estava próxima de si: "Se não podem conter-se,
casem-se. Porque é melhor casar-se do que ficar ardendo em desejo".
- Eu não acho tão simples assim, Andreza. É mais sério e delicado do que você
pensa ser. Eu fosse você continuaria insegura e com medo de ir para o inferno por ter
teimado no estilo de vida que eu quero, com devassidão.
- Não fale assim, mãe. Assim a senhora até me assusta. Nádia me pediu até por
favor se eu podia ajudá-la e questionou qual a minha opinião sobre o assunto.
- Por favor, não nos julguem apenas sob o ponto de vista da religião, sobre
nossa sexualidade, – suplicou Andreza - pois imagino que os pais podem ter a mente
mais aberta e nos ajudarem com opiniões sinceras, à luz dos dias atuais. A Bíblia foi
escrita há 2 mil anos e com certeza continua atual, trazendo ensinamentos e
orientações essenciais, mas os tempos mudaram, o mundo é outro, e a interpretação
bíblica precisa ser adaptada aos dias de hoje. Não se pode seguir mais ao pé da letra,
mãe.
- Eu sinceramente acho que fazer amor com apenas uma pessoa antes do
casamento não seja pecado, desde que os dois sejam fiéis um ao outro, e sejam
namorados que gostam de verdade um do outro.
- Mas não parece ser isso o que a Igreja Protestante prega! A maioria dos
pastores não recomendam ter relações sexuais antes do matrimônio.
- Será, Trícia, que essa palavra "goza" não é apenas "aproveite", como muita
gente pensa, mas se refere também ao gozo sexual? Está falando exatamente em
casamento neste trecho das Sagradas Escrituras? Não! Está falando em pecado? De
jeito nenhum...
- Eu acho que não, Bruna. Este “gozo“ não tem nada a ver com o prazer sexual.
- Amiga, eu sou evangélica e confie quando te digo isso: acredito que Deus não
dá a mínima se você dorme com a pessoa que ama antes do casamento. O enlace
matrimonial é uma construção social, fundada séculos atrás para oficializar a união
entre famílias e não tem absolutamente nenhum fundamento espiritual. O que você
tem com seu namorado já é a única conexão que importa para você entregar seu
corpo e alma para ele, sem medo de ser julgada.
- Será então, Andreza, que foi o próprio ser humano quem demonizou o sexo;
sei que a Bíblia foi escrita por humanos, e nenhuma divindade iria dizer que isso ou
aquilo é errado, ainda mais o sexo! Além da reprodução ser a mais profunda forma de
expressar amor, e através dela nos tornamos mães.
- Mamis, uma amiga minha, a Andréa, me contou uma história dela e fiquei
com muitas dúvidas. Não sei se ela agiu certo ou errado. Eu queria saber sua opinião
sobre esse caso.
- Ok, vamos lá. Ela diz que cresceu numa casa de educação muito rígida e
religiosa, onde sexo antes de casar era algo proibido. Mas ela sempre teve a noção de
que não queria esperar o casamento para transar, e ela tinha a liberdade de falar isso
para seus pais, e Andréa diz que dialogou várias vezes sobre este assunto com eles. A
garota possui 23 anos atualmente e só agora perdeu a virgindade. Namorou por um
mês, gostou muito do rapaz e conta que se sentiu muito confortável para transar com
ele. E para se sentir melhor ela quis se depilar e comprou umas calcinhas novas, mais
bonitas; só que para isso ela teve que pedir o cartão de crédito de sua mãe
emprestado, pois o dela tem limite baixo e já estava estourado no referido mês. Ela
contou para sua mãe o que ocorria, e esta se chateou um pouco, alegando que era
muito cedo para transarem, pois a filha só conhecia o namorado há pouco mais de um
mês. Porém, minha amiga, contrariando sua mãe, disse que ia transar mesmo assim.
Depois disso sua mãe teve outra conversa ainda mais séria com ela, dizendo que a filha
não estava se valorizando, e que estava se entregando muito facilmente e o rapaz
poderia não valorizá-la tanto após o sexo. Mas agora já tinha acontecido, ela já tinha
dado para ele, mas terminou ficando com um peso enorme na consciência, dada a
crítica de sua mãe. Ela não teve coragem de contar nada para seu pai. Quero saber a
opinião de você, mãe, sobre o caso de minha amiga Andréa.
- Filha, eu penso que sua amiga não agiu corretamente. Eu vou te falar uma
coisa com toda sinceridade. Um mês de namoro e já querer transar?! Acho que ela foi
precoce demais, quer dizer, precipitada. Ela precisava conhecer melhor o rapaz.
- MÃE, ENTÃO VOCÊ ACHA QUE MINHA COLEGA NÃO FEZ O CERTO!? E o certo é
ficar esperando o casamento para fazer amor? Mas e se não casar? Vai morrer
virgem?! A vida é agora, não dá pra ficar sonhando acordada. E se o namoro não dar
certo, arruma outro!
- Filha, a Bíblia nos diz que a intimidade sexual está restrita ao homem e
à mulher casados um com o outro. Ela também condena a “cobiça pelo apetite
sexual”. Considere o seguinte exemplo: um casal de namorados talvez decida não ter
relações sexuais antes do casamento. Mas, eles se permitem outras intimidades
sexuais. Por fazer isso, estão cobiçando, ou desejando, algo que não lhes pertence. Isso
seria a “cobiça pelo apetite sexual”.
- Mas, mãe, tem que ser assim e viver. Esperar pelo sexo para somente após o
matrimônio é muito tarde. Porque depois você adoece, ou acontece algo, e Deus me
livre, você morre. E aí?! Viveu o que? Curtiu o quê? A vida é agora e é tão curta.
Acredito que devemos viver e ser felizes! A mãe dela achou ruim, e é porque ela já
tem 23 anos; ela não é mais uma menininha.
- Mas penso que se a gente gosta de uma pessoa, pode ser com dois ou três
dias, pode rolar a vontade.
- Aí você tem que controlar essa vontade, filha. É muito cedo para concluir que
você realmente gosta dele e ele de você, e quais as reais intenções do rapaz.
- Acho que o único medo que ela deveria ter era de descobrir que esse cara é
um “traste”, um “cafajeste“, depois de um tempo e se sentir mal por achar que
poderia ter esperado um pouco mais para se entregar a ele. Porém, eu vejo que a vida
dela é daqui pra frente. Ela deveria buscar sabedoria para conduzir o seu dilema e
tentar não se culpar demais, principalmente absorvendo o aprendizado que essa
experiência lhe proporcionou. Definitivamente existem coisas mais sérias para se
preocupar com a idade.
- Mãe, às vezes, a gente tem que bater o pé e dizer que é adulta, que são
nossas escolhas e as outras pessoas, mesmo nossos pais, não podem nos impedir. Eles
podem ficar decepcionados/magoados por um tempo, mas é isso aí, não somos igual
aos nossos pais, infelizmente. Pertencemos a outra geração e vocês precisam entender
isso. As regras de suas vidas não precisam ser as mesmas que as nossas, pois o mundo
mudou e continua em transformação, numa evolução permanente.
- Entendo, filha, mas procurem ser responsáveis nas suas atitudes e pensem
com carinho em todas as consequências de suas decisões, tanto para vocês quanto
para as pessoas que te cercam, pois são indivíduos que voz amam e se importam
com suas vidas.
Andreza foi com seu pai ao templo evangélico e ouviu o pastor de sua Igreja na
pregação do Culto.
“O que tudo isso significa é que nossos corpos, nossos corações, nossos
relacionamentos, e nossas almas não foram feitos para o sexo antes do casamento.
Nós fomos feitos para um amor que dura a vida toda.
- O que mais acontece, Suh, é a galera da igreja casando super cedo para poder
“meter”. E também têm aqueles que esperam uma vida inteira para achar a pessoa
correta, até chegar num ponto em que não consegue mais esperar e se escolhe
qualquer um. E a festa de debutantes, quando a menina completa 15 anos? Não é a
situação da família ficar colocando ela à mostra para os rapazes? Depois os pais não
querem que a filha comece a transar! Acham ruim...
- Olha, Mel, – retrucou sua irmã do meio - essas “leis” para o casamento foram
escritas em uma sociedade com uma expectativa de vida baixíssima. As pessoas se
casavam cedo, não tinham muita expectativa de nada, morriam com pouco mais de 30
ou 40 anos de idade. Hoje em dia, casar-se com essa idade, sair da casa dos pais,
conseguir sustentar uma família é muitas vezes algo completamente impensável; você
teria que se manter virgem até uns 20 e tantos anos de idade. Acho que você
realmente tem que se entregar a quem você confia ou ama, mas não deveríamos ficar
postergando até o casamento; íamos acabar perdendo a maior parte da nossa
juventude.
- Mas você não está de todo errada; – concordou Suellen - a festa de quinze
anos é uma tradição antiga, que vem da ideia de inserir a garota na sociedade adulta, a
fim de receber pretendentes. A Nádia fez o certo; errado é transar só depois do
casamento, porque imagina se a pessoa fode mal? Aí já era! Dançou! Já está casada e
não tem mais o que se reclamar; Quem inventou esse negócio de poder transar só
após casamento devia transar muito mal, porque aí já tinha amarrado o cônjuge.
- Se você ama ou gosta muito de seu namorado não existe problema algum
em transar com ele. Acredito que o medo da nossa mãe é o garoto acabar te largando
depois, medo de gravidez ou medo de você ficar rodada. São inúmeros medos, eu sei,
temos que nos precaver, é verdade.
- Tenho muita dó de quem segue tudo isso de forma calada, sem se questionar
porque foi doutrinado e acha que vai ser castigado se argumentar, se você se opôs a
algo que seus pais ou religiosos quiseram impor; mesmo assim se você acha que esses
valores estão certos para você, tudo bem, não há nada de errado e cada um escolhe o
que quer para a própria vida; respeito, mas para mim particularmente não serve.
- Esse tabu que criam em torno do sexo e dos relacionamentos eu acho que
é uma das coisas mais nocivas nesse mundo.
Andreza, três dias depois, sonhou uma aventura erótica com Douglas na
cozinha. Ele foi pegá-la na faculdade.
- Meu bem, eu adoro cozinhar, - contou Suellen, com o carro de seu namorado
já em movimento - é uma das coisas que mais me satisfazem na vida. É um dos poucos
prazeres que eu tenho. Então, você acredita que tive um sonho contigo na cozinha?
Acho que era uma fantasia erótica na verdade.
- Como foi o sonho, amor? Você se lembra com detalhes? Fiquei curioso; me
conte como foi!
- Eu sonhei que estava preparando um bolo muito delicioso na cozinha, vestida
só de calcinha fio dental da cor branca de renda e sutiã da mesma forma. E você
chegava de surpresa na cozinha, por trás de mim: ia tirando minha roupa, me virava
de frente, ia passando leite condensado no meu corpo e farinha de trigo nos meus
seios e na minha xoxota. Você ficava lambendo numa colher de pau o resto da massa
do bolo e que estava em minha mão. Depois você me sentava nua na bancada de
granito da cozinha e ia me lamber e me chupar toda até eu gozar.
- Adorei seu sonho, meu bem. Achei muito excitante. Quero satisfazer essa sua
fantasia e esses desejos qualquer dia desses. Pode ser?
- Eu também adoraria tornar esse sonho real.
________________________________________________________
Andreza passou dois dias com sua mãe. Disse Melina para sua irmã do meio a
fim de se vangloriar pelas suas proezas sexuais:
“Suh, tem horas que eu pareço uma puta. Adoro sexo, meu namorado
também. Ele me chama de safada e me quer sempre. Só tem um defeito: não chupa
minha buceta; no mais, faz tudo gostoso. Come meu cú e minha buceta; mama meus
peitos gostosos, goza na minha boca, bebo o leitinho quente dele; usamos até alguns
brinquedos. Mas nem uma lambidinha ele dá. Só falta isso para ficar completo. Deixo
depilada, cheirosinha, mas nada. Deixo ele louco; portanto, ele não tenta fazer do que
eu gosto.”
“Nossa, eu amo chupar até as bolas, engolir tudo até engasgar; adoro fazer com
cerveja, uauuuu! Fica geladinho o pau, e o André adora. Eu amo quando ele me pega
de quatro e come meu rabinho com força, eu grito de tesão! É delicioso! “
Andreza ouvia tudo aquilo com atenção, completamente calada.
_______________________________________________________________________
Trícia conheceu pela internet um rapaz chamado Victor, que cursava Psicologia,
e marcou um encontro. Ela resolveu revelar tudo para Suh. Conversaram as duas pelo
celular.
- Bruna, conheci uma pessoa muito especial. Depois de Rafael imaginei que não
teria em minha vida uma pessoa tão bacana como ele era, mas aconteceu, graças a
Deus. O nome dele é Victor e ele estuda Psicologia. Andreza, como eu faço para
conquistar o coração do Victor? – indagou Trícia.
- Trícia, agora fiquei intrigada: como vocês se conheceram por internet e
telefone e apenas se falam remotamente e ainda assim você diz que Victor é uma
pessoa especial e que traz esperanças de preencher seu coração? Não entendo...
- Não sei bem explicar, amiga, mas percebo algo muito especial nele e que me
aborve antes mesmo de o cochecer bem, pessoalmente. Eu tenho certeza que vamos
dar certo.
- Puxa, vida!
- Então eu preciso deixá-lo falar mais no primeiro encontro. Mas se Victor for
muito calado e introspectivo, e quiser falar pouco dele?
- Mostre seu interesse pelo rapaz. Não adianta nada ficar apenas quietinha,
escutando. E se ele não tiver a iniciativa de se abrir, tente você primeiro. É importante
não interrompê-lo e demonstrar que está escutando com interesse e atenção ao que
ele fala.
- Eu sei que é preciso criar conexões afetivas, já ouvi falar sobre isso. Ou seja,
um simples aperto de mãos, ou a existência de amigos em comum podem produzir
mais confiança e conexão entre duas pessoas que estão se conhecendo.
- Mas, Bruna, eu não estou buscando minha cara metade, ou alma gêmea, se é
que existe isso mesmo. Eu apenas quero conhecer melhor uma pessoa por quem estou
interessada e me pareceu um cara que tem valor.
- Entendo. Mas ninguém está exigindo que este pretendente seja 100 %
parecido e concordante com seus gostos e preferências. Apenas dei uma sugestão.
Outra coisa: para causar uma boa impressão logo no primeiro contato é essencial
cuidar bem do seu visual, como uma maquiagem adequada.
- Andreza, seu sorriso é lindo! Será que eu tenho pelo menos metade do seu
sorriso quando quero expressar que estou feliz!?
- Com certeza, confie no seu sorriso. Além de caprichar na apresentação, vale a
pena sorrir bastante, pois o riso é contagioso, e para o bem.
- Andreza, eu estou muito interessada por ele. E se não der certo a gente
namorar? Como vou ficar depois dessa desilusão?
- Não revele todo o interesse pelo cara, ainda. Mantenha sempre um certo
mistério sobre o seu entusiasmo e atração por ele, pois isso aumenta as possibilidades
de conquista. O homem quer encontrar desafios para procurar conquistar uma garota.
Todos são fascinados por esse jogo da sedução. Não se entregue ainda totalmente.
Não coloque de cara todas as cartas na mesa. É cedo demais para fazer isso...
- Preciso ter empatia com ele, pois sei o poder de influência deste sentimento
numa relação que se inicia. As pessoas que têm empatia uma pela outra estão mais
abertas e receptivas à comunicação e isso é possível graças ao respeito e à influência
mútuos.
- São habilidades para criar uma sintonia já num primeiro encontro. Para os
homens um “sorriso matador”, a roupa escolhida que se encaixe com a situação, a
gentileza, o senso de humor e a capacidade de comunicação são mais importantes do
que a competência sexual num primeiro instante.
____________________________________________________________
Nádia estava em São Luís e ligou para Andreza. As duas marcaram comer uma
pizza e Andreza foi só. A amiga perguntou nesse instante por Melina e André, pois
sabia que os dois namoravam e já tinha se encontrado com eles em duas situações.
- Não sei como é esse namoro da Melina com o André – comentou a morena. -
Acho muito esquisito. O relacionamento deles já tem cerca de quatro anos e parece ter
muita enrolação. Eles não postam nenhuma declaração de amor na Internet, não
publicam nenhuma foto juntos, nem no Facebook nem no Instagram. É um namoro
muito frio. Não entendo isso.
- Vai ver que eles são tímidos... ou gostam de ser reservados e não mostrar sua
intimidade para os outros.
- É, Andreza, cada casal tem seu jeito de se relacionar com as outras pessoas e
modos diferentes de demonstrar seu afeto. Alguns casais não apreciam exibir afeto
publicamente.
- E Marcela?
- Está morando com nossa mãe e criando suas duas filhas. Ela não está mais
vivendo com o pai de suas filhas e ficou com as duas meninas. Elas são uns amores.
_______________________________________________________________________
Algum tempo depois, Trícia veio visitar sua amiga Andreza e as duas
saíram para o shopping a fim de comer e conversar.
- Amiga, o Victor não veio porque está acompanhando os pais dele num culto.
Eu preferi vir falar com você.
- Como está o namoro de vocês?
- Está tudo bem, mas sou um pouco insegura. Acho que eu não sei beijar
gostoso e tenho medo de perguntar isso para ele. E ele nunca elogiou meu beijo.
- Amiga, tenha mais autoconfiança e não se preocupe com isso. Eu vou te
ensinar como dar um beijo com pegada, e que vai enlouquecer teu homem – disse
Andreza.
- Eu quero umas dicas mesmo, Bruna.
- Não é nada legal ficar com alguém que não beija muito bem; porém, quando
se beija com pegada, bem gostoso, é inesquecível, e pode fazer com que a outra
pessoa suba aos céus, e fique quase enlouquecida.
- Pois treine. Primeiro: use suas mãos durante o beijo; não as deixe
penduradas. Abrace a cintura dele, apalpe a bunda ou segure seu rosto, com todo
jeito, usando as duas mãos.
- Provoque seu “gato” durante o beijo. Quando ele estiver envolvido por
completo, mova lentamente a mão do rosto para o seu cabelo e retire empurrando sua
cabeça para trás. Fique alguns segundo olhando diretamente nos olhos dele, talvez até
sorrindo um pouco, e em seguida volte a beijá-lo. Isso com certeza irá deixá-lo louco.
- Senti que essa técnica é algo que vai deixá-lo ainda mais com vontade, e eles
adoram esse tipo de situação - comentou Trícia.
- Sim, adoram. Também sussurre em seu ouvido. Mova sua cabeça devagar
para o lado e murmure palavras doces, ou talvez picantes, dependendo da situação,
em seu ouvido. Volte a encará-lo diretamente nos olhos e retornem a seguir para o
beijo. Isso irá deixá-lo alucinado!
- Deixe ele querendo mais, sempre, amiga. Bem no meio de um beijo, pare do
nada e comece a conversar com ele como se nada tivesse acontecido. Isso vai deixá-lo
desejando mais, e é provável que o gato não vai deixá-la ir embora assim tão fácil.
- Portanto, você pode esperar que ele vai te agarrar e começará a beijá-la de
novo em questão de segundos, e por certo será um beijo com pegada, muito mais
envolvente.
- Não esqueça do pescoço, garota. Não tem como beijar com pegada se um dos
dois esquecer essa parte do corpo. Você sabe que, quando ele beija o seu pescoço, isso
pode deixá-la louca, excitada.
- Mas é claro! – continuou Suellen. - Mais uma vez, se você quer um beijo com
pegada, antes de esperar que ele o faça, assuma o controle, e mostre as suas
habilidades, o que já é o suficiente para deixá-lo louco e querer fazer o mesmo com
você.
- Sou sim, modéstia à parte. Experimente minhas dicas. Depois que você já
pegou o jeito de beijar, isso pode parecer algo muito simples, mas existem várias
maneiras de você inovar. Homens gostam de garotas que os surpreendam com suas
ações. Trícia, e sempre é bom procurar inovar.
- Não quero me tornar uma dessas pessoas; quero aguardar o momento ideal
para o beijar, quando estivermos sozinhos ou em local adequado e com poucas
pessoas por perto, onde a gente se sinta livres para mostrar um ao outro todo o
carinho e paixão.
- Você está certíssima, amiga. Vá em frente que vai dar tudo certo.
_______________________________________________________________________
Andreza voltou a morar com sua mãe, desta vez no bairro São Raimundo.
Ao chegar ao novo bairro, Andreza fez amizade com uma vizinha chamada
Silvane e por um tempo sua irmã mais velha também estava morando com sua mãe e
com as duas netas de Ester.
Certo dia, porém, Andreza saiu de casa para fazer uma consulta médica, mas
não contou nada para sua mãe. A consulta era com o ginecologista. Andreza estava
com sintomas de inflamação nas suas partes íntimas. Foi a consulta, realizou exames e
foi medicada.
Aconteceu então que Andreza saiu para o seu trabalho e deixou a bolsa em
casa. Sua mãe procurou então vasculhar o que havia nela e encontrou o resultado de
dois exames, além de algumas receitas médicas. Aqueles exames só podiam ser
realizados numa mulher que já tivesse sido deflorada, bem como a medicação de uso
vaginal só poderia ser aplicada numa mulher que já não fosse mais virgem. Foi assim
que aquela mãe teve certeza de que sua filha já praticava relações sexuais .
Ester já imaginava que sua filha do meio não era mais virgem, mas ainda tinha
alguma dúvida, pois ela jamais comentara nada sobre a perda de sua virgindade. A
mãe experimentou naquele momento um sentimento estranho, de alguém que se
sente enganado ou sem valor, de alguém completamente alheio à vida de alguém
querido e que tanto considera. Vivenciou até um sentimento de impotência e se
reconheceu desprezada. Sua filha nunca comentara sobre relações sexuais com
namorados. Nunca lhe pediu nenhuma opinião. Jamais lhe revelou qualquer coisa e
continuava omitindo e ocultando dela os detalhes de sua vida. Ester decidiu que teria
uma conversa séria com Andreza.
Dois dias depois aproveitou que sua filha estava de folga e a procurou para uma
conversa.
- Filha, você está com algum problema de saúde? Você não está se sentindo
bem?
- Mãe, você mexeu em minha bolsa sem falar comigo – reclamou Andreza.
- Não, filha. Você esquece que sou enfermeira. Eu percebi seus sintomas e senti
o odor nas suas calcinhas e notei secreção nelas.
- Se sou eu que lavo minhas calcinhas – continuou sua filha, tentando despistar
sua mãe.
- Pois eu não estou sentindo nada, mãe. Vou prestar mais atenção. Acho que
não é nada sério. Deve ser odor da transpiração.
- Filha, você me esconde os fatos e você mente sim para sua mãe.
- Mãe, o que é isso? Não foi nada e eu só não queria te deixar preocupada.
- Não é verdade.
- Na realidade, Andreza, você me esconde isso porque você não quer que eu
saiba que você não é mais virgem.
- Mas agora tive a certeza de que você já perdeu sua virgindade. Não tem
muito problema. Sabemos que isso aconteceria um dia, é normal na vida de uma
mulher, mas você me prometeu que me contaria e seríamos amigas.
- Mas você, Andreza, parece não se importar comigo, com minha opinião e
minha presença.
- Pode ser que sim. Desculpe então. Mas não me esconda mais coisas tão
importantes sobre você. Lembre que você tem uma mãe e que te ama.
E Ester saiu em direção ao seu quarto, trancou-se e foi chorar. Andreza também
foi para o quarto sem almoçar e ficou lá por algumas horas, calada e refletindo. Não
falou mais com sua mãe aquele dia.
À noite Ester teve que ir a um plantão no hospital. Mas ela raramente dava
plantões à noite. Nos dias consecutivos a este fato não debateram mais nada sobre
isso.
__________________________________________________________
Andreza foi convidada para ser madrinha de casamento de sua prima Alina.
Douglas, todavia, não foi chamado a ser padrinho, pois não tinha amizade com
nenhum dos noivos, e estes preferiram não convocá-lo. Mesmo assim o namorado de
Suellen ficou desapontado, mas não quis externar esse sentimento para sua garota.
Ela falou pouco durante o trajeto, ficava olhando pela janela do carro e se
ajeitava a todo momento no assento do carro, até que seu namorado ficou irritado e
perguntou a ela o que estava ocorrendo:
- Eu realmente achei que você não fosse topar, amor, mas gostei quando você
foi decidida a ganhar a nossa aposta!
- Amor, quando o seu pau entrou no meio das minhas pernas, tomei um susto
na hora! – afirmou ela. - Então você foi safado e me puxou de propósito para encaixar
ali, entre suas coxas e seu pênis. Conforme seu membro endurecia, eu ficava
imaginando um pau duro imenso no meio das minhas coxas, cutucando a minha
bucetinha já molhada – confessou a namorada.
Douglas pegou a mão dela de novo e a colocou sobre sua calça, mostrando a
ela o quanto ele estava excitado de novo, ouvindo ela falar da safadeza ocorrida fora
do carro. A morena abriu um sorriso, talvez aliviada por saber que ele aprovava o que
ela tinha feito.
- Você está gostando de falar sobre essas coisas, não é? - disse ela, com rosto
de garota sapeca.
- Safado! - disse ela, e Andreza sorriu. - Estou agora com a xoxota toda
molhada de novo, “babe”.
Douglas parou o carro no acostamento e colocou a mão na coxa dela e desceu
até embaixo do vestido e a seguir veio com sua mão subindo pela abertura da roupa
da moça, chegando à virilha e depois colocou sua mão, afastando a calcinha com o
dedo, e pôde sentir a vagina de sua namorada úmida da secreção própria de
lubrificação.
Ela então desceu a sua peça íntima, abriu as pernas, e foi colocando os pés
sobre o painel do carro. Com os olhos fechados Andreza gemia, enquanto Douglas
massageava sua buceta.
- Seu safado, você quer me comer aqui, dentro do carro, amor? - indagou ela,
ainda a gemer de tesão.
- Vai! Coloca logo esse pau todinho na minha boca, amor! Quero chupar seu
pau duro, safado!
Douglas a deixou em casa e foi embora para a sua, pensando em tudo que ela
disse enquanto estava excitada e em tudo que tínham feito aquela noite.
Finalmente sextou! Foi buscá-la na saída do serviço, pois ela iria matar aula da
faculdade. Encostou o veículo na frente do prédio da empresa de telemarketing e
ficou aguardando a garota sair.
Ela estava tentando chamar a sua atenção; jogava o cabelo de um lado para o
outro enquanto conversava. Durante a conversa entre eles, em certos momentos
Suellen dava uma olhadinha para o namorado dentro de seu veículo. Estava o
provocando, com toda certeza.
- Eu sabia que você iria ficar com ciúmes! – e Andreza sorriu de modo suave.
- Luciano. Nós não nos falávamos muito antes, mas ultimamente ele tem
puxado mais assunto comigo.
- Engraçado agora ele vir falar com você com mais frequência, não acha?
- Seu bobo, acha que todo mundo só fala comigo porque quer me comer.
- E o André, seu cunhado? Você o encontrou hoje?
- Não posso dizer. Segredos de família. Mas hoje ele estava um amor comigo;
ele me viu chegando assim e foi só elogios! Elogiou minha boca que fica bem com esse
batom, elogiou minhas unhas que deixam minhas mãos mais delicadas e bonitas, meu
cabelo; ele reparou assim que cheguei ao escritório; o que mais? Nem lembro, hoje
foram muitos elogios de várias pessoas! – e ela abriu um sorriso.
- Não mesmo, agora na saída ele me chamou novamente para um happy hour
do setor dele; disse que ainda está me devendo um “drink” e que hoje seria um bom
dia para pagar!
- Foi aí que eu notei que meu namorado tinha chegado, e que eu devia ligar
para meu pai avisando que iria sair com os amigos do trabalho e que não tinha hora
para chegar em casa!
- Por que você não disse, meu bem, que ia sair apenas comigo?
- Eu falei que você teria uma prova na faculdade e ia ficar em casa estudando.
- Andreza, pare de mentir para seu pai. Aprenda a falar a verdade... E suportar
as consequências ...
- Ai amor, sabe que de tanto você ficar falando nisso, acho que me abriu um
pouco os olhos; parece mesmo que eu preciso falar mais a verdade .
- Mas imagina se meu pai descobre que meu namorado é que me incentiva a
me vestir assim? Que você me deu um vibrador para eu usar...etc ... etc...
- Pior que já pensei nisso sim, amor; mas não acho nada demais o que fazemos
juntos e penso que não vai te prejudicar.
- Sou mesmo? Você tem certeza? - indagou a moça, deitando-se a seguir sobre
o colo do rapaz e, puxando o pênis de seu namorado para fora da calça, foi mamando
seu membro durante o trajeto até o boteco onde encontrariam um casal amigo.
No entanto, na mesa ao lado, havia um indivíduo que não tirava os olhos dela
também, mas Douglas pode verificar que ele fitava muito para o quadril de sua
namorada, a qual estava sentada numa cadeira no canto da mesa. Douglas levantou-se
para ir ao banheiro e pôde ver que a calça jeans dela tinha cintura muito baixa e, do
jeito como sua garota estava sentada, ela exibia um pouco da marca do biquíni,
recentemente reforçado em seu final de semana na praia.
Douglas passou por ela e cochichou em seu ouvido que o homem da mesa ao
lado estava babando com a marca de sol do biquíni dela; a garota sorriu e disse que já
notara que ele estava olhando-a, e que ela abaixou mais a cintura da calça justamente
para o provocar.
Douglas voltou para a mesa com um sorriso largo no rosto, surpreso com a
atitude de sua namorada.
Saíram tarde do bar e Andreza não parecia disposta a sexo; pediu somente para
ir até sua casa; em sua residência, apenas tirou a roupa e caiu na cama, apenas de
calcinha, adormecendo de imediato. Ela tinha tomado apenas duas taças de vinho seco
e água mineral com gás. E jantaram um bife à milanesa com arroz branco.
_______________________________________________________________________
- É mesmo, Suh?
- Pode ser, porque, quando uma mulher se sente atraída por um homem e se
apaixona, suas inseguranças começam a aparecer, pois os três cérebros dentro de sua
mente começam a trabalhar uns contra os outros. É nesta fase que ela vai querer
validação constante para poder reforçar a si mesma de que esse homem é o que de
fato ela vinha procurando. Só que esta mesma mulher faz isto de maneira
completamente oposta ao que se esperaria, dando insegurança ao homem. Quanto
mais ela o deseja, mais sabota a relação dos dois, chegando a ser dramática. Então, os
dois precisam superar esta etapa inicial de uma relação, que é de desconfiança e
dúvida, para entrarem num compromisso sério e confiável. Só que em muitas
situações é extremamente difícil o homem superar essa etapa de provações a que a
garota o submete.
- Acho que eu sou muito assim, Cássio. Essa situação vale para muitas mulheres -
reiterou Suellen.
Alguns dias depois Andreza anunciou para sua mãe que estava pensando em
participar de uma ação beneficente.
- Mãe, estive conversando com uns amigos da Igreja e tivemos uma idéia bem
legal: criar um pequeno grupo de teatro e fazer pequenas apresentações em clínicas e
hospitais públicos. O nosso propósito é tentar levar um pouco de alegria para crianças
doentes. Eu vi que tem um grupo de jovens em São Paulo capital que visita as crianças
doentes em clínicas e hospitais; são os “Anjos do Riso”. Pensei em algo semelhante ao
que eles realizam. O que você pensa desse nosso plano?
- Parabéns, minha filha. Excelente iniciativa de vocês. Achei uma idéia ótima!
Uma ação muito gratificante. Dou todo o meu apoio.
Depois desse dia, Andreza e seus colegas ainda realizariam duas ações
beneficentes em clínicas, duas no posto de saúde, três em asilos de idosos e duas em
orfanatos, mas o grupo depois se dissolveu e o projeto foi suspenso por tempo
indeterminado.
____________________________________________________________
- Como assim? – indagou o amigo, em tom de seriedade. Você sabe algo sobre
ela que eu desconheço?
- É confiável?
- E é por esse motivo que preciso te contar. Não tenho nenhum interesse nela
nem ciúmes de vocês, mas penso que você deve saber para ficar ligado e só tu saberá
se de fato as denúncias procedem.
- Pois fale.
- Dizem que ela já ficou com alguns caras por grana e chegou a fazer
programas até dentro de carros no estacionamento da faculdade.
- Não acredito. Deve ser mentira – reagiu Douglas, dando essa resposta mais
para dissuadir seu amigo.
- Ele já veio pegar ela na faculdade algumas vezes. Eles parecem muito
íntimos. Desconfio que exista algo entre eles.
- É mesmo? Estranho.
- Pode deixar, mas não estou acreditando muito nesta estória. Andreza não
faria isso.
________________________________________________________
Então, pouco tempo depois Douglas pediu para ter uma conversa delicada com
sua garota. Encontraram-se no shopping, dentro da praça de alimentação, e o rapaz se
pronunciou:
- Suh, eu tenho algo muito sério para falar com você.
Andreza prontamente ficou apreensiva, mas já suspeitava de que seu
namorado estava prestes a encerrar o namoro pelo seu comportamento mais recente.
Ela voltou então, bem ressabiada:
- O que foi, amor? O que você deseja falar? – disse de forma carinhosa,
tentando fazer o rapaz abandonar a ideia de deixá-la. Mas ele foi dizendo:
- Meu bem, gosto de você, mas nossa relação não vai dar mais certo.
- Por que motivo, Douglas? – indagou Suellen.
- Minha vida tem sido muito corrida; a sua também; preciso dar apoio à minha
família; você, por seu lado, trabalha demais e ainda estuda; não temos tempo um para
o outro e acho que você merece mais atenção; não posso te dar - alegou Douglas.
A jovem retrucou:
- Amor, eu nunca me queixei que você me desse pouca atenção. Eu sou
satisfeita com nossa vida e nossa relação; sou feliz com você.
- Tem certeza? Há momentos que não transparece isso.
- Não entendo suas colocações – rebateu ela. - Douglas, você me ama?
- Sim – respondeu o estudante, sem firmeza na sua afirmação.
- Então, você está pensando em outra moça? Você já tem outra pessoa? –
interpelou Andreza, com certo desespero.
Andreza contou para Nádia sobre o fim de seu namoro com Douglas alguns dias
mais tarde. Elas se falaram pelo aplicativo de mensagens.
- Bruna, você não responde mais minhas mensagens. O que está ocorrendo?
Estou apreensiva.
Mas a morena finalmente encontrou coragem para conversar com sua amiga.
- Nádia, eu tenho passado por muitos problemas. Por isso me afastei das
pessoas.
- Por que, Suh? Você sabe que eu te considero muito. Pode se abrir comigo.
Quem sabe eu possa ajudar. O que está acontecendo?
- Eu terminei meu namoro com Douglas e fiquei muito mal depois disso.
- Foi mesmo?! Que pena! Vocês me diziam que gostava tanto desse rapaz e
vocês se entendiam tão bem.
- Mas ele foi mudando; a família dele não tratou bem meu papel e também
começaram a fazer pouco caso de mim. Acho que é porque sou de origem pobre.
- Não diga isso, amiga. Não se sinta inferior por questões materiais.
- Sei, você foi intensa, e já não sentia mais correspondência dele para o seu
amor.
- Sim, eu acreditava que “ amor, com amor se paga” , mas descobri de modo
triste que nem sempre é assim. E o pior é que eu não fiz nada para merecer ser tratada
assim, com desprezo. Muito pelo contrário: eu só dei amor e atenção e me doei o
quanto podia nessa relação.
- Eu imagino que para ele eu era apenas uma “putinha“, que servia aos seus
prazeres e às suas fantasias eróticas. Ou uma boneca de fazer sexo.
- Pior que é verdade. E quando penso que não tive nenhuma culpa para tudo
terminar assim, eu fico pior.
- Não, Deus me livre. Não o quero ver mais . Realmente o pior sentimento de
tudo isso é não saber porque tudo mudou de repente, se estava tão bem. Se eu errei
em algo e no que foi que eu errei. Tenho dúvidas também se ele já me traia quando
estávamos juntos. Tudo isso me faz sofrer.
- Não se martirize. Se acabou procure esquecê-lo e prepare seu coração para
outra pessoa.
- Vai demorar um tempo agora. E pensar que ele mal me deixou e já apareceu
com outra menina. Dói demais. Ver quem você adora com outra garota ... E já, com tão
pouco tempo...
- Meu Deus, como ele foi mal com você. Assim que for possível, eu quero te
ver. Amiga, sei que é difícil, mas tenta esquecer e colocar sua vida para frente. Você vai
ficar bem, vou torcer e orar por você. Fica com Deus.
E encerraram as mensagens.
- Mãe, eu posso ir ao show que será promovido pela Igreja? Este evento está
sendo aguardado há quase 6 meses. Dizem que é imperdível. A banda é Evangélica.
- Sim.
- Boa ideia. E algum rapaz vai com vocês? Moças andando só é perigoso. E
certas companhias também o são.
- Por mim, sem problemas, da forma como você me falou. Se mais alguém for
com vocês ou algo mudar me comunique. E outros jovens de nossa comunidade
também vão?
- Nem seu ex-namorado vai? Aliás, ele está namorando com outra moça?
- Pode ser que ele vá, mas não vou nem olhar na cara dele se ele passar por
mim. Não sei se ele já tem outra namorada. E ainda vou com aquela camiseta que tem
escrito na frente: “I hate you“ , que eu comprei em homenagem a ele.
- Tudo bem.
- Princesa, você não apareceu mais? O que houve? Senti sua falta.
- Não deu mais certo. E não tenho o mesmo dom que você. Quer dizer, não
tive mais oportunidades - mentiu Andreza.
- Pois venha nos visitar aqui no templo do Tirirical qualquer dia. Estamos te
esperando de braços abertos.
- Obrigado, amigo. Vou ver um horário, prometo. Qualquer hora vai dar certo.
Mas não é para já.
- Que pena.
- E o show, minha linda, daqui a duas semanas, você vai? Eu queria te convidar
para ir...
- Não, Nelsinho. Obrigado pelo convite, mas não estou pensando em ir. Vou ter
um compromisso de trabalho neste mesmo dia até tarde. Acredito que eu não irei ao
show.
- Tudo bem. Mas se você mudar de ideia, me avise. Posso te levar. Um abraço.
- Outro. Tchau.
De fato, após duas semanas Andreza foi ao show com suas primas e lá
encontrou Nelson, dando-lhe a desculpa de que decidiu ir de última hora. Ela, porém,
não encontrou seu ex-namorado na apresentação, mas foi mesmo ao evento usando a
camisa com os escritos: “I hate you”.
Após encerrar o namoro com Douglas, Andreza não ficou legal. Não conseguia
dormir direito e nem se alimentava bem.
Seu pai, José, percebeu o que estava se passando com sua filha e buscou ter
uma conversa com ela.
- Andreza, minha filha, nas últimas semanas sinto que você não está bem. Ficou
mais calada, dormindo pouco e quase não come. Até emagreceu. Fico preocupado
com você. Tudo isso é porque seu namoro acabou?
- Acho que sim - respondeu sua filha.
- Meu amor, da outra vez que você terminou seu namoro foi do mesmo jeito.
Você fica muito mal.
“Reaja. Não fique assim. Você me deixa inquieto. Você fica transtornada,
Andreza, sempre que termina um relacionamento com algum rapaz. Você fica tão
debilitada que eu tenho medo de que algo pior aconteça contigo. Desmaiar, cair, bater
a cabeça no chão.
- Deus me livre, papai.
- Quase não tenho coragem de te deixar sozinha em casa. Quer me dizer algo?
- Vou reagir, papai. Sei que não posso ficar assim, sem vontade de viver. Preciso
me restabelecer. Sei que sou forte e vou atravessar esta barra. Preciso dormir, me
alimentar e sair de casa. Senão vai me atrapalhar na faculdade e até no trabalho. Hoje
faltei às aulas do meu curso. Realmente hoje não estou me sentindo bem. Preferi ficar
em casa.
- Sim; você não pode continuar desta forma. Siga sua vida em frente. Ou você
ainda gosta dele?
- Não gosto mais dele; fiquei decepcionada com Douglas.
- O que ele te fez mesmo? Conte-me tudo.
- Não quero dizer detalhes. Bobagens de namorados. E tudo está passando.
- Tem certeza que não quer contar o que ocorreu?
- Não foi fiel comigo e outras coisas. E chega. Ponto final. Não quero falar mais
nada.
- Ok. Respeito sua vontade. Você quer procurar um psicólogo ou um psiquiatra?
- Não precisa, papai. Eu juro que não. Eu vou melhorar. Vamos esperar mais um
pouco.
- Quer conversar com pastor Joaquim?
- Ainda não.
- Estou aqui para te ajudar, filha. Não me deixe assim, preocupado. Quero ver
você feliz. Quer sair para comer uma pizza?
- Hoje não, pai. Amanhã pode ser.
- Certo. Vou te cobrar amanhã; vou convidar de novo; você foi ao culto ontem?
- Não tive coragem de ir.
- Da próxima vez você vem comigo. Vou te arrastar. É pelo seu bem. Tem falado
com suas amigas da Igreja e da escola? Converse com elas. Trícia é uma moça tão
ajuizada. Ele pode te dar uns bons conselhos.
- Não sei se adiantaria. Tenho falado apenas com Nádia.
- Pois ligue para Trícia.
- Vou tentar.
- Certo. E você tem falado com sua mãe? Quando se falaram pela última vez?
- Falei com ela há 3 dias atrás, pelo zap.
- Comentou como você está? Pediu alguma orientação para ela?
- Não. Não quero deixar minha mãe preocupada. E não tenho certeza se ela
poderia me ajudar.
- Sua mãe precisa saber o que se passa com você, Andreza. Ela também pode te
ajudar. É importante. Você não pode esconder isso de sua mãe. Ester tem o direito de
saber como você está, para te ajudar ao tempo certo. Ela me cobra isso às vezes,
sabia?
- Imagino, papai.
- Ou você prefere que eu mesmo conte para ela o que está se passando com
você? Ela não ia gostar! Sua mãe prefere que você fale..
- Eu sei disso. Conto para ela o mais breve possível.
- Sua mãe pensa até que eu forço você a encobrir os fatos para ela!
- Não, papai. Não me diga isso. Não acredito.
- Sim, mas não é por mal que ela fala isso. Ela precisa saber mais de você. Seja
mais amiga de sua mãe.
- Papai, vocês me escondem alguma coisa ruim entre vocês e que provocou a
separação?
- Não, filha. Não ocultamos qualquer coisa de você. Eu juro.
Eram 21 horas e os dois foram se deitar.
- Filha, está cedo, mas vá se deitar logo. Você precisa descansar. Quer um
comprimidinho para dormir. Te dou metade do comprimido que eu uso quando estou
com insônia. Sei que você não gosta de tomar remédios, mas às vezes é necessário...
- Não, prefiro não tomar papai. Vou deitar. Vou conseguir dormir melhor hoje,
Deus me ajude. Sua benção, papai.
- Deus te abençoe, querida.
E José deu um beijo na testa de sua filha e dirigiram-se cada um para seu
quarto.
Por sugestão de sua mãe ou quase de forma impositiva Andreza foi ter uma
conversa séria com o pastor de sua Igreja, a sós. Após ser recebida por ele em sua sala
disse a morena:
- Bom dia, Pastor Joaquim. Posso entrar e me sentar?
- Bom dia, minha jovem, que Deus a abençoe. Sim, com certeza. Vamos sentar.
Sinta-se em sua casa. Como vai? Em que posso te ajudar? Estou aqui para te ouvir e
dialogarmos. Pode se abrir comigo. Será uma conversa aberta. Sou homem maduro,
sobretudo um homem de Deus, mas conheço bem os anseios dos jovens de hoje. O
que eu puder ajudar, estou aqui. Sua mãe me avisou que você gostaria de se reunir
comigo para pedir umas orientações.
- Eu pedi?? - replicou Andreza em tom irônico. – Perdoe-me, mas estou aqui
em sua presença, pastor, mais pela vontade dela. Ela que pediu para que eu viesse
conversar com o senhor.
- Mas, minha filha, você veio até minha presença contra sua vontade? Preciso
saber! - indagou o pastor evangélico, com bastante calma.
Andreza respondeu prontamente:
- Não, isso não. Não vim obrigada. Fique tranquilo. Estou aqui por livre e
espontânea vontade. Tenha certeza.
- Ah então está certo. Fico mais aliviado. Minha intenção é ajudar, se assim
puder. A propósito: como vão seus pais?
- Estão bem. Tocando a vida deles. Mamãe trabalhando muito no hospital. Ela
chega tão cansada dos plantões. Chego a ter pena dela! É um trabalho que não
combina comigo o dela , de Enfermagem.
- Mas vocês estão bem em casa? A família está unida?
- Sim, estamos.
- Seu pai, José, não o vejo há duas semanas. Por onde ele anda?
- Ele está viajando. Para a cidade natal dele. Foi visitar os irmãos. Chega semana
que vem.
- Entendi. E então minha querida, o que você tem para falar comigo? Podemos
começar...? Você prefere iniciar ou quer que eu te faça algumas perguntas e minha
filha vai respondendo, se quiser.
- Então comece.
- Minha filha, como está sua vida amorosa? Você tem namorado?
- No momento não.
- E uma moça tão bela está sozinha? Quando terminou seu último
relacionamento?
- Terminei meu namoro há algumas semanas. Prefiro ficar sozinha agora.
- Seu namorado frequentava nossa Igreja?
- Não. Ele era católico.
- Talvez por isso seu relacionamento não deu certo.
- Acredito que não foi por isso.
- Ele era praticante de sua religião? Ou apenas católico para dizer que tinha
uma religião?
- Ele ia à missa quase todos os domingos. Mas ao que eu saiba ele frequentava
as missas sim.
- E suas condutas eram cristãs?
Andreza titubiou um pouco para responder e após uma pausa deu uma
resposta não muito confiante.
- Sim, ele é um bom rapaz e age conforme as orientações da Igreja - foi o que
disse Andreza para convencer o pastor.
- Mas o fato é que seu namoro terminou. E sua mãe me disse que você vive
mito triste. Por que vocês terminaram? Sua mãe me contou que vocês gostavam muito
um do outro.
Andreza ficou sem saber se falava a verdade, mas disse:
- Ele me traiu, Pastor. E eu cansei disso. Terminei com ele e ainda fiquei
arrependida depois. Mas ele me fez sofrer muito, bastante mesmo.
- Então o esqueça, minha filha. Ore para que ele melhore como pessoa e peça a
Deus para trazer uma pessoa melhor para sua vida. Ele ainda a procura? Vocês ainda
se falam?
- Após o término ele ainda me enviou umas duas mensagens, mas eu optei por
não responder. Eu queria cortar o cordão umbilical que me unia a ele e estou
conseguindo.
- Você está conseguindo esquecer este rapaz?
- Sim, estou.
- Mas sua mãe me contou também que você vem se afastando um pouco da
congregação e dos cultos. Por que motivo?
- É só por um tempo. Não estou legal. Preciso de um tempo para mim, para
reinventar minha vida.
- Mas se afastar de Deus não é o melhor caminho. Volte-se para ele e entregue
sua vida.
- Eu não estou e não quero me afastar de Deus, acredite. É algo passageiro; só
não estou motivada a frequentar o templo com a mesma assiduidade de antes; mas
tenho certeza que vou melhorar logo e tudo irá voltar ao normal, como era antes.
- Já pensou em procurar um médico? Talvez você já esteja precisando.
- Acho que não necessito ainda. O senhor diz um psiquiatra? Acredito que não
chega a tanto. Ainda posso me virar sozinha para tentar resolver meus problemas. E
vou conseguir. Se piorar tento consultar um psicólogo ou um médico psiquiatra. Eu
não desejaria tomar remédios controlados. Eles têm muitos efeitos colaterais, os
tratamentos são prolongados e caros; e as drogas, mesmo sendo terapêuticas, podem
provocar síndrome de abstinência e dependência.
- Mas não pense assim. Se for prescrito por um especialista e você precisar
tomar será a melhor opção para você.
- Mas vou esperar mais tempo. E vou orar a Deus para ele me ajudar.
- É assim que se fala, Andreza. Fé e esperança! Você necessita destes dois e a
oração é um ótimo começo. E como está a relação com sua mãe, Ester. Vocês estão se
dando bem? Ou existe alguma desavença entre vocês duas?
Depois de alguns segundos a moça tomou coragem e falou de uns sentimentos
que lhe afligiam e gostaria mesmo de saber a opinião de seu pastor espiritual sobre
tudo isso. Imaginou que pastor Joaquim guardaria segredo e ela lhe contou:
- Pastor, alguns sentimentos me afligem, me perturbam um pouco. Tenho
sentimentos ambíguos por minha mãe, ora de amor, outras vezes de aversão e
antipatia. Penso que eu não sou uma pessoa ruim e não quero ter repulsa de minha
mãe, mas a qualquer momento que ela me desagrade, sinto muitas sensações
negativas e maus pensamentos com relação a ela. Chateio-me e me zango às vezes.
Porém, tento reprimir isso, não ser indelicada com ela e voltar a me relacionar bem,
como mãe e filha devem ser, amigas.
- Parabéns, minha filha. Lute contra estes maus sentimentos. Não são virtudes,
mas fraquezas humanas. Apóie-se em Deus e na sua Palavra Sagrada, a Bíblia. Quando
se chatear com o que sua mãe diz, seja humilde e a princípio baixe a guarda e peça
perdão. Acredito que se ela perceber que errou, ela irá reconhecer a partir deste
instante e vocês irão fazer as pazes, ao invés de ficarem chateadas e se sentirem até
ofendidas. Jesus quer a paz e a conciliação entre pais e filhos! Ele deseja sobretudo o
diálogo, sem ódio, sem agressões verbais, com reciprocidade, e ele sabe que pode
inspirar uma solução para todas estas questões. Por que vocês divergem tanto?
- Muitas vezes não estamos alinhadas e minha mãe só quer ver o lado dela. Ela
tem dificuldade para enxergar uma visão contrária à sua e de reconhecer quando está
errada.
- Mas não a condene. Procurem conversar de modo sereno. Respeite quando
sua mãe tiver razão e tente mostrar quando ela estiver equivocada, mas com
parcimônia. Eu não tenho dúvidas de que sua mãe quer o melhor para sua vida,
embora ela possa estar se excedendo às vezes.
- O senhor também poderia falar com ela?
- Sim, posso sugerir isso para ela. Vou procurá-la.
A moça contou mais:
- Pastor, sou um pouco estranha ou fora do padrão normal das outras garotas,
penso eu. Vou confessar: tenho muitos desejos sexuais, desejo muitos homens, sinto
muita atração por eles e isso parece afetar meu comportamento e minhas convicções.
Até por saber que pode atrapalhar minha vida. Tira minha concentração às vezes e
temo que possa me afastar do caminho certo. O que devo fazer? Sou muito pecadora?
- Tente não se martirizar. Ocupe sua mente com outras coisas. Deus pode
perdoar todos os nossos erros e faltas desde que reconheçamos o nosso pecado,
cessando o ato pecaminoso e realizando boas obras, sendo solidários com o próximo.
Andreza parou, refletindo estas palavras do pastor. Ele continuou:
- Evite olhar então para os homens que você ainda não conhece e para os
compromissados. E leia a palavra de Deus, siga seus preceitos, seus 10 mandamentos.
Vou te repassar umas sugestões de leitura na Bíblia Sagrada neste sentido. E ore todos
os dias a Deus pedindo para ele remover toda malícia e toda indecência de sua mente
e de seu coração. Peça a Deus para purificar seu corpo e sua alma e entregue tudo à
vontade divina. Acredite que ele pode te curar. Ele pode mudar sua vida para melhor.
Andreza ficou pensando e se questionou se o que ocorria com ela seria uma
doença. Ela precisava de cura, disse o pastor. Então ela necessitava de tratamento? Da
mente, da alma e do corpo? A moça guardou estes questionamentos para si.
- Mais alguma coisa, minha filha? Quer falar sobre mais algum assunto?
Interpelou ainda o pastor.
- Não, por hoje não. Já conversamos muito hoje. Nosso diálogo foi bastante útil
para mim. Preciso refletir mais, e sob a Palavra de Deus. Obrigada ao senhor pelas
palavras e pelas dicas.
- Espero conversar com você outras vezes. E que esteja se sentindo melhor.
Fica com Deus , minha filha. Boa semana.
- Obrigada de novo. Bom dia e até uma próxima vez.
E ela se despediu, saindo da sala.
CONVERSARAM MELINA E ANDREZA APÓS A ÚLTIMA ENCERRAR O NAMORO
COM DOUGLAS.
Andreza começou, dizendo:
- Melina, seja lá quem for a pessoa, eu não quero mendigar amor. O amor e a
paixão são sentimentos que deveriam ser espontâneos, não cobrados. Por isso, não
vou insistir tanto em alguém que não demonstra interesse por mim, pois somente me
magoa, me maltrata, com suas ações. Vou deixar meu coração mais leve, tirando as
amarras de pessoas que me prendem!
- Você tem razão, minha irmã. É necessário nestas horas ter amor próprio, para
desistir de um relacionamento tóxico e tocar sua vida para frente. Tenho lido
bastante, também, sobre a teoria da mulher de alto valor. Jamais devemos implorar o
amor de alguém. Ame a si mesma, em primeiro lugar, sempre. Jamais suplique o afeto
e o carinho de outra pessoa, pois isso não é digno da verdadeira felicidade. Ela
acontece sem pressão, com a vontade mútua e de maneira leve, no tempo certo.
- Algo que jamais será recíproco não vai perdurar, muito tempo - continuou
Andreza. - Veja meu exemplo com Douglas. Quem merece te amar, Melina, vai
aparecer em tua vida no momento exato, basta aguardar. Forçar que alguém te ame é
o mesmo que mendigar algo que jamais será recíproco, pois nada sob pressão pode ser
espontâneo e verdadeiro. E o amor, ah, esse é de alma e, quando acontece, não
precisa que ninguém peça para ser provado ou executado.
- O coração pode ser uma armadilha – retrucou a garota ruiva. - Muitos
machucarão você, irmã, mas não desista de amar, Suh. Não entregue seu amor para
qualquer um, mas ele, o amor de verdade, acredito que vale a pena. Tenha paciência,
irmã, não vá se doando a qualquer um, nem deixe seu coração exposto com todas as
suas fraquezas. Elas podem ser sua pior armadilha. E o mais importante: antes de se
entregar a um novo alguém, tenha em mente que o amor por si mesma deve ser maior
do que a qualquer outro ser humano.
- Sim, Melina, eu devo aprender a ter amor-próprio. O amor ocorre quando tem
que acontecer e não quando uma pessoa diz para a outra que a hora de amar chegou.
Cada um tem seu tempo, e não é viável forçar ninguém a ter um sentimento que é só
seu. Não importa qual for a justificativa, simplesmente anule-a e fique com o amor-
próprio.
- Não ame por dois, Suh! - opinou sua irmã. - Se Douglas não te deu o valor que
você merece, o esqueça, tire de sua cabeça e de seu coração. Não importa quem for,
não mendigue amor, você está corretíssima. Cuide de si, da sua autoestima e se
valorize. Vai para a academia, cuida de seu corpo, vai estudar, procurar ler a palavra de
Deus, compra uns livros interessantes para ler. Ninguém merece ter o seu sacrifício,
tampouco estar em um relacionamento no qual você ama pelos dois. Acima de tudo, é
injusto. Por isso, não deixe que a vida te leve na contramão da felicidade, vivendo de
migalhas.
- O grande erro do coração, Melina, - explicou a morena - é que ele nem
sempre sabe agir com sensatez, e só quer saber de amar e receber esse mesmo amor
em troca. Tolo, pois diversas vezes erra ao achar que quem nos menospreza merece o
amor que guardamos no peito, o que é um grande erro.
- Fuja de relacionamentos tóxicos - reforçou sua irmã mais nova. - A vida foi
feita para sermos felizes e encontrar o caminho que nos leva a evoluir como pessoas.
Um amor mal-resolvido só vai contra todo esse caminho e ainda destrói o pouco de
alegria que resta em seu coração, Suh. Vejo como você fica abatida, quase devastada e
confusa. Seu semblante muda, sua voz fraqueja, seu sorriso perde o brilho. Não fique
assim. Portanto, fuja de relacionamentos tóxicos, de pessoas como Douglas, que não
te merecem e encontre uma nova direção.
- Vou conseguir, irmã. Ele não merece o meu sorriso, não merece meu amor,
não merece me ter ao seu lado. Pessoas como ele, o melhor é expulsarmos de nossa
vida. Quem não me fez sorrir, não merece ser o motivo de minhas lágrimas. Vou
pensar agora em mim, no amor-próprio e não vou implorar para que ninguém tenha
sentimentos por mim. E vou me cuidar.
- Não se deixe contaminar! - suplicou Melina. - Existem pessoas que nos sugam,
dizem sentir um amor falso e por inúmeras vezes nos provam com suas atitudes que
não merecem o carinho e a dedicação de quem realmente tem um sentimento
verdadeiro no peito. Quando se deparar com quem é assim, não se deixe contaminar;
guarde o seu amor – mesmo que para isso precise sofrer em silêncio - e siga sua vida,
pois algum dia a pessoa certa aparecerá e lhe dará tudo o que merece.
- O amor vem de dentro! - filosofou Andreza. - Eu acredito nisso. Não há
sentimento mais bonito do que o amor. E por que ele é tão belo, contemplado e
desejado por todos? Porque ele vem de dentro, não precisa de esforço para acontecer
e, quando habita em um coração, simplesmente esbanja luz interior.
- O amor precisa ser cultivado e cuidado! - continuou sua irmã- Se um homem
não alimenta e cultiva nosso amor por ele, um dia este amor pode acabar. O amor
pode ser algo simples, que não precisa de muito para acontecer, mas necessita de
grande vontade para permanecer e ações contínuas para que possa florescer, senão
pode se esgotar um dia. Ele precisa ser cultivado dia após dia pelas duas almas
envolvidas e ser respeitado, pois, se há um descuido, ele se vai, deixando sempre
pessoas machucadas, como você ficou.
- O gostar é generoso, tem que ser! - opinou a morena. - Seja quem for, quem
não lhe dá amor, não merece tê-lo. Por isso, mesmo quem doa seu coração para
alguém, não pode mendigar amor, tampouco pedir perdão por erros que não
cometeu. A ação de gostar de uma pessoa deve ser algo doce, generoso, e que não
aceita a humilhação do outro. Então, se isso acontecer, é porque esse relacionamento
não serve para você. Ele deve acabar – disse Andreza. E continuou:
- Se alguém me ferir numa relação, posso até dar uma chance, mas se
continuar, terei de ir embora. Ele precisa me amar para eu ser feliz, mas antes preciso
me amar e cuidar da minha alma. Se ele me machuca, me magoa muitas vezes, não me
respeita, não retribui meus sentimentos e minhas ações por ele, terei de ir embora,
mas, se me der tudo o que eu lhe dou reciprocamente, ficarei por aqui pelo resto dos
meus dias, prometendo ser fiel até o fim e lhe dando o melhor de mim.
- Se entregue somente quando tiver certeza, Suh! - pediu Melina. - Viva
amando primeiramente a si própria. Entregue-se somente quando tiver certeza do
sentimento dele e assim não vai se machucar com alguém que deseja apenas brincar
com um coração puro e que guarda em si somente a vontade de se doar e amar.
_______________________________________________________________________
Andreza foi consultar o psiquiatra conforme o pedido de seus pais, mas ela
exigiu que entrasse sozinha no escritório do médico e assim o fez. Lá dentro eles se
- Minha jovem, então por que você veio? Tu és adulta e tem o direito de
decidir o que é melhor para si. Mas será que seus pais te motivaram vir aqui sem
sessões, mas confesso que não tenho paciência para psicoterapia. Estou atravessando
uns problemas pessoais, e que mexeram muito com minha cabeça, mas entendo que é
algo temporário; eu vou ficar boa logo. Por isso, eu não desejava vir consultá-lo agora,
já que não é de minha vontade começar um tratamento medicamentoso. Eu preferiria
Mas não adiantaria ele perguntar, pois seria provável que a paciente negasse quase
tudo.
- Querida, a ajuda, quanto mais cedo, mais bem vinda. Eu estou aqui para te
afetivo fico muito mal, quase transtornada, sem vontade de viver, triste, e a cada
namoro sem sucesso, passo a confiar menos nas pessoas e a ficar mais pessimista com
achava que era sério. E nas duas vezes que terminei com meus namorados, descobri
e de forma gradativa.
- Mas, por favor, me fale: antes destes namoros mal sucedidos como você era?
- Que bom que você pensa assim; já é um bom começo para se libertar deste
problema. Vou lhe fazer alguns questionamentos. Responda se quiser, mas tente ser
- Pode.
- Em geral não, a menos que eu tenha certeza de que possa ser recebida de
forma positiva.
- Então, por que se importa tanto com elas ou com suas opiniões sobre ti?
- Nem sei, mas prezo por minha honra e minha reputação. Talvez por isso eu
leve em consideração o que pessoas estranhas falam sobre minha pessoa.
- Pois busque ser mais “light”, mais serena, sorria mais de seus próprios erros e
não fique se punindo á toa, por qualquer bobagem ou besteira que tiver feito; muitas
vezes você não teve nenhuma culpa mesmo; lembre-se disso. Aprenda a rir de si
mesma.
- Vou tentar ser mais leve, e menos julgadora de mim mesma.
- Sim, quando não aprendi a tocar violão, quando não consegui cantar bem no
culto, quando eu era adolescente e me interessava por alguns garotos e eles não me
davam atenção, quando eu caí de bicicleta e minha mãe não deixou mais que eu
tentasse aprender, quando falavam mal de mim na escola por eu ter sido traída por um
namorado; eu era a vítima e mesmo assim eu fui difamada e não somente ele, que foi o
traidor. Quando não consegui conquistar a amizade de uma pessoa que eu achava
importante. Quando eu tentei fazer um curso de culinária com minha mãe e eu
estraguei quase tudo na cozinha do curso; são muitas situações. Algumas eu prefiro nem
relatar.
- Supere tudo isso; foram aprendizagens para você ... Encare desse modo.
- Você tem medo de passar vergonha ou de ser ridicularizada; isso pode afetar
seus relacionamentos, inclusive amorosos; já pensou sobre isso?
- Doutor, a família de meu último namorado não tratou bem meu pai nem a
mim de forma digna. Fiquei muito magoada com isso.
- Foi mesmo?! Que desagradável... Mas mudando de assunto: você tem uma
ou duas amigas confiáveis para se abrir com elas? Ficar com esses sentimentos
guardados não é o mais indicado; ou ainda, você se abre com alguma de suas irmãs?
- Não conto tudo para minhas irmãs, porém conversamos sobre assuntos
íntimos, mas nem tudo. Não desejo que elas saibam nem contem para minha mãe tudo
o que acontece comigo. Mas tenho duas amigas muito próximas: a Trícia e a Nádia.
Conversamos de vez em quando sobre assuntos reservados e pessoais.
- Muito bom. Exercite isso. Tente se abrir com elas quando estiver à vontade
para falar sobre algo que te aflige. Você não precisa acatar as dicas e as opiniões delas,
mas só o fato de alguém te ouvir com atenção já te aliviará a tensão e a ansiedade.
- Então, pelo que já dialogamos, percebi que talvez você se preocupe até
excessivamente com os eventuais julgamentos das outras pessoas em certas situações
sociais; tente não levar tanto em consideração. Não fique tão séria sempre. Não leve
tão sério tudo o que ocorrer de ruim em sua vida.
- Depende de cada caso; nem sempre é possível estimar uma causa ou fatores
que podem desencadear os distúrbios; dentre os possíveis causadores estão ansiedade
excessiva, experiências de agressividade frequentes na infância e adolescência
(geralmente da família e/ou escola), separação dos pais ou entre irmãos, cultura
violenta na família ou no seio de convivência e fatores genéticos. As pessoas que
passaram por estes traumas podem se tornar indivíduos difíceis de se conviver,
provocando sérios prejuízos a seu próprio desenvolvimento social, acadêmico,
profissional e nos relacionamentos amorosos. Em situações extremas ideias de paranoia
e um padrão invasivo de desconfiança e suspeitas generalizadas em relação aos outros
podem se repetir na mente do indivíduo, prejudicando seu desempenho social.
- Mas não tem a mínima condição de eu procurar agora. Doutor, eu sou mesmo
muito ansiosa e aperreada, e tenho reações explosivas ás vezes, pois não consigo
controlar minha língua diante de algumas situações que me afetam ou me afligem num
dado momento, me tomando de surpresa.
- Risco de dependência?
- Não, vou te acompanhar direitinho e você não vai ficar dependente; mas
precisa ser tratada por determinado tempo para que as medicações surtam resultado.
- Acredito que vai melhorar bastante; o tratamento deve perdurar por cerca de
12 meses.
- Tudo bem. Mais uma questão: o senhor já sabe meu diagnóstico e se eu tenho
mesmo algum problema psiquiátrico?
- Na realidade, eu não posso fechar seu diagnóstico ainda, mas posso afirmar
que você é muito ansiosa e precisa melhorar e estabilizar seu humor. Eu também
acredito que você esteja passando por um estresse pós-traumático muito perturbador.
Mas eu prefiro não te repassar ainda um diagnóstico conclusivo. Tudo bem?
E assim Andreza aceitou ser tratada e o psiquiatra lhe indicou os remédios que
achou necessário.
- Não faço isso, mamãe. Eu te peço. Vou me preparar. Criarei coragem para lhe
revelar a minha gestação.
- Vou esperar, filha.
- Com licença, mãe. Vou para o quarto.
E as duas se separaram, encerrando aquele papo.
A princípio, Suellen pensava em levar sua gravidez ate o termo e conceber seu
filho. Todavia, foram-se passando quase dois meses e a mente da garota foi piorando.
Quando Andreza meditou profundamente sobre o que seria ter um filho no momento
atual de sua vida, a sua disposição de manter aquela gravidez foi-se esvaecendo. Ela
também nunca reuniu coragem para contar tudo a seu pai. Devido à prenhez, a jovem
ficava os momentos de folga apenas dentro de seu domicílio. Seu ventre começou
lentamente a crescer, assim como seus seios, e já permanecia dentro de casa apenas
com vestidos leves e folgados. Quando uma visita adentrava sua casa, buscava se
esconder até o visitante se retirar, pois não gostaria que mais ninguém descobrisse sua
gravidez indesejada. Andreza começou a sofrer psicologicamente por aquele bebê não
planejado e já não o desejava mais como antes. Passou a aventar em sua consciência,
então, a possibilidade de realizar um abortamento, mas tinha muito receio de o fazer,
pelos riscos do procedimento e pelas potenciais sequelas emocionais que poderia
adquirir depois.
Diante disso, Andreza procurou ter uma conversa com Melina e André na qual
lhes pediu ajuda. Confessou que não estava disposta a levar sua gravidez até o final
pois não queria dar à luz aquele filho e estava por assim dizer preparada para suportar
as consequências da perda e da rejeição de seu filho. Mas como fazer para levar a cabo
seu intento, e o propósito de abortar?
- Melina, eu decidi que eu não posso ter essa criança. Não tenho a mínima
condição de ser mãe agora.
- Suh, você quer tentar fazer um aborto? - questionou sua irmã, atônita.
- Não vejo outra possibilidade para mim – replicou a gestante.
- Você sabe sobre os riscos e as complicações de abortar? – alertou André.
- Sim, eu refleti sobre tudo isso. Estou disposta a enfrentar. Deus me perdoe.
- Mas tirar um menino em uma clínica é muito caro, irmã. Não temos esse
dinheiro. Douglas não pode pagar?
- Eu não vou procurá-lo para nada – replicou Suellen. - Mas eu acho que não
possuo coragem de praticar um aborto em uma clínica clandestina.
- E o que faremos, então? – retrucou seu cunhado. - Desculpe por eu falar
como “nós”... Escapou. Você é que deve decidir o que fazer. Mas estou sem saber
como agir.
- Também estou tentando encontrar uma solução – continuou a grávida.
- Mas o que poderia ser? - inquiriu a ruiva.
- Gente, será que com quase quatro meses de gravidez ainda posso fazer um
aborto?
- Acredito que sim – opinou sua irmã caçula.
Neste instante André teve uma ideia simples e a revelou:
- Suh, eu tive uma ideia. Lembrei de um medicamento que se compra no
mercado negro e ajuda a mulher a abortar. É o citotec. Vou tentar comprar.
- É mesmo, bem lembrado André. Mas será que funciona mesmo? E não tem
muitos riscos?
- É a opção menos agressiva. Ele desencadeia um abortamento e depois voce
vai ao hospital para concluir o trabalho. Não tem outra forma.
- Eu tenho um dinheirinho guardado no banco. Deve pagar por esse remédio.
- Vou tentar comprar e te falo – concluiu André.
Apesar de estar triste com esta decisão, Andreza tomou um alento. Ela estava
mesmo decidida a interromper sua gravidez, mesmo que fosse contra suas antigas
concepções religiosas e éticas.
Com efeito, André conseguiu encontrar alguém que forneceria a medicação
abortiva e ele ajudou Andreza a pagar pela substância. A pessoa que vendeu a droga
proibida orientou como usá-la, o que ocorreria, os riscos e a necessidade urgente de
procurar atendimento médico após desencadear o processo de abortamento.
Andreza foi orientada por André e juntamente com Melina usou a medicação
conforme a orientação. André já ficou de sobreaviso para levá-las ao pronto-socorro
obstétrico. As duas aproveitaram a oportunidade de sua mãe ter saído para um
plantão extra à noite. Dentro de pouco tempo após tomar os comprimidos e aplicar
outros dentro de sua vagina, a gestante começou a apresentar fortes cólicas
abdominais, náuseas e ensaiou um princípio de febre. Andreza começou a ficar
nervosa. Surgiu também uma sudorese e um pouco de dor de cabeça. Melina guardou
as embalagens do remédio para entregar a André, pois este ia sumir com elas. A
morena questionou, então:
- Mel, será que já está no momento de eu ir para o hospital? Começo a ficar
preocupada. Tenho medo de desmaiar. Parece que minha pressão está caindo.
Melina tentava se manter sóbria e ao perceber que sua irmã estava ficando
pálida e suava muito, disse:
- Suh, acredito que sim, está na hora. Fica calma que vai dar tudo certo. Vou
ligar para André nos ajudar a chegarmos até a maternidade. Ele garantiu que ficaria
perto e já estaria vindo para cá.
De fato. Melina o contactou e André já vinha a caminho. Chegou dentro de
cinco minutos. Foi chamando um transporte alternativo e levaram Andreza à
maternidade.
O fato é que a garota realmente teve êxito em sua tentativa de aborto. Foi
submetida a uma curetagem e ficou internada por cerca de 48 horas. Somente assim
seu pai descobriu toda a verdade. Após a alta para casa ela ainda permaneceria mais
seis dias em repouso domiciliar e recebeu uma licença médica para justificar sua
ausência no trabalho e no curso superior. No trabalho ela não teve como esconder a
verdade, mas na faculdade justificou a seus amigos que tivera uma pneumonia e pediu
para o médico que forneceu o atestado para sua faculdade não citar o código da
doença. A garota ficou até preocupada em perder o emprego, mas felizmente isto não
aconteceu. Todavia, devido às faltas e aos problemas de saúde, Andreza foi reprovada
em uma disciplina da faculdade, o que atrasou mais tarde um semestre em sua
formatura.
Sua mãe e seu pai ficaram aflitos com o que aconteceu e jamais desconfiaram
que a garota provocou o aborto do próprio filho. Eles terminaram acreditando que
Suellen teria abortado por consequência ainda das medicações controladas que seu
psiquiatra indicou e ela consumiu no início da prenhez, sem saber que estava grávida.
Quando Andreza ficou bem e saiu do hospital, seus pais até se sentiram aliviados , pois
no fundo aquela gravidez não era desejada e eles ficaram imaginando como Andreza
criaria aquele filho e todas as dificuldades por que ela passaria. Pensaram até que esta
tinha sido afinal a vontade de Deus. Andreza permanecia calada, pois era consciente
de sua culpa.
Após este abortamento a morena permaceu cerca de um mês recolhida,
tristonha e meio calada, com uma postura cabisbaixa e voltou a tomar seus
psicotrópicos e os usaria ainda por mais seis meses aproximadamente. Suellen se
sentia aliviada por não mais levar aquele bebê dentro de si, mas quando a ficha caiu ,
um sentimento de frustração, de mágoa e de arrependimento lhe afligiram. Ela faltou
a algumas aulas na faculdade, porém continuou trabalhando sem faltar ao emprego e
após 30 dias do abortamento já se sentia melhor e voltou a sair de casa quando estava
de folga, e deste modo sua jornada foi retornando à normalidade.
Seu pai ficou muito chateado com ela, mas ao final lhe perdoou.
E Andreza seguiu sua vida.
____________________________________________________________
Após encerrar o namoro com Douglas, Andreza não ficou bem e teve que
procurar um psiquiatra, que lhe receitou tranquilizantes e lhe prometeu que ela usaria
pelo menor tempo possível. Andreza não se concentrava mais no trabalho, faltou
algumas vezes às aulas da faculdade, dormia mal e não conseguia se alimentar direito.
Parecia que carência de amor era uma doença grave para Andreza, e ela ficava
devastada.
Andreza, por um período então, mudou seu visual para um estilo que não
parecia o seu, agora mais descolado, um pouco metido a hippie, adotando outro estilo
no cabelo e nas roupas, e terminou por emagrecer, o que fez bem para sua
autoestima. Ela estava gordinha e os biquínis que possuía já não lhe caíam bem no
corpo. Porém, devido ao sofrimento psicológico e ao efeito das medicações, as quais
controlavam também seu apetite alimentar, a morena conseguiu emagrecer, ficar mais
esbelta e começou a ganhar elogios dos amigos e parentes, alguns de forma velada.
Suellen começou também a frequentar mais clubes e condomínios com piscinas,
exibindo seu corpo, inclusive com fotos nas redes sociais. Voltaram desta forma os
elogios de seus fãs, como Nelsinho e outros desconhecidos. André também elogiou o
corpo em forma da morena, comentando suas fotos no Facebook, enaltecendo sua
magreza e contornos esbeltos, o que ele nunca havia feito. Melina não tecia nenhum
elogio ou comentário sobre o peso e a forma física de sua irmã, mas também não
demonstrou nenhum ciúme pelos pequenos elogios de seu namorado para sua irmã.
Um rapaz desconhecido escreveu comentários calorosos para Andreza e esta o
repreendeu com rigor dizendo: “Quem é você que nem me conhece e fica fazendo
elogios e falando de mim... Eu nem te conheço; que absurdo”. E o saliente rapaz ainda
replicou: “Não nos conhecemos, por enquanto. Só depende de você! “ Andreza
retrucou, irada: “Você se manque, garoto sem noção! Vai se olhar no espelho. Era só o
que faltava. Vai procurar sua turma. Me respeite.”
- Mas são elogios...na maioria das vezes... da maneira como eles sabem elogiar.
- Andreza, se acalme.
- Desculpe, mãe, mas não vou aceitar brincadeiras de pessoas conhecidas nem
de gente que nunca ouvi falar.
Ester entendia também que sua filha ainda estava em uso de medicações
psicotrópicas e poderia ainda estar com o julgamento de sua consciência alterado pelo
transtorno de ansiedade, de maneira que relevava muita coisa no comportamento e
nas atitudes da filha do meio.
Melina veio contar para Andreza que André havia sido convocado para o curso
de oficiais da polícia militar do Maranhão.
- Ele foi chamado para o curso de oficiais da Polícia Militar. Estou muito feliz! –
e Melina quis esboçar um choro de felicidade.
- Vocês merecem.
- Só nós é que ficamos para trás e não conseguimos nosso concurso ainda. –
reclamou a morena, maldizendo-se de sua sorte.
- É, já tentamos três vezes; não deu ainda; mas não vamos desistir. Não vamos
esmorecer, Suh! Nossas vagas nos esperam!
- E como vai ser de agora em diante? Quanto tempo dura o curso de formação
de oficiais?
- O curso demora 3 anos; ele já vai entrar recebendo salário, que vai
aumentando a cada ano; ao terminar o curso de formação ele sai com diploma de
bacharel em segurança pública e me parece que ele sai com a patente de aspirante a
tenente.
- Vai em frente, irmã. Eu porém verifico que esta carreira não dá para mim. Não
combina com minha personalidade. Mas você não me dizia que acreditava não ter
vocação para a carreira de polícia?
- É mesmo?
- Mas eu nunca quis. Polícia não é para mim. Não gosto dessa área. A mãe dele
e o irmão devem estar muito orgulhosos com a aprovação dele, não é?
- Sim. André também me disse que vai ajudar agora a formar o irmão mais
novo.
