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Copyright © 2017 Tania Giovanelli

Direitos autorais do texto original “A Herança de Sarah” -


Fundação Biblioteca Nacional

Todos os direitos reservados.

Está é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com


nomes, datas e acontecimentos é mera coincidência.
Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos
são frutos da imaginação da autora.

Capa: Aléxia Macedo


Diagramação: Tania Giovanelli
Revisão: Liliana Mathias e Tatiane Souza
Edição: 1ª

Giovanelli, Tânia
A Herança de Sarah/Tânia Giovanelli- São José do Rio
Pardo-SP
Tânia Giovanelli, Janeiro, 2018.
1. Literatura Nacional
2. Romance
3. Mistério
Sarah Martinelli sempre foi uma mulher inteligente e bem-
sucedida, mas o acidente que vitimou seus pais lhe trouxe
pesadelos, angústia e muita solidão. Tudo isso aconteceu,
há dois anos, em pleno dia de sua formatura. Algum tempo
depois, a jovem advogada recebe uma herança de seu
falecido avô, forçando-a a sair da capital mineira e viajar
para outro estado. E a sua vida, apesar de agitada e cheia de
amigos, toma um rumo diferente e inusitado: um novo
amor, apesar dos contratempos a espera. Traumatizada com
seu passado amoroso, Sarah será testada pelo destino,
precisando ser forte e corajosa. Um romance cheio de
aventura e suspense, cuja missão é ficar de olhos e coração
bem abertos.
ACORDEI COM O DESPERTADOR
TOCANDO estridentemente, olhei no relógio e vi que já
estava atrasada. Como a noite passou rápido! Sem muita
escolha, eu me levantei rapidamente, me troquei,
escovei meus dentes, lavei o rosto, enfim… Fiz
tudo de forma mais rápida e higiênica possível. Fui para a
cozinha pegar uma maçã e, ainda comendo, me encaminhei
para o carro. Infelizmente não dava tempo nem mesmo de
tomar um café decente, pois eu tenho uma audiência agora
cedo. Liguei a chave da ignição e segui o meu
destino. Pelo menos essa era a minha intenção. Precisei
pegar caminhos alternativos, visto que eu estava atrasada, e
o trânsito; caótico àquela hora da manhã.
Consegui chegar em cima da hora, entrei e fui
direto para sala da audiência, onde todos estavam me
esperando. Um tanto encabulada, eu pedi desculpas e me
sentei em meu lugar. Correu tudo maravilhosamente bem,
e, mais uma vez, ganhei a causa. Nunca perdi nenhuma,
diga-se de passagem. Aliviada, saí da sala ainda
ouvindo todos me dando parabéns. Sem perder tempo, corri
para o meu escritório, a fim de adiantar algumas coisas, já
que à tarde, eu almejava sair para comprar algumas roupas,
pois Nadya, minha melhor amiga, vai dar um jantar de
aniversário hoje à noite, e sei muito bem como são estes
jantares que ela sempre dá; chiques e cheio das coisas!
Alta e esbelta, minha amiga Nadya é muito bonita,
tem um corpo bem definido, cabelos pretos, longos e lisos,
pele clara e olhos verdes. Por onde ela passa chama
atenção, diferente de mim que não sou muito
alta, mas tenho um corpo bem definido também, já que me
cuido muito! Meus cabelos são cacheados e loiros para
baixo do ombro, olhos azuis e pele clara. A tenho como
uma irmã.
Adiantei alguns documentos e avisei à Ester, minha
secretaria, que eu não voltava mais hoje, que era só para ela
pegar recados e quando desse o horário dela, que trancasse
tudo, antes de ir embora. Como já tinha organizado tudo,
resolvi ir logo almoçar e aproveitar o restante do dia para
fazer compras e me preparar para o jantar.
Minha sócia aproveitou para tirar o dia de folga e
preparar o jantar de hoje à noite. Jantares são eventos muito
importantes para Nadya, especialmente o de seus
aniversários, algo que realmente eu nunca conseguia
entender, já que nunca a vi preparando algo simples como
coquetel, festa e familiares. Acho que ela não gosta desses
tipos de festas.
Assim que pisei no La Farina - o restaurante
Italiano localizado em meu bairro já me senti em casa.
Além de ser apaixonada pela comida italiana, lá eu poderia
fazer meu próprio prato e, mesmo que não fosse de comer
muito, isso para mim era uma vantagem. Mas o que de fato
fazia tudo ser aconchegante era o fato de conhecer todos
que trabalhavam ali.
Cumprimentei algumas pessoas enquanto entrei, fiz
meu prato e segui para uma mesa. E logo vieram trazer o
meu vinho Cabernet Sauvignon que sempre tomava na hora
do almoço.
Depois do almoço, parti animada para a Ara Macau,
minha loja de roupas preferida. Todos os funcionários
são muito simpáticos, o que faz com que eu me sinta
muito à vontade. Logo que cheguei fui procurar por Leon,
que sempre me falava a verdade se tinha gostado ou não de
uma roupa, mesmo que isso significasse que eu
não levaria a peça. Quando Leon me viu, veio correndo me
abraçar.
— Oi querida! Quando tempo que não te vejo! O
que te traz aqui minha linda? — Leon é homossexual. Será
por isso que ele é tão sincero? Não importa, pois,
independentemente de qualquer coisa, eu gosto muito do
jeito dele.
— Leon, eu tenho um jantar de aniversário para ir!
Da minha amiga Nadya! Você já está acostumado, já que
toda vez que ela faz aniversário, eu te procuro, então sabe o
meu gosto, não é?
— Claro que sei bobinha! — exclamou Leon,
fazendo graça com uma das mãos; enormes! — Vamos para
a sessão de festa, Sarita! — Então ele me levou onde só
tinha roupa de festa. Acessórios e peças mais caras, por
sinal, mas eu queria estar linda esta noite. E ele foi me
mostrando vários vestidos, mas o que me chamou atenção
foi um de tubinho preto de um ombro só, com um risco
largo branco nas laterais. Bem diferente. E a outra era do
mesmo modelo, mas vermelha, frente única e
comprida. Peguei os dois e levei no provador. Provei
primeiro o vermelho e quando Leon viu, bateu palmas,
dizendo que adorou. Voltei para o trocador e provei o
preto, quando me olhei no espelho, eu adorei o que
vi, pois marcou bem meu corpo, deixando-me sexy sem
ser vulgar. Sentindo-me linda, saí radiante, mostrando para
Leon como ficou, e ele simplesmente colocou a mão no
rosto completamente admirado.
— Sarah você ficou linda com esse vestido! Ficou
perfeita em seu corpo! — ele disse, e eu não consegui
esconder o sorriso de satisfação. Em seguida, voltei ao
provador e troquei de roupa.
— Vou levar os dois, Leon, já que cada um tem sua
beleza! — ele apenas concordou com a cabeça.
— Sarah você não quer levar uma sandália de salto
alto prata que amarra na perna até um pouco para baixo do
joelho? Vai combinar com os dois vestidos, que
tal? — sugeriu, piscando um olho azul, mas antes que eu
abrisse a boca, ele continuou: — Minutinho querida, vou
pegar dois modelos para você provar, seu número é 35! —
Confirmou, indo buscar a sandália. Não demorou muito, ele
as trouxe, então calcei ambas e dei alguns passos dentro da
loja para ver se servia bem e se era confortável. Ficou tão
perfeita quanto os vestidos. E eu tinha adorado.
— Leon? Eu vou levar! — ele me levou até o caixa
para pagar, agradeci a ele e dei tchau. Paguei e peguei a
sacola com a compra e fui para o meu carro, coloquei as
compras no banco e quando estava ligando o carro, meu
celular tocou, desliguei na hora para atender, mas antes
olhei no visor para ver quem era. Só que não conheci o
número, então atendi, já que podia ser cliente me ligando.
Ouvi uma voz que não conhecia.
— Alô! Gostaria de falar com Sarah Valentin
Martinelli, por favor! — Nossa quem seria para saber o
meu nome completo? Deve ser alguém conhecido, pois
nem uso Valentim no meu nome mais! Pensei.
— Alô! — Disse a voz de novo.
— Alô! — respondi. — É ela quem está falando!
— Boa tarde senhorita Sarah, meu nome é
Francisco, sou advogado do Seu Nicolas Valentim.
Estou ligando para avisar que seu avô acaba de
falecer. — Meu Deus! Meus olhos encheram-se de
lágrimas. Vovô Nic era o único parente que eu tinha! Meu
avozinho querido! Tinha tanto carinho por ele.
— Alô, dona Sarah, a senhorita está aí?
— Desculpa seu Francisco, fiquei muito abalada
com a notícia, pois adorava o meu avô.
— Sinto muito senhorita Sarah, ele vai ser velado
no velório municipal, e o enterro será às seis e trinta da
tarde. Aguado a senhorita lá, já que temos muito que
conversar! Tentei falar mais cedo com você, mas seu
celular só dava caixa postal. Só consegui falar agora.
— Muito agradecida seu Francisco. Quanto ao
celular, essas operadoras vivem deixando a gente na mão.
Mas logo estarei lá.
— Então até mais — e o moço desligou! Fiquei
arrasada e muito triste. Ainda mais por lembrar que meu
avô Nicolas estava morando em um chalé para idoso, pois
não tinha com quem morar. Eu até convidei meu avô para
morar comigo, só que ele não quis, preferindo ir para um
chalé, já que sempre dizia que lá se sentia em
casa. Confesso que quando conheci o local, me encantei! A
natureza nos arredores de Belo Horizonte é
fantástica! Apesar de não poder visitá-lo com mais
frequência, todas as vezes que eu passava o dia com ele,
percebia que ele estava sendo bem cuidado. E tudo isso
deixava meu vovozinho mais feliz. Depois que minha mãe
morreu, ele teve depressão, já que ela era sua única filha.
Foi bem difícil sua aceitação da perda de sua querida filha,
mas com o auxílio da equipe de médicos, demais
internados e o ar puro do conjunto de chalés, ele foi
melhorando a cada dia.
Liguei o carro, depois de pensar um pouco e segui
meu destino, fui direto para o meu apartamento me trocar,
pois não podia ir para o velório com roupa de trabalho.
Coloquei um vestido preto básico e saí direto para o
velório. Eu me sentia estranha… Confesso que nem chorar,
eu conseguia! Até sentia vontade, mas as lágrimas não
desciam, apesar de estar com os olhos cheios delas. Desde
a morte dos meus pais, nunca mais chorei.
Cheguei ao velório e percebi que tinha muita gente,
já que meu avô era muito querido, só que não conhecia
ninguém, pois sempre fomos muitos reservados tendo
apenas a companhia um do outro desde o dia em que meus
pais morreram. Creio que essas pessoas deviam ser seus
novos amigos do chalé! Fiquei até o fim do enterro do meu
avô, e quando estava indo embora, um senhor de mais ou
menos cinquenta anos me chamou pelo nome.
— Oi! O senhor me chamou!
— Oi senhorita Sarah, sou eu, seu Francisco, o
advogado do seu Nicolas. A gente poderia conversar em
um café que tem aqui perto?
— Sim podemos! Conheço um muito bom na
esquina da rua principal; “Café do Sol” Te encontro lá.
Entrei no meu carro pensando sobre o assunto que o
tal Francisco queria conversar comigo. Liguei meu carro e
segui meu destino, parando em frente a tal cafeteria. Após
vasculhar a área, eu notei que o homem ainda não tinha
chegado lá, então me sentei em uma mesinha que tinha na
calçada. Logo o garçom veio me trazer o cardápio. Apesar
da dor da perda, senti o estômago vazio, então pedi
logo um café e dois pães de queijo, pois só tinha
almoçado. Não demorou muito, seu Francisco chegou, e
com ele, o garçom, trazendo meu café e o pão de queijo.
Ele sentou na minha mesa e pediu um café para o garçom
que estava ali perto.
— Sarah, você está sabendo que seu avô Nicolas
deixou um testamento para você? Pois você é a única
herdeira viva que ele tinha! Ele falava muito em você —
exclamou o advogado, com ar sério. Quase engasguei. E
sem esperar pela minha resposta, ele continuou: — Você
sabia que para morar naquele chalé, ele teve que vender
quase tudo que tinha? Isso para ter todo conforto e cuidado
que uma pessoa idosa merecia! Eu conheço seu avô desde o
dia em que ele me procurou para vender alguns bens que
tinha para ir morar no chalé, já faz mais ou menos uns dois
anos, foi logo após a morte de seus pais.
— Eu não sabia que ele tinha bens! Pensei que
pagava com a aposentadoria dele! — respondi entre um
gole e outro de café. Estava admirada, pois realmente não
sabia.
— O fato Sarah, era que a aposentadoria dele não
dava para pagar todo conforto e cuidado que ele tinha lá.
— Entendi seu Francisco, mas o que tem no
testamento?
— Seu avô te deixou o seu bem mais precioso; só
ele dava para pagar o chalé onde viveu e ainda sobrava
muito dinheiro, só que esse ele quis guardar para você de
herança.
— Seu Francisco, eu não fazia ideia de nada disso,
afinal o que é?
— Seu avô deixou para você uma casa, quer dizer uma
mansão em Salvador e junto com a mesma, uma quantia em
dinheiro bem generosa. Essa mansão foi construída em
1949 pelo seu pai, quando o pai de seu avô Nicolas morreu,
dividiu a herança que tinha com os dois filhos, e seu avô
herdou essa mansão, mas por ficar muito longe, seu avô
não ia muito para lá, já que ele não gostava de viajar. A
mansão fica em uma Ilha isolada e paradisíaca: “Ilha
Boipeba”, a casa se encontra um pouca afastada da vila
Moreré. Antes de seu avô vender seus bens, ele mandou
alguém avaliar, e pasme; vale uma fortuna, por isso deixou
para você!
— Meu Deus!! Por essa eu não esperava! Quando
meus pais morreram me deixaram dois apartamentos no
meu nome, um eu moro nele, o outro aluguei. Além do
escritório, tenho o dinheiro do aluguel, graças a Deus posso
dizer que nunca me faltou nada. Apesar de tudo preferia ter
meus pais aqui comigo! E agora ainda vou receber mais
essas heranças! — comentei surpresa. — Nossa Seu
Francisco! Confesso que fiquei feliz pela surpresa.
Realmente não imaginava que ganharia uma herança do
meu avô, afinal ele sempre foi tão simples que nunca
imaginei que ele tivesse bens. E o local é realmente muito
longe.
— Sarah, o documento da casa já está em seu nome,
só que você vai precisar ir até lá para buscá-lo. Ele foi
feito por lá, e se você não quiser ficar com o imóvel, você
pode vendê-lo. E não seria difícil, pois já tem muitos
compradores. De qualquer jeito, a senhorita vai ter que ir
para lá para dar andamento na papelada de venda, se
realmente for vender, e isso demora um pouco, sabe como
são essas coisas.
— Verdade seu Francisco! Disso eu entendo bem,
sei que demora.
— Só mais uma coisa, Sarah. Todas as papeladas
para você assinar estão na casa, agora preciso ir. Qualquer
coisa você me liga, já tem meu número — aconselhou o
bom homem, tomando seu último gole de café. Em
seguida, ele e se despediu e foi embora. Quando eu
terminei meu café, já eram sete horas da noite, eu tinha
uma hora e meia para me arrumar para o aniversário de
Nadya, então fui embora para casa o mais a rápido que eu
pude, já que eu não queria me atrasar.
Cheguei ao meu apartamento e fui direto tomar
banho, pensando em tudo o que me aconteceu hoje. Estava
muito triste para ir em festas, mas como era aniversário da
minha melhor amiga, não podia deixar de ir e tenho
também que resolver o que vou fazer com a casa que
herdei. Resolvi deixar isso para amanhã, pois hoje não
dá tempo para mais nada.
Terminei meu banho e fui me arrumar. Coloquei
meu vestido preto de um ombro só que comprei hoje,
arrumei meu cabelo, secando com o secador, em seguida
passei a chapinha e depois fiz uma trança solta de lado, a
qual ficou perfeita. Fiz minha maquiagem, destacando bem
meu olho com delineador preto e um assombreado na
cor prata. Nos lábios escolhi um batom não muito
vermelho, pois não gosto dessa cor tão forte. Ainda bem
que não preciso de base e nem de pó, graças
Deus, pois tenho a pele perfeita. Terminei a maquiagem,
coloquei a sandália prata que comprei, e que realmente me
deixou mais chique, em seguida passei meu perfume Angel
e, depois de pronta, me olhei no espelho e gostei muito do
que vi, já que eu parecia um mulherão, pois estava bem alta
e bem sexy e me senti muito bem.
Olhei no relógio e vi que já eram quase oito e
quinze; o aniversario começaria às oito e meia. Peguei a
chave do carro e saí. Ainda bem que ela mora no mesmo
bairro que eu, então não ia me atrasar muito. Sentindo-me
um pouco melhor, segui em direção à casa de Nadya.
Quando cheguei lá, percebi que já tinham muitos
carros no estacionamento, mas achei um cantinho para
mim, então parei o carro ali e desci.
A casa de Nadya era uma verdadeira mansão; a
gente até se perdia lá dentro! Assim que coloquei os pés no
último degrau da longa escadaria, ela apareceu radiante
num longo vestido amarelo. Após um abraço eu entreguei a
ela o presente que mandei fazer… Um colar com a
primeira letra do seu nome em ouro branco. Um dia eu
estava passando com ela em frente a uma joalheria, e ela
viu um colar com a letra do seu nome. Encantada,
ela entrou para perguntar se tinha em ouro branco, mas a
vendedora falou que só por encomenda. Ela ficou triste,
pois queria na hora, então fomos embora, mas voltei lá e
encomendei para o aniversário dela.
Quando ela abriu o presente ficou muito feliz e
surpresa, me abraçou novamente, me agradecendo pelo
presente.
— Fica à vontade, Sarah! Você já conhece a casa!
Logo o jantar vai ser servido, só que estou percebendo que
você está um pouco triste, aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu sim, amiga! Mas hoje é seu
aniversário e eu prefiro não falar nisso, ok?! Deixa para
amanhã.
—Tudo bem Sarah! Amanhã conversamos então!
— Ela continuou a receber os convidados, e eu fui para o
salão de festa que tinha na casa de Nadya. Tinha um DJ
animando a festa, e estava tocando uma música que gosto
muito: “ThatSong in my head”. Havia muita gente
dançando, só que eu estava muito triste para isso, então
fiquei ali, só observando. Logo o jantar foi anunciado, e
todos foram para o salão onde serviriam o jantar. Eu
me sentei em uma mesa, e o garçom começou a nos servir.
Eram pratos prontos servidos e acompanhados por
vinhos finos. Começou com a entrada, depois o prato
principal e por último a sobremesa. Estava tudo muito
gostoso e perfeito, mas eu estava muito triste para ficar ali
me divertindo, então fui procurar Nadya para me despedir e
ir para casa. Sei que era cedo ainda, nem tinha cantado
parabéns, só que eu não estava bem para ficar.
Achei Nadya conversando com alguns amigos, os
quais eu também conhecia, então eu me aproximei,
cumprimentando todos, e chamei Nadya para conversar.
— Nadya me desculpe! Não estou bem! Então vou
embora, amanhã conversamos.
— O que está acontecendo? Sei que tem algo errado
com você.
— Nadya eu já te falei, amanhã conversamos, hoje
é seu aniversário, e não quero estragar seu dia com os meus
problemas. Relaxa amiga, porque hoje é o seu dia. Divirta-
se.
—Tudo bem Sarah, amanhã quero saber tudinho do
que está acontecendo com você, ok?
— Então Nadya, até amanhã e boa noite —
Abracei-a e fui embora direto para minha casa.
Cheguei ao meu apartamento e fui direto para meu
quarto. Entrei no banheiro, escovei meu dente, lavei meu
rosto e retirei toda a minha maquiagem, depois troquei de
roupa, coloquei uma camisola branca confortável e fui
deitar.

A hora de dormir era sempre a pior para mim, pois minha


cabeça ficava lotada de pensamentos confusos, sem falar
dos pesadelos com o acidente, o qual matou meus pais.
Apesar de ter ficado em coma por um mês, sobrevivi.
Então eu não gostava de ficar sonhando com isso quase
toda noite, já que me deixava triste. Sempre acordava com
lágrimas nos olhos. Como estou cansada disso tudo! E hoje
não seria diferente; não tenho escolha, logo fechei os olhos
e apaguei.
Acordei com meu celular tocando, quando olhei no
visor, vi o nome de Nadya piscando no visor. Já imaginava
o motivo dela estar me ligando tão cedo, então atendi
com voz de sono.
— Alô!
— Bom dia, Sarah, hora de acordar!
— Bom dia, Nadya! Mas ainda é cedo!
— Vamos acordar dorminhoca! To passando aí para
tomar café com você, inclusive levando o pão de batata que
a senhorita adora! Aproveitamos para conversar, antes
de eu ir trabalhar.
— Ok, amiga. Você venceu! Vou levantar e te
espero aqui, até mais.
— Até Sarah — Levantei meio sonolenta e fui para
o banheiro lavar meu rosto, depois troquei de roupa e fui
para a cozinha preparar o café. Olhei no relógio e vi que
eram sete horas da manhã, eu costumo ir trabalhar às nove
horas, então dava tempo de a gente tomar café juntas e
conversar. Preparei a mesa com tudo o que temos
direito, como leite, manteiga de amendoim, sucos, cookies
e frutas e esperei ela chegar. Não demorou muito ela
chegou, abri a porta para ela e, como sempre, minha
amiga estava toda sorridente, então ela me olhou e me deu
um abraço gostoso.
— Como esta minha dorminhoca hoje? Pois ontem
não estava nada bem.
— Estou bem, Nadya! Só tô um pouquinho triste,
vamos para cozinha, o café já está na mesa. — Então nos
sentamos ao redor da mesa redonda de vidro, ela colocou o
pão na mesa e partimos com tudo para tomar café.
— O que aconteceu ontem, para você estar tão
triste?! — perguntou Nadya, curiosa, tomando um gole do
seu café.
— Lembra-se do meu avô Nicolas? Você me levou
lá uma vez, quando meu carro estava na oficina?
— Sim, eu me lembro, claro! Mas o que aconteceu?
Ele está doente? Nossa, eu gostei tanto dele, ele é um amor
de pessoa!
— Nadya, ele não está doente! Ele faleceu ontem às
duas horas da tarde e foi enterrado ontem às seis e
meia. É por isso que eu estou tão para baixo! Ele era o
único parente que eu tinha por parte da minha mãe —
suspirando, Nadya se aproximou de mim e me abraçou.
— Nossa amiga, eu não sabia! Por que não me
ligou? Eu iria com você no velório. Agora entendo o
porquê de estar tão triste!
— Não queria te atrapalhar, pois sabia que estava
ocupada com a festa do seu aniversário, por isso não liguei,
amiga! Te peço desculpas.
—Tudo bem Sarah, não precisa se desculpar! Mas
podia ter me ligado.
— Deveria né? Foi mal, mas tudo bem, já foi…
Hoje é outro dia, e eu estou com outros problemas para
resolver!
— Que problemas Sarah? Eu posso te ajudar em
algo?
— Meu avô me deixou uma herança, e pelo
que eu pesquisei na net, fica mais ou menos dezesseis horas
de carro daqui até Salvador, e de avião uma hora e vinte
minutos mais ou menos, só que você sabe que depois do
acidente nunca mais viajei.
— É sério isso Sarah? Que você vai receber uma
herança? Mas por que precisa ir tão longe e que
herança é essa?
— Sim Nadya! Também fiquei surpresa. Meu avô
me deixou uma mansão que fica numa ilha paradisíaca lá
em Salvador, e vou ter que ir lá buscar o documento desta
casa, a qual já está em meu nome. E se eu quiser vendê-la,
pois pelo que sei vale uma fortuna, vou ter que ir para lá
fazer a papelada de venda. E você sabe que isso demora de
um a dois meses, então acho que vou ter que viajar o mais
rápido possível e enfrentar meu medo, quanto mais rápido
eu for, mais rápido eu resolvo isso.
— Oh amiga! Confesso que eu não sei nem o que
falar, mas também acho que deveria ir o mais rápido
possível para resolver isso! Aproveita e já vai hoje, já que
desde o dia em que abrimos o escritório de advocacia você
nunca tirou férias, ao contrário de mim. Mas você nunca, e
como estamos tranquilos, você pode ir. Afinal os casos do
escritório podem aguardar, visto que a papelada para
audiência vai demorar uns três meses. Você sabe como são
essas coisas, então aproveita agora, e deixa tudo comigo,
você não tem nada a perder.
— Uau Nadya! Mas que ideia boa! Vou aproveitar
mesmo e vou enfrentar meu medo, então avisa a Ester que
vou ficar longe por um tempo e pede para ela passar todos
os meus recados para você, ok? Vou te passar o endereço
de lá, caso preciso de você por lá — Passei o endereço para
ela e falei também para me ligar, caso precisasse de mim.
Ela concordou.
Terminamos o café, e ela foi trabalhar. Sem pensar
em mais nada, foquei em arrumar minha mala o mais
rápido que pude. Uma hora depois, eu já estava a caminho
do aeroporto. Comprei minha passagem fácil e o voo para
Salvador sairia às dez e meia, e já eram nove e quarenta da
manhã, então liguei para Nadya, para avisar. Ela me
desejou boa sorte e falou para eu ligar a qualquer hora que
eu precisasse, me despedi e desliguei. Ansiosa, fiquei ali
esperando a hora do meu voo.
Estava distraída quando ouvi falando do meu
voo, então segurei a onda e o coração, e me encaminhei
para o portão de embarque. Entrei no avião e me sentei do
lado de um senhor que tinha mais ou menos uns sessenta
anos, ainda bem que ele estava na janela! Quando todos os
passageiros já tinham entrando e estavam devidamente
sentados, a aeromoça mandou colocar o cinto, pois o avião
já ia decolar. Eu estava com tanto medo! A fim de não
querer ver nada e nem ouvir, coloquei fone no ouvido e
fechei os olhos, até que finalmente acabei dormindo.
EU ACORDEI COM ALGUÉM ME
chamando, quando abri os olhos, vi que era a aeromoça, me
avisando que o avião pousaria. Eu tinha adormecido
ouvindo uma música que gosto muito: “Waiting for a girl
like you”, estava tão relaxada que até esqueci que estava
em um avião.
Quando senti que a aeronave tocou o solo,
fiquei aliviada de ter dormido a viagem toda, pois não vi
nada e nem senti medo. De repente a porta do avião se
abriu, e como eu estava bem perto dela, saí rapidamente e
sem olhar para trás. Fui direto em direção a saída do
aeroporto de Salvador, a fim de pegar um taxi. Assim que
eu me aproximei do primeiro da fila, o motorista desceu do
carro, pegou minha mala e colocou atrás, perguntando qual
o meu destino.
— O senhor poderia me levar em uma locadora de
veículos?
— Sim, há uma locadora de carro não muito longe
daqui. Sim senhorita.
— Obrigada! O Senhor poderia me informar como
chegar na ilha de Boipeba?
— A Senhorita está indo para ilha de Boipeba?
— Sim, vou ficar uns dias por lá!
— Então não vai precisar de veículo, já que lá não
circulam carros, apenas jumentinho, bicicletas e cavalos
— informou o motorista enquanto saía das dependências do
aeroporto.
Meu Deus, onde eu fui me meter? A única coisa que
sei andar é de bicicleta, vou ter que comprar uma!
— Entendi. Então o senhor poderia me levar em uma
loja? Para comprar uma bicicleta? E o senhor pode me
esperar?
— Sim, e depois vou deixar a senhorita no porto para
você pegar uma lancha e ir para ilha de Boipeba!
— Agradeço mais uma vez!
Ele parou em uma loja, eu saí do carro e fui comprar
uma bike. Escolhi uma bicicleta de sete marchas, já que eu
não tinha ideia de como era lá. Assim que eu retornei
ao carro, o senhor desceu e amarrou a minha nova bike em
cima, na sequência, nós entramos no veículo, e ele me
levou até o porto. Agradeci e paguei a ele que me deu seu
cartão dizendo que se eu precisasse era só ligar. Agradeci,
mas ele se lembrou de me mostrar a lancha que eu tinha
que pegar. Agradeci novamente, e notei que a lancha já ia
sair e com as malas e a bicicleta nas mãos, comecei a correr
e gritar para o cara da lancha me esperar, quando percebi
que ele me ouviu, corri mais rápido, mas ao subir na
lancha, meu pé enroscou em alguma coisa que eu não
conseguia ver, pois tinha muita coisa na minha frente,
fazendo com que eu caísse na água. Quando dei por mim,
percebi alguém pulando e me pegando pela cintura, só que
não deu para ver quem era, e outra pessoa que estava na
lancha me puxou da água, e o rapaz que pulou na água
pegou minha mala que estava toda molhada, e minha
bicicleta e colocou dentro da lancha, e depois subiu.
Quando realmente consegui ver seu rosto, pois ele se
aproximou de mim para entregar a mala e a bicicleta, fiquei
paralisada diante de tanta beleza. Confesso que senti meu
coração disparar. Era um rapaz moreno, corpo sarado, não
muito alto, cabelos pretos e cacheados, mas seus olhos…!
Que olhos! Eram verdes.
‘Que homem mais lindo!’ Pensei perdida em meus
pensamentos. Mal ouvia o que ele falava.
— A Senhorita está bem? — perguntou ele de novo.
— Sim, obrigada por me ajudar! Meu nome é Sarah!
Posso saber o seu?
— De nada, foi um prazer! Meu nome é Noah! Você
está indo a passeio para a ilha?
— Não, vim receber uma herança que se encontra
aqui.
— Moro nesta ilha desde que nasci e conheço tudo por
lá e também conheço todos, e… Sinceramente não sei o
que poderia herdar por lá! A não ser que seja uma mansão
abandonada que foi construída há muito tempo. Quando eu
nasci, a tal casa já estava lá. E nunca vi seus donos, mas até
que está bem conservada, só que fica um pouco afastada da
vila.
— É exatamente esta mansão que herdei do meu avô,
foi o pai dele quem construiu em 1949.
— Ouvi alguns boatos na ilha de que os donos viriam
mesmo para cá, mas não acreditei muito, já que nunca
ninguém veio atrás dessa mansão.
— É, pois estou aqui! E vim conhecer minha herança!
Desculpe a curiosidade, mas vocês vivem de quê na ilha?
— Vivemos de artesanato, vendemos nosso trabalho na
cidade grande ou para os turistas.
Percebi que a lancha parou e olhando melhor, notei que
chegamos.
— Chegamos moça. Vem que te ajudo descer!
— Então ele pegou minha mala, a bicicleta e me ajudou
descer. Notei que a ilha não era muito grande, e de onde eu
estava parecia que era enorme.
Observei que tinham muitas casinhas bem pequenas e
algumas barracas, onde vendiam artesanato e até
barraquinha de comida que são feitas na hora. Andamos
pelas barracas, até comprei algumas coisas feitas da casca
do coco, pois pelo que percebi é o que mais tem nesta
ilha: “coco”, nós seguimos ruas afora e vi uma placa que
dizia: SEJA BEM VINDO À ILHA DE BOEPEBA, NA
VILA DE MORERÉ.
— Obrigada pela ajuda, Noah! Só não sei como chegar
nesta mansão.
— De nada! Vamos que eu te levo até lá, pois não
tenho nada para fazer agora!
— Se não for te atrapalhar, eu aceito sua companhia
sim!
Apesar de ele ser um completo desconhecido para
mim, algo me dizia que eu poderia confiar nesse rapaz.
— Mas acho que antes você deveria passar no
mercadinho para comprar alguma coisa para você comer
mais tarde, já que é uma mansão abandonada, você não vai
encontrar nada para comer à noite.
— Verdade Noah, não tinha pensado nisso, não sei nem
o que vou encontrar lá!
— Vou te levar em mercadinho que tem aqui pertinho e
também é o único!
Então Noah me levou para um lugar muito pequeno,
escrito: Mercadinho Moreré, e entrei. Noah me esperou lá
fora com as malas e a bicicleta. Lá dentro não tinha muita
opção para comprar, pois só tinham apenas quatro
prateleiras com mercadorias. Peguei um pacote de
pão Puma, geleia de morango, fatias de mussarela, água de
coco, um pacotinho de miojo, algumas bolachas, uma
garrafinha de água e copos plásticos. Não sabia o que
eu encontraria lá, então peguei também alguns talheres que
eram vendidos avulsos e uns dois pratos. Passei no caixa e
paguei. Tudo coube em três sacolas. Sorte minha que a
bolsinha que carrego com meu celular é de plástico por
fora, pois eu guardei todo meu dinheiro lá e quando caí na
água, não molhou nem o celular e nem o dinheiro.
— Sarah, comprou tudo que precisava?
— Sim comprei!
— Me espera aqui, que eu já volto. Não vou demorar
— ele nem me esperou responder e já saiu. Minutos depois,
o cara apareceu com uma bicicleta que tinha um cestinho
na frente e um grande atrás, então ele ajeitou minha compra
no cesto da frente e minha mala atrás.
— Me segue, vamos de bicicleta, pois é mais rápido
— disse ele, me ajudando a tirar as embalagens que tinha
na minha bicicleta. Depois ele subiu na dele e eu na
minha, e nós seguimos em frente.
Eu tinha que prestar atenção no caminho, então eu
foquei nos detalhes… Passamos por três casinhas brancas,
alguns lotes vagos, um ipê amarelo e, por último; um
barzinho pequeno. Aliás, tudo ali era de baixo porte e bem
simples. O bar em questão era todo pintado de
azul, entretanto a pintura parecia gasta e um tanto
desbotada. Aquele local era sem dúvida, um ponto de
referência para mim, pois o caminho que nós passamos só
tinha as três casas brancas e este bar azul, o restante se
dividia em elementos da natureza, como a árvore sem
flores, fácil de me confundir. Logo depois do
bar havia uma estrada de terra… estreita que só dava para
ir a pé, de bicicleta ou de cavalo. Só que eu não sabia andar
de cavalo, só de bicicleta mesmo. Quando nós chegamos na
estrada, eu olhei no relógio só para saber a distância da vila
até a mansão.
— Está tudo bem, Sarah? Parece que já está cansada.
Não podemos ir devagar, pois logo vai escurecer, aí não
vamos conseguir enxergar nada nesta estrada,
eu me esqueci de falar. Você deveria ter comprado uma
lanterna, pois pode precisar. Você quer mesmo passar a
noite nessa mansão? Tem uma pousada do outro lado da
ilha, podemos ir para lá e você passa a noite e a manhã
cedo te trago para cá! O que você acha?
— Não obrigada, quero ir para a mansão, afinal eu não
tenho medo de escuro e nem de ficar sozinha, e o meu
celular é uma lanterna, caso precise de uma.
— Ok, você quem manda! — brincou ele, fazendo
continência. Em seguida, comentou meio tímido: — Posso
passar essa noite com você, aí amanhã poderemos dar uma
ajeitada na casa, caso precise!
— Não precisa! Você já fez muito por mim hoje! Eu
vou ficar bem — respondi amavelmente. Então, nós
pedalamos mais um pouco, e eu logo avistei vários
coqueiros e no meio deles um portão enorme. Nós dois
nos aproximamos do portão, e Noah abriu, pois só estava
encostado. Entramos em um caminho de pedras brancas, o
qual fazia uma curva que ia parar no pé de uma escada.
Não teve como não notar as estilosas luminárias margeando
o caminho, apesar de estarem sem lâmpadas. Minutos
depois, nós chegamos ao pé da escada e subimos sete
degraus. A frente da casa era branca, mas estava bem
encardida, enquanto as portas e janelas eram azuis.
Certamente a parte de fora precisava de uma boa reforma!
Foquei então no jardim, em frente à casa, mas só tinha
mato e coqueiros altos, então lembrei de olhar no relógio
para saber a distância daqui até na vila e vi que só levou
meia hora, então deduzi que nem é tão longe assim.
Calados, nós chegamos em frente da porta da casa, e
Noah tentou abri-la, mas estava
trancada. Foi então que pensei: se a papelada
da residência já está no meu nome e está lá dentro, é porque
eles tinham certeza que eu viria, então a chave da casa
deve estar escondida em algum lugar aqui na entrada. Sem
pensar, eu me abaixei para olhar embaixo do tapete velho
que tinha na porta, mas como não tinha nada lá, me levantei
e dei de cara com Noah me olhando sem entender nada.
— Noah, me ajuda procurar a chave? Aposto que deve
estar escondido em algum lugar! — Ele, ainda calado,
sorriu concordando, então nós — começamos a procurar.
Eu já tinha olhado debaixo do tapete, mas não tinha nada,
além de poeira. Olhei os vários vasos de flor, mas as
florezinhas, coitadinhas já tinham morrido. Remexi no
interior dos vasinhos, em meio aos ramos secos, junto ao
Noah até que ouvi:
— Sarah, eu achei, está aqui! — exclamou, mostrando-
me um molho de chave meio enferrujada. Reparei ainda
que havia várias chaves! Para que serviam? Pensei com
meus botões, olhando a casa toda, imaginando quantas
portas trancadas ali existia.
— Onde você achou Noah?
— Neste vaso do lado da porta!
— Que estranho, pois foi o primeiro vaso que olhei e
não achei nada!
–—Deve ser por que a chave estava quase caindo do
vaso, pois quando olhei na primeira vez não vi nada, mas
olhando de novo, vi bem no cantinho um metal
e quando coloquei a mão, senti que era a chave na beirada
quase caindo.
— Deve ser por isso que não achei! — respondi,
aliviada e ansiosa ao mesmo tempo. Peguei a chave que
estava na mão dele e fui tentar abrir a porta, mas tive que
tentar uma por uma.
Tentei uma e nada, tentei outra ainda; nada, quando ia
tentar mais uma, Noah pegou o molho da minha mão.
— Me deixa tentar um pouco?
— Pode sim, vamos ver se o senhor tem sorte
— brinquei entregando a chave para ele, que sorrindo
escolheu uma e colocou na fechadura. Nossa que sortudo!
A chave virou na hora.
— Acho que sou um cara de sorte — disse ele,
sorrindo para mim. Que sorriso mais lindo, céus! Deixou-
me de pernas bambas.
— Meu Deus! Que casa linda!
Até parece que alguém andou pintando ela por
dentro, já que a parede parecia que tinha acabado de ser
pintada, com um tom de erva doce, pois estavam limpinhas.
A sala era enorme e tinha uma linda lareira no meio da
parede da sala, só que acho que é só de enfeite, já que nessa
região faz muito calor. Em um canto da sala tinha um
barzinho enorme com taça e bebidas, o qual estava bem
empoeirado, logo as bebidas devem estar envelhecidas.
Pensei, checando os rótulos das garrafas de Balantine’s e
vinhos escoceses. Na parede tinha vários quadros de
paisagem e notei também que tinha um sofá coberto com
lençol e uma mesinha no centro da sala também
coberta. No outro canto da sala tinha uma escada enorme,
acho que deve ter mais de vinte degraus.
— Noah, obrigada por me trazer até aqui! Só que
daqui uma hora vai escurecer então acho melhor você ir! E
se, não for abuso, gostaria de ver você amanhã cedo para a
gente conversar, afinal você é o único que conheci aqui.
Porém, só se não for te atrapalhar!
— Imagina Sarah! Será um prazer! Assim que eu
entregar umas encomendas, eu volto, mas acho que até às
dez horas estarei de volta, aí venho aqui, pode ser neste
horário?
— Pode sim! — respondi agradecendo o carinho e a
companhia dele. Antes de partir, Noah colocou minha mala
e a compra na mesinha da sala e minha bicicleta num canto.
— Sarah, então já que não precisa de minha
companhia, já vou indo, a casa é linda, tchau até amanhã.
Noah abriu a porta e saiu fechando em seguida. Não
seria nada mal um gato como ele ficar aqui comigo, só que
eu não o conhecia muito bem ainda, então preferi ficar
sozinha. Quando peguei a chave que Noah me entregou, eu
apanhei um esmalte na minha bolsa a tiracolo marquei um
“S” com esmalte vermelho. Respirei fundo enquanto
acenava para o belo rapaz que, distraído, se distanciava
caminho à fora pedalando avidamente. Em seguida, entrei
e tranquei a porta com a chave, pois eu estava sozinha.
Passei por aquela grande escada e do outro lado ficava
a enorme sala de jantar, e pensei que daria para fazer uma
festa com muitos convidados, pois espaço tinha. Era maior
que a sala de jantar da casa de Nadya. Percebi que havia
alguns móveis cobertos. Eu precisava procurar alguma
coisa para acender, vela, lanterna ou sei lá, alguma coisa,
tentar a sorte, pois era uma casa abandonada, só que não
parecia abandonada por dentro.
Atravessei a sala de jantar e cheguei a uma porta que
não tinha maçaneta e era uma porta grande. Percebi que era
só empurrar que ela abria. Quando entrei, meu queixo
caiu, pois, uma cozinha planejada enorme, desfilou diante
dos meus olhos surpresos. Tinham muitos armários e
gavetas, tinha até um fogão, só que não era novo e a
geladeira era bem antiga, tudo embutido e tinha também
um balcão enorme que saía da parede, fazendo uma volta
no meio da cozinha. Era a cozinha dos sonhos de qualquer
mulher, mas acho que nada aqui funciona, nem mesmo o
fogão e nem a geladeira.
Nem precisa ser curiosa como eu, para explorar tudo ali,
e foi exatamente o que fiz; abri a geladeira, e vi que por
dentro ela estava encardida… Mas que estranho,
pois quando abri a luz acendeu! Então está ligada! Mas por
que estaria ligada? Puxei a gaveta de legumes e levei um
susto, já que tinha algumas frutas, uma garrafinha de leite,
queijo fresco e uma garrafa de água. Que
estranho! Sendo uma casa abandonada como poderia a
geladeira estar abastecida? Será que já morou alguém
aqui? Bom, pelo que fui informada nunca ninguém morou
nessa casa. E essas coisas não me parecem
estragadas, mas sim fresquinhas.
Continuei procurando nas gavetas alguma coisa para
acender, pois estava escurecendo. E se a
geladeira está ligada é porque tem força. Será que alguma
luz acende? Então olhei para cima e vi que não tinham
lâmpadas no bocal, então eu continuei procurando nos
armários e na gaveta do meio. Achei um isqueiro velho e
tentei acende-lo, com muito custo ele acendeu. E no último
armário para minha surpresa tinha um lampião, só que esse
não era velho! Acho que alguém já esteve aqui. Pensei
meio arrepiada, mas enfim, foco em acender o lampião. Eu
nunca acendi um lampião, mas não devia ser difícil, então
fui tentando até conseguir.
Senti um alívio, pois já estava escurecendo. Resolvi
ficar ali mesmo na sala e deixar para conhecer o restante da
casa amanhã.
Tirei o lençol branco que cobria a mesinha e o sofá, a
mesinha era inteirinha de vidro e o sofá era antigo, mas não
estava tão velho. Já que eu não sabia como encontraria essa
casa, eu vim preparada. Como minha mala era grande,
coloquei muita coisa nela: três jogos de lençol, duas
toalhas de banho e de rosto e duas toalhas de mesa. Forrei o
sofá com meu lençol e a mesinha com a toalha de mesa, e
como a mesinha era pequena, a toalha foi até o chão. Eu me
sentei no chão mesmo e preparei um lanche com mussarela,
pois já estava com fome e comi tomando minha água de
coco. Eu só espero não sentir vontade de ir ao banheiro, já
que ainda não sei onde é!
Terminei de comer e me deitei no sofá, peguei meu
celular para ver se tinha sinal, graças a Deus aqui tem!
Então liguei para Nadya, e no terceiro toque minha amiga
atendeu.
— Poxa Sarah, por que demorou tanto para me ligar?
Já estava ficando preocupada, pois você saiu às dez e meia
daqui, e só foi me ligar agora às sete horas da noite!
— Me desculpa Nadya! Você nem imagina a
dificuldade para se chegar até aqui. Só consegui te ligar
agora.
— Nossa Sarah, por quê? Conta tudo… De como
foi sua viagem de avião e o caminho até aí?
— No avião não vi nada e nem senti, pois fechei os
olhos e coloquei o fone no ouvido e acabei dormindo.
Quando acordei o avião já estava pousando e no caminho
para cá, o motorista do taxi me disse que nesta ilha não
circulam carros. Tive que parar em uma loja e comprar
uma bicicleta, pois só bicicleta, jumentinho e cavalo
circulam por aqui, depois ele me deixou no porto para
pegar uma lancha e ir para ilha. No entanto você acredita
que quando fui subir na lancha, não vi o que tinha no chão,
a mala estava na minha frente, enrosquei meu pé e
caí dentro do mar.
— Não acredito que você caiu no mar!
— Sou desastrada, você me conhece, mas me deixa
terminar de contar.
— Conte logo, fiquei curiosa para saber o que
aconteceu.
— Como eu estava dizendo, um rapaz muito bonito
chamado Noah, que estava na lancha, pulou na água e me
ajudou a ir para lancha. Depois que chegamos à ilha tive
que ir comprar algumas coisas para comer na casa! Já que é
uma casa abandonada não deveria ter nada. Na ilha tem
muitas casinhas brancas fofas, e o povo vive de artesanato
que é vendido em barracas. E tem também barracas de
comidas típicas da ilha, mas ainda não conheço. Não sei o
que é.
— Nossa Sarah! Esse lugar parece ser lindo, mas
continue amiga!
— É lindo sim. Então Noah me acompanhou até aqui,
ele até se ofereceu para me fazer companhia, só que eu não
conheço ele direito ainda, então achei melhor ele ir embora,
só que ele volta amanhã.
— Hummm, parece que tem alguém se interessando
por esse Noah! Mas me conta como é a casa?
— Bom Noah é um rapaz interessante e diferente dos
outros que já conheci! A casa é linda, precisa de reformas
por fora, mas por dentro, onde estou agora, está perfeita, o
resto ainda não conheci, só conheci a sala, a sala de jantar e
a cozinha. A cozinha é perfeita, acho que esta casa é maior
que a sua. Você precisa vir para cá para conhecer.
— Podemos combinar em um final de semana.
— Seria legal Nadya, vamos combinar sim.
— Quantos dias acha que vai ter que ficar aí, Sarah?
— Bom, se eu for vendê-la, as papeladas demoram
mais ou menos um mês para ficar pronta e vou ter que
reformar por fora, então eu acho que vai mais ou menos de
dois a três meses, se correr tudo bem.
— Nossa, é bastante tempo, vou sentir sua falta aqui!
Mas nós vamos combinar, quando estiver quase tudo
organizado na casa, eu passo um fim de semana com você.
— Então combinado assim, amiga! Eu te deixo
informada de tudo aqui!
— Sarah, eu vou ter que
desligar ok? Amanhã nós conversamos mais, pois tenho
uma balada para ir com a Fer e eu ainda não me arrumei.
— Vai lá amiga. Amanhã conversamos, boa noite e se
divirta por mim! Dá um beijo na Fer por mim — após se
despedir, Nadya desligou. Fer é a prima da
Nadya, e sempre que dá, ela sai com a gente, pois além de
ter a mesma idade que eu, nós nos damos muito bem.
Fiquei ali no meio do nada, sozinha na sala de uma casa
abandonada. Coloquei o lampião em cima da lareira, pois
como era alto iluminaria toda sala e fui em direção ao
barzinho, eu queria olhar de que ano eram as garrafas de
vinho. A primeira que peguei era de 1999, não era tão
antiga como pensei, a segunda era de 2002. Nossa é mais
nova ainda! Comecei a ficar curiosa, então olhei
as próximas… 2005, 2008, 2011.
Meu Deus, que estranho! A última é de 2013! E se já
estamos em março de 2014, agora tenho quase certeza que
alguém esteve aqui, pois se essas garrafas fossem do pai do
meu avô, seriam bem velhas!
— TUM! TUM! TUM! …
Ai meu Deus, tem alguém andando no andar de cima!
Pensei quando meu coração quase saltava pela boca. Mal
respirava de nervoso. E agora? O que eu faço?
—TUM! TUM! TUM! …
Ai meu Deus de novo, não sei o que fazer sozinha
nesse lugar! Comecei a andar de um lado para o outro, só
que eu estava com tanto medo, que me sentei no sofá e
fiquei quietinha sem me mexer, mal respirando, pois tinha
medo que me ouvisse.
— TUM! TUM! TUM! PLAM!
De novo e dessa vez bateu a porta! Coloquei a mão no
rosto e comecei a chorar baixinho. Bom eu queria chorar,
mas as lágrimas não desceram, pois eu tinha medo que me
ouvisse. O jeito foi rezar para que essa noite passasse logo.
DEPOIS DE UM DIA CANSATIVO de
trabalho, eu consegui finalizar todas as entregas de hoje.
E um pouco mais cedo que o costume, então eu resolvi
voltar para o porto para esperar a lancha e voltar para ilha.
Ela atrasou um pouco, mas finalmente chegou, junto com
as outras pessoas, as quais estavam ali
esperando. Nós subimos para irmos embora. Arrumei um
lugar para me sentar quando percebi que o Marcio, o
motorista, deu a partida e no mesmo momento, ouvi uma
mulher gritar. Quando olhei para aquela direção, vi uma
linda moça correndo carregando algumas
coisas. Desajeitada, ela gritava como louca para que nós a
esperasse. Foi até engraçado, pois assim que a lancha
parou, a mocinha toda afobada tentou subir, mas acabou
caindo no mar, mas eu a ajudei e no caminho para
ilha, nós conversamos e confesso que o papo estava
gostoso e descontraído. Não teve como não notar o
quanto ela é linda. Não sei o porquê, mas ela tem algo
diferente. Seria o seu jeito de falar ou de se expressar? Só
sei que ela me pareceu ser uma pessoa muito
comunicativa, entretanto o que eu mais gostei nela foi
aquele jeito de ser feliz, já que ela está sempre sorrindo,
mesmo depois de ter caído no mar.
Sarah me contava tudo a respeito da sua visita a nossa
ilha e me parecia bastante animada, entretanto nunca
acreditei que algum dia alguém viria atrás dessa mansão
abandonada.
Percebi que a lancha tinha parado, e que nós já estamos
na ilha, então falei para Sarah que nós havíamos
chegado. E já me adiantei para ajudá-la a descer e na
sequência peguei suas coisas e entreguei a ela. Sarah ainda
estava toda molhada, só que ela parecia não se
importar. Provavelmente porque aqui fazia muito calor.
Sarah observava tudo, olhando curiosamente para
todos os lados e, pelo sorriso aberto em seus lábios, estava
gostando do que via, já que a ilha era linda
mesmo, pois todos que vinham para cá para passear sempre
acabavam voltando.
Animados, nós passamos por uma rua repleta de
barracas, as quais nós vendemos nosso artesanato e
comidas típicas da ilha. Sarah até comprou um enfeite feito
da casca de coco, e parecia que ela estava se divertindo,
pois ficava sempre sorrindo.
Seguimos em frente e chegamos a Vila de Moreré.
Sarah parou em minha frente e, me
olhando fixamente, falou que não sabia como chegar até a
mansão e me agradeceu por toda ajuda que dei a
ela. Respondi que não precisava me agradecer, já que foi
um prazer ajudá-la.
Como eu não tinha mais nada para fazer, pois todas as
encomendas eu já tinha entregado e estava com resto do dia
livre, então pude levá-la até a mansão. No
entanto achei melhor leva-la antes para comprar comida,
visto que é uma casa abandonada, logo não havia comida
na despensa. Então falei para Sarah que seria um prazer
acompanha-la até a mansão, só que antes iria levá-la a um
mercadinho. Ingênua, ela comunicou que não tinha
pensado nisso.
Minutos depois, lá estávamos nós dois de bike a
caminho da casa. E eu estava muito preocupado com ela,
até tentei convencê-la de passar a noite em uma pousada,
ou mesmo de eu passar a noite ali com ela.
O que uma moça como ela vai fazer num lugar como
aquele? Em uma casa… quer dizer mansão abandonada no
meio do nada? Afinal, não passa ninguém por ali. Será que
Sarah vai conseguir ficar sozinha? Pensei várias vezes
nisso. No entanto percebi que Sarah era uma mulher
corajosa, forte e determinada e não tinha medo de nada.
Nós continuamos andando. Eu conhecia tudo por
ali e já havia brincado muito nessa casa, mas nunca por
dentro, já que ficava sempre trancada. Logo avistei o
portão, chegando perto eu o empurrei e ele se abriu,
entramos e seguimos um caminho até uma escada que tinha
na frente da casa, mas quando nós chegamos perto da
porta de entrada, vimos que estava trancada. Foi então que
percebi que Sarah estava pensativa e logo em
seguida, ela se abaixou e levantou um tapete velho que
tinha em frente à porta. Fiquei sem entender, mas ela
me pediu que eu a ajudasse a procurar a chave. Logo após
encontrar, Sarah pegou o molho lotado de chaves da minha
mão e tentou abrir a porta. E tentou… uma, duas e na
terceira pedi a ela que me deixasse tentar e com um sorriso,
disse que eu podia tentar e que queria ver se eu tinha sorte.
Peguei a chave e escolhi uma, coloquei na fechadura e
virei, para minha surpresa a chave virou e abriu a porta,
olhei para ela falando com um sorriso estampado em meu
rosto que eu sou um cara de sorte.
Entramos na casa, e apesar de ela ser antiga, estava
bem conservada por dentro além de ser linda internamente.
Percebi que Sarah olhava tudo e pelo visto estava gostando.
Então ela me olhou e apenas me agradeceu por tê-la trazido
até aqui e me disse que achava melhor eu ir, já que logo iria
escurecer e pediu para que eu voltasse amanhã,
pois como não conhece ninguém por aqui, poderia precisar
de mim, então eu disse a ela que só tinha que entregar umas
encomendas e viria para cá, mais ou menos ás dez horas da
manhã e ela concordou.
Coloquei a compra em cima de uma mesinha que
estava coberta com um pano branco na sala e a mala e a
bicicleta num canto e falei que já que não precisava da
minha companhia, eu iria embora, me despedi dela e
abrindo a porta, saí indo direto para minha casa, que não
ficava tão longe daqui. Entretanto fui embora preocupado
com o coração apertado, só que Sarah preferiu ficar
sozinha, então não pude fazer nada, mas amanhã eu voltarei
e ajudarei no que precisar.
EU ESTAVA COM TANTO MEDO, por me
encontrar sozinha na casa e, para completar; a noite não
passava. O barulho no andar de cima estava me
agoniando. Apesar de tudo, resolvi levantar do sofá e parar
de ser covarde, afinal eu tinha que enfrentar o medo e ver
que barulho é esse. Quem sabe seria apenas uma janela
batendo? Pensei, tentando me acalmar. Percebi que o
tempo mudou, aumentando o vento lá fora. E pelo
barulho estava começando a chover, e eu? Perdida aqui
neste fim de mundo, sem luz na casa, sem nada, apenas eu,
o celular e um lampião que encontrei na cozinha.
Então, tremendo muito de medo, peguei o lampião e subi a
escada, indo em direção ao barulho. Quando finalmente,
ganhei o topo da escada, avistei um corredor enorme, com
várias portas fechadas.
—TUM! TUM! …
Ouvi o barulho novamente, só que dessa vez não tão
alto, pois parecia que vinha do fundo do corredor. Decidida
e com o medo sob controle, continuei andando por aquele
corredor escuro, apenas o lampião clareava ao meu redor e
não dava para ver o fundo do lugar. Sempre andando
devagar e em frente, ouvi um barulho que vinha da
parede. Na mesma hora, meu corpo tremeu todo, e quando
finalmente cheguei ao fim do corredor, ouvi mais um
barulho, só que esse era bem fraquinho e vinha de uma
porta que ficava no fim do mesmo.
Eu tinha que fazer alguma coisa. Tudo bem que eu não
sabia de onde vinha aquilo, só sabia que não era do vento lá
fora. E para piorar a tempestade aumentou. Mas o fato é
que eu tinha que mostrar que a dona da casa sou eu pelo
menos por enquanto, então eu reuni forças, segurei o
medo e gritei. Apesar de que não era certo gritar sozinha
numa casa abandonada, mas mesmo assim, eu gritei:
— Se tiver alguém aí, por favor, saia, pois essa casa
tem dona e eu estou armada! — Blefei, tentando abrir a
porta, só que estava fechada. Eu não podia demonstrar
medo, só que não teve como me controlar quando alguém
deu um murro, tão forte, do lado de dentro na porta que de
susto, acabei caindo sentada no chão com o lampião na
mão. Ainda com o coração aos saltos, me levantei o mais
rápido que pude e saí correndo dali. Nem sei como desci as
escadas de tão apavorada, porém quando eu cheguei ao
último degrau, algo inédito ocorreu: um clarão iluminou a
vidraça da janela e vi alguém me olhando. Quem seria?
Pois a cortina só me permitiu visualizar sua sombra, tão
negra quanto o medo sem fim. De súbito, ouvi a fechadura
da sala rangendo. Estavam tentando abrir a porta. Prendi a
respiração por alguns segundos, que mais pareciam horas,
mas graças a Deus se encontrava muito bem trancada, pois
tinham várias trancas do lado de dentro.
Já que eu não tenho muita coisa a fazer aqui sozinha
peguei meu celular a fim de checar as horas, já eram duas
horas da manhã. O barulho finalmente tinha parado, mas o
medo continuava a me assaltar, então fui me sentar na
sala, e de tão apática, nem vi o tempo passar. Os passos lá
fora continuavam competindo com os pingos da chuva,
agora enfraquecida, mas eu me sinto protegida aqui dentro.
Peguei meu celular novamente para colocar uma
música a fim de me distrair e esquecer tudo isso, mas
quando estava procurando a minha preferida, ouvi alguém
gritando do lado de fora da casa, e parecia que estavam
brigando. Ouvi vozes masculinas abafadas. Seriam dois
homens?
Deitei a cabeça no sofá e tampei meus ouvidos com as
mãos e fiquei esperando que tudo isso acabasse e que
amanhecesse logo.
No entanto com todo o barulho que ouvi nessa casa e lá
fora, eu tinha medo de dormir. E se algo acontecer comigo
neste lugar estranho?
Um tempo depois, retirei os fones de ouvido e não
ouvi mais nada. Apenas ouvia a chuva caindo. Eu não
conseguia dormir de jeito nenhum, afinal eu estava muito
assustada com tudo isso.
Amanhã quando Noah chegar, eu vou pedir para ele me
ajudar a abrir todas as portas que tiver na casa e vou
comprar todas as lâmpadas que estão faltando,
principalmente lá de fora. Assim quem se
aproximar, saberá que tem gente aqui. E vou pedir também
para verificar a força, mas acho que está funcionado, já que
a geladeira está ligada. Preciso dar uma boa limpada na
casa e comprar o que tiver faltando aqui. Afinal, eu não sei
quanto tempo vou ficar nesse lugar, pois casas velhas têm
sempre problemas com o encanamento.
Aí meu Deus! Estou com vontade de ir ao banheiro, só
que não faço ideia onde fica, acho que vou ter que
procurar! Graças a Deus não tinha mais nem um barulho,
apenas o vento e a chuva caiam lá fora.
Levantei do sofá, levando o lampião e fui iluminando o
caminho, casa afora, mas não subi a escada, afinal, uma
casa tão grande tem que ter um banheiro pelo menos aqui
embaixo. Notei que embaixo da escada tinha uma
porta, então tentei abri-la, só que estava fechada, então fui
para sala de jantar e vi duas portas no fundo da sala, me
aproximei e abri uma porta, para minha surpresa ela se
abriu, quando fui entrar levei um susto, pois quando
clareei o interior do recinto, um morcego passou por minha
cabeça, fazendo-me gritar e me espernear. Foi então que
percebi que eu estava em um banheiro muito grande com
duas janelas que estavam abertas. Graças a Deus havia
grades do lado de dentro das mesmas. Resolvi olhar as
condições do vaso sanitário; estava imundo de sujeira, mas
por sorte eu trouxe meu papel higiênico na bolsa, pois onde
vou sempre carrego comigo, então eu forrei e usei o
sanitário.
Amanhã dou um jeito nesse banheiro. Pensei,
testando a descarga, mas nem ela estava funcionando. E a
torneira não saiu água quando tentei lavar minhas mãos,
pelo visto nada estava funcionando aqui.
Saí do banheiro e fui direto para a sala, me deitei no
sofá e coloquei o fone de ouvido, só que notei que a bateria
do celular tinha só dois pontinhos, então achei melhor não
ouvir música, já que poderia descarregar mais rápido e
posso precisar do celular.
Fiquei ali naquele silêncio todo, o qual nem estava
acostumada. Minutos depois, olhei no relógio e vi que já
eram quase quatro horas da manhã. Eu jurava que a hora
não passava aqui. Que raiva!
— BLAC! BLAC!
Nossa, começou de novo! Só que esse barulho é de
algo caindo e vem da cozinha, acho que vou ter que me
acostumar com tantos barulhos estranhos! Afinal, o que
esperar de uma casa tão velha e abandonada? Assustada,
eu me levantei mais uma vez e, com o lampião na
mão, segui rumo à cozinha para ver que barulho era esse.
CHEGUEI À ENTRADA DA COZINHA,
iluminando seu interior após abrir a porta, a fim de checar o
tal barulho. Claro que eu ainda estava com o coração aos
saltos dentro do peito! Mas agora eu entendo o significado
da frase: O medo nos dá coragem. Continuei iluminando
tudo ali; afinal, acho que foi aqui que algo caiu. Eu estava
apavorada, não sabia o que encontraria ali! E se tiver
alguém escondido nesse local? Pode ser perigoso! No
entanto eu não tenho outra escolha e preciso enfrentar meu
medo, pois não sei quanto tempo terei que ficar nessa casa.
De repente a luz do lampião iluminou a possível
causadora do barulho: uma lata velha caída no chão.
Quando eu me aproximei para pegar a lata, notei algo
estranho: o Morcego, que estava no banheiro, tentava sair
da cozinha, só que ele não conseguia e, de tanto voar de um
lado para o outro, batia em tudo que estava ao seu redor, até
na parede, decerto o pobrezinho estava assustado.
Fui em direção a uma janela que estava
fechada, tentando abri-la, mas estava emperrada. Eu fiz
tanta força, que consegui abrir pelo menos um pouco, mas
o suficiente para ele sair. E como não tinha mais nada que
eu pudesse fazer para o morcego achar a saída, então voltei
para a sala.
A chuva já tinha parado de cair, só se ouvia o vento lá
fora e mais nada. Um pouco mais aliviada, eu me deitei no
sofá novamente e dessa vez sem olhar no relógio, pois cada
vez que olhava me dava raiva, já que a hora nunca
passava. E com o silêncio que dominou o recinto, fechei os
olhos, tentando não pensar em nada e acho que deu certo,
acabei dormindo.
Acordei com o sol batendo no meu rosto, pois as
cortinas estavam tão velhas e rasgadas que os raios de
sol entravam pelos buracos que havia nelas. Levantei e
senti que precisava ir ao banheiro, então fui direto para lá.
Meu Deus! O banheiro é enorme! Tem até um espelho
grande na parede! E a pia? Larga, moderna e toda feita em
pedras! Só que não sei que tipo de pedra é essa, mas parece
ser muito antiga e muito chique. Tinha uma banheira
enorme e antiga coberta em volta com uma cortina
velha. Vai ver que foi por esse motivo que não descobri a
banheira essa noite quando entrei aqui. Tentei abrir a
torneira para lavar o rosto, só que não tinha água. Olhei no
vaso sanitário, e ele realmente estava imundo, forrei e usei
de novo, logo depois saí de lá.
Fui para cozinha ver se o morcego ainda estava lá e
quando entrei vi que não estava mais. Como eu imaginei;
ele achou a saída.
Quando Noah chegar, vou precisar sair com ele para
comprar muitas coisas, pois na cozinha não tinha mesa,
nem bancos ou cadeiras, apenas um balcão enorme. Vou
comer alguma coisa agora e depois faço a lista do que vou
precisar comprar. Alguns minutos depois fui para sala e me
sentei no chão em frente à mesinha e comi o lanche
que preparei para mim. Resolvi olhar no relógio do meu
celular e vi que eram quase sete e meia da
manhã. Eu acordei cedo mesmo e olha que nem dormi
direito, pois a noite foi horrível.
Quando terminei de comer e beber minha água de
coco, peguei minha agenda que sempre carrego comigo e
retornei à cozinha para procurar a lavanderia. E descobri
que ficava bem no fundo do local. A lavanderia era maior
que a cozinha do meu apartamento e tinha alguns armários
velhos na parede e um tanque duplo, só que também não
tinha água na torneira, então com certeza o registro deve
estar fechado. Com a agenda na mão e uma caneta,
comecei a fazer a lista das coisas mais urgentes a fazer:
— TUM! TUM! BLAC!
Meu Deus! Até de dia essa casa faz barulhos? E dessa
vez veio lá de cima, parecendo que alguém fechou uma
porta. Saí da cozinha o mais rápido que pude e peguei o
molho de chave que estava no sofá. Em seguida subi as
escadas, afinal eu precisava descobrir que barulho era
esse. Apesar de continuar apavorada, eu sabia que tinha que
ter coragem, a fim de dar um basta naquilo. Decidida,
resolvi tentar eu mesma a abrir aquelas portas. Ansiosa, não
dava para aguardar o Noah, e, de mais a mais, quem
garante que ele viria mesmo?
A quantidade de portas era grande, mas fui primeiro em
uma porta que dava de frente para escada. Insisti,
tentando abri-la cada hora com uma chave, até achar
a certa.
Depois de tanto tentar, eu, finalmente achei a chave
certa, assim que a porta se abriu, eu entrei. Estava
escuro, então liguei a lanterna do celular e me aproximei da
janela para abri-la.
O barulho já tinha parado, mas eu estava
decidida a abrir todas as portas para descobrir se realmente
tinha alguma janela aberta, e se alguém estava entrando por
ela e fazendo barulho. Quando abri a janela e olhei ao
redor, notei que estava totalmente vazio, tinha apenas um
guarda roupa embutido e do lado dele uma porta, logo me
aproximei para abrir. Foi então que vi que era outro
banheiro, igual ao de baixo, só que menor. O vaso também
estava sujo, e a torneira da pia não saia água. Saí do quarto
e fui tentar abrir a outra porta.
— BLACK! BLAC!
De novo outro barulho, só que agora veio de baixo.
Que raiva, até parece que tem alguém tentando me
assustar!
Desci correndo e observei que na sala não tinha nada
de diferente, passei pela sala de jantar e também não tinha
nada, entrei na cozinha e olhei tudo. Notei que a porta da
geladeira estava um pouco aberta, me aproximei bastante
assustada para verificar se tinha algo de errado, foi quando
notei a gaveta de legumes um pouco aberta. Isso quer dizer
que alguém esteve aqui e pelo visto pegou uma fruta que
estava na gaveta e saiu. Um arrepio percorreu todo meu
corpo, só de pensar que alguém esteve aqui me
deixa ainda mais apavorada. Mas como ele entrou e como
saiu? Se a casa se encontra trancada? A não ser que tenha
outra janela aberta em algum lugar da casa e…
Corri na sala para verificar a porta, mas como
pensei; estava trancada, então lembrei que na lavanderia
deveria ter uma porta que vai para quintal. Fui rapidamente
para a cozinha e entrei na lavanderia e levei um susto
quando encontrei a porta aberta. Mesmo assustada eu corri
para fora para ver se tinha alguém e não vi sinal algum, não
tinha ninguém aqui, apenas uma grande e perfeita piscina
que estava vazia e uma edícula no fundo, só que não estava
terminada.
Muito confusa, entrei na casa novamente, tomando o
cuidado de fechar a porta. Será que a porta da lavanderia
amanheceu aberta? Ou será que alguém entrou e saiu?
Melhor fechar essa porta com chave, para garantir que
ninguém entre mais. Procurei a chave, tentando uma e
outra, até que acabei tentando todas, mas não achei
a bendita. Agora fiquei mais confusa ainda. Vou pedir
ajuda para o Noah, pois não sei o que fazer. Será
que alguém tem a chave daqui? E entra e sai sem que eu
perceba? No entanto como isso seria possível, se
praticamente passei a noite acordada? Não consigo
entender como isso aconteceu. O fato é que tenho que
tomar mais cuidado, afinal estou sozinha nessa casa.
Voltei para a sala e sentei no sofá, peguei meu celular
para ver a hora, já eram nove e meia da manhã, logo
Noah chegará aqui, e eu estou ansiosa para contar tudo para
ele.
A hora passou tão rápido que eu nem percebi, pois
estava distraída, ouvindo uma música que gosto muito
de “Ariana Grande: Problem.” Que nem ouvi alguém me
chamando, mas quando tirei o fone do ouvido notei que me
chamavam da porta da sala e corri para abrir, só que antes
perguntei quem era.
— Sarah, sou eu o Noah! — gritou ele do outro lado da
porta e, pela voz tive certeza que era ele. Eufórica, abri a
porta, sentindo-me aliviada e feliz por ele estar aqui.
Assim que Noah entrou, me olhou de cima a
baixo. Acho que minha aparecia não estava boa, já que
praticamente passei a noite acordada!
— Você está bem? Parece cansada.
— Ah Noah, ainda bem que você chegou! — comentei,
segurando-me para não pular nos braços dele de tão
aliviada. — Nós temos muita coisa para conversar! Estou
um pouco cansada sim, pois não dormi nada essa
noite! — contei enquanto ele passava por mim. E fomos
nos sentar na sala.
Noah me olhou com aqueles olhos verdes lindos e, só
dele me olhar, meu corpo todo estremeceu. Nunca fiquei
assim perto de homem nenhum, nem quando conheci meu
ex, o Adan, meu corpo reagiu dessa maneira. Confesso que
eu não tenho muita experiência no amor, já que o único
namoro que tive foi o maior fracasso, já que peguei meu ex
com outra, por esse motivo não confiava mais em ninguém.
— Oh Sarah, eu acho que você não conseguiu
dormir porque está em um lugar estranho, longe de tudo
que conhece. E ainda mais sozinha! mas vai acabar se
acostumando. Você sabe quanto tempo vai ficar aqui?
— Ainda não Noah! Vai depender da papelada de
venda e do tempo que vai levar para esses docs.
ficarem prontos. Enquanto isso, eu vou dar uma reformada
na casa e ficar por aqui. Acho que demora de dois a três
meses, não tenho certeza. Quanto ao fato de ter dormido,
não foi por que estou só neste lugar estranho! Afinal eu
estava tão cansada da viagem que teria dormido rapidinho!
— Então, por que não conseguiu dormir?
— Você nem imagina Noah! Ouvi muitos
barulhos aqui, que foi impossível pregar o olho!
— Entendo você, Sarah, mas relaxa! Você está em uma
casa antiga, é normal ouvir barulhos, ainda mais que essa
noite choveu muito.
— Sei que a casa é antiga, e que às vezes certos
barulhinhos são naturais, mas sei lá, eu andei ouvindo
passos e batidas de porta no andar de cima. Não tem nada a
ver com a chuva também! — Noah me olhou assustado e
logo respondeu:
— Ah, Sarah, foi por esse motivo que eu queria te
deixar em uma pousada ontem, mas você não quis. Nesta
ilha vem muita gente, até mesmo alguns drogados, sabia?
Um lugar abandonado há muito tempo como
este, é ponto favorito desses marginais, por que é afastado
de tudo. Só que a partir do momento que você iluminar a
casa inteira, tenho certeza que esses malucos vão se afastar
daqui, já que vão saber que há alguém morando na casa.
— Hun… Mas acho que eles já sabem que estou
morando aqui, pois vi um deles me olhando da janela da
sala, acredita? Mas não consegui ver o rosto, só que ele
não estava sozinho, já que ouvi barulho de briga lá fora na
chuva.
Noah respirou fundo com o semblante preocupado.
Eu contei para ele também de hoje de manhã, da geladeira
e da porta da lavanderia.
– Agora você entende o porquê me ofereci para passar
a noite com você? É muito arriscado para uma mulher ficar
sozinha em um lugar como esse! Eles poderiam ter feito
algum mal a você, ainda bem que nada aconteceu. Vamos
precisar ir para Salvador, pedir a um chaveiro para fazer a
chave da porta da lavanderia e algumas trancas por
segurança, assim ninguém vai entrar mais aqui. Agora
vamos subir e abrir todas aquelas portas, já que só assim
vamos ter certeza de que as janelas estão todas fechadas.
— Eu concordo com você, Noah! Vamos abrir todas as
portas e verificar se há janelas abertas. E aproveito também
para procurar a papelada da casa. Depois tenho uma lista de
coisas que precisamos fazer e comprar antes de escurecer,
aproveitamos e chamamos um chaveiro para vir até aqui e
já resolvemos o problema com essa porta da lavanderia.
— Vamos subir então, pois a hora passa muito
rápido! E ainda vamos ter que pegar a lancha que parte para
Salvador às duas horas da tarde e não temos muito
tempo. Já que essa residência é enorme, vamos levar um
tempo para abrir tudo aqui e já são onze horas da
manhã! — comunicou ele, todo animado, já subindo a
escada.
Tudo o que eu mais queria era encontrar o local onde
essas supostas pessoas entram à noite, e acabar de vez
com essa festa mostrando a eles que eu estou por aqui e que
não quero ser incomodada de novo.
Chegamos ao andar de cima e começamos a abrir as
portas, e juntos finalmente conseguimos abrir todas.
Contamos nove quartos, e todos estavam vazios, porém
todos tinham algo em comum; guarda-roupas
embutidos. Desses nove recintos, quatro deles são suítes, e
para nossa surpresa nenhum estava com a janela aberta.
Agora fiquei sem entender, afinal por onde eles
entravam? Percebi que no fim do corredor tinha uma curva
do lado esquerdo, fui direto verificar o que tinha depois
dessa curva e eu notei que tinha uma escada com cinco
degraus e no topo dela, uma porta. Olhei para o Noah, e ele
me olhou surpreso, já que nenhum dos dois imaginava que
teria mais um cômodo ali. Subi a escada, e o Noah me
seguiu. Ao me aproximar da porta, mais que
depressa, tentei abri-la, só que estava fechada. Lembrei que
usamos todas as chaves e não sobrou nenhuma. Então isso
quer dizer que não tenho a chave dessa porta, mais uma que
vou ter que mandar fazer. Será que é daqui que vem o
barulho? Seria aqui; o esconderijo desse povo? Preciso
descobrir, pois eu não posso deixar esse tipo de gente
continue invadindo a minha casa. Não mesmo.
NOAH ME OLHOU INTRIGADO, POIS sabia que
todas as chaves já tinham sido usadas, e que não sobrou
mais nenhuma.
— Vamos pedir para fazer a chave dessa porta
também! — sugeriu conferindo as horas no relógio.
— Olha Sarah, acho melhor a gente ir logo, pois daqui
até na vila demora um pouco, por volta de uma hora a
lancha chega. Pega a lista feita por você, um biquíni e uma
toalha.
— Para que o biquíni? Posso saber? Não vamos nadar,
vamos? Ou vamos fazer algo mais, além das compras?
— Depois de fazer compras, quero te levar para
conhecer a ilha, já que tenho o resto do dia para passar com
você. Você topa?
— Claro que sim! Mas será que vai dar tempo? Tenho
muitas coisas para comprar.
— Vai dar tempo, sim Sarah! Vou te levar em um lugar
que vai ter tudo que precisar, e eles entregam na sua casa,
você nem precisa levar — explicou ele divertido.
E assim dizendo, nós dois descemos, após eu pegar o
que precisava e colocar dentro da minha bolsa, e por
fim, saímos de bicicleta.
Chegando à vila, Noah me levou em uma barraca que
vendia comidas típicas da Ilha.
— Sarah, vamos deixar nossa bicicleta na barraca de
Dona Ana. Ela é uma senhora muito simpática que conheço
desde pequeno, quase uma mãe para mim.
O cheiro que vinha dessa barraca me deixou com
fome. Quando olhei, vi que estavam saindo bolinhos da
panela, e eu fiquei com água na boca.
— Noah, que cheiro delicioso! Que bolinhos são esses?
— É bolinho de camarão! — Disse ele, me olhando e
em seguida chamou a Senhora que tirava os bolinhos da
panela e me apresentou a ela. A mulher me olhou com um
sorriso muito simpático.
— É um prazer te conhecer, Sarah! Quer dizer que
você é a dona daquela mansão abandonada?
— Sim, sou eu!
— Seja bem-vinda em nossa ilha, espero que goste
daqui.
— Estou gostando sim. A ilha é linda!
— respondi, olhando sem perceber para os bolinhos, pois o
cheiro era muito bom mesmo, e eu já estava com muita
fome.
— Sarah, minha querida, você aceita um bolinho de
camarão? Acabaram de sair, eles estão quentinhos!
— Quero sim, mas eu acho que vou levar três, já que
pelo cheiro parece estar delicioso! — Assim que terminei
de falar, ela já estava colocando os três em um pratinho,
então aproveitei e pedi uma água de coco, e segundos
depois ela me entregou. Agradeci e fui me sentar em uma
mesinha que tinha em frente à barraca. Noah também
sentou ao meu lado e já estava comendo um bolinho.
— Sarah, nós não podemos demorar, logo a lancha vai
chegar e precisamos ir — disse, terminando de comer seu
bolinho, já que não era muito grande, por esse motivo que
peguei três. Noah ficou ali me esperando comer, todo
paciente.
Terminei de comer e realmente estava uma delícia,
levantei para pagar, mas a dona Ana não quis receber, disse
apenas que gostou de me conhecer e que por ser amiga de
Noah, não precisava pagar. E para não ser
desagradável, eu agradeci e falei que estava delicioso, mas
que da próxima vez eu pagaria com certeza. E ela
concordou com a cabeça, então me despedi dela, pois Noah
já estava me chamando.
— Vamos, Sarah! A lancha já deve estar chegando! —
disse ele, dando um beijo na bochecha da dona Ana e saiu
me puxando pela mão. Achei lindo o carinho que ele tem
por essa senhora!
Seguimos em direção à lancha, pois pelo que percebi
estava chegando.
— Noah, eu posso saber qual é o seu trabalho? Já que
tem sempre à tarde livre! — perguntei enquanto nós
caminhávamos rumo à lancha.
— Entrego artesanatos feitos aqui na ilha para vendar
nas lojas de Salvador, sou pago para isso, pois os
moradores daqui não gostam muito de cidade grande, então
me pagam para entregar e faço isso todo dia de manhã, saio
cedo e chego aqui entre nove e meia a dez horas, como
hoje. Durante a tarde sou guia turístico da pousada que tem
do outro lado da ilha, mas não é sempre que tem alguém
querendo se aventurar, então acabo ficando com a tarde
livre, mas também faço artesanatos como: vasos
feitos com casca do coco, enfeites e muitas outras coisas
que eu aprendi fazer com meu pai. Ah e também levo para
vender nas lojas, só que não é sempre que faço, pois, às
vezes fico sem tempo.
— Nossa Noah, que legal! Você tem uma vida
interessante e nada estressante perto do meu trabalho, já
que vivo no corre-corre da cidade grande! — Noah me deu
um sorriso que me deixou toda arrepiada. Que sorriso mais
lindo! Meu Deus! Eu agora dei para ficar arrepiada apenas
com um sorriso! Isso nunca aconteceu comigo antes. Eu
estou parecendo uma boba. Nem o conheço direto e estou
parecendo uma adolescente quando seu paquera fala apenas
um oi. Preciso parar com esses pensamentos e focar só no
que é preciso.
— Sarah, a lancha já chegou! Vamos subir. Vem que eu
te ajudo! — falou ele, me tirando do meu devaneio. Sem
perceber já estava segurando minha mão e me ajudando
a subir na lancha.
— Obrigada por me ajudar!
— Foi um prazer, linda! Mas me conta que trabalho é
esse que te faz ficar no corre-corre?
— Sou advogada, Noah! Sabe que às vezes não tenho
tempo nem para almoçar?
— Agora entendi por que vive correndo; vida de
advogada não deve ser fácil! Esses dias que vai ficar aqui,
vai te fazer muito bem. Você mora com seus pais? Em que
cidade mesmo?
— Moro sozinha em um apartamento em Belo
Horizonte, meus pais morreram em um acidente de carro
há dois anos, só eu sobrevivi e sou filha única, não tenho
mais ninguém, apenas minha melhor amiga Nadya, que é
minha sócia no escritório de advocacia.
— Sarah, me desculpa eu não sabia. Vamos mudar de
assunto, pois isso deve te deixar triste e não é isso que eu
quero — desculpou-se muito sem graça. Mas na
verdade, me senti aliviada por mudar de assunto, já que
essa conversa já estava me deixando triste.
— Noah, não foi nada, porém, prefiro mesmo não
lembrar.
Percebi que a lancha já estava parando, e notei que
chegamos! Mais uma vez Noah me ajudou a descer da
lancha.
Lembrei-me daquele motorista de taxi que deixou o
cartão comigo e liguei para ele. Não demorou muito, ele
atendeu que por sorte se lembrou de mim e disse que não
estava muito longe daqui e que logo chegaria. Agradeci e
desliguei. Realmente não demorou muito, e minutos
depois, nós já entramos no carro, e Noah disse a ele para
aonde nos levar. Seguimos nosso destino. Resolvi olhar no
cartão para saber o nome do motorista, e seu
nome é Pedro. Ele parou o carro em frente a um
supermercado, e vi que o local era enorme. Então pedi para
ele nos esperar, já que pensei em ir por último em uma loja
de móveis. Preciso comprar uma cama, uma televisão
e alguns banquinhos para cozinha.
Nós dois descemos do carro e entramos no
supermercado. Olha que dá para se perder aqui dentro de
tão grande que é!
Com a lista na mão, compramos tudo que precisava, pois
tinha tudo nesse supermercado, desde alimento a enxoval e
até eletrodoméstico e compramos trinta lâmpadas, pois não
tivemos tempo para contar e se sobrasse eu poderia
devolver. Eu me aproximei do caixa e paguei, dando o
endereço para entregar na minha casa, entretanto como
comprei muitas coisas, eles só vão poder entregar amanhã
cedo. Então resolvi levar pelo menos algumas lâmpadas
comigo, a fim de não passar a noite no escuro.
Saímos do supermercado em direção ao carro,
entramos, e seu Pedro nos levou para uma loja de móveis.
Ao entrarmos, percebi que alguns móveis estavam em
oferta, e escolhi três camas que estavam com o preço bom e
vinha com o colchão. Aproveitei a oferta da loja e comprei
também duas televisões. Perguntei se eles poderiam
entregar em casa e até que hora eles entregariam. Disseram
que entregavam em casa sim, porém hoje não daria tempo,
já que além de entregar, eles montam também, então só
entregariam amanhã cedo. Fui até o caixa paguei, passei
meu endereço, e nós saímos.
Seu Pedro ainda esperava por nós, entramos no carro e
ele nos deixou no porto. Eu agradeci a ele e paguei pelo seu
trabalho, ele apenas falou que se eu precisasse era só ligar.
Que sorte nós tivemos, pois, a lancha estava lá e já
estava saindo, entramos na lancha e partimos para ilha,
percebi que Noah estava todo animado.
— Até que fim, nós vamos ter um pouco de diversão!
Vamos passear olhar a natureza, relaxar um pouco, já que o
dia até agora foi cansativo, eu já não estava aguentando
mais esperar você comprar tantas coisas!
— Fazer compras para o homem é sempre chato. Mas
Noah, mudando de assunto, você perguntou dos meus pais,
porém não falou nada sobre o seus.
— Olha, não tem muito que falar deles, pois meu pai
recebeu uma oferta de emprego em uma empresa em São
Paulo e, para melhorar de vida, foi morar para lá com
minha mãe e minha irmã. Sempre gostei daqui, pois cresci
aqui e nesse lugar tenho meus amigos, então fiquei,
porém, estou sempre falando com eles.
— Sua família não mora aqui, e você vive nessa ilha
sem eles! Como consegue?
— Já me acostumei Sarah, eles se mudaram quando eu
tinha quinze anos, por esse motivo fiquei com Dona Ana,
foi ela quem cuidou de mim, já que minha mãe sempre
confiou muito nela! Sinto falta deles, mas se eles estão
felizes lá, eu fico também, só que guardo dinheiro todo
mês, para um dia ir visitar minha família!
— Sei que um dia vai conseguir, agora entendo o
carinho que você tem por Dona Ana!
Senti que a lancha já tinha parado, e que já estamos na
ilha, então descemos e Noah todo sorridente me olhou.
— Sarah, vem comigo, vou te levar para um lugar que
jamais vai esquecer! — Noah falou, pegando na minha
mão e me puxando para uma trilha que tinha no meio da
ilha. Nós seguimos aquela trilha. Confesso que fiquei com
um pouco de medo, já que a mata era fechada, e não dava
nem para ver o céu, só que de repente, nós chegamos em
um lugar maravilhoso! Havia uma bela cachoeira, e a água
era tão cristalina que dava para ver o fundo, era perfeito!
Noah tirou a roupa, ficando só de bermuda e, gritando, ele
pulou na água:
— Sarah, entra! Vem que água não tá gelada!
— Ah Noah, eu acabei esquecendo o biquíni!
— Entra de roupa mesmo! — Foi então que me
lembrei de que estava de top por baixo do vestido e a
calcinha era tipo cueca box feminina, então acho que
não teria problema.
Tirei o vestido na hora que percebi que Noah estava
distraído e pulei na água; realmente a água estava gostosa.
Quando Noah percebeu que eu entrei, ele veio em minha
direção, jogando água no meu rosto. Eu bem que
tentava fugir dele, só que sempre vinha para o meu lado.
— Tá gostando da água?
— Sim, tá uma delícia!
Ele se aproximou de mim novamente e me olhou de
um jeito que me fez corar na hora. Só espero que ele não
tenha percebido.
— Sarah, eu posso saber se você tem namorado? —
Meu Deus que pergunta é esta? E por que ele queria saber?
— Não Noah, eu estou sozinha no momento, pois
digamos que não tenho sorte com homens. Melhor nem
falar sobre isso.
— Tudo bem, quando você quiser falar, eu estarei aqui
para te ouvir ok?
— Tá ok. Eu só acho que agora não é o momento para
falar sobre isso! — falei enquanto ele saia da água.
— Tudo bem, eu entendo que não
quer conversar sobre isso, e respeito — disse, indo até onde
eu tinha colocado a minha toalha, então ele a pegou e se
aproximou de mim.
— Vem Sarah, que vou te levar para conhecer a praia
do outro lado da ilha! Tenho certeza que vai gostar!
Saí da água, me enrolando na toalha que estava em sua
mão, peguei minhas coisas que estavam em cima de uma
pedra e segui o Noah pela mata.
Chegamos na praia que era maravilhosa, parecia uma
praia deserta e particular, era perfeito não havia ninguém
por perto, somente eu e o Noah.
— Nossa Noah! Que praia linda! Mas não é perigosa?
Já que parece uma praia deserta?
— Que nada, linda! Só eu e os moradores da ilha
sabemos desse lugar. Os turistas não sabem que este lugar
existe e acho meio difícil chegar até aqui sozinho, pois não
tem trilha nenhum indicado onde fica. Só que como guia
turístico eu sempre trago eles para cá, e eles adoram! Como
é uma praia deserta, já vi turista tirando a roupa e entrando
no mar e nem se importando com minha presença — Ele
terminou de falar e correu para água, já que estava
molhado.
Eu fiquei apenas andando na beirada da praia, olhando
para o chão, admirando as conchinhas, pois o lugar era tão
perfeito, que eu não tinha nem vontade de voltar para
aquela casa para ficar sozinha. Estiquei minha toalha na
areia da praia e coloquei minha bolsa e continuei andando.
Vi que o Noah estava se aproximando, como estava na
beirada da água, ele começou a chutar a água, tentando me
molhar, eu estava quase seca e não queria entrar na água e
ele continuou a tentar me molhar. Saí correndo
dele, mas ele veio atrás de mim, quando conseguiu se
aproximar, me segurou com tanta força que acabei caindo
na areia com ele em cima de mim.
Noah ficou apenas me olhando, e eu olhando para
ele. Eu não podia, mas a vontade que eu tinha era de beijá-
lo, só que ele não pensou duas vezes, se aproximou do meu
rosto e me beijou, mostrando todo o desejo que sentia por
mim.
O beijo foi tão perfeito que por um momento me
esqueci da insegurança que eu tenho em relação aos
homens e me entreguei ao beijo e beijei-o com a mesma
vontade.
Só que quando percebi o que o meu corpo e o dele
queriam, voltei à realidade, empurrando Noah de cima de
mim, afinal eu não queria ser magoada mais uma vez, já
que eu nem conhecia Noah direito. Não podia me entregar
assim, mesmo que ele seja perfeito, só que as vezes é
somente perfeito de aparência, não sabemos como é por
dentro, então eu prefiro não me arriscar.
— Sarah, me desculpa, mas a vontade de te beijar foi
maior e não consegui me controlar! Desde o dia que te vi,
te achei linda e diferente de qualquer uma que já conheci e
me sinto atraído por você.
—Tudo bem, Noah! Mas acho que não estou preparada
para isso, não confio nos homens — disfarcei, pois eu
não poderia falar para Noah que eu sentia o mesmo por ele.
— Sarah eu sei esperar, quando estiver
preparada, estarei aqui para te fazer feliz!
— Noah, você é um amor! Mas vamos continuar
assim, sendo apenas amigos.
— Amigos então! Podemos ter uma amizade colorida?
O que acha? — sugeriu com um sorriso safado nos lábios.
Até que não era uma má ideia.
— Noah, quem sabe! Podemos ter essa amizade
colorida! — Agora ele riu alto e veio me beijar e mais uma
vez, e eu cedi aos seus beijos, só que não deixei que
passasse disso.
Nós nos levantamos da areia e fomos em direção a
minha toalha, só agora percebi que já estava escurecendo e
pelo visto ele também notou.
— Acho que vamos ter que passar a noite aqui, já que
não tem como a gente sair daqui, já está
escurecendo — exclamou ele. Olhei assustada para ele.
— Noah, mas aqui? E se tiver algum bicho e
comida? E eu só tenho chocolate para comer e algumas
barrinhas de cereais que trouxe da viagem de Belo
Horizonte para cá, pois sou viciada em chocolate e em
barrinha não fico sem, não sei se tem o suficiente para esse
tempo todo!
— Ah Sarah, minha querida! Fica tranquila, aqui não
costuma ter bichos perigosos! Chocolates e barrinhas? Já é
alguma coisa! Então vamos sobreviver até amanhã! —
falou, rindo de mim. Abri minha bolsa para ver quantos
chocolates e barrinhas eu ainda tinha, e vi que tinham cinco
de cada e uma garrafinha de água, então dava para passar a
noite.
Deitamos em cima da minha toalha e ficamos ali
conversando e olhando as estrelas que já estavam
aparecendo no céu. De vez em quando ele me abraçava e
me beijava. E era delicioso, mas nunca deixava passar
disso, não agora que estamos nos conhecendo.
A lua estava tão grande que parecia até que tinha uma
luz onde eu estava, e estava mais claro que na casa que
herdei.
Noah, o tempo todo me olhando com aquele jeito
safado que eu amo, e me contando suas aventuras aqui na
ilha, sempre passando sua mão em meu rosto e no meu
cabelo. Eu estava tão cansada, pois não tinha dormido a
noite passada, que acabei adormecendo com tanto carinho
que ele fazia em mim.
ACORDEI COM NOAH BEIJANDO MEU rosto e
me assustei, pois eu não estava acostumada a acordar com
alguém do meu lado. Foi então que notei que já tinha
amanhecido. Estava tão cansada ontem que desmaiei de
sono e só acordei agora porque Noah me beijou.
— Bom dia minha linda! Pelo visto dormiu muito
bem! Eu só te acordei, porque preciso te deixar na sua casa
e também logo sua compra vai chegar e você precisar estar
lá, e eu tenho que trabalhar, já que tenho entrega para fazer.
Mas creio que até às dez horas estarei de volta para te
ajudar, ok? — Explicou ele, me olhando de um jeito
safado.
— Bom dia! Eu estava cansada, dormi rapidinho. Mas
me tira uma dúvida? Como as coisas que comprei vão ser
entregues na minha casa? Aqui não circulam automóveis
de espécie alguma!
— Tudo que pedimos para entregar aqui, vem naqueles
pequenos aviões que chamamos de aviões bagageiros, já
que servem para transportar as coisas que compramos,
então vai descer pertinho da sua casa. Por isso você precisa
estar lá para receber.
— Entendi! Mas onde eles vão pousar? — questionei,
olhando no meu celular para ver a hora; seis horas da
manhã. Eu me levantei e Noah também fez o mesmo. Até
que não foi tão ruim assim dormir em uma praia com um
gato como Noah.
— Sarah, do lado direito da frente da sua casa tem uma
pista de pouso, talvez você não tenha notado porque o mato
cresceu em volta, mas olhando de cima dá para o piloto ver
— explicou Noah, me olhando calçar minha rasteirinha. Eu
realmente não tinha notado essa pista, pois o
mato está mesmo grande.
Quando fui abaixar para pegar a toalha e minha bolsa,
Noah me puxou e me beijou. E como foi delicioso! Só que
eu não podia deixá-lo sentir o desejo que tenho por ele,
então me afastei.
— Noah, vamos devagar, já disse que eu não estou
preparada. Vai ser só mesmo amizade colorida, não quero
nada sério com ninguém não por enquanto. Espero que me
entenda! — Não quero ficar falando da experiência horrível
que tive com meu ex, pois na época que eu o conheci, eu
tinha acabado de perder meus pais, e apesar de tudo, ele foi
minha força para superar a perda que eu tive. Sei que nada
nesse mundo vai fazer com que eu esqueça os meus pais.
No entanto o tempo que estive com ele, eu era feliz,
acreditava realmente que fomos feitos um para o outro. Até
o dia em que tivemos uma noite de amor maravilhosa.
Aí tudo mudou; de príncipe se tornou sapo, pois sempre
que eu ligava no seu celular, ele nunca atendia, marcava de
sair comigo e nunca vinha me buscar, enfim… Alguma
coisa tinha mudado, e eu não percebia. Porque acho que na
verdade, eu não queria perceber que algo estava errado, só
que no fundo eu sentia que estava.
Um dia a Fer veio em meu apartamento e ela estava
bem nervosa, eu não entendia por que ela andava de um
lado para o outro. Quando perguntei o que estava
acontecendo, ela respondeu olhando sério para mim e me
disse o porquê do Adan estar tão diferente. Falou que tinha
descoberto tudo, já que ela fazia faculdade de
administração na época, e tinha que uma amiga que se
chamava Natália. Um dia estava conversando com ela e a
garota começou a falar do Adan. A Fer fingiu que não
conhecia de quem ela estava falando, então ela continuou a
falar que já faziam três semanas que a bonita estava saindo
com ele. E pior! Ela ainda contou que ele me chamou de
babaca: “Aquela babaca nunca desconfiou que ela não
passou de uma aposta para conseguir levá-la para cama.”
Bom, Fer disse ainda que não sabia se tudo isso era
verdade. Não acreditou muito nesse negócio de aposta. Só
que eu acreditei.
Foi aí que descobri que fui apenas uma aposta para
ele, e tudo que vivemos foi uma grande mentira. A Fer para
provar tudo o que tinha me contado, me levou até a casa da
tal Natália e advinha quem estava lá seminu? O Adan. Isso
me fez sofrer muito e até hoje eu sofro, por isso não confio
em homem nenhum. Só que depois de um tempo, o
cafajeste ainda teve coragem de vir atrás de mim, dizendo
que estava arrependido! Ah cafajeste é tudo igual
mesmo! Não quero ver ele nunca mais na minha vida.
— Sarah? Sarah? Em que você está pensando? Desde
que nós saímos da praia, você não disse uma palavra.
— Só estava pensando se você entendeu meu ponto de
vista. Pois realmente não quero nada sério.
— Não se preocupa com isso, já combinamos que será
só amizade colorida. Quem sabe um dia, eu consiga fazer
você confiar em mim? Aí você me conta tudo o que se
passa nessa sua cabeça. — Noah falou, demonstrando que
era um cara legal. Não tem como negar que ele me dava
certa.
Passamos na barraca da Dona Ana, e Noah pegou uma
torta para mim e outra para ele, já que nós estávamos
morrendo de fome. Minutos depois, nós pegamos nossas
bicicletas e comendo, seguimos em direção à estradinha
que dava na minha casa. Terminamos de comer e subimos
em nossas bicicletas e continuamos andando. Meia hora
depois, eu estava na minha casa, e tudo parecia normal.
Noah já tinha ido embora e quando ele voltar vai trazer
junto com ele um chaveiro, para fazer as duas chaves que
estão faltando.
Fui para o banheiro trocar de roupa, já que logo minhas
encomendas estariam chegando. Não demorou muito, ouvi
um avião pousando lá fora. Foi como Noah falou; não era
um avião grande, mas cabia tudo que eu comprei lá dentro.
A porta do avião se abriu, e notei mais ou menos cinco
homens saindo de dentro do avião, descarregando as coisas
que comprei.
Abri a porta da frente e os mandei entrar, depois pedi
que levassem as camas no primeiro e segundo quarto perto
da escada no andar de cima, então eles subiram e montaram
as camas onde pedi. Esses dois quartos tinham banheiros,
por isso os escolhi.
O resto dos móveis eles colocaram na sala; uma
televisão foi instalada no meu quarto e a outra na sala em
cima da lareira, só que ainda não tinha antena para sinal
dos canais. Perguntei a eles se sabiam de alguém que
colocasse antena, mas apenas me responderam que se eu
quisesse, eles mesmos colocariam para mim, só que não
agora, já que ainda não terminaram de fazer as entregas.
Disseram que à tarde depois das duas, eles poderiam voltar
para colocar, então pedi que voltassem e após a
confirmação, eles terminaram de descarregar o avião,
deixando o que era da cozinha lá mesmo, e foram embora
logo depois.
Lembrei que precisava procurar o registro de água,
pois toda casa tem um registro.
Fui até o lado de fora da casa para procurar pelo
registro, já que ele só poderia estar lá. Rodei a casa toda e
só fui achar no portão lá na frente. O relógio de água estava
quebrado, só que mesmo assim, consegui abrir o registro.
Tinha uma torneira do lado e a abri também para verificar
se saía água, demorou um pouco, mas a água saiu muito
suja e com cor de barro, então deixei a água saindo até que
ficasse limpa, só que nunca ficava. Fechei a torneira e
voltei para dentro da casa e fui abrindo todas as torneiras
que tinham, demorou, mas toda a sujeira saiu, deixando
água limpa.
Eu estava muito animada para começar a limpar toda
casa e organizar tudo o que tinha comprado. A
residência era enorme, sei que eu passaria horas ali
limpando, mas se vou ter que ficar alguns meses aqui,
precisava deixar a casa limpa e confortável.
Estava tão distraída e acho que deixei a porta da frente
aberta, pois estava na cozinha limpando os armários e
guardando todas as compras que levei um susto quando
Noah chegou por trás de mim.
— Noah? Que susto você me deu! Nem vi você chegar.
— Oh Sarah, desculpa linda! Mas a porta da frente
estava aberta, então entrei, porém não tinha intenção de te
assustar. Você deveria ter mais cuidado e nunca deixar a
porta aberta daquele jeito. Não se esqueça de que você está
sozinha aqui — disse ele, me dando um selinho na boca.
— Vou prestar mais atenção da próxima vez, você tem
toda razão, é muito perigoso deixar a porta aberta.
— Pois é, todo cuidado é pouco. Eita! Está tudo tão
cheiroso, limpo e arrumado! E a torneira está saindo água!
— comentou, abrindo a torneira e olhando tudo em volta.
— Está sim, consegui fazer tudo
funcionar. Entretanto falta colocar as lâmpadas e o gás no
fogão, pois também já está limpinho. — E ele mais que
depressa colocou o gás no fogão, quando eu liguei, já
estava funcionando.
— Sarah, eu vou colocar as lâmpadas lá fora primeiro e
depois coloco aqui dentro, ok? Ah, me esqueci de te falar;
seu Jorge, o chaveiro, chegará daqui a pouco — avisou
indo lá para fora colocar as lâmpadas. E eu fiquei
aqui, terminando de limpar e guardar as compras. Logo que
terminei, fui toda animada terminar de limpar o resto da
casa.
Minutos depois, Noah entrou, me gritando, desci para
ver o que ele queria, pois eu estava terminando de limpar
os quartos que mobiliei.
— Sarah, minha linda? Terminei de colocar as
lâmpadas lá fora e já testei; estão todas acendendo. Agora
vou colocar na casa — avisou, começando na cozinha
e depois com minha ajuda, continuou no resto da casa,
principalmente nos quartos vazios. Por fim, nós testamos
para ver se estavam acendendo e todas acenderam. A
residência agora estava iluminada, já nem parecia mais uma
casa abandonada!
Quando eu estava descendo com Noah para
ir à cozinha, vi um senhor na porta da sala e me assustei.
— Seu Jorge? É o senhor? Que bom que chegou! Entre
por gentileza! Essa é a Sarah, a dona dessa mansão — disse
Noah, me apresentando para ele.
— Prazer Sarah! Que casa linda! Sabe por fora não
parece que é tão linda assim? — Elogiou o moço, olhando
para todos os lados, observando a casa.
— Verdade Seu Jorge, vou precisar reforma-la por
fora — comentei pedindo ao Noah que mostrasse a ele as
duas portas que precisam de chave. Já que estava tudo
funcionando na casa, eu gostaria muito de fazer um almoço
para nós.
Fui para a cozinha preparar uma macarronada de
molho branco com frango desfiado; receita da minha mãe.
Em meu apartamento em Minas, eu não tinha tempo para
cozinhar, mas eu adoro. Às vezes até cozinhava no fim de
semana, só que aqui tenho todo tempo do mundo.
Noah e Seu Jorge apareceram na cozinha, dizendo que
até às quatro e meia da tarde a chave estaria pronta, e ele
a traria para mim. Então, eu agradeci, e ele foi embora.
— Uau Sarah! Que cheiro delicioso! O que está
fazendo?
— Estou fazendo uma macarronada, uma receita da
minha mãe, que vai molho branco e frango desfiado —
contei, enquanto ele me olhava de um jeito estranho. Vai
ver que é porque sou advogada, e ele deve pensar que eu
não soubesse cozinhar.
— Não sabia que você cozinhava.
— No meu apartamento, eu realmente não tenho
tempo, então cozinho às vezes no fim de semana, só que eu
adoro cozinhar — expliquei, colocando a toalha na mesa da
sala de jantar, pois na cozinha ainda não tinha banco, não
achei para comprar onde visitei então nós comeríamos na
sala de jantar. A mesa era enorme e tinha muitas cadeiras, e
eu coloquei a toalha só na ponta, já que somos somente nós
dois para almoçar. Com tudo à mesa, nós nos sentamos e
nos servimos. Noah comia e falava que estava delicioso e
que nunca comeu nada igual.
Terminamos de comer, e eu fui lavar louça, só que não
tinha muita, por isso foi rapidinho. Subi e fui para o quarto
colocar roupa de cama, já que estava tudo limpinho, até o
banheiro eu lavei. Noah estava instalando o chuveiro nos
dois banheiros e graças a Deus saía bastante água.
Essa casa já não parecia mais abandonada e depois de
tudo arrumadinho e limpo, estava mais bonita ainda por
dentro e confortável como imaginei.
Descemos, e pedi para Noah tirar as cortinas
velhas, pois amanhã quero sair para comprar uma
nova, visto que se realmente eu vender esta casa, quero
deixar tudo arrumadinho. E amanhã também vou atrás de
alguém para reformar por fora e terminar a edícula. Preciso
de alguém para limpar a piscina e enche-la, já que estava
vazia. E preciso de alguém para limpar e reformar o jardim.
Acho que por enquanto é só.
— Sarah — Ouvi Noah me a chamar, e fui até onde ele
estava na sala. Chegando lá, vi que os rapazes vieram
colocar a antena.
— Boa tarde dona Sarah! Nós já vamos subir
e instalar a antena. É nas duas TVs. que trouxemos hoje de
manhã?
— Boa tarde! Sim, é nas duas, podem ficar à vontade e
se precisar, pode me chamar. — E assim um saiu para subir
no telhado e os outros dois; quarto e sala.
Correu tudo bem, Serviço concluído; as duas
TVs estavam funcionando, eu paguei os
rapazes, agradecendo e eles foram embora. Logo seu Jorge
chegou com a chave, me entregou e em seguida foi embora.
Eu e o Noah estávamos tão cansados do dia
agitado, que depois nós deitamos juntos no sofá da sala
para assistir TV e comer pipoca que fiz para a gente.
Quando terminamos de comer, ficamos ali assistindo
um filme que estava passando: “Muita calma nessa hora”.
Apesar do filme ser muito divertido, nós não resistimos; a
canseira era tanta que acabamos dormindo.
Acordei e vi que já estava escuro, não tinha como
Noah ir embora, já que a estrada já estava escura, só que eu
não podia deixá-lo acostumado a dormir aqui, afinal somos
apenas amigos. E apesar da atração que sinto por ele, não
quero me envolver, pois preciso conhecê-lo melhor, antes
de qualquer coisa. E sei muito pouco sobre ele.
— Noah, acorda! — chamei baixinho para não o
assustar, já que o gato parecia estar num sono profundo. E
como estava lindo dormindo!
— Acorda Noah, já escureceu! — chamei novamente e
dessa vez ele acordou na hora, me olhando assustado ao
notar que já tinha escurecido.
— Oh Sarah, vou ter que ficar aqui, não tem como ir
embora! — exclamou, olhando para mim novamente e para
janela.
— Verdade Noah! eu sei que não tem como você
ir agora, mas que tal então você dormir no outro
quarto? Agora vou fazer um lanche para gente comer, pois
não faço ideia da hora, mas eu já estou com fome e
você? — Perguntei, me levantando. Noah concordou
comigo e me acompanhou até a cozinha. Ele me ajudou a
preparar um lanche, que por sinal ficou delicioso.
Logo depois de comer, Noah foi acender todas as luzes
lá de fora e me chamou para sentar na escada em
frente da casa. Achei uma boa ideia, pois ainda era cedo
para dormir, e hoje eu não estava sozinha. Sentamos na
escada e nós ficamos olhando as estrelas, já que estava uma
noite linda.
— Sarah, me conta do que você tem medo em relação
aos homens? Por que é tão insegura? — questionou ele
para meu desespero. Droga! Não me sentia à vontade ainda
para falar sobre isso com ele! Por que será que ele
queria saber?
— Noah, me desculpa, mas ainda não quero falar sobre
isso!
— Tudo bem Sarah, quando quiser falar, estarei aqui
para te ouvir.
— Obrigada Noah por me entender, mas e você já
namorou? Pois pelo beijo que me deu na praia só pode estar
sozinho no momento.
— Sei que você não vai acreditar só que eu nunca
namorei. E nunca me interessei por nenhuma garota daqui e
também nunca tive muito tempo para isso. — Não
acreditei que um gato como ele nunca tinha namorado.
Mas não falei nada. Só pensei
— É sério isso? Mas você já ficou com alguém?
— Sério! Namorar nunca, mas já fiquei sim, só que
foram com poucas.
— Então você é um rapaz sério?
— Acho que não; só não encontrei a pessoa certa,
porém acho que também não preciso mais procurar…!
— contou Noah com um sorriso lindo no rosto. Em seguida
ele me puxou e me beijou com carinho. Confesso que por
esse beijo eu não esperava e entendi muito bem o que ele
quis dizer quando disse que não precisava mais procurar.
Apesar de eu ter me entregado ao beijo delicioso e por ter
vontade de me entregar por inteira, eu me afastei
novamente, pedindo desculpa. Ele apenas me abraçou.
— Tudo bem, eu espero o tempo que precisar. Agora
vamos entrar, pois já está ficando tarde — disse, pegando
em minha mão, e juntos nós entramos.
— Sarah, vamos dormir? Pois eu acordo
cedo amanhã, e você tem muitas coisas para resolver,
principalmente procurar a papelada da casa que até
agora nós não encontramos.
— Verdade, onde será que foi parar?
— questionei, subindo para o segundo andar, depois de
trancar toda a casa.
No quarto coloquei roupa de cama para ele dormir e
me senti aliviada, pois Noah acendeu todas as luzes lá de
fora e verificou se todas as portas estavam trancadas, só
para ter certeza. Amanhã vou verificar aquela porta. Dei
um selinho em nele, falei boa noite e fui para o meu quarto.
Entrei e fui direto tomar um banho para relaxar um
pouco, já que eu estava muito cansada e eu precisava disso.
Terminei o
banho e fui me trocar. As minhas roupas ainda estavam na
mala, porém amanhã guardo tudo no guarda
roupa, pois ele está limpo também. Tranquei a porta com
chave, tenho esta mania desde pequena e peguei meu
celular, a fim de mandar uma mensagem para Nadya:

