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Giulia Russomanno
Copyright © 2022 Giulia Russomanno
Os personagens e as situações desta obra são reais apenas no universo da ficção, não se
referem a pessoas e não emitem opinião sobre elas. Russomanno, Giulia Talvez a
mensagem certa / Giulia Russomanno.
ISBN: 978-65-00-40396-1
São Paulo: Giulia Russomanno, 2022. Capa Eduarda Oliveira Preparação e revisão Maytê
Moreira
[2022] Todos os direitos desta edição estão reservados à Giulia Russomanno. São Paulo,
SP
Olá, leitores!
Tudo bem que eu não tive aquele papo com a garota ontem,
mas ainda tenho o número dela, o que significa que poderia mandar
mensagem... Ou que não poderia, porque obviamente não era para
ter o número dela.
Hoje eu vou aproveitar real. Hoje eu vou ser um de todes. É
de memórias que se vive. Espera, de memórias? Não, isso está
meio estranho, não quero viver de memórias, mas viver de agora
fica muito clichê. Enfim, eu vou apenas viver aqui o momento que
universo está proporcionando. Melhor, bem melhor.
Gustavo já está uma bomba de álcool e eu não estou
diferente. Aparentemente esse tal de “chevette” é a pior coisa que
eu já tomei. Gustavo ama, e sério, eu tenho muita frescura para
bebida e comida, mas o que vale hoje é ficar levemente alcoolizado!
Hoje é o dia mais lotado possível, o mais barulhento, e tem
motivo. Anitta e Pabllo Vittar. Não tem como isso aqui estar
tranquilo. E acho que esse foi o maior motivo para que Gustavo
implorasse para que eu não desistisse no meio do caminho. Eu não
conheço muito as cantoras mas sei algumas músicas, e são
viciantes. Assistir a elas dançarem já é um sonho.
Gustavo quer ficar o mais perto possível do trio elétrico. Uma
esmagação total, ele disse que essa é a melhor parte. Elas pararam
de cantar e estão chamando algumas pessoas para dançar lá em
cima. Eu sei dançar. Eu sempre gostei de dançar, só que meus
sonhos da dança foram cortados pelo meu avô, que convenceu
meus pais de que isso não era coisa de “macho”. É, minha família é
bem conservadora. Minha mãe nem tanto, mas ela costuma
concordar com o que meu pai fala, então não tinha muita
escapatória.
Ficar parado nunca foi uma opção para mim, então o primeiro
esporte que tentei foi o vôlei, e logo de cara eu me enturmei com a
quadra e com os movimentos. Acho que todo esporte é uma dança,
cada um tem seu ritmo... E foi assim que minha carreira de jogador
começou, sinto saudade do começo, quando eu meus colegas de
time só queríamos competir com os outros times e não entre nós.
Eu fico nostálgico só de pensar em quando colocava o uniforme de
treino do meu primeiro time. Depois as coisas ficaram mais sérias, e
eu aprendi que competir faz parte desse meio, odiava ter que
competir por tudo, mas agora acho que fui engolido por aquilo que
abominava. É só anunciar uma aposta que eu já quero ganhar.
— Ei! — Gustavo olha nos meus olhos. — Duvido você subir
lá. — Ele aponta para o trio elétrico.
— Tá, mas subir e fazer o quê? — Ele sabe que usar a
palavra “duvido” comigo é sinônimo de que eu vou fazer.
— Subir e dançar na grade. — Levanta as sobrancelhas duas
vezes.
— Fechado — respondo, e ele me dá um gole da bebida que
está segurando. — Me dá dez minutos, gatão.
Fácil não vai ser, mas seduzir uns seguranças com um
sotaque argentino sempre funciona.
17 A.J
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Não sei mais o que eu tenho que fazer para deixar na cara
dessa estressadinha que eu não quero ser só amigo dela. Pelo
amor, não é tão difícil de entender, ainda mais com todos os sinais.
Tudo bem, paciência, que tudo vai ser como deve ser.
Chegou a vez dela no agachamento com a barra, Gustavo
fez quarenta repetições, ela vai passar isso, e eu sei que não vai
parar no quarenta e um, o jeito que ela me olhou depois do que eu
falei significa que ela está em guerra. Mas eu não!
Em guerra com meu coração.
— Ok! Você ganhou, vai acabar rasgando a costura! — digo,
vendo o suor escorrer e molhar suas costas.
— Somente amigos têm essa preocupação, Matias — ela diz,
ainda insistindo em continuar.
— Tenho certeza de que amigos não ficam reparando tanto
na costura da calça de alguém...