- Vamos sair hoje à noite para comemorar a convocação dele. Você vem
conosco, Suh?
- Desculpe, irmã. Hoje não vai ser possível. Estou cansada do trabalho no call-
center. Estamos na semana para bater as metas. Meu emprego só paga mal, porque
em termos de serviço o ritmo é bem puxado. Vou preferir ficar em casa e descansar.
Diga para André que desejo todo o sucesso para ele e estou muito feliz por vocês. Sei
que tudo que ele queria na vida era ser chamado para esse curso de oficiais e ele está
de parabéns! Diga que mando um abraço apertado para ele!
- Tchauzinho. Beijos!
Nos intervalos entre as aulas, ou quando saíam para comer, ou fazer algum
trabalho coletivo, costumavam dialogar sobre os mais diferentes temas.
Um dos colegas de Suellen era um rapaz de nome Fabrício. Ele era uma pessoa
simpática, bem conversativo e de boa índole. Era de classe média, e cujos pais eram
servidores públicos do estado do Maranhão. O rapaz pretendia montar um escritório
de contabilidade após a conclusão de seu curso e almejava adentrar na área da
Contabilidade Pública. Ele tinha bons projetos e era bem centrado em seus objetivos.
Gostava de expor suas opiniões e de as sustentar, mas era uma pessoa de consciência
flexível. O rapaz começou a namorar uma colega de turma já no primeiro semestre, de
nome Tâmisa, que era uma das colegas mais próximas da morena.
- Gente, eu descobri que existem fetiches muito estranhos. É difícil crer que não
se tratam de distúrbios mentais. – relatou Fabrício, que buscava navegar por temas
muito variados em suas horas vagas nas suas pesquisas on-line.
- Deve ser vontade enrustida de fazer sexo com crianças, e saber que não é
possível, nem correto. No mínimo – opinou Kelly.
- Esse é mesmo bizarro, com todo respeito aos deficientes físicos – opinou
Tamisa. – Mas sentir atração sexual por esse detalhe e aspecto da pessoa é
esquisitice total. Acho que isso é doença psiquiátrica.
- Seria como ter a sensação de fazer sexo sendo deficiente visual completo,
isto é, cego. – tentou explicar Peter.
- Olha, aí Fabrício, essa foi uma direta ou uma indireta para você? -
brincou Kátia.
- Mas acho que assim não teria graça – retrucou, porém, Fabrício.- Em
minha opinião.
- Eu não tenho uma opinião muito firme – declarou Peter. – Mas não vejo
como profissão, mas como um meio de ganhar dinheiro temporariamente; embora
muitas garotas e homens também terminando fazendo isso por muito tempo de suas
vidas; porque o dinheiro que faturam é bom ou não encontraram algo melhor e mais
rentável para trabalhar.
- Eu imagino que seja uma decisão muito delicada entrar nessa atividade pois
muda toda a vida daquela pessoa que vai fazer programas – afirmou William. – Pode
ser um trabalho livre em algumas situações ou um trabalho subordinado a terceiros
em outras oportunidades, até envolvendo a exploração sexual e financeira desta
pessoa que atua como prostituta ou prostituto.
- Eu vi que vocês já falaram quase tudo. – confessou Kelly – Não quero acrescer
nada hoje.
Ester descobriu que Andreza enviou fotos só de calcinha para umas amigas e
estava seguindo uma conta no Instagram que abria um “link” contendo fotos de
homens nus e seminus.
No domingo Andreza saiu com sua amiga Paulina, que conhecera no bairro de
sua mãe, para um banho nas praias de São José de Ribamar.
Ester, a contragosto, deixou que as duas jovens fossem sozinhas, mas lhes
recomendou juízo.
Andreza adorava banhos de piscina e de mar, alguns com seus paqueras, para
dar seus famosos beijos molhados, os “ beijos de boca de piscina “ , como ela dizia. A
moça combinou de se encontrar por lá com um candidato a namorado, um “ficante”,
assim como sua amiga. Ester também lhe implorou para que não tomassem nenhuma
bebida alcóolica.
Quando sua filha saiu, Ester percebeu que a moça esquecera o telefone celular
em casa e ao notar o vacilo sua filha já estava fora do alcance dos seus olhos. Era um
aparelho novo, que Suellen tinha adquirido há menos de 30 dias.
Ester ficou curiosa com o celular novo e quis explorá-lo. Tentou o desbloquear
usando a senha anterior que sua filha usava desde o primeiro celular que ganhou de
presente de seu pai, e para a boa surpresa de Ester, a senha continuava a mesma e ela
conseguiu acessar o smartphone de Andreza.
Ester fechou todos os aplicativos e esperou Andreza chegar para que tivessem
uma conversa.
Ela poderia esperar alguns dias para esfriar sua cabeça, mas aquela mãe não
resistiu. Queria colocar tudo a limpo com sua filha naquele mesmo dia.
- Nem a Paulina?
- Não. Por que, dona Ester?
- Ela te enviou uma mensagem, dizendo que tinha combinado com um paquera
de se encontrarem na praia. E ela ainda falou que ele ia com um amigo. Eles não
foram?
- Andreza, eu não sou xereta, mas uma mãe não pode ver mais o celular de sua
filha?
- É melhor que ela não vasculhe tudo no celular de uma garota. Ela pode
encontrar coisas que ela não gostaria de ver.
Ester fez uma pequena pausa e antes que a morena respondesse ela ainda
afirmou:
- Tudo bem, filhota. Mas eu queria falar com você sobre umas coisas que eu vi
em seu celular.
- Suellen, em primeiro lugar: qual foi sua intenção de fazer aquelas fotos quase
nua e enviar para duas amigas e dois amigos? Vocês estão trocando “nudes” ou algo
parecido? E caso suas fotos vazarem para a Internet: o que você vai fazer? Você não
tem medo de perder sua reputação?
- Mãe, estas fotos já têm uns três anos. Eu só fiz essa vez. Foi uma brincadeira
de adolescente. Meus colegas já apagaram as fotos no celular deles. Eu esqueci de
apagá-las no meu.
- Então, essas fotos são de quando você morava com seu pai? E ele nunca
descobriu?
- Foi minha amiga Nádia, na minha cama – disse a moça. - Eu falo a verdade. E
ela só fez as fotos porque eu insisti muito com ela – enganou Suh.
- Filha, você não tem juízo? Tirar umas fotos suspeitas como essas numa cidade
pequena, de interior. Você enviou para amigos de lá?
- Não, não. Estas fotos ficaram guardadas na memória de meu celular desde
então, e só as encaminhei depois para quatro colegas do ginásio no bairro São
Cristóvão.
- Não, não aconteceu isso, não. Pode ficar tranquila! – defendeu-se a garota,
um tanto nervosa.
- Andreza Suellen, não faça isso nunca mais. Estas fotos são arriscadas. Não
coloque seu nome na lata do lixo. Cuide de sua reputação, querida. Eu lhe peço. É uma
dica de sua mãe: me ouça.
- Sim, mamãe. Terei mais juízo. Vou inclusive apagar estas fotografias do meu
smartphone. Será hoje mesmo. Perdoe-me. Não vai acontecer mais.
- É pelo seu bem. Cuidado com esse tipo de foto.- reforçou sua mãe.
- Andreza, que grupo é aquele do Instagram chamado Garoto Tesão que você
está seguindo? Que conta é essa? E quem é o administrador? Tem homens pelados e
outros quase sem roupa, alguns com o pênis armado, uma sem-vergonhice. São
garotos de programa? Você conhece alguns deles? Já se encontrou com alguns? Não
esconda a verdade.
- Mentira, Andreza.
- Eu estou dizendo... Ele pediu para me seguir e eu segui de volta, mas não
conheço o dono desta conta – mentiu a morena. – Os garotos são modelos do
Maranhão. Mãe, não tem ninguém nu nas fotos. O Instagram não permite.
- Quando eu abri um link através da conta, tinha.
- Bonitos eles são, mas estão em poses provocantes demais para o meu gosto.
- Eu não sei, mamãe. Só sei de mim. Não saí com nenhum deles e no momento
não tem nenhum que me interesse. Está cheio de homens dando bola para mim; tem
fila. Por que eu ia pagar para ter namorado? Nem tenho dinheiro para isso. Só fiquei
curiosa e achei esses garotos bonitos. Somente isso. Assunto encerrado.
- Você me diz agora que há muitos rapazes querendo você. E por que não
aparece com nenhum?
- Porque ainda não me deu vontade. Não encontrei mais nenhum homem que
me interessou nesta cidade.
- Mãe, não fale isso de mim. Acho que puxei este comportamento da senhora.
- Me respeite.
- Cria juízo, minha filha. Vai tomar um banho e vem jantar. Lave e seque seu
cabelo para retirar o sal da água do oceano.
Era um dia de sábado. Marcela olhou seu relógio. Era mais de 6 horas da tarde.
Ela se dirigiu então ao quarto de sua irmã do meio e a ela se referiu nestas palavras,
tentando acordá-la:
- Andreza, Andreza, acorde. Você vai hoje ao culto? indagou Marcela.
- Nãaaaaaooo seeiiii... - respondeu sua irmã, em volume muito baixo e cheia de
sono.
- “Você tomou remédios para dormir? Só é para usar à noite, irmã. Acorde,
vamos. Cuida! Cuida! Nosso pai vai tocar violão e cantar hoje no culto. Não faça uma
desfeita dessas de faltar. Ele ia ficar arrasado”. – pediu Marcela com insistência. Ela
também o chamava de pai, pois José a criou desde muito cedo.
- Marminino! Eu já estou acostumada a ouvir ele cantar. - esnobou a morena,
ainda em estado de transe pelo sono.
- Não fala assim, nega. Você sabe que ele hoje quer ver você lá. Não deixe de ir.
Não desagrade nosso pai. Ele é tão bom para você...
- Está bem, vou levantar e banhar - disse Andreza, com esforço e
pausadamente, pois ainda sentia sono.
- Que bom! Assim é que se fala! Coma depois alguma coisa, se arrume e venha
conosco para o culto.
- Está bom – concluiu Andreza Suellen.
Andreza deitara na cama no meio da tarde e já passavam de 18 h e ela não
acordava. Seu pai naquele dia ia fazer uma apresentação solo no culto e tinha
convidado suas três filhas a comparecerem, para vê-lo louvar ao senhor com uma
música.
De fato, Andreza foi ao culto com Marcela e Melina. Seu pai se apresentou e
ficou muito satisfeito pela presença das três filhas.
___________________________________________________________
E o fato concreto é que Andreza estava se afastando da Igreja e de suas
celebrações de forma gradativa. Ela foi desacreditando na sua religião, pois percebia
que as mudanças no seu estilo de vida não eram conciliáveis todas com o que o seu
pastor lhe pedia. Havia conflitos de ideias e isso estava ficando bem claro para ela. Ela
não deixara de acreditar na existência de Deus e no seu poder, mas já não via a prática
religiosa constante uma obrigação em sua vida. Além disso, seus planos e suas novas
concepções, lhe traziam desconforto de frequentar o culto e poder estar sendo
hipócrita, tendo uma vida cotidiana bem diferente daquilo que o pastor pregava. Ela
não se sentiria bem e preferiu ir se afastando aos poucos de sua religião.
Seus amigos da Igreja notaram suas ausências e seu progressivo distanciamento
deles.
Ao final daquele culto de sábado à noite, Ícaro a procurou para saber o que
estava acontecendo. Ele perguntou à sua amiga:
- Suh, o que está acontecendo, que quase não te vejo mais na Igreja? Você está
tão difícil ultimamente...
- Ícaro, eu nem sei. A faculdade e o trabalho estão me ocupando muito; na
maioria dos dias chego cansada. E os finais de semana uso para descansar e renovar
minhas energias. Você tem me achado muito ausente da Igreja?
- Sim, com certeza. Lembro que você era tão assídua. Já tenho saudades desse
tempo. E como você está após terminar seu namoro?
- Tentando me restabelecer. Mas no geral estou bem. E você? Como está sua
vida?
- Estou legal; apenas a escola que está puxada; estou no cursinho preparatório
para o Enem.
- E as namoradas? Tem alguma? – questionou a morena.
- Nenhuma no momento.
- Ícaro, preciso te falar uma coisa. Depois que entrei na faculdade eu tenho me
questionado sobre muitas coisas e minha mente abriu um leque de opções que eu não
enxergava antes. Acho que muitos evangélicos são bitolados e querem seguir ao pé da
letra o que os pastores dizem. Eu não questiono a Bíblia Sagrada e a fé em Deus e em
Jesus Cristo, mas penso que precisamos ter mais senso crítico.
- Por que você me fala isso, Suh? Explique melhor suas colocações.
- Ícaro, não estou dizendo que você é alienado ou fora da realidade, ou que a
religião te cegou. Não é nada disso. Mas digo que os evangélicos devem abrir os olhos,
pois o mundo lá fora pode nos engolir. Levar os ensinamentos cristãos a todo lugar é
nossa obrigação, mas devemos estar abertos ao diálogo com pessoas de todas as
religiões e aquelas sem religião, além de debater ideias que sejam diferentes das
nossas, concordando ou não com elas.
- Suh, vejo que você está abrindo mesmo sua mente. Mas não esqueça de nós,
por favor. Nós precisamos aqui de você. Sua presença nos faz falta. Pensa nisso.
- Não se preocupe; nunca vou abandonar vocês e esquecer nossa amizade.
- Deus te ouça, amiga.
- Tchau, Ícaro. Vou embora com minhas irmãs.
E despediram-se naquele dia.
Cinco dias depois Marcela indagou a Andreza:
- Suh, o que foi mesmo que aconteceu naquela tarde em que você dormiu
demais e quase não desperta? Você tomou uma superdosagem das medicações? O
que você queria, afinal de contas?
- Tudo bem, mas não faça isso nunca mais, pelo amor de Deus. Não repita essa
loucura.
Marcela ficou um tempo morando com sua mãe e decidiu também seguir a
carreira de Enfermagem. Na casa de sua mãe a filha mais velha conheceu David, um
rapaz chegado de uma cidade do interior e engatou um relacionamento com ele.
Algum tempo depois, David a convidou para morarem juntos, com as filhas de
Marcela e após um período morando sob o mesmo teto, oficializaram a união no
cartório, continuando a morar no residencial Novo Mundo.
- Ser amante pode ter algumas vantagens, gente – disse Peter. - Ser amante não
envolve chegar a certas horas a casa nem em partilhar o lado mau dos
mesmo tempo e é totalmente independente, sem ter que dar satisfações da sua vida a
ninguém. No entanto, este tipo de mulher vive do comodismo e não tem quaisquer
expectativas para o seu futuro. Para além de ser falsa e não dizer outros nomes, não é
verdade?
amantes têm um papel ingrato na vida, uma vez que não podem passar datas
importantes ao lado de quem gostam nem lhe ligar quando bem lhe apetecer. Além
disso, acaba por passar muito tempo sozinha e, se precisar desabafar, pode não ter a
outra pessoa para a ajudar. Acaba por servir apenas como uma segunda e para uma
escapadinha. Por sua vez, ela encontra-se clandestinamente com o seu amado. Este
manter o seu nível profissional sempre no mais alto posto possível. Logo, não são
mulheres aventureiras nem arriscam muito. E por que vocês acham que elas escolhem
tornarem amantes deles tem várias razões possíveis, como procurar carinho e atenção
as relações difíceis podem ser aquelas que dão mais prazer para algumas pessoas;
Gostarem de trair;
Gostarem de ter sentido de posse. De todas as formas uma traição é uma traição.
Existem pessoas que não se importam de ser as segundas, é uma espécie de relação
estranha que nunca irei compreender. Por outro lado, mesmo que existam vantagens,
será que valerão à pena depois da posição onde uma amante se coloca?
- Já fui duramente criticado por afirmar isso – continuou o rapaz. - Mas digo e
repito, sob o risco de ser atacado pelos moralistas ou desacreditado pelos românticos:
mais cedo ou mais tarde todo mundo trairá ou será traído. Ainda que seja uma vez só.
Ainda que não seja nada sério. A traição pode ser no campo das idéias, dos
pensamentos de desejar outra pessoa e isso também pode prejudicar o
relacionamento de um casal. O lance é tão parte da nossa cultura, acho isso muito
triste, que criaram até uma data para homenagear o pessoal que de vez em quando
resolve dar uma passeada pelo quintal do vizinho para conferir se a grama por lá é
mesmo mais verde.
- Gente, longe de mim iniciar uma caça às bruxas - declarou Tâmisa. - Nada me
irrita mais do que esse povo de vestido de florzinha e colar de pérolas que fica ditando
regras sobre a vida afetiva e a sexualidade dos outros. Sou a favor da felicidade e
acredito de verdade que o caminho para chegar a ela é bastante pessoal. Se você não
se incomoda em ter encontros furtivos em horários inusitados ou não existir
oficialmente na vida do outro, tudo bem. Eu não consigo. Mas eu não sou medida de
nada.
- Veja bem, ser amante é quase como estar em um relacionamento que não tem as
partes mais legais de estar comprometido. Porque existe o tesão, o carinho e a
vontade de viver milhares de coisas juntos. Mas nada disso pode ser vivido de forma
plena porque há sempre a necessidade de se esconder e de disfarçar e o medo de ser
descoberto – opinou Kelly.
- Deve ser do tipo quando você está apaixonada por um cara que só está a fim de
te pegar de vez em quando – acrescentou Andreza. - O papo é bom, o sexo é bacana, o
sujeito é divertido e os momentos que vocês passam juntos são incríveis. Mas quando
ele vai embora sem dizer quando volta, ou se volta, fica aquele vazio, aquela sensação
de abandono. Quando você se envolve com alguém comprometido rola algo parecido.
Porque dá a impressão de que você recebe o que sobra do outro. Talvez por uma
mistura de insegurança, sentimento de posse e vaidade isso não me parece ser
suficiente para fazer alguém feliz.
- Nem vou entrar no aspecto ético dessa história toda, porque há pouco a dizer em
defesa de quem aceita ser a outra, ou o outro - relatou Tâmisa. - Sem moralismos,
mas quem, assim como eu, já foi traído sabe o quanto dói. Não consigo encontrar
argumentos que justifiquem um comportamento capaz de causar tamanho sofrimento
a alguém. Claro que a culpa não é só da amante. Para ser sincero, acho que ela é mais
vítima do que vilã. Mas vale a máxima do "quando um não quer dois não traem".
Então convém ficar longe do bofe alheio, ainda que ele insista em ficar bem pertinho
de você. Se não por respeito, pelo menos por medo. Porque dizem que a vida devolve
tudo em dobro e chifre é que nem perfume de marca ruim: ainda que você use pouco,
o estrago é sempre imenso. Imagine se vier em grande quantidade.
- Ser amante implica levar uma vida complexa, bem como ter um futuro incerto –
opinou Peter. - Tudo pode se complicar ainda mais quando dessa relação nasce um
amor, um desejo obstinado de ser esposa, que a mulher (mesmo inconscientemente)
sabe que dificilmente será correspondido.
- Para tentar entender o comportamento das mulheres – disse William - que são
amantes, é importante começar pela relação entre alguém que tem um compromisso,
muitas vezes uma família, e a mulher que chega para formar o triângulo amoroso.
Trata-se de uma relação efêmera desde o princípio, com limites bem estabelecidos.
- Os triângulos amorosos mais comuns costumam se conformar entre um homem
casado e uma mulher solteira – declarou Kelly. - Há um fator cultural e machista que
alimenta a crença de que um homem pode se permitir ter mais de uma mulher, sem
que isso suponha um grande problema. E geralmente é uma relação desequilibrada.
- Eu imagino que grande parte dos homens começa a relação com a amante sem
dizer que é casado – relatou Tâmisa. - É óbvio que há mulheres que se sentem
confortáveis com a condição de amante, e não desejam ser a "oficial" sob qualquer
hipótese. Porém, em muitos outros casos, o que há é sentimento de culpa. A amante
nem deseja provocar a separação, mas já está emocionalmente envolvida. E só há dois
caminhos: romper ou lutar pelo relacionamento.
- Os encontros furtivos e eventuais entre os amantes ajudam a idealizar uma
relação – opinou Fabrício. - Não há rotina, nem o peso das obrigações do dia a dia. E
não é raro que, sem perceber, a amante comece a imaginar uma vida ao lado dessa
pessoa, que já tem um compromisso. E aí começa o sofrimento.
“Nesse triângulo amoroso somente há espaço para uma esposa. Inclusive quando o
homem faz repetidas promessas de deixá-la para assumir a amante, essas promessas
quase nunca se concretizam.
Andreza foi com seu pai passear na cidade do mesmo e visitou sua amiga Nádia
na casa desta última. Nádia se voltou para a morena e pronunciou as seguintes
palavras:
- Bruna, você está muito bem, como está linda! Eu acho você uma garota com
jeito sedutor. Nunca te falaram isso? Você possui algo diferente.
- Você acha mesmo? Oh meu Deus, coitada de mim - fingiu Andreza, fazendo-se
de desentendida. - E por que você nunca me falou isso, Nádi?
- Eu não sabia exatamente o que admirava em ti, mas eu conclui agora que é
essa característica sua.
- Eu penso que o é. Andreza, o que é ser uma mulher sedutora para você?
- Ser uma mulher sedutora não é um clichê. Minha mãe dizia que são as
"mulheres que balançam os homens". Aquela garota que chega perto, e se move, se
insinua de forma delicada, sorrateiramente, sendo capaz de atrair todos os olhares
masculinos e suscitar/despertar desejos carnais a quase todos os caras que a
observem. Que faz também os homens tremerem na base e sentirem medo de não
conquistá-las.
- E o que pareci a ti que essas garotas fazem para seduzir? Eu quero desvendar
isso tudo.
“Movimente seu cabelo de um jeito sexy, garota: Cuide para que os fios de
seus cabelos fiquem brilhantes e sedosos. O cabelo é a moldura do rosto feminino e,
por isso, merece atenção especial.
“Na hora que você estiver conversando com o homem de seu interesse, babe,
passe as mãos suavemente pelos seus cabelos e enrole alguns fios nas mãos, de um
jeito bem sexy, enquanto olha nos olhos do seu alvo.
- Nossos lábios devem ser provocantes. Tenha essa ideia em mente. Nada como
uma boca bonita para seduzir um rapaz. Passar a língua pelos lábios enquanto olha nos
olhos dele é extremamente sexy e prende a atenção do “crush” em você,
especialmente se você abrir um belo sorriso.
- Saber conversar também conta bastante, babe: Existem jovens que são
absolutamente lindas, até abrirem a boca. A sensualidade natural da garota não pode
estar ligada apenas á parte física. Para um homem, também é importante que a
mulher saiba conversar sobre vários assuntos e mostre que é inteligente. Se você tem
dificuldades nesse quesito, passe a ler jornais, revistas, livros e esteja sempre bem
informada. Assim, sempre terá assunto para conversar com o gato.
- Tem horas que eu ainda me vejo tímida, Bruna, principalmente quando estou
perto de um cara de que estou gostando.
- A timidez pode ser sua aliada: ela é vista como uma barreira para muitas
mulheres. Porém, o que muitas delas não sabem é que muitos homens adoram
meninas mais reservadas. Isso dá à garota um ar de mistério e deixa o boy ainda mais
curioso a respeito dela. Então, não se preocupe. Se você é reservada, invista em seu
olhar e no seu ar de mistério. Uma tímida também pode ser naturalmente sedutora. E,
muitas vezes, ela nem percebe isso.
“E não digo isso de forma pejorativa. Isto apenas quer dizer que é o que está à
superfície, é o que se nota primeiro. Porém humanos como somos, rapidamente nos
acostumamos com as situações e, não raro, até enjoamos delas. Que o digam artistas
famosos e atraentes conforme os critérios mais aceitos, daqueles que se julga
formarem "um casal perfeito", mas que acabam muitas vezes rompendo, por simples
fim do "estopim" ou até mesmo por traições. Como é possível? – nos perguntamos.
- Ocorre que muitas vezes se descobre – e rapidamente – que por trás de toda
a sedução, por trás de todas as caras e bocas, não havia muito mais. Ou pior, havia
algo podre, malvado.
“Tal como a sensualidade, que é aquele quê misterioso que atrai nossos olhares
e pensamentos libidinosos a algumas poucas mulheres dentre muitas outras, há
também o encanto, que preenche nossos sonhos de companheirismo e de
cumplicidade.
“A mulher sensual atrai olhares e desejos, enquanto a encantadora nos faz
desejar passar momentos a seu lado.
- Eu pensei agora, Bruna, isto tudo sendo como que algo fruto de um
amadurecimento. Não tem uma idade certa para ocorrer, e nem garantias de que
aconteça.
“Mas com o passar dos anos não deixa de ser interessante, mas tampouco
bastam os hormônios do prazer e da puberdade. Quer-se uma companheira, alguém
para dividir momentos, alguém para confiar dificuldades, alguém que aceite viver e
superar tribulações juntos, desenvolvendo cumplicidade.
- Uma mulher sensual pode ser esta pessoa? Claro que pode! Mas não é a
sensualidade que vai garantir isto, mas o encanto.
“Um amigo meu mais velho me disse que ao conhecer sua esposa (que na
época era só uma desconhecida), conversaram por uma semana por chat e por
telefone, até se encontrarem pessoalmente. A ansiedade e o desejo de se
encontrarem crescia a cada dia, a cada conversa. Ele jamais a tinha visto. Ela era uma
jovem sensual? Bem, depois ele descobriu que sim, mas até aquele momento, o que o
seduziu não foi a sensualidade, mas o encanto que ela foi revelando para ele, e que ela
tinha e parece continuar até agora, pois permanecem casados. Percebeu a diferença,
Nádia?
“É graças a este quê mais intenso e mais profundo, eu posso dizer que
mulheres extraordinárias, misteriosas e intrigantes, ou inspiradoras, encantam os
homens, até mesmo antes de que eles as tenham visto pessoalmente. E tenho a
absoluta certeza de que eles as achariam atraentes se/quando as vissem, porque o
encanto toma um papel muito mais profundo neles.
- Pense que eles jamais tinham-se visto, e tampouco ele conhecia outras
mulheres encantadoras como essa que ele ia conhecer – mas a imagem mental que se
formou daquela garota foi maravilhosa, tal é o efeito do encanto. Elas se fazem
desejar, passar horas e dias ao lado delas, conversando, conhecendo, desvendando
seus mistérios e sua riqueza de personalidade.
___________________________________________________________
Nádia contou, então, para Andreza que estava transando com vários rapazes
ao mesmo tempo, uma prática que seus pais desconheciam.
- Pode ficar bem tranquila com a sua escolha, Nádi. Afinal, você já é maior de
idade e plenamente capaz de tomar suas próprias decisões – afirmou a morena. - Ter
crescido em um lar religioso não te obriga a absolutamente nada, pois você também
tem a liberdade de escolher a sua religião (ou de não ter uma, se for a sua vontade).
- Penso que minha mãe só está seguindo o que prega a doutrinação dela, já
que, oras bolas, ela escolheu essa religião e os seus ensinamentos; mas não
necessariamente essa doutrina irá me fazer feliz e, para ser sincera, nossa vida é bem
curta, para a gente não buscar o que nos faz felizes! Por isso digo e repito:, temos
direito a fazer nossas próprias escolhas. Isso não significa que sou uma pessoa ruim ou
perdida; quer dizer apenas que você é você mesma, tem uma identidade própria. Não
posso ser minha mãe, nem viver a religião dela de forma plena. E, principalmente, não
sou obrigada a seguir as projeções de outras pessoas.
- E se porventura não der certo esse relacionamento, Nádia, não pense que sua
escolha foi errada – encorajou-lhe sua amiga. - Não tem como adivinhar se esse
relacionamento vai dar certo ou não desde já e sequer temos que ficar com uma
pessoa para sempre se der errado. Circunstâncias mudam, ideias se modificam com o
tempo, pessoas sofrem metamorfoses, a gente se transfigura. Às vezes, nós deixamos
de ser compatíveis com alguém que tinha muitas afinidades conosco no começo da
relação.
- Amiga, não é o tempo de espera pra transar que vai fazer o homem te
valorizar ou não, penso eu. Você é uma mulher adulta e é seu direito ter liberdade
sexual. Na minha opinião temos que ter experiências sim para sabermos do que
realmente se gosta na hora “H” e aquilo de que não se gosta.
- A maior burrice seria casar sem conhecer como é o sexo com a pessoa que
escolhi. Não dá! É a receita perfeita para um casamento infeliz; fora que você ainda
seria mal vista pela igreja se fosse se divorciar. Você toma suas decisões na sua idade,
e ao invés de te repudiar e tentar travá-la, sua mãe deveria dar dicas para um sexo
seguro e como lidar com problemas no relacionamento.
____________________________________________________________
André saiu com sua namorada e disse para Melina o que ele esperava de uma
mulher.
- Sexo todo homem quer, Mel, mas quando ela diz sim na primeira vez… Eu
ficaria em dúvida se ela gosta de mim ou se ela age desta forma com todo mundo;
passa pela minha cabeça a ideia da mulher fácil e acredito que eu não namoraria uma
- Mas se fosse um date que você tivesse marcado com uma garota pela qual
você está muito afim há bastante tempo?
- Isso pode variar de caso a caso. No fundo, penso que não é isso o que
importa: a gente sabe (ou pensa que sabe) quando a relação é para uma noite ou
quando pode dar namoro; esse fato independe de ser no primeiro, segundo ou
terceiro encontro a primeira noite de amor. Vendo por este lado, pode ser que eu
esteja enganado com aquela minha regra inicial.
- Se o tesão pinta, e não é só por carência, porque deixar para depois, André –
alegou Melina. - Tem muitas pessoas que se preocupam com assuntos demais na hora
do sexo, sendo que tem certas coisas que só vamos descobrir depois.
- Gosto por outro lado quando a menina começa a massagear minhas costas
com o corpo dela, roçando os seios e se estendendo por todo o corpo. Sempre tenho
que pedir, até que elas descobrem que é um lance legal também quando elas fazem a
massagem.
- Na minha opinião, tem muita mulher preocupada em ficar linda, gostosa, mas
na hora do vamos ver, elas ficam travadas – opinou a garota. - Homem que é homem
não tem essa de reparar em celulite, e exigir menina de corpinho sarado. Ele deve
querer mulheres que gostem dele e gostem de praticar sexo com seu “boy”. E o que
você acha de garota que faz fio terra no cara?
- Eu não me vejo recebendo isso. Por mais que insistam que o homem pode ter
prazer ao receber sexo anal, isso está fora de questão para mim. Sou um pouco
machista com relação a essa questão.
“Sei que algumas garotas estão muito modernas, e já vão colocando o dedo
sem perguntar, sem mais, nem menos. Eu não me sentiria á vontade.
Trícia fez uma visita para sua amiga Andreza e esta lhe contou a trajetória do
fim de seu namoro com Douglas.
- Acho que vou participar de um grupo online para discussão de Filosofia. Eles
se encontram uma vez por semana, á noite. Preciso achar o que fazer, ocupar minha
mente.
- Eu me apaixonei por este livro e ele parece se encaixar com minha vida. E o
mais importante: ele afirma que há luz no fim deste túnel escuro em que pareço estar
presa. È um livro sobre os temas amor, perda, sofrimento, redenção, empoderamento
e inspiração. Está dividido em quatro partes (“A princesa”, “A donzela”, “A rainha” e
“Você”) e combina o imaginário dos contos de fada à realidade feminina do nosso
século com delicadeza, emoção e contundência. Escute o que a escritora fala no
prefácio: “ A história de cada um de nós conta várias e várias histórias, diferentes e
iguais a tantas e tantas outras. Uma história que não é nossa pode nos contar também
sobre quem somos”. A autora constrói uma narrativa poética de tons íntimos e
cotidianos, como consta aqui nos comentários da internet . Pelo que li o livro fala
sobre autodescobrimento e todo o processo às vezes doloroso que precisamos
enfrentar para chegar lá. Olha o trecho inicial, que louco, e como dá certo comigo: “
Era uma vez uma garota que era princesa. A garota cresceu e virou donzela. Cresceu
mais um pouco e virou rainha “ E continua... Era uma vez uma princesa que nasceu das
cinzas que seus amores-dragão fizeram dela & se coroou a porra da rainha de si
mesma.” E ainda, em outra parte do livre :
““a princesa
pulou da
torre
& ela
aprendeu
que podia
voar
desde o começo.
— ela nunca precisou daquelas asas.”
E por fim em “Você “ ela relata sobre os questionamentos que nos fazem repensar a
forma como somos tratadas – pelos outros e por nós mesmas - desde a infância, e o
porquê de aceitarmos tudo isso, mesmo que nos machuque. Ela pede que tentemos
escrever nossa história, colocando as mãos dentro das partes mais sujas de nós
mesmas, onde houver podridão e deterioração, para que possamos tentar a
transformar em nosso alimento e em vida.
“Também me identifiquei com a autora Amanda: Ela fala sobre seu relacionamento
conturbado com a mãe, e como ele deixou marcas profundas e dolorosas, sobre seus
problemas de auto-imagem, de sua primeira vez e a solidão que boa parte dos
adolescentes sentem nesta fase da vida.
- Tudo isso é muito profundo, Andreza e em alguns momentos se parece com sua
vida. Não é difícil para você ler um livro como esse?? Não machuca mais? ... Não
termina sendo mais traumático do que apenas esquecer tudo o que aconteceu com
você?...
- Prefiro refletir com livros como esse e os utilizo para descobrir soluções para
minha vida. Pelo menos neste momento...
A moça ficava fascinada nos cultos vendo outras irmãs se apresentarem para a
alegria de todos os presentes. E que sensação de satisfação todos eles sentiam em
estarem ali sendo instrumentos de louvor, pensava ela. E quais seriam estas
sensações? Ela gostaria de saber. Ícaro e Adriana, dois de seus melhores amigos na
Igreja, percebiam isso e comentaram com Andreza:
- Andreza, amiga, eu percebo como você fica ligada quando alguém canta nos
cultos em performance solo. Sua voz é bonita. Por que você não ensaia para se
apresentar também? Você tem coragem ou tem vergonha de cantar pra todo mundo
te ouvir? - indagou Ícaro.
- Mas toda voz pode ser trabalhada para o canto - retrucou Adriana. - Qualquer
pessoa pode aprender a cantar. Eu acho sua voz agradável. Não seria difícil você
aprender a cantar. Só precisa de umas aulas e de treino.
- Eu nunca vou chegar aos pés da Kelly – rebateu Andreza. - Ela nasceu com o
dom de cantar e sua voz é belíssima e encanta a todos.
- Não se substime, Suh – redarguiu sua amiga. - Você é capaz, linda, de cantar.
Acredite e treine. Tenho certeza que você chega lá.
- Ela não cobra dos irmãos da Igreja – insistiu o rapaz. - Ela terá todo prazer de
te ensinar, aposto. Ela se alegra com o louvor para Deus. Será seu pagamento.
- Tenho medo de só ocupar o tempo dela e não aprender nada. Continuar sem
saber cantar. Eu ainda passaria vergonha... - explicou-se a morena de cabelo alisado.
- Não pense assim. Tenha fé em Deus e se empenhe pois voce vai conseguir -
concluiu Adriana.
- Deixa que eu falo com ela - pediu Ícaro, concluindo sua fala.
Andreza ficou bastante pensativa se ela deveria mesmo tentar cantar no culto.
Seu pai já fazia isso e Melina também já se apresentara umas três vezes. Ela, porém,
nunca tinha cantado em público, e por cima sozinha. Andreza também não sabia tocar
nenhum instrumento musical, ao contrário de sua irmã caçula e de seu pai, que sabiam
tocar violão. Seria um desafio para ela, mas ela já estava admitindo esta possibilidade.
Andreza aguardava agora o feedback de Ícaro sobre a conversa com Michelle.
Ícaro expôs a proposta para Michelle e esta aceitou ajudar a colega da Igreja
aprender as primeiras noções de canto e agendaram um encontro dentro de sete dias.
Deste modo, Michelle ministrou uma primeira “aula” de canto para Andreza
- Gosto, mas eu preciso dizer: não sei cantar! Só tenho vontade! Coitada de mim!
- O que é isso, querida irmã?! Olha, cantar é mesmo uma arte. E algumas umas
pessoas já nascem sabendo como cantar bem, mas isso não significa que elas sejam as
únicas que podem soltar a voz. Todos podemos aprender a cantar. Acredite em mim.
- Minha irmã mais a nova, você conhece, a Mel ela canta muito bem. E meu
pai também. E sabem tocar violão, mas não aprendi ainda. Também tenho duas
primas que são irmãs, a Emília e a Evellyne, e a última diz que vai ser cantora gospel e
veterinária. Ela canta muito bem, amiga, você precisa ouvir.
- Não tenho aqui, mas vou tentar pedir para a minha prima e te mostro
depois.
- Michele, minha irmã caçula toca violão e ela canta tão bem. Minha mãe e uma
tia , e que foi morar em Brasília e é irmã de meu pai, dizem que ela tem a voz
abençoada por Deus.
- Você também vai conseguir cantar, amiga, - incentivou-lhe Michele.
Após fazer cerca de cinco aulas com a irmã Michelle, Andreza pediu finalmente
para fazer uma apresentação solo no culto de sábado e sua proposta foi aceita. A
morena ensaiou na manhã do referido dia e estava confiante. Sua irmã caçula, porém,
ficava amedrontando-a e a incomodando, com insinuações de que Suellen deveria ter
feito mais aulas e mais ensaios antes de cantar sozinha no culto. Sua tutora Michelle,
porém, a reconfortou, ratificando que Andreza estava pronta para cantar. A morena
até solicitou que Melina fizesse o acompanhamento no violão, mas esta se negou,
alegando que existiriam outros instrumentistas mais preparados para seguir sua irmã.
Seu pai e sua mãe estavam ansiosos, mas sobretudo radiantes pela oportunidade
inédita de ouvir a bela moça se apresentar no culto de sábado à noite.
A garota começou bem seu canto, mas depois ficou um pouco nervosa e
desafinou em dois momentos da música. Todavia, de modo geral, fez uma
apresentação razoável, tendo em vista que escolheu uma canção de um nível difícil
para executar.
- Andreza, eu te avisei, você devia ter ensaiado mais. Sua apresentação não foi
boa. Muitas pessoas criticaram sua apresentação. Sua voz não estava boa, você
desafinou.
- Mas não se preocupe, eu não vou me apresentar mais. Não quero incomodar
os ouvidos de ninguém. Outras moças de voz mais bela devem louvar ao Senhor.
José, Marcela e Ester se aproximaram das duas nesse instante.
- Filha, fiquei orgulhoso de você – elogiou seu pai. - Parabéns, você foi ótima!
Deus te dê muita sorte e traga muitas alegrias! Continue treinando para melhorar
ainda mais. Você puxou ao seu pai.
- Estou sendo.
- Gostei, filhota, do seu louvor. Foi razoável, mas para uma primeira vez foi
ótimo.
- E você, irmã, qual sua opinião? – indagou a morena para sua irmã
primogênita.
- Normal, filha – incentivou sua mãe. - Você nunca tinha cantado sozinha para
uma assembléia lotada. Não se culpe e não se envergonhe. Sua apresentação foi boa.
- Obrigada, mamãe.
Andreza respondeu apenas que tinha sido bom, e satisfatório, e ela estava com
o sentimento de dever cumprido, e agradeceu bastante a sua tutora vocal.
___________________________________________________________
Após esta aula Tâmisa entrou em contato com Suellen por mensagem de
WhatsApp:
- Que ideia legal. Adorei. Eu nunca fui a um baile fantasiada... Eu tinha esse
sonho de ir quando era adolescente.
- Sabemos que você perdeu duas disciplinas da faculdade e vai atrasar um pouco sua
formatura, mas gostaríamos que você participasse deste baile a fantasia com a gente.
- Participo, sim. É uma pena que terei de colar grau com outra turma.
- Eu tive muita dor de cabeça hoje e ainda não estou 100%. Acredito que é
sobrecarga do trabalho. Desejo que amanhã eu esteja bem para não faltar a aula na
faculdade.
Terminou que Marcela teve que emprestar uma quantia em dinheiro para
Andreza montar sua venda de roupas pelo Instagram e pelo WhatsApp. Andreza
comprou outro chip de celular e fez uma conta de WhatsApp comercial.
- Parabéns, minha irmã! Feliz aniversário! Que Deus abençoe sua vida e te traga
toda a felicidade do mundo! Continue essa pessoa maravilhosa que você é e essa irmã
incrível! Te desejo todo o sucesso do mundo, amor e paz!
- Feliz aniversário nada, Andreza! Eu quero é que você pague o dinheiro que
você me deve! Eu quero receber meu dinheiro de volta! Trate de me pagar, irmã! Este
é o único e melhor presente que você pode me dar!
Andreza ficou furiosa e muito envergonhada com estas palavras de sua irmã,
expondo aos familiares e amigos os problemas pessoais e por tanta indelicadeza de
sua irmã!
- Minha filha, Marcela, que loucura foi essa que você fez. Você não poderia ter
falado aquelas palavras tão duras com sua irmã e expor esse problema para todos
saberem.
- Calma, Marcela. Tenho certeza de que Andreza vai te pagar assim que ela
puder. Vou falar com ela.
De fato, Ester comentou depois tudo isso com Suellen e esta se dispôs a pagar
sua irmã.
- Pode deixar, irmã. Vou pagar minha dívida. Eu nunca esqueci. Eu estou
juntando o dinheiro. Eu te prometo que vou te pagar no próximo mês.
Marcela não tinha ideia de como sua irmã lhe pagaria, mas mesmo assim lhe
agradeceu.
- Obrigado, Andreza.
E depois deste dia fizeram as pazes. Todavia, Andreza ficou ressentida por
muito tempo com sua irmã mais velha, por aquela atitude infantil que constrangiu
Andreza perante a família e os amigos.
Andreza jurou a si mesma que nunca mais pediria dinheiro emprestado nem
para Marcela, nem para Melina, ou para qualquer outro familiar ou amigo.
___________________________________________________________
Andreza começou a trabalhar numa loja de bijuterias no Shopping.
Na semana seguinte após a entrevista de emprego, Andreza Suellen se
apresentou na loja de bijuterias levando seus documentos, inclusive sua carteira de
trabalho, e foi admitida formalmente, começando a trabalhar dois dias depois. A loja
tinha dois sócios, Sr Márcio André e Sr D'Avila. Os dois eram casados; o primeiro tinha
por volta de 35 anos, enquanto o segundo já beirava os 50. Márcio era o mais
presente, fazendo a função de socio-administrador, e com a constante visita de sua
esposa Regina, que “supervisionava” tudo. D’Ávila era mais tranquilo e aparecia de
surpresa cerca de uma ou duas vezes por semana; ele também tinha outro
empreendimento e se dividia entre os dois. Sua esposa muito raramente ia na loja: 3
ou 4 vezes no ano todo, no máximo. Quando da sua entrevista antes de ser admitida,
Andreza conheceu os dois sócios, sem as respectivas esposas.
Ao iniciar seu trabalho na função de vendedora, logo em seu primeiro dia, a
morena conheceu Regina, uma senhora simpática, tendo por volta de 35 anos , e mãe
de um casal de filhos, moça e rapaz, de 8 e 5 anos cada um. Regina e outra funcionária
de nome Mariana Filgueiras faziam a função de departamento de recursos humanos
(RH) da empresa e recepcionaram a morena:
- Olá, prazer, Andreza, meu nome é Regina, e sou esposa de Márcio. Desculpe
eu não estar no dia da sua entrevista e há 3 dias atrás quando você entregou seus
documentos. Eu ajudo Mariana no RH da empresa.
- Prazer sra Regina, como vai a senhora? Estou feliz com esta oportunidade de
emprego.
- Eu também; vejo que você é uma bela jovem, disposta a estudar e trabalhar.
Parabéns pelo seu esforço. Estarei aqui na empresa a sua disposição. Você receberá
um crachá especial indicando que você está em treinamento, pois você deve imaginar:
os clientes do shopping são exigentes e sei que você é novata na área de vendas.
- Mas com muita disponibilidade para aprender, dona Regina.
- Sim. As suas colegas de vendas, Rejane e Adriana, vão te auxiliar no que for
necessário para você entrar na rotina da loja e começar o atendimento dos primeiros
clientes. Elas vão te ensinar usar os programas de computador para as vendas, como
ver os estoques, como atender e tirar todas as suas dúvidas. Andreza, preciso ir. Bom
trabalho e seja bem vinda em nossa equipe. Temos mais uma funcionária na
administração, Fernanda Botentuit (ela adora seu sobrenome, nunca esqueça por
favor) - e Regina abriu um sorriso descontraído - e temos outra vendedora, que está de
folga hoje de manhã e irá revezar com você e suas colegas de hoje. O nome dela é
Cíntia, Cíntia Tribuzi, mas você pode chamá-la apenas de Cíntia. Ela não faz questão
por seu sobrenome não ser pronunciado sempre. Fernanda está numa consulta
médica, mas vai entrar 11 horas no trabalho. Você vai conhecê-la mais tarde. Até logo.
- Obrigado, senhora Regina. O prazer foi todo meu - disse Andreza, visto que a
patroa já se retirava.
De fato, naquele primeiro dia Rejane e Adriana começaram a ensinar tudo
sobre a loja, sobre os produtos e como atender os clientes. Rejane era mais séria e
mais calada; já Adriana, era mais divertida e conversadeira; mas as duas eram muito
simpáticas com os clientes e também receberam Andreza muito bem.
Andreza, bem descontraidamente, lhes perguntou:
- Meninas, e o sobrenome de vocês, poderiam me dizer? Fiquei curiosa.
- Nosso sobrenome é de pobre, Andreza – disse Adriana, com ironia.
E as duas pronunciaram seus sobrenomes familiares.
- Rejane Gomes.
- Adriana Silva.
- E nós duas temos Santos - reforçou Rejane, olhando para sua colega mais
nova.
- E por que tal preconceito com estes sobrenomes? - inquiriu Suellen,
calmamente.
- Foi só uma brincadeira, Andreza – respondeu Adriana. – Não sou
preconceituosa. É porque estes sobrenomes são muito comuns e não aparentam nada
de pomposo. Só isso.
- E você, vai preferir ser chamada de Andreza ou Suellen? - indagou Rejane.
- Prefiro Andreza.
- Você tem algum apelido? – quis saber a outra funcionária veterana.
- Por que você quer saber? - replicou a interrogada, rindo.
- Fiquei curiosa – justificou Adriana.
- Não é para fazer alguma gracinha depois, é? - indagou Andreza, em tom de
brincadeira.
- Não, fica tranquila – emendou Adriana.
- Não fala, Andreza! – brincou Rejane.
- Meu apelido é simples: Suh.
- Achei legal - disse Adriana.
- E vocês, têm apelidos?
- Só podemos contar após nossa amizade completar 6 meses e após
conhecermos seu pai e sua mãe. Ok. - Disse Rejane, brincando. - Você tem mãe e pai
vivo? É tão nova, deve ter!
- Sim, são vivinhos da Silva, literalmente. Se eu soubesse que vocês iam me
fazer mistério eu não teria contado meu apelido – disse Andreza, de forma
descontraída. – Só que tenho outro apelido e não vou falar, viu só.
Suellen já estava-se achando amiga de Adriana e Rejane e assim criou coragem
e perguntou:
- Meninas, eu fiquei curiosa agora. Vocês poderiam me responder mais uma
pergunta? Havia alguma funcionária no meu lugar e que foi demitida?
As outras duas se entreolharam e Rejane respondeu.
- Sim, havia.
- E vocês poderiam me dizer porque ela saiu? Ela pediu contas ou foi demitida.
- Foi demitida.
- E qual foi o motivo, posso saber?
As suas colegas fizeram uma pausa de cinco segundos, pensando.
Adriana respondeu:
- Não sabemos o motivo exato. Ela era uma boa vendedora. Temos suspeitas,
mas os patrões e a nossa ex-colega, que foi despedida, preferiram não falar nada. Nós
também não quisemos sondar muito. Percebemos até que ela mudou o número de
seu telefone celular.
- Estranho. Pode ter sido coincidência. E eu queria fazer uma pergunta
indiscreta. Posso?
- Faça – responderam as duas, em uníssono.
- Alguma de vocês tem medo de perder o emprego pra mim?
- Não, Andreza – disse Rejane.
- Fica tranquila, Suh - reforçou a outra vendedora.
- Neste emprego, pelos próximos dois anos, só tem uma pessoa que pode
provocar nossa demissão: nós mesmas. Pode se manter calma, Andreza. Não estamos
preocupadas de você tomar nosso emprego. Pode relaxar – disse Rejane. -Não tem
disputa entre nós; te garanto que não.
E foram trabalhar.
Andreza chegou muito satisfeita à sua casa e contou para sua mãe e para
Melina que seu primeiro dia no novo emprego tinha sido ótimo e conhecera a esposa
de um dos proprietários da loja, e que esta havia-lhe tratado muito bem.
Suellen se adaptou bem ao novo trabalho e dentro de duas semanas já se
virava bem na loja e estava tendo sucesso com os clientes. Seu patrão Márcio André
em especial notou a desenvoltura e o progresso da moça como vendedora. No terceiro
mês de serviço Andreza foi escolhida como a vendedora do mês e como era de praxe
ganhou direito a ter uma plaquinha com seu nome afixada no interior da loja por 30
dias, para comemorar e elogiar seu desempenho.
O sócio-administrador começou a se aproximar mais de Andreza,
principalmente quando sua esposa estava ausente e ficava puxando conversa com a
morena, embora com grande cautela e procurando se despistar das outras
funcionárias.
Ele indagou para Suellen:
- Andreza, você é de qual região de São Luís?
- Sou do bairro Jardim São Cristóvão – respondeu a morena.
- Eu tive um grande amigo que morava lá, mas ele se mudou.
- Você já tinha trabalhado com vendas antes de chegar aqui?
- Como eu lhe disse: apenas vendas online de roupas.
- Porque seu desempenho como vendedora está sendo elogiável.
- Fico agradecida. Talvez seja pelo fato de eu me interessar muito por joias,
semijóias e bijuterias. Eu estudo bastante sobre isso.
- Um! Interessante! Deve estar ajudando mesmo. Pensei que você só estudasse
contabilidade nas suas horas fora da loja. – disse Márcio, fazendo graça. - Deixe eu te
perguntar uma coisa: você é evangélica? É protestante?
- Sim, sou assembleiana. Por quê? O senhor o é também?
- Não, eu sou católico, mas pouco ativo na Igreja. Achei seu jeito inicialmente
parecido com o de uma pessoa protestante. E suas roupas também, no começo. Mas
não me leve a mal. Era só uma curiosidade. Respeito o credo de todas as pessoas,
embora eu pense que aqui não é local para debater sobre religião. Mas eu acho as
pessoas evangélicas em geral muito honestas e corretas.
- Obrigado pela parte que me cabe – redarguiu a morena.
- Não há de que – continuou o sócio da loja. – E você, termina quando sua
faculdade de Ciências Contábeis?
- No segundo semestre deste ano, ou seja, daqui a 6 meses. Já estamos
inclusive fazendo as fotografias para os álbuns e convites de formatura. Mas não sei se
eu vou pagar para participar do baile. Meu pai ainda vai ver se pode ajudar a pagar
minha festa.
- Pois parabéns. Está mais perto do que longe então.
- Sim, estou vencendo uma luta de quase 5 anos. Eu perdi um semestre da
faculdade por problemas de saúde.
- O que foi?
- Desculpe, mas prefiro não contar.
- Tudo bem. Sem problemas. Andreza, eu acredito que nós vamos contratar
mais uma pessoa para a administração. Como você já está dentro da empresa vejo que
você poderia ter prioridades ou estaria na frente de outros candidatos para assumir
esta vaga. Você está se formando em contadora e isso conta a se favor. O salário é
bem melhor, eu te garanto.
- É mesmo? Obrigado por pensar em mim. Fico lisonjeada. Foi dona Regina
que propôs meu nome?
- Não, fui eu mesmo. Cheguei a falar com D’Avila, e ele achou seu nome uma
possibilidade interessante, mas não falei com Regina ainda.
- Ah, entendi, - disse Andreza, imaginando como dona Regina reagiria – mas,
de toda forma, eu agradeço mesmo a confiança. E minhas colegas vendedores, não
ficarão enciumadas?
- Não vão ficar, não se preocupe.
Neste instante Márcio André se aproximou mais de Andreza e procurou fitar-
lhe os olhos, esboçando até que ia tocar suas mãos, mas não chegou a tanto e ainda
disse:
- Só depende de você para conquistar esta vaga. Eu estou do seu lado.
E Márcio se afastou da moça. Andreza ficou digerindo aquelas frases, que por
um momento lhe pareceram ter duplo sentido. Mas verificou a presença de uma nova
cliente na loja e foi atendê-la.
Ainda durante seu trabalho no shopping center Andreza conheceu duas
vendedores de outras lojas, de nomes Anália e Valentina, com as quais fez amizade na
praça de alimentação quando as encontrava lanchando num momento de folga. Elas
foram suas principais amigas do shopping; a morena não quis aprofundar sua relação
de amizade com as outras funcionárias de sua loja, pois não desejava misturar os
sentimentos e as relações pessoais com as profissionais, mas mantinha um vínculo
amistoso com todas.
Depois de viverem quase dez anos juntos e, após terem oficializado uma união
civil, José e Vanusa se separaram, por um desgaste natural da relação com o tempo de
convivência. O casal tinha montado um pequeno açougue, mas tiveram que desfazer a
sociedade. A mulher era cerca de dez anos mais jovem do que José, mas quando
começaram a conviver, ela já possuía cerca de 30 anos de idade e preferiram não ter
nenhum filho. Andreza já estava morando com sua mãe quando José e sua segunda
esposa se desligaram. Vanusa continuou morando na mesma casa, no bairro São
Cristóvão, a qual já era sua antes de se casar. José procurou alugar um pequeno
apartamento no mesmo bairro, pois não gostaria de se afastar daí.
Após a separação de José, como Ester permanecia sozinha, Andreza alimentou
pequenas esperanças de que seus pais reatassem o casamento, mas tudo isso logo se
desfez. Em verdade, como já estavam separados e divorciados há mais de cinco anos,
os dois não viam nenhuma condição de retornarem a viver juntos. Após pouco tempo,
Ester conheceu um fiel de sua Igreja, chamado Genésio, que era de uma cidade do
interior do Paraná, e que tinha-se mudado para São Luís, e iniciaram um
relacionamento afetivo.
Suellen, inclusive, chegou a comentar algo com seu pai se haveria uma
possibilidade de reconciliação com Ester, mas José confessou a sua filha que ele tentou
uma reaproximação com a ex-esposa por duas ocasiões, antes de conhecer Vanusa,
mas Ester recusou. Andreza, mais uma vez, ficou aborrecida com sua mãe, pois ela
gostaria mesmo que os dois ainda vivessem juntos.
- É por isso que tem horas que eu não gosto de minha mãe – desabafou a
garota.
Mas Antônio José tentou amenizar a situação.
- Filha, não fale assim de Ester. Ela te ama, apesar de tudo.
__________________________________________________________
Após se separar de José, Ester se voltou para seu curso de Enfermagem e para sua
Igreja, bem como esteve empenhada na criação de sua filha mais nova, Melina. E assim
essa mulher passou cerca de dez anos sem nenhum companheiro. Coincidentemente,
logo após o término do casamento de Antônio José e Vanusa, Ester conheceu um
homem, que também era divorciado e que era natural do interior do estado. Seu nome
era Genésio, tinha a mesma faixa etária da mulher e trabalhava como caminhoneiro.
Ele passou a frequentar a mesma congregação de Ester, depois fez um curso de
formação em sua Igreja, e tornou-se pregador da Palavra de Deus. Genésio fez
amizade com os pais de Ester e passou a fazer o papel que antes era ocupado por José,
ajudando a namorada no cuidado com seus genitores, os quais já eram muito idosos.
Genésio soube se aproximar de Marcela e de sua família, e também de Melina,
mas nunca conseguiu ter um bom entrosamento com Andreza.
Após 6 meses de relacionamento, Ester decidiu convidar Genésio para morarem
juntos e assim oficializaram a união num evento simbólico em sua congregação e num
buffet que ele alugou para realizarem a pequena celebração. A mulher sentia a
necessidade de ter um homem em sua vida e em sua casa e Genésio foi a pessoa que
apareceu na hora certa.
Suellen, porém, sentia ciúmes de sua mãe com Genésio e percebeu que aquela
casa agora estava pequena para albergar tantas pessoas. Marcela já tinha conhecido
David e passaram a morar juntos. Algum tempo depois que Genésio juntou-se àquele
núcleo familiar, Andreza teve uma discussão com o mesmo, e lhe afirmou que aquele
homem jamais substituiria seu pai e que ela não o aceitaria como padrasto. Em
consequência a este desentendimento pouco tempo depois a garota preferiu alugar
um imóvel e saiu da casa de sua mãe. Ela estava trabalhando no shopping, na loja de
bijuterias.
Ester ficou chateada com as atitudes e o comportamento de sua filha do meio e
passaram cerca de um mês sem se falar, mas depois fizeram as pazes.
José, por sua vez, viria a conhecer cerca de um ano e meio depois uma outra
pessoa, chamada Angélica, que era viúva, e tinha um salão de beleza e iniciaram um
affair.
- Bruna, por que será que você é tão bonita e tão desejada pelos homens, mas
não consegue alguém sério e que goste de você de verdade e por que motivo você não
consegue ser feliz?
- Nem eu mesma sei.
- Depois de ser casado por cerca de 15 anos, Alfredo se apaixonou por uma
garota de programa com quem estava tendo relações há mais de 06 meses. A moça já
não cobrava pelo tempo que dispunha com o então cliente, que muitas vezes preferia
conversar durante o período. Ela conta que ela era mais nova, mais bonita e ganhava
até melhor do que a esposa dele e ele próprio. Ele a convidei para morar e a moça
topou. Depois que passaram a dividir o mesmo teto, entretanto, as coisas foram mais
difíceis do que o imaginado: ela chegava todos os dias muito tarde, com cheiro de
outros homens. Aquilo o torturava, porque ele tinha um imenso carinho por ela e
ficava imaginando tudo o que ela tinha feito com os clientes... Tentou fazer terapia,
mas chegou ao limite e ele pediu que a garota deixasse a profissão, mas o pedido foi
rechaçado. O romance, então, chegou ao final.
- Sim.
- Que absurdo! E foi morar com essa menina que continuava fazendo
programas!?
- Ele bancou o babaca. Deixou a esposa numa situação ridícula, sem nenhuma
garantia, por uma aventura com uma puta.
- Não acredito que seu amigo fez isso. Quando foi e como ele está agora?
- Ocorreu o ano passado. Ele está sozinho. Ele não tentou voltar para a
esposa.
Nádia afirmou neste mesmo dia que possuía um segredo e uma novidade para
lhe revelar. O que ela queria contar para a morena é que ela se envolvera com um
homem casado, o que jamais havia acontecido. Nádia confessou para “Bruna“ que
estava sendo amante há 3 meses de um homem casado
- Eu estou adorando a brincadeira; mas sei que ele é passageiro em minha vida
e não posso me envolver.
- Nádia, é adultério o que vocês estão praticando! Sai logo da vida desse cara!
É a dica que eu te dou, como amiga. Ele trabalha com o quê?
- Não pense apenas nas vantagens financeiras! Mas você não descobriu que ele
é casado? Deixa ele. Procura um solteiro.
- Eu vou deixar logo, logo. Mas está sendo tão bom o nosso caso.
- Cuidado para não ficar gamada demais. Não se iluda, pois dificilmente ele vai
deixar a esposa.
- Eu nunca o incitei a fazer isso. Comecei a gostar dele e quando descobri que
ele era compromissado era tarde demais... Safado, me enganou. Agora eu já estava na
“dele”, envolvida.
- Vou cair fora em pouco tempo, mas deixa eu aproveitar um tiquinho a mais.
- Amiga...
A mãe de Andreza, Ester, pediu que uma vizinha sua de nome Silvane tivesse
uma conversa com a moça. Ester não tinha amizade com a outra senhora, mas como
esta era afeiçoada a Suellen, a evangélica se aproximou da vizinha para tentar sua
ajuda. Andreza escutaria Silvane e poderia ser influenciada por ela, pois eram amigas.
Ester foi até a casa de Silvane e dirigiu-se a ela nestes termos:
- Amiga, minha filha Andreza anda tão rebelde comigo. Ela está impossível. Vive
se desentendendo comigo. Eu queria que você falasse com ela para abrir seus olhos e
ver se ela muda. Quer sair da faculdade, só pensa em namoro, apesar de que não vejo
ela com ninguém, quer trabalhar demais. Eu digo que ela deve priorizar a faculdade e
ela se zanga comigo. Falo que ela deve ir ao culto conosco ao invés de sair com o
namorado e ela se aborrece. Peço para ela brigar menos com as irmãs e ela acha ruim.
Não quer lavar roupa, não gosta de cozinhar, detesta limpar a casa. Vive dizendo que
está cansada, chega do trabalho abatida, às vezes. Pergunto o que aconteceu e ela
responde apenas: “Não foi nada; tudo normal“. Mas penso que não foi. Ela chega com
cara de poucos amigos, quase não fala com a gente; come rápido, vai para o celular e
dorme, sem me dar boa noite nem pedir a minha benção. Andreza é uma boa filha,
mas tem horas que me deixa apreensiva. Briga demais com as irmãs, por roupas,
perfumes, calçados. São coisas assim: Ah, você pegou meu sapato novo e arranhou;
ah, você usou minha roupa nova escondido, lavou depois e manchou; ah, você
derramou meu perfume; você é chata, reclama de tudo. Andreza fala: Ah, seu
namorado vem demais aqui para casa, e isso enche o saco. Ah, seus amigos são
indiscretos e quando vem aqui pra casa fazem a maior baderna; tem momentos que eu
falto não aguentar, Silvane. É estresse. Minhas filhas me aborrecem.
- Acalme-se, Ester - disse a vizinha. - Eu vou falar com ela. Andreza me
considera muito e eu sei como abordar estas questões. Nossos filhos muitas vezes
escutam mais os estranhos e as pessoas fora de casa do que a nós mesmas. Mas pode
deixar que darei umas boas dicas para ela e vou procurar abrir seus olhos para a vida.
Lá em casa não era muito diferente antes do Armando sair para estudar. Ele vivia
brigando com a Sofia. Graças a Deus ele começou como estagiário da empresa de
correios e agora vai trabalhar com agricultura. E agora que ele tem ocupação meu
filho ficou mais adulto. Eles quase não tem mais conflitos. Lá em casa está a maior paz.
- Obrigada, Silvane. Você tem que conversar algumas vezes com Andreza.
Passar umas orientações para ela, já que ela recusa me ouvir. Depois você me repassa
o resultado dessas conversas com ela. Espero que deem algum resultado positivo.
Andreza precisa mudar. Ela é uma pessoa difícil de se lidar.
- Pode deixar, amiga. Vou tentar ajudar vocês duas - terminou Silvane.
Silvane mandou um recado para Andreza, dizendo que gostaria de falar com ela
em sua casa.
No dia seguinte a moça foi até sua residência.
A vizinha se dirigiu a Andreza:
- Entre, querida, estou com saudade de você. Você tem trabalhado muito
ultimamente; a gente já não se encontra mais.
- Pois é – reforçou a jovem.
- Você não veio mais para as minhas caranguejadas! Tenho notado sua
ausência! Já te convidei duas vezes e você não veio.
- Eu tinha compromisso nesses dias, amiga.
- Também tem uma piscininha agora para a gente tomar banho depois da
cerveja. Apesar de eu saber que você não gosta de cerveja!
- Ah, que bom, reparei que vocês tem piscina agora. Muito bacana!
- Sim, meu filho mandou colocar para nós uma piscina de fibra. Sofia Beatriz
adora tomar banho com o pai ou suas amigas.
- Como está o seu filho?
- Ele tem vontade de ter o negócio dele e quer trabalhar com pecuária e
agricultura. Armando é um rapaz obstinado.
- Que bom, Silvane! Parabéns pelo seu filho.
- Obrigada, minha querida. Tenho muito orgulho de meu filho Armando.
Quando ele estiver em casa, vou te chamar para vocês conversarem. Ele gosta muito
de você, sabia?
- É mesmo? Eu conversei com Armando tão poucas vezes; nem imaginava que
ele possuía alguma afeição por mim; e onde estão a Sofia Beatriz e seu esposo?
- Deram uma saída de carro; precisaram ir ao supermercado. Eles acabaram de
sair.
“Vamos até a cozinha tomar um café com biscoito. Eu terminei de passar o café
e eu sei que você aprecia um bom cafezinho cheiroso.
- Sim, eu gosto muito. Vou aceitar seu convite.
E as duas caminharam até a cozinha. Silvane pediu que a visita sentasse e lhe
serviu café com biscoito.
- O café é amargo; tem açúcar e adoçante na mesa: o que você prefere?
- Vou tomar com adoçante.
- Fique à vontade; vou tomar o meu com açúcar.
E a vizinha de Andreza continuou puxando conversa.
- Andreza, você é uma menina maravilhosa, sabia? Sua mãe tem muito orgulho
de você.
- Amiga, foi minha mãe que pediu para você me falar estas coisas?
- Não, Andreza, – fingiu Silvane - mas ela realmente já elogiou você para mim
inúmeras vezes. Percebo que ela é uma mãe apaixonada.
- Minha mãe gosta de adular para fazer suas exigências depois.
- Não é verdade, Andreza; mas a função das mães também é pegar no pé dos
filhos e cobrar certas atitudes e comportamentos. Precisamos ter esse papel
educativo. Eu trabalho numa escola e tenho um pouco de contato com pais e
professores. Sei como é esta luta. Imagine que você será mãe um dia e se coloque no
lugar da tua mãe, no que ela vive hoje.
- Eu nem sei se vou querer ser mãe um dia.
- Não diga isso, Andreza. E você é muito jovem mesmo para pensar na
maternidade. Mas tenho certeza de que sua mãe sonha em ver os netos e netas que
você ainda vai dar para ela.
- Deus é quem sabe.
- Eu também já penso em quando vou ganhar meus primeiros netos, quando
serei avó.
- Armando tem namorada?
- Ainda não. Ele é um rapaz muito calmo e sai pouco de casa. Até hoje ele só
teve uma única namorada. Mas acho que logo, logo, ele encontra uma moça bem legal
para namorar. Andreza, e como estão suas irmãs?
- Aquelas chatas?! Não vejo a hora de Melina arranjar outro emprego. Ela saiu
do call-center, foi demitida, ou ela entrar numa faculdade para fazer um curso
superior. Ela só fica dentro de casa o dia todo, abusada, enchendo minha paciência,
trazendo os amigos chatos dela lá para casa.
- Você não tem amizade com eles?
- Quase nenhum e nem quero.
- Por quê?
- Eles são muito bobos e são mais novos. E tem aquele namorado dela que não
sai lá de casa e do nosso quarto. Tira até minha privacidade.
- É mesmo?
- Sim, não sai lá de casa, adulando a mamãe.
- Mas você se dá bem com ele?
- Sim, me dou. Mas tem horas que eu abuso a cara dele. E tem mais: muitas
vezes chego em casa cansada, precisando descansar e ela fica ouvindo música em alto
volume no quarto. Usa fones de ouvido, mas você acredita que ela ouve música tão
alto que eu ainda escuto e me incomoda. Ela também usa minhas roupas, meus
perfumes, minhas maquiagens, e meus calçados, embora quase nunca combinem com
o número dela. Ela usa mais algumas peças de roupa e calçados da Marcela.
“Também não vejo a hora de Marcela ir para a casa dela com as minhas
sobrinhas. Lá em casa é pequeno demais para tanta gente. Eu sei que ficarei com
saudade das meninas, mas sei que esse dia vai chegar. Tenho que me preparar.
- Andreza, tenha paciência com sua irmã mais nova. Vocês devem procurar
resolver estas dificuldades no diálogo e sem brigas ou discussões.
- Vou tentar, prometo. Tenho que agir com mais maturidade.
- E a relação com sua mãe, como está?
- Vai bem.
- Vocês têm intimidade? Vocês sabem segredos uma da outra?
- Não. Eu não sei os segredos de minha mãe. Ela não me conta. Acho afinal que
eu nem quero saber mesmo.
- Certeza? Você está falando sério?
- Nem sei, Silvane. Digamos que sim.
- Andreza, a função de nós mães é difícil. Precisamos ser amigas de nossos
filhos, mas também necessitamos ver as coisas erradas e orientar nossos filhos para
que mudem para melhor e deixem o caminho errado. Essa tarefa para uma mãe é
trabalhosa e em muitos momentos pode não ser agradável para os filhos, mas temos
este papel, esta obrigação. Precisamos abrir os olhos de nossos filhos e não encobrir
os seus erros e seus defeitos, mas apontá-los e até sugerir mudanças. Andreza, você
gosta de sua mãe?
- Gosto dela sim. Por que, Silvane, você me perguntou isso? Eu fiz algo ou falei
coisas que indiquem o contrário?
- É porque não vejo você falar de sua mãe carinhosamente. Aí fiquei em dúvida.
Sua mãe já lhe fez algum mal?
- Não, mas noto que suas perguntas estão ficando difíceis de responder.
- Andreza, para terminar eu só queria dizer que acho você um pouco, digamos,
“distante“ de sua mãe; a minha opinião é que vocês deveriam ser mais amigas; e tenha
mais calma e mais paciência com suas irmãs. Com diálogo se resolve muita coisa. Eu
aqui em casa debato muito os problemas com o Marco e graças a Deus nossa vida está
dando certo. Nosso casamento já tem 21 anos.
- E na sua casa, seu casal de filhos tem algumas brigas?
- Não mais. Armando está muito maduro e não briga mais com Sofia. Após
entrar no estágio da empresa de correios ele ficou muito mais responsável e com um
comportamento mais adulto. Ele é um filho ótimo. Eu adoro meu filho. E seu curso na
faculdade? Como está, Andreza?
Silvane se recordou que Ester havia comentado que Andreza cogitava abandonar
o curso na faculdade para se dedicar apenas ao trabalho.
- Silvane, eu confesso que é duro e cansativo estudar e trabalhar ao mesmo
tempo, mas preciso concluir meu curso. Não posso decepcionar meu pai. Ele ficou
muito contente quando fui aprovada para a faculdade e ele sonha comigo formada e
trabalhando em minha área.
- Andreza, você gosta do seu curso? Ou só continua por causa de seu pai?
- Amiga, é mais ou menos assim: eu gosto sim, mas tenho receio de me formar
e ter poucas oportunidades de emprego. Contabilidade depende também de
concursos públicos e vejo que sempre são poucas vagas para Ciências Contábeis nos
concursos.
- Filha, acho sua área ótima. Você pode colocar um escritório e trabalhar de
outras formas também.
- Só se for com alguma colega; sozinha, acho que não consigo tocar pra frente.
Penso eu. E é necessário influência para se crescer no mercado de trabalho.
- Seja otimista, querida. Tenha confiança em seu trabalho.
- Pois, Silvane, eu vou embora. Tenho que me vestir e sair para o trabalho.
- Volte depois para a gente conversar mais. Adorei sua companhia no café.
- Eu também.
- Deixe eu te acompanhar até a porta.
E Silvane conduziu a moça até a saída de sua residência.
- Tchau.
- Tchau, querida.
E se despediram.
Dois dias depois Ester e Silvane se encontraram e a mãe de Andreza quis saber
o conteúdo da conversa entre a vizinha e sua filha.
- Ester, - começou Silvane – ela me confirmou quase todos aqueles problemas
em casa que você me relatou. Andreza tem frequentado os cultos?
- Antes íamos três vezes por semana, mas desde que ela voltou a morar comigo
ela tem frequentado a cada 7 dias apenas. Ela trabalha e faz faculdade, vejo que ela
realmente tem menos tempo.
- Parece que Andreza precisa orar mais...
- Por que, Silvane?
- Ela parece se desentender muito com a irmã dela.
- Sim. E a Melina saiu do call-center, está desempregada. Fica muito tempo
dentro de casa e não é bom. E sem ganhar o dinheiro dela, Melina usa um pouco os
objetos das irmãs e aí se iniciam alguns conflitos.
“Eu me lembro quando era adolescente e adulta jovem em minha casa: eram
muitas pessoas num lar bem pequeno, mas não tinha confusão e bate-boca como está
sendo lá em casa nos últimos tempos. Não vejo a hora de Marcela ir para a residência
dela, pelo bem de minhas netas.
- E você não pensa em devolver Andreza para o pai?
- Não. Eu quero ficar com minha filha. Deus está me dando outra chance de me
aproximar dela. Não posso deixar esta oportunidade passar. Quero que Andreza fique
morando comigo e Melina. Tenho esperança também de que elas vão se entender
muito em breve.
- Andreza tem namorado no momento?
- Não. Ela me diz que não. Ela terminou com o último namorado já faz algum
tempo.
- Será que ela não está precisando de um namorado? Ela deveria namorar com
meu filho, o Armando. Ele é um ótimo rapaz.
- Ai, Silvane, não acho muito legal namoro com filhos de amigas - replicou Ester.
- Para mim seria um prazer. Eu gosto muito de sua filha. Desde que ela veio
morar aqui fizemos amizade rapidamente. Nós temos muitas afinidades. Eu até falei
para ela que quando o Armando estiver em casa vou convidá-la para um almoço ou
uma caranguejada para eles fazerem amizade.
- É, pode ser – reiterou Ester, com pouca disposição.
- Minha filha Sofia também adora a Andreza. Ela gosta muitíssimo dela.
- Ela é uma menina de ouro e é simpática demais sua filha; um amor de pessoa.
- Ester, tente se aproximar de sua filha. Eu acho que esse jeito dela difícil e
fechado é da boca para fora. Com persistência você conquista o coração dela.
- Não é tão fácil, amiga. Ela é trabalhosa e tem um gênio difícil mesmo. Mas eu
nunca vou desistir de minha filha.
- É assim que se fala. Andreza deve estar assim também por conta da
sobrecarga de trabalhar e ter que estudar. Deve ser estresse emocional. Quando ela
concluir a faculdade você vai ver como tudo irá melhorar; sua filha vai ser outra pessoa
e vocês viverão em paz, como eu já estou vivendo, graças a Deus.
- Tomara, minha amiga. Oro a Deus todos os dias pedindo por isso.
- Ester, mais uma coisa: você já contou intimidades suas para Andreza?
- Não, em geral não.
- Pois conte ou invente. Ela vai passar a ter mais confiança em você. E já que
você está falando segredos para ela de sua vida pessoal pode ser que ela também
comece a contar sobre sua intimidade.
- É, pode dar certo, amiga. É um plano. Posso tentar. Sou grata pela sugestão. E
o aniversário de seu esposo, Silvane, vocês vão passar onde?
- Vamos para o interior. Marco e Armando são loucos pelo interior. Vou
comemorar em nossa cidade. Mudando de assunto: e você, Ester, continua sem
ninguém, nenhum amor em vista?
- Por enquanto, não. Mas qualquer hora vai dar certo. Se eu for merecedora,
Deus vai-me enviar uma pessoa. Eu creio.
- Tomara; você merece. José tem alguém?
- Ele mora com uma mulher que é da mesma cidade dele há cerca de 3 anos.
Ela veio com ele para São Luís.
- Você a conhece?
- Não. Parece que ela tem ciúmes dele e nunca a vi pessoalmente. Mas ela pode
ficar tranquila que de José agora só desejo amizade. E ele é o pai das minhas filhas, não
posso negar isso, e nem posso afastá-las do contato com o pai.
- Ester, vou indo. Tenho que preparar o jantar de Marco. Se eu conversar mais
com Andreza te dou um retorno.
- Até logo amiga e obrigada.
- Tchau.
Passaram-se alguns meses; Andreza havia terminado seu namoro com Douglas,
atravessou as turbulências e conseguir sair da situação mais difícil. Silvane foi até a
casa de Suellen e a convidou para seu aniversário.
- Andreza, meu aniversário será sábado, daqui a duas semanas, em minha casa
– disse sua vizinha. – Vou completar 24 anos. – E Silvane sorriu. – Brincadeira! Mas
estou uma gatona ainda, não estou? – brincou a mulher.
- Com certeza, amiga – concordou Suellen.
- Diga para Ester, Genésio e Melina que eles também estão convidados.
- Acho difícil mamãe ir – avisou a jovem. - Ela não pode faltar ao culto de
sábado à noite com Genésio.
- E Melina? Será que ela vai?
- Penso que ela não irá. Deve sair com o namorado, como fazem todos os
sábados.
- Ele pode vir também.
- Melina é um pouco desconfiada. Só gosta de comparecer a locais com o
namorado onde os dois conhecem todos os presentes. Mas eu vou sim, amiga, com
certeza.
- Obrigada, Andreza. Vou contar com sua presença.
- Pode deixar.
