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Nanny,

Hoje é dia de lançamento de Frozen, mas o mais importante é também o seu


nonagésimo aniversário. Você viveu uma vida longa e incrível e ainda está aqui, mas você
está lutando para ficar com a gente. Você é uma mulher incrivelmente forte, e cada um de
nós, em nossa louca grande família, ama cada pedacinho, desde seus onze bebês até os seus
quarenta e quatro netos e seus oitenta e sete bisnetos. Nós te amamos. Eu te amo. E eu vou
ficar com minhas armas neste mundo louco da escrita e fazer o que você me ensinou a
fazer: Seguir em frente.

Isto é para você, feliz aniversário! <3


—N eala? Você está em casa?

Não.

— Neala?

Dê o fora.

— Neala Hayden Clarke, é melhor não estar me ignorando!

Eu teria coragem?

— Neala!

Argh!

— Eu estou indo, mãe! Fique calma. — eu disse em um tom rouco, então comecei a
tossir com tanta força que achei que um dos meus pulmões quase chegou até minha
garganta.

Eu esfreguei meu peito enquanto eu me arrastava do meu refúgio acolhedor, então


estremeci quando o ar fresco da manhã me cercou. Peguei meu roupão, o coloquei e meus
chinelos e, em seguida, cruzei os braços sobre meu peito quando corri para fora do meu
quarto e para a minha porta da frente. Eu olhei pelo olho mágico da minha porta por puro
hábito. Eu sabia quem era e quando vi o rosto excessivamente feliz da minha mãe, que
estava vestida da cabeça aos pés em vermelho brilhante, eu não pude deixar de revirar os
olhos.

Eu relutantemente destranquei a minha porta e a abri amplamente.

— Olá mãe. — eu bocejei.


Ela sorriu quando passou por mim, olhando-me como se eu fosse o alvo de um
touro alegre.

— Olá querida, eu te acordei?

Ela estava realmente me perguntando isso? Ela só quase colocou a minha porta
abaixo para me tirar da cama.

— Não, mãe. Eu estou de pé há horas. — eu brinquei.

Minha mãe estalou a língua para mim e gentilmente bateu na minha cabeça com a
mão com luvas vermelhas. Eu ri levemente e divertidamente me esquivei dela. Eu virei e
passei por meu corredor estreito e para a minha cozinha do tamanho de uma caixa. Olhei o
traje da minha mãe por cima do ombro mais uma vez e suspirei.

— Que merda é essa que você está vestindo, mãe? — perguntei sobriamente quando
ela me seguiu até a cozinha.

Com as mãos trêmulas de frio, eu levantei a chaleira do suporte, enchi-a com água
da torneira, em seguida, a coloquei de volta no lugar e apertei o botão na base para ligá-la.

Minha mãe suspirou dramaticamente — É época de Natal!

Isso, em sua mente, justificava a monstruosidade de roupa que ela estava vestindo.

— Parece que papai vomitou em você, mãe. — eu disse então gritei quando ela bateu
não tão gentilmente no meu traseiro com a mão.

— Olha a boca, e pare de me criticar sua merdinha. Eu sou sua mãe, eu deveria ser
reverenciada.

Sim, Vossa Alteza.

Eu sorri. — Eu só estou brincando com você, mãe.

Eu não estava brincando - ela parecia ridícula.

— Bom, agora me faça uma xícara de chá.

— Sim, senhora.

Eu nos fiz chá e fomos para a minha sala de estar onde sentamos no sofá de frente
para a minha TV de tela plasma. Sorri quando a minha mãe tirou os sapatos e colocou as
pernas sob seu traseiro. Nós nos sentamos da mesma maneira, e não era aí que as
semelhanças terminavam entre mim e minha mãe. Ela era 17 anos mais velha que eu e a
mulher era sexy. Bem, ela era quando ela não se vestia como alguém de O Grinch1.

Ela tinha 42 anos e não parecia ter mais de trinta e cinco. Ela era confundida como
minha irmã mais velha nove em cada dez vezes, e tínhamos uma ligação onde erámos não
apenas mãe e filha, mas ela também era uma das minhas melhores amigas. Nós duas
temos olhos verdes frios, longos cabelos castanhos, pele pálida de porcelana e sardas
salpicadas em nossos narizes. Meu pai nos chamava de gêmeas, de brincadeira, às vezes.

— Diga-me, como foi seu encontro na sexta-feira à noite com o qual-o-nome-dele?

Eu suspirei. — O nome dele é Dan Jenkins e foi... bom?

Eu expressei como uma pergunta e minha mãe bufou. — Tão ruim assim, é?

Eufemismo.

Eu balancei a cabeça. — Foi horrível. Sua ideia de conversa fiada foi chocante. Ele
me perguntou se eu estava pensando em ter filhos em breve, porque eu tinha quase trinta e
meus óvulos não seriam tão confiáveis depois que eu atravessasse para o lado negro e
virasse trinta. O cara é estranho.

Minha mãe começou a rir e eu achei que era ao mesmo tempo divertido e irritante.

— Você acabou de completar vinte e cinco anos, você tem anos ainda para pensar
em filhos.

— Exatamente. Isso é o que eu disse, mas este rapaz não estava de acordo. Eu fugi
dele. Eu disse a ele que eu tinha que ir ao banheiro, então eu corri para a porta na primeira
chance que eu tive. Foi uma droga, ele pareceu tão normal quando eu o encontrei na
livraria, mas descobri que ele é um maluco.

Minha mãe já estava bufando de tanto rir.

— Não é engraçado, e se eu esbarrar com ele? Ele vive no centro da cidade, mas tem
família aqui no bairro. Eu congelaria porque eu não tenho ideia do que dizer a ele. Eu não
me despedi ou dei-lhe uma razão do porquê estava indo embora. Eu corri para longe dele.

Minha mãe limpou sob os olhos e sorriu. — Você poderia dizer-lhe que teve um mal
súbito de diarreia?

1
How the Grinch Stole Christmas (no Brasil, O Grinch) é um filme de comédia de fantasia estadunidense de Natal de
2000 da Universal Pictures e Imagine Entertainment, baseado no livro de 1957 do mesmo nome de Dr. Seuss. O Grinch
(Jim Carrey) é uma criatura verde e mesquinha que odeia o espírito de Natal.
— Mãe!

Eu balancei a cabeça quando ela rachou de rir pela sugestão de doença dela.

— Eu sinto muito. — ela riu. — Eu não consegui evitar.

Revirei os olhos. — Sim, sim. Onde está meu pai? Por que ele não veio me ver?

Minha mãe resmungou. — Ele se reuniu com seus amigos para ver o jogo, é o
pontapé inicial.

Isso não me surpreende nem um pouco. Meu pai era um fã extremamente dedicado
de futebol por tanto tempo quanto eu conseguia lembrar, ele vivia e respirava futebol como
se fosse essencial para continuar sua existência. Fins de semana, e até mesmo alguns dias
da semana, eram momentos que meu pai amava. Significava tempo de futebol, e todos em
nossa casa tinham que respeitar isso ou só Deus sabe o que aconteceria.

Homens e seus esportes.

— Deve ser um jogo importante para ele ir a uma quarta-feira. — comentei.

Minha mãe, indiferente, deu de ombros. — Ele disse algo sobre ser o último jogo
que o clube jogaria antes de fazer uma pausa para as férias de Natal ou algo assim. Eu não
estava realmente ouvindo-o.

Ela nunca ouvia, ela odiava futebol.

Eu sorri. — Nesse caso, você quer tomar um café da manhã, em vez de almoçar? Eu
tenho que ir ao Smyths à tarde, antes de fechar para os feriados.

Smyths era uma enorme loja de brinquedos para crianças.

Minha mãe fez uma careta. — O que você se esqueceu de comprar?

Eu ofeguei com choque fingido: — Por que você acha que eu me esqueci de
comprar...

— Neala.

Eu gemi com tom maternal de diga-me-agora da minha mãe.

— Uma boneca para Charli. — resmunguei e evitei contato visual.

Charli era minha sobrinha. Ela tinha cinco anos de idade, e era tanto má e adorável,
mas ela também era bonita o suficiente para fazer você esquecer o quão má ela realmente
era. Ela me disse a algumas semanas que queria uma boneca de mim no Natal, e eu disse a
ela que lhe daria. Isso foi antes de eu perceber o quão difícil seria encontrar a boneca
especial que ela queria.

Minha mãe arregalou os olhos. — O Natal é em seis dias!

Não me lembre.

Eu estremeci. — Eu sei, mas em minha defesa, eu pedi a boneca que ela queria on-
line, mas o mau tempo interrompeu a entrega até janeiro, então eu só cancelei e peguei o
dinheiro de volta. Eu tentei outros sites, mas em todos os lugares ou está esgotado ou não
poderiam fazer qualquer entrega até depois do Natal e do Ano Novo.