— Sinceramente eu não tenho a mínima ideia do que você tá
falando.
— Elas estão ganhando, cara, amanhã é nossa última
chance de provar nosso valor — Gustavo diz.
— Uma batalha difícil, mas não recomendo comemorar antes
da vitória... — olho para as duas, e elas se entreolham.
— Amanhã é corda, eu amo pular corda — Cate diz.
— Você sabe que a gente não vai cantar enquanto você pula,
né? — Gustavo provoca.
— Palhaços — Cate responde.
— Por que está me incluindo nisso? — pergunto,
dramatizando.
— Não sei, acho que hoje você merece, atletinha.
— Amanhã as duplas voltam? — pergunto e olho para Anaju.
— É, desde que eu possa beber água em paz — ela diz me
fitando.
— Vou encher quantas garrafinhas você quiser — digo, e vejo
um quase sorriso se esboçar nos lábios desenhados dela.
Um puta sorriso que faz eu querer beijar ela todinha ali
mesmo.
43 A.J
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Eu lembrei.
Acordei e a primeira coisa que lembrei quando coloquei a
xícara de café na boca foi das palavras que ele disse durante a
festa. Quando eu estava em seu ombro.
O que eu não lembro é o que eu disse, eu mal conseguia
formar duas palavras sem ter que queimar vários neurônios. Mas eu
recordo de ele ter dito que queria que eu me apaixonasse por ele.
— Aconteceu alguma coisa? — Nego com a cabeça e avanço
para perto dele. — É melhor você não chegar perto...
Assim que eu dou dois passos, o sensor do chuveiro aciona e
me molha toda.
— Droga! Por que não disse? — Ele ri, e eu tento torcer a
regata branca que coloquei.
— Eu disse! — Ele olha para regata e eu percebo que ela
ficou transparente, merda. — Por que veio, Anaju?
Encaro o seu rosto cheio de ângulos, ele me olha fixamente,
mas eu analiso cada pedacinho do rosto dele que está molhado, o
cabelo castanho escuro cheio de bolhas do xampu, ele passa a
língua no lábio, fazendo com que eu pisque mais rápido. Desvio
para a pintinha no alto da bochecha. Um lugar seguro, acho...
Achava.
Por que eu vim? É complicado, mas talvez seja incrivelmente
simples. Tão simples que faz eu querer correr para todos os lados.
Quero passar a mão no cabelo na tentativa dessa sensação de
desespero que cresce em meu peito passe. Só que meu coração
acelera demais agora, sinto minha perna gelar. E se ele não se
lembrar de nada sobre ontem? Se eu simplesmente estive muito
chapada e imaginei toda essa fic? Abro a boca para dizer o que eu
vim fazer aqui... E a única coisa que consigo pronunciar é:
— Ontem — consigo dizer só uma palavra e para piorar ele
reprime os lábios lentamente.
— Sim, ontem. — Vejo o pescoço dele mexer.
— Por que não me beijou? — digo, e minha respiração
acelera e as bochechas queimam. Não acredito que eu realmente
disse isso.
— Quer que eu te beije? — ele pisca várias vezes.
48 M
Ela não responde, mas vejo seu olhar pousar em minha boca.
Cruzo o pequeno espaço que nos separa. Os olhos dela brilham
tanto, afasto o cabelo, agora escuro e tão ensopado, que grudou no
ombro dela.
Deslizo as pontas dos dedos por seu braço, seguro sua mão
e ela sobe a outra pela minha lateral. Quase perdi tudo ali. Ela se
junta ao meu corpo, e eu sinto seu peito subir desesperadamente
com a respiração.
— Quero. — Sorrio para ela e ela sorri toda boba de volta,
brincando com os dedos no meu cabelo espumado.
Uma palavra tão pequena, mas que confirma tudo aquilo que
eu estava louco para saber. Tudo aquilo que eu queria. Ela pode
estar nervosa, só que eu tenho certeza de que é capaz do meu
coração sair pela boca.
Os olhos dela imploram, poderia ficar dentro deles quanto
tempo fosse possível. Eu poderia rolar naquele olhar verde como
um gramado de fim de tarde, passar o dia todo ali e nunca me
entediaria. Meu devaneio acaba quando ela passa a língua nos
lábios entreabertos. Todo meu ser desmorona bem ali, na boca dela.
— Eu sei que quer.
Passo meu braço em volta da cintura dela e a encosto na
parede, fazendo o chuveiro acionar de novo. Mas ela parece não
ligar enquanto segura em meus ombros. Ficamos ali nos olhando,
em um momento olho para os lábios dela e a beijo.