Enviei a mensagem, coloquei o celular na mesinha do


lado da minha cama, liguei a TV para não ficar tão
escuro, abaixei o som e, por fim; virei de lado, fechando o
olho e dormi rapidinho, pois estava cansada. Não sei
quanto tempo se passou, mas de súbito, senti alguém passar
a mão em meus cabelos, quando me virei para olhar;
escuridão. Como estava escuro? Se eu dormi com a TV
ligada? Então ouvi um barulho que vinha de dentro do meu
quarto, tentei procurar uma tomada do lado da cama, mas
não achei. Fui pegar meu celular para acender a lanterna,
também não achei, cheguei a pensar que fosse o Noah,
porém tenho certeza que tranquei a porta. Levantei
correndo e fui até a tomada acender a luz. Foi quando vi
que o celular estava no chão; caído e aceso. Com coração
aos saltos, peguei meu smarthphone e quando olhei no
visor, estranhei, pois o meu nome e meu número estavam
na telinha do celular. Eu não entendo como ele foi parar no
chão, visto que ele estava na mesinha do meu lado e
agora estava caído quase perto da porta do banheiro. Que
estranho! Como isso foi acontecer?
QUANDO VI MEU NÚMERO NO visor do meu
celular, tive certeza de que alguém esteve em meu quarto.
Imediatamente corri na porta para verificar se estava
aberta e, para minha surpresa, estava fechada. Virei a
chave, abrindo a porta e saí gritando assustada de saber que
alguém estava me olhando dormi.
— Noah! Noah! Noah! — gritei, indo em direção ao
quarto dele. Noah, assustado, abriu a porta correndo e saiu
em minha direção.
— Sarah! Por que está me chamando, aconteceu
alguma coisa? — perguntou estranhando minha gritaria, e
em seguida percebeu que eu estava tremendo. — O que foi
Sarah? Me conta? — questionou novamente, tentando me
acalmar. Como eu estava assustada, ele me abraçou.
— Alguém esteve no meu quarto! Eu até senti passar a
mão no meu cabelo enquanto eu dormia e ainda mexeu em
meu celular! Eu sempre tranco a porta com a chave antes
de dormir, já que tenho essa mania já faz tempo. Não sei
como entraram! Entretanto quando eu abri o olho para ver
se era você, não consegui enxergar nada, pois a TV que
deixei ligada para clarear o quarto, estava desligada, só que
ouvi um barulho dentro do meu quarto e depois vi o meu
celular, que deixei na mesinha do lado da minha
cama, estava no chão ligado no meu número!
— Você deve ter sonhado, pois verifiquei a casa antes
de dormir e estava trancada, e se você trancou a porta como
alguém teria entrado? Acho que você sonhou.
— Será Noah? Estou muito confusa, será que sonhei?
Mas por que o celular estava no chão?
— Você deve ter derrubado enquanto dormia, já que
estava do seu lado, agora vamos dormir ok?
— Deve ser isso então! Noah você pode dormir
comigo?
— Claro que posso! — Eu me senti
aliviada por ele dormir comigo, pois eu ainda
tinha a sensação de que não foi sonho.
Entramos no meu quarto e, mesmo o
Noah estando comigo, tranquei a porta com chave, e
deitamos na cama. Quando virei para dar boa noite
novamente, ele me beijou, e eu não resisti ao beijo. Ele
estava só de boxer branca, e eu de camisola de seda
branca. Enquanto a gente se beijava, senti sua mão descer
pelo meu corpo e também pude sentir o volume que se
formou na sua boxer. Eu queria, queria muito mesmo! No
entanto algo em mim não permitia, eu tinha medo de ser só
mais um objeto como fui para o outro cara. Além do mais,
eu não sabia se o sentimento de Noah por mim era
verdadeiro, então me afastei de seus lábios.
— Noah ainda não! Adoro estar com você, mas vamos
esperar um pouco.
— Tudo bem minha linda, só queria saber do que tem
tanto medo.
— Noah, no momento certo, você saberá, agora vamos
dormir!
— Eu sei esperar! — disse me dando um selinho e me
abraçando. Então nós dois dormimos de conchinha. Eu
demorei um pouco para dormir, pois ainda sentia que
alguém me observava. Pela respiração pesada, notei
que Noah já estava dormindo.
Estou achando tudo muito estranho, pois ouvi um
barulho na primeira noite que passei aqui, agora alguém
entrou em meu quarto e ainda por cima passou a mão em
meu cabelo! O que mais vai acontecer nesta casa? De tanto
pensar acabei dormindo.
Acordei com a porta do quarto se abrindo, quando me
virei, dei de cara com o Noah. Sorridente, ele entrava com
uma bandeja de café. Achei muito fofo da parte
dele: preparar um café para mim, afinal nunca ninguém fez
isso. Mas onde será que ele conseguiu uma
bandeja? Quando ele se aproximou de mim, achei
engraçado, pois a tal bandeja não passava de
uma assadeira.
— Bom dia, linda! Conseguiu dormir? Preparei um
café para você. — Que homem é esse? Que até café sabe
fazer! Pensei emocionada.
— Bom dia Noah! Demorei, mas dormi bem.
Obrigada pelo café na cama, assim você vai acabar me
deixando mal-acostumada — brinquei, sorrindo para ele.
— Você merece ficar mal-acostumada, pois pelo
trabalho que têm, nem deve ter tempo de tomar um café
decente. — Disse me entrando a bandeja, quer dizer a
assadeira e se sentando ao meu lado. Tinha uma xícara de
café, torradas com geleia, um sanduíche que ele preparou e
uma maçã. Não costumo comer tanto assim pela manhã, só
tomo mesmo um café e uma fruta às vezes. Estava tudo tão
fofo que acabei comendo tudinho. Minutos depois, Noah
pegou a bandeja e me olhou com um sorriso satisfeito de
ver que eu tinha comido tudo.
— Sarah, eu já estou indo trabalhar, mas não vou poder
voltar hoje, pois tenho alguns turistas para se aventurar na
ilha, e eu serei o guia lembra? Ah, me esqueci de te
falar; vai ter uma festa na pousada hoje à noite, já combinei
com Heitor de vir te buscar lá pelas cinco e meia da tarde,
então fica pronta que eu te encontro lá, ok? Vista-se como
se fosse para um luau. Ah outra coisa, você vai dormir
comigo por lá — avisou, fechando a porta, nem me deixou
perguntar nada. Pelo visto isso foi uma ordem, já que não
quis nem saber se eu queria ir.
Quando me levantei da cama e fui ao banheiro me
trocar, ouvi uma porta batendo lá em baixo. Imaginei que o
Noah acabou de ir embora. Eu me troquei rapidamente e
desci logo, já que ainda tinha aquela sensação bizarra que
não gosto nem de pensar. Não é possível que tenha alguém
me observado!
Com o celular na mão, corri para trancar a porta
e, inesperadamente, meu celular apitou com sinal de
mensagens e pelo visto recebi duas; uma era de Nadya e o
outro número privado. Que estranho!

O que será que meu ex andou aprontando? Estou


curiosa para saber, pois desde o dia em que ele me
procurou, fiquei sabendo que só aprontou. Fui para a
próxima mensagem:
Quando terminei de ler fiquei tão assustada que
derrubei o celular no chão, segundos depois, peguei
correndo o celular e li de novo. Eu sabia que não era sonho,
alguém esteve sim em meu quarto! Entretanto como será
que esse maluco entrou? Eu precisava contar isso
logo para o Noah, já que ele acha que sonhei, mas eu sabia
que tinha sido bem real. Pior que eu só vou ver o
Noah à noite.

Fui para
cozinha beber um copo de água, pois estava muito
nervosa. Chegando lá vi que em cima do balcão tinha um
papel, peguei e vi que era um bilhete do Noah.
Meu Deus! Noah pensou em tudo! Eu nem preciso ir
atrás de nada, graças a ele! Com o tempo mais livre,
fui colocar minha roupa para lavar, que deixei no banheiro.
Quando cheguei à lavanderia, encontro a porta aberta.
Tenho certeza que ouvi Noah saindo pela frente! Tranquei a
porta assustada e coloquei a roupa na máquina, depois e fui
para sala verificar novamente a porta e, graças a
Deus, estava trancada.
Voltei para cozinha e fui fazer meu almoço, preparei
alguma coisa rápida, já que eu comeria sozinha. Estava
terminando o almoço quando meu celular tocou. Antes de
atender, chequei o visor: número privado. Assustada, mais
muito curiosa como sou, atendi.
— Alô!
— Alô! Quem é? Por que não responde? Sei que está
aí, pois estou ouvindo a sua respiração — apelei, com o
coração acelerado, só que o indivíduo desligou na minha
cara. Só pode ser alguém brincando comigo! Mas que
brincadeira de mau gosto! Primeiro me manda uma
mensagem e agora me liga! Isso está me deixando muito
curiosa.
Liguei para Nadya e advinha; tinham mais de vinte
ligações perdidas desse número privado. Uma hora ele
cansa de ligar! Então sem dar importância
para o tal número, liguei para Nadya; no segundo toque, ela
atendeu. Terminei meu almoço, fiz um prato e fui comer na
sala, assistindo TV, quando me sentei no sofá, meu celular
tocou de novo, então atendi.
— Alô! Você tá de brincadeira comigo! Por que não
vai procurar alguma coisa para fazer ao invés de ficar me
ligando? Já disse que eu posso ouvir a sua respiração, e sei
que você está aí. Não tem coragem de falar, então não liga!
— E eu desliguei na cara dele, só que o meu celular tocou
de novo. Cansada, coloquei no silencioso e fui almoçar.
Depois que terminei, limpei toda a cozinha e fui para
sala. Peguei meu celular a fim de falar com minha amiga:
— Oi Sarah, tudo bem?
— Tudo Nadya. E aí? Como estão as coisas? Tudo bem
no escritório?
— Sim, está tudo bem por aqui. Apenas seu ex que
tá dando trabalho.
— Como assim? O que ele tem aprontado?
— Olha Sarah, eu não sei quem contou para ele que
você viajou e que recebeu uma herança, mas o Adan
apareceu aqui no escritório e queria o seu endereço para ir
atrás de você, como você trocou o número do seu celular,
também queria o seu número, como não conseguiu nada
comigo, aprontou o maior escândalo no escritório e
começou a quebrar as coisas! O bonitinho estava
totalmente descontrolado, nem parecia o Adan que você
namorou. Ele está se revelando viu? Parece até outra
pessoa. Ah, eu fiquei tão assustada que chamei a polícia, só
assim ele saiu daqui.
— Nossa Nadya! Nunca pensei que o Adan ficaria
assim, pois eu nunca o vi nervoso, ao contrário; sempre foi
calmo. Realmente não sei o que está acontecendo com ele.
Entretanto ainda bem que você não deu meu celular e nem
meu endereço para ele.
— Ah Sarah, só sei que ele saiu daqui gritando
que descobriria o seu novo número e onde você está.
— Não sei como, pois, só você sabe onde estou! E são
poucas pessoas que tem meu número novo.
— Verdade Sarah. Eu também acho meio difícil ele
descobrir, mas o que tem para me contar?
— Nadya, acredita que o Noah está sempre comigo e
que até tivemos nosso primeiro beijo? Só que eu fui sincera
com ele, falei que não queria nada sério, pois você sabe
Nadya, o quanto eu sofri quando descobri toda a verdade
sobre o Adan. Não quero por enquanto, só você me
entende, não é amiga? — contei a ela, um pouco
chateada, porque só de lembrar sobre isso, fico muito mal.
— Eu te entendo, fica tranquila, só que eu fiquei feliz
de saber do beijo, acho que você está certa em não querer
nada sério, visto que ainda não o conhece direito. Sim
amiga, sei que você já sofreu muito. Mas continue, por
favor!
— Então, amiga! Aqui na casa têm acontecido
coisas estranhas! Na primeira noite que dormi aqui, ouvi
passos no andar de cima e alguém me olhando da janela da
sala, e ao amanhecer, senti alguém passar a mão em meus
cabelos, vi meu celular no chão e no visor estava o meu
número! E agora fico recebendo ligações de um numero
privado e mensagens também. Só pode ser brincadeira de
alguém que não tem o que fazer na vida.
— Nossa Sarah que estranho! Quanto a casa, acho que
alguém não quer você aí, então está te assustando, já que
você me disse que a casa sempre foi abandonada! Acho
que não deve ser nada de mais, mas toma cuidado viu?
Você acha que já posso passar um fim de semana com
você?
— Acho que você tem razão, alguém não me quer aqui,
mas por qual motivo? Ah outra coisa, decidi que vou
reformar a casa por fora e terminar a edícula e a piscina
também! Assim que a piscina e a edícula ficarem prontas,
eu te ligo e você vem para cá.
— Ok Sarah, então me avisa, nem que for por
mensagens.
— Te aviso sim. Ah, hoje à noite tenho uma festa para
ir com Noah, ele nem me perguntou se eu queria ir,
acredita? Mandou alguém vir me buscar e vou ter que ir.
— Gostei desse Noah! Com você, amiga, tem que ser
assim mesmo, pois não gosta de fazer nada! Divirta-se
viu. Depois me conta tudo, agora vou ter que desligar, pois
estou no escritório. Beijos e se cuida! Até outro dia.
— Se cuida também Nadya, qualquer coisa me liga ou
me manda mensagem. Beijos e até.
Percebi que assim que desliguei o celular, alguém
bateu na porta, chamando e chamava pelo meu nome.
Antes de abrir, perguntei quem era. E do outro
lado alguém respondeu que era o Matheus, então
me lembrei do bilhete do Noah e abri a porta.
— Boa tarde dona Sarah, Noah avisou que eu viria?
— Boa tarde! Sim, ele avisou, mas não precisa me
chamar de dona, apenas de Sarah está ótimo! — falei,
enquanto ele me dava um sorriso sem graça. Matheus era
um rapaz jovem e muito bonito. Parece que os homens
dessa ilha são todos bonitos, só que Noah ainda tinha uma
beleza diferente de todos.
Pedi que ele entrasse, e o levei para a lavanderia, na
sequência, abri a porta e mostrei a piscina e a edícula que
não estavam terminadas e pedi que terminasse a
edícula antes e depois que reformasse a frente e o jardim.
Depois de mostrar tudo a ele, eu perguntei quanto
tempo levaria para ficar tudo pronto, Matheus me
respondeu que, se o tempo ajudasse, em dois meses estaria
tudo pronto. Aproveitei e perguntei também quando ele
poderia começar, ele apenas falou na que segunda.
Hoje é sexta-feira, então passaria rápido. Combinei tudo
direitinho com ele e dei carta branca para comprar o
que precisasse para reforma. Por fim, falei que
esperaria por ele na segunda, e ele foi embora, dizendo que
segunda estaria aqui cedo.
Entrei e novamente tranquei as duas portas que
davam aceso a casa e me lembrei daquela porta no fundo
do corredor, visto que agora eu tinha a chave, só que
achei melhor esperar o Noah chegar para abri-la, pois não
sei o que vou encontrar lá dentro.
Sentei no sofá da sala, liguei a TV e aproveitei para
fazer minha unha, já que eu tinha uma festa para ir e queria
estar bem arrumada. Terminei minha unha e fiquei
assistindo TV até dar quatro horas da tarde, visto que eu
sabia que para me arrumar, demoraria. Quando deu o
horário, fui tomar meu banho, terminei e fui secar meu
cabelo e depois passei a chapinha. Amei o resultado: ficou
bem lisinho com as pontas viradas para fora. Ficou perfeito.
Já que Noah falou para eu me vestir como se fosse para
um luau, escolhi um vestido florido e longo; da cintura para
baixo era rodado e tomara que caia, a estampa era azul com
o fundo branco. Adoro este vestido, pois me deixa muito
bonita e bem vestida. E nos pés, coloquei uma rasteirinha
prata.
Depois de pronta, me olhei no espelho que tinha no
banheiro e gostei muito do que vi, só estava faltando me
maquiar, então peguei minha maquiagem e delineei bem
meu olho com um delineador preto, a fim de fazer
uma maquiagem bem suave. E passei nos meus lábios um
batom rosa. Por fim, me olhei no espelho novamente:
Uau! Nem parecia comigo, já que eu não tinha o costume
de usar meu cabelo liso e maquiagem. Realmente eu estava
muito diferente, só que me sentia muito bonita.
Peguei minha bolsinha e o meu celular, e quando olhei
no visor para ver a hora, tinha mais de cinquenta chamadas
perdidas daquele número privado.
Meu Deus, ele não vai desistir de me ligar? Mas quem
será que estaria me ligando? Só sei que deve ser a mesma
pessoa que esteve no meu quarto esta noite.
Notei que já eram cinco e quinze. E logo seu Heitor vai
estar aqui para me buscar, então desci e fui esperar na sala
ele chegar.
Não demorou muito, ouvi alguém batendo na porta,
perguntei quem era antes de abrir, e era seu Heitor, abri a
porta e vi um rapaz de mais ou menos trinta anos, percebi
que ele me olhava de em cima embaixo, fiquei até
vermelha de vergonha.
— Dona Sarah? Vim te buscar para festa, Noah já está
te esperando. — Saí, trancando a porta, e quando olhei no
pé da escada, tinha um cavalo branco muito lindo. Nunca
andei a cavalo, mas creio que será a minha primeira vez de
muitas que ainda vou andar nesta ilha.
Heitor me ajudou a subir no cavalo e logo em seguida
subiu também. Ainda bem que o vestido era rodado, pois
facilitou bastante para eu subir no cavalo, então segurei na
cintura do Heitor, e nós seguimos nosso destino.
Percebi que o caminho era longo, pois passamos pela
vila e entramos numa trilha que tinha na mata, mas
finalmente nós chegamos em uma praia linda; andamos
mais um pouco e chegamos na pousada. Heitor me ajudou
descer do cavalo e pediu para eu segui-lo, então fui em
direção onde ele estava indo. Quando me aproximei de um
lugar na pousada onde ficava a piscina, vi um palco enorme
lá no fundo do lugar e, observando tudo, vi o Noah em
cima do palco. Heitor fez um sinal para ele, e Noah me
olhando, pegou o microfone e falou:
— Essa música que vou cantar agora, eu dedico a ela; a
mulher que roubou meu coração.
E apontou para mim. Todos os olhares se voltaram para
mim, Noah fez sinal para eu subir ao palco, mas eu estava
vermelha demais de vergonha.
— Sarah! — Chamou de cima do palco. — Sobe, deixa
de ser tímida e sobe. — disse fazendo sinal para eu subir. E
todos começaram a gritar meu nome. Eu não tinha como
me esconder e nem como sair dali. Eu não esperava por
isso. Sem muitas escolhas, me aproximei do palco
iluminado e Noah me deu a mão. Assim que subi, ele me
beijou, fazendo todos gritarem e baterem palmas, e ainda
me olhando, começou a cantar uma música linda: “Out Of
Tears”. Só ouvi uma vez essa música e foi no carro de
Nadya, só que nunca tinha prestado atenção na letra, mas
cantada pelo Noah e para mim, a letra é maravilhosa. Os
meus olhos encheram-se de lagrimas, não sabia nem o que
estava sentindo no meu coração, visto que nunca ninguém
fez isso para mim.
Será que mereço tudo isso? Será que realmente ele
gosta de mim? Eu só tenho certeza de uma coisa:
estou apaixonada pelo Noah.
COMO POSSO ESTAR APAIXONADA POR ele?
Se nem sei se esse sentimento que Noah tem por mim é
verdadeiro! Tudo indica que sim! Mas confesso que ainda
tenho medo. Sem falar que preciso saber mais sobre ele, já
que faz apenas quatro dias que estou aqui nesta ilha.
Noah terminou de cantar e veio em minha direção, em
seguida, ele me abraçou e me beijou na frente de todos que
estavam ali, assistindo. Todo mundo, mais uma vez,
bateu palmas. Sorrindo, nós dois descemos do palco.
— Sei que te peguei de surpresa, Sarah! Mas o que eu
falei foi verdade! Você foi a única mulher que roubou meu
coração! Sei que não vai acreditar em mim, mas apesar
do pouco tempo que nos conhecemos, já tenho a certeza
que te amo! — Ah, meu Deus! Isso não pode estar
acontecendo! Não sei o que fazer e nem o que dizer, pois a
única coisa que penso é que não quero ser um objeto mais
uma vez. Apesar do amor que sinto por ele, eu tenho que
me cuidar para não sair magoada.
— Ah, Noah! Estou tão emocionada com tudo o que
disse e fez por mim hoje! Não sabia que você cantava! Isso
foi maravilhoso, nunca ninguém fez isso por mim. Só que
ainda não é o bastante e… — Mas Noah, não
me deixou terminar de falar; lascou um beijo daqueles em
meus lábios trêmulos me deixando nas nuvens.
— Ah Sarah, eu não estou te pedindo nada! Apenas
quero te conhecer melhor, ser seu namorado e poder estar
com você sempre que eu quiser… Enfim, linda, fazer parte
da sua vida. Sei que você é insegura, já falei que sei
esperar, lembra? No momento certo se você quiser me
contar o que se passa nesta cabecinha…! Eu estarei contigo
para te ouvir. Quero apenas estar do lado de quem eu amo,
sem nada em troca. Agora me diz se aceita ser minha
namorada? —Nossa! Quanta informação! Eu sentia que
deveria aceitar, pois meu coração dizia que sim, mas meu
medo dizia que não, só já que o amor sempre vence! E ele
merece uma chance.
— Eu aceito, Noah! — digo com um sorriso bobo e ele
nem me deixou terminar de falar; foi logo me pegando no
colo e me encheu de beijos. Até esperneei um
pouquinho para que ele me colocasse no chão, pois tinha
muita gente ali nos olhando.
— Eu aceito com uma condição: que nunca haja
mentiras entre a gente e que você nunca me esconda
nada. Aceita? Ah, e vamos devagar para gente se conhecer
melhor — falei, olhando bem dentro dos seus olhos.
— Tudo bem, linda! Eu concordo com você, pois tudo
que eu mais quero é estar contigo — disse, pegando em
minha mão com carinho. — Agora vamos comer e beber
alguma coisa — Sugeriu, parecendo faminto. Em seguida,
ele me levou onde havia uma mesa enorme que tinha de
tudo de gostoso. Ele pegou um prato para mim, e nós nos
servimos. Pegamos uma bebida e fomos nos sentar em uma
mesa.
Mal conseguimos comer direito, já que muita gente
vinha nós cumprimentar pela música que Noah cantou para
mim. Até que uma morena alta muito bela de cabelos
longos e lisos, com os olhos iguais a jabuticabas de tão
pretos, se aproximou da gente, dando um selinho na boca
do Noah.
Mas quem ela pensa que é para beijar meu namorado
na minha frente? Minha vontade foi partir para cima dela,
entretanto como sou educada, respirei fundo e me
apresentei.
— Oi! Sou a Sarah, namorada do Noah! — Ele me
olhou com um sorriso aberto nos lábios, e eu vi que ele
gostou do que falei.
— Sarah, esta é a Carla, ela é a filha do dono dessa
pousada. — Quando fui cumprimentá-la, a garota
simplesmente fingiu que eu não existia, e saiu me deixando
com a mão no ar.
— Não liga para ela, Sarah, pois acha que por ser filha
do dono pode ter tudo o que quer, só que não. Sem querer
me gabar, mas ela sempre quis ficar comigo, só que eu
nunca gostei de mulheres assim…! Mesmo assim, a
Carla vive no meu pé. Quando você se apresentou como
minha namorada, deve ter deixado minha amiga com muita
raiva, se bem que eu gostei do jeito que falou, até parecia
que estava com ciúmes!
— Nada disso, Noah! Só não gostei do jeito dela, só
isso — expliquei sem graça, já que a verdade é que eu senti
mesmo, só que eu não podia falar isso para ele.
Já tinha escurecido e a noite estava linda, visto que o
lugar era maravilhoso. A noite estava muito agradável e
nós dançamos muito. Essa tal de Carla não tirava o olho da
gente, e estava até me incomodando, só que deixei para
lá, a fim de não estragar minha noite. Eu conheci muita
gente aqui, mas nem todos moravam na ilha, a
maioria era hospedes da pousada.
— Espere aqui Sarah, eu vou buscar uma bebida para
gente e já volto — disse o Noah me dando um selinho e
saiu em seguida. Eu fiquei ali perto da piscina, olhando
o lindo lugar. Estava tão distraída, que não vi quando
alguém esbarrou em mim, fazendo com que eu me
desequilibrasse. Só não caí dentro da piscina porque
alguém que estava do meu lado me segurou. Quando olhei
para ver quem era, vi um rapaz jovem e muito bonito, o
qual ainda me segurava pela cintura.
— Que sorte você teve de eu estar aqui do seu lado, no
exato momento em que você ia cair na piscina, não acha
linda?! Afinal, eu não poderia deixar uma moça linda como
você cair e ficar toda molhada! Nossa, desculpe,
me esqueci de me apresentar; meu nome é Vinício, posso
saber o seu?
— O meu nome é Sarah, obrigada por me segurar, se
não fosse você, a minha noite teria acabado.
— Sarah, me diz uma coisa: o que uma moça linda
como você está fazendo aqui sozinha? — Quando eu ia
responder que não estava sozinha, eu ouvi uma voz atrás de
mim.
— Ela não está sozinha, Vinício. Sarah está comigo, é
minha namorada, só fui buscar algo para gente beber, então
pode ir cantar em outro lugar.
— Noah, ele só está aqui porque alguém esbarrou em
mim, e graças a ele, eu não caí na água. Eu só estava
agradecendo.
— Obrigada por segurá-la, meu chapa, mas agora você
já sabe que ela está bem acompanhada, será que pode nos
deixar sozinhos? — Vinício apenas se aproximou de mim e
me deu um beijo no rosto, depois ele parou em frente ao
Noah e, me olhando, disse:
— Foi um prazer te conhecer, Sarah! — E saiu,
olhando novamente com ar desafiador para o Noah. Pelo
visto eles já se conhecem e não se dão muito bem.
Noah não me falou nada, mesmo assim percebi que ele
não gostou de eu ter conhecido o Vinício, mas também não
perguntei o porquê daquilo. Voltamos para o centro da pista
com as bebidas nas mãos e começamos a dançar.
Nós ficamos ali um bom tempo dançando e, apesar da
noite estar perfeita, me deu vontade de ir embora. Eu já
estava ficando cansada mesmo e, pelo que percebi, já era
tarde.
— Noah, já está ficando tarde e eu já estou cansada. A
noite foi perfeita, mas eu já quero ir embora, tudo bem? —
questionei, abrindo a boca de sono, levando a mão nos
lábios.
— Oh Sarah, você esqueceu, linda? Nós vamos ter que
passar a noite aqui na pousada, pois agora não temos como
ir para sua casa, eu te avisei que nós dormiríamos aqui!
Vamos para o meu quarto, como trabalho aqui de
guia, tenho um reservado aqui, na verdade eu moro aqui.
— Não sabia que morava nessa pousada! Podemos ir
então? — perguntei de imediato, caindo de
cansaço. Então ele pegou em minha mão e me levou do
outro lado da pousada, assim que chegamos, entramos em
uma porta e subimos uma escada que deveria ter uns dez
degraus. Quando chegamos no grande corredor com várias
portas, Noah parou na segunda e depois de abri-
la, nós entramos.
Quando entrei, vi que o quarto de Noah era enorme,
tinha uma cama de casal bem alta, um guarda roupa
embutido. Foquei no canto do quarto e avistei uma mesinha
redonda de vidro com quatro cadeiras e do outro lado
do recinto; outra porta. Acho que deve ser o banheiro.
— Chegamos Sarah! Fique à vontade, linda. Se quiser
tomar um banho, o banheiro fica ali — ofereceu,
mostrando-me aquela porta. Foi como eu pensei; ali é o
banheiro.
— Nossa! Como vou tomar o banho? Acabei me
esquecendo de trazer a roupa.
— Não se preocupe linda, se você quiser, eu te
empresto uma camiseta minha para você dormir.
— Ah, que fofo, você! — comentei fazendo um
carinho no cabelo arrepiado dele. — Já que você me
empresta uma camiseta sua, vou tomar um banho para
relaxar — falei olhando para ele.
Noah foi até o guarda roupa
pegou uma camiseta branca, e junto com ela, me entregou
uma toalha de banho. Peguei a camiseta e a toalha, agradeci
e fui para o banheiro. Coloquei as coisas na pia, que é
enorme como o banheiro, e entrei no chuveiro pensando se
estava fazendo a coisa certa; por ter aceitado a
namorar o Noah. Meu coração dizia que sim, pois ele
parecia ser uma pessoa boa, então não
custava tentar. Eu me sinto muito bem quando estou com
ele, mesmo assim vou tomar cuidado para não sair
machucada.
Não posso me esquecer de contar ao Noah tudo que
aconteceu logo depois que ele foi embora lá de casa hoje de
manhã, já que ele tinha que saber que não foi sonho como
ele achou.
Terminei meu banho, me troquei, colocando a camiseta
do Noah. O cheiro bom dele invadiu meu nariz.
Saí do banheiro e vi que Noah já tinha arrumado a
cama, e a TV estava ligada. Quando ele me viu, ficou me
olhando. Deu um pulo dá cama e veio em minha direção,
pegando em minha cintura.
— Sarah você está linda, quer dizer você fica linda de
qualquer jeito — elogiou e em seguida me beijou
carinhosamente, mas logo se afastou dizendo:
— Vou tomar um banho também, minha linda. Fica à
vontade, a cama já está arrumada e o controle da TV está
ali — disse pegando algo no guarda roupa e em seguida foi
para o banheiro.
Assim que me deitei na cama, peguei o controle, a fim
de procurar um filme, e logo achei um bem
legal, inclusive já tinha assistido, mas como o filme é tão
lindo, deixei no canal para assistir novamente: “Um Amor
para recordar.’
Não demorou muito e Noah saiu do banheiro só de
boxer. Eu já tinha visto ele outras vezes, então não me
importei. Ele se aproximou de mim e deitou ao meu lado, e
assim que se encostou, meu corpo arrepiou todinho, pois eu
fiquei com medo do que poderia acontecer entre nós dois,
mas apesar do medo, havia muito desejo e uma vontade
louca de me entregar inteirinha para ele.
FOI COMO PENSEI; ELE NÃO perdeu tempo e se
aproximou de mim, dando-me um beijo delicioso. Estava
tão louca de desejo que me entreguei aquele beijo sem
pensar em nada, só que dessa vez, Noah já estava tirando a
minha camiseta, me deixando apenas de calcinha e sutiã.
Enfim, meu corpo ficaria exposto novamente, estaria nua a
sua frente para que ele o tomasse e fizesse o que achasse
melhor.
Por um momento ele parou o que estava fazendo. Acho
que esperava alguma reação minha, mas eu continuei ali
sem dizer nada, mostrando em gestos o quanto eu desejava
aquilo, o quanto precisava senti-lo dentro de mim,
possuindo-me e tornando-me sua. Esse era um desejo que
fritava em meu peito e queimava pelos meus poros
fazendo-me delirar em uma espécie embriagante de prazer.
Quando Noah percebeu que eu também o queria, me
beijou loucamente. Desabotoou meu sutiã lentamente, seus
dedos ágeis faziam meu corpo arrepiar quando se tocavam,
e foi beijando meu pescoço e descendo até chegar nos em
meus seios e ali, começou a dar leves mordidinhas fazendo
com que eu pendesse a cabeça para trás e abafasse um
gemido manhoso em minha garganta. Ao sentir sua língua
quente em torno do meu bico arrebitado, em uma espécie
de dança prazerosa não consegui controlar, e um gemido
baixinho saiu da minha boca, e mesmo baixo foi o
suficiente para ele ouvir, no mesmo instante senti mais uma
vez o volume se formar em sua boxer.
Em um momento ousado, seduzida por luxuria e
prazer, deixei que meus dedos tomassem o caminho do
paraíso. Passei minha mão para dentro da calcinha e me
toquei enquanto sentia sua boca sugar cada um dos meus
seios.
Parei o que fazia quando Noah continuou a descer,
sempre me enchendo de beijinhos e deixando uma trilha de
lambidas por onde passava, quando ele chegou na parte da
minha calcinha, ele a tirou e continuou me dando beijinhos,
até que senti sua língua passar em meu ponto de prazer
fazendo-me gemer mais alto. Ele inspirou fundo, fazendo
com que eu lhe desse total atenção. Noah me deu uma
última olhada antes que começasse a me torturar de
maneira gostosa e lenta. Não demorou nada para que sua
língua me invadisse, começou a me chupar, embriagada
pelo desejo, comecei a movimentar meu quadril
lentamente, fazendo assim, sua boca explorar um espaço
maior em minha intimidade. Sua boca me preenchia e me
dominava, fazendo-me gemer cada vez mais alto.
Noah me levaria à loucura!
Logo em seguida, penetrou um dedo fazendo meu
corpo se curvar para trás e um rosnado rasgar minha
garganta, não aguentei e cheguei na hora ao clímax de tanto
prazer. Quando ele percebeu, colocou a boca na minha
entrada e me chupou novamente, sugando tudo o que podia
de mim e fazendo-me sentir uma explosão de desejo
deixando-me anestesiada, então ele tirou a boxer, abriu
minhas pernas e me olhando perguntou:
— Você tem certeza que está pronta? — Certeza eu não
tinha, mas desejo eu tinha e muito.
— Noah, eu não sei se estou pronta, mas quero tentar –
sem falar mais nada, ele me possuiu, fazendo-me gemer
mais alto ainda. Ofegando de prazer, ele me puxou
gentilmente e me colocou em cima dele. Sem pensar em
nada, eu cavalguei, enquanto ele me apertava contra seu
corpo, porém quando eu comecei a movimentar mais
rápido, como em sintonia, nós chegamos juntos na loucura
do prazer. Quando terminamos, fiquei em cima dele até
nossas respirações se acalmarem e, logo depois bem
devagar, ele saiu de dentro de mim. Ambos ficamos ali;
deitados na cama com nossas respirações ofegantes.
Quando eu voltei à realidade, senti vontade de chorar,
pois foi maravilhoso. Confesso que eu nunca senti isso nem
com meu ex, mas havia o medo de que tudo isso acabasse.
— O que foi Sarah? Minha linda! Por que você ficou
triste de repente? — questionou acariciado meu rosto.
Eu não vou ficar falando das minhas neuras para
ele, afinal não vejo necessidade.
— Eu não estou triste, apenas estou assimilando tudo o
que acabou de acontecer conosco esta noite.
— Ah Sarah, espero que não tenha se arrependido, pois
para mim esta noite foi especial! — Quando Noah terminou
de falar, meu celular apitou em sinal de mensagem, eu tinha
tirado o meu celular do silencioso, já que a Nadya poderia
precisar de mim. Claro que achei ótimo ter apitado agora,
pois consegui um motivo para mudar de assunto.
— Noah, eu preciso ver quem é, pode ser minha amiga
que deve estar precisando de mim — Então me levantei
enrolada no lençol e fui pegar meu celular. Voltei com ele
para cama e abri a mensagem que dizia:
Terminei de ler e joguei o celular na cama. Depois eu
me levantei ainda enrolada no lençol, e comecei a andar de
um lado para o outro, indo até a janela do quarto.
— O que está acontecendo, Sarah? Por que está tão
nervosa?
— Olha no meu celular que você vai entender. — Ele
pegou meu celular e olhou, vi pela expressão do seu rosto
que ele não estava entendendo nada.
— O que significa isso?
— Significa que tinha alguém nos espiando e vendo
tudo o que fizemos aqui, Noah! — expliquei, colocando a
mão no rosto, pois estava com os olhos marejados. Queria
chorar, só que as lágrimas não desciam. Noah veio em
minha direção e me abraçou.
— Calma Sarah, não fica assim! Deve ser uma
brincadeira de mau gosto, já que não tem como ninguém
nos espiar aqui, linda! Eu moro no segundo andar, e como
você viu; é bem alto para alguém subir e ficar nos
espiando.
— Noah, eu ia te contar, só que ainda não tive tempo,
só que agora eu tenho. Lembra que te falei que de
madrugada alguém passou a mão em meus cabelos e ainda
pegou o número do meu celular e você disse que eu deveria
ter sonhado?
— Lembro sim!
Então peguei o celular e mostrei a mensagem que
recebi cedo e as chamadas perdidas que já tinham mais de
cem. Ele pegou o celular, leu a mensagem e viu o tanto de
ligações que eu tinha desse tal número privado.
— Meu Deus! Realmente tem alguém te espiando e
você não estava sonhando! No entanto como entraram em
seu quarto? Se a porta estava trancada? Eu estou achando
tudo muito estranho e sem sentido.
— Também acho estranho, mas o fato e que eu ouvi
alguém dentro do meu quarto, só não vi como saiu, pois,
estava escuro. Olha Noah, eu desconfio que alguém está se
escondendo atrás daquela porta do final do corredor, pois
estava sem chave, lembra? E agora com a chave pronta,
precisamos abri-la para ver o que tem ali. Sozinha, Noah,
eu não tenho coragem.
— Que tal se a gente tentasse dormir Sarah? Amanhã
resolvemos isso — sugeriu, me abraçando. Eu estava
mesmo cansada e precisava dormir. Então nós deitamos na
cama e, de conchinha, acabamos pegando no sono.
Acordamos com o celular tocando, e ainda sonolenta
eu atendi:
— Alô!
— Alô, eu estou ouvindo a sua respiração, sei que está
aí! Por que não vira homem e fala alguma coisa?
— comentei angustiada, ouvindo a respiração mais forte.
Assustado, Noah pegou o celular da minha mão e
retrucou para o intruso:
— Alô! Para de ligar para minha namorada e vai
procurar o que fazer cara! E se continuar, eu vou ligar para
polícia…
— Sarah, ele desligou na minha cara. Você sabe se tem
alguém que não gosta de você ou gosta até demais para
ficar te perseguindo?
— Não que eu saiba, pois sempre me dei bem com
todo mundo, mas deixe-me pensar… Só se for o meu ex-
namorado, já que andou me procurando no meu
trabalho! Entretanto ele não sabe onde eu estou agora,
então não deve ser.
— Amanhã resolvemos isso, linda. Vem, vamos
dormir. — Eu estava tão assustada com tudo isso, que acho
que Noah percebeu, porque ele me abraçou mais forte que
de costume. Na certa tentando me deixar segura, como se
quisesse me dizer que era para eu ficar tranquila que ele
estava comigo. Funcionou, pois mesmo assustada, acabei
dormindo.
Acordei e vi que Noah não estava na cama, levantei,
olhando em volta. De repente, notei que a mesa estava
repleta de coisas gostosas. Pelo visto Noah novamente
preparou o café. Quando peguei meu celular para ver a
hora vi muitas ligações daquele número. Ainda bem que
coloquei no silencioso para poder dormir! Ah e pelo
visto, dormi bem, pois já eram quase nove horas da manhã.
Eu me levantei e fui direto para o banheiro, a fim de
tomar um banho completo. Estava louca para lavar o meu
Cabelo. Terminei o banho e me troquei. E sai do banheiro,
quando eu estava indo abrir a janela, a porta do quarto se
abriu, olhei e vi o Noah, entrando com algumas flores
lindas nas mãos.
— Bom dia, linda! Dormiu bem? — questionou com
um belo sorriso nos lábios. Todo lindo, meu gato veio se
aproximando de mim, usando uma calça rasgada no joelho,
uma camiseta branca com decote V e com óculos escuros.
Que homem é esse? Meu Deus! Ele é perfeito demais!
— Como não sabia que tipo de flor você gosta, peguei
um pouco de cada. — comentou Noah me entregando o
lindo buquê e me dando um daqueles beijos de perder o
fôlego, minha perna até bambeou. Que poder ele tem sobre
mim! Impressionante! Meu corpo só responde de vê-
lo. Ah sou louca por esse homem! Nunca recebi flores na
minha vida! E eu amei todas, claro. Depois de tirar seus
lábios do meu, Noah ainda completou:
— Ah Sarah, você é a mulher dos meus sonhos e eu te
amo! – Declarou, deixando-me ficar sem palavras.
— Ohw Noah! Que fofo! Muito obrigada pelas flores!
Eu amei e eu também te amo! — Sorrindo, ele pegou um
vasinho de vidro que estava em cima da mesa do café.
— Sarah, minha linda! Coloca suas flores aqui e vamos
tomar café. — Eu coloquei as flores no vaso, e ele colocou
o vaso no meio da mesa, depois nós nos sentamos para
tomar nosso café.
Havia muitas comidas gostosas na mesa. Apesar de não
estar acostumada, estou gostando muito de todo esse
carinho que Noah tem por mim.
— Nossa Noah! Quando eu voltar para minha cidade,
vou sentir falta de tudo isso!
— Como assim, linda? Você vai voltar para sua
cidade? Não veio para ficar?
— Não! Eu tenho minha vida lá em BH e um
escritório que precisa de mim. Eu só estou aqui para pegar
a papelada da casa que está no meu nome e dar andamento
na venda, pois acho que vou vendê-la. E como precisa de
reforma, então vou ter que ficar aqui mais tempo do que eu
imaginava, pois nem encontrei a papelada.
— Vou ser sincero com você, viu? Eu fiquei triste de
pensar que um dia, você não vai estar mais aqui comigo,
mas quanto tempo acha que vai ficar aqui?
— Eu achei que fosse ficar uns três meses, só que acho
que vou ficar mais, pois nem comecei a reforma e nem
achei os papéis.
— Então vai dar tempo para eu mostrar para você
como essa ilha te faz bem, e que você não pode viver sem
mim, e nem eu sem você! — disse com um olhar triste.
Realmente eu estava amando este lugar; as pessoas são
muito simpáticas, e quem eu mais amo mora aqui, mas
confesso que eu não sei o que vai acontecer nesse tempo
em que eu estiver nessa ilha.
— Noah? Que tal se a gente não falar sobre isso
agora? Vamos curtir o momento e ver no que vai dar? Pois
vou ficar aqui por um bom tempo, pelo visto. Mas agora
eu preciso voltar para casa, você vem comigo?
— Sim, vou passar o dia com você. Hoje é sábado e eu
não trabalho.
— Fico feliz de poder passar o dia comigo, lindo! Pois
ainda não me sinto segura sozinha naquela casa.
Terminamos o café, e Noah pegou uma mochila,
colocou algumas roupas dentro, e eu peguei minhas coisas.
Noah guardou tudo que tinha na mesa numa mini geladeira
que nem tinha visto no quarto dele, pois estava dentro do
guarda-roupa, na última porta do lado da parede e saímos
do quarto.
— Nós temos que passar na casa do Heitor para pegar
minha encomenda, você se importa de passar lá comigo?
Vai ser rápido.
— Não, não me importo, podemos passar sim!
Saímos da pousada, e seguimos em direção a uma casa
branca, não muito pequena, ali perto. Noah bateu na
porta, e não demorou muito ela abriu. Era o Heitor dizendo
para o Noah que a encomenda estava pronta, mas antes ele
me cumprimentou e perguntou se nós gostaríamos de
entrar, só que o Noah disse que não, que esperaria aqui.
Heitor entrou na casa e voltou com uma cesta grande na
mão, entregou ao Noah e ele agradeceu. Antes de irmos, ele
ainda perguntou se ele usaria seu cavalo neste fim de
semana, Heitor disse que não e Noah pediu emprestado, ele
emprestou e foi buscar o cavalo. Noah
agradeceu novamente e falou que entregava na segunda de
manhã, e finalmente nos despedimos dele. Noah me ajudou
a subir no cavalo e me entregou a cesta que não era pesada,
em seguida ele subiu no cavalo e seguimos nosso destino.
O caminho era longo até em casa, e eu sentia alguma
coisa se mexer dentro do cesto, mas não tinha como eu
olhar, então ia ter que esperar chegar em casa para saber do
que se trata.
Depois de uma longa caminhada, nós chegamos
em casa. Noah pegou o cesto, que agora fazia um barulho
tipo um animalzinho chorando, e me ajudou a descer do
cavalo. Depois entramos.
— Sarah, essa cesta é para você. — disse me
entregando a cesta novamente. Agradeci e curiosa, abri
para ver o que tinha dentro e não acreditei no que vi, pois
sempre gostei de animais, mas por morar em um
apartamento, nunca pude ter um. Tirei rapidamente o
cachorrinho do cesto, já que ele estava chorando, e um
filhote da raça Cocker branco e marrom, que ao me
vir abanou o rabinho para mim. E que coisa mais fofa! Ele
me lambia muito, parecendo que gostou de mim.
— Noah, eu não acredito que você me deu um
cachorro! Sempre quis ter um, mas nunca pude ter, pois
moro em um apartamento. Eu amei, viu? Muito grata. — E
dei um beijo estalado na bochecha dele em forma de
agradecimento. — Quanto tempo ele tem você sabe?
— Não sabia se você gostava, mas arrisquei mesmo
assim, pois acho que cães são ótimas companhias e eles
estão sempre alerta a qualquer barulho. Heitor me falou que
ele já tem três meses de vida. E como é macho, que nome
vai dar para ele?
— O que acha de Lipe? Sempre quis ter um cachorro
com este nome.
— Ah Sarah, Lipe combina com ele e é um nome
muito bonito. Você viu que no cesto tem ração e potinhos
de água e comida?
Então fui olhar dentro do cesto, e vi que tinha
mesmo. Pedi para o Noah colocar água e ração para ele,
pois nós demoramos muito para chegar aqui, e o
Lipe deveria estar com fome e sede.
— Enquanto você cuida do Lipe, vou para o meu
quarto colocar uma roupa mais confortável. — Eu ainda
estava com o vestido de festa e não via a hora de tirá-lo.
— Vai lá, que eu cuido do Lipe.
Então subi e fui para meu quarto, mas ao abrir a
porta levei um susto tão grande com o que vi, que me fez
gritar na hora.
— Noaaaah! — Notei que ele já estava subindo a
escada correndo com o Lipe no colo.
— O que foi Sarah?
— Noah vem ver.
Ele se aproximou do meu quarto e entrou. Vi que ele
mudou de cor; ficou branco com o que viu, e eu corri para
os braços dele, assustada e o abracei, pois me sentia
perdida sem saber o que fazer.
CONHECER A SARAH FOI A melhor coisa que
aconteceu em minha vida, pois ela é muito especial. Apesar
da insegurança que ela tem em relação aos homens, é uma
mulher corajosa, independente e pelo que notei; é sofrida,
mas ainda assim, ela é muito forte, e eu admiro isso nela.
Foi difícil conquistá-la, só que acho que finalmente
consegui entrar no seu coração e quebrar todo aquele gelo
que estava dentro dele.
A cada aproximação e cada beijo que eu lhe
dava, eu sentia seu corpo responder. Entretanto eu sabia
que teria que esperar o momento dela e sentia que ela me
desejava, mesmo sempre tentando não demonstrar, o seu
corpo e o seu olhar mostravam o quanto eu mexia com ela.
Até o momento em que eu percebi que Sarah estava
pronta para ser minha, pois quando deitei ao seu lado em
minha cama e a beijei, percebi o quanto ela me desejava,
pois me beijou loucamente. Então tudo foi acontecendo
naturalmente, e cada vez mais ela se entregava a esse
desejo, tornando tudo perfeito, e maravilhoso. O que eu
sinto por ela, eu jamais senti por ninguém. Sei que nunca
namorei, mas já fiquei com muitas e nunca senti nada.
No entanto Sarah me enfeitiçou, estou louco de amor por
ela, só que quando ela me falou que um dia iria embora
para sua cidade, senti medo de perdê-la, já que a amo tanto
e não quero ficar longe dela. Eu teria que mostrar para
Sarah que ela também não vai conseguir viver sem mim e
que esta ilha vai lhe fazer muito bem.
Confesso que estou preocupado com ela, pois tenho
certeza que tem alguém a perseguindo, não imagino como,
mas tem. Também não faço ideia de como esse suposto
invasor havia entrado em seu quarto, e somente este fato
era o suficiente para me deixar nervoso. Alguém estava
olhando minha namorada dormir, não sei se ele é um
psicopata maníaco, não sei se ele poderia lhe fazer algum
tipo de mal, mas diante de tudo isso, eu me sinto um inútil.
Não sei o que fazer para ajudar, qualquer coisa que eu tente
poderá afastá-la de mim e fazê-la voltar para sua cidade
mais cedo. O cachorrinho foi uma tentativa, um tiro no
escuro para falar a verdade. Talvez ela não gostasse, mas
era difícil imaginar alguém que não quisesse ter um
bichinho. Só não quero que ela se sinta sozinha, já que
tenho um trabalho que me ocupa muito tempo e nem
sempre vou poder estar ao seu lado.
Sarah ficou tão feliz em ganhar o filhote, que eu me senti
realizado, pois consegui fazê-la, mais uma vez, feliz. Visto
que ela também se alegrou com o café na cama, com a
música que cantei e as flores que lhe dei. E agora com o
cachorrinho, só que Sarah merece muito mais.