E despediram-se naquele momento.
- Também evito fazer críticas destrutivas para minha filha. Sei que mães muito
críticas geram filhos extremamente exigentes e com sentimentos de culpa, muitas
vezes, ou até adultos frustrados.
- Se a mãe diz à filha que ela é má ou burra, a criança vai crescer acreditando
nisso, Ester – comentou Silvane - e, mesmo adulta, pensará sempre assim. A mãe, na
verdade, precisa conversar e mostrar que é capaz de ouvir críticas e entender opiniões
diferentes das suas.
- Preciso retirar ideais ruins da minha cabeça. Preciso amar minhas filhas,
acima de tudo.
- Não fique culpada por sentir coisas ruins. Por conseguinte dialogue mais com
ela. Nós, mães, devemos criticar menos, e orientar melhor nossas crias. E as filhas por
sua vez devem encarar o que as mães dizem com mais leveza.
- Você tem razão, minha vizinha – concordou a mãe de Suellen.
- Assim, dê o exemplo, mulher. Mentir ensina a mentir. Antes de reclamar, a
mãe deve sempre se perguntar qual é o exemplo que está dando. Dê mais liberdade
quando tiver certeza que pode dar. Com a devida orientação, mães de adolescentes
podem, sim, deixar as filhas fazerem suas próprias escolhas. E evite o ciúme. Isso
prejudica o desenvolvimento da criança.
- Eu sou consciente, Silvane, de que a autoestima pode predizer a qualidade de
vida dos nossos filhos e estarmos conscientes do que estamos dizendo para eles é um
passo para deixar de proferir palavras de baixa-estima.
Após isso Silvane se despediu e saiu para sua residência.
___________________________________________________________
Ester procurou seguir as dicas de Silvane e tentou uma conversa mais íntima
com sua filha problemática.
- Andreza, minha filha, a gente nunca teve uma conversa aprofundada sobre
sexo e relacionamento. Acho que está na hora.
- Sim, podemos.
Ester começou:
- Minha filha, o sexo é mesmo muito bom para a nossa vida e nossa saúde.
Pena que a gente só deva fazer depois do casamento. E depois de uns drinks, ai ai, que
maravilha que não fica...
Andreza achou neste instante que sua mãe ia fantasiar alguns fatos.
- Sim, mamãe, que bom. Vamos conversar. Troque suas vivências comigo. Sou
toda ouvidos.
Continuou Ester:
- Quando você estiver com minha idade vai entender o que irei te falar hoje.
Estou na idade da loba.
- Com certeza, minha filha. O altruísmo sexual de uma mulher vem com o
tempo. Mas também aprendemos com nosso parceiro como dar e receber prazer.
- Mãe, você fala com o Genésio sobre sexo? – questionou Andreza, meio
atônita.
- Conversamos sim, mas somos discretos com vocês. A intimidade do casal deve
ser para eles. Pelo menos é a minha opinião. Muitos casais falam abertamente sobre
suas fantasias sexuais com pessoas de confiança, amigos em geral. Mas eu não tenho
coragem de fazer isso.
- Acredito que elas conseguem separar a amizade de uma “ficada” com algum
amigo de uma relação que vai ser seria e duradoura. Geralmente, as coroas tem um
amigo de confiança e com ele elas tem relações sexuais ocasionalmente sem que
ninguém perceba, pela sua discrição.
- Por gostar de inovar e estarem disposta ao novo, sei que algumas mulheres
maduras se dão o direito de se aventurar com outra mulher, ao menos para
experimentar. E não tem vergonha em transportar para qualquer lugar seu “kit sexo”
composto por óleos, vibradores, brinquedos e lingerie.
- Mas esta não é minha praia – retrucou sua mãe. - Sou uma mulher
comportada. E de Deus. – E Ester deu um pequeno sorriso.
- Obrigada, mamãe, pelas dicas. E a moça pediu licença. Ia sair para o trabalho.
Melina já havia escutado todos os sons que ela produzia às vezes ao transar
com seu companheiro.
Sua mãe também havia confessado para Marcela as peripécias sexuais que ela
e Genésio já tinham realizado na boleia do caminhão daquele homem em algumas
viagens nas quais ela o acompanhou.
E nas poucas vezes que Ester tomou uns drinks a mais e sua alcoolemia excedeu
seus limites da razão, seu superego foi suprimido e a boa mulher fez pequenas
revelações amorosas que deixaram suas filhas sobressaltadas. Para terminar,
pronunciou-se Andreza:
- Por nada. A senhora tem certeza que ama nós três do mesmo jeito, cada uma?
- Sim, minha filha. Andreza, você sempre com esse ciúme sem motivo.
E Suellen não falou mais nada. Na verdade, aquela jovem questionou sua mãe
sobre a relação afetiva de Ester com as três filhas mais para fazê-la pensar que ela,
Andreza, se importava com isso.
Silvane dialogou com seu filho sobre Andreza após o convite que fez para a
garota. Armando estava agora trabalhando como caminhoneiro, mas estava passando
aqueles dias na casa de sua mãe. Ela já havia deixado o estágio na empresa de
correios. Seu filho também queria trabalhar com agricultura e pecuária e sonhava em
ter sua fazenda.
- Filho, eu convidei nossa vizinha, a Andreza, para meu aniversário.
- Foi mesmo, mãe? E por que a senhora está me falando isso?
- Meu filho, ela é uma moça tão legal. Por que você não namora com ela?
- Mãe, eu conversei com ela tão poucas vezes e foi muito rápido.
- Pois tentem conversar no meu aniversário. Puxe conversa com ela. Procurem
se conhecer melhor. Eu faria muita questão se vocês namorassem. Gosto muito dela.
- Certo, mamãe. Vou tentar bater um papo com Andreza e conhecê-la melhor.
Silvane tinha o desejo de que seu filho namorasse Andreza e fez saia para que
os dois conversassem durante sua festa de aniversário.
Armando era um tanto encabulado e sua mãe o chamou e o trouxe para perto
da jovem vizinha, reapresentando-os um ao outro e pediu que conversassem, pois
Suellen estava um pouco desambientada no evento. Melina, Marcela e André não
estavam com ela.
- Obrigado.
- Contábeis. Na Facoma.
- Sim; acho que eu nasci para essa área, falando sério. Eu adoro viajar. Também
quero trabalhar com agricultura e pecuária e estou me preparando para isso.
- Que bom!!
- Precisei estudar bastante para passar no concurso seletivo dos correios, mas
não sou nerd. Eu pensava em fazer faculdade, mas por hora deixei esses planos em
“stand-by”. E sua irmã, aquela ruiva, por que ela não veio ao anivbersário de mamãe?
- Eu também, mas sei que todos gostamos de fazer algumas coisas. Você, do
que gosta?
- Todos possuímos esse lado infantil; essas animações de hoje são muito boas
mesmo – reiterou Armando.
- Sim, concordo com você. Tenho uma sobrinha mais nova que adora: a Bell.
Vou ao cinema com ela ás vezes e chego a achar que me divirto mais que ela em
alguns filmes.
- Está certo.
_____________________________________________________
Andreza revelou para sua irmã caçula que estava pensando em namorar seu
vizinho.
- Mel, sabe o Armando, filho da Silvane?
- Suh, ele é tão feinho. Não é ele que deseja ser fazendeiro?
- Sim, é ele.
- Só acho ele meio estranho e muito calado. Nunca tive intimidade com esse
vizinho. E você também não tinha. Como tudo foi acontecer?
- Suh, você não vai namorar sua vizinha e amiga. Não se esqueça disso. Talvez
esse namoro arranjado não dê certo.
- Sei disso.
Andreza enganou sua mãe dizendo que ia trabalhar, mas na verdade ela estava
de folga do shopping center naquele dia e saiu com Armando. Encontraram-se em um
local combinado, passaram no shopping e de lá foram para o motel. Foi a primeira
transa dos dois, os quais juntaram a fome com a vontade de comer, pois já estavam
sem fazer sexo há algum tempo: ela há aproximadamente quatro meses e ele há cerca
de trinta dias. Após a transa o rapaz a deixou no shopping e ela pediu um transporte
alternativo para chegar até sua casa, pois não queria revelar ainda para a família seu
affair com o rapaz. A esta altura parecia para Andreza que aquela relação escondida ou
até proibida lhe trazia deste modo mais prazer e mais tesão.
- Pode deixar.
ANDREZA E ARMANDO CONVERSARAM APÓS TRANSAREM NUM MOTEL POIS
SE ENCONTRARAM MAIS UMA OPORTUNIDADE NA MESMA SEMANA.
- Minha fantasia sexual é ficar o dia inteiro fazendo amor, sexo, com você, meu
bem. Isso representa uma ideia genial e repleta de prazer para mim. Vamos reservar
um dia do mês apenas para fazer isso. Seria algo surpreendente, e o principal é que
seria possível realizar tudo o que vem à imaginação e procurar ficar em forma.
- Eu pensei que você fosse dizer que seria fazer sexo com duas mulheres, pois
não aceito isso.
- Esta situação seria fácil para você, mas não para mim – declarou a morena,
um pouco chateada.
- Desculpe, não falei por mal – desculpou-se o namorado. – Não fique chateada
comigo.
Ela riu e foi em direção ao banheiro tomar uma ducha. Armando foi atrás dela
para tomarem um banho juntos. No banho o rapaz falou que ela estava deliciosa
aquela manhã.
- Eu também te adoro muito, sabia? Você me faz muito feliz! – disse ela.
- Quero te ver sempre feliz, amor! Faço tudo por você! Você sabe disso! –
relatou o indivíduo.
- Eu sei, meu bem! Nem sei o que fiz para merecer você! O namorado mais
perfeito do mundo!
Ficaram um tempo sem postar novas fotos no perfil da rede social de sexo,
primeiro porque não haviam tirado novas fotos e segundo que ela tinha parado de
enviar mensagens maliciosas para ele; Armando ficou com a impressão de que ela não
queria mais publicar fotos fazendo sexo.
No domingo à tarde, um pouco antes de Armando voltar para o apartamento
dele, ela se sentou ao seu lado no sofá e olhando para seu namorado enquanto ele
assistia a um jogo de futebol, puxou assunto.
- Amor, fiquei pensando muito esses dias sobre o que você me pediu.
- E aí? O que você decidiu, meu bem? Nunca mais falamos sobre esse assunto.
- Pensei bastante, em tudo, Armando, mas quero que você me prometa uma
coisa! Prometa não, melhor, eu quero que jure por tudo que é mais sagrado!
- Jura que, independente do que aconteça, você sempre vai ficar comigo? Que
não vai me abandonar? Não vai me largar depois que eu te ver comendo outra garota
e eu tiver uma crise de ciúmes?
- Eu juro, amor! Jamais faria isso, te deixar! Eu te amo! Essa fantasia é minha,
mas estaremos juntos sempre, se depender de mim!
- Eu sei, amor, mas você quer isso muito mais do que eu quero, e não sei se
você vai gostar ou não, mas não quero que meu namorado me largue se eu não gostar,
entendeu?
- Prometo, bebê! Mas quero que você também deseje isso, não quero que faça
somente por mim! Se precisar, pode pensar melhor no assunto.
Ele gostaria muito que isso acontecesse, mas, vendo que Andreza talvez ainda
não estivesse preparada, tudo o deixava com dúvidas.
Armando levou sua namorada para casa em seu carro, e foram em silêncio o
caminho todo.
No dia seguinte ela ligou para ele no horário do almoço dela, pedindo
desculpa, e dizendo que estava mais emotiva aqueles dias. Seu namorado disse a ela
que ela não precisava se desculpar, que estava tudo bem.
Alguns dias se passaram, sem fazerem nada ousado; final de semana tranquilo
em casa, com pouco sexo e com sensação de tudo ser mecânico.
- Vem. Eu sou toda sua. Vamos transar, que estou com muita vontade!
Ela, então, abriu as pernas e exibiu o plug que estava inserido no seu ânus.
- Não, retirei só na hora de colocar o plug; foi quando te mandei aquela foto.
- Certeza?
- Passei a tarde toda assim, depois que coloquei o plug dentro de mim. Ele
provoca muito tesão, amor! Vem logo transar! Não quero esperar mais...
- Não, meu bem! Deixa ele aí, põe seu pau na minha pepeca! Põe logo, vai. Me
come!
- Me fode, Armando! Eu tava louca para sentir você dentro de mim! Mete esse
pau todo, até o tronco! – pediu ela, empolgada.
O rapaz deu então uma reduzida no ritmo quando ouviu essas palavras; fazia
um certo tempo que não fantasiavam e dessa vez ela o chamou pelo nome, mesmo
sem ela estar usando o vibrador.
- Vai, meu bem, mete com força! Me fode com gosto... - pediu ela, com
sinceridade.
- Eu queria arrancar sua saia e foder você em cima da mesa do escritório, com
todo mundo vendo!
Seu namorado a penetrou com vigor mais algumas vezes e ela gozou, gemendo
alto.
- Acaba comigo! Me trata como sua puta, seu cachorro! Sei que você é louco
para me foder, então me come gostoso!
- Meu bem, você está tomando sua pílula, não está? – questionou ele.
- Meu bem, você se esqueceu de que agora estou tomando injeções para não
engravidar, a cada 30 dias.
- Olha, amor! Será que um dia a gente chega nesse nível? - brincou ela,
sorrindo, ao mostrar aquela cena para seu macho.
- Eu acredito que nós conseguimos sim. Vamos tentar qualquer dia... - disse ele
com um sorriso sapeca.
E o rapaz continuou:
- Não, meu bem, não estou preparada para isso ainda...Eu não gostaria de ver
você transando com outra menina na minha frente .
- Você sabe que eu não gosto de sexo com mulheres. Não tenho nenhuma
tendência a ser bissexual...
- Eu sonho com esse dia, amor! Quando você vai deixar? Vamos fazer uma
experiência...!
A partir desse dia Suellen parecia estar mais a vontade com as brincadeiras de
exibicionismo e isso se refletia no dia a dia. Dava a impressão de que ela estava
gostando ainda mais de o provocar, pois sabia que tudo o deixaria mais excitado ao vê-
la se exibindo para ele com nudes e mensagens maliciosas convidando para fazerem
sexo.
Ela foi ao shopping center com um vestido florido, desses que ficam mais
folgados no corpo, e que vai até o meio da coxa; calçava sandálias de salto alto cor
bege e fez uma longa trança nos cabelos no salão de beleza. Estava linda, chamando a
atenção dos homens.
- Amor, depois me chama para ver como ficou o biquíni antes de você o tirar? –
pediu ele.
Pouco tempo depois, a morena saiu do provador vestindo o biquíni que ela
escolhera e procurou por seu homem no corredor das cabines; como não o viu de
imediato, dirigiu-se até a entrada do corredor, de onde era possível ver toda a loja e o
chamou:
Ele olhou neste momento para os pés dela, que ainda estava com as sandálias
de salto alto; Suellen percebeu seu olhar malicioso e se justificou.
- Você esta parecendo uma modelo assim, - elogiou o rapaz - de biquíni com
calçado de salto alto. Dá uma voltinha para eu ver!
Andreza deu uma volta, mostrando o biquini na parte de trás, imitando assim o
movimento que as modelos fazem; seu namorado achou o biquini com tamanho
grande para ela.
Sua namorada pegou o biquíni escolhido e fez uma cara de espanto, mas voltou
ao provador para experimentar.
A cortina do puxador não fechou muito bem quando ela a tracionou, ficando
uma pequena fresta aberta, de onde era possível ver ela trocando de roupa, mesmo
estando ele no corredor.
Um casal chegou na entrada do corredor, e a mulher entrou em um provador
que estava disponível; o homem ficou encostado ao seu lado, de onde era possível ver
Andreza se despindo. Quando ele percebeu, até chegou mais próximo de Armando, no
local onde tinham melhor visão do interior do provador dela.
Quando a cortina se abriu seu namorado até levou um susto: a morena saiu do
provador quase nua com aquele pequeno biquini que usava; ela estava deliciosa
naquelas peças, e veio desfilando com o salto alto em passos firmes.
- E aí? O que achou deste agora? – questionou ela. – Ficou melhor do que o
outro? - indagou ela, dando uma voltinha ao se aproximar.
O biquini era preto, na parte de cima eram apenas pequenos triângulos que
amarravam na parte de trás do pescoço e nas costas; a parte de baixo da roupa não
era de amarrar, mas era bem pequena; na frente era bem cavado e fino, cobria
apenas a vagina e o monte pubiano, deixando as virilhas bem expostas; as alças
laterais eram finas, com mais ou menos um dedo de espessura, desenhando bem o
quadril; a parte de trás era um pequeno triangulo que se perdia dentro daquela bunda
arrebitada.
O homem do seu lado não sabia o que olhar primeiro, tamanha sensualidade
dela naquele momento. Armando começou a sentir ciúmes.
Ela se virou novamente, ficando de costas para os dois. Olhou para trás com
aquele olhar malicioso, empinou um pouco o bumbum com as mãos na cintura e
perguntou novamente:
- Esse está perfeito! - elogiou Armando. - Vamos levar esse! Pode se trocar,
meu bem. – pediu o rapaz, já importunado com o curioso ao seu lado.
- Já que você gostou vou levar esse também, vou lá tirar. Eu já tinha escolhido
um antes desse.
- Amor! Que é isso? Gostou tanto assim do showzinho que dei para você? –
indagou ela, falando ao seu ouvido.
- Para você ver como você ficou gostosa nesse biquíni! – cochichou o rapaz para
ela.
Ela foi para o caixa toda sorridente e satisfeita pelo feito. Armando pagou um
dos biquínis.
Saíram da loja com os dois biquinis novos, um mais comportado e o outro, mais
ousado. Seguiram caminhando pelo corredor do shopping de mãos dadas, observando
as vitrines das lojas. Suellen neste dia estava radiante e parecia chamar a atenção dos
homens por onde passava; seu vestido acima do joelho e seu salto estavam causando
sucesso.
Era uma pousada simples, mas muito confortável e com bom atendimento. A
moça estava cansada e já foi tirando a calça, a camisa social e o sutiã, de modo que
ficou apenas de calcinha para se jogar na cama.
- Já vai dormir, meu bem? Vou tomar uma chuveirada; se quiser, pode me fazer
companhia.
Ela só resmungou algo ininteligível e o rapaz ficou na esperança dela vir, pois
estava louco para foder ainda aquela noite, sob o chuveiro. Pegou as duas malas que
estavam perto da porta e as colocou dentro do quarto.
Quando saiu do banheiro, notou que havia mais uma mala perto da porta. Era a
outra mala da Andreza, ela tinha duas. O rapaz da recepção deve ter voltado para
trazer a terceira mala que tinha ficado lá, mas se ele entrou no quarto para deixar a
mala, poderia ter visto a sua namorada deitada na cama, apenas de calcinha.
Para tomarem o café da manhã, passaram pela recepção, mas já não era o
rapaz de ontem que estava por lá, mas sim outra funcionária.
Durante o caminho ouviram alguns assobios, e óbvio que eram para a garota,
que mesmo estando de mãos dadas com ele, não evitava que os outros machos a
assediassem.
Chamaram por um garçom que passava com uma bandeja; Armando pediu uma
cerveja, enquanto água de coco foi a solicitação de Andreza. O atendente do bar
anotava tudo enquanto observava disfarçadamente ela tirar a saída de praia e
estender em seguida uma toalha na areia para tomar sol.
Para posicionar melhor a toalha na areia ela teve que ficar de quatro, fazendo o
biquininho entrar ainda mais na sua bundinha.
Na mesa do lado havia três homens que não tiravam os olhos dela, e ficavam
conversando entre si, rindo e chegaram a apontar na direção da jovem.
- Não, querido. Eu me enrolei nos lençóis até o pescoço e nem liguei a luz do
quarto. Eu apenas entreabri a porta e o rapaz empurrou a mala para dentro, e eu o
agradeci. Ele nem me viu. Fiquei atrás da porta.
- Tudo bem. Vou tirar somente uma foto. Se eu bater mais de uma, apago as
outras e te mostro.
Ele pegou seu celular e fez uma fotografia de Andreza numa pose de lado, com
um dos pés levantando o calcanhar, e usando uma sandália de salto alto, de modo a
salientar mais seu bumbum.
- Deixa eu ver! – e a morena conferiu sua foto após seu namorado lhe entregar
o smartphone. – Envia esta foto para mim pelo WhatsApp. – pediu ela
- Vou tomar um banho para tirar essa água salgada do mar, que quase acabou
com meu cabelo. Olha só como esta ressecado! Vou ter que hidratar após o banho!
- Já que você vai demorar aí. Eu vou até a recepção para tentar usar o wi-Fi;
aqui o sinal do celular não está legal no momento. Vou entrar em contato com meus
pais.
Após fazer sua ligação, Armando voltou ao quarto. Sua namorada abriu a
porta; estava enrolada em uma toalha, e o indagou:
- Eles estão bem; só que falaram algo que eu não pude entender totalmente,
pois estavam no meio de um aniversário. Estava rolando música ao vivo.
Ela não havia dado ainda sinais de que havia traido Armando.
Andreza foi até a recepção, ativou o wi-Fi e realizou uma ligação de dentro de
um banheiro, próximo ao hall de entrada da pousada.
- Você não pode viajar comigo. Ela não deixaria. E se descobrisse seria a maior
confusão. Eu tenho que sair de São Luís de vez em quando para desopilar minha
mente. Eu trabalho muito.
- Eu até bati “uma” para você agora. Masturbei-me no box do chuveiro, pois o
boy tinha saído para a recepção.
- E por que não me enviou uma foto de sua xoxotinha toda babada?
- Eu não. Não sou nem louca. E eu estava sem sinal de Internet no quarto.
- Beijo.
- E você, não exagere com ela aí. Guarde sua energia para nós.
- Pode deixar. Hoje vou inventar até que estou com dor de cabeça.
- Eu senti uma breve dor de barriga; mas já passou tudo; estou muito bem.
- Graças a Deus.
Assim que percebeu isso, o rapaz que estava sentado atras do balcão, ou seja, o
recepcionista de plantão da pousada, passou a fingir que estava trabalhando no
computador e, de instante em instante, tentava espionar a região íntima da garota,
que parecia desatenta.
- Pronto! Mensagem enviada! Vamos dar uma volta, amor; precisamos procurar
os melhores locais para jantar mais tarde – concluiu ela.
Foram para o quarto pois a garota pediu para trocar os calçados e saíram, após
a mesma escolher chinelos mais confortáveis.
E deste modo saíram da pousada para dar um role nas ruelas de Atins.
- Nossa, amor, esse moço da recepção fica secando minha bunda, você viu?
- Andreza, você está prestando muita atenção nele; eu não gostei disso agora.
Eu sei que você é gostosinha e é difícil não olhar, mas acho que você está prestando
muita atenção nele e está muito preocupada para o meu gosto.
- Você ficou aborrecido comigo agora?! – retrucou a moça, um pouco amuada.
– Tu é que devia ficar esperto, e prestar mais atenção na sua garota. Os caras olhando
e você nem faz cara feia para eles...
- Desculpa, mas.
- Eu também estou chocada agora com você; eu sou a vítima e você inverte as
coisas – e Suellen fez uma cara de desapontamento. – Fica mais esperto, Armando; se
liga. Você tem é que me proteger e colocar moral nos outros homens.
- Só falei que você estava dando muita importância aos olhares dele; eu não
insinuei que você tentou dar bola para ele, ou chamar sua atenção de propósito.
- Mas não foi o que pareceu há alguns minutos atrás. Respeite-me, por favor.
Você me ofendeu, de certo modo. Não sou uma qualquer, e que sai dando cabimento
para qualquer um; eu respeito a sua pessoa, Armando, estando ou não ao teu lado –
continuou a sua namorada, um tanto inquieta. – Talvez você agiu assim comigo e disse
essas palavras por se comportar de outra forma quando não está ao meu lado.
Chegando a São Luís o casal de namorados passou cerca de uma semana sem
se falar, intrigados um com o outro. Após esse período, porém, fizeram as pazes e
saíram para jantar.
- Minha fantasia sexual é ficar o dia inteiro fazendo amor, sexo, com você, meu
bem. Isso representa uma ideia genial e repleta de prazer para mim. Vamos reservar
um dia do mês apenas para fazer isso?! – sugeriu seu namorado. - Seria algo
surpreendente, e o principal é que seria possível realizar tudo o que vem à imaginação
e procurar ficar em forma.
- Eu pensei que você fosse dizer que seria fazer sexo com duas mulheres, pois
não aceito isso.
- Esta situação seria fácil para você, mas não para mim – declarou a morena,
um pouco chateada.
- Desculpe, não falei por mal – desculpou-se o namorado. – Não fique chateada
comigo.
Armando conversou com Silvane sobre Andreza, poucos dias mais tarde:
- Mãe, eu tive uns pequenos desentendimentos com Andreza.
- Por que, Armando? Parecia que vocês estavam tão bem. Foi algo sério?
- Ah! Ela muda muito o comportamento de uma hora para outra; ela é bem
estranha; tem horas que me cobra uns ciúmes sem nenhuma razão; ela está feliz, de
repente, fica zangada e irritadiça; não dá para entender; Andreza é uma garota de
“veneta”. Ela é bastante desconfiada.
- Meu querido, ela deve ter percebido algo de errado que você fez. Armando,
você andou traindo sua namorada?
- Não, de forma alguma – mentiu o rapaz. – É verdade, mãe, tem momentos
que é difícil entender Andreza e ela é difícil de acreditar e de se doar integralmente.
Tem situações onde parece que a cabeça dela está em outro lugar diferente e ela não
me dá a mínima. Eu ouvi falar que Andreza teve uma desilusão amorosa uma vez e isso
a maltratou muito, do ponto de vista emocional, mas Suh não comenta nada sobre
esse assunto comigo. Ela também teve um problema de saúde após deixar o namorado
e ficou cerca de três meses sem sair de casa.
- Foi mesmo? Eu não sabia. Pode ser por esse motivo que ela ficou sumida uns
meses e eu não a via. Isso foi há um ano e meio atrás, mais ou menos. Filho, trate bem
a Andreza. Tenho muita consideração por ela. É uma boa moça.
- Sim, mãe, eu gosto bastante de minha namorada e não quero perdê-la, mas
ela andou me cobrando uns ciúmes e a gente teve uma discussão.
- Ele ficou louco e eu nunca tinha visto o pau dele tão grande e tão duro como
foi dessa vez. Esta dica consagrada para deixar o seu homem com tesão máximo
durante as preliminares me foi repassada por uma colega da escola. Claro, tive que
utilizar uma roupa sedutora, pois é necessário, assim como colocar para tocar uma
música sensual no quarto do motel, e ficar com o ambiente em meia-luz; usei o
perfume que ele aprecia, dentre outros complementos , para que o striptease ficasse
com uma performance legal.
- Parabéns pela idéia, irmã – elogiou sua irmã, com certa inveja, na verdade.
- Suh, por mais que eles sempre neguem, os homens possuem diversos tipos de
desejos sexuais. E um deles é acordar ou ser despertado com sua namorada fazendo
sexo oral, uma bela mamada, bem gulosa.
- Viche, Maria – retrucou a morena, impressionada.
- Na prática, ao despertar desta maneira, seu namorado vai até pensar que
ainda está sonhando, e já acorda gozando. Bastou eu acordar um pouco mais cedo que
ele e então o despertei desta forma.
- E o que mais você andou aprontando com ele, Mel? – indagou sua irmã, bem
curiosa.
- Usei chantilly outro dia; eu sei que é uma das safadezas mais realizadas entre
os casais ao redor do mundo. Eu testei, foi ótimo. Coloque uma boa quantidade no
pênis dele e, lambi, chupei, comi, com todo gosto, até ele ter uma orgasmo na minha
cara. Eu engoli; ai, foi uma delícia.
- Pára, Melina. Estou ficando nervosa, – replicou Andreza – minha buceta está
latejando de desejo e estou ficando toda molhada. E não tenho ninguém agendado
para transar hoje. Vou ter que masturbar, se você continuar.
- Mas deixa eu falar só mais uma coisa: eu li outro dia sobre sexo exótico, ou
seja, posições sexuais do Kama Sutra e assuntos de Tantra, etc.
- Mel, como eu vou saber se Armando anda trocando mensagens com outra
mulher? Eu já tive suspeitas de que ele me trai...
- A primeira dica se ele parou de falar com você por dois ou três dias, pois
algo pode estar acontecendo, ainda mais se o seu namorado costumava conversar
muito e bem comunicativo, e de repente muda de comportamento contigo. Se
ocorrer assim, pergunte se existe algo que o está preocupando, só para ver o que
ele responde.
- Tem momentos que eu sinto que ele está deixando de demonstrar o mesmo
afeto de antes, ou seja, ele não troca comigo o carinho que costumava me dar
antes.
- Será, irmã, que ele está fazendo isso comigo. Eu estava com o meu namorado
no apartamento dele e o mesmo começou a agir de maneira estranha e suspeita:
ele trancou a porta do banheiro e ficou por um bom tempo ao telefone, mas não
consegui ouvir e entender o que ele conversava; pensei em exigir que ele abrisse a
porta, e me relatasse o que estava havendo, mas deliberei não fazer isso.
- Pára, Mel. Assim você vai me deixar neurótica. Irmã, você está colocando
mais grilos em minha cabeça.
- Mas não é você quem está com as suspeitas de que seu namorado a trai.
Estou apenas te alertando e oferecendo umas dicas. É só isso.
- Outro dia ele começou a esconder o celular de mim, para eu não ler as
mensagens dele quando ele se encontrasse afastado; pior que eu imagino que
ele pode estar escondendo algo.
- Assim, Suh, quando ele não estiver por perto, mesmo não sendo ético mexer
no celular de ninguém, pode ser que você descubra alguma mensagem que possam
ser intrigantes, porém dolorosa. Sendo assim, sinta-se forte o suficiente para
investigar e vá em frente.
- Por fim, ele quase parou de sair comigo ou pelo menos evita saídas á noite,
como fazia antes. E, por último, fica mais de uma hora no telefone celular, sem me
dar atenção, quando estamos juntos; eu o indago sobre sua conduta e ele fala que
são assuntos de trabalho.
____________________________________________________________
CONVERSARAM NÁDIA E TRÍCIA NO MESMO PERÍODO, QUANDO AS DUAS SE
ENCONTRARAM NO APARTAMENTO DA PRIMEIRA EM SÃO LUÍS/MA.
- Trícia, um homem casado quer ficar comigo, o que eu faço? – interpelou
Nádia.
- Fuja dele, pois isso só trará confusão para você – opinou Trícia; - além do
mais, adultério é proibido pela lei de Deus, amiga. Homem casado que não se separa e
trai a esposa, é quase certeza não terá coragem de assumir um relacionamento com
você. Então não caia nessa. No Universo existe uma lei chamada de “Lei do Retorno”,
onde tudo que você faz terá um retorno em sua vida. Se ficar com uma pessoa casada,
você está alimentando a traição dentro deste triângulo, e isso irá retornar para sua
vida um dia.
- Amiga, dependendo das condições do casamento e da situação, o casamento
cristão pode até favorecer a prática da traição. – retrucou Nádia.
- Como assim?
- Isso porque em alguns casamentos cristãos, não há liberdade, confiança e
segurança para expressar vontades, desejos e até insatisfações. O que leva a pessoa a
procurar tudo isso fora do casamento.
- Será, Nádia?
- Não duvido que isso possa ser verdade.
Melina veio contar para Andreza que ia contrair noivado com André. Era nítido
o brilho dos seus olhos para dar a notícia. A irmã caçula disse então:
- Suh, eu e o André vamos noivar. Vai ser no próximo mês. Vamos comunicar
nossos pais. Estou muito feliz.
Andreza se mostrou surpresa e retrucou.
- Que legal, minha irmã. Que notícia boa. Mas ele nem havia te entregado um
anel de compromisso...Fiquei surpresa.. Tudo foi muito rápido...
- Sim, e verdade. Preferimos noivar logo, direto, sem história de anel de
compromisso.
- E vocês já pensaram em uma data para se casar? – quis saber a morena.
- Eu imagino que seja logo, porém não determinamos uma data provável ainda
- respondeu sua irmã. - Andreza, eu quero que você e Marcela sejam minhas
madrinhas.
- Será com todo o prazer.
Andreza neste momento não conseguiu esconder uma certa inveja. Ver uma
irmã mais nova assumindo um compromisso afetivo sério e estando prestes a casar
gerou em Andreza um sentimento de desconforto, como de alguém que está sendo
passado para trás. Com seus insucessos no campo amoroso Andreza já sentia
dificuldades em lidar com a felicidade alheia e alimentava certa inveja ao constatar a
felicidade de outra pessoa e que ela continuava na estagnação em sua vida afetiva. Até
a satisfação da irmã prestes a noivar parecia lhe incomodar um pouco.
Andreza, porém, se esforçou e disse as seguintes palavras para Melina:
- Minha irmã caçula, eu desejo que você seja muito feliz! Que Deus abençoe
sua união com André e que vocês continuem sendo um casal muito feliz!
- Obrigada, Suh. Já estamos vendo um local para realizar o evento, mas já te
adianto que a recepção será apenas para nós: pais, irmãos e sobrinhas. Eu vou
convidar minhas irmãs e André vai convidar o irmão dele. E nossos pais. Somente. Não
podemos gastar. Não temos muito dinheiro!
- Parabéns, Melina, você merece! – concluiu sua irmã.
Após esse dia, porém, Suellen começaria a modificar seu comportamento com
relação a Melina e terminaram por se desentender e tiveram uma discussão.
Eles descobriram que era “sem suporte no efeito principal”, mas isso se deveu a
diferenças de gênero. Homens que viam pornografia em altas frequências “eram, na
verdade, menos propensos a se casar” do que moderados espectadores de material
explícito.
O pastor cristão Genaro Chiocca criou o programa ’72 horas para Cristo’ com o
objetivo de resgatar e pregar às vítimas do tráfico e da escravidão sexual.
“Nós sabemos que qualquer coisa pode acontecer conosco, mas sempre vimos
o poder de Deus atuando para nos libertar de todo o mal”, disse Chiocca. Quando uma
equipe vai às ruas, outras apoiam em oração. Tudo isso os ajudou a resgatar com êxito
muitas mulheres que hoje são livres em todos os sentidos.
“A verdade é que a maioria das meninas que estão aqui são menores, há
muitos problemas de violência de gangues, ou prostituição infantil, as meninas saíram
de casa, crescendo em lares disfuncionais e necessitam de ajuda para não se perderem
de vez”, diz Ùrsula Schelje, diretora do CBN Peru, na reportagem que li.
Ora, o senhor Jesus diz nas Sagradas Escrituras : Em verdade, em verdade, vos
digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Ora, o escravo não fica
para sempre na casa; o filho fica para sempre” (João 8:34-35).
E Deus nos enviou seu filho e nos revelou : Quando vier, porém, Aquele, o
Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por Si mesmo,
mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras” (João 16:12-13).
Desta forma entreguemos nossa vida a Jesus e ele nos ajudará a nos salvarmos
de toda forma de Pecado.
“Amém.
Melina conversou com Suh sobre gravidez e celulite. Elas dialogaram no dia
seguinte.
Andreza indagou à sua irmã mais jovem:
- Mel, você não pensa em ter seu primeiro filho com André?
- Ainda, não, Andreza. Deixa a nossa situação financeira melhorar e o nosso
relacionamento se estabilizar mais...
- Como assim? – redarguiu a morena, bastante curiosa.
- Ah! Você sabe como agem os homens – respondeu sua irmã, sem titubear; -
nós, mulheres, precisamos sentir mais confiança. E Melina prosseguiu com sua fala:
- Mas, Suh, mudando de assunto de certo modo: quando você engravidar e seu
útero e os seios aumentarem, quer dizer, depois da gestação, quando a barriga e as
mamas voltarem ao tamanho normal, suas estrias nos seios e no abdômen devem
aumentar...
Andreza ficava desconfortável ao falar de suas estrias e celulite, e não
costumava abordar este tema com ninguém.
- Deus me livre de gestação, minha irmã. Eu acho que não quero engravidar
nunca... – retrucou a morena.
- Só por esse motivo??? – interpelou sua irmã, em tom questionador.
- Por esse e por outros.
- Ah sei. Excesso de vaidade e medo de estragar seu corpo.
- Não é nada disso, chata – fingiu a morena. – A maternidade ainda me
amedronta; não me sinto preparada para ser mãe e dona de casa.
- Entendo, Suh. Tente superar esses medos.
José conversou com Andreza sobre seu novo namorado pouco tempo depois.
- Mas minha mãe está sempre se metendo em minha vida e ela me falou que
não gostaria de me ver namorando Armando, pois não o conhece bem e não confia
nele.
- E você, confia totalmente nesse rapaz? - indagou seu pai, muito sério .
- Sim, confio plenamente nele. Até agora não tenho nenhuma ressalva contra
meu namorado. Ele é uma pessoa maravilhosa para mim.
- Ele é estudante; parece que deseja ser caminhoneiro, como um de seus tios. E
quer trabalhar com agricultura e pecuária. Sonha ser fazendeiro. Sei que ele adora
vaquejadas.
- Pois tudo bem, minha filha, quero o mais breve possível falar com este rapaz e
o conhecer.
José conheceu Armando mas o achou muito estranho. Ele foi então
apresentado ao pretendente de sua filha querida num “happy hour” que fizeram no
shopping. José gostava muito de dialogar, mas não teve uma primeira impressão muito
boa do rapaz. O “sogro” achou o namorado da filha muito introvertido e calado, e saiu
com muitas dúvidas sobre ele em sua cabeça. Lembrou-se de tudo que Ester havia
falado sobre o vizinho e depois do encontro ficou avaliando em sua mente se
recomendaria ou não aquele affair de sua filha.
Cerca de dois dias após conhecer o rapaz, José enviou a seguinte mensagem
de texto para sua filha do meio.
- Andreza, querida, tudo bem? Filha, depois de nosso último encontro não pude
mais falar pessoalmente contigo, mas hoje decidi te enviar esta mensagem. Fiquei um
pouco apreensivo após conhecer seu novo namorado. Vou lhe ser sincero: passei a
concordar plenamente com as preocupações de sua mãe. Não se apaixone tão
depressa por este rapaz nem entregue logo seu coração.
- Por que, papai, o senhor está me dizendo tudo isso?
- Porque conheço você muito bem, filha. Minha opinião sincera é que este
rapaz não combina com você, que é alegre, extrovertida. Achei ele um tipo de pessoa
estranha, muito na dele, calado, pouca conversa. Sei que ele não me conhecia; foi a
primeira vez que nos vimos, mas ele deveria ter conversado um pouco mais comigo
para mostrar realmente o interesse dele por você e quais são as suas reais intenções.
- Só é o jeito dele, papai. Mas quando o conhecer melhor, vai ver que ele é
legal.
- Sinceramente, filha, eu preferiria que você não namorasse esse rapaz e
esperasse mais aparecer outra pessoa. É uma recomendação que eu lhe daria. Dica de
pai.
- Sei. Vou analisar com calma.
- Cuidado, para não sofrer depois. Boa semana. Fica com Deus.
- O senhor também. Boa semana. Tchau.
____________________________________________________________
Armando trabalhava em outra cidade e vivia convidando Andreza para
passarem os finais de semana nesse lugar, mas sua namorada recusava quase todos
esses convites, pois a garota não apreciava muito cidades de interior. Cerca de 9 meses
depois de terem iniciado o affair, o vizinho convidou Suellen para morarem juntos, mas
esta não aceitou. Ela preferia que eles passassem por todos os rituais antes de
quaisquer atitudes de viverem sob o mesmo teto. O rapaz, porém, não chegou a pedi-
la em noivado, mas insinuou que se amancebassem. Ela, todavia, não tinha a convicção
de que já tinha chegado o momento de morarem juntos, e gostaria de ser mais
valorizada por ele. A garota também não tinha a mínima pretensão de abandonar seu
emprego de forma tão precoce, e deste modo, ficar totalmente dependente de
Armando, passando a semana na cidade onde ele ficava e vindo para São Luís apenas
nos finais de semana. Deste modo, Andreza recusou sua proposta inicial.
- Não, meu bem. Não é o momento de a gente casar ainda – pronunciou-se a
morena, com certo eufemismo. - Vamos nos preparar melhor.
- Amor, eu tenho vontade de te ver todos os dias. Também pego escalas de
trabalho nos finais de semana, e nem sempre você quer vir me visitar. Sinto muita
saudade e eu gostaria que a gente morasse junto. Depois a gente oficializa nossa
relação.
Andreza tinha receio, porém, de que seu namorado a estivesse ludibriando e
após estarem morando juntos não oficializasse mais a união dos dois. Ela não gostaria
de ser enganada.
- Armando, deixe de pressão. E eu não posso deixar meu emprego. Eu não
aguentaria ficar sem trabalhar, e ainda mais morando numa cidade pequena –
defendeu-se a garota.
- Você não faria isso por nós? – provocou o rapaz, tentando dissuadi-la.
- Sou capaz de fazer muito mais coisas por nós, mas veja meu lado. Não quero
me afastar de minha família e de meu emprego. Preciso trabalhar e sou muito apegada
à minha família.
- Eu pensei que nós dois fossemos prioridade e você fosse apegada a mim –
afirmou seu namorado, com certa empáfia.
- Desculpe, meu amor, mas preciso pensar em todos os lados envolvidos e
minhas decisões devem ser bem ponderadas. Devo liberar minhas atitudes com mais
confiança e liberdade.
- Tudo bem; se você prefere assim.
- Você não tem expectativa de transferência para São Luís?
- Apenas daqui a dois ou três anos.
- Vou orar para que sua remoção aconteça antes desse prazo, meu bem, para
que a gente possa se casar.
- Se Deus quiser vai dar certo.
Mas, na verdade, Andreza gostaria que Armando tivesse com ela uma atitude
mais formal e a convidasse para noivar, assumindo um compromisso mais sério e
planejado, mas não pareciam ser esses os planos daquele homem.
Após discutir com o namorado de sua mãe, Suellen começou a planejar a saída
da casa de Ester. Como estava trabalhando no shopping, ela se viu na condição de
alugar um pequeno apartamento para morar. André também lhe auxiliou nas despesas
e ajudou a pagar o caução na locação do imóvel e nos primeiros meses lhe fornecia
uma quantia para custear suas despesas. Ela também desejava ter um local mais
reservado para se encontrar com Armando, visto que seu namoro com ele não era do
agrado de sua família. A morena também buscava morar só para poder realizar suas
peripécias sexuais com quem bem entendesse, sem a interferência de sua mãe ou de
outra pessoa, como seu “padrasto” ou sua irmã.
- Como assim, Suellen? Filha, você nem me pede, vai apenas comunicando. Sua
decisão é definitiva?
- Você vai nos deixar por causa de Genésio? Isso não é motivo, filha.
- Não, mãe, não vou me mudar por causa dele – mentiu a jovem. – Eu descobri
que está no momento de eu me tornar mais independente.
- Você vai morar com Armando? Filha, você tem que se casar primeiro.
- Não, eu não vou morar com ele. Meu namorado vai continuar no
apartamento dele e eu vou ficar para o meu lugar.
- Já estou definindo.
Quando Andreza se desentendeu com o novo marido de sua mãe, ela estava se
aproximando de André e contou para este suas intenções de deixar a casa materna.
Andreza e o cunhado já estavam envolvidos e saíram duas ou três vezes para o motel.
A garota lhe disse então:
- André, eu tive uma discussão feia com Genésio e desde então me decidi a
procurar um outro local para morar. Estou cansada de morar com mamãe. Quero mais
liberdade para a minha vida. Já sou adulta e estou começando a pagar minhas contas.
Só que eu vou deixar meu cachorro com a mamãe. Quero alugar um apartamento
pequeno.
- Por que vocês se desentenderam, você e o Genésio? - quis saber o rapaz.
- Genésio começou a se meter na minha vida, na minha relação com Armando e
na minha relação com minhas irmãs. Ele pensa que irei ouvi-lo e vou obedecer suas
determinações, mas não é bem assim. Nem minha mãe e meu pai vão mandar mais em
mim, imagina um cara que acha que é meu padrasto. Eu nunca vou considerá-lo como
meu parente ou como padrasto. Não gosto nem um pouco dele; não vou com a cara
dele.
- Calma, Suh, sua mãe gosta muito de Genésio.
- Eu não estou nem aí para eles. Desculpe-me a sinceridade.
- Andreza, posso te ajudar a encontrar um local para você morar – ofereceu
seu cunhado.
- Você faria isso por mim?
- Com certeza; sem problemas.
- Mas, André, eu queria te pedir algo mais.
- Diga, Andreza.
- Eu gostaria de saber se você poderia ajudar nas minhas despesas nos
primeiros seis meses quando eu me mudar. Você sabe, o Armando não me ajuda em
nada, e não quero pedir para ele. Não quero que ele sinta que me tem nas mãos. Você
me entende?
- Sim, muito bem. Vou te ajudar, então, Andreza. Mas você não vai chamar o
seu namorado para morar contigo, vai?
- Pode ter certeza que não. Ele já mora em um apartamento. Ele saiu da casa
dos pais. Só que não quero morar com ele e Armando nunca me fez esse convite.
- Mas se ele te chamar amanhã para morar com ele você vai topar?
- André, acredito que não. Eu anseio para que Armando seja adulto comigo e
me peça em compromisso. Não vou ser boba e ceder, indo morar com ele sem
nenhuma garantia de um relacionamento com um futuro programado.
- Você tem razão, Suh. Valorize-se.
- Então, você pode me ajudar? Ganho relativamente pouco no shopping e sei
que para minha mudança vou me descapitalizar e os primeiros seis meses serão
apertados.
- Vou fazer isso por você, babe. Mas você vai me receber no seu apartamento,
não vai?
- Com certeza, meu bem – e a morena soltou um sorrisinho maroto.
E assim continuaram se encontrando para aventuras sexuais, sem que seus
pares desconfiassem.
Enquanto Andreza traía sua irmã caçula com seu noivo, altos papos rolavam
entre as duas de vez em quando.
ANDREZA e MELINA dialogaram dentro de poucos dias:
- Mel, eu sei que homens e mulheres são diferentes, – discorreu Andreza - mas
não concordo tanto que o padrão de comportamento em relação à infidelidade
também diverge entre os dois. Comenta-se que os homens traem para sair da rotina
ou porque preferem mulheres mais jovens; já as mulheres, são infiéis por vingança e
por optarem por caras mais maduros ou mais bem estabelecidos na vida. Eu tenho
convicção, porém que o sexo masculino ainda trai mais. Por que você acredita que isso
acontece?
- Andreza, acredito que os caras tem mais casos extraconjugais ou traem suas
esposas por falta de maturidade mesmo para lidar com problemas e conflitos; a
imaturidade emocional dos homens é um dos principais motivos da infidelidade.
Quando eles não estão preparados do ponto de vista emocional, os homens não
sabem lidar com problemas e conflitos. Assim, preferem deixar os problemas se
acumularem, evitam encarar os conflitos e procuram a “felicidade” fora do
casamento. Preferem “fugir” da realidade e viverem um mundo fictício, de fantasias e
só amor com sexo. Eu acho que é aproximadamente isso...
- Ou não gostam de serem subestimados e deste modo seriam estimulados a
trapacear na relação, até para se mostrarem superiores ou mais espertos que as
meninas. Muitos não gostam de ser subestimados em sua capacidade, contrariados ou
nem sabem lidar com regras. Quando uma norma lhes é imposta, esses indivíduos
sentem a necessidade de provar que conseguem driblar ou trapacear de alguma
forma. Parece ser uma características de muitos caras.
- Infelizmente, Suh, trapaças, os riscos sem sentido e o ato de infringir regras
são estimulados na sociedade, em especial entre os homens. Existe uma verdadeira
apologia para esses comportamentos na nossa cultura, na mídia, como as novelas da
Tv e até na nossa arte, como na música. Por isso são tão comuns as estatísticas onde
homens consomem bebidas alcóolicas enquanto dirigem seus carros, por exemplo.
- Eu imagino que muitos namorados ou esposos tem vergonha de suas fantasias
sexuais e não as expõem para suas parceiras, talvez por receio de serem ridicularizados
ou mal-compreendidos, irmã. Uma das coisas mais difíceis de entender, para mim, é
porque homens casados, com família e boa índole, simplesmente são pegos vivendo
um relacionamento extraconjugal. Ter vergonha de suas fantasias sexuais, como
possuir outra garota, é um dos motivos que levam à infidelidade ao meu ver e a busca
por satisfazer esses desejos, sem precisar relatar isso para a parceira.
- Mais uma vez aparecem a falta de maturidade e a insegurança masculina que
também estão relacionadas com a vergonha em conversar, dialogar e mostrar suas
vontades para a esposa ou namorada. Outras oportunidades, Suh, é tão somente
porque o parceiro decide ser infiel sem nenhum motivo influenciador. Ele apenas
decide ser infiel, sem motivos reais; pelo menos para nossa concepção de mulheres.
Não existe um motivo que influencia nessa decisão. Sendo assim, essa é uma escolha
própria, que implica em um comportamento depreciativo.
- Só que os motivos ou os pretextos de porque os homens querem amantes ou
casos fora da relação podem ser diversos, como a falta de romantismo na relação,
ausência de emoção na vida amorosa do casal; acúmulo e sobrecarga de funções,
trabalho e rotina, causando estresse e desinteresse na relação do casal; insatisfação
com a vida; pouco sexo no relacionamento; falta de entrega e ousadia na cama;
insegurança com o próprio corpo ou virilidade; entrega à poligamia por escolha. Já li
sobre tudo isso.
- Andreza, na sua opinião, homem casado ou de compromisso sério pode sair
sozinho com os amigos?
- Pode, sabendo a garota de suas companhias e para onde vão, se não forem
saídas com frequência ou em demasia, exceto se ele já pisou na bola e já fez besteira,
e desde que a mulher tenha a mesma liberdade. Afinal, ambos devem viver um
relacionamento da mesma forma e ter os mesmos direitos. O homem que tem
compromisso com uma menina pode sair sozinho, mas isso não justifica nenhum tipo
de infidelidade, pois sair ou não sozinho não define caráter.
- Suh, eu pondero que um dos piores momentos em uma relação seja quando
você desconfia de que sua esposa ou seu parceiro tem uma amante ou te trai de vez
em quando com qualquer uma. Pior ainda é quando você sente que ele não te deseja
mais e que está apaixonado por esta outra pessoa.
- Sei, e para não ficar tão evidente que ele está te comparando com uma
pessoa em especial, fala que são “outras mulheres”. Frases como “as outras mulheres
não estão com roupas fora da moda na hora de dormir, mas você está ultrapassada”
ou “você só grita comigo, as outras mulheres não são assim”, são exemplos disso.
- Ele não faz mais planos com você: os homens infiéis obviamente fazem de
tudo para que suas mulheres não desconfiem das traições, por isso continuam fazendo
programas de casal como ir ao cinema, viajar com a família ou passar um fim de
semana a dois. Mas os maridos com amantes fixas não fazem mais isso, já que
precisam conciliar duas vidas. Evitar fazer planos é uma das características de homens
que têm outro relacionamento sério.
- Está sempre de mau humor ou parece estar triste quase o tempo todo. Isso
porque o que ele está vivendo com a outra pessoa não é apenas uma aventura, seu
coração está dividido e ele está tentando tomar uma decisão. Você passa a ter a
sensação que ele não te deseja mais... é notável.
- Mãe, o meu pai traiu a senhora alguma vez? – indagou sua filha do meio. –
Você já esteve insatisfeita em seu relacionamento?
- Não, Andreza, eu juro que não. Os homens ainda traem mais, penso eu,
alegando estresse, disfunção sexual com a parceira, falta de intimidade emocional,
ausência de diálogo, queixas até parecidas.
Cerca de uma semana depois, Melina deu mais uma opinião sobre traição
amorosa:
- Eu sei: durante a traição, por vários motivos, a pessoa que trai a maioria das
vezes não pondera racionalmente sobre as implicações daquele ato que ela está
prestes a cometer.
- Então, ao se dar conta, depois do erro, de que o ato rompeu com a confiança do
relacionamento, um dos sinais de arrependimento da traição é oferecer agrados.
- Outro sinal de traição é querer permanecer mais tempo dentro de casa, para
valorizar mais a presença com a pessoa que foi traída.
- Eu não sei se ele está querendo se mostrar disposto a aprender com os próprios
erros, e se ele realmente vai melhorar e me propiciar uma relação mais saudável, ou
se ele apenas está querendo me enganar, para depois repetir todas as traições.
- Suh, ele nunca tentou terceirizar a culpa? Deixa eu explicar melhor minha
pergunta: a culpa de uma traição reside basicamente em quem traiu. Mas ele não
tentou insinuar e justificar aquilo que ele fez na verdade era culpa sua?
- Ela quis insinuar sim, mas eu esculhambei ele nessa hora. Eu fui fiel e sempre o
gradei em tudo, fazendo o que ele me pedia. Eu nunca a traição que eu sofri.
- É, quando se chega nesse estágio da relação é difícil continuar. Sempre fica uma
pulga atrás da orelha.
- Nossa, você, uma mulher terrível na cama, folgosa ao extremo, não satisfaz esse
cara! Pula fora, irmã! Ele deve ter alguns distúrbios sexuais e nunca procurou se tratar.
- Andreza, um homem infiel não ama sua namorada ou companheira. Deixa esse
cara enquanto é tempo, antes que você comece a amá-lo, senão o sofrimento será
muito maior.
- Agora complicou, então. No entanto, após deixar-se conduzir pelo viés emocional,
pode ser que o homem genuinamente se dê conta do erro cometido, uma vez que
sacrificou o afeto e amor prévios para dar vazão a outros estímulos.
___________________________________________________________
Um vizinho de Ester de nome Roberto veio falar com ela e não quis adiantar o
assunto.
- Eu ia falar com ele sobre uma ação que está programada em nossa
congregação e vamos participar juntos. Preciso falar com ele pessoalmente.
- Certo. Peça para ele me ligar ao chegar de viagem. E a família, como está?
- Está tudo bem, graças a Deus. Marcela está na casa dela. Melina está prestes
a noivar. Andreza está morando sozinha.
- Ester, eu não deveria falar, pois é um pouco de fofoca, mas eu não gosto de
mentir nem esconder certas coisas. Todavia, já que citamos o nome de sua filha do
meio, eu gostaria de te contar umas coisas sobre ela.
- Ester, o filho de Marco, o Armando, ele contou algumas intimidades dele com
sua filha para dois amigos desse bairro e meu filho ouviu tudo. Esse rapaz é um pouco
estranho e ele deveria guardar seus segredos, mas não o faz. Penso que ele não fez um
papel muito digno com sua filha.
- É mesmo, Roberto? Vou falar com ela sobre isso.
- Tudo é verdade, mas por favor não conte que fui eu quem revelou isso pra
você.
- Pode deixar.
Roberto não gostava de fazer intrigas ou inventar fofocas, de modo que Ester
acreditou em suas palavras e ficou um pouco preocupada com a repercussão das falas
de Armando no bairro e com a reputação de sua filha do meio.
Ester procurou Andreza e lhe contou tudo. Foi o estopim. A morena ficou
furiosa e decidiu terminar o namoro com o filho da vizinha. Ela o procurou e disse:
- Armando, não vai dar mais para a gente ficar juntos.
O rapaz foi pego de surpresa e a questionou prontamente:
- Por que, meu bem?
A garota respondeu assim:
- Nesta relação só eu me dedico, parece que você não está nem aí para mim.
Nosso relacionamento foi perdendo o sentido, e não sei direito, mas parece que algo
mudou. Eu não gosto mais tanto de você.
O homem tentou que ela mudasse de ideia:
- Andreza, isso não é motivo para a gente terminar. Eu gosto muito de você.
Vamos tentar, me dá mais uma chance.
A namorada preferiu continuar mentindo sobre as razões verdadeiras de
encerrar o namoro:
- Eu preciso cuidar mais de mim, me dedicar ao meu trabalho e à minha vida
pessoal. Você é muito distante de mim. Esse namoro de final de semana não dá mais;
cansei ; estou saturada disso.
- Eu te chamei para vir morar comigo.
- Não quero ir para essa cidade tão pequena.
Suellen também esperava que o rapaz a convidasse para noivar e casar, mas
estas não pareciam ser as suas intenções no momento.
- Andreza, eu pensei que nosso amor seria para sempre. Nós nos damos tão
bem – alegou Armando, tentando convencê-la a mudar de ideia.
- Não tem volta, meu bem. É decisão definitiva.
- Você é de lua; da última vez que nos encontramos estávamos tão bem.
Nossa transa foi ótima. O que ocorreu?
Andreza, então, desabafou com Armando:
- Você me usou como uma cobaia de laboratório para satisfazer seus desejos
sexuais! Eu fui o próprio laboratório onde você testou seus experimentos sobre todas
as vontades e fetiches que tinha anseio de colocar em prática. E no fundo só me usou!
Fui apenas seu objeto de desejo! Você ouviu? Eu não quero mais você! Cansei de tudo
isso...
- Andreza, você agora me ofendeu! Eu pensei que você gostasse de tudo que
fizemos. Mas tudo bem se você não quer mais; vamos dar um tempo. Tchau.
E o homem se retirou da presença da namorada, bastante chateado.
A morena foi visitar sua mãe no bairro São Raimundo e deu uma passada na
casa da ex-sogra para conversarem.
Andreza comunicou a Silvane que ela terminara seu namoro com Armando.
- Minha sogra, eu e seu filho terminamos. Infelizmente, não deu mais certo a
gente continuar. A gente possuía alguns pontos discordantes e algumas opiniões
contraditórias e preferimos nos afastar – justificou Andreza sua separação de
Armando, amenizando a verdade sobre as verdadeiras causas do encerramento do
affair.
- Que notícia ruim, querida – retrucou Silvane. - E vocês não tem chance de
voltarem atrás?
- Não mais. Agora é decisão definitiva.
- Você está chateada com ele?
- Não. De forma alguma – mentiu a jovem.
- Porque meu filho é um rapaz tão bom, – bajulou a vizinha – e vocês faziam um
casal tão bonito.
- Era mesmo. Você tem razão, amiga. Mas prefiro que cada qual siga agora seu
destino. Armando gosta de ter liberdade, eu também, ele gosta das coisas dele, dos
caminhões, das vaquejadas, dos rodeios, das farras, deixa ele curtir a vida dele –
completou Andreza, com certa ironia.
- Mas, filha, não se afaste de mim. Gosto muito de sua amizade. Lembre que
antes de namorar meu filho já éramos ótimas amigas, e eu desejaria que assim
continuasse – pediu Silvane, carinhosamente.
- Pode deixar, Silvane, vamos continuar amigas sim. Tenho muita estima por
sua pessoa.
____________________________________________________________
Por ser muito indecisa Andreza continuou saindo com seu ex-namorado para
transar, mesmo após o término do namoro. Ela sentia necessidade de fazer isso e
preferia procurá-lo, pois não era muito de acordo com sexo casual, isto é, com pessoas
estranhas. Assim, ainda se encontraram uma meia dúzia de vezes após “encerrarem” o
relacionamento formal, até que enfim, apartaram-se em definitivo. Porém, Armando
continuava a lhe enviar mensagens convidando-a para sair. Ele sentia falta do sexo
gostoso e liberal que ela fazia com ele. Mas Andreza foi conseguindo se libertar do
desejo de fazer sexo com Armando, e foi vislumbrando outros projetos para sua vida.
- Eu penso, Suh, que você vivia um relacionamento tóxico com Armando e ele
até demonstrava alguns sinais de ser uma pessoa narcisista. E o relacionamento com
uma pessoa narcisista pode ser prejudicial.
- Sei, Mel, a autoestima de quem se relaciona com essas pessoas vai, aos
poucos, sendo fragilizada. Como os narcisistas se sentem sempre melhores que os
outros, eles têm na maioria das vezes todas as justificativas de por que o seu ponto de
vista está correto.
- Eles não têm empatia por ninguém e jamais cogitam estar errados, o que faz
com que muitos desses relacionamentos se tornem abusivos, como foi o seu.
- Quando eu colocava minhas opiniões, ele dizia que se sentia mal; e sobre algo
que ele estava falando, ele não se culpava em nenhuma ocasião, apenas dizia que eu
não deveria me sentir assim, ou que ele falava aquelas coisas para o meu crescimento,
meu fortalecimento, imagine só! – confessou Andreza.
“Quem se relaciona com um narcisista está sempre errado, não vence em uma
discussão, irmã. Se vence, é porque o narcisista disse: ‘mas isso acontece por que você
é culpada disso’; ou ‘isso não tem importância’, menosprezando o seu sofrimento“.
- O pior, irmã, é que para casos assim não existe cura; apenas tratamento
psicológico para melhorar.
- Eu sei, Melina. Pessoas saudáveis refletem e fazem um autoquestionamento
quando são confrontadas. Armando, por mais que possua uma baixa autoestima
blindada pela valorização de sua imagem, quando eu o questionava, isso lhe causava
uma insegurança imensa.
A morena foi visitar sua irmã mais velha no residencial Novo Mundo.
Num instante em que ficou sozinha, Andreza estava revendo algumas fotos
armazenadas em seu telefone celular, quando encontrou alguns “prints” que salvou de
umas mensagens enviadas para seu ex-namorado.
Armando estava trabalhando em outra cidade e sua garota lhe enviou esta
mensagem:
“Meu amor, hoje o dia foi bastante corrido, mas fique sabendo que eu não
me esqueci de você por nem um segundo sequer. Sei que tudo o que estamos
plantando no presente valerá a pena no futuro próximo. Você é a luz que ilumina todas
as flores do meu jardim. E eu prometo cuidar muito bem desse nosso jardim. Eu te
adoro!
“Meu amor, resolvi lhe enviar esta mensagem para dizer que eu também te
adoro. Você faz total diferença na minha vida e sinto que tudo o que eu faço ao seu
lado dá certo. Agradeço-lhe a demonstração de seu carinho de forma tão afetuosa.
Você é a minha pessoa e sei disso porque me sinto totalmente confortável ao seu lado.
Eu quero você para sempre comigo!”
“Eu tô mandando esta mensagem, mas queria mesmo era estar com os braços
em volta do seu pescoço, dando aquele beijo mais que especial que só a gente dá!
Infelizmente, não vou poder fazer isso hoje, por isso pensei em te escrever estas
palavras, só pra não deixar passar em branco essa vontade absurda que me deu aqui
de te amar agora mesmo. Que os dias corram rapidinho pra estarmos juntos de novo!
Em outra oportunidade a jovem enviou a seguinte mensagem:
E outro dia:
“Toda vez que eu abro o WhatsApp para falar com alguém ou resolver
alguma coisa, e vejo o seu nome aqui na lista de contatos e não resisto a abrir; ai
como suas mensagens me agradam, você não tem a mínima noção disso; como
elas me fazem bem e me acalmam em meio às tribulações. Eu te amo e poderia
fazer mil e uma declarações todos os dias — sem exagero. Mas como não quero
ficar te importunando, vou apenas dizer que estou morrendo de saudade e que
não vejo a hora de estar contigo novamente!
- Ah, irmã, eu não gosto de muito mel nas conversas - revelou Andreza; -
quando eu penso o quanto me esforcei para enviar aquelas mensagens de amor para
Armando por nada, eu sinto ódio. O arrependimento é completo!!
___________________________________________________________
PARTE II
Quando Andreza chegou da faculdade, sua mãe a indagou: (na época a morena
ainda morava na casa de Ester).
- Eu estava lendo a Palavra de Deus. Também estou hoje sem sono até agora.
- O que foi, mãe? Quando a senhora fala que deseja conversar comigo eu já fico
ansiosa e tensa.
- Filha, eu queria saber das suas amizades. Não vejo mais você falar com suas
amigas da Igreja e você quase não tem mais contato com suas ex-colegas de faculdade.
- Filha, eu queria te perguntar: quem é essa sua amiga que não é brasileira. O
nome dela é Valentina Valdez e ela tem trejeitos mesmo de não ser daqui.
- Fui procurar seu carregador pois não achava o meu. Você deixou seu celular e
eu fui olhar. Desculpe. Bateu curiosidade. Uma mãe não pode olhar o celular da filha?
- Traga ela aqui em casa, qualquer dia desses. Pode convidar – pediu Ester.
- Andreza e como ela veio parar aqui no Brasil. Tenho medo. Ouço na televisão
que há tanto tráfico de drogas na Colômbia. Desculpe as ideias preconcebidas, mas
tenho medo de esse pessoal ser envolvido com tráfico. O pai dela trabalha com o que?
- Ela veio com o pai porque ela colocou um negócio no Brasil. Ele tem uma
representação de peças para barcos. Tem filiais em Belém e em Fortaleza. Fique
tranquila, eu já falei com ele umas 3 vezes no shopping. Ela é pessoa de bem. É gente
honesto e trabalhador.
- Certeza, filha?
-Sim, mãe. Não preciso mentir por uma bobagem como essa.
- Ela diz que não e acredito que ela fala a verdade; ele não tem ninguém aqui .
- Em torno de 42 anos.
- Então ele é novo ainda, relativamente novo. Filha, não me leve a mal, não vá
se envolver com esse cara. Deus me livre de você ir embora do Brasil. Acho que eu
morreria ou ia atrás de você.
- Não, mãe, não tem nada a ver. Não tenho uma pretensão com ele, nem ele
comigo. O pai da Valentina vai visitar a esposa de vez em quando, acho que em
intervalos de 3 em 3 meses. Já ouvi ela comentando umas duas vezes que ele estava
no país deles.
- Sim. Por que não? Ela mora em apartamento e ela é bem independente. Ele
viaja bastante para Belém e Fortaleza e ela muitas vezes não vai com ele. Ela gosta
muito daqui. Ela até já comentou comigo que acredita que não volta mais para o país
dela. Ela já está aqui há quase 2 anos, está bem adaptada e quase já não tem mais
sotaque espanhol.
- Uma irmã.
- A mãe dela não quer viajar de avião e não simpatiza com o Brasil. A irmã dela
é mais velha, já é casada e trabalha muito, como dentista. Ela também possui um
restaurante em Cali.
- Mãe, na verdade ela gosta mesmo é dos rapazes daqui. Ela adorou os
brasileiros e não quer mais ir embora.
- E o que ela faz na vida? Só trabalha? E por que ela não trabalha com o pai?
- Ela faz faculdade de Direito. Ela não trabalha com o pai porque ela diz que
trabalho em família não dá muito certo. Ela diz querer traçar na vida um caminho
próprio e ela não gosta do serviço do pai dele. Mas ele não é chateado com ela.
- Ele se orgulha dela ser esforçada: trabalha e estudar! Que nem eu... Por isso
dona Ester, se orgulhe também de sua filha.
- Com certeza, filha. Tenho muito orgulho de você. É uma filha de ouro.
Andreza pediu licença para jantar e dormir em seguida e Ester a liberou. No dia
seguinte retomariam a conversa durante o almoço.
No dia seguinte, após o almoço, Ester procurou Andreza para conversarem
mais uma vez. Começou aquela mãe:
- Querida, você fez várias amizades no shopping. Você nem me falou de todas
elas. Por quê?
- Mãe, olhando meu celular novamente... não acredito. Pare, por favor.
- Não, jamais. Fique tranquila que é só amizade. Nunca fui e não serei lésbica
nenhum dia. Tenho convicção disso.
- Acho que sim, minha filha. Andreza, cuidado com suas amizades. Tenha
cautela com bebidas alcóolicas e nunca aceite experimentar drogas ilícitas.
- Pode deixar, mãe, sou cabeça feita. Bebo muito pouco e no tocante a drogas
sou completamente careta. Jamais quero provar das drogas.
- Mãe, vou precisar descansar antes de tomar banho. Em seguida, saio para
estudar.
- Melina, esta área é totalmente nova para nós! Tenho medo! Podemos nos dar
mal!
- Não seja pessimista! Vai dar certo! Eu percebi que você se interessou muito por
massagens!
- Nós não. Vamos contratar as garotas para fazer e pagamos por semana de
acordo com a quantidade de massagens que cada uma realizar. Preciso falar com você
pessoalmente para explicar os detalhes de minha ideia.
- Perca seu medo! Vamos entrar nessa! Nós vamos ganhar um bom dinheiro e
depois a gente monta outra coisa para nós, como um comércio ou um salão de beleza,
etc.
- Tudo bem. Venha até meu apartamento amanhã e me explique essa sua ideia
louca. Mas não prometo de cara que vou topar. Preciso pensar melhor. Você
comentou algo com Marcela e André?
- Não.
- Combinado. Beijos.
E desligaram o WhatsApp.
____________________________________________________________
Deste modo, Andreza e Melina conversaram no apartamento da morena
posteriormente:
- Andreza, podemos ganhar muito dinheiro com este negócio. Ninguém vai
descobrir.
“A gente monta um bar, um boteco, para disfarçar, e ninguém irá desconfiar.
Ajuda também a fazer o caixa 2 da casa de massagem e justificar para a família os
rendimentos que vamos obter.
- E como a gente vai dar conta de dois negócios?
- A casa de massagens funcionaria mais durante o dia e a lanchonete só abrirá
durante a noite. Por enquanto trabalharemos apenas com entregas a domicílio, devido
à pandemia. Eu fico a princípio na casa de massagens e você no bar, se você assim
preferir. Mas prometo que te ajudarei no boteco, só não todos os dias. Mas se quiser
ficar na casa de massagens às vezes não tem problemas. Como você gosta de cozinhar
vai adorar o trabalho do boteco. E você vai nos ajudar na contabilidade dos dois locais.
Andreza e sua irmã cresceram numa rua repleta de botecos e bares, como o
são muitas periferias de São Luís, e que serviam à venda de bebidas alcóolicas a granel
e pequenos lanches; isso provavelmente lhes instigou a imaginação para criarem tal
embuste. Continuaram o diálogo:
- Eu tenho medo, Melina. As casas de massagens não são estabelecimentos
legalizados. E será que nossos gênios vão se combinar nesse negócio: papai sempre diz
que não deveríamos ter um negócio juntas pois temos modos muito diferentes de
pensar e agir e ele acha que um negócio compartilhado por nós duas não duraria
muito tempo. Íamos nos desentender, brigar e desfazer a sociedade.
- Não, acredito que não. Temos muita parceria e cumplicidade. Vamos nos
entender bem. Quanto à regularização da casa penso assim: a cidade têm vários
locais semelhantes e funcionam sem ninguém reclamar. Ninguém mexe, não. O poder
público é conivente com esse tipo de atividade. Não chega a ser crime mais. Já se
aceita.
- E André? Você comentou algo com ele? Se namorado está sabendo de nossos
projetos?
- Sim, terminei contando nossa ideia para ele. Não posso esconder isso de
André!
- E ele concordou? - indagou Andreza.
- Ele disse que vai apoiar minha ideia. E até pode dar um suporte. Afinal, ele é
policial, tem arma e pode nos proteger.
- É verdade, porque poderá ser perigoso em alguns momentos. Atender gente
de toda espécie é complicado. Há clientes muito exigentes e podemos atender algum
vigarista, que não queira pagar pelos serviços. Eu já soube também de clínicas que
foram assaltadas.
- André vai fornecer o suporte e a segurança. E ele vai procurar um local para
começarmos e providenciar o aluguel. Ele tem renda suficiente e documentação para
fazer contratos de locação junto à imobiliária. Porque quase todos os imóveis são
contratados com imobiliária.
- E precisamos nos estabelecer num bairro bom para que os serviços de
massagem tenham um bom preço e a casa seja bem frequentada. Vamos conhecer
tanta gente importante, já estou imaginando. Além disso acho bom que o boteco e a
clinica de massagens fiquem perto um do outro para facilitar nossa administração. O
que você acha?
- Sim, melhor que sejam próximos. Vou falar com André.
- E você está pensando em colocar onde? Qual bairro?
- Ali pela Cohama. É bairro muito bom, frequentado por boas pessoas, com
várias faculdades perto. André conhece ali muito bem as redondezas pois já trabalhou
num supermercado naquele bairro. Ele conhece tudo por lá. Ele disse que tem certeza
de que o negócio vai dar certo nesse bairro.
- Mas irmã, tem um problema. Se André está sabendo dos nossos planos e vai
alugar 2 casas então ele vai cobrar uma comissão dos nossos negócios? Ele vai ser
sócio e ficar com uma percentagem dos lucros?
- Não. Ele só vai pedir que receba o valor que ele desembolsar pelos aluguéis
dos pontos.
- Certo.
- Andreza, - continuou Melina - também estávamos pensando num nome de
fantasia para a casa. Pensei em espaço Meliand, de Melina e André.
Sua irmã achou estranho Melina escolher um nome incluindo as iniciais de
André e começou a achar que sua irmã estava lhe enganando e ocultando alguma
coisa. Talvez Melina planejasse colocar André como sócio e este ganhasse uma
participação cada vez maior no negócio, colocando Andreza de escanteio. Os primeiros
passos de Melina indicavam isso. Andreza poderia estar sendo enganada. Talvez
Melina achasse sua irmã muito medrosa e que pudesse abandoná-la a qualquer
momento do negócio, e André precisaria estar a par de tudo e preparado para auxiliá-
la, caso fosse preciso. Poderia ser isso, imaginou Andreza.
- Vai dar certo, Melina - concluiu a irmã. - Vamos ganhar muito dinheiro com
este trabalho e depois saímos para montar outro negócio. Vai ser algo temporário,
acredite. Nem vai dar tempo de nossa família descobrir nem de nós comprometermos
nossa reputação. E dá para juntar muita grana em um tempo relativamente curto. É
um negócio muito lucrativo, como poucos e não paga encargos trabalhistas nem
impostos. Além disso, percebo que as casas de massagens estão bombando em São
Luís e teremos muitos clientes em potencial: pequenos empresários, funcionários
públicos, universitários, trabalhadores em trânsito passando pela cidade, homens
estressados ávidos por sexo fora do casamento, turistas, mulheres lésbicas, etc. É uma
cidade portuária, e por isso sabemos que temos marinheiros e marítimos e muitos
destes homens são loucos por sexo e estão azilados, secos, distante das esposas. Eles
serão um alvo relativamente fácil para nós e cairão em nossa propaganda. O turismo
sexual cresce muito em nossa cidade e a tendência é se expandir mais e mais. A cidade
cresce a cada dia e se transforma numa metrópole. Vi que São Luís foi uma das capitais
onde mais se desenvolveu a prostituição e o turismo sexual nos últimos 20 anos. É um
ramo que está muito lucrativo e no qual vale a pena investir. Vamos ficar ricas, e sem
muito esforço, e com o dinheiro destes homens.
- Sim, vai dar certo - concluiu Melina.
Melina continuaria morando com sua mãe; porém, elaborou uma estratégia
para sair de casa e ficar na casa de massagens. A garota ruiva havia se formado em
administração pela faculdade Arquimedes, e nesta instituição de ensino arranjou
vários esquemas para sua irmã Suellen. Todavia, para ludibriar sua mãe, Melina foi
aprovada no curso de Oceanografia, em uma universidade pública, e iniciou o curso;
sua intenção era faltar às aulas de modo proposital, para poder ficar em seu negócio
ilegal ; mas veio a pandemia, e as aulas presenciais foram suspensas; e a faculdade
pública não colocou aulas online; ela alegava, porém, que ia estudar para concursos no
apartamento de Andreza, e que em seguida as duas se dirigiriam para o boteco, pois
necessitavam preparar os sanduíches e hambúrgueres para o serviço de entrega
(delivery). Sua mãe fora informada sobre a abertura da hamburgueria. Todavia, no ano
seguinte, mudariam a clínica de massagens para outro endereço, próximo à praia do
Calhau, e a ruiva continuava sem frequentar o curso de Ocanografia, enganando sua
mãe.
____________________________________________________________
E assim aconteceu: André alugou duas residências próximas entre si no bairro
COHAMA, nos limtes do Cantinho do Céu. Numa delas colocaram um buteco ou
hamburgueria e no outro imóvel começaram a instalar a “clínica de massagens”.
Andreza ficava mais na lanchonete e Melina cuidava do prostíbulo disfarçado.
A casa de massagens já estava funcionando, mas o país atravessava uma crise
econômica e a pandemia do corona vírus já tinha iniciado e por isso a clientela ainda
era pequena. O “lockdown” (isolamento social) estava atrapalhando o desempenho da
casa. Também era difícil contratar garotas para treinar e para trabalharem como
massagistas. Apesar do desemprego, as pessoas tinham receio de contrair a infecção
pelo coronavírus 2019 e igualmente era complicado conseguir moças com formação
prévia em massagem tântrica. Andreza e Melina, então, terminaram por treinar elas
mesmas, nas duas semanas seguintes, duas moças que seriam as primeiras garotas de
programa do estabelecimento, uma do cabelo ruivo, e outra, uma morena, do cabelo
encaracolado, que foram batizadas de Jéssica e Nati, respectivamente.