Ela investe de volta, sinto sua língua na minha, seus lábios
nos meus. Algo em meu peito estremece, cada toque é em câmera
lenta, em meus ouvidos não ouço mais nada a não ser a respiração
entre os beijos. Ela morde meu lábio fazendo eu esquecer a
suavidade que começamos... Tudo fica mais intenso, mais eufórico
e sem a necessidade de ar.
Desço as mãos, que estavam em suas costas, e ela geme
em minha boca. Ela passa mão nas minhas entradas do abdome,
me deixa em um estado que ela vai poder sentir pela toalha se não
dermos uma pausa. Respiro em sua boca e a encaro, ela abre os
olhos e me encontra a admirando.
— É, eu tô sentindo — Ela passa a mão no meu pau por cima
da toalha.
— Meu deus, Anaju... — É a única coisa que consigo dizer
enquanto fito de suas pupilas dilatadas para sua mão no tecido.
— E agora?
— Agora somos mais que amigos, boba. — Ela limpa o
xampu que escorreu para minha bochecha.
— Eu gostei, muito. — Ela continua com a mão sobre a
toalha.
— Quando vai parar de me torturar?
— Agora. — Ela me dá um beijo suave deixando a minha
vontade de sentir seus lábios novamente ainda maior. — Vou ter
que arrumar a mala e estudar um pouquinho antes de dormir.
— Ainda continua me torturando — digo, e ela dá de ombros.
— Isso que dá não especificar que não quer seu meu amigo!
— Eu a seguro pelo braço e a puxo para mim.
— Vai sair com essa blusa transparente e sem sutiã na rua?
— Passo a mão pelo seio dela, e ela fecha os olhos com força,
mordendo o lábio.
— Que pervertido!
— Não foi eu quem invadiu o vestiário, sabia? — Ela cruza os
braços escondendo os peitos. — Não vi nada, prometo! — Ela revira
os olhos. — Pega minha camiseta limpa na bolsa, estressadinha.
Ela fica de costas e tira a regata, ficando com as costas nuas
para mim, passo um dedo em sua coluna, e ela continua se
trocando, como se não sentisse meu dedo ali.
— Adorei, vou roubar — diz ela, alisando a camiseta que
coube perfeitamente no seu corpo.
— Te vejo amanhã na viagem. — Ela me dá um último beijo e
sai nem olhando para trás e me deixando extremamente duro.
Na hora em que ela cruza a porta eu dou gritinho baixinho de
emoção, é incontrolável.
— Matias Miranda! — escuto ela gritar do corredor, mas as
portas do elevador se fecham e ela não tem tempo de zuar com
minha cara. Não me importaria, estou apaixonado demais para isso.
49 A.J
◆◆◆
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[...]
Eu vou te amar como um idiota ama
Vou te pendurar num quadro bem do lado da minha cama
Ele faz questão de me olhar por alguns segundos. Esse
garoto quer minha alma, só pode ser isso.
— Idiota — digo sorrindo.
— Demais. — Como eu tiro esse sorriso da cara? — Não
para de sorrir, por favor. — Ele pousa a mão em minha mão sobre a
perna.
Olho para trás e vejo Cate dormindo no colo de Gustavo.
Chegamos na entrada do condomínio, e Gustavo acorda para
identificar quem está entrando. Passamos pelas casas, e todas elas
são extravagantes, mas todas com tema de praia.
— Aqui. — Gustavo aponta para um sobrado com muito
paisagismo. — Amaram?
— Você tem um hotel e não falou nada? — Matias diz.
— É, argentino, sou misterioso... — Matias e ele riem.
Pelo corredor enorme que separa a casa, consigo ver a praia.
A praia.
— Fica literalmente na praia? — eu e Cate perguntamos ao
mesmo tempo.
52 M
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Caterina está agitada, mas sei que isso vai durar pouco,
assim que ela encostar a cabeça no travesseiro vai apagar.
— Eu disse para ele no começo que ia ser só uma vez e
pronto — ela comenta sobre Gustavo —, mas a gente acabou
dormindo e ele acordou duro... Eu tinha que aproveitar aquilo.
— Aproveitou? — pergunto deitada.
— Não resisti, e foi bom, isso que importa, mas hoje ele
achou que iria rolar de novo! — assinto e lembro o quão na seca
estou.
— Me diz, era grande?
— Consideravelmente enorme — Cate diz, revirando os olhos
enquanto se deita ao meu lado.
