Você está na página 1de 4

Capítulo 2

Dayana

Eu acordei naquela manhã meio tonta, eu me medicava todas as noites para conseguir
dormir. Me levantei tomei uma água e fui para o banho.

Iria uma escritora ou jornalista não sei ao certo oque ela era, para me entrevistar, para mim
contar a história da minha vida.

Eu estava me sentindo ansiosa e aliviada ao mesmo tempo eu acho. Quando eu fui para o
banho eu vi que minha filha, Madelyn estava me ligando, eu e Madelyn nunca tivemos uma
boa relação, mas ela era uma das últimas coisas que eu amava, não sabia se ela me
amava ou me odiava, uma pessoa como eu não merece ser amada então eu apostava que
ela me odiava. Ela me ligou para me lembrar que no final de semana era aniversário da
minha neta e do meu neto, eles são gêmeos, a mais velha se chamava Violett e o mais
novo claro só alguns minutos o nome era Harry. Eu jurava que Madelyn me odiava, mas ela
sempre me mandava presentes no meu aniversário e dia das mães e fazia questão que os
filhos dela convivessem comigo, apesar de tudo eu acho que ela sabia que eu era uma
pessoa sozinha.

Madelyn era mae solo, quando ela engravidou o pai que era só um namorado dela, fugiu,
ela também não fez questão dele, claro uma ajuda seria bom mas ela tinha um bom
emprego e a própria vida dela, eu sentia como se eu tivesse a obrigado a começar uma vida
muito cedo, para não ter que conviver comigo.

Claro que me lembrei do aniversário dos meus netos, eles estavam ansiosos a dias para
essa festa, não sei porque ela quis me lembrar.

Eu também tinha um garoto, um filho, Adrien, eu e Madelyn nunca tivemos uma boa relação
e Madelyn também nunca parecia fazer questão, as vezes eu até tentava me abrir mais com
ela mas ela parecia nunca aceitar mas Adrien não, sempre me senti tão culpada por nunca
demonstrar por ele como ele merecia, ele se preocupava, ele me tratava bem, Adrien com
certeza puxou ao pai dele e a Madelyn a mim, a minha raça ruim. Ele sempre perguntava se
eu estava bem, se eu não queria sair com ele, assistir algum filme, avisava quando ia sair,
sempre foi um bom garoto, sempre passou o dia das mães comigo, amo tanto meus
meninos.

Eu desliguei o celular e finalmente fui tomar banho. Eu nunca gostei muito de entrevistas
mas para essa eu estava ansiosa, então eu realmente me arrumei porque eu queria, e
faziam tantos anos que eu não fazia isso.

Eu morava na mesma casa desde 1977, nunca tive coragem de me mudar dela depois de
tantas memórias que eu vivi naquela casa. Eu desci as escadas e mais uma vez como
todos os outros dias o café da manhã já estava pronto e todas as manhãs o mesmo café da
manhã sozinho, até mesmo quando eu tinha Madelyn em casa o café era sozinho, Madelyn
odiava fazer suas refeições perto de mim, ela sempre tomava café antes de mim ir para a
mesa ou tomava café na cozinha, nunca impliquei com isso eu a amava mas estava no seu
direito tendo uma mãe tão horrível. Adrien sempre tomava café comigo, na maioria das
vezes no sofá e jogando algum desses jogos que começaram a inventar quando ele
nasceu, mas sempre tomava café comigo.
Minha irmã quando tomava café comigo era melhor, eu me sentia menos sozinha mas ela
se mudou de estado e nunca mais fez tanta questão de me visitar de novo.

Liliana a jornalista iria chegar só 10:00 da manhã e ainda eram 08:20. Eu comi, fui para o
jardim ler um pouco, mas nada tirava minha ansiedade para a Liliana chegar, fui assistir
televisão e tomar um chá, ajudou um pouco mas ainda estava ansiosa, acho que tomei um
bule de chá inteiro esperando Liliana, então ela finalmente chegou, faríamos a entrevista na
sala de estar, estava tudo pronto, levaram o bule de chá e eu fui atender Liliana.

Ela parecia nervosa mas ela não estava tremendo nem nada do tipo, ela sorria demais,
pessoas que dão muitos sorrisos e muitas risadas sempre são as que estão mais confusas
com sua própria vida ou as vezes nem gostam dela tanto assim.

— Seja bem vida senhorita…?

— Liliana, jornalista e escritora Liliana.

— não boba seu sobrenome. — dou uma risadinha

— Liliana Miller senhora.

— Belo nome. Pode se sentar por favor fique a vontade, prefere chá ou café?

— qualquer um dos dois está bom.

— não eu sei que você prefere um, todos preferem um.

— nesse caso então café.

— curioso. — eu disse e ela pareceu curiosa com a minha resposta.

— curioso porque?

— a maioria das meninas da sua idade preferem cha.

— então eu não sou todas as meninas da minha idade.

eu dei um sorriso e ela pareceu envergonhada.


ela pegou uma caneta e um caderninho e tirou um gravador da bolsa mas não ligou nem
colocou em algum lugar para gravar oque eu estava falando, ela apenas pegou o gravador.