Minha mãe levantou a mão para seu rosto e apertou a ponta do seu nariz. Eu
apostaria minha vida que ela desejava ter algo mais forte do que uma xícara de chá para
beber agora.

— Nada é sempre um passeio fácil com você. — ela murmurou e tomou um gole de
seu chá.

Eu suspirei porque era verdade.

— Você está dizendo que eu sou difícil? — eu sorri.

Minha mãe deu uma gargalhada: — Querida, você foi difícil desde o dia em que você
nasceu. É um traço que você compartilha com Darcy.

O sorriso que estava no meu rosto desapareceu e meu aperto sobre minha xícara
intensificou com a menção do nome dele. Minha mãe sabia muito bem que qualquer
menção a ele não era bem recebida perto de mim.

— Não mencione o nome dele neste apartamento.

Minha mãe suspirou dramaticamente. — Pelo amor de Deus, Neala, você tem vinte e
cinco anos e não cinco. Ambos, você e Darcy precisam superar essa... coisa infantil que
ambos têm um com o outro.

‘Coisa’ traduzida em ódio.

Rosnei em aborrecimento. — Eu o odeio e ele me odeia. Ponto final. Fim da história.

Os ombros da minha mãe caíram quando ela suspirou. — Mas ele é um jovem tão
bom, Neala, você não poderia só...

— Mãe! Já tivemos esta conversa um bilhão de vezes antes. Eu nunca terei qualquer
tipo de relacionamento amoroso com Darcy Hart, e é isso.
Eu tive que colocar minha xícara na mesa de café à minha frente, porque de repente
eu senti como se fosse arremessá-la contra a parede. Sentei-me e cruzei os braços sobre o
peito com raiva. Esse sentimento súbito de raiva era exatamente o que Darcy, ou qualquer
menção dele, fazia comigo. Irritava-me severamente e sempre em tempo recorde.

Minha mãe me olhou com uma sobrancelha levantada e sorriu para mim como se
soubesse de algo que eu não sabia.

— Hmmm.

Ela parecia pensativa sobre algo.

Eu pisquei. — Hmmm? O que isso significa?

Minha mãe, indiferente, deu de ombros.— Nada querida. Eu vou pegar mais chá.

Eu a observei se levantar e sair da sala com os olhos concentrados.

— ‘Nada’ uma ova. — eu resmunguei.

Ela estava tramando algo, eu a conhecia bem o suficiente para saber que ‘hmmm’
significava que ela estava pensando em alguma coisa, e isso me preocupava. Estendi a mão
e levantei minha xícara para a boca e tomei um grande gole do meu chá para me acalmar.

Darcy Hart.

Eu sussurrei em meus pensamentos.

Eu odiava pensar sobre Darcy, falar sobre Darcy, olhar para Darcy e ouvir sobre
Darcy.

Eu simplesmente odiava Darcy.

Dizem que o ódio é uma palavra forte e uma emoção ainda mais forte, eu concordo
com isso, porque a paixão com a qual eu odiava Darcy me enchia completamente. Não era
unilateral - aquele homem me odiava tanto quanto eu o odiava, e é assim que era entre
nós. É assim que tem sido quase sempre entre nós. Nós nos odiávamos, e era isso.

A rixa entre nós começou há vinte anos, quando estávamos ambos com cinco anos
de idade, e no jardim de Darcy com nossos amigos. Um dos amigos do Darcy da época,
Alan Pine, colocou o braço em volta do meu ombro e, brincando, me chamou de sua
namorada. Eu ri, porque eu pensei que era a coisa mais engraçada do mundo, mas Darcy
não achou engraçado.

O menino ficou louco.


Ele deu a maior birra do mundo e um soco no nariz de Alan e o fez sangrar. O pobre
garoto correu para casa chorando, o que ele tinha todo o direito de fazer - ele tinha
acabado de levar um soco no rosto, afinal de contas. Depois do ataque violento em seu
suposto amigo, Darcy projetou a raiva em direção a mim. O idiota empurrou meu ombro e
disse-me para ir para casa porque não éramos mais amigos. Foi assim que tudo começou -
ele ficou louco e me expulsou da sua casa por algo que eu ri!

Ele é um babaca desde a mais tenra idade, como você pode perceber.

Quando Darcy me disse para ir para casa naquele dia, ele também mencionou que
nunca queria me ver novamente, e tanto quanto eu odiava admitir isso, ele quebrou meu
coração. Nós éramos melhores amigos desde que começamos a andar, em seguida, em um
piscar de olhos, não éramos. Eu era uma criança muito emocional, de modo que eu lutei
contra a raiva e rejeição de Darcy com a minha própria. Eu não chorei na frente dele, e eu
nunca faria. Em vez disso, eu me tornei uma ameaça do mal quando estava em sua
companhia e o que acabou por ser muito frequentemente.

Você vê, Darcy e eu éramos melhores amigos, por predefinição. Nossas mães eram
melhores amigas, nossos irmãos mais velhos eram melhores amigos, o nossos pais eram
melhores amigos, até nossos avós, que Deus os tenha, eram melhores amigos. Não havia
como escapar de Darcy ou de sua família após o rompimento, de modo que ambos
aprendemos a tolerar um ao outro da melhor forma que podíamos... o que era geralmente
lutando ou pregando peças um no outro.

Nosso ódio um pelo outro cresceu à medida que nos tornamos mais velhos,
enquanto a nossa tolerância para a companhia um do outro diminuiu. Nossas famílias não
pareciam entender o nosso ódio mútuo, porque eles sempre tentaram forçar-nos a
ficarmos juntos para que pudéssemos aprender a ‘seguir em frente’. Eles ainda
tentavam. Não importava que agora ambos tivéssemos vinte e cinco, e qualquer chance de
reparar nossa amizade idiota estivesse muito longe.

Nossas mães, Deus as ajude, tinham essa fantasia tola de que ficaríamos juntos, nos
apaixonar loucamente, e dar-lhes netos, mas eu poderia dizer que nunca aconteceria. Não
havia possibilidade nenhuma. Você teria uma melhor chance de fundir óleo e água para
formar um único líquido do que fazer Darcy e eu sermos civilizados um com o outro. Era
assim que nos odiávamos profundamente.

Éramos uma causa perdida e, no que me dizia respeito, não era uma coisa ruim.
— O que é esse olhar?

Pisquei e balancei a cabeça clareando meus pensamentos, então eu olhei para minha
mãe, que retomou seu assento ao meu lado no sofá. Eu não diria a ela que estava pensando
sobre Darcy e nosso passado, porque ela consideraria como um sinal estúpido que isso
significava que ele era o meu futuro ou alguma besteira assim.

Limpei a garganta. — Nada, isso é apenas meu olhar de quando eu saio de órbita.
Minha expressão dã.

Minha mãe sorriu e calmamente tomou um gole de seu chá, irritando meus
nervos. Eu odiava quando ela olhava presunçosa depois de me irritar sobre Darcy - ela
sabia o que fazia quando o mencionava e isso me incomodava profundamente.

Eu precisava mudar o tema da conversa para longe de Darcy para algo


mundano. Qualquer outra coisa ajudaria, contanto que não fosse sobre ele.

Eu soltei uma respiração pelo nariz e perguntei: — Então, o café da manhã?

Minha mãe sorriu para si quando ela se levantou e piscou. — Sim, vamos tomar café
da manhã. Você pode me contar como planeja conseguir essa boneca para minha neta no
Natal no caminho. Posso dizer que será interessante.

Eu bufei. — Duvido.

— Eu não falaria isso tão cedo, linda. — minha mãe piscou. — Quando você está
envolvida, as coisas sempre são interessantes.
D epois que minha mãe e eu fomos a um café na cidade e tomamos nosso café

da manhã, ela me deixou na Smyths no caminho de casa. Eu cheguei lá 40 minutos antes


da hora de fecharem para o feriado. Sabia que tinha uma quantidade limitada de tempo
restante para minha missão, então eu tinha que ir em frente.

Minha mãe me desejou boa sorte em encontrar uma boneca para Charli, e eu disse a
ela que não precisava de sorte. Acontece que eu precisaria mais do que sorte - eu precisaria
que um maldito duende com seu pote de ouro aparecesse e me acompanhasse para dentro
da loja, porque eu estava ferrada.