E com
aquele susto que nós dois levamos ao olhar seu quarto, não
consigo imaginar o que está passando em sua cabeça, só sei
que preciso protegê-la e mostrar para ela que não vou
deixar nada mal lhe acontecer, nem que eu tenha que
contratar alguém para descobrir quem está perseguindo-a.
Estou muito assustada!
Alguém entrou no meu quarto, e deitou na minha
cama! Ainda por cima
vi que minhas calcinhas estavam espalhadas por todo o
quarto. E pior… Acho até que quem fez isso, se masturbou
por aqui, pois as minhas calcinhas estavam todas meladas!
Que nojo! E todas as minhas roupas também estão
espalhadas pelo chão. Isso porque ainda não chequei o
banheiro!
— Oh Sarah, você não pode ficar sozinha aqui! Esse
cara está obcecado por você. Olha o que ele aprontou no
seu quarto, linda! Ah, ele não deve ser uma pessoa
normal, e pode até ser uma pessoa perigosa! — disse
nervoso e muito preocupado.
— Apesar de estar assustada, Noah, eu não vou sair
dessa casa. Também acho que ele não vai me fazer nenhum
mal, já que oportunidade teve naquela noite em que passou
a mão no meu cabelo. Aposto que ele só quer me assustar
e olha; o louco está conseguindo, mas eu não vou sair
daqui! Não mesmo! — exclamei, cruzando os braços em
sinal de protesto. Em seguida, suspirei, ainda olhando a
baderna do recinto. Noah também suspirou e, parecendo
desanimado, retrucou:
— Não posso dormir com você toda a noite! Quem vai te
proteger?
— Eu sei me cuidar Noah, então fica
tranquilo, pois agora tenho o Lipe para me acordar e para
me alertar de qualquer barulho.
Logo depois de olhar todo o quarto, notei que a porta
do banheiro estava aberta, então peguei na mão do Noah, e
juntos entramos. Minhas roupas estavam espalhadas e pelo
visto estavam sujas. Minha maleta de maquiagem estava
toda quebrada, e tinha marca de batom para todo lado. Mas
o que mais me assustou foi o que vimos escrito no
espelho com batom vermelho:

Não faço ideia de quem seja este maluco!


— Vem Noah, vamos ligar para a polícia e avisar o
que está acontecendo, já que isso é uma invasão e é crime.
— Sinto te decepcionar, mas nós não temos polícia aqui
na ilha, linda! Só na cidade de Salvador, mas vamos ter que
ir para lá, pois aqui não temos telefone, e só o celular
funciona aqui, só que nem sabemos o número de lá, já que
nunca precisamos de polícia aqui. Você tem certeza que
você não tem inimigos ou algum admirador?
— Tenho certeza sim Noah! Eu te garanto que eu me dou
muito bem com todos que eu conheço! O único que andou
me procurando foi meu ex, mas ele não sabe onde estou e
também acho que ele não faria isso! Vamos chamar a
polícia amanhã?
— Não Sarah, vamos deixar para ir na segunda-feira
cedo, pois aos fins de semana deve estar lotado. E já que
vou dormir aqui esses dois dias com você, nada vai te
acontecer.
— Pode ser na segunda, então Noah, mas vou ter que
esperar o Matheus chegar, pois ele vai começar a fazer a
reforma aqui em casa na segunda. Vou aproveitar para tirar
foto de toda essa baderna para mostrar a eles.
— Isso Sarah, registra tudo. Mas eu faço minha entrega
na segunda e volto ás dez horas para gente ir à delegacia e
almoçamos por lá, ok?
— Está combinado então! Bom, já tirei muitas fotos,
acho que o material é o suficiente — falei, guardando o
celular.
Peguei o cesto de roupa suja, e Noah me ajudou a
recolher todas as roupas e calcinhas que estavam
espalhadas no quarto e no banheiro, inclusive a roupa de
cama. Em seguida, desci com o cesto e coloquei tudo na
máquina de lavar.
Noah me ajudou a limpar o quarto e o
banheiro, enquanto o Lipe dormia na minha cama. E acho
que ele nem chegou a comer sua ração. Fui trocar de roupa,
enquanto Noah descia com o Lipe para cuidar dele, a única
coisa limpa que me restou para eu vestir foi um pijaminha
curto, já que não tive escolha, vesti ele mesmo. Ainda bem
que ele é novo e bem fresquinho.
Depois de me vestir, desci e fui ver o Lipe comer; ele é
mesmo uma graça! O danado comeu tudinho!
Noah o levou para fora para fazer suas necessidades, e eu
fui para cozinha fazer almoço. Se tivesse como pedir pizza
até que não seria má ideia, mas eu sabia que aqui não tinha
como, então fiz uma torta de queijo.
Noah entrou com o Lipe no colo, e percebi que ele estava
cansado, pois acho que Noah andou brincando com ele lá
fora. Um tempo depois Noah foi lá para dentro e voltou
sem o Lipe.
— Noah, onde você colocou o Lipe?
— Brinquei muito com o seu cãozinho lá fora, e como vi
que ele estava cansado, dei água para ele e o coloquei para
dormir em cima do sofá, ele dormiu rapidinho, então estou
aqui para te ajudar, linda! — Ele se aproximou de mim
com a maior cara de safado e me abraçou por trás.
— Você está muito sexy com este pijaminha, Sarah!
Assim vou ter que te carregar lá para cima! — elogiou me
dando um beijo no pescoço. Em seguida, ele me virou e
lascou um beijo daqueles de perder o fôlego, deixando-
me de pernas bambas. Minhas mãos estavam cheias de
farinha, não tinha nem como eu abraça-lo, mesmo assim
fiquei no embalo do beijo, quase me entregando ali mesmo,
mas sem muita força para parar com aquele momento
delicioso! Por fim, eu me afastei dos seus lábios, já que
agora não dava para continuar.
— Noah, eu preciso terminar o almoço! —
Falei, olhando para ele e para aquele seu sorriso safado.
— Tudo bem, linda! Mais tarde se prepare ok? —
Disse se afastado um pouco, logo após ouvimos o barulho
da máquina de lavar que tinha terminado de lavar as roupas
que coloquei, e Noah foi para lavanderia.
— Sarah, eu vou fazer um varal para você e vou colocar
a sua roupa para secar, enquanto você faz almoço.
Noah foi lá para fora, e eu fiquei ali, terminando meu
almoço, o Lipe já tinha acordado e conseguiu descer do
sofá e estava no meu pé deitado. Terminei o almoço e
coloquei a toalha na mesa, Noah já tinha terminado de
colocar a roupa no varal que ele fez e estava brincado com
o Lipe. Então eu o chamei para almoçar e nós nos sentamos
ao redor da mesa. O Lipe comeu sua ração novamente.
Terminamos de comer, e Noah me ajudou arrumar a
cozinha e depois fomos para sala brincar com o Lipe.
Depois de tanto brincar, ele acabou dormindo, e nós
ficamos na sala assistindo um filme de terror, que eu adoro
por sinal, exceto quando estou sozinha.
O filme prendeu tanto a nossa atenção, que não
percebemos que o Lipe tinha acordado e estava no pé da
escada olhando para cima. Eu me levantei do sofá e fui
pegar ele. Foi aí que entendi o porquê de ele estar ali, pois
na hora que peguei o Lipe, ouvi o barulho que vinha lá de
cima, e pelo visto Noah também ouviu, já que desligou a
TV na hora e ficamos por um momento em silêncio. Lipe,
por sua vez, estava inquieto no meu colo.
— Pega a chave e vamos subir — aconselhou Noah, bem
baixinho, então eu fui pegar a chave. Sem fazer
barulho, nós subimos a escada. Assim que chegamos lá em
cima, percebemos que os ruídos foram diminuindo até
parar, mas o mais estranho é que parecia que eles
vinham de dentro da parede.
— Noah, o barulho parou. Será que quem estava aqui foi
embora?
— Não sei te falar, mas vamos descobrir se é atrás
daquela porta que ele fica causando tais barulhos.
— Mas o barulho parece que vem da parede e não
daquela porta.
— Também tive essa impressão, mas deve ser
só cisma mesmo, pois como alguém andaria entre as
paredes e ainda do lado de dentro? Impossível! Acho que
todo o mistério vem desta porta — disse, apontando para
a porta. Assim que nós nos aproximamos da mesma,
notamos um silêncio total. Noah pegou a chave da minha
mão e colocou na fechadura, só que para nossa surpresa, a
chave não entrou. Noah olhou a fechadura, e ficamos
ali, tentando entender por que não entrou.
— Acho que trocaram a fechadura da porta, pois parece
ser mais nova do que as outras — falou observando. Fui
até o quarto mais perto e olhei a fechadura; realmente essa
era antiga e está bem enferrujada por causa do tempo.
Voltei e olhei àquela e realmente era
novinha, inclusive tinha até um pedacinho de plástico azul
que geralmente vem junto quando compramos.
— Noah, isso quer dizer que há mais alguém nesta casa!
— Sim Sarah, isso é mais um motivo para avisar a
polícia, e você vai ter que tomar muito cuidado quando
estiver sozinha. Eu queria ficar com você todos os dias,
mas não posso!
— Eu terei cuidado, fica tranquilo, mas me fala uma
coisa: você sabe se antes de mim, alguém já esteve aqui?
— Havia um senhor que acho que foi contratado por seu
avô, pois de vez em quando ele vinha para ilha e
sempre ficava aqui na casa. O moço dizia que estava
verificando as condições da casa, caso seu avô quisesse
vende-la. Ele tinha a chave, pois sempre que
vinha, eu o trazia para cá. Esse senhor abria a porta e
entrava, e eu ia embora. Mas não me lembro do nome
dele, mas se eu lembrar, eu te falo.
Nós descemos e fomos para sala. Quem será esse
senhor? Será que ele tem alguma coisa a ver com tudo isso
que está acontecendo?
Noah foi preparar o café da tarde, enquanto eu fui
recolher toda a roupa. Depois que terminamos de tomar
café, nós fomos caminhar com o Lipe em volta da casa, já
que era enorme e tinha muito espaço para o
meu pequeno brincar.
A hora passou e nós nem percebemos, pois andamos e
brincamos bastante com o Lipe. Quando vimos, já
estava escurecendo, então eu peguei o Lipe no colo e
voltamos para casa.
— Noah, você pode cuidar do Lipe para mim? Quero
tomar um banho.
— Claro que posso, vai lá que eu cuido dele, depois vou
tomar um banho também.
Subi e fui para meu quarto, levando junto toda a roupa
que eu tinha recolhido, em seguida passei um shortinho
jeans e uma regata branca e levei para o banheiro,
trancando a porta, afinal eu estava muito cismada com os
últimos acontecimentos. Entrei no chuveiro e tomei meu
banho pensando: como vou fazer a polícia acreditar que
tem algo estranho acontecendo aqui? Será que vão
acreditar nas fotos que tirei e nas mensagens que recebi?
Acho que as mesmas não provam nada, eu precisaria de
algo concreto. Já sei! Vou ligar para Nadya depois do
banho e perguntar se ela tem alguma ideia. De repente, vi
a maçaneta da porta girando, justo no exato momento em
que eu estava olhando para ela.
— Noah? É você? — perguntei, gritando, pois eu ainda
estava de baixo do chuveiro. Entretanto como Noah
entraria, se eu mesma fechei a porta do quarto com a
chave? Ninguém respondeu e a maçaneta continuava a
virar, só que dessa vez mais forte.
— Quem está aí? — gritei novamente, mais alto. Se não
for Noah, pelo menos ele poderá me ouvir gritar.
— Noah! Socorro! Tem alguém aqui! — Chamei o mais
forte que pude, pois eu estava ficando apavorada. De
repente ouvi um barulho no quarto, e a maçaneta parou de
virar.
— Sarah? Abre essa porta. O que está acontecendo aí?
— Noah gritava e ao mesmo tempo, esmurrava a porta do
meu quarto.
— Sarah você está bem? Me responde? Cadê você? Por
que não abre a porta? — Ele gritava feito louco, e
como eu não ouvi mais nenhum movimento no quarto, eu
me enrolei na toalha e abri a porta do banheiro bem
devagar, quando notei que não tinha ninguém corri para a
porta do quarto e abri, e me joguei nos braços do Noah,
pois me senti aliviada dele estar aqui comigo.
— Sarah, meu anjo! Você está tremendo! O que
aconteceu? Eu ouvi você gritar, só não entendi o que falou,
pois eu estava na cozinha dando ração para o Lipe e só deu
para ouvir o seu grito de lá, o resto não entendi.
— Eu já estava embaixo do chuveiro, quando vi a
maçaneta da porta virar. Sorte minha que tinha fechado
com a chave, cheguei a pensar que fosse você,
mas me lembrei de que tranquei a porta do quarto, só que
alguém teimava em abrir a porta do banheiro!
Então perguntei quem era, mas ninguém respondeu,
comecei a gritar você, sabia que poderia não me ouvir,
então gritei mais alto. Logo depois eu ouvi um barulho no
quarto, como se ele tivesse indo embora e fechou alguma
coisa que não sei o que é, logo em seguida ouvi você
esmurrando a porta e gritando, acho que você o assustou, e
de quebra me salvou!
— Ah Sarah, estou aqui viu? Eu vou dormir com você no
quarto, quero ver se alguém mais vai te incomodar! Mas
queria saber como entraram em seu quarto? Até agora
não estou entendendo, será que entrou pela janela?
— questionou indo verificar a janela. E eu fui junto,
ainda tremendo e enrolada na toalha.
A janela estava aberta, mas como alguém entraria aqui,
visto a altura da casa? E com tanta facilidade? Não tem
como alguém estar entrando pela janela, por onde então
estaria entrando?
— Eu estou muito confuso, afinal não tem como alguém
entrar por essa janela e, se a porta estava trancada, não sei
nem o que pensar. Vai colocar uma roupa, minha linda! Vou
te esperar aqui, não vou te deixar sozinha.
Noah sentou em minha cama com o Lipe no colo, e eu
fui me vestir no banheiro, pois minha roupa estava lá.
Depois de trocada, voltei para o quarto, e Noah foi pegar
suas coisas para ir tomar banho em meu banheiro, e
eu fiquei esperando ele na minha cama, brincando com o
Lipe.
Noah terminou seu banho e saiu do banheiro só de
bermuda, pois hoje o dia está quente. Nós descemos e
fomos comer alguma coisa que preparei rapidinho. O Lipe
já estava dormindo.
Fomos para sala, sentamos no sofá e ligamos a TV. Nós
dois ficamos ali, agarradinhos, assistindo um filme
romântico. Estava tão gostoso que nós acabamos dormindo.
Acordei com o celular vibrando no meu bolso, peguei o
celular para ver o que era, quando olhei vi que era
mensagem da Nadya, abri para ver o que dizia:

Será que aconteceu alguma coisa? Já que ela precisa falar


comigo, só que não deve ser nada de mais, pois se fosse
importante, ela me pedia para ligar agora. Olhei a hora no
visor do aparelho e realmente já era tarde. Logo depois eu
acordei o Noah que estava desmaiado do meu lado.
— Noah, acorda! Já está tarde. Vamos para cama? — Ele
resmungou alguma coisa que não entendi e, como ele não
acordava, dei um cutucão nele.
— Sarah o que foi? — perguntou, acordando assustado
com o cutucão.
— Ficou tarde, vamos dormir lá me cima!
— Nossa linda! Nós dormimos tanto assim?
— Sim! — respondi, ele se levantou do sofá e foi em
direção à cozinha, enquanto eu subi para meu
quarto, levando Lipe no colo, que também já tinha
acordado. Entrei em meu quarto, coloquei o Lipe na cama e
fui ao banheiro me trocar e escovar
meus dentes, quando voltei para o meu quarto, Noah já
estava me esperando com o cesto do Lipe nas mãos e um
travesseiro.
— Vou usar esse cesto com o travesseiro como cama
para o Lipe dormir. Que tal?
— Boa ideia Noah. Segunda-feira a gente aproveita que
vamos para Salvador e compramos uma caminha melhor
para ele.
— Verdade Sarah, nós aproveitamos sim para comprar,
ele precisa de uma cama maior, pois em breve vai crescer
um pouco mais. — Ele ajeitou o cesto perto da minha
cabeceira e colocou o Lipe em cima do travesseiro que
estava dentro do cesto, e pelo visto o Lipe gostou, pois se
ajeitou e deitou.
— Sarah, eu vou ao banheiro me trocar — disse, indo em
direção ao banheiro. Quando eu fui me deitar, notei que
Noah tinha trazido junto com o cesto, uma garrafinha de
água, um copo e tinha colocado na mesinha que estava do
lado da cama. fui em direção à mesinha e coloquei um
pouco de água para mim, pois eu estava com muita sede.
Foi uma boa ideia, ele ter trazido água para o quarto, pelo
menos não vou precisar mais sair no meio da noite para
beber água. Peguei o controle e liguei a TV. Que
estranho… Minha boca está com um gosto diferente! Deve
ser porque escovei os dentes e depois tomei água em
seguida.
Noah saiu do banheiro e também tomou um pouco de
água e deitou do meu lado e chegou pertinho de mim e me
beijou, me fazendo ficar sem ar e com o coração acelerado.
Não tinha como eu não reagir ao seu beijo delicioso, pois
foi tão maravilhoso que me entreguei a ele loucamente,
mas quando ele foi tirar minha camiseta, algo estranho
aconteceu: eu comecei a me sentir sonolenta e
cansada, apesar de me esforçar para ficar com os olhos
abertos, não consegui e pelo visto ele também não.
— Sarah, eu estou com sono, não consigo ficar de olhos
abertos. — comunicou, deitando do meu lado.
— Eu também Noah est… — Não consegui terminar de
falar e a paguei.
Ainda meio sonolenta, eu não conseguia abrir meus
olhos, mas sentia alguém me tocar e arrancar toda minha
roupa. Eu não tinha forças para nada, sabia que não era o
Noah, pois ele estava desmaiado do meu lado. Eu tentei, eu
juro que tentei, mas não conseguia me mover, meus olhos
não abriam e meu corpo não respondia. Só que eu
continuava a sentir alguém me tocar. Ele tocava em meus
seios, passava a mão no meu corpo todo, até chegar ao meu
sexo. Senti ser penetrada por um dedo, mas eu não tinha
reação nenhuma. Será que foi a maldita água que bebemos?
Mas que água era essa que Noah trouxe para o quarto?
Fazia muito tempo que não escorria uma lágrima dos
meus olhos, só que nesse momento, a única coisa que
consegui foi deixar uma lágrima escorrer pelo meu rosto, já
que eu temia com o que poderia acontecer comigo agora.
Eu estava apavorada, mas nada podia ser feito, já que eu
estava imóvel na cama.
ALGUÉM AINDA CONTINUAVA ME TOCANDO,
mas agora beijava todo meu corpo e mais uma vez, o
maldito penetrou um dedo dentro de mim. Eu sentia que
estava molhada, só que eu ainda não conseguia abrir os
olhos, minhas lágrimas continuavam escorrendo pelo
rosto, até que eu senti passar seu membro em minha
entrada, meu corpo estremeceu todo e minhas lágrimas
escorriam ainda mais. Eu não aguentei aquela tortura de um
estranho me tocando e apaguei de vez e não senti mais
nada.
Acordei com o Lipe chorando, e vi que eu estava
completamente nua e me lembrei de tudo que tinha
acontecido naquela noite. Abalada, eu me sentei na cama e
comecei a chorar muito, pois não sabia se ele tinha
terminado o que tinha começado. Noah ainda estava
desmaiado ao meu lado, acho que bebeu mais água que eu,
apesar de que eu não tinha certeza que tenha sido a água.
Só sei que eu estava apavorada com o que aconteceu.
— Naoh! — Chamei, soluçando de tanto chorar,
mas ele não acordava.
— Noah, pelo amor de Deus! ACORDA! — Dessa
vez gritei, chacoalhando ele na cama. Eu ainda estava
em soluços.
— Naoh, por favor; acorda! — gritei
desesperada. Segundos depois que pareciam horas,
ele finalmente abriu os olhos, e quando me viu
chorando completamente nua, ele sentou na cama muito
assustado.
— Sarah? O que aconteceu? Por que está chorando
assim e por que está nua? Se a única coisa de que eu me
lembro é que eu estava te beijando, mas não me lembro de
ter tirado a sua roupa, só sei que acabei pegando no sono
pesado. — disse preocupado e confuso.
— Noah… — Eu não conseguia falar, pois estava
chorando muito. Ele se aproximou de mim, tentando me
acalmar.
— Sarah, fica calma! E me diz o que está
acontecendo, linda! Nunca te vi assim. —Eu quero muito
contar para ele, só que eu não consigo, pois eu não paro de
chorar. Respirei fundo, pisquei bem meus olhos úmidos
e criei forças para me acalmar para finalmente
conseguir parar de chorar.
— Aí Noah, eu nem sei como vou te contar
isso! Eu… — Enquanto eu falava, ele pegou o lençol e me
cobriu.
— Sarah, minha linda! Eu preciso saber o que
aconteceu para você ficar assim!
—Tudo bem, eu vou contar, então… Lembra que
você me disse que estava com muito sono? Logo em
seguida, você se deitou ao meu lado e dormiu, mas na
verdade você apagou, e eu também.
— Lembro Sarah, claro! Só não me lembro de mais
nada após isso.
— Você foi ao banheiro e deixou uma garrafinha
de água e um copo na mesinha ao lado da cama, e eu tomei
um gole e me deitei, você tomou um copo cheio de água
depois que saiu do banheiro, e também se deitou.
— Ah Sarah foi você quem colocou aquela
garrafinha de água na mesinha, não foi eu, pois eu só
peguei na cozinha as coisas do Lipe e passei no meu quarto
e peguei um travesseiro e mais nada.
— Como assim Noah? Eu não trouxe nenhuma
garrafinha de água para o quarto! Juro! Pensei que fosse
você, mas se não foi você e nem eu, quem foi então?
Agora estou começando a entender tudo. Que loucura!
— Já posso imaginar o que aconteceu, meu Deus!
Cara!
— Sim Noah; se não foi a gente, alguém colocou
essa garrafinha de água na mesinha, fazendo a gente pensar
que foi um de nós que a colocou lá.
— E deveria ter alguma coisa na água, pois logo
que nós bebemos; apagamos! — disse, completando o
meu raciocínio.
— Mas eu bebi só um pouco, Noah! E apesar do sono
que eu estava, eu senti alguém me tocar e tirar o pijaminha
que eu estava e minha calcinha também, me deixando
completamente nua! — declarei constrangida. — Eu tentei
abrir os olhos para ver quem era, mas não consegui e o
cara continuava… Senti alguém beijar meu corpo todo, e
depois… Bom… Er, ele penetrou um dedo na minha
entrada, fazendo-me verter em lágrimas. Visto que meu
corpo não respondia! Ah, juro que eu queria gritar, Noah!
Mas não conseguia! Quando o senti passar seu membro em
minha entrada, eu apaguei de vez e não senti mais nada.
— Ao terminar terminei de contar, eu já estava chorando
de novo.
Notei que Noah mudou de cor; perplexo. Em seguida,
ele levantou da cama, chutando tudo que encontrava pela
frente. Ele estava muito nervoso, enquanto eu só
chorava. Procurei pelo Lipe, mas ele não estava no quarto.
Melhor assim. Nem queria pensar no meu cachorrinho
agoniado, tadinho. Quando Noah começou a gritar feito
louco, eu consegui me sentir pior ainda.
— Filho da mãe! Como ele pode te tocar? Quem é
esse desgraçado? Ah, quando eu descobrir, eu juro que vou
acabar com a raça dele! Que merda! Como ele pode fazer
isso com você do meu lado, e eu nem pude te proteger? —
gritou, dando murro na parede, mas quando me viu deitada
com a cabeça enterrada no travesseiro de tanto eu chorar, se
aproximou de mim e me pegou no colo. Percebi que
me levaria para o banheiro, só que quando ele me levantou
da cama, algo que estava em cima do travesseiro, e que
nem percebi, caiu no chão. Noah me colocou na cama
novamente, abaixando-se para pegar o papel; era um
bilhete, e quando ele leu, ficou mais nervoso
ainda. Respirando fundo, ele me entregou o papel, o
qual dizia:

Joguei o papel no chão como se me queimasse e em


seguida me joguei na cama, chorando muito. O estranho
não havia escrito nada quanto a transar comigo, mas como
as coisas estavam acontecendo, sentia que ele foi até o fim,
só que eu não tinha certeza, pois não senti nada naquela
maldita hora. Como vou saber se ele chegou até o fim?
Noah, paciente e carinhoso, mais uma vez me pegou
no colo e me levou até o banheiro, mas quando ele abriu a
porta: surpresa! O Lipe estava trancado lá dentro, bem que
percebi que o que o Lipe não estava no quarto. O mais
surpreendente é que ele não chorou, ao contrário, estava
quietinho, encolhido atrás do vaso e só correu para nós
quando a porta se abriu.
Noah ligou a torneira da banheira e deixou a banheira
encher, em seguida ele me colocou sentada num banquinho
que tinha no banheiro e foi colocar o Lipe na caminha
dele. Fiquei ali; inerte e quando ele voltou me colocou com
todo o cuidado na banheira.
— Sarah, minha linda, eu sei como você se sente, mas
eu não quero que fique assim, viu? De uma coisa nós temos
certeza: ele não vai te fazer nenhum mal! Além do
mais, nós temos mais uma prova que precisávamos para
fazer a polícia acreditar na gente, e se eu descobrir quem é,
vou acabar com a raça dele.
— Que prova nos temos? Do que você está falando?
— perguntei ainda chorosa.
— A garrafinha de água, o bilhete, as fotos que tirou e a
mensagem no celular. São mais do que suficientes como
provas — explicou, lavando minhas costas, enquanto eu
deixava a água levar minhas mágoas. Muito fofo o que
ele está fazendo por mim.
— Nossa Noah, eu não tinha pensado nisso!
— comentei agora mais calma. No entanto toda vez que eu
pensava que um estranho podia ter transado comigo nas
condições em que eu estava; caía no choro novamente.
— Sarah, querida, não fique assim, vai dar tudo certo e
vamos descobrir quem é, e eu vou acabar com aquele filho
da mãe.
— Mas… E se ele conseguiu chegar até o f… — Noah
não me deixou terminar de falar, colocou o dedo em meus
lábios me impedindo de continuar.
— Não vamos pensar mais nisso, Sarah, pois toda vez
que você fala você chora e não quero te ver assim. Vamos
pegar as provas e guardar, e amanhã nós levamos na
polícia, sei que tudo vai ser resolvido, mas agora estou
pensando em pedir um barco emprestado e te levar a um
médico para ter certeza que está bem. — disse, terminando
de me lavar.
— Não vou a lugar algum, não preciso de médico! —
falei preocupada e com medo de descobrir que fui abusada
enquanto estava dopada.
— Você precisa ir, vou te levar — insistiu,
demonstrando que sua preocupação era grande.
— Já disse Noah, eu estou bem e não quero ir a lugar
algum. — Se eu descobrir que fui abusada, me sentiria pior
do que já estou.
— Tudo bem, você é muito teimosa. Talvez, por ser
fim de semana, seja difícil encontrar um médico mesmo.
Depois me deu um beijo carinhoso e pegou meu
roupão que estava no banheiro e me entregou. Eu saí da
banheira e coloquei o roupão, depois de me secar, nós
voltamos ao quarto. Eu continuava muito triste, já que
parecia que ainda sentia alguém me tocando.
Por que isso tinha que acontecer justo comigo? Nunca
fiz nenhum mal a ninguém!
Deitei na cama de roupão. Noah foi até o guarda-roupa
e me pegou um vestido e entregou para eu me vestir.
— Sarah, você não pode ficar assim e deixar que ele
consiga o que quer! Você tem que ser forte como sempre
foi e esquecer tudo isso. Eu sei que vai ser difícil, só que
você vai ter que tentar esquecer.
— Noah e se ele voltar a fazer isso?
— Vamos ter mais cuidado dessa vez, linda. Eu vou
fazer de tudo para que nada te aconteça. Agora se troca e
vamos descer, vou preparar uma cesta de piquenique e
vamos passar o dia na praia, e antes das quatro da tarde
estaremos de volta, assim você poderá esquecer um pouco
essas coisas.
— Desculpe, mas eu não estou muito animada para ir à
praia, se bem que você tem razão: isso vai me ajudar
esquecer um pouco tudo isso. — Me levantei da cama e fui
me trocar, depois eu peguei o Lipe no colo.
— Sarah pega o bilhete para gente guardar e a garrafinha
de água. — Peguei o bilhete que estava em cima da minha
cama e fui pegar a garrafinha, mas ela não estava mais lá.
— Noah, você viu a garrafinha? Pois não está aqui!
— Não peguei nada, só a vi ontem à noite.
— Então Noah quem esteve aqui ontem à noite, levou
a garrafinha embora. E nos deixou apenas esse bilhete, que
é a única prova que nós temos, além das mensagens e fotos.
Esse pelo menos deve ter as digitais dele.
— Vamos torcer para que nesse bilhete tenha mesmo as
digitais do maldito, então guarda muito bem o bilhete
ok? — Coloquei o bilhete na bolsinha do meu celular, pois
onde vou, ela vai comigo, e assim descemos e fomos
preparar nossa cesta. Olhei no relógio do celular e já
eram mais de onze horas da manhã, pelo visto dormimos
muito. Cuidei do Lipe, pois ele também estava com fome.
Terminamos de preparar a cesta, peguei meu biquíni e uma
toalha e finalmente saímos, mas o Lipe vai junto, pois não
vou deixar ele aqui sozinho. E nós fomos para a praia a
cavalo.
Noah nos levou para aquela praia do outro lado da
ilha, naquela que dormimos uma noite, pois é isolada e
tranquila, e ficaremos mais à vontade. O trajeto
demorou um pouco, mas nós finalmente chegamos, e para
nossa surpresa havia alguém acampando nela. Quando nos
aproximamos, alguém saiu de dentro da barraca, e eu vi na
hora que era o Vinício. Mas o que será que está fazendo
aqui? Estaria sozinho?
Quando Noah percebeu a presença dele, notei
que ele ficou bem incomodado.
— Sarah, eu acho melhor a gente ir para outra
praia porque essa já tá ocupada. — Assim que ele terminou
de falar, nós ouvimos Vinício nos chamar.
— Oi Sarah, oi Noah! O que vocês estão fazendo por
aqui?
— Viemos passar o dia na praia e ficar bem à vontade,
mas pelo visto, não estamos sozinhos para isso. — disse
Noah, com muita raiva.
— Verdade Vinício, nós dois viemos passar o dia aqui,
mas não tem importância da sua presença, afinal, é um
lugar público, e podemos curtir essa praia maravilhosa;
juntos! — exclamei, olhando para o Noah, afinal ele foi
muito grosso com o amigo. Eu por minha vez não tinha
nada contra o cara.
— Tudo bem Sarah, podemos ficar aqui então. — Mas
percebi que ele estava bem irritado com a presença de
Vinício. Nós nos ajeitamos por ali, e eu me sentei na minha
toalha, coloquei o Lipe no chão e ele ficou brincando com
uma garrafa pet que estava ali perto de mim.
— Sarah, eu vou entrar na água para relaxar um pouco.
Você vem comigo?
— Agora não Noah, eu vou ficar por aqui, mais tarde
eu entro. Mesmo eu não indo, ele entrou na água, e eu
fiquei aqui. Estiquei uma toalha de piquenique na areia,
pois eu estava com fome, e Vinício sentou ao meu lado.
— Está tudo bem com você, Sarah? Estou te achando
pouco triste. Você e o Noah andaram brigando?
— Não Vinício, eu e o Noah estamos muito bem, é só
impressão sua — falei, disfarçando com um meio sorriso,
afinal eu não poderia contar para ele o que estava
acontecendo em minha casa, pois podia ser qualquer um
que estava tentando me assustar.
— Fico feliz que vocês estão bem. Deve ser só
impressão mesmo. — disse ele com um olhar triste. Eu até
estranhei.
— Vinício, eu posso saber por que está acampado
aqui? E ainda por cima sozinho — perguntei, oferecendo
um lanche que peguei em minha cesta.
— Olha Sarah, eu não moro aqui na ilha, mas sim na
cidade de Salvador, que não fica longe daqui. E como amo
a natureza desta ilha, adoro ficar aqui. Então sempre depois
do trabalho, nas sextas-feiras, eu venho para cá
acampar, passo o fim de semana aqui e volto só na segunda
cedo. Todos aqui já estão acostumados comigo, pois faço
isso há muito tempo.
— Pensei que você fosse daqui. É impressão minha ou o
Noah não gosta de você?
— Olha Sarah, isso você vai ter que perguntar para
ele. Só te falo uma coisa: eu não tive culpa de nada, mesmo
assim ele acha que eu tive. Noah é uma boa pessoa, mas é
muito cabeça dura. — Notei que Noah estava se
aproximando de nós, não perguntaria nada para ele agora,
não perto de Vinício, mas confesso que fiquei curiosa.
Noah se sentou perto de mim, e Vinício continuou do
meu lado e não se sentia nem um pouco incomodado com a
presença dele ali. Acho que ele estava sendo sincero
quando falou que não teve culpa de nada. Mas o que será
que aconteceu entre os dois?
— Vinício, você não tem nada para fazer, além de ficar
aqui sobrando? — perguntou Noah, mordendo um lanche
em seguida.
— Oh Noah, para com isso! Que grosseria, a
praia é para todos, e ele não tá incomodan…
— Eita Sarah, não se incomode com as grosserias do
Noah comigo, eu já estou acostumado! Afinal esse cabeça
dura nunca vai entender que eu não tive culpa naquele
lance! — Alfinetou Vinício, me cortando.
— Não me vem com essa, Vinício! Eu sei muito bem
o que vi, e não quero falar mais sobre isso, e deixa Sarah
fora disso, cara! — Apelou meu namorado, se levantando
depois de terminar de comer seu lanche, em seguida
ele pegou o Lipe no colo e foi andar na praia, deixando-
me ali com o Vinício novamente. Notei que ele parecia
estar bastante nervoso com essa conversa.
— Sarah, tenha paciência com Noah. Ele já deve ter
te contado sobre a família dele, então você já deve saber
como essa tragédia lhe abalou. Imagina como ele está
se sentindo depois de tudo isso?
Nossa! Mas o Noah não me falou de nenhuma tragédia,
apenas me falou que sua família estava em São Paulo, que
seu pai tinha arrumado um emprego por lá. Por que será
que ele não me contou a verdade? Será que não gosta de
falar sobre isso e prefere mentir? Vou fingir que sei dessa
tragédia e tentar descobrir mais alguma coisa com Vinício.
SEI QUE NÃO É CERTO mentir, mas preciso
descobrir porque Noah não me contou sobre essa tragédia
da sua família, será que é tão grave assim.
— Ah é verdade, Vinício, deve ser muito triste
perder sua família assim, mas quando ele me contou sobre
isso, eu fiquei tão triste que eu não tive coragem de
perguntar como isso aconteceu. — Tive que mentir, afinal
eu só queria entender porque Noah escondeu isso de mim.
— É Sarah, não é nada fácil falar sobre isso mesmo,
eu entendo o Noah, pois perder a família do jeito pelo qual
perdeu, é muito triste. Falo pelo o que eu fiquei sabendo,
visto que eu não estava aqui quando isso aconteceu, mas
depois de alguns anos da tragédia, eu conheci essa ilha e
passei a vir para cá todo final de semana. E foi num desses
finais de semana que rolou uma festa como aquela em
que nós nos conhecemos, e eu conheci a irmã dele. Muito
bela por sinal, parecia muito com Noah, nós nos tornamos
amigos e todas as vezes que eu vinha para cá, a gente se
encontrava e conversávamos bastante. Um dia perguntei
sobre sua família, e foi aí que ela me contou…
Quando ela tinha treze anos, e o Noah
quinze, eles foram fazer um passeio de barco com seus
pais. Estava um dia lindo e tranquilo, só que o tempo
mudou de repente, e quando seu pai percebeu, tentou voltar
o mais rápido para ilha. Lívia, irmã de Noah, me contou
que ele colocou coletes salva vidas nela e nele também. Ela
ainda me disse que o mar já estava bastante agitado quando
Noah foi levar o colete para seus pais que estavam na
cabine, mas uma onda os atingiu, fazendo o barco virar. Ele
conseguiu salvar a Lívia, mas seus pais não, pois eles
estavam presos na cabine, porque quando o barco virou a
porta da cabine se fechou, prendendo-os lá
dentro. Quando Noah percebeu que estava perto da ilha,
mesmo com o mar agitado, pegou na mão da Lívia e tentou
nadar até aqui para pedir ajuda, mas quando conseguiu já
era tarde; seus pais já estavam mortos, infelizmente. Quem
cuidou deles foi dona Ana, a senhora da barraca de comida.
Pelo menos foi isso que ela me contou.
Quando Vinício percebeu minha expressão de assustada
de quem não sabia de nada e que eu estava completamente
surpresa, ele ficou perplexo por eu ter mentido.
— Sarah, me fala a verdade? Você não sabia de nada,
acertei? Noah nunca te contou nada, não é? Por que
mentiu?
— Desculpa Vinício, mas eu precisava saber o que
aconteceu, mas relaxa porque Noah nunca vai ficar sabendo
que você me contou. Mas quero saber o que aconteceu com
Lívia? Noah nunca me falou dela.
— Já que te contei tudo o que sabia, mas há algo que
você ainda precisa saber…
— Contar o que Vinício? Posso saber? — Perguntou
Noah, atrás de nós.
— Eu ia contar da minha ex-namorada, o que ela
aprontou comigo, pois Sarah perguntou se eu tinha alguém,
mas quando eu ia contar você apareceu.
— É verdade! Você foi caminhar, e nós ficamos aqui
conversando, então eu perguntei se ele tinha alguém onde
ele mora. — Não podia contar o que Vinício contou sobre a
família dele, mas acho que não fui muito feliz com a minha
desculpa, pois Noah fechou ainda mais a cara, retrucando:
— O que te interessa saber se ele tem
namorada, Sarah?
— Ah Noah, para de bobeira, só estávamos
conversando, e ele me perguntou como nós estávamos, e eu
perguntei se ele tinha alguém. Só isso, eu não vejo nada de
mais nisso!
— Noah, eu não tenho nada para te esconder, tenho
Sarah como minha amiga e não quero atrapalhar a vida de
ninguém. — Disse Vinício, se levantando e indo para sua
barraca, deixando Noah sem reação. Ele suspirou e se
sentou do meu lado, e eu olhei para ele como quem queria
perguntar alguma coisa.
— O que foi? Por que me olha assim?
— Só queria saber por que você não gosta de Vinício.
— Não quero falar sobre isso hoje, quem sabe um dia eu
te conto?! Vem, vamos aproveitar a praia — disse,
levantando-se e sem esperar por mim, ele correu para o
mar. Eu tirei a roupa e fui atrás. Nós nadamos,
mergulhamos, aproveitamos o mar, vimos várias espécies
de peixinhos e nos divertimos muito, só não deu para
namorar um pouquinho porque não estávamos sozinhos.
O dia passou e nem percebemos; já estava na hora de ir
embora. Mas antes fui até a barraca de Vinício, mesmo
com a cara feia de Noah eu fui me despedir
dele e o convidei para passar um fim de semana na minha
casa. Vinício me disse que vai entrar de férias, então
convidei ele para passar suas férias em minha casa. Uma
companhia a mais não seria nada mal, já que eu não gosto
de ficar sozinha naquele lugar, e nem sempre Noah estará
comigo.
Vinício não aceitou porque achava que Noah não iria
gostar, mas falei para ele que com Noah eu me
entendia, e que era para ficar tranquilo, então ele acabou
aceitando. Por fim, disse que no próximo fim de semana,
ele entrará de férias. Combinamos de nos encontrar no
próximo sábado. Local? Barraca de Dona Ana, às duas
horas da tarde. Então eu me despedi e saí da barraca.
Fui em direção ao Noah e percebi que já estava tudo
ajeitado para voltarmos. Subi no cavalo e ele me entregou o
Lipe e a cesta de piquenique. Noah subiu também seguimos
nosso destino.
Quando chegamos ao local das barraquinhas, pedi para
Noah parar para eu comprar uma água de coco, pois estava
com muita sede. Então ele parou em uma árvore que tinha
ali perto e fomos para a barraca de dona Ana. Chegando
perto da barraca, vi um rapaz de costas com um boné preto,
uma bermuda e uma camiseta branca. O mais estranho é
que o carinha tinha o jeito do meu ex, o Adan, mas não
dava para ver direito. De repente alguém colocou a mão em
seu ombro, fazendo com que ele virasse e foi
como eu pensei: era o Adan. Mas o que ele está fazendo
aqui? Quando fui gritar o nome dele, ele simplesmente
desapareceu! Caramba! O garoto desapareceu bem debaixo
dos meus olhos? Resolvi procurar em todas as
barraquinhas, mas creio que Noah percebeu:
— O que foi Sarah? Está procurando alguma coisa?
Por que está olhando assim em todas as barraquinhas? Não
podemos demorar linda!
— Ah Noah! Eu acho que vi meu ex, mas quando eu
ia chamá-lo, ele simplesmente sumiu! Eu já olhei em todas
as barriquinhas e não o encontrei.
— Sarah, tem muita gente aqui, não deve ser ele, pode
ser alguém parecido, você mesma falou que ele não sabe
onde você está.
— Então é alguém muito parecido mesmo, já que por
um momento pensei que fosse ele — falei, indo para
barraquinha de dona Ana. E quando ela me viu, me abraçou
e me beijou, demonstrando estar muito feliz em me ver.
Pedi a ela uma água de coco, mas dessa vez eu paguei,
agradeci e me despedi dela e fomos para o cavalo e
seguimos nosso destino. Dali até minha casa não era muito
longe, então logo estaremos em casa. Minutos depois
chegamos em minha casa, e o Lipe estava muito cansado,
bebeu água, comeu sua ração e desmaiou.
— Noah, eu quero tomar um banho, você pode vir
comigo? Não quero ficar sozinha em meu quarto.
— Claro que posso! — Eu peguei o Lipe que estava
desmaiado no chão, e nós subimos.
Entrar neste quarto me causava arrepios, já que eu
sempre tinha a sensação que alguém me observava. Noah
colocou o Lipe para dormir, eu peguei minha roupa e fui
tomar um banho, entrei no chuveiro, pensando: “Por que
Noah mentiu para mim? Será que ele prefere mentir a
contar a verdade? Ou será que ele esconde alguma coisa?
E por que Noah nunca me falou de sua irmã? Preciso
pensar em algum meio que o faça me contar tudo.”
De repente, eu ouvi alguém bater na
porta, fazendo-me arrepiar. Lembrei-me do dia em que
alguém tentou entrar aqui, espero que só queira me
assustar.
— Sarah? Eu posso entrar? — Já estou me
acostumando com a presença do Noah aqui, e estou
gostando muito.
— Claro que pode! A porta está aberta! — gritei e, sem
pensar duas vezes, ele entrou, pois ouvi a porta abrindo. Eu
estava de costas, lavando cabelo que nem percebi que Noah
estava atrás de mim, só percebi quando eu o senti passar a
mão no meu corpo. E me virei na hora, encontrando seu
corpo perfeito grudado ao meu. Noah me beijou
loucamente, me encostou na parede e beijou cada parte do
meu corpo, fazendo-me arrepiar inteirinha, e eu me
entreguei totalmente a este momento, e foi perfeito.
Esse homem me deixa louca, só ele consegue me
deixar assim. Seu toque, seu beijo e o seu jeito de agir, faz
com que eu me sinta completamente entregue a ele, pois só
ele tem esse poder sobre mim. Nossas respirações que
ficaram acelerados, já estavam se acalmando e eu estava
adorando esse momento. Sem pensar em nada, soltei a
pérola do dia, dizendo:
— Noah, eu te amo! — Que droga! Como pude
dizer isso a ele? No entanto, saiu tão espontaneamente, que
eu mesma não esperava. Ele me abraçou mais forte,
parecendo feliz com o que ouviu.
— Ah Sarah, minha linda! Você não faz
ideia de como fico feliz em ouvir isso, pois eu te amo mais
que tudo nesta vida! — Declarou ele sorrindo, me dando
um beijo suave, mas que demonstrou todo o amor que
ele tem por mim.
Nós acabamos tomando banho juntos, e foi muito
divertido e gostoso, depois do nosso banho e fomos nos
trocar, logo em seguida saímos do quarto, e o Lipe veio
atrás, ele estava muito esperto.
— Sarah, você vai para sala com o Lipe, pois esta noite
sou eu quem vai preparar o jantar.
— Que delícia! Nem sabia que meu amor cozinhava! Já
que vai cozinhar, vou aproveitar e ligar para Nadya, pois
ela quer falar comigo.
— Você não viu nada, tem muita coisa ainda para
descobrir sobre mim. Vai lá então ligar para sua amiga, que
vou preparar nosso jantar — disse, me dando um
beijo, indo em seguida para cozinha.
Fui para sala e o Lipe veio atrás, brincando com um
potinho de plástico que dei para ele. Eu me sentei no sofá,
peguei meu celular e liguei para Nadya. Chamou, chamou
até dar caixa postal, tentei de novo e no terceiro toque ela
atendeu.
— Oi Sarah, tudo bem? Eu esperei o dia todo a sua
ligação.
— Oh Nadya, me desculpa! Não deu para eu te ligar
antes, estou bem sim! Mas as coisas aqui andam meio
estranhas, só que não vamos falar disso agora, me fala o
que tem para me contar, pois você falou na mensagem que
precisava falar comigo.
— Ok. Você conhece o tal de Francisco?
— Sim, conheço! Ele era o advogado do meu avô.
Por quê? O que tem ele?
— Seu Francisco esteve em nosso escritório e ele estava
com o olho roxo querendo falar comigo, então eu o atendi,
perguntei em que eu poderia ajuda-lo, pois não sabia que
ele era advogado, achava que fosse um cliente. Ele me
perguntou se eu tinha contato com você, pois o celular dele
foi roubado junto com todos os documentos, inclusive os
que tinham sobre seu avô e você. Então ele me contou que
estava em seu escritório, atendendo um cliente, quando um
rapaz jovem, alto e moreno invadiu o local dizendo que
queria falar com o Francisco, e queria saber onde você
estava e qual era seu número de celular. Seu Francisco
disse que falou ao rapaz que não poderia dar essa
informação, quando ele se mostrou violento, seu cliente
saiu da sala, e o rapaz partiu para cima dele, lhe dando um
soco tão forte, que ele caiu no chão e desmaiou. Quando ele
acordou estava no hospital e foi informado pela sua
secretaria que o rapaz levou uma pasta de documentos e
seu celular que estavam em cima da mesa. Depois que teve
alta, o senhor foi verificar qual pasta tinha sido roubada e
foi aí que ele viu que foi a pasta que tinha o endereço dessa
casa e todos os documentos do seu avô. Seu Francisco não
soube falar quem era o rapaz, mas ele tem certeza que o
rapaz vai atrás de você. Mas nós sabemos muito bem quem
é este rapaz, não é Sarah?
— Nossa! Quanta informação, amiga! Estou de boca
aberta! Sem acreditar em tudo que você me contou. Será
que o Adan é capaz disso tudo? Ele nunca se mostrou ser
violento, Nadya.
— Olha Sarah, eu nunca percebi atitudes violentas
em seu ex-namorado naquele tempo em que ele estava com
você! Também estou tão surpresa quanto você.
— Será que tudo que está acontecendo aqui tem a ver
com ele?
— Mas o que está acontecendo Sarah?
— Ah, Nadya não sei nem por onde começar a te
contar. Mas desde o dia que cheguei aqui, muitas coisas
estranhas têm acontecido. — Então eu contei tudo para
Nadya, até que achei ter visto o Adan por aqui.
— Que perigo amiga! Você não pode ficar
sozinha aí! Mas acho que não deve ser o Adan, pois como
ele sairia e entraria com tanta facilidade? Para entrar assim
deveria conhecer bem a casa, se ele nem sabia onde você se
encontra, então não deve ser ele. Mas acredito que tenha
visto mesmo ele, pois Adan foi atrás de você.
— Nadya, eu também pensei nisso, só que está tudo
muito estranho! Não vou ficar sozinha aqui, pois ganhei um
cachorrinho do Noah e aos fins de semana, o Noah vai
dormir aqui comigo. Eu convidei também um amigo que
conheci aqui, o Vinício, ele mora em Salvador, mas todo
fim de semana acampa aqui, ele vai entrar de férias sem ser
nessa semana, na próxima, o convidei para passar as férias
aqui, e amanhã começa a reforma na casa. Se você quiser
vir para cá, ficar uns dias conosco, para mim será muito
bom ter a casa cheia de ótimas companhias! Você nem
imagina como aqui tem praias lindas! Tenho certeza que
vai gostar. Apesar de que vai demorar um pouco para a
piscina ficar pronta, mas vou adorar ter você aqui comigo.
— Nossa Sarah, sua louca! O Noah não achou ruim de
você convidar um rapaz para passar as férias em sua casa?
E o rapaz aceitou? Adoraria ficar um pouco aí com você,
sinto muita sua falta, eu vou tentar adiantar as coisas aqui
no escritório e te aviso quando eu for.
— Oba! Eu vou adorar ter você aqui
comigo, amiga! Vinício aceitou passar as férias, mas não
contei ainda para o Noah, acho que quando eu explicar o
motivo que o convidei ele vai entender, pois com o Vinício
aqui, não ficarei sozinha, por que Noah tem seu trabalho e
não pode estar o tempo todo comigo.
— Ufa Sarah! Assim eu fico tranquila! Não quero que
fique sozinha nesse lugar. Agora vou ter que desligar, pois
tenho uns papéis do escritório para adiantar, mas
eu te mando uma mensagem, fica com Deus e se cuida viu?
— Fica com Deus, Nadya também, eu aguardo uma
mensagem sua, e vou ter cuidado sim! Beijos, minha
amiga! — Nadya falou tchau e desligou.
Senti o cheiro delicioso que vinha da cozinha, Lipe
estava dormindo, e eu estava louca para ir xeretar, mas
como eu não podia, fiquei ali mesmo, assistindo TV. Estava
distraída assistindo que nem ouvi Noah me chamar.
“Acho que não vou contar para ele hoje que Vinício vai
passar uns dias aqui, vou deixar para contar mais perto da
data.” Pensei enquanto me encaminhava para sala de
jantar.
— Sarah! O jantar está tá pronto!
— Já estou indo, Noah!
Quando cheguei à sala de jantar, vi que a mesa estava
arrumadinha, os pratos estavam na mesa de uma maneira
diferente junto com os copos e os talheres, e no centro uma
travessa cheia de panquecas com bastante molho, e do
lado havia uma panelinha de molho branco, para colocar à
vontade. O cheiro estava delicioso, e pelo aroma era de
camarão.
Nós nos sentamos à mesa e comemos. Eu até repeti,
pois realmente estava delicioso. Noah me surpreendeu, já
que nunca conheci um homem que cozinhasse assim.
— Nossa Noah! Achei delicioso o jantar! Onde
aprendeu cozinhar assim?
— Aprendi com dona Ana, visto que morei com ela o
suficiente para aprender, gosto de cozinhar, às vezes a
ajudava na cozinha.
— Mas aonde você arrumou camarão? Não me
lembro de ter comprado.
— Enquanto você estava lá procurando o seu ex, já que
pensou ter visto ele, aproveitei e peguei um pouco de
camarão na barraca de dona Ana e coloquei dentro da
minha mochila, eu queria te fazer uma surpresa.
— E você conseguiu me deixar surpresa, sabia? Está
tudo muito gostoso.
Terminamos de comer e arrumamos toda a
cozinha. Eu estava cansada, e Noah também, eu peguei
uma garrafinha de suco que eu tinha comprado na feirinha,
pois estava uma noite muito quente, e Noah pegou um
pacote de bolacha de água e sal e subimos para o quarto.
Lipe, que também já tinha comido, veio atrás de nós.
Chegamos no quarto, Lipe foi correndo brincar com uma
bola de meia que Noah fez para ele, coloquei a garrafinha
de suco com o copo na mesinha e Noah colocou a bolacha,
Noah se jogou na cama e ligou a TV e eu fui para o
banheiro me trocar, depois de trocada voltei para o quarto e
deitei na cama, Noah estava assistido um filme de comédia
muito legal: “Muita calma nesta hora 2” muito divertido.
Ficamos ali horas assistindo o filme, pois tinha acabado de
começar quando me deitei na cama, e comemos bolachas,
tomamos suco.
O filme terminou, e eu já estava como muito
sono, Noah se levantou e foi tomar um banho, não demorou
muito ele já estava de volta, mas estranhei, já que tomou
um banho tão rápido.
— Sarah, eu estou me sentindo estranho, parece que
estou ficando de novo com sono como ontem, mas não
bebemos nada difere… — Ele apagou sem conseguir de
terminar a frase.
Eu também estou me sentindo estranha, só que eu não
estava com tanto sono ainda. Não deve ser nada, pois só
comemos e bebemos o que trouxemos para o quarto. Como
Noah já estava dormindo, abaixei o som da TV, virei para o
lado e fechei os olhos, tentando dormir, e acabei dormindo
rapidinho.
Acordei com um barulho dentro do quarto, quando abri
os olhos estava tudo escuro, mas percebi que alguma coisa
tampava meus olhos e minhas mãos e estavam amarradas e
minhas pernas também estavam amarradas abertas. Pior é
que eu sentia que estava mais uma vez nua, e pelo que
percebi Noah não estava aqui. Comecei a ficar desesperada
e me sacudia na cama, tentando me desamarrar. Foi quando
ouvi alguém se aproximar de mim.
— Sarah, eu não falei que você iria ser minha? E está
noite você será — falou uma voz que eu não reconheci,
pois, alguma coisa abafava sua voz, fazendo-a sair bem
grossa.
Eu tentei escapar, juro que tentei, me sacudi até, mas não
conseguia me desamarrar, então de repente senti seus lábios
tocar os meus e com muita vontade, ele me beijou
desesperadamente, lutei para não responder ao beijo, mas
não consegui, pois fui surpreendida por um tremor enorme
que vinha do meu corpo, e sem perceber me entreguei
aquele beijo.
QUE BEIJO FOI ESSE? NÃO consigo controlar essa
vontade de beija-lo, sem falar que o meu corpo não
responde ao meu comando. Eu realmente não estou
entendendo, por mais que eu esteja com medo, o meu corpo
parece que quer se entregar. Isso é loucura, e não posso
deixar nada acontecer.
Só que ele me beijava desesperadamente, e o pior é
que eu correspondia! O que está acontecendo comigo?
Quem é este homem que está mexendo com minha cabeça?
Só que é apenas puro desejo. Eu devo estar mesmo ficando
louca para sentir isso por um homem que nem sei quem é.
Isso é errado, eu sei. É abuso, e com certeza é crime. Se eu
sei de tudo isso, por que meu corpo está reagindo como se
isso não fosse errado? Eu devo mesmo estar ficando louca,
só pode.
E ele continuava a me provocar, e eu estava toda
arrepiada só com seu beijo. Quando ele tirou seus lábios
dos meus, nossas respirações estavam aceleradas. Então o
estranho homem começou se aventurar pelo meu corpo, eu
não estava aguentando essa tortura e dei um gemido,
quando ele ouviu e percebeu que eu estava gostando, ele se
divertia na minha entrada, fazendo-me ficar louca.
“Sarah você tem que se controlar, pois nem sabe quem
é” — falava para mim mesma em pensamentos. Mas ao
mesmo tempo, eu estava apavorada com que estava
acontecendo. Que tipo de homem é esse? Um homem
normal não faria isso, e só de pensar nisso, eu sentia medo
do que poderia me acontecer. E se ele for um psicopata,
posso estar correndo perigo.
Entretanto eu não conseguia fazê-lo parar, pois o
desejo era maior que o medo. E quando ele percebeu
a minha excitação por ele, pois meu corpo demonstrava, ele
veio por cima de mim, e eu pude sentir o volume, enquanto
ele se esfregava em mim, fazendo-me gemer mais alto.
Senti vontade de toca-lo, mas eu estava amarrada, não tinha
como eu toca-lo, apenas ele me tocava, estava tão louca,
quase a ponto de ter um orgasmo. Também que mulher
aguentaria ser tocada assim? Então quando senti que
ele penetraria em mim, voltei à realidade com alguém
esmurrando a porta do meu quarto, quando eu ia gritar, ele
colocou um pano no meu nariz, fazendo-me desmaiar na
hora, não senti e nem ouvi mais nada.
Acordei com a água caindo em cima de mim, estava
meio sonolenta e enxergando tudo
embaçado, porém percebi que estava dentro da banheira.
Notei que o Noah lavava meu cabelo, e ele percebeu que eu
tinha acordado.
— Sarah você está bem? — perguntou preocupado.
Meio sonolenta ainda tentei responder.
— Acho que estou Noah! — respondi, olhando para
meu pulso, pois estava roxo com marca de corda e no
mesmo instante fiquei apavorada, só que tentei não
demonstrar.
— Sarah, você lembra o que aconteceu? Acordei em
meu quarto e o Lipe estava junto comigo, tentei entrar no
seu, só que a porta estava trancada, esmurrei, mas você não
abriu, por isso acabei derrubando-a de tanto esmurrar e te
encontrei desmaiada, nua e amarrada em sua
cama. Você se lembra de alguma coisa, minha linda? —
Então me lembrei do beijo, meu corpo até se arrepiou, senti
o desejo corroendo meu corpo.
Quem é este homem misterioso que me deixou assim, e
ao mesmo tempo com medo? Não podia falar a verdade
para o Noah, já que não sei como ele reagiria em saber que
sua namorada sentiu apenas desejo por outro homem e
quase se entregou a ele, mesmo não sabendo quem era e
estando apavorada.
— Noah, eu só me lembro de ter alguma coisa
tampando meus olhos e de estar amarrada na cama
completamente nua, senti alguém me tocar, mas quando me
tocou, ouvi você esmurrar a porta, eu ia gritar, mas alguém
colocou um pano no meu nariz, tinha um cheiro muito forte
que me fez desmaiar na hora e não vi mais nada, acordei
aqui com você — expliquei sem graça. Noah se levantou
com a mão na cabeça e me pareceu muito nervoso.
— Aquele filho da mãe! Quando isso vai acabar? Não
consigo nem te proteger! Que merda! Como fui parar no
outro quarto? E como este filho da mãe está entrando aqui?
Se sempre antes de dormir verificamos toda a casa, está
sempre tudo bem trancado, não entendo. Se eu descobrir
quem é, o infeliz estará perdido comigo, não vou deixar
isso assim!
— Calma Noah, vamos à polícia amanhã e contaremos
tudo. Meu pulso e meu pé estão bem roxos, e acho que isso
dá para provar que alguém está entrando aqui. — Já
nem sei se quero ir à polícia, pois ele não pareceu que me
faria algum mal, o único mal que me fez foi ter me
deixando assim, pensando em alguém que nem sei quem é.
Mesmo que tenha mexido um pouco comigo, o que ele fez
não é certo, e isso não pode ficar assim, eu sei,
mas também não posso dizer isso ao Noah. E o que sinto
por ele é amor, e disso eu não tenho dúvidas. Mas o fato é
que estou sentindo um desejo enorme pelo homem
misterioso! Sei que é só puro desejo mesmo, nunca senti
isso quando estou namorando. Afinal é muito estranho
amar um e sentir desejo por outro, ainda mais por alguém
completamente desconhecido. Além do mais, Noah não
merece isso, pois sou louca por ele, que é muito bom para
mim, e tenho certeza que ele me ama de verdade.
Noah me entregou a toalha, e eu me levantei da
banheira, pois já estava me sentindo melhor, então me
enxuguei e percebi que ainda estava escuro, ainda era de
madrugada.
— Sarah, vamos dormir no outro quarto, já que esse
aqui só acontece coisa ruim! Vamos linda? Amanhã nós
mudamos as coisas de lugar e passamos de vez para o outro
quarto. Eu vou pedir para o Matheus arrumar está porta. –
Sugeriu Noah, enquanto eu terminava de me trocar, e em
seguida fui pegar um jogo de lençol, e Noah pegou a
caminha do Lipe, e nós fomos para o outro quarto, que
também tinha banheiro. Ao entrar, fui direto colocar a
roupa de cama e em seguida deitamos, o Lipe deitou com a
gente. Dormimos os três na cama, mas eu não conseguia
dormir, pois ainda sentia aquele fogo pelo meu
corpo, o toque e o carinho daquele homem por mim.
Realmente o homem misterioso deixou-me cheia de
desejos, mesmo sendo uma invasão, algo errado que ele
estava fazendo, pois eu estava de olhos vendados, amarrada
na cama. Isso é crime! No entanto não sei o que está
acontecendo comigo. Por ter gostado de ser assediada
assim como estou sendo, sem mesmo saber quem é o cara,
mas agora quero e preciso descobrir quem é ele, só não sei
como. Vou esperar pela próxima vez e tentar entrar no jogo
dele e fazer com que ele confie em mim. Vai que o
misterioso me deixa ver seu rosto?
Não sei a que horas fui dormir, pois rolei na cama o
resto da noite, pensando no seu beijo, no seu toque, e como
isso tudo me deixava ao mesmo tempo; excitada
e apavorada. Mesmo com todos esses pensamentos, acabei
adormecendo.
Acordei com Noah, beijando meu rosto. Quando olhei
para ele, vi um sorriso estampado no seu
rosto, parecendo feliz, também me sentia feliz com ele.
— Bom dia, Noah! — cumprimentei meio sonolenta e
me espreguiçando.
— Bom dia, linda, eu já estou indo trabalhar! Eu já
preparei o café para você e já coloquei a mesa, e até às dez
horas, eu estarei de volta. Fica pronta para irmos à polícia,
ok? Pois isso tem que acabar! Ah, nós vamos almoçar por
lá! — disse, me dando um selinho na boca, depois me deu
tchau e saiu do quarto, trancando a porta.
Fiquei ali com Lipe na cama, e enquanto ele brincava
com minha mão, eu queria ficar ali deitada, só que eu tinha
que levantar. O beijo e o toque daquele homem misterioso
não saíam da minha cabeça. Preciso descobrir quem é este
homem! E por que ele mexe tanto comigo. Sei que isso não
é certo, preciso fazer com que isso acabe. Só não sei como.
Talvez eu esteja apenas curiosa para descobrir quem é.
Criei coragem e me levantei da cama. Fui para o
banheiro e o Lipe veio atrás de mim, lavei meu rosto,
escovei os dentes, me troquei e fui para cozinha, tomar o
café que Noah preparou para mim.
Cheguei à cozinha e a mesa de café estava linda, tinha
até um vasinho com duas rosas vermelhas no centro da
mesa. Eu adoro rosas vermelhas.
Noah é muito romântico e preparou tudo com muito
carinho! Sentei a mesa e tomei meu café, estava tudo muito
gostoso. Dei ração para o Lipe e depois de comer, ele ficou
brincando com seu potinho de plástico.
Terminei meu café e lavei a louça que tinha na pia, mas
não era muita. Logo após subi e passei toda a minha roupa
que estava no guarda roupa do meu quarto, para o do
quarto onde Noah estava dormindo, já que agora vamos
dormir juntos mesmo! Afinal, Noah está certo… Aquele
quarto está carregado de energia negativa. Ah, mas o que é
mais estranho, é que estou gostando. Isso é loucura. Só que
agora o quarto está sem porta, pois o Noah derrubou na
noite anterior. Então tudo que tinha no meu
quarto, eu passei para o outro, só faltou a TV, mas quando
Matheus chegar, eu peço para ele passar para o outro
quarto. Ainda bem que a instalação já está pronta.
Terminei de ajeitar as minhas coisas no outro quarto e
desci. Vi que tinha alguém na porta da sala.
— Dona Sarah! A Senhorita está em casa?
— perguntou alguém do lado de fora, batendo na
porta. Achei que poderia ser o Matheus, logo em
seguida, ouvi o barulho do pequeno avião lá fora. Matheus
deve ter providenciado o material que vai precisar para
reforma, pois dei carta branca para ele. Fui até a porta e
perguntei quem batia, só para ter certeza,
— Dona Sarah! Sou eu; o Matheus! Vim fazer a
reforma! — gritou ele e, mais aliviada, eu abri a porta.
— Bom dia! Já te falei para não me chamar de Dona, é
só Sarah, pois acho que temos a mesma idade, e detesto que
me chame de Dona! — avisei assim que abri a porta.
— Desculpe d… Quer dizer… Sarah. Só que é
costume nosso chamar as pessoas que conhecemos assim,
ainda mais quando vamos trabalhar para ela, mas vou tentar
perder esse costume. Onde posso descarregar este material
que pedi? — perguntou me entregando a nota do material.
— Pode colocar onde for melhor para você trabalhar.
Depois que terminar de descarregar, você pode me fazer
um favor antes de começar seu serviço?
— Claro que faço! Do que você precisa?
— Você pode instalar minha TV no outro quarto?
— Posso sim, terminando, eu já faço isso.
— Obrigada Matheus.
— Se precisar de mim, Sarah, é só me chamar, vou lá
então, logo venho te ajudar — Disse o rapaz, indo
descarregar o avião.
Eu entrei e fui me arrumar para sair com Noah, só não
queria ir à delegacia dar queixa, porém não sei como dizer
isso para ele, já que pode achar estranho eu ter mudado de
ideia de repente. Se bem que é o mais certo a fazer, ou é
melhor deixar como está e ver o que vai acontecer. A
verdade é que já nem sei mais o que pensar! Como
advogada, o mais certo é ir à polícia, e é isso mesmo o que
vou fazer.
— Sarah? Posso entrar? — Ouvi Matheus gritando lá
de baixo.
— Só um minuto Matheus, eu já vou
descer! — gritei, me trocando rapidinho. Depois eu desci.
— Nossa Matheus! Você já descarregou! Que
rapidez! — Ele me deu um sorriso de satisfação.
— Não d… Quer dizer; Sarah, eu só dei instruções
para os funcionários, e eles estão descarregando, eu vim
aqui para instalar a sua TV.
— Ok Matheus, então vamos subir, pois a TV está em
um quarto, mas quero passar para o outro.
— Que casa bonita por dentro! Estou surpreso, pois por
fora parece mais velha do que por dentro.
— Também achei isso quando vim para cá, por dentro
está mais conservada do que por fora.
Nós chegamos ao meu quarto, e eu mostrei para
ele onde estava a TV, e ele desinstalou e levou para instalar
no outro, e deu tudo certo, pois ela funcionou
perfeitamente. Por fim, eu agradeci pela ajuda.
— Sarah, nós vamos começar a reforma na piscina,
pois não tem muita coisa que mexer nela, logo você vai
poder desfrutar dela mais rápido.
— Que bom! Vou ter visita na próxima semana. Será
que a piscina vai estar pronta?
— Sim, Sarah, a piscina já vai estar pronta para ser
usada. Deixa eu ir começar a obra — disse, meio sem graça
abaixando a cabeça e saindo em seguida. E eu fui para o
quarto terminar de ajeitar as coisas. Que engraçado esse
quarto! Parece ser bem maior que o outro. Fui olhar o
guarda roupa e abri a porta, já tinha guardado minha roupa
nele. Fiquei ali observando o tamanho do guarda roupa por
dentro, porém de repente levei um susto, pois alguém me
abraçou por trás. Eu estava tão distraída que não percebi
quando alguém entrou, e ele me pegou no colo, foi aí que
pude ver que era o Noah. Sorri satisfeita enquanto ele me
enchia de beijos. Depois ele me jogou na cama e veio por
cima de mim, e bem devagar foi tirando meu vestido,
jogando bem longe, e eu tirei sua camisa e o
imitei. Alguns segundos depois, nós dois estávamos
completamente nus.
— Ah Sarah, eu quero você todinha para
mim! — exclamou Noah, sussurrando no meu ouvido. E
eu me arrepiei todinha.
— Eu já sou sua, Noah e sempre serei
— Respondi com ele me beijando, só que foi um beijo
suave, mas ainda assim, me fez tremer inteira. Noah descia
seus lábios por todo meu corpo, eu estava tão louca, que
comecei a gemer, e ele quando percebeu que eu
queria, começou a se mover muito devagar e com muito
carinho, mas num ritmo que eu não conseguia me controlar,
pois já estava dentro de mim, sem perceber eu pedia que
ele fosse mais rápido e em cada ritmo, eu sentia que estava
chegando ao colapso total do prazer.
— Sarah… Quero chegar junto com você!
— sussurrou, fazendo um movimento tão rápido, que nos
dois não conseguimos nos controlar e explodimos na
mesma hora de tanto prazer e ficamos ali. Eu estava
anestesiada, e nossas respirações aceleradas e esperamos
nos acalmar.
— Sarah, me promete que não vai embora?
— Oh Noah, não posso prometer! Por mais que eu
queira ficar com você, tenho minha vida em Belo
Horizonte.
— Não sei como é sua vida lá, mas acredito que está
mais feliz aqui.
— Não vou mentir para você Noah, apesar de tudo que
está acontecendo nesta casa, estou feliz sim, pois tenho
você e lá não tenho ninguém, somente minhas amigas, mas
não posso ficar aqui para sempre, tudo que eu tenho está lá.
— Eu entendo Sarah! Só não quero ficar longe de
você. Agora vamos tomar um banho, pois temos que sair
— disse ele, um pouco triste, e me pegando no colo e
me levou para o banheiro. Ele encheu a banheira, que
graças a Deus era grande, pois ele se enfiou dentro dela
junto comigo ficando atrás de mim, me fazendo carinho.
Nunca fiquei assim com ninguém, parecia tão mágico o
momento em que estava vivendo com ele, pois Noah é
muito carinhoso, passava a bucha em meu braço com tanto
carinho, que me fazia esquecer tudo. Ele beijava meu
pescoço e do nada cantou aquela música no meu ouvido, a
música do dia em que cantou para mim na frente de
todos. UAU! Mas eu fiquei toda arrepiada, acho que não
mereço todo esse carinho.
— Noah! Eu te amo, mas não sei se mereço todo esse
carinho! E obrigada pelas rosas vermelhas que deixou para
mim na mesa do café, mas realmente não mereço tudo isso.
— Estava dizendo tudo isso para ele porque me sentia
culpada e muito mal por ter desejado outro homem. Nunca
senti esse amor que sinto pelo Noah por homem nenhum,
só que as vezes acho que ele não me merece.
— Que isso Sarah? Para de bobeira, minha linda! Eu
também te amo, e você merece muito mais que isso! Rosas
vermelhas? Como assim? Não deixei nenhuma rosa para
você, pois aqui não tem nenhuma rosa por perto. Que
estranho. É por isso que devemos ir à polícia. Então vamos
nos arrumar que temos muita coisa para a gente resolver, eu
não quero ninguém mais te tocando que não seja eu.
— disse, saindo da banheira. Incomodado, ele pegou uma
toalha para mim, então nos arrumamos e pedimos para o
Matheus tomar conta do Lipe. Achei estranho sobre a rosa,
mas preferi não falar mais nada, e nós saímos.
Fomos direto para polícia, conversamos pessoalmente
com o delegado, e ele foi muito atencioso. Nós contamos
tudo o que tinha acontecido, ele nos deu seu cartão e falou
que poderíamos ligar a qualquer hora, até de madrugada se
precisasse, por fim, nós agradecemos e fomos embora, pois
o policial ficou de analisar as provas que levamos, mas
como não eram suficientes, ele não poderia fazer muita
coisa, por isso nos deu seu contato.
Noah conhecia um restaurante bom por aqui, então
nós fomos almoçar lá. Inclusive foi o seu Pedro que nos
levou. O restaurante era um lugar lindo, a beira mar e bem
simples. E a comida era muito gostosa. Terminamos de
comer e fomos pagar. Noah não queria que eu pagasse,
quase tivemos nossa primeira briga por isso, mas
deixei para ele, fazendo-o prometer que da próxima eu
pagaria, e ele concordou.
Liguei para seu Pedro, e ele nos levou a um pet shop, e
eu comprei muitas coisinhas para o Lipe, desde
brinquedos até roupinhas. E a caminha que comprei era
uma poltroninha azul, bem macia e aconchegante para ele
dormir. Passamos também em uma loja de móveis, e
comprei mais duas camas, pois vou ter visitas. Noah achou
estranho, mas não perguntou nada. Por fim, nós fomos
embora para casa, pois estava ficando tarde.
Chegamos em casa com as mãos cheias de presentes
para o Lipe. Agradeci o Matheus por ter cuidado dele para
mim, já estava na hora dele ir embora, então ele se
despediu, avisando que amanhã cedo estará aqui.
Subimos para o quarto, coloquei a poltroninha do Lipe
do meu lado e os brinquedos no chão para ele brincar.
Notei que ele adorou tudo e ficou ali brincando horas.
Eu e o Noah andamos tanto que estávamos cansados,
por isso deitamos na cama e apagamos rapidinho.
Acordamos e vimos que estava escurecendo, o Lipe
ainda brincava com seus brinquedos. Levantei e fui ao
banheiro lavar meu rosto, quando saí, vi que Noah se
levantou a fim de usar o banheiro.
— Noah, eu vou descer e fazer alguma coisa para gente
comer, pois já estou com fome — avisei da porta do
banheiro e em seguida saí do quarto.
Desci, e o Lipe veio atrás de mim carregando um
ursinho na boca, cheguei à cozinha e fiquei surpresa, pois
em cada canto da pia e do balcão tinha uma rosa vermelha,
até em cima do fogão tinha uma. Apesar da bizarrice,
a cozinha estava até bonita com todas as rosas. Quando me
aproximei do balcão, notei que em uma delas tinha um
bilhete que dizia:
— Sarah o que é isso? Por que tem tantas rosas
espalhadas pela cozinha? — Sem ele perceber, coloquei o
bilhete dentro da bolsinha do meu celular, pois ele apareceu
de repente atrás de mim, e não queria que ele visse o papel,
sei que estou agindo errado, pois deveria contar toda a
verdade para ele, só que tenho medo da sua reação.
— Uai, Noah! Pensei que fosse você quem espalhou
essas rosas pela cozinha, pois você é sempre romântico!
— Não fui eu, pois chegamos e fomos direto para o
quarto, lembra? E dormimos e acordamos agora. Se não fui
eu, alguém esteve aqui, mas por que espalhou essas rosas
na cozinha? O que este filho da mãe anda querendo?
— Não sei Noah! — respondi, mas acho que vou
contar toda a verdade para ele, pois não sou de mentir, e
isso tem me incomodado muito, só vou esperar o momento
certo, visto que agora não é o momento, ele está muito
nervoso.
Noah, com muita raiva e brutalidade, pegou todas as
rosas e jogou no lixo. Eu, por minha vez, um pouco
frustrada, fui fazer algo para gente comer. Enquanto eu
fazia, ele foi para sala, xingando quem deixou as rosas.
Fiz um lanche natural, já que à noite nunca fui de
comer muito, e então eu preparei um suco de laranja natural
e bem gelado, pois estava muito calor, arrumei a mesa e fui
chamar o Noah para jantar.
— Noah, vamos comer já está na mesa!
— chamei indo colocar ração para o Lipe.
Calados, nós nos sentamos e comemos. Noah não falou
uma só palavra, então preferi não falar também, pois
percebi que ele estava bem pensativo. Eu queria arrumar
um jeito de contar para ele, mas não sabia como, pois, eu
estou com medo da sua reação.
Terminamos de comer, e eu fui arrumar a cozinha,
Noah até me ajudou, só que não tinha muita louça para
lavar.
— Sarah, eu estou pensando aqui… No começo eu
achava que a pessoa que estava fazendo essas coisas queria
te assustar, mas agora estou achando que o safado
está querendo outra coisa, e não estou gostando nada
disse — comentou, me olhando muito seriamente. Não sei
se este é o momento, talvez seja melhor esperar mais um
pouco, para contar a ele.
— E você acha que ele está querendo o quê?
— Não tenho certeza ainda! Por isso acho melhor não
te falar, para não te assustar — explicou, achei melhor não
perguntar mais nada.
Terminamos a cozinha e fomos para sala. Ele deitou no
sofá, e eu deitei na frente dele, depois peguei o controle e
procurei um filme para assistir, e achei um filme muito
interessante: “Rock Of Ages; o Filme”, amei, pois é um
filme musical, e eu reconheci a música que estava tocando
no filme. Nós ficamos ali assistindo, até o fim, visto que o
filme foi tão lindo.
Já estava ficando tarde, e eu com muito com
sono. Acho que vou aproveitar o momento, já que Noah
parece mais calmo e vou contar toda a verdade para ele na
hora que a gente estiver na cama.
— Noah? Acorda! Eu já estou com sono e quero ir
dormir, você vem também?
— Sim, linda! Eu também estou, mas antes vou pegar
um copo de leite e já subo.
— Te espero lá! — falei, desligando a TV e peguei o
Lipe no colo, pois o pobrezinho já estava desmaiado em
cima do seu ursinho, então fui para o quarto. Coloquei o
Lipe na poltroninha, ele se ajeitou e, deitando, acabou
dormindo novamente. Quando peguei minha camisola para
me trocar, Noah entrou no quarto, então eu aproveitei para
falar:
— Noah, nós precisamos conversar. Mas antes vou me
trocar e escovar os dentes, ok?
— Vai lá Sarah! Mas o que quer conversar?
— Logo você vai saberá! — respondi, entrando no
banheiro e trancando a porta atrás de mim. Além de me
trocar e escovar os dentes, eu queria pensar um pouco, pois
não sei como começar a conversa. Sei lá, eu tenho medo de
como vai reagir, só que não vou mais esconder isso dele, e
espero que ele me entenda, pois nem eu mesma sei o que
está acontecendo comigo! Depois de tanto pensar, resolvi
sair do banheiro e contar toda verdade de uma vez, mesmo
que isso me faça sofrer, já que não quero continuar
escondendo nada dele.
— Sarah? Posso saber o que significa isso? —
questionou ele ao me ver sair do banheiro, me fazendo
assustar, visto que fui pega de surpresa.
Ai meu Deus! Ele encontrou o bilhete! Mas como?
— Onde você encontrou isso? Andou mexendo nas
minhas coisas?
— Não Sarah, eu não sou de ficar mexendo nas coisas
suas, apenas fui arrumar a cama, e seu celular caiu no
chão, e algo que estava junto com o celular caiu também.
Quando eu me abaixei para pegar o aparelho notei que era
um bilhete, e abri para ver o que era e me deparo com
isso! Posso saber o que significa? Por que não me falou
nada?
— Ah Noah, eu te falei que precisava conversar
com você! É exatamente sobre isso que quero falar!
— O que tem para me falar? Você está escondendo
alguma coisa de mim?
— Não estou escondendo nada, apenas não achei o
momento certo para te contar, pois tinha medo da sua
reação.
— Então conta logo Sarah!
— Olha, em primeiro lugar eu quero te falar que eu
realmente te amo e não tive culpa de nada do que
aconteceu. Apesar de eu me sentir culpada. — Então contei
a ele tudo o que aconteceu antes dele esmurrar a porta, mas
a parte mais difícil foi ter que contar que depois de lutar
muito para não beijar o homem misterioso, eu acabei
correspondendo ao beijo, pois não tinha como fugir por que
eu fui amarrada na cama. Outro ponto difícil, foi contar
que gostei e acabei desejando o estranho e que o rapaz só
não foi até o fim, porque você esmurrou a porta me fazendo
voltar a realidade. E quando eu ia gritar, senti que
colocaram um pano no meu nariz, fazendo-me desmaiar na
hora. — Mas Noah o que senti foi apenas desejo, é você
que eu…
— Ah Sarah, pode parar! Eu não quero ouvir mais
nada! Não esperava isso de você, isso para mim não é
amor, pois nunca vi alguém amar uma pessoa e desejar
outra, para mim isso não existe! Eu não quero uma mulher
assim… Que está comigo, pensando em outro! E o pior;
nem sabe quem é o cara.
— Noah, por favor! Me deixa terminar de te explicar,
pois você não me deixou continuar, quero di… — Ele não
me deixou terminar, vi no seu olhar o quanto estava
magoado comigo, mas eu não queria nada disso. Eu estava
amarrada e não teve como evitar.
— Não quero ouvir mais nada Sarah, eu vou dormir no
outro quarto! — esbravejou, pegando o travesseiro e
saindo do quarto. Bateu a porta com muita força, deixando-
me ali sem terminar de falar.
Frustrada, eu me joguei na cama, pensando em tudo
que nós passamos até aquele momento. Noah sempre foi
maravilhoso comigo, e eu o amo muito. Completamente
agoniada, comecei a chorar, pois não sabia o que
aconteceria com a gente. Noah era o meu porto seguro, não
queria nunca me separar dele. Eu faria qualquer coisa para
estar com ele, só que no momento não faço ideia do que vai
acontecer com nossa relação e muito menos e com o que
vai acontecer esta noite comigo, já que toda noite sempre
alguma coisa acontece. Ah, mas de uma coisa eu tenho
certeza, mesmo que este homem misterioso não saia da
minha cabeça; eu vou fazer de tudo para que nada
entre mim e ele aconteça, mas não sei como?
ROLEI NA CAMA SOZINHA, POIS queria o Noah
aqui comigo, só que eu entendo que ele está magoado
comigo. Não queria isso, mas não consigo tirar esse homem
misterioso da minha cabeça. Não sei o porquê, mas talvez
seja apenas curiosidade de descobrir quem é que está
fazendo essas coisas comigo. Vai ver que seja isso. No
entanto, eu estou com medo do que possa acontecer
entre mim e o Noah, visto que nunca senti nada tão forte
por ninguém como sinto por ele. Uma pena eu não
conseguir fazer com que ele entenda isso, mas se eu
estivesse no lugar dele também, não entenderia.
Fiquei na cama acordada por um bom tempo, mas acabei
adormecendo…
“Estava nua em um corredor escuro quando
percebi alguém atrás de mim. No momento seguinte,
ouvi alguém gritando meu nome, dizendo que não
adiantava fugir, que eu iria ser dele para sempre e de mais
ninguém. E eu gritava, sem olhar para trás, que nunca
seria dele, pois eu amo o Noah. E continuei correndo, mas
o lugar era estreito, eu esbarrava nas paredes e acabava
me machucando, já que tinha muitos pregos. Parecia que
estava debaixo da casa. Sei lá, tive essa sensação. De
repente senti o vulto se aproximar. Eu tentava ver seu rosto,
mas só via um borrão. É como se ele não tivesse rosto, por
mais que eu corresse, não conseguia me afastar, pois
parecia que ele estava cada vez mais perto. De repente, ele
conseguiu me alcançar e me segurando com força, me
arrastou contra a minha vontade, enquanto eu gritava e
esperneava, mas nada adiantava, pois, a figura continuava
a dizer que eu seria dele. Por fim, ele me dominou e me
pegou no colo, tentei resistir, esmurrando suas costas, mas
foi em vão. Cheguei em um lugar onde tinha um colchão
no chão, o horrível e muito sujo, por sinal. Quando ele me
jogou no colchão, eu tentei fugir, porém não
consegui, porque ele me dominou, me deitou de novo
e, com muita força, arrancou suas calças e penetrou em
mim, fazendo-me gritar de dor.”
Acordei gritando e chorando, porque tudo nesse sonho
me parecia real. Foi nesse exato momento que notei um
barulho muito forte vindo lá de baixo, como se estivesse
subindo as escadas muito rapidamente.
De repente, alguém tentava abrir a porta do
quarto. Assustada, encolhi-me agarrada ao travesseiro
e comecei a gritar muito, até que ouvi alguém correndo no
corredor e, em seguida ouvi uma porta bater.
— Sarah? Abre esta porta! O que está acontecendo?
Abre logo ou vai ser mais uma que vou
derrubar! — Mais que de pressa e com o coração ainda
acelerado, eu me levantei e abri a porta e quando vi o
Noah, comecei a chorar, abraçando-o.
— Calma Sarah! Por que estava gritando? O que
aconteceu?
— Ai Noah! Eu tive um pesadelo! Acordei assustada
e ouvi um barulho lá embaixo e logo em seguida, alguém
tentou abrir a porta, e eu comecei a gritar. Segundos
depois, ouvi passos apressados e uma porta batendo!
Depois ouvi você me chamar na porta, você não ouviu
nada?
— Tenho o sono pesado, linda! E só acordei mesmo com
você gritando feito louca. Graças a Deus você está bem,
vou ficar aqui com você o resto da noite para não ficar
sozinha, só que não vou estar sempre aqui, você precisa de
companhia! — Disse, indo para o seu quarto. Mal tive
tempo de sentir sua falta, pois num piscar de olhos,
ele voltou com o travesseiro. Nós deitamos na cama, e
eu tentei me aproximar dele para abraça-lo, visto que me
sentia protegida com ele aqui.
— Noah? Podemos conversar?
— Não Sarah, eu não quero conversar, agora!
Me desculpa, vamos dormir porque amanhã acordo cedo, e
você já falou tudo que eu precisava ouvir, não
quero mais falar sobre isso — declarou, virando para o
outro lado, e não me deixou falar mais nada.
Fiquei triste com a sua atitude, apesar de saber que eu
merecia, mas eu não poderia fazer nada, visto que eu estava
amarrada. O fato é que eu quero mudar tudo isso, eu só
não sei como, se pelo menos ele me ouvisse! Nem me
deixou dizer o quanto eu o amo…
Noah já estava dormindo, e eu não conseguia nem
fechar os olhos, pois tinha medo de voltar a ter pesadelos.
Já chega eu ficar sonhado com o acidente que matou meus
pais, e agora isso! Mas graças a Deus o sono chegou, e
acabei dormindo.
Acordei com o Lipe chorando, olhei e, vi que ele
estava na porta do quarto. Noah não estava mais aqui, e eu
não ouvi nenhum movimento lá embaixo. Será que ele foi
embora sem se despedir de mim?
Levantei, fui me trocar e lavar o rosto. Lipe ainda
estava chorando na porta, então eu abri a porta do quarto, e
ele desceu correndo. Eu o segui e vi que ele foi direto para
a cozinha.
Quando cheguei lá notei que a ração dele estava no
potinho, por isso estava chorando, e a mesa de café estava
colocada, mesmo bravo ele fez café para mim. Que
lindo! Eu me sentei à mesa e na mesma hora senti meu
celular vibrar no meu bolso, peguei o celular para ver o que
era; é uma mensagem. Meu celular estava no silencioso,
pois o número privado nunca desistiu de ligar. Abri a
mensagem para ver de quem era, já que não reconheci o
número, e não era privado. A mensagem dizia:
Por essa eu não esperava! Eu não sabia que o Noah tinha
um celular, pelo menos agora eu tenho o número dele.
Fiquei arrasada com o que li, nunca passou pela minha
cabeça que ele tomaria tal atitude. Dar um tempo é só uma
expressão usada para não falar que não quer nada
comigo, mas para mim; é só uma desculpa.
Estou bem chateada porque Noah não confia mais em
mim. Eu contei toda a verdade a ele e mesmo assim,
preferiu ficar longe de mim, eu até entendo, só que ele
poderia pelo menos ter terminado de me ouvir, e ter me
dado uma chance de me explicar. Caramba! Eu estava
amarrada e não tinha por onde fugir! Como ele não
entendeu isso?
Ainda desanimada, tomei meu café e depois lavei a
louça. Logo após, Matheus chegou para continuar a
reforma.
— Bom dia d… Quer dizer Sarah!
— Bom dia Matheus!
— Aconteceu alguma coisa, Sarah? Você parece triste!
— Não Matheus, não aconteceu nada. É só impressão
sua, estou bem — menti, dando um sorriso forçado, afinal
eu não iria ficar contando minha vida particular para um
estranho.
— Que bom, Sarah, que você está bem. Eu vou lá
continuar a reforma, se precisar de mim, é só
chamar — disse indo para fora.
Fui para a cozinha preparar o almoço, e como estava
sozinha preparei algo rápido, pois era só eu que iria
comer. Terminei de preparar e fui comer na mesa, mas
antes coloquei ração para o Lipe. Até convidei o Matheus
para almoçar comigo, só que ele disse que prefere trazer
sua marmita, que não tem o costume de almoçar com as
pessoas que contratam seu serviço.
Depois do almoço, eu não tinha muita coisa para fazer.
Noah não estava comigo, e eu me sentia sozinha. Sei que
Matheus está aqui, mas está sempre ocupado, trabalhando
na reforma.
Coloquei uma coleira no Lipe e resolvi dar uma volta
na estradinha da minha casa, mas não pretendo ir longe.
Preciso pensar em alguma coisa para fazer o Noah
entender que não tive culpa de nada. Eu me sinto
arrependida por ter sentido desejo por outro homem. Sei
que estou errada, mas já me arrependi, e estou pagando
muito caro por isso.
Continuei andando pela estradinha naquela tarde
gostosa. Observando toda a paisagem que deixava meus
pensamentos vagando longe. Pelo visto Lipe já estava
ficando cansado, pois deitou no chão e não queria sair do
lugar, só que quando me abaixei para pegá-lo, ouvi um
barulho no meio do mato à beira da estrada, então eu
olhei naquela direção e dei de cara com alguém nos
olhando. Foi tudo tão rápido que quando dei por mim, vi
alguma coisa cobrindo seu rosto. Foi então que percebi que
ele me pegou olhando na sua direção, e no mesmo
instante, saiu do meio do mato e estava se aproximando de
mim. Assustada, peguei o Lipe no colo e saí correndo, só
que ele veio atrás. Na hora, me lembrei do meu sonho e me
apavorei, então corri mais ainda. Minhas lágrimas
desciam sem parar, que chegava até me cegar. Então muito
assustada, comecei a gritar pelo Matheus, pois não estava
tão longe da casa. Corri tanto quando percebi que ele estava
se aproximando, e continuei gritando pelo o Matheus, só
que de repente, tropecei em uma pedra e caí com o Lipe no
chão. Foi então que eu notei que ele estava mais perto.
Desesperada, mais uma vez gritei o Matheus. Lipe, que
estava no chão comigo, correu para dentro do portão,
enquanto o estranho se aproximava. Coloquei a mão no
rosto, pois não queria ver o que aconteceria comigo e
chorei feito criança. Fiquei ali no chão, caída tampando
meu rosto com as mãos, quando senti alguém me pegar no
colo, comecei a espernear e bater em quem me pegava.
— Calma Sarah! Sou eu! O que aconteceu? Você está
sangrando no joelho! E por que está chorando assim? —
Fiquei tão aliviada em ouvir a voz do Mateus e de ter sido
ele quem me pegou do chão, que abracei seu
pescoço, chorando mais ainda.
— Matheus! Que bom ver você! Cadê o Lipe?
— perguntei chorando.
— Vi você saindo com ele na coleira, e de repente ele
aparece perto de mim, sem você, e logo em seguida ouço
você gritando meu nome, vim ver o que estava
acontecendo. O que aconteceu? você ainda não me contou.
— Eu estava caminhado e o Lipe estava cansado e deitou
no chão, quando abaixei para pegá-lo, ouvi um barulho no
meio do mato, quando olhei, vi que tinha alguém me
olhando, ele saiu do meio do mato e veio correndo em
minha direção, peguei o Lipe no colo e corri tanto que até
caí e pensei que fosse ele que estivesse me pegando, mas
graças a Deus era você. Obrigada Matheus.
— Ah Sarah quando te vi no chão, não vi ninguém
além de você — disse Matheus confuso, levando-me para
dentro de casa.
— Mas tinha alguém atrás de mim! Eu juro! Ele deve
ter se escondido quando te viu, por isso eu caí no chão,
estava correndo dele, já que vinha atrás de mim. Não estou
ficando louca!
— Sarah, eu sei que não está louca, mas não vi
ninguém! — explicou, me colocando no sofá. — Vou até o
banheiro pegar um pano molhado para limpar seu
machucado, ok? E pare de chorar, pois graças a Deus você
está bem. Tem algum pano que eu possa usar? Onde fica
seu banheiro?
Mostrei a ele onde ficava e falei que podia pegar a
toalha que estava lá. Ele foi em direção ao banheiro e logo
voltou com a toalha molhada e limpou todo meu
machucado, e pelo visto, ralei bem o meu joelho, pois doía
muito.
— Você conseguiu ver o rosto de quem estava atrás de
você?
— Não consegui, seu rosto estava coberto com alguma
coisa, só dava para ver os olhos, mas foi muito rápido que
nem deu para ver direito.
— Nunca ouvi falar nada nessa ilha sobre qualquer
acontecimento ruim, pois aqui somos todos amigos e
conhecemos todos daqui. É como uma grande
família sabe? A não ser que alguém tenha vindo para cá,
alguém que não conhecemos e que possa ser uma pessoa
ruim, e se por acaso tiver algum estranho por aqui, acho
bom você, Sarah, não ficar andando sozinha.
— Obrigada Matheus, vou tomar mais cuidado, agora
acho que vou tomar um banho.
— Sarah, eu preciso voltar para a reforma, pois logo
vai dar a hora de ir embora e não precisa me agradecer, se
precisar de mim, é só gritar.
— Pode deixar que grito sim! — falei, indo para o
meu quarto, mancando um pouco por causa do joelho
dolorido. Lipe veio atrás de mim, e Matheus foi lá para
fora.
Entrei no meu quarto, e o Lipe foi brincar com seus
brinquedos, peguei minha roupa e fui tomar um banho, ele
veio atrás de mim com um brinquedo na boca, antes de eu
entrar no banheiro tranquei a porta do quarto e depois do
banheiro com chave. Abri a torneira da
banheira, e deixei encher, logo depois entrei e tentei
relaxar. Só que eu não conseguia, pois, o meu machucado
doía muito, e me lembrei do momento em que eu e Noah
tivemos aqui. Minha sensação foi de perda, e fiquei muito
triste, mesmo eu ali, tomando meu banho, peguei meu
celular e liguei para o Noah. Tocou até dar caixa postal.
Queria tanto ouvir sua voz. Então tentei de novo, tocou,
tocou e caiu na caixa postal de novo, vou tentar mais
tarde. Fiquei ali um bom tempo. Entretanto voltei à
realidade quando ouvi Matheus me chamar na porta do
quarto.
— Sarah? Eu já estou indo! — gritou da porta.
— Só um minuto, já estou saindo! — gritei de
volta, pegando o roupão que estava no banheiro e
vestindo, fui abrir a porta do quarto.
— Me desculpe Matheus, eu demorei no banho, pois
precisava relaxar um pouco, vou descer com você e trancar
toda a casa, já que hoje estou sozinha aqui.
— O Noah não vem ficar com você hoje?
— Não Matheus, ele não pode vir hoje, vou ficar
sozinha.
— Então é bom mesmo você trancar bem a casa, eu já
estou indo, fica com Deus e até amanhã.
— Até Matheus! — respondi, quando ele se despediu
e foi embora, mais que depressa eu tranquei toda a casa.
Voltei para o quarto e me troquei. Desci e fui para
cozinha pegar a ração do Lipe e a água, minutos depois,
levei tudo para o quarto. Desci novamente e preparei um
lanche para mim, peguei uma garrafinha de água de
coco, um pacote de bolacha, e também levei para o quarto e
me tranquei. Daqui só saio amanhã, pois estou com muito
medo. Faz um tempo desde que vim para cá que não fico
sozinha, afinal o Noah estava sempre comigo.
Olhei pela janela e já estava escurecendo. Tomara que
as luzes lá de fora acendam, já que coloquei aquela que
quando escurece, acende sozinha. Tranquei a janela e fui
me deitar, liguei a TV e procurei alguma coisa para
assistir, depois coloquei o Lipe na cama comigo, junto com
alguns brinquedos, e ele ficou brincando até dormir.
Novamente peguei o celular para ligar para o Noah,
pois eu precisava ouvir a sua voz, liguei e tocou, tocou e
deu caixa postal. Ah, eu vou tentar só mais uma vez e se ele
não atender, eu tento novamente amanhã. Liguei, e no
terceiro toque, ele atendeu:
— Alô! Alô! — Que estranho! Ouvi uma voz de
mulher! Ah, mas eu preciso descobrir quem é! Só que não
vou falar que sou eu, já que qualquer uma que souber quem
eu sou; poderá mentir para mim, pois sabe que namorei o
Noah.
— Gostaria de falar com Noah.
— Quem gostaria?
— É sobre uma entrega que ele vai fazer amanhã para
mim.
— Carla, quem é? — Ouvi a voz do Noah ao fundo. Meu
Deus! É a tal da Carla, mas o que ela está fazendo no
quarto do Noah? Meu coração disparou só de pensar que
ela poderia estar com ele.
— Ele está aqui, você quer falar com ele?
— Você é o que dele? Posso deixar recado com você?
— Sou a namor…
— Oh Carla, eu perguntei quem é!
— Alô, quem está falando? — Ele não deixou ela
terminar de falar e tirou o celular dela, só que eu entendi
muito bem. É esse o tempo que ele quer dar nos braços de
outra? Então vou dizer quem é:
— Sou eu Noah, a Sarah! Vejo
que você está muito bem acompanhado, e seu tempo está
sendo bem aproveitado, não é? Bela desculpa que você deu
para se livrar de mim, me pedindo um tempo para curtir a
outra, enquanto a babaca aqui sofre por você. Tá pensando
que eu sou trouxa?
— Que nada Sarah! Para de falar bobagem e me deixa
explicar?
— Ops Noah, não sábia que era a Sarah, ela não podia
saber que estamos juntos.
— Cala boca Carla, nós não estamos
juntos! — retrucou gritando com aquela vaca morena.
— Já ouvi o suficiente, não quero explicações Noah, só
quero que me deixe em paz! E eu aqui sofrendo por
você! Que idiota eu sou.
— Sarah! Por favor, me ouve!
— Não quero ouvir mais nada! Fica aí com sua vaca
morena — desabafei profundamente decepcionada,
desligando em sua cara.
Ah,os momentos maravilhosos que eu e a Sarah
tivemos logo que nos conhecemos! Momentos que jamais
vão ser esquecidos, pois foram muito especiais. Ter que
ouvir de sua boca que sentiu desejo por outro homem, que
nem conhece e nunca viu, foi decepcionante! Até entendo
que ela não teve tanta culpa assim, pois estava amarrada e
não tinha como fugir, mas desejou outro homem. Isso
entrou no meu coração como uma faca e machucou muito.
Sarah, para mim você foi a melhor coisa que aconteceu
em minha vida, pois voltei a ter esperança e a ser feliz, já
que a família que eu perdi, eu nunca mais vou ter de
volta, e com ela posso construir uma nova família; a nossa
família.
Depois de ouvir tudo fui dormir no outro quarto, pois
como posso ficar com uma mulher que sente desejo por
outro homem? Sei que ela me ama, vejo isso em seus
olhos, e sei que se arrependeu do que fez, mas ela está
muito confusa, eu a quero ao meu lado por completo e não
pela metade, dividida, sem saber o que realmente quer.
Deitado em minha cama, eu me lembrava de tudo que
ela me contou, por isso não consegui dormir.
Sei que eu não deveria deixá-la sozinha, mas precisava
ficar um pouco sozinho para pensar em tudo que ouvi dela.
Demorou, mas eu consegui dormir.
Acordei com Sarah gritando muito, corri para o quarto
dela e como sempre a porta estava trancada. Que mania ela
tem de sempre trancar a porta! E ela continuava gritando.
— Sarah abre essa porta, o que está acontecendo?
Abre logo essa porta ou vai ser mais uma que vou
derrubar! — Já estava ficando impaciente, eu não deveria
ter deixado ela sozinha! Se acontecer alguma coisa com
ela, vou me culpar por resto da vida. Mas de repente, a
porta se abriu e ela se jogou nos meus
braços. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar.
— Por que estava gritando e o que aconteceu? — Quase
em soluços, ela me contou que acordou assustada com o
pesadelo que teve, depois ouviu um barulho, e alguém
tentou entrar no quarto dela. Ela me disse que gritou tanto,
que acabou ouvindo alguém correndo no corredor e saiu
batendo alguma porta, e me perguntou se eu ouvi alguma
coisa, apenas falei que tenho sono pesado e só acordei com
ela gritando feito louca.
Fiquei aliviado de ver que ela estava bem, então avisei a
ela que eu dormiria o resto da noite em seu quarto para não
ficar sozinha, pois estava bem assustada, fui até o quarto
que eu estava dormindo, peguei meu travesseiro e voltei
para o quarto dela, deitando ao seu lado. Sarah se
aproximou de mim e me abraçou, senti uma vontade louca
de agarrá-la, mas quando lembro o que ela me contou, sinto
muita raiva.
— Noah, podemos conversar?
— Não Sarah, eu não quero conversar, vamos dormir que
amanhã acordo cedo e você já falou tudo que eu precisava
ouvir, não quero mais falar sobre isso. — disse, virando-
me para o outro lado e não a deixei falar mais nada, pois eu
não queria ficar mais machucado do que já estava!
Percebi que ela não conseguia dormir, estava agitada na
cama, virando de um lado para o outro, só que eu também
não conseguia, mas fingi que estava dormindo, não
queria mais tocar nesse assunto e acabei dormindo de
verdade.
Acordei cedinho, e me levantei. Sarah estava
desmaiada, também custou para dormir, então não fiz
barulho algum, me troquei, saí do quarto em silêncio e fui
para a cozinha preparar seu café, como sempre
faço. Coloquei ração para o Lipe e fui trabalhar sem fazer
barulho nenhum, mas fui embora com o coração doendo,
pois acho que vou ficar um tempo sem vê-la.
Fui trabalhar de coração partido e angustiado, mas
antes passei na barraca da Dona Ana e tomei meu café por
lá. Ela como cuidou de mim desde os meus quinze
anos, me conhecia muito bem.
— Noah, eu estou te achando triste, meu
filho! Aconteceu alguma coisa com você e a Sarah? —
Bom, não vai adiantar mentir para ela, já que me conhece
muito bem.
— Aconteceu sim, mas não foi nada de mais, é normal
duas pessoas que se amam brigarem, logo estaremos bem.
— Noah, Sarah é uma boa moça, não deixa que nada
atrapalhe esse amor, pois outra como ela, você não vai
encontrar, já que essa moça é especial e olha; tenho certeza
que ela nunca faria nada para te magoar, então não a
magoe.
— Nunca que eu faria isso com ela, pois eu a amo
muito! — falei, terminando de comer, lhe beijei e fui
embora, afinal eu tinha muito trabalho para fazer hoje.
O que Dona Ana me falou é verdade: Sarah é
uma boa moça, outra igual não vou encontrar, e ela foi
sincera comigo, me contou tudo o que aconteceu, mesmo
sabendo que eu não iria gostar, ela poderia ter guardado
isso de mim, e eu nunca saberia o que estava acontecendo
com ela e este filho de uma mãe! No entanto mesmo
sabendo que eu poderia surtar, ela abriu o jogo. Mas
ainda assim, eu preciso de um tempo para pensar. Talvez
um ou dois dias, apenas.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela,
visto que sai sem me despedir. Espero que Sarah me
entenda ao ler a mensagem, pois eu não pretendo ficar tanto
tempo longe dela, só quero mesmo pensar em tudo que ela
me disse, mas não sei se estou fazendo certo deixando ela
sozinha naquela casa. Mas tenho certeza que ela sabe se
cuidar, só que por outro lado, do jeito que as coisas estão
acontecendo, não tem como ela reagir, mas não quero me
preocupar, sei que ela é forte e vai saber o que fazer. Vou
torcer para que nada lhe aconteça esses dias que estarei
longe.
O dia passou, e eu nem percebi, pois estava focado em
meu trabalho; fiz muitas entregas em Salvador e ainda fui
guia para uma turma de estrangeiros que
estavam hospedados por uns dias na pousada, então deu
para esquecer todas as minhas preocupações com a Sarah.
Cheguei em meu quarto cansado. Tudo que eu queria
era tomar um banho e relaxar. Mas também queria muito
estar com a Sarah, ela me faz tão bem, só que preciso desse
tempo para pensar na gente e no que está acontecendo.
Tirei minha roupa, peguei minha toalha e fui tomar
meu banho. Estava pensando em tudo… Sarah me contou a
verdade e não me escondeu nada, acho que ela merece ser
ouvida, pois não a deixei terminar de falar.
— Noah você está aí? — Ouvi do banheiro, a Carla
me chamar. Não sou como Sarah que até durmo com a
porta aberta, e a Carla, sabendo como sou, vai entrando
sem ser convidada.
— Estou Carla e estou terminando meu banho, você
precisa de alguma coisa?
— Percebi que você não almoçou hoje, então eu trouxe
alguma coisa para você comer.
— Eu já estou saindo Carla! Mas não precisava se
preocupar. Mesmo assim obrigado. — De repente ouvi
meu celular tocar, e o mais rápido possível, tentei sair do
banheiro, mas não deu tempo, pois ouvi Carla atendendo,
ela sempre foi intrometida. Nossa que raiva me dá! Ainda
do banheiro gritei:
— Carla quem é? — Ela não me respondeu, e
continuava no meu celular.
— Ele está sim, você quer falar com ele? — Quando
já estava saindo do banheiro, eu a ouvi dizer:
— Sou a namor… — Corri e tirei o celular dela.
— Carla, eu perguntei quem é?
— Alô! Quem está falando?
— Sou eu Noah, a Sarah, e vejo que está bem
acompanhado e seu tempo está sendo bem aproveitado.
Bela desculpa que você deu para se livrar de mim, me
pedindo um tempo para curtir a outra, enquanto a babaca
aqui sofre por você, tá pensando que sou trouxa? — Meu
Deus! Eu não imaginava que a Sarah fosse me ligar! E
agora? Como desfaço esse mal-entendido? Pois nunca
fiquei com a Carla e nunca ficaria, ainda mais agora que eu
amo a Sarah. Pedi que parasse de bobagem e me deixasse
me explicar.
— Ops Noah, não sabia que era a Sarah, ela não podia
saber que estamos juntos.
— Cala boca Carla, não estamos juntos! — Quase voei
no pescoço dela. Ela está me complicando mais ainda. Que
raiva! Eu a empurrei para fora do quarto, enquanto eu ouvia
Sarah me dizer um monte de coisas, ela estava
decepcionada comigo, percebi pela sua voz. Implorei que
me ouvisse mais nada adiantou, apenas continuava irada
comigo e não me deu chance nenhuma e ainda desligou na
minha cara, sem me explicar essa confusão.
COMO NOAH PODE FAZER ISSO comigo? Me
pedir um tempo para ficar com outra! Ah, já chega ele ter
mentido para mim sobre a família dele, e agora isso! Como
não queria ficar sozinha aqui, resolvi ligar para Nadya, mas
meu celular não parava de tocar. Noah me ligava de cinco
em cinco minutos, quando não era ele, era esse número
privado. Que raiva!! Não tenho sossego nem para ligar
para a minha melhor amiga! Tentei até que consegui.
Tocou, e já no segundo toque, ela atendeu.
— Oi Sarah! Aconteceu alguma coisa para você estar
me ligando a essa hora?
— Oi Nadya! Eu preciso muito conversar com você,
me desculpe estar ligando agora, você está ocupada?
— Não Sarah! Só estou me arrumando para sair com
a Fer, nós vamos comemorar o aniversário dela, pois ela
não quis fazer nada demais, apenas sair com as
amigas. Que pena que você não está aqui, vai fazer falta,
mas se quer conversar é porque aconteceu alguma coisa,
acertei?
— Sim aconteceu, mas te liguei para ver se você pode
vir para cá neste final de semana, pois tem muita coisa
acontecendo e preciso de você aqui.
— Falei com a Fer que este fim de semana, eu vou
ficar com você, e ela também quer ir. Ela pode ir comigo?
Acho que poderei ficar duas semanas viu? Sábado estarei
chegando aí, mas te aviso, amiga. Agora me conta o que
aconteceu?
— Já que você vem sábado, prefiro te contar
pessoalmente. Vai lá amiga, termine de se arrumar para sair
com a Fer. E fala para ela que será um prazer tê-la aqui, me
avisa quando estiver chegando no Sábado, que eu
irei encontrar vocês e manda parabéns para a Fer.
— Ah Sarah, vou ter que esperar até sábado para saber
o que está acontecendo? Fazer o que né? Já que não quer
me contar por aqui, então vou terminar de me arrumar. Até
sábado, amiga! E pode deixar que eu a aviso. Fica com
Deus.
— Você também Nadya e se divirtam, até sábado,
beijos. — Desliguei pensando que seria melhor contar tudo
a ela pessoalmente mesmo, afinal se eu contasse só a
deixaria a minha amiga muito preocupada, e não quero
isso.
Nem vi a hora passar… Já eram mais de dez horas, e
Noah não desistia de me ligar, mas eu não vou atendera
ligação, uma hora ele se cansa e para de me ligar.
Ainda não esqueci o homem misterioso, quero
descobrir quem ele é esta noite. Então vou esperar, fingindo
que estou dormindo, e quem sabe descobrirei!
Não sei o motivo, mais sinto que todo mistério vem
daquela porta que não conseguimos abrir até hoje, pois toda
vez que ouço um barulho, sempre ouço aquela porta bater.
Eu preciso fazer alguma coisa para abri-la, só que ainda
não sei como. Talvez Matheus possa me ajudar.
Lipe já estava dormindo comigo, pois não queria ficar
sozinha na cama. Fiquei ali assistindo filme, até que estava
legal. Acho que o Noah não cansa viu? Pois ele ainda está
me ligando. Até me mandou uma mensagem que dizia:
Eu já estava arrasada e fiquei mais triste ainda com o
que li na mensagem, pois eu queria acreditar em tudo
que ele escreveu, mas eu já fui tão usada, magoada e
desrespeitada pelo meu ex, que não consigo acreditar em
homem nenhum. Mesmo que Noah seja diferente, não
consigo acreditar nele. Minha cabeça estava cheia de
dúvidas, por isso achava melhor não atender, então
deixava tocar, até que por fim, Noah desistiu e não ligou
mais.
Já era tarde, e eu estava ficando com sono, só que eu
não queria dormir, mesmo assim fechei os olhos na
esperança de que o homem misterioso aparecesse e eu
conseguisse ver quem ele era. só que o sono era tanto que
acabei dormindo de verdade.
Acordei com o Noah gritando na porta da
sala, quando olhei no celular, percebi que era muito cedo. O
que ele faz aqui a essa hora? Não vou atender, vou fingir
que não tem ninguém em casa.
— Sarah, abre essa porta! Eu quero falar com você,
deixa de ser teimosa, já que nós precisamos conversar!
Não vou abrir e nem responder, estou cansada de ser
magoada. Entretanto ele parecia que não desistiria de falar
comigo, pois batia na porta cada vez mais forte, mas essa
porta ele não vai conseguir derrubar nem se quiser.
— Sarah, eu não vou sair daqui enquanto você não
falar comigo! Eu juro que não fiz nada e não mereço tudo
isso!
Não vou abrir, vou ser forte, assim ele não me magoa
mais. Sei que o que fiz com ele foi errado, pois eu não
deveria ter sentido desejo por outro homem, só que eu
estava amarrada e não tinha como eu fugir. Agora ele
estava com a Carla, e ele diz que não tem nada com ela,
mas ouvi muito bem o que ela falou de ser sua namorada,
mesmo não sabendo quem eu era. Não tinha porque mentir
para mim, então eu vou deixá-lo na porta até cansar e ir
embora.
Noah ainda não desistiu e continuou batendo na
porta. Eu já havia me levantado e estava indo para cozinha
fazer meu café. o Lipe estava na porta da sala, chorando
por causa de Noah, que ainda continuava ali. Preparei meu
café e coloquei ração para o Lipe, tomei meu café, ele
ainda estava na porta, me gritando. Pelo visto, o cara não
vai desistir.
— Sarah, por favor, eu sei que você está ai, vamos
conversar! — Já estava ficando nervosa com essa
situação, então tomei uma atitude; fui até a janela e gritei:
— Chega Noah! Eu não quero conversar! já
conversamos ontem, e eu já ouvi o suficiente, então chega
me deixa em paz e vai embora! Não sei por que insiste com
isso! Segue sua vida que vou tentar seguir a minha, e seja
feliz com aquela vaca morena da Carla.
— Sarah para com isso, me deixa entrar para gente
conversar, é você que eu amo, não tenho nada com a Carla
e nunca tive, eu já te falei!
— Noah vai embora, não quero falar mais nisso,
agora sou eu quem quer um tempo, mas o meu é para
sempre! — falei, chorando, mas não deixei
que ele percebesse.
— Ok Sarah! Eu vou embora, mas sei que você vai se
arrepender, pois eu estou falando a verdade e você não quer
acreditar em mim! Mas quando você descobrir
que eu nunca menti para você, você pode me procurar, pois
estarei te esperando. Só que eu não vou ficar mais correndo
atrás de você, já que não me deu nem chance de me
explicar e tenho certeza que uma hora vai descobrir que eu
nunca menti, só espero que não demore! — Desabafou,
parecendo cansado. Em seguida, ele suspirou fundo, virou
as costas e foi embora.
Fiquei ali, olhando ele ir embora e remoendo tudo que
me falou. Será que ele disse mesmo a verdade? Não sei,
mas estou confusa… Se a Carla não sabia que era eu,
porque falou que era namorada dele? Pois se ela não fosse,
teria falado que era uma amiga. No entanto se Noah diz que
vou descobrir a verdade, então vamos ver qual verdade vou
descobrir.
Que estranho… Depois que fui à polícia, mais nada de
estranho aconteceu! A não ser ontem que alguém me
olhava caminhar, mas a noite nada aconteceu comigo.
O dia se passou tranquilo, o Matheus já estava aqui
terminando a reforma da piscina, e mais dois quartos já
estavam com camas, pois tinha comprado mais duas, e já
estavam devidamente preparados para as visitas. O dia
correu tudo bem, apesar da tristeza que estava no meu
coração, a vida continua, e eu graças a Deus sou forte, pois
já superei uma traição, posso muito bem superar outra.
A noite chegou, e eu estava sozinha novamente, só eu
e o Lipe. Preparei alguma coisa para comer, depois de ter
trancado toda a casa e, com um lanche e um suco pronto,
subi para o meu quarto, Lipe veio atrás e já estava de
barriguinha cheia. Eu me tranquei no quarto e fui tomar um
banho.
Noah realmente cumpriu o que falou: não me procurou
mais e nem me ligou, só que estou triste com tudo isso, não
queria que fosse assim. Se ele estiver realmente me dizendo
a verdade, estou agindo como uma idiota, mas vou esperar,
pois a verdade uma hora aparece. Depois que terminei com
meu ex, fui descobrindo muita coisa sobre ele. É sempre
assim; só descobrimos as coisas depois que não estamos
mais juntos.
Terminei meu banho e percebi que o tempo mudou lá
fora; estava trovejando e relampeando muito. Pelo jeito a
noite vai ser com chuva, e eu sozinha aqui! Acho que eu já
deveria ter me acostumado a ficar sozinha. Sentei na cama
para comer meu lanche e tomar meu suco, logo em seguida
me deitei, procurando o controle e quando achei eu liguei a
TV e procurei um filme, mas o único legal que eu
encontrei, e que não tinha assistido ainda, era de
terror. Como vou assistir estando sozinha aqui? Não sei se
tenho coragem de assistir, só que não custa tentar, visto que
já vi quase todos, menos esse: “Atividade Paranormal 5”.
Então, com o Lipe na cama, fiquei assistindo o filme.
A chuva já começava lá fora, e o vento estava tão forte
que assobiava, dava até para sentir medo, mas mesmo
assim, continuei a assistindo o filme, pois estava gostando
muito, apesar dos sustos, e com o barulho da
chuva, mais o assobio do vento. Parecia até que eu estava
vivendo em meu próprio filme de terror.
De repente, no filme, uma porta se fechou sozinha. Foi
quando percebi que aqui também ouvi alguma coisa bater, e
pelo barulho, vinha daquela porta no fundo. Peguei o Lipe
no colo e procurei alguma coisa que eu pudesse bater em
alguém, caso eu precisasse, mas só encontrei meu secador
de cabelo, pois era comprido e duro, acho que com muita
força dá para machucar. Então com o celular no bolso e
com o Lipe no colo, e na outra mão, o secador, consegui
abrir a porta, e pelo corredor fui em direção ao barulho. Foi
como pensei: o barulho vinha daquela porta.
Eu tentei abri-la, só que estava trancada, então bati
com muita força, para assustar quem fazia o
tal barulho, só que nada adiantou, pois, o barulho
continuava, e eu resolvi voltar para o quarto. Quando eu
voltava, andando pelo no corredor, devagar e com muita
atenção, resolvi ir até beirada da sacada que dava para ver a
sala e a escada lá embaixo, e levei um susto tão grande
quando vi alguém subindo a escada! Um vulto com algo
cobrindo seu rosto. Não daria tempo de chegar ao meu
quarto, então eu entrei na primeira porta que eu vi e virei a
chave que estava nela, trancando-me lá dentro, só que notei
que nesse quarto não tinha luz.
Achei estranho, já que me lembro de ter ajudado o
Noah a colocar as lâmpadas em todos os quartos. Coloquei
o secador no chão, devagar sem fazer barulho, e peguei
meu celular para ligar a lanterna que havia nele. Graças a
Deus clareou todo o quarto, então eu pude ver que tinha
uma porta do lado, imaginei que era o banheiro, e para ele
não perceber uma luz no quarto, abri a porta do banheiro
bem devagar, e entrando, fechei, trancando a porta com o
trinco. Respirei fundo, porque até aquele momento havia
prendido a respiração, e ficamos ali; eu e o Lipe. A
lanterna do celular clareava todo o recinto, observei que
este banheiro parecia ter sido usado. Mas o mais engraçado
é que eu não me lembro de ter entrando neste quarto.
Fiquei ali pensando, enquanto o Lipe dormia no meu
colo. Será que é o mesmo homem que me olhava
caminhar naquele dia? Dava para ouvi-lo abrindo e
fechando as portas da casa, acho que está me procurando.
Fiquei em silêncio, e dei graças a Deus que o Lipe dormia.
Com o Celular na mão, comecei a escrever uma mensagem
para o Noah. Sei que ele não poderia fazer nada, pois
estava longe de mim, e sei que estou com raiva dele, mas
isso me distrairia e me faria esquecer tudo. Quem sabe
esse homem desiste de me procurar? Assim que terminei de
digitar, enviei a mensagem para ele.
Demorou, mas recebi a resposta:

TUM TUM TUM! — Meu Deus, ele me achou e está
tentando abrir a porta do quarto! Já sei o que fazer: vou me
deitar na banheira e ficar quietinha. O Lipe acordou, mas
não vou deixá-lo latir. Recebi mais uma mensagem do
Noah:
Que droga! Não vi que na banheira tinha um pouco de
água e acabei me molhando! Recebi outra mensagem:

Percebi que ele já estava dentro do quarto,


fiquei imóvel, segurando o focinho do Lipe para ele não
latir. Agora ele estava
tentando
entrar no banheiro.
Noah; Não saia desse banheiro enquanto não tiver
certeza.
Eu; Noah não vou sair, vou ficar aqui até
amanhecer, só assim para ter certeza que ele já foi embora.
Obrigada Noah por tudo, mas vou tentar dormir aqui
mesmo, estou muito cansada.
Noah; De nada, fico feliz de ter pensado em mim nessa
hora. — Não respondi a sua mensagem, mas ele me
enviou outra.
Noah; Boa noite Sarah, se precisar de mim, sempre
estarei aqui para você!” — Continuei sem responder, pois
não quero dar chance de falar sobre nós, mas fiquei feliz de
saber que posso contar com ele nessas horas.
Eu me ajeitei na banheira, apesar de estar molhada,
fiquei ali em silêncio, só que eu não conseguia dormir, pois
a chuva e o vento lá fora aumentaram, dava até medo, então
mesmo assim, fechei os olhos tentando dormir. Lipe já
estava dormindo novamente, demorou, mas finalmente
adormeci.
Acordei com o sol batendo no meu rosto,
assustei quando percebi que estava na banheira, mas logo
me lembrei do porquê de estar ali. O Lipe não estava no
meu colo, estava andando pelo banheiro e feito suas
necessidades aqui mesmo. Eu me levantei da banheira e
senti meu corpo todo dolorido, pois dormir nesse lugar só
podia causar isso, já que não é nada confortável.
Observando todo banheiro, percebi que tinha
sabonete, shampoo e em um cesto que havia do lado da pia,
o qual tinha roupa de homem. O banheiro estava sendo
usado por um homem. Mas quem será este homem? Peguei
o Lipe no colo e saímos do banheiro, ainda com um pouco
de receio.
Que estranho! Como ele entrou no quarto se a porta
estava trancada? E o cômodo vazio. Abri a porta do quarto
e saí, fui direto para o meu quarto, que está tudo do jeito
que eu o deixei; a TV estava ligada e as luzes acesas. Mas
em cima da cama tinha uma rosa vermelha com um
bilhete. Com o coração acelerado eu peguei o bilhete que
dizia:
“Sarah, eu não sei por que se escondeu, se na outra
noite sentiu muito desejo por mim, inclusive nós quase
fomos até o fim, e teríamos ido se não fosse por esse idiota
que estava com você, e você teria sido minha. Eu já te falei
que não vou lhe fazer nenhum mal, só quero te amar e
ter você comigo para sempre. Eu sei que você
estava escondida dentro do banheiro neste último quarto.
Eu poderia ter conseguido o que queria com você ali
mesmo, só que eu não quero fazer isso com você, não com
você sentindo medo de mim. Mas se eu não conseguir da
maneira que eu quero, então vou ter que te pegar à
força. Logo, não dificulta ok? Sarah você será só minha,
nem que eu tenha que tirar esse idiota da sua vida.”
Quando terminei de ler esse bilhete, chorei e chorei
muito, pois entendi muito bem o que quis dizer em tirar o
Noah da minha vida, isso foi uma ameaça e quer dizer que
Noah corre perigo. Agora mais do que nunca, eu preciso
ficar longe do Noah. Se bem que já não estamos mais
juntos mesmo, vou ter que manter ele afastado de mim,
então acho bom não ficar mais enviando mensagens para
ele toda vez que eu precisar dele.
POR QUE SARAH NÃO ME DEIXOU explicar?
Nunca dei motivos para ela desconfiar de mim. Não sei por
qual motivo ela não me ouve. Sou persistente, vou ligar
para ela até me atender para ouvir o que tenho para falar.
Pelo visto Sarah é teimosa, e por mais que eu ligue, ela
não vai me atender. Eu já não sei mais o que fazer, pois
nunca pensei em magoá-la. Essa intrometida da Carla não
tinha nada que atender meu celular! Olha a confusão que
ela fez! Que raiva que estou dela agora!
Sei que não fui muito sincero com Sarah como ela foi
comigo, pois não contei toda a verdade sobre minha
família. Na verdade, menti para ela, só que não foi por mal,
só não gosto de falar sobre isso, mas um dia conto toda a
verdade.
Sarah é como eu; nós dois estamos sozinhos neste
mundo, não temos ninguém além dos nossos amigos. Só
tem uma diferença entre ela e eu: eu venho de uma família
simples, e ela pelo visto de uma família muito rica, só que
eu nunca liguei para isso. Sempre gostei de trabalhar, mas
acho que Sarah nunca se importou de eu ser assim. Admiro
muito ela por isso, pois não anda com o nariz em pé como a
intrometida da Carla.
Então depois de ligar muitas vezes para Sarah e
nenhuma vez atendeu, resolvi lhe enviar uma
mensagem, na esperança de que ela me respondesse, mas
não respondeu, então continuei ligando, só que ela não
atendia. Acho que vou deixar para ir atrás dela amanhã,
pois teimosa como é, não adianta ficar ligando! Amanhã
vou cedinho a casa dela, quero ver se ela não me ouve.
Achei melhor tentar dormir, mas não sei se vou
conseguir, já que a Sarah não sai da minha cabeça, só que
eu estava tão cansado que acabei dormindo.
Levantei cedo, pois acho que nem dormi direito, tomei
meu café rapidinho, peguei minha bicicleta e fui o mais
rápido que pude para a casa de Sarah. Sei que essa
hora ela deve estar dormindo, mas preciso falar com ela
antes de eu ir trabalhar.
Cheguei a casa dela, já fui batendo na porta, mas
ninguém atendeu, como pensei deve estar dormindo, vou
ter que gritar mais alto. Fiquei horas ali tentando falar com
ela. Na verdade, fiquei feito um palhaço e simplesmente me
ignorou.
Depois da minha insistência aconteceu um bate-boca,
horroroso entre nós, eu fui embora muito triste, mas estava
decidido a não correr mais atrás dela, já que tentei de tudo
para explicar, que foi tudo um mal-entendido, mas teimosa
como é, não me deu chance.
Saí dali arrasado, mas tinha entrega para fazer e
não podia desanimar, sei que ela vai descobrir a verdade,
então mesmo com o coração doendo, eu fiz
todas as entregas do dia e a tarde fui guia, e tive a
infelicidade de encontrar a Carla quando estava chegando
na pousada depois de um dia cansativo, e com a maior cara
de pau ela ainda veio falar comigo.
— Oi Noah, você está com cara de quem não dormiu
bem à noite. Acho que está precisando de mim para
relaxar! — Exclamou a insuportável na maior cara de pau,
mas como a sonsa é filha do meu chefe, eu
infelizmente não poderia mandá-la tomar naquele lugar,
então respirei fundo e respondi:
— Por que será hein Carla, que eu não dormi
bem à noite? Será que não é porque você é muito
intrometida e atendeu meu celular e me
ferrou? Estou precisando relaxar sim, mas bem longe de
você, pois você só vai conseguir me deixar mais estressado
do que já estou! Então me dá licença, que estou cansado e
preciso de um banho — resmunguei, tentando sair da frente
dela o mais rápido, só que ela segurou meu braço, fazendo-
me olhar para ela e, apontou o dedo indicador para mim
com muita raiva.
— Olha aqui seu grosso, você não pode falar assim
comigo, pois sei muito bem que precisa desse emprego, e
qualquer coisa que eu inventar sobre você para o meu pai,
ele vai acreditar, pois sempre acreditou em mim! Então
mais respeito se quiser continuar trabalhando aqui, eu só te
fiz um favor, tirando aquela brega da sua vida! —
Esbravejou apontando o dedo para mim feito boba.
Me deu uma vontade de voar no pescoço dela quando
falou de Sarah. Quem ela pensa que é?
— Então fica longe de mim, que eu te respeito ok? E
não fala mais da Sarah dessa maneira, ou não respondo por
mim! — Falei, puxando meu braço das mãos dela e saí dali
o mais rápido a fim de não lhe dar chance de falar mais
nada. Mas ela ficou ali, feito estátua, me olhando ir
embora.
Cheguei ao meu quarto com muita raiva da Carla.
Precisava relaxar e fui direto para o banheiro, mas dessa
vez tranquei a porta do quarto, caso a intrometida viesse
atrás de mim, ela não entraria mais em minhas
acomodações como sempre fez.
Pensei em Sarah o tempo todo, mas cumpri com o
que prometi. Vontade eu tive, mas não liguei para ela.
Terminei meu banho e fui comer alguma coisa, depois
de comer me deitei na cama e liguei a TV, fiquei ali com
ela ligada, mas nem procurei nada para assistir, pois minha
cabeça estava longe, ainda era cedo, mas estava tão
cansado que acabei dormindo.
No entanto, acordei com o barulho do trovão e a chuva
que estavam fortes lá fora, nem percebi que o tempo
mudou, o vendo estava tão forte que assobiava, e por causa
de todo o barulho lá fora, acabei perdendo o sono. Peguei o
controle e procurei um filme. O único filme que achei
legal já estava começando: ‘12 Horas’
Fiquei ali assistindo e eu estava tão distraído com o
filme, que não percebi que o celular apitou, mas eu
notei que ele acendeu e apagou. Então me levantei e o
peguei na mesa, voltando para cama, quando olhei no visor,
não acreditei: é uma mensagem de Sarah. Abri o mais
rápido que pude para ver o que dizia:

Meu Deus! Aonde será que ela se escondeu? Será que


ela está bem? Sarah não pode ficar sozinha! Ficamos
trocando mensagens e eu cada vez mais ansioso e
preocupado, pois sua casa foi invadida de novo. Ficamos
horas ali conversando e tentando acalma-la, já que deveria
estar muito nervosa.
Depois da última mensagem que mandei, ela, não me
respondeu, mas tudo bem, afinal quem invadiu a casa já
tinha ido embora e imaginei que ainda está brava
comigo. Pelo menos ela se lembrou de mim na hora que
mais precisava, mesmo não podendo fazer nada por ela,
Sarah ainda me mandou mensagens. Fui me deitar feliz de
ter falado com ela e de ficar sabendo que ainda pensa em
mim, e pensando nela acabei dormindo novamente.
Acordei com o alarme do celular tocando, me levantei
e fui para o banheiro lavar meu rosto, escovar meus dentes,
e me trocar. Sempre tomo meu café aqui na pousada, só
que hoje estou com vontade de tomar na barraca de dona
Ana, pois assim eu evito esbarrar com a Carla. No entanto
quando eu abri a porta e me virei para trancar, senti uma
forte pancada na cabeça e caí na hora no chão, apagando,
não vi e não senti mais nada.
JOGUEI A ROSA FORA, POIS eu não queria nada
que viesse desse homem que nem sei quem é, mas guardei
o bilhete, já que serviria de prova, caso alguma coisa
acontecesse com o Noah.
Meu corpo todo doía, não tinha vontade de fazer nada.
Eu queria me jogar na cama e ficar ali, tentando esquecer
tudo, só que eu não podia, porque logo o Matheus vai
chegar para trabalhar e não quero que ele me encontre
assim, então fui para o banheiro e tomei uma ducha para
relaxar, depois me enxuguei e fui me trocar e logo em
seguida desci.
Lipe, como sempre, veio atrás com sua bolinha na
boca. Coloquei ração para ele e fui para cozinha fazer meu
café. Tomei meu café sem comer nada, eu estava muito
nervosa para comer qualquer coisa. Não me conformava
com que estava escrito no bilhete, Noah corria perigo por
minha causa, mesmo que ele esteja com a Carla, não quero
que nada de ruim lhe aconteça.
Peguei o Lipe no colo e fui abrir a porta da lavanderia,
para ver como estava ficando a piscina. Quando abri a
porta, me surpreendi com o que vi: a piscina estava
praticamente pronta, faltava só colocar umas pedras
antiderrapantes em volta dela, depois disso, estaria pronta
para encher de água e para nadar. Olha que hoje é quinta-
feira ainda, imagina até sábado como vai estar!
Aproveitei e brinquei um pouco com Lipe lá fora, já
que eu queria esperar o Matheus chegar. Quero que ele abra
aquela porta para mim, para descobrir o que há por trás
dela.
No entanto a hora passava, e nada do Matheus
chegar. Eu já estava ficando preocupada, pois ele nunca foi
de atrasar. Entrei e fui preparar o almoço para mim. Lipe
dormia no chão ao lado do balcão, pois estava cansado, e
eu fiquei preparando algo para o almoço, só que eu não
estava nada animada.
— Sarah? Posso entrar? — Ouvi a voz do Matheus que
acabava de chegar.
— Eu estou na cozinha, Matheus, pode entrar! — gritei
sem parar o que eu estava fazendo e ele entrou pela
lavanderia, já que a porta da frente ainda estava trancada.
— Bom dia Sarah! Desculpe pelo atraso.
— Bom dia Matheus! Não precisa se desculpar, pois
você não costuma atrasar, mas aconteceu alguma coisa para
você ter atrasado? Se quiser pode me contar, se for algo
com sua família, vou entender se não quiser trabalhar hoje.
— Sarah, aconteceu sim! Só não sei como te contar.
— Matheus, pode confiar em mim, pois não sou
nenhum monstro para ter medo de me contar! — brinquei,
sorrindo.
— Não aconteceu nada com minha família, graças a
Deus estão bem.
— Mas então com quem aconteceu? — perguntei
estranhando e na mesma hora senti um arrepio estranho
tomar conta do meu corpo, era como se estivesse sentindo
que algo ruim estivesse acontecendo.
— Sarah, seja forte! Acho melhor você se sentar.
— Fala logo o que aconteceu? Você está me deixando
nervosa! — De repente Noah veio em meus pensamentos e
senti um aperto no peito e lembrei de que ele corria perigo.
— Matheus aconteceu alguma coisa com o Noah? Se
for com ele me fala logo, por favor!
— Sim, Sarah foi com o Noah que aconteceu. — Me
levantei, correndo da cadeira e me aproximei de Matheus.
— Matheus, fala logo pelo amor Deus, o que aconteceu
com ele? — perguntei descontrolada. Eu estava com olhos
cheios de lágrimas, e Matheus ficava enrolando para me
contar. Que raiva!!
— O pessoal da pousada percebeu que Noah estava
demorando para descer para tomar café, então Carla
resolveu subir para ver porque ele estava demorando. Ela o
encontrou caído na porta do seu quarto com uma forte
pancada na cabeça, e acho até que ele perdeu muito
sangue! Carla quando viu, começou a gritar e me
chamaram correndo para ajuda-lo, visto que o Noah estava
desacordado, então nós o colocamos na lancha, e Carla foi
com ele até o hospital mais próximo daqui, só que até agora
não temos nenhuma notícia dele.
— Matheus, você pode me levar até lá, agora? Não
posso deixar ele sozinho! Deus! É tudo culpa minha! —
exclamei assustada e chorando muito. Matheus, ficou me
olhando sem entender muito bem o que eu estava falando e
vendo meu desespero.
— Claro que te levo, mas você tem que ficar calma,
não pode chegar assim no hospital — disse tentando me
tranquilizar.
—Tudo bem, eu vou me acalmar, vou me trocar e já
volto. Você pode ficar com o Lipe para mim?
— Posso claro, agora vai se trocar que te espero aqui!
— disse, enquanto eu subia os degraus de dois em dois com
o coração aos saltos dentro do peito. Como ele pode fazer
isso com o Noah? Não posso deixar as coisas assim, isso
tem que ter um fim.[tb1][Ƹ_s2]
Cheguei ao quarto e coloquei a primeira coisa que
encontrei: um vestido longo florido e bem fresquinho, pois
estava fazendo muito calor. Depois de pronta, desci.
Graças a Deus, Matheus chegou a cavalo, então
rapidinho nós dois chegamos à lancha, e ela já estava quase
saindo. Matheus, com o Lipe no colo, me acompanhou até
o hospital, mas só eu entrei.
Fui até a recepção e perguntei sobre o
Noah. A enfermeira me informou que ele estava no
segundo andar no quarto 12, então fui direto para
lá. Quando cheguei ao corredor, pude ver aquela vaca
morena em frente à porta de um quarto. Só pode ser o do
Noah! Pensei com sangue fervendo nas veias de raiva dessa
vaca, sem demora eu me aproximei, tentando me controlar.
Quando ela me viu, dirigiu-me um olhar muito triste.
— Ele te espera, o tempo todo em que estava
desacordado só chamou por você. Sarah me perdoa? Ele te
ama, eu e ele nunca tivemos nada e nunca teremos, já
que eu não sou você! — confessou com um olhar triste.
Fiquei assustada com que ela me falou, porque eu não
esperava isso dela, pois sempre me pareceu tão maldosa,
mesmo assim eu me aproximei e lhe abracei.
— Obrigada Carla por me contar a verdade.
— Vai lá então, pois Noah já perguntou de você muitas
vezes. — Abri a porta e entrei, ele estava dormindo, a
cabeça estava enfaixada e seu rosto e
braços apresentavam alguns hematomas. Vendo como ele
estava, deitei a cabeça na beirada da cama e comecei a
chorar. De repente pude sentir a mão dele em minha
cabeça.
— Sarah, por que está chorando? — Ouvi a voz de
Noah que soava cansada.
— Noah! Você está melhor? — Perguntei, levantando-
me e abraçando-o.
— Sim Sarah! Tirando a dor de cabeça, estou me
sentindo bem. — disse ele meio mole, mas acho que deve
ser o efeito do remédio. Logo depois que ele terminou de
falar, alguém entrava pela porta.
— Bom Dia! — Quando olhei, vi que era o
delegado, que olhando para o Noah, falou:
— Me lembro de vocês! Vocês dois estiveram na
delegacia essa semana para falar do que estava acontecendo
em sua casa. — disse o homem, apontando para mim. —
Você acha que o que aconteceu hoje com você, tem a ver
com tudo que está acontecendo na casa da Sarah? —
perguntou, me olhando. Ele ainda lembrou meu nome! —
Você conseguiu ver o rosto de quem te agrediu? — Nessa
hora Noah olhou para mim.
— Seu delegado, eu posso te chamar pelo nome? Vi no
cartão que entregou para Sarah que seu nome é Victor. —
Argumentou Noah, um pouco mole.
— Claro que pode!!
— Victor, eu tenho uma coisa para te entregar. Quando
Carla me encontrou, achou isso jogado em cima de mim.
Acho que isso vai responder sua pergunta! — Ele
falou, tirando de baixo do travesseiro um pedaço de papel e
entregou para o delegado.
— Ah outra coisa, eu consegui ver seu rosto, apesar de
estar com a vista embaçada por causa da pancada, consegui
ver quem era, mas nunca o vi por aqui, eu não conheço!!
— Noah como ele era?
— Ele deve ter minha idade, é moreno e de pele clara,
não deu para ver seu cabelo e nem seus olhos.
Ai meu Deus! A descrição bate com alguém que
conheço, mas não quero pensar nisso. O delegado ficou em
silêncio por um momento e leu o que estava escrito no
papel que Noah entregou para ele. Curiosa como sou, eu
quebrei o silêncio, perguntando a ele:
— Victor, eu posso ler o que está escrito no papel? —
Sem falar nada, o moço me entregou, olhei no papel e
estava escrito:

Meus olhos encheram-se de lágrimas, pois ele está


fazendo o que falou no bilhete que deixou para mim, já que
sabe que nunca vou ser dele por completo. Eu estava com o
bilhete em minha bolsa, mas tinha medo do que o
delegado pensaria a meu respeito. Ah, que se dane!!! Eu
não fiz nada de errado, pois estava amarrada!
— Victor? Eu também tenho uma coisa para te
mostrar! É outro bilhete e acho que é da mesma pessoa. —
Abri minha bolsa e tirei o bilhete que recebi com a rosa
logo cedo e me aproximei de Victor e entreguei o bilhete
para ele. Percebi que Noah me olhava sem entender nada.
Com o papel nas mãos, ele ficou em silêncio novamente e
logo em seguida, olhou para o Noah.
— Bom, pelo que percebi, Sarah está sendo perseguida
por alguém que está obcecado por ela, e quer tirar você do
caminho dele. Isso quer dizer que você, Noah, ainda corre
perigo!! — disse o delegado nos alertando. — Sarah?
Posso saber onde encontrou este bilhete? — Questionou o
delegado. Então contei tudo para ele, o que
aconteceu esta noite e que o bilhete estava em minha cama
com uma rosa.
— Victor, eu posso saber o que está escrito no bilhete
que Sarah lhe entregou?
— Só está falando para Sarah ficar longe de você, ou
ele faz isso com suas próprias mãos. — Graças a Deus ele
não entregou o bilhete para o Noah. Sei que não tinha nada
de mais, mas faria com que ele se lembrasse de tudo agora,
e eu não queria isso.
— O que ele fez hoje com você Noah, só prova que ele
não está brincando!! Sarah, vou mandar dois policiais
ficarem em sua casa. E Noah, eu acho que você ao sair
daqui, deveria ficar na casa da Sarah, acho também que
você deveria se afastar um pouco do trabalho, até
conseguirmos pegar quem está fazendo isso.
— Mas Victor na minha casa como? Visto que é lá que
o invasor sempre está! Acho até que ele se esconde na
minha casa. Só não sei onde!
— Sarah, é essa minha intenção, pois se separarmos
vocês, vai ficar mais fácil dele pegar o Noah sozinho, então
estando juntos, podemos armar uma cilada para pegarmos o
cara, e vocês ficando na mesma casa, não vou precisar
colocar muitos policiais neste caso, pois teria que ficar dois
com Noah e dois com você. Vou levar os dois bilhetes
comigo e pela letra e digitais vamos tentar descobrir quem
é. — Assim que o delegado terminou de falar, a enfermeira
entrou e nos pediu para sair, pois Noah tinha que descansar
um pouco e estava na hora dos seus remédios, já que a
pancada foi forte. Noah pediu para a enfermeira me deixar
ficar, e ela disse que tudo bem.
— Noah, eu vou acompanhar Victor até a porta e já
volto — falei, saindo do quarto junto com Victor.
— Sarah, eu vou mandar dois policiais virem para cá e
acompanhar vocês até em casa, e ficar de guarda por lá,
apesar da gente não saber quem é o cara, afinal ele não é
nenhum profissional, então acho que não vai ser difícil
pegá-lo, se fosse profissional, não teria escrito um bilhete a
mão; isso é coisa de amador. Bom, já vou indo, pois
tenho muitas coisas para resolver, mas fica tranquila,
senhorita, pois tenho seu telefone e ligo se eu tiver qualquer
informação. Disse me cumprimentado, e foi embora, mas
percebi que um médico estava se aproximando do quarto
do Noah.
— Doutor! Eu posso falar com o senhor? — gritei
antes que entrasse no quarto.
— Claro!! Posso ajudar em alguma coisa?
— O senhor é o médico que cuidou do Noah? Gostaria
de saber como ele está e quando terá alta?
— Sim, fui eu que cuidei dele, a senhorita é o que
dele? — Bom, não estamos juntos, mais ele não precisa
saber disso.
— Sou a namorada, meu nome é Sarah.
— Prazer Sarah, meu nome é Luiz, o Noah chegou
aqui perdendo muito sangue, mas não precisou repor. Mas
levou dez pontos por dentro e por fora na cabeça, pois o
corte foi profundo. O paciente também fez alguns
enxames para ver se está tudo bem, nós estamos esperando
o resultado ficar pronto, mas aparentemente ele está bem,
só vai ficar aqui em observação, até os exames ficarem
prontos. E se estiver tudo bem com o resultado, irá
receberá alta ainda hoje. — E conversando, nós
dois entramos no quarto do Noah que ainda estava
acordado.
— Noah, como está se sentindo agora? — perguntou o
Doutor Luíz.
— Doutor, eu já estou me sentindo bem, é só a dor de
cabeça que está me incomodando.
— Logo, logo essa dor passará, pois, a enfermeira
já vem te dar o remédio, é só ter um pouquinho de
paciência. Assim que os exames ficarem prontos, venho
falar o resultado, agora vê se descansa um pouco.
— Aconselhou o médico, saindo do quarto, deixando-me
sozinha com o Noah.
— Sarah, nós precisamos conversar.
— Noah, agora não é o momento de falar sobre nós.
Você precisa descansar! Quando estiver sem dor;
conversamos, agora tenta descansar!! — falei preocupada,
contrariado ele resmungou um pouquinho, mas acabou
dormindo. Acho que o remédio deve estar fazendo efeito,
pois a maioria deles dá sono mesmo.
Já estava sentindo fome, pois só tomei café cedo e não
comi nada, notei quando eu cheguei aqui, que no andar de
baixo, há um café, e me lembrei de que Matheus me
esperava lá fora, então aproveitei que Noah estava
dormindo e desci, fui falar com Matheus. Foi como
pensei!! Ele ainda estava na porta do hospital me
esperando.
— Matheus! — chamei por ele, que quando me ouviu,
olhou na hora para mim.
— Sarah! Você demorou! Como está o Noah?
— Graças a Deus ele está bem, levou dez pontos na
cabeça e só vai ter alta quando o exame estiver pronto,
então se você puder me fazer um favor… Poderia ficar com
o Lipe até Noah sair do hospital? Se quiser pode ficar em
minha casa, ou pode levá-lo para sua. Acredito que logo
estaremos em casa.
— Tudo bem Sarah, fico com ele em sua casa, sem
problemas, pois quero terminar a reforma da piscina; falta
pouco para acabar, e fico feliz de saber que Noah está bem!
Espero vocês lá, até mais — disse Matheus, indo embora
com o Lipe no colo.
Voltei para dentro do hospital e fui comer alguma coisa
no café. Carla, pelo visto, já tinha ido embora, pois
não a encontrei mais aqui. Terminei de comer e fui para o
quarto do Noah, e como ele ainda estava dormindo, me
sentei na poltrona que tinha do lado da cama e fiquei ali
esperando ele acordar, mas estava tão cansada que acabei
dormindo sentada.
Acordei com a porta se abrindo, olhei para o Noah, e
ele já estava acordado, olhei para a porta e vi que era o
doutor Luiz.
— Noah, seu exame está pronto, e graças a Deus
não há nenhuma lesão em sua cabeça, isso quer dizer que
assim que este soro acabar, você pode ir embora, e
daqui a quinze dias você volta para tirar os pontos da
cabeça — Avisou o médico, assinando um papel e
entregou para o Noah. — Este papel você entrega na
portaria do hospital, daqui a sete dias te vejo novamente.
E tome o remédio direitinho e se cuida. — disse, se
despedindo, em seguida saiu do quarto.
Esperamos o soro acabar, e liguei para seu
Pedro para nos buscar no hospital. Ainda bem que ele não
demorou, pedi para nos levar até um jatinho para voltarmos
para casa, e ele nos deixou em um lugar para pegar o
jatinho. Eu me despedi e procurei alguém que pudesse nos
levar para casa, encontramos um rapaz, então paguei a ele
para nos levar.
Quando chegamos, Lipe fez muita festa ao nos ver, eu
o peguei no colo e o enchi de beijos. Matheus ainda estava
trabalhando na piscina, pois ainda eram três horas da tarde.
— Sarah, eu posso tomar um banho para relaxar?
Depois vou me deitar, pois me sinto meio sonolento, e a dor
de cabeça ainda me incomoda um pouco.
— Claro que pode Noah, toma banho no banheiro do
meu quarto, pois lá vai encontrar tudo que precisar. Deve
ser por causa do efeito do remédio que você está se
sentindo meio sonolento. Quanto a dor, vai passar logo,
pois tomou outro remédio antes de sair do hospital, então
tenha paciência e vai tomar seu banho, que eu vou te
preparar algo para se alimentar, pois pelo que fiquei
sabendo, você não teve tempo de tomar café.
Noah subiu e foi tomar seu banho, e eu fui para
cozinha preparar um lanche para ele. Meia hora depois
eu subi e levei o lanche com um copo de leite, e como ele
ainda estava no banho, coloquei o lanche na mesinha e saí.
Fui falar com Matheus, pois precisava que ele tentasse
abrir aquela porta, preciso descobrir o que tem por trás
dela. Não sei! Mas sinto que o documento dessa casa deve
estar lá também, pois não achei em lugar nenhum da casa.
Caramba!! A descrição que o Noah deu para o
delegado bate muito com uma pessoa que conheço! Bom,
não tenho certeza!! Por isso acho melhor não comentar com
ninguém, até eu ter certeza. Cheguei perto do Matheus que
ainda estava trabalhando.
— Matheus, eu posso falar com você? — perguntei,
olhando para ele que parou na hora o que estava fazendo.
— Nossa Sarah! Eu estava tão distraído que nem vi
vocês chegando, mas afinal o que quer falar comigo?
— Preciso que me faça mais um favor! Tem uma porta
no final do corredor no andar de cima da casa que não
conseguimos abrir, porque está trancada, e eu não tenho a
chave, chamei até um chaveiro para fazer, só que alguém
trocou a fechadura, e eu não consegui abrir, por isso preciso
que abra para mim.
— Pode ser amanhã? Porque a piscina já está pronta,
falta só terminar de colocar o piso antiderrapante e quero
terminar isso hoje, pois amanhã é só instalar o filtro e
enchê-la com água.
— Pode ser Matheus, então fica combinado para
amanhã, hoje estou cansada mesmo, e Noah pode precisar
de mim.
— Então amanhã assim que eu chegar, eu te ajudo abrir
aquela porta, vou terminar de colocar o piso, pois logo
tenho que ir embora. — respondeu, voltando a trabalhar.
Eu entrei na casa e fui ver como Noah estava só que
notei que ele ainda estava dormindo. Então resolvi tomar
um banho para tirar essa roupa que fiquei no hospital, fui
para o banheiro levando outra roupa para colocar depois do
banho, e o Lipe entrou junto comigo. Entrei no
chuveiro, pensando no que Noah contou para o delegado.
Estou muito confusa!! A descrição que Noah deu pode ser
de quem estou pensando, porém se for mesmo, não entendo
qual seria o motivo. porque ta fazendo tudo isso. Terminei
meu banho, me troquei e saí do banheiro. Noah já estava
acordado, e Lipe pulou em cima dele, recebendo muitos
beijinhos.
— Sarah, nós precisamos conversar, tenho muita coisa
para te contar sobre mim, não quero mais guardar esse
segredo, eu preciso contar toda a verdade. Não gosto de
falar sobre isso, só que não quero mais nenhum segredo
entre nós.
— Noah, você se sente melhor para conversar? Não
está mais com dor de cabeça?
— Acho que o remédio fez efeito, não sinto mais nada
e estou bem melhor.
— O que você quer me contar Noah?
— É sobre minha família! — disse, sentando-se na
cama. Será que Noah vai me contar toda a verdade? Até
sobre a sua irmã?
— Desde o dia em que aconteceu isso, eu nunca mais
falei sobre isso. E prefiro mentir a ficar lembrando tudo de
novo. Meus pais não moram em São Paulo, eles morreram
em um acidente de barco. Não vou entrar em muitos
detalhes, só que eu consegui salvar minha irmã, como a
tempestade estava forte, não consegui salvar meus pais e
por esse motivo me culpo até hoje. Dona Ana foi quem
cuidou da gente, morei com ela até meus vinte anos de
idade, só depois que consegui o emprego de guia na
pousada, me mudei para lá. Ela ficou triste, mas entendeu
que eu queria ter minha vida
e sabia que eu nunca ficaria longe dela, pois sou grato a ela
por tudo que fez por mim e pela minha irmã.
— Noah, mas cadê sua irmã? Nunca a conheci, e você
nunca fala dela.
— Essa é outra história triste da minha vida, por isso
não gosto de falar sobre isso. — Contou com um olhar
triste e distante, como se estivesse vivendo o momento em
sua cabeça.
— Lívia era o nome da minha irmã.
— Por que era? O que aconteceu com ela?
— Lívia se apaixonou por Vinício, mas ela era muito
jovem, e Vinício só gostava dela como amigo, mas ela
não quis entender isso, deixou um bilhete para mim em um
dia de tempestade e partiu para o mar. Lívia nunca mais
voltou, só encontramos o barco abandonado e mais nada.
Lívia se matou, sei que Vinício não teve culpa, mas só de
olhar para ele, eu me lembro da minha irmã e fico com
muita raiva. Na época ele sofreu muito, só que não como eu
que perdi a família toda.
— Nossa Noah!! Que triste tudo isso! Você
salvou a sua irmã, mas depois de um tempo ela se matou!
É muito triste mesmo, eu também perdi meus pais, nunca
tive ninguém além deles, sou filha única, já você tinha uma
irmã, eu imagino como deve se sentir, agora entendo por
que não gosta do Vinício, só que você mesmo disse que ele
não teve culpa. Acho que você deveria dar uma chance para
ele! — opinei, aproximando-me dele e o abraçando.
— Vou tentar dar essa chance a ele, pois sei que é uma
pessoa boa. Sarah, agora nós precisamos falar de nós
dois, você tem que acreditar em mim, nunca houve nada
entre mim e… — confessou, me olhando. Só que não o
deixei terminar de falar e o beijei e foi de uma maneira
que o fizesse sentir o quanto eu o amo.
— Eu já sei toda verdade! Sei que nunca teve nada
com a Carla, ela mesmo me contou — cochichei seu
ouvido, fazendo-o se assustar, como se não tivesse
acreditando que Carla contou toda verdade. — Eu
a encontrei no hospital na porta do seu quarto, e ela veio
falar comigo. Também achei estranha a atitude dela, mas a
menina estava diferente e me pareceu sincera.
— Carla me surpreendeu viu? Confesso que eu não
esperava isso dela! — disse admirado. Bom, vou aproveitar
o momento e vou contar a ele que Vinício vai passar suas
férias aqui comigo.
— Noah, acho que agora é o momento de você dar uma
chance para o Vinício, pois tenho uma coisa para te contar!!
— O que tem para me contar? — perguntou curioso.
— Convidei o Vinício para passar suas férias aqui, e
ele topou. Neste sábado ele estará chegando, por isso
comprei mais duas camas, Nadya e a Fer também vêm para
cá neste fim de semana.
— Ah Sarah, não acredito! Por que você convidou o
Vinício se você sábia que eu não gosto dele?
— Não sabia o motivo, mas pensei que seria bom ter
alguém comigo, pois nem sempre você podia ficar aqui por
causa do seu trabalho, por isso eu o convidei e minhas
amigas.
— Tudo bem Sarah, a casa é sua e você convida quem
quiser. Vou tentar dar uma chance a ele, pois é uma boa
pessoa. Fico feliz de saber que vamos ter a casa cheia por
uns dias, vai ser muito bom para afastar este filho da mãe
de você, já que não vai estar sozinha. Pensando bem,
será que o babaca vai se afastar mesmo?
— Sarah! Eu estou indo embora, pois já terminei o
serviço! — gritou Matheus lá de baixo.
— Matheus estava trabalhando aqui? Nem o vi quando
cheguei, eu estava com tanto sono que subi direto para o
quarto.
— Vou descer e trancar as portas, Noah, eu já volto. —
Avisei Saindo do quarto, deixando ele ainda deitado e
desci. Matheus estava na sala me esperando.
— Matheus, eu te espero amanhã e já resolvemos
aquilo que te pedi.
— Sarah, assim que eu chegar, eu já abro aquela porta
para você, vou indo, até amanhã e fica com Deus!
— falou indo embora e eu tranquei toda a casa.
A hora passou e eu nem percebi, já estava escurecendo,
então achei melhor preparar alguma coisa para gente
comer. Dei ração para o Lipe que brincava com seus
brinquedos na sala. Noah já tinha descido e estava na sala
assistindo TV. Fiz cachorro quente, e nós comemos na
sala, assistindo um filme. Terminamos de comer e ficamos
brincando com o Lipe, depois de muito brincar, ele acabou
dormindo de tão cansado.
— Noah, você me disse no bilhete que me deixou que
queria um tempo para pensar, mas não me falou o que
pensou!?
— Na verdade a única coisa que pensei, foi que você
foi muito sincera comigo, visto que poderia ter guardado
para você e eu nunca saberia! Só que você preferiu me
contar, te admiro muito por isso, pois sei que estava
amarrada e não tinha como evitar, então não teve culpa de
nada.
— Fico aliviada de ter entendido, eu nunca faria nada
para te magoar.
— Eu sei que não Sarah — disse me olhando de um
jeito fofo. Levantei do chão, pois estava brincando com o
Lipe antes dele acabar dormindo, e me deitei junto com
Noah no sofá, me aconcheguei nele e ficamos ali,
assistindo o filme.
Noah estava com o corpo dolorido e eu também estava,
já que passei a noite na banheira, mas ficamos ali, um
grudado no outro, estava tão gostoso! Senti tanta falta dele
esses dias, e graças a Deus deu tudo certo. Nossa!! Eu até
me esqueci da Polícia que era para estar conosco! O que
será que aconteceu para ter faltado? Só agora me dei
conta de que nós estamos sozinhos. Eu me levantei do sofá
e fui pegar meu celular que estava na mesinha da sala.
— Noah, acho melhor pegarmos o Lipe e ir para o
quarto, pois estamos sozinhos, era para os polícias estarem
aqui, mas não sei o que aconteceu! Eles nem apareceram
no hospital! — falei, pegando o Lipe que dormia no chão.
— Ahhhhh!! Puuutttzzzzz! Que susto! A luz foi
embora!!
— Calma Sarah! Não precisa se apavorar.
— Ahhhhh! Alguém quebrou o vidro da janela.
— Corre Sarah para o quarto!! — Agora ele gritava
apavorado e assustado.
Com a lanterna do celular ligado, nós corremos para o
quarto e nos trancamos lá dentro, mas o barulho de alguém
jogando pedra no vidro da sala continuava, enquanto a
casa inteira estava sem luz. Então com o Lipe no
colo, nós entramos no banheiro do quarto e nós trancamos
lá dentro sem saber o que aconteceria com a gente.
FICAMOS ALI NO BANHEIRO ATÉ que tudo
acabasse, e pelo jeito ele estava quebrando todas as janelas
lá de baixo, mas não sei o porquê o estranho homem não
entrou na casa! Demorou, mas finalmente tudo ficou em
silêncio. Acho que ele, finalmente, foi embora!
— Noah, parece que o cara foi embora, não ouço mais
nenhum barulho.
— Ah, Sarah, vamos esperar mais um pouco.
Esperamos mais um tempo e quando percebemos que
realmente não havia barulho nenhum, nós saímos do
banheiro e do quarto, mas a energia ainda não tinha
voltado.
Com meu celular e o dele clareando os recintos,
nós descemos para ver como estava a sala; tinha vidro para
todo lado, até na sala de jantar, inclusive quebraram o vidro
da janela, mas ainda bem que embaixo da escada tinha uma
caixa de força. Bom, eu acho!
— Noah, eu acho que embaixo da escada tem uma
caixa de força.
— Vamos dar uma olhada. Estou achando que ele só
quis nos assustar, já que dessa vez, nem entrou. No entanto
eu entendi muito bem o que ele quis dizer com tudo isso,
no qual não vai desistir, mesmo comigo aqui, ou qualquer
outra pessoa que estiver com você. Então ele acha que
fazendo isso, vai conseguir o que quer, e o que ele quer é
você. Isso o delegado deixou bem claro! A única coisa que
sabemos é que ele só vem à noite, mas percebi que
consegue entrar em qualquer quarto. Essa casa é tão grande
que estou achando que deve ter uma passagem
secreta, apesar de que a gente sempre olha tudo antes de
dormir; se está tudo trancado e sempre está. Cheguei a uma
conclusão, Sarah: Esta casa tem uma passagem secreta! Só
que ele entra quando quer. Precisamos
procurar esta passagem.
— Noah, eu nunca pensei nisso. Será que há mesmo
uma passagem nessa casa? Ou ele tem as chaves?
— Acho que as chaves ele não tem, pois com elas dava
para a gente ouvir a porta abrindo, só que nunca ouvimos
nada! Ele entra e sai com tanta facilidade que duvido que
seja com as chaves.
— Você tem razão, Noah, não é com a chave que ele
entra, pois nunca ouvimos nada, sempre desaparece como
um passe de mágica.
Chegamos perto da caixa de força e verificamos se era
da casa ou lá de fora, mas graças a Deus era de tudo, então
Noah ligou a força que pelo visto foi desligada por alguém.
Mas não entendo!! Quem quebrou os vidros da janela,
entrou e desligou a força? Ou será que tem outra caixa lá
fora? Agora estou em dúvida! Quando a força foi ligada, e
a luz acendeu e nós vimos o estrago que fizeram em minha
casa; todas as janelas estavam quebradas.
— Sarah, olha o estrago que fizeram na janela da
cozinha!!
— Até na cozinha! — falei assustada.
Entrei na cozinha e vi mesmo que lá o estrago foi
maior, pois a janela fica em frente a pia, e a louça que
estava secando e as de vidro quebraram todas. Haviam
deixado uma verdadeira bagunça na pia. Eu e o Noah
tiramos todos os vidros que estavam espalhados pela casa
com cuidado. Depois de organizar tudo e a ajeitar o estrago
que ele fez, subimos para dormir, Lipe já estava
dormindo, e nós tentamos fazer o mesmo.
No entanto, com tudo que estava acontecendo em
nossas vidas, nem eu e nem o Noah conseguimos pregar os
olhos. Apesar do desejo que tomava conta nos, estávamos
com os corpos doloridos. Ele por ter sido agredido, e eu por
ter dormido na banheira a noite passada. Sem mencionar
que nós também não estamos com cabeça para isso, já que
ficamos muito preocupados com que estava acontecendo.
Isso tem que acabar! Não aguento mais essa tortura e
perseguição. Temos que fazer alguma coisa. Amanhã cedo
ligarei para o delegado sem falta.
A noite foi longa; Lipe acabou dormindo com a gente.
Eu e o Noah demoramos para pegar no sono, mas também
coitado, ele mal podia se mexer que sentia dor! Até que
finalmente, nós acabamos dormindo.
— Saraaaaah…! — Acordei com alguém me
chamando.
— Saraaaaah…! — Gritou alguém novamente,
segundos depois, percebi que era a voz do Matheus. Se ele
já chegou, então pelo visto, eu acordei tarde! Noah ainda
estava dormindo.
— Saraaaah…! — gritou Matheus de novo e parecia
desesperado. Levantei correndo, mal me troquei e saí do
quarto sem fazer barulho. O Lipe veio atrás de mim. Assim
que desci vi o Matheus na porta da sala, batendo feito
louco, então mais rápido que pude, abri a porta.
— Bom dia Matheus, o que aconteceu para gritar
assim? Parecia desesperado!
— Bom dia, Sarah! Me desculpe, mas fiquei
preocupado quando encontrei as janelas da sua casa todas
quebradas, pensei que tivesse acontecido alguma coisa com
vocês. O que aconteceu aqui?
— Ah Matheus, nem te conto sobre a noite que nós
tivemos! Alguém desligou a força da casa e depois quebrou
todas as janelas! Só do andar de cima que não quebraram.
Nós levamos um susto, Deus me livre viu? Que noite!
— Nossa Sarah! Vocês conseguiram ver quem fez isso?
— Não Matheus, afinal estava muito escuro, não deu
para ver nada. Entre e vamos tomar um café, depois vamos
abrir aquela porta — pedi, encaminhando-me para a
cozinha, e ele veio atrás. Eu preparei o café, e ficamos ali
conversando, até que Noah apareceu na porta da cozinha.
— Bom dia Sarah! Bom dia Matheus! —
cumprimentou Noah, dando-me um beijo carinhoso no
rosto.
— Bom dia Noah! Como você está hoje? Ontem deu
um susto na gente!
— Graças a Deus estou bem.
— Sarah, tem alguém batendo na porta.
— Eu ouvi Noah, vou atender — falei indo para a sala.
— Dona Ana! Que surpresa boa! — exclamei,
abraçando-a.
— Oi Sarah! Eu vim ver o Noah, quero saber como ele
está. Ontem eu não pude deixar a barraca para visitá-lo no
hospital.
— Entre, dona Ana! Fique à vontade! A senhora
chegou numa hora boa, já tomou café? Ele está na cozinha
tomando o seu — convidei, acompanhando-
a para a cozinha e quando Noah a viu, levantou, correndo
para abraçá-la.
— Que surpresa boa, a Senhora veio nos
visitar! — disse Noah, enchendo a sua mãe postiça de
beijos, deixando dona Ana vermelha de vergonha.
— Meu filho! O que fizeram com você? Está todo
cheio de hematomas e pontos na cabeça, mas o
que aconteceu afinal?
— Graças a Deus estou bem. Eu fui agredido na porta
do meu quarto quando eu estava saindo, mas não conheço
quem me agrediu.
— Meu Deus, por que fizeram isso? Você andou
mexendo com alguém?
— Claro que não!!! A senhora sabe que não gosto de
briga, não sei o porquê disso. No entanto a Polícia já está
atrás do responsável pelo que fez comigo.
“Eu até sabia, mas não contaria a ela, pois sei que
ficaria preocupada, visto que Noah é como um filho para
ela.” Pensei, enquanto eles conversavam. Graças a
Deus, Noah também não contou.
— Eu sei Noah que nunca gostou de briga, no entanto
não entendo porque eles fizeram isso com você, se nunca
fez mal para ninguém! Tomara que a Polícia encontre logo
o responsável por essa maldade.
— Eles vão encontrar sim, o delegado disse que quem
fez isso é amador, então vai ficar mais fácil de encontrá-lo
— respondi, tentando tranquiliza-la.
— Verdade Sarah, não é nenhum profissional, vai ficar
mais fácil sim — confirmou Noah, me olhando agradecido.
— Só espero que não demore, viu meu filho? Noah, eu
já vou embora, só vim mesmo para ver como estava e fico
feliz de te ver bem. Sarah cuida muito bem dele para mim?
— Pode deixar! Cuido sim.
Acompanhamos Dona Ana até a porta, e lhe dei um
abraço de despedida, e Noah a beijou na testa com
carinho, e em seguida ela foi embora caminhando, pois
disse que adora caminhar de manhã.
Eu e o Noah voltamos para cozinha, pois Matheus
estava nos esperando e terminamos nosso café.
— Sarah, eu vou abrir aquela porta para você, ok?
E como o filtro ainda não chegou, e se você me permitir,
vou para Salvador comprar os vidros para trocar, mas vou
comprar o vidro temperado, pois se alguém tentar quebrar
novamente não vai conseguir.
— Que ótima ideia! Quando for me avisa, para eu te
dar o dinheiro para comprar os vidros. Mas você acha que
vai dar para trocar tudo ainda hoje?
— Sim Sarah, pois só tenho o filtro para instalar na
piscina, depois é só deixar encher.
— Vamos subir então Matheus — falei, fazendo sinal,
mas ele foi lá para fora, me fazendo sinal para esperá-lo, só
que não demorou e voltou com uma maleta na mão. Acho
que deve ser a maleta de ferramenta.
— Vamos Sarah.
— Noah, você vem junto?
— Claro que vou! Estou curioso para saber o que há
por trás daquela porta. E nós três subimos com o Lipe atrás
de mim, e fomos em direção àquela porta.
Quando chegamos perto da porta, Matheus colocou a
maleta no chão e tirou alguma coisa que não consegui ver o
que era de dentro dela. Ele tentou por alguns minutos abri-
la, até que conseguiu, quando a porta abriu, entramos por
ela, e fiquei surpreendida! Havia coisas velhas guardadas
aqui, coisas velhas, como uma mesinha de escritório caindo
aos pedaços, um monte de pasta, roupas velhas jogadas em
cesto, uma cadeira quebrada, enfim…! E tinha tanta coisa
que não dá para falar tudo, mas o quarto é enorme, e não
tem nenhum sinal de que alguém esteja morando aqui.
— Sarah olha isso! — chamou Noah, e quando eu me
aproximei para ver do que se tratava, eu me deparei com
uma enorme janela aberta! E a paisagem que dava para ver
através dela é maravilhosa! Avistava até mesmo o mar de
longe. Já estou amando este quarto!
— Sarah, olha o que encontrei do outro lado! — falou
Matheus, fazendo minha atenção se voltar para ele.
— O que encontrou Matheus?
— Vem dar uma olhadinha — convidou, fazendo sinal
com as mãos. Curiosa, eu fui ver do que ele estava falando
e notei que tinha uma entrada, que não tinha porta e ele
estava lá dentro, quando entrei notei que era um
banheiro enorme, muito maior que os outros, só que não
tinha vaso sanitário, apenas um buraco no chão e mais; uma
pia enorme, e uma banheira grande, a qual caberia umas
quatro pessoas, mas não tinha chuveiro.
— Matheus, que quarto perfeito! Eu
amei! Tem como reformá-lo para mim? Eu amei este lugar!
— Tem sim Sarah, e não tem muita coisa para fazer
aqui, e só pintar o quarto, e no banheiro colocar o que está
faltando. Se você quiser, posso vir amanhã fazer isso para
você, já que vou a Salvador hoje comprar os vidros,
aproveito e compro o que está faltando aqui.
— Se não for atrapalhar seu fim de semana, quero sim,
amanhã está ótimo para mim, e compra o que for de mais
moderno para este quarto, a cor pode ser a mesma da casa.
— Claro que não vai me atrapalhar! Eu farei isto
amanhã então, mas se vocês conseguirem desocupar o
quarto o quanto antes, vão me adiantar o serviço, agora vou
indo, pois tenho muita coisa para comprar para esta casa.
— Matheus leva este cartão de crédito, ele não precisa
de senha e tem limite, mas acho que vai dar para comprar
tudo que precisar. — Ele pegou o cartão e me agradeceu
pela confiança que tenho nele e foi embora. Matheus me
passa essa confiança, por isso fico à vontade em dar
dinheiro a ele.
— Admiro você por ser assim: confiante, corajosa e
determinada! Bom, já olhei no quarto inteiro e não a
vestígio de ninguém morando aqui. Agora estou mais
confuso ainda!! E acho que o barulho que vem desse
quarto, vem da janela que se encontrava aberta o tempo
todo, e quando venta muito ela bate, e da dando a
impressão de ser alguém batendo portas.
— Também estou achando viu Noah? Pois
encontramos a janela aberta, ela deve bater muito quando
venta, pois está no lugar mais alto da casa.
— Sarah, vamos aproveitar que não temos nada para
fazer, e limpar este quarto? Já que você gostou muito
dele! Vamos tirar tudo que tem aqui, para uma boa faxina.
Achei a ideia perfeita!! Estava tão animada que sem
pensar em nada, comecei a retirar as coisas do quarto.
— Tá animada mesmo hein Sarah!!
— Estou sim, amei esse quarto! Ele é até mais fresco que
os outros! — falei, tirando uns entulhos do quaro, e Noah
começou a me ajudar. Não sei de onde surgiu tanta coisa,
pois pelo que eu sei nunca ninguém morou nesta casa.
Bom, não que eu saiba!!
— Sarah olha isso! Não parece que é
velho! — disse Noah, me mostrando um pano, bom, de
longe parecia um, mas quando me aproximei dele para ver
o que era realmente, levei um susto tão grande, pois eu
reconheci! A blusa de moletom da marca Nike, que se
existia outra parecida com a que dei para o Adan, é muito
azar encontrar bem aqui, então eu me lembrei que bordei
nossas iniciais com um coração no punho da blusa, era um
moletom preto, bordei em branco e o coração vermelho.
— Noah! Posso ver essa
blusa? — perguntei, pegando a roupa da sua mão. E
comecei a procurar as inicias e quando finalmente olhei o
punho, levei um susto e minha reação foi jogar a blusa
longe.
— Que isso Sarah? Por que jogou a blusa no chão?
— Não sei Noah! Nem sei como te falar, mas essa
blusa prova que alguém esteve nesse quarto.
— Como assim, não estou entendendo!
— E que dei um moletom de aniversário para o meu
ex-namorado e bordei nossas inicias: S/A, e no meio delas
bordei um coração vermelho — expliquei, pegando-
a novamente e entreguei para o Noah, mostrando o punho.
— Sarah! Eu não estou acreditando! Será que é ele
quem está fazendo tudo isso com você? —
Questionou incrédulo, olhando para mim.
— Não sei o que pensar, mas tudo indica que sim!
E tenho certeza que ele esteve na casa, pois não tem outra
maneira dessa blusa aparecer aqui. No entanto, o que eu
acho mais estranho é que ele nunca gostou de briga, sempre
foi muito calmo, então tenho as minhas dúvidas sobre esse
comportamento.
— Mas Sarah, se essa blusa está aqui, só pode ser
ele, pois isso é uma prova. Vamos contar isso ao delegado?
— Vamos sim Noah, se é ele quem está fazendo tudo
isso, terá que pagar pelo o que fez com você, mas eu não
quero mais falar sobre isso, ok? Por que falar nele me
incomoda muito.
— Tudo bem Sarah. Eu entendo o porquê disso.
Posso imaginar que esse cara te machucou muito, deixando
feridas profundas, as quais somente serão curadas com o
tempo e o amor verdadeiro! E espero ser a sua
cura! — comentou Noah aproximando-se de mim e me
puxando para me dar mais um dos seus beijos deliciosos na
minha boca. As minhas pernas até bambearam.
— Vamos terminar o serviço? Pois estamos quase
acabando! — Disse, segundos depois, voltando a retirar
aquela bagunça do quarto.
Depois de ver o recinto vazio, tive a certeza que ele
era perfeito para nós, pois tinha uma vista linda da
janela, além de ser espaçoso. Lembrando-se do quanto o
banheiro é enorme!! Nossa! Amei esse quarto!
Por fim, nós descemos, e eu fui preparar o almoço, pois
já estava na hora. Coloquei a ração para o Lipe, o
qual brincava com o Noah na sala. Quando ele ouviu o
barulho da ração caindo no potinho, veio correndo comer.
De súbito, eu ouvi alguém bater na porta. Noah ouviu
também e foi atender, percebi que ele conversava com
alguém, mas não dava para ver quem é, só que não
demorou muito, e ele apareceu na cozinha.
— Eram os policiais, Sarah! Eles vieram ficar de
guarda; um deles ficará no fundo da casa e o outro na
frente. Eles me falaram que às cinco horas da tarde, eles
vão embora, mas outros dois guardas noturnos virão para
ficar em seus lugares. E ainda pediram desculpa, pois
estavam muito ocupados ontem, por isso não vieram.
— Graças a Deus! Que vieram, assim não vou mais
passar as noites tão agoniada como nos últimos dias! Pois
ninguém merece!
— Verdade Sarah, vai poder dormir tranquilamente, e
ainda se eu deixar ouviu? — Brincou, dando um sorriso
lindo. Em seguida ele voltou para sala, a fim de continuar
a brincar com o Lipe.
Terminei de preparar o almoço, coloquei na mesa, e fui
para sala chamar o Noah para almoçar, mas ele estava
rolando no chão de tanto brincar com o Lipe. Fiquei só
olhando, quando ele percebeu minha presença, levantou do
chão e veio me dar um selinho.
— Que gracinha! Brincado de bolinha com o meu
pequeno! Estava olhando vocês e vim te chamar para
almoçar — falei olhando para ele e mais uma vez me deu
aquele sorriso lindo que me faz derreter toda e me puxou
para sala de jantar. Chegando lá, ele puxou a cadeira como
um verdadeiro cavalheiro para me sentar, e se sentou ao
meu lado.
Acho que estou sonhando viu!? Pois no mundo de hoje,
está difícil encontrar uma pessoa assim; tão carinhosa.
Foi um almoço divertido, pois ele me fez rir muito, acho
que queria que eu esquecesse tudo isso que estava
acontecendo.
Terminamos o almoço, e ele me ajudou com a louça, e
depois retornamos para sala. Logo Matheus chegou, pois eu
ouvi a voz dele chamando, além do barulho do aviãozinho
bagageiro.
— Oi Matheus! Deu tudo certo? — perguntei ao me
aproximar dele.
— Sim Sarah!! Tenho certeza que você vai gostar do que
comprei para a reforma do quarto, já peguei o filtro e vou lá
instalar e depois, enquanto a piscina enche, vou trocar os
vidros — Disse ele todo animado, entregando-me o cartão
de crédito e saindo em seguida, e pelo que vi foi ajudar a
descarregar o avião.
O dia se passou tranquilo, tomamos café da
tarde, inclusive ofereci aos policiais. A piscina já estava
cheia e perfeita para nadar. Matheus já estava terminando
de trocar os vidros da casa, e eu gostei da escolha dele, pois
o vidro é um fumê bem clarinho! Eu realmente adorei,
pois deixou a casa mais moderna.
Já estava tarde quando Matheus terminou de trocar todos
os vidros das janelas. Até o convidei para dormir aqui, pois
já estava escurecendo, mas ele apenas falou que não podia
e que sempre carregava uma lanterna. Então entendi
e o deixei ir, visto que ele devia ter uma esposa esperando
por ele, já que notei que é casado, devido a aliança em seu
dedo. Acho que os rapazes daqui se casam cedo, pois ele é
tão novo!
Os polícias também já foram embora, mas os outros
ainda não chegaram. Como já estava quase na hora do
jantar, eu pensei em preparar algo diferente.
— Sarah, eu vou tomar um banho, depois desço para te
ajudar fazer a fazer o jantar ok?
— Vai lá então Noah! Eu te espero aqui.
Depois de tudo que nós dois passamos, não
tivemos mais tempo de ficarmos juntos, então pensei em
aproveitar esse momento em que estamos sozinhos, pois
Matheus já tinha ido embora. Creio que vou preparar uma
surpresa, então vou aproveitar que Noah está tomando
banho e vou caprichar! Vou fazer um jantar para ele
completamente nua, usando apenas um avental preto
cobrindo a frente.
Fui ao banheiro de baixo, tirei toda a minha roupa e
coloquei o avental. Depois eu corri para a cozinha e
comecei a preparar o jantar. Mas antes, eu fiz um
coque em meu cabelo para não atrapalhar e comecei a
preparar um risoto de frango desfiado. Eu estava tão
distraída que nem percebi Noah me olhando.
— Uau!!! O que significa isso? Tá querendo ser atacada
por mim é? — perguntou, aproximando-se e me
pegando por trás, enquanto se esfregava em meu bumbum.
— UAU! Sarah! Seu bumbum é lindo!! E você fica
linda só de avental preto! Eu estou ficando muito excitado,
gata! Olha como você me deixa louco! — Disse ele no
meu ouvido, sua voz deixava claro, o quanto minha falta de
vestimenta o enlouquecia, virou-me rapidamente e
começou a me beijar com muito desejo, muita paixão,
muita urgência. Seus lábios percorriam uma grande
extensão do meu pescoço, fazendo cócegas e desciam até
minha barriga, deixando uma trilha molhada de beijos que
ele fez questão de ir até minha coxa, dando leves
mordidinhas no caminho.
Meus dedos alisaram o cabelo de sua nuca, me perdi no
prazer que ele estava começando a me dar. Meu corpo
recebia seus gestos e vibrava clamando por mais. Segurei
seu cabelo com força, talvez eu estivesse sendo um pouco
mais selvagem do que costumava ser, mas ele já estava me
levando a cometer uma loucura. Ele se aventurou com a
boca em meu ponto de prazer quando o alcançou, e sem
esperar qualquer reação minha, começou a chupar,
deixando-me completamente louca de tesão. Podia sentir
nossos corpos em sintonia, encaixando-se perfeitamente um
ao outro, compartilhando desejos profundos. Depois, pude
sentir a parede fria em minhas costas, mas não fiquei ali
por muito tempo, ele virou-me de costas, fazendo meus
seios serem prensados contra a parede, soltou o meu cabelo
e começou a puxá-lo. Com a outra mão, começou a
percorrer meu corpo, me deixando cada vez mais excitada e
louca para senti-lo dentro de mim.
— Noah! Quero você dentro de mim, agora!!! — Peço
em desespero com a respiração ofegante e quase
descontrolada de tanto desejo, mas ele continuava a me
torturar, me fazendo ficar cada vez mais extasiada e
necessitada. E no meu ouvido, com uma voz muito
sedutora, falava palavras obscenas, meu corpo reagia de
imediato, algo já estava escorrendo pelas minhas pernas,
fazendo-me delirar. Eu estava completamente entregue a
ele, implorando para que ele me penetrasse.
Mas ao invés disso, ele tirou o meu avental e, me
pegando no colo, me levou para sala, me colocou no sofá.
Em seguida, ele tirou sua bermuda e veio por cima de mim,
e com muita vontade me possuiu de um jeito tão gostoso
que me fez gritar de tanto prazer! E com a respiração
ofegante, movimentando seu corpo num ritmo acelerado,
quase cheguei ao colapso total, só não cheguei, porque
quando ele percebeu o meu estado, num movimento rápido
me colocou por cima dele, e aí em meu comando não teve
como evitar, pois, continuei com o ritmo que ele estava.
Mesmo assim foi uma loucura, pois nós dois chegamos ao
mesmo tempo em uma explosão de prazer, nos deixando
completamente exaustos. Fiquei ali por cima dele até que
as nossas respirações se acalmassem, e só saí daquele
transe quando meu celular apitou na mesinha em frente ao
sofá, então bem devagar e com muita pouca vontade, eu saí
de cima dele, pois pensei que poderia ser uma mensagem
de Nadya, então me levantei e peguei meu celular.
— Sarah, deixa o celular para depois, estamos num clima
tão gostoso, linda! Não quero perder esse momento por
nada!
— Mas pode ser a minha amiga Nadya, querendo dizer
algo importante para mim, amor! E nós não vamos perder
esse momento maravilhoso por causa da mensagem!
— Você tem razão Sarah! — disse me dando um beijo no
ombro. Então abri o celular para ver quem mandou
a mensagem, e no mesmo instante, alguém bateu na
porta, fazendo-me levar um susto muito grande. E na
mesma hora, nós dois olhamos para a porta e nos entre
olhamos, já que estávamos completamente nus.
OLHAMOS UM PARA O OUTRO, afinal nós
estávamos numa situação constrangedora. Noah ainda tem
a sua a bermuda ali no chão e quanto a mim? Estava sem
nada, pois deixei a minha roupa no banheiro.
— Sarah, fica aí que eu vou atender — decidiu Noah,
colocando a bermuda e seguindo rumo à porta. Eu ainda
estava com o celular na mão e lembrei que recebi uma
mensagem. Pelo visto é do meu ex-namorado. Enquanto
Noah conversava com alguém na porta, olhei a mensagem
que dizia:

Nossa!!! Meu ex quer falar comigo? Mas afinal o que


será que ele quer conversar? Fiquei curiosa!! Entretanto
não sei se devo falar com ele, diante de tudo que está
acontecendo. E se for ele quem agrediu o Noah? Acho
melhor falar com o Noah antes de
responder esta mensagem. Notei então que o Noah já
estava voltando.
— Eram os polícias, eles vão ficar de guarda a noite
toda e amanhã cedo vão embora, quando os outros dois
chegarem. Pelo visto, esta noite, nós vamos dormir
tranquilos.
— Que bom Noah! Vou ao banheiro me trocar e depois
venho conversar com você sobre a mensagem, ok? —
falei, levantando-me do sofá e sai. Noah ficou me olhando
com aquele olhar safado, me observando andar até lá.
Minutos depois eu terminei de me trocar e voltei para a
sala.
— De quem é a mensagem?
— A mensagem é do meu ex-namorado.
— Como assim Sarah, o que ele quer com você?
— Noah, agora eu tenho certeza de que ele esteve aqui
na casa, pois está aqui na ilha e quer conversar comigo.
— Aqui? Mas o que ele está querendo com você? E se
for ele quem está fazendo tudo isso, não vou te deixar
sozinha com ele!
— Mas nem eu quero ficar sozinha com o meu ex,
Deus me livre! Se ele quiser vai ter que ser na sua frente,
apesar de eu ter quase certeza de que não é ele quem está
fazendo tudo isso, pois o conheço muito bem. Ele nunca
gostou de briga e muito menos de violência,
— Você já falou várias vezes que acha que não é ele, só
que temos uma prova que ele esteve aqui, então pode ser
ele sim, linda! Talvez esse lado negro dele, você não
conheceu.
— Eu sei, viu? Talvez você tenha razão, mesmo assim
sinto que não é ele. No entanto como não tenho certeza,
melhor ter cuidado.
— Sarah, marca com ele para semana que vem, pois, a
casa vai estar cheia, você vai ter convidados, então acho
que é mais tranquilo, afinal, só nos dois aqui
não daria certo, porque não sabemos se ele está agindo
sozinho.
— Você tem razão, então vou combinar com ele na terça-
feira à tarde, vou mandar uma mensagem agora
combinando — falei, pegando o celular e escrevi uma
mensagem que dizia:

Recebi a sua mensagem de resposto poucos minutos


depois de ter enviado a minha.
— Noah, ele já respondeu que vem na terça.
— Vamos ver o que ele tem para falar. Agora vamos
dormir, pois já está ficando tarde, e o Lipe já está
desmaiado no tapete da sala. — Me levantei do sofá junto
com Noah. Peguei o Lipe no tapete, e Noah foi buscar uma
garrafinha de água para a gente. A janta ficou para o
almoço, apenas comemos um lanche, porque nem consegui
terminar o jantar, devido ao momento quente que tive com
o Noah. Então termino amanhã. E abraçados, nós fomos
direto para o quarto.
— Noah, eu vou tomar um banho e já volto.
— Eu vou junto, amor! — avisou, entrando no
banheiro junto comigo, e sem perder tempo, ele me agarrou
por trás e começou a beijar meu ombro. E ao mesmo
tempo; ele tirava a minha roupa. Logo depois, Noah descia
seus lábios no meu pescoço e passava sua mão em meus
seios. Eu virei um pouco o corpo e o pescoço para olhá-lo,
já que ele continuava atrás de mim, e fui surpreendida
por mais um beijo de tirar o fôlego, me fazendo ficar de
pernas bambas. E logo em seguida, ele me virou de frente
para ele e continuou a me beijar se aventurando por todo
meu corpo, deixando-me toda arrepiada. Coloquei minha
mão em seu membro, fazendo-o gemer, enquanto ele ainda
me beijava. Depois se afastou dos meus lábios e com uma
voz sedutora, falava palavras obscenas em meu ouvindo.
Eu envolvi minhas pernas na sua cintura para que ele me
possuísse, mas de repente fomos interrompidos por um
barulho forte lá fora. Assustados, nós dois ficamos
feito estátuas e só saímos do lugar quando ouvimos o
barulho novamente.
— Sarah! Que barulho foi esse?
— Não sei, não faço ideia! Só sei que vêm lá de fora.
Nós mal nos secamos e colocamos as roupas o mais
rápido que pudemos e juntos saímos do quarto, pois além
do barulho que ouvimos, notamos que alguém batia na
porta da sala. Nós descemos meio receosos.
— Sarah, fica na sala que eu vou atender — pediu
Noah, preocupado.
— Noah, pergunta quem é antes de abrir a porta —
falei também muito preocupada. Ele foi em direção à porta
e perguntou quem é.
— E a polícia! Quero falar com vocês — Noah abriu a
porta e pediu que ele entrasse.
— Boa noite Senhorita! Boa noite Noah!
— Boa noite! – respondemos, olhando assustados para
ele. — Aconteceu alguma coisa? — perguntamos
praticamente ao mesmo tempo.
— Sim, aconteceu. Nós encontramos um rapaz saindo
de trás da casa, mas quando ele nos viu correu muito rápido
até o muro do fundo, porém na hora que ele foi pular, o
muro do fundo caiu junto com ele, fazendo um barulho
muito forte e mesmo assim, o danado conseguiu fugir para
o meio do mato! E, pelo tombo, tenho quase certeza de que
ele se machucou. Só queria avisar vocês para trancar bem
as portas e as janelas, por que achamos que ele não deve ter
ido muito longe, a essa hora da noite não dá para enxergar
nada, mesmo assim, o outro policial já está atrás dele no
meio do mato, só não sabemos se vamos encontrá-lo. Se
ouvirem qualquer barulho dentro de casa, me liguem nesse
número; é do meu celular — avisou o policial, entregando
um papel para o Noah, depois ele se despediu, saindo em
seguida.
— O que vamos fazer Noah? — questionei apavorada.
— O que ele falou Sarah! Vamos trancar bem a casa e
vamos para o quarto tentar dormir. Não há nada que
podemos fazer, a não ser nos deitar e manter a calma
— Disse, me abraçando, tentando me acalmar.
Depois de trancar muito bem todas as portas e
janelas, nós voltamos para o quarto e trancamos a porta e
nos deitamos. Apesar dos hematomas que Noah ainda tinha
pelo corpo e os pontos na cabeça, não estava sentindo dor,
pois está tomando os remédios na hora
certa. Assim, logo ele vai tirar os pontos.
Dou graças a Deus pelo os polícias estarem aqui, pois
isto que aconteceu com Noah, não vai mais acontecer.
Fiquei ali pensando, já que não conseguia dormir, e pelo
visto, não era só eu que não conseguia, pois notei que Noah
também estava acordado e parecia pensativo.
— Noah, eu posso saber em que você está pensando?
Como eu, você também não consegue dormir, não é?
— Dormir de que jeito, linda? Com esse rapaz
escondido na mata! Se bem que andei pensando… Se esta
casa tem uma passagem secreta, quem está lá fora deve
saber onde fica e pode entrar aqui a qualquer momento sem
a polícia perceber! Mas acho que hoje ele não vai se
arriscar a sair do meio do mato com os polícias atrás dele,
não!
— Ah Noah, não adianta você ficar pensando sobre
isso! Vamos deixar os policiais resolverem a situação. Eles
sabem o que fazer, e nós não podemos fazer nada,
apenas descobrir se essa casa tem mesmo uma passagem
oculta, mas agora não vai resolver ficar pensando nisso,
vamos tentar dormir e deixar essas coisas para amanhã.
— Tudo bem Sarah, você tem razão, pensar agora não
vai adiantar nada, vamos dormir então, ou pelo menos
tentar — disse me dando um selinho e me abraçando. E nós
dois ficamos ali de conchinha. Demorou, mas
finalmente pegamos no sono.
Acordei com Lipe pulando em cima de mim e me
dando lambidas no rosto. Eu o peguei no colo e o enchi de
beijinhos. Percebi que Noah não estava na cama e nem no
quarto, mas senti o cheiro de café que vinha lá de
baixo. Peguei meu celular para ver a hora, e tinha uma
mensagem.
Nossa!!! Acordei tarde de novo! Já são nove e meia da
manhã! Matheus já deve estar aqui. Abri a mensagem e vi
que a mensagem é da Nadya, dizendo:
Eu
me levantei da cama para me trocar, e o celular apitou de
novo, mas a mensagem não era da Nadya, então abri para
ver de quem é, e ela dizia:

Legal! Vou encontrá-los na mesma hora! Até parece


que combinaram! Fui me trocar e lavar meu rosto e desci,
e foi como imaginei: Matheus já está aqui.
— Bom dia Sarah!
— Bom dia, linda!! — disse Noah, aproximando-se e
em seguida me deu um selinho.
— Bom dia! Acho que dormi muito.
— Sarah, eu deixei você dormindo, porque sei que não
dormiu bem à noite, e você precisava descansar.
— Sarah, eu já tomei meu café com o Noah, vou lá
começar a obra do quarto. — disse Matheus, levantando-se
da mesa.
— Tudo bem Matheus! Se precisar de alguma coisa é
só chamar — falei, vendo Matheus subir para o quarto. E
eu fiquei aqui com o Noah. Quando me sentei à mesa para
tomar café, notei que além do café, Noah fez um bolo de
chocolate. Que delicadeza! Ele sabe que eu amo chocolate!
— Noah! Que delícia!! Bolo de chocolate
— exclamei, pegando um pedaço e uma xícara de café.
— Sei que gosta de chocolate, por isso fiz o bolo para
você.
— Obrigada Noah! Está mesmo uma delícia!
— De nada minha linda!! Sarah, eu quero saber se
conseguiram pegar o rapaz de ontem à noite, então vou lá
falar com os polícias, apesar de não serem os mesmos, mas
creio que eles devem saber de alguma coisa.
— Vai lá então, pois eu também quero saber. Graças a
Deus esta noite foi um sossego né? — comentei, bebendo
um gole de café.
— Foi sim Sarah, graças também aos policiais. Vou lá
então, logo eu volto ok? — disse me dando um beijo e
saindo pela porta da lavanderia. Lipe estava no meu pé
chorando. Eu acho que ele quer brincar ou está querendo
mais ração, então eu coloquei mais um pouco de ração e
quando ele viu, correu para comer e depois foi para
lavanderia, pois pegou mania de fazer as suas necessidades
ali.
Terminei meu café e fui começar a preparar o almoço,
pois tenho que almoçar mais cedo para encontrar os meus
amigos na praia, e ainda quero sair mais cedo para fazer
compras no mercadinho, porque vou ter visita e vou
preparar o jantar, e é sempre bom a dispensa estar cheia.
— O que está fazendo Sarah? — perguntou
Noah, aparecendo na cozinha.
— Preparando o almoço — respondi, olhando para ele.
— Mas Sarah! Ainda é cedo!
— Noah, você esqueceu que meus amigos chegarão
hoje, logo depois do almoço? Minhas amigas e Vinício me
mandaram uma mensagem avisando que chegaram à ilha
depois das duas horas da tarde, e eu vou encontrar com
eles, já que não sabem como chegar até aqui.
— Nossa linda! Tinha me esquecido sim. Pelo
jeito, vou ter que aturar o Vinício por aqui…
— Noah! Você prometeu que vai tentar tratá-lo melhor!
— Prometi e vou cumprir!! Quer dizer…
Vou tentar. Ah, Sarah, eu vou com você! Não é bom você
ficar andando sozinha!
— Vai ser um prazer ter a sua companhia!! — falei, lhe
dando um beijo no rosto.
— Agora me conta o que os polícias te contaram a
respeito do rapaz.
— Eles falaram que o cara não foi encontrado, e é para
gente continuar tendo cuidado, pois não conseguiram nem
ver seu rosto, porque estava muito escuro. E
eles têm certeza de que o rapaz vai voltar. No entanto,
eles já avisaram ao delegado, e a qualquer momento ele
pode ligar, pois parece que tem novidades.
— Será que ele descobriu alguma coisa? Agora fiquei
curiosa!!! Mas preciso terminar o almoço!
— Só vamos descobrir depois que o delegado ligar.
Sarah, eu quero te ajudar com o almoço — ofereceu Noah,
lavando a louça da pia, e juntos nós terminamos o
almoço. Depois chamamos o Matheus para almoçar
conosco.
— Sarah, eu creio que não vou terminar tarde a
reforma do quarto, a tinta que estou usando não tem cheiro
e a secagem é instantânea, então você vai poder mudar seu
quarto para lá ainda hoje.
— Oba Matheus! Ah, eu fico feliz!! Eu realmente amei
aquele quarto! Mas já que acha que vai terminar logo a
reforma, e como vou ter visita, será que pode me fazer um
favor? se não for te atrapalhar, claro.
— Claro que faço!! O que precisa?
— Eu e o Noah vamos ter que sair, para encontrar uns
amigos que vão passar uns dias aqui, então não vai dar
tempo de mudar o quarto de lugar, mas tenho que
deixar dois disponíveis para eles. Será que você me faria
esse favor de colocar a cama e a TV neste quarto
que você reformou? Depois o resto eu e Noah ajeitamos.
— Ah Sarah pode deixar, eu coloco sim!
— disse, terminando de comer. Depois o rapaz agradeceu
e subiu para terminar a reforma. Eu e Noah terminamos de
comer, e eu fui lavar a louça, e como sempre; Noah me
ajudou.
Depois de terminar de arrumar a
cozinha, nós subimos, e eu fui tomar um banho. Noah
apenas se trocou, e depois de prontos, Noah pediu o cavalo
emprestado para Matheus, pois nós não iríamos demorar
para voltar, e ele emprestou. Fomos direto para o
mercadinho. Comprei tudo que eu precisava para receber
um batalhão em casa, depois da compra, nós fomos
esperar as minhas amigas e o Vinício no local combinado.
Fomos direto para barraca da dona Ana, mas ela não estava
lá, mesmo assim ficamos ali, pois dali dava para ver a
lancha chegar. E nós ficamos conversando sobre o que
estava acontecendo em minha casa. Será que mesmo com a
casa cheia, o estranho continuará a nos assustar?