— Entao senhora Traher oque tem a dizer sobre estar contando a sua história agora para
um livro que provavelmente inspiraram filmes e séries e muito mais? e como se sente com
isso?
— Estou com 70 anos senhorita Miller, nunca contei minha história real para ninguém, oque
se sabe são esteriótipos de mim, quero que as pessoas conheçam minha história porque eu
sou muito mais que apenas uma cantora filha de dois atores famosos e pela primeira vez na
vida estou sentindo que vou ser sincera com a imprensa e as mídias sociais, os jornais e
qualquer mídia que divulgar minha história.

— porque você acha que nunca foi sincera com a imprensa? — Liliana me perguntou.
Liliana era uma escritora. Escolhi uma escritora ou jornalista iniciante porque eu senti que
uma escritora iniciante iria se sentir mais interessada e importante em escutar minha
história, queria tornar alguém nesse mundo antes de morrer importante, alguém que
precisasse disso e que tivesse essa ambição.
Ela era uma mulher muito bonita, ela era parda, cabelos cacheados, olhos castanhos.

— Veja senhorita Miller, eu nasci e cresci sem privacidade, sou filha dos maiores atores que
já passaram por hollywood, apenas marilyn monroe conseguiu passar os dois, eu cresci
repleta de câmeras, de jornalistas perguntando da minha vida e até mesmo dos meus pais,
com o tempo eu aprendi que a imprensa não pode saber sua vida inteira porque eles vão
usar isso contra você, os mais amados do público não sabemos quase nada e os que
sabemos tudo são odiados. Nunca fui realmente sincera pois eu pensava se as pessoas
continuariam me amando sabendo tudo que eu fiz e se como é a minha vida inteira. Estou
com 70 anos, nem mesmo a família que me restou sabem muito da minha vida e agora me
sinto finalmente pronta para contar tudo que aconteceu na minha vida.

— Então ninguém de fato conhece sua vida e quem você é?

— não. O amor da minha vida soube de tudo.

— Se a senhora se sentir confortável em começar sua história, pode começar.

Liliana era uma moça calma porém seria, mas ela parecia interessada no que eu tinha a
falar, parecia curiosa.

— oque a senhorita tem mais curiosidade em saber? — pergunto a ela. Acendi um cigarro
na hora.

— eu não sei, a senhora e uma figura tão grande e importante e conhecida, uma pessoa
como eu tão insignificante tem vontade de saber tantas coisas.

— se você quer saber tantas coisas, diga a que você mais quer.

— eu gostaria muito de saber como foi a sua criação, porque a senhora nasceu sendo tão
conhecida e seus pais eram tão ocupados, gostaria de saber como foi isso.

— isso é uma pergunta curiosa, mas eu posso te garantir que a criação de uma criança
“normal” e muito melhor que a criação de uma criança com pais influentes.

— Pode começar sua história se quiser senhora Thaher.


Liliana colocou um gravador na mesinha de centro da sala onde nós estávamos, uma amiga
minha que era funcionária da casa ela limpava a casa, fazia comida, arrumava a casa ela
era uma faz tudo. Ela trouxe chá para nós, a minha vida inteira odiei chá sempre preferi
café, mas você prefere café quando sua vida e doce, quando sua vida fica amarga você
prefere chá.

— eu nasci em 19 de dezembro de 1950, era pra mim ter nascido no ano novo mas a bolsa
da minha mãe estourou antes porque ela esbarrou em uma mesa, ela sempre disse que foi
pura sorte a bolsa só ter estorado e ela não ter tido um aborto.
Quando eu nasci minha irmã já tinha 05 anos, ela nasceu bem no começo do
relacionamento dos meus pais, foi por causa dela que eles se casaram, eu tinha uma tia
que ela não tinha todos os parafusos soltos, ela era medicada mas nem todos os
medicamentos do mundo melhoravam as paranóias da minha tia. Minha vó falava que ela
era assim porque ela era apaixonada por uma outra mulher e o meu avô nunca aceitou e
ele internou minha tia, quando minha tia saiu, a mulher que ela era apaixonada tinha
morrido, minha vó falava que ela era doída agora porque ela achava que meu avô havia
matado a mulher, mas o meu avô morreu quando minha tia nasceu então isso não faz
sentido. bom de qualquer forma, essa minha tia dizia que minha irmã nasceu em um
relacionamento que ainda não tinha amor apenas “tesao” como costumam dizer hoje em
dia, eu era a filha que vinha de um amor, mas a minha irmã não então eles sempre viram
ela como um erro. Isso até que fazia sentido, meus pais tratavam a Ayla muito mal.
Eu não fui criada por meus pais, até os 13 anos não, eu fui criada por babás, por tias, pela
minha avó, meus pais só estavam presentes quando viajávamos no final do ano e era a
melhor parte do ano inteiro, aqueles dias são as primeiras memórias de felicidade que eu
tenho.

Você também pode gostar