— Isso não pode estar acontecendo. — sussurrei desanimada enquanto examinava o


corredor das bonecas na loja pela décima vez em 20 minutos à procura de uma boneca Fire
Princess do filme infantil popular chamado Blaze. O filme era formidável, havia meses que
o filme tinha sido lançado, e todas as crianças ainda estavam malditamente loucas por
ele. Era exatamente por isso que eu precisava dessa boneca. Eu disse a minha sobrinha
Charli que ela ganharia esta boneca no Natal e eu já tinha dito ao meu irmão Sean, o pai de
Charli, que tinha a maldita coisa e não poderia ir para casa de mãos vazias. Se eu fosse
para casa de mãos vazias, isso significaria que não teria nada para dar a ela na manhã de
Natal. Eu engoli a bile quando imagens da minha sobrinha chorando e seu pai
decepcionado inundaram a minha mente.

Eu tinha que conseguir esta boneca, meu título da tia mais legal do mundo dependia
disso.

Eu balancei a cabeça e mantive as imagens inoportunas distantes.


— Por que eles só têm o namorado estúpido da princesa? — murmurei em voz alta
enquanto empurrava de lado caixa após caixa do pobre rapaz - que realmente era um
príncipe - no filme.

Eu precisava da princesa ruiva, não deste rapaz.

— Com licença. — acenei para um jovem rapaz que estava empilhando caixas na
extremidade do corredor.

Ele se endireitou quando me aproximei dele. Sorri quando ele limpou a garganta e
disse: — Posso te ajudar com alguma coisa, senhorita?

Eu balancei a cabeça. — Sim, você realmente pode me ajudar. Eu preciso da Fire


Princess a boneca ruiva daquele filme infantil Blaze. Sabe a única princesa que pode fazer
fogo...

— Com licença, amigo. Você não poderia me dizer onde está à famosa boneca Fire
Princess do filme, poderia? Eu preciso de uma Fire Princess ruiva.

Minha boca perdeu toda a sugestão de sorriso e meu estômago revirou com a visão
dele. Meus olhos verdes se estreitaram e minhas mãos fecharam em punhos. Isso era cruel,
como se aturar uma conversa sobre ele antes não fosse tortura suficiente, agora Deus iria
me fazer encará-lo também? Tudo no mesmo dia? Não era legal. Não era legal mesmo.

Estreitei meus olhos, porque ele estava a poucos metros de distância de mim.

Darcy Hart.

Meu arqui-inimigo.

— Desculpe-me, você está cego? Eu estou bem aqui, e eu estava falando com esse
cara antes de você. — rosnei.

Darcy inclinou-se para a esquerda e olhou ao redor do rapaz para ver quem estava
falando com ele, e quando seus olhos pousaram nos meus, eles instantaneamente se
estreitaram.

— Neala Clarke. — Darcy cuspiu.

Eu revirei os olhos, ele sempre cuspia meu nome como se deixasse um gosto ruim
na sua boca.

Eu maldosamente sorri para ele. — A primeira e única.


Darcy me deu um olhar entediado mais uma vez antes de me dispensar e voltar sua
atenção para o funcionário. — Como eu estava dizendo antes de ser tão rudemente
interrompido, você sabe onde as bonecas do filme Fire Princess estão? Eu preciso da
boneca de cabelos vermelhos.

Ele estava falando sério?

— Você pode esperar a sua vez de pedir ajuda Darcy. Eu estava aqui primeiro!

Darcy estalou a língua para mim. — Buaaá, senhorita perfeitinha não gosta de
esperar, que surpresa.

Como é?

— Espere só um minuto seu grosseiro de merda, o que diabos isso quer dizer?

O rapaz entre Darcy e eu deu um passo para trás, de pé entre nós. Agora tínhamos a
visão perfeita um do outro. Mantive o olhar de sincero desgosto no meu rosto enquanto
olhava para ele, mas meu estômago vibrou mesmo que eu quisesse pará-lo. Eu odiava o
quão bonito o bastardo era - ele sempre teve um rosto bonito, mas ao contrário dos nossos
tempos de escola, ele não era um menino magro mais. Ele era todo preenchido e todo
homem, e pelo que ouvi ao redor da cidade, ele era agora bastante prostituto também... ou
mulherengo, seja o que for.

Voltando em nossa época da escola, Darcy era magro, o menino nerd bonito. Ele
tinha um rosto de bebê acompanhado por um sorriso matador, mas isso era tudo que tinha
a favor dele, porque Darcy tinha sido sempre um babaca, pelo menos para mim de
qualquer maneira. Ele tem sido um pé no saco nos últimos vinte anos, e eu sinceramente
não conseguia ver o dia que isso mudaria.

Pisquei quando a voz de Darcy me tirou do meu transe e chamou minha atenção.

— Isso significa que você fica toda nervosinha2 sobre esperar alguns minutos por
alguma coisa.

Ah, inferno não.

2
No original - have a stick up your arse. Tradução literal: ter um pau na sua bunda. Gíria para intransigente, severo,
rigoroso, demonstrar nervosismo, etc.
— Isso não é verdade e você sabe disso Darcy! — rebati em seguida, joguei meu
longo cabelo castanho por cima do meu ombro e disse: — E, para sua informação, eu não
tenho nada na bunda.

Darcy sorriu, mas era um sorriso maligno na melhor das hipóteses. Imaginei que
Satanás tinha um semelhante, se não idêntico, ao sorriso de Darcy.

— Você está ciente de que me convidou a sugerir que algo mais está na sua bunda,
não é?

Rosnei. — Você sabe que não estou te convidando a dizer qualquer coisa assim, seu
bastardo sujo. Minha bunda não é o tema da discussão aqui.

— Nossa, por que não? Você sabe que adoro falar sobre sua bunda perfeitamente
trabalhada, Neala.

Eu o odiava.

— Você me dá nojo.

Darcy piscou. — Igualmente, querida.

Um arrepio percorreu minha espinha causando um formigamento que se espalhou


por todo o meu corpo. Obriguei-me a acreditar que era porque estava enojada com sua
escolha de palavras, não porque gostei.

Eu dei a Darcy um olhar sujo e então voltei minha atenção para o jovem
funcionário, apenas para não encontrá-lo em qualquer lugar à vista. Eu olhei para cima e
para baixo no corredor, mas ele se foi. Ele desapareceu no ar.

Eu virei furiosamente minha cabeça na direção de Darcy e sussurrei: — Olha o que


você fez!

Eu me virei e fui para o corredor tentando colocar o máximo de distância possível


entre mim e Darcy. Darcy, aparentemente, não se sentia da mesma maneira, porque ele
rapidamente me alcançou até que estivéssemos caminhando lado a lado.

— Como isso é culpa minha? — Darcy me perguntou, irritado.

— Você é estúpido? — assobiei. — Você o assustou com todo seu papo vulgar sobre...

— Sua bunda? Sim, você tem razão. Sua bunda iria assustar qualquer macho viril. O
rapaz aparentemente não é exceção.

Babaca.
— Ouça-me, imbecil, eu quero que você saiba que nenhum homem jamais se referiu
à minha bunda como assustadora.

Darcy alegremente riu. — Talvez não na sua frente.

Eu ia matá-lo.

— Eu juro por Deus que vou...

— Você vai o que? — Darcy perguntou pulando na minha frente e parando meus
movimentos.

— Matá-lo! — rosnei e empurrei seu peito com as mãos, o que ele achou hilário.

— Suas mãos são tão pequenas. — ele murmurou com uma voz que se usa quando se
fala com uma criança.

Eu queria dar um soco na cara desse presunçoso.

— Elas não são! — assobiei.

Tudo bem, minhas mãos eram um pouco pequenas, mas eu não aceitaria Darcy
Hart dizer que elas eram pequenas. Era além de infantil, eu sabia disso, mas eu
simplesmente não ligava. Ele não tinha permissão para dizer que as minhas mãos eram
pequenas, de qualquer maneira.

Darcy gargalhou. — Você vai discordar de mim, não importa o que eu diga.

— Não, eu não faria isso.

Darcy riu de mim provando que ele estava certo, enquanto eu fervia de raiva.

— Você me odeia, não é mesmo, querida?

— Pode apostar seu traseiro que sim. — rosnei.

Darcy alegremente inspirou e expirou. — Bom, estou fazendo alguma coisa certa.

Dito isso, ele se virou e desfilou, sim desfilou, para baixo no corredor.

— Maldito estúpido de merda. — murmurei.

Eu estava prestes a virar e sair da loja para ficar longe do buraco negro do mal que
era Darcy Hart quando notei o contorno do funcionário de antes caminhando em direção
ao Darcy com uma caixa na mão e um sorriso no rosto. Ele tinha toda a minha atenção. A
estrutura de Darcy se endireitou quando estendeu os braços em direção ao rapaz se
preparando para pegar a caixa de suas mãos.
Eu foquei meus olhos para ver melhor a caixa, e quando o cabelo vermelho
flamejante da boneca que eu queria entrou em foco, rompi em uma corrida imediata. Eu
empurrei minhas pernas para se moverem tão rápido quanto podiam como uma máquina,
corredor abaixo. Segundos depois, colidi com as costas de Darcy e o levei ao chão antes que
ele pudesse pegar a caixa das mãos do rapaz.