— SARAAAAAH! — OUVI ALGUÉM


GRITANDO DE longe, quando olhei, vi que a lancha
havia chegado, e avistei as minhas amigas correndo pela
praia, gritando meu nome sem parar. Atrás, pude ver
o Vinício, todo sorridente. Pelo jeito, ele já conheceu as
minhas amigas.
— Sarah, que lugar lindo! Eu amei essa praia! Parece o
paraíso!! — elogiou Nadya, vindo me abraçar.
— Que saudades de você amiga!! Já vai fazer um mês
que eu não te vejo! Sarah, você está linda! Ah, este lugar te
fez muito bem!
— Oh amiga, eu também amei este lugar! E obrigada
por me deixar passar uns dias com você, também estava
com saudades! — falou Fer, me abraçando.
— Fer! Nadya! Eu estou muito feliz de ter vocês aqui!
E pelo visto, vocês duas já conheceram meu amigo
Vinício! Ele também vai passar uns dias com a gente.
— Tudo bem Sarah? — cumprimentou Vinício, me
dando um beijo no rosto. — Sim, eu conheci as suas
amigas na lancha, e vejo que será bem divertido passar
esses dias, rodeado de gatinhas, com todo respeito, viu
Noah? — brincou Vinício todo animado. Noah olhou para
ele com uma cara, mas apenas falou:
— Você não está mentindo!! Todas elas são mesmo
gatinhas, mas a Sarah é a minha! — disse Noah, me
puxando para um beijo daqueles. Todo mundo ficou
olhando.
— Meninas! Me desculpe! Quase me esqueci de
apresentar o meu namorado. Nadya e Fer, este é o Noah!
— falei, apresentando, e eles se cumprimentaram. Para
completar, Nadya ainda cochichou, discretamente, no meu
ouvido:
— Sarah! Que bofe é esse? Meu Deus é muito
lindo!!! Tem mais igual a ele aqui na ilha?
— Vocês podem me esperar aqui? Vou até a casa do
Heitor, buscar meu cavalo, pois sempre deixo com ele,
mas não vou demorar!
— Vai lá Vinício!! Que nós te esperamos aqui na
barraca da dona Ana.
— Vinício, eu posso ir junto? Mal posso esperar para
conhecer a ilha! — perguntou Nadya, olhando para ele.
— Fer, você também quer conhecer a ilha?
— Hoje não Vinício, eu estou cansada, espero vocês
aqui — respondeu Fer, sentando-se em uma cadeira que
tinha na barraca. Vinício e Nadya foram em direção à casa
do Heitor, e nós ficamos aqui, esperando a volta deles. Não
demorou muito, e eles e estavam de volta.
— Noah, o que vamos fazer? Só temos dois cavalos e
estamos em cinco.
— Sarah, eu acho que dá para ir três em um cavalo,
pois vocês são todas magrinhas!
— Sarah, eu posso ir com você?
— Claro Fer!! Aí você me ajuda a levar a compra.
— Sarah, eu não sei não, mas acho que tá rolando
alguma coisa entre a Nadya e o Vinício! Olhe como os dois
trocam olhares! — Comentou Fer baixinho em meu
ouvido. Eu apenas sorri. Segundos depois, nós nos
distribuímos para subir nos cavalos e seguimos em
frente. Reparei mesmo; Nadya agarradinha no cavalo com
Vinício! Acho que Fer tem razão; está rolando alguma
coisa entre os dois pombinhos, mas acho que nem eles
perceberam ainda.
— Vinício, me acompanha!!
— Ok Noah, vou atrás de vocês. —
Então nós seguimos em frente e fomos direto para minha
casa. Não demorou muito e chegamos à mansão, pois a
cavalo, a viagem é bem mais rápida que em uma bike.
Nadya e Fer estavam encantadas com a casa.
— Sarah do céu! Mas que casa linda, menina!! — disse
Nadya, olhando tudo.
— Perfeita mesmo, e o lugar é lindo! — falou Fer
admirada.
— Nadya, Fer e Vinício, vamos subir que eu vou
mostrar os seus quartos! — chamei, subindo as escadas.
Chegando lá em cima, eu mostrei os quartos para as
meninas, visto que as duas vão dormir no mesmo
quarto, pois sei que elas adoram.
— Sarah! Eu amei esse banheiro e essa banheira? Eu
quero tomar um banho para eu relaxar da viagem!
— comentou Nadya toda empolgada.
— Fique à vontade, Nadya.
— Depois sou eu, Nadya! — avisou Fernanda toda
eufórica sentada na cama. De repente, Lipe veio correndo
em minha direção, então eu o peguei no colo e o enchi de
beijinhos.
— Que fofo amiga! De quem é?
— É meu Nadya!! Ganhei do Noah — Fer levantou
correndo da cama e pegou o Lipe no colo e começou a
brincar com ele, que por sinal, amou.
— Ué Sarah! Está esquecendo de mim? Onde é o meu
quarto?
— Claro que não Vinício!! Seu quarto é aqui ao lado,
vou te mostrar, vem comigo! — chamei, mostrando onde
ficava o dele. Nadya foi tomar seu banho, enquanto Fer
brincava com o Lipe.
— Vinício, este é o seu quarto, também tem
banheiro. E fique à vontade, ok?
— Oh Sarah obrigado!! Muito top a sua casa, vou
tomar um banho e depois eu desço — disse ele, colocando
sua mochila no guarda roupa. Eu havia deixado algumas
toalhas de banho e de rosto nos banheiros das visitas, caso
precisassem. Então saí do quarto, deixando-o à vontade.
Enquanto eu mostrava o quarto para eles, Noah
guardava a minha compra na cozinha. E eu já estava quase
descendo para ajudá-lo.
— Sarah, você ta aí? — ouvi Matheus me
chamar. Mais que depressa, fui até o quarto do fundo.
— Oi Matheus você… Me chamou? Nossa!!!! Ficou
perfeito este quarto! Você colocou tudo no lugar! Não
precisava! Mas ficou lindo! Eu amei! Muito grata Matheus.
— Ah Sarah que bom que gostou. Olha, está tudo
funcionando: a TV e o banheiro. Eu já coloquei tudo, pois
como tem visita, você poderia não ter tempo para isso.
Entretanto as suas roupas ainda estão no outro quarto.
Agora vou indo, na segunda estarei de volta e já começo a
reforma na edícula.
— Obrigada Matheus! Eu te espero na segunda. E
olha, vou fazer o pagamento do que você já fez — falei,
pegando minha carteira na minha bolsa. Depois que eu
paguei, ele agradeceu e, se despedindo, foi embora. Desci e
fui ajudar o Noah.
Graças a Deus correu tudo bem. Nadya e Fer queriam
saber por que tinha dois polícias na minha casa, então
eu disse que depois explicaria a elas. Apesar da
curiosidade, elas não se importaram com a presença
deles, e ficaram o resto do dia na piscina. Nós nos
divertimos muito, tanto que o sábado passou e a gente nem
notou.
A noite foi calma, e nada de diferente
aconteceu. Vinício e Nadya estavam sempre
juntos. Confesso que eu estava até gostando disso, pois
Nadya nunca se apaixonou por ninguém. Noah
está tentando ser simpático com Vinício, e acho
que ele está conseguindo.
Mais tarde, fomos todos dormir, e eu
adorei o meu novo quarto. Foi a primeira noite, desde
que eu vim para cá, que consegui dormir direto, sem
ninguém me acordar.
Acordei cedo, e pelo barulho lá em baixo não foi só
eu quem madrugou. Parece que estavam todos
acordados, e como sempre, Noah estava fazendo o café.
Lipe é o único que ainda dorme e ainda está na minha cama
comigo. Segundos depois eu me levantei, me preparei para
descer. Depois de trocada, eu desci para tomar café.
Estavam todos sentados à mesa, me esperando, e alegres;
conversavam. Ouvi também Noah e Vinício combinando de
fazer um churrasco na beirada da piscina. Adorei a ideia e
fiquei feliz de ver que eles estavam se dando bem.
Terminamos o café, e Nadya foi para a
piscina, enquanto Fer ficou brincando com o Lipe, o qual a
adorou.
Graças a Deus, o dia passou tranquilo. Deu até para
esquecer que tinha alguém me perseguindo, pois
passamos, mais uma vez, o dia na piscina. Vinício e
Noah fizeram uma churrasqueira improvisada. Eu me
diverti muito com eles.
A noite chegou, e o churrasco continuava lá fora, bem
animado por sinal. Até os polícias, Fred e Maik,
participaram da reuniãozinha. E quem descobriu o nome
deles foi a Fer, pois ela ficou conversando com eles um
bom tempo.
No entanto já estava ficando tarde, por isso achamos
melhor entrar, inclusive Fred e Maik também. Portanto
nós não tivemos escapatória e tivemos que contar a todos o
que estava acontecendo aqui. Sem escolha, nós
nos despedimos deles e entramos.
Depois que o Noah trancou todas as portas da casa, nós
nos sentamos ao redor da mesinha na sala,
então começaram as perguntas… Eu e o
Noah, juntos, contamos tudo o que estava acontecendo com
a gente nesses últimos dias, assim meus
amigos entenderam tudo, inclusive o porquê de Noah estar
machucado. Eles ficaram horrorizados com o que estava
acontecendo, e deram graças a Deus que os
polícias estão aqui. Mas para que todos esquecessem tudo
isso, Vinício deu a ideia de fazer uma sessão cinema na
sala. Eu fui para a cozinha fazer pipoca, Noah apagou as
luzes da sala, e eles escolheram um filme de terror. E o
escolhido foi: “Invocando espírito.” Eu não gosto muito de
filme assim, mas todos queriam assistir, então eu dei de
ombros. Nadya sentou com Vinício no sofá de dois lugares
e a Fer comigo e o Noah no outro sofá. Confesso que
está mais interessante ver o clima romântico entre Vinício e
Nadya, do que o filme! Eu fico na torcida para sair um
beijo, mas isso ainda não aconteceu.
A noite foi divertida com sustos e gritos devido a
história do filme, e quando acabou, todos foram dormir.
E eu estava muito feliz de ter todos aqui, principalmente de
saber que Noah estava realmente se entendendo com
Vinício, e de ver que Nadya e Vinício estavam tão
próximos. Nunca vi minha amiga assim, tão feliz. Noah já
estava desmaiado, pois nós tivemos um dia agitado. Graças
a Deus está tudo dando certo. E quem me persegue não nos
incomodou!!
Será que é mesmo o Adan? Mas se não for, como a
blusa de moletom que dei para ele veio parar aqui? Acho
que só vou descobrir isso, perguntando para ele na terça.
Eu fiquei ali deitada, até que finalmente acabei dormindo.
Acordei com as meninas pulando em cima de mim.
— Acorda dorminhoca!!! — dizia Nadya, pulando na
cama feito criança.
— Sarah, leva a gente para conhecer a ilha?
— pediu Fer, sentando ao meu lado com o Lipe no colo.
— Ah Fer, eu não conheço a ilha muito bem ainda!!
Mas podemos dar uma volta nos lugares que eu conheço!
Ou Noah pode nos levar.
— Ouvi Noah combinando com Vinício de ajudar o
pedreiro na edícula, a fim de terminar logo para a gente
usufruir.
— Olha Nadya, nós aqui não chamamos ele de
pedreiro!! Ele é um amigo do Noah e, como sabe fazer
tudo, está me ajudando muito! Ele se chama Matheus.
Eu achei uma ótima ideia eles ajudarem! Outro dia o Noah
nos leva para conhecer a ilha toda, aí vamos todos juntos,
hoje vamos à praia.
— Ótima ideia Sarah! — disse Nadya toda animada.
—Também acho! — concordou Fer, ainda brincando
com meu cãozinho.
— Prepare as suas coisas, que nós vamos fazer um
piquenique na praia, e dessa vez será somente nós três,
tipo clube da Luluzinha, ou seja; sem homem nenhum!!!
— sugeri me levantado, e elas ficaram tão eufóricas que
saíram do meu quarto, falando que iriam arrumar as coisas
e me esperavam na cozinha.
Eu me levantei e fui me trocar e depois desci para
tomar café. Noah e Vinício já estavam ajudando o Matheus.
Terminei meu café e dei ração para o Lipe. Como as
meninas ainda não tinha descido, eu aproveitei
para preparar uma cesta de gostosuras com tudo o que a
gente tinha direito. Logo Nadya e Fer apareceram na
cozinha.
— Meninas? Nós vamos a pé e não vamos muito longe
daqui!!! Vou avisar os meninos e já volto — falei, saindo
em direção à edícula. Quando Noah me viu, veio me dar
um beijo, e dei bom dia a todos e avisei ao Noah que eu iria
à praia com as meninas fazer um piquenique. Ele só pediu
para que eu tomasse cuidado e nunca ficar sozinha, ele até
queria que um dos polícias fosse junto, mas eu falei que
não precisava, pois teria cuidado. Ele me deu um beijo
falou para eu ir com Deus e voltou a ajudar o Matheus.
Então nós três fomos à praia fazer o nosso piquenique,
até o Lipe veio junto no colo da Fer, e passamos um dia
divertido.
Nadya confirmou o que eu e a Fer estávamos
imaginando sobre ela e Vinício, mas disse que o beijo ainda
não aconteceu, porque ela está se fazendo de difícil, porém
que hoje à noite ele não escapa. Nós caímos na risada com
o jeito que ela falou. Voltamos para casa, rindo muito de
Nadya,
Fiquei feliz em saber que Nadya está se interessando
pelo Vinício, pois ele é um rapaz muito bom, e ela merece
alguém assim. Tomara que dê certo!!
Chegamos em casa e ficamos surpresas, pois Vinício e
o Noah já estava começando a preparar o jantar. Chegamos
tarde e Matheus já tinha ido embora. Pelo visto Noah e
Vinício já se entenderam!! Quando Noah me viu, veio em
minha direção e me encheu de beijos.
— Sarah, amor, vai tomar um banho que você está
cheia de areia! — disse me dando uma tapinha no bumbum.
Fiquei até vermelha, pois fez isso perto das meninas, e elas
começaram a rir do vermelhão que fiquei. E assim, nós
subimos indo cada uma para o seu quarto.
De banho tomado, eu coloquei um vestido curto
básico tomara que caia, fiz um rabo de cabalo, pois estava
muito calor, e desci para cozinha. Nadya e Fer já
estavam lá no maior papo com os meninos. Quando Noah
me viu, me olhou de um jeito safado.
— Uau!!! Como você está linda Sarah! Este vestido
mostra bem o seu bronzeado, meu anjo! — elogiou me
dando um beijo na boca.
— Fiu fiu!!! Arrasou amiga!! Você está linda
— elogiou Nadya, olhando para
mim e fazendo um sinal como quem diz: sua noite
promete.
— Eu não posso falar nada, senão eu posso apanhar
aqui!!! Mas concordo com a Nadya — comentou Vinício,
olhando de rabo de olho para Noah. Fer só fez sinal com a
cabeça de que eu estava linda, dizendo que
concordava como todos.
— Eu agradeço o elogio de todos!! Mas vocês são um
pouco exagerados, pois nem me arrumei tanto assim! —
falei, agradecendo. E todos caíram na risada.
Nossa!!! Será que me arrumei demais? Só para ficar
em casa! Deixa para lá, o que importa é que eu estou me
sentindo muito bem assim. Em seguida, fui para sala de
jantar arrumar a mesa. Depois de tudo pronto, Noah
convidou Maik e Fred para jantar, eles agradeceram, mas
preferiram comer lá fora mesmo, visto que estavam
trabalhando. Portanto eu levei dois pratos para eles.
Então nós jantamos em paz e na perfeição da noite.
Assim que nós terminamos de comer, cada um ajudou um
pouco na cozinha, depois fomos todos para sala. Quer
dizer, nem todos!! Pois Vinício e Nadya foram se sentar na
mesinha perto da piscina e ficaram ali conversando. Fer
brincava com o Lipe no chão da sala, eu e o Noah deitamos
no sofá e ficamos assistindo TV e ficamos ali por um bom
tempo. Fer até já tinha subido para o seu quarto.
— Noah, eu acho melhor você chamar o Vinício e a
Nadya lá fora, pois já estou com sono e quero dormir, e
precisamos trancar bem a casa — avisei, bocejando. Ele
concordou, levantando-se imediatamente do sofá e foi lá
fora. Não demorou muito, apareceram os três na
sala. Vinício segurava uma garrafa de vinho tinto e uma
taça. Ele deve ter trazido. Nadya também estava
bebendo, e Noah também estava com um copo de vinho e
me ofereceu. Então nós ficamos ali na sala, bebendo vinho,
depois de ter trancado todas as portas da
casa. Nós tomamos até o último gole e todos já estavam um
pouco altos por causa do vinho, por isso cada um foi
para o seu quarto. Quer dizer, eu e o Noah!! Pois pelo que
percebi, Vinício e Nadya ainda ficaram na sala.
Fui para o banheiro me trocar e coloquei uma camisola
branca bem fresquinha, porque o calor está demais.
Minutos depois eu saí do banheiro e fui me deitar, enquanto
Noah entrou no banheiro para se trocar. O Lipe já estava
dormindo na sua caminha, e eu estava com tanto sono que
acabei dormindo rapidinho e nem vi quando Noah saiu do
banheiro, mas meio sonolenta, senti ele
me abraçando, depois não vi mais nada.
Acordei num silêncio total, ainda de olhos fechados, eu
me sentia muito sonolenta, passei a mão na cama e Noah já
tinha levantado, porém não senti cheiro de café
nenhum! Tentei abrir os olhos, os quais estavam muito
pesados, mas quando finalmente eu consegui, levei um
susto muito grande, já que ainda estava escuro, e eu não
estava em meu quarto. Foi quando percebi uma luzinha lá
no fundo e me dei conta de que não estava na cama, e
sim em um colchão. Eu estava amarrada, vestida apenas
com a minha camisola. De repente ouvi alguém se
aproximar e foi neste momento que me lembrei de um
sonho que tive em um lugar como esse e entrei em
desespero. Mas para que ele não me tocasse, fingi que
estava dormindo, e mesmo assim, ele me tocou, eu
continuei imóvel, até que ele desistiu e me deixou
aqui. Segundos depois ele continuou a me importunar,
fazendo-me entrar em desespero novamente.
FIQUEI DESESPERADA, IMAGINANDO O
PIOR. Mas quando senti alguém tirando a minha
calcinha, não pude mais fingir e comecei a gritar e a me
espernear no colchão.
— Calma Sarah, não precisa gritar!! Não vou te fazer
nenhum mal — falou um cara com uma voz abafada ao
meu lado. Depois ficou passando a sua mão em meu cabelo
com muito carinho, entretanto ainda assim; causava-
me arrepio de medo. Eu estava muito apavorada.
— O que você quer comigo? Onde estou?
— perguntei, olhando para ele, tentando ver o seu rosto,
coberto por uma máscara de pano. Só consegui ver mesmo
os seus olhos, os quais não pareciam estranhos. No entanto
eu tenho certeza de que os olhos não eram do Adan, já que
o meu ex tem olhos azuis, e esses olhos são cor de mel.
— Sarah, eu já te disse muitas vezes e vou repetir: o
que eu quero é você. Quando você chegou à ilha, eu não
queria que estivesse aqui, pois como todo mundo,
eu também sabia que você vinha para vender esta casa.
E eu moro aqui já faz uns dez anos! Eu sempre cuidei
muito bem dela, tentando conserva-la por dentro, visto que
por fora eu poderia levantar suspeita de que tivesse
invadindo o local.
— Como assim? Você está morando aqui sem ninguém
saber?
— Sarah, eu não sou dessa ilha, morava em outra
cidade, mas isso não vem ao caso. Quando cheguei aqui, a
única coisa que eu tinha era a roupa do corpo. Lembro que
foi em uma noite dez anos atrás, eu me escondi em um
barco no porto de Salvador que vinha para cá, sem ao
menos alguém me ver chegar. E andei pela ilha sem rumo
naquela noite, até encontrar essa casa. Ela estava toda
trancada e abandonada, e como estava muito escuro para
procurar a entrada, eu dormi na porta da sala. No
entanto, ao amanhecer, procurei por uma entrada, já que se
encontrava abandonada no meio do nada,
ninguém perceberia se eu morasse aqui, mas fiquei
dias, procurando essa entrada, pois achei melhor não
quebrar nenhuma janela. Entretanto um dia sem querer, eu
acabei encontrando uma passagem secreta, a qual dá acesso
a toda a casa. Desse modo, eu passei a morar na casa e fiz
amizade com todos na ilha. O primeiro que conheci foi o
Noah, mas nem ele e ninguém aqui desconfia que eu vivo
nesta mansão. Noah sempre foi boa pinta, e as mulheres se
atiravam nos braços dele. Isso dava até para sentir inveja!!
Mas ele nunca quis nada com ninguém, até você aparecer.
Quando fiquei sabendo que você vinha para cá,
eu instalei câmaras por toda casa, inclusive até nos
banheiros! Na verdade, elas são micro câmeras, por
isso vocês nunca acharam. Eu não queria que vendesse a
casa e achei que te assustando, eu poderia te afastar daqui.
Entretanto você é durona e corajosa!! Não se assustava tão
fácil. Então escondi a papelada da casa na esperança de que
você desistisse de vendê-la e fosse embora, mas um
dia, apareceu um rapaz aqui e me ofereceu dinheiro para te
vigiar, e foi então que eu comecei a me apaixonar por você,
pois observava todos os seus passos. Até o dia em que vi o
Noah dormindo aqui com você. Nessa hora eu senti muita
raiva, pois ele sempre teve tudo que quis. Mas você é
minha!!! Entendeu? MINHA!! Você, ele não vai ter!
Céus! Eu ouvi aquele desabafo dele, passada demais
para reagir, mas segundos depois eu respirei fundo para
enfrenta-lo.
— Então foi você quem me assustou esse tempo
todo? Inclusive nos dopou? Foi você quem me…
Beijou? — perguntei muito assustada, deixando as lágrimas
descerem pelo rosto, mas ele não me deixou concluir a
frase; colocou o dedo em minha boca, fazendo-me ficar
quieta.
— Foi eu sim, Sarah! E eu senti naquele dia
que você gostou! É mentira minha? Fale! Ah, se não fosse
por causa do Noah, você já seria minha! Mas esse
cara tinha que estragar nosso momento! — Confessou,
passando a sua mão em meus seios por cima da
camisola, causando-me um desconforto enorme na boca
do estômago. Minha vontade é de gritar. Eu estava ficando
cada vez mais apavorada.
— Saraaaah…! Cadê você? — Ouvi alguém me
chamando baixinho.
— Saraaaah…! — Ouvi novamente. Um som abafado,
por sinal.
— Eles acordaram! — disse, apontando para um
monitor que estava em uma mesinha ao meu lado, o
qual dava para ver a casa toda. Meus amigos e o Noah
estavam me procurando.
— Isso quer dizer que estou debaixo da casa? Mas por
que está fazendo isso comigo? Se nem te conheço e nunca
fiz mal para ninguém!
— Sim, você está bem onde eu moro, ou melhor, me
escondo. Sarah, você ainda não entendeu que será só
minha? E acho que a senhorita me conhece muito bem e
sabe exatamente o gosto do meu beijo — disse, tentando
me beijar, só que eu estava com tanta raiva que mordi os
lábios dele.
— Não adianta tentar fugir, reagir ou até mesmo lutar,
pois será em vão, e que isso fique bem claro. Daqui a dois
dias, vai ter um barco nos esperando no porto, e nós
dois vamos partir dessa ilha para outro país, nós vamos
para os Estados Unidos começar nossa vida lá. Você terá
outro nome, e amanhã irei cortar seu cabelo um pouco mais
curto e pintar de outra cor, e vai se tornar a minha
mulher. E se tentar qualquer coisa para fugir daqui, pode
ficar certa que eu com certeza mato o Noah e sua
amiguinha gostosa, a Nadya, pois eu sei que você gosta
dela como irmã — disse o estranho sem o menor
pudor. Esse cara é um monstro! No mesmo instante,
comecei a chorar sem me controlar, pois uma dor muito
forte tomou conta do meu coração.
— Não fique assim meu amor! É só fazer tudo que te
falei que ninguém sairá machucado, só depende de você —
Falou, me beijando novamente, mas dessa vez eu deixei,
pois não tenho escolha. Não posso ficar reagindo e muito
menos lutar contra isso, pois há vidas em jogo, correndo
perigo por minha causa.
— Queria saber se foi você quem agrediu o Noah?
— perguntei soluçando.
— Foi sim! Mas tive uma ajudinha, já que Noah não
poderia me reconhecer se me visse. Agora fica quietinha aí
que vou buscar alguma coisa para você comer.
— Antes de ir, me fale quem te ajudou?
— Isso você não precisa saber, lindinha! — respondeu
indo embora e me deixando sozinha amarrada naquele
lugar horroroso.
— Nadya você achou a Sarah?
— Não Noah, eu não encontrei minha amiga em lugar
nenhum.
— Vou ligar para o delegado, tenho certeza que Sarah
foi sequestrada! — Deduziu Noah, pegando seu celular
para ligar. Eu podia ver daqui todo o desespero dele e dos
meus amigos. Não sei o que fazer, pois não posso tentar
fugir, por que senão eles vão matar o Noah e a Nadya.
Pera aí! Se eu e o Noah sempre ouvimos som que vinha
pelas paredes da casa, então vou tentar convencê-lo de me
soltar, fazendo acreditar que não vou fugir, e sim ficar com
ele, e quando não estiver por perto, vou fazer todo barulho
que eu conseguir na parede, para que me encontrem. Não
sei se vai dar certo, mas também não custa tentar.
— Sarah, eu trouxe para você uma xícara de café e um
lanche, você precisa comer, eu vou te desamarrar, nem
pense em tentar fugir!! — disse, aparecendo de repente me
dando um susto.
— Não vou tentar fugir! Foi você que me falou que seu
tentar, matará as duas pessoas que eu mais amo, então não
posso fugir, vou ficar aqui com você e fazer exatamente o
que me pedir.
— Não vou te pedir nada, só quero que fique comigo e
me ame como eu te amo e seja a minha mulher. Não queria
que fosse assim, Sarah, mas você não me deu outra escolha.
E quando eu quero uma coisa, eu tenho, nem que seja a
força.
— Você é doente!! Nenhum homem conquista o amor
de uma mulher à força.
— Infelizmente com você tem que ser assim.
Eu acredito que com o tempo que passarmos juntos lá
nos Estados Unidos, você vai aprender a me
amar — Sugeriu me desamarrando.
— Como você pode ter tanta certeza, se meu coração
pertence ao Noah?
— Certeza eu não tenho, mas se você quer viver, vai
ter que aprender a me amar e esquecer o Noah, que a partir
de agora vai fazer parte do seu passado — explicou, sem se
importar com o que eu estava sentindo.
— Já que vou ter que esquecê-lo e aprender a te amar,
como disse, será que posso saber o seu nome e ver seu
rosto?
— No momento certo, saberá quem eu sou. Sarah, você
não tocou no café, você tem que se alimentar! — disse me
mostrando o prato. Sem perguntar mais nada eu me sentei
no colchão e comecei a comer, afinal não adiantaria nada
eu ficar insistindo para ele revelar a sua identidade.
Enquanto eu comia, ele me observava, mas de
repente, ouvi um celular tocando, com certeza não era o
meu, pois tenho certeza que ele não fez questão de pegar,
então se afastando, ele atendeu o celular dele.
Tentei ouvir alguma coisa, mas só ouvi: “Tem que ser
hoje”. O que ele quis dizer com isso? O que têm que ser
hoje? Será que vamos embora hoje? Não pode ser isso! Ele
disse que cortaria o meu cabelo e pintaria de outra cor.
Comecei a chorar novamente, pois eu não sabia o que iria
acontecer.
Um momento depois, eu percebi que ele desligou o
celular e veio em minha direção. Entretanto quando
percebeu que eu estava chorando aproximou-se.
— Meu amor! Por que está chorando? — perguntou,
passando a mão em meus cabelos, tentando me acalmar.
— O que é que tem que ser hoje? Só ouvi você falando
isso, mas o resto eu não consegui ouvir.
— Nossa!! Como você é curiosa! Ficou tentando ouvir
a conversa dos outros.
— Não sou curiosa, foi você que falou muito alto,
então consegui ouvir.
— Mas isso não é segredo para você — confessou,
indo em direção à mesinha do computador, pegando algo
que estava ali em cima. Depois me olhou e continuou
falando:
— Vou ter que cortar e pintar o seu cabelo agora,
porque preciso tirar umas fotos suas. São para sua nova
identidade ficar pronta o mais rápido possível
— disse vindo em minha direção. Eu já tinha terminado de
comer, então ele me pegou no colo e me colocou sentada
em uma cadeira que ficava em frente um grande espelho.
— Por que tem que ser assim? Não gosto de cabelo
curto e nem escuro!
— Sarah, o cabelo cresce e não vou cortar tão curto
assim. E quanto à cor escolhida, será cor a natural do seu
cabelo, pois vi que o natural é loiro escuro. E você fica
linda de qualquer jeito — disse, dando-me um beijo no
pescoço.
— Como sabe tudo isso? A cor do cabelo,
cortar cabelo, onde aprendeu?
— Sei muita coisa que você não faz ideia, gata! Pois a
vida me ensinou tudo o que sei! — falou, começando a
cortar meu cabelo, mas parou quando me viu chorar
novamente. Segundos depois ele se aproximou de mim, e
se abaixou ficando na mesma altura em que eu estava
sentada.
– Não fica assim, isso tudo vai passar, e você vai
continuar linda! E nada de ruim vai acontecer com você
enquanto estiver comigo, pois eu vou cuidar muito bem de
você, e seu cabelo vai crescer logo, confia em mim! —
Consolou, me fazendo parar de chorar, em seguida eu fiz
que sim com a cabeça, que eu confiava. No entanto, como
confiar em um rapaz que pode fazer mal às pessoas? E
ainda; como confiar em meu próprio sequestrador?
Então ele continuou a cortar o meu
cabelo. Cada tesourada que ele dava, era um pedaço de
mim que caía no chão, junto com o cabelo, pois a tristeza
tomou conta do meu coração, eu o senti endurecer, fiquei
fria, apenas sentindo a tristeza que corrói o meu corpo. Eu
não tinha escolha, estava perdida em um mundo vazio que
se formou em volta de mim, apenas sendo tratada como um
animalzinho de estimação, que faz tudo para seu dono ficar
feliz, e é assim que eu tinha que ser!! Se ninguém me
encontrar, vou apenas viver sem sentimento, sem reação,
apenas fazendo meu dono feliz. É assim que me sinto na
mão desse estranho, o qual diz que me ama. Mas o amor
que eu conheço não é assim!
— Sarah, você está bem? Está tão calada! Olha como
você ficou linda com o cabelo mais curto! E nem ficou tão
curto assim — disse, mostrando o meu novo corte no
espelho quebrado. Realmente meu cabelo estava na altura
do queixo, ele era para baixo do ombro, logo ele não cortou
tanto assim, mas ao me olhar no espelho, vi apenas uma
mulher vazia, triste e sem sentimento. Ali mesmo ele
preparou a tinta e começou a pintar o meu cabelo. Depois
de esperar o tempo adequado, ele me levou em um lugar
que tinha uma pia, e com uma caneca tirou toda a tinta do
meu cabelo, e me levou novamente até o espelho. Nossa, eu
não me reconheci, pois nunca me vi assim de cabelo curto e
escuro, a não ser quando eu era adolescente. Depois
ele secou meu cabelo com uma toalha e escovou.
— O que foi? Você está tão calada! Parece até que nem
está me ouvindo!
— Desculpe! Eu estou bem sim!! Só estava pensando
em toda esta mudança repentina.
— Entendi! Sarah, eu vou tirar algumas fotos suas de
rosto, então vai ter que colocar uma camiseta minha, pois
para a identidade, não pode tirar de camisola, ok? E depois
vou para Salvador comprar uma roupa para você, pois vai
precisar de algo diferente do que está acostumada a usar
— avisou, entregando-me uma camisa polo na cor branca.
— Será que você poderia olhar para lá? Porque eu não
tenho nada por baixo da camisola.
— Eu não preciso olhar para lá!! Já conheço cada
pedacinho do seu corpo e você vai ser minha mulher,
esqueceu? — argumentou me olhando de um jeito que dava
medo, apesar da máscara, dava para ver o olhar dele, o qual
me causava arrepios. Achei melhor nem falar mais nada,
pois eu sabia que não resolveria, então tirei a camisola
vermelha de vergonha, enquanto ele me comia com os
olhos.
— Fica assim; não se mexa!! – Ordenou
se aproximando. Eu fiquei ali, parada e completamente
nua, enquanto ele passava a sua mão em cada pedacinho do
meu corpo, fazendo me dar um frio na barriga. Minha
vontade era de sair correndo, mas ao invés disso, não tive
nenhuma reação.
— Sarah, você é perfeita e linda demais! E o melhor: é
SÒ MINHA! Ah, gata gostosa, eu sou louco por sua boca,
pelos seus seios, suas cochas, seu bumbum e seu
cheiro! — disse, causando-me náuseas, pois ele se
aventurava com sua mão sem dó nem piedade pelo meu
ponto de prazer, e depois cheirava o meu pescoço, chupava
os meus seios, e eu sentia vontade de morrer, ao invés de
ter que passar por essa tortura.
— Tudo em você é lindo! E essa barriguinha me excita
muito! Você tem esse dom de deixar qualquer homem aos
seus pés, mas eu sou o sortudo que tenho você só para mim
— disse friamente me pegando no colo e me
colocando deitada no colchão. Em seguida
ele tirou a sua roupa e se deitou ao meu lado, comecei a
tremer de medo e desespero.
— Sarah calma!! Só vamos brincar um pouquinho,
pois sei que ainda não está pronta para mim — falava se
aproveitando de mim. Eu fiquei ali como se fosse um
brinquedinho dele, pois ele se aventurava com sua boca
pelo meu corpo, chupava meu seio feito um selvagem,
chegava até doer, sem falar que ele penetrou um dedo com
muita força em mim, apesar de todo desconforto, não tinha
como meu corpo não reagir a tanta exploração, mas eu
o deixei ele, já que eu não tinha escolha.
— Sarah, sua gostosa! Segura meu membro, seja
safada! — Ofegou ele, mordendo minha boca e depois me
beijando feito louco. Como viu que eu não reagia, ele
mesmo colocou minha mão em seu membro, gritando meu
nome, parecendo louco, logo após me virou de costas e me
deu muitas mordidas no bumbum, mas nada que chegasse a
doer, e dessa vez se aventurava pelo meu
bumbum afora com sua língua e sua mão.
Uma lágrima queria escorrer pelo meu rosto, só que eu
não permiti, afinal tinha que ser forte, mas eu estava
despedaçada, querendo morrer com tudo isso. No entanto
ele não estava nem aí com os meus sentimentos, visto que
continuava sobre meu bumbum passando seu
membro nele feito doido. Um homem desse não deve ser
normal.
— Ah Sarah! Como você é gostosa! Que tesão!
Minha nossa!! Não vou aguentar, mas vou respeitar, pois
no momento certo você será minha por completo.
Entretanto estou louco demais! — disse me virando de
frente e continuando a esfregar seu membro sobre mim, até
que ele gritou:
— Sarah é agora! Você me deixa loucoooooooo!!! —
gritou, explodindo de tesão em cima de mim e sujando todo
meu corpo. Eu me sentia um lixo! Estava toda grudenta, eu
estava em choque e ele ainda deitou sobre mim, ficando ali
um bom tempo. Logo depois, ele me pegou no colo e me
levou naquele lugar que parecia um banheiro, me colocou
dentro de uma banheira velha, abriu a torneira e deixou a
água cair sobre mim, e me deu banho como se eu fosse uma
criança ou o seu brinquedinho.
Enquanto ele me lavava, eu chorava em silêncio por
causa da água que escorria sobre minha cabeça. Não sei
como, mas ele não percebeu que eu estava chorando.
Ele me deu um banho bem demorado, deu até para
relaxar, mesmo assim eu ainda me sentia um lixo e muito
suja, mas eu já tinha parado de chorar, porém meu coração
estava despedaçado.
Logo após o banho, ele secou meu cabelo e colocou a
camiseta em mim, e começou a tirar fotos do meu
rosto, e tirou muitas.
— Pronto Sarah!! Acho que de foto está bom. Vou sair
para levar essas fotos e já aproveito e compro uma roupa
para você, depois vou trabalhar, mas vou deixar seu almoço
pronto — disse indo para o lugar, parecido com
um banheiro, mas nem porta tem, acho que foi tomar um
banho. Logo ele voltou todo arrumado e perfumado, só
que o tempo todo estava com a máscara no rosto.
— Sarah, eu vou buscar seu almoço e já volto
— avisou saindo e me deixando sozinha.
Fui até a mesinha do computador para ver o que estava
acontecendo na casa, vi pelo monitor o desespero de todos.
Os dois polícias estavam me procurando, e Noah falava
com alguém no celular.
— Seu delegado, o senhor tem que mandar mais
polícias para cá! — Ele ficou em silêncio, acho que o
delegado estava falando alguma coisa.
— O senhor está ficando louco? Não podemos esperar
24 horas, já que sei que a Sarah não foi dar uma volta, pois
teria me avisado, nem que fosse por um bilhete! Além do
mais os polícias que estavam de guarda não viram Sarah
saindo da casa, então ela foi sequestrada! — gritou no
celular, e logo em seguida, ele ficou silêncio novamente.
— Não precisamos de investigadores, mas sim de
muitos polícias, visto que quanto mais tempo demorar, mas
risco de vida a Sarah corre… — Silêncio novamente.
— Se vocês não vão fazer nada, vou eu! Eu não vou
ficar aqui sentado esperando esse tempo, pois pode ser
tarde.
— Sarah, o que você está fazendo? — perguntou o
homem misterioso, aparecendo de repente.
— Só estou olhando para ver como estão as coisas na
casa.
— Ah Sarah, não precisa mentir para mim, sei que
estava olhando o Noah! Mas aproveita mesmo, pois logo
você não vai estar mais aqui e nunca mais vê-lo. E a polícia
só vai te procurar depois de 24hrs. E se tudo der certo, com
seu novo documento estaremos longe daqui quando a
polícia começar a te procurar.
— Você disse que daqui a dois dias um
barco estará nos esperando? Então como vamos sair antes?
— Quando falo que vamos estar longe daqui, quer
dizer desta casa, pois é aqui que eles vão começar a te
procurar e quando eles perceberem ou encontrarem essa
passagem secreta, nós dois vamos estar muito longe da ilha.
Agora Sarah, eu preciso ir trabalhar, seu almoço está aqui
— disse me entregando uma marmita. Não estou
costumada a comer marmita, mas não tenho escolha.
— Não estou com fome.
— Sarah, você precisa comer, espero chegar aqui e ver
que comeu pelo menos um pouco.
— Ok, eu vou tentar comer um pouco.
— Então eu vou indo, mas logo estarei de volta com
uma roupa nova para você, vou levar as fotos e já aproveito
para fazer os novos documentos — disse ele, saindo e me
deixando sozinha novamente. Fui até o monitor ver como
estavam todos, e eles ainda estavam me procurando.
Como tinha que fazer alguma coisa, eu olhei em volta
para ver se achava algo para bater na parede, me levantei
da cadeira para ir procurar, entrei em um corredor estreito e
um pouco escuro, mas percebi que na parede
tinham algumas pontas de pregos. Lembrei-me daquele
sonho estranho e de como o lugar em que eu estou é
parecido! Continuei andando e encontrei no chão um
pedaço de madeira, e com ela, comecei a bater nos pregos
que estavam na parede, porque se eu conseguisse afundá-
los, alguma coisa do outro lado cairia no chão, e eu
conseguiria chamar atenção do Noah e dos meus
amigos. Ansiosa, eu batia com toda a força que eu
tinha naqueles pregos, que consegui ouvir, na mesma
hora, alguma coisa caindo do outro lado. Pelo visto, meu
plano deu certo, então eu corri até o monitor para ver o que
estava acontecendo, e vi que um quadro grande que tinha
na sala caiu no chão. Animada, voltei correndo para o
corredor e continuei a bater nos pregos, porém dessa vez
eu gritava na esperança que eles me ouvissem, enquanto eu
ouvia as coisas caindo da parede, mas por algum motivo
eles não me ouviam, então voltei para ver no monitor o que
estava acontecendo.
— Noaaaah! — gritava a Fer histérica, vendo as coisas
caindo no chão.
— O que foi Fer? — perguntou Noah, aparecendo
junto com a Nadya e o Vinício, onde a Fer estava.
— Noah, tem algo estranho acontecendo, está tudo
caindo no chão de repente! — explicou Fer para
todos, e Noah olhou para ver, passando a mão na parede,
onde só ficou o buraquinho do prego. Em seguida, ele
tentou olhar, depois pegou o celular e ligou para
alguém. Acho que Noah deve ter entendido que sou eu
quem está fazendo as coisas caírem, pois sempre falou que
tinha uma passagem secreta na casa. Mas não consegui
ouvir com quem conversava no celular, já que falava mais
baixo que o normal.
O Tempo passou tão rápido que eu nem percebi. Eu
consegui comer um pouco da comida, enquanto fiquei
olhando no monitor. De repente, vi que Adan, meu ex-
namorado, havia chegado a casa. Ele conversava com o
Noah, o qual estava bastante nervoso por sinal. Os dois
andavam de um lado para o outro, como se
estivessem preocupados.
Não sei o porquê, mas não conseguia ouvir o que eles
conversavam, então comecei a mexer para o som funcionar,
até que mexi no fio e percebi que estava com mau contato,
mas voltou a funcionar, assim que mexi.
— Como você pode colocar a vida de Sarah em
perigo? — questionava Noah, gritando com o Adan.
— Eu só queria saber como ela estava, e se eu tinha
alguma chance com ela! Sei que foi burrice o que eu fiz,
mas me arrependi, por isso estou aqui; para contar toda a
verdade — disse meu ex com as duas mãos na cabeça.
— Se ela te deixou cara… Como você pode pensar que
ela te daria uma chance? Se ela te pegou com outra! —
falava Noah, gritando.
— Achei que mesmo depois de tudo isso, ela ainda me
amava, e como eu não queria perde-la…! Mas vejo que
tudo que fiz foi em vão, pois é você que ela ama, e eu só
coloquei a vida dela em perigo, porém vamos ter que nos
unir para achá-la, pois sei que nessa casa tem uma
passagem secreta, e quem está com ela neste momento,
mora aqui.
— Eu já imaginava que tinha uma passagem secreta, e
que alguém estaria morando aqui, mas posso saber o nome
desse rapaz que você diz que está com ela?
— O nome eu não sei! Pois ele se apresentou para mim
com um apelido, que ele diz ser de infância, o apelido é
Bola.
— Não conheço ninguém aqui na ilha que tenha esse
apelido!! Então se há uma passagem, vamos procurá-la!
Nadya, você e o Vinício, procuram nos quartos! Fer, você e
os policias procuram lá fora! Eu e o Adan procuramos na
sala, na sala de jantar, na cozinha e lavanderia. Ah,
e eu vou falar para o Matheus, que chegou aqui atrasado,
entretanto já está sabendo o que está acontecendo, vigiar a
entrada da casa, o portão principal. E qualquer movimento,
eu vou pedir para me avisar — decidiu Noah, determinado
a procurar essa passagem.
Todos saíram procurando o lugar secreto, e Noah foi
avisar o Matheus, enquanto Adan procurava a passagem,
mas logo Noah voltou para sala para ajudá-lo a
procurar. Eu, por minha vez, assistia a tudo, e estava tão
distraída que nem vi a hora passar, mas percebi que já
estava tarde, porque ouvi um barulho no corredor escuro.
— Sarah, está tudo bem? Como passou o dia? Eu
trouxe para você uma roupa nova e o nosso jantar, pois
logo vai escurecer — disse o estranho, chegando de
repente.
— Bola! Posso te chamar assim? Pois esse é seu
apelido! Estou bem sim. — respondi, olhando para ele. Sua
cara assustada com o que falei era até engraçada.
— Como você descobriu o meu apelido? Se poucas
pessoas o conhecem?
— Acho que já descobri quem foi seu ajudante para
agredir o Noah, só não consigo acreditar que meu ex-
namorado fez isso comigo — confessei inconformada.
Mesmo que eu não tinha certeza de que fosse ele, pois não
consegui ouvir toda a conversa entre o Noah e o Adan, eu
tinha que jogar verde para tentar descobrir alguma coisa.
— Como você descobriu tudo isso?
— No computador!! Fiquei a tarde inteira olhando o
monitor, e meu ex-namorado vinha me visitar hoje, mas ele
veio e só pôde conversar com o Noah, pois eu não estava
lá, então contou tudo o que sabe a seu respeito, e foi assim
que descobri seu apelido — respondi, olhando para ele
que me olhou bravo, soltando faísca de nervoso.
— Filho da mãe! Traidor!! Preciso dar um jeito nele,
ou ele vai atrapalhar os meus planos com
você! — gritou feito doido, enquanto xingava, andando de
um lado para o outro e dando murro nas coisas. Eu fiquei
até com muito medo dele.
— Bola, me promete que não vai fazer nenhum mal ao
meu ex? Você já tem o que quer; eu! E não vou a lugar
nenhum, então não faça mal a ele.
— Não quero que me chame de Bola, pois esse é um
apelido de infância, e eu nunca gostei dele. Continue me
chamando de estranho, pois prefiro assim
— confessou muito nervoso, pensei que fosse ter um treco
de tanta raiva que estava.
— Não vou fazer nenhum mal a ele, mas bem que
aquele traidor merece uma lição para aprender a não ser
dedo duro! Agora não quero mais falar sobre isso — falou,
indo em direção a uma mesa que tinha perto do colchão e
colocando nosso jantar em cima dela. Depois ele me
entregou a roupa nova e pediu que eu aprovasse na frente
dele. Sem muita escolha, eu tirei a camiseta que eu usava e
coloquei um vestido tubinho estampado de branco e
vermelho, bem curto, de decote v na frente e atrás, o
qual marcava bem o meu corpo. Ah, eu nunca na minha
vida usaria um vestido assim tão curto, não faz o meu tipo.
— Você está linda com esse vestido!! — elogiou Bola,
aproximando-se. Depois passou a mão pelo meu corpo e
me beijou. Eu não tinha outra opção, mesmo sem
sentimento algum por ele, eu respondi àquele
beijo; amargo por sinal.
— Sarah, eu preciso tomar um banho para relaxar,
pois estou muito cansado, e você vai tomar banho comigo
— comunicou, tirando o vestido do meu corpo logo após
me beijar e me pegando no colo, ele me levou até aquele
banheiro que tem um chuveiro grande. Ele abriu a
torneira, me colocou debaixo da água, tirou a sua roupa e
entrou junto comigo. Então, Bola começou a
ensaboar o meu corpo. Eu fiquei quieta, deixando-o fazer o
que quisesse comigo. Como sempre ele aproveitava de
mim, estranhei que não rolou nada dessa vez. Eu dei graças
a Deus quando ele disse que estava cansado, que precisava
jantar e depois descansar, pois no outro dia cedo teria que ir
trabalhar e pegar meus documentos, e que a tarde vai me
levar para outro esconderijo que tem na ilha.
Saímos do banheiro, e eu coloquei a minha camisola,
mas eu não tinha calcinha, pois ele sumiu com ela.
— Sarah, eu vou preparar nosso jantar, quer dizer…
Colocar no prato. E depois vamos descansar, pois já
anoiteceu, e eu acordo cedo amanhã — disse, indo para a
mesa colocar nosso jantar no prato. Depois de colocar,
ele me chamou para comer.
— Não estou com fome.
— Você precisa comer pelo menos um pouco — falou
me fazendo sentar à mesa com ele. Percebi que junto com o
prato tinha um copo de vinho.
— Já que vou ficar com você e ser a sua mulher como
disse, por que não tira essa máscara do rosto pelo menos
para comer? Já que nem para tomar banho você tirou.
— Engraçadinha, se eu tirar você verá o meu rosto, e
ainda não é o momento! Agora vamos comer.
— Não sei como você aguenta ficar com isso no
rosto! Ainda mais com esse calor que está fazendo.
— Tenho que aguentar Sarah! Pode ficar tranquila que
no momento certo você vai ver meu rosto — disse,
comendo a macarronada com almôndegas que
estava em seu prato. Terminamos de comer, e ele foi
arrumar a mesa e depois preparou o colchão para gente
dormir, colocando uma roupa de cama limpinha.
— Sarah, tira essa camisola, quero você sem nada
dormindo comigo — pediu, tirando a sua box, já que era a
única coisa que ele vestia. Até que ele tinha um corpo
bonito: barriga tanquinho com músculos definidos, só não
sei como ele é, pois está sempre de máscara. Tirei minha
camisola, ficando completamente nua novamente e
vermelha de vergonha, pois nunca tive o costume de me
trocar perto das pessoas.
— Sarah, deita comigo!! — exigiu, deitando-se no
colchão. E sem opção mais uma vez, eu fiz o que ele pediu,
e no mesmo instante, me agarrou por trás, e eu pude até
sentir seu membro encostar em meu bumbum. Dei graças a
Deus que ele não tentou nada, acho que estava tão cansado
que dormiu rapidinho agarrado a mim. Eu até tentei me
afastar dele, mas quando ele percebia, me puxava de
novo para perto de si. Então eu fiquei ali nos braços
daquele estranho, tentando dormir, mas não
conseguia. Rolei no colchão a noite toda, porém ele não me
dava folga, continuava grudado em mim, até que
finalmente consegui dormir.
No entanto acordei no meio da noite, ouvindo muitos
barulhos que vinham da casa, então percebi que ele já não
estava mais tão grudado em mim, e resolvi virar para ele,
para tentar tirar sua máscara e descobrir quem está por trás
dela, mas quando virei, notei que sua máscara estava quase
saindo do seu rosto, aproveitei que já estava saindo e bem
devagar, eu puxei de um jeito que ele não acordasse,
quando finalmente consegui, levei um tremendo susto!!!!
Não acredito no que estou vendo! Por que ele? Nunca
percebi que ele gostava de mim! Estou tão surpresa e ao
mesmo tempo assustada. Agora tenho certeza que neste
mundo não devemos confiar em ninguém.
ACORDEI CEDO COMO DE COSTUME,
porém estranhei quando percebi que Sarah já tinha
levantado. Será que ela foi fazer café? No entanto não sinto
cheiro! E não ouço nenhum movimento lá embaixo. Então
eu me levantei, fui me trocar, lavar o rosto e desci para ver
o que Sarah estava fazendo.
Quando cheguei à cozinha, não tinha ninguém, nem
sinal da Sarah, verifiquei a casa e estava trancada. Procurei
Sarah em todo lugar e nada dela. Acho que sei
onde ela deve estar! No quarto das meninas, só pode estar
lá fofocando, vou deixá-las conversando à vontade e vou
para a cozinha preparar nosso café.
Preparei o café, fazendo também panquecas de
chocolate, pois sei que Sarah adora e coloquei na mesa tudo
que ela gosta.
— Nossa! Quanta coisa gostosa! Tá inspirado hoje em
Noah? — brincou Vinício, entrando na cozinha.
— As meninas merecem!! Então eu caprichei.
– As meninas…! Sei! Sua inspiração para tudo isso
vem da Sarah, por isso caprichou tanto — falou, brincando
e me deixando vermelho de vergonha, pois não era mentira.
Sentamos a mesa e esperamos as meninas descerem.
Não demorou muito e ouvimos barulho delas,
descendo, conversando e rindo muito de alguma coisa que
elas cochichavam, quando chegaram na mesa do café,
Sarah não estava junto.
— Nadya, a Sarah não vai descer?
— Noah não sei!! Não fui ao quarto dela dessa vez
para acordá-la.
— Mas pensei que ela estivesse com vocês, porque
levantou primeiro que eu.
— Não Noah, ela não esteve no nosso quarto — disse
Fer com o Lipe no colo.
— Noah, a Sarah deve ter indo dar uma caminhada.
— Acho que não, Nadya!! Mesmo assim, vou lá fora
perguntar para os policiais — falei me levantando da mesa,
indo para fora. Precisava saber da Sarah! Por isso fui o
mais rápido que pude.
— Posso falar com o senhor? — perguntei me
aproximando dele.
— Claro que pode! O que precisa?
— O senhor pode me falar se viu a Sarah saindo cedo
para caminhar? — questionei de imediato, pois eu estava
ficando nervoso.
— Olha meu rapaz, eu não vi nada, ninguém passou
por mim hoje. Mas pergunta para o policial que está no
fundo, quem sabe ele a viu?
— Obrigado, vou perguntar! — falei indo em direção
ao outro policial.
— Bom dia! Posso falar com o senhor?
— Bom dia! Claro que pode.
— Gostaria de saber, se o senhor viu Sarah saindo para
ir caminhar? Pois não a encontro em lugar nenhum.
— Não vi ninguém saindo da casa e também não vi
nenhum movimento, a não ser agora. Você já perguntou
para o outro policial?
— Sim já perguntei! Ele também não viu nada.
Vou procurá-la de novo e qualquer coisa aviso vocês.
— Se você não encontrá-la, nos avise.
— Aviso sim! — falei, saindo correndo dali e
entrando na casa, gritando:
— Saraaaaaa! Cadê você?
— Noah o que aconteceu? Cadê a Sarah? O que os
policiais falaram? — perguntou Nadya vindo em minha
direção.
— Nadya, os polícias disseram que ninguém saiu da
casa hoje!
— Então onde a Sarah se meteu?
— Cadê a Sara? — perguntaram a Fer e o Vinício, se
aproximando da gente.
— A Sarah sumiu! Eu não a acho ela em lugar
nenhum! — respondi muito preocupado.
— Como assim Noah? — questionou Nadya, me
olhando assustada.
— Acordei, e ela já não estava na cama, então eu
a procurei em todo lugar e não a encontrei.
— Vamos procurar todos juntos. — sugeriu Nadya
nervosa, e saímos pela casa gritando pela Sarah. Ficamos
um bom tempo procurando e acabamos no mesmo lugar
que começamos, e nada dela.
— Nadya, você achou a Sarah?
– Não Noah! Não encontrei em lugar nenhum! —
respondeu com um olhar triste. Olhei para Fer e o Vinício
para perguntar, mas eles fizeram que não com a cabeça.
— Vou ligar para o delegado Victor, pois tenho certeza
que a Sarah foi sequestrada por aquele filho da
mãe! — exclamei, pegando meu celular e ligando para o
delegado. No segundo toque, alguém atendeu.
— Delegacia de Polícia bom dia!
— Bom dia! Gostaria de falar com o delegado, ele
está?
— Só um minuto, que vou chamar — disse o rapaz que
atendeu. Não demorou muito, e ele atendeu.
— Alô! Delegado Victor falando, posso ajudar em
alguma coisa?
— Pode sim, Delegado é o Noah quem está falando.
— Oi Noah, aconteceu alguma coisa?
— Sim, aconteceu; a Sarah foi sequestrada.
— Como assim Noah? Me explica direito o que
aconteceu?
— Acordei cedo e Sarah não estava na cama,
procuramos por toda casa e nada dela, conversei com os
policiais e eles me falaram que ninguém saiu da casa. Não
sei o que fazer seu delegado, o senhor tem que mandar
mais policiais para cá.
— Noah talvez ela tenha ido dar uma volta e só
podemos procurá-la depois de 24hrs…. — disse na maior
calma. Fiquei horas discutindo com ele, e tudo que sempre
dizia é que não poderia fazer nada a respeito enquanto não
desse o tempo necessário para confirmar o sumiço de
Sarah. Desliguei o celular, sentindo muito raiva. Não quero
um investigador como sugeriu o delegado, mas sim quero
mais policiais para ir à procura da minha namorada. Estava
tão nervoso que nem notei que Nadya e os outros já
estavam aflitos me olhando.
— Noah o que o delegado falou? — perguntou Nadya
muito preocupada.
— Ele falou que temos que esperar 24hrs, só assim
mandaria para cá mais policiais. Mas eu falei que não vou
esperar! Vou continuar procurando por ela —
respondi, saindo da sala para procurá-la, e eles fizeram o
mesmo. No entanto não a encontramos em lugar nenhum.
De repente ouvi a Fer gritar meu nome, então eu corri até
ela para ver o que estava acontecendo.
— O que foi Fer? — perguntei, entrando na sala.
Vinício e Nadya olhavam para a Fer, assustados.
— Noah, tem algo estranho acontecendo, está tudo
caindo no chão de repente. – explicou Fer, mostrando-
nos que alguns quadros que estavam na parede da sala
estavam no chão. Achei muito estranho caírem assim do
nada, então eu passei a mão no buraquinho do prego, tentei
olhar pelo buraco, mas não deu para ver nada. Porém
acredito que eles não cairiam sozinhos, alguém os
derrubou. Então novamente liguei para o delegado, no
terceiro toque, ele atendeu.
— Delegacia de polícia bom dia.
— Bom dia! Eu poderia falar com o delegado?
— Ele saiu, quem gostaria? Quer deixar algum recado?
— Não, eu só precisava falar com ele, depois eu ligo
de novo, obrigado. — E desliguei.
Acho que vou ter que resolver isso sozinho, já que eu
tenho quase certeza que Sarah está nessa casa, e se não foi
ela quem fez com que esses quadros caíssem; quem foi
então?
O tempo passou, e nós passamos a manhã toda
procurando a Sarah e nada dela. Não tive forças nem para
fazer o almoço, só coloquei ração para o Lipe, e cada um
fez seu lanche, pois tudo que nós queremos é encontrar a
Sarah.
Logo depois do almoço eu, Fer, Nadya, Vinício e os
policiais, fomos à procura dela. Até do lado de fora da
casa e no meio do matagal ali ao redor nós procuramos.
Mas foi em vão! Os policiais continuaram procurando e nós
fomos para dentro da casa tomar um copo de água, quando
ouvimos alguém bater na porta da sala.
— Deixa que eu atendo — disse Fer, pegando o Lipe
no colo, indo atender. Não demorou muito, ela voltou
branca para a cozinha.
— O quem é Fer? — perguntou Nadya, vendo como a
Fer estava.
— Noah, é o ex-namorado da Sarah, ele está na
sala e veio falar com ela.
— Puts! Como eu fui me esquecer de que hoje é terça-
feira, o dia em que ele viria falar com a Sarah!
— Mas Noah, o que ele quer com ela? — questionou
Nadya.
— Não sei, mas vou descobrir agora — falei indo para
a sala ver o que ele tinha para falar, entretanto será que ele
vai querer falar comigo? Ao entrar na sala, notei que ele
olhava as garrafas que estavam no barzinho.
— Boa tarde! Posso ajudar? O que
você quer com a minha namorada?
— Então você é o famoso Noah? O cara que tem o
coração da minha ex-namorada?
— Como sabe meu nome?
— Minha conversa e só com a Sarah! Poderia chamá-
la para mim?
— Sarah não está.
— Como assim! Combinei com ela de vir aqui hoje.
— Sim, eu sei que ela combinou com você, pois fui eu
mesmo que pedi para combinar que viesse aqui hoje, mas
ela foi sequestrada. Bom eu acho que foi!! Pois ela sumiu
sem deixar rastro. Então vai ter que conversar comigo.
Agora me fala o que quer com ela?
— Não acredito! Que merda… Cheguei tarde!!
— Do que você está falando? Tarde por quê? O que
quer dizer com isso?
— Eu vim aqui Noah para avisa-la do perigo que Sarah
está correndo. Mas vejo que cheguei tarde!
— Se você sabe de alguma coisa, sobre onde ela está,
acho bom falar agora.
— Não sei onde ela está! No entanto tenho um pouco
de culpa, no que está acontecendo com ela.
— Como assim? O que você fez? Me conta agora! —
questionei querendo quebrar a cara dele, porém me
controlei.
— Bom, já que tenho que contar e não tenho saída, vou
contar do começo… Sei que você não tem nada ver com
isso, quem tinha que me ouvir era a Sarah, mas
preciso colocar para fora, visto que isso tudo está me
sufocando. Quando Sarah me pegou na cama com outra…
— Adan, eu não quero saber disso; isso não me
interessa — falei, cortando o cara desse papo chato.
— Mas preciso continuar a contar, pois só assim vai
entender o porquê fiz tudo isso, e sem querer coloquei a
vida da Sarah em risco.
— Tudo bem! Continua então! Quero ver o que tem
para contar de tão importante.
— Quando ela me pegou na cama com outra e acabou
comigo ali mesmo, sem ao menos dar uma chance de me
explicar, pois eu estava muito bêbado naquela
noite. Então ela foi embora, e eu bêbado como estava, fui
atrás dela e acabei batendo o carro. Fiquei no hospital uma
semana, pois me machuquei bastante. Depois que saí de lá,
não consegui mais falar com ela, pois a Sarah trocou o
número do celular e da fechadura, já que eu tinha a chave
do seu apartamento. E também trocou o número do seu
telefone, proibindo a minha entrada em seu escritório.
“Venho tentando falar com ela desde dia que saí do
hospital, mas não consigo e agora que ela resolveu me
ouvir, ela não está aqui. Sei que nada justifica o que eu fiz!!
Visto que foi num momento de bebedeira. Confesso que
eu andava muito nervoso, pois queria pedir Sarah em
casamento e para pensar como faria esse pedido, eu me
afastei um pouco dela, já que minha família queria que eu
fosse para Itália tomar conta de uma empresa que meu pai
tem por lá. Eu sábia que se eu falasse para Sarah sobre isso,
eu poderia perdê-la, visto que eu queria que ela fosse
comigo, só que eu não sabia se ela me amava o suficiente
para ir, e minha família continuava me pressionando para ir
para lá. Então eu não sabia o que fazer, estava tão
nervoso, que quando me convidaram para ir para um
barzinho, eu topei e acabei enchendo a cara. E foi aí que fiz
besteira.”
— Adan, eu já disse: isso tudo não me interessa e
realmente nada justifica o que fez! No entanto te agradeço
por ter feito essa besteira, como diz, pois, se não tivesse
feito, hoje eu não teria conhecido essa mulher especial que
a Sarah é. Entretanto quero saber onde ela está —
falei, deixando-o vermelho de raiva, estava até bufando,
mas se controlou.
— Noah só me ouve! Por favor. Eu tenho que por para
fora, sei que você não tem nada a ver com isso, mas
me escuta, por favor.
— Então seja rápido! Pois quero continuar procurando
por ela e minha paciência com você já está se esgotando!!
— Eu entendo por que tem tanta raiva de mim!! Mas
preciso continuar. Depois de anos tentando falar com ele,
eu enfrentei minha família e fiquei aqui no Brasil, tentando
falar com a Sarah. Hoje eu tive a chance dela poder me
ouvir. Mas por azar do destino, ela não está aqui! Quando
descobri que Sarah tinha vindo para cá, entrei em
desespero, pois a amo e eu não a queria longe de mim.
Eu descobri o advogado do seu avô, que deixou a herança
para ela. Não sou de beber, mas estava tão nervoso, que
mais uma vez acabei enchendo a cara e fui atrás do
advogado, mas ele não quis me dar informação de onde
Sarah estava, então eu o enchi de porrada, até ele desmaiar,
e procurei a papelada da herança e encontrei. Foi assim que
vim parar aqui! Na papelada continha todas as informações
que eu precisava.
“Quando cheguei aqui vim direto para cá, perguntando
para as pessoas como chegar nessa casa e quando cheguei,
bati, gritei, mas ninguém me atendeu. Deduzi que não tinha
ninguém em casa!! Quando eu estava indo embora, vi um
rapaz saindo de trás da casa e gritei até que ele me
ouvisse. Queria algumas informações. Queria muito
conquistar Sarah! Então conversei com ele e acabei
contando o motivo que eu estava aqui. Ele riu na minha
cara e falou que Sarah tinha conhecido alguém. Fiquei com
tanta raiva!! Eu queria conquistá-la novamente de qualquer
jeito, e ele queria que Sarah fosse embora da ilha, pois dizia
que esta casa é dele, que morava nela em um lugar onde
ninguém sabe que existe.”
— Adan, ele falou da passagem secreta? Ele disse se
têm?
— Noah, ele não falou com essas palavras! Mas
entendi que deve ter sim, pois me contou que sempre
vigiou a casa com câmeras, porque ele queria assustá-la
para que fosse embora, pois ele tomou posse da casa. Eu a
queria de volta para mim, e ele a queria longe daqui. Então
paguei a ele para vigiá-la para mim e para afastá-la de
você, pois eu queria mais uma chance com ela, e prometi
que se ele conseguisse, eu a levaria embora dessa ilha, para
que ele ficasse com a casa. Ele topou o acordo na hora. No
entanto quando fui pagar a segunda parte do acordo, ele
negou. Ele tinha conseguido tirar você da vida dela, foi ele
que avisou a Carla que Sarah estava ligando para você
naquela noite, por isso ela atendeu seu celular. Como eu
disse; ele não quis receber; disse que não merecia. Não
entendi o porquê, até o dia em que ele me fez ajudá-lo a te
dar uma surra. Eu só queria te assustar cara! Ao contrário
dele que queria te matar, pois disse que amava a Sarah e
que ela seria só dele. Foi aí que vi a burrada que eu fiz!!!
Pois ele tentou me matar, mas eu consegui fugir e me
esconder.
— Como você pôde colocar a vida da Sarah em
perigo? Você é um idiota! Que merda! — falei, gritando
com ele. Como ele pode fazer isso com a Sarah? Que raiva.
— Só queria saber como ela estava e se eu tinha
alguma chance ainda! Sei que foi burrice o que eu fiz! Mas
me arrependi, por isso estou aqui; para contar toda a
verdade — Disse ele, colocando as mãos na cabeça, como
se estivesse preocupado.
— Se ela te deixou… Como você pode pensar que ela
te daria uma chance? Se te pegou na cama com outra! —
falei, gritando novamente com ele, pois eu estava com tanta
raiva que se eu o pegasse, eu o machucaria. Que rapaz
idiota.
— Achei que mesmo depois de tudo isso, ela ainda me
amava. Eu não queria perdê-la!! Mas vejo que tudo que fiz
foi em vão! Pois é você que ela ama. Eu só coloquei a vida
dela em perigo, mas vamos ter que nos unirmos para achá-
la, pois sei que nessa casa tem uma passagem secreta, e
quem está com ela neste momento, mora aqui
— Eu já imaginava que tinha uma passagem secreta, e
que alguém estaria morando aqui. Mas posso saber o nome
desse rapaz? Que você diz estar com a Sarah?
— O nome, eu não sei! Pois ele se apresentou para
mim com um apelido, que ele diz ser de infância. O apelido
é Bola.
— Não conheço ninguém aqui na ilha que tenha esse
apelido!! Então se há uma passagem, nós vamos procurar!
Nadya? Você e o Vinício procuram nos quartos, Fer? Você
e os policiais procuram lá fora, eu e o Adan procuramos na
sala, na sala de jantar, cozinha e a lavanderia. Ah, e vou
falar para o Matheus que chegou aqui atrasado, mas já está
sabendo o que está acontecendo, vigiar a frente da casa e o
portão principal, e qualquer movimento vou pedir para me
avisar! — falei assim que todos já estavam na sala.
Todos saíram para procurar a passagem, eu falei para
aquele idiota do Adan ir procurando, enquanto eu ia falar
com o Matheus. Cheguei perto dele e vi que ele estava
trabalhando na edícula.
— Matheus, eu posso falar com você?
— Claro! O que precisa Noah? Sarah já apareceu?
— Não, Matheus, nem sinal da Sarah! Mas vamos
continuar procurando. Gostaria que você parasse um
pouquinho o que está fazendo e vigiasse a frente e o portão
da casa, pode ser? E qualquer movimento me avisa tá
legal?
— Tudo bem Noah, vou para lá vigiar e qualquer coisa
dou um grito e boa sorte para vocês, tomará que vocês a
encontrem logo.
— Obrigada Matheus! Se Deus quiser vamos encontrá-
la sim — falei saindo dali, enquanto Matheus foi
para afrente da casa. Eu entrei para continuar a procurar
junto com aquele idiota.
— Adan, cadê você?
— Estou aqui Noah! Ele estava na sala, revirando tudo
a procura de uma passagem, e eu fui procurar debaixo da
escada e na sala de jantar.
O resto do dia foi assim… Procuramos a tal passagem,
mas não encontramos nada! Já estava até escurecendo
e nós estávamos todos cansados.
— Noah o que vamos fazer? — perguntou Nadya.
— Eu vou preparar alguma coisa para gente comer! E
em seguida nós vamos descansar um pouco, depois
continuamos a procurar, nem que seja para virarmos a
noite.
— Noah, eu posso ficar e continuar ajudando? Me
sinto culpado com tudo isso!!
— Não precisamos de você Adan! Pode ir embora, pois
tudo isso é culpa sua mesma! Não quero mais você aqui,
porque cada vez que te vejo, tenho vontade de socar sua
cara, já que é o que merece — falei, preparando os lanches.
— Sei que mereço isso Noah!! Mas posso ser útil aqui
e quanto mais gente procurando melhor!
— Noah, deixa Adan ficar! Nós sabemos que ele é um
idiota, mas concordo com ele; quanto mais gente melhor,
assim vamos conseguir achar essa bendita passagem
— disse Nadya, comendo o lanche que eu preparei.
— Concordo Noah, deixa esse idiota ficar! — disse
Fer, pegando o Lipe no colo. Em seguida ela foi dar ração
para ele.
— Também concordo Noah! Mesmo ele sendo esse
idiota que todos falaram, ele está certo — falou Vinício,
sentando-se ao lado de Nadya.
— Gente, eu estou aqui!! Dá para parar de me chamar
de idiota na minha frente? — defendeu-se Adan, muito sem
graça. E nós caímos na risada, pois até esquecemos que ele
estava ali.
— Tá bom! Ele fica, porque eu também concordo com
ele! Só por isso pode ficar. No entanto acho bom você não
me irritar, já não aguento nem olhar para sua cara e é
realmente um idiota por ter causado tudo isso e por ter
magoado a Sarah! E agora se faz de coitadinho!
— Obrigado Noah! Por me deixar ficar! Não vou te
incomodar e sei que mereço toda essa raiva!
— Ainda bem! É um favor que me faz; não me
incomodar — falei, indo para cozinha fazer meu lanche,
pois só eu ainda não tinha comido. Matheus já tinha ido
embora, ele vigiou a tarde toda e nenhum movimento
diferente, ele viu. Depois de comer, descansamos um pouco
na sala, depois voltamos a procurar e ficamos assim a noite
toda.
Já estava amanhecendo e todo mundo ainda se
encontrava na sala. Nós já estávamos perdendo a
esperança, pois nenhum sinal da passagem. Eu me sentia
perdido, enquanto uma dor tomou conta do meu
coração. E todos pareciam cansados de tanto
procurar. Nós ficamos em silêncio por alguns momentos.
Fer era a única que mexia em cima da lareira, acho que
queria se distrair. Até que de repente, nós ouvimos um
barulho como se algo tivesse se abrindo, foi quando a Fer
olhou para nós assustada.
— Noah! Eu acredito que achamos o que
procurávamos! — disse a Fer, olhando para a
gente animada.
FIQUEI UM BOM TEMPO OLHANDO para ele,
tentando entender por que ele estava fazendo tudo isso!
Nunca dei motivos para isso tudo, pois sempre o
tratei muito bem como um amigo. De repente, ele se virou,
acordando e me pegou olhando para ele.
— Sarah, você não consegue dormir?
— perguntou, olhando-me. Ainda bem que ele nem
percebeu que estava sem máscara!
— Por que está fazendo tudo isso comigo? Se eu
sempre te tratei como um amigo! — questionei muito triste.
— O que você tá falando Sarah? — Ele ficou surpreso
com minha pergunta e foi aí que percebeu que estava sem
máscara.
— Sarah, o que você fez? Tirou minha máscara
enquanto eu dormia? — perguntou ele, se levantando com
muita raiva.
— Não tirei! Mas acordei no meio da noite e quando
olhei para você, a máscara estava saindo, eu apenas puxei o
resto, pois estava tampando seu nariz e podia ficar sem ar
— expliquei, me mostrando séria e sincera.
Nossa que desculpa mais boba que eu dei! Ele não vai
acreditar! No entanto não posso falar que tirei a máscara
dele porque eu quis.
— Será mesmo que foi por isso? Tenho minhas
dúvidas.
— Estou falando a verdade! Acredite se quiser. Mas
você não respondeu minha pergunta.
— Sarah, eu acho que você já sabe a minha resposta!
Pois já te falei muitas vezes. Não vai querer que repita de
novo.
— Vou sim! Pode repetir, pois não consigo acreditar
que conseguiu me enganar todo esse tempo! Ah, como fui
ingênua! Sempre te tratei com muito carinho, você poderia
ter me falado que estava a fim de mim, ao invés de fazer
tudo que fez! Acho que seria mais fácil a gente conversar
sobre isso.
— Você realmente não entende, pois nunca teria me
dado uma chance. Você já tinha caído no encanto do Noah,
e nada do que eu fizesse, faria você se apaixonar por mim,
pois só enxergava o Noah, eu só servia mesmo como um
amigo. Mas não vou deixar esse pamonha ter tudo o que
quer mais uma vez. Pois já tomou a Carla de mim!
— Como assim! O que a Carla tem a ver com Noah?
— Carla também não é daqui! Mas ela se mudou para
cá, depois de mim. Seu pai construiu uma pousada, e ela e a
família vieram morar nessa ilha, logo após a inauguração
da pousada. Nesse tempo Noah estava viajando, não me
lembro para onde no momento, mas a primeira pessoa que
Carla conheceu fui eu. Então pintou um clima entre a gente
e nós começamos a sair juntos, e praticamente uma
semana depois eu já estava amarradão nela, Quando Noah
voltou de viagem ele foi contratado para trabalhar na
pousada e foi lá que ele conheceu a Carla. Como você, ela
se encantou por ele, e não quis saber de mim e me colocou
de lado. Eu senti tanta raiva!! Pois ela se rastejava atrás
dele, entretanto ele não queria nada com ela. Juro que tentei
conquistá-la novamente! Até me humilhei para ela, mas a
bobinha só queria saber dele, mesmo não querendo nada
com ela. No entanto você, Sarah, ele não vai ter! Você é
minha e será sempre minha. Entendeu?
— Mas você não pode me obrigar a ficar com
você! Uma pessoa normal não faria isso.
— Pense o que quiser de mim, Sarah! Só acho que
você não tem muita escolha, e já sabe que se tentar fugir, eu
não vou pensar duas vezes em eliminar as pessoas que mais
ama da sua vida. Acho melhor então ficar comigo, mesmo
que não queira! Com o tempo tenho certeza que vai
aprender a me amar e vai ser minha mulher. Agora chega
dessa conversa e vamos dormir, pois amanhã acordo cedo
para trabalhar — disse, se deitando no colchão novamente.
— Preciso ir ao banheiro.
— Pode ir Sarah!
— Mas tá escuro! Preciso de uma lanterna —
falei, olhando para o corredor. Então ele se levantou do
colchão, foi até a mesinha do computador, pegou alguma
coisa e voltou para o colchão.
— Sarah, leva essa lanterna e não demora — disse um
pouco irritado, me entregando e voltou a deitar. Fui em
direção ao banheiro, observando tudo ao redor, entrei
naquele banheiro que nem porta tinha e comecei a chorar.
O meu coração doía tanto de tanta tristeza.
Como fui confiar em uma pessoa assim? Nunca
imaginei que eu, uma advogada formada há três anos, não
perceberia o tipo de gente que ele era, se sempre lidei com
todo tipo de gente. Como fui idiota! Ainda tenho muito que
aprender, mas eu acho que é tarde para isso, pois olha
onde a minha burrice de confiar em qualquer rosto bonito
me levou! Fiquei no banheiro, procurando alguma coisa,
sei lá, qualquer coisa para marcar que estive aqui, mas não
encontrei nada.
— Sarah, quanto tempo vai ficar aí? Estou te
esperando.
— Já estou indo! — respondi com as lágrimas
descendo pelo rosto, pois não me conformo com a situação
em que eu estou. Nunca passei por isso na vida… Ter que
ficar andando nua e ter que dormir assim. Isso só quer dizer
uma coisa: esse cara realmente é doente, e muito louco.
Quem o vê no dia, dia, nunca vai imaginar que ele é assim.
Acho que nem a Carla sabe o quanto louco ele é.
— Saraaaah…!
— Tô aqui! — falei, me deitando ao lado dele.
— Sarah, eu perdi o sono, e vendo você caminhar
assim completamente nua, me deixou muito excitado. Olha
como estou — disse, pegando em minha mão e
colocando em seu membro que estava completamente duro.
Eu gelei na hora, meu coração disparou e uma sensação
horrível tomou conta de mim, já que eu não sabia o que
esse louco será capaz de fazer comigo agora.
— Sarah, você viu o que você faz comigo? —
perguntou, me deitando de frente com muita força e
abrindo minhas pernas. Fiquei apavorada, mas eu não
podia fazer nada.
— Sua gostosa, agora você vai ver o que acontece
quando me deixa assim! — disse, colocando sua boca em
meu ponto de prazer. E com muita vontade, ele começou a
chupar a minha genitália. Eu fiquei sem reação, e ele se
divertia com a sua língua, colocando um dedo lá, e às vezes
dois, colocava sua língua e me chupava cada vez mais.
Deixei as lágrimas escorrerem, pois era impossível evitar
diante de tudo isso.
— Nossa! Como você é gostosa! Tô louco demais por
você! — disse vindo por cima de mim e, feito doido
varrido, mordia meus seios, beijava, chupava, até
chegar em minha boca e me beijou quase me devorando,
sem me deixar respirar.
— Abre essa boca, quero que sinta como estou! —
exigiu sem esperar eu falar qualquer coisa, em seguida ele
enfiou seu membro dentro da minha boca, me fazendo
sentir náuseas e com vontade de desaparecer. Eu nunca fui
tratada como lixo dessa forma.
— Vai Sarah, sua gostosa, me devora! — gritava feito
um lunático. Eu não tinha saída, pois seu membro já estava
em minha boca, e ele entrava e saía.
— Vai Sarah, quero sentir sua língua no meu pau! —
falava, colocando e tirando seu membro da minha boca. Eu
já estava chorando, mas fiz de tudo para que ele não
percebesse minhas lágrimas escorrendo e, com muita
tristeza, chupei aquele membro sem ter vontade alguma.
— Isso Sarah! Boa menina, tá fazendo direitinho, que
língua gostosa, nossa tô ficando cada vez mais louco, vai
não para. Isso, ele é todo seu, sua safadinha, sabe fazer
muito bem isso. Nossa… UFF! Quanto tesão! Não para,
continua, tô quase lá — disse como se estivesse se
divertindo de tanto prazer, esse filho da mãe. De
repente, ele tirou o membro da minha boca e me virou de
bruços.
— Quero esse bumbum gostoso!
— Por favor, isso não!
— Sua safadinha, eu acho bom ficar quietinha, já
esqueceu que vai ser minha mulher? Então tem que fazer o
que eu quero. Não vou te machucar, vou bem devagar para
saborear esse bumbum e prometo que não vai doer. Hoje
esse bumbum vai ser todo meu e de mais ninguém — E
sem esperar eu falar, ele foi bem devagar, depois de colocar
a camisinha, pois ouvi alguma coisa se rasgando, ele
penetrou dentro de mim, de um jeito que realmente não
senti tanta dor, mas feriu profundamente meu coração, me
deixando completamente sem chão, pois me sentia suja,
usada, um verdadeiro objeto. Ele terminou o que estava
fazendo, me deixando ali em choque, pois nunca na minha
vida tinha feito uma coisa daquela. Logo após esse monstro
foi tomar um banho.
Eu me sentia imunda e dolorida também, como alguém
que diz que te ama, pode te machucar tanto assim? Se eu
pudesse queria morrer neste momento, pois acho que só a
morte poderia me livrar desse inferno que estou vivendo.
Ali naquele colchão chorei muito, sem deixar que
ele percebesse, pois enfiei meu rosto no travesseiro.
Ele voltou para cama e, me abraçando dormiu
rapidinho, eu fiquei ali chorando em silêncio, pois tudo que
eu mais queria era desaparecer. Percebi que já estava
amanhecendo, e eu não consegui dormir, depois de tudo o
que me aconteceu, eu estava dolorida, e isso me matava por
dentro. Como ele pode fazer isso comigo? Ele deve ser um
psicopata, só pode.
No entanto de repente, ouvi um barulho, como se
alguma coisa estivesse se abrindo, e rezei para que ele não
acordasse, já que uma esperança de ser encontrada nasceu
dentro de mim.
— FER, ONDE VOCÊ MEXEU? NÓS mexemos em
todo lugar aqui e não achamos nada!
— Noah, eu mexi nesta bola que parece um troféu em
cima da lareira — respondeu Fer, nos mostrando. Todos
levantaram no mesmo instante e foram olhar essa bola.
— Fer, isso não é uma bola, é uma alavanca, isso serve
para abrir portas. — explicou Vinício,
observando a alavanca — Essa alavanca é daquelas
que ficam perto de uma porta, já vi daquelas que
abrem portas de longe, pois o mecanismo dela é
diferente, ou a porta está embaixo ou do lado —
falou, abaixando e passando a mão na parede do lado da
lareira, e depois na própria lareira — Noah, essa é falsa,
vem cá passar a mão nela para você ver — disse, fazendo
sinal para eu ir ver. Eu me aproximei do Vinício e passei a
mão para ver e senti uma saliência em volta dela.
— Fer, puxa alavanca com mais força.
— Vinício, eu vou puxar agora! — disse, puxando na
mesma hora. E deu um estralo e a lareira se abriu, e eu
terminei de abri-la por completo, puxando a lareira com as
mãos.
— Até que enfim achamos a passagem — disse
Nadya, olhando a passagem aliviada. — Nossa Noah! Não
dá para ver nada, está uma escuridão total!
— Nadya, eu vou à cozinha, pois vi que em cima do
armário tem um lampião! — falei, indo o mais rápido que
pude buscar, pois tudo que eu mais queria era
encontrar Sarah. Com o lampião na mão voltei o mais
rápido para sala.
— Nadya, me deixa clarear a entrada — falei, me
aproximando. Eu já tinha acendido o lampião, então clareei
a entrada, a qual era baixa e estreita. Só dava para entrar
um de cada vez. Quando clareei lá dentro, pude ver várias
entradas lá no fundo que dava em vários corredores.
— Vinício, Nadya, Fer e Adan, vamos ter que nos
separar, só temos um lampião, mas todos vocês têm celular,
então vamos usar para clarear o corredor, temos três
corredores, então dá para ir de dois, Fer você vai com o
Adan, eu vou sozinho, mas antes de entrarmos nesta
passagem, vou mandar uma mensagem para o delegado —
avisei, pegando meu celular e escrevendo uma mensagem
que dizia:

. E enviei a mensagem.
— Pronto, agora podemos ir.
— Não Noah, nós não sabemos se ele está armado,
logo, precisamos de alguma coisa para nos defender.
— Vinício você tem razão, na cozinha tem muitas facas
grandes e boas, cada um pega uma, e vamos atrás da Sarah
— falei me encaminhado com todos
para a cozinha, então cada um pegou uma faca e voltamos
para a passagem.
— Pessoal, mais uma coisa, não vamos fazer nenhum
barulho, pois a essa hora eles devem estar dormindo, vamos
pegá-lo de surpresa.
— Boa ideia Noah, vamos todos em silêncio — disse
Vinício, entrando na passagem. E atrás dele
estava Nadya, e um de cada vez entrou ali; eu fui o último a
entrar.
Quando entrei na passagem, fui em direção a um
corredor muito estreito e escuro, e com o lampião fui
clareando todo o caminho. Eu me sentia ansioso para
encontrá-la, pois alguma coisa me dizia que eu estou no
caminho certo. Logo, continuei andando. De repente senti
meu celular vibrar, pois estava no silencioso, quando
peguei para ver de quem era, vi que era uma mensagem do
delegado, que dizia:

— Que se dane!! Eu não tenho medo, vou continuar


procurando a Sarah!
E assim, continuei a caminhar, até que cheguei a uma
encruzilhada, pois tinha uma entrada para esquerda e outra
para direita. Peguei o lampião para clarear a direta e levei
um susto quando olhei, pois, dei de cara com a Fer e o
Adan.
— Que susto vocês me deram!! — falei clareando os
rostos deles.
— Noah, o corredor que entramos nos trouxe até aqui
— disse Fer, me olhando confusa.
— Fer, então só sobrou o corredor esquerdo, vamos
todos por ele então. — Entramos no corredor e seguimos
em frente. Era mais estreito que o outro, e percebi que na
parede tinha pontas de pregos, mas era impossível não se
arranhar, continuamos andando em silêncio, foi quando vi
lá no fundo uma luzinha bem fraca. Meu coração
disparou!! Foi como se eu sentisse que Sarah está perto.
Tudo o que eu mais quero é encontrá-la, e espero que
ela esteja bem, pois não respondo por mim, caso ele tenha
feito alguma coisa com ela. Passamos por um banheiro
nojento que não tinha porta, mas deu para ver que no lixo lá
dentro estava cheio de cabelo loiro. Gelei quando vi!! Será
que o cabelo é da Sarah? Entrei no banheiro e fiz sinal para
a Fer e o Adan me esperar, olhando tudo, encontrei a
camisola da Sarah caída no chão do outro lado do vaso
sanitário. É a camisola que usava na noite em que
desapareceu. Agora tenho certeza de que ela está aqui!
Peguei a camisola e mostrei para Fer.
— É da Sarah sim, ela está aqui — disse a Fer
baixinho.
— Sim, ela usava quando desapareceu — falei
baixinho também.
— Meu Deus!! Será que ele fez algum mal a ela? —
perguntou Fer preocupada.
— Tomara que não, pois não sei o que sou capaz de
fazer com ele.
— Se ele tocou nela Noah, eu te ajudo a dar uma surra
nele — disse o Adan com muita raiva.
— Tudo bem, toda ajuda é bem-vinda, já que não
sabemos se ele está armado, agora vamos continuar — falei
seguindo em frente, e eles vieram atrás. Andamos mais um
pouco, e eu consegui ver o lugar em que eles estavam. Foi
como pensei: eles estão dormindo, mas não consigo ver a
Sarah, e pelo que vejo daqui, ele está dormindo sem
nada, completamente nu, só que até agora não consegui ver
quem é esse safado. Percebi que na parede do meu lado
tinha uma porta, mas estava trancada e olhando do outro
lado onde eles estavam dormindo, vi outra porta. Continuei
ali parado, Fer e o Adan estavam atrás de mim, também
observando tudo. Notei que tinha outro corredor no canto
do lugar em que eles dormiam e pude ver Nadya e Vinício
fazendo sinal para nós. Eles também chegaram ao mesmo
lugar que nós, só que estavam do outro lado. Não tinha
outra saída! Então ele estava cercado. Não tinha como ele
fugir! Ficamos parados ali, para tentar ver onde Sarah
estava, foi quando percebi um movimento do lado dele
naquele colchão que ele dormia. Meu coração disparou
novamente, pois vi uma mulher que pensei ser a
Sarah, e ela sentou-se no colchão. Mas peraí!! É a Sarah! O
que ele fez com ela? Ela está de cabelo mais curto e mais
escuro.
— Noah, é a Sarah, Meu Deus, o que ele fez com ela?
Pelo que estou vendo ela também está nua — disse Fer
assustada com o que via.
Eu estava com tanta raiva daquele filho da mãe. Sarah
olhava para o meu lado, então eu deixei que ela me visse e
fiz sinal para ela. Quando finalmente me viu, colocou a
mão na boca e começou a limpar as lágrimas, pois passou a
mão no rosto como se estivesse limpando algo. Ela deve
estar chorando. Sarah percebeu movimento do outro lado e
olhou, notei que ficou surpresa quando viu Nadya fazendo
sinal para ela. Sarah até tentou se levantar.
— Aonde você vai? — perguntou o filho da
mãe, segurando o braço dela, a voz dele não me parecia
estranha, só que estou tão nervoso que não consigo me
lembrar de quem é.
— Vou ao banheiro, não consigo dormir.
— Não demora!
— Não vou demorar! — disse, soltando o braço dela,
ela se levantou e veio em minha direção, eu tirei minha
camisa, e quando ela chegou perto de mim, na hora agarrou
meu pescoço, mas não falou nada, e nós nos escondemos
no banheiro junto com ela.
— Veste essa camiseta! — falei baixinho, e ela mais
que depressa colocou a camiseta na hora. Tinha tanta
tristeza em seu olhar, e eles estavam inchados de tanto
chorar. — Meu amor, o que ele fez com você? — perguntei
baixinho no seu ouvido enquanto a abraçava.
— Noah, eu não quero falar sobre isso — respondeu
quase soluçando de tanto chorar.
— Sarah, por que tá demorando? — perguntou o idiota.
— Já estou indo!

— Sarah, você não vai voltar mais lá, vamos te tirar daqui
— falei abraçando-a, e no mesmo instante meu celular
vibrou, olhei era mensagem do delegado que dizia:

— Sarah, a polícia já está chegando. Você vai ficar


comigo.
— Mas ele é perigoso e pode fazer mal a você!
— Sarah, fica aí com o Noah, que eu vou me entender
com ele — disse o Adan, olhando para ela.
— Noah, o que ele está fazendo aqui?
— Sarah, agora não dá para explicar! Mas quando você
estiver longe desse filho da mãe que a sequestrou, eu te
conto tudo.
— Sarah! Por que está demorando? Será que vou ter
que ir atrás de você! – Gritou aquele idiota.
— Já estou indo, não estou me sentindo bem.
— Isso Sarah! Vai enrolando ele. Quem sabe dá tempo
da polícia chegar? — falei, olhando para o filho da mãe e
deu para ver daqui que ele estava se levantando do colchão
e virou para nossa direção.
— Meu Deus Sarah, não acredito no que estou vendo, é
ele quem te sequestrou e te perseguiu esse tempo todo.
Como não percebi nada! Eu nunca perceberia, já que
ele é meu amigo.
— Sarah, você melhorou? — perguntou ele, se
aproximando e quando chegou perto do banheiro, o Adan
apareceu na frente dele, fazendo-o se assustar.
— Oh cara!! Que susto você me deu. O que está
fazendo aqui? Eu posso saber? Como descobriu onde eu
moro e o que quer comigo?
— Só vim conversar com você! — disse o
Adan, fazendo sinal para gente ir embora, enquanto ele
distraía o desgraçado.
— Adan, eu preciso ver a Sarah e você não me
respondeu como me encontrou?
— Cara! Isso não interessa, eu só preciso falar com
você — disse, tentando afastá-lo daqui.
— Adan, para com isso, por que está me empurrando?
Já disse que preciso ver a Sarah.
— Sarah! Cadê você? — perguntou desesperado.
— Ainda estou no banheiro, não me sinto nada bem.
— Deixa ela cara! Nós precisamos conversar.
— Não tenho nada para falar com você, eu já tenho o
que quero. Sarah agora é minha mulher, ela pertence a
mim. Vai embora e me deixa em paz com ela.
— Saraaaah!!!! Por que não vêm logo? — perguntou,
tentando voltar para o banheiro, mas Adan não deixou.
— Cara esquece ela! Sarah nunca vai te amar.
— Para com isso Adan, eu já falei que ela é minha e foi
minha essa noite por completo.
— O quê? Do que ele está falando Sarah? – questionei
com muita raiva, olhando para ela, e Sarah começou a
chorar mais ainda.
— Ele me forçou Noah — ela falou tão baixo que não
ouvi direito, mas pelo choro entendi o que deve ter
acontecido.
— O quê!!! Aquele filho da mãe tocou em você?
— Sarah, com quem está falando? — perguntou o
idiota, tentando se aproximar, mas Adan o empurrou tão
forte que ele caiu sentado.
— O que você pensa que está fazendo Adan? Quem
está aí com você? Você trouxe alguém? Sua merdinha! —
gritou se levantando rapidinho.
— Adan, cuidadoooooo!!! Ele está atrás de você com
uma faca! — gritou Sarah, tentando alerta-lo, só que não
deu tempo, Adan olhou para Sarah quando ela gritou e foi
pego de surpresa pelas costas, levando duas facadas com
muita força e em seguida caiu no chão.
OUVI ALGUMA COISA ABRINDO, SÓ que depois
não ouvi mais nada. A casa parece estar em silêncio, não
ouço nenhum barulho. Todos devem estar dormindo.
Cheguei a pensar que acharam a passagem, mas pelo
silêncio, desistiram de procurar.
O computador estava desligado, mas não dava para eu
ver o que estava acontecendo na casa, então fiquei ali
deitada, chorando em silêncio, para que ele não acordasse.
Tudo o que eu mais quero é sumir daqui, já que não
posso ficar com Noah, também não quero ficar com mais
ninguém. A vontade de morrer é imensa, talvez essa fosse
uma saída para acabar com todo meu sofrimento. É uma
tristeza enorme no meu coração, não tenho forças nem para
lutar, a única coisa que posso fazer é rezar e confiar em
Deus de que alguém me encontrará. Bom, foi isso que eu
fiz, apesar de fazer muito tempo que eu não rezo. E hoje eu
rezei e vou continuar rezando e acreditando que vai dar
tudo certo.
Fiquei ali pensando… Como alguém consegue nos
enganar desse jeito? Não dá para entender! E somos tão
fáceis de sermos enganados, caímos em qualquer conversa
e confiamos na pessoa errada.
De repente ouvi passos, mas estavam tão longe que
achei que deveria ser na casa. Não sei o que está
acontecendo comigo. Pois de repente meu coração
disparou! Como se eu sentisse que Noah está por perto.
Que estranho isso!!
Eu não conseguia dormir e me deu vontade de ir ao
banheiro novamente, mas vou levantar devagar para não
acorda-lo. Eu me sentei no colchão e esperei um pouco, só
para ter certeza que ele estava mesmo dormindo, entretanto
quando eu olhei para o lado do banheiro, eu levei um susto.
Não sei se eu estava imaginando ou se realmente vi o
Noah fazendo sinal para mim. No entanto para minha
alegria é ele mesmo.
Ele estava se arriscando por mim. A emoção de vê-lo
foi tanta que quase gritei, mas coloquei a mão na boca na
hora, e ao mesmo tempo, minhas lágrimas começaram a
escorrer de emoção, então tentei me controlar e limpei meu
rosto. Olhei do outro lado, pois notei que tinha um
movimento por lá, quando olhei, vi a Nadya e o Vinício
fazendo sinal para mim. Fiquei surpresa e de boca aberta!
Eles também estão se arriscando por mim. Eu me levantei o
mais rápido que pude, mas fui interrompida por um puxão
no braço.
— Aonde você vai? — perguntou, acordando. Nossa!!
Que raiva. Esse idiota deve ter o sono leve. Não é possível!
Foi só eu me levantar para ele acordar.
— Vou ao banheiro, pois não consigo dormir.
— Não demora!
— Não vou demorar! — falei com muita raiva desse
idiota! Por mim, não voltava mais. Depois que ele soltou
meu braço, levantei o mais rápido que pude e fui para o
banheiro. Chegando perto, fui em direção ao Noah, saindo
da visão do idiota e agarrando o pescoço do Noah que
estava sem camisa, quando dei por mim, eu o
abraçava apertado. Observei que a Fer e o Adan,
se escondiam em um canto.
Ah, eu fiquei tão feliz de vê-los aqui que nem me
importei de estar nua. Só não entendi o que o Adan estava
fazendo aqui também. De repente Noah me puxou para
dentro do banheiro como se quisesse me dizer algo.
— Veste essa camiseta — disse, me entregando
a roupa, por isso ele estava com o peitoral nu, pois ele tirou
para que eu vestisse. E o mais rápido que eu pude, vesti a
peça. Não aguentava mais ficar nessa situação. Depois de
vestida, ele me abraçou de um jeito tão carinhoso que pude
sentir todo seu amor por mim. — Meu amor, o que ele fez
com você? — perguntou baixinho no meu ouvido.
Senti tanto amor no seu tom de voz! É esse amor que
eu quero para mim, e não o amor que aquele idiota
diz sentir. Esse amor doentio eu quero bem longe, pois
nenhuma mulher merece um amor assim. Só que me sinto
mal só de lembrar o que esse maluco fez
comigo, que comecei a chorar, sentindo uma tristeza
enorme se apoderar de mim. Aquele idiota acabou com
minha vontade de viver.
— Noah, eu não quero falar sobre isso! —
falei, soluçando de tanto chorar, pois a única vontade que
eu tinha agora é de sumir. O que me consola é o amor que
sinto pelo Noah, mas nem sei se vou ter coragem de
continuar com ele depois de tudo isso.
— Sarah, por que tá demorando? — perguntou aquele
babaca que só de ouvir sua voz me causava náuseas. Olhei
para o Noah, pois tudo que eu quero é que ele me tirasse
dali.
— Já estou indo — respondi, tentando enrolá-lo.
— Sarah, você não vai voltar mais lá! Vamos te tirar
daqui — disse Noah que parecia até que tinha ouvido meus
pensamentos, já que tudo que eu mais quero é sair desse
lugar. Notei que Noah pegou o seu celular e olhou.
— Sarah, a polícia já está chegando! Você vai ficar
aqui comigo — avisou-me, tentando me acalmar. Isso é
tudo o que eu mais quero; ficar com o Noah, mas senti
medo que alguma coisa de ruim acontecesse com a ele.
Aquele babaca é capaz de tudo para ficar comigo.
— Mas ele é perigoso e pode fazer mal a você.
— Sarah, fica aí com o Noah, que eu vou me entender
com ele — disse o Adan, me olhando.
— Noah, o que o Adan está fazendo aqui? —
perguntei, já que eu não estava entendendo nada! O que o
Adan tem para conversar com aquele idiota? De onde eles
se conhecem? — Não consegui ouvir aquela conversa toda
que ele teve com o Noah, por isso não entendo por qual
razão está aqui.
— Sarah, agora não dá para explicar! Mas quando você
estiver longe desse filho da mãe que a sequestrou, eu te
conto tudo — disse me abraçando novamente. Fiquei
realmente curiosa para saber o que há entre os dois.
— Sarah, por que está demorando? Será que vou ter
que ir atrás de você?
— Já estou indo, não estou me sentindo bem — falei o
mais rápido que pude para que ele não viesse atrás de mim.
— Isso Sarah! Vai enrolando ele. Quem sabe dá tempo
da Polícia chegar? — Quando Noah terminou de falar
baixinho, pude ver a expressão de seu rosto mudar, como se
ele tivesse se assustado. Olhei para ver o que foi, e eu vi o
idiota se levantando para vir atrás de mim e entendi o
porquê ele se assustou. Acho que Noah nunca imaginou
que quem estava me perseguindo era o seu amigo.
— Meu Deus Sarah! Não acredito no que estou vendo.
É ele quem te sequestrou e te perseguiu esse tempo todo.
Como não percebi nada? Eu nunca perceberia, pois ele era
meu amigo.
— Sarah, você melhorou? — perguntou se
aproximando, mas Adan apareceu na frente dele de repente,
e fez com que ele levasse um susto, enquanto eu, o Noah e
a Fer nos escondemos.
— Oh cara!! Que susto você me deu! O que está
fazendo aqui? Eu posso saber? Como descobriu onde eu
moro? E o que quer comigo? — perguntou parecendo
confuso. Agora não tenho mais dúvidas de que os dois se
conhecem. Só não sei como.
— Só vim conversar com você! — explicou O Adan,
fazendo sinal para a gente ir embora! Enquanto ele distraía
aquele idiota, mas não tinha como, pois, tenho certeza
que de onde ele estava, dava para nós ver.
— Adan, eu preciso ver a Sarah, e você não me
respondeu como me encontrou.
— Cara! Isso não interessa, mas preciso falar com você
— insistiu o Adan, tentando a afastá-lo de nós.
— Adan para com isso! Por que está me empurrando?
Preciso ver a Sarah.
— Sarah cadê você? — perguntava desesperado e com
raiva.
— Ainda estou no banheiro! Não me sinto nada bem
— falei, tentando convencê-lo que eu realmente estava
passando mal.
— Deixa ela cara! Precisamos conversar.
— Não tenho nada para falar com você! Eu já tenho o
que quero! Sarah agora é minha mulher, ela pertence a
mim. Vai embora e me deixa em paz com ela.
— Saraaaaah!!! Por que não vêm logo? —
perguntou Bola, ficando nervoso. Ele tentou ir para o
banheiro, mas Adan não deixou.
— Cara esquece ela!! Sarah nunca irá te amar —
falou Adan me deixando surpresa com sua atitude.
— Para com isso Adan! Já falei que ela é minha e foi
minha essa noite por completo! — disse ele me fazendo
ficar em choque, pois eu não esperava por isso, e Noah
olhou para mim surpreso com o que ele falou. E meus
olhos se encheram de lágrimas novamente.
— O que? Do que ele está falando Sarah? — perguntou
muito nervoso, e eu não consegui controlar e comecei a
chorar.
— Ele me forçou Noah!! — falei sussurrando, nem sei
se conseguiu ouvir.
— O quê!! Aquele filho da mãe tocou em você? —
perguntou, querendo sair do banheiro, mas eu e a Fer não
deixamos.
— Sarah, com quem está falando? —
perguntou Bola, nós ouvindo, pois Noah falou um pouco
mais alto, mas quando ele tentou se aproximar
novamente, Adan o empurrou tão forte que ele caiu
sentado.
— O que você pensa que está fazendo Adan? Quem
está aí com você? Você trouxe alguém? Sua merdinha! —
questionou muito nervoso. Eu notei que ele logo se
levantou rapidinho com uma faca na mão.
— Adan cuidadooooooo!!! Ele está atrás de você com
uma faca na mão! – alertei gritando, só que ele se distraiu,
olhando para mim quando gritei, pois, apareci no meio do
corredor, e o idiota aproveitou deu duas facadas nas costas
do Adan.
— Nãooooo!!! Matheus, por que fez isso? —
perguntei, tentando ir até o Adan que estava caído no chão,
mas Noah não deixou. Quando ele viu que era o Noah que
estava comigo ficou puto da vida.
— Noah, o que pensa que está fazendo com minha
mulher? — questionou Matheus com muita raiva. Enquanto
ele falava, Vinício e Nadya tentavam tirar o Adan do chão
sem que ele percebesse.
— Matheus, Sarah não é sua mulher, ela não te ama e
nunca te amou. Pensei que você fosse meu amigo, eu até
arrumei esse emprego para você trabalhar, pois estava
precisando e como seu amigo eu quis te ajudar e olha o que
você está fazendo! Por que Matheus? O que fizemos para
você? Sarah sempre te tratou tão bem. Não entendo por
que tá agindo assim agora!
— Noah, você sempre teve tudo que quis, só não terá a
Sarah, pois ela é minha, me apaixonei por ela e você mais
uma vez entrou no meu caminho.
— Matheus, eu pensei que você tinha entendido que eu
nunca tive nada com a Carla.
— Eu entendi! Só não entendo o porquê está sempre no
meu caminho, mas agora quem está no seu caminho sou eu!
— disse se aproximando muito rápido de Sarah e puxando-
a pelo braço.
— Larga ela Matheus!! — gritou tentando me puxar de
volta.
— Noah, para com isso, por favor! ele vai te
machucar! — falei chorando novamente. Só que não deu
tempo, pois Matheus tentou dar uma facada no Noah, só
que ele foi mais rápido e a faca pegou de raspão no braço
dele.
— Acho melhor você largar ela, pois não vou pensar
duas vezes se eu precisar entrar com essa faca em você —
disse Vinício, colocando uma faca nas costas dele, ele me
soltou na hora, e eu corri para o Noah que estava com o
braço sangrando. Percebi que Nadya e Adan não
estavam mais aqui, só que machucado como o Adan
estava, ele não iria muito longe.
— Vinício, essa briga não é sua, então acho bom ir
embora daqui e deixar eu e o Noah resolver isso!
— Não temos nada para resolver Matheus, só quero
saber o porquê se fez de bonzinho esse tempo todo, já que
foi você mesmo quem me agrediu aquele dia. Por que me
levou para o hospital?
— Eu não tive escolha, cruzei com a Carla na
escada indo para seu apartamento, sei que era para o seu
apartamento, pois paramos para conversar e ela me disse
que estava indo ver o que aconteceu com você, pois não
tinha descido para o café, nos despedimos e eu continuei a
descer, quando já estava no pé da escada, ouvi a Carla
gritar e logo desceu correndo pedido minha ajuda, então
tive que ajudar. Mas por mim você teria morrido.
— Não entendo toda essa raiva! Pois sempre te tratei
como amigo, nunca pensei que fosse fazer isso comigo.
— Noah, você é muito ingênuo, nunca te ensinaram
para não confiar totalmente em alguém? Pois esse mundo
não é totalmente confiável. Não tenho culpa se você é tão
ingênuo assim, nunca fui com sua cara mesmo, só que você
não precisava saber disso.
— Noah, não dê ouvidos a ele, pois só está tentando de
deixar nervoso! — falou Vinício, cutucando ele com a faca.
— Vinício onde está Nadya? — perguntei, notando
que ela tinha sumido junto com o Adan.
— Ela foi buscar ajuda! — respondeu sem tirar sua
atenção do Matheus. Ainda bem que ele não falou que era a
Polícia, pois Matheus poderia ficar mais nervoso do que já
estava!
— Noah, nós precisamos arrumar alguma coisa para
amarrá-lo! Acho também que Fer e a Sarah deveriam ir
embora daqui — disse Vinício sem tirar o olho do Mateus.
— Sarah não vai para lugar algum, vai ficar aqui
comigo! — gritou desesperado.