Eram moças meio desajeitadas, sem experiência, não muito bonitas de rosto,
nem tinham o corpo muito atraente; a garota ruiva, ainda por cima, era chata, tinha
suas exigências (banqueira, botadeira de banca, como citavam alguns usuários), e
cheia de frescuras, segundo os clientes; e a morena, era um pouco fora de forma,
como se pode dizer, mas era um pouco mais fácil de lidar do que sua colega. Elas não
agradavam a todos os clientes, faltavam ao serviço às vezes e deixaram alguns usuários
da casa descontentes, o que atrapalhou o êxito do negócio ilícito. Não eram todos os
horários que havia massagistas na casa. André alugara duas casas na Cohama, uma
para albergar o boteco e outra para instalar a casa de massagens. Começaram a
anunciar também o prostibulo e seus serviços num portal de divulgação de negócios
da capital maranhense.
Andreza, por sua vez, foi escolhida para fazer uma fotografia deitada numa cama
só de calcinha e sutiã de renda, em pose considerada sensual, cobrindo seu rosto
porém com um emoji, de modo a não divulgar sua identidade e para que não fosse
reconhecida por ninguém. Ela se tornou deste modo a garota propaganda do
estabelecimento e sua foto ficou estampada na página do site criado e pago por eles
para fomentar sua atividade. Mesmo com muito debate entre os cúmplices e com
divergência de ideias foi afinal escolhido o nome Espaço Meliande para denominar a
casa. Este nome, todavia, só era divulgado na Internet e no número de whatsapp da
casa. Na fachada do imóvel alugado não havia qualquer alusão ao negócio ilegal, para
não chamar a atenção dos vizinhos e das autoridades.
Melina também criou uma conta de e-mail para ajudar no gerenciamento dos
negócios e uma conta no Instagram. Esta conta divulgava um número de telefone
celular com WhatsApp destinado à contratação de mais massagistas para serem
exploradas como garotas de programa.
Posteriormente, André convidou para trabalhar na casa de massagens uma colega
que tinha conhecido no serviço de call-center e após ter sido demitida já havia
trabalhado como operadora de caixa em uma loja, mas também já deixara este
trabalho alguns meses atrás e se encontrava desempregada. Ela foi atraída pela
proposta de receber uma quantidade de dinheiro bem maior que seus empregos
anteriores e trabalhando numa carga horária menor por semana. André fez todo o
canal de comunicação com ela e a contratou.
Após alguns meses então decorridos da inauguração da clínica de massagens
Melina e Andreza ficaram sabendo de dois sites de divulgação de encontros sexuais.
Foi então que cadastraram mais um telefone celular em conta pré-paga (os dois no CPF
– cadastro da pessoa física e nome de Melina) e passaram a divulgar as garotas da
casa nestes sites para aquecer o esquema de prostituição. Melina solicitou junto às
operadoras de telefonia celular o bloqueio da divulgação de seus dados pela
operadora para dificultar que alguém descobrisse a pessoa responsável legalmente por
aqueles números de telefone celular, pois como tinha trabalhado em um serviço de
call-center e telemarketing sabia todos os macetes e segredos desta área.
___________________________________________________________
- Meu bem, você já teve algum fetiche comigo? – quis saber a garota.
- Sim, amor.
- Qual foi?
- Eu queria transar com você dentro de uma cabine da roda gigante, num
parque de diversões.
- Mas não daria tempo. É muito rápida a volta do brinquedo. Essa sua fantasia é
difícil de se concretizar. Pense em outra.
- Devia ter contado mesmo assim. E nunca teve mais nenhuma outra fantasia
ou fetiche comigo?
- Melina, eu tenho um fetiche de transar com você vestida de policial com uma
roupa toda emborrachada e colada ao corpo.
- Agora melhorou. Gostei desse. André, você acha normal uma garota ter
vontade de praticar fetiches na sua relação com alguém?
- Eu acredito que é normal possuir algum tipo de fetiche sexual. Inclusive, isso é
algo tão particular que cada pessoa irá ter o seu - declarou André. – Você tem algum
desejo sexual oculto, meu amor? - quis saber o rapaz.
- Acredito que tenho – respondeu a jovem. – Mas não quero revelar agora. Eu
imagino que independente dos tipos de fetiches, a característica mais importante é a
concordância dos envolvidos, ou seja, um fetichista não pode impor ou obrigar seus
desejos para o outro – continuou Melina.
- Com certeza.
- Amor, estou pensando em criar uma conta no Instagram para relatar casos
picantes de sexo: histórias reais vividas pelos próprios seguidores, inclusive as nossas.
Não precisa dizer que a história é da gente quanto publicar. Você entendeu?
- Que idéia maluca, meu bem. Mas pode ser. E qual seria o nome da conta?
- Pois vou reduzir o tamanho. Eu contei a minha ideia para Suh. Ela disse que
topa entrar.
- É verdade?...
- Ela me disse até que já possui umas histórias bem maliciosas para
compartilhar.
- É mesmo? A Suh?
- Vou criar essa conta; você vai ver como var ser legal.
E foram transar.
____________________________________________________________
Andreza e Melina estavam conversando sobre a casa de massagens alguns dias
depois. A segunda conseguiu duas pretendentes para iniciar o trabalho como
massagistas em seu estabelecimento. A irmã caçula indagou então a morena:
- Andreza, como vamos fazer para treinar as meninas se nós não sabemos nada
de massagem tântrica?
- E se eu ficasse uns dias na casa de massagens do meu amigo para tentar
aprender alguma coisa? – redarguiu a irmã do meio.
- Não, Suh, não considere esta possibilidade - opinou a ruiva. – Não quero que
você se arrisque. Se você for para lá não vai poder ficar só olhando, senão o dono
desconfia que você deseja aprender para montar uma casa de massagens para você.
Não desejo isso para você. Seria demais. Não precisa se arriscar a esse ponto.
- Você acha?
- Sim. E não quero que você se submeta a uma experiência dessas de fazer
massagens com sexo. Se nossos pais descobrissem seria um escândalo e penso que
eles iam querer matar nós duas. Já estou imaginando a confusão que seria.
Andreza pensou por uns segundos e falou a seguir:
- Ah! Vamos assistir a uns vídeos na Internet e a gente ensina para elas as técnicas e
os tipos principais de massagens. Elas treinam uma na outra e nós fazemos a
supervisão.
- Você acredita que a gente daria conta do serviço?
- Tem tudo para dar certo.
- Não conhece outra pessoa que pode treiná-las ?
- Para falar sincero, não!
- Andreza, você não tem vergonha de ensinar as massagens para as duas meninas
que estão interessadas em começar?
- Não. Mas você precisa me ajudar, Melina.
- Então vou estudar sobre estas massagens. Andreza, você sente algum
desconforto planejando o que nós estamos prestes a fazer? Está tudo bem? Como
você está se sentindo?
- Fico confusa, minha cabeça vai a mil. Posso estar fazendo algo que é errado e
totalmente contra meus princípios.
- Mas precisamos de dinheiro, irmã. E não faremos mal a ninguém. E este negócio
será temporário; será apenas para conseguir capital para iniciar outro
empreendimento. Não pretendo ser dona de uma clínica de massagens a vida toda.
Acho que você compartilha este mesmo pensamento comigo.
- Sim.
- Vai ser por pouco tempo. Eu espero. Posso contar com você?
- Pode. Irmãs e amigas de confiança total. É o que nós somos.
- Amém. Acredito na nossa cumplicidade.
E encerraram aquela conversa.
Elas decidiram então colocar as duas primeiras garotas para treinamento uma
na outra, sob a orientação das irmãs. E foi deste modo que as duas primeiras garotas
após cerca de duas semanas de treinos e ensaios se sentiram preparadas para atender
os primeiros clientes. As idealizadoras do estabelecimento também recomendaram
que elas visualizassem muitos vídeos na Internet com as mais diferentes técnicas de
massagens eróticas. As patroas combinaram com suas funcionárias os valores das
massagens sem e com sexo, e acertaram as porcentagens a serem repassadas para as
garotas e a forma de pagamento. E a casa iniciou suas atividades, embora com
movimento muito baixo, pelo fato de o negócio ser novo e por conta da pandemia.
Melina chamou uma amiga chamada Neuzélia para ser recepcionista do local. André
conseguiu alguns clientes, convidando colegas militares para frequentar a casa. Após
cerca de 6 meses, conseguiram um imóvel de melhor localização e se mudaram.
Neuzélia saiu e foi substituída por outra recepcionista.
Alguns meses depois, André parou seu carro na rua atrás da clínica de
massoterapia e passou por uma parada de ônibus, onde três rapazes falavam sobre um
local do bairro onde havia serviço de massagem tântrica. Como os três homens não
tinham visto o militar sair de seu veículo e como este se encontrava à paisana, André
disfarçou que também ia esperar por um coletivo, e ficou por ali para flagrar o diálogo
dos três. Eis o que eles comentavam:
- Essa casa de massagens é uma furada; fica na rua aqui atrás; eu já marquei lá
umas duas vezes; chego lá e não tem nenhuma massagista me esperando; um
absurdo: fazem pouco caso da gente. Eu não recomendo para ninguém.
Outro disse:
- Pois eu já fui até lá duas vezes e fui bem tratado. Deu tudo certo.
- Pois você teve sorte. – replicou o primeiro.
O terceiro amigo se pronunciou então:
- Também não gostei nada de lá. Eu marquei um programa de sexo neste
estabelecimento pela Internet; não combinei nenhuma massagem; cheguei na casa e
me repassaram para uma ruivinha que eles dão o nome de Jennifer e que tinha a
maior cara de fresca. Fomos para o quarto e ela só queria fazer massagens e nada de
sexo; eu reclamei com ela, a ruiva branquela bem mais-ou-menos veio com a história
de que o principal era a massagem e o sexo era somente no final, após a massagem. A
dita cuja ficou toda irritada, pegou o telefone celular e falou com alguém e ela
chamou por fim outra garota para fazer o atendimento. Ela colocava muita banca;
parece até que quem estava pagando era ela, e tinha a maior cara de nojo; sei que eu
me senti enganado. Paguei pelo serviço meia-boca, fui embora sem dar tchau e não
voltei nem quero retornar mais. Depois disso um colega meu também disse que
marcou no mesmo local com uma morena chamada Naty, que pela Internet parecia
bonita de corpo. Quando ele compareceu ao local, parecia outra pessoa; não lembrava
nada a garota das fotos no site: era bem mais gorda e fora de forma. Ela até tentou
agradá-lo em seu programa, mas ele achou ela fraquinha e também se sentiu
prejudicado com a propaganda enganosa.
- E os concursos públicos?
- Vou dar um tempo agora para mim. Eu já prestei três concursos, mas
infelizmente não deu para passar ainda.
- Fé, amiga, que você passa já, já num bom concurso. Não perde o foco: continua
estudando!.
- Com certeza, Trícia. Mas vou dar uma parada nos estudos por uns três meses
para descansar minha mente.
De fato, Andreza não havia cursado Ciências Contábeis por afinidade, mas por falta
de opção. Mas, como era muito indecisa, nunca escolheu outra área profissional para
seguir, e foi empurrando até terminar o curso.
A garota também tentou três ou quatro concursos, um deles inclusive bem no início
de sua faculdade, mas não obteve sucesso nas provas e não foi aprovada. Suellen
realizou poucos concursos públicos; não possuía muita motivação para estudar e
pensava que não conseguia estudar sozinha; não conseguia ser autodidata e tinha
dificuldade para pagar cursos preparatórios; faltavam-lhe disciplina e força de
vontade, infelizmente.
- E você vai trabalhar com o quê agora? Já está procurando outro emprego?
- Estou me decidindo sobre o que faço da vida. Estou igual aquela música do
Skank: “ Vou deixar a vida me levar para onde ela quiser...”
- Deixei. Não deu mais certo. Terminei com o Armando. Minha vida amorosa é um
fracasso, amiga. É igual um belo desenho que representa uma linda história de amor,
só que é desenhado na areia da praia, bem próximo ao mar. Quando eu penso que
está tudo bem, vem as ondas do mar e desmancham todo o meu desenho, acabando
com meu sonho. Assim é minha vida amorosa. Sem sucesso...
- Calma, amiga, não fique desiludida. Quando eu perdi o Rafael também foi difícil;
ele era por assim dizer “tudo” para mim. Então, ele se mudou do nosso estado e
preferimos terminar, pois acho que ele não volta mais e não quero viver longe de
meus pais. Eu juro como imaginei que não encontraria mais uma pessoa como o Rafa.
Quando terminamos, fiquei mal; se eu fosse católica, penso que ia procurar ser freira.
Estava desiludida com relacionamentos afetivos. Ele, meu-ex, ainda me liga,
conversamos pelo zap, pergunta como eu estou e como está meu namorado. Ele
também já tem outra pessoa na vida dele; torço para que ele seja feliz, pois ele o
merece. Ele é muito amigo e atencioso comigo. Pois é, eu estava infeliz, quase
desiludida pela saudade do Rafael e ai apareceu o Victor, que também é maravilhoso e
veio suprir minhas necessidades. Por causa dele comecei a fazer Psicologia e queremos
fazer doutorado e ser professores e pesquisadores. Temos essa meta e vários planos
juntos. Ele é meu farol que me norteia. Rafael já o conhece pelo Whatsapp e
conversam muitas vezes. Então, sou muito feliz, pois tenho um novo amor e continuo
amiga de meu antigo amor. E sei que Victor é adulto e me entende. Graças a Deus sou
feliz.
___________________________________________________________
Melina veio contar para Andreza que ia contrair noivado com André. Era nítido
o brilho dos seus olhos para dar a notícia. A irmã caçula disse então:
- Suh, eu e o André vamos noivar. Vai ser no próximo mês. Vamos comunicar
nossos pais. Estou muito feliz.
Andreza se mostrou surpresa e retrucou.
- Que legal, minha irmã. Que notícia boa. Mas ele nem havia te entregado um
anel de compromisso... Fiquei surpresa.. Tudo foi muito rápido...
- Sim, é verdade. Preferimos noivar logo, direto, sem história de anel de
compromisso.
- E vocês já pensaram em uma data para se casar? – quis saber a morena.
- Eu imagino que seja logo, porém não determinamos uma data provável ainda -
respondeu sua irmã. - Andreza, eu quero que você e Marcela sejam minhas madrinhas.
- Será com todo o prazer.
Andreza neste momento não conseguiu esconder uma certa inveja. Ver uma
irmã mais nova assumindo um compromisso afetivo sério e estando prestes a casar
gerou em Andreza um sentimento de desconforto, como de alguém que está sendo
passado para trás. Com seus insucessos no campo amoroso Andreza já sentia
dificuldades em lidar com a felicidade alheia e alimentava certa inveja ao constatar a
felicidade de outra pessoa e que ela continuava na estagnação em sua vida afetiva. Até
a satisfação da irmã prestes a noivar parecia lhe incomodar um pouco.
Andreza, porém, se esforçou e disse as seguintes palavras para Melina:
- Minha irmã caçula, eu desejo que você seja muito feliz! Que Deus abençoe
sua união com André e que vocês continuem sendo um casal muito feliz!
- Obrigada, Suh. Já estamos vendo um local para realizar o evento, mas já te
adianto que a recepção será apenas para nós: pais, irmãos e sobrinhas. Eu vou
convidar minhas irmãs e André vai convidar o irmão dele. E nossos pais. Somente. Não
podemos gastar. Não temos muito dinheiro!
- Parabéns, Melina, você merece! – concluiu sua irmã.
Após esse dia, porém, Suellen começaria a modificar seu comportamento com
relação a Melina e terminaram por se desentender e tiveram algumas discussões.
- Eu não gosto de contar spoilers, mas não sei se você terá paciência de assistir
algum dia este filme. E é um pouco antiga a filmagem. Chama-se “Jovem e bela”, e
traz a estória de uma garota melancólica, de nome Isabelle Blasé mas que, ao mesmo
tempo, e de forma contraditória, é uma mulher extremamente sexual. Ela sinaliza bem
aquela dualidade: “Ora devassa e ora inocente, tudo numa mesma pessoa”. A garota
divide seu tempo entre a escola e o trabalho como prostituta de luxo, utilizando o
pseudônimo “Lea”.
“Fica claro para a gente a vida dupla que Isabelle leva: enquanto explora sua
sexualidade, sempre com clientes mais velhos; ela continua mantendo uma persona
completamente diferente da que se apresenta aos seus clientes, como uma adolescente
recatada (assim se pensa), que vai da escola para casa e de casa para a escola.
- O filme é um drama?
- Sim, eu gostei desse filme; ele consegue ser realista em certas coisas, como,
por exemplo, a gente saber como funcionam as negociações de prostitutas e clientes,
a diversidade de clientes, personalidades envolvidas e etc. Contém muitas cenas
eróticas, nudismo parcial, e uma protagonista tímida, reservada, mas quando quer ela
sabe ser provocante e tentadora, e claro o filme tem muitos problemas com relação a
muitas coisas, mas esse tema "prostituição" me chama a atenção, e esse filme foca
nisso, esse é o centro do filme.
____________________________________________________________
- Amiga, é uma pena pensar que voce quer sair de nossa cidade, - continuou
a ruiva - mas, se eu fosse você, eu me mudaria para Fortaleza, no Ceará. É uma
cidade grande, desenvolvida e não fica tão distante.
Ela e seu cunhado foram se aproximando cada vez mais e Melina imaginava que
era tudo apenas amizade.
André conseguiu comprar seu primeiro carro e ofereceu carona para deixar a
cunhada em seu apartamento.
Na verdade, tudo havia sido combinado entre eles e o “casal” foi parar no
motel. Melina estava num curso preparatório para concursos públicos.
- Como assim?
- Acho que eu também ... Mas pensei que você estava querendo dizer que
queria deixar a Melina para ficar comigo ... Isso eu não quero. Deus me livre e guarde
arrumar confusão com minha irmã caçula. Ela é muito zangada e vingativa. E a Mel é
apaixonada demais por você.
- A Melina vai estar hoje à noite no preparatório para o concurso que ela vai
fazer.
- Sim, vamos. A Melina é ciumenta demais, mas será que com você ela não
aceita a gente formar um trisal?
- Eu quero apenas que a gente se divirta e que seja bom para mim e para você.
E posso te ajudar de outras formas – insinuou o cunhado.
Naquele dia, foram para um motel e transaram pela primeira vez. Depois disso
continuaram se encontrando para fazer sexo, de modo secreto, uma ou duas vezes por
semana, sem a suspeita de suas famílias.
Andreza já vinha percebendo aos poucos os interesses de André por ela e sabia
que começando a transar com ele poderia obter algumas vantagens e alguns
presentes. De fato, desde as primeiras transas, André lhe presenteou com um aparelho
de celular novo e roupas, mas isso era pouco para satisfazer Andreza.
Ela também passava por crises de identidade e de ciúmes na sua relação com
André e não aceitava nem desejava ser a outra na vida de um homem e já
mancomunava como se livrar desta ingrata situação.
uma vez, mas eu fiquei de responder – revelou Suellen. - O que pensam sobre o
mènage?
- Bruna, são muitos casais que têm fetiche em fazer o famoso “ménage à
experiência pode ser prazerosa, mas também pode se tornar um desastre total, se o
parceira é ciumento e você não se dava conta disso.
- Para que o sexo a três dê certo, eu penso que é importante garantir que o ato
seja uma fantasia de todos e que haja limites. – opinou a morena de cabelo cacheado -
O que costuma acontecer é o homem querer introduzir uma terceira mulher na
relação e a companheira cede para não perdê-lo e para satisfazê-lo.
fazer sexo com a parceira e outra mulher, mas não aceitam quando a parceria sugere o
a fantasia é muito diferente da experiência e, por isso, vale começar aos poucos –
comentou Val. - Eu, por exemplo, fui a uma casa de swing em Cáli, na Colômbia,
para ver outras pessoas transando, flertando e interagindo com outras pessoas - tudo
sem chegar nos “finalmentes”.
- Ah! Eu imagino que na maioria das vezes o casal não precisa do sexo com uma
terceira pessoa para se satisfazer – disse Anália. - Por outro lado, se eles forem a uma
casa de swing, mas sentirem ciúmes um do outro, só ficarem brigando, pode significar
que não estão prontos ainda para ter essa experiência.
– revelou a morena de cabelo alisado - e seria necessário uma conexão prévia com
ela.
- Por esse motivo que o casal deve conversar entre si e estabelecer limites para
- Eu sei que neste tipo de relação, como quem quer experimentar o sexo a
três sendo a terceira pessoa, deve-se estar preparado psicologicamente para viver uma
- Mas eu também aprecio o sexo a três com estranhos. Acho até mais excitante
- contou a garota ruiva.
não tem nada a ver com questões de ciúmes. O entrosamento, como você citou
- Eu namorava há uns três ou quatro anos na época e sempre fui muito aberta
com relação a isso. Eu era bissexual e meu ex-namorado era hétero – contou a
rolando da minha parte, com ele ciente de tudo, só que ele era extremamente
ciumento. Fora isso, era um relacionamento bem abusivo, coisa que eu só fui me dar
conta muito tempo depois de terminarmos.
“Mas, enfim, no dia nós fomos para um bar com ela, bebemos bastante e
fomos para um motel depois. Só que ele começou a meio que surtar a cada interação
que eu tinha com a menina. Fechava a cara, ficava puto. Ele achou que a gente ia estar
lá para servir ele, sabe? Aí quando ele viu que eu também estava curtindo, começou a
ficar mega incomodado com a situação, chegou ao ponto de jogar cerveja em mim
para que eu parasse de interagir com ela.
“Ele até disse que derrubou sem querer, mas eu vi que não tinha sido assim.
Então, na hora de dormir, ele não queria que eu ficasse encostada com ela, ficou super
bravo com isso. Enfim, tornou algo que era para ser prazeroso para os três em algo
mega desconfortável pra nós duas.
“Mas eu tenho para mim que o problema foi ele, não o ménage em si, por isso
ainda faria numa boa com meu companheiro atual. Com um casal [sendo a terceira
parte] já não tenho tanta vontade, mas não digo nunca, porque sempre pode
acontecer".
“Quando o assunto é sexo, um é bom, dois é bom e três não é demais! Vocês
não acham, amigas? – concluiu Valentina. E suas colegas não disseram mais nada.
Aconteceu que Melina ficou doente e acamada e foi para a casa de sua mãe
para que esta pudesse cuidar de sua saúde.
- Suh, você vai ter que ficar na casa de massagens. Acredito que eu vá me
afastar uns 3 dias. Estou com muita enxaqueca e bem gripada. Fiz o exame para covid-
19 e graças a Deus deu negativo. Só que a gripe está forte demais e o médico que me
atendeu prescreveu um antibiótico por 7 dias. André todos os dias após sair do curso
de oficiais vai dar uma passada aí para ver se está tudo bem. Ele vai te dar uma força.
Nestes dias você não precisa abrir o boteco. Acho melhor você não abrir, para não se
cansar demais. A casa é prioridade, penso eu.
- Tudo bem, Melina. Recupere-se bem. Deixe comigo. Vou cuidar bem de nosso
negócio. Estefane e Nati estão indo todos os dias ?
- Sim. André conseguiu uma outra massagista. Ela começou ontem. Batizamos
ela de Paula.
- Muito bem.
- Sim. Eu disse que você fica à tarde e à noite no boteco. E pela manhã no seu
apartamento, e almoça todo dia em casa. Ela comentou que gostaria de visitar o
boteco por estes dias, mas pedi para ela só ir semana que vem, para não me deixar só
e para ela não descobrir que você não vai abrir a lanchonete nestes dias. E perguntar
onde você estava.
- O Albert está ótimo. Você tem alguma dúvida quanto à casa de massagens ?
- Ah, mais uma informação; A Ívina, que fica na recepção e respondendo o zap,
chega 8 h. Só abra as portas depois que ela chegar. Ah, outra coisa. Ela tem o telefone
de um sargento, nosso amigo; caso aconteça algum imprevisto, é só mandar uma
mensagem dizendo Casa Laura Massa e ele vem correndo nos socorrer. Anote o
número do WhatsApp dele no seu aparelho de celular também. Dou uma cortesia de
massagem para ele 1x ao mês.
- Tchau.
Andreza ficou deste modo responsável pela casa de massagens por 3 dias.
No primeiro dia, Nati, Paula e Estéfane foram realizar suas massagens e seus
programas, mas apareceram poucos clientes. Andreza ficou no quarto de Melina
deitada na cama vendo zap, Instagram e YouTube. Só saia do quarto para receber o
pagamento das massagens das mãos de Ivina. Depois voltava ao quarto e ficava
trancada. Andreza controlava o WhatsApp, ao contrário do que sua irmã fazia e
avisava sua funcionária por um ramal de telefone quando um novo cliente estava
chegando. André dava uma passada todos os dias por volta de 15 h e em seguida ia
para a casa de Ester para ver Melina.
André trocava de roupa ainda no quartel para não dar pistas aos vizinhos e
sempre usava bonés e óculos escuros. Também estacionava seu carro em outra rua, há
2 ou 3 quadras de distância e vinha caminhando. Possuía uma cópia da chave do
portão e entrava rapidamente, para não ser notado pelos vizinhos.
Ocorreu, porém, que iniciou na cidade uma greve dos ônibus repentina no dia
seguinte e apenas Andreza conseguiu chegar à casa, pois foi de “Uber”. As outras
garotas não apareceram, nem Ivina, pois moravam distante e dependiam dos ônibus
coletivos.
Perto de 11 h chegou o segundo cliente. Seu nome era Igor Sotero. Pediu para
ela explicar como seria a massagem e dirigiram-se ao quarto, tendo tudo ocorrido de
forma semelhante ao atendimento do cliente anterior, com a diferença de que
Andreza se sentiu mais solta e mais à vontade na sessão de massagens do segundo
cliente.
Cada um quis fazer uma massagem com uma hora de duração e pagaram R$
150,00 pela sessão, cada um. Foram muito educados e saíram satisfeitos, apesar da
massagem sem sexo.
Andreza ficou encucada, e sem entender bem como aqueles rapazes, que
tinham pago R$ 150,00 cada um por uma simples massagem sem sexo, saíram
agradecidos. Eles contaram que era a primeira vez deles numa massagista e que
estavam estressados, precisando daquela terapia. Andreza, por sua vez, escondeu
deles a informação de que era também sua primeira vez fazendo aquilo num cliente e
pareceu que eles não perceberam nada com relação a isso. A moça sentiu-se bem após
aquela sessão de massagens, sendo que ficou nua sobre eles fazendo massagem nuru,
além de massagem tailandesa e lingam, vestida com um baby-doll. Foi-lhe agradável
realizar aquelas massagens e se sentiu competente, como se fosse algo que estivesse
habituada a fazer. Aquilo tudo lhe produziu satisfação e não ficou tímida ao se despir
diante daqueles dois homens. Sempre tivera vontade de fazer massagens em um
homem estranho e aquele dia matou sua vontade.
Andreza contou depois para Melina que fez duas massagens sem sexo na clínica
de massoterapia:
Passaram-se mais dois dias ainda com a greve dos ônibus, mas tudo enfim
retornou ao normal.
- Mel, você nem sabe o que aconteceu no primeiro dia de greve, quando as
garotas não vieram trabalhar?
- Você fez massagem com finalização? Final feliz? – quis saber sua irmã,
apreensiva.
- Verdade?
- Sim, confie em mim. Foi a única grana que nós faturamos no espaço durante 2
dias. No segundo dia de greve eu não abri a casa. As meninas disseram que não
viriam..
- Sei. Estou melhor, Suh. Volto amanhã para minha casa e vou reabrir a clinica.
Espero que a greve se encerre mesmo amanhã.
- Não. Não contei nada para ele. Também não conte... Não permito.
- Eu avisei que era sem sexo. Eles aceitaram. Os dois eram bobinhos e era a
primeira massagem deles! Ainda saíram me agradecendo e dizendo que voltariam.
- Eu acredito que elas não vão descobrir. Posso inventar depois que foi outra
pessoa, se elas me questionarem. E eu não dei meu nome verdadeiro para eles. O
quarto de massagens estava com meia iluminação. Acho que eles nem gravaram meu
rosto direito.
- Sim. Estou.
- Eu já ia te visitar amanhã; desta forma não precisa mais. Nós nos vemos
amanhã. Dou uma passada em sua casa, antes de abrir a hamburgueria.
- Combinado. Andreza, só mais uma coisa: você ficou nua com os caras? Fez
massagem pelada?
Andreza então preferiu mentir.
- Não, Mel, não tirei toda a minha roupa. Fica tranquila. Permaneci de calcinha
e sutiã.
Melina era morena, mas a partir de 16 anos de idade começou a pintar seu
cabelo de vermelho e como não gostava de ir à praia foi ficando com a pele mais clara
com o passar do tempo, modificando assim seu visual. A garota também não era muito
bela de corpo, tinha os seios avantajados, e por isso não achava interessante se expor
de biquini na orla da capital. Como não desejasse se expor demasiadamente ao sol, foi
ficando com a pele muito mais clara e com a aparência de uma pessoa que nunca se
bronzeia e fica com um tom de pele muito branquelo. Deste modo, André começou a
notar que convidava sua namorada para banhos de mar e ela recusava e assim passou
a levar Andreza para dar uns rolés e umas escapadas nas praias, algumas vezes com o
consentimento de Melina. Aproveitavam, pois, essas oportunidades para saírem para
os motéis e para transarem. Alegavam que iam jogar sinuca com uns amigos e dar uma
passada para um banho de sol na orla, mas em verdade eram pretextos para traírem
Melina. Assim, faziam seus almoços nos motéis. Desligavam o GPS (*) e o sinal de
Internet dos seus smartphones para não serem rastreados.
Assim que Andreza soube por sua irmã que o noivado já tinha data certa o
comportamento da morena começou a mudar. Parecia que Suellen estava com ciúmes
da irmã e queria chamar mais atenção na família que a própria noiva. Suh também se
empenhou em encomendar de uma costureira um belo vestido longo e de saia rodada,
num tecido finamente quadriculado.
- Melina, por que você já vai se casar? E como vão ficar nossos planos na casa
de massagens? Como vai ficar nossa sociedade após você se casar?
- Por que vocês não esperam ele concluir o curso de oficiais? E onde vocês vão
morar? Na casa de massagens? Ou vão alugar outra casa? Ele vai ter condições agora
de manter duas casas? Ele ainda ajuda o irmão que faz faculdade...
- Você está se incomodando demais com nossa vida. Pare! Vamos dar um jeito.
Mas não tenho certeza de que a gente já vai morar juntos.
- Uma hora eu vou ter que cortar o cordão umbilical com a mamãe. Eu já tenho
mais de 20 anos. Está na hora – continuou Melina.
- E como vai ficar meu negócio com você com seu noivado agora? Você
prometeu que só ia noivar depois que a gente colocasse uma segunda unidade da casa
de massagens para eu administrar. Eu acho que você mentia.
- Eu não admito você falar isso, Suh. E você não vai dar ordens em mim. Essa
casa de massagens é mais minha do que sua. Você sempre foi covarde. Se fosse por
você não haveria nada.
- Ah! E assim que você me trata! Eu já sabia, que a qualquer momento você ia
jogar na minha cara. Faça da sua vida o que você quiser. O papai já tinha me avisado
que eu não deveria ter nenhum negócio em sociedade com você.
- Nós planejamos que eu só noivaria mais à frente, mas tive que alterar meus
planos. Não posso comprometer minha felicidade por um compromisso como esse.
Coloque-se em meu lugar.
- Vou tentar, mas parece que você é que não pensa em mim.
- Não, isso não. Imagina – negou Andreza. – Vou passar uns dias sem ir ao
boteco e à casa de massagens. Pode ser? Quero uns dias para mim e para descansar
minha mente. Ainda não me recuperei do fim do meu namoro.
- Tchau, Melina.
E se despediram.
Dois dias antes do noivado ser consumado, Ester pediu que André pessoalmente
fosse falar com Andreza para intermediar uma trégua entre ela e a caçula. Ester não
admitia que a morena faltasse ao evento de sua irmã. O rapaz viu então uma
oportunidade de ir até Andreza. Lá chegando, ela não quis recebê-lo inicialmente, mas
depois cedeu. A morena estava na casa de sua mãe. De lá inventaram que iam jogar
bilhar num bar distante, situado em uma praia. Andreza discutiu no carro com André,
cobrando-lhe ciúmes e terminaram entrando num motel, onde ela se entregou e
satisfez sua vontade. O que ela desejava de fato era fazer sexo com ele. E de lá saiu um
pouco mansa, desistindo da viagem para Barreirinhas. Porém, continuava deixando
dúvidas se compareceria ao noivado, pois, possivelmente, ela é que gostaria de estar
no lugar de Melina, mas André não podia noivar com as duas ao mesmo tempo.
No mesmo dia, a noite, seu pai lhe ligou e tentou convencê-la a comparecer,
mas ela permanecia colocando obstáculos e deixando tudo em dúvida. Toda esta
situação preocupou muito seu pai e o descompensou psicologicamente.
Após desligarem, José não se sentiu bem, apresentou um grande mal estar e
teve que ser levado ao serviço de urgência médica por sua namorada cabeleireira. De
lá, todas as suas filhas foram avisadas e chegaram rapidamente. Havia a suspeita de
que ele estivesse iniciando um quadro de infarto cardíaco, o que foi afastado. José
sofreu um mal súbito devido a ansiedade e uma crise hipertensiva, mas felizmente
teve alta com duas horas e conseguiu que sua filha do meio cedesse e confirmasse sua
participação no noivado.
No dia seguinte, Andreza foi cedo para se maquiar e para preparar seu cabelo,
pois queria chegar no noivado de modo deslumbrante e causando sucesso. Usou enfim
seu vestido longo de saia rodada e foi ao buffet com sua mãe, usando o transporte
alternativo.
Andreza fez tudo para chamar a atenção dos presentes e conseguiu, pois estava
tão produzida quanto a futura noiva; Suellen saiu distribuindo sorrisos em várias fotos,
algumas tiradas pelo próprio cunhado. Nestas últimas fotos ela aparentava sorrir mais
ainda. Melina não desconfiava da traição dos dois.
Nos dias seguintes Andreza foi contactada por uma amiga através do
WhatsApp e sua amiga a questionou após ver algumas fotos no Instagram se sua irmã
Melina tinha noivado. Estranhamente a morena respondeu assim:
- Amiga, nem sei. Parece que foi um noivado. Nem entendi bem aquilo.
Sua amiga achou a resposta de Andreza confusa, mas preferiu não questionar
mais nada e encerrou a mensagem naquele dia. Ela imaginou que Andreza não estava
num de seus melhores dias. E desligou.
___________________________________________________________
- Suh, vamos ter que repassar 30 % do faturamento bruto da casa para cobrir as
despesas que o André está tendo – afirmou Melina.
- Mel, a gente não tinha combinado que ele receberia 20 % e esse valor já era o
suficiente para cobrir as despesas de aluguel das duas casas? - retrucou a morena.
- Mas assim Mel ele vai terminar ficando com uma parte de nosso lucro e não
vamos poder reinvestir na casa de massagens, melhorando a estrutura e trazendo mais
conforto aos fregueses.
- Andreza, meu noivo já teve muitas despesas com a gente e ele sofreu
prejuízos em alguns meses, e teve que retirar grana do bolso dele para bancar os
aluguéis.
- Eu sabia que mais cedo ou mais tarde não daria certo a nossa sociedade com a
entrada de André. Você não deveria ter chamado ele para nosso negócio. Atrapalhou
tudo.
- Não fale assim dele. Não fosse por André não teríamos casa de massagens
nem a hamburgueria.
- Deveríamos ter feito um pequeno empréstimo para nos manter nos primeiros
seis meses para não depender dele.
- É, nesse ponto você pode ter razão. Só que o nosso combinado era somente
retirar a grana dos aluguéis e repassar para o André. Mas eu fiquei desconfiada desde
o início quando você chamou seu namorado para alugar as casas.
- Suh, não fale assim. André só nos tem ajudado. Eu não agi de má fé em
nenhum momento. Eu juro. Mas eu não poderia ocultar de André uma empreitada tão
delicada como essa nossa. Além disso, eu sempre imaginei que ele nos daria o suporte
de segurança necessário.
- Pois eu já não sei irmã se nossa sociedade vai se prolongar por muito tempo –
ameaçou Suellen.
- O que é isso, Andreza? Nós somos irmãs, parceiras e cúmplices. Sem você,
como vou tocar esse trabalho sozinha? Precisamos uma da outra. Sempre. Não me
abandone.
- Mel, eu não quero me sentir traída, mas para eu continuar nesse negócio de
cabeça, preciso ter confiança e ter a convicção de que vai valer a pena para mim
também. Quero ter certeza de que também sou proprietária deste esquema e que
estamos sendo favorecidas igualmente nas transações.
- Por enquanto não tenho nada a questionar, mas vamos ver como vai ficar
daqui para a frente – alertou a morena.
- Tudo bem.
- Eu fico todos os dias na hamburgueria com mais dois funcionários até quase
meia noite todos os dias dando meu suor para justificar esse negócio aqui. Vocês tem
que me valorizar. Eu vivo muito cansada. É pesado na hamburgueria por causa dos
deliveries. Você e André prometeram me ajudar, só que raramente aparecem na
lanchonete. Vocês não estão cumprindo com o prometido.
- Também me canso neste trabalho aqui na casa de massagens, por incrível que
pareça: me consome tempo e paciência. Lidar com funcionárias e clientes não é fácil. É
cansativo. E tenho que preparar refeições, levar roupas para a lavanderia, cuidar das
mídias, pagar as diaristas que fazem as faxinas, supervisionar as massagistas, controlar
os pagamentos das massagens, fazer compras, controlar as contas, e outras coisas
mais. É bastante serviço. Você também quase não nos ajuda aqui. Temos que pensar
como melhorar a gerência e a administração dos dois estabelecimentos. Devemos
rediscutir a distribuição das tarefas. André já tem as ocupações dele e ainda precisa
dar assistência à família. Mesmo assim, ele ajuda muito aqui. Faz compras, paga
contas, ajuda na segurança, está sempre procurando novas massagistas, e outras
coisas mais.
- A hospedagem vai ser cara no final de semana e talvez não haja mais vagas –
opinou a morena.
- Meu caso já alugou uma casa. Vem com a gente! Eu perguntei para ele e ele
disse que eu podia levar uma amiga, desde que fosse bonita...
- E ele é safado e descarado assim!!! Você não disse nada pra ele quando ele
falou isso...
- Sérgio Frazão.
- Eu tenho um amigo que tem canal com as agências que fazem passeios nos
Lençóis, o Cristiano Vilaverde; vou falar com ele para ver os orçamentos dos passeios.
- Ótimo... Veja passeios para Barreirinhas e Santo Amaro. O Sérgio vai pagar
para nós.
- Ei, amiga, fico com vergonha de ele pagar para mim. Deste modo, já vou viajar
devendo para ele e com o sentimento de que tenho que retribuir um grande favor.
- Não esquenta com isso, não. Esta merreca de dinheiro não vai fazer falta para
ele. O Sérgio é médico e é solteiro. Conheci numa festa de faculdade. Ele trabalha em
duas prefeituras e ganha bem. Já saímos umas três ou quatro vezes. Ele me convidou
para fazer companhia para ele neste passeio. E aí, dá certo para você?
- Acho que vou sim. Estou com vontade de passear nos Lençóis. Fui lá apenas
uma vez, com meu pai. Faz um bom tempo. Deve ter mudado muita coisa na cidade.
Andreza avisou seu pai dizendo que passaria o final de semana em Barreirinhas,
na casa da família de uma amiga, mas ela não disse nada para sua mãe.
Na sexta-feira saíram bem cedo de São Luís. O rapaz pegou Valentina em seu
apartamento e depois foi buscar a morena e seguiram viagem de carro próprio.
Nem tudo estava funcionando por causa da pandemia de Covid-19, mas como
já tinham saído do lockdown (isolamento social), a vida das pessoas ia retornando
gradativamente ao normal.
Gustavo a convidou para passar a noite com ele no hotel onde estava
hospedado com outro amigo (em quartos diferentes) e ela aceitou seu convite e o
acompanhou.
Transaram à noite e no outro dia Valentina pediu o relatório de como tinha sido
a noite.
- Valentina, ele perguntou se eu não queria casar com ele e ir embora para
Minas
- Então, era só para te comer depois. E por que mesmo você foi logo para a
cama com ele?
- Eu queria saber como é ir para a cama com um estranho ... O que eu sentiria.
- E foi bom?
- Foi, mas ainda penso muito em Armando e isso me atrapalha. Não consigo
ficar focada na pessoa que está comigo. Termino lembrando dele. Não consigo relaxar
e me envolver com a outra pessoa.
- Pois, Bruna, é problema sério. Trate de esquecer esse Armando e retirar ele
do seu pensamento.
- Estou tentando. E ele aprontou tanto comigo! Não entendo como eu ainda
penso nele.
- Deve ser a primeira opção. Eu realmente tenho que fazer algo para mudar
minha vida. Senão vou ser infeliz.
- Pois minha noite com Sérgio foi ótima – retrucou a amiga de Suellen.
- A minha também foi boa, mas parece que falta alguma coisa. E ainda lembro
de como eu transava com meu ex. E quando termina a noite e a pessoa com quem
você ficou vai embora, fica um vazio na sua vida. Volta tudo a ser como antes, ou seja,
eu não tenho ninguém.
- Eu estou achando você muito melancólica. Tenta não ver sua situação por
esse lado. Na verdade, você é uma pessoa livre, pode fazer o que quiser da sua vida e
aproveitá-la do modo como bem desejar.
- É verdade. Preciso aceitar minha vida como ela é e não entender que a
minha felicidade vai depender de outra pessoa. Sei que é difícil agir assim, mas eu
preciso seguir em frente.
__________________________________________________________
Depois daquele dia, Nádia e Suellen não foram mais íntimas, e se afastaram.
Andreza publicou no seu Instagram dois dias depois: “Quem foi que disse que
as melhores coisas devemos oferecer para as visitas? Eu nem gosto de visitas!”
- Eu não tenho uma opinião formada sobre essa questão. Sei que a pandemia
agravou a crise econômica e o desemprego que já existiam e muitas pessoas estão
fazendo de tudo, de modo literal, para sobreviverem. Fica difícil julgar às vezes tais
indivíduos.
- Também não faço nenhum julgamento exato sobre esse tema – declarou a
estrangeira.
- Vou ler e refletir sobre o assunto e depois lhes trago uma opinião mais
pautada – finalizou a estudante de Serviço Social.
- Como assim, Andreza? De onde você tirou essa possibilidade? Por que deseja
ir embora de nossa cidade e se afastar de todos?
- André, é tipo assim: não consigo bons empregos aqui; a pandemia atrapalhou
muita coisa; e estou ficando saturada desta hamburgueria. Está sendo muito trabalho
e pouco lucro. O negócio da casa de massagens é mais vantajoso...
- E seu negócio com Melina? Vai desistir e deixá-la sozinha com a casa de
massagens?
- Ela tem você – replicou a morena, para se justificar. – Além do mais, esse
negócio sempre foi mais dela que meu; e você entrou no meio.
- Desculpe, mas...
E Andreza o interrompeu:
- Também tenho receio da justiça. É um ramo arriscado – mentiu a morena,
pois não se importava muito com isso.
- Por esse fato: quero me sentir livre, longe de familiares; sem ficar na
obrigação de ter que fazer e receber visitas enfadonhas e sem graça; E não quero
ninguém fiscalizando minha vida e me bisbilhotando. Muito menos tias, tios ou primos.
- E por que Fortaleza? Você não me respondeu isso. É uma cidade distante.
- Onde seria? Belém? Teresina? São cidades quentes demais e quase a mesma
coisa de São Luís. Escolhi uma cidade de praia e mais desenvolvida. Onde posso
encontrar mais possibilidades para minha subsistência.
- Vou falar.
- Valentina possui um colega contador que vai me ajudar no meu início por lá.
Val é minha colega do Shopping.
- Sim, estou decidida. Preciso evoluir como pessoa e passar um tempo fora de
São Luís para descarregar minha mente e renovar minhas baterias.
- Tomara que dê tudo certo, Suh. Boa sorte então – desejou seu cunhado.
- Obrigado.
- Já?
- Exatamente.
E concluíram a conversa.
- Mas as mulheres que sofrem de carência e mil sentimentos que nem elas
mesmas suportam também podem trair. Sei que existem exceções; porém, são muito
mais mulheres fiéis do que homens, penso eu.
- Hoje em dia, Suh, sair falando uma porção de bobagens e argumentos sem
sentido virou modismo na internet. Está sendo cada vez mais comum; espera para ver:
daqui a alguns anos vai ter gente falando abertamente que curte necrofilia, pedofilia,
zoofilia, traição, incesto e tortura; já, já estarão se tornando assuntos "normais" nos
blogs e podcasts. Vão dizer que é liberdade de expressão.
- Vira essa boca pra lá, Marcela. Isso não, irmã. Deus que nos proteja. Não
quero que alcancemos esse período, nem nós nem suas filhas.
- As pessoas são responsáveis pelo que fazem, e não pelo que sentem. Veja
esta situação: um cara se encontrar andando na rua, vê uma mulher bonita e ficar com
tesão; é algo de que ele pode não ter controle absoluto. Agora ele simplesmente pode
continuar andando e não flertar com ela ou tentar “ dar “ em cima, ou até incomodá-
la; é opção dele. Homens que gostam de trair, eu acredito que buscam sempre esse
caminho.
- Tem pessoas hoje, Marcela, que agem por modinha, se guiando pelas
tendências do momento.
- Acho engraçado como há pessoas cujas ações são baseadas em ver vídeos,
como no Tiktok, sendo que provavelmente o algoritmo vai continuar te oferecendo
esses mesmos vídeos baseados no padrão que a pessoa assiste. Cuidado, Suh, com
estes clipes virais. É o mesmo tipo de pessoa que acredita em “fake news”, ou em
correntes de mensagens do zap-zap, sem confirmar a veracidade das informações
repassadas.
- Pode envolver o outro lado, sim, Andreza. Algumas mulheres traem por
retaliação a uma deslealdade do seu par; embora eu pense que isso é totalmente sem
sentido. É melhor partir para outra. Trair porque se foi traído é pura bobagem que
inventam para se validar e tornar a infidelidade algo aceitável; não adianta, você pode
dar o mundo à alguém mas se ela não tiver um mínimo de caráter e respeito por você,
ela te trairá, e não há nada que você possa fazer e não importa o quanto você foi boa.
- Procuro ser eu mesma na relação, sem falsidades, e tento dar o meu melhor
para o romance; se eu for traída, não foi culpa minha; eu me entreguei por inteiro e fiz
o melhor que pude. Se ele não deu valor ao que eu fiz ou me desrespeitou, sempre
terá um outro alguém para preencher o lugar daquele que já não cabe mais.
- Como saber?
- Entendi..
- Certamente. Nem sempre eu acerto, mas tem uma galera que vive para não
se importar. Desleixam o relacionamento, mal cuidam da saúde, não se incomodam
com que os outros pensam, não estão “nem aí” para nada. Não que a opinião de
qualquer pessoa nos seja importante, mas ignorar tudo que falam sobre nós é um
pouco de tolice. Temos sempre uma reputação a conservar. E a hipocrisia de muitas
pessoas segue imperando.
- Não é correto hoje e nunca vai ser normal a traição; agora, sim, é verdade: as
pessoas estão traindo e muito nos dias atuais. Eu, porém, tenho bom caráter e sou
uma pessoa que preza pela responsabilidade afetiva. Não quero jamais trair. Não é
normal. Todavia, muitos relacionamentos se resumem em sexo ou uma troca de
favores.
- Será que ainda há amor hoje em dia? Amor?? O que é isso? O que eu menos
vejo são relações com amor, ou romances em que o amor dura pra sempre; e ainda há
gente que fala que é "normal o amor acabar", que estupidez. Eu pondero que o amor
não acaba; ele nunca existiu naquele casal; o que os dois sentiam era apenas tesão,
desejo e vontade de transar.
- Eu acho que o amor pode acabar, irmã. Pode-se amar alguém e deixar de
amar depois. Infelizmente é possível; a vida é assim.
pode ser uma furada se não for tudo muito bem conversado e combinado antes.
Afinal, a vida não é um filme de comédia romântica ou erótica.
- A chave de todo relacionamento é a comunicação e aqui não é diferente.
- Mas se tem vontade de fazer, mostre que isso é uma vontade sua e que te
excita. Se a fantasia for bem aceita, então entre no assunto e sugira que aconteça na
realidade!
poliamor é bem visto e pode dar certo. Além disso, a escolha da terceira pessoa deve
ser cuidadosa.
morena. - A garota deve saber seus limites e vontades para que vocês alinhem seus
interesses.
com ninguém, acredito já não ser fácil; imagine quando se está em um relacionamento
sério e pinta aquela vontade de trazer outras pessoas para o sexo. Tem muitos riscos
de nos machucarmos. Pondero que eu também não tenho condições de fazer.
- Viriam à minha cabeça alguns questionamentos, como: Será que esse desejo é
sintoma de desconexão do meu par? Será que é o começo do fim da relação? E se um
dos dois se apaixonar pela outra pessoa? Essas dúvidas ficariam na minha consciência,
martelando-me, se meu namorado começasse a falar sobre um relacionamento mais
livre, e mostrasse desejo de me levar a um ménage.
- No meu relacionamento, sempre tento ser cuidadosa e verdadeira quando
surge essa conversa e é, claro, falar sobre algo tão delicado não nos isenta das
paranóias.
Andreza antes de se mudar para Fortaleza teve um papo a sós com André.
Conversaram os dois pelo “direct” do Instagram:
Escreveu André:
- Não vou tirar!!! Você não manda em mim. Ninguém manda no que eu faço.
- Tudo bem, Andreza. Mas penso que você está se arriscando muito. É somente
um aviso. Analise esta situação com mais calma.
- Quanto??
- R$ 10 mil reais.
Andreza Suellen se despediu de seus pais e familiares alguns dias mais tarde.
O clima era de tristeza e desolação, mas a moça aparentava estar feliz com sua
mudança.
- Filha, - disse seu pai inicialmente - ouço falar que Fortaleza é uma cidade tão
grande e violenta. Eu fico preocupado de saber que você vai morar lá sem nenhum
familiar por perto.
- Pai, eu vou procurar tomar todos os cuidados. Pode deixar... Eu sou uma
pessoa ajuizada.
- Filha, - iniciou sua mãe - só estou deixando você ir porque é para seu
engrandecimento profissional e porque sei que ao você colocar algo em sua cabeça
não há como ninguém retirar. Eu vou sentir muito sua falta, pois eu te amo.
- Ai mamãe, não me faça chorar - retorquiu a moça. - Eu também vou sentir
muito sua falta, de suas orientações, suas brigas comigo, seus puxões de orelha. Juro
que vou. Não vou me esquecer da senhora.
- Filha, - disse José - eu vou te ligar todos os dias, nem que seja apenas para
você me pedir a bênção ou para perguntar se está tudo bem ou se você precisa de
alguma coisa.
- Não será nenhum incômodo, minha filha. Ligarei sempre com todo prazer.
Você merece!
- Papai, não fale assim. A Marcela e a Melina, minhas irmãs, precisam muito do
senhor. Não faça assim, pois elas pensam que o senhor só pensa em mim e não se
preocupa com elas. De atenção para elas. As duas vão precisar mais do senhor do que
eu. Prometo que vou saber me cuidar.
- Andreza, - disse José - eu não vou poder te deixar em Fortaleza, mas prometo
que vou te visitar dentro de dois meses e quero saber onde você está morando. Se é
um lugar seguro, se é confortável, como está seu trabalho...
- Papai, não quero lhe incomodar... Só venha se puder mesmo; não force a
barra; não quero que o senhor se prejudique por minha causa.
- Andreza, eu quero te desejar uma boa viagem para Fortaleza, e que o tempo
que você ficar por lá seja produtivo e só tenha sucesso. Espero que você atinja seus
objetivos. Sei que tu és uma pessoa muito determinada e vai conseguir. Deus te
proteja também! Vamos sentir saudades e você vai fazer muita falta aqui. Qualquer
hora estaremos te visitando por lá. – e André abraçou sua cunhada.
- Melina, Marcela, - continuou a mãe - e vocês ? O que têm a dizer para sua
irmã, que está prestes a viajar?
A caçula respondeu:
- Quero dizer que estamos muito tristes com sua mudança, Suh; espero e
desejo que você volte o mais breve que puder; nos visite assim que for possível e
sempre estaremos aqui torcendo por você. Nós te amamos.
E as duas se abraçaram.
Andreza disse:
- Nunca nos afastamos tanto e pelo tempo que imagino que vai ser; não sei
como será, mas venho me preparando para passar por esse desafio e suportar essa
barra.
- Não, mãe. Minha decisão não tem volta. – insistiu a morena. – Vai ser
importante para mim como pessoa e como profissional. Preciso me tornar mais
independente e crescer como ser humano. Eu necessito viver esta experiência. Não
estou aguentando viver aqui. Perdoe-me falar assim. Preciso de um tempo para
respirar e voltarei desde que eu me sinta melhor.
Foi a vez de Marcela dizer suas palavras e o que sentia naquele momento.
- Irmã, sou a mais velha e o que posso te falar num momento como esse?! É
difícil! - e ela esboçou um choro, mas se conteve e prosseguiu:
Em seguida, Andreza abraçou suas duas sobrinhas e com lágrimas nos olhos
disse:
- Minhas lindas sobrinhas, vou levar comigo o sorriso de vocês! Titia ama muito
vocês duas. Não se esqueçam da titia Andreza. Me liguem sempre que
quiserem, para falar o que desejarem . Deus abençoe vocês. Prometo visitá-las
logo que puder e garanto que um dia estarei de volta, pois aqui é o meu lugar.
____________________________________________________________
E Andreza foi passar uma temporada fora de São Luís para grande tristeza de
seus pais. Mudou-se temporariamente para Fortaleza/CE. Ela nunca se afastara tanto
de sua família. Esta decisão ocorreu pois ela não se sentia bem em sua cidade. Desistiu
de sua hamburgueria, ela havia se envolvido com André sem que sua irmã
desconfiasse, o fantasma de seu antigo namorado ainda prescrutava sua mente, sua
mãe não gostava de suas companhias e ela não conseguia um bom emprego. Andreza
também teve a convicção de que a prostituição seria um bom negócio, apesar de a
casa de massagens que montou com sua irmã não estar se saindo bem; ela também
tinha receios de que seus pais descobrissem o empreendimento ilícito que ela e Melina
tinham montado.
A verdade é que como Andreza não estava bem financeiramente e, como
entrar em um trabalho bem remunerado não estava nada fácil, a prostituição
definitivamente entrou em seus planos e ela foi perdendo o pudor e os temores de
adentrar neste mundo. Longe de sua família e dos amigos, sem a vigilância deles, seria
possível se aventurar como garota de programa. Ela imaginava que seria por um curto
período e o retorno financeiro seria válido e poderia ajudá-la a retornar para sua
cidade natal e montar seu próprio estabelecimento para explorar a prostituição.
Sim, ela teria sua própria clínica de massagens, somente dela e a administraria
do seu jeito. E faria de tudo para ficar oculta, sem aparecer, de modo a ninguém
descobrir, nem mesmo Melina ou André, que ela possuía um negócio ilegal e tão
lucrativo. Usaria “ pessoas-laranjas “ se necessário e colocaria um outro negócio além
da clinica de massagens, este por sua vez regulamentado e com alvará, para poder
justificar os rendimentos aferidos pelas atividades ilícitas.
Andreza estava planejando tudo isso em sua mente. Ela não queria mais dividir
seus negócios com nenhum parente. Não desejava mais ter nenhum negócio de
administração familiar. Estava certa disso. Era um posicionamento definitivo de sua
consciência.
Após um período inicial de alívio e descanso, e paz, como ela mesma dizia, as
primeiras preocupações apareceriam na cabeça de Andreza. Ela tinha consciência de
que possuía pouco dinheiro em sua conta bancária e precisava começar a ganhar
alguma grana, com algum trabalho, para continuar se bancando e pagando suas contas
naquele lugar. Começou a imaginar em que poderia trabalhar, mas sabia que a maioria
dos empregos remuneram mal, pagando de 1 a 2 salários por mês, e ela não gostaria
de receber tão pouco. Seus planos eram guardar um pouco de dinheiro, quem sabe
poder investir um pouco por mês em alguma aplicação ou previdência privada, e
quando retornasse para São Luís do Maranhão estar preparada financeiramente para
montar seu próprio negócio, e sua primeira opção era estabelecer uma outra clínica
de massoterapia, essa por sua vez somente sua. Então, chegou a conclusão de que um
emprego convencional e com baixa remuneração, não lhe faria chegar aos seus
objetivos. Este era o primeiro dilema de sua temporada em Fortaleza.
Após permanecer oito dias em Fortaleza seu pai retornou para sua cidade, com
Andreza recusando a todos os apelos de retornar com ele.
Andreza voltou assim à sua mesma rotina de antes, um tanto tediosa.
Aconteceu então que ela foi buscar no Google Maps, a título de informação, tudo o
que havia de mais relevante nas redondezas de sua moradia e foi quando ela se
deparou com algo que ela não tinha notado ainda nas ruas daquele bairro: era uma
clínica de massagens, que funcionava há cerca de 4 quadras de seu condomínio.
Andreza explorou as fotos e o interior do local, o qual parecia bastante organizado e de
bom gosto, com belas massagistas, todas bem vestidas, sem aparentar nada sexual
nem vulgar. A clínica era bem frequentada e tinha muitas avaliações positivas e elogios
no Google. A moça teve pois a idéia de ir conhecer o local e se informar se lá haveria a
possibilidade de contratar novas massagistas; existia porém o seu problema de falta de
experiência, pois, na verdade, Suellen não tinha a experiência prática para realizar
massagens sem ou com sexo. Todavia, ela lembrou de sua primeira experiência na casa
de massagens de sua irmã, e que fora agradável e isto a motivou a ir pedir emprego
nesta clínica de massagens perto de sua casa atual. A proximidade também a agradou,
pois poderia ir e voltar a pé, desde que fosse em horários com movimentação na rua,
como nas manhãs e tardes, e também porque Andreza não gostava nem pouco de usar
transportes coletivos.
No dia seguinte, Andreza tomou coragem, se arrumou, colocou um calçado
com um pouco de salto-alto, escolheu sua melhor bolsa de lado, aplicou-se uma
maquiagem bem suave e saiu de casa pela manhã, por volta de 09:30 h, em direção à
clínica de massagens.
Chegando lá deu bom dia, foi convidada a dizer seu nome e conversou um
pouco com a atendente, uma simpática jovem que lhe deu o nome de Thaís. Após uma
conversa descontraída que durou cerca de 5 minutos, a morena indagou se eles
estariam contratando massagistas e qual seria a pessoa responsável para ela tratar
sobre isso. Thais lhe respondeu:
( Andreza lhe deu o nome de Bruna).
- Bruna, não estamos exatamente contratando ninguém no momento, mas
achei você uma pessoa muito interessante e que pode ter perfil para se encaixar
conosco.
- Obrigada - agradeceu a morena.
- Nossa “gerente“ é a senhorita Carmen e vou te levar até ela. Poucas pessoas
tem este privilégio de eu conhecer e no mesmo dia permitir uma conversa com minha
chefe, mas te achei uma pessoa especial. Por favor, não me decepcione - e Thais
esboçou um sorriso maroto.
- Pode deixar. Não serei inconveniente. E sou confiável – garantiu Suellen para
a atendendo da clínica.
E a funcionária a conduziu até a gerente Carmen, passando por uma porta falsa
pivotada, atrás de um quadro de paisagem fixado naquilo que seria uma parede, mas
não era.
Apresentou Bruna para Carmen e as deixou a sós.
A gerente da casa era uma moça por volta de 30 anos de idade, de pele branca
e cabelo de cor castanho claro, com luzes em algumas mechas, e sem anel de
compromisso nos dedos. Vestia um blazer elegante de cor marrom claro e por baixo
uma blusa de botões quase bege e uma saia longa até a altura do joelho, de cor
marrom escuro, colada ao corpo, exibindo boa forma. Usava uma meia calça quase
transparente e um sapato salto-alto de bom gosto. Em sua sala a gerente tinha um
computador com dois monitores e num deles as imagens de 16 câmeras de segurança,
alguns armários com chaves e Andreza notou o que seria um botão de pânico para ser
acionado em situação de emergência em frente a onde a gerente se encontrava
sentada, mais precisamente na sua bancada do computador. Carmen elogiou a
simpatia e a beleza de Andreza e contou um pouco de sua história. Disse ter começado
como massagista, mas tinha sido convidada por um ex-cliente para gerenciar o negócio
que ele estava abrindo, mas não mantinha nenhuma relação afetiva com ele desde
então, mas apenas profissional. Carmen parecia ser verdadeira em suas colocações e
ouviu de Andreza um pedido para trabalhar.
Carmen interpelou Andreza :
- E você já tem experiência prévia como massagista?
Andreza mentiu então:
- Sim, tive uma experiência de quase 6 meses em São Luís do Maranhão. Sou
de lá.
- Que massagens você sabe fazer? - continuou perguntando a gerente.
- Tântrica e Nuru – respondeu a morena.
- Muito bem.
E Andreza ainda disse, para tentar conseguir a vaga:
- Eu faço bem estas massagens...mas estou...
Carmen a interrompeu:
- Com e sem sexo ?- questionou Carmen de surpresa, para testar Suellen. Mas
esta replicou com vigor:
- Sim.
- Ok - disse Carmen, como que convencida.
E Andreza continuou:
- Mas como eu dizia: estou aqui disposta a aprender mais coisas, pois tenho
gana de vencer na vida e este serviço me atrai muito. Eu gostaria desta vaga. Me dê
esta chance!
Andreza foi firme em suas colocações e terminou conquistando a confiança de
Carmen, a qual lhe repassou mais detalhes sobre o funcionamento da casa e sobre
valores e combinaram de “Bruna“ iniciar já no dia seguinte.
Andreza saiu sentindo um grande frio na barriga, mas ela não queria desistir e
prometeu a si mesma que no dia seguinte estaria na clínica de massagens, conforme
combinado com a gerente.
No dia seguinte, Suellen se apresentou na casa de massagens. Uma garota
chamada “Hellen“ ficou encarregada de orientar a morena e “revisar“ tudo sobre as
massagens com ela para que Andreza pudesse iniciar o atendimento dos primeiros
clientes já no dia seguinte.
Andreza confessou à sua tutora que nunca fizera massagens com sexo, mas
alegou conhecer e realizar as massagens tântrica, nuru e lingam. Hellen foi muito
paciente com Andreza e lhe passou confiança.
- Hellen, eu quero muito esse trabalho – suplicou Suellen. - E eu preciso de sua
ajuda. Quero aprender tudo que for possível e estou aberta para isso. Vou me esforçar
no que for necessário. Só peço que você tenha paciência comigo.
- Acho você jeitosa. Tem tudo para se dar bem. A não ser que você seja tímida.
Você é?
- Não.
Andreza tinha lhe dado o nome de Bruna e somente a gerente sabia de seu nome
real.
- Bruna, preciso te perguntar: você tem certeza de que está disposta a fazer
massagens com sexo? – indagou Hellen, encarando Andreza nos olhos.
- Pois tudo bem. Preciso que você se sinta bem e esteja aqui feliz e de livre e
espontânea vontade. Se for trabalhar só por necessidade financeira, desista daqui.
- Não, Hellen. Tenho certeza de que é o que eu quero.
Naquele dia Hellen, cujo nome verdadeiro era Larissa, pediu que Andreza lhe
auxiliasse em suas massagens com os clientes, mas sem participar ainda ativamente,
pois já no dia seguinte Andreza e Larissa fariam atendimento juntas, para a morena se
ambientar. O propósito era que a nova massagista já iniciasse atendimentos sozinha
daqui a uma semana ou no máximo duas.
Nascia ali uma amizade entre as duas e dentro de duas semanas Hellen
convidou Bruna para saírem à noite. Foram jantar juntas com mais duas amigas de
Hellen, as quais Andreza descobriu serem garotas de programa.
Hellen revelou a Andreza que era natural de outra cidade e viera para Fortaleza
há 3 anos, sendo que há dois trabalhava como massagista e como acompanhante de
luxo. Não tinha relacionamento sério nem tinha filhos. Morava só e o restante de sua
família permanecia em sua cidade natal, cujo nome ela preferiu não revelar.
Andreza e Hellen contaram então seus nomes verdadeiros e Hellen declarou
que a morena maranhense levava todo o jeito para ter sucesso como acompanhante.
Estes elogios foram um incentivo e tanto para Suellen entrar de vez no mundo da
prostituição.
Larissa dizia ser feliz com aquilo que fazia, e já havia conseguido guardar algum
dinheiro, pretendendo num futuro a médio prazo abandonar a prostituição e montar
um negócio para viver.
Na casa de massagens Larissa foi uma ótima professora para Andreza e esta
rapidamente foi perdendo o pudor e os receios de fazer massagens com sexo. Ao
longo de duas semanas as duas fizeram atendimento coletivo e já na terceira semana
Andreza se aventurava nas primeiras massagens sozinha.
Andreza começou assim a faturar seus primeiros dividendos em Fortaleza e isso
a tranquilizou de certo modo.
Vez por outra ainda pedia o auxílio da amiga nos atendimentos e rapidamente
foi ficando expert em massagens sem ou com sexo. O dinheiro aferido no final de cada
dia justificava tamanho esforço e dedicação da morena e esta veio a confirmar que era
um trabalho vantajoso e relativamente lucrativo para ela e seu patrão, o qual ela , na
verdade, ainda não conhecia. Todos os clientes eram atendidos com preservativo e as
massagistas trabalhavam com uma faixa no rosto na altura dos olhos e os quartos de
massagens tinham pouca iluminação para o ambiente ficar mais aconchegante e a
identidade das massagistas ficar resguardada.
Andreza foi assim, no decorrer das semanas, aprendendo várias modalidades
de massagens eróticas bem como foi ficando experiente no atendimento de vários
tipos de clientes diferentes, com todas as suas peculiaridades.
Em alguns momentos Andreza foi questionada por sua consciência se estava no
caminho certo ou não de sua vida, mas a possibilidade de melhoria financeira e
conseguir realizar seus planos no futuro foi-lhe dando coragem para seguir no
trabalho como massagista. Além disso, tudo isso para ela era uma aprendizagem.
Após 2 meses atendendo na clínica de massagens Larissa indagou se Andreza
não gostaria de ganhar mais dinheiro e ela convidou sua colega para fazerem
atendimento juntas de clientes fora da clinica de massagens
- Bruna, são clientes que pagam um extra para nós – alegou Larissa. - Alguns conheci
na clínica de massagens, outros são turistas estrangeiros ou de outros estados, e
também possuo clientes fidelizados há quase 02 anos. Alguns me pediam atendimento
a três, ou seja, menage, mas eu não confiava em ninguém e agora apareceu você. E aí,
você topa fazer estes atendimentos comigo ? Serão bem discretos e os clientes pagam
melhor do que na casa de massagem. Tudo seguro, com uso de camisinha e
preservação da nossa identidade. Você vem comigo?
Andreza respondeu que pensaria com carinho, dando uma resposta dentro de
dois dias. Ao final deste período a morena enviou uma mensagem para a amiga
dizendo que aceitava a proposta e logo iniciaram o atendimento coletivo. Larissa
prometeu que seriam no máximo 3 atendimentos por semana, já que as duas já
ficavam bastante cansadas do trabalho na clínica de massagens, onde trabalhavam às
vezes até nas manhãs de sábado e tinham folgas aos domingos e num turno durante a
semana ou sábado.
Sábado à tarde e domingo estavam sempre liberadas da casa de massagens.
Andreza revelou para Larissa como aprendeu a gostar de sexo anal dois dias
mais tarde.
a maranhense - mas aí meu namorado foi carinhoso e paciente, e foi enfiando a rôla
bem devagarinho e com meu cuzinho bem lubrificado com gel; depois que eu
acostumei, fiquei até viciada. Sei que algumas garotas até gostam mais de penetração
- A primeira vez que eu dei o meu rabicó foi um desastre. – confessou Larissa. -
O cara, além de ter uma pica de cavalo, foi muito bruto comigo. Doeu meu ânus neste
dia, sangrou, evacuei no o pau dele e fiquei com trauma de sexo anal durante anos.
Até que conheci um namorado, muito paciente e carinhoso como o seu, que aos
poucos foi me convencendo a dar a bundinha pra ele. Fui aos poucos me
acostumando, o cu alargou e hoje também sou gamada em dar o cú; se eu não der o
rabo quando eu transo com um cara de quem estou gostando não fico bem e ás vezes
nem gozo.
- Mulher, eu ficava louca quando ele passava a língua no meu cuzinho … Isso
era como me pedir: deixa eu te comer o butico. E eu deixava ... – continuou a morena.
tentado várias vezes e não conseguia, não dava de jeito nenhum, até que um dia meu
boy me colocou de quatro e começou a chupar minha buceta e depois meu cuzinho
cheiroso. Ele meteu a língua dentro, comecei a gemer, deu aquela vontade de dar para
ele e tive que falar: “sei que você quer muito, pode meter um pouquinho no meu
traseiro”.
posição de lado primeiro; tem que chupar bem o meu cuzinho até ele se arrepiar,
depois ele fica piscando, pedindo rola; aí é só lubrificar com gel e vai colocando
devagar; todos os caras que comeram o meu cú amaram e o melhor é quando eles
gozam dentro da gente pra alimentar o cuzão e é incrível a sensação do esperma
- Verdade, também descobri que o segredo pra não sentir muita dor é fazer de
ladinho e ir com calma, e ir rebolando no pau dele que aí entra mais rápido; hoje, eu
importante é que para fazer sexo anal você precisa ter confiança no homem e ele
precisa conquistar você. O cú é um troféu, e é para poucos caras que merecem. Ele
precisa ter jeito: meter devagarinho, gostoso e depois que o cú relaxar e dilatar um
pouco, ai ele pode socar. Não tem condição de fazer sexo anal com todos os homens.
Com alguns é impossível... A maioria não leva jeito. Mas depois que a gente vicia é
“Eu estava voltando sozinha para casa à noite, depois de um show na beira
mar de Fortaleza, quando fui assaltada. Um cara levou minha bolsa. Quando cheguei a
minha casa, dei-me conta que ele tinha levado meu documento de identidade e meu
seguinte. Fiquei tão brava que saí de casa novamente para ver se o mau elemento não
tinha jogado a minha bolsa na sarjeta. No meio do caminho, um carro chique, desses
importados, parou ao meu lado, rente ao meio-fio da calçada. Era um boy muito gato,
e perguntou o que eu estava fazendo aquele horário na rua – era por volta de uma
hora da madrugada. Expliquei o que tinha acontecido e ele respondeu: ‘Entra aí,
vamos procurar’. Fiquei na dúvida na hora se entrava no carro dele, mas enfim topei.
Estava chorando de raiva, pensando que eu ainda teria que fazer o boletim de
para o qual eu tinha ido naquela noite e sobre o concurso para o qual eu ia prestar
provas. Não mencionei o meu nome e nem perguntei o dele, que se ofereceu para me
levar para casa, após uns 20 minutos de busca sem sucesso. Quando ele parou o carro
em frente ao meu portão, pediu um abraço, eu dei e ele me beijou – safado, ele me
roubou um beijo. Retribuí, porque minha noite estava uma merda mesmo e eu
merecia beijar. Continuamos dentro do carro, sentei no colo dele e nos amassamos um
pouco. Ele ficou excitado e, por toda aquela adrenalina da madrugada, também fiquei.
Tirei a minha bermuda, ele colocou a camisinha e eu voltei para o colo dele. Fiquei
cavalgando o pênis dele, escanchada nas coxas do boy. Foi rápido, a rua estava deserta
e silenciosa, mas foi sensacional. Após o sexo, nós rimos juntos da situação. Entrei em
casa e nunca mais o vi. Não consegui fazer a prova naquele dia, mas pelo menos eu
transei.”
descarregar meu estresse da semana. Fui beber cerveja com uma colega, Sara, num
gato, que usava um capacete todo incrementado, muito lindo! Ele apoiou o capacete
acessório dele, que era personalizado. Chamei-o para sentar com a gente, pois ele foi
receptivo, mas logo que começamos a conversar, minha mãe me ligou, pedindo para
que voltasse logo para casa – e eu estava com o carro dela. Tive que ir e deixei os dois
lá, o boy e minha amiga. Mal cheguei em casa, Sara me ligou, dizendo que me buscaria
e ele ia seguindo o carro dela até minha casa. Chegaram ao portão e minha colega foi
comprar um lanche na esquina, para nos deixar sozinhos (acredito eu que ela fez de
propósito) e ela deixou a chave do carro com a gente. Começamos a nos beijar e a dar
uns amassos. Só fomos interrompidos por ela mesma, que voltou e disse para irmos ao
motel. Ela liberou o carro, deixamos ela em casa e fui sem nem pensar duas vezes.
Passamos a noite lá e foi ótimo. Ele era lindo, simpático e bom de cama. Voltei para
casa às oito da manhã após uma noitada de sexo delícia, sem nenhum tipo de
cobrança e expectativas para depois. Faria tudo de novo , igualzinho. Valeu muito a
pena”.
“Eu estava num cruzeiro com umas amigas e todo dia um camareiro 'muito
gostoso' vinha arrumar nosso quarto. Olhei para ele já com maldade, mas era uma
situação bem complicada, não só por estar num quarto com as amigas, mas também
porque gente da tripulação não pode se envolver com passageiros. Trocar olhar podia
e isso nós fizemos, mas ficou nisso, por enquanto. Chegou o último dia da viagem no
maravilhoso, um tesão. Deu um estalo em mim mesma e inventei que tinha esquecido
algo no quarto e voltei para lá. Cheguei bem na hora em que ele estava arrumando a
cabine. Falei, mentindo: `Ai, acho que eu esqueci meu carregador de telefone celular
por aqui, só não sei exatamente onde’ e fingi que estava procurando. Ele soltou uma
risada e começou a procurar o item “perdido” comigo. Uns minutos depois falei ‘acho
que eu perdi mesmo, pode ter sido em outro canto do navio’. Nisso, já estávamos bem
perto um do outro, e rolou aquela tensão; daí em diante eu não tive dúvidas: empurrei
ele para dentro do banheiro da cabine e tranquei a porta. Ele não esperava que eu
fosse atacá-lo, mas a intenção dos dois estava bem óbvia. Ficamos ali e transamos: eu
por cima dele, que estava sentado na privada. Foi uma transa rapidinha, nem gozei,
mas valeu pela aventura. Eu estava morrendo de vontade de fazer sexo com ele e me
arrependeria se não tivesse feito aquilo. Acabamos de trepar e voltei para o hall do
navio como se nada tivesse acontecido, mas continuei fingindo estar muito chateada
“Ai eu cochichei no ouvido dele, saímos do salão e fomos para um local detrás e
não tinha ninguém perto. Eu amei a fantasia do Gui : ela era super-prática pra pagar
um belo de um boquete; como eu disse, ele estava de Fred Flintstone, e aquele
“vestido” da fantasia era super fácil de levantar e eu pude mamar o pau delicioso dele.
Curtimos depois o resto da festa; ele já tinha bebido todas e eu só manjando ele. Era
umas 2 h da madrugada: ele falou que ia dormir, estava cansado e eu saí dali com ele.
Fomos para o hotel onde ele ficou hospedado. Chegando no quarto, ele trancou a
porta e me deu um beijo. Pensa num beijo gostoso que ele me deu; ele chupava minha
boca com gosto; ele gemia e falava: eu tava doido pra beijar essa boca carnuda. Eu
estava toda entregue a ele, levantei sua fantasia e caí de boca novamente. O pau dele
já estava todo babado, uma delícia aquele mel. Eu chupava até o talo do pênis,
colocava tudo dentro da boca. Ele logo me jogou na cama, me botou de quatro e
meteu a língua na minha buceta por trás. Que língua macia! Ele me chupava com uma
vontade louca e metia a ponta da língua sem pena! Eu gemia de prazer! Ele ficou uns
10 minutos só me comendo com a língua e pediu a camisinha, lubrificou o pau e meteu
tudo de uma vez só, me comendo de quatro. Eu afundei minha cabeça de lado na
cama. Que delicia de trepada ! O tesão estava dando pra sentir longe; ele estocava
forte, sem dó e me dava tapas na bunda, dizendo putarias. Eu gemia baixinho. Deitei
então de barriga para cima. Ele deitou em cima de mim, começou a me beijar
carinhosamente e falou: eu quero você toda pra mim nessa noite! Ele então me comeu
por cima, apertando meu pescoço, quase me enforcando. Depois eu fiquei em cima
dele, cavalgando aquele pênis imenso. E ele terminou gozando. Eu estava louca e
dessa vez me deu vontade de beber o néctar direto do pau dele, mas não deu. Em
seguida ele chupou minha buceta até eu gozar e eu ainda fiquei de joelhos no chão em
cima de um travesseiro chupando o pau dele e o encarando nos olhos até ele gozar
mais uma vez. Uma delícia de transa.