Essa era a minha maldita boneca, e eu não deixaria Darcy Hart tirar isso de mim.
—P elo amor de Deus! — o estridente grito de Darcy foi tudo o que soou

quando caímos... bem, isso e o baque forte do seu corpo batendo contra o piso frio.

Parecia que ele estava com dor, mas eu estava perfeitamente bem, o que era tudo o
que importava, porque seu corpo duro, esculpido amorteceu minha queda.

Espera.

Esculpido?

Darcy era esculpido?

Bleh.

Esforcei-me para ficar em posição vertical, ignorando os músculos tentadores das


costas de Darcy sob as palmas das minhas mãos, em seguida, fiquei de pé e saltei na frente
do jovem agora parecendo aterrorizado.

— Obrigada. — eu sorri para o rapaz.

Ele engoliu em seco. — É a última do estoque. Sinto muito.

Parei para ler o crachá do rapaz. — Mark. Não se preocupe com isso é exatamente a
boneca que eu estava procurando...

— Ah, não, você não vai ficar com ela.

Eu gritei quando de repente ele me levantou por trás e violentamente me virou para
enfrentar o corredor de bonecas, que eu estava sozinha há poucos minutos. Darcy me pôs
no chão, em seguida, deu um pequeno empurrão que me fez tropeçar para frente.

— Obrigado, Mark não é? Muito gentil, cara.


Morte.

Foi isso que Darcy acabou de pedir.

Virei e de forma primitiva como uma leoa caçando a gazela no Serengeti3, pulei em
suas costas e fechei meus braços em volta do seu pescoço e minhas pernas em volta da sua
cintura.

— Largue a boneca! — exigi.

Darcy ofegou enquanto ele girava em um círculo.

— Ne... — eu apertei o meu braço em volta do seu pescoço cortando seu discurso e
oxigênio.

Minha vitória foi de curta duração, porque Darcy rapidamente agarrou meu braço
ameaçadoramente que estava em volta do seu pescoço com ambas as mãos grandes e
puxou. Como disse antes, Darcy era todo homem agora e facilmente - e foi embaraçoso o
quão facilmente - puxou meu braço do seu pescoço o que lhe permitiu respirar mais uma
vez. Eu não fiquei chateada por ele ter feito isso porque fez o que pedi, ao me agarrar com
ambas as mãos. Ele deixou a caixa da boneca cair no chão.

Baixei meus pés e me afastei de Darcy fazendo-o tropeçar. Eu rapidamente peguei a


caixa da boneca, virei e corri no corredor para longe dos olhos arregalados de Mark - que
estava em seu telefone, sem dúvida, chamando a segurança - e com uma recuperação
rápida, de um Darcy puto e louco.

— Neala! — ele gritou.

Eu fiz uma coisa estúpida. Olhei por cima do ombro para ver o quão longe Darcy
estava de mim, e quando vi que ele estava impetuosamente em meus calcanhares, entrei
em pânico. Eu tropecei em meus pés e gritei quando caí no chão.

Dor.

Foi tudo o que senti irradiar por todo meu corpo. Dor ardente. Meus joelhos
estavam em chamas, o meu ombro doía e meu rosto ardia ligeiramente. Eu estava ferida,

3
É uma região geográfica na África Oriental, no norte da Tanzânia e sudoeste, abriga a maior migração animal de
mamíferos do mundo, uma das maravilhas do mundo natural. Na região fica o Parque Nacional de Serengeti e várias
reservas de caça. A palavra "Serengeti" provém da língua maasai, na qual "Serengit" significa "planícies
intermináveis".2 3
mas além do meu grito repentino eu não choraminguei ou fiz qualquer som de dor, Darcy
teria gostado muito.

Eu o ouvi suspirar enquanto estava em cima de mim. — Você está bem, traseiro
desajeitado?

Não.

— Estou magnífica. — eu disse asperamente.

Eu levantei dolorosamente até que fiquei de pé. Eu estava um pouco vacilante, mas
estava de pé, e isso era o principal.

Claro que eu estava com dor, mas pelo menos eu estava de pé.

— Dê-me a boneca, Neala.

Eu segurei a caixa, agora ligeiramente danificada em meu peito. — De jeito nenhum,


esta é a boneca da Charli.

Darcy olhou para mim. — Não, é do Dustin. Agora me dê aqui.

Dustin tinha seis anos de idade e era sobrinho de Darcy, ele era um garoto doce,
mas agora, ele era meu inimigo também.

— Dustin? Dustin é um menino, Darcy.

— Obrigado por apontar isso, querida. Nós nunca teríamos sabido que ele era um
menino de outra forma.

Babaca.

— Corte suas respostas espertinhas. — rosnei.

Darcy sorriu. — Eu não consigo evitar perto de você. Você provoca isso em mim.

Eu provoco o espertinho nele? Fantástico.

— Seja como for, esta boneca será da Charli. Vá buscar um boneco de ação ou algo
do tipo para o Dustin.

Eu dei alguns passos para trás, para longe de Darcy, mas ele rapidamente fechou o
espaço, avançando para frente.

— Não. Dustin pediu especificamente a boneca Fire Princess, de modo que é


exatamente o que vou lhe dar.
Franzi minhas sobrancelhas. — Seu sobrinho de seis anos quer uma boneca
de princesa... sério?

Darcy olhou para mim. — Ele é uma criança, Neala - é boneca de princesa esta
semana e na próxima semana poderia ser o homem que devora dinossauros. Eu não espero
que pessoas preconceituosas como você entendam que as crianças gostam de brincar com
todos os tipos de brinquedos...

Pessoas preconceituosas como eu?

Que coragem a dele!

— Eu não sou preconceituosa! Eu só acho que Dustin realmente não se divertiria


com esta boneca ou qualquer boneca no caso. Quer dizer, o garoto cortou a cabeça de todas
as bonecas da Charli na semana passada para sua própria doente e destorcida diversão. Ele
é um assassino de bonecas em série, Darcy.

Darcy olhou para mim tão magoado quanto divertido.

— Se eu não conhecesse cada membro da sua família tão bem como conheço,
acharia que vocês foram criados por um bando de loucos.

Ele não estaria mentindo se dissesse que a minha família era louca, porque eles
eram.

— Eu não aprecio você insinuando que eu sou louca...

— Eu não estou insinuando nada, estou afirmando que você é louca.

Senti meu olho contorcer em aborrecimento.

— Eu não suporto você.

Darcy sorriu amplamente revelando seus dentes retos perfeitamente brancos. — Eu


sei.

Por que ele parece tão satisfeito com isso?

— Você não tem outro lugar que prefira estar? Como numa dança no colchão de
alguma pobre alma infeliz.

Darcy sorriu. — As aventuras da noite passada vão me manter sedado por algum
tempo... confie em mim.

Eca.
— Você é nojento.

Tentei virar e ir embora, mas Darcy estendeu a mão para a caixa em meus braços e
como uma leoa e seus reflexos, saltei para longe dele. Engoli em seco quando perdi o
equilíbrio e caí novamente no que eu só posso descrever como uma montanha de
travesseiros. Tudo bem, então talvez eu fosse uma leoa desajeitada, mas eu ainda era uma
leoa e isso significava que era perigosa.

Muito perigosa, assim Darcy nunca deveria me subestimar.

Fiquei envergonhada quando a risada de Darcy tocou meus ouvidos. Meu


constrangimento rapidamente se transformou em raiva quando abri meus olhos e descobri
que estava enterrada sob um monte de bonecos de neve, sorridentes, em vez de velhos
travesseiros.

— Sabe, você poderia dar um destes bonecos de neve à Charli em vez disso. Ela deve
ficar tão feliz quanto.

— Cale a boca. — rosnei.

Darcy riu quando ele me escavou na montanha de bonecos de neve, e me ajudou a


levantar. Eu me limpei com ambas as mãos, em seguida, olhei para baixo e suspirei.

A boneca!

Onde diabos estava a boneca?

Virei em um círculo completo procurando a boneca.

— Procurando por isso, Neala Girl?

Rosnei e virei para encará-lo.

Eu estava furiosa por duas razões. A primeira era que ele tomou outra vez a boneca
de mim. A segunda foi porque ele me chamou de Neala Girl, um apelido que ele me
chamava duas décadas atrás, quando nós ainda éramos amigos. Eu adorava quando ele me
chamava de Neala Girl quando era pequena, mas agora não podia suportar. Meu peito
doeu.

— Não me chame de Neala Girl.

Darcy sorriu. — Esse é o seu nome.

Não, não era.


Eu rosnei. — Dê-me a boneca. Agora!