— Cala a boca, Matheus! Ela vai embora sim! —


repreendeu Vinício. Não sei aonde Fer arrumou a corda,
pois ela apareceu com uma nas mãos e entregou para o
Noah.
— Noah, eu encontrei essa corda aqui perto do
banheiro! — disse ao entregar para o Noah!
— Fer, leva Sarah daqui!
— Daqui ela não sai! — falou Matheus, dando um
soco por trás no Vinício, mas Noah foi mais rápido que
ele e pegou o Matheus pelo pescoço.
— Corre Sarah! Fer, some daqui! — gritou Noah
enquanto segurava o idiota pelo pescoço. Eu e Fer
corremos sem olhar para trás, e Vinício ficou ali, tentando
se recuperar do soco que levou no estômago, mas vi antes
de correr que eles estavam começando a
amarrar o Matheus, o qual xingava, tentando sair dos dois.
Depois eu não vi mais nada, pois nós corremos pelo
corredor escuro, porque só o celular da Fer clareava
fracamente o caminho. Estávamos tão nervosas que
corremos sem nos preocupar com as pontas dos pregos que
tinham na parede do corredor, e acabamos nos machucando
de tanto esbarrar neles, mas tudo que
queremos é sair daqui, então não nos importamos com os
machucados. De repente o celular da Fer clareou uma porta
em uma curva do corredor.
— Vem Sarah, têm uma porta aqui, vamos tentar entrar
nela e ver aonde vai dar! — disse, pegando em minha mão
e com a outra tentou abrir a porta, e por sorte ela estava
aberta.
Sem pensar, nós entramos por ela, e notamos que tinha
uma escada com uns dez degraus e subimos. Para a nossa
surpresa havia outro corredor. Ele era estreito, curto, então
quando Fer clareou com o seu celular, deu para ver uma
porta não muito longe. Com passos receosos, caminhamos
até ela e forçamos a maçaneta tentando abri-la, mais uma
vez tivemos sorte, pois estava aberta, entramos por ela e
quando entramos levamos um susto, pois saímos dentro de
um guarda-roupa, abrimos a porta e saímos no meu antigo
quarto.
Agora eu entendi porque, mesmo com a porta trancada,
ele sempre entrava.
Quando saímos do quarto, comecei a chorar, por tudo
que vivi com aquele idiota do Matheus. Não consegui me
controlar e chorei feito criança.
Agora tenho certeza que neste mundo, não devemos
confiar em qualquer um que pareça ser bonzinho. Como
sou idiota!! Sei que confiança é tudo, tanto na amizade,
como em relacionamento, mas aprendi que devemos
confiar desconfiando o tempo todo, porque se não, você
tem outra decepção como tive com o Matheus.
Não faz tanto tempo que eu o conheci, mas se mostrava
ser uma boa pessoa, gostava dele mesmo como um amigo,
tinha muito carinho por ele. No entanto a decepção foi
grande. Eu me sinto abalada fisicamente e mentalmente,
pois o que vivi com ele em apenas um dia e uma noite vai
ficar marcado para o resto da minha vida. Sei que um dia
vou esquecer tudo isso, mas uma pequena cicatriz vai ficar.
Eu ainda continuava chorando, pois além de tudo que vivi
com o Matheus, tenho medo que ele consiga fazer algum
mal ao Noah e ao Vinício.
— Sarah, o que você está fazendo parada aí?
Vem, vamos tentar buscar ajuda — perguntou a Fer me
olhando parada na porta do quarto.
Eu estava chorando e pensando. Fer se aproximou de
mim, me pegou pela mão e descemos as escadas juntos,
mas paramos no meio dela, quando ouvimos barulho de
gente na sala e tentamos ver quem era. Para a nossa
surpresa era o delegado Victor conversando com a
Nadya, enquanto dois homens carregavam o Adan por uma
maca para fora da casa. Então ainda chorando, desci o mais
rápido que pude. Quando eles me viram, me olharam
assustados.
— Sarah, como você conseguiu sair de lá? —
perguntou Nadya se aproximando de mim, e quando
chegou perto ela me abraçou. Foi aí que eu desabei a chorar
de soluçar. Afinal havia muita tristeza em meu coração, já
que nunca pensei que esse tipo de coisa fosse acontecer
comigo.
— Nadya, eu a ajudei a sair de lá, só que ela está
muito abalada! — explicou Fer que também se aproximava
de mim.
— Sarah, você pode me contar o que aconteceu? —
perguntou o delegado. Eu ainda continuava abraçada com
minha amiga, eu me afastei de Nadya e olhei para ele ainda
chorando.
— Só vou contar tudo o que aconteceu comigo depois
que você ajudar o Noah e o Vinício, que neste momento
podem estar correndo perigo — falei me
aproximando dele, e na mesma hora e sem me dizer uma
palavra, ele saiu pela porta da sala chamando os policiais.
— Sarah onde eles estão? — questionou voltando com
muitos policiais.
— Dr Victor, vem comigo que levo vocês até lá.
Nadya, você fica com a Sarah que vou eles.
— Fico sim, pode ir que eu cuidarei dela — disse
minha amiga, me abraçado. Então Fer os guiou até a
entrada da passagem. E pelo o que eu ouvi daqui ele pediu
para os policias se separarem e cada um entrar em um
corredor. E, seguiram a fim de pegar aquele idiota do
Matheus entraram.
— Nadya, eu quero ver o Adan — falei triste, mas um
pouco mais calma.
— Sarah, ele já deve estar indo para o hospital.
— Mas como ele está? Eu queria saber.
— Pelo o que eu vi, ele não está nada bem, pois perdeu
muito sangue, eu acho que o estado dele é grave, já que ele
não conseguia nem andar! E foi difícil arrastá-lo até aqui,
mas graças a Deus, eu consegui.
— Eu quero vê-lo, Nadya!
— Assim que tudo isso acabar, nós vamos direto para o
hospital ter notícias dele. No entanto agora você precisa
subir para tomar um banho e colocar uma roupa
descente, e enquanto isso eu vou preparar alguma coisa
para você comer.
— Nadya, eu não estou com fome e não quero comer
nada enquanto não tiver certeza que Noah está bem, mas
preciso sim, tomar um banho, você fica comigo no quarto?
Não quero ficar sozinha.
— Claro que fico! — disse, minha amiga se sentando
na minha cama.
Eu me sentia muito cansada, precisando
mesmo relaxar, e não há nada que uma banheira de água
bem gostosa não resolva. Já dentro da banheira enquanto
Nadya esperava no quarto, fiquei ali pensando em tudo que
aconteceu. Já tinha amanhecido e eu nem percebi, também
com a confusão que foi minha noite! Perceber como? Sai
da banheira totalmente relaxada, me sentindo outra pessoa,
mas ainda estava dolorida e com marcas de mordidas por
todo o corpo, principalmente no seio. Sem falar que o meu
coração estava aos pedaços. Ele só pode ser louco para me
encher de mordidas.
Depois do banho tomado, coloquei um vestido laranja
curto bem fresquinho, pois estava muito calor. No
entanto ao me olhar no espelho, uma angustia tomou conta
de mim, pois minha alma estava ferida. E quando olhei
meu cabelo curto e escuro pelo espelho, me lembrei de tudo
o que passei com aquele desgraçado. Então decidi não
olhar mais no espelho, até que meu cabelo esteja no
tamanho que estava antes dele cortar, só assim vou
conseguir esquecer um pouco tudo que vivi. Ainda assim
não dá para esquecer totalmente, não é uma coisa fácil de
fazer, porque meu corpo todo estava marcado e tinha um
machucado enorme no meu coração, e esse machucado era
o que mais doía. Saí do banheiro e vi que Nadya estava me
olhando.
— Sarah, está tudo bem com você? —
perguntou, notando a minha tristeza.
— Não está nada bem, Nadya.
— Sarah, senta aqui do meu lado, vamos conversar —
disse minha amiga, batendo a mão na cama.
De repente o Lipe entrou correndo no meu
quarto, pulando em meu colo, eu fiquei tão feliz de vê-lo
que o enchi de beijos, e com ele no colo fiquei pensando se
eu deveria contar tudo o que aconteceu para
Nadya. Ela sempre foi a minha melhor amiga, e na
verdade eu a tenho como uma irmã, logo acho que seria
bom colocar para fora tudo o que estou sentindo e contar
para ela o que aconteceu.
— Nadya, eu acho que preciso mesmo contar, pois se
eu ficar guardando para mim, não vai me fazer bem.
— Então amiga se você vai se sentir melhor contando,
estou aqui para te ouvir e te ajudar no que precisar.
— Obrigada Nadya por todo carinho.
— Não precisa agradecer, pois somos mais que
amigas, lembra? Para mim você é como se fosse minha
irmã — disse, olhando, enquanto eu apenas concordei com
a cabeça e fiquei pensando como começar a contar, pois
tinha medo da sua reação, entretanto criei coragem, já que
eu não tive culpa de nada e fui apenas uma vítima e
comecei a contar.
Ficamos alguns minutos conversando sobre isso, vi sua
expressão assustada com tudo o que contei a ela, e
ainda a poupei dos detalhes, pois assustaria muito mais.
Depois de tudo que ouviu, ela se aproximou de mim e me
abraçou. Só que não falou nada, e foi melhor assim, pois se
me enchesse de perguntas, eu não iria gostar.
De repente, nós ouvimos um barulho vindo do chão do
meu quarto e no mesmo instante, na frente da minha cama
o chão se abriu, e Vinício apareceu ali do nada.
— Vinício você está bem? — perguntou Nadya, se
levantando da cama indo ao encontro dele e o beijou. Eu
fiquei feliz de saber que eles estão juntos, pois Nadya
merece alguém como ele.
— Sim, estou bem! — respondeu Vinício, acariciando
o rosto de Nadya. De repente, mais uma surpresa: a Fer sai
do mesmo lugar que Vinício.
— Sarah, sua casa é demais! Tem várias passagens nos
lugares que nem imaginamos — disse Fer ao sair da
passagem. E do nada; ouço mais barulhos do lado de fora
do quarto.
Quando saímos do quarto para ver o que era, ficamos
assustados, pois havia policiais saindo de todos os
quartos. Vi quando Noah saiu junto com o delegado, e mais
dois policiais com o Matheus algemado do meu quarto
antigo, porém tanto o Noah quanto o Matheus
estavam muito machucados. Eu deduzi que andaram
brigando. Quando Noah me viu, veio em minha direção, e
eu saí correndo de onde eu estava e fui ao encontro dele.
— Noah, você está bem? — perguntei muito
preocupada.
— Sim, meu anjo, eu estou bem, mas eu quero saber
como você está Sarah. — perguntou me beijando, mas
quando Matheus viu a cena…
— Seu filho da mãe, larga minha mulher! Sarah é
minha, eu vou voltar e acabar com a festa de vocês, pois a
Sarah me pertence!
— Cala boca seu marginal! Se depender de mim, vai
passar o resto da sua vida na cadeia ou numa clínica para
loucos, pois é o que você é “Louco” — falou o
delegado, dando um tapa na cabeça do Matheus, mas
mesmo assim ele continuou:
— Eu não sou louco, e a Sarah é minha mulher! Eu
vou voltar meu amor… Você me espera? Eu te amo Sarah!
Seu filho da mãe tira a mão da minha mulher, eu não sou
louco, não sou louco…! — Ele foi repetindo isso, até sair
da casa. Em seguida, ele entrou à força no jatinho da
polícia que esperava por ele.
O DELEGADO VOLTOU DEPOIS DE
colocar Matheus no jatinho e entrou olhando para mim e
para Noah.
— Noah e Sarah, vocês precisam ir para o hospital,
pois você e Noah estão muito machucados, e você, Sarah,
precisa fazer alguns exames! Depois disso quero que
vocês passem na delegacia, pois precisamos conversar, e
eu quero saber Sarah, o que ele fez a você enquanto estava
nas mãos dele. Lá explicarei tudo a respeito do Matheus,
que na verdade se chama Miguel! Agora preciso ir, até mais
— disse o delegado, indo embora. Nós nos olhamos sem
entender nada.
— Sarah, agora eu fiquei confuso! Já faz muito tempo
que eu o conheço, mas nunca imaginei que ele fosse
assim, ou que seu nome é falso. A gente pensa que
conhece alguém, mas na verdade a gente se engana muito
fácil com as pessoas que se mostram ser de
confiança, principalmente aqueles que estão sempre
tentando ajudar, estão presentes em tudo e nos mostra
amabilidade. Sem falar que para essas pessoas, tudo está
sempre bom, até parece que são perfeitos.
— Agora eu entendo Sarah! Que nem sempre pessoas
assim são de confiança, pois acredito que todo mundo tem
defeitos como qualquer um, pois não são perfeitos como
Matheus mostrava ser.
— Verdade Noah! Ele sempre mostrava ser de
confiança, Matheus era muito amável, estava sempre
disposto a ajudar e olha que me ajudou muito! Foi ele quem
me levou para o hospital quando você estava lá, porque ele
te agrediu! Nossa, tem que ter muito sangue frio, para te
agredir e socorrer ao mesmo tempo! E depois ainda me
levar para o hospital para te ver, como se não fosse ele
quem te agrediu! Eu cheguei a pensar que ele tinha
família, inclusive ele me disse que estava tudo bem com
eles, e ainda por cima usava uma aliança. Nossa, que
mentiroso! Nem família tem! Pois ele sempre
morou sozinho nesta casa.
— Sarah, eu também pensei que ele morava com seus
pais aqui na ilha. Nunca pensei que Matheus morasse aqui
sem ninguém! Só sabia que ele não tinha namorada!
— Ele nos enganou muito bem! Só uma coisa não está
se encaixando nesta história toda!
— O que Sarah?
— Quero saber o que o Adan tem a ver com tudo que
aconteceu. O que ele queria comigo? Só não fiquei
sabendo porque fui sequestrada!
— Sarah, senta aqui no sofá, que eu vou te contar tudo
o que sei! — disse Noah, se sentando no sofá junto
comigo, então ele começou a me contar como o Adan veio
parar aqui, e como ele conheceu o Matheus, e que ele teve
um pouco de culpa por tudo que aconteceu comigo, mas
que se arrependeu e tentou me avisar, porém já era tarde,
pois eu já tinha sido sequestrada, então todos se uniram
para me encontrar, e disse que o resto eu já sei, pois eu o
vi se arriscando por mim…
— Noah, eu nunca pensei que Adan ainda me amava!
Ele sempre tentou se explicar, mas eu nunca deixei. Só que
nada justifica o que ele fez, mesmo se arriscando, pois ele
me traiu, e eu não o amo mais já faz algum tempo. A única
certeza que tenho agora Noah, é que eu amo voc…. — falei
surpresa com tudo que eu ouvi. Só que ele não me deixou
terminar a frase e me beijou dizendo o quanto me ama.
— Noah, eu acho melhor tomar um banho, pois
precisamos ir ao hospital e também quero ter notícias do
Adan — falei, depois de um beijo delicioso.
— Eu sei que você quer, eu também quero saber se ele
está bem, afinal, nos ajudou muito a te encontrar. Então já
estou indo tomar um banho, você vem junto? — perguntou
me dando um selinho.
— Não Noah, eu não me sinto bem para isso hoje —
falei sem graça, pois na verdade nem sei se depois de tudo
que passei vou conseguir ter intimidade com ele e eu já
tinha tomado um banho.
— Tudo bem Sarah, eu entendo! Vou lá então, logo eu
desço — disse, indo tomar seu banho. Nadya e Vinício
estavam no quarto das meninas, acho que estão
descansando, pois ninguém dormiu esta noite. Fer estava
cuidando do Lipe na cozinha, e eu fui preparar alguma
coisa para nós comermos, então fiz lanches naturais, e a Fer
sentou à mesa comigo para esperar o Noah descer.
— Sarah, sua casa é demais! E, se você reformar
também onde nós estivemos quando entramos na
passagem, sua casa vai ficar enorme! E se você quiser pode
até transforma-la em pousada — falava minha amiga toda
animada. Até que não é má ideia. Amei essa ilha e esse
lugar. Vou pensar sobre isso!
— Fer, minha casa é mesmo grande, e tem passagens,
que pensando bem, dá sim para aproveitá-las, vou pensar
nisso depois — falei, olhando para ela e ouvi que Noah já
estava descendo e logo apareceu na sala de jantar, onde
estávamos esperando por ele. Noah estava lindo com uma
bermuda jeans para baixo do joelho e uma camiseta branca
que marcava bem o seu tórax, ele parecia um deus
grego com aquele cabelo escuro, cacheados, pele bronzeada
do sol e os olhos cor de mel.
Que homem é esse meu Deus!!! Esse é o meu homem!
Levantei de onde eu estava, fui até ele e lhe dei um beijo
daqueles! Bem gostoso. Em seguida, nós fomos juntos para
a mesa comer o lanche que eu preparei. Fer já tinha comido
e estava brincando com o Lipe, e eu e o Noah estávamos
conversando, quando ouvimos barulho de jatinho lá
fora, logo depois alguém bateu na porta. Fer, com o Lipe no
colo, foi atender, e voltou falando:
— Sarah, Noah, têm um rapaz de jatinho dizendo que
veio buscar vocês, ele disse que o delegado Victor mandou
buscar para levar vocês para o Hospital.
— Noah, liga para o delegado, para ter certeza de que
foi ele quem mandou vir nos buscar! — falei desconfiada!
Sei lá, o Matheus foi preso, mas ainda tenho medo, pode ter
mais alguém ajudando ele.
— Verdade Sarah!! Vou ligar agora — disse pegando o
celular e ligando para o delegado, como eu estava perto
dele, deu para eu ouvi-lo perguntar se o delegado tinha
mandado alguém vir nos buscar, e logo se despediu e
desligou.
— Sarah está tudo bem! Foi ele sim, quem mandou nós
buscar para nós levar ao o hospital. Bom, eu acho que eu
não preciso ir, pois estou bem! Mas também não custa nada
ir, só que você precisa ser examinada, e depois ele quer
conversar com a gente.
— Noah, eu também acho, não custa você ir, eu já
estou pronta.
— Também estou! Já podemos ir — falou Noah, indo
em direção a porta da sala, e eu fui falar com a Fer, me
aproximando dela que brincava com o Lipe no chão da
sala.
— Fer, eu posso falar com você?
— Claro que sim Sarah! — disse se levantando do
chão.
— Fer, vou ao hospital, e depois vou à delegacia, pois
o delegado quer falar comigo! Você pode tomar conta da
casa? Pois Nadya e Vinício estão descansando.
— Fica tranquila, amiga! Cuidarei sim, pois não estou
cansada, vou ficar aqui assistido TV com o Lipe,
depois eu preparo o almoço.
— Obrigada Fer, eu não pretendo demorar, mas
qualquer coisa, eu te ligo. – falei saindo e fomos direto para
o jatinho.
Chegamos ao hospital, e o doutor Luiz, que cuidou do
Noah da outra vez, nos examinou. Eu fiquei bastante
constrangida, só que era necessário esse procedimento, já
que fui violentada. O médico até me encaminhou para um
psicólogo para me ajudar a superar tudo isso, já que eu
estava bastante abalada. Depois de conversar comigo,
ele chamou o Noah, e disse que está tudo bem com ele,
pois os machucados foram superficiais. Enquanto o
médico falava, escrevia em um papel. Disse também que só
os pontos da cabeça abriram um pouco, mas ele trocou os
mesmos e depois nos entregou um papel, e pediu para o
Noah voltar para tirar os pontos da cabeça daqui sete
dias. Minutos depois, ele se despediu da gente, entretanto
quando eu já estava saindo do consultório dele, eu
me lembrei de perguntar sobre o Adan.
— Doutor Luiz, eu posso te fazer uma pergunta?
— Claro, que sim, Sarah!
— Chegou um rapaz aqui no hospital mais cedo que foi
esfaqueado pelas costas? Eu gostaria de saber dele. O seu
nome é Adan Risso.
— Sim chegou! Ele inclusive no momento está sendo
operado, pois as facadas pegaram na coluna, então ainda
não sabemos como ele vai reagir a essa operação, pois sua
coluna foi gravemente afetada, se ele reagir bem, vai
precisar de muita fisioterapia para voltar a andar, assim que
ele sair da sala de cirurgia vocês poderão vê-lo, mas só uma
olhadinha de longe, porém amanhã se ele estiver bem,
poderá receber visitas.
— Obrigado doutor Luiz. Mas ele não está correndo
risco de vida?
— Não Sarah! Ele não corre risco de vida!
— Graças a Deus! O senhor poderia me ligar quando
realmente ele puder receber visita? Pois eu moro na ilha de
Boipeba e fica difícil para eu ficar vindo para cá.
— Entendo Sarah! Então me passa seu celular, por
gentileza, que ligarei sim. Mas me diz uma coisa, você é
parente desse rapaz?
— Não, sou apenas a ex-namorada, e ele salvou minha
vida, por isso está aqui, devo tudo a ele!
— Sarah, eu entendo! Mas a família dele deve ser
avisada do que aconteceu com ele.
— Vou ligar para eles e avisá-los! Obrigada por tudo
doutor — falei me despedindo, e saímos, meus olhos
estavam cheios de lágrimas, visto que ele está assim por me
ajudar.
— Sarah, não fica assim! Ele é forte e vai sair dessa.
— Eu sei Noah! Mesmo assim fico triste. Agora vamos
para delegacia, vou ligar para seu Pedro! — falei ligando.
Seu Pedro é um senhor tão bonzinho que toda vez que
venho para cá, sempre ligo para ele. Não demorou muito
e ele já estava na porta do hospital, então eu pedi
que ele nos levasse até a delegacia. Chegando
lá, eu agradeci e paguei a ele por ter trazido a gente, e me
despedi dele. Em seguida nós entramos na delegacia.
Quando o delegado nos viu, veio em nossa direção.
— Oi Sarah! Como você está? Foram ao hospital?
— Sim, estamos chegando de lá senhor Victor. Apesar
de tudo que passei nas mãos daquele louco! Eu estou bem,
Graças a Deus ele não me machucou, mas infelizmente me
torturou psicologicamente e me violentou! Sei que se Deus
quiser, vou superar tudo isso! Mas não é nada
fácil me lembrar de tudo que passei — falei triste e com
lágrimas nos olhos.
— Sarah, eu sei que não vai ser fácil! No entanto
preciso que a senhorita me conte tudo o que passou nas
mãos dele. Vamos ao meu escritório e conversamos sobre
isso lá, pois tenho muita coisa para te contar. Mas e você,
Noah? ainda não me falou nada.
— Doutor Victor, graças a Deus, eu estou bem! Meus
machucados foram superficiais.
— Noah, ele te entregou o laudo que pedi para ele
fazer sobre seus ferimentos? E sobre o estado da Sarah?
— Olha, ele me entregou um papel! Mas nem vi do que
se trata. Então não sei se é disso que precisa — disse Noah,
entregando o papel para ele.
— É disso mesmo que eu preciso — confirmou o
delegado, abrindo a porta do seu escritório. Quando a gente
entrou, ele nos mandou sentar, então nós nos acomodamos
em frente à sua mesa. Ele abriu uma gaveta e tirou uma
pasta de dentro dela.
— Sarah, eu acho que você não faz ideia do que têm
aqui nesta pasta. — falou ele, me entregando a pasta.
Abrindo a pasta, eu dei de cara com a papelada da minha
casa, que estava em meu nome. Depois vi que
tinham alguns documentos falsos de venda de imóvel sobre
a minha casa, incluindo o nome do vendedor: Miguel
Capellari. Então me lembrei, que antes do delegado ir
embora de minha casa, disse que o verdadeiro nome de
Matheus é Miguel. Será que é o mesmo nome presente na
papelada falsa?
— O que significa isso, Victor?
— São os documentos da sua casa; o original e o
falsificado. Nós os encontramos onde o Matheus morava,
no mesmo local em que ele foi preso, que nada mais é, do
que o porão da sua casa. E estava com ele esse tempo todo.
Meus policiais encontraram enquanto vasculhavam o
local à procura de armas.
— Nossa! Eu não tô acreditando! Ele ia vender minha
casa?
— Sim Sarah! Mas têm muita coisa que você ainda não
sabe sobre ele! Matheus, que na verdade chama Miguel
Capellari, é fugitivo de uma clínica para doentes mentais.
Ele tem transtorno de personalidade psicopática. Quando
ele tinha dezoito anos, teve um surto e matou seu pai e seu
irmão, e sua mãe conseguiu fugir e pedir socorro. Por
fim, conseguiram prendê-lo, só que ele foi diagnosticado
com essa doença, e desde então ficou internado em uma
clínica psiquiatra chamada São Lucas no México,
mas há dez anos, a clínica pegou fogo, e muitos pacientes
foram transferidos para outro lugar, no entanto Miguel, que
na época vivia a base de remédios, fugiu sem ninguém
perceber por causa da confusão. E quando perceberam já
era tarde, pois ele tinha sumido. E veio parar aqui nesta
ilha. No entanto pelo que vimos onde ele estava
morando, ainda tomava os remédios, que talvez tenha
roubado da clínica em que fugiu, e pelo que
percebi, ele também já está sem remédios faz dois anos, e
já estava começando a surtar de novo. Você teve muita
sorte dele não ter te machucado. Mas gostaria de saber o
que ele fez a você, nesse tempo em que esteve com
ele. Que graças a Deus não foi muito tempo. Só consegui
toda essa informação com os bilhetes que me entregaram,
pois ele deixou suas digitais lá.
— Doutor Victor, eu estou tentando digerir tudo que
me contou! Não acredito que tinha um homem tão perigoso
na minha casa, visto que ele nunca demonstrou ser assim!
Que burra eu sou! Sou advogada, eu deveria ter percebido
algo de errado nele. Meu Deus! Como fui ingênua — falei
incrédula, me levantado da cadeira e andando de um lado
para o outro muito nervosa só de pensar no que passei.
— Não sei como contar tudo que passei com ele, é
muito constrangedor, ainda mais na frente do Noah, pois fui
violentada.
— Sarah, você quer que eu saia? Para ficar mais à
vontade e contar o que aconteceu com você?
— Ah Noah, não precisa sair, pois eu não tenho nada
para esconder de você, e além do mais, você é meu
namorado e precisa saber o que aconteceu. E juro que
eu vou entender se não quiser ficar comigo depois do que
eu contar.
— Sarah, você tem certeza que está bem para contar?
— perguntou o delegado, pois percebeu como eu estava
nervosa.
— Sim, eu tenho, sei que posso ajudar a fazer esse
louco do Matheus, quero dizer… Miguel, a ficar preso por
muito tempo.
— Sim, vai ajudar muito!
— Então contarei o que aconteceu comigo. Desculpe
Noah, mas eu não tive culpa. Seu delegado, ele abusou de
mim totalmente, sem minha permissão. Eu ainda sinto um
pouco de dor ao me sentar. Desculpe mais uma vez Noah,
mas ele me catou por trás, e tenho marcas de mordidas e
chupadas por todo o corpo — falei levantando meu vestido,
pois eu estava de biquíni por baixo e uma bermuda curta,
pois sabia que além do médico, eu deveria mostrar essas
marcas para o delegado, então mostrei a barriga e minhas
cochas, enquanto eu continuava a contar. Não
consegui me controlar, e uma lágrima escorria pelo meu
rosto, e quando eu comecei a chorar, vi que Noah se
levantou e veio em minha direção.
— Tudo bem amor, não precisa contar mais nada, nós
já entendemos. Sabemos que você não teve culpa, pois ele
te obrigou. Eu nunca vou largar você por isso, você sabe
que te amo desde a primeira vez que te vi, e não vai ser isso
que vai mudar o que sinto por você. O que eu quero é estar
sempre ao seu lado. Isso tudo que passou, acabou. Vamos
tentar esquecer e seguir nossas vidas. E não esquenta, já
que você fica linda de qualquer jeito! Este cabelo curto e
um pouco mais escuro só te deixou mais linda ainda —
disse Noah, me dando um beijo na testa. Nós até
esquecemos que o delegado estava ali.
— HUMHUM — fez o delegado chamando nossa
atenção.
— Seu delegado, nos desculpe!
— Não se desculpe Sarah! Também sou um homem
apaixonado e bem casado, sei como é o amor. Mas sinto em
lhe dizer que você foi estuprada. Posso tirar umas fotos do
seu corpo? Com todo respeito, claro, pois é uma prova a
mais contra ele — disse escrevendo em uma caderneta.
— Claro seu Delegado, pode tirar fotos —
falei, tirando o vestido. E ele pediu licença e saiu, voltando
em seguida com uma câmera. Depois ele tirou fotos da
minha barriga, e das minhas cochas.
— Mas graças a tudo que contou Sarah, e mais essas
fotos, ele nunca mais vai conseguir fugir, pois não vamos
tratá-lo como um doente, e sim como um psicopata, e vai
ficar preso para o resto de sua vida, pois provou várias
vezes que é um perigo para o mundo, sendo capaz de
qualquer coisa. Então Sarah fica tranquila, que da prisão se
depender de mim, ele não sai nunca mais. Viva a sua vida,
tente esquecer o que aconteceu e deixe o resto comigo —
disse, fazendo sinal para eu me vestir.
— Muito obrigada por tudo, doutor.
— Não foi nada Sarah! Só fiz o meu serviço, e de
qualquer coisa que precisar é só chamar. Agora vou pedir
para um dos meus policiais levarem vocês de volta para
casa — avisou indo em direção ao mesmo rapaz que nos
trouxe para cá, e fez sinal para nós aproximar, então nós
dois caminhamos em direção a eles.
— Noah, Sarah! Ele vai levar vocês, ok? — então nós
nos despedimos, após ele me entregar a pasta com os
documentos da minha casa que estava em sua mão, e
nós seguimos o rapaz e fomos embora direto para
casa. Eu me sentia aliviada de estar com os documentos em
minhas mãos.
Chegamos a casa mais ou menos quatro horas da tarde,
estava cansada e exausta, já que minha noite foi terrível.
— Noah, você se importa que eu vá tomar um banho e
descansar um pouco?
— Claro que não, Sarah! Você precisa mesmo
descansar, vai lá tomar um banho que eu vou preparar algo
para você comer e depois te deixo descansar.
— Noah, eu não estou com fome!
— Mas precisa comer, Sarah!
— Oiiiiiiiiiiiii! – Entramos na casa e nem percebemos
que meus amigos estavam na sala. Eles falaram oi em
coro para gente. Nadya, Fer e Vinício se levantaram e se
aproximaram.
— Sarah, como foi lá na delegacia? Você tem notícias
do Adan? — perguntou Nadya, enquanto se aproximou de
mim.
— Sim, ele estava sendo operado. As facadas pegaram
na coluna, ele vai precisar de muitas fisioterapias para
voltar a andar. Eu vou descansar um pouco e depois conto
como foi na delegacia, ok?
— Nossa Sarah! Foi tão grave assim?
— Foi sim Fer! Pessoas lindas da minha
vida, obrigada por tudo! Inclusive por estarem
aqui comigo, graças a vocês e o Noah que eu fui
encontrada — Quando terminei de falar, todos vieram me
abraçar e me beijar, falando que eu não precisava
agradecer, pois diziam que eles me amavam muito.
— Gente, também amo vocês, mas agora vou subir
para descansar um pouco.
— Vai lá Sarah, você precisa mesmo descansar, depois
não vai se esquecer de nos contar como foi na
delegacia! — Disse Nadya, me dando um beijo na
testa. Noah já estava na cozinha preparando algo para eu
comer, e eu subi e tomei meu banho,
pensando em tudo o que me aconteceu. Apesar de ter sido
abusada em minha própria casa, eu me sinto bem nesta ilha,
ainda mais com o Noah ao meu lado!
Não sei o que fazer ainda! Se vendo esta casa e volto
para minha vidinha sem graça em Belo Horizonte ou se
fico aqui com o Noah, e penso na ideia da Fer, que não é
nada mal. Terminei meu banho e me troquei, saí do
banheiro e Noah me esperava no quarto com um lanche e
um copo de leite.
— Sarah, vou te deixar descansar, mas venho ver se
comeu seu lanche — disse me entregando o lanche e o
copo de leite, me deu um beijo e saiu trancando a
porta. Não estava com fome, mas comi tudo e me deitei,
estava tão cansada que adormeci rapidinho sem pensar em
nada.
— NOAH, NADYA E VINÍCIO chegaram? —
perguntei ansiosa, esperando pelos meus amigos.
— Ainda não Sarah — respondeu Noah, testando a
porta de entrada, pois são daquelas que abrem com sensor
de presença.
— Meu Deus, será que eles vão chegar a tempo para
inauguração da nossa pousada? — questionei preocupada,
já que estava quase na hora da inauguração.
Graças a Deus conseguimos reformar minha casa e
fizemos dela uma pousada com o nome de: “Pousada
Paraíso”. O povo da ilha estava todo animado para a
inauguração, pois isso vai trazer muitos turistas para a ilha.
Na pousada tem piscina, quadra de tênis e de futebol,
pois o povo daqui adora isso. Onde era a passagem secreta,
que não é mais secreta, nós reformamos e fizemos salas de
jogos de vídeo games, e uma pista de dança em outro
cômodo, com direito a DJ para aqueles que amam dançar e
também paquerar. Nós fizemos uma sala de cinema, para
quem gosta de assistir bons filmes. Acho que ficou muito
bom! Tem muitas opções para os hóspedes se divertirem, e
sei que vai dar tudo certo, pois confio no meu noivo
Noah, como gerente da pousada.
Ahh já estava me esquecendo de falar! Nadya e Vinício
estão morando juntos em Belo Horizonte e vão se casar,
pois o fruto desse amor vai nascer daqui a sete
meses. Estou muito feliz por ela! Eles formam um lindo
casal. Fer também adorou essa ilha e quis morar aqui, como
ela se formou em administração, é a administradora da
pousada. Ela ficou tão feliz quando eu a convidei para
administrar a pousada! Bom, o Adan ainda não está
andando, mas ele está sendo muito bem cuidado por sua
fisioterapeuta e namorada Carla. Acreditam que Carla
e Adan estão juntos? É estranho, mas estão! Eu nem sabia
que a Carla era fisioterapeuta, mas fico feliz por eles e
também estão morando na ilha, na pousada do pai dela.
Ah, só mais uma coisa: eu nunca desejei mal para
ninguém! Matheus ou Miguel teve um surto na prisão e se
matou. Sabe que apesar de todo o mal que ele me fez, eu
não queria que aquilo acontecesse? Um rapaz problemático
de fato, mas tão jovem! Como lamento! E olha, graças a
Deus e a excelente psicóloga que o doutor Luiz me
encaminhou, estou superando tudo que passei com aquele
psicopata! Eu sei que fiquei traumatizada, mas graças ao
amor e a paciência do Noah, estou conseguindo levar uma
vida normal. Confesso que às vezes me pego chorando,
mas é natural, afinal o susto foi grande. Apesar de que
estou ciente de que será muito difícil esquecer tudo aquilo,
mas vou tocando a vida. O tempo se encarregará de fechar
estas feridas…
Agora que tal falar de coisa boa? Daqui a seis meses eu
me caso! Não dá para acreditar que neste fim de mundo,
eu conheci o grande amor da minha vida! Apesar de tanta
dor, consigo me sentir realizada, e a minha vida finalmente
faz sentido. Ter um lar e uma família enorme me faz um
bem danado! Sim, eu disse família porque nesta ilha
nós nos tratamos assim. Creio que posso me considerar
uma mulher de sorte. Estou sem palavras para expressar
a minha eterna gratidão por tantas bênçãos.
— Sarah, minha querida! Eles
chegaram! A inauguração vai começar, e eu preciso
correr para o palco cantar, meu bem! E você Sarah
Martinelli, a mulher da minha vida, vai lá receber os
hóspedes, enquanto eu me declaro mais uma vez para a
senhorita no palco! — Exclamou Noah, saindo em direção
ao palco com um sorriso contagiante.
— O quê, amor? De novo não! É lindo, mas não quero
pagar mico de novo na frente de todos!
Então, pessoas lindas que acompanharam a minha
história… Vocês que se apaixonaram e se assustaram,
sofrendo comigo, deixem-me ir atrás do meu noivo
lindo, antes que ele me deixe vermelha de vergonha
novamente. Beijos a todos vocês e minha eterna gratidão.
JÁ FAZ DEZ ANOS QUE estou nessa ilha e nunca ouvi
falar que essa casa tem dono, e agora ele está
chegando aqui.
Adoro esse lugar e essa casa, e fico mal só de pensar que
alguém possa vendê-la. Bom eu já tinha pensado nisso, até
falsifiquei o documento da casa passando para o meu
nome, mas gosto daqui e não tive coragem de vendê-la.
Então fiquei por aqui, morando na casa, dormindo em um
dos quartos e não vou permitir que ninguém me tire daqui.
No entanto quando fiquei sabendo desse tal dono, fui
para salvador e comprei mini câmeras e um computador,
depois instalei as câmeras em todos cômodos da casa, até
na parte do banheiro, que só dá para ver o espelho.
Gastei muito dinheiro com isso, que tive até que pegar
mais serviços por fora, pois, trabalho na mesma pousada
que Noah, fazendo manutenção. Quando algum vândalo
quebrava alguma coisa, mas ainda bem que não era sempre,
só que graças Deus, eu ganhava bem.
Como o dono iria chegar, eu teria que me ajeitar no porão
da casa, onde havia muitas passagens secretas. Mas o dono
chegou de repente sem avisar, e eu me vi perdido, pois não
tinha ajeitado o porão ainda.
Então apenas arrumei um colchão e umas coisas que eu
pudesse precisar. Quando eu ouvi alguém conversando
com o Noah, entrando na casa, corri para o monitor para
ver quem era pelas câmeras, pois do lado de fora também
coloquei.
Fiquei admirado quando vi uma linda mulher entrando
na casa, então pensei que seria fácil eu mandá-la de volta
de onde veio, pois poderia deixa-la bem assustada,
fazendo com que ela voltasse para sua casa.
E já na primeira noite dela na casa e ainda mais sozinha,
coloquei meu plano em ação, fazendo muito barulho na
parte de cima da casa.
No entanto percebi que a linda moça é corajosa, mesmo
com todos os barulhos que eu fazia, ela continuava ali
firme e forte, com Noah sempre por perto.
Um dia Noah me chamou para fazer a reforma da casa e
me apresentou para ela, e Sarah me contratou, porém
continuei com meu plano, mesmo se tornando amigo dela.
Até que em uma noite ela não voltou para casa, não sei
para onde foi com o Noah, só sei que eu saí do meu
esconderijo para dar uma volta e pensar em algo, e dou de
cara com um rapaz procurando por Sarah. Depois ele me
contratou para vigiá-la mais ainda e contar a ele sobre o
que estava acontecendo entre ela e o Noah, e que em
troca, me pagaria uma quantia em dinheiro bem
generosa, e ainda a levava para bem longe daqui. Eu topei
na hora. Se eu me lembro bem, o nome
dele é Adan. E disse ser o ex-namorado e queria ela de
volta.
Foi depois disso que me apaixonei por ela, no entanto ela
só tinha olhos para o Noah! E isso me deixava com raiva,
então comecei a perseguir a moça, mandando mensagens e
até dopando-a. Só assim, eu consegui sentir sua pele, e
como era cheirosa.
Cheguei até a pensar em uma noite que a beijei, que ela
tivesse se apaixonado por mim, já que respondeu ao meu
beijo. Se não fosse aquele idiota do Noah, eu teria indo até
o fim, aí eu teria certeza que ela seria minha.
Um dia resolvi fazê-los brigar, então mandei uma
mensagem para Carla, avisando que Sarah ligaria para o
Noah. No começo até deu certo, mas na mesma noite, que
tentei entrar na casa para toca-la novamente, ela me viu na
escada, graças a deus que eu estava de máscara, porém
assim que me viu, ela se escondeu e ainda ligou para o
Noah.
Nossa! Aí sim, meu sangue ferveu! Eu tentei abrir a porta
do banheiro onde ela estava, mas não consegui, então voltei
para o porão e fiquei ouvindo a conversa dela com o Noah,
que foi bem rápida e do banheiro ela não saiu mais.
Minha raiva era tanta, que tentei tirar a vida do Noah
com a ajuda do Adan, mas ele amarelou e não me deixou
dar um fim nele, então nós dois acabamos brigando. Eu
ainda falei que a Sarah seria minha e de mais ninguém,
tentei dar uma surra nele, mas ele fugiu. Logo depois
ouvi a Carla gritando por Noah, então desci a escada e dei
de cara com ela. Eu a cumprimentei. E ela subiu direto para
o quarto do Noah. Assim que ela chegou lá, aprontou uma
gritaria e desceu correndo, pedindo minha ajuda, e eu o
ajudei. No entanto tudo que eu queria era vê-lo morto. Só
que infelizmente as coisas não saíram como eu planejei e
acabei tendo um terrível fim.
ESPEREI NOAH NO ALMOÇO HOJE, porém ele não
apareceu. Será que aconteceu alguma coisa com ele e a
Sarah? Será que brigaram? Pois ele não costuma ficar sem
almoçar, logo, achei muito estranho.
Não sei por que aquela idiota da Sarah tinha que aparecer
aqui na ilha. Estava indo tudo tão bem, pois eu tenho
certeza que conseguiria conquistar o coração do Noah, só
que ela tinha que aparecer e estragar tudo.
Passei o resto do dia na piscina, porém quando vi meu
pai se aproximar, eu saí da agua, pois ele fez sinal para que
eu saísse, queria falar comigo.
— Oi Carla, estava te procurando.
— Oi pai, que bom que está aqui. Queria saber se você
sabe do Noah, pois ele não almoçou hoje.
— Também percebi Carla, mas não sei dele não, a essa
hora deve estar com os turistas, pois ele tinha muitos para
hoje. Mas e você, esqueceu que tem alguns turistas,
querendo massagens e fisioterapia?
— Nossa pai! Eu fiquei tão preocupada com o Noah, que
nem me lembrei de ver se tinha alguém marcado para hoje!
— É, falei para a dona Júlia remarcar para amanhã, pois já
está tarde, e eu não te achava em lugar algum, por sorte ela
falou que talvez você estivesse aqui, pois ama sol, e aqui
está você, vê se amanhã você não esquece viu?
— Não vou me esquecer, e você pode ficar
tranquilo, eu passo lá na recepção para pegar os horários
com a dona Júlia.
— Tá, assim eu espero. — Disse indo embora. Eu me
enxuguei na toalha e fui para o meu quarto tomar um
banho.
Já era fim de tarde quando decidi preparar algo para
Noah e levar em seu quarto, pois acho que ele já deve ter
chegado. Depois do lanche preparado e uma garrafinha
de água de coco e mais algumas bolachinhas amanteigadas,
fui para o quarto dele, levando a bandeja.
Como sempre a porta estava aberta, então eu
entrei, chamando por ele, mas deduzi que ele estivesse no
banho. E quando coloquei a bandeja na mesa, meu celular
apitou! Só podia ser mensagem. No entanto quem estaria
me mandando mensagem? Peguei o celular do meu bolso e
olhei para ver de quem era, mas era de um número privado,
quando abri para ver o que dizia…
“A Sarah vai ligar para o Noah neste momento, atenda o
celular dele.”
Que estranho! Quem será que me mandou essa
mensagem? Mas gostei de saber disso, pois agora ela vai
saber com quem está falando.
— Noah, você está aí? — Perguntei só para ter certeza
que ele estava no banheiro.
— Estou Carla e estou terminando meu banho, você
precisa de alguma coisa? — Perguntou gritando lá de
dentro.
— Noah, eu percebi que você não almoçou hoje, então
trouxe alguma coisa para você comer.
— Eu já estou saindo Carla, mas não precisava se
preocupar, mesmo assim obrigado.
Bem nessa hora, que ele terminou de falar, o celular do
Noah tocou, mais que depressa, eu atendi.
— Alô.
— Gostaria de falar com o Noah. — Não conheço a voz
da Sarah, mas mesmo assim vou acreditar na mensagem e
vou fazê-la ela saber quem sou eu.
— Quem gostaria?
— É sobre uma entrega que ele vai fazer amanhã para
mim — Agora fiquei na dúvida… E se não for ela? O que
tem demais saber que sou namorada dele.
— Carla, quem é? — Perguntou Noah, gritando do
banheiro.
— Ele está, você quer falar com ele?
— Você é o que dele? Eu posso deixar recado com você?
— Não sei se é ela mesmo, já que parece estar muito calma
falando comigo, mas vou continuar com meu plano.
— Sou a namor…
— Carla, perguntei quem é! — Ele não me deixou
terminar a frase e tirou o celular da minha mão.
— Alô! Quem está falando? — Agora eu quero ver, se for
mesmo ela, ela vai surtar, tenho certeza.
— Sarah, para de falar bobagem e deixa eu te explicar? —
Era ela mesma! Finalmente eu consegui atrapalhar esse
namoro.
— Ops. Noah, não sabia que era a Sarah, ela não podia
saber que estamos juntos? — Só para provocar mais,
eu falei isso.
— Cala boca Carla, nós não estamos juntos! — Meu Deus!
Ele ficou tão furioso, que até me colocou para fora do seu
quarto. Mas pelo menos, eu consegui o que queria.
E agradeço a quem me mandou a mensagem me avisando.
Pena que não sei quem é, pois eu iria pessoalmente
agradecer.
Agora é só esperar a raiva dele passar para eu tentar
conquistá-lo novamente. Sei que não será fácil, mas não
vou desistir jamais, pois eu o quero comigo.
DESDE PEQUENO SEMPRE ME SENTI diferente
das outras crianças. Na escola eu sempre tive maus
pensamentos do tipo: vontade de fazer mal a outra criança,
mas nunca tive coragem, mas quando uma criança se
machucava eu adorava isso, me sentia feliz com a dor dela.
Nunca entendi o porquê desse tipo de sentimento.
Às vezes eu ouvia uma vozinha na minha cabeça sempre
me dizendo que eu era um fraco e covarde por nunca ter
conseguido fazer maldade.
E assim eu cresci, com quinze anos, coloquei fogo na
garagem da casa dos meus pais e me senti muito bem.
Eu também matei um gatinho que era do meu irmão mais
novo. Ele chorou muito por causa do bichinho, só que ele
nunca soube que fora eu quem o matou. .
O tão esperado dezoito anos chegou, eu já era maior de
idade e já tinha feito muita maldade. Apesar desse
sentimento estranho que eu tinha, incluindo as essas vozes
perturbadoras, eu me dava muito bem com a minha
família, e ninguém conhecia esse meu lado ruim.
Minha mãe dona Dolores era um amor de pessoa, meu
pai seu Bernardo; muito trabalhador e carinhoso com a
gente, meu irmão Pablo era uma criança boa e inteligente.
E muito esperto o garoto viu?
No entanto eu, Miguel, tinha um sentimento muito
estranho por eles, o que na verdade não tinha sentimento
nenhum, e isso me perturbava.
Um dia acordei ouvindo muitas vozes na minha cabeça,
dizendo para eu matar a minha família e pegar todo o
dinheiro que eles tinham. Confesso que eu fiquei realmente
muito perturbado e aquela voz me irritava, deixando-
me muito nervoso.
Cheguei à cozinha realmente com muita raiva e mal
podia me controlar e isso estava estampado na minha cara.
— Bom dia Miguel, dormiu bem? — perguntou minha
mãe, notando que eu não estava bem. Juro que tentei lutar
com aquela raiva que eu sentia, mas eu não tinha controle.
— Não, eu não dormi bem — respondi com muita
raiva, tentando me controlar, mas aquela voz na minha
cabeça estava me deixando louco.
— Filho, vem tomar café, que talvez se sinta melhor — Eu
comecei a perder o controle e puxei a toalha da mesa com
tanta raiva que tudo que tinha em cima voou pelos ares.
— Filho, o que está acontecendo? — falava minha mãe
assustada,
— Cala a boca e vai buscar todo o dinheiro que tem em
casa! — Eu nem sabia o que estava falando, apenas
repetia o que a voz falava na minha cabeça. Só sei que
derrubei todas as cadeiras que havia em volta da mesa,
fazendo minha mãe ficar mais assustada e começar
a chorar.
— Filho, se acalme, eu vou pegar o dinheiro — falava ela,
gritando.
— Me desculpe… vai logo pegar o dinheiro —
Falei, pegando uma faca, quando ela me viu pegar, saiu
correndo e gritando para dentro da casa, e eu fui atrás, mas
ela gritava tanto, que acordou meu pai, e quando ele
apareceu no corredor, eu não resisti. E com vários golpes
acertei meu pai, fazendo minha mãe gritar:
— Para, por favor, por que está fazendo isso? — Ela
falava chorando muito, mas as suas lágrimas não me
comoveram.
— Pablo, acorda filho, vem com a mãe — falava
gritando da janela do quarto do Pablo, e ele acordou
assustado com a gritaria e mais rápido que ele, também o
golpeei muitas vezes.
— Nãoooooooo!!! — Gritava minha mãe, pulando a
janela. Eu tentei ir atrás dela, mas com a gritaria toda dela,
fez com que a vizinhança chamasse a polícia. E eu estava
coberto de sangue, ainda correndo atrás da minha mãe.
— Socorroooooo! — gritava ela correndo.
— Mãe, não tenha medo, o papai está te esperando, Pablo
precisa de você! — falava correndo atrás dela, e já estava
me aproximando.
— Não, não, não, por favor! — ela gritava, vendo eu me
aproximar dela, mas bem nessa hora, a polícia
chegou, tinham policiais para todo lado, não tinha como
fugir, mas também eu não queria fugir.
A polícia me prendeu, e eu não demonstrei resistência, de
longe vi minha mãe nos braços de uma vizinha chorando
muito. Logo depois, os corpos do meu pai e meu
irmão saíram da casa, carregados pelos enfermeiros em
uma maca.
Chegando à delegacia, eles me trataram como bandido,
mas eu já nem sabia mais por que estava ali.
— Ei delegado, o que estou fazendo aqui? — Perguntava
para ele, o qual anotava alguma coisa em um caderno.
— Miguel? É esse é seu nome?
— Sim, sou Miguel, mas queria saber o que faço aqui
e cadê a minha família?
— Tem certeza que não sabe?
— Não sei. – Falei confuso e perturbado, então, ele me
olhando, contou tudo o que aconteceu.
— Ah, então foi isso, eu tinha me esquecido.
— Você não se arrependeu?
— Não, nem um pouco, pelo contrário; sinto-me muito
bem — foi então, que o delegado me mandou fazer uma
batelada de exames, e por causa do resultado, fui parar
numa clínica para louco. Sabe que o lugar até me fez bem?
Pois o remédio que eu tomava, fazia a voz na minha cabeça
desaparecer.
Um mês depois fui visitar minha mãe em uma
clínica para pessoas que sofreram trauma, ela ficou bem
perturbada com tudo que aconteceu. Quando ela me viu,
ficou com medo e se escondeu, mas mostrei a ela que eu
estava bem, só que aquela voz voltou, me fazendo
perguntar a ela onde estava o dinheiro da família, ela com
medo de mim, me informou em qual banco estava, depois
me mandou embora. Vou ser sincero, encontrá-la não me
fez sentir nenhum afeto por ela.
Ainda na clínica sendo cuidado por muitos
médicos, eu me sentia melhor e sabia que passaria muito
tempo ali.
Meses depois me informaram que minha mãe ficou doente
e morreu de tristeza e eu fiquei sozinho no mundo, pois
meus parentes não queriam saber de mim.
Cinco anos se passaram, e eu ainda estava na clínica.
Certa noite, a clínica pegou fogo e foi uma confusão só. E
sem ninguém perceber, roubei muitos remédios que eu
tomava e fugi dali o mais rápido que pude, fui para bem
longe, apenas com a roupa do corpo e o papel com a senha
e o cartão do banco.
Depois de pegar o dinheiro no banco, que não
eram milhões, mas que dava para eu sair do país, pois eu
morava no México com um nome falso que eu arrumei.
E agora me chamo Matheus.
Fui parar em uma ilha em salvador, e por sorte encontrei
uma casa abandonada e passei a morar ali, fazendo amizade
com todos da ilha. A primeira pessoa que conheci foi a
Carla, tive uma quedinha por ela, mas foi coisa à toa, pois
Noah surgiu, e Carla se encantou por ele.
Dez anos se passaram, e só agora ouvi falar que os
verdadeiros donos da casa estavam chegando à ilha, e
quando finalmente esse dia chegou, tive que tomar minhas
providências.
No começo tentei assustá-la para que ela fosse embora,
mas de tanto vigiá-la, acabei obcecado por ela, e já
fazia dois anos que meu remédio tinha acabado, e aquela
voz voltou, aí vocês já sabem o que eu aprontei com aquela
linda mulher chamada Sarah.
Mas no fim, acabei sendo pego novamente pela polícia e
fui parar na clínica para psicopatas, pois era o que eu
era; um psicopata frio e calculista e me recusava tomar os
remédios, eu até fingia tomar. Um dia, perdi o controle,
ouvindo aquela voz e tirei minha própria vida, e foi assim o
meu fim.
Meu nome é Tânia Virginia Giovanelli Tinti Bueno, nasci e cresci
em São José do Rio Pardo – SP, no dia 26/11/1973, sou filha de
Maria das Graças Giovanelli Tinti e Nelson Tinti, sou casada com
Carlos Roberto Oliveira Bueno. E tenho um filho que é minha
paixão e o meu anjo: Leonardo Giovanelli Tinti.
Desde pequena, sempre fui apaixonada por leitura, quem
me conhece sabe que é quase um vício para mim. Mas a paixão por
escrever minha própria história, começou quando perdi dois bebês
e comecei a entrar em depressão, porém queria que essa tristeza
fosse embora, e foi aí que tive a ideia de começar a escrever
minhas histórias.
Hoje posso dizer, que a escrita me tirou toda a tristeza. Eu
me inspirei no meu filho para escrever minha primeira história.
Graças a isso, a depressão não passa mais perto de mim, e hoje é
só alegria. Escrever agora faz parte da minha rotina.
Em 2016 recebi o troféu Cecília Meireles por ser uma
mulher notável, em 2015 em literatura nacional. A premiação
aconteceu na cidade de Itabira no dia 21 de maio.

Autora de: Um anjo caiu do céu (lançada em 2015); A


Casa; Amor muito além (2017); Acordei casada (2017); Ellen; O
destino nos uniu; Faça um pedido; Coffee Lovers; Acordei em
outro mundo; Um diário para Thalita, Totalmente esnobe e
Deixada no altar.

Contos: Day Love (2015) e À meia-noite (2017).

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Leia os dois primeiros


capítulos:
Capítulo 1

O dia estava animado, logo de manhã eu corria de um lado para o outro,


já me preparando para o desfile que tenho para prestigiar essa noite.
Tenho que ficar em jejum, apenas frutas e água para não ficar inchada na
hora de desfilar, afinal tenho que estar perfeita.
Não sou de ficar nervosa quando desfilo, mas hoje estou… e muito!
Minha maior inspiração, a Gisele Bündchen, vai estar lá como convidada.
Sempre tive muita vontade de conhecê-la, afinal qual modelo não tem? Mas
acredito que essa pode ser a minha grande chance de ficar cara a cara com ela
e conversarmos.
Além dessa oportunidade de conhecê-la, hoje também é meu aniversário,
faço 22 anos e estou muito empolgada, porque vou comemorar junto com
meus amigos em um restaurante que tem aqui em São Paulo.
O dia correu tranquilo e depois de me preparar fisicamente, fui fiz a unha
em um SPA aqui mesmo no bairro onde eu moro, no Ipiranga. Depois disso
tentei me manter o mais calma possível, cuidando não só do corpo, da unha,
mas também da alma, estou preparada para a noite.
No entanto assim que cheguei em casa, a ansiedade começou a tomar
conta de mim, algo normal, pois sou sempre assim quando espero muito por
algo, especialmente coisas tão importantes. Na verdade, sempre fui teimosa,
ansiosa, mas quando quero uma coisa, eu consigo. Fui para cozinha pegar um
copo de água e ao entrar levei um susto.
‒ Que isso menina? Parece que viu fantasma – Toninha falou vendo meu
espanto, enquanto preparava algo na pia.
‒ Toninha, que susto você me deu, não dispensei você mais cedo hoje? –
falei dando um beijo naquelas bochechas rosadas.
Antônia, que chamo de Toninha desde criança, é minha babá há muitos
anos. Claro que não preciso mais de babá, mas como fui criada por mãe
solteira e para ela poder trabalhar contratou Toninha para cuidar de mim, e
acabou fazendo parte da família, já que a única família que ela tinha na época
era uma avó que a criou, mas faleceu já faz algum tempo.
Minha mãe era psicóloga e quase não parava em casa, então cresci sobre
os cuidados de Toninha. Mas hoje só a tenho. Quando eu tinha dezesseis anos,
minha mãe foi assassinada. Em um dia comum, como qualquer outro, ela saiu
de casa para trabalhar e ao chegar no escritório foi abordada por três ladrões,
que acabaram matando-a me deixando sozinha no mundo, quer dizer sob os
cuidados de minha baba.
Tudo o que ela tinha, ficou para mim, principalmente essa casa onde eu
moro. Toninha mora comigo e é a minha segunda mãe, apesar dela ser uma
jovem de trinta e nove anos, ela cuida muito bem de mim desde sempre. Claro
que não é a mesma coisa, eu a considero muito, só que também sinto muita
falta da minha mãe. Graças a Deus os bandidos foram presos. Mas o que eu
queria mesmo era ter minha mãe comigo, como não posso, carrego sempre
comigo uma foto dela, pois tenho certeza que ela deve estar orgulhosa de
mim.
‒ Me dispensado? Esqueceu que moro aqui com você Emilly? – disse ela
me olhando sentar.
‒ Claro que não, mas dispensei por hoje, para parar de cuidar de mim e ir
cuidar da senhorita, já que você tem um desfile para assistir hoje ou já
esqueceu?
‒ Claro que não Emily, já até fui fazer minhas unhas, mas como te
conheço bem sei que deve estar bem ansiosa. Então apenas preparei um chá
para você e já estou indo me arrumar, não quero te atrasar – respondeu ela me
entregando uma xícara de chá e beijando minha testa, saiu em seguida, me
deixando ali sentada à mesa, saboreando o delicioso chá de camomila com
limão.
Terminei o chá e fui para meu quarto me trocar, só tinha uma hora e meia
para chegar lá, então me troquei rapidinho, peguei tudo que eu precisava e saí
do quarto, dando de cara com a Toninha.
‒ Toninha você está um arraso.
Ela estava muito bem vestida, em um vestido tubinho azul marinho na
altura do joelho, decote canoa, tanto na frente quanto nas costas, já que seus
lindos cabelos loiros estavam preso em um coque meio solto. Toninha era
uma mulher muito bonita, ela tinha a pele tão branca que sempre estava com
as bochechas rosadas. Não era nem gorda e nem muito magra, então tudo que
vestia ficava bem nela.
‒ Obrigada Emilly, só queria estar apresentável para seu desfile.
‒ E está, acho até que vai acabar conquistando um gato por lá.
‒ Deus me livre menina, homens só servem para dar dores de cabeça.
Quero não.
‒ Deixa de ser boba Toninha, é só encontrar o cara certo que não terá dor
de cabeça. – Falei ao entrarmos no carro, e então partimos para o desfile.
‒ Falando assim Emilly, até parece que você entende muito de homens –
ela continua a conversa depois que saímos do estacionamento do prédio.
‒ Posso não entender, mas sei que toda mulher tem sua alma gêmea, só é
difícil encontrar, só que também não é impossível.
‒ Tá, tá, já entendi, vamos mudar de assunto? Esse aqui já está ficando
chato.
‒ Ok, bom espero que não tenha se esquecido do meu aniversário. Pois
vamos comemorar depois do desfile e você vai comigo.
‒ Oras Emilly, me esquecido? Quem foi que te acordou com um bolo de
aniversário na cama hoje, hein? Pelo visto você que se esqueceu.
‒ Não me esqueci, não. Só quero você comigo hoje à noite,
comemorando meu aniversário.
‒ E alguma vez te deixei sozinha Emilly no seu aniversário? Sou como
você, sabe que é a única família que tenho. Nunca vou te deixar sozinha.
‒ Obrigada Toninha – digo ao estacionar o carro em seguida descemos,
Toninha se despediu de mim e foi sentar nas mesas em volta da passarela, e
eu fui para o camarim me preparar.
Quando cheguei lá, todos que estavam ali cantaram parabéns para mim.
Rayane e o Kaylon, meus melhores amigos desde que éramos crianças,
correram ao meu encontro e me abraçaram, me encheram de beijos enquanto
me davam parabéns.
Enquanto eles ainda me enchiam de beijos, senti meu celular vibrar no
bolso, mais que depressa o peguei. Era mensagem do Brayan que dizia:
Brayan: Feliz aniversário, minha linda, desculpe pela demora, estava em
reunião não deu para te mandar parabéns antes, mas não me esqueci de você
bonequinha. <3
Senti meu coração bater um pouco mais agitado e um sorriso
incontrolável se formou no canto da minha boca enquanto digitava a
resposta…
Lily: Beijos, nos falamos amanhã, ok? <3
Brayan: Saudades de conversar com você. Até mais <3
‒ Garota me diz quem é esse bofe? – perguntou Cadu todo curioso, quer
dizer Kaylon, só que ele gosta de ser chamado de Cadu.
‒ Emilly você conheceu alguém? E não me contou?
‒ Não conheci ninguém Rayane! Não pessoalmente. Cadu esse bofe
como disse, conheci em uma rede social, há uma semana trocamos
mensagens, mas ainda não sei muito sobre ele, mesmo assim ele se tornou
meu amigo virtual, meu confidente, não sei por que, mas confio muito nele,
nas conversas, ele demonstrou ser bastante sincero.
‒ Toma cuidado, Emilly, não conta nada da sua vida a ele – falou Rayane
toda preocupada.
‒ Você não vai responder à mensagem do Bofe? – perguntou Cadu
curioso. Cadu se diz homossexual, embora não seja “afeminado”, como
muitos falam. E para ser sincera, o acho meio confusa toda essa sua questão, e
acho que até mesmo ele está confuso, sua preferência sexual obviamente não
são as mulheres, sempre o vi suspirar por muitos homens, só que a verdade é
que nunca ficou com nenhum.
‒ Você me ouviu, Emilly?
‒ Fica tranquila, Rayane, só falamos do que gostamos, das qualidades, e
nunca de nossas vidas. Então, nada de se preocupar. E Cadu, amanhã eu
respondo a mensagem, pois tenho que terminar de me arrumar e vocês
também.
Então me beijaram novamente e foram se arrumar para o desfile, já que
como eu, eles também vão desfilar essa noite.
No final tudo ocorreu bem. E finalmente pude conhecer minha grande
inspiração. Aparentemente estava correndo comentários acerca do meu
aniversário e então ela veio me dar parabéns pelo desfile e pelo meu
aniversário pessoalmente. Quase enfartei naquele momento, ao ver aquela
mulher que me inspirou por tantos anos e continuava a me inspirar, falando
diretamente comigo, me parabenizando. Não tinha nem palavras que
pudessem descrever a minha alegria.
A agência nos presenteou com uma das roupas que usamos no desfile, e
para a minha grande surpresa o meu era justamente um lindo vestido longo da
Prada. Resolvi usá-lo para ir comemorar meu aniversário, e assim que o
coloquei no corpo me senti uma verdadeira princesa com todo aquele tule que
percorria o vestido em seu comprimento da cintura até os pés, deixando-o
levemente rodado e com movimento, delicado e ao mesmo tempo sofisticada.
‒ Emilly você está linda, seu desfile foi um sucesso – Toninha disse assim
que chegou perto de mim, seus olhos estavam brilhosos.
‒ Obrigada Toninha – disse, sem conseguir controlar o sorriso que estava
em meu rosto desde o momento que o desfile acabou e recebi uma linda
homenagem do pessoal da agência, pelo meu trabalho e meu dia especial. –
Bom, agora vamos para festa que temos muito a comemorar.
‒ Toninha como você está linda! Vai para festar conosco?
‒ Vou sim Cadu, não vou deixar minha menina sozinha nesse dia tão
especial.
‒ Legal, então vamos? Já estou ficando ansiosa por essa festa – respondeu
Rayane, chegando perto de nós e colocando um braço em cima do ombro do
Cadu.
‒ Vamos! Reservei um lugar no restaurande Sil Vino Wine Food Music
bem legal para a gente.
‒ Hmmm, adorei – minha amiga disse com um sorriso se formando no
rosto. – Comida boa, karaokê, gente bonita…. Tudo que eu precisava para
relaxar!
‒ Eu sei, por isso reservei lá – dei risada ao perceber a cara de felicidade
da minha amiga.
Assim que entramos no carro, Ray colocou Chandelier da Sia para tocar.
Logo nos primeiros versos começamos a cantar algumas partes da música.
– Party girls don’t get hurt, can’t feel anything, when will I learn… – Ray
começou a cantar baixinho enquanto eu batia meus dedos no volante do carro
conforme o ritmo da música…
– I push it down, push it down – Cadu cantava animado.
– I’m the one for a good time call. Phone’s blowin’ up, they’re ringin’ my
doorbell – canto baixinho, enquanto meus amigos me olham com um sorriso
no rosto – I feel the love, feel the love…
- One, two, three, One, two, three drink. One, two, three, One, two, three,
drink, One, two, three, One, two, three, drink – eu, Ray e Cadu começamos a
cantar juntos, e a cada vez que a frase se repetia cantávamos com mais
vontade, as janelas abertas do carro faziam o vento entrar e bagunçar nossos
cabelos.
– Ah, não poderia ter música melhor para começar a comemorar – Cadu
disse assim que paramos de cantar. – Beber muito hoje, ouviu dona Emily? Já
que até a música dizia para beber. – disse dando uma risada gostosa.
O restaurante era bem sofisticado, o lugar tinha pouca iluminação que o
deixava mais aconchegante, não era atoa que não havia mais mesas
disponíveis para quem chegasse de última hora. Minha sorte foi realmente o
ter reservado, e assim que disse meu nome à recepcionista ela nos
acompanhou ao segundo andar, onde ficava a nossa mesa.
Assim que nos sentamos, dei uma olhada no local, o restaurante estava
cheio, mas não parecia lotado, já que era bem espaçoso, mas ao me atentar às
mesas pude perceber que nenhuma estava vazia. Enquanto analisava o
ambiente, percebi dois olhos pregados em mim, tentei não olhar de volta, mas
foi inevitável, o rapaz, de pele clara e barba por fazer que me olhava sem
menor discrição, era lindo. Ao perceber que correspondia aos seus olhares,
um sorriso puxado para o lado surgiu em sua boca me deixando com o
coração acelerado.
‒ O que vão beber? – perguntou o garçom todo educado, fazendo minha
atenção se voltar para ele.
‒ Eu quero Amarula on the rocks – pedi olhando no cardápio e ele
anotava o pedido.
Cadu acabou pedindo o mesmo que o meu, enquanto Rayane ficou com
uma cerveja Beck’s e Toninha escolheu beber Smirnoff.
‒ E para acompanhar vão comer o que? – perguntou o garçom, depois de
anotar rapidamente os nossos pedidos em seu pequeno caderno.
‒ O que vocês acham de uma porção de Canapê de peito de peru? –
perguntei aos meus amigos.
‒ Tá ótimo – falaram os três juntos.
‒ Então queremos esses canapês - falei mostrando o cardápio para o
garçom, que anotou e saiu em seguida.
‒ Garota, você já chegou arrasando corações! Olha aquele bofe, sentado
no balcão, não tira o olho de você, Emilly.
Quando Cadu terminou de falar as duas curiosas, olharam para o rapaz,
me fazendo ficar sem graça, já que ele ainda olhava para mim.
‒ Vocês duas, parem de olhar! Sejam discretas, pelo amor né – falei em
um sussurro exasperado, e no mesmo instante as duas voltaram a me olhar,
sem graça.
Nossas bebidas e os canapês chegaram A partir daí o tempo começou a
passar rápido enquanto conversávamos e ríamos das bobeiras que Cadu
falava.
De repente, Chandelier começou a tocar novamente. Cadu não perdeu
tempo e logo nos puxou para dançar na pista, sem pensar duas vezes fui com
eles, enquanto ainda segurava meu terceiro copo. Estava meio tonta já pelo
efeito da bebida, mas não me importei muito de como poderia estar dançando.
O importante era que aquele aniversário estava sendo especial, e nem tinha
como ser diferente, afinal eu estava com a família que a vida me presenteou.
Apesar da falta que sentia da minha mãe, eu me sentia feliz rodeada de
pessoas que eu amava, e isso me fazia bem.
Parei um pouco de dançar e olhei para meus amigos, Ray e Cadu se
divertiam juntos, enquanto Toninha estava com um rapaz.
– Você está linda. Amei te ver dançar – uma voz sussurrou em meu
ouvido, me assustando rapidamente e causando um arrepio no pescoço.
Assim que me virei para ver quem tinha dito isso, vi o rosto do mesmo
cara que estava me olhando antes, assim que cheguei ao restaurante. Se de
longe ele era lindo, de perto era ainda mais.
– Obrigada – respondo com um leve sorriso brincando no rosto e ele
segura em minha mão.
– Dança uma comigo? – Seu sorriso de lado faz com que meu coração
acelere rapidamente e, incapaz de pronunciar uma palavra, apenas aceno a
cabeça em afirmativa.
As primeiras músicas foram agitadas e mal tivemos a oportunidade de
conversar, mas logo em seguida algumas músicas lentas começaram a tocar e
dançamos um próximo ao outro, minhas mãos envolvidas no seu pescoço e as
dele segurando-me pela cintura e me conduzindo pelo restaurante.
Ele fez algumas observações sobre o restaurante, elogiando o local, e eu
comentei algumas coisas sobre as músicas. Mas conversar, nós não
conversamos. Era como se não precisássemos falar muito. Aquele momento
estava perfeito assim, nossos olhares fixos, o contato físico que trazia um
toque de mistério e desejo.
– Eu preciso ir ao banheiro, volto já – disse baixo próximo ao seu ouvido
assim que uma música acabou, ele me soltou e foi para o canto da pista,
enquanto segui para o banheiro.
Depois de retocar a maquiagem, saí do banheiro, e quando estava no
corredor para voltar para pista de dança, senti alguém me puxar e na mesma
hora me beijar na boca. Tentei sair, mas eu estava meio tonta e aquele beijo
me tirou as forças para correr dali. Acabei me entregando aquele beijo
profundo, e incrivelmente prefeito dado com muito carinho. Meu coração
acelerou na hora em que vi o rosto do Nicolas, e minhas pernas bambearam
ainda mais. Parecia que o efeito da bebida tinha piorado, mas sabia que não
era exatamente isso que estava me causando essas reações. Senti um fogo
percorrer meu corpo. Até que poderiam ter sido as três taças de amarula que
bebi. Mas no fundo, o fogo era de outra coisa e isso eu sabia.
Ainda me beijando ele começou a sussurrar em meus ouvidos.
‒ Você é linda e te observar essa noite me fez sentir algo diferente, que
não consigo explicar. Um desejo de te fazer ser minha, te possuir – e ao dizer
isso, me pegou no colo, fazendo minhas pernas, envolverem sua cintura.
Me beijando loucamente, me carregou em seus braços até o banheiro
feminino e entramos. Graças a Deus não havia nenhuma mulher ali, e o
banheiro era limpinho e cheiroso. Pensei por alguns segundos enquanto ele
me devorava. Sem pausar o beijo, ele trancou a porta com a chave que havia
ali. Meu corpo estremeceu quando percebi o que nossos corpos queriam. Eu
sabia que isso não era certo. Minha mente dizia “não”. Mas meu corpo não
me obedecia.
Ele me colocou sentada em cima da pia e ainda com as pernas envolvidas
em sua cintura, ele continuou a me beijar. Tirou meu vestido, me deixando
apenas de lingerie.
‒ Eu não posso. Não te conheço – falei baixinho, minha voz era apenas
um sussurro.
‒ Já me apresentei a você, sou Nicolas – falou ele, quase sem fôlego de
tanto me beijar.
‒ Sou… – ele não me deixou falar mais nada, apenas invadiu minha boca
sem dó nem piedade fazendo-me perder as forças, e sem perceber, já estava
tirando a sua camisa.
‒ Sei que parece loucura, mas quero você agora.
‒ É loucura, só que sinto o mesmo que você.
Estou realmente perdendo a cabeça, estou sem controle nenhum, estou
totalmente perdida, nos braços desse homem que nunca vi na minha vida, mas
que faz com que eu me sinta tão bem.
‒ Tem certeza?
‒ Certeza? Não sei, estou confusa, mas eu quero essa loucura.
Então sem dizer mais nada, ele tirou minha calcinha e me senti sendo
dominada por completo. Meu coração estava aos pulos, meu corpo
estremeceu inteirinho, senti um frio na barriga, uma sensação boa me
dominava, pois ele mexia de um jeito que parecia a acompanhar o ritmo da
música que tocava lá fora. Nicolas me mordia no pescoço, me beijava e dava
leves mordidinhas enquanto estava dentro de mim. Isso me deixava cada vez
mais louca. Até que gritando seu nome, juntos cheguemos ao colapso total do
prazer, ali mesmo na pia do banheiro. Nunca fiz nenhum tipo de loucura
assim, nunca em minha vida imaginei que agiria dessa forma.
Nicolas me beijou carinhosamente, me ajudou a me vestir, me abraçou
tão forte, e em seguida se arrumou, se vestindo também.
‒ Me desculpe. Isso nunca aconteceu comigo – falei confusa com o que
eu tinha acabado de fazer, já que nunca cheguei nas preliminares com nenhum
rolo que eu tive. Assustei-me com minha própria atitude.
‒ Não se desculpe linda, você não tem culpa de ser tão linda, sedutora e
apaixonante. O que acha da gente sair daqui para conversar e se conhecer
melhor? – quando ele terminou de falar, começaram a esmurrar a porta do
banheiro e pelo visto, já faziam um bom tempo que a pessoa estava ali, sequer
percebemos.
Ele abriu a porta, e um bando de mulheres irritadas entraram no banheiro,
nos xingando. Na mesma hora que sai, Rayane apareceu gritando comigo.
‒ Onde você se enfiou? Tá todo mundo te procurando, já trouxeram o
bolo para cantar parabéns para você, e você some assi… – ela parou de falar
quando viu Nicolas atrás de mim.
Eu estava sem graça e confusa, com tudo que aconteceu comigo. De
repente o garçom e um tanto de gente vieram ao meu encontro. Cadu me
pegou no colo, e me guiou até a uma mesa onde estava o bolo. Do colo dele
tentei ver onde estava o Nicolas, e o avistei de longe me observando, e meu
coração ainda estava aos pulos.
Cadu me colocou no chão e começaram a cantar parabéns, só que eu
estava concentrada em avistar novamente o Nicolas. Foi quando, consegui ver
ele, falando ao celular e no mesmo instante saia da minha vista descendo as
escadas. Eu corri, até a ponta da escada e vi quando ele saiu do restaurante
ainda falando ao celular. E me senti, a piores das mulheres, pois me senti
usada, só que ao mesmo tempo me sentia feliz.
Capítulo 2

Dois meses se passaram, e nunca mais vi o Nicolas. Mas ele deixou uma
marca profunda em mim, já que depois daquela noite no banheiro ele não sai
da minha cabeça. Ele tinha os olhos mais lindos que já vi, de um verde único,
completamente diferente. Seu cheiro me impregnou de um jeito que até hoje
consigo me lembrar, e tenho certeza que nunca vou esquecer aquele cheiro.
Sei que faz tempo, mas nunca me esqueço dele, aquela noite me marcou de
uma maneira especial.
Já na cama, depois de um dia cansativo de eventos e desfiles, tudo o que
eu queria era dormir. Nas últimas semanas eu estava sempre sonhando com o
Nicolas, e isso me fazia muito bem, era como se o marcasse ainda mais em
minha memória. No sonho ele sempre estava comigo, em todos os momentos,
e até parecia real, mas quando eu acordava voltava a minha realidade sem ele.
Ainda na cama ouvi meu celular apitar com um sinal de mensagem,
levantei correndo e o peguei na mesinha do notebook. Ao olhar no visor, vi
que era mensagem do Brayan.
Brayan: Meu anjo, você se sente melhor hoje? Ontem enquanto a gente
conversava, você passou mal e não me respondeu mais, me deixando
preocupado.
Sorri ao ler a mensagem, ele sempre se preocupava comigo de uma forma
que fazia com que eu me sentisse especial. Rapidamente lhe mandei uma
resposta.
Eu: Não se preocupe, devo ter comido algo que não me fez bem, passei a
noite vomitando e com muito mal-estar, o estranho é que os enjoos não
passam. Eu não me lembro de comer nada diferente. Mas obrigada por se
preocupar ❤
Segurei o celular com as duas mãos, enquanto ele digitava uma
mensagem, que chegou em menos de um minuto depois.
Brayan: Claro que me preocupo, Lily, e acho que deveria ir ao médico,
enjoos todos os dias não é normal, queria estar aí para cuidar de você.
Eu: Ah que lindo, Brayan, te conhecer era tudo o que eu mais queria, já
conversamos há mais de dois meses, parece até que te conheço faz tempo.
Brayan: Também sinto o mesmo Lily, mas só posso ir para o Brasil daqui
dois meses, então vamos ter que esperar, e continuar conversando por aqui,
ok?
Eu: OK, eu entendo, a gente vai se falando por aqui.
Respirei fundo pensando em como gostaria que esse tempo passasse mais
rápido, eu já o conhecia tão bem que parecíamos ser amigos há anos, não
apenas amigos virtuais…
– Emilly abre essa porta, por que trancou a porta? O que está acontecendo
com você?
Rapidamente mandei uma mensagem para o Brayan, antes de abrir a
porta.
Eu: Brayan, estão me chamando, logo eu volto.
Brayan: Ah meu anjo, não vou poder esperar amanhã viajo cedo a
negócio, mas assim que eu chegar te chamo aqui. OK? ❤
Respondi rapidamente:
Eu: Ok boa viagem e boa noite.
Brayan: Boa noite, beijos minha linda e até amanhã ❤
Eu: até ❤
– Emilly abre essa porta.
– Já vou Rayane, calma. – no mesmo instante em que abri a porta,
Rayane e Toninha e Cadu entraram feito um furacão.
– O que foi? Que cara são essas? – perguntei a eles.
– Não se faça de boba, menina.
– Mas o que eu fiz, Toninha?
– Emilly, Toninha nos contou que anda passando mal e vomitando muito,
e que só sai de casa para trabalhar, passa o resto do tempo trancada no quarto,
quase não come mais. Emilly isso tudo é culpa daquele rapaz, que estava com
você na noite do seu aniversário? Não quis me contar nada sobre ele, não quis
tocar no assunto e ainda por cima desde aquela noite anda diferente, parece
triste e distante. Toninha marcou médico para você, para amanhã e você vai,
nem que tenhamos que te pegar a força. Você é muito teimosa, dizendo que
não há nada de errado, se todos aqui percebemos que algo de errado sim –
minha amiga disse tudo tão rapidamente que fiquei até confusa com tantas
informações, mas pude perceber pela sua expressão o quanto estava
preocupada.
‒ Ok! Eu vou ao médico, mas só se todos vocês forem comigo, pois não
quero receber sozinha que tenho uma doença grave – Falei assustada com a
ideia de ir ao médico.
‒ Desde quando vomitar e se sentir mal é doença grave? Não é como se
você fosse receber uma notícia que tem tantos dias de vida. Acontece que só
estamos preocupados, por que todos esses sintomas são sinais de gravidez, os
enjoos, vômitos, mas sabemos que você não está namorando, então estamos
preocupados, já que pode ser alguma outra coisa, algum vírus, talvez?
Entrei em desespero assim que Toninha mencionou gravidez e, como em
um filme, várias coisas começaram a passar pela minha mente. Eu não
tomava nenhum tipo de pílula, e para falar a verdade eu nem me lembro se eu
e Nicolas usamos camisinha naquela noite, eu estava um pouco bêbada e me
entreguei àquela loucura toda de uma forma que nem pensei em nada. No
momento eu não me preocupei com nada, mas agora todo o peso daquelas
ações começava a cair sobre meus ombros, e sim, eu poderia muito bem estar
grávida… No mesmo instante sentir lágrimas quentes encherem meus olhos e
escorrerem pelo rosto
‒ Meu Deus, Emilly, por que está chorando? – perguntou Toninha
assustada, ela se sentou ao meu lado na cama e começou a passar a mão em
meus cabelos, em uma tentativa de me acalmar.
‒ Garota, eu não sei por que, mas algo me diz que você tem um segredo
aí. Você conheceu alguém na noite do seu aniversário e desde então tem
evitado de falar sobre isso. Não é você que sempre diz que somos sua família?
Então, na família a gente confia e você sabe que pode confiar na gente. Agora
bota para fora o que está te fazendo mal – disse Cadu gesticulando
exageradamente com as mãos e tentando me analisar com os olhos grudados
em mim.
‒ Ok Cadu, você tem razão, vocês são tudo que tenho e confio em vocês
– digo soluçando.
‒ Então conta logo, Emilly, o que está acontecendo com você?
‒ Toninha me desculpe, eu estava bêbada aquela noite…. Se lembra
daquele rapaz que me observou a noite toda? – digo enquanto tentava me
recompor depois de ter chorado tanto, todos os três me olhavam atentamente,
e Toninha balançou a cabeça confirmando minha pergunta. – Então, quando
saí do banheiro, depois que dançamos, ele me puxou pela cintura e me beijou,
eu não resisti, e acabamos nos trancando dentro do banheiro feminino. Eu tive
a melhor noite da minha vida, me entreguei por completo para ele, mas eu
apenas sei que o seu nome é Nicolas.
Todos os três me olharam assustados, rapidamente me senti ainda pior.
Era claro que eles iam se assustar, quando na minha vida que eu tinha feito
qualquer loucura? Nunca! Imagine uma loucura desse tamanho…
– Ele era carinhoso, gentil, tinha uma pegada muito boa e eu não
consegui fugir, nem dizer que não queria, pois, meu corpo dizia o contrário –
continuei a contar rapidamente a história, meu corpo foi consumido por uma
adrenalina para poder finalmente desabafar toda aquela história. – Eu amei
aquele homem, não apenas naquele momento, mas até agora, ele deixou em
mim uma marca profunda. Sonho com ele todas as noites. Não entendo como.
Se eu nem acredito no amor, e estou aqui sofrendo. Quando você apareceu,
Rayane, eu estava saindo do banheiro para a gente conversar, só que aí você e
toda aquela gente me tirou de perto dele. Eu não tirei meus olhos dele, nem
por um minuto e ele me olhava de longe, de repente ele recebeu uma ligação
no celular e saiu do restaurante sem falar comigo. Por esse motivo eu quis ir
embora dali – terminei de contar, sentindo as lágrimas voltarem para meus
olhos.
‒ Meu Deus, Emilly, você pode estar gravida de um estranho! De um
homem que nem conhece de fato – falou Toninha preocupada.
‒ Eu sei, um estranho que eu amo. Como pode isso? Nunca amei
ninguém antes… – soltei um breve soluço e abracei meu travesseiro, sentindo
as lágrimas escorrerem em meu rosto sem parar.
‒ Calma garota, vamos procurar esse bofe e resolver isso, e no momento
certo você saberá o que é o amor – disse Cadu tentando me acalmar, sentando
do meu lado e me abraçou com muito carinho.
‒ Como, Cadu? Eu não sei nada dele, e se ele for casado? Um completo
idiota, um safado, que costuma fazer esse tipo de coisa… – Respirei fundo,
tentando me acalmar, o que não adiantou, pois comecei a chorar mais ainda.
– Mas prefiro pensar nele somente naquela noite, como se ele fosse só meu.
‒ Emilly, cai no real, ele apenas te usou. – Minha amiga disse, já
estressada com tudo aquilo.
‒ Calma, Rayane não seja tão dura com ela, já que se arrependeu do que
fez e está pagando caro por isso, vamos todos com ela amanhã ao médico –
disse Cadu ainda tentando me acalmar.
‒ Ah minha menina, não chore, vamos todos com você. E não vai ser
nada não, apenas estresse por tudo que passou esses dias. Vou te trazer um
chá e amanhã cedo vamos ao médico – Toninha me deu um último abraço, e
enquanto ainda chorava na cama, ela fez sinal para que todos saíssem.
Pouco tempo depois Toninha voltou com o chá. Eu já estava mais calma,
apesar dessa hipótese de que eu esteja gravida, pensar nisso me assustava
muito, pois tenho minha carreira de modelo e isso estragaria todos meus
planos.
‒ Vejo que está mais calma – disse Toninha ao entrar em meu quarto.
‒ Estou sim, só estou com muito medo, de saber o que o médico vai falar.
‒ Calma menina, você não está sozinha. E seus amigos vão passar a noite
aqui, pois estão muito preocupados com você. Agora tenta descansar, amanhã
teremos um logo dia – ela falou pegando a caneca do chá depois que o bebi,
me beijou a testa e saiu, fechando a porta sem fazer barulho.
Mesmo sem sono, eu fechei os olhos, na esperança de não pensar em
nada e conseguir dormir. Rolei um pouco na cama até finalmente pegar no
sono.
Levantei da cama em um pulo e corri para o banheiro com a mãos na
boca, aquilo já estava quase virando rotina. Quando voltei para o meu quarto
vi que já era de manhã.
‒ O que foi? – perguntou Toninha entrando feito um furacão no quarto.
‒ Não foi nada, só estou vomitando novamente.
‒ Você está bem, Emilly? – questionou Cadu entrando em meu quarto.
‒ Você parece que vai desmaiar de tão fraca – Ray disse preocupada. –
Senta aqui, vou te ajudar a se trocar.
‒ Enquanto isso, eu vou preparar um mingau de fubá, você precisa comer
direito – falou Toninha saindo do quarto.
Cadu fuçava no meu guarda roupa, procurando uma roupa para eu vestir.
Ele acabou escolhendo um macaquinho rosa com estampas delicadas que,
segundo sua opinião, vai me deixar bonita, mas não vai chamar a atenção. Eu
não estava me preocupando tanto assim em sair bem vestida, tudo que eu
queria mesmo era tirar essa dúvida de mim. Mas o agradeci por ter escolhido
aquela roupa, sem dúvidas seria bem mais fácil na hora da consulta, já que eu
nem precisaria ter que tirar a roupa e usar aqueles aventais horrorosos de
hospital, era só abrir os botões da frente do macaquinho.
Peguei a roupa da mão da Rayane e fui me trocar no banheiro. Passei mal
mais um pouco assim que fechei a porta. E depois de vestida, voltei para o
quarto.
‒ Emilly, o seu mingau está pronto, senta aqui para comer – avisou-me
Toninha colocando o prato na mesinha do notebook. Comi para não parecer
mal-educada, mas não estava bem para comer.
Ao terminar, corri novamente para o banheiro, e voltei totalmente fraca,
nada parava no meu estomago.
‒ Vou te fazer um rabo de cavalo, senta aqui – disse Rayane. Então me
sentei.
‒ Emilly, eu vou me arrumar, já está quase na hora da gente te levar ao
médico – explicou Toninha saindo do quarto com o prato na mão, e parecia
muito preocupada comigo, só que não disse nada.
Cadu também saiu dizendo que iria se arrumar. Rayane terminou de
arrumar meu cabelo e saiu em seguida. E no mesmo instante que ela saiu,
meu celular apitou, era mensagem do Brayan.
Brayan: Bom dia meu anjo, como está hoje?
Pensei na hipótese de estar grávida e me senti tonta novamente.
Eu: Bom dia, estou indo para o médico agora, assim que eu chegar te
chamo, ok?
Brayan: Ok não se esquece de me chamar, quero saber por que anda
passando mal, pois estou preocupado aqui.
Eu: Pode deixar te chamo sim ok <3
Brayan: Ok, linda <3
‒ Está pronta Emilly? – perguntou Toninha entrando no meu quarto.
‒ Estou sim, já vou descer.
‒ Então vamos, falta apenas meia hora para a sua consulta.
‒ Tá certo, vou pegar minha bolsa.
‒ Emily, acho melhor eu ir dirigindo seu carro, já que não se sente bem.
‒ Tudo bem, Cadu, está aqui a chave – falei entregando para ele.
Chegando na clínica, fomos atendidos por uma jovem muito simpática.
‒ Bom dia, qual o nome da paciente? – perguntou a secretaria.
‒ Emilly Castiel – ela verificou no caderno e me olhando falou:
‒ Senhorita Emilly, logo será aproxima, fiquem à vontade, logo o Doutor
Carlos irá chama-la.
‒ Obrigada – agradeci e fui me sentar, mas ao sentar, me senti mal
novamente e me levantei.
‒ Por favor, onde é o banheiro? – perguntei a secretaria, e ela me disse
onde ficava, e corri para lá, colocando tudo para fora novamente, lavei meu
rosto em seguida, tentando me recompor e voltei para a sala de espera.
‒ Está melhor? – perguntou Rayane.
‒ Não, estou muito enjoada – respondi me sentando do seu lado.
‒ Senhorita Emilly – O Doutor me chamou e fui até ele, com meus
amigos logo atrás de mim.
‒ Emilly, o que a traz aqui? Já faz um tempinho que não a vejo. Sentem e
fiquem à vontade, só não vai ter cadeira para todo mundo – ele falou assim
que entramos.
‒ Tudo bem, estamos bem aqui – respondeu Cadu, com as mãos apoiadas
na parte de trás da minha cadeira, ao lado de Rayane.
‒ Então Emilly, em que posso ajudar?
‒ Doutor Carlos, ando muito enjoada, e vomitando muito.
‒ Isso já faz quanto tempo?
‒ Não sei ao certo, mais ou menos um mês, eu acho.
‒ Qual foi sua última menstruação? – ele perguntou a notando tudo que
eu falava.
‒ Foi há dois meses – e assim ele foi me fazendo muitas perguntas.
Depois me mandou deitar e me examinou de todas as maneiras, e não
satisfeito me pediu então para que eu tirasse a roupa e colocasse um avental.
Fiz o que ele me pediu e me deitei novamente, e ele fez outro exame e em um
monitor que estava na minha frente, me mostrou que eu estava grávida de dez
semanas. Fiquei em choque, quando vi o coraçãozinho pulsar parecia um
pisca-pisca.
Um sentimento estranho tomou conta de mim, era felicidade misturado
com amor, só que ao mesmo tempo eu sentia medo, nunca senti nada igual,
eram tantas emoções que comecei a chorar.
‒ Meus parabéns rapaz, você vai ser pai – O Doutor falou
cumprimentando o Cadu que me olhou assustado, mas não disse nada,
acredito que para não me constranger.
O Médico passou muitos remédios, alguns para o bebê e outros para mim,
principalmente para acabar ou diminuir os enjoos. Depois fez minha
carteirinha de pré-natal, e pediu que eu marcasse um retorno para daqui
quinze dias, e foi o que eu fiz ao sair do consultório
Já em casa, um súbito desespero tomou conta de mim, comecei a chorar
muito, pois tudo que eu queria era poder falar com o Nicolas e dividir com ele
tudo o que eu estava sentindo, a felicidade e o peso dessa responsabilidade
que agora estava dentro de mim.
No entanto eu não faço ideia de onde encontra-lo. Nem sei seu nome
completo. Estava me sentido perdida, assustada, sem saber o que fazer. Me
tranquei no quarto, e não quis ver mais ninguém, queria ficar sozinha, para
tentar assimilar tudo isso. Eu estava grávida de um homem que vi apenas uma
única vez, que além de deixar marcas profundas no meu coração, deixou um
pedacinho dele crescendo dentro de mim.
Amor Muito Além
Depois do seu acidente de carro, Annabela ficou entre a vida e a
morte, e algo estranho aconteceu em sua vida. A moça tinha visões
estranhas que ela mesma não compreendia, e muito menos sabia se
existiam. Entretanto, tal mudança fez com que alguém especial surgisse
em seu caminho e a ajudasse em suas descobertas.
Eric é um cara diferente dos rapazes de sua idade. Aos vinte e
poucos anos de idade, tem poucos amigos e não é muito apegado à
família. Sem tempo para distrações; como baladas e festinhas, a única
coisa que faz é ajudar as pessoas, e isso ele faz muito bem! Um dia o
destino colocará Annabela em seu caminho, e ele viverá tudo que
nunca viveu em sua vida, inclusive a possibilidade do verdadeiro amor.
Será que existe uma barreira para se amar?
Um espaço que possa separar dois corações apaixonados?
Venha descobrir em Amor muito além, uma história de amor
que te fará questionar até onde somos capazes de ir em nome do amor.
À meia-noite
Lorena é uma mulher sonhadora e nunca teve um namorado. No
entanto, ela é apaixonada por um rapaz que conhece há três anos.
Lorena achava que ele apenas a via como amiga, até que um dia ele
decide convidá-la para sair, e foi a melhor noite da sua vida. Só que
depois desse dia, ele simplesmente desapareceu, sem ao menos lhe dar
alguma notícia. Por esse motivo, se fechou em uma tristeza profunda,
já que não entendia o que estava acontecendo.
Será mesmo que o amor poderá nos pregar uma peça? Ou será,
que nós nos enganamos muito com o amor?
Descubra você, neste conto romântico “A meia noite”.
Acordei
casada

Na noite de sua formatura em medicina, Sófia e suas amigas


resolveram ir a uma festa. Embora nunca fora muito de beber, Sófia,
nessa noite, acabou exagerando nos drinks e uma única noite de
bebedeira mudou sua pacata vida para sempre quando se deu conta de
que da noite para o dia, Sofia acordou casada com um lindo rapaz que
nunca viu na sua vida.
Fred é um rapaz ambicioso, nunca gostou de estudar e nem
trabalhar, sempre foi malandro. Ao ver uma linda moça totalmente
bêbada, aproveita da situação e faz a maior loucura da sua vida: casa
com a garota na mesma noite e no estado em que ela se encontra.
Ellen
Prestes a completar 18 anos, Ellen descobre porque sempre foi proibida
de sair de casa e conhecer novas pessoas: ela é amaldiçoada. Ansiando
pela liberdade nunca experimentada ela parte em uma jornada para
descobrir como quebrar essa maldição e ser livre de uma vez por todas.
Uma história cheia de magia, aventuras, coragem e amor!
Redes sociais para entrar em contato com a autora:

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Wattpad; @TaniaVGiovanelliTB1
Facebook; Tania V Giovanelli T B
Skoob; Tania V Giovanelli TB

[tb1]Nessa frase, tem dois isso muito perto, não tem como substituir um?
[Ƹ_s2]Tania, segui a sugestão acima e substitui um dos “isso”

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