“Eu falei com ele que foi ótimo, mas que eu não queria nada mais além daquela
noite. “Não quero misturar as coisas, foi só uma diversão mesmo depois da festa” –
falei. Eu disse para ele que meu nome era Priscila e fui embora do hotel num Uber,
mortinha de cansada. Chegando a minha casa ainda bati uma siririca antes de dormir.
E nunca mais eu encontrei aquele rapaz, para minha sorte. Ele poderia me desviar do
bom caminho. Kkkkkk“.
Após Andreza relatar este conto erótico comentou Monique com todos os
presentes:
- Nossa, sua história foi a melhor, “Bruna”; é um relato que parece ser autêntico,
que tenha ocorrido de fato. É uma história com muitos detalhes, por exemplo, e você
contou de uma forma tão realista... Fiquei convencida de ser verdade...
Wanessa passou alguns macetes para Andreza de como seduzir seus clientes e
conquistá-los. Ela disse:
- Bruna, amiga: se você é do tipo que acha que dizer "eu te amo" na cama é o
suprassumo da sedução, está no caminho errado. “Se a idéia é enlouquecer o cara,
melhor declarar seu amor à performance viril e ao membro poderoso dele”, eu te
garanto.
“ Não adianta ser contida nas demonstrações de prazer. Homem gosta de
mulher que geme. Mas não pode gritar, isso desagrada a maioria (é escandaloso!).
Quanto mais você der gemidinhos, mais ele vai se sentir ‘o’ cara, o garanhão, o
gostoso. Meus clientes também gostam que eu sussurre no ouvido deles frases do
tipo: ‘Estou ficando tão molhada’, “ Vai, gostoso, mete tudo !” “ Safado, me come de
quatro “, “ Me fode gostoso “,‘ Sou toda sua’ ou ‘Me dá uns tapinhas na cara” ,“ Bate
na minha bunda, safado”, “ Você é muito safado “ – tudo é um jogo que você deve
construir. “Eles ficam excitados com a idéia de que estão deixando a mulher louca.
“ Sexo oral: você deve ter atitude. Primeiro mandamento do sexo oral: luz
acesa. Se você tem vergonha, ilumine a região do pênis dele com um abajur e não pare
de encará-lo nos olhos, enquanto faz os movimentos de sugar o pau do seu macho.
Cara de tesão ajuda na performance. Não seja comedida: tem que lamber e sugar
tudo, inclusive os testículos. Às vezes, lambuzo a região com leite condensado, vinho
ou iogurte “chambinho” para aumentar a excitação. Você quer tentar isso? Arrisque-se
mais: Eles também gostam de uns apertõezinhos e umas chupadas nos mamilos com
as pontas dos dedos molhadas e a nossa boca .
- Entendi, boa idéia. Gostei dessa dica - disse Andreza.
- Faça de conta que está descontrolada! Os homens querem sentir que fazem
você perder o controle da situação. Por exemplo, quando for transar embaixo do
chuveiro, nada de se preocupar com o cabelo. Ele vai adorar ver que, com ele, você até
esquece a chapinha. Melhor ainda se você entrar de surpresa no banho. O importante
é mostrar que você tem atitude, mas que o cara é tão poderoso que você se submete.
Faça a mesma coisa na cama, termine sempre ‘de quatro por ele’. É assim que as
garotas de programa tiram roupas, carro e apartamentos dos homens.
“Explore regiões dos caras nunca antes exploradas por outras mulheres.
Muitos homens pedem algum tipo de brincadeira no ânus, acho que é porque têm
vergonha de pedir para suas mulheres. Tem cliente que pede beijo grego (uma
maneira mais fofa de falar... chupar as profundidades do derrière); o fio terra também
é super comum (cubra o dedo com uma camisinha, se não quiser se aventurar a seco);
e às vezes também uso vibrador, para fazer a penetração, mesmo. Não tem nada a ver
com homossexualidade. O homem acha gostoso ser estimulado ali, mas é um
supertabu, né, você sabe, tem que perguntar e ir com jeitinho.
- Nisso não vou me aventurar ainda! Não faz meu tipo e não é minha praia! -
advertiu a morena.
- Mas você vai descobrir que muitos clientes gostam e vão te pedir.
“E você tem que buscar sempre novidades para agradar seus clientes. Eu não
uso lubrificante tradicional. Gosto daquele que vem em formato de bolinha, tipo
aqueles óleos de banho dos anos 80, sabe? Você introduz a bolinha, e ela se dissolve
dentro da vagina, preparando o “terreno”. Passar óleo de coco também é ótimo. Tem
géis que esquentam, outros que esfriam, todos uma delícia. Assim o ato já começa
com níveis máximos de excitação. Os géis adstringentes, vendidos em sex-shop,
deixam o canal vaginal apertadinho e bem lubrificado, e aquele cheirinho que eles
adoram; parece que você é virgem de novo. Além disso, o homem tem a ilusão de que
seu pau é enorme. Outro apetrecho que uso muito é o creme vibration, que deixa a
parede da vagina latejando. A sensação é uma mistura de sexo tântrico com as
pulsações pós-orgasmo.
- Você consegue isso tudo?
- Sim, consigo. E tenho estas sensações maravilhosas e eles também têm, pois
eu pergunto tudo aos homens. Os clientes ficam muito satisfeitos.
“Outra coisa importante: aprenda a elogiar a performance de seus clientes.
Elogie sempre: o homem tem que se sentir poderoso na cama. Entenda que ele não
está transando com você, e sim nós transamos com o ego dele. E você tem que fazê-lo
sentir-se viril/macho: está aí o grande truque para conquistar qualquer homem. Como
atingir esse objetivo? Elogie o pênis dele, oras. Diga que o acha bonito, grande,
gostoso. Não é para dizer ‘eu te amo’, é para dizer ‘seu pênis é o melhor’. Quem gosta
de declarações românticas na cama é mulher.
- Que máximo! Eu tive dois clientes que tinham fetiche por pés. É típico dos
homens. Eles gostavam de cheirar, lamber ou acariciar os meus pés, os quais são lindos
de verdade. Um deles pediu que eu usasse saltos altos durante o sexo. Olha, que
desejo!
- O voyer pode ser observador ou exibicionista, eu sei disso. Tenho uma amiga
em São Luís, - contou Andreza - que namorou um rapaz que sentia imenso prazer
observando amigas nuas ( ele até se passava por gay quando jovem, ele contou ) e
conheci um cara que adorava pornografia.
- Já eu tive clientes que traziam a parceira para transar comigo, sem ele
participar e até sem que esta soubesse de tudo. Ele conseguia inclusive chegar ao
orgasmo tanto através da masturbação quanto apenas com o estímulo visual.
- E Fetiche com látex? Já ouvir falar, Suh? Um cliente me pediu uma vez. Ele
trouxe uma roupa sensual, feita de borracha, para eu vestir, onde apenas minhas
partes íntimas e os seios ficavam visíveis. Tive vergonha e desisti do programa. Não
usei aquela roupa. Para outras pessoas, o cheiro ou a sensação do látex é suficiente
para acelerá-los. Uma doideira.
- Assisti a um vídeo sobre este fetiche. Observar parceiros sexuais vestidos com
peças destes materais ou fantasiar com profissionais que usam vestuário contendo
borracha, como mergulhadores e trabalhadores em roupas de proteção industrial.
Acho um fetiche muito excêntrico.
- Eu tenho medo de trovões e relâmpagos. Para mim não daria certo; eu não
ficaria relaxada.
- Mas para algumas pessoas esses atos aleatórios de gigantescos flashes de luz
no céu podem ser suficientes para desencadear seu desejo por sexo. Muito curioso.
- Agora vou te dizer: eu tenho nojo de fetiches com urina, suor ou fezes. Acho
um absurdo.
- Eu também.
- Nunca fiz.
- Ainda existem as casas de swing, com trocas de casais - disse Andreza. - Você
já frequentou alguma aqui em Fortal, Juh ?
- Sim, já fui duas vezes com um ex-namorado meu. É pura loucura, mas até
gostei da brincadeira. Foi legal.
Os referidos garotos do Jet ski se sentaram em outra mesa, não muito distante
das massagistas. E continuaram se entreolhando; eles bebiam cerveja e não tinham
comido nada ainda. Os dois homens eram mais jovens que as duas garotas e
aparentavam ter idade por volta de 23 anos; eram bonitos de rosto, tinham por volta
de 1,75 m de estatura, pele muito branca e bom condicionamento físico; um deles
tinha o cabelo loiro enquanto o outro tinha o cabelo preto. Andreza e Larissa
chegaram a imaginar que eles fossem estrangeiros ou provenientes do centro-sul do
nosso país. Após uns 30 minutos aproximadamente, Larissa foi ao banheiro e na saída
encontrou um dos rapazes, o de cabelo preto, lavando as mãos na pia e ela ficou
aguardando sua vez; Andreza os via de longe. Nisso notou a morena que o rapaz
puxava conversa com Larissa e o papo fluía, com os dois abrindo um sorriso juntos.
Andreza sentiu que rolava algo entre eles. Retornaram para suas mesas e Larissa
indagou Andreza se ela permitia que os rapazes viessem para a mesa delas; Andreza
concordou e permitiu; Larissa neste momento acenou para os rapazes dando um sinal
de confirmação e dentro de 3 minutos estes se mudaram para a mesa das garotas. O
de cabelo preto, que Larissa tinha conhecido, se chamava Rogério e seu amigo loiro
era Danilo. Ao chegar à mesa das mulheres, Larissa apresentou Andreza para os dois
chamando-a de Bruna e Rogério apresentou Danilo para as duas. As moças os
convidaram a sentar após um breve aperto de mãos entre eles. Larissa lhes deu o
nome de “Hellen“.
Hellen disse ser de Fortaleza mesmo e Bruna alegou ser natural de Recife-PE,
mas já tinha perdido o sotaque por já ter morado em outros lugares e estava com
residência fixa em Fortaleza há 4 anos.
As moças ficaram olhando uma para a outra e torcendo para que os dois não
fizessem mais perguntas sobre trabalho.
- Como vocês são praianas, – começou Danilo – imagino que devem gostar de
esportes náuticos.
- Uma confluência de fatores: não sei nadar muito bem, falta de tempo e medo
de me machucar. Vi uma pessoa se machucar no kite e fiquei amedrontada. Preciso
superar meu trauma.
Larissa deixou Andreza em seu apartamento e então seguiu para sua moradia.
Depois de algumas horas se comunicaram pelo WhatsApp:
- Eles pensavam que a gente ia abrir a guarda para eles após aquela voltinha de
Jet-ski para nos impressionar.
- Achei bonito meu boy. Quase aceitei trocar uns beijinhos com ele.
- Eu fiquei com medo deles nos forçarem a fazer sexo com eles. Juro como eu
me arrependi de ter aceitado aquele passeio de Jet.
- Quem é que sabe? Não há mais como ter certeza hoje em dia.
- Minha intuição foi essa ... de que eles falavam a verdade e eram pessoas de
bem.
- Claro que tenho. Se for um encontro cedo e num local público e bem
movimentado ,tenho coragem sim. E você?
Melina fez uma ligação de videochamada pelo WhatsApp para falar com sua
irmã:
- Sim. Agora o negócio vai pra frente. Este local agora é bem melhor. A rua é
discreta, quase não tem moradores perto para vasculharem nossa vida. As casas tem
terrenos grandes e são distantes umas das outras. Também é mais fácil estacionar na
rua pois sempre tem vagas disponíveis.
- E o que vai fazer para que o papai, a mamãe e a Marcela não descubram
tudo?
- A casa é grande?
- Tem três quartos e uma garagem onde cabem até dois carros. É
razoavelmente grande.
- Com certeza. E André, não tem medo de que o negócio atrapalhe a carreira
militar dele? Ele não tem receios de ver o nome dele envolvido em algum escândalo e
ser eliminado do curso de oficiais?
- Eu vou fazer de tudo para ele não se envolver e para ele não ter problemas
no futuro. Suh, e você está trabalhando com o que em Fortaleza?
- A Estefane saiu.
- Sim. Mas está sendo bom. Estou ganhando bem. Não conte nem para o André,
OK?
- Ainda não. Olha, eu disse para a mãe e para o pai que estou numa boutique
de moda praia. Não vai dar mancada, hein.
- Andreza, quando você juntar uma grana boa volta pra cá. A gente coloca outra
unidade da clinica de massagens.
- E aí, gata, vamos sair para jantar amanhã à noite - convidou o rapaz, numa
sexta-feira.
- Lizarazu.
Andreza pensou em que resposta ia dar, mas tinha convicção de que não
repassaria seu endereço verdadeiro para o rapaz. Ela disse então:
- Vou estar numa reunião no shopping Iguatemi. E vou estar liberada somente
às 21 h. Está bom para você?
- Sim, marcado.
- Amanhã entro em contato para a gente se encontrar no shopping 21 h. Um
beijo.
- Até amanhã.
E encerraram as mensagens.
- Amiga, preciso falar com você pelo zap. Quando puder conversar, me dá um
toque.
- Que chique! Então ele pode ter gostado mesmo de você, morena. E você
aceitou a proposta?
- E seria quando?
- Não. Ele não me contactou ainda. E eu não vou ceder e mandar mensagem
para ele. Quero ver se ele vai ter a iniciativa. E se Danilo quiser algo sério com você,
Bruna?
- É muito cedo para pensar dessa forma. Fiquei curiosa e com vontade de sair
com ele para saber quais serão as intenções.
- Ele é bonito e simpático, mas, na verdade, não fiquei muito atraída por ele.
Quero ver como vai ser na segunda vez que nos encontramos.
- Vai se divertir, amiga. Boa sorte. Não espere demais dele, mas veja o que vai
rolar. A dica é: seja natural, procurem se divertir e faça tudo conforme sua consciência.
- Você também.
Após cerca de 10 minutos ele chegou. A moça entrou no carro e saíram. Parecia
que Andreza tinha perdido todos os seus medos e de uma hora para outra passou a
confiar naquele estranho.
- Sim, eu nunca tinha vindo aqui, - mentiu Danilo - mas eu ouvia falar que era
um restaurante excelente. E também estou confirmando isso. Resta provar a comida,
que é o mais importante.
- Com certeza. Mas um restaurante tão primoroso como este não vai pecar no
sabor das refeições.
- Bruna, você morou ate que idade em Recife? Acho incrível você não ter mais
sotaque.
- Morei até 12 anos de idade. Você trabalha viajando? – indagou a moça, para
mudar de assunto.
O garçom se aproximou e cada um fez um pedido de bebida: Andreza solicitou
que lhe servissem água mineral com gás e o anfitrião a acompanhou. Escolheram
também uma entrada e repassaram os pedidos ao garçom.
- Tenho apenas uma irmã, que está se formando médica. Todos moram em
Fortaleza. E você, me fale um pouco da sua pessoa. – pediu ele.
- Sou um pouco tímida para falar de mim – alegou a morena. – Meus pais
moram em Recife; tenho apenas uma irmã; sou formada em administração e adoro
esta cidade... – disse ela.
- É solteira?
Danilo fez uma pausa de 3 segundos para responder, como que fazendo um
suspense intencional. Logo, falou:
Neste momento o garçom trouxe suas bebidas em belos copos com gelo e uma
rodela de maçã verde, para dar aroma.
- Aceitam suas águas com as rodelas de maçã verde? Sugestão da casa – disse
o atendente.
Ela ficou pensando: será que aquele garoto estaria desejando algo sério,
embora tivessem acabado de se conhecer? Ela não acreditava.
- É porque eu não quero nada sério com ninguém agora. Acabei de terminar um
noivado e eu preciso conhecer novas garotas para sair. Achei você interessante. E
muito bonita.
Relacionamento aberto era tudo que Andreza não desejava e ela disse:
- Não, você é a primeira que estou conhecendo desde que encerrei meu
noivado – blefou o rapaz.
- Para não dizer que não conheci ninguém, eu fiquei com uma ex-colega de
minha de faculdade numa festa 15 dias após o fim do meu noivado, mas foi porque eu
estava inconsolável e foi somente neste dia. Não reencontrei mais a garota desde
aquele dia.
“ Que coitadinho” – pensou Andreza, com ironia. Ela já não sabia mais se devia
acreditar ou não naquele homem. Então ela disse:
- Deixa eu ver se eu entendi: você quer que eu seja uma das suas ficantes? Pelo
menos, a primeira, por enquanto?
- É, mais ou menos isso – concordou Danilo, começando a revelar suas
intenções. - Mas fique a vontade, Bruna; não precisa ficar presa a mim; não sou
ciumento e não vou ficar te cobrando nada. Eu prometo .
Andreza pensou neste instante em discutir com aquele rapaz, mas percebeu
que seria inútil. Ela começou a notar que ele apenas tentava ser um playboy
conquistador e aquele jantar era mesmo apenas uma tentativa de levá-la para a cama,
em troca ao pagamento de um jantar num restaurante caro.
A entrada chegou nas mãos do garçom e Andreza pediu para Danilo escolher o
jantar de sua preferência; pediu que ele ficasse à vontade e ela aceitaria qualquer
pedido que ele fizesse. E retirou-se da mesa, dirigindo-se ao banheiro.
Andreza fez uma reflexão e decidiu contar para o rapaz seu verdadeiro trabalho
e avisá-lo de que a continuação da noite também não seria gratuita.
- Meu bem, que demora - disse o rapaz. – Eu pensei que você tivesse passado
mal ou teria ido embora.
- Mulheres, meu caro... Ser bela para os homens nos custa bastante tempo e
esforço. É somente isso. Daí minha demora. Eu jamais me retiraria sem avisar meu
cavalheiro ; quanto a isso pode ficar tranquilo.
- Eu pedi um prato leve, com lagosta grelhada. Você pode comer? Não é
alérgica, é?
- Sim, posso.
- Que ótimo! Senão eu faria outro pedido para você.
- Obrigado.
- Aprecio muito os vinhos, mas não posso experimentar hoje, pois minha
garganta estava inflamada e tomei antibióticos até hoje pela manhã. – mentiu
Andreza.
- Mas já está tudo bem? Por que você não me avisou? Remarcaríamos o jantar
para daqui a dois ou três dias. – disse o homem, tentando ser gentil.
- Já estou há 02 dias sem sentir dor de garganta nem febre; mas estou
encerrando a duração do tratamento conforme o médico da UPA me orientou. E
também não estou com mau hábito, está bem? – mentiu Suellen.
Continuaram as conversas com mentiras sendo ditas dos dois lados até que o
jantar foi servido.
- Não. Ela não – disfarçou a morena. – E como vai ficar nossa situação de
agora em diante?
- Por mim, está tudo bem.
Danilo não entendeu por que Andreza perguntava aquilo, mas na verdade o
que ela insinuava é que a partir daquele momento ela passaria a cobrar por seus
serviços.
- Legal. E depois daqui a gente pode ir para algum lugar? - quis saber Danilo.
- Se você quiser me levar para um motel você tem que pagar meu programa –
exigiu a moça.
Danilo preferiu não questionar o preço nem o que estava incluso no programa.
- Ótimo, babe. Quem vai adorar te conhecer vai ser meu pai.
- Seu pai? Como assim? Ele não vive com sua mãe? – questionou Andreza,
muito surpresa.
- O velho adora sair com umas gatinhas como você. Já repassei umas meninas
para ele.
- Não, está tudo bem. Ela não sabe de nada. É uma saidinha dele aqui e acolá,
um vez na vida; o velho é um pouco danado, mas ele gosta da mamãe.
- 52 anos.
- Foi só um modo de falar. Posso repassar seu zap para você sair com meu pai?
Danilo não gostou muito do procedimento de Andreza, mas como já estava ali,
aceitou pagar o programa dela e foram para um motel.
- Sim.
- Motel.
- Por que eu ia esconder a verdade? Se ele pensou que eu pagar aquele jantar
com minha buceta ele se enganou.
- Nossa, fiquei pasma. Mas deu tudo certo ? Ele não se chateou?
- Acredito que não. Ele até me disse que vai repassar meu telefone para o pai
dele sair comigo.
- 10 h.
- Está bem. Preciso dormir de hoje para amanhã para me recuperar da noitada.
O Danilo acabou comigo ontem. Ele tem o pênis grosso demais e fode muito .
- Pois repouse. Amanhã é domingo e vamos curtir uma praia. E segunda feira
os clientes nos esperam na casa de massagens.
- Descanse, safada .
- Sim. Kkkkkkkk.
Ester e Marcela ligaram no outro dia para falar com Andreza.
- Tudo bem, filha. Estou ligando com Marcela para saber novidades suas. Você
não posta quase nada no Instagram e quase não me liga. Tem falado com seu pai?
- Vou bem. Com saúde, o que é o mais importante. Você está trabalhando
onde?
- Como vendedora?
- Vou me inscrever daqui a dois meses para uma prova de especialização. Vão
abrir umas turmas na Unifor e em outra faculdade particular. Só que preciso juntar
grana para pagar.
- Vai dar certo, filha. Vamos torcer por você e vou te colocar em minhas
orações toda semana.
- Pensei que eu já estivesse em suas orações, mamis – ironizou Suellen; mas sua
mãe se zangou com a fala da garota.
- Eu vi que você está passeando bastante: vive nas barracas da praia do Futuro,
em restaurantes belíssimos.
- Sim, na maior paz do mundo.
- Sim, tenho uma colega da boutique que me faz companhia quando eu saio.
- Muito bem, filha. Não vá andar sozinha em Fortaleza. Você mal conhece a
cidade. Aí tem fama de ser lugar violento e perigoso. É bom ter a companhia de
alguém que nasceu e cresceu no lugar e sabe como se defender dos perigos.
- Sua amiga é moça de família e é uma garota “cabeça“, ou melhor, é uma moça
de juízo?
- Ela é evangélica?
- No momento, não. Mas fique tranquila que ela não é “sapatão“. Ela não é
lésbica.
- Ainda não. Não estou desesperada em encontrar, mãe. Não é a senhora que
diz que as coisas têm a hora certa de acontecer?
- Também saiu há pouco tempo do pico. Você vai tomar as vacinas contra o
coronavirus, filha?
- Sim, aviso; pode deixar que eu não vou chegar no seu apartamento de
surpresa. E não vai atrapalhar nada. Vou passar o telefone agora para Marcela. Um
beijo, filha. Se cuida. Deus te acompanhe!
Com esta resposta Andreza já percebeu que seu filho apreciava mentir.
- Ah, entendi ! - arremedou a moça. – E o senhor, trabalha com o quê? Pode
falar?
- Posso sim. Tenho vários negócios. Um deles e um dos meus preferidos é a
fábrica de cachaça. Por sinal, uma das melhores do Ceará. Sou dono da marca de
aguardente “Velho do Moinho”, uma cachaça premiada dentro e fora do meu estado.
- E o senhor gosta de tomar uma “cachacinha”? – questionou sua convidada, de
forma bem descontraída. – Meu avô adorava.
- Sim, gosto de tomar uma “dosinha” aqui e acolá, para abrir o apetite. Mas
com muita moderação. Também aprecio uma boa “caipirinha”. Minha aguardente de
cana eu recomendo, com modéstia à parte. Vou te oferecer uma garrafa depois, de
presente, da versão premium tipo exportação, para você experimentar.
- Agradeço. Vou adorar experimentar – retorquiu Suellen por educação, pois na
verdade nunca tinha tomado cachaça antes, nem possuía vontade de provar.
- Você está trabalhando onde, moça? - indagou o empresário.
- Trabalho numa boutique de moda praia, mas estou saindo de lá.
- É mesmo!? Que pena! Ainda são consequências da pandemia. Você aceitaria
uma oferta de emprego da minha parte?
- Não se incomode. Já estou com duas propostas para analisar – inventou a
moça.
- Seria pouco a remuneração: um salário e meio, mas te ajudaria enquanto
você encontra um emprego melhor - continuou o homem.
- Não, obrigada. Não se preocupe comigo – insistiu Andreza.
Ela não se interessava por trabalhos com salário tão baixo e ela já tinha um
pouco de experiência com patrões que desejam assinar a carteira de moças bonitas
apenas por pensar que vão poder transar com elas sem pagar por isso, como se o
emprego fosse um favor em troca do qual a funcionária tem que pagar com sexo ao
seu chefe.
Andreza por isso foi logo rechaçando aquela oferta de trabalho.
- E o senhor, gosta de umas “garotinhas”? – interpelou Andreza, lembrando-se
do que o filho de Benicio tinha lhe falado.
- Não me chame de senhor. Me chame por Benício. Carne nova é muito bom,
garota. Adoro novinhas. Elas nos renovam. É por isso que faço musculação quase todos
os dias. Para manter o físico e ajudar no desempenho sexual.
- Muito bem. Parabéns - elogiou a morena. - Benicio, eu percebi que você é
um homem que se cuida, e é bem conservado. Aparenta ser mais jovem do que sua
idade real .
- Meu filho disse até minha idade de verdade ?! Que traíra! Vou conversar com
ele – comentou o empresário, em tom de humor.
- E você, Rose, trabalha com o quê? - indagou Suellen.
- Eu tenho uma agência de modelos e organizo eventos para empresários.
- E tem uma agência de book rosa e adora ajeitar namoros das novinhas com os
empresários – fofocou Benício.
- Não fale isso, Benicio. – pediu Rose. – Bruna, ele está exagerando.
- Não estou, morena, mas Rose é gente boa. Se for trabalhar para ela, fique
tranquila, pois ela é muito honesta.
- Obrigada pelas boas referências – agradeceu sua amiga, com ironia.
- Vocês dois “ficam” de vez em quando? - perguntou Andreza, de forma
ousada.
- Não, somos apenas amigos - fingiu a outra mulher.
- Ela é apenas uma colega de longa data – blefou também o empresário.
- E sua esposa, sabe da amizade de vocês?
- Sim, ela sabe – mentiu novamente o homem.
E ele continuou:
- Morena, você é muito atraente. Eu quero marcar um programa com você.
Meu filho te descreveu e eu fiquei ansioso em te conhecer. Mas eu queria conversar
com você antes. Ele disse que você é uma garota do papo muito legal.
- Faço o possível para ser simpática. E adoro uma conversa mole.
- Meu filho disse!... Você frequenta academia?
- No momento, não.
- Pois se matricule, garota. Uma moça nova como você não pode ficar
sedentária. Tem o quê? Uns 25 anos? - questionou ele, já sugerindo uma resposta. -
Você precisa fazer atividade física, se cuidar. Malhação. Cuide da saúde.
- Sim, estou precisando de exercícios. Cogito entrar na academia. Pensei em
fazer outra atividade física, mas acho que vou para a musculação mesmo. É o mais
prático, com horário mais flexível e com resultados mais rápidos.
- Você tem família em Fortaleza? Ou estão todos em Pernambuco?
- Todos moram em Pernambuco – enganou Suellen. – E seus parentes? Você
é daqui mesmo? - devolveu ela a pergunta.
- Não sou de Fortaleza; sou de um estado vizinho, mas já me considero
cearense. Já moro aqui há mais de 20 anos – explicou o homem.
Rose convidou então Andreza para uma caminhada e um mergulho no oceano.
- Benício, você se incomoda de ficar sozinho na mesa? Eu queria convidar Bruna
para me acompanhar num banho de mar.
- Sem problemas, amiga. Só não demorem muito. Não se esqueçam de mim –
pediu Benicio.
- Você pode vir comigo, Bruna? – questionou a cafetina.
- Sim, posso; vamos dar uma caminhada na areia.
E as duas foram dar uma volta na praia e fazer um breve mergulho naquele
oceano de águas mornas.
Durante a caminhada Rose indagou a Andreza:
- Você é mesmo pernambucana?
- Saí de lá muito cedo.
- Sozinha?
- Não, com meus pais, e fomos morar em outros estados, mas eles voltaram
para Recife.
- Sei. Mas você tem jeito de maranhense! E sotaque também... da capital... São
Luís.
- Como assim? Eu pareço ser do Maranhão? E quem é do Maranhão tem
sotaque? Eu não sabia...
- Você parece com a gente de lá. O corpo, o jeito, a forma de falar. Eu conheço
algumas pessoas de São Luís e você tem algumas características e certos traços que
lembram as pessoas de lá. E sotaque existe sim, em todo lugar, embora o de São Luís
seja mais discreto.
- Estranho! – continuou Andreza, fingindo.
- Cuidado com o filho e os amigos do filho de Benicio. Não vá gostar de nenhum
deles. Eles são muito jovens e só querem se divertir com as garotas. Usam e depois
largam. Não se envolva profundamente com nenhum deles. É o conselho que te dou.
- E Benício, qual é a dele?
- Gosta de sair com umas novinhas, mas nunca vai deixar a mulher.
- Então é o homem do jeito de que eu gosto. Que não vai me pegar no pé,
apegado .
- Ele não acredita que nenhuma garota jovem e bonita vai ficar só com ele, sem
o trair. Sabe que a maioria das meninas só quer dinheiro mesmo.
- Acho que ele tem razão.
- Ele é bem tranquilo, e é boa gente. Mas não seja boba com ele. Benicio já fez
a cabeça de muitas mulheres jovens, se aproveitou e depois deixou para trás.
- Comigo não adianta. Não acredito em promessas. Quero ganhar meu dinheiro
e ponto final.
- É melhor você agir assim mesmo e de modo sempre racional.
- Você gosta dele, Rose? Vocês são amantes?
- Aprendi a gostar dele como amigo. A gente se diverte às vezes, mas não
somos amantes. Ele não me banca nem paga minhas contas. Também temos uma boa
diferença de idade e eu não tenho interesse de ficar com ele de compromisso.
- Rose, posso então sair com ele para fazer programas? Você não se chateia?
- Não, de forma alguma.
- E a esposa dele, é zangada ? Como é o nome dela?
- Ela não desconfia de nada. Ou faz vista grossa. É o que parece... Ela se chama
Consuelo Fontes.
- O Benício também é muito puteiro como os filhos?
- Um pouco menos. Já foi mais. Bruna, você pode vigiar meu chinelo e minha
canga enquanto dou um mergulho? - pediu Rose.
- Posso sim. Sem problema.
- Obrigado.
E Rose foi tomar banho no oceano.
- Eu estou disponível todos os dias à noite, mas não quero fazer programas
domingo. É meu dia, para eu me dedicar a mim.
- Entendo. Pode ser hoje à noite, então?
- Pode. 20 h você pode passar na frente do meu prédio?
- Posso sim.
- Pois está marcado. Vou te enviar minha localização pelo GPS do WhatsApp.
- Foi um prazer e até a noite.
- Obrigada. Tchau.
- Ah, Bruna, eu já cometi tantas gafes e tantos equívocos nos meus primeiros
encontros com um rapaz. Eu até me arrependo ás vezes das bobagens que fiz. Como
falar sobre os ex-namorados, sem se notar. Segundo a maioria dos homens, este é um
dos erros fatais para o primeiro encontro. Não importa se o seu ex- é um amigo em
comum ao pretendente, falar sobre ele passa a impressão de desespero.
- Perguntar a seu pretendente sobre sua vida é válidos e notar se ele se sente
incomodado com minhas histórias, pois posso estar exagerando.
- E nada de se mostrar muito séria: tem que relaxar, brincar, sorrir, contar uma
piada se houver chance.
- Sim, procuro me lembrar que não estão em um culto, uma palestra para
discutir política, religião e outros assuntos sérios.
- Eu não persigo nenhum “boy” em redes sociais: se ainda não somos amigos,
após o encontro, não corro para adicioná-lo no dia seguinte. Não quero dar a
impressão de desesperada, até porque não sou mesmo assim, mas tenho
perseverança para conquistar o que desejo. Homens sabem muito bem como garotas
possessivas ficam quando checam a página do namorado na Internet e vêem muitas
seguidores bonitas e atraentes; eles procuram fugir desse tipo de mulher possessiva e
insegura.
Óscar era um espanhol que começou a sair com Hellen e Bruna e faziam sexo a
três.
Iniciaram um diálogo num restaurante, antes de saírem para o apartamento
em que ela estava hospedado.
- Óscar, como é na Espanha? Uma esposa que trai seu cônjuge e é tratada pelo
amante como uma “puta” não gostaria de ser tratada igual pelo marido? – indagou
Larissa.
O homem respondeu:
- Esta pergunta pode estar impregnada de preconceitos, que eu nem sei direito
por onde começar, mas vou desmembrá-la por inteiro. Então vamos lá:
"Mulher que trai" - Isso não existe. Não existe mulher que trai e nem
homem que trai. O que existe é uma sociedade fundamentada na posse, onde
conceitos artificiais como o de casamento foram criados para legitimar esse
sentimento de posse. Ninguém pertence a ninguém e se uma pessoa, seja
homem ou mulher, quer relacionar-se com outra que não a que vive com ela, o
que há de errado nisso?
"Tratada pelo amante como puta" - O que isso quer dizer? Quer dizer que
ele paga a ela no final? Sim, porque essa é a única coisa de diferente em relação
ao sexo com uma prostituta: você tem de pagar a ela no final, porque é a
profissão dela. Mas se você acha que "tratar como puta" tem a ver com os atos
praticados (sexo oral ou anal, etc) ou com a forma deles (sexo selvagem, BDSM
ou qualquer outra fantasia 'tara'), então seu casamento deve ser muito ruim em
termos de sexo, porque a pergunta passa a impressão que no casamento só é
permitido o sexo “ tradicional“, a posição "papai-mamãe" e que qualquer
variação é apenas para ser praticada com prostitutas. Que triste deve ser um
casamento assim!
"Não gosta de ser tratada igual pelo marido" - Talvez essa mulher tenha
precisado de um amante justamente porque o marido é convencional e
"certinho" demais na cama com ela, não satisfazendo todas as necessidades e
fantasias que ela nutre. Talvez se ele, o marido, abandonasse a idéia de um sexo
convencional e rotineiro, ela nem precisasse ter um amante.
“Está, quem faz esta pergunta, acredito que está na hora de rever seus
conceitos!”- concluiu o espanhol, com sua visão pós-contemporânea de um
relacionamento.
- Com certeza, isto tudo vale para um relacionamento aberto, Oscar, - declarou
Andreza - ainda mais numa sociedade conservadora, como a brasileira. E todos nós,
brasileiros, temos um pezinho nesta tradição.
- Minha mãe dizia que não existe relacionamento com um narcisista, -
comentou Larissa - considerando que com eles as relações são unilaterais, ou seja,
somente você está nessa relação, doando-se, entregando-se, até de modo
subserviente, e o que é ainda pior, acreditando ser amada muitas vezes. Para início,
eles são propensos ao pensamento e idealização mágicos, o que significa que os
narcisistas acreditam que todos os seus problemas podem ser resolvidos pela “pessoa
certa”, você, a alma gêmea idealizada por ele.
- Verdade. A princípio, você será perfeita – continuou Óscar. - Infelizmente,
ninguém é realmente perfeito, e as expectativas e objetivos do narcisista são
completamente irracionais. Quando essa nova alma gêmea revela que nada mais é do
que uma pessoa comum com falhas, problemas e deficiências e – o pior de tudo –
necessidades, o narcisista geralmente fica desiludido e desapontado. Sente-se traído.
Como pode você não atender as expectativas dele? Como se atreve a deturpar-se
como perfeito?
- A indiferença, o tratamento pelo silêncio, fazem você tentar compensar a
falha, a imperfeição do que você se tornou para ele – afirmou Andreza - e, de modo
incansável, ás vezes mesmo sem entender o porquê, ele está te tratando assim, e você
fará de tudo para ter o tratamento do início da relação. Pode ser tudo em vão! Você
“traiu” o narcisista por não ser perfeita, por ser apenas um ser humano comum; é
exatamente assim que eles se sentem: traídos Não é um absurdo. Eles idealizam a
mulher perfeita e você é a culpada no final das contas. Eu já cruzei o caminho de dois
narcisistas em minha vida.
- Tanto quanto eles podem ver, na opinião deles, você mentiu, manipulou e
ainda os enganou – reiterou Larissa; então, eles têm o direito de derrubar na hora que
eles bem entenderem. Se deseja cometer um suicídio emocional, essa é só a fase 1 que
você enfrentará. Mas a sua pergunta te dá um sinal: como não ser “descartada” por
eles? … Pergunte a si própria: você se considera digna de descarte, como algo que já
não tem nenhuma utilidade? Significado: o ato ou efeito de se desfazer de algo que
não tem mais serventia ou não se deseja mais.
- Acredito que esta pergunta, para muitas mulheres, não passe de uma
curiosidade apenas, de coração! – disse Andreza. – Devemos ter consciência
emocional. Só que muitos homens não conseguem ter um sexo liberal e inovador com
sua mulher, namorada ou esposa, etc e há “n” motivos para explicar este fato, mas
não acredito que isso acontece porque eles têm receio de sua esposa imaginar que
eles as tratando assim pensariam que elas agem como “prostitutas“ na cama; eu
penso que a maioria dos homens de hoje não tem mais esse pensamento.
As três amigas, Andreza, Juhliana e Larissa, aprontaram na beira mar de
Fortaleza.
Andreza saía com suas amigas prostitutas na orla de Fortaleza fazendo fuzaca,
chamando atenção, dançando só de biquíni, rebolando nas barracas e restaurantes da
orla para chamar a atenção dos turistas nacionais e estrangeiros, de modo a angariar
clientes. Certa vez, estavam em um restaurante da orla e começaram a dançar e
rebolar, chamando a atenção de um coroa. Alguns clientes do bar reclamaram das
garotas, mas para a surpresa das mesmas, ele e sua esposa as defenderam. Andreza
ficou amiga do casal e chegaram a levar Suellen por duas vezes a uma casa de praia da
família, tratando-a muito bem, como uma filha. O nome do senhor era Kelvin e
trabalhava fazendo pizza e hambúrgueres artesanais. Andreza se referia a ele como
empresário e revelou depois que chegou a fazer dois programas com o coroa. Esse foi
o pagamento que ela deu à esposa do homem, em retribuição à consideração que ela
teve pela morena. Que ironia!
- Sim, foi assim que aconteceu: eu já tinha feito sexo a três em outras ocasiões,
mas era a primeira vez que eu fazia parte de um casal, pois eu estava namorando.
Como sou bissexual e meu namorado é um homem heterossexual, quis respeitar a
orientação dele e começar por uma segunda mulher. Então, lá fui eu. Comecei a
dançar com uma garota na pista de uma danceteria e nasceu um “climinha” entre nós
duas. Quando senti abertura, perguntei se ela ficava com mulheres e ela disse que
nunca tinha rolado, mas que tinha curiosidade. Comecei ali um flerte, só eu e ela,
enquanto meu homem pegava um drinque. Quando ele voltou, apresentei os dois e
trocamos algumas palavras. Nesse dia foi só isso que rolou.
- Fica mais fácil comigo porque sou uma mulher bissexual. Entendo seu lado,
Bruna. Depois dessa oportunidade, transamos juntos com outras pessoas outras vezes.
Ainda temos nossas questões, claro – e acho que sempre vamos ter, como em todo
relacionamento. Mas tem ficado mais confortável, menos confuso, mais natural.
Parece-me ser um novo hobby que cultivamos juntos e, por isso, causa tanta conexão
entre nós como correr no parque lado a lado.
Tem uma parte em uma música que diz mais ou menos assim: “Quando eu te vejo eu
desejo o seu desejo”, que tem algo da psicanálise, algo que ama a ideia do amor do
outro, não o outro em si. Mas penso que também se encaixa aqui: ver uma pessoa que
eu amo, que está em um relacionamento comigo (desses que não tem nenhum
suspense e que tem muito respeito), transar com outra pessoa me despertou um novo
desejo, uma vontade, uma libido nova e isso tem sido muito bacana.
_______________________________________________________________________
- E aí, morena, você tem falado com o Flávio, aquele rapazinho do restaurante
que te enviou o bilhete?
- Você acredita que eu ainda jantei com ele por duas vezes.
- Ficaram colegas?
- Quase.
- E o que ele faz na vida? Ele é mesmo rico ou abastado? Como se diz aqui no
Ceará...
- Acho que não tanto. Ele faz Engenharia de Pesca numa faculdade particular.
- Acredito que é mais foba dele. Ele é falastrão e meio gabola. Parece que o pai
dele é comerciante na cidade onde os pais moram. Eles são de Morada Nova.
- Pagou sim.
- Não.
- Amiga, não mente para mim! – e Larissa fez uma cara de desaprovação.
______________________________________________________________________
Conversaram Thiago e Andreza cinco dias depois. Ele percebeu que “Luna”
estava online no aplicativo de mensagens e lhe enviou uma comunicação :
- Estou saindo do banho neste instante; vou sair para o shopping; tenho que
- Não, meu bem, pois hoje estou de folga no salão de beleza. - Andreza dizia
fazer uns bicos num salão de cabeleireira. - Vou só me arrumar e saio para o shopping.
- Estou com uma dor no joelho esquerdo e só pude fazer fisioterapia hoje. Não
consegui participar do treino com bola e nem do rachão. Eu ia pedir para você vir pra
- Pode sim. E não estou com os lábios engessados. Eu queria dar uns
beijinhos!!!
- Beijinhos... Nossa, com seus beijos você falta me sufocar; mas eu gosto muito
deles. Adoro nossos beijos ... Eles têm pegada e possuem um sabor muito bom: de
quero mais.
- Que bom. Eu também acho uma delícia te beijar. Seu beijo é profundo,
envolvente e de um sabor doce. Seus lábios são molhadinhos, e são macios. Garota,
- Obrigada. Parabéns para nós dois neste caso. Nada melhor que um convite,
nos ver. Hoje à noite vou receber a visita de meus pais. Eles chegam hoje, mas já vão
embora amanhã.
- Desta vez será uma visita corrida da parte deles. Durma bem hoje, amor,
- Eita! Se eu estivesse aí com você agora, o que você ia querer fazer comigo?
tomando um champanhe!
- Sim, estou morando num condomínio. E escolhi uma casa que tem jacuzzi na
- Outro. Aproveite que seus pais estarão com você. Nine bastante os dois.. Um
beijo também.
E encerraram as mensagens.
_____________________________________________________
- Meus pais me convidaram para passar o final de semana com eles na minha
cidade, mas acho que eu não irei – contou Thiago.
- Andreza, desta vez não irei. Vou aproveitar essa folga de três dias dos treinos
para descansar.
- Então, pense nas possibilidades e me contacte. Pode dar certo. Não tenho
nada agendado ainda.
Andreza e Thiago ficaram se encontrando cerca de uma vez por semana. No flat
de Larissa, no motel e até no apartamento dele. Wanessa, porém, a alertou:
- Bruna, não fica indo ao apartamento dele, Thiago. Assim, você vai se apegar
mais a ele, e eu sei que tu não quer gamar no boy. Atrapalharia todos os seus planos.
- É verdade. Você acha, colega, que não devo mais ficar com ele no seu apê,
quando ele me convidar?
- Fazendo assim, ele está te atraindo para o ninho dele – alegou a ruiva. – E
vocês vão começar a criar memórias e vínculos cada vez maiores; depois será mais
difícil se libertar e você poderá sofrer, se terminarem.
- Nós não temos nada um com o outro. Ele é apenas um cliente.
- Será? Tem que ser como estou falando; a menos que você queira algo sério
com ele.
- Ele lá vai querer nada sério comigo – desdenhou a morena. – Um cara como
ele é cheio de mulheres cortejando; todas aos pés dele: torcedoras e fãs. Eu vi uma vez
a agenda de contatos do zap dele, sem querer. Eu vi algumas páginas quando ele me
mostrou algo no celular: tinha muitas fotos de mulheres nos contatos. Várias meninas
bonitas.
- É normal, Bruna. Ele é jovem, bonito e é muito conhecido. Você ficou com
ciúmes, foi?
- Eu não. Nada de ciúmes dele. Não tenho. Agora tem uma coisa que aprendi:
convivendo um pouco com ele estive pensando; acho que não tenho coragem de
namorar um jogador de futebol bonito e um pouco famoso como ele. O assédio das
garotas é muito grande. Eu não ia saber lidar com isso.
- Pois, amiga, não se envolva muito com ele. Mas também não engana o amigo
da Larissa. Acho que ela não ia gostar que você o seduzisse e maltratasse depois.
- Não, isso não farei. Pode deixar que não vou maltrata-lo. Não vou iludir Thiago
e depois o enganar. Não sou psicopata nem mau-caráter. Juro que não sou.
- Sei que você não é, Bruna - concluiu sua amiga. - Vocês se viram quando, pela
última vez ? Você e Thiago.
- Há três dias atrás. Acho que ele vai me contactar nos próximos dois dias.
- Pois boa sorte. Aproveitem.
De fato, três dias depois Thiago a convidou para jantar e de lá saíram para um
motel. Ele a convidou para irem a uma danceteria, mas ela não aceitou, pois Andreza
não apreciava boates ou danceterias.
Neste dia a morena aceitou tomar duas taças de vinho seco e no motel soltou-
se com Thiago. Na oportunidade a jovem revelou seu verdadeiro nome. Beijou-o
ardentemente e fez sexo oral nele sem preservativo. O jogador também lhe retribuiu
uma sessão de sexo oral generosa e transaram por mais de uma hora, conseguindo os
dois chegar ao orgasmo. Era um motel de luxo. Passaram a noite e pela manhã
tomaram o café da manhã no quarto. Depois descansaram e tiveram uma pequena
transa matinal. Ao final de tudo, Thiago foi deixá-la em seu apartamento. Era um
domingo de manhã. Ele a deixou na portaria do prédio e se despediu dela, declarando-
se: “Tchau, Andreza, eu te adoro! “
Aquelas palavras a pegaram de surpresa e a mesma disse apenas:
- Não fala isso.
Andreza havia conversado com Thiago dentro do carro, antes de chegarem ao
seu apartamento, na volta para casa.
- Sei que os homens valorizam muito a beleza das mulheres e a beleza, porém,
é passageira. Por isso não posso ficar presa à beleza física. Eu não vou cair na
armadilha dos homens que só se importam com a nossa aparência física. Somos mais
que isso. Mas quero aproveitar minha beleza, minha juventude e meus atrativos para
ganhar meu dinheiro. Tenho que aproveitar logo minhas oportunidades. O tempo
passa rápido. Quero fazer meu pé de meia. Vou conseguir atingir meus objetivos.
Preciso ganhar dinheiro enquanto sou jovem.
Andreza, inclusive, já tinha publicado em seu Facebook: “Ela é muito mais do
que aquilo que se vê.” Suellen continuou:
- Sabe, meu bem, eu gosto de provocar o macho. Numa mesa de restaurante
ficar o estimulando por baixo da mesa, tocando-o de forma maliciosa, fazendo esta
provocação. Adoro uns vibradores que os homens colocam dentro de mim e ficam me
estimulando, me excitando, aumentando e diminuindo a velocidade da vibração por
um controle remoto que fica com eles. Gosto desta preparação antes de fazer amor.
Gosto destas preliminares. Me excita. Preciso disso.
- Luna, - (era este nome que ela tinha dado para ele), - você já fez sexo com
garotas?
- Nunca transei com mulheres, não é minha praia. Não curto. Já fiz
atendimentos a três poucas vezes, mas não interagi com minha amiga durante o
atendimento. Não gosto muito de menage a trois. Eu gosto de homens, adoro homens
na verdade; mas um dia recebi uma proposta inusitada: uma mulher queria trazer o
marido para transar comigo, na frente dela. Eu nunca tinha feito isso com ninguém.
Neste dia topei. Mas deixei claro que eu não transaria com ela, não sou bissexual e não
faço programas com casais e apenas abriria uma exceção naquela oportunidade. E
estava fraco de programas, eu precisava de dinheiro. Ela me disse que ele (o marido)
estava precisando, não entendi muito bem. Sei que eles vieram e eu tive relação sexual
com ele. Péssimo. Ele transava muito mal e era muito ruim de cama. Foi uma das
piores experiências da minha vida. Acho que ela gostaria que eu ensinasse ele a
transar ou ela o queria ver transando com outra mulher para conferir se ele só
transava mal com ela. Só sei que ele era péssimo de cama e não sabia transar. Acredito
que ela concluiu que o problema estava nele. Aquela mulher não era realizada
sexualmente com o marido.
- Luna, como você é ao transar, na sua intimidade, como você gosta que o
parceiro faça? Como quer que ele te trate?
- Eu gosto que me xinguem na hora “H”, me falem palavrões, quando estou
trepando, no momento do clímax. Gosto de ouvir putarias no pé do ouvido, segredos
de liquidificador; gosto de ser chamada de safada, vagabunda, puta, vadia, etc, aprecio
putaria. Adoro que puxem meu cabelo, me dêem tapas na cara e na minha bunda
quando estou transando; eu grito e solto gemidos muitas vezes; essas coisas me
excitam. Eu gosto de tudo isso. E quero que o homem tenha atitude, e me coma em
várias posições. Também adoro fazer o papel de submissa às vezes”.
- Você gosta de fazer o papel de puta, de encenar e incorporar esta
personagem; estes gemidos não seriam puro fingimento? Quem me garante que não é
tudo simulação para enganar e seduzir seus clientes? - comentou e indagou Thiago.
- Não, eu sou uma garota de programa e sou paga para isso. É meu trabalho. E
eu gosto do que eu faço. Sinto prazer e realização quando meu cliente chega ao
orgasmo e goza. Me sinto competente e realizada. Eu gosto do que eu faço.
- É verdade, já sai com outras garotas, e que não tem nenhum apreço pelo
pagante. São mecânicas, mal falam, não dão um sorriso e, se o cliente gozou,
levantam-se da cama, vão tomar uma ducha, se vestem e vão embora, mal dizendo
tchau. Você é diferente, e se preocupa com o cliente, procura agradar e cumprir tudo o
que foi combinado, sem enganação. Você é legal. É honesta. É comprometida com o
que faz.
- Obrigada, meu bem.
- Thiago notou que “Luna” nunca indagou sobre a data de seu aniversário e tal
fato o incomodou um pouco.
Ele por sua vez questionou:
- Andreza, quando é seu aniversário?
- Ah meu bem, eu prefiro nem dizer. Eu não gosto de comemorar.
- Você não poderia me dizer?
A garota desconversou.
- Na sua família vocês não tem a tradição de comemorar? – indagou o homem.
- Temos sim – fingiu Suellen, que não costumava parabenizar seus parentes. –
Eu é que não sou muito chegada a comemorações do meu aniversário. – Andreza
também não possuía muita intimidade com a família de seu pai, com exceção de uma
tia, que residia em Brasília.
- Sua família é unida, Luna?
- Somos; apesar de morarmos bem distantes uns dos outros, somos bem
unidos.
Todavia, a garota se mostrava fria e nunca quis saber a data em que Thiago
completava anos, e este fato chamou a atenção do rapaz, pois ela sequer o perguntou
por educação. Parecia que a garota não tinha nenhuma empatia por ele, por mais que
se encontrassem e conversassem sobre diferentes temas.
- Otávio, eu estou gostando de uma garota de programa. Não sei bem como foi
isso, mas foi acontecendo. Você já viveu alguma situação parecida em sua vida?
- Nunca me apaixonei por uma GP, mas acho que, se você gosta dela, e imagina
que irá valer a pena, não custa tentar. O problema é se ela vai continuar "trabalhando"
durante o período do namoro, aí vai ficar tensa a relação.
- Otávio, é mesmo!
- Eu posso te falar um pouco da minha experiência com minha ex-namorada; ela
não era garota de programa, mas tinha muita experiência sexual. Apesar de ela afirmar
que teve apenas 04 homens antes de me conhecer, a melhor amiga dela falou que ela
já chegou a transar com essa quantidade de rapazes no período em um único mês (ela
pode ter exagerado, por isso não tenho certeza); ela era conhecida por participar de
"festinhas", de farras em cidades turísticas, e só tinha tido um namorado sério na vida
dela.
Resumindo: ela é ótima na cama - fantástica, safada, ardente. Não tem pudores, anda
pelada pela casa, fala sacanagem quando está sozinha com você, te chupa muito bem,
experimenta diversas posições que eu nunca imaginei serem possíveis.
Por outro lado: eu me sentia inseguro ao lado dela. A garota recebia muitos olhares de
outros rapazes, e eu imaginava que eles já a conheciam (e tinham provado do sexo
com ela ). Quando se tem tantas dúvidas se você realmente está conseguindo agradá-
la, mesmo ela falando que é uma das melhores transas da vida dela, não sabemos se
ela está realmente tendo orgasmo ou se ela está fingindo; fora que, quando a gente
estava já mal no namoro, a gente saía e ela comentava sobre os rapazes que a gente
via e ela já tinha feito sexo; falava sobre o corpo de outros homens, que tinha vontade
de ver algum cara pelado (voltei pra academia porque já estava até com medo dela
aprontar por lá) e começava a paquerar e se insinuar pra outros rapazes.
Ou seja: pelo lado do sexo, é ótimo. Mas você precisa estar mais seguro na relação, eu,
sinceramente, não encararia.
- Mas ela não parece ser esse tipo de garota. Ela é mais reservada. Ela não é
ninfomaníaca. Pelo menos, não aparenta ser.
- Investigue mais para ter certeza, mas não se faça um “stalker” dela. Ninguém
gosta disso, deste comportamento de perseguição, nem gosta de pessoas pegajosas, e
que ficam o tempo todo em cima da pessoa, querendo saber tudo da vida dela, sem
deixar respirar.
Thiago voltaria a se encontrar com a garota de programa cinco dias mais tarde
e a incentivou mudar de apartamento, dado que ela se queixava de problemas
enfrentados em sua residência atual.
- Thiago, eu não estou mais gostando do local onde moro – contou Suellen. -
Outro dia uma vizinha encrencou comigo. E o apartamento não é muito confortável.
Pega muito sol de tarde e aí fica quente demais.
- Muda para um apartamento um pouco melhor, ali mesmo pela Varjota. Você
paga quanto de aluguel, atualmente?
- R$ 900,00, com o condomínio incluso.
- O preço está muito bom pela localização e o seu ape tem dois quartos. O valor
está dentro do esperado.
- Eu também acho...
- Mas se você pagar mais R$ 300 ou R$ 400,00 acho que consegue um imóvel
bem melhor. Posso falar com uma amiga corretora? Ela pode te ajudar a encontrar um
outro imóvel com calma.
- Não precisa. Tem horas que eu penso em me mudar, mas pagar R$ 1.200,00
ou R$ 1.300,00 já começa a ficar pesado para mim. Ah! Eu não sei exatamente o que
fazer. Sou muito confusa!
- Mas se for o melhor para você, meu bem, eu te ajudo com o aluguel nos
primeiros seis meses; te dou uma ajuda de R$ 400,00 por mês. Você aceitaria?
- Não, eu não quero – Andreza não gostaria de ficar subordinada ou devendo
favores para nenhum homem.
- Tudo bem.
- Eu gostaria de ter um apartamento melhor, mas não quero gastar muito.
Cerca de 4 dias depois, Thiago procurou a garota em seu novo endereço. Ela já
não respondia mais suas mensagens. O endereço dela lhe foi repassado por sua amiga
corretora de imóveis.
Andreza ficou surpresa com a visita inesperada de Thiago e perguntou com
desdém:
- O que você está fazendo aqui? - indagou Andreza para Thiago.
- Eu só queria te ver e apareci... E eu queria conhecer seu novo apartamento.
- Eu ia te convidar para conhecer... mas não agora.
Thiago olhou então nos olhos de Andreza e a questionou:
- Bruna, por que você está fugindo de mim? Por que você se afastou tanto nos
últimos dias? Eu te magoei? Foi alguma coisa que eu falei que te desagradou?
- Não, não foi nada. É porque nestes dias eu estive muito ocupada com a
mudança.
Em certo momento,todavia, o rapaz ouviu Andreza sussurrar algo assim: “me
faz mudar de endereço pensando que vai ter um local melhor para transar, imagina,
não vai...”. O jogador, entretanto, preferiu não debater nada sobre tal fala da garota.
Na realidade, Andreza fingia e ela estava mesmo chateada com Thiago. Porém,
preferiu continuar enganando que não havia nenhum problema entre eles.
Thiago pediu então para ir ao banheiro.
- Meu bem, antes de ir embora, eu gostaria de usar seu banheiro. Posso?
- Pode. Tenta ser rápido. Vou precisar sair.
Thiago se dirigiu para o banheiro e foi quando Andreza fechou rapidamente a
porta de um quarto ao lado do lavabo e ainda disse:
- Por favor, não entra neste quarto! - pediu ela, bem compenetrada.
Não era o quarto com a cama de Andreza.
Thiago indagou, de pronto:
- Tudo bem; mas o que tem de tão especial neste quarto? Você está
escondendo alguma coisa?
- Não. É porque são minhas coisas que estão em caixas e bolsas. Não entre
nesse quarto e não mexa, por favor – reforçou a morena.
- Tudo bem. Sei cumprir ordens.
Após o rapaz sair do banheiro, ela dirigiu-se a ele, dizendo:
- Eu estou apressada. Tenho uma avaliação na academia 9:30h .
- Você marcou a avaliação com aquela personal que te indiquei, a Soraia? Ela é
ótima e muito competente.
- Não. Marquei com outra pessoa; o nome dele é Airton.
- Por que não deu certo a Soraia?
Andreza mentiu neste momento:
- Ela não podia hoje e eu só tinha este horário disponível.
Em seguida saíram do apartamento; Thiago lhe deu uma carona até um
quarteirão antes da academia. Na despedida, ele falou que entraria em contato nos
próximos dias.
- Tudo bem – respondeu a moça.
Andreza em seguida lhe deu um beijo tipo “selinho” na boca e se foi.
- Uma abordagem agressiva com essa garota não vai funcionar, amigo, mas
uma abordagem confiante, sim. Lembre-se de que confiança é fundamental; não é
tudo, mas ela deve saber a diferença entre uma atuação e uma estabilidade emocional
real. Ela conhece a distinção entre ousadia e segurança.
- Isto significa que devo ser bem pé no chão e pontual em minha abordagem.
Assim, Andreza vai se questionar por que não estou aos pés dela como outros homens
poderiam estar.
- Deixe a garota te ajudar; desafie-a a te seduzir; nunca perca a paciência, e
trate-a com respeito. Minha forma favorita de abordar este tipo de mulher é fazendo
elogios sinceros, mas na estratégia que mostre que estou acostumado com a beleza e
esta não é grande coisa.
- Será que posso em algum momento querer algo sério com ela? Você acha que
vale a pena investir? – questionou o jogador de futebol.
- Uma garota com perfil sedutor pode em algum momento querer uma família,
mas ela sabe que, hoje em dia, uma mulher não pode depender de um homem para
cuidar de si.
- Ela acredita ser independente e deseja a princípio pagar suas contas mais
essenciais. É provável que não vai ficar satisfeita em casa. Porém, como ocorre com
todas as mulheres, ela tem a necessidade de cuidar de seu homem para poder
fortalecer seus laços. Ela faz isso ajudando ele de formas práticas pois, acima de tudo,
é uma mulher realista.
- A última coisa que ela procura é um submisso, acredito eu. Homens são
egoístas – ela sabe disso porque ela teve muitos deles. Otávio, eu gostaria que ela
parasse de realizar programas.
- Agora, se você fizer questão que ela pare, esteja preparado para uma coisa: a
ajuda financeira. Sim, a maioria destas garotas podem estar procurando alguém para
bancá-las, a fim de que elas saiam dessa vida. Se você vai pedir para ela sair do seu
trabalho, você vai ter que ajudar financeiramente, até ela conseguir um emprego ou se
vocês decidirem tentar morar juntos.
- Mas sei que muitas acompanhantes faturam uma boa grana por mês. E aí?
- Sim, é por esse motivo que repassei estas últimas colocações. Se você quiser
que ela saia dessa vida, esteja preparado para no mínimo bancar o estilo de vida que
ela tinha. Não precisa dar uma “mesada” pra ela, mas se ela precisar de dinheiro para
comprar roupas ou ir ao salão, esteja preparado, já que ela não terá mais uma fonte de
renda.
- Por mais que a relação entre os dois seja agradável, ambos têm de conviver
com a desconfiança e o preconceito dos outros – opinou Wanessa. – Além disso, os
homens estão sempre mais preocupados com a fidelidade da garota. Por isso,
cobranças de ciúmes podem surgir e está aí um problema e tanto.
- Eu sei - continuou Andreza. - A primeira pergunta que passa pela cabeça dos
que cogitam esta relação é: uma prostituta ou ex-acompanhante pode ser uma mulher
fiel, ou sempre vai estar sujeita a fraquejar?
- Pois saiba, minha amiga - contou Wanessa - que para dar certo _ como em
qualquer outro relacionamento _ seu papel é oferecer segurança. Veja o que
aconteceu com um cliente meu que conheceu uma outra garota de programa em um
bar, mas não sabia que ela era GP, e começou a se envolver com a moça. Ele me
contou: no início, quando eles se conheceram e nos primeiros encontros, ela dizia ser
advogada. Depois de quase três meses de relacionamento, quando a relação estava se
tornando mais séria, ela abriu o jogo e revelou a verdade e qual foi sua reação: no
momento em que ele soube, Fred diz que virou as costas, sumiu, e ficou sem entrar
em contato por aproximadamente um mês. Com a ausência, ele disse que passou a
sentir muita falta da garota e voltaram a se encontrar. No começo, após a revelação da
verdade, foi mais difícil ele aceitar e tiveram algumas discussões. Não é qualquer
homem que aguenta, penso seu. Eles ainda namoraram e terminaram tendo uma filha
linda, mas hoje eles não moram juntos. Todavia, ele participa ativamente da criação
da filha.
- Ainda bem, menos mal. Um final parcialmente feliz – refletiu a morena. – Mas
não quero engravidar de nenhum cliente. Não tenho cabeça para isso.
- Mas, na história que relatei, eles nunca foram cliente e garota de programa.
_____________________________________________________________
Thiago tentava entrar em contato com Andreza pelo WhatsApp desde 15:50 h,
mas somente por volta de 17 h ela respondeu, dizendo apenas que estava passando
por um imprevisto e voltaria a falar com ele assim que pudesse.
- Ok.
- Thiago...
- Estou aqui...
- Meu bem, você não sabe o sufoco pelo qual passei hoje. Passei o maior
aperreio hoje, fiquei muito nervosa. Ainda estou me tremendo...
- O que aconteceu, Andreza?
- Eu disse não. Eu falei para ele que nem o conhecia para ir aceitando uma
proposta inusitada como essa... Ele me pegou de surpresa... E eu fiquei mesmo foi com
medo dele. Não podia bater de frente com ele, ele podia se enfurecer comigo. Sei lá.
- Não, mas ele não é feio. Na verdade ele me deixou muito assustada. E ele
continuou insistindo. Veio me deixar no apartamento da Juh e disse que vai me ligar
depois.. Eu fiquei calada.
- Você ainda quer sair com ele?
- Não sei... Quer dizer, de preferência não. Ele me passou a impressão de ser
uma pessoa um pouco esquisita.
- Difícil acreditar nisso. Ele falou estas coisas somente para te conquistar. E o
que você fará se ele te ligar de novo?
- Não sei mesmo... Fiquei com medo dele. Não sei o que ele pode fazer comigo
se eu não responder às mensagens dele.
- Mude seu número de telefone. Diga que não dá mais certo você sair com ele.
- Não posso alterar meu número de celular. Eu tenho muitos clientes nesta
linha. E ele já sabe o endereço do apartamento da Juh. Eu vou com muita frequência
pra lá. Do jeito como ele é louco, ele pode ficar me esperando, escondido, e me
apanhar de surpresa. Aí seria pior para mim.
- Pois você se prepare que ele vai começar a te perseguir. Muitos destes
policiais militares são mesmo loucos. E podem ser perigosos.
- Vire essa boca pra lá. Você só fala bobagem. – explodiu a morena- Ao invés
de tentar me acalmar vem falar uma coisa dessas. Não vai acontecer nada de mal...
Você é muito pessimista.
- Ou sou realista? Deus te ouça e que ele não te faça mais nada. Mas confesso
que fiquei preocupado contigo.
- Você não precisa se preocupar comigo, Thiago. Eu sou maior de idade e sei
cuidar de mim. Não se sinta responsável por mim. Deixa que eu resolvo isso
sozinha. - rebateu Suellen.
- Tudo bem. Você é quem manda. A gente tenta se ver amanhã a tarde, então?
- Pode ser. Entro em contato.
- Boa noite.
Naquela mesma noite se abateu sobre a cidade uma forte chuva com raios. Era
mês de março. Andreza quase não dormiu por conta dos trovões e dos relâmpagos e
por volta das 3 h da manhã enviou uma mensagem de Whatsapp para Thiago onde
escreveu apenas: “Thiago”, mas ele não visualizou logo e só foi ver a mensagem no
celular no dia seguinte às 7 h, mas preferiu não responder a mensagem ainda. Ele
lembrou que Andreza havia falado de seu medo das tempestades com raios e
imaginou que seu contato fora por isso. Ele também pensou que ela não tivera uma
boa noite de sono , e somente agora, pela manhã, teria conseguido dormir e preferiu
não incomodá-la. Ela tinha visualizado o WhatsApp até quase 5 h da manhã. Thiago
ficou com pena de Andreza e ressentido por não ter percebido a mensagem dela na
madrugada. Mas já era tarde.
Depois daquele dia, porém, o oficial militar não entrou mais em contato com
Andreza. Provavelmente fez as pazes com a esposa e voltou para ela.
- Tudo bem, Andreza. Quando você quer, você sabe ser indelicada.
Dois dias depois o rapaz lhe enviou a seguinte mensagem pelo aplicativo de
comunicação. O rapaz desabafou com Andreza:
- Luna, eu sinto que muitas de suas ações são guiadas pelo medo. Acredito que
os seus temores se devam aos infortúnios de experiências passadas e que te
trouxeram diversos traumas. Ou então seus temores são advindos de falsas
expectativas, ilusões ou devaneios de sua consciência. Talvez você tenha crescido num
ambiente exageradamente protetor ou teve uma educação demasiado severa que não
te deixou desenvolver uma pessoa mais corajosa e sem medo de investir em situações
desafiadoras para você. Você deve ter passado por frustrações que foram minando sua
autoconfiança. Independente do que provocou tal situação, se você continuar
dominada por seus medos excessivos, você vai perder grandes oportunidades em sua
vida, simplesmente pelo fato de nunca querer se arriscar, por temer as consequências
disso. E vai ser uma mulher excessivamente cautelosa, comodista, procrastinadora,
aceitando a situação em que se encontra e sem alçar novos horizontes. O medo
excessivo, sem controle, pode impor uma verdadeira cadeia, na qual você é sua
própria prisioneira, e pode chegar ao ponto de não encontrar mais armas nem forças
para se libertar. Você precisa superar estes medos e entender que na vida todas as
nossas ações geram riscos, mas é preciso aprender a calcular estes riscos e têm-se que
arriscar, porque, do contrário, não vamos sair do marasmo e da mesmice em que
nossa vida pode estar.
Cerca de uma semana depois os dois se encontraram.
Thiago se despediu de Andreza:
- Parece que eu também fui mudando meu jeito de ser, conforme eu ia
interagindo com você, Andreza. Parece que eu absorvi paulatinamente o seu jeito de
ser; já não me importo muito com as outras pessoas; não tenho muita vontade de ir a
missa; só me preocupo comigo; ou penso apenas em nós dois; o resto de tudo que se
exploda; não ligo por seguinte para o que ocorre no mundo; fiquei mais egoísta; fiquei
mais introspectivo; meu mundo ficou mais fechado; meus horizontes se reduziram;
acho que você me fez mal - disse Thiago. - Ou eu fiz mal em tentar viver sua vida. Eu
deixei de ser eu mesmo para viver sua vida e projetei seu ego dentro de mim, do meu
cerne. Eu me enganei. Eu não deveria ter feito isso, mas estou desistindo de você na
hora certa. Tchau para nunca mais.
E Thiago saiu para nunca mais voltar.
____________________________________________________________
Larissa indicou um jogador de pôquer, Cláudio, para ser cliente de Andreza. Eles
se conheceram na clínica de massagem tântrica, trocaram telefones e continuaram
marcando encontros fora dali. Ele era casado, tinha negócios e atuava como jogador
de pôquer.
- Obrigada, meu bem. Mas sozinha, sem ela, não me sinto tão segura.
Então, Cláudio pediu para que ela colocasse o preservativo em seu pênis e ela
o fez. A acompanhante passou a sugar seu membro, mas rapidamente o homem fez
gesto para que mudassem de posição, pois o mesmo já desejava penetrá-la. Ele a
deitou em decúbito dorsal, com a nuca da jovem apoiada sobre o travesseiro, e
começou a estocá-la na vagina, numa alternância entre um ritmo acelerado e outro
lento, variando também a força com que a penetrava. A garota olhava com firmeza na
pupila dos olhos do moço e mudaram a posição sexual por três ou quatro vezes. Em
algumas mudanças de posição sexual Andreza aplicava bastante lubrificante em sua
vagina. Cláudio falava pouco e após cerca de vinte minutos transando, ela ficou sobre
o leito, apoiada nos quatro membros, de joelhos, e sussurrou no seu ouvido: “Me
come de quatro”. Cláudio atendeu o pedido da garota e transaram na posição
“doggystyle”, mas com penetração vaginal. A seguir voltariam para outra posição
vaginal com a garota sobre ele, no estilo “cowgirl”. O rapaz já estava quase atingindo o
clímax sexual e a acompanhante voltou a lhe praticar sexo oral. Cláudio notou como
ela estava excitada, pois a mesma tentava estimular seu próprio clitóris com uma mão,
enquanto sugava seu fálus com gosto, num boquete guloso, pronunciando sons
guturais. Cláudio quis estimular o clitóris da jovem, mas ela pediu: “Deixe eu me tocar.
Eu tenho o direito de me tocar. ” Logo, o cliente chegou ao orgasmo e gozou no
preservativo. Andreza pediu para o limpar; ele concordou; a jovem foi ao banheiro,
trouxe um pouco de papel higiênico e o limpou; ele agradeceu a gentileza, mas pediu
mesmo para tomar uma ducha depois, oferendo-lhe porém prioridade no uso do
toilette. Suellen foi-se higienizar e depois que voltou foi a vez do homem usar a
ducha do banheiro.
- Não, sem galho. Levo você até onde quiser. É perto daqui?
Suellen saiu com o jogador de pôquer cerca de cinco dias depois para outro
motel e conversaram sobre sexo oral:
FAZER SEXO ORAL NAS MULHERES PODE FAZER BEM PARA A FLORA INTESTINAL
DO HOMEM”.
- Muitos homens adoram receber, mas não gostam muito de retribuir sexo oral
nas mulheres – contou Cláudio. - Mas li que as bactérias da vagina da mulher nos
fazem bem.
- Curioso. Você aprecia muito o sexo oral, não é? Tenho notado esta sua
preferência...
- Eu penso que o sexo oral tem muitas vantagens para o casal - disse Cláudio. -
Tenho me informado sobre este fato e concordo com muitas coisas.
- Há quem afirme que ele pode aumentar a conexão do casal. O sexo oral é uma
das formas mais íntimas que existe de fazer sexo, então pode ser benéfico para o
relacionamento.
- Acredito que para muitos casais é verdade. Além disso, ajuda a driblar a ejaculação
precoce.
- Porém, muitos homens gozam logo se a mulher realizar o sexo oral bem feito. Não é
- O sexo oral também ajuda na excitação sexual das preliminares. Ele promove mais
tesão no casal.
- Sei que muitas pessoas se excitam recebendo o sexo oral, mas acho que são
- Você acha?
- Opinião minha. Nas mulheres sei que nos ajuda atingir o orgasmo - afirmou
Andreza.
melhor.
- Acho que todas. De quatro é uma delícia. Mas várias posições são muito
_______________________________________________________________________
Andreza e Cláudio se encontraram no apartamento de Larissa cerca de quatro
dias mais tarde.
A morena conversava com o jogador de pôquer:
- Meu bem, - começou ela, - eu e a Larissa conhecemos um gringo tão bonito.
Ele é francês. É bem alto, loiro, dos olhos azuis. Ele já veio ao Brasil 2 vezes e já saímos
para jantar umas 3 ocasiões. Por duas oportunidades ele me convidou sozinha e
saímos. Ele me diz que é louco por mim, mas entre nós nunca rolou nada. Ele até falou
com a Juhliana que estava um pouco chateado por eu não dar uma resposta para ele
sobre nós.
- Ele fala bem em português? Você pensa em namorar com ele?
- Fala bem língua portuguesa. Dá para a gente se entender direitinho. Quanto a
relacionamento com ele, e tipo assim: não sei, mas sinceramente acho que não. Ele é
bem legal. Me liga bastante pelo WhatsApp. Do nada ele me faz umas chamadas e
canta umas músicas de sertanejo universitário. Ele é doidinho, fica cantando para mim
no telefone. Ele é louco para eu ficar com ele ... Mas para mim acredito que é só
amizade.
- Você jura que nunca transou com ele?
- Nem beijei ... Ele me respeita muito. É um verdadeiro “gentleman”. Eu penso
que ele gostaria de ter algo sério comigo...
- Bruna ... verdade? Você nunca ficou com ele?
- Sim. Já saímos por duas ocasiões eu e ele, sozinhos, mas foi só para jantar.
Não aconteceu mais nada depois. O gringo não tentou avançar tanto o sinal. Ele me
disse as suas intenções comigo, porém me fiz de desentendida, digamos. Ele é grilado
comigo por isso, mas não posso fazer nada contra a minha vontade. Acredito que ele
me entende. Ele adora o Brasil e vem aqui de 3 em 3 meses ou até menos . Ele curte os
esportes no mar, como wind surf, kite surf, mergulho, etc.
- Que bom!
Após se encontrarem por três vezes “Bruna” e Cláudio foram ficando íntimos e a
moça terminou revelando seu verdadeiro nome.
- Meu pai queria Andreza (o nome dele é Antônio José); minha mãe se chama
Ester e sua avó era Suely. Daí, eles chegaram a um consenso e colocaram meu nome
Andreza Suellen.
- Mas por que Suellen e não Suely, já que sua mãe queria esse nome?
- Meu pai quis incrementar meu nome. Mamãe, a priori, ficou chateada, mas
logo aceitou. Hoje dona Ester acha meu nome muito bonito.
Andreza pediu para Cláudio indicar ela para uns amigos dele em outra
oportunidade, após transarem.
- Ah, meu bem, vai, me indica para uns colegas seus!
- Ok - Respondeu o rapaz. – Mas eu quero saber se você vai me indicar também
umas gatinhas bem gostosinhas e que adoram transar, como você, meu bem!? Você
tem umas amigas gostosas para me indicar também? – pediu Cláudio, com brincadeira.
- Tenho sim - rebateu a morena. Mas não tinha tantas amigas assim para
indicar. E muito menos que se encaixassem no perfil de Cláudio. Andreza estava
blefando.
- E quanto vou receber por cada indicação de cliente pra você? – falou Cláudio,
em tom de anedota.
- Você esta falando sério? Quer uma comissão?
- Não, Andreza. Eu falei com graça. Não preciso receber nenhuma comissão
sua.
- Tenho poucos amigos para indicar - continuou o cliente. - A maioria dos meus
amigos são casados, outros não curtem acompanhantes e ainda tem os gays: esses,
não se conta com eles nesta hora - e sorriu. - Mas vou te recomendar para um amigão,
e que é solteiro, o Felipe. Vocês vão se dar bem. Vou passar seu contato para ele. Ele
vai te chamar no zap. Fique ligada.
Cláudio possuía um amigo bem próximo chamado Felipe Matos, que era
contador e era solteiro. O jogador de pôquer falou de Andreza para Felipe algumas
semanas depois.
- Então eu conheci uma gatinha bem legal; o nome de guerra dela é Bruna.
Você quer sair com ela? Ela me pediu para indicar um amigo, me disse que está
precisando de grana. O programa dela é bem legal; ela é simpática e é uma menina
boa de cama.
- E você vai me passar uma garota tão legal assim? Não vai ficar com ciúmes?
- Não. Pode sair com ela – replicou Cláudio, sem refletir profundamente no que
estava falando.
- O nome dela é Andreza. Mas não diga que eu revelei seu nome real. Ela é
desconfiada. Chame-a sempre de Bruna. Se ela contar seu verdadeiro nome pra ti,
sem problemas.
- Você anda falando sobre a gente com outras pessoas? Você contou para seu
amigo meu nome real?
- Não, eu não revelei para ele seu nome de verdade. – mentiu o homem. – Eu
comentei sobre a gente apenas com ele, pois confio em seu sigilo. Ele é meu amigo de
confiança.