Darcy estava com a caixa de boneca contra o peito com as duas mãos sobre ela. Seus
dedos bateram contra a caixa, e um sorriso presunçoso esticou em seu rosto.

Ele olhou para os bonecos de neve que se reuniam em volta dos meus pés e brincou:
— Você tem que ver onde coloca o pé, querida.

Eu soltei um suspiro frustrado. — Eu juro que se você não me der essa maldita
boneca eu vou...

— Você vai o quê? — Darcy me cortou, seu sorriso de satisfação ainda em vigor no
seu belo rosto.

Maldito.

— Eu vou enfiar meu pé tão profundamente na sua bunda que você vai precisar de
um cirurgião para removê-lo.

Os olhos de Darcy se arregalaram. — Você é menor do que eu, e pelo menos 22


quilos mais leve. Você é uma coisa pequenina, Neala Girl. Eu não tenho medo de você.
Você não pode me machucar.

Errado.

Ele estava tão errado.

— Eu posso te machucar e irei, a menos que você me dê a boneca.

Darcy levantou uma sobrancelha e bufou. — Que tal... não.

Desgraçado!

Eu curvei meu lábio em um sorriso sádico. — Tudo bem, você pediu por isso.

Darcy balançou a cabeça para mim e caminhou na minha frente para que pudesse
tocar de leve em mim. — Eu não tenho tempo para... que merda é essa?

Quando Darcy estava perto o suficiente eu manobrei o meu corpo por trás dele,
enganchando meus braços em volta do seu peitoral e procurei seus mamilos com as
minhas mãos. Quando os encontrei, agarrei-os entre os dedos indicadores e polegares e
belisquei.

— Meus mamilos, solte meus mamilos! — Darcy gritou.


Rosnei e belisquei seus mamilos um pouco mais forte. — Solte a boneca, e solto seus
mamilos.

Uau.

Essa é uma frase que eu nunca pensei que iria me ouvir dizer.

— Neala! — ele gritou.

Eu ouvi a caixa da boneca caindo no chão, e como eu era uma mulher de palavra,
soltei os mamilos de Darcy. E não fiquei em torno dele tempo suficiente para ele se
recuperar. Em vez disso, passei em torno de seu corpo, peguei a caixa da boneca do chão e
saí correndo pelo corredor.

— NEALA!

Eu gritei e continuei correndo até que estava segura no corredor. Virei à esquerda e
quase tropecei novamente, mas mantive o equilíbrio e consegui ficar de pé. Eu parei de
correr quando notei que cada pessoa na loja estava olhando para mim. Na verdade, tinha
apenas cinco pessoas na loja, porque fecharia em breve, mas ainda assim, todos estavam
olhando para mim.

Abaixei a cabeça e rapidamente fui até o único caixa aberto. A jovem moça estava
desconfiada de mim quando ela tomou a caixa da boneca das minhas mãos e a verificou
totalmente.

— São quarenta e cinco euros e noventa e nove centavos quando estiver pronta, por
favor.

Por uma boneca?

— Muito caro. — murmurei enquanto pegava meu cartão de débito do meu bolso.

Coloquei meu cartão de débito na mão da garota, ao mesmo tempo em que outra
pessoa fez a mesma coisa. Eu congelei quando lentamente olhei para a minha esquerda,
em seguida, para cima.

O rosto furioso de Darcy estava olhando para mim, e eu não pude deixar de sorrir e
dizer: — Tarde demais Darcy, estou comprando.

Eu olhei para a menina e tirei o cartão Visa da sua mão e entreguei a um Darcy com
olhar penetrante. Virei a cabeça e acenei para a garota. Ela examinou o meu cartão,
imprimiu um recibo, ensacou a boneca e entregou de volta para mim.
— Obrigada. — eu sorri para ela e comecei a caminhar em direção à saída.

Eu podia senti-lo andando atrás de mim, então aumentei o meu ritmo.

— Deixe-me em paz, Darcy! — chiei enquanto ia em direção ao estacionamento.

— Sem chance, Satanás. — ele rosnou, ainda esfregando os mamilos recém-


abusados. — Dê-me a maldita boneca.

Ah, que esnobe, este idiota estava me chamando de Satanás.

Incrível!

— Esta boneca é minha propriedade. Eu paguei por ela então dê o fora.

Darcy silvou. — Se você acha que deixarei você sair daqui...

— Ei, vocês dois.

Darcy e eu paramos nossos movimentos e viramos a cabeça para a direita. Eu estava


momentaneamente confusa quando vi dois Gardas4 caminhando em nossa direção, e
nenhum deles parecia feliz.

— Você está falando com a gente? — Darcy perguntou aos guardas.

— Você vê mais alguém aqui fora? — um dos homens respondeu rudemente.

Olhei ao redor do parque de estacionamento vazio coberto de gelo e estremeci.

Nós aparentemente éramos os únicos estúpidos o suficiente para vir aqui fora
quando estava abaixo de zero.

— Não. — respondeu Darcy e abaixou a cabeça.

— Recebemos um telefonema que uma mulher e um homem que se encaixam nas


suas descrições estavam causando problemas dentro da loja de brinquedos.

Eu arregalei meus olhos e olhei de volta para a loja.

Eles chamaram os guardas para nós?

Eu olhei de volta para os guardas e engoli em seco. — Tivemos um


desentendimento, mas não acho que fizemos alguma coisa errada... não realmente.

Darcy coçou o pescoço e permaneceu em silêncio.

Rapaz esperto.

4
Guarda civil da Irlanda.
— Olha, está chegando o Natal, e não quero prender um casal que estava
indulgentemente discutindo em uma loja, então futuramente façam em privado.
Entenderam?

Eu sabia que estávamos sendo livrados de entrar em uma fria por nosso
comportamento na loja, mas tudo que eu podia focar era que esse homem pensou que
Darcy e eu éramos um casal. Senti-me tão encantada quanto desgostosa com a observação,
e então me senti ainda mais revoltada com a minha reação inicial de ter ficado feliz com a
observação. Eu só deveria sentir nojo quando se tratava de Darcy. Eu não tinha espaço
para mais nada, quando se tratava dele.

— Sim, senhor. — respondi em uníssono com Darcy.

Os guardas assentiram com a cabeça para nós, então, seguiram seu caminho de
volta ao carro. Eu não movi um músculo, e nem Darcy, até que saíram do parque de
estacionamento e fora da vista. Assim que eles foram embora saí correndo em direção ao
ponto de ônibus.

— Neala! Porra, mulher!

Eu não parei para olhar por cima do meu ombro. Eu desencadeei minha leoa
interior e corri. Mantive meus olhos no chão para que eu pudesse ver qualquer gelo negro5
que me atrapalhasse se eu escorregasse. Ouvi Darcy soltando um grito alto, em seguida,
um grunhido de dor e acompanhado de palavrões e eu sorri. Ele caiu.

Eu estava sem fôlego quando cheguei à calçada, alguns momentos depois. Estava
procurando por um ônibus, mas um táxi azul me chamou a atenção. Eu levantei
instantaneamente meu braço no ar e acenei para chamá-lo. Rezei para que o motorista me
visse, e quando vi que o seu pisca alerta ligou, gritei de alegria. O motorista foi se
aproximando mais de mim.

Corri até o táxi e saltei na parte de trás batendo a porta para fechar. Dei o meu
endereço e lhe pedi para arrancar imediatamente. O homem fez o que pedi e eu relaxei de
volta no meu lugar antes de virar minha cabeça e olhar para fora da janela. Engoli em seco
quando vi Darcy.

5
Refere-se a uma camada de gelo vítreo sobre uma superfície (geralmente estradas ou pontes). Não é
verdadeiramente negro, mas sim virtualmente transparente, permitindo que o asfalto das estradas possa ser visto
através dele.
Ele estava no estacionamento ainda com as mãos fechadas em punhos ao lado do
corpo. Ele estava olhando para mim com seu maxilar tenso. Estava irritado, e desde que eu
tinha a última palavra e queria irritá-lo ainda mais, eu levantei o meu dedo do meio para
ele conforme o táxi se afastou. Virei à cabeça para frente, quando o perdi de vista, e ri
sozinha.

Neala: 1 Darcy: 0
E u odiava Neala Clarke.

Eu absolutamente, cruelmente, a odiava.

Rosnei de raiva, com apenas o pensamento da cadela ladra.

Ela fodeu tudo para mim. Encontrar aquela boneca esquecida por Deus para Dustin
no Smyths era a minha última opção, em qualquer outro lugar essa coisa estúpida tinha
sido vendida. Qualquer site que encontrei on-line que vendia não entregaria até o Ano
Novo, o que não era bom porque eu precisava para o dia de Natal. Eu tive a maldita coisa
em minhas mãos, duas vezes, e ela ainda conseguiu puxar de mim e levá-la embora.