— Deve ter dado trabalho... — respondo, me virando para
ela.
— Uhum — ela boceja. — Tanto que me fez querer dormir
hoje o dia todo.
— Tá calor demais nesse quarto, vou ver se acho o
climatizador. — Ela faz um barulho indicando que ouviu.
Ando pela casa procurando algum painel pelas paredes, mas
não acho nada. Quem escondeu essa merda? Fala sério, é capaz
de eu dormir na areia, que está mais fresca.
Pode estar até calor, mas tenho certeza de que depois do
evento do protetor, meu corpo não consegue se estabilizar com
nenhuma temperatura que não esteja pelando.
Vou para cozinha pegar um copo de água gelado, beber
quantos forem necessários para congelar o que pulsa no meio das
minhas pernas.
Pego um copo de vidro e coloco na porta da geladeira que sai
água, será que pego um suco? Abro a porta e pego a garrafa de
suco de uva. Assim que a fecho, me assusto com Matias encostado
no balcão sem camisa. Puta merda, só pode ser algum tipo de
alucinação que está a fim de me provocar hoje.
— Tá muito quente nos quartos — ele comenta, provando
que não é coisa da minha imaginação.
— Vim pegar uma água, parecia o deserto na minha boca. —
Vou andando para o corredor antes que ele toque no assunto da
praia e eu não saiba o que falar.
Ele segura meu punho, olho para a mão em volta do meu
braço, subo o olhar para encontrar o dele, que me esperava
brilhando, querendo dizer algo.
— Por que você não fica? — Ele suaviza os dedos que
contornam meu punho.
Merda, como eu vou dizer o que passa na minha mente com
esses olhos castanhos me devorando a cada instante?
— Eu quero, meu coração quer, mas ao mesmo tempo minha
mente diz para eu tomar cuidado, não pisar em falso e acabar indo
tão fundo, destruindo o que restou dele — digo, e a sua boca se
abre, pensando no que responder.
58 M
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Essa é a coisa mais linda que alguém já fez por mim. Nem
sei como reagir. Fico olhando para ele e para o papel várias vezes.
Passo a mão por sua bochecha e circulo a pintinha que eu encaro
toda vez que fico nervosa por ele fazer algo fofo.
— O que eu faço? Eu não sei escrever coisas assim, Matias
— digo, e ele ri em minha frente.
— Se me beijar eu te desculpo por isso — ele dá dois
pequenos passos, ficando colado a mim, seguro em seu pescoço e
toco meus lábios nos dele, sorrindo.
— Vou te visitar assim que eu conseguir — digo, e o abraço o
mais forte que eu consigo.
— Se eu tiver inteiro vai ser muito bom, gatinha — ele diz
com a voz sufocada.
— Matias! — Gustavo grita da fila. — Ana, vou sentir
saudades, vem no lugar dele, por favor! — Ele manda um tchau
assim que passa pela catraca e eu faço o mesmo.
— Tenho que ir. — Matias segura minha mão.
— Boa viagem, me liga quando chegar, promete? — digo.
— Prometo ligar até quando você não quiser. — Ele acaricia
minha bochecha e eu o observo se afastar.
Chego em casa e leio o que ele escreveu várias e várias
vezes. Quero tanto ouvir a voz dele de novo.
Eu estou tão apaixonada por esse garoto que seria capaz de
ir até Minas andando.
Epílogo
Faz três meses que eu não vejo Matias. Por todo esse tempo,
nosso namoro foi regado de ligações na madrugada e mensagens
todos os dias.
Mesmo longe, foram dias perfeitos, às vezes ele me irritava o
bastante para não querer atender, mas ele sempre me surpreende
no fofurômetro.
A gente assistiu a inúmeros filmes juntos, e pelo menos umas
duas vezes “Up - Altas Aventuras”. Matias fez até apresentação no
Power Point do porquê esse é o filme favorito dele. Escutei toda a
palestrinha, e minha conclusão é que ele gosta de filmes infantis
extremamente tristes.
No dia da minha consulta com a psicóloga eu estava
desesperada, estava ansiosa de ter que falar sobre mim, eu não
sabia o que dizer a ela. Fiquei na porta do lugar por um tempão,
mas Matias me ligou para perguntar como foi, e eu percebi que o
horário tinha passado, então ele me acalmou por ligação, conversou
sobre coisas idiotas de que a gente ri à toa. Então entrei na sala,
que estava vazia, e expliquei para a psicóloga o que houve, ela
estava com a agenda mais flexível naquele dia, então eu consegui
falar.