- Tudo bem, mas não comente com mais ninguém sobre a gente. Não deixo. É
melhor para nós dois; principalmente para você, que mantenhamos a discrição.
- Concordo contigo. Andreza, ele me pergunta às vezes, pois tem uma dúvida:
garotas de programa gozam? Você costuma ter orgasmo com seus clientes?
- Eu tive orgasmo raríssimas vezes nos programas. Não faço questão, nem
tenho essa expectativa.
- Meu amigo diz que muitos homens comentam que, ao tocar em certas
garotas de programa, eles sentem estar-se encostando num corpo sem vida, e que a
mulher na verdade está ausente. A entrega seria estar realmente presente numa cena
sexual e usufruir desse momento, mas isso não costuma ocorrer nos programas;
parece que a cabeça das garotas está longe, em outro mundo.
- Percebi isso com você. Felipe me falou que ele procurou ler sobre o assunto e
descobriu que, do ponto de vista da psicanálise, a criança do sexo feminino, em um
período de sua vida, sente desejo e atração pelo pai (é o complexo de Electra),
chegando a ter ciúmes da relação dele com sua mãe, mas aprende com o tempo que é
preciso reprimir esse desejo e buscar outro homem, e, vai revitalizar essa atração por
um macho mais tarde, na relação com outro homem. A fantasia da prostituição
permitiria que a mulher desenvolva sua sexualidade sem as amarras do pai e se
entregue à relação com um outro objeto de desejo, geralmente um homem.
- Eu já li, garota, que para a mulher poder superar o conflito entre ter a
sexualidade de uma prostituta e a de uma “santa”, e ser uma mulher de sexualidade
equilibrada, sem essa visão dos extremos, há algumas alternativas. Se ela estabelecer,
para outro homem, o mesmo valor de desejo que atribuiu ao pai, terá de ser só uma
“santa” – e não se entregar sexualmente a ele, pois a última coisa que quer perder é o
amor. Mas a mulher pode também entender o contrário. Quando deve superar o
desejo pelo pai, sente-se traída e pensa o seguinte: quero todos os homens no lugar de
um. Então, ela escolhe a outra possibilidade: ser prostituta. Não somente a
prostituição real, mas a entrega a homens desconhecidos, como muitas jovens o
fazem. Na terceira opção, quando a mulher lida bem com essa questão edípica
(relativa ao Complexo de Édipo e Electra), ela não precisa escolher um dos dois papéis.
Pode amar e ao mesmo tempo se entregar totalmente na relação sexual, condensando
em uma coexistência harmoniosa os papéis da santa e da “puta”.
- A psicanálise nos diz ainda, conforme Felipe estudou, que o nosso interesse,
desde criança, é movido pela curiosidade sexual, onde sexo não é apenas a cópula,
mas tudo o que produz prazer e traz ânimo ao nosso corpo. E, por mais que tenhamos
derrubado tabus, ainda somos curiosos, pois o sexo organiza a vida emocional do
indivíduo. A vida de vocês acompanhantes continua sendo misteriosa para quem não
exerce essa profissão, atraindo a curiosidade dos homens. As putas sabem sobre o
maior segredo que existe no mundo é o segredo do sexo, e elas sabem se aproveitar
desse conhecimento. Existe até a estapafúrdia expressão “puta velha”, que seria
aquela pessoa que sabe profundamente das coisas, e que “não mete a mão á toa na
cumbuca, sem saber o que há dentro”, que tem uma certa sabedoria.
____________________________________________________________
E Cláudio cantarolou uma canção do rock nacional anos 2000 para Andreza.
- Adorei. Sabe, tenho uma surpresa para quando você se encontrar comigo da
próxima vez. Você vai ter que tirar a minha roupa para descobrir qual é .
Cláudio imaginou que a surpresa poderia ser uma lingerie nova, como eles
tinham conversado. A garota queria atiçá-lo por aquela mensagem. Saber esperar,
- Você fica muito sexy quando coloca essas lingeries lindas que você tem. Eu
fico todo arrepiado quando te vejo nelas.
- Qual você prefere dentre as que já usei? Aquela vermelha … ou aquela de
- A lingerie vermelha com certeza: foi a primeira que você usou comigo. Eu
nunca mais esqueci. Ficou gravado na minha mente.
- Aquela nossa última transa foi muito boa, senti todo o prazer do mundo ao
- Safado. Eu também adorei a última vez que fizemos amor. Gostei demais
daquele dia. Mas, me conta o último pensamento erótico que você teve? Eu quero
- Adoro quando você fala assim! Eu queria sentir sua respiração na minha pele
agora.
- Você também me fez ficar toda arrepiada aqui agora! É mesmo uma
queria te beijar agora todinho. Eu queria você todo para mim nesse instante. Ainda
- Seu beijo é delicioso; é tão profundo e doce; seus lábios são tão macios; eu
adoro te beijar. Nunca tinha beijado alguém assim do beijo tão gostoso; sempre tem
- Qual parte do seu corpo você gostaria que eu beijasse agora? – perguntou o
homem.
- Eu queria umas lambidinhas no meu pescoço e nos meus seios. Imagine aí.
- Ai, que meloso!!! Minha voz... puxa vida. E soa tão erótica assim para ti?
- Talvez sim.
- Eu não gosto muito, mas a “Hellen” e a Wanessa, elas curtem; você tem
fetiche por alguma coisa?
- Ai, assim você me mata. Agora me bateu uma vontade imensa de fazer sexo.
Daquelas que quase não dá para resistir...
- Qual fantasia você tem e nunca contou para ninguém?
- Eu queria transar com você numa praia deserta, á luz do luar. Até já sonhei
com isso. Veja só quanta ousadia...
- Numa praia deserta eu toparia; daria certo, sem nenhum grilo. E em qual
posições você gostaria de transar comigo agora?
- Você e seus beijos molhados. Mas eu aprecio bastante quando você me beija.
- Vou pensar ainda; não sou pessoa de fantasiar muito o sexo; eu prefiro
idealizar pouco e colocar em prática o que me vem á cabeça na hora do sexo. Tudo de
forma mais natural possível.
- Nossa, por que tanta preocupação com minha satisfação e meu bem-estar?!
- Eu quero que o sexo seja bom para nós dois. Eu me importo com esse fato.
- Eu falei isso, mas eu não gosto realmente de me exibir nas câmeras do celular.
Eu tenho muito pudor quanto a isso. Já fui mais exibicionista; essa minha fase já
encerrou.
- Eu queria te perguntar: você já experimentou usar alguma calcinha
comestível, com sabor?
- Um cliente me trouxe uma vez. Não me pedem isso, não. - Se você fosse fazer
uma massagem em mim, por onde começaria?
adoraria massagear seu bumbum e roçar seu pênis nessa sua bundinha empinada.
Depois eu passaria para o seu tórax e ia descendo. Aquela parte... tem que deixar por
último, sempre.
- Não sei, mas eu gostaria. Mas entendo que você é reservada quanto a isso.
- Felipe, sabe aquela acompanhante de que eu te falei? Ela não sai da minha
cabeça; o chato é ter quase certeza que ela não vai querer nada além de sexo; isso que
é deprimente, pois ela é linda, maravilhosa, apaixonante. Ela não faz qualquer sexo;
ela faz um sexo delicioso, ela se entrega, sabe fazer com gosto, geme que é uma
delícia, e manja tudo na cama... Mexe deliciosamente... tinha que ser morena! As
morenas são muito safadas e ainda tem um fôlego que minha nossa... Será que estou
confundindo sexo com paixão?? Porque não tiro ela da cabeça ... Será que é porque
acho ela um tesão demais?? Sei lá! Já aconteceu com você, Felipe?
- Meu irmão! – retorquiu seu amigo. - Você não vai querer isso para você! Esse
é o papel delas: fazer tudo para agradarem os homens na cama!
- Mas a maioria das acompanhantes não faz! – replicou Cláudio.
- É verdade! Porém, elas muitas vezes querem nos fazer gamar e dar mais grana
para elas! Cara, você está confundindo as coisas; Cláudio, você deve estar carente e
por isso está se sentindo assim. Está pensando com a “cabeça de baixo”; você vai
querer algo sério com uma menina que faz programa? Claro que não! Lembre-se que o
que ela faz com você, faz com outros caras também.
Amigo, se quer um conselho, vá atrás de meninas que valham a pena, meninas que
realmente querem um compromisso.
- É, eu preciso avaliar isso melhor, Felipe. Posso estar fazendo uma burrada!
- Ainda mais que você é casado.
- Sim, tenho ciência disso.
- Cláudio, eu vi que ela (a Bruna) tirou umas fotos na praia colocando a língua
para fora da boca. Por que você acha que algumas pessoas fazem isso nas fotos? Isso
pode significar alguma coisa em especial? Você acha legal ?
- Felipe,- respondeu seu amigo - eu li os comentários de um psicólogo que
afirmou que este tipo de “selfie” pode indicar que mostrando a língua, toda divertida,
a pessoa na verdade não estaria muito confortável em frente à câmera, mas não
concordo. Ele aponta, ainda, que talvez esse tipo de pose indique que você se sente
bem em colocar esse seu lado “bobo”, moleque, para fora.
- Eu também li - continuou Felipe - que pode haver uma verdade oculta por trás
dessa pose. Muitas pessoas não sabem disso, mas o fato de colocar a língua para fora
nas fotografias se tornou uma moda entre os jovens e também no mundo dos famosos
e esse sempre foi um hábito muito comum entre os roqueiros, que além do gesto com
a língua costumam fazer a mão chifrada. No entanto, o verdadeiro significado de ser
fotografado fazendo essa pose seria um ato de adoração a uma entidade do hinduísmo
chamada Kali. Para o paganismo, Kali é considerada a deusa da morte e da
sexualidade. Ela é a esposa do deus Shiva, outra entidade adorada no hinduísmo.
- Eu também li que tirar fotos em poses incomuns, como a de pôr a língua para
fora da boca, debochando, poderia ser um gesto de protesto ou um ato de rebeldia.
Será que estas garotas que a gente vê no Instagram e no Facebook tirando selfies
deste tipo sabem de tudo isso e nós é que estamos boiando e sem saber de nada??
- Talvez sim.
- Porque você acabou de dizer que Shiva também é a deusa da sexualidade na
Índia e de uma religião pagã. Isso pode ter a ver com a ideologia e o comportamento
desta geração de garotas de hoje.
- É verdade. Bem pensado.
- Outra coisa que notei é como estas garotas têm mensagens de auto-ajuda e
trechos da Bíblia cristã em sua página de rosto das redes sociais. Sei que muitas delas
se afastam da prática religiosa, talvez por acharem que seu estilo de vida não é
compatível com os preceitos das religiões cristãs e pelo fato de os padres e pastores
evangélicos serem muito moralistas. Acredito que muitas das garotas de programa
não se sentem mais à vontade para frequentar missas e cultos, dada a vida que levam,
e não se sentem confortáveis de comparecerem a estas celebrações. Penso eu. Mas
percebo quantas delas colocam trechos e versículos da Bíblia ou frases de amor-
próprio e otimismo em sua página de rosto do Face e do Insta. Versículos como “ Seja
Forte e Corajoso”. Os reais motivos? Eu vivo me indagando.
- Sei que se a gente perguntar elas podem não falar a verdade... e não
contariam os reais motivos de fazerem isso.
- Não sei se o fazem para ludibriar outras pessoas e disfarçar a vida que levam
ou se é para dizerem para si próprias: sou garota de programa, mas continuo
acreditando em Deus ou possuindo otimismo e boas expectativas da vida. São
hipóteses que eu imaginei...
- É, você pode estar certo, Felipe.
- Amigo, Andreza tenta ser uma mulher sedutora – afirmou Felipe. – Ela é uma
garota que gosta de testar os homens, e experimentar vários. Porém, ela é,
sobretudo, uma mulher realista, mas encara o sexo como algo normal, como se
estivesse saindo para comer, bater um papo, beber e procurar estar sempre
transando, pois isto a agrada bastante. Qual a razão disso? Não sei. Foi muito privada
de relacionamentos e agora quer extravasar? Sofreu algum tipo de abuso sexual, e
passou a encarar o pós-trauma dessa forma?
E nessa empreitada, penso que ela prefere correr riscos para conseguir suas aventuras
sexuais, e sempre experimentar situações e sensações novas e inusitadas.
- Mas ela não parece ser uma garota ousada, que tenta experimentar drogas,
usar piercings, se tatuar , praticar esportes radicais.
- Porque o perfil psicológico dela, Andreza, é ser muito cautelosa, inclusive com
sua segurança; aventuras para ela, de preferência as sexuais. Mas ela já me contou
que deseja emagrecer para implantar um piercing no umbigo. E ela tem uma certa tara
por homens tatuados...
- Esta combinação de atributos que citei pode tornar garotas como ela muito
confiantes, sexuais e independentes, e acredito que é neste tripé que ela se confia. Ela
acredita que pode ser uma “diva“ equilibrada no sentido de ser forte, sexy e tem uma
presença que intimida alguns homens.
- E todos esses fatores podem ser interessantes para quem deseja seguir em
frente com confiança nesta jornada da conquista. Só não tenho certeza se vale todo
esforço por ela, tendo em vista que não passa de uma garota de programa.
- É esse o dilema, Cláudio. Mas procurar entende-la e saber como lidar com ela
já se torna um jogo atraente, pois ela vê a maioria dos homens como fracos e
inseguros, o que lhe é muito frustrante, pois mulheres assim são muito excitadas, mas
igualmente buscam foco no trabalho e na carreira. Ela não tem tempo nem espaço na
sua agenda para lidar com egos, e deste modo, suas atitudes devem espantar os fracos
do seu caminho.
- Só que não vejo esse foco nessa garota. Ela vive sem rumo, sem eira nem
beira, de modo até atoleimado; chego a ter pena dela; não vejo nenhum futuro
promissor para Andreza, se ela continuar sempre como ela é atualmente.
- Eu já me relacionei com uma menina que tinha esse perfil sedutor. Se você
conseguir se manter frio, não se comportar como carente emocional e saber cuidar de
suas necessidades sexuais, ela será uma mulher selvagem, uma das melhores que você
vai encontrar,
mas, por outro lado, se você se incomodar ao vê-la ocupada ela não puder te ver logo ,
ou se você parecer nervoso quando conversam, ela vai passar para outro.
- E ela não é o tipo de mulher que você pode reconquistar, eu sei disso. Se ela
notar uma fraqueza, ela vai embora, e nunca mais vai te ver da mesma forma.
- Exatamente. Esse fato não significa que ela é fria, mas que ela precisa de um
homem mais confiante; não precisa ser um garanhão na cama, contudo você deve ser
“generoso” na cama. Se você for inexperiente, ela pode te ensinar como ser agradada.
- Por ironia, esta pode ser melhor maneira de encerrar um relacionamento sério
com ela, pois as condições do relacionamento serão ideais se você for um cara que
está em seu próprio caminho e possui metas na carreira e na vida. Ela não vai exigir
muito tempo seu. Respeito mútuo pelos objetivos de cada um é a base para uma
relação mais duradoura com ela.
Ela vai tentar te seduzir continuamente, e se sente poderosa quando usa sua beleza,
energia e habilidade para te excitar. Ela gosta de perseguir sempre, mas não como
uma colegial. Seduzir um homem é como ela consegue seu poder.
- O problema é que ela vai estar sempre buscando outros homens para seduzir.
- Provavelmente. Todavia, ela vai precisar melhorar seu ego, ela precisa se sentir
sexy, e fica louca quando seu homem está sedento por ela, não porque ele está apenas
excitado, mas devido a algo que ela fez para ele ficar assim. Existem ótimas técnicas
para deixá-la chegar nesse estado.
- Como elas costumam conseguir o que querem, essas garotas ficam cercadas
por homens excitados. Ela é sexy e confiante, e os homens se jogam em cima dela. Isto
é entediante. Ela gosta da atenção até certo ponto – é melhor ser desejada do que
indesejada. Mas ela está procurando por um homem que é um desafio.
Você não tem que provocá-la, nem deve jogar nenhuma partida estratégica. Ao se
manter calmo e abordar a garota como uma pessoa normal, sem cantadas exageradas
ou elogios vazios, você vai parecer um desafio simplesmente por ser diferente dos
outros interessados nela. Em geral, essa garota vai mostrar Interesse em ti por este
ponto. Ela não tem problemas para assumir a liderança quando quer algo, no caso,
você.
- Realmente, verifico que Andreza não tem problemas com o sexo. Ela acredita
na sua confiança e na habilidade de seduzir e satisfazer um homem, eliminando
qualquer medo de parecer uma mulher fácil ou vadia. Uma vadia dorme com homens
por desejar atenção. Ela, a sedutora, dorme com os caras porque ela gosta disso. Uma
garota vadia é usada. Uma sedutora tenta usar os homens! Isso é excitante.
- Amigo, - afirmou ainda Felipe – Andreza é uma garota que gosta de testar os
homens, e colocá-los a prova. Porém, ela é, sobretudo, uma mulher realista, mas
encara o sexo como algo normal, como se estivesse saindo para comer, bater um
papo, beber e procura estar sempre transando, pois isto a agrada bastante. Qual a
razão disso? Não sei. Foi muito privada de relacionamentos e agora quer extravasar?
Sofreu algum tipo de abuso sexual, e passou a encarar o pós-trauma dessa forma?
E nessa empreitada, penso que ela prefere correr riscos para conseguir suas aventuras
sexuais, e sempre experimentar situações e sensações novas e inusitadas.
- Mas ela não parece ser uma garota ousada, que tenta experimentar drogas,
usar piercings, se tatuar, praticar esportes radicais.
- Esta combinação de atributos que citei pode tornar garotas como ela muito
confiantes, sexuais e independentes, e acredito que é neste tripé que ela se confia. Ela
acredita que pode ser uma “diva“ equilibrada no sentido de ser forte, sexy e ter uma
presença que intimide alguns homens.
- E todos esses fatores podem ser interessantes para quem deseja seguir em
frente com confiança nesta jornada da conquista. Só não tenho certeza se vale todo
esse esforço por ela, tendo em vista que não passa de uma garota de programa.
- É esse o dilema, Cláudio. Mas procurar entendê-la e saber como lidar com ela
já se torna um jogo atraente, pois ela vê a maioria dos homens como fracos e
inseguros, o que lhe é muito frustrante, pois mulheres assim são muito excitadas, mas
igualmente buscam estar focadas no trabalho e na carreira. Ela não tem tempo nem
espaço na sua agenda para lidar com egos, e deste modo, suas atitudes devem
espantar os fracos do seu caminho.
- Só que não vejo esse foco nessa garota. Ela vive sem rumo, sem eira nem
beira, de modo até atoleimado; chego a ter pena dela; não vejo nenhum futuro
promissor para Andreza, se ela continuar sempre como ela é atualmente.
- Eu já me relacionei com uma menina que tinha esse perfil sedutor. Se você
conseguir se manter frio, não se comportar como carente emocional e saber cuidar de
suas necessidades sexuais, ela será uma mulher selvagem, uma das melhores que você
vai encontrar, mas, por outro lado, se você se incomodar ao vê-la ocupada, se ela não
puder te ver logo, ou se você parecer nervoso quando conversam, ela vai passar para
outro.
- E ela não é o tipo de mulher que você pode reconquistar, eu sei disso. Se ela
notar uma fraqueza, ela vai embora, e nunca mais vai te ver da mesma forma.
- Exatamente. Esse fato não significa que ela é fria, mas que ela precisa de um
homem mais confiante; não precisa ser um garanhão na cama, contudo, você deve ser
“generoso” na cama. Se você for inexperiente, ela pode te ensinar como ser
agradada.
- Eu entendo que o comportamento de insegurança nunca é legal e ela pode
ver isso com maus olhos. Mas, na verdade, admitir suas falhas de vez em quando,
pode ser mais confortável para ela, sobretudo demonstrar uma força que você não
possui e ela pode reconhecer esse aspecto como positivo. É mais “sexy” abordá-la
como uma nova experiência, explorar, descobrir aos poucos o que especificamente a
deixa louca.
- Felipe, eu noto que essas mulheres têm seus desejos, pelos menos nos
relacionamentos, voltados ao sexo. Isso é porque elas parecem não ter tempo ou
disposição para outras coisas, e é provável que não estejam procurando por nada
sério, além de transar, e acham que namorar é bobagem no momento atual. Ela anseia
por caras que sejam amigos, parceiros, respeitem seu tempo, admirem sua
inteligência e talento, e lhes entreguem a foda quando ela precisar. Não é uma
descrição de emprego ruim...
- Por ironia, esta pode ser a melhor maneira de encerrar um relacionamento
sério com ela, pois as condições do relacionamento serão ideais se você for um cara
que está em seu próprio caminho e possui metas na carreira e na vida. Ela não vai
exigir muito tempo seu. Respeito mútuo pelos objetivos de cada um é a base para uma
relação mais duradoura com ela.
Ela vai tentar te seduzir continuamente, e se sente poderosa quando usa sua beleza,
energia e habilidade para te excitar. Ela gosta de perseguir sempre, mas não como
uma colegial. Seduzir um homem é como ela consegue seu poder.
- O problema é que ela vai estar sempre buscando outros homens para seduzir.
- Provavelmente... Todavia, ela vai precisar melhorar seu ego, ela precisa se
sentir sexy, e fica louca quando seu homem está sedento por ela, não porque ele está
apenas excitado, mas devido a algo que ela fez para ele ficar assim. Existem ótimas
técnicas para deixar ela chegar nesse estado.
- Como ela consegue o que quer a mulher sedutora pode ficar cercada por
homens excitados. Ela é sexy e confiante, e os homens se jogam em cima dela. Isto é
entediante. Ela gosta da atenção até certo ponto – é melhor ser desejada do que
indesejada. Mas ela está procurando por um homem que é um desafio para ela.
- Tudo bem, safado – concordou ela. – Por que a gente não vai no final da
tarde. Eu tenho uma tara por transar dentro do mar. – confessou a garota de
programa.
- Entendi. Então minha vontade e minha fantasia vão ficar para outra
oportunidade.
Assim fizeram e Luan Cassio fez algumas fotos da morena no celular da mesma.
Retornaram do passeio por volta de 17 horas e foi aí que ocorreu um acidente. Um
veículo grande do tipo pick-up invadiu a pista perpendicularmente ao trajeto da
motocicleta com o casal e estes se chocaram com a parte posterior da lateral da pick-
up. Sua sorte é que vinham em baixa velocidade e não tinham consumido nenhuma
bebida alcóolica. Andreza teve mais sorte e caiu sobre um canteiro de grama,
machucando levemente o punho esquerdo e teve algumas escoriações nas pernas e
no antebraço, mas nada grave. Seu companheiro, porém, não teve a mesma sorte da
moça e sofreu uma fratura exposta no antebraço. A ambulância veio socorrer os dois e
Luan pediu que Andreza ligasse para o irmão dele vir pegar a moto. Foram ao hospital,
sendo que ela foi liberada no mesmo dia, mas o estudante universitário ficou
internado para operar o antebraço.
- Bruna, o que aconteceu com você, que está machucada? Já faz quantos dias
que ocorreu?
- Foi há 3 dias atrás, cai da moto com um colega meu, que estava me dando
carona para o centro – enganou ela.
- Felizmente sim.
- “Luna”, a Larissa me contou que o Thiago Mota, o jogador de futebol, vai ficar
noivo de uma garota. Não era esse o nome que você repassava para ele?
- Larissa contou que ela estava gostando de você de verdade e ficou um pouco
decepcionado com seu comportamento e suas atitudes para com ele.
- Foi mesmo?
- Ele disse que pretendia ter algo mais sério com você.
- Andreza, poderia ser você a garota com a qual ele irá trocar alianças daqui a
um mês.
- Não estou arrependida. Ele não era para mim e eu nunca pensei que fosse
feita para ele. Boa sorte à noiva.
- Só acho que você perdeu um grande partido. Você literalmente jogou uma
grande chance fora.
Melina ligou nesses dias para Andreza, solicitando dinheiro e pedindo para ela
vir a São Luís.
- Alô, Suh – disse a garota ruiva quando sua irmã atendeu o telefone.
- Estou fazendo uns programas de vez em quando com uma amiga de Fortaleza.
- Mais ou menos.
- Não valia a pena me envolver com ele. O dito cujo também tem um filho bem
galinha e raparigueiro, mas também preferi não sair mais com ele. Me afastei.
- Você está certa, Suh. Não queira nada sério com qualquer pessoa por aí. Você
tem que retornar para a gente continuar nosso projeto. Não vá se apaixonar por
nenhum homem e nenhuma mulher .
- E aí?
- Eu recusei as propostas de cada um. Não pretendo sair do país por enquanto.
- E ainda tem mais alguma proposta? Esse cara deve ter achado você muito
banqueira e botadora de “boneco“, como dizem aí no Ceará.
Andreza ouvia toda aquela choradeira de sua irmã por dinheiro e se questionava
em silêncio: “E o que eu tenho a ver com todas essas histórias? Por que ela me conta
tudo isso? Será que Melina acha que eu vou ajudar a pagar as contas dela, do seu
homem e da família dele?”. Após uma breve pausa, disse Andreza, um tanto
incomodada:
- Mel, parece que você só liga pra mim para contar problemas e para me pedir
dinheiro!
- Desculpe, irmã, mas eu só tenho você a quem posso recorrer. Marcela, papai,
e nossa mãe não tem a mínima condição de me ajudar. E não posso revelar nosso
segredo para nossos pais.
- Sim, é verdade. Mas podemos retomar nosso sonho e expandir nosso negócio,
só que preciso de sua ajuda.
- Tudo bem, Mel. Vou ver o que posso fazer para te emprestar uma grana. Mas
preciso de mais quinze dias para batalhar o dinheiro. Pode ser?
Andreza já tinha essa quantia, mas se fez de difícil para ludibriar sua irmã, de
modo que ela não ficasse imaginando que a morena poderia voltar a emprestar
dinheiro a qualquer momento. Por outro lado, Melina sabia que Andreza já tinha essa
verba guardada, pois tinha noção de que sua irmã era muito esforçada no trabalho e
era muito econômica, conseguindo sempre poupar um pouco de dinheiro (o que a
ruiva não sabia fazer), e tinha o pressentimento de que Andreza fingiria não ter essa
quantia para valorizar a situação e ganhar tempo. Melina conhecia bem as artimanhas
de sua cúmplice e irmã.
Cerca de dez dias depois Suellen emprestou a quantia para sua irmã caçula.
__________________________________________________________
- Andreza, eu trouxe para você uma caixa de chocolates finos. Você aceita? - e o
homem mostrou-lhe uma bela caixa de chocolates amargos da marca “Copenhagem”.
- Não, Andreza.
- Acho que não. Sociedades são complicadas; já tenho más experiências com
isso. Cláudio, eu pretendo voltar para São Luís. Só não sei quando.
- Obrigado.
- Cláudio, gosto de você e fico satisfeita pelo seu convite, mas não posso ser
sua amante. Prefiro que a gente continue como está. Tudo está fluindo nos conformes.
Vamos deixar da mesma forma.
Cláudio, no mesmo instante, formou um semblante tristonho e vazio. Ele
acreditava que ela ia aceitar sua proposta.
- Ok, “babe”. Saiba que eu gosto muito de você. Você é muito importante para
mim.
- Obrigada.
- Meu bem, tem uma mulher na academia que ultimamente anda olhando
tanto para mim. Eu estou desconfiada. Não sei o que ela deseja comigo. Tem horas
que eu penso que ela é lésbica; tem outros momentos que eu acho que pode ser sua
esposa. É uma intuição.
- Eu estou indo pela manhã; mas já fui umas três vezes à tarde, por volta de 17
h. Então, não deve ser sua esposa, pois essa mulher que fica me observando vai
sempre pela manhã.
- Cláudio, você me acha uma garota muito complicada, meu bem? - questionou
ela, para testar o homem.
- Você imagina que é fácil mudar. Não sabe o que eu já passei até os dias atuais.
- Andreza, você já me disse umas duas vezes que acha que eu faço drama com
algumas situações, mas eu te afirmo: você, garota, também possui seus dramas. Você
pinta muitas situações dramáticas para justificar suas ações e seus pensamentos de
hoje em dia. Mas parece que você só quer enxergar o seu lado, e tudo o que aflige as
outras pessoas, para você, são dramas exagerados.
- “Bruna”, você ainda sente vergonha ou timidez quando faz sexo oral nos
homens?
- Não. Mas e você? O que você sente ao praticar sexo oral nos caras?
- Eu tento explorar todos os sentidos: imagine que é você que está recebendo o
sexo oral. O que gostaria que te fizessem? Coloque-se no lugar do outro e explore tudo
o que você quiser. Esse é o melhor momento para brincadeiras e para liberar toda a
excitação. Mas, se você não consegue evitar ficar um pouco envergonhada, não faz
mal comunicar.
- Eu tento fazer uma sucção alternada para introduzir o pênis na boca – contou
detendo-me por um tempo na cabeça do pênis, usando a língua para percorrer todo o
membro dele, acariciando o corpo dele. Vale tudo para deixar tudo mais divertido.
- Eu também gosto...
- Não esqueça do olho no olho, Bruna: mantenha contato visual. Fixo o meu
par nos olhos para deixar o clima bem mais excitante, além disso serve como
termômetro para você perceber o que está agradando mais.
- Eu também sei o poder das mãos, amiga. e uso-as muito. Elas são grandes
aliadas no sexo oral. Uso para masturbar o meu parceiro nos intervalos de sucção ou
para acariciar o restante do corpo.
- Sim, acho bastante legal; tem balas refrescantes, água gelada, gelo e produtos
específicos podem dar uma ótima sensação de frescor, deixando tudo ainda mais
estimulante.
- Já sim, mas foi uma loucura minha - disse a sua amiga. – Mas muitos homens
têm uma tara e adoram quando a mulher não tem receio de ir até o final. Mas, devido
à textura e ao gosto, pode ser desagradável para você, por exemplo.
“Outra coisa, Bruna : deixe a luz do quarto acesa ou invista em uma meia-luz.
Seu par vai adorar ver tudo o que está acontecendo. Também vale para potencializar o
visual com uma lingerie sensual. E não deixe seu cabelo esconder a melhor parte.
- Ai, Bruna, vai ver que ele gosta somente de sexo romântico. É o estilo de cada
homem. O Cláudio deve preferir um sexo mais “normal”, digamos.
- Ele é bem tarado, louco por sexo, mas eu gosto de umas “coisinhas” que ele
não aprecia. E sexo romântico não é a minha praia.
delicada. Esse tipo de relacionamento pode ser movido por diversos motivos – amor,
esbarra nos limites da razão. Não sei se eu gostaria de ser chamada de amante, pois a
palavra tem uma conotação pejorativa para muitos. É preferível ser chamada de
- Então amiga, você vai topar? Notei que você não acha a idéia interessante.
- Mas sei que, por outro lado, há mulheres que se sentem à vontade no
papel da "outra" e desfrutam, sem culpa, desta condição. Mas nunca experimentei
uma situação como essa. Já li, porém, que ser amante é alternar, o tempo todo,
- Também acho, amiga, que outro fator negativo é que o envolvimento nem
sempre constrói laços afetivos entre o casal – opinou Wanessa. - Os encontros são
limitados e geralmente quando os dois se vêem acabam transando, e esse tipo de
relacionamento fica vinculado quase exclusivamente ao sexo.
- Você tem razão. Se ele deixar sua esposa por mim, posso vir a pensar que
ele é um excelente mentiroso. Quanto mais tempo vocês estavam juntos, mais
mentiras ele contava. É uma reflexão.
- Exato – concordou a colega de Suellen. - Você pode não ter mais o homem
com quem você costumava ficar. Um divórcio amigável pode ser brutal. Um divórcio
conturbado pode destruir um homem emocional- e financeiramente.
- Eu tenho receio de que o homem que sobre no final disto possa ser uma
apenas uma sombra daquele alguém por quem eu tenha me apaixonado. E se ele se
consumir com culpa e dúvida após deixar a família, deixando com um grande chicote
para açoitar-se dia após dia. Eu teria que aguentar tudo isso. Adivinha quem vai estar
lá então?
- Mas tenho medo. Acredito que quase ninguém vai torcer por vocês como
um casal. Se os filhos dele descobrirem que você é a razão pela qual ele deixou a mãe
deles, é provável que eles nunca te aceitem.
tem futuro, muitas amantes não abrem mão do amante – contou a ruiva – em muitas
ocasiões, por causa do espírito de competição feminina. Algumas acham que vão
que elas são raras, mas existem, as mulheres que preferem namorar homens casados
simplesmente por diversão, conscientes de sua escolha. Já conheci uma garota em São
Luís que era assim. Cobranças e compromisso não fazem parte do vocabulário dessas
penso que ele vem ganhando maior visibilidade porque as mulheres estão mais
porque muitas mulheres aprendem a relacionar amor e dor desde a infância, ou seja,
na sua vivência com os adultos significativos das suas vidas (pais, avós) são
delas. Com isso crescem com baixa autoestima e escolhem inconscientemente sujeitos
Wanessa.
separam. Eu já li sobre isso. O motivo? Apesar de a vida sexual com a oficial estar
desgastada ou sem graça, eles valorizam suas famílias e “amam” suas mulheres e seus
filhos.
eu não me importo, eu seria amante dele por um tempo, mesmo que ele fosse casado
– concluiu Suellen.
____________________________________________________________
Larissa convidou Andreza para viajarem e fazerem programas em outras
cidades e as duas viajaram de Blue para Petrolina, Recife e Aracaju. Nesta última
passou mais oito dias em repouso, antes de voltar a fazer seus programas.
- Bruna, você lembra de mim? Eu estava na casa de praia que a Larissa e o Luigi
alugaram. Eu gostaria de sair com você. Já faz mais de um mês que a gente se falou. Eu
disse que ia te ligar...
- Vamos sair para jantar. Mas o que você deseja falar comigo? - questionou a
moça; ela suspeitava que Samuel estivesse interessado nela.
- Preciso conversar com alguém e pensei em você. Aceite meu convite, por
favor. Eu também gostaria de falar sobre trabalho e umas oportunidades que
apareceram para você.
- Eu lembro sim o que você disse. São outros assuntos. Podemos marcar para
sexta-feira a noite.
- Prefiro sábado.
- Pois está combinado.
- Um abraço.
- Pode sim.
- Boa Noite.
- Tchau.
Sábado, Andreza e Samuel confirmaram o jantar. Ela estava muito ansiosa para
saber o que o rapaz queria com ela e qual seria o conteúdo de sua conversa.
- Sam, eu estou descobrindo que eu não gosto muito de fazer massagens, mas é
o que posso fazer por enquanto e não paga tão mal. Por isso vou seguindo nesta
ocupação.
- Como é isso?
- Eu tenho dois amigos que possuem agências que oferecem estes serviços aos
empresários. Belas garotas, educadas e com boa apresentação para lhes fazerem
companhia em várias situações. Combina-se o valor das viagens por diária e a agência
cobra uma taxa pelo serviço.
- Quanto em média?
- 15 a 30 %
Após essa fala de Samuel, Andreza já percebeu que ele não demonstraria
nenhum interesse por ela e o jantar seria realmente por outros motivos. Disse ela
então:
- Melhor ainda. Isto quer dizer que você ainda tem muito trabalho pela frente e
vai ganhar bastante dinheiro. Você tem quantos anos, mal lhe pergunte?
A morena não gostava de falar sua idade real e respondia que era menos do
número de verdade.
- Viu só, muito jovem – reforçou o moço, aparentemente sem desconfiar que
ela não dissera a verdade. – E ai: você toparia tentar ser realmente acompanhante de
luxo?
- O problema, Sam, é que eu acredito que a garota vai ficar neurótica com seu
corpo. Tem que estar sempre fissurada em academia para agradar estes clientes
exigentes.
- Nem sempre. Também não é tanto assim. Mas exercício físico não faz mal
para ninguém. E mulheres que se cuidam precisa ter uma alimentação correta para se
manterem “fitness”, com o “shape” em forma.
- E você, Sam? Tem namorada? Você não conta nada sobre você – indagou a
morena, por curiosidade.
- Bruna, eu sou homossexual. Mas toda a minha família e amigos sabem disso e
me aceitam como eu sou. Sou bem resolvido, graças a Deus. Tenho um namorado há
dois anos quase, mas não moramos juntos.
- Legal. Eu não desconfiei que você fosse “gay”. Perdoe-me falar assim; não é
por mal.
E foram jantar.
- Wanessa, você faz sexo anal com clientes? Eu só fazia com meus namorados –
começou a morena
- Sabe, Bruna, tenho um cliente meu que é casado há quase 15 anos e ele diz
que sua esposa ama de paixão o sexo anal e exige que ele ejacule dentro do ânus dela;
ela fala que adora sentir o liquido seminal quentinho dentro do seu ânus.
- Eu também adoro isso – aprovou Andreza.
- Mas ele me contou que se ele quiser transar duas vezes na noite com ela eu
tem que usar preservativo na primeira vez. Ela odeia preservativo, ele diz; agora, do
que ela gosta muito também, segundo ele é o sexo oral, e tem dias que ela pede o cara
ejacular dentro da boca dela para que ela engula: ela gosta mesmo de engolir. Mas ele
diz ter nojo; pois ás vezes faz sexo anal sem preservativo, ela faz oral nele depois e
ainda quer beijá-lo no fim. O que você acha?
- Acho que ela é meio tarada. Eu fosse ele não beijaria. Acredito que é por isso
que ele quer fazer o sexo anal a primeira vez com capa. Eu , com sinceridade, odeio
sexo anal com camisinha. Gosto com o pau limpo, mas bem lambuzado de lubrificante.
- É uma delícia mesmo – concordou a ruiva assanhada.
____________________________________________________________
Larissa e Andreza ficaram brigadas e sem se falar por cerca de um mês. Depois,
voltaram a se comunicar. A morena também tentou retornar à clínica de massoterapia
e ainda passou alguns dias realizando massagens, mas depois saiu em definitivo.
___________________________________________________________
Andreza, Wanessa e Monique se encontraram no apartamento de Larissa. Esta
última viajara para a casa de seus pais e deixou suas chaves com Wanessa. Larissa
havia informado que elas poderiam se reunir no seu apartamento enquanto ela
estivesse ausente. As trê prepararam uma macarronada e ficaram tomando vinho,
enquanto assistiam a um filme de romance por “streaming” na TV.
Elas dialogaram após o filme.
Andreza começou, dizendo:
- Eu me acho boa de cama. Porém, eu não gosto de julgar ninguém com
relação ao comportamento na cama.
Seja ouvindo a fantasia do meu parceiro ou me permitindo identificar completamente
a mim mesma, estou aberta a desejos diferentes; sei que que estar atenta ao que
excita o parceiro, é essencial para satisfazê-lo. Lembro-me de que muito na mente dos
homens está na esfera da fantasia – não é algo que você tenha que fazer de fato algum
dia, mas busco deixar os julgamentos de lado e ouço de verdade os desejos dele pra
esquentar o clima da transa.
- O que você acha que uma garota deve fazer para apimentar o encontro? –
questionou Monique.
- Eu penso que se deve inovar, sempre que for possível – afirmou a morena. -
“Você olha o braço de um sofá e já imagina qual seria a melhor posição se estivesse ali
com seu parceiro? Seu sutiã daria uma boa ferramenta de “bondage”? Faço o teste de
uma lingerie ousada com ele? Peço para ele fazer uma posição sexual que ele nunca
tentou. Ser criativa e buscar novas formas de esquentar a relação são qualidades
essenciais numa boa parceira sexual. Eu tenho procurado ter imaginação e criatividade
neste sentido.
- Seu par nem sempre vai ter certeza de que você está gostando de transar
com ele se você não der sinais disso; por isso, se você estiver sentindo prazer, sinalize
– opinou Monique.
- Nesse sentido, elas seriam algo em que a pessoa passa um bom tempo
pensando sobre enquanto faz sexo ou até durante a masturbação? - deduziu Andreza,
já fazendo uma pergunta.
- Sim, pode ser. Dessa forma, você pode fantasiar sobre fazer sexo com duas
mulheres na cama e não realizar no mundo material – explicou sua amiga. -
Entretanto, no fetiche, é fundamental possuir aquele objeto no qual você expressa o
desejo sexual; caso contrário, você pode acabar ficando menos excitado.
Cláudio começou a enviar mensagens para Andreza pelo WhatsApp três dias
posteriormente.
Ele pensou em enviar uma mensagem pelo zap dois dias depois para Bruna,
tipo assim: “Sonhei com você essa noite “. Pensou ele: uma mentirinha não faz mal a
ninguém, não é mesmo? E ele tinha que estar pronto para responder o que sonhou,
porque certamente ela ia perguntar. Pensou em inventar uma história envolvendo os
dois, repleta de detalhes picantes, ou dizer que havia sonhado a noite toda com ele
tirando a sua roupa, realizando strip-tease para ele.
- Meu bem, você nem sabe, sonhei ontem á noite com você. Um sonho tão
bom. Acordei hoje todo molhado...
- Sonhei que nós dois estávamos numa ilha deserta e passamos a noite
transando na areia, sobre uma toalha bem felpuda, tomando vinho, ao lado de uma
fogueira e sob a claridade de uma linda lua cheia!
- Não, é tudo verdade. Lembro-me muito bem de tudo que ocorreu no sonho.
- Sim, foi, para nós dois. Eu te garanto. E o que você está fazendo agora? –
indagou o rapaz, com todo cuidado para não soar como uma cobrança.
- Exato. Mas de calcinha e top nos seios. Se você adivinhar a cor da minha
calcinha você ganha um beijo e um cheiro.
- E qual a garantia que eu vou ter de que se eu acertar a cor você não vai me
enganar?
- Se quiser, eu posso enviar uma foto para você conferir se acertou. O beijo
você pode me dar depois mesmo se você errar, mas se você acertar o desafio,
receberá um beijo especial, muuuuiiiito caprichado – disse a morena. Ela queria deixá-
instigou.
Cláudio fez uma pequena pausa para valorizar sua adivinhação e respondeu:
- Pois me mostra.
fotos.
- Quem me garante que você já não tem uma galeria com calcinhas de várias
- Nossa, como você é desconfiado! Deve ser descendente de São Tomé! Pior
- Desculpe, foi uma brincadeira. Na verdade eu não desconfiei que você possa
me ter enganado. Mas estou aqui lembrando de ontem à noite. O sonho foi delicioso!
- Imagino; seria muito boa essa experiência com que você sonhou... O local, a
bebida, o luar, sozinhos, Uhmmm! – disse Bruna, apertando suavemente seus lábios.
- O que ficou mais marcado na minha cabeça foi quando você tirou seu vestido
e eu vi sua lingerie, que estava muito sensual e então você me falou: “Comprei uma
lingerie nova, só para você“. Eu fiquei extasiado, e a vaidade me tomou nessa hora. Eu
- Pois qualquer dia vou comprar uma lingerie e vou fazer uma surpresa para
você.
- Acho difícil você acertar meu número. Tenho o bumbum grande, embora
meus seios sejam pequenos. Tenho dificuldades de encontrar peças íntimas que me
- Entendo...
E encerraram as mensagens .
- Claro, o chatinho do restaurante! Saímos para comer apenas duas vezes. Não,
amiga. Ele ficava me enviando mensagens uma vez por semana pelo menos, mas há 15
dias ele me confessou que arranjou uma namorada e está bem satisfeito com ela.
Conheceram-se pela Internet e ela está iniciando um curso de Estética. Desde então,
Flávio não me contactou mais. Eu penso que agora ele vai me deixar em paz. Ele vai
parar de me perturbar. Eu torço por ele para que dê certo. O bichinho é tão bonzinho!
____________________________________________________________
- Por que alguns homens se apaixonam por prostitutas, meu bem? – indagou
Trícia. - Você acha que estas garotas são mais vítimas ou seriam culpadas? O fato é que
muitos homens ficam bastante atraídos por elas e, em alguns casos, de forma séria.
Wanessa e sua amiga maranhense foram fazer uma visita à sua amiga Larissa.
- Wanessa, você faz sexo anal com clientes? Eu só fazia com meus namorados –
começou a morena.
- Sabe, Bruna, tenho um cliente meu que é casado há quase 15 anos e ele diz
que sua esposa ama de paixão o sexo anal e exige que ele ejacule dentro do ânus dela;
ela fala que adora sentir o liquido seminal quentinho dentro do seu ânus.
- Eu também adoro isso – aprovou Andreza.
- Mas ele me contou que se ele quiser transar duas vezes na noite com ela eu
tem que usar preservativo na primeira vez. Ela odeia preservativo, ele diz ; agora, do
que ela gosta muito também, segundo ele é o sexo oral, e tem dias que ela pede o cara
ejacular dentro da boca dela para que ela engula: ela gosta mesmo de engolir. Mas ele
diz ter nojo; pois ás vezes faz sexo anal sem preservativo, ela faz oral nele depois e
ainda quer beijá-lo no fim. O que você acha?
- Acho que ela é meio tarada. Eu fosse ele não beijaria. Acredito que é por isso
que ele quer fazer o sexo anal a primeira vez com capa. Eu , com sinceridade, odeio
sexo anal com camisinha. Gosto com o pau limpo, mas bem lambuzado de lubrificante.
- É uma delícia mesmo – concordou a ruiva assanhada.
___________________________________________________________
Após três dias Andreza se encontrou com Juhliana e comentou sobre Cláudio.
- Juh, eu acho que estou gostando de um homem casado; ele diz que gosta de
mim e também já ficamos várias vezes; ele igualmente diz que não ama a esposa, que
gosta muito dela, mas já percebeu que não a ama; acredito que se ele realmente não
ama, é por isso que ele a trai. Ele diz que prefere fazer amor comigo ao invés da esposa
porque faço tudo com ele na cama, e a esposa dele é evangélica e não faz certos tipos
de sexo com ele; ele também é evangélico; mas não quero me envolver muito com ele;
não quero que o casamento dele acabe por minha causa pois não sei se vamos ficar
juntos por muito tempo; tenho muitas dúvidas, não sei se ele fala a verdade comigo,
tem horas que nem quero saber mesmo, e acho que o nosso caso é passageiro; não
posso me envolver demais, pois quando existe um sentimento entre ambos é mais
difícil se libertar.
- Você tem razão, Bruna – concordou Juhliana. - Na maioria dos casos o homem
é infiel apenas porque decide ser infiel. Logo, não existe um motivo que influencia
nessa decisão. Sendo assim, essa é uma decisão própria que implica em um
comportamento depreciativo. Homens que têm amantes costumam ter os mesmos
comportamentos.
Andreza convidou Safira para passarem o dia numa barraca da Praia do Futuro,
“O Planeta Green”, um ambiente o qual as duas apreciavam muito, por ser bastante
animado e frequentado por pessoas agradáveis. As duas colegas passaram o dia neste
local e conheceram um jovem marítimo de nome Hinaldo, com o qual bateram um
papo e este terminou por acompanhá-las numa mesa. Todavia, ambas se interessaram
pelo rapaz, que se dizia ser livre e desimpedido, e as duas começaram a trocar
mensagens pelos seus celulares indicando uma para a outra tal interesse, sem que ele
notasse. Num momento então que Hinaldo foi ao banheiro as duas se desentenderam,
pois ambas tinham pretensões em relação a ele; terminaram numa calorosa discussão,
e quase se engalfinharam, não chegando às últimas consequências da discussão por
muito pouco. Andreza se aborreceu e ,assim que o rapaz voltou do toilette, ela
inventou uma desculpa e pediu para ir embora, deixando em cima da mesa duas
cédulas de R$100,00 para ajudar no pagamento da comanda do local. Desse dia em
diante, Suellen não falou mais com Safira, e abortaram uma amizade que mal se
iniciara, as duas se bloqueando mutuamente nos aplicativos de mensagens.
- Bruna, você não sente vontade de usar algo para ficar mais animada e se
sentir mais legal?
Andreza maldou o que ela insinuava, mas disfarçou :
- Você é muito careta. É mesmo uma garotinha de cidade pequena. Não sabe o
que é bom – cutucou a cearense, sob a ação das drogas ilícitas.
Andreza notou que ela estava alta. Mesmo assim devolveu a provocação:
- Eu não sou uma caipira. Apenas tenho opinião própria e não quero usar
drogas, mesmo que sejam oferecidas por uma colega.
Andreza então avisou que já ia embora e foi para casa sozinha, por meio de um
transporte alternativo. Larissa continuou na balada. A morena ficou profundamente
chateada com sua colega e ponderou que ela estava passando dos limites, e querendo
mandar em sua vida.
Larissa e Andreza romperam a amizade por Andreza achar que Larissa estava se
metendo demais em sua vida.
Cerca de quinze dias mais tarde, porém fizeram as pazes. Após reatarem a
amizade, Larissa e Andreza se entenderam ainda por cerca de dois meses, mas
voltaram a ter desavenças, de modo que a morena saiu em definitivo da casa de
massagens e também se afastou de uma vez por todas de sua colega de programas.
Cláudio fez uma chamada de vídeo para Andreza num sábado pela manhã. Era
por volta de 09:30 h e ela ainda estava deitada.
Quando ela o atendeu, disse ele:
- Meu bem, bom dia. Você ainda está deitada, – falou Cláudio, ao constatar
que a garota estava deitada em trajes de dormir e com a luz do quarto apagada. -
Desculpe, vou desligar então.
- Não. Pode falar. Eu já estava acordada.
- Eu estou vendo um negócio para você colocar e pode ser online.
- Não sei, meu bem, se ainda tenho coragem de investir. Eu já trabalhei com
venda de roupas online. Mas não deu certo. A menina deve fazer fotos com as roupas,
e eu não gosto muito disso. Por essa razão, acho que o negócio não foi adiante; penso
que esse foi um dos motivos do meu fracasso.
- Mas vamos tentar....
- Você não me entende! – retrucou Suellen. E continuou, murmurando, mas
Cláudio conseguiu ouvir : - Você faz isso porque estou longe da minha família; se eu
estivesse perto deles você ia ver.
- Não estou entendendo bem o que você está falando.
- Eu não quero me envolver com ninguém agora. Por que você me ligou por
chamada de vídeo? Deve estar comendo seus créditos de Internet.
- Não tem problema. Meu pacote de Internet é bom. Eu queria te ver...
- Você é muito insistente. Eu não quero colocar nenhum negócio agora.
- Tem certeza? Pode começar como uma complementação de renda. Depois
que engrenar você deixa os programas .
- Eu até já pensei em arranjar outro emprego.
- Seria bom. O inconveniente é que a maioria dos serviços pagam entre um e
dois salários e a jornada de trabalho é tão pesada! Você viveria cansada e a gente
quase não teria tempo para se ver.
- Não quero que você se arrisque com sua mulher por mim ... Por isso cuidado
com esses negócios que você anda analisando. Além disso, eu penso que qualquer dia
estarei retornando para São Luís.
- Pode deixar...
- Pensei mesmo em voltar a trabalhar em outro ramo; mas com o quê? Até
houve um empresário da cidade que me ofereceu um serviço, mas seria para receber
pouco mais de um salário e eu não aceitei. Também não desejo ficar subordinada a ele
e o mesmo pensar que só porque me deu um emprego vou ficar dando para ele de
graça. Estou fora.
- Quem foi esse empresário?
- É segredo. Não posso dizer. Ele é casado e tem filhos.
- Certo. Você e seus segredos.
- Oh meu amor, adorei você ter me ligado e eu ver sua carinha linda tão cedo.
- Vou desligar, meu bem. Descanse mais. Um beijo!
- Outro. Tchau.
E encerraram a chamada de vídeo.
____________________________________________________________
Andreza e Cláudio se encontraram no apartamento da garota poucos dias mais
tarde. Após transarem, ele a indagou:
- Você tem Instagram, meu bem?
- Tenho sim – respondeu Suellen.
- E só possui uma conta de Instagram?
- Sim.
- E já passou sua conta de Instagram para algum cliente?
- Alguns poucos...
- Como você revela sua conta pessoal para alguns clientes, você não tem medo
de expor sua família?
- Não. Neste Instagram eu não posto fotos com familiares, e não tem o nome
deles. Nem posto fotos com namorados ou ficantes pois têm vários seguidores meus
que são clientes ou ex-clientes. Não quero que eles vejam isso para não ficarem
enciumados. Não seria bom para mim. Devo aparentar que estou sempre solteira e
disponível. Mulher sem nenhum compromisso com homem algum. Não tem postagens
com outras pessoas e nem aparecem outras pessoas nos stories. Tenho esse cuidado.
Só eu mesma apareço nas minhas postagens, com exceção de duas amigas minhas. E
tudo muito discreto. Não dá para ninguém desconfiar de nada. Também não estou
muito ligada em Instagram no momento. Tenho poucos seguidores (não chegam a mil)
atualmente e meu Instagram é fechado. E só sigo quem me segue e pessoas que eu
conheço, com raras exceções, como o meu cachorrinho, que mora com minha mãe. Eu
fiz uma conta de Instagram para o meu fofinho. Ele é meu único filho, sabia?
- Legal, gata. E você já vendeu fotos de nudes ou chegou a produzir conteúdos
de vídeo para vender online?
- Cheguei a tentar umas duas vezes, mas não me sinto muito à vontade para
produzir estes conteúdos e desisti. Também tenho medo de que termine sendo mais
exposição para mim. Acho que não levo muito jeito para produzir fotos nuas e vídeos.
E a mulher deve estar com o corpo perfeito. Os homens reparam em tudo. Eu penso
que a produção destes conteúdos traria mais riscos para mim do que vantagens, além
de que as pessoas pagam muito pouco por eles. Eu tenho receios e não me senti à
vontade produzindo estas mídias, por isso desisti. Se eu viajasse muito para outras
cidades até poderia dar certo, mas vejo que remunera pouco, em geral. Só se a gente
produzir muito conteúdo, com frequência e com qualidade! Aí dá para recuperar um
bom dinheiro com a venda destes serviços.
- Notei que seu Instagram não tem nada sobre o seu passado de dois anos para
trás, mas verifiquei que você possui Instagram há mais de cinco anos. Por que você
apagou todas as postagens deste período?
- Ai, meu bem, é melhor deletar algumas fotos, vídeos e lembranças. São boas
recordações, mas que às vezes trazem sofrimento. Eu não quero mais postar muita
coisa que me mostre com outra pessoa que será passageira. Prefiro não publicar
mais...
- E você faz vídeos de verificação?
- Pretendo começar a fazer logo, logo, para selecionar mais os clientes. Nos
vídeos também preciso ver os clientes antes de atender. Isso está nos meus planos.
- Manu, você fez massagem prostática em algum homem?
- Sim, somente uma vez. É muito prazeroso para os homens.
- Onde você aprendeu?
- Não posso contar. Você quer experimentar? Deseja que eu faça em você?
- Não. Não tenho a curiosidade de receber esta massagem ainda. Dispenso o
convite, por enquanto.
- E por que me perguntou se eu faço?
- Só para saber. Curiosidade...
- Não gosto de pessoas muito curiosas...
Passaram-se alguns segundos e Cláudio indagou a Andreza:
- Manu, e o que você tem mesmo naquele quarto trancado, no qual você não
me deixou entrar aquele dia e ficou tão apreensiva quando me aproximei da porta?
- Não sei. Foi? Não tem nada de especial neste quarto - mentiu Andreza.
Na verdade a garota de programa guardava neste quarto vários artigos para
massagem tailandesa e uso por uma “dominatrix”, como penetradores de borracha,
vibradores, artigos para sadomasoquismo; massagem tântrica, nuru e lingam; outros
objetos de uso para uma dominatrix, inversão de papéis sexuais com homens e
massagem prostática. Tudo isso seria levado para a casa de massagens de sua irmã
quando ela fosse a São Luís.
- E a inversão de papéis entre homens e mulheres, você já fez? - interpelou
Cláudio.
- Não, não fiz ainda - respondeu a morena.
Só que ela já tinha aprendido isso na casa de massagens onde estagiou em
Fortaleza, no bairro Varjota, e estava ocultando a verdade novamente.
Andreza disse naquele dia que estava menstruada e fez sexo oral sem
preservativo em Cláudio até ele gozar. Recebeu sua grana pelo programa e ela foi
embora.
- Tchau, meu bem. Se cuida! – disse ela.
E despediram-se um do outro com um selinho na boca.
- Tchau, babe. Até outra vez - despediu-se a garota.
Andreza era bastante astuta. Ao fazer o primeiro programa com um cliente que
lhe parecesse interessante ela fazia o papel de garota atenciosa e ficava papeando
após a transa, para tentar envolver e impressionar aquele freguês. Ela deste modo
parecia criar rápidos laços de amizade com aquela pessoa então desconhecida. Não
raramente já entregava seu verdadeiro nome no segundo ou terceiro atendimento e
também revelava sua conta de rede social para contatos posteriores.
Conversaram Andreza e Cláudio sobre massagens e sex shop após outra transa,
dentro de uma semana aproximadamente.
- Andreza, você já entrou em algum sex shop aqui em Fortaleza?
- Eu adoro sex shops, Cláudio, e sigo alguns lá em São Luís; gosto muito dos
vibradores; um cliente já usou em mim uma vez -, afirmou ela, mentindo a seguir -
mas aqui em Fortaleza eu nunca fui a nenhuma loja desse tipo.
- Não posso. Ela é sigilosa. Para marcar com ela é preciso que alguém da
confiança dela a indique. E a garota só confia em um cliente novo quando já o atendeu
pelo menos três vezes. Ela se dá todo esse luxo porque ela já possui uma boa clientela,
e que é fiel ao seu trabalho.
- Entendi. Ela não faz anúncios das massagens em sites nem nas redes sociais?
- Não faz.
- Meu bem, - disse ele, depois que chegaram ao apartamento - olha aqui os
principais fetiches e fantasias sexuais que aparecem entre as buscas na Internet dos
brasileiros, segundo uma pesquisa:
”Sexo anal; Cross dressing (usar roupas e acessórios do sexo oposto); Chuva
dourada (urinar ou receber urina durante o sexo); Spanking (bater ou apanhar na
hora do sexo); Dominatrix (mulher que assume o papel de dominadora).
- Acho que eu não tenho fetiches. Minha fantasia é comer uma morena bem
gostosa até a gente gozar bastante.
- Ah sei; entendi. Mas nem adianta esconder: todo homem tem a fantasia de
transar com duas pessoas gostosas ao mesmo tempo. Acertei?
Sua esposa, porém, era “rata” de academia e sem seu marido saber se
matriculou na academia que Andreza frequentava, pois queria ver pessoalmente a cara
da cunha que a estava traindo com seu marido. Cláudio descobriu depois que sua
esposa tinha entrado na mesma academia de Suellen, mas era tarde demais para
intervir.
____________________________________________________________
Cláudio:
uma pessoa que não estava em sua agenda de contatos. Não havia foto naquela conta
de WhatsApp e não tinha o nome da pessoa. Ela abriu o recado e foi ler. Eis o que
estou na sua cola e já estou sabendo tudo de você. Pare de se encontrar com meu
esposo. Não fale para ele que recebeu esta mensagem. Esse problema tem que ser
resolvido entre nós. Vá atrás de outro homem casado. Deixe meu marido em paz. Saia
Após ler esse texto ameaçador Andreza ficou aterrorizada e teve a convicção de
que não se encontraria mais com o jogador de pôquer. A garota passou a temer por
Depois que Andreza foi ameaçada pela esposa de seu “amante“, ela passou a
sentir ódio dele, ao seu modo de conceber, pois Suellen era assim e ela tratava uma
pessoa mal simplesmente porque estava chateada com ela, mesmo que o outro não
tivesse culpa. Ela percebeu, então, que seu caso com Cláudio estava prestes a acabar;
e para provocar uma separação mais rápida entre os dois, procurou tratá-lo mal na vez
seguinte que se encontraram, cerca de duas semanas após ter recebido a ameaça em
seu celular. O jogador de pôquer já estava chateado com ela pela amizade com Luan e
pela garota não ter aceito sua proposta de ser amante dele e estes fatores foram
acelerando o fim dos programas entre o jogador de pôquer e Suellen.
- Pode ser. Suh, depois procura aqueles itens que eu pedi para as massagistas.
- E aí, você tem alguém aí em Fortaleza? Está ficando com algum cara?
- Ainda não.
- Nenhum cliente, ninguém mesmo? Não tem ninguém com quem você sai mais
e está rolando alguma coisa?
- Está bem. Ele te falou que conheceu uma mulher que é divorciada e estão
namorando?
- Não.
- Certo. Ele não falou quase nada dela. Acho que é porque estava muito
recente, mas estou percebendo também que parece ser sério.
- Não tem prazo ainda, Mel. E com você me pedindo dinheiro emprestado aí e
que vou demorar mais aqui. Por que o Genésio não paga a reforma da mamãe
sozinho? Ele não vai ajudar, não?
- Vai sim. Ele vai pagar a metade. O restante vai ser eu e a mãe. Afinal, a casa
está no nome dela.
- Ótimas. Marcela foi para a casa dela com David. Eles pretendem ter um filho
dentro de 2 anos. Isabel é a que mais pergunta por você. Beatriz já está quase
namorando: ela já tem treze anos e acho que está da minha altura ou maior.
- Acredito que sim. Marcela não fez nenhum comentário que diga o contrário.
- Andreza, tenta retornar ano que vem. Vamos retomar nosso negócio. Desta
vez vai deslanchar; eu pressinto isso.
- Eu também. Mas sinto de verdade que de agora em diante tudo vai melhorar.
E você precisa voltar.
- Estou, com certeza. – respondeu Suellen, mas após sair da casa de massagens
em Fortaleza seus rendimentos reduziram bastante.
- Você ainda na está na clínica de massagens?
- Sim, estou.
- Sim, estamos.
- Sim, meio a meio. O cliente paga na minha frente e dividimos o valor depois
sozinhas. O preço dos programas eu acho ser o mesmo daí.
- E você não está mais tentando outros empregos, como na sua área?
- Não, por enquanto. Dei uma pausa. Tentei muito e dei uma parada por um
tempo.
- Está certo, Suh. Pensa com carinho em tudo o que eu falei. Se cuida.
Andreza comunicou ao seu pai que já estava pensando em retornar para São
Luís do Maranhão. Ao receber esta notícia José ficou muito alegre e um sorriso abriu
em seu rosto. Sua filha amada estaria retornando à sua cidade natal em breve. Que
boa nova! Que satisfação! Toda aquela angústia de sua filha estar longe dele ia
terminar. Como bom pai que buscava ser José procurou um programa público de
financiamento de casas populares e procurou inscrever a filha. “Andreza, você
comentou comigo que deseja ter sua casa, seu canto. Pois eu quero te inscrever no
programa do governo Casa Verde e Amarela. Me envie cópias autenticadas dos seus
documentos, comprovante de renda e uma procuração pública em meu nome para eu
dar entrada pra você, minha querida”.
Andreza engasgou neste momento pela falta de um comprovante de renda,
mas pensou em enviar a cópia da declaração do imposto de renda.
- Sim, papai, vou providenciar – respondeu ela, após uns segundos, para pensar
na resposta. “E em qual bairro seria? “
- Aí é que está. Pode ser um pouco longe filha. Mas vou tentar morar perto de
você. Vou concorrer a uma casa aí próximo. Os conjuntos habitacionais que vão ser
construídos agora serão após a vila Sarney. Mas o transporte público está melhorando
muito ultimamente.
Andreza notou que ficaria muito longe para ela morar e com certeza
atrapalharia seus planos de montar uma casa de massagens, pois desejava se
estabelecer numa região melhor da cidade. E não gostaria outrossim de perder muito
tempo com deslocamento entre sua residência e seu negócio. Mas não quis
desagradar seu pai e afirmou:
- Tudo bem, pai. Vou providenciar as cópias dos meus documentos e a
procuração e vou enviar por encomenda expressa dos correios. Vai dar certo. Obrigado
o senhor estar vendo isso para mim.
- Filha, se é de você pagar aluguel caro, é melhor pagar logo por um imóvel que
será seu. Eu penso desta forma.
- Sim, papai, o senhor tem razão – concordou Andreza. Mas no fundo a moça
estava torcendo para não ser sorteada e não ganhar nenhuma casa neste bairro tão
distante da área nobre da cidade, e que ainda ia ser construído. E ficou na torcida para
não ser sorteada, sem que seu pai soubesse disso.
Seu pai continuou:
- Filha, eu já ia te visitar em Fortaleza novamente. Desta forma não vou mais -
disse José.
- É mesmo, papai, o senhor já vinha me visitar de novo? Que bom! - rebateu a
morena, com pensamento de surpresa e preocupação. Ela tinha pavor de que seu pai
descobrisse o que ela andava fazendo em Fortaleza. Mas falou ainda para ludibriar seu
pai:
- Legal, papai, seria ótimo. Mas eu entendo que o senhor não precisa vir mais,
pois estarei em breve retornando para São Luís. E não desejo atrapalhar suas
ocupações aí na sua cidade. E vou ter que resolver também muitas coisas aqui para
minha mudança. Só chatices. Não quero tomar seu tempo. E eu não teria tempo
também para ficar com o senhor e lhe dar a devida atenção se o senhor viesse agora.
Deixa que eu me viro aqui. A saudade de vocês todos é imensa, mas logo, logo estarei
de volta, e em definitivo. Só falta um tiquinho para eu retornar para vocês. E de uma
vez por todas.
- Que notícia boa, minha filha. Estou muito satisfeito! - Repetiu seu pai. - ”Vou
avisar a todos por aqui”.
- Não, papai - redarguiu a moça. - Eu prefiro que o senhor não conte ainda para
ninguém sobre minha volta. A hora certa de falar vai chegar. Entenda.
- Mas você não virá logo?
- Sim, mas às vezes acontecem imprevistos, situações fora de nosso controle.
Vou falar ainda com minha patroa sobre minha demissão. Pode ser que ela peça para
eu ficar mais um mês ou dois até ela conseguir uma substituta a minha altura. Não
quero criar ansiedade e muitas expectativas ainda em vocês; sei que retorno em breve;
acredite!
- Ok, filha, entendo você. Vou ficar te esperando. Tenho muitas saudades de te
ver com frequência. Um abraço e um beijo carinhoso. Papai te ama. Se cuide e cuidado
aí na cidade grande! Boa semana para você, querida!
- Para o senhor também, papai. Fica com Deus. Tchau.
E encerraram a chamada de áudio do aplicativo de mensagens .
___________________________________________________________
Suellen tinha três números de telefone celular: um para a família e para os
amigos mais íntimos; uma outra conta que ela só revelava para algumas pessoas e
funcionava para os seus esquemas em sua cidade natal; e o último, de “trabalho”,
como ela dizia, divulgado para seus fregueses no Ceará. Era como se fosse uma escala
de crescimento em sua intimidade e confiança, passando de um a três.
Ela contou para Cláudio que possuía um número de celular “secreto”, o qual
seria oculto de seus parentes, uma conta que ela já tinha desde o tempo de São Luís, e
que ela só repassava para seletas pessoas. A garota o avisou para se comunicarem por
este número, pois o telefone de “trabalho” ficaria desligado a maior parte do tempo
enquanto ela permanecesse em sua cidade.
Suellen viajou a São Luís, com receio de que sua mãe estivesse prestes a visitá-
la e por estar numa temporada ruim de programas. Ela se despediu de Cláudio e de
Felipe e foi passar alguns dias em sua terra natal.
Ela contou para seus clientes assíduos que ficaria na casa de seu pai, mas
chegando a São Luís preferiu ficar hospedada na casa de sua mãe, pois queria ver
Armando, talvez para provocar ciúmes em André, ou tentar uma reaproximação com o
–ex e, deste modo, ao retornar ao bairro São Raimundo e a rua das Mangabeiras,
voltou a frequentar a casa de sua ex-sogra para saber mais informações sobre seu ex-
namorado.
Chegando a São Luís, Andreza disse para sua mãe que ia ao shopping fazer
umas compras, mas na verdade ela foi-se encontrar com seu cunhado e foram transar
num motel, pois estavam com saudade um do outro.
- É mesmo!? Estranho! Ela não comentou nada comigo. Ela conta para mim
tudo o que acontece com vocês e o que vocês planejam.
- Bem. Eu trabalhava num salão de beleza e fiz alguns programas com turistas,
mas raramente.
- Não.
Depois desse encontro com André a morena ficou transtornada. Ela tentou não
ficar baratinada com a ideia de seu cunhado se casar, mas não conseguiu e começou a
alterar seu comportamento, ficando irritadiça. Ela aproveitou que Genésio, seu
desafeto, estava viajando a trabalho e passou uns dias na casa de sua mãe.
Andreza antes de viajar se despediu de Felipe e de Cláudio, mas ela estava mais
afeiçoada ao primeiro e assim dialogaram antes de Suellen partir para sua casa em
férias.
Felipe e Andreza tinham-se desentendido, mas, antes que ela viajasse, fizeram
as pazes e tiveram uma transa muito quente, no endereço da garota. Esta escolheu
uma trilha sonora ao estilo “sofrência“ e sertanejo universitário e simulou o papel da
moça apaixonada.
- Quando estou lá, meu bem, não tenho a mínima vontade de voltar.- afirmou a
jovem.
- Meu amor, me ligue quando estiver com saudade para eu ouvir sua voz e ver
seu rosto - disse ela.
E assim Andreza partiu de férias e tanto Cláudio como seu amigo ficavam se
comunicando com ela, o último com mais frequência.
Felipe lhe mandava mensagens de bom dia e lhe perguntava como estava
sendo em São Luís, mas, conforme os dias se passavam, ela demorava mais a
responder as mensagens e às vezes as visualizava e não dava um retorno. E quando
Andreza lia as mensagens de Felipe ou Cláudio proferia respostas lacônicas ou
desconcertantes, por vezes desaforadas.
- Por quê? Você está de férias, na casinha de sua mãe e seu pai. Por que não
está relaxando?
- Eu estou relaxada. Eu só não estou feliz.
- Eu não te entendo, Andreza. Você estava aqui e tudo o que você dizia é que
tinha saudades e precisava ver sua família. Que você não se sentia contente, porque
estava há mais de 6 meses sem ver seus entes queridos. Agora você está aí, junto
deles, e me fala que não está se sentindo feliz.
- Pois é.
- Só pude sair duas vezes, uma para a praia e outra para o shopping.
- Eu ouço falar que São Luís é uma cidade que tem custo de vida elevado. É
verdade, meu bem?
- Sim, São Luís é uma cidade onde tudo é muito caro. E eu estou sem ganhar
dinheiro.
- Não muito, pois ele está resolvendo uns problemas dele e anda muito
ocupado.
Na verdade José estava atrás de uma casa popular para sua filha do meio e
começou a inscrevê-la num programa do governo para habitações de baixo custo.
Ela se aborreceu :
- Meu bem, eu não sou impressionada com academia, não. Eu preciso fazer
algo mais, além de exercícios físicos. Não posso ser uma garota fútil assim.
E ela enviou um emoji de aborrecimento; aquele com uma mulher com a mão
espalmada no rosto, lamentando-se.
- Você me tira do sério – alegou a garota. - Felipe, eu gosto muito de você, mas
tem momentos que você me chateia demais. Eu não entendo: com os outros clientes
eu brinco, a gente se diverte, eu conto piadas. Mas com você não consigo.- inventou a
prostituta.
Em outro dia ele perguntou se poderia lhe fazer uma chamada de vídeo em
algum momento, mas ela o respondeu dizendo que achava melhor ele não ligar para
ela, pois não seria legal nem oportuno.
O rapaz notou que aquela Andreza não parecia a mesma de quase dez dias
atrás. Era outra pessoa. Fugia de suas conversas ou o tratava mal. Alguns problemas
estavam ocorrendo.
A garota caiu na armadilha e inclusive lhe enviou sua localização em São Luís pelo
GPS. Felipe colocou o endereço no Google Maps e para sua surpresa o local indicado
era uma casa de massagens. Então, Andreza fazia programas em sua cidade. No
anúncio desta clinica de massagem tailandesa havia dois telefones, um fixo e um
móvel, ambos com acesso ao aplicativo de mensagens. Havia também um link para um
site onde havia uma propaganda da casa de massagens que se chamava Espaço
Meliand e na página do site a foto de uma garota só de calcinha e sutiã deitada numa
cama com um emoji no rosto, que tinha todas as características de ser Andreza. O
espaço Meliand tinha então dois números de telefone e por meio destes telefones
Felipe descobriu a proprietária das linhas; era uma mulher chamada Melina. O homem
descobriu que o pai de Melina tinha o mesmo nome do de Andreza: Antônio José e
procurando nas redes sociais de Suellen, o rapaz encontrou uma foto das duas juntas,
fazendo referência que as duas eram irmãs. Assim ele descobriu que a irmã de Andreza
tinha uma casa de massagens e Andreza mentia.
____________________________________________________________
Andreza passou seu aniversário em São Luís.
O jogador de pôquer, Cláudio, enviou então a seguinte mensagem para Andreza
na noite de seu aniversário, quando ela estava na capital maranhense, supostamente
na casa de sua mãe.
Andreza retornou afinal de São Luís. Ela havia chegado há 03 dias e Felipe não a
tinha encontrado pessoalmente ainda. Haviam conversado apenas pelo smartphone.
Cláudio também não a reencontrara ainda.
Marcaram Felipe e a jovem de se encontrar no apartamento dela. A garota o
deixou esperando na rua, dentro de seu carro, por cerca de 20 minutos. Quando a
mesma lhe deu um OK, ele subiu até o andar do apartamento da moça.
Assim que o homem entrou em seu recinto, ela disse:
- Você falou que não queria transar hoje, só me ver. Espere só um instante que
vou escovar meus dentes.
Felipe a acompanhou e ficou na porta do banheiro.
- Como foi sua viagem? – ele questionou.
- Fui bem. Só estou muito cansada. É uma viagem muito longa.
- Sua família está bem? - quis saber o rapaz.
- Sim, estão todos bem.
Depois sentaram na cama, com Andreza recostada na cabeceira e Felipe
sentado na lateral da cama e voltaram seus rostos um para o outro.
- Você estava com saudade? - indagou o rapaz.
- Bastante. E você?
- Eu também.
- Eu estava com saudade do seu cheirinho...
- Eu queria te encontrar de novo.
- Meu bem, eu vou te confessar uma coisa: quando eu viajo para a cidade de
minha família não tenho vontade de retornar...
Felipe continuou falando; porém, mal disse as primeiras palavras a garota
interveio, dizendo:
- Não me fale nada da sua vida. Não quero saber.
- Eu não ia falar nada demais. Eu é que não quero contar detalhes da minha
vida. Não preciso disso.
- Eu não sei porque você me chateia. Eu não fico à vontade. Eu gosto muito de
você, Felipe. Mas tem momentos que você me tira do sério. Com os outros clientes
eu brinco, conto piadas, a gente se diverte, mas com você é diferente; não consigo me
descontrair. Não sei o que acontece.
- Eu também gostaria de saber. Parece que você quer gostar de mim, mas tem
raiva deste sentimento e quer descontar em mim. Você é muito imatura, Andreza.
- Felipe, você me acha muito complicada?
- Um pouco – o rapaz amenizou na resposta, de modo intencional, para não
elevar o tom da discussão com a garota. - Como foi seu aniversário? – ele quis saber.
- Sei lá, foi normal.
- Como assim?
- Não teve nada demais.
- Você só tem isso para dizer sobre seu aniversário?
- Só
- Tudo bem. Só precisa falar o que você se sentir à vontade. Você ficou com
alguém lá em São Luís nestas duas semanas, Suh? - perguntou o rapaz, calmamente.
- Fiquei só uma vez com uma pessoa. E você, ficou com outras garotas.
- Sabe que não. Vocês transaram???
- Não.
- Você me disse que não estava feliz na casa de sua mãe. Por quê?
- Eu estava relaxada, mas não estava feliz. Acho que é porque eu queria
trabalhar e não podia.
- E o que você fazia nestes dias.
- Fui ao shopping algumas vezes, fui a praia e fui a casa de minha ex-sogra.
- E você já teve sogra?
- Modo de dizer. Eu namorei com o filho dela.
Quando ela estava viajando para São Luís a garota fez aniversário e Felipe lhe
comprou um presente, mas não contou nada. Devido o comportamento estranho e
subversivo da garota quando permaneceu em sua cidade, o rapaz preferiu que ela
chegasse para conversarem e somente depois decidir se lhe entregaria o presente.
- Tudo bem...
- Cuidado, Cláudio, com ela - disse Felipe. - Uma mulher que engana os próprios
pais, é capaz de fazer coisas de que duvidamos. Ela pode nos surpreender. Bruna pode
ser capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos . Fique com as orelhas em pé.
Tenha cuidado com ela.
- Felipe, eu me apaixonei por Andreza.
- Amigo, como você deixou isso acontecer? Você é casado! Você se envolveu
demais com essa garota.