— Vaca do caralho. — rosnei enquanto olhava para a tela desligada da TV de plasma


de cinquenta polegadas na parede na minha frente.

Não houve um único encontro com Neala Clarke ao longo dos últimos vinte anos
que não terminasse comigo a odiando. Sempre era culpa dela também. Ela não conseguia
ser civilizada comigo - ela tinha que ser rude fisicamente e vir com tudo para cima de
mim. Se eu trazia uma namorada para a festa de família, ela trazia um novo namorado que
sempre era maior do que eu e provavelmente poderia chutar a minha bunda com
facilidade. Eu era um cara tranquilo - eu estava mais para um amante do que um lutador,
mas se alguém alguma vez viesse para cima de mim com a intenção de me prejudicar, eu
não recuava. Tentava conversar primeiro, mas não saía de uma briga se tivesse razão. Eu
era uma boa pessoa, que às vezes podia ser teimoso, mas somente quando ela estava por
perto.

Engoli o último gole da minha Coca-Cola e apertei a lata até que amassou dentro do
meu punho. Eu momentaneamente imaginei que era a cabeça de Neala, e sorri.
— Por que você está sorrindo desse jeito? — Sean, meu amigo, perguntou.

Estava no apartamento dele. Eu tinha uma chave para emergências, mas usava para
escapadas aleatórias como de costume, Sean estava bem com isso.

Continuei a sorrir, quando disse. — Nenhuma razão.

Ele levantou uma sobrancelha. — Bem, pare com isso. Você está me assustando.

Bufei. — Desculpe cara.

Sean despencou no sofá ao meu lado e jogou seus pés em cima da mesa de
centro. Foi assim que eu soube que Jess, sua noiva, não estava em casa. Ele nunca
colocaria os pés em cima da mesa de centro se ela estivesse aqui.

— Então, você conseguiu o presente do Dustin? — perguntou Sean.

Aqui vamos nós.

Eu grunhi. — Quase.

— Quase? — Sean perguntou intrigado.

Eu soltei um suspiro frustrado. — Sim, quase. Eu tinha a maldita coisa em minhas


mãos, em seguida, ela apareceu e levou.

Sean virou a cabeça para que pudesse olhar para mim quando perguntou: — Ela?

— Ela! — rosnei.

Sean riu. — Quem é ela?

O Diabo.

Eu olhei para ele e cuspi. — Sua irmãzinha.

Sean Clarke era meu amigo, mas ele também era o irmão mais velho da maldição da
minha existência.

Sean sorriu balançando a cabeça e disse: — Neala. Eu deveria saber.

Ele realmente deveria saber.

— Exatamente, quem mais me irrita como ela?

Sean considerou, em seguida, disse: — Ninguém.

Exatamente.

— Porque ela é uma vadia.


Sean me deu um soco no ombro, depois sorriu.

— Ela conseguiu a boneca? — ele perguntou.

Eu balancei a cabeça. — Não de forma justa, ela me atacou... duas vezes.

Sean mordeu o lábio inferior para não rir.

— Não é engraçado. Ela me machucou cara, meus mamilos estão me matando. Eu


pensei que ela tinha me feito sangrar num certo ponto, ela os torceu. Era como um animal
selvagem!

Sean me cortou quando sua risada irrompeu dele como um vulcão.

— Mamilos... torcidos? — ele perguntou através de seu riso.

Levei minhas mãos para os meus mamilos e achatei as palmas das minhas mãos
sobre eles. Eu ainda estava com dor. A torção no mamilo foi inesperada, e isso deixou
ainda mais doloroso. Eu deveria estar pronto para qualquer coisa quando se tratava de
Neala, mas em minha defesa eu pensei que ela era ‘boa demais’ para recorrer à violência
quando se tratava de mim.

Ela não vinha para cima de mim há anos. Acho que a última vez que ela me bateu
com raiva foi quando tinha quinze anos e eu ‘acidentalmente’ derrubei tinta de tecido
vermelho enquanto ela estava vestindo jeans branco e disse a todos que ela tinha se
‘tornado uma mulher’.

— Sim, ela torceu tanto que, sinceramente, pensei que eles tivessem sido
arrancados.

Sean bateu com a mão em seu joelho e continuou a rir. Eu abaixei minhas mãos dos
meus mamilos sensíveis e olhei para ele até que ele parou de rir o que não aconteceu antes
de dois minutos inteiros.

— Estou feliz que você ache isso engraçado, porque fui roubado da única chance que
tinha de dar ao Dustin essa boneca porque sua irmã má me fodeu. Justin não me deixará
esquecer isso.

Pensei no meu irmão sete anos mais velho e fiz uma careta. Eu disse a ele que
pegaria a maldita boneca para Dustin, e agora eu não a tinha. Eu seria um tio de merda no
dia de Natal, quando não tinha nada para dar para o Dustin. Ele pediu esta boneca, e eu
tomei a frente e disse que conseguiria mesmo que faltassem apenas duas semanas até o
Natal, quando ele me pediu.
Sean sacudiu a cabeça. — Jay será legal sobre isso.

Eu suspirei e estalei meus dedos. — Você é seu melhor amigo - eu sou seu irmão. Ele
vai chutar minha bunda por quebrar minha promessa com Dustin e chateá-lo.

Sean considerou isso então riu quando percebeu que eu estava certo, ele sabia tão
bem quanto eu que Justin iria querer me bater, se eu não conseguisse o prometido. —
Então vá até a casa de Neala e a pegue de volta.

Essa era uma missão suicida.

Eu resmunguei: — Eu não posso, porque ela comprou... ela provavelmente me


atacará novamente e reclamará que invadi o apartamento dela. Eu não duvido que ela
chame os guardas para mim também.

Sean riu. — Eu geralmente a defenderia e diria que ela não faria isso, mas ela muda
quando você está por perto.

Não me diga.

— É porque ela gosta muito de mim. — eu disse, meu tom atado com sarcasmo.

A boca de Sean se curvou em um sorriso sádico, e eu não gostei.

Nem um pouco.

— Por que você está sorrindo para mim assim?

— Nenhuma razão. — disse ele, imitando a minha voz de cedo.

Idiota.

— Bem, pare.

Sean continuou a sorrir, em seguida, depois de um momento de reflexão, estalou os


dedos e saltou em seus pés. — Eu tenho uma ideia, vamos até Neala e pegar aquela boneca
de volta para Dustin.

Este palhaço estava falando sério?

Eu levantei minha sobrancelha.— Você quer que eu invada o apartamento da sua


irmã e roube a boneca que ela acabou de comprar para dar à sua filha no dia de Natal?

É isso que ele estava dizendo?

Sean riu alegremente. — Não e não. Nós não invadiremos - seremos convidados.
Você também não vai roubar nenhum item que pertence a ela - você terá de volta o item
que pertence a você. Charli será coberta de presentes, ela estará feliz na manhã de Natal.
Confie em mim.

Ele estava ficando louco, mas eu não iria questioná-lo, porque isso significaria que
eu poderia pegar a boneca de volta de Neala se ele ajudasse.

Deixando isso de lado, eu ainda não sabia como ele pensava que eu era dono da
boneca quando eu lhe disse que Neala tinha pagado pela maldita coisa.

— Cara, eu não tenho nenhuma ideia do que você fuma, mas eu não paguei...

— O cartão de débito de Neala está na mesa de centro. — Sean me interrompeu


sorrindo.

Estava?

Franzi minhas sobrancelhas em confusão, em seguida, sentei ereto. Estendi a mão e


peguei o cartão que ele estava falando, e olhei para ele cuidadosamente. Senhorita Neala
Clarke, o nome estava na tarja do cartão.

Como é que eu acabei com o cartão de débito da Neala?

— Eu não entendo. — murmurei em confusão.

Sean suspirou. — Não é assim tão difícil de perceber o que aconteceu, cara.

Para ele, talvez.

Eu grunhi. — Esclareça-me, então, oh sábio.

Sean estalou os dedos e disse: — Eu estou supondo que tanto você quanto minha
irmã tentaram pagar pela boneca ao mesmo tempo, e que a pessoa atrás do caixa pagou a
boneca com o seu cartão, e deu-lhe de volta o da Neala, então você pegou o cartão
pensando que era seu. Um simples erro.

Olhei para Sean, depois de volta para o cartão da Neala.

Puta merda.

— Eu sou o dono da boneca?

Sean sorriu. — Você é o dono da boneca.

Ah, merda, sim!


Eu presunçosamente sorri quando assimilei o que Sean disse. Eu era o dono da
boneca Princess. Eu era o fodido proprietário dela, e tudo o que tinha que fazer era
recuperá-la de Neala.