Agora que estou sentada dentro do avião, penso em tudo
isso e em como eu estou me sentindo, como eu cresci, como eu
consegui me enxergar e me permitir viver o que eu não suportaria
sofrer novamente.
Peço um Uber no terminal e vou para o apartamento que
aluguei, que coincidentemente fica no mesmo bairro em que Matias
mora. Obra do destino que eu tracei.
Deixo minhas malas e vou para o lugar que os meninos
alugaram para morar os dois junto com a metade do time.
Ligo para Gustavo dizendo que eu cheguei, e ele vem liberar
a entrada do condomínio para mim.
— Ele vai chorar, você sabe como ele é todo dramático — diz
me abraçando.
— Sim, só ele — Gustavo assente.
Me sento no sofá da sala e espero ele aparecer. A casa está
silenciosa, também são sete horas da noite numa sexta-feira.
Matias, desce as escadas usando um moletom todo cinza-
claro. Ele se senta no sofá digitando algo no computador e nem me
percebe ali. Me ajeito fazendo barulhos, mas ao mesmo tempo
sendo discreta.
Ele olha por cima da tela do computador e o fecha no mesmo
instante, jogando-o para o lado e me atacando no sofá.
— Espera! — ele diz me abraçando. — O que você tá
fazendo aqui? Como entrou aqui?
— Vou morar aqui — ele arregala os olhos. — Passei na
segunda chamada de odonto da UFMG, e o Gustavo me deixou
entrar.
— Eu estava escrevendo um e-mail pra você — a gente envia
e-mails um para o outro uma vez por semana — dizendo que eu ia
para São Paulo porque estava sentindo a sua falta.
— Agora não vai sentir mais. — Ele aperta meus lábios com
os dedos.
— Você passou na faculdade! É muita informação, eu vou
surtar! — Matias fica me encarando, e vejo seus olhos brilharem.
— Eu queria tanto ver você chorar. — O queixo dele cai
enquanto eu rio.
— Tenho uma namorada má, onde eu fui me meter?
— É bonitinho! — Ele sorri.
— E o Folião? — ele pergunta animado.
— Caterina vai trazer semana que vem, vou arrumar o
apartamento antes dele chegar. — Ele assente.
— Por enquanto tenho toda sua atenção, então? — Matias
diz, encostando o nariz no meu.
— Hmm, não sei não. — Ele me levanta em seu colo.
— Tenho, sim! — Sobe as escadas. — E a gente vai
maratonar filmes infantis.
Ele me deixa no quarto dele escolhendo o filme que iremos
assistir e traz pipoca doce. O dia está bem frio, então ficamos
aninhados debaixo da coberta.
— Por que você pausou? — pergunto com a boca cheia de
pipoca.
— É que eu precisava muito te dizer que eu amo você, eu
queria falar antes, tipo, eu escrevi, mas eu queria falar, sabe? — ele
diz rápido, e dessa vez sou eu quem fica com vontade de chorar.
— Eu também te amo. — Ele sorri com todos os dentes e
começa a beijar meu rosto inteiro.
— Juro que ainda vou fazer aquele pedido!
Agradecimentos
Esse livro só foi escrito por conta de vocês, leitores, que
queriam tanto quanto eu saber o que aconteceu com a Anaju.
Então, eu agradeço primeiramente a vocês.
Agora minhas betas, que fizeram comentários incríveis, e que
deixaram essa história melhor. Me diverti tanto escrevendo, mas
assistir a vocês lendo foi a melhor parte. Obrigada, Giovanna
@thebookdilemma, Leticia @mithy.art, Jessica @jessbybooks,
Rebeca @redomadelivros e Caroline @ccarolbooktok, sem vocês a
Anaju e o Matias não teriam vida.
Agradeço muito à minha família, que sempre entende meus
surtos, mesmo não tendo a mínima ideia de quem eu esteja falando.
Obrigada a você que acompanhou a história desse encontro.
E vocês sabem o que vem por aí, né?
Peço que avalie ao final da leitura, pois ajuda muito!
Almas Opostas
Ciaran é a princesa do império, e ao completar dezenove anos seu
pai vai obrigá-la a casar-se contra sua vontade.
No dia do aniversário ela decide que vai fugir e se algum dia ela
decidir retornar, não vai ser com um marido ao seu lado.
A noite da festa chega e ela conhece dois garotos, dois piratas, Ezra
e Milo. Eles vão encorajar e ajudar Ciaran a escapar do império.
O que eles não esperavam, é que os segredos daquele mundo iam
virar suas vidas de cabeça para baixo…