- Realmente, eu devia ter pensado melhor, antes de me aprofundar tanto nos
sentimentos por ela. E ela, Andreza, é uma caixinha de surpresas. Sinceramente, nem
sei se vale a pena investir tanto nessa mulher.
- E seu casamento? E sua esposa?
- Felipe, eu vivo bem com minha mulher, mas parece que falta alguma coisa
em minha vida. Não me sinto realizado e totalmente feliz. Acredito que eu não amo
minha esposa. Essa é a questão. Parece que com esse romance tosco com Andreza eu
tento fugir de minha realidade de empresário, jogador de pôquer e marido infeliz.
- Entendo. Mas você tem um casal de filhos tão lindos.
- Sim, eles são lindos. Sei que Andreza não é a solução dos meus problemas,
mas é uma válvula de escape pra mim. Se ela realmente gostar de mim a gente poderia
tentar algo sério. Não quero nem posso deixar minha esposa agora, mas também não
sei se meu casamento dura para sempre.
- Você não deveria ter me oferecido para sair com Bruna, se você estava
gostando dela de verdade.
- E o que você diz para Andreza? Você já disse o quanto gosta dela?
- Sim, eu digo que gosto muito dela e que considero ela muito importante para
mim. Ela também diz gostar muito de mim, mas uma relação como a nossa é estranha.
E sei que não podemos progredir pelos entraves que temos, e não quero entrar de
cabeça de uma vez pois sei que não está certo. Eu não tenho a convicção de que
Andreza realmente gosta de mim. Ela jamais me deu essa certeza, por meio de suas
ações e de suas palavras. Eu sinto essa dúvida e acredito ter razão.
- Acho ela também muito indecisa e às vezes imatura. Penso que ela necessita
mais do nosso dinheiro do que de nós exatamente.
- Felipe, eu queria pedir para você se afastar dela. Somos muito amigos. Não
acho nada legal a gente continuar dividindo essa garota. Eu vou tentar com ela até ver
no que vai dar. Vou dar uma chance para nós dois...
- Tudo bem, Cláudio. Estou entendendo suas colocações. Acho que você pode
estar sofrendo, pois na medida que você mais se apega a Andreza e percebi que ela
continua na prostituição, e como você ainda vive o dilema do adultério, sua mente vive
confusa e em excitação permanente. Vou deixar de sair com ela. Preciso conservar
nossa amizade.
- Mas vá com calma com ela; não se envolva tao rápido e tão facilmente, se é
que ainda é tempo de eu falar isso. Parece-me que Andreza é uma garota volúvel; ela é
fácil de se envolver, mas também parte para outra muito facilmente. E neste
momento de sua vida ela é muito confusa, tenta não se relacionar seriamente com
nenhum homem, e pondero que sua prioridade nos dias atuais é ganhar dinheiro com
seus programas. E só isso mesmo. Estes argumentos a resumem neste instante,
infelizmente. Desse modo, tome cuidado, amigo.
- Você não gosta de mim. Você gosta apenas de fazer sexo comigo. E gosta
mesmo é do meu dinheiro. Você precisa apenas dele, e não de mim.
- É verdade.
- Andreza, parece até que existe dentro de você uma parte boa querendo se
manifestar, mas ela não consegue. Você não deixa ela prevalecer. Vá embora desta
cidade. Volte para o seu lugar, que é o local de onde você nunca deveria ter saído para
vir atormentar a vida dos outros aqui nesta cidade.
E Andreza se despediu de suas três colegas de farra antes de partir para São
Luís: Wanessa, Juhliana e Monique.
- Amigas, vou ficar com muita saudade de vocês! – afirmou a morena
maranhense. – Vocês foram minha família aqui no Ceará. Obrigada por tudo!
- Suh, venha nos visitar algum dia! – pediu Wanessa.
- Boa viagem e boa sorte no seu retorno, amiga – desejou Juhliana.
- Se cuida, amiga – disse por fim Monique.
Elas foram deixar a amiga no terminal rodoviário. Despediram-se com um
abraço cordial e Suellen adentrou no audo-ônibus de regresso.
Andreza também reencontrou “Klebinho” antes de deixar Fortaleza. Samuel estava
fora do país.
Finalmente, Andreza retornou a São Luís e por algum tempo preferiu morar
com sua irmã caçula, na mesma residência onde funcionava a casa de massagens e
por lá ficou fazendo seus programas, sem a anuência de seus pais.
Voltando de Fortaleza, Suellen preferiu ir morar com sua irmã Melina, pois
como continuava desempregada preferiu continuar no ramo da prostituição, agora
atendendo na casa de sua irmã. Antônio José e Ester estavam brigados com Melina e
por conta desse fato não frequentavam sua casa. Eles ficaram sabendo depois por
terceiros que a filha caçula tinha montado em sua residência uma clínica de
massoterapia, mas a propaganda do estabelecimento no Google possuía informações
discretas sobre o lugar, e não fazia supor que ali se praticassem atividades de
prostituição.
Andreza, ao retornar para sua cidade, contava a seus pais apenas que estaria se
preparando para concursos públicos, juntamente com Melina.
- Melina, fiz sim, poucas vezes, sempre com a mesma colega, pois só tinha
confiança de fazer com ela. Mas não gostei nada disso. Quero o homem na cama só
para mim. Não gostei nada da experiência de dividir o “boy” com outra menina. Prefiro
só o casal mesmo, pois assim o cara pode me dar mais atenção e por conseguinte
pode me proporcionar mais prazer.
Quando Andreza voltou para São Luís do Maranhão ela pensou em deixar de
fazer programas, mas se passou um mês e ela não tinha ainda em mente com o que
trabalhar. Suellen não queria conseguir um trabalho para ganhar apenas um ou dois
salários mínimos, cumprindo horários rígidos e sem nenhuma estabilidade. Desejava
realizar algum concurso público, mas seria bem adiante e ela teria que se preparar
previamente.
- Melina, eu queria deixar de fazer programas, - revelou Suh - mas a
prostituição me seduz demais. Eu não vou conseguir parar agora. Eu tenho que
trabalhar, eu preciso juntar grana.
- Pois fica em minha casa fazendo seus programas por um tempo – ofereceu
Melina.
- Sei que vai ser difícil, mas não sei fazer outra coisa. E é a única ocupação que
me é lucrativa no momento. E sinto que eu gosto de fazer programas; parece que cada
estranho que vai entrar no quarto é um desafio para mim e isso me seduz. Eu adoro
me colocar à prova, quero provar a mim mesma que sou competente e que posso dar
conta de qualquer homem que vier trepar comigo. Quando fico sem fazer programas
eu me sinto mal ... Pelo menos no momento, é assim. Eu preciso trabalhar, eu quero
trabalhar – pronunciou Suellen, com ar de carência.
- Pois faça seus programas, irmã, para juntar seu dinheiro.
Por conseguinte, após cerca de 30 dias que retornara à sua cidade, a moça
decidiu voltar a fazer programas. Ela estava morando com sua irmã, na casa de
massagens e sabia que seria uma situação bem difícil, a princípio. E ela iniciou
colocando anúncios de seus programas na Internet, em sites de acompanhantes. A
morena não gostaria de fazer mais massagens.
A princípio, Andreza estava cheia de pudores e receosa de que sua família ou
amigos descobrissem que ela era garota de programa e estava fazendo anúncios na
Internet. Apenas Melina e André sabiam da sua situação. Ela então comprou um chip
de operadora de celular e colocou um DDD de uma cidade do interior do Maranhão
(99) e inventou uma história para tentar disfarçar.
Assim ela anunciou na Internet:
“Olá, garotos. Sou uma bela morena com muita vontade de fazer sexo com
vocês. Meu programa é delicioso e você não vai se decepcionar e vai querer repetir
comigo várias vezes. Só tem um problema: sou de São Mateus do Maranhão, mas
posso ir a São Luís de vez em quando. Me chama no zap. Apesar disso, a gente vai-se
falando. Espero seu contato, meus amores. Beijos.”
Andreza tinha muito receio de sua família descobrir sua vida secreta e pensou
nessa ideia para dificultar que fosse desmascarada. Todavia, se passaram alguns dias e
esta estratégia não funcionou. Apareceram poucos clientes querendo marcar
encontros. Suellen então apelou e partiu para um plano mais ousado. Ela buscou no
Google, nas imagens pela rede de computadores: “puta mostrando a buceta” e
conseguiu umas fotos de uma garota de programa exibindo sua vagina e seus
pequenos seios nus e curiosamente Andreza achou o corpo e o rosto daquela garota
parecidos com o seu. Mas havia a vantagem de que a garota das fotos estava mais em
forma e parecia mais jovem que a morena, e ela queria justamente mostrar fotos em
que parecesse jovem e magra. Tratou então de fazer umas fotografias da tela de outro
telefone celular, omitindo o rosto e usou estas imagens em outro anúncio na Internet,
agora mais ousado que o anterior:
“Novinha de 18 anos, cheirando a leitinho e da buceta bem apertada, louca
para dar. Venha se deliciar comigo! Estou te esperando! Me chama no zap, meu bem“.
Andreza colocou este anúncio e sorria do mesmo, imaginando como é fácil
enganar os pobres homens. Pensou também consigo nos inúmeros homens que
sonham ou desejam ter sexo com uma garota jovem, e que atingiu a maioridade há
pouco tempo. Andreza aparentava ter entre 25 e 27 anos e portanto estava se
arriscando, pois alguns clientes poderiam questionar sua idade real e a veracidade do
anúncio postado na Internet. Após esta segunda propaganda a moça conseguiu
realizar alguns programas e relaxou mais sua mente. Daí em diante seguir-se-iam
vários anúncios de conteúdo ousado para conseguir clientes. Andreza comprou outro
chip de celular, agora usando o DDD 98.
Andreza havia conversado com sua irmã algumas semanas antes “Eu quero
trabalhar! Eu preciso trabalhar!“, referindo-se às suas atividades de prostituta. Suellen
já estava vivendo uma síndrome de abstinência dos programas e procurou assim
desesperadamente propagandear na rede de computadores seus atendimentos, os
quais passou a realizar na casa de massagens de sua irmã.
Para aumentar a esculhambação, escreveu ela o seguinte anúncio na Internet:
“Olá, prazer, meu nome é Manu. Eu gosto de rapazes. Adoro homens. Sou uma ótima
opção para homens de bom gosto. Amo subir em cima de um pau duro e rebolar
minha bunda. Eu gosto quando me xingam e dão tapas em meu rosto. Sou muito
safada. Gosto que dêem bofetes na minha bunda também e me falem putarias nos
ouvidos. Aprecio dar minha bucetinha em várias posições. Preliminares bem gostosas.
Quero muito te satisfazer na cama. Morena linda de verdade, sem decepção. Estou
esperando sua chamada, gatinho. “
- Rafael, eu não sei exatamente por quê. Mas eu tenho dúvidas se fui abusada
por um tio quando eu era criança. Estas desconfianças pairam na minha cabeça e
acredito que tudo isso pode ter influenciado meu comportamento...
- Sei que é.
- Você já falou sobre esse fato com seus pais ou revelou para outra pessoa.
- Não.
- Acho.
Antônio José estava tirando um cochilo após o almoço quando recebeu uma
mensagem de texto no telefone celular, um SMS, que dizia assim: “Sr Antônio José,
cuidado. Sua filha mais querida está te ludibriando. Ela anda fazendo coisas erradas e
trabalhando como garota de programa. Faça alguma coisa por ela, antes que seja
tarde“.
Essa mensagem inesperada foi como uma facada em seu coração. Aquele pai
quase teve um mal estar súbito e a reação inicial foi duvidar da veracidade do recado
ou imaginar que havia sido encaminhado para a pessoa errada. Ele, no mesmo
instante, enviou uma pergunta para o telefone que lhe tinha enviado aquele
comunicado: “Quem é você? De quem você está falando? “ E a pessoa do outro lado
respondeu apenas: “ É tudo verdade. Falo de sua filha mesmo, José, a Andreza. Ela
precisa de sua ajuda. Depois te mando mais notícias. Tenta descobrir a verdade.“ Estas
poucas palavras foram um choque para ele. Seu mundo num instante veio de alto a
baixo. Sentou-se numa cadeira e começou a se sentir mal; porém, estava sozinho em
casa e não tinha ninguém para o socorrer, caso seu estado piorasse. Lembrou-se então
que tinha alguns comprimidos de um tranquilizante de tarja preta guardados.
Procurou pela caixa num armário de sua cozinha e, após o encontrar, verificou a
validade dos medicamentos. Comprovou que não estavam com o prazo vencido e foi
tomando um comprimido com água para poder-se acalmar. Pensou impulsivamente
em ligar para Andreza e tirar a história a limpo, mas refletiu melhor e tomou a decisão
de conversar antes com Ester.
Ficou sentado na mesa alguns minutos, desolado, e sem exatamente saber o
que faria diante daquela denúncia. Quando sua mente se reorganizou em parte,
aquele homem enviou uma mensagem dirigida a sua ex-esposa. Ele escreveu assim:
“Ester, tenho um assunto urgente para tratar com você. Sendo assim, me ligue
o mais breve possível. Eu gostaria que fosse hoje e você pode me contactar a qualquer
momento.”
Antônio José pensou em averiguar melhor os fatos, para somente depois avisar
Ester. Todavia, imaginou que ela ficaria muito chateada com ele e poderia até não o
perdoar se descobrisse a verdade tardiamente e por intermédio de outra pessoa, que
não seu ex-marido. Desta forma, decidiu revelar as suspeitas para Ester, a fim de
tentarem decidir juntos o que fazer daquele momento em diante.
Ester leu sua mensagem cerca de 30 minutos após o envio e o ligou em seguida
por chamada de áudio.
- O que aconteceu, José? Fiquei preocupada com sua urgência na mensagem. –
indagou a senhora, sem ter ideia do motivo de seu ex-esposo tê-la convocado para
uma conversa.
- Realmente é algo urgente! Pelo menos em minha opinião. E é sobre nossa
filha Andreza.
- Aconteceu alguma coisa grave com ela? Ai, meu Deus!!! - questionou a
mulher, já se desesperando.
- Não, minha querida, não se trata de risco iminente de vida. Porém, é
igualmente sério o que eu tenho para lhe revelar.
- Pois conte logo, homem. Agora fiquei preocupada. Continuo aflita.
- Ester, o que eu vou falar, não está confirmado ainda. Na realidade, foi uma
espécie de denúncia que eu recebi. Vamos ter que descobrir se é verdade. Por isso te
chamei logo no WhatsApp. Caso seja tudo verdade, já precisamos decidir quais
medidas vamos tomar...
- Conte logo, José. Entendi o que você falou. Agora quero saber o que está
pegando!
- Ester, eu recebi umas mensagens anônimas hoje em meu telefone celular.
Uma pessoa que não se identificou disse que ia fazer umas revelações sobre nossa
filha Andreza. O que ele a acusou, afinal de contas, se assim posso dizer, é que nossa
filha está fazendo programas, ou seja, ela está atuando como garota de programa, sem
que a gente desconfie.
Ester quis chorar e teve uma reação terrível, com um misto de decepção,
revolta e dúvida:
- Ai meu Deus, não pode ser – reagiu aquela mãe, e dos seus olhos verteram
lágrimas que transbordaram pelas pálpebras inferiores. - Eu não acredito nisto que
acabei de ouvir. Minha linda filha, seduzida pela prostituição. Meu Deus, eu nunca
imaginei que pudesse viver isso em nossa família – e Ester começou a chorar. – Onde
foi que eu errei? – lamentou-se ela, já soluçando. – Como Andreza pode fazer isso
conosco? E esconder de nós algo tão grave?!
- Desculpe eu ter falado pelo celular. Você está bem? – perguntou seu ex-marido,
agora um pouco preocupado. - Eu tive que tomar um calmante aqui em casa. E eu
precisava contar logo para você... Foi a primeira pessoa que me veio à cabeça, depois
que recebi estas terríveis mensagens.
- E o que essas mensagens contavam em detalhes? – interpelou a mulher.
- Pior que não detalharam nada. Mas a pessoa do outro lado citou
precisamente o nome dela. Disse que Andreza necessita minha ajuda e falou no final
que me contaria mais detalhes e os fatos novos num segundo momento.
- E será que esta denúncia é verdade, meu ex-marido, ou se trata de uma
grande brincadeira de mau gosto?
- Pelo tom da mensagem não pareceu nada inventado, Ester. Eu temo que seja
tudo a mais pura verdade.
- Ai meu Deus! Será que eu vou aguentar!? – queixou-se ainda Ester. - José,
não tem a mínima condição de eu pensar agora. Vou desligar, vou fazer um chá para
eu tomar e vou deitar. Você acha que devemos falar com Andreza logo?
- Não, por enquanto, não. Vamos tentar descobrir mais alguma coisa.
- Concordo. Vou desligar, não estou suportando, quero chorar.
- Você precisa de ajuda? - questionou José - Posso ir até sua casa ou pedir para
Marcela passar aí.
- Não precisa vir. Genésio pode ficar com ciúmes se ele te encontrar em nossa
casa. E não quero que Marcela e Melina saibam de nada agora. - E aquela mãe
encerrou a ligação e continuou chorando, com a mente completamente confusa, e
quase em estado de choque por tudo que acabara de ouvir de seu ex-marido. Após
alguns minutos de pranto foi preparar um chá de camomila para tentar se acalmar.
José e Ester não comeram mais nada aquele dia e tiveram uma péssima noite,
ficando quase a madrugada toda em claro, sem conseguirem dormir, após saberem da
suspeição de que sua filha Andreza havia se transformado em uma prostituta.
Nos dias seguintes Antônio José e sua ex-mulher não passaram bem. Aquela
revelação contida na mensagem de celular o deixou transtornado. Ficava a todo
momento procurando por novos torpedos (SMS) em seu aparelho celular. Tinha
receios de receber novidades que comprovassem a veracidade da primeira
comunicação, mas, ao mesmo tempo, não conseguia se libertar da ansiedade de
verificar periodicamente a chegada de mais uma terrível mensagem reveladora. Sua
filha Andreza então ligou para seu pai certa manhã e este atendeu a chamada.
- Por que você não tenta só mais uma vez? Comece com um negócio pequeno.
Posso te ajudar financeiramente.
Andreza sabia, porém, que seu pai não tinha dinheiro para lhe emprestar.
- Não se preocupe, pai. Estou estudando para concursos. Quando eu estiver
trabalhando e juntar uma grana quem sabe a gente não coloca um negócio juntos.
- Não, meu bem. Desejo que você tenha um negócio todo seu, e independente
de minha pessoa. Mas posso te ajudar a começar. Posso contrair um empresário no
banco para você em meu nome.
- Não vejo necessidade, papai. Não quero me envolver com bancos tão cedo.
Fiquei traumatizada. E não desejo ver o senhor individado por minha causa.
- Tudo bem, Andreza. Mas querida, eu também pedi que você viesse até minha
casa porque tenho um assunto muito delicado para falar com você.
Nesse momento a fisionomia da moça mudou drasticamente, e surgiu um ar
de preocupação e medo.
- O que foi, pai? – retrucou ela, de modo automático.
- Filha, você guarda algum segredo da minha pessoa e de sua mãe?
- Não, meu pai – blefou a morena.
- Filha, eu vou abrir o jogo com você. Eu descobri tudo que você anda
fazendo. Já sei que você está trabalhando como garota de programa. Isso me chocou
bastante e meu chão desapareceu.
José encarou-lhe nos olhos, mas a garota não suportou. Transbordaram-lhe
algumas lágrimas; a mulher, por seu lado, se levantou de uma vez, sem conseguir
mais fitar os olhos de seu pai, abaixou a cabeça, deu-lhe as costas e se pronunciou:
- Quem inventou esse absurdo e essa infâmia sobre minha pessoa?
- Andreza, não precisa me enganar mais. Eu recebi denúncias sobre você
no celular e apurei tudo. Fui eu quem ligou para ti ontem e atendeste o telefone.
Ouvi sua voz e reconheci. Não minta mais para mim.
Andreza ficou calada. Depois disse:
- Papai, não sei do que o senhor está falando – e começou a chorar.
- Fale a verdade, que será melhor. Preciso te ouvir; me olhe de frente; não
me esconda mais a realidade dos fatos; sou seu pai. Sei o quanto é difícil admitir isso,
mas é melhor você não mentir mais para seu pai.
José ficou em pé e girou o corpo de sua filha, colocando-a de frente ao seu
rosto, e passou a mirá-la no fundo dos olhos, os quais já estavam vermelhos e ela já
não o conseguia encarar.
A garota não falava nada e seu pai prosseguiu:
- Andreza, como você pôde fazer isso comigo e com sua mãe? Omitir tudo
isso de nós. Você está nos enganando há quanto tempo?
- Não sei.
- Suas irmãs sabem dos seus maus procedimentos? Suas amigas sabem?
Andreza começou a admitir aquela dura realidade:
- Ninguém sabe de nada; só eu mesma – mentiu ela.
- Eu nunca pensei, meu Deus, que eu fosse viver isso, esse problema, em
minha família. Logo você, que criei com tanta estima, minha filha mais amada.
Andreza, você me decepcionou por completo.
- Desculpe, meu pai.
- Por que, filha, você fez tudo isso contra nós? Por que você escolheu essa
vida?
- Não sei direito.
- O dinheiro, a vontade de desfrutar os luxos da vida te seduziram, querida.
Sempre fomos pobres, mas procurei dar o melhor que pude para vocês e em
especial para ti, Andreza. Você se formou, tem uma profissão, não precisava
adentrar nesse mundo perverso da prostituição.
- Eu precisava de dinheiro.
- Nenhum dinheiro do mundo, meu bem, vai trazer sua dignidade de volta e
irá pagar os pecados que você cometeu, minha filha.
- Eu sei, tenho consciência disso.
- Andreza, como você se atreveu a entrar nesse caminho? Você não tem
medo de sofrer agressão sexual ou de adquirir uma doença grave como AIDS?
- Eu sou adulta e procuro me cuidar. Tomo minhas precauções.
- E quando as pessoas souberem? Como ficaremos? Com que rosto vou
encarar as pessoas se eu passar na rua e ficarem comentando aos cochichos
picuinhas do tipo: “Olha lá, aquele homem, é o pai daquela moça; ela agora é
garota de programa.” Eu me importo com isso, filha. É a minha reputação e a sua
também. De que forma vou encarar as pessoas e levar minha vida adiante?
Explique.
- Não se preocupe com o que os outros irão falar, papai. Eu não vou dar
bolas. Não vou valorizar. E quem terá que se preocupar mesmo sou eu, pois
estarão falando sobre mim.
- Nem se os comentários vierem de sua família, você não vai se preocupar?
Eu vou me preocupar sim. Conheço muita gente.
- Farei tudo para ninguém mais descobrir. Serei discreta.
- Filha, você não tem nenhum arrependimento de tudo isso que você fez?
- Acho que não.
- Você começou a fazer programas quando?
- Este ano, há menos de seis meses.
- Você me jura que não fazia programas em Fortaleza?
- Juro que não realizava, papai.
- Andreza, você não sabe o quanto eu e sua mãe já choramos por sua
causa? Tive medo até de eu tentar fazer algo pior contra minha vida .
- Mamãe também está sabendo?
- Sim.
- Papai, eu lhe peço, não pense em fazer nenhuma loucura. Se alguém tiver
que ser punido, tem que ser eu mesma.
- Andreza, tem horas que eu não quero mais olhar na sua cara. Você me
decepcionou demais. Estou muito triste com você.
- Desculpe, papai. Essa não era minha intenção.
- Como não era sua intenção, filha? Esse caminho que você está trilhando é
perigoso; é um dinheiro aparentemente fácil, mas tudo isso poderá destruir sua
vida e a de nós, seus pais.
- Tem horas que eu penso em ir embora e nunca mais voltar pra cá.
- Parece que você não nos ama mais, e o que te importa mesmo agora é o
dinheiro.
- Não é verdade, meu pai.
- Andreza, eu vou te falar sério: deixe essa vida ou eu vou me afastar de
você. Vou apagar suas fotos comigo no Facebook e no Instagram. Vou dar um
tempo. E aí: você vai parar de fazer programas? Saia dessa vida. Eu peço
encarecidamente. O que você tem a me dizer?
Andreza refletiu brevemente e ao final respondeu a seu pai, com lágrimas
nos olhos mais uma vez.
- É difícil eu falar isso, papai, mas não posso parar agora. Não quero fazer
programas por muito tempo, mas não dá para eu interromper neste momento. Já
entrei nessa área e vou ter que ficar um pouco mais de tempo. Me desculpe e me
perdoe. Se o senhor me ama de verdade vai me entender depois e vai me perdoar.
Eu já estou lhe pedindo desculpas. Preferia que o senhor e minha mãe nunca
soubessem. Prometo que deixarei esta vida assim que for possível.
- Tudo bem, Andreza, é assim que você responde a um apelo de seu pai!?
Pois de hoje em diante esqueça que você teve um pai.
Andreza emudeceu e olhou para seu pai com a face profundamente triste.
- Eu vou orar, porém, sempre por você, - continuou José - mas não vou te
ligar mais, não quero saber mais de sua vida. Siga o caminho que você escolheu e
vamos ver no que vai dar. Eu te desejo boa sorte, filha. Fica com Deus mesmo
assim.
E José saiu da cozinha e foi chorar em seu quarto.
Andreza se derramou em pranto e após 5 minutos foi embora, sem se
despedir de seu pai, e deixou a porta de frente da casa apenas encostada. Ela saiu
dali completamente arrasada e naquele restante de dia não comeu mais nada e só
ficou deitada num quarto, com o aparelho celular desligado.
Melina a questionou sobre o que estava acontecendo, mas ela preferiu
dizer que se tratava de uma crise de enxaqueca. Solicitou um analgésico e um copo
com água para disfarçar, e ficou trancada até o dia seguinte, sofrendo pelo
desentendimento com seu pai. De repente, sua paz havia desmoronado, de uma
hora para outra, e ela não enxergava solução. O que seria dela agora sem o apoio e
o carinho de seu pai em sua vida? Ela não tinha ideia do que fazer. Só lhe restava
sofrer e esperar; aguardar que aquela tempestade mental passasse e mais uma vez
ela se restabelecesse por sua persistência e sua resiliência.
No dia seguinte Ester ligou para José e dialogaram.
- José, meu amigo da Igreja marcou um suposto encontro com ela, naquele
número de WhatsApp. Infelizmente caiu no endereço de Melina. Não acredito que
elas estão nos enganando.
- Eu conversei com nossa filha e ela confessou que é tudo verdade. Então
Melina é cúmplice de tudo.
- Como elas puderam montar esse esquema na própria casa onde moram?
- Ester, eu me desentendi com Andreza e vou passar um tempo sem falar
com ela. Nem sei se voltaremos a nos falar algum dia.
- Ah meu Deus... – ressentiu-se aquela mãe e começou a chorar.
- Suellen me decepcionou demais. Nunca imaginei que ela pudesse ser
capaz de fazer isso.
- Vou orar por nossa filha. Nosso Senhor Jesus há de tirá-la desta vida de
pecado e sofrimento.
- Você vai falar com Melina?
- Vou sim. Devo ligar pars ela para conversar, mas não hoje. Preciso esfriar
minha cabeça, pois esta para explodir. José, quero te fazer um pedido.
- Pode fazer, Ester.
- Não deixe de orar e pedir todos os dias por nossa filha. Tenho fé que um
dia ela vai sair dessa vida.
- Eu disse a ela que continuaria orando por sua vida. Vou cumprir minha
promessa. Fale com Melina.
- Quero dar um tempo delas duas. Estou arrasado; estou decepcionado
agora com elas e André. Todos eles são cúmplices.
- Vá descansar José. Que Deus abençoe nossas famílias!
- Tchau, Ester. Desculpa por dar essas notícias. Boa noite..
No dia seguinte a morena contou para Melina sobre a descoberta de
seu pai. Comunicaram-se pelo aplicativo de mensagens:
- Mel, alguém contou para meu pai que eu faço programas. Estou com
ódio, seja ele um homem ou uma mulher. Como eu gostaria de descobrir quem foi
esse dedo-duro.
- Irmã, e agora? O que vamos fazer?
- Não tenho ideia.
- Você prometeu para ele encerrar os programas?
- Não.
- E o pai já sabe da casa de massagens?
- Não. Ele não comentou nada sobre isso.
- E você vai tentar descobrir quem te entregou?
- Não sei. Só tenho a convicção de que devo me preparar melhor. Quem
quer paz, deve se preparar para a guerra. E eu vou estar pronta. Eu juro.
- Vamos pensar então no que fazer.
- Mamãe já sabe também?
- Acredito que papai irá contar para ela, infelizmente.
- Meu Deus.
- Eu vou entregar agora tudo a Deus...
- Vamos ver no que vai dar.
E finalizaram as mensagens nesse dia.
Alguns dias depois Antônio José recebeu outras mensagens de um
remetente desconhecido informando-o sobre a existência da casa de massagens, a
qual era gerida pelas filhas mais novas e pelo genro André.
Andreza e Melina se desentenderam com seus pais após estes
descobrirem que Andreza fazia programas e a irmã caçula a acobertava. Elas então se
afastaram um pouco de seus pais e passaram a se dedicar totalmente à exploração do
meretrício.
Conforme José havia prometido, ele desativou uma conta de Instagram e outra
do Facebook onde se encontravam fotos dele com sua filha. Andreza também
apagou algumas fotos no Facebook com seu pai.
E assim os dois passaram cerca de quatro meses sem se falar. Ela não o
procurava e ele também não cedeu. Era uma queda de braço dos dois lados.
Ester também se afastou das duas filhas temporariamente e a família assim
estava desagregada.
Marcela soube por uma amiga chamada Neuzélia que sua irmã caçula instalou
uma clínica de massagens e quando abordou Melina esta não negou, referindo, porém,
que não era um local de prostituição. Todavia, alguns meses depois, uma outra pessoa
lhe revelou que o local funcionava com massagens e sexo, porém Marcela preferiu não
contar isso ainda para seus pais e acobertou sua irmã caçula. Ela esperava que a
própria irmã revelasse tudo para seus pais.
Dialogaram ESTER e ANTÔNIO JOSÉ uma semana mais tarde sobre Andreza
ter-se prostituído:
- Onde foi que nós erramos, José, na criação de Andreza? – queixou-se Ester. -
Para ela ter enveredado para este caminho da prostituição?
- Não faço ideia, Ester. Mas não se martirize; somos humanos e é normal que
cometamos erros.
- Eu sempre tentei elevar a autoestima de nossa filha, evitando frases que
atrapalhassem emocionalmente Andreza, já sendo consciente dos danos que algumas
falas podem propiciar, influenciando de forma negativa na autoestima dos filhos.
- Sei que, às vezes, falhamos, e deixamos nos vencer em algumas ocasiões
pelo cansaço depois de um dia de trabalho árduo. Quem nunca se desesperou com as
tarefas que ainda o esperam em casa ou com “aquela” birra que parece mesmo de
propósito? Mas eu sempre procurei pedir desculpas pelas palavras em que me excedi,
algo que nos custa muito sacrifício, ás vezes. Mas procurei o fazer, para dar o exemplo.
Não fiz isso para me retratar, nem para compensá-las com carinho e palavras bonitas
pelos meus erros e excessos, mas pela sua aprendizagem, para que soubessem tomar
as melhores decisões da próxima vez.
- Sim, José, sei que nossas ações como pais têm consequências, e é preciso
corrigir maus comportamentos, mas sempre de um ponto de vista construtivo e com
empatia. Frases como "Se você se comportar, eu compro..." acho completamente
equivocadas e por vezes, nós pais, utilizamos este estilo de comunicação para fazer
com as crianças uma espécie de chantagem emocional, terminando por se correr o
risco de que elas não aprendam o motivo de terem que fazer o que lhe pedem, mas
sim o que o fazem para obter um determinado fim.
Cássio Mariano entrou em contato com Andreza e esta terminou lhe contando
revelações de sua vida e passaram a realizar algumas sessões de psicoterapia. Numa
delas a mulher confessou:
- Eu me acho muito estranha. Parece que eu me incomodo com a felicidade dos
outros, eu não me sinto bem; devo sentir inveja, só pode ser isso, - ponderou Suellen,
como que dialogando consigo mesma, - e me sinto frustrada. Deve ser essa a
explicação. Não consigo me sentir à vontade com a satisfação dos outros, e eu, me
vendo infeliz, não sou realizada. Eu sofro com isso, ao constatar a aparente alegria de
pessoas que têm seu par, por exemplo. Eu quase não suporto ver essas pessoas felizes
e satisfeitas, e tento ignorar muitas vezes seu contentamento, pois não consigo ser
feliz vendo a realização amorosa e pessoal dos outros, já que não possuo nada disso.
- Andreza, você precisa repensar tudo isso e fazer algo para mudar esta
situação.
- Eui sei disso, mas é difícil.
“Eu não bebo e não festejo. Eu não gasto meu dinheiro em drogas ou itens de
luxo. Sou praticamente uma pessoa caseira quando não estou trabalhando. Os clientes
que se apaixonaram por mim não me veem como uma acompanhante, mas como uma
mulher comum, e esse também é outro motivo pelo qual eles têm dificuldade em lidar
com suas emoções.
“Depois do nosso tempo juntos, eles saem felizes e satisfeitos, mas precisam
voltar à realidade quando chegarem em casa. Não consigo imaginar o quanto deve ser
difícil estar com uma mulher que te dá atenção e te ouve e depois voltar para casa
para alguém que mal reconhece sua presença, pois muitos se queixam disso.
- E para aqueles que se apaixonarem por mim, imediatamente vou parar de vê-
los – declarou Andreza. - Explicarei gentilmente meu raciocínio e os vou incentivar a
reorientarem a atenção que estavam colocando em mim em seu relacionamento e em
si mesmos.
- Já bloqueei o número de alguns deles por esse motivo e cortei todos os laços
com os mesmos. Acompanhar é o que faço para viver. Faço o que faço e, de verdade,
estou feliz por poder trazer felicidade aos meus clientes.
“Muito poucas pessoas podem dizer que amam o que fazem, mas eu
sinceramente posso.
Conseguiram atrair mais duas massagistas (no total agora eram cinco,
contando com Suellen) e compraram mais chips de outras operadoras de telefonia
móvel para agendarem os encontros sexuais de modo que chegaram a dispor de seis
números de telefone para o esquema, todos com o aplicativo de mensagens incluído.
Desta forma, a casa de massagens passou a ter garotas de programa em todos os
horários de segunda-feira até sábado, e Andreza ainda agendava encontros aos
domingos.
Andreza depois conversou com Melina e André sobre Maxwell e sua proposta,
mas os dois recusaram, pois tiveram receio de se envolver num esquema tão perigoso
e arriscado. André não gostaria também de colocar sua carreira militar em risco.
Suellen entrou em contato com Maxwell dizendo que iam preferir não
participar do esquema e ele apenas respondeu que era uma pena e qualquer mudança
de ideia ela o comunicasse. Andreza desde então não viu mais aquele homem.
______________________________________________________________
e ela se surpreendeu pois já eram quase 21 h. A atendente da casa tinha ficado com
Andreza e mais duas garotas de programa. Quando a patroa chegou, indagou-lhe com
espanto:
responsável pela casa. E tive que assinar o recebimento. Não abri para ler, em seu
respeito. Vou te entregar, dona Melina, em mãos, para você própria ler.
ser nada legal. Ela foi abrindo a correspondência, logo após fechar o portão para a
delegacia. A casa de massagens havia sido denunciada. Melina, de pronto, ligou para
seu noivo, que a atendeu logo, e ela lhe contou o que estava se passando. Andreza, que
também tinha saído, chegou após 30 minutos, e sua irmã também lhe revelou aquela
desagradável notícia. A morena disse então que falaria com um cliente seu que era
advogado e seu colega para ver se ele poderia ajudar, pois se tratava de um profissional
ADVOGADO.
- Não temos essa suspeita. Nenhuma garota que deixou de prestar serviço
conosco saiu por desentendimento - respondeu Melina. – Também podemos ser
multados com cobranças em dinheiro?
- Acredito que essa não cola. Nossa lei nunca puniu a prostituta ou o seu
cliente, mas criou regras que dificultavam a atividade. Todavia, o rufianato nunca
deixou de ser crime. A questão é que pouco se denuncia.
- Com sua licença, doutor, vou ler aqui o CPB . Eu curso Direito – afirmou
André – e leu: "Artigo 229 — É crime : manter, por conta própria ou de terceiro,
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou
mediação direta do proprietário ou gerente. Pena: reclusão de 2 a 5 anos e multa".
- A meu ver, com a alteração trazida pela nova lei, os processos por crime de
"casa de prostituição", se não envolverem exploração sexual, deverão resultar em
absolvição por atipicidade da conduta, pois manter casa para fins libidinosos, por si só,
já não configura crime – alegou André.
- Combinado.
aluguel. Na verdade, ele também foi notificado dos usos ilícitos que sua casa estava
- Sim.
- Mas eu fui citada em algum processo ou denúncia na delegacia? – questionou
a morena.
- Não.
- Ai, graças a Deus.
- E comigo e com André você não se preocupa? É isso mesmo...?
- Não, irmã, Também me preocupa a situação de vocês; mas foi um alívio para
mim saber que meu nome não foi envolvido; sou nervosa demais para essas coisas.
- Eu e André também não chegamos a ser denunciados em processo. É por isso
que decidimos encerrar nosso negócio: antes que complique para todos nós.
- E sobre as meninas, as massagistas?
- Vou conversar com elas de hoje para amanhã, pessoalmente, uma de cada
vez. Inventarei uma desculpa e vou falar que decidi fechar a clínica de massoterapia.
- Elas vão ficar arrasadas...
- Com certeza; por uma notícia dessas e tão repentina; mas não tenho outra
opção.
- E minha situação? Não tenho outra fonte de renda. Como vou ficar de
imediato?...
- Suh, eu pensei em você ficar fazendo seus programas na casa pelas próximas
quatro semanas; por mim, sem problemas; você faz seus anúncios nos seus números
pessoais de trabalho, sem usar os telefones da clínica, e tenta ser discreta com seus
clientes. Temos mais dois meses e meio para a gente deixar este imóvel e procurar
cada um nosso canto.
- Ok, Mel. Obrigada pela força.
- Não há porque agradecer, irmã.
E as duas se afastaram neste momento.
Com efeito, Antônio José, Angélica e as duas filhas mais jovens daquele
homem se entraram dentro de alguns dias para comer uma pizza. Foi uma conversa
descontraída e procuraram evitar falar sobre prostituição, conforme Angélica lhes
orientou.
“ Hoje é feriado.
Uma data comemorativa para os amantes.
Dia dos namorados...
Efeméride antiga...
Dia do amor...
Vivaz retrato...
Do sonho infortunado...
Melancólico espaldar...
Quisera viver um amor.
Hoje se comemora...
Eu sonho com este dia...
Mas para mim não passa de uma Quimera... “
- Quem é, Trícia?
- É a Andreza Suellen. Quando alguma coisa na vida dela está perto de dar
certo e ter sucesso ela se esforça para atrapalhar, ou volta atrás e complica tudo, com
a finalidade de autossabotagem.
- Victor, o rancor e a raiva machucam muito mais a quem foi ferido, é claro, do
que a pessoa que os provocou. Todavia, é preciso esquecer as ofensas, os insultos, as
agressões, todo o mal que sofremos, afim de superar as mágoas e para que se possa
seguir em frente, sem angústias e sem dores – concluiu sua namorada.
- Trícia, e o cunhado de Andreza? O que você pensa dele? Como ele é conivente
com a participação das duas na prostituição.
- Ah, meu bem, é cômodo para ele que as duas tenham sua “fontinha” de
renda, para aliviar nos gastos com as duas princesas. Na verdade eu acredito que ele é
mesmo um cafetão, pois ele se beneficia do dinheiro que vem dos programas. E dizem
que eles vivem um trisal. Acredito que eles só não se assumem por causa da família.
Principalmente para não contrariarem os pais de Andreza e sua irmã, nem a mãe de
André.
- Que pouca vergonha.
- É mesmo! Por mais que os tempos de hoje sejam modernos, a relação dos três
é difícil de entender: esse papel que André faz é ridículo de explorar as duas e viver
maritalmente com elas, num jogo estranho e imbricado. Ao mesmo tempo elas
precisam dele pela grana e pela proteção que ele fornece e já se acostumaram a essa
vida de privações afetivas e sociais, dividindo os sentimentos entre si, e se escondendo
do mundo em várias situações. Mas eu juro que não entendo exatamente como
funciona a relação entre eles. Pois é esquisita demais... E tenho certeza de que os três
não são felizes completamente e nunca o serão, e perderam a chance de cada um dos
três buscar alguém que realmente amassem, para ficar com esta única pessoa e terem
uma vida mais plena.
___________________________________________________________
Após o fechamento da casa de massagens Andreza ficou chateada e procurou
seu cunhado favorito para uma conversa. Eles se encontraram a sós. A morena se
virou para André e esbravejou:
- Você é culpado por boa parte das coisas ruins que acontecem comigo. Você
vai ajudar eu me bancar. É o mínimo que pode fazer por mim. Você vai me patrocinar,
André. A situação está difícil para mim. Quero trabalhar menos e necessito estudar.
Quero fazer um concurso público e desejo colocar um negócio para mim: me ajude.
Preciso de dinheiro. Anseio ter os mesmos direitos de Melina. Faço por você o mesmo
que ela faz. Sou merecedora. Não me deixe na mão. Não traia minha confiança.
- Você já esqueceu totalmente seu ex-namorado? Certeza? quis saber André. E
continuou: “Você diz que muitas vezes sua mente está confusa. Quero ficar com você,
mas tenho minhas exigências”, rebateu André. E disse mais: “Você vai fazer menos
programas, teremos um dia só para nós e vou controlar suas redes sociais. Também
quero a senha do seu e-mail e você terá uma única conta de e-mail. Quero saber com
quem você vai sair e não pode se envolver emocionalmente com nenhum cliente.
Nada de beijos na boca ou sexo oral sem camisinha. E não aceite fazerem sexo oral em
você. Não quero mais nenhum outro homem chupando sua buceta. Estas são minhas
condições para nosso trato dar certo. Pense também num prazo para terminar de
fazer programas “.
- Tudo bem - respondeu Andreza Suellen. “Não penso mais em Armando. Ele já
é passado para mim, uma página virada em minha vida. Você me quer toda sua,
exclusiva. Ok. Vai dar certo depois. Sou sua puta: faça o que quiser comigo, meu bem.
Estou a seu dispor. Gosto de me sentir submissa a você. “
E transaram a seguir por quase uma hora. Todas as semanas passavam horas e
horas transando. Era o hobby preferido dos dois. Deixavam de sair de casa para ficar
trepando.
____________________________________________________________
Andreza e Rafael, porém, continuaram se encontrando, mas agora com menor
frequência; à noite, numa casa noturna, os dois dialogaram.
A garota lhe confessou que estava um pouco decepcionada com sua vida e
tinha momentos que chegava a sentir algum arrependimento pelos rumos a que tinha
levado sua vida.
Comentou o rapaz:
- Eu não duvido, Suh, que daqui a alguns anos você se arrependa de tudo o que
você fez e faça de tudo para as pessoas esquecerem seu passado de garota de
programa; e ainda volte a ser evangélica praticante, talvez mais fervorosa ainda do que
antes. Tudo isso é chamado de sublimação, Andreza.
Ela também revelou que não conseguia manter interesse e confiança por
muito tempo em nenhum homem que entrava em seu caminho. Rafael, então,
explicou para ela:
- Manu, de acordo com um estudo, uma mulher se sente mais atraída por um
homem quando ela não tem certeza de quanto ele gosta dela. Amor é uma escolha.
Acontece quando a atração e o tesão se foram. É baseado em uma decisão a longo
prazo, e que só pode acontecer de forma madura, se você conhecer profundamente a
pessoa amada. Você tem que colocar tudo a limpo, e abrir o jogo no momento certo,
enquanto ainda há tempo.
____________________________________________________________
CONVERSARAM TRÍCIA E ANDREZA ALGUNS DIAS DEPOIS:
- Por que você me pergunta isso, “Bruna”? Você suspeita que seu namorado a
trai ?
- Não é comigo. Não tenho namorado atualmente. Está acontecendo com uma
amiga minha. Pelo menos, ela suspeita... – disfarçou a morena.
- A traição, amiga, envolve atitudes infiéis, que configuram como uma ameaça
ao relacionamento. Significa também a perda completa da lealdade. Na nossa
sociedade, geralmente, entende-se como um caso extraconjugal secreto, em que pode
haver uma conexão emocional e o desejo sexual. A traição, portanto, não envolve
apenas sexo.
- Minha amiga flagrou umas conversas suspeitas do boy dela nas redes sociais,
e descobriu que ele tem um perfil ativo no Tinder e no Badoo, acredita?
- Então ele não é confiável. Ele criou estes perfis em sites de relacionamentos
já durante a relação dos dois?
- Provavelmente sim.
- Bruna, até uma troca de nudes pode ser uma traição, e se os dois que trocam
as fotos se conhecem, pior ainda.
- E por que você acha que as pessoas traem? Por que a traição é dolorosa? A
infidelidade é uma experiência emocional dolorosa, como relatou minha amiga,
mesmo quando ainda está no campo da dúvida.
- Sei, Bruna, e é essa dúvida que maltrata nossa mente e nossa consciência. Os
homens ainda traem mais, e os motivos são vários, conforme o caso. Mas no final das
contas o denominador comum parece ser o fato de que o traidor não ama sua
companheira.
- Minha amiga Virgínia, você não conhece, - Andreza inventou esta pessoa –
me falou que tinha o ideal de que seu parceiro preenchesse uma lista extensa de
necessidades: ser o amante, amigo, parceiro, confidente, e no futuro o pai de seus
filhos, etc.
- Em geral, quando uma pessoa diz que é traída, e isso vem a público, pelo
menos na sua roda íntima, assim eu suponho, a primeira reação dos amigos ou
familiares é julgar e incentivar a separação. Daí o receio de que outros descubram,
mesmo os íntimos. Nem sempre vamos estar preparadas para um rompimento tão
repentino de uma relação que dava certo.
- Como eu relatei, eles traem por diversos motivos. Em muitos casos são
características pessoais que aumentam a probabilidade de traição, como pessoas
narcisistas ou desprovidas de honestidade. Assim, é irrelevante o quanto da sua vida
você dedicou ao relacionamento. Tais pessoas vão usar a traição como forma de suprir
suas necessidades narcisistas
- É comum que as pessoas se questionem se quem já traiu uma vez, pode trair
de novo. E a resposta é sim! Se o parceiro já traiu uma vez, seja em um relacionamento
antigo ou no atual, a chance de trair novamente é maior.
André recomendou Andreza para alguns colegas militares após alguns apelos
da garota.
- André, me indica para uns colegas seus da corporação! Preciso fazer mais
programas – pediu a morena.
- Eu vou te recomendar para uns amigos meus do curso de formação; e para
dois oficiais que aparentam gostar de uma puta, pelo que já conversei com eles.
Acredito que todos vão apreciar você, morena.
- Obrigada pela força!
- Mas não se envolva demais com nenhum deles. Quase todos são casados ou
noivos.
- Eu lá me importo... Só quero fazer programas com eles. Não quero ter caso
com nenhum.
- Nem permito. E nada de sexo oral sem capa, beijo na boca ou sexo anal,
garota. Eu vou saber de qualquer deslize seu.
- Você por acaso vai instalar câmeras de filmagem escondidas onde eu estiver
transando?
- Pode ser – admitiu André. – Mas não preciso disso. Não sou como aquele
motel em que a gente foi e ficaram filmando nossa transa. Acho que é porque
trepamos gostoso demais e os funcionários do motel acharam que era uma gravação
de clipe pornô para a Internet. Quando eu pedi a conta do quarto, eles já sabiam o que
nós tínhamos usado e consumido. Fiquei muito desconfiado. Cheguei até a pensar que
foi sua irmã quem mandou nos filmar, mas era apenas nossa segunda vez naquele
motel. Enfim, tenho outras formas de descobrir que você descumpriu nosso trato.
- Como assim? Quando eu beijo outro homem ou faço sexo oral com eles sem
preservativo você sente um gosto diferente em minha boca?
- Pode ser que eu sinta. E outras coisas também me fazem descobrir a verdade.
Você não sabe mentir para mim. Eu sei quando você está escondendo a verdade.
- Pelo visto, você se acha, hein, meu bem?
- Você sabe que eu tenho razão. Sei quando você tenta mentir.
- Pois me indique para eles.
- Vou sim. Trate bem o subcomandante da PM.
- Pode deixar. Só me avise de antemão qual o nome dele e quando ele irá me
chamar no WhatsApp.
- Pode deixar.
No final de semana seguinte era o aniversário de sua sobrinha mais nova e esta
lhe pediu um saco de areia e luvas para treinar kickboxer. Isabel estava completando
11 anos de idade. As duas, tia e sobrinha, neste dia se divertiram muito, com Andreza
tentando ensinar as primeiras lições desta arte marcial para sua sobrinha Isabel. Esta
lhe indagou, então, após lhe agradecer o presente que havia acabado de receber:
- Tia, eu te adoro. Era meu sonho ganhar esse presente. Eu já tinha pedido para
a minha mãe, mas ela não pôde me dar. Obrigado.
- De nada, meu amor. Você merece. Você é uma sobrinha maravilhosa, sabia?
Isabel então parou um pouco e a seguir questionou:
- Tia, eu só não sei uma coisa.
- O que, Bel ? – redarguiu Suellen.
- Você trabalha com o que, tia? Nunca ouço você falar de trabalho. Eu soube
que você possuiu uma lanchonete, mas faz tempo que fechou. Sei que minha mãe
estuda enfermagem e minha vó trabalha no hospital, como enfermeira. Tia Melina
estuda e cuida do tio André. Mas, e você?
Andreza respondeu:
- Eu sou contadora, Bel. Eu trabalho com dinheiro, meu amor. Viu como é legal?
- Puxa, é mesmo tia – concordou a menina. - E onde fica seu trabalho?
- Eu sou autônoma; trabalho por conta própria. Explicando melhor para você:
presto serviços para outras pessoas, mas eu mesma sou minha chefe, minha patroa.
- Ah, acho que entendi. Legal mesmo, tia. Vamos treinar mais, me ensina -
convidou Isabel.
E foram se divertir no pátio fora de casa onde seu cunhado rapidamente
pendurou e montou o saco para treino de kickboxer.
José se reaproximou de Melina e de Andreza e após saber da existência da casa
de massagens, a qual funcionava na residência de sua filha mais nova, fez-lhes uma
visita e pediu que as duas encerrassem as atividades do prostíbulo. As duas garotas
prometeram a seu pai encerrar os serviços de massagens dentro de trinta dias.
- Irmã, vamos ter que fechar mesmo a casa de massagens. Vamos deixar nossos
planos em stand-by. Nosso sonho fica para depois, quem sabe.
- O advogado disse que seria a melhor opção; o locador pediu o imóvel e não
quero desagradar nossos pais. Quero uma reconciliação com eles e desejo paz. Então
decidir encerrar o negócio, por enquanto.
- Você prefere mesmo, Suh, morar sozinha? Está certa dessa decisão?
- Tudo bem, Andreza. Eu compreendo você, mas por favor não se afaste de
mim. Eu te amo, minha irmã.
- Eu também te amo.
- E como você vai fazer, Suh. Como vai fazer os programas? Você pensa em
procurar outro serviço? Não há previsão de nenhum concurso interessante para nós
no momento, com exceção do seletivo da Guarda Municipal. Vou fazer as provas. E
você, não vai tentar?
- Este concurso não me agrada, Mel. Não quero atuar como guarda municipal,
policial civil nem militar. E quase não estou me preparando mesmo para concursos;
estou estudando muito pouco.
- Tudo bem.
A garota ruiva havia sido aprovada para o curso de Oceanografia, mas não se
identificou e abandonou a universidade, vindo a ser depois desligada de modo
compulsório por jubilação.
- Vou ver irmã, acho que vou estudar para concursos e André deve colocar um
negócio comigo.
E as duas se abraçaram, com lágrimas nos olhos. Em seguida, Melina foi buscar
seu noivo no quartel da polícia , pois ela estava com o veículo dos dois em sua posse.
Andreza foi atender um cliente que acabara de chegar na recepção e Ivina lhe
comunicou pelo interfone.
Melina e André, infelizmente para eles, tiveram que fechar as portas da casa de
sua, a qual se mostrava um negócio promissor, porém ilegal. Após encerrar as
atividades do estabelecimento, a garota criou uma conta de Instagram chamada
“Meliand” para matar a saudade de sua clínica. Alguns parentes ficaram seguindo esta
conta.
- Não sei por que nenhum homem quis me bancar ainda - reclamou-se a
morena para Rafael, em tom de brincadeira.
Na realidade, Andreza gostaria de encontrar um cara que bancasse suas
despesas, mas não lhe cobrasse ciúmes nem exclusividade, para que ela continuasse
seu intento de transar com quem bem entendesse.
Rafael ouviu esta lorota de Suellen e ficou calado. Não reagiu a sua queixa.
Mas após uma pausa ele pronunciou:
- Andreza, enquanto você for garota de programa, nenhum homem de valor vai
te levar a sério.
- Você acha?
- Andreza, eu me acho muito parecido com você, na minha forma de agir e
pensar.
- Como assim?
- Eu sou um tanto misterioso e sou muito difícil de me entregar totalmente para
uma pessoa... Gosto de esconder o jogo. Não abro meu coração facilmente.
- Tem medo de sofrer? - questionou Suellen, interrompendo-o.
- Talvez sim. Eu não entrego tudo que eu penso e todas as minhas intenções.
- Mas penso que sou assim apenas porque não quero me envolver
profundamente com ninguém no momento. Não me interesso por ninguém nesta
cidade, neste instante.
- Compreendo. Mas desconfio que você não tem convicção do que está
falando.
- Eu não duvido que daqui a alguns anos você se arrependa de tudo o que você
fez e faça de tudo para as pessoas esquecerem seu passado de garota de programa; e
ainda volte a ser evangélica praticante, talvez mais fervorosa ainda do que antes. Tudo
isso é chamado de sublimação, Andreza.
- Sinceramente, não.
- Como assim??
- Verdade?
- Sim.
- Que legal! E Já foi pega no flagra por alguém? Por exemplo, sua mãe, seu pai
ou sua irmã?
- Não.
- Só quando fiz ménage, mas foram pouquíssimas vezes. Não gostei muito da
experiência.
- Minha irmã me contou que já. Eu, quase uma vez !! Não deu tempo. Um
cliente maluco queria que eu chupasse o pau dele sem camisinha e com chantilly, mas
como não aceitei, ele também dispensou fazer com camisinha. Uma fantasia maluca
dele ! Ele pensava que eu toparia qualquer coisa. Comigo não, criança.
- Não. Pondero que eu não pagaria. Mas quem é que tem certeza disso...
- Você já pensou em recriar alguma cena de filme pornô com a pessoa que está
transando contigo?
- Assisti a poucos vídeos eróticos para aprender algumas coisas, mas não
procuro reproduzir exatamente o que se faz neste tipo de filmes.
- Você já transou com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, fora nos
programas?
Também cheguei a divulgar no meu celular umas fotos de uma putinha que fez
estágio no Rio de Janeiro e se intitulava “A Carioca“. Na verdade ela é de São Luís e
passou um tempo no Rio. Pense numa bichinha avacalhada, puta toda, como eu nunca
tinha visto. Ela precisa trabalhar para sustentar sua filha.
Trícia soube por umas amigas suas, também conhecidas de Andreza, que esta
última havia adentrado ao mundo da prostituição. A estudante de Psicologia nunca
quis comentar nada com a morena, esperando que esta lhe revelasse os fatos, o que
jamais aconteceu. Trícia, entretanto, nunca deixou de ser colega de “Bruna”. A moça
revelou a história de Andreza para seu namorado, pedindo segredo. Ela conversou
com Victor neste mesmo período sobre esse tema. Disse ela:
- Acabei ver os stories no Instagram do pai de uma amiga minha, a Andreza
Suellen. Eu soube por uns colegas que ela se tornou garota de programa e já teve uma
casa de massagens com uma das irmãs dela, mas que faliu e elas tiveram que fechar.
Faz algum tempo que não nos falamos. Eu não sigo ela no Instagram e a conta dela é
privada. Mas voltando aos stories do pai dela: ele postou uma foto com as três filhas e
legendou assim: “Esta aí meu futuro! “ Eu fiz a seguinte reflexão: Se o futuro do Brasil
e da humanidade for a prostituição, Andreza e sua irmã Melina estão fomentando o
porvir e elas são as representantes exatas deste futuro! Mas do contrário, eu não sei
mais de nada.
A morena achou algo estranho naquele homem, mas não quis desistir do
programa.
No dia seguinte ela se arrumou e saiu bem comportada, como sempre fazia,
para os vizinhos não desconfiarem de nada. Em geral, saía com uma calça jeans
folgada e uma blusa comum, sem decotes e nada sensual. Pedia seu transporte
alternativo, quando o cliente não a levava ao motel, e descia do carro duas quadras
antes do motel escolhido, de modo a despistar. Aprendeu a usar boné (um hábito que
conheceu com Cláudio) e óculos escuros, para dificultar ser reconhecida. Já saía do
seu apartamento com as peças de lingerie por baixo, de modo a não precisar levar
muita coisa em sua bolsa de lado. Essa roupa íntima era obrigatória para seduzir e
agradar os clientes; Andreza se sentia mais bela e sexy de lingerie, de modo que era
quase obrigatório ela usar estes itens nos programas. Antes de chegar ao motel o
cliente lhe avisou pelo WhatsApp o número do quarto em que ele estava.
A garota seguiu seu protocolo, chegou à recepção do motel, o qual procurava
variar bastante, e seguiu rumo ao quarto indicado por Jouberth.
Chegou em frente ao quarto e bateu na porta. Subitamente a porta foi aberta e
Andreza adentrou, mas não viu ninguém. No mesmo instante, um homem, que estava
atrás da porta, fechou a mesma de forma abrupta, e a morena foi surpreendida por
uma pessoa atacando-a pelas costas, e tentando esganar seu pescoço. Ela não
conseguia falar nada e o indivíduo rapidamente a jogou em cima da cama, sendo que
já a xingava, proferindo várias ofensas desde o momento em que tentava sufocá-la
com as mãos.
A luz do banheiro estava acesa e a porta entreaberta. A morena foi lançada
violentamente contra o leito; ao cair deitada ficou voltada com o abdôme para cima e
pode finalmente visualizar seu agressor. Era um homem alto, magro, bem jovem, de
voz aguda e que estava com uma fina meia no rosto, encobrindo sua face.
Andreza ficou aterrorizada, mas ainda conseguiu perguntar:
- Quem é você? Qual o mal que eu te fiz?
O homem respondeu:
- Então, você é a lambisgóia que saiu com meu namorado por várias vezes!?
- Eu...? – questionou Andreza, pálida e quase paralisada.
- Por sua causa ele mudou comigo e me deixou. Eu fiquei para morrer. Quase
me matei por sua causa, vagabunda.
- Você está falando de quem?
- É claro que não vou dizer.
- Você deve estar me confundindo com outra pessoa?
- Não senhora, sua vaca. Eu peguei o telefone celular dele e anotei seu número.
Não tente fugir da responsabilidade.
- Não fiz nada por mal. Nenhum cliente comentou que queria deixar o
namorado por minha causa. Não concordo com isso. Sou muito profissional e não me
envolvo com meus clientes, em suas questões amorosas. Eu juro.
- Não acredito em você, vagabunda – reclamou aquele homem enfurecido –
Entregue-me seu celular – exigiu em seguida.
Andreza imaginou que o homem estivesse com receio de ela contactar alguém
e que ele queria levar seu celular para não deixar pistas e para que o mesmo não
corresse o risco de ser descoberto depois.
Ela resistiu inicialmente, pois não queria perder seu smartphone onde estava a
agenda dos clientes. Ela salvava todos os números das contas no próprio aparelho de
telefone.
- Entregue-me seu celular – falou o homem de novo, mas já usava um tom de
voz baixo para não atrair a atenção dos funcionários do motel. – E você, fica calada a
partir de agora, senão eu te mato num instante, antes que alguém venha te socorrer. –
ameaçou.
E o homem exibiu a extremidade de uma pistola que estava presa por dentro
de sua calça.
- Tudo bem, entendi – disse Andreza, bem baixinho.
- E o que a gente pode fazer para você pagar o que fez contra mim?
A garota de programa abaixou a cabeça, sentada na cama, e começou a chorar.
- Vai, me entrega o telefone. E não olha mais para mim – exigiu o homem mais
uma vez.
Ela repassou o celular com a mão completamente trêmula.
- Se eu pelo menos soubesse o nome dele eu não aceitaria mais fazer
programas com seu “boy” - disse ela ainda.
- Não vou dizer. Pensa que sou otário.
- E o que posso fazer, então? - indagou a moça, aos prantos.
- Eu podia te matar, mas não quero sair daqui preso. Seu sangue não vale a
minha liberdade, sua vagabunda.
Aquelas ameaças e aquelas ofensas verbais estavam minando Andreza, que já
se encontrava prestes a desmaiar.
Mas o enfurecido rapaz ainda falava.
- Sua lambisgóia, trata de fazer outra coisa na vida. Só não vou te bater muito
na cara porque você vai fazer barulho e vão me descobrir. E só não vou tirar sua vida
porque ele não está mais saindo com você. Eu sei disso.
- Como você sabe?
- Não posso dizer. Quer dizer, eu contratei um detetive.
- Tenta voltar para ele então.
- Se cala, sua puta ordinária. Ele já está com uma namorada e dizem que ele vai
se casar. Tudo por sua causa. Olha o que você provocou!
- Então ele já ia te deixar. Ele desistiu de ser homossexual.
- Cala a boca. Você não sabe de nada. Eu não te dou o direito de discutir e dar
palpites na minha relação com ele.
- Eu peço desculpas.
- Eu não estou nem aí para as suas desculpas.
- Certo...
- Eu vim aqui para te dar um recado: te cuida, pois sua vida não vale nada e
você pode perdê-la a qualquer momento.
Andreza emudeceu com aquelas graves ameaças, embora indiretas.
O furioso indivíduo continuou vociferando.
- Deixa essa vida, vagabunda. Você já deve ter estragado a vida de muitas
pessoas e de muitas famílias. Não é todo mundo que vai ter com você a mesma
paciência e a mesma condescendência que estou tendo. Abre o olho, vadia. Toma
jeito.
Em seguida o homem começou a bater na tela do celular de Andreza com um
objeto do quarto e o lançou no chão. Ele decidiu levar o smartphone que havia caído
no chão, mesmo com a tela toda danificada, e sem responder ao touch-screen.
Saiu do quarto deixando a moça trancada por fora, sumiu com a chave e se
evadiu rapidamente do motel, a pés.
Andreza ficou calada por 15 minutos na cama, chorando bastante. Depois
gritou por um funcionário e vieram ao seu socorro. Os funcionários do motel pegaram
a chave de reserva e encontraram Andreza sentada no chão, encostada na cama, de
lingerie, enrolada num lençol.
Os funcionários lhe indagaram o que havia acontecido e ela relatou que havia
sido agredida pelo homem que ficara com ela no quarto.
- Como ele te agrediu? – questionou um deles.
- Ele tentou me matar apertando meu pescoço com as duas mãos. Ele tentou
me sufocar. – Andreza falava com dificuldade; sua voz quase não saía.
E de fato Andreza tinha marcas no pescoço dos dedos do agressor e até um
pequeno hematoma de cada lado da região cervical .
- Mas você está melhor? Está sentindo falta de ar? – indagou uma funcionária.
- Estou melhorando, só que estou muito assustada.
Andreza ainda tremia com o frio do quarto gelado pelo aparelho de ar
condicionado e com o susto que levou.
- Você quer que a gente te leve a um hospital? – questionou um funcionário.
- Acho que não vai necessitar disso – manifestou-se a morena.
- Certeza?
- Sim.
- Quer companhia para ir à delegacia fazer um boletim de ocorrência contra
ele? – ofereceu-se uma moça, que parecia ser a gerente.
- Acho que eu não vou fazer boletim de ocorrência. Não adiantaria. E eu não
quero me expor mais e mais.
Andreza também estava com receio de sofrer retaliações pelo agressor, que lhe
pareceu uma pessoa perigosa e poderia ser um policial ou um bandido, tendo em
vistas que possuía até arma. Ela ainda fez um apelo:
- Eu prefiro que esta história fique entre nós e não vaze nada. Minha família
não ia gostar de saber que estive aqui e o que aconteceu comigo.
- Na verdade também preferimos a discrição e o sigilo. – desabafou a gerente. –
Uma história assim não ia cair bem para a reputação do motel. E eu te juro que caso
semelhante nunca tinha ocorrido.
- Eu acredito em você – disse Andreza.
- E logo num dia em que as câmeras de segurança não estão operando. É muita
coincidência! – continuou a gerente.
- Será que foi mesmo coincidência? - questionou a vítima, levantando uma
suspeita.
- Ele era seu namorado? - indagou um funcionário do motel.
- Não. Quer dizer que vocês não têm a filmagem com o rosto dele?
- Infelizmente não; o sistema de câmeras não está funcionando desde ontem.
Está em manutenção.
- Que droga! Vocês anotaram a placa do carro dele? - quis saber a moça
agredida.
- Ele estava a pé, não veio de carro – respondeu um deles.
- Ordinário! – esbravejou a garota.
E Andreza voltou a chorar.
- Ele te bateu? – indagou uma outra funcionária.
- Não. Só tentou me esganar mesmo. E ele me maltratou muito, me xingava,
me ameaçava. Um louco, completamente fora de si.
- E ele falou por que fez isso com você ? – questionou o funcionário da
segurança.
- Pior que não. Eu perguntei, mas ele não me respondeu. – mentiu a vítima.
- Você aceita um pouco de água? – ofereceu a gerente.
- Sim, aceito.
Em seguida a gerente pediu que todos os demais se retirassem e ficou a sós
com Andreza. Quando todos já haviam saído ela conversou com a moça.
- Você quer tomar um banho quente para se trocar? – sugeriu a gerente.
- Não. Obrigado. Você está sendo muito gentil. Vou tomar a água, me vestir e
quero ir embora o mais rápido possível. Posso pagar para você o gasto do quarto ?
Parece que ele quebrou algumas coisas.
- Não se preocupe. Eu não vou te cobrar.
- Obrigado de novo.
- É o mínimo que eu posso fazer por você. Mas eu queria te perguntar mais
duas coisas.
- Pode ser! – disse a morena. Andreza ficou, porém, com temor das perguntas.
- Você não conhecia aquele homem que estava com você neste quarto?
- Eu não o conheço – a moça preferiu dizer a verdade.
- Desculpa, o que eu vou te perguntar, mas eu te adianto que a resposta não vai
mudar nada do que eu penso sobre você. Você foi hoje uma mulher covardemente
atacada por um homem estúpido e não tem nenhuma culpa disso. Mas me responda:
moça, você é garota de programa?
Andreza não respondeu nada. Preferiu ficar calada.
- Tudo bem, sem problema. Não precisa responder. - replicou a gerente do
estabelecimento.
- Eu gostaria de ir embora para meu apartamento – pediu a morena.
- Como você prefere ir para casa ? Quer que eu chame um Uber, deseja que eu
ligue para algum amigo ou amiga, ou quer que eu te mande deixar em casa.
- Você faria essa gentileza de me mandar deixar em meu endereço?
- Em que bairro você mora?
- Aqui no Turu.
- Sim, mando deixar você em casa. Vou falar com um funcionário e ele vai te
levar em meu carro.
- Muito obrigado. Deus te abençoe. Como posso retribuir sua gentileza?
- Eu que peço desculpas, apesar de achar que não tivemos culpa. Mas eu queria
pedir para você nunca mais voltar a este motel. Não me leve a mal. Prometo que essa
história vai morrer aqui dentro, entre nós. Eu notei que você precisa desse sigilo.
- Obrigado. Acredito que eu não terei mesmo nenhuma coragem de voltar aqui
algum dia. Não culpo vocês. Aquele homem era um louco. Deus me proteja dele.
- Boa sorte, moça. Vá com Deus. Espere aqui dentro do quarto.
- Sou muito grata. Perdoe-me pela confusão que eu criei para vocês.
- Imagine. Você é a única vítima aqui. Estou aliviada por saber que você está
indo em boas condições para casa. Vá descansar. Se cuida, garota. Tchau.
E a gerente saiu do quarto, sem dizer seu nome.
Dois dias depois Andreza foi até a operadora de telefonia celular, levando um
boletim de ocorrência notificado pela Internet e que informava o furto de seu aparelho
celular, e conseguiu um novo chip com o mesmo número anterior, mediante o
pagamento de uma taxa para ressarcir o serviço e o novo chip.
Suellen instalou o chip novo em outro aparelho mas, para seu
descontentamento, o contato de Jouberth, ou seja lá quem fosse aquele indivíduo,
havia ficado na memória do antigo aparelho de telefone, de modo que ela não poderia
investigar em nome de quem estava o chip que ele utilizou para contactá-la. Jouberth
não se comunicou mais com ela, felizmente, mas o paradeiro do seu agressor, por
outro lado, nunca foi determinado.
- O que, André?
- Vou falar a verdade: não. Já é a terceira vez; mas as outras duas foram com
clientes conhecidos, que não eram promíscuos nem eram usuários de drogas
injetáveis. E eles não se negaram depois a realizar os exames para doenças venéreas e
deu tudo normal. Eles me mostraram. Eu também fiz e deu tudo Ok. Também houve
duas vezes que a camisinha dos caras saiu do pênis e entrou em minha vagina, mas os
clientes perceberam logo e nem chegaram a ejacular. E, assim que notaram, foram me
avisado e substituíram o preservativo.
Mel arrecadou uma boa grana com o serviço sua casa de massagens e, após
fechar o estabelecimento, começou a investir em seu visual, gastando mais com o
cabelo, tratamentos estéticos, dietas orientadas por nutricionistas e roupas, muitas
roupas.
Andreza, por outro lado, quando morava em Fortaleza, frequentava os brechós
daquela cidade para comprar roupas mais baratas.
Melina abriu o jogo com André sobre a traição dele com Andreza.
A garota procurou seu homem e lhe revelou que descobriu a traição dele com
Suellen. Os dois discutiram e o militar abriu o jogo, dizendo que não deixaria Andreza e
que a garota ruiva teria que aceitar o triângulo amoroso dos três. Ela ficou amuada e
passaram cerca de oito dias intrigados, mas ao final reataram, pois Melina era muito
dependente do militar do ponto de vista financeiro e o amava de verdade. O fato
agora de ter que dividi-lo com sua irmã foi um terrível baque para ela, mas a ruiva
preferiu continuar com seu noivo ao invés de o entregar de mãos beijadas para sua
irmã.
Melina, porém, lhe fez algumas imposições e colocou suas exigências, como a
de que ela e sua irmã continuariam morando em endereços distintos e André não
poderia aparecer em público ou fazer fotografias com a morena. A ruiva também
combinou com ele que manteria uma amizade aparente com Andreza perante a
família e as duas continuariam uma relação pacífica e civilizada, especialmente aos
olhos da sociedade. E assim ficaram acertados. Melina teria que perdurar como a
oficial de André Ricardo perante todos.
Após este desentendimento com seu namorado, Melina rompeu com ele por
algum tempo, e conheceu um jovem de nome Nailson, que havia frequentado sua
igreja. Eles iniciaram um relacionamento afetivo e a garota começou a fazer postagens
na internet com seu novo garoto, no intuito de provocar ciúmes em André, e chegaram
a fazer uma viagem para o Ceará. No período em que namoraram Melina até chegou a
traí-lo com André. Então, cerca de seis meses depois, desligaram-se, e como André não
estava namorando ninguém, Melina e o militar se reconciliaram.
Afinal de contas, Andreza reduziu o ritmo de programas e retirou as
propagandas da Internet.
Após os incidentes com os últimos clientes e dado que André aumentou sua
ajuda no pagamento das despesas diárias da morena, esta optou por retirar seus
anúncios dos programas na Internet por um tempo e reduziu o ritmo dos mesmos. Ela
também começou a frequentar três vezes por semana uma academia de ginástica
perto de seu endereço e se matriculou num curso preparatório para concursos.
Andreza também estava um pouco cansada de frequentar motéis e procurou uma casa
de massagens, passando a atender na mesma uma vez por semana. A morena também
parou de fazer programas de sexo sábado á tarde e aos domingos.
Andreza procurou seu cunhado mais próximo e fez chantagem emocional com
ele, algum tempo mais tarde .
Quando a casa de massagens se desfez Andreza passou cerca de um mês e
meio numa pousada no Turu fazendo programas.
E começou a fazer ameaças para André de que iria embora de São Luís
novamente.
- Ai que vontade de largar tudo e ir embora! Tem dias que bate uma vontade de
abandonar todas as coisas e sumir, sem dar sinal de vida..- publicou ela em seu
Instagram.
- Você não esta saindo mais com nenhum colega meu da corporação?
- Já faz duas semanas que não saio com nenhum. Tem uns três deles que não
me chamam no WhatsApp há mais de um mês.
- Preciso ter um local para morar e você vai alugar e pagar para mim um
apartamento agora que você terminou seu curso de oficiais. Senão eu vou embora.
- Obrigada.
- Pelo Turu.
- Lá o aluguel é muito caro. Acho que não vai dar para eu pagar.
- Se vira e encontre um que você possa pagar. Só quer gastar com sua família e
com minha irmã. Vai gastar comigo também, senão, você já sabe.
- Sei, nada de sexo comigo. Vou conseguir um imóvel no Turu, mas estou com
muitas despesas. Você não poderá ter conforto agora. Vai ter que dormir em quarto
com ventilador.
- Deus me livre por quê? Você tem chuveiro elétrico? Nunca teve. Não está
acostumada a tomar banho quente.
- Estou acostumada a tomar banho frio, mas não trepar na ducha fria do
chuveiro.
- Está certo.
André concordava com Andreza, pois sabia que não adiantava debater com ela.
Na verdade, dentro de duas semanas, Suellen não lembraria mais do que falou. Essas
birras da adúltera eram somente porque ela queria se sentir sempre vitoriosa em seus
embates e fazer seu ego entender que sua vontade sempre prevalecia em todas as
questões que se envolvesse. Um mero jogo de chantagem emocional para conseguir
realizar seus intentos.
___________________________________________________________
____________________________________________________________
Comentou Trícia para Victor pouco tempo depois numa mensagem de texto na
qual fez um desabafo:
- Victor, eu não acredito que a irmã da Andreza teve uma casa de massagens
que funcionou em dois endereços, segundo me contaram, por mais de 18 meses, e
seus pais não sabiam de nada, sendo que no segundo local Melina morava na própria
casa onde aconteciam as massagens e os programas. Eu nem consigo imaginar como é
que ela conciliava essa situação: permanecer na mesma residência onde funciona um
bordel; porque para mim era a mesma coisa que um cabaré, só que disfarçado.
Imagino eu que pelo menos nos aposentos dela a dona não liberava para servir aos
programas; mas, Suellen, dormir na mesma cama onde toda espécie de homem, além
dela e das outras garotas transavam, é muito estranho; é na verdade bizarro, e chega a
ser repugnante. Acredito que ela substituía os lençóis da cama e as fronhas dos
travesseiros todos os dias após atenderem o último freguês. Pelo menos isso. Mas
levar em consideração que a família dela não sabia do esquema: eu não creio nisso.
Eles deviam ou devem ser coniventes. E uma família evangélica, cristã! Garotas que
eram evangélicas! Eu me pergunto: como pode uma família cristã se beneficiar da
exploração da prostituição?! É um contrassenso; é contraditório demais; chega a ser
cinismo; é falso moralismo e é desacreditar e descumprir todos os preceitos de Ética e
Moral em que se baseavam suas atitudes. Eu acho tudo isso absurdo.
- Não sei, mãe. Preciso pensar bastante. Agora já não sei mais, não tenho certeza
sobre o que decidir.
E Armando se retirou da conversa sobre sua ex-namorada.
____________________________________________________________
Melina e André, infelizmente, tiveram que fechar as portas da casa de
massagens, a qual se mostrava um negócio promissor, porém ilegal. Após encerrar as
atividades do estabelecimento, a garota criou uma conta de Instagram chamada
“Meliand” para matar a saudade de sua clínica. Alguns parentes ficaram seguindo esta
conta.
A garota sempre queria fazer questão de mostrar que eles eram um casal
unido, como uma espécie de entidade única, agora representada simbolicamente pela
sigla “Meliand“, uma espécie de marca registrada, e passaria a se manifestar nas redes
sociais muitas vezes com esta conta ao invés de sua conta pessoal.