Meu sorriso caiu quando pensei sobre essa tarefa em particular, mas depois de um
momento eu a empurrei de lado. Eu poderia fazer isso - as coisas mais difíceis têm que ser
conquistadas.

Eu teria que estar alerta e proteger meus mamilos, mas fora isso, seria
divertido... certo?
—V ocê está nervoso? — Sean me perguntou enquanto caminhávamos

pelo corredor do prédio de Neala.

Eu juro que podia ouvir meu coração batendo contra meu peito a cada passo que me
levava para mais perto da porta do apartamento de Neala e esse idiota me pergunta se eu
estava nervoso? Tente tendo um súbito ataque de pavor de verdade.

— Não, cara. — menti. — Isso vai ser fácil.

Eu sabia muito bem que começava a brotar suor da minha testa visivelmente, mas
se Sean percebeu, ele foi um bom amigo e não mencionou. Eu poderia tê-lo abraçado por
isso, mas como eu não queria lidar com piadas gays dele o resto do dia, evitei mostrar
qualquer sinal sentimental de gratidão. Eu mantive meu rosto inexpressivo, era
extremamente difícil, mas consegui.

— Ah, aqui estamos. — Sean anunciou quando chegamos, parando em frente a uma
porta feita de restos de esqueletos humanos.

Está bem, era de madeira de carvalho, mas poderiam ter sido esqueletos,
Neala era o Diabo, afinal.

Minha respiração pegou ritmo, o meu coração batia mais rápido e o suor tornou-se
gotículas conforme elas caíram da minha testa até minhas bochechas. Eu estava muito
ciente do quanto um maricas de merda eu estava sendo, mas não me importei. Eu estava
em seu território, em um lugar que nunca estive antes. Ela podia me enganar aqui e eu não
poderia fazer uma única coisa sobre isso.

Aqui era onde os pesadelos eram feitos. Meu pesadelo de qualquer maneira. Neala
sempre foi a estrela dos meus pesadelos... ela também foi a estrela de alguns dos meus
sonhos pornográficos noturnos, quero dizer, pesadelos também. Eu tentei não pensar
sobre aqueles embora.

— Você podia pelo menos tentar não parecer tão aterrorizado. — Sean murmurou
para mim quando ergueu a mão e bateu três vezes na porta.

Cada batida de seu punho contra a porta de madeira envernizada me fizeram


estremecer.

— Eu não estou com medo. — eu disse depois de limpar minha garganta... duas
vezes.

Sean bufou. — Poderia ter me enganado, cara.

Fiz uma careta para ele e endireitei a minha altura de 1,90m.

Pare de ser um maricas.

Eu repeti o pensamento mais e mais na minha cabeça até que eu estava


semicalmo. A porta do apartamento de Neala abriu segundos depois e o sentimento
semicalmo que estava anteriormente em cima de mim fugiu sem aviso em segundos. Eu
estava de volta a ser um balde de suor devido aos meus nervos.

Adorável.

— Ei irmãzinha. — Sean sorriu para Neala que estava olhando para ele com uma
sobrancelha levantada.

Eu queria rir no momento em que seus olhos deslizaram para os meus. Todo o seu
comportamento mudou depois que ela se deu conta que eu estava em pé na frente
dela. Suas mãos fecharam em punhos, seu corpo esbelto ficou tenso, o lábio enrolou em
um rosnado estranhamente atraente e seus olhos se estreitaram.

Ah sim, ela estava chateada.

— Você. — ela resmungou.

O nervosismo que senti momentos atrás desapareceu e minha atitude sarcástica


usual que aparecia quando Neala estava próxima surgiu e fiquei grato por isso. Ser um
babaca com ela era algo que eu podia administrar bem, qualquer outra coisa estava fora da
minha zona de conforto.

Eu sorri e disse. — Eu.

— O que você está fazendo aqui? — ela chiou.


Eu pisquei quando um pensamento mau, realmente lamentável, entrou na minha
cabeça.

Eu pensei que momentaneamente Neala era sexy quando estava chateada o que não
era legal, não era legal absolutamente. Eu só pensava em coisas como cachorros mortos e
gatinhos desabrigados quando pensava em Neala, não no seu maldito sex appeal.

Eu balancei a cabeça, a clareando, e disse: — Eu estou com ele. — apontando meu


polegar na direção de Sean. Senti como se de repente não pudesse falar, assim, coloquei
toda a atenção sobre Sean que foi tudo o que eu pude fazer.

Neala trocou seu olhar furioso de mim para seu irmão mais velho.

— Explique. — ela resmungou.

Sempre direto ao ponto.

Eu odiava admitir, mas eu gostava disso nela. Era, provavelmente, a única coisa que
eu gostava sobre ela, além do seu corpo - Pare com isso! Mandei para longe a súbita
batalha interna dentro da minha cabeça e foquei na conversa entre Neala e seu irmão.

— É Natal na próxima semana, e eu sei que já tentamos antes, mas achei que era
hora de finalmente resolver essa merda entre você e o Príncipe Encantado aqui tiveram
nos últimos 20 anos. Eu não vou me sentar em outro jantar de Natal embaraçoso, somente
para que se transforme em uma refilmagem irlandesa do Gladiador. — Sean olhou entre
mim e Neala e balançou a cabeça. — As crianças, sua sobrinha e seu sobrinho, têm idade
suficiente para entender o ódio que vocês sentem um pelo outro, e eu não quero passar
isso para eles. Resolvam a merda de vocês e ajam como os adultos que vocês são.

Mas que merda é essa?

Eu pensei que ele estava aqui para me ajudar a pegar de volta a minha propriedade!

— Mas...

— Sem, mas, Neala. Eu não vou ter minha filha por perto, quando vocês estiverem
juntos, e uma vez que as nossas famílias fazem tudo junto isso significa que ambos não
serão convidados para coisa alguma. Vocês entenderam isso? Vocês não serão bem-vindos
em festas de aniversários, festa de noivado...

— Festa de noivado? — o cortei e perguntei.


Sean olhou para mim e sorriu, o que por sua vez me fez sorrir. Eu sabia que ele e
Jessica tinham finalmente escolhido uma data para a sua festa de noivado. Esta notícia
seria recebida com prazer por minha mãe e de Sean. Nossas mães eram melhores amigas,
por isso significava que elas faziam tudo juntas, e eu quero dizer tudo. Ambas estavam à
espera de colocar a festa de noivado de Sean e Jessica fora do caminho para que elas
pudessem finalmente começar a organizar e planejar o casamento.

Esperávamos que a festa de noivado fosse levantar o ânimo de Jessica, também. Ela
estava pra baixo desde que o dinheiro não estava entrando como costumava e era a
principal razão pela qual ela não queria desperdiçar dinheiro em uma festa de noivado. Ela
trabalha no O'Leary's Pub na cidade, juntamente com a esposa de Justin, Sarah, mas seu
salário não era grande. Eu trabalho com construção, sou coproprietário da Clarke & Hart
Contruction com Sean e Justin. Ela foi passada para nós há alguns anos por nossos pais, e,
infelizmente, só tivemos um grande trabalho no último ano e meio, a reconstrução do hotel
Holiday Inn na cidade.

O trabalho nos dava um salário decente, mas nós tínhamos que ser inteligentes com
o montante que continuávamos investindo na empresa, bem como os nossos próprios
pagamentos, porque precisávamos sobreviver também. Felizmente, os proprietários do
hotel estavam crescendo e melhorando, trazendo mais trabalhos para a nossa empresa,
mas idealmente gostaríamos de ter mais trabalhos durante todo o ano para ajudar a
distribuir mais horas para os nossos funcionários. Isso matava os meus irmãos e a mim,
quando tínhamos que dispensar nossos rapazes por não conseguirmos trabalho
suficiente. Especialmente quando chegavam os feriados.

— Você e Jessica escolheram uma data para a festa, sério?

Sean acenou com a cabeça. — Sério, ela quer antes do Natal.

Eu arregalei os meus olhos. — Antes do Natal? Como neste Natal, na terça-feira?

Sean riu. — Sim, ela quer uma pequena festa no pub local, no dia 21. Nesta sexta-
feira.

Hoje era quarta-feira.

Fale sobre em cima da hora.

Neala jogou as mãos para cima no ar. — Sexta-feira... isso é em dois dias!
Sean esfregou o pescoço e olhou entre mim e Neala. — Eu sei, está em cima da hora,
mas isso é o que Jess quer. Você sabe que ela está estressada sobre cortar as horas no pub e
não conseguir outro emprego, de modo que ela fará isso para alegrar os espíritos de todos.

Eu adorava uma festa, então bati minha mão contra a estendida de Sean e bati o
meu peito contra o seu e nós nos abraçamos. Neala rapidamente superou o curto prazo
para a festa e colocou um sorriso brilhante no rosto quando Sean e eu olhamos para
ela. Seu sorriso era para seu irmão, é claro, nunca era para mim. Se o seu lábio estivesse
enrolado em um grunhido de desgosto, então esse seria para mim.