Durante quase 15 dias Andreza ficou brigada com André após sair da casa de
massagens e deu uma sumida do mapa. Ela, então, conheceu um cliente chamado
Fernando, o qual chamou sua atenção, e passaram a sair cerca de duas vezes por
semana. Porém, ela continuava saindo e fazendo programas com outros homens.
Andreza o conheceu após deixar a casa de massagens de sua irmã mais jovem.
Inicialmente, ela estava numa pousada, no bairro Forquilha, pagando diárias; mas
depois preferiu alugar um flat com locação paga por mês, no que recebeu o apoio de
Fernando. Enquanto estava na pousada, sua família não sabia de seu paradeiro.
Fernando marcou em cima da hora, para dez horas da manhã, sendo que já
eram 09:30h. Suellen até desconfiou que fosse uma pegadinha e que ele não ia ao
encontro, podendo ser apenas um trote. Todavia, o rapaz apareceu. Era o primeiro
cliente daquele dia. A morena quis impressioná-lo e caprichou na escolha da lingerie.
Fernando chegou à recepção da pousada e a garota autorizou seu acesso ao quarto.
Ele era um homem branco, de olhos e cabelos de cor castanha, possuía média estatura
e idade por volta de 38 anos.
- Não, meu bem. Eu sou de Recife, Pernambuco, mas saí de lá bem cedo e por
isso já perdi o sotaque. Eu já morei em muitos lugares.
- Gostei de transar com você. Foi ótimo! Você foi maravilhosa na cama...
- Você o amava?
- Eu nunca amei ninguém. Olha que eu gostava muito dele, muito mesmo, mas
acho que amor mesmo eu nunca senti por ele.
- Você tem dificuldade para ter orgasmo? Percebi que você não gozou...
- Tenho. Eu e meu namorado transamos por muitas vezes e eu gozei com ele
em raras oportunidades. Eu não entendo. Teve uma vez que eu transei com um cara
bem novinho e eu já consegui gozar com meia hora de relação sexual.
- Eu gostaria.
- Pois sonhe, meu bem, sonhe fazendo amor bem gostoso comigo! Ai, que
delícia!
- Adorei ficar com você. Você é uma garota incrível! Tenha um excelente dia .
No dia seguinte fizeram outro programa. Transaram por cerca de uma hora e
Andreza o fez gozar fazendo posição “69” com um preservativo ultra-fino. Ao final de
60 minutos o cronômetro do celular da garota soou, avisando o término do período e o
rapaz pediu um prolongamento por mais 30 minutos da transa, pagando-lhe um extra.
Ao final conversaram brevemente.
- Manu, você fica até quando aqui em São Luís? Eu também vi que o DDD de
seu celular é 85.
- Quando estive em Fortaleza comprei este chip com DDD 85. Não sei até que
dia vou estar por aqui, - fingiu ela – mas devo permanecer mais umas duas semanas.
- Você é curioso, hein? Não posso falar, mas é provável que eu viaje para fazer
atendimento no Piauí ou no Ceará. Depois vou tirar uma folga dos atendimentos de
uns 15 dias.
- Você não fará um passeio aos Lençóis Maranhenses? É um local muito belo,
imperdível para se conhecer.
Cerca de 4 dias depois o homem voltou a contactá-la, mas ela disse que estava
fora da cidade e só retornaria depois de 4 dias.
Fernando não quis perguntar para onde ela estava indo para não ser muito
intrometido e apenas lhe desejou boa viagem. Manu contou, porém, que poderia
retornar a São Luís dentro de 03 dias.
- Divirta-se onde estiver. Entro em contato então depois para saber se a gente
pode marcar um horário.
Cerca de cinco dias depois o homem voltou a entrar em contato com a morena
e marcaram novamente na mesma pousada.
Neste dia tiveram uma transa muito envolvente, mas não se beijaram.
Fernando percebeu que estava muito atraído por Manu e estava se apaixonando. Ele
também pressentiu que a garota estava se envolvendo, pelo desenrolar das transas,
que estavam cada vez melhores e com mais paixão. O homem lhe falava palavras
picantes ao ouvido e ela já se permitia llevemente ser beijada. Parecia para ele que os
dois tinham uma ótima sintonia na cama. Neste momento a ideia de não ver mais a
garota por muito tempo ou até de modo definitivo o preocupou.
- Manu, eu gostei muito de você e eu desejaria ficar te vendo. Por que você
não fica vindo todos os meses para cá e passa 2 semanas por mês. Eu te dou uma
ajuda de custo para ajudar suas despesas e para você fazer os programas comigo.
- Poderia ser. Se for vantajoso para mim. E como seria a sua proposta?
- Não sei. São Luís é tão longe de Fortaleza e as passagens aéreas são tão caras.
Só dá para vir de ônibus mesmo. Mas vou pensar em sua proposta e te dou a minha
resposta pelo WhatsApp. Ok ?
Cerca de três dias depois a moça enviou uma mensagem para Fernando.
- Sim.
- Um beijo. Tchau.
Na sexta-feira pela manhã Fernando entrou em contato com Manu e esta disse
que estava presa no centro num congestionamento, mas que ele voltasse a entrar em
contato daqui a duas horas para ver se ela já estava na pousada. Na realidade Andreza
mentia: ela estava na pousada.
O homem voltou a se comunicar com ela dentro de duas horas, mas ela não
respondeu mais suas mensagens.
Após 30 minutos, como ela não o respondia, Fernando fez uma ligação, porém
ela também não o atendeu. Pareceu-lhe que a garota de programa não queria recebê-
lo.
Assim ele o fez e quando chegou a pousada ficou dentro de seu carro
estacionado na rua e lhe enviou um recado pelo aplicativo de mensagens.
- Ok.
Fernando foi até o quarto, bateu à porta e uma voz lá de dentro disse: pode
entrar. E ele entrou. Manu estava em pé e ele lhe ofereceu um pequeno presente:
uma caixa de bombons de chocolate.
Fernando achou que a jovem estava muito estranha e parecia não lhe dar muita
confiança.
Ela começou a dizer que achava que não daria certo, que ela tinha negócios a
cumprir em Fortaleza e que teria que sair para o shopping para resolver algumas
coisas.
Fernando lhe perguntou se ela tinha compromisso com alguém e ela lhe
respondeu que não.
Em seguida ele lhe ofereceu carona até o shopping e pediu para lhe fazer
companhia e ela aceitou. Foram a um shopping onde ela entrou em duas lojas e o
homem a esperou do lado de fora. Após essas compras Manu lhe confessou que
estava em jejum e pediu para irem tomar um café com croissant pois não queria
almoçar ainda. Eram cerca de 11 h .
Manu percebeu que Fernando tinha uma aliança de casamento, mas não
perguntou por sua família. Nos programas anteriores ele estava sem aliança e não
comentou nada sobre ser comprometido .
Ela, então, lhe revelou seu nome verdadeiro: Andreza e falou um pouco de si.
Confessou que era de São Luís mesmo, que tinha saído da casa da irmã e que não
sabia se ia permanecer na cidade ou se ia embora para Fortaleza, onde já tinha
morado por quase um ano. Mas dizia que tinha quase certeza de que ia se mudar para
a capital do Ceará.
- Meu bem, eu sou daqui de São Luís e eu queria ficar perto de minha família, –
afirmou ela - mas não sei como vou conciliar com meus programas. Minha vida está
muito confusa. Por isso, tem horas que eu penso em ir embora.
Fernando lhe fez algumas perguntas sobre a vida íntima e Andreza lhe
respondeu que era uma mulher frustrada pelos seus relacionamentos anteriores, que
não tinham dado certo e pelas traições que sofreu. Contou que era formada em
Contabilidade, que tivera uma hamburgueria que não se consolidou e teve que fechar
e contou que sua irmã com a qual tinha morado tinha um salão de beleza e ela
desejava colocar outro para ela e deste modo trabalhava como acompanhante, para
juntar dinheiro.
Andreza por sua vez perguntou com o que ele trabalhava e o homem revelou
que era advogado e atuava em causas previdenciárias.
Fernando se sentiu preterido, rejeitado, pela garota, a qual parecia estar muito
chateada com ele.
“Puxa vida; me fazer voltar para a pousada, gastar. Tive despesas de transporte,
alimentação. Quem ele pensa que é; me fez de palhaça. E só conversa mole”. Todavia,
o homem conseguia ouvir e entender tudo que a garota murmurara.
- Por favor.
- Eu te dou uma ajuda de custo mensal pra ajudar com seu aluguel e suas
despesas. Uma ajuda de R$ 4 mil. E a gente fica se encontrando. A frequência dos
programas a gente acerta pessoalmente.
- Fechado?
- Sim. Em nem sei como me comportar, exatamente como agir. Nunca fiz um
trato semelhante com outra pessoa.
- Andreza, eu queria que você gostasse de mim. Eu ouvi tudo aquilo que você
me falou nos programas: eu queria te dar prazer, eu gostaria de fazer você ter
orgasmo. Eu também gostaria que nossos encontros fossem bons para mim e para
você. Vamos tentar viver essa paixão, sem cobranças de cada lado e o futuro Deus vai
determinar.
- Até. Um beijo.
- Você é uma garota incrível. Você merece coisas melhores em sua vida. Aí
você decide para onde ir depois dessa pousada.
Dentro de cinco semanas Andreza se mudou para uma quitinete, mas que não
era ainda num bairro de seu agrado. Ela disse para Fernando que também tinha
escolhido ficar próximo à Forquilha para ficar melhor para o homem, ficando mais
próximo de seu trabalho.
Assim ficaram se encontrando por cerca de dois meses e meio. Fernando dava
umas escapadas de seu trabalho e procurava Andreza; deste modo faziam programas
duas ou três vezes por semana.
Os dois faziam sexo por uma hora e meia a duas e pareciam insaciáveis, mas
era Fernando quem cansava Andreza. Conversavam um pouco sobre a vida de
Andreza, mas o homem falava pouco de si, e era muito reservado.
- Como assim?
- Há cerca de 30 dias quem era você para mim? Nada... Hoje estamos aqui, nos
envolvendo.
- Não sei. Só posso te dizer que você é a pessoa com quem mais falo. Eu não
tenho ninguém.
- Não fale assim. Vamos tentar. O futuro pertence a Deus. Não quero te cobrar
nada; só quero que você me trate bem e que a gente faça um ao outro feliz quando
nos encontrarmos.
- Eu também quero te fazer feliz; vamos aproveitar nossos momentos; eles
serão apenas nossos e de mais ninguém; eu te quero todinho para mim. Quero te dar
muito carinho. Quando estou com você é muito bom.
- Sinto muita paz quando estou ao seu lado. E nunca uma mulher me deu tanto
prazer como você. Da forma como você me beija, acredito que você gosta de mim.
Nossos beijos são muito caprichados.
- Eu adoro...
- Eu quero que você seja feliz; oro muito por ti para que seja bem feliz.
- Quando não estou com você eu fico lembrando e sentindo o seu gostinho.
Quando vejo o celular e tem mensagem sua você não tem noção de como eu fico feliz.
- Eu adoro te dar um boa dia, desejar boa semana ou terminar um dia com boa
noite. E quando você me dá um simples bom dia já fico envaidecido e parece que vou
ter certeza que meu dia será melhor. Você me faz muito bem, Andreza. Eu te adoro.
- Pára se falar essas coisas. Eu não resisto. Eu também fico muito satisfeita
quando você me deseja uma boa jornada. Minha vida fica mais colorida e mais leve.
Você também me faz muito bem.
Andreza planejava ficar na pousada da Forquilha por umas duas semanas, mas
terminou passando um mês e meio. Neste período Fernando a visitava
frequentemente, cerca de três vezes por semana, mas nem sempre praticavam sexo. O
advogado chegou a levar pequenas compras por duas vezes e a conduziu numa
oportunidade para passearem numa praia. Ele também sugeriu que ela praticasse
algum esporte, mas a jovem não queria. Depois, com muita insistência, Andreza se
matriculou numa academia para fazer musculação. Quando transavam, Fernando lhe
dizia palavras de amor, mas a jovem pedia, de modo dengoso, que ele não
pronunciasse aquelas declarações de afeto, pois na realidade a morena não queria se
deixar seduzir. Falavam sobre relacionamento e Suellen declarava que não queria se
envolver seriamente com ninguém naquele momento. Fernando insistia às vezes e ela
rebatia suas declarações, dizendo que o advogado não a entendia. Numa certa tarde,
encontraram-se e Fernando logo notou que Andreza estava muito chateada. Ele a
abordou sobre isso e a jovem mostrou o cabelo que havia sido cortado em um salão
próximo àquele bairro e a profissional havia danificado as pontas dos cabelos de
Suellen. Esta comentou que estava arrasada e pensava em fazer um mega-hair.
Fernando quis ajudá-la e lhe ofereceu a quantia de R$ 2.000,00, ao que ela aceitou,
após certa insistência do homem.
Aquele homem percebeu desde o início que Suellen era uma mulher
materialista, mas ele acreditou que por trás desta mulher que se apresentava assim,
poderia existir uma pessoa melhor e ele decidiu investir afetivamente na garota. Ela,
por outro lado, não sabia com certeza o que o advogado queria com ela de fato, e não
dava o braço a torcer. Andreza também não gostaria de ceder às investidas daquele
homem, pois seus projetos eram outros, e ela não estava disposta a lidar com as
consequências da separação de um homem casado.
Fernando também ajudou Andreza a encontrar um flat na localização e nos
valores que a garota desejava. Ele acionou corretores amigos que lhe enviaram fotos e
ele as entregou para a jovem escolher, com todos os contatos das imobiliárias
responsáveis pelas locações. Suellen, todavia, teve liberdade de escolher e preferiu um
flat em um pequeno edifício de três andares. O advogado não pôde lhe acompanhar
nas visitas aos imóveis. Depois ele também terminaria por pagar a caução para Suellen
entrar no flat, pois ela ameaçava ir embora, dizendo estar desiludida com aquela
cidade. O cara igualmente lhe ofereceu um auxílio financeiro para Andreza adquirir
mobília e eletrodomésticos, mas ela preferiu recusar sua ajuda. No futuro a morena
diria estar arrependida de ter escolhido um flat, pois, em sua opinião, numa casa,
embora com menos segurança, teria, mais condições de realizar seus programas de
sexo sem incomodar e chamar a atenção dos vizinhos.
Fernando notou que a jovem oscilava muito seu temperamento, com uma
novidade a cada encontro, sempre se queixando de calor, dores de cabeça, mal estar,
náuseas; Fernando lhe questionava se não seriam efeitos colaterais dos medicamentos
contraceptivos ou se ela estaria sofrendo de ansiedade, pois ela estava utilizando
anticoncepcionais injetáveis, conforme tinha revelado para o rapaz, mas ela rechaçava,
dizendo que não; Suellen apenas deixava subentender que sentia saudades dos
familiares, pois se encontrava um pouco afastada deles. Ele também sugeriu que a
garota procurasse um médico e Andreza prometeu que o faria se os problemas
persistissem.
Certa tarde Fernando chegou à pousada, pois tinham marcado uma transa e
adentrou ao quarto de Andreza. Ela estava ao telefone, conversando algo que parecia
muito sério; a garota lhe pediu para aguardar um pouco, e logo encerrou a ligação, até
para que Fernando não ouvisse o que ela conversava. O homem não resistiu à
curiosidade e então a questionou:
- Com quem você estava falando, Andreza?
- Era minha irmã caçula que estava me ligando; ela só telefona para falar de
problemas e me pedir favores, inclusive dinheiro.
- É mesmo?
- Não sei por que há tantos problemas nas famílias.
Fernando, porém, não quis se aprofundar nas suas questões para não se
mostrar indiscreto e curioso demais.
_______________________________________________________________________
A família de Andreza fez um passeio no Interior poucas semanas depois.
José e sua namorada promoveram um passeio para o rio Periá, entre os
municípios de Primeira Cruz e Humberto de Campos. Andreza, Melina e André também
foram para o dia de lazer. A morena não fazia muita questão de ir a estas viagens, mas
como seu pai a convidava com antecedência, ela se via quase na obrigação de ir, pois
ele dizia que sua presença era imprescindível. Andreza ia com maiôs bregas (fora de
moda) para disfarçar e fazer “média” com seu pai. Alugaram um ônibus de turismo e
foram para o dia de lazer, com alguns outros amigos de José e de sua namorada.
Lá chegando, tomaram banho no rio e ficaram brincando de flutuar numas
bóias improvisadas com câmaras de pneumático de caminhão. André não descolava de
Andreza, e a todo tempo ficava empurrando-a em sua bóia, dentro do rio de águas
amareladas pelas raízes da vegetação. Melina não desconfiava de nada.
José fez algumas fotografias da turma e a morena se manteve muito
introvertida e envergonhada em todo o passeio, quase não se deixando fotografar.
Saíram de São Luís às 6:30h do posto Concha do bairro São Cristóvão e
retornaram às 17h, chegando de volta às 19:30h em seu destino final.
Dois dias depois, Fernando a questionou sobre o passeio, e Suellen, bem a seu
modus operandi, não quis entregar detalhes do passeio, escondendo o jogo.
- Meu bem, eu vi que você fez um passeio. Para onde vocês foram? – indagou o
rapaz.
Respondeu ela:
- Meu bem, eu nem sei direito o nome daquele lugar para onde a gente foi!
- É mesmo?! – retrucou Fernando, bastante surpreso, fazendo de conta que
acreditava nas palavras de Andreza. – E como foi lá? O que você achou da viagem?
- Eu só sei que foi muito bom; foi muito bom mesmo. Nós nos divertimos
bastante – concluiu a moça.
- Sabe, meu bem, eu fui criada muito presa - queixou-se Andreza para o
advogado, talvez querendo fazê-lo entender suas atitudes e seu comportamento atual.
– Minha mãe me prendeu muito e não me deixou viver minha vida como eu queria.
- Que pena, então, Andreza. Porém, mudando de assunto: estive pensando
outro dia: você me acompanharia para assistir a um jogo de futebol no estádio, pela
Copa do Brasil?
Suellen respondeu, após uma breve pausa:
- Meu bem, acho que não. Nunca fui a um estádio assistir a uma partida de
futebol. Mas sabe: eu adorava ver os garotos jogarem no meu antigo bairro e em outra
cidade onde morei. Ah, futebol é ótimo para sarar um homem. Se um homem quer
secar e ficar com barriga “tanquinho” é só jogar futebol – recomendou Andreza, com
certo brilho nos olhos, como se relembrasse boas passagens de sua vida. – Mas,
estranhamente, hoje não tenho curiosidade de ir assistir a alguma partida num estádio
de futebol. Acho um ambiente muito masculino.
De fato, a garota era um pouco aficionada por homens que praticavem futebol e
tinha desejos sexuais por eles.
_______________________________________________________________________
Andreza, dois dias mais tarde, enviou algumas fotografias para o telefone
celular de Fernando, através do aplicativo de mensagens. O advogado abriu seu
aplicativo de mensagens e se surpreendeu com umas fotos estranhas. Eram imagens
de uma adolescente, deitada de lado numa cama, com o queixo apoiado na mão,
cotovelo na cama e um discreto sorriso no rosto, vestida apenas de roupas íntimas, e
que estavam no zap de Manu, mas não havia nenhuma mensagem de texto
acompanhando as fotografias. A qualidade das fotos não era excepcional, mas se
tratava de uma garota morena que teria no máximo 18 anos de idade, mas o rosto não
deixava certeza se aquelas imagens eram de Andreza. Ele ficou se questionando o por
que da moça ter-lhe enviado aquelas fotos, e preferiu não fazer nenhum
questionamento e nem mesmo algum comentário sobre as fotos.
Fernando e Andreza falaram sobre massagens e ela fingiu não saber quase de
nada. O advogado achava que o jeito de “Manu” transar se parecia muito com o jeito
das massagistas que fazem seu trabalho com final feliz. Ela mesma havia anunciado na
Internet que “adorava subir em cima de um pênis e ficar rebolando sua bunda“.
O homem notou que ela geralmente começava a trepar pelas posições de
“cow-girl” de frente e de costas, cavalgando o membro dele. E como ela caprichava
naquelas posições sexuais, olhando de forma marota para o seu macho, vendo-o se
deliciar com aquela vagina massageando seu falus!
Andreza gostava de fazer sexo com Fernando. Este, percebendo que a mesma
deveria ter habilidade como massoterapeuta sexual, lhe questionou:
- Manu, você já trabalhou em alguma clínica de massagem tântrica?
- Não. Eu não - mentiu ela e ainda perguntou: “Por quê?
Mas Fernando devolveu com outra questão:
- Nem sabe fazer massagens eróticas?
- Já assisti vídeos sobre massagens: sei como é uma massagem tântrica, uma
nuru, uma lingam, massagem prostática, mas nunca fiz.
De fato Andreza não apreciava fazer massagens, mas ela tinha aprendido todas
estas modalidades de massagens sexuais.
- Mas já recebi algumas massagens, disse ela.
- Você já foi a alguma clínica de massagens?
- Não. Uma massagista foi até minha casa.
- Interessante.
Em seguida Fernando lhe fez uma proposição:
- Manu, e se eu te pedisse, você tentaria fazer massagens em mim.
- Faria – blefou ela.
- É mesmo? – disse Fernando, fingindo estar animado. Na verdade, ele queria
mais desvendar se Andreza tinha sido massagista.
- Só que para fazer massagens é preciso uma cama dura e alta, ou seja, uma
maca rígida para massagens. De outra forma não dá muito certo - explicou a garota.
- Entendo. Mas podemos tentar um dia.
- Pode ser – redarguiu a moça, sem empolgação.
- Vou comprar uns óleos de massagear e outros produtos necessárias para as
massagens. Você pode me indicar alguns? Conhece?
- Posso ver na Internet. Sei que tem gel erótico que esquenta e esfria, umas
bolinhas que rompem dentro da vagina e um estimuladores de clitóris na forma de
anel que o homem coloca na base do pênis, dentre outras coisas – disse a morena,
mas ela não gostava muito desses incrementos. Preferia outros acessórios da relação
sexual.
- Ah! Eu penso que para receber esta massagem a gente deve estar muito
concentrado – opinou Fernando. – Acredito que deva haver uma sintonia entre o
cliente e a massagista.
- Não, eu não concordo – afirmou a garota, pois bem sabia que tinha
experiência no assunto. – Não precisa disso. Não é bem assim.
- Posso procurar então os produtos para massagens?
- Eu adoraria ter você fazendo massagens em mim, roçando seu clitóris e sua
xoxota no meu pênis ereto, latejando, e tudo lambuzado nos óleos de massagem. Seria
uma delícia!
- Até imaginei agora – disse a morena.
- Vou procurar, amor.
- Procure - concluiu ela, simulando estar empolgada com aquela proposta para
fazer massagens.
Andreza não gostava de fazer massagens. Ela gostava de transar, apreciava
sexo, e sem enrolação.
Em seguida o advogado lhe questionou.
- Andreza, você pensa em mim às vezes?
- Eu sempre sonho coisas boas para você... Eu sempre desejo coisas boas para
sua vida e desejo o melhor para você.
Andreza continuou falando:
- Fernando, sabe uma coisa?
- O quê?
- Você se parece com meu irmão adotivo, o Gui.
- Como assim?
- Ele parece um doidinho... Você também. Há momentos que eu penso que
você tem algo estranho e “não bate bem da cachola”. Aparenta não possuir muito
juízo.
- Andreza, assim você me ofende. Por que motivo eu pareço um louco em
alguns momentos?
- Não sei, mas me parece. Tem horas que você não me parece muito normal.
- Talvez, você é que não seja normal, e está projetando isso em mim. Eu apenas
sou louco por você, e é provável que por tal motivo eu pareça pra você, em certos
momentos, que não regulo bem das faculdades mentais. Mas você, me desculpe,
acredito que apresenta algum distúrbio de comportamento ou personalidade. Você
parece ter mania de perseguição e outros problemas a mais...
- Tem horas que também acho isso, e até já pensei em fazer terapia.
- Pois considere essa possibilidade com carinho.
E encerraram aquele debate.
Neste intervalo de tempo em que Andreza se encontrava com Fernando, a
garota refez as pazes com André e voltaram a ter encontros nos motéis.
De alguma forma o militar descobriu que sua “amante” estava saindo com
Fernando; Andreza cometeu um descuido e o homem conseguiu acessar o telefone
celular de “trabalho” da jovem e encontrou as mensagens dela com o advogado. Ele
as leu rapidamente sem que Suellen percebesse pois ela tomava banho. O aspirante a
oficial da polícia notou que aquele cliente era um tanto “especial” pelas constantes
mensagens entre os dois, e no mesmo instante ele concluiu que poderia estar havendo
um caso entre os dois; André ficou bastante enciumado; ele sempre recomendou para
que a morena não se envolvesse emocionalmente com seus clientes. O militar ficou
digerindo tudo aquilo que leu e planejou em momento oportuno debater com Andreza
sobre Fernando.
Cerca de uma semana depois, Suellen e seu amante puderam se encontrar a
sós e o homem pôde colocar suas cartas na mesa. Disse André:
- Suh, eu descobri que você está se envolvendo com um cliente.
- De onde você tirou isso, André? – rebateu a jovem.
Mas ele insistiu:
- Andreza, você me prometeu que não se envolveria afetivamente com nenhum
freguês dos seus programas.
- Mas não estou entendendo – continuou a garota em seu disfarce.
- Eu li tudo em seu smartphone.
- Quando? – questionou ela, bem surpresa. – Você tem a senha de meu
telefone de trabalho? Quando você bisbilhotou meu Whatsapp? Saiba que não gosto
disso. Nem você tem o direito de futricar meu aparelho de telefone – reclamou ainda a
garota.
- Tenho sim – objetou, porém, o militar.
E André continuou com suas queixas para Andreza.
- Garota, você está beijando esse cara na boca? E você está fazendo sexo oral e
vaginal com ele sem preservativo?
_______________________________________________________________________
Quando a morena se mudou para o flat, não queria mais ver Fernando em seu
próprio endereço. Suellen queria fazer sexo selvagem, com “spanking” e algumas
coisas mais, e sabia que ali não seria o local mais adequado, pois provocaria a atenção
dos vizinhos. Como também era avarenta, a ideia de ter um aparelho de ar
condicionado no quarto, e ter que utilizá-lo com frequência, e pagar uma conta mais
alta de energia elétrica a deixava irada. Ela também se queixou depois para o
advogado que já estava arrependida de ter mudado para um flat, pois chegou à
conclusão de que se ela tivesse se instalado numa casa, seria uma ambiente mais
discreto e mais apropriado para agendar seus programas. Nesse aspecto, a garota
parecia ser bastante corajosa: instalar-se sozinha numa casa e lá receber seus clientes
de sexo. Pelo menos foi isso que Fernando pensou sobre a ideia da mulher. Suellen e o
advogado ficaram se encontrando cerca de duas ou três vezes por semana e o homem
imaginou que a garota estava gostando disso. Porém, numa tarde marcaram um
programa no flat de Andreza, mas quando seu cliente chegou e estacionou seu veículo
na rua, ela simplesmente não respondia suas comunicações nem atendia ligações. Ele
imaginou que ela poderia estar atendendo outra pessoa e aguardou. Após cerca de 30
minutos, ele enviou mais uma mensagem e ela finalmente o respondeu, dizendo que
ele podia entrar pois a portaria estava aberta. Fernando percebeu que neste intervalo
de tempo ninguém entrou no prédio nem saiu dele. Ela estaria com alguém no flat
ainda? Ele, todavia, confiava na garota e entrou.
Ela se encontrava sozinha e não deu explicações de porque deixou o advogado
esperando tanto tempo. Ele também preferiu não perguntar.
Naquele dia, Fernando notou que Andreza estava diferente, mais introvertida e
parecia incomodada com alguma coisa.
Ela se comportava de forma mais mecânica, conversou muito pouco e se
mantinha um pouco fria. Sua cabeça parecia estar muito distante dali.
Após transarem, e, naquele dia, sem muita disposição da parte da garota,
Fernando se deitou na cama ao lado dela e a mulher desabafou:
- Fernando, acho que você não está cumprindo seu trato comigo.
- Como assim, Andreza?
- A gente ficou de se encontrar duas semanas por mês.
- Mas a gente nunca acertou isso em detalhes.
- Você tinha falado que seria dessa forma.
- Naquela primeira conversa pelo zap, mas que a gente acertaria os detalhes
pessoalmente.
- Não entendi assim.
- Você não viajou mais. Ficou por aqui. A gente foi-se encontrando. Eu pensei
que você estava gostando dos encontros.
- Você disse também que ia me ajudar para eu montar o flat.
Só que Fernando tinha oferecido ajuda financeira para comprar os móveis e ela
tinha recusado.
- Você é que não quis aceitar minha oferta de ajuda.
- Eu tive que vender minhas coisas em Fortaleza e me descapitalizar para vir
para São Luís. E aqui está péssimo. A cidade não é interessante. Quase não aparecem
programas. Você é o culpado de me ter atraído para cá. E quando falo em ir embora, e
voltar para Fortaleza, você diz não, fica mais um pouco. Você está somente me
prendendo aqui.
- Andreza, por que você não conversou sobre estes problemas antes?
- Eu esperei você se tocar. Acho que não tem nada aqui nessa cidade para mim.
Você tem um trabalho, tem profissão, e é util para a sociedade. Já não digo o mesmo
da minha pessoa.
- Por que você não se prepara para fazer concursos públicos?
- Tenho pensado sobre isso. Vou ver uns cursos preparatórios.
- Pois veja com calma. Pode ser uma boa opção para você.
- Mas, enquanto isso, preciso trabalhar. Fernando, mais uma coisa: não vai dar
para a gente se encontrar mais no meu flat.
- Por que, Andreza?
- Não vai dar mais certo.
- Ok. Andreza, você me joga tudo isso na cara depois que eu te repassei R$
4.000,00 e ainda te ajudei com R$ 2.400,00 para você pagar o caução do flat?
Suellen neste instante ficou calada.
Em verdade, Fernando havia ajudado a garota a entrar no flat, cobrindo as
despesas de caução, com o pagamento adiantado de três meses de aluguel, para evitar
a necessidade de um fiador na imobiliária.
Depois disso se apartaram e o homem foi embora.
Após sair da casa de massagens e iniciar sua peregrinação pelos motéis de São
Luís com seus clientes Andreza começou a reduzir sua lista de seguidores e das pessoas
que ela seguia no aplicativo de fotos e vídeos instantâneos. André também lhe
solicitou que ela reduzisse sua lista de contatos, assim como ele já havia feito. Assim,
Andreza começa a apagar vários de seus seguidores do Instagram. Seu comportamento
era de mudança repentina, excluindo de uma hora para outra vários de seus
seguidores, numa atitude muitas vezes não tão bem deliberada.
- Oh! Que bonitinho! Mas pode ficar à vontade, meu bem. Falo sério. Não sei:
algo mudou entre nós. Eu sinto isso. Você me magoou. Acho que a gente deveria dar
um tempo. Antes, quando eu te via chegando parece que eu ia voar; eu ia até as
nuvens e voltava.
“A questão é: ´Será que dá para levar o romance adiante, mesmo com uma
profissional do sexo?´ Bom atendimento e reciprocidade de sentimentos são coisas
diferentes. Namorar uma garota de programa é furada?
“Ela é uma profissional, e está acostumada com essa separação entre prestação
de serviço e envolvimento amoroso.
O homem leu e releu com muita atenção e depois ficou refletindo o conteúdo
do texto.
- Sinceramente, não.
- Como assim??
- Verdade?
- Sim.
- Que legal!!! E Já foi pega no flagra por alguém? Por exemplo, sua mãe, seu
pai ou sua irmã?
- Não.
- Só quando fiz ménage, mas foram pouquíssimas vezes. Não gostei muito da
experiência.
- Minha irmã me contou que já. Eu, quase uma vez!! Não deu tempo. Um
cliente maluco queria que eu chupasse o pau dele sem camisinha e com chantilly, mas
como não aceitei, ele também dispensou fazer com camisinha. Uma fantasia maluca
dele! Ele pensava que eu toparia qualquer coisa. Comigo não, criança.
- Não. Pondero que eu não pagaria. Mas quem é que tem certeza disso...
- Você já pensou em recriar alguma cena de filme pornô com a pessoa que está
transando contigo?
- Assisti a poucos vídeos eróticos para aprender algumas coisas, mas não
procuro reproduzir exatamente o que se faz neste tipo de filmes.
- Você já transou com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, fora nos
programas?
Andreza conversou com Fernando três dias depois, após uma transa.
- Tenho duas sobrinhas - contou Andreza - e a mais nova é muito ligada a mim.
A mais velha já tem quase 15 anos, é moça, já está quase da minha altura e por isso
tem suas companhias e suas paqueras; a mais nova porém só tem 11 anos e é minha
companheira. Vamos ao shopping passear, vamos à praia. Também adoro dar
presentes para ela. Mamãe já me falou que eu preciso ter uma filha pois já tenho mais
de 25 anos de idade. Eu penso porém que agora não necessito; não está em meus
planos; tenho minha sobrinha. Eu já disse para ela que a titia a ama muito.
- Andreza, será que fazer programas em sua cidade, onde sua família mora, não
foi um erro seu? Você não se expôs muito e expôs muito sua família? Será que suas
sobrinhas quando crescerem e entenderem das coisas vão ficar orgulhosas do que a tia
fez, caso descubram seu passado? Você não está arriscando sua família a sofrer
ridicularização e retaliações por conta dos seus procedimentos e da vida devassa que
você levou?
- Não sei. Prefiro acreditar que não. Farei tudo para agir na surdina.
______________________________________________________________________
Fernando foi ao supermercado e comprou uma garrafa de vinho seco,
lembrando que Andreza comentara apreciar esta bebida, e ofereceu à garota, dizendo-
lhe, porém, que ela poderia tomar o vinho sozinha, com calma, se o quisesse. Ela era
desconfiada e não o convidou para provarem da bebida juntos, e o advogado não quis
forçar esta situação. A jovem, na noite seguinte, consumiu a bebida, e após ingerir 3
taças do vinho, caiu levemente no sono, e teve alguns delírios, onde dialogava consigo
mesma: “Não, eu não vou ficar com você. Você não realizou nada demais por mim.
Não vou me apaixonar por você, não posso. Além disso, você nem é tão bonito assim.
Eu pensei que poderia ter para mim uma pessoa melhor. Eu nunca tive em minha vida
uma pessoa boa como você, mas é ilusão da minha cabeça... Eu não posso me
enganar... Você só quer me seduzir para me fazer sofrer depois. Não vai conseguir. Vou
te mostrar”. E continuou dormindo, sem lembrar de nada no dia seguinte.
Alguns dias depois Suellen ficou estranha e quase não respondia as mensagens
do advogado. Ela parecia estar se afastando, mas o homem conseguiu marcar um
encontro com a jovem. Ela o atendeu de modo diferente, com o semblante fechado e
uma “cara de poucos amigos”. Não se assemelhava em nada com a meiga garota de 10
dias atrás. Fernando tentou abordar o problema, mas ela se negou a confessar. Ele
neste mesmo dia teve a infeliz ideia de questionar se Andreza se importave com ele e
se o considerava algo mais que um cliente. Ela, porém, o respondeu rispidamente e
ainda afirmou categoricamente que o rapaz para ela era mesmo apenas um cliente a
mais, como qualquer outro. Ele notou a intenção de Andreza de machucá-lo
psicologicamente e percebeu um excesso de sinceridade que até o chocou, mas
acreditou que aquelas palavras representavam mesmo a verdade. O advogado não era
nada importante para Suellen, ao contrário do que ela afirmara anteriormente. Ela ela
estava ali somente pelo seu dinheiro, ele pensou, e de resto não lhe mantinha
nenhuma afeição especial. Ela não imaginava que ela o amasse, mas pensava
tolamente que a garota lhe nutria algum sentimento de afeto, do que agora ele já
duvidava completamente. A morena se desentendeu com Fernando e lhe disse que
eles estavam se encontrando demais e não haviam combinado isso. Ele também se
chateou, pois perguntou se a garota se importava com ele e esta o respondeu dizendo
que não. Suellen ainda disse que o advogado tinha feito pouco por ela e o que realizou
foram apenas pequenos favores. Ela também desmarcaria um encontro com ele em
cima da hora alguns dias mais tarde para atender outro cliente no motel, pois
Fernando se atrasou um pouco, e depois disso o homem ficou aborrecido com ela e se
sentiu desvalorizado. Tiveram por fim mais uma discussão e preferiram dar um tempo.
Andreza lhe disse que ainda lhe devia um encontro e este ocorreu, tendo sido bastante
caloroso e com muito envolvimento, ao final do qual, preferiram terminar o caso
entre eles.
Mas não enviou nada disso para ela. O homem ficou muito entristecido com
aquelas palavras de Suellen.
FERNANDO ENVIOU UMA MENSAGEM PARA ANDREZA DOIS DIAS DEPOIS. Ele
encaminhou a seguinte comunicação pelo aplicativo de mensagens:
“Andreza, estou pensando mesmo em desistir de você. Eu não queria fazer isso
e chegar a este ponto, mas estou perdendo as esperanças contigo. Eu fiz de tudo para
criar uma conexão afetiva com você, mas confesso que é muito difícil. Não sei mais o
que tentar. Eu busquei ter empatia com você e prestar atenção a tudo que você me
dizia, para descobrir seus gostos, seus desejos e sonhos, mas você pouco se abre.
Procurei me interessar por sua vida e seu mundo, e buscar similaridades com você.
“Revelei segredos meus para você e te fiz confissões para conseguir sua
confiança, sem medo de demonstrar meus defeitos e fraquezas porque eu acreditava
em você e passei a confiar em ti. Todavia, nunca me lastimei de minha vida e nunca fiz
papel de falsa vítima. Procurei ser verdadeiro.
“Tentei te encorajar e te oferecer outras opções para sua vida, mas sem
cobranças nem pressões, sempre te deixando livre para decidir o que era melhor para
si.
- Legal, sua altivez. Mas cuidado que muita intensidade no começo pode ser
somente “fogo de palha” - rebateu o indivíduo. – Mais importante é ter persistência.
Após encerrar seu breve caso com Jefferson, Andreza se reconciliou com André
e este por sua vez aumentou o controle sobre a prostituta. O militar supervisionava
sua conta principal de e-mail e de Instagram, sendo que tinha acesso a elas, pois
conhecia a senha. Ele também passou a pagar sua conta de aluguel, taxa de
condomínio e energia elétrica, literalmente para comprá-la. Suellen estava então
totalmente submissa a ele, por um preço muito baixo.
Ester e Antônio José foram então se reconciliando com suas duas filhas mais
novas. Melina fechou o prostíbulo e partiu para tentar outras atividades. Andreza foi
morar sozinha, apartando-se de sua irmã caçula, e continuou fazendo programas. Seus
pais sabiam disso, mas tinham a esperança de que ela a qualquer momento largasse o
mundo da prostituição. Em parte eles foram seduzidos pelos proventos gerados por
essa atividade, e nunca bateram de frente com suas filhas, optando mais por orientá-
las a abandonar este ramo, para o bem das duas.
Andreza dizia para Fernando que não se preocupava muito com sua aparência
e o seu shape, mas, após terminarem, ela começou a fazer muitas dietas de
emagrecimento e consumia chás para eliminar os excessos de líquido do corpo e para
perder peso, pois desejava ficar com a barriga sarada para colocar um piercing no
umbigo e para conquistar mais clientes. Ela também desejava aparentar uma menor
idade que a real, por essa questão ser imprescindível na atração de mais fregueses
para os programas.
Depois de se afastar de Fernando, Andreza a começou a ficar ranzinza, pois
estava realizando poucos programas, e agora parecia mais grosseira e indelicada nas
suas respostas aos clientes pelo WhatsApp. Como a situação estava difícil, sua
paciência estava se esgotando.
Alguns clientes se manifestaram assim pelo WhatsApp:
Cliente 1:
“ Olá, tudo bem? Vi seu anúncio na Internet e queria sair com você. Quais as
condições de seu programa? Meu nome é Caio.
“ Olá, Caio. Tudo bem? Meu programa inclui sexo oral e vaginal, ambos com
preservativo. Não faço sexo anal. Programa de 30 minutos R$ 150,00 e 1 h R$ 200,00.”
“ E se eu pagasse mais você faria sexo oral sem camisinha?
“ Não. Não é questão de valor. Não faço.
“ Você beija na boca?
“ Não, você pode me beijar em qualquer lugar, mas não beijo na boca. No
máximo um selinho.
“E posso fazer sexo oral em você? Posso chupar sua buceta, se der vontade na
hora?
“ Você pode me chupar, eu até gosto, mas não beijo. Não faço o estilo
namoradinha. Ok ?
“ Certo. Vou analisar e volto a entrar em contato. Obrigado “
“ Tudo bem. Tchau “
Muitos traziam a mesma conversa e nada de agendar programas.
Cliente 2:
“Bom dia. Vi seu anúncio e queria sair com você. Me chamo Alessandro. Como
é seu programa? Me repasse os detalhes.
“Sexo oral e vaginal, com camisinha. R$ 150,00 30 minutos e R$ 200,00 1 hora.
“Faz sexo oral sem camisinha?
“Não.
“Você topa sexo anal?
“Não faço.
“ No seu programa posso gozar mais de uma vez?
“Pode. Dentro do seu tempo pode.
“Você faz o estilo namoradinha?
“Não, meu bem, não faço. Vamos agendar o programa?
“ Vou ver um tempo em minha agenda e volto a te chamar. Tchau.
“ Tudo bem.
E encerraram a conversa.
Cliente 3:
“Bom dia. Vi seu anúncio e queria sair com você. Quanto está custando seu
programa? Me chamo Carlos.
“ Olá, Carlos. Está R$ 150,00 meia hora e R$200,00 1 hora. Sexo oral e vaginal,
com preservativo.
“ Nossa. Que programa barato... Você faz sexo a 3?
“ Não, meu bem, por que eu não faço sexo anal.
“ Beija na boca?
“ Não. Você pode me beijar em qualquer parte do corpo, mas não dou beijos
na boca.
“ E se eu te pagar uma quantia extra você pode chupar meu pau sem
camisinha?
“Não. Desculpa, mas não faço, por nenhum valor.
“ Você faz sexo com dois homens ao mesmo tempo?
“Não, meu bem pois eu não faço anal.
Cliente 4:
“Bom dia, gata. Meu nome é Adriano. Eu queria fazer um programa com você!
Quando pode ser?
“No momento não dá. Estou fora da cidade. Mas estarei de volta no início da
semana.
“Não.
‘”Está bem.
Ela respondia:
“O programa está R$ 150,00 30 minutos e R$ 200,00 uma hora, mas posso fazer
sexo anal. Ai o valor sobe para R$ 250,00. Mas isso só posso ver na hora, se dá para
fazer anal. “
De tanto os clientes lhe afligirem por beijos de boca nos programas Suellen
colocou a seguinte propaganda na Internet:
“Prazer, pode me chamar de Paula. Meu programa é uma delícia. Sou uma garota
muito safada. Adoro sexo. Comigo você vai ter um programa delicioso, com
preliminares bem gostosas, sexo oral e vaginal, com preservativo; mas atenção: sou
muito atenciosa, mas não faço o estilo namoradinha. “
A garota estava abusada dos homens perguntarem por beijos nos encontros
sexuais .
Andreza pediu isenção da inscrição, como sempre fazia, dada a sua avareza, e
realizou as provas. Foi selecionada, mas decidiu não assumir.
Cerca de uma semana depois, Andreza enviou uma mensagem para Armando e
eles saíram.
Após o fechamento da casa de massagens e após se afastar de Jefferson,
Andreza sentiu saudades de Armando e tentou uma reaproximação com ele. O ex-
namorado já sabia que Andreza trabalhava como acompanhante, mas não deixou isso
transparecer para sua ex-namorada.
A morena lhe enviou uma mensagem pelo aplicativo de conversação.
- Armando, tudo bem? Quanto tempo que a gente não se vê. Você está
solteiro? Porque eu estou solteiríssima. Será que a gente poderia se encontrar para
bater um papo. Bateu uma saudade de você, meu bem.
Suellen notou que seu ex não postava nenhuma foto com alguma namorada ou
“ficante”, e não fazia nenhuma referência a estar compromissado. Então, Suh lhe
enviou esta comunicação.
Quando o rapaz leu o recado da garota, ficou bastante curioso. Ele imaginou
que ela procurava uma reaproximação. Mas tanto tempo depois... Por quê? O jovem
não hesitou em responder sua ex, tentando marcar um encontro.
- Andreza, que bom você entrar em contato comigo. Eu e que digo: quanto
tempo sem a gente se ver e se falar. Vamos marcar um encontro. Pode ser no próximo
final de semana?
Quando a jovem leu a resposta do rapaz, um sorriso abriu em seu rosto e ela
ingenuamente respondeu:
- Vamos marcar sim. Pode ser sábado à noite? Onde seria?
Ao visualizar a réplica de Suellen, o seu ex-namorado sugeriu o restaurante e o
horário.
- Tudo bem. A gente pode se encontrar lá às 19h ? Prometo ser pontual. –
pediu ele, sem lhe oferecer carona.
- Combinado. Até sábado, meu bem.
E ficaram acertados para um jantar no sábado, no restaurante e no horário
indicados por Armando.
No dia combinado, encontraram-se no local em que haviam marcado. A garota
chegou 15 minutos atrasada, pois as mulheres costumam atrasar por conta da
maquiagem, mas Andreza culpou sua pequena demorada pelo atraso do transporte
alternativo.
Ela chegou ao recinto e logo o avistou numa mesa reservada, num canto do
restaurante. Chegou até lá, e o cumprimentou com um beijo em cada lado do rosto,
assim que o homem se levantou. Ele a seguir lhe puxou uma cadeira e a convidou para
sentar.
Conversaram rapidamente, perguntando como tinha sido o dia de cada um e
Andreza mentiu que tinha passado o dia estudando.
Após esse papo introdutório, Armando indagou se a moça o acompanharia num
vinho seco e ela aceitou sua proposta.
O anfitrião chamou o garçom, solicitou a carta de vinhos e, juntos, escolheram
a marca do vinho.
Pediram também a entrada da casa que foi sugerida pelo garçom e ao tempo
em que degustavam o vinho foram dialogando.
- Andreza, você tem trabalhado com o quê? – indagou o homem, para testá-la.
- Armando, estou trabalhando no salão das enteadas do meu pai. Eu faço a
contabilidade de lá. – mentiu a prostituta.
- Que bom. Há quanto tempo já ?
Suellen engasgou um pouco na resposta, mas inventou:
- Olha, já faz um bom tempo. Há quase dois anos.
- Você está estudando para concursos públicos?
- Sim, Armando. Estou nessa luta. Passei no ano passado no concurso do IBGE,
mas não deu para eu assumir a vaga.
- E sua irmã, a Melina, está fazendo faculdade? Está trabalhando?
- Meu bem, a Melina prefere estudar para concursos públicos. Ela está se
preparando comigo para os próximos que aparecerem. Ela fez uma prova no ano
passado para curso Técnico em Edificações, mas eu nem sei qual foi o resultado.
- Pois, Andreza, vamos falar sobre nós: por que mesmo eu fui convidado para
este jantar hoje a noite contigo? O que você deseja de mim?
- Eu queria poder conversar com você sobre nós, calmamente, somente nós
dois; olhos nos olhos... – afirmou a jovem, insinuando-se para o rapaz.
- Uhmmm! Fiquei interessado agora! – afirmou Armando, para envolver a
garota. – Fale mais!
- Ai, Armando, fico envergonhada. Acho que você já imagina o que eu queria
dizer para você. – continuou a garota, na sua artimanha de sedução.
- Suellen, eu sonhei várias vezes com esse reencontro entre a gente.
- Foi mesmo, que bom. Então eu acertei em cheio nesse convite para você.
- Sim, você foi certeira. Precisávamos muito nos ver – declarou o indivíduo. –
Mas o que mais você tem a me dizer ou me contar – continuou Armando em sua
provocação.
- Armando, você não tem ninguém sério em sua vida? Depois que terminamos
você não assumiu nenhuma garota?
- Não, nenhuma – respondeu ele. – E você?
- Não vou mentir – blefou ela. – Eu estava com uma pessoa, mas a gente já
terminou há mais de 3 meses , e já o esqueci...
- E, somente agora que está solitária, lembrou-se de mim? – provocou o
homem, surpreendendo-a com sua colocação.
- Não, querido. Esse meu último caso não foi nada sério. Na verdade, acho que
eu nunca te esqueci – alegou a garota. - E porque não tivemos mais chances. – alegou
a mesma, sabiamente.
- E daí? – retrucou o cara.
- A gente poderia se dar mais uma chance. O que você pensa sobre isso?
Armando pensou em lhe dar uma resposta verdadeira, mas preferiu dizer:
- Pode ser, meu bem. Nós podemos tentar mais uma vez. Quem sabe nessa
ocasião a gente se entende bem e dá tudo certo.
Em seguida Andreza comentou:
- Meu bem, – chamou-o assim, por costume de tratar assim todos os clientes –
eu vi no seu Insta que você tem participado de tantos churrascos e tantas noitadas, e
aparecerm tantas mulheres, fico até com ciúme. É uma revoada atrás da outra. Que
vida boa a sua.
- Imagina – retrucou o rapaz raparigueiro.
Armando se impressionou um pouco com a sinceridade daquela mulher, que
antes lhe parecia uma pessoa calculista.
- Não, é impressão sua - enganou e disfarçou ele.
Continuaram assim a conversa do jantar e Armando, para testar de modo
definitivo se Suellen queria fisgá-lo, convidou-a após o jantar para irem a um motel e
ela aceitou seu convite. Lá, transaram bastante, com direito a todo o pacote de
concupiscências e o sexo safado com o qual Armando sonhara. Ele a fez praticar sexo
oral sem preservativo, posição 69, sexo anal, xingou-a se valendo do velho “dirty talk“
que ela tanto esperava, sexo violento com tapas no rosto e na bunda de Andreza, com
direito a gritos da garota e finalizou a trepada ejaculando dentro da boca da mulher.
Foi a transa dos sonhos do homem e valeu pelo jantar que ele lhe pagou. Ao final,
Armando a deixou em seu apartamento e se despediram com um selinho na boca.
- Eu entro em contato depois... – disse ele, ao se despedir da prostituta, e ele
seguiu seu caminho. Ela entrou no portão do condomínio e foi em direção de seu
apartamento.
Andreza imaginou que havia reconquistado seu ex-namorado e que este nos
dias seguintes correria atrás dela igualmente a um cachorro que vai em direção ao
dono quando este o chama, estalando os dedos. Mas desta vez isso não ocorreu;
passaram-se vários dias e nenhum comunicado de Armando chegou ao seu celular; a
garota começou a estranhar a situação e ficou mesmo assim na espera de um contato,
tentando não dar o braço a torcer e não querendo lhe enviar uma mensagem primeiro.
Só que se passaram mais de dez dias e seu ex não deu mais sinal de vida.
Então, embora não gostasse disso, Suellen lhe enviou uma mensagem bem
presunçosa.
- Armando, bom dia. Você não entrou mais em contato comigo. Aquele dia foi
muito especial... Adorei, sabia? Aconteceu alguma coisa com você? Posso ajudar?
Envie notícias! Um beijo! Tenha um ótimo dia, meu bem.
O homem, propositalmente, leu a mensagem apenas no dia seguinte, mas
nada respondeu para aumentar a ansiedade e o desapontamento de Andreza.
Esta começou a ficar desconfiada, mas como era muito inconstante e volúvel
voltou a lhe enviar outro recado dois dias depois .
- Armando, bom dia. Eu gostaria de conversar com você. Seria possível a gente
marcar?
O homem olhou a mensagem da prostituta apenas 12 horas depois e lhe deu a
seguinte resposta:
“Andreza, não vai dar certo a gente se encontrar mais. Eu já soube toda a
verdade sobre você. Sei que é uma puta agora e que transa por dinheiro. Nem sei por
que motivo me procurou, mas não cairei em sua lábia. Aquela nossa noite foi uma
despedida; obrigado pela trepada; nunca vou esquecer. Você é mesmo boa na cama,
mas é só isso mesmo. É apenas uma vagabunda, louca por sexo e grana. Naquele dia,
eu já sabia toda a verdade sobre sua pessoa. Não vou mais te dar prazer e não nos
encontraremos mais. Eu tenho consciência de que você se mudou para Fortaleza para
se prostituir e para se aprimorar neste ramo, assimilando tudo sobre sexo e putaria, e
aprendendo toda a artimanha para iludir seus “clientes”, escondendo tudo de sua
família e de mim. Eu te amava, mas agora já sinto nojo de você. Esquece que eu existo.
Você ainda tentou me enganar! Você não podia ter omitido estes fatos para mim. Siga
seu caminho: não quero mais saber de você. Vai enganar outro, rapariga.”
Após ela ler sua resposta, Armando apagou a mensagem em seu telefone
celular e bloqueou o contato de Andreza.
Ela leu aquela resposta tão desagradável e teve a convicção de que Armando
estava fora de sua vida. A garota se sentiu muito humilhada e não quis mais falar
com seu ex.
Duas semanas depois, Suellen fez uma postagem misteriosa no aplicativo de
mensagens de vídeo instantâneas, onde colocou o trecho de uma música de sofrência
que continha uma trecho que dizia mais ou menos assim: “deixa eu te superar,
cuidado com as suas revoadas, pega leve para não me magoar, e etc“ .
A garota desde então ficou com a estória das revoadas fixa em sua mente e
vivia fazendo postagens com esses caracteres sobre os vídeos ou textos divulgados
por ela nas redes sociais. Mas Armando não se manifestou mais e por ora sumiu.
- Tia, eu já penso em namoro. Tem um garoto que está afim de mim na escola.
- Que ótimo, Bia. Você já falou sobre ele para seus pais? Contou para os dois?
- Sim. Contei para minha mãe e meu padrasto. Eles disseram que eu posso
paquerá-lo. E seus pais, como eram?
- Não, Sofia. Não tenho ressentimento de meus pais. Eles sabiam o que
estavam fazendo. Esse garoto é de sua turma?
- Obrigado, tia. E quanto a você? Seu love vai aparecer hoje por aqui?
- Não. Ele não vai poder vir por causa do trabalho – disfarçou a tia.
- Não, querida. É que no momento atual de minha vida estou com foco no
trabalho e nos estudos para concursos, e em minha vida pessoal.
- Entendo.
- Você logo vai perceber em sua vida que uma mulher precisa cuidar de si
mesma e se amar mais que aos outros para ter sucesso e felicidade.
- Você filosofa às vezes, tia. Foi interessante o que você acabou de me falar. Eu
não tinha pensado sobre isso ainda.
- Eu também não percebia tal fato na sua idade, mas tive que assimilar essa
situação com o passar do tempo.
- Não pude ter pois foi na época da separação de meus pais. Acho que se você
quer, não há problema. Hoje em dia, eu optaria por uma viagem bem legal. Peça a seus
pais. Quem sabe eles possam te dar esse presente.
- Beatriz, nossa como você está grande. Não tem nem 15 anos e já está quase
do meu tamanho. Estou achando que tu vais ficar mais alta do que eu.
- Acho sim.
- Sou feliz sim. Não quero ter filhos agora. Quem sabe em um futuro próximo.
- Filha do coração, eu te amo muito e desejo tudo de bom nesta vida para você
e que você seja muito feliz. São meus votos mais sinceros!
E Andreza seduziu seus pais com presentes. Apesar dos pesares, os pais de
Andreza foram tolerando sua prostituição. Ela lhes prometeu que deixaria a atividade
gradativamente, mas não se sabia até quando. Por outro lado, com os rendimentos do
meretrício, ela foi seduzindo seus parentes: regalos para suas sobrinhas, presente de
aniversário para sua mãe e uma bela camiseta de time de futebol para seu pai, pois
chegara a Copa do Mundo de Futebol do Qatar. Andreza, inclusive, foi convidada por
Nailson, ex-namorado de Melina, para fazer um ábum de fotografias promovendo a
venda de camisetas para a copa do mundo. Depois disso ela chegou a fazer alguns
programas com ele e eram amigos. Nailson também seguia várias contas de Instagram
que promoviam garotas de programa do Maranhão, e era seguidor também da antiga
conta que relatava contos eróticos, e que fora criada pela irmã de Suellen. Ele também
sabia da existência da casa de massagens. A morena também quitou o IPVA atrasado
de seu pai e lhe pagou uma pequena dívida e ele talvez percebeu que o dinheiro da
prostituição não era tão ruim assim. Andreza também sonhava lhe dar uma casa
própria.
Andreza e Melina organizaram inclusive uma festa de aniversário para Ester. As
duas irmãs mais novas decidiram realizar uma comemoração para sua mãe, pois já
faziam aproximadamente cinco anos que Ester não festejava seu aniversário em alto
estilo. Ela completara 50 primaveras no ano passado, todavia não houve
comemoração. Desta vez, Andreza e Melina lhe bancaram uma festa. Aquela mãe
fazia aniversário no mesmo mês de sua filha do meio.
E assim foi feito: contrataram um buffet, alugando o espaço deles e
comemoram mais um ano de vida da matriarca. Todavia, só participaram da
comemoração a aniversariante, com suas filhas, genros e netas.
Ester foi visitar seus pais e os avós maternos de Andreza perguntaram por ela.
Eles se queixaram de por que nunca mais aquela neta os tinha visitado. Ester teve que
mentir para seus pais alegando que a jovem trabalhava em excesso, mas sempre
perguntava pelos avós e ela mesma, Ester, acompanharia Suellen até a casa dos avós,
em breve. Parte da família de José e de Ester descobriram aos poucos que Andreza
fazia programas de sexo e alguns se afastaram dela, embora a morena já estivesse sem
manter contato com vários parentes há um bom tempo.
Antônio José se sentia um pouco desolado pela situação de Andreza, que
continuava na prostituição e por ela ter-se afastado um pouco dele. Melina, talvez
para compensar esse fato, tentou-se reaproximar e reconquistar o afeto de seu pai;
eram constantes desde então seus breves comentários elogiando as postagens de seu
pai. Andreza fez programas até no dia de seu aniversário, mostrando que não fazia
questão naquele momento de festejar seu dia excusivamente com sua família. À noite,
porém saíram todos para um jantar em família; somente Genésio não compareceu.
Andreza chegou a ser convidada por seu pai para frequentar um culto, mas ela
desistiu e lhe ofereceu algumas desculpas para não acompanhá-lo. No fundo, Suellen
não se sentia mais digna de adentrar ao templo e sabia que seria muita hipocrisia ouvir
o sermão do pastor e continuar no seu ramo de atividade. Ela lembrou, por outro lado,
que já fizera um programa de sexo com um pastor, em outra cidade. Sua cabeça tinha
muito mais desconfianças sobre os evangélicos desde então.
Andreza, poucos dias posteriormente, convidou sua sobrinha Isabel para
acompanhá-la num espetáculo do circo “Kronos”, uma grandiosa companhia circense
do país que passava por aquela cidade. Divertiram-se bastante na apresentação e a
garotinha questionou sua tia:
- Titia, por que a senhora já foi embora de nossa cidade uma vez?
- Eu precisava fazer uns estudos fora de São Luís, em um centro maior, querida.
- E valeu a pena? Foi bom? Porque ficar distante da família não deve ter sido
nada legal.
- Apesar de tudo, valeu a pena, Bell. Foi difícil sim - contou a morena. - Eu
chorava de vez em quando – mentiu a tia. – Senti saudades demais de meus familiares,
especialmente de você, meu bem.
- Obrigada, tia. Mas eu preciso perguntar mais uma coisa para a senhora.
- Pois fale, Bell.
- A senhora ainda pensa em ir embora novamente e nos deixar?
- Não, meu bem, nunca mais eu irei embora. Eu estarei aqui sempre para você
e para todos que eu amo.
- Ainda bem. Tia, eu te amo também.
Só que Andreza ainda pensava em deixar São Luís. Ela havia apagado muitos
contatos nas suas redes sociais, mas mantinha os laços com todas as pessoas que
conheceu em Fortaleza. Talvez, algum dia, quando lhe faltassem pai e mãe, ela voltaria
a Fortaleza, para tentar uma nova vida por lá. Aquela cidade ficou em sua cabeça.
Suellen ficou bastante impressionada com a capital do Ceará e guardava boas
lembranças de lá, apesar dos contratempos pelos quais passou.
Algum tempo depois, Andreza e Melina fariam uma primeira conta de
Instagram para Isabel e escreveram assim: “conta monitorada pela minha tia”. Que
ironia – logo elas, teriam alguma moral para controlar e fiscalizar a conta de sua
sobrinha?
E Suellen ficou morando por um tempo num pequeno apartamento no bairro
Turu, onde comprava suas garrafas de vinho e ficava bebendo sozinha, meditando
sobre sua vida. Tinha poucos amigos no condomínio, mas lá seria seu refúgio por
algum tempo. Voltou a ter uma rotina, sendo que acordava relativamente cedo todos
os dias, preparava seu café da manhã e seu almoço, examinava as redes sociais para
tentar agendar seus programas e fazia suas refeições. À tarde cumpria sua rotina de
exercícios físicos na academia, frequentava um curso preparatório para concursos
públicos e fazia seus programas de sexo. Sexta e sábado à noite saía com amigos,
ficantes ou familiares. Domingo ia às praias ou visitava seus familiares. A garota
sempre circulava no condomínio com roupas longas e nada sensuais, para não chamar
a atenção, e fez amizade apenas com dois jovens vizinhos de seu novo endereço.
Dentro do seu apartamento, porém, só utilizava bermudas curtas e “tops”, exibindo
sua barriga, inclusive gravando vídeos para o tiktok com estas vestimentas.
Melina estava participando de um grupo de garotas que faziam passeios de
bicicleta pela cidade, as “garotas da bike”, mas Suellen preferiu não acompanhar sua
irmã por enquanto nestes passeios. As duas contrataram um “personal trainer” e
estavam sendo orientadas por ele na academia. Melina e Andreza tentavam
emagrecer e ficar mais em forma.
As duas se encontraram e mantiveram um diálogo. Em certo momento, disse
a mais jovem:
- Suh, você não pensa em deixar de fazer programas?
- Mel, na verdade ainda não. Sabe que eu até gosto da minha vida. Cada
homem novo que eu atendo é um desafio para mim. Acho que eu já me viciei no que
eu faço. Se eu permanecer um dia sem olhar as redes sociais para ver se alguém me
procura eu fico ansiosa. Já me habituei a este trabalho, e é o que melhor sei fazer.
Vou continuar por mais tempo, até quando Deus quiser. Qualquer dia eu abandono
isso tudo, e parto para fazer algo diferente. Mas, por enquanto, não tenho expectativa
de deixar... Parece que estou sempre imaginando que um dia o homem da minha vida
vai entrar pela porta do motel no quarto onde estou esperando meu cliente daquele
dia.
Em verdade, Melina chegou a alugar uma residência próxima ao shopping Anil e
realizaram programas, ela e Andreza, por cerca de três meses, mas voltaram a se
desentender e sua irmã do meio desistiu da empreitada.
Suellen depois passou a alugar um imóvel próximo ao apartamento onde
morava, com vistas a montar um local a fim de receber seus clientes, pois estava
cansada de frequenter motéis e pretendia incrementar novamente sua agenda de
programas sexuais, mas desistiu da idéia.
Sua irmã, por outro, comunicou-lhe que estava se mudando para um
apartamento mais próximo de sua mãe e de sua sogra, pois a casa onde estavam
morando era muito quente e infestada de mosquitos, obrigando-os, ela e André, a ligar
todas as noites o aparelho de condicionado, o que encareceu sua conta de energia
elétrica.
- Estamos nos mudando para um apartamento num andar elevado e deste
modo com boa ventilação – revelou a ruiva. – André também optou por este outro
condomínio por ser mais perto da casa de mamãe e de minha sogra.
- Que bom, irmã. Melhor para vocês - desejou Suellen.
A morena também informou sua irmã que faria um passeio para Porto de
Galinhas, em Pernambuco.
- Você irá com quem, irmã? – indagou a irmã caçula.
- Não posso dizer, irmã – foi o que respondeu a misteriosa garota.
- Não leve a mal o que direi agora. Mas, por favor, não vai fazer programas por
lá, está bem? Aproveite este passeio para relaxar e descansar.
- Pode deixar, Melina. Vou somente a passeio. Nada de trabalhos.
- E quando será?
- Semana que vem. Vou passar sete dias naquela região.
- Pois aproveite, minha irmã. Você merece umas férias, pois trabalha demais.
Bom passeio.
- Obrigada, irmã.
Naqueles dias Andreza soube que ia ser titia mais uma vez. Marcela estava
grávida pela terceira vez e nesta oportunidade seria um rapaz, e que seria chamado de
Lívio. A irmã mais velha de Andreza se encontrava muito satisfeita pois estava
desempregada, mas conseguiu um trabalho no aeroporto, por indicação de sua amiga
Neuzélia.
Sua irmã caçula também lhe revelou a intenção de engravidar pela primeira
vez. Ela e seu noivo tinham chegado ao consenso de estar no momento certo de
nascer seu primeiro filho. Melina, deste modo, tentaria uma gestação a partir de
agora. E Andreza seria a única das irmãs a não ter filhos ainda.
______________________________________________________________________
E Andreza deixou a vida a levar conforme a vida quis, convivendo entre seus
programas de sexo, suas atividades na academia de ginástica e seus cursos de
preparação para concursos públicos, conhecendo novos clientes e desfrutando de
suas amizades coloridas. Não sei ao certo o que ela deve estar tramando no momento,
e o que está aprontando nos dias atuais, e o que faz hoje da vida.
Eu sempre penso que devemos refletir sobre a vida de mulheres como Andreza.
Esta pessoa vive em quase todas as garotas de programa. Elas não são vilãs nem
heroínas, são apenas mulheres que escolheram o caminho da prostituição, de oferecer
seu corpo em troca de um retorno financeiro. Ela persegue, incansável, o seu destino,
buscando, sem se aperceber, o seu príncipe encantado, sem a certeza de que ele
exista, bem a seu modo de encontrá-lo, e continua, enquanto isso, em sua luta
incessável por dar prazer aos homens. E esta era sua vida!
E Andreza foi-se transformando: ela era uma garota relativamente calma, que
não apreciava muitas saídas á noite, e consumia pouca bebida alcóolica. Com o passar
do tempo, entretanto, Suellen foi-se tornando uma garota farrista, que adorava
noitadas, só se deitava de madrugada e seu consumo de bebidas alcóolicas aumentara
bastante. Mantinha, porém alguns comportamentos relativamente infantis, preferindo
inclusive seguir mais adolescentes em seu perfil do aplicativo de mensagens, fotos e
vídeos instantâneos. Melina assim percebeu este fato e questionou Andreza de por
quê ela preferia seguir mais os adolescentes de sua família e outros além, como
familiares da namorada de seu pai, mas estranhamente não seguia muitas de suas
tias, tios nem primos adultos. Ela, porém, não ofereceu resposta.
Cerca de duas semanas depois de Melina comunicar Andreza de que desejava
engravidar, esta última se encontrou a sós com André e conversaram.
- Mel me falou que vocês planejam ter um filho – começou a jovem.
- É verdade, estamos pensando sim.
- Pensando? – retrucou Suellen, bem surpresa. – Eu pensei que já era uma
decisão definitiva.
- Não, é sim – gaguejou o militar.
- E antes disso vocês não vão oficializar a união de vocês na Igreja, diante do
pastor?
- Sim, só que mais adiante.
- Não façam as coisas errado.
Após uma breve pausa, refletiu a garota:
- André, sabe de uma coisa? Minha mãe vivia dizendo que já está na hora de eu
engravidar e de eu lhe dar um neto ou uma neta. Ela me falou outro dia: “Filha, você
está perto de completar 30 anos e não tem nenhum filho ainda? Está no momento
certo de me presentear com mais um netinho.” Todavia, eu lhe repliquei: “Mamãe,
mas se não tenho nem namorado fixo. Como vou ter um filho? E não me deixe
aperreada: só faço 30 anos no final do próximo ano; ainda vou completar 29 anos.” O
que você acha, meu bem?
André opinou:
- Suh, e se você engravidasse de mim?
- Que loucura essa sua? Que idéia, menino? E se Melina descobrir?
- Ah! Ela nunca irá saber...
- Certeza? Ela possui uma intuição aguçada. E se ela pedir teste de DNA para
paternidade.
- Eu me recuso a fazer. Jamais farei. E você diga que vai querer um filho, uma
produção independente. A gente só dá um tempo para o meu filho com ela completar
1 ano e meio ou dois anos de idade.
- E ainda terei que esperar todo esse tempo?
- Passa rápido, meu bem.
- Você acha mesmo?! Não é sua vida - zombou Andreza.
- Tenha um filho comigo e darei toda a assistência. Ofereça para eu e Melina
sermos os padrinhos do seu filho.
- Meu Deus, quanta loucura.
- Vai dar certo. Tenha um filho comigo: serei a pessoa certa. E sempre vou estar
perto de você, para dar assistência à criança. Sempre estarei em sua vida.
- Vou pensar no seu caso.
- Pois analise com carinho.
E se despediram neste instante. Poucos dias posteriormente a garota enviou
uma mensagem para André dizendo o seguinte:
- Meu bem, o que você acha de a gente registrar o nome do meu filho de
“Richard”? Acho um nome lindo.
- Também gostei de sua sugestão. Mas eu preferiria que você o chamasse de
Antônio Jose Neto para agradar seu pai e para bajular o velho.
- Pode ser também! – ponderou a morena. - É uma boa ideia: uma homenagem
ao meu pai.
- Exatamente. Eu e Melina seríamos os padrinhos do garoto, não se esqueça,
por favor.
- E se for uma menina?
- Vamos pensando em um nome legal para ela.
- Ok. Obrigada, André. Tchau.
- Tchau, Suh.
Para evitar rumores na vizinhança sobre sua vida pessoal, dadas as visitas
constantes de André ao seu apartamento no Turu, e pelo risco de os vizinhos
descobrirem seus meus de vida, Andreza exigiu que seu cunhado mais próximo lhe
comprasse um anel de casamento e a jovem passou a usar este acessório no dedo
anular de sua mão esquerda, pelos menos quando transitava nas dependências do
condomínio, com ou sem a companhia do militar. Próximo ao aniversário de Melina,
Suellen começou a se indispor com André e exigiu que este lhe comprasse também um
bom presente. A morena alegou que precisava de uma telefone celular mais moderno
e mais seguro, pois alegava estar suspeitando de ameaças á segurança e à privacidade
de seu smartphone, e assim exigiu um aparelho mais moderno para seu “amante”. Ela
sempre tinha esse comportamento perto do aniversário de sua irmã caçula e não
aceitava que André presenteasse apenas a outra, senão ficava emburrada e de mal
com ele. No aniversário de Melina viajaram os três para comemorar. Foram
cocnehecer as praias quase desertas de Tutóia e dos Pequenos Lencóis Maranhenses.
Andreza fazia constantes exigências ao militar. André e Melina tiveram inclusive que se
mudar para um apartamento de aluguel mais barato e mais ventilado, de modo a não
precisarem de ar condicionado no dormitório, pois a morena exigia mais dinheiro do
rapaz e este precisou reduzir suas despesas com Melina. Andreza também não
concordava que André desse mais conforto para a ruiva, visto que ela, Suellen, quase
não usava ar condicionado a princíopio, e gostaria de ter os mesmos direitos que sua
irmã caçula na relação com ele. Até a foto de rosto das duas na página do Instagram
era semelhante: sentadas no banco dianteiro do carro, e com o cinto afivelado.
Parecia uma espécie de competição entre as irmãs.
Andreza Suellen também desejava um telefone celular mais moderno pois
estava pensando em gravar pequenos vídeos de conteúdo erótico para vender em
alguma plataforma ou aplicativo com fãs que pagam por esta forma de conteúdo. Seria
o “Stúdio A“, mas ela ainda estava adquirindo coragem para assumir essa atividade. Já
com esse intuito, a morena retirou as suas fotografias de todos os aplicativos, inclusive
de mensagens e telefone celular, e das suas redes sociais, para dificultar ser
reconhecida quando começasse a gravar e vender os conteúdos de vídeos e imagens.
Ocorreu também em pouco tempo o falecimento da avó materna de Andreza,
mas esta cumpriu um luto de apenas um dia e meio e já rertornou aos seus programas
de sexo. A garota teve pouca consideração ao luto de sua avó Augustinha.
Melina continuava com os planos de remontar a casa de prostituição e
enquanto isso continuava com sua hipocrisia seguindo vários pastores e teólogos em
suas redes sociais. Vez por outra ela também frequentava alguns cultos evangélicos.
Perto da formatura de sua irmã primogênita e do aniversário de seu avô
materno, Suellen decidiu colocar um novo anúncio no site de acompanhantes. Ela
escreveu na propaganda:
“Prazer. Eu me chamo Ana Manu. Linda e totalmente natural.
"Como eu sou? Morena, altura mediana, seios pequenos para médios, cintura
fina e bumbum grande. Não atendo mulheres. Faço vídeo de verificação.
“Sou gentil, educada e discreta. Procuro homens com as mesmas qualidades.
Parecia até que Andreza procurava por um namorado, com este tipo de
anúncios que fazia na internet, oferecendo seus serviços sexuais. Mas ela desejava
mesmo era um homem que, acima de tudo, reconhecesse seus dotes sexuais, e
pagasse bem por esse serviço e pela sua companhia.
Apesar de não querer fazer o jogo de “namoradinha” nos programas, Suh tinha
gostado do esquema de se envolver um pouco mais com os clientes, e fingir que estes
eram seus “namoradinhos”.
Alguns dias depois Andreza conheceu um homem chamado Marcos Alexandre,
um pequeno empresário, e com ele fez três programas num intervalo de dez dias. Na
terceira vez que se encontraram, ele reclamou do preço dos programas, já que
estavam tendo atendimentos frequentes, e Manu lhe ofecereu a possibilidade de que
ele a pagasse por mês um valor pré-ajustado e estipulassem programas mensais.
- Olha, meu bem, se você quiser me repassar um valor fixo por mês, e a gente
combinar um número certo de atendimentos, acho interessante – propôs a garota. -
Pode ser vantajoso para mim e para você. Já fiz desta forma com um cliente uma certa
oportunidade e deu tudo certo – mentiu em parte a garota. - Pode ser?
- Pode sim; vamos negociar, então, um valor – concordou o cliente.
- Exatamente; vamos chegar a um consenso.
Ela tinha gostado da ideia de receber uma quantia fixa e pré-determinada por
seus serviços. E a mesma estória de antes se repetiu...
Alguns dias depois a acompanhante viajou com seu pai e sua “madrasta“ para
comemorarem o aniversário da mãe de Angélica, que morava em uma cidade próxima.
Lá, foram a um culto evangélico e na recepção do aniversário Suh conheceu algumas
pessoas, todas evangélicas; com eles fez amizade e passou a segui-los nas redes
sociais. Sua mente era muito conflituosa...
Pouco tempo depois Ester se reencontrou com Margareth em um evento da
igreja evangélica. Elas tinham sido vizinhas na Vila Brasil. Começaram a trocar ideias.
Margareth contou que sua filha Carla, que fora colega de Suellen na mesma rua, já era
casada, tinha duas filhas e possuía um bom emprego público em São Luís. Frequentara
a faculdade de Administração e já era concursada num órgão público. Ester
parabenizou Margareth pelo sucesso de sua filha. A seguir esta mulher perguntou pela
filha de Ester e a última respondeu, mentindo:
- Andreza não se casou ainda; ela possui um namorado e está quase noiva, mas
não ainda. Ela ainda não é mãe.
- Que bom! Ela é evangélica?
- Sim.
- Mas frequenta onde?
- No bairro onde ela mora, o Turu.
- E ela trabalha com o que, amiga?
- Minha filha é uma moça maravilhosa. É muito esforçada e bastante estudiosa.
Andreza se formou em Contábeis. Ela presta serviços on-line tipo home office para
vários escritórios de contabilidade desde a pandemia e ajuda a irmã nos negócios,
além de auxiliar na contabilidade do pai e da namorada dele, pois ela possui um salão
de beleza.
- Pois que bom, amiga. Parabéns pela sua filha também. Foi um prazer te
reencontrar.
E se despediram neste instante.
Aquela mãe, assim, guardaria sempre de sua filha, em sua memória, aquelas
imagens de uma jovem adolescente, bela e sorridente, que um dia se mostrou para
ela. Imaginava sempre ver sua filha chegando à sua casa, com esposo e filhos, para
visitar a residência da vovó, mas até agora não fôra possível. José, igualmente, vez por
outra, procurava seus antigos álbuns de fotografias, e ficava apreciando os retratos de
sua filha, e não raramente formava discretas lágrimas em seus olhos. Mas a vida
prosseguia e era necessário aceitar a realidade.
Fim