— Quando foi decidido? — Neala perguntou quando andou em direção aos braços
abertos de Sean.

— Ontem a noite. Jess ligou para Bob e perguntou se podíamos fazer neste fim de
semana. Desde que ele precisa do negócio, disse que sim sem nenhum problema, e uma vez
que Jess trabalha lá temos uma taxa de desconto sobre os alimentos também - o que é
bom.

Neala riu da emoção do seu irmão e o abraçou com força.

Eu esperei o momento irmão e irmã terminar antes de fazer o meu movimento para
colocar o meu plano em prática. Eu precisava entrar no apartamento da Neala e eu só
conseguia pensar em uma maneira lógica que não fosse suspeita para ela.

— Posso usar seu banheiro, Neala Girl? — perguntei, sorrindo amplamente.

Neala deslizou seus olhos verdes gelados para mim e rosnou: — Não, pode urinar
em si mesmo, não me importo.

Eu pisquei.

Bem... isso torna as coisas difíceis.

— Neala, não aja assim. Estamos aqui para superar o drama infantil, lembra? —
Sean disse quando inclinou seu ombro contra o batente da porta dela.

Eu escondi meu sorriso, esfregando a mão sobre minha boca. Neala estava
engolindo cada palavra que Sean dizia por que ela não tinha nenhuma razão para duvidar
dele, ele era seu irmão mais velho, afinal. Eu me senti um pouco culpado por ela confiar
nele quando ele estava do meu lado. Isso era problema de Sean e seria sua culpa se ele
fosse descoberto e recebesse a reação de Neala. Apreciei a sua ajuda, claro, mas ele era um
menino grande e tomou a decisão de me ajudar por conta própria. Na verdade, foiideia
dele de vir aqui em primeiro lugar.

— Por favor, por mim? — Sean perguntou com seu tom suave.

Eu observei quando Neala cedeu a ele antes de falar as palavras.

— Tudo bem. — ela suspirou e se afastou enquanto gesticulava para que


entrássemos em seu apartamento.

Deixei Sean ir primeiro porque eu precisava de um tempo para me recompor. Eu


não era um maricas, mas estava prestes a entrar em seu covil e eu estava tanto animado
quanto aterrorizado por razões que eu não podia explicar. Eu dei um passo à frente quando
Neala limpou a garganta. Olhei para ela e sorri enquanto passava por ela. Eu levemente ri
para mim mesmo, porque se olhar matasse, eu estaria morto e enterrado com o olhar que
ela atirou na minha direção.

— O banheiro é no final do corredor à esquerda, Darcy.

Eu sorri.

Eu sempre gostei do jeito que ela dizia meu nome... mesmo que ela cuspisse para
fora da sua boca deliciosa cada vez que dizia.

Eu pisquei para minha escolha de palavras.

Boca deliciosa?

Desde quando eu acho que qualquer parte de Neala é deliciosa?

— Obrigado. — eu disse a Neala depois de um longo período de silêncio.

Eu não olhei para ela ou Sean quando me virei e caminhei pelo corredor em busca
do banheiro. Não foi difícil, o apartamento de Neala era minúsculo e além do banheiro do
lado esquerdo da sala havia apenas outro cômodo que eu imaginei ser seu quarto. Coisas
pervertidas entraram em minha mente quanto mais eu olhava para a porta do quarto,
então rapidamente entrei no banheiro. Eu fui até a pia e abri as torneiras então esperei
alguns instantes para que a água ficasse fria antes de juntar as minhas mãos, reunir um
pouco de água e jogar sobre meu rosto. Esfreguei os olhos e tomei algumas respirações
profundas para relaxar.

Eu podia fazer isso.

Eu podia encontrar a boneca e levá-la de Neala.


Eu não estava roubando quando pertencia a mim... certo?

— Recomponha-se. — eu resmunguei e joguei mais um pouco de água sobre o meu


rosto.

Sequei meu rosto e as mãos com uma toalha pequena antes de sair do banheiro e
reencontrar Sean e Neala em sua sala de estar. Ambos estavam sentados, Sean no sofá ao
lado da árvore de Natal e Neala na poltrona de frente para nós. Peguei o lugar ao lado de
Sean e limpei minha garganta.

— Bonito lugar. — disse o mais educadamente que pude.

O lábio de Neala arqueou. — Obrigada.

Ela disse ‘obrigada’. Mas o que eu ouvi foi foda-se, e isso me fez sorrir.

— Eu aposto que ambos estão chorando por dentro agora por serem bons um para o
outro. — disse Sean enquanto olhava entre mim e Neala.

Eu suspirei, mas não neguei a verdade óbvia.

Era mais fácil ser horrível para Neala do que ser bom para ela.

Isso me fazia um idiota?

Provavelmente.

— É por isso que vocês dois estão realmente aqui? Você nos quer...nos dando bem?

Sean olhou para mim, então assumi a liderança com a mentira ensaiada que
pratiquei na minha cabeça enquanto vínhamos para cá.

— Sim, eu quero que nos demos bem, e Deus sabe que o mesmo acontece com todos
os outros, então estou dando o primeiro passo aqui. Literalmente. Eu vim aqui para tentar
chegar a algum tipo de trégua entre nós.

Neala bufou e cruzou os braços sobre seu amplo peito.

— Nós não somos dois países em guerra, Darcy.

— Não. — Sean interrompeu. — Mas vocês são duas pessoas em guerra, e para ser
honesto, quando vocês se juntam é o equivalente a dois países lutando. Dois países
altamente armados e equipados.

Engoli em seco.

Éramos realmente tão ruins?


Merda.

Eu sabia que agia um pouco - tudo bem, muito - imaturo com nossas brigas, mas
porra, eu não achei que estávamos indo tão longe quando brigávamos. E as chances eram
que quando eu levasse a boneca da Neala, e ela percebesse o que eu tinha feito, isso
provocasse uma guerra como ninguém nunca viu antes.

Por que eu estava tão animado sobre isso?

Eu estava louco, era por isso.

— Do que você está sorrindo? — a voz de Neala estalou.

Conectei meus olhos com os dela e dei de ombros. — Só pensei em algo engraçado.

Bem, engraçado de um jeito distorcido e louco.

Neala obviamente não acreditou em mim, eu poderia dizer pela sua expressão, mas
não lhe dei a reação que ela queria, porque não queria alimentar sua especulação sobre
mim, eu queria que ela ficasse à vontade. Ou tão à vontade quanto ela poderia ficar comigo
em sua casa.

— Então... como faremos isso? Nós nos odiamos Darcy.

Olhei para ela por um longo momento sem pestanejar.

Ela estava realmente pensando em consertar as coisas entre nós?

Eu não estava esperando por isso.

— Hum... eu não tenho certeza. — eu disse, então engoli em seco. — Eu sei como nos
sentimos em relação ao outro, mas eu acho que nós poderíamos começar não atacando um
ao outro ou xingando quando o nome do outro é mencionado... isso poderia ser um começo
para... tolerância?

Neala ficou em silêncio enquanto refletia sobre as coisas constantemente se


movimentando em sua mente. Eu a conhecia como a palma da minha mão e sabia que ela
iria pensar sobre isso até encontrar alguma falha que eu estava tentando enrolá-la. Eu não
ia dar a chance dela fazer isso.

— Pare de pensar que eu estou tentando jogar com você. — eu disse.

Eu interiormente estremeci quando disse isso.


Eu estava jogando com ela, não sobre o conserto do nosso ‘relacionamento’, porque
isso seria realmente bem legal, mas com o cartão de paz para que eu pudesse chegar até a
boneca e pegar dela.

Porra, ela realmente me odiaria mais do que nunca, quando finalmente descobrisse
o que eu estava fazendo com ela.

— Eu não confio em você, Darcy.

Decisão sábia.

— Mas eu confio no meu irmão e na minha família, e se eles acham que podemos
chegar a um ponto onde podemos tolerar um ao outro, então tudo bem, eu vou tentar. Mas
sei que estou fazendo isso por nossas famílias, não por nós.

Parecia justo.

— Ciente. — balancei a cabeça.

Neala acenou com a cabeça para mim, então limpou a garganta quando se levantou.

— Posso te oferecer alguma coisa?

Eu olhei para o irmão dela e esperei para ver o que ele iria pedir, porque se eu não
pedisse nada, mesmo que ela tivesse oferecido, ela provavelmente iria morder um pedaço
do meu rosto. Eu podia sentir a raiva irradiando quente de seu corpinho - trocadilho. Ela
estava aberta à ideia de nos darmos bem, mas não estava feliz com isso.

Sean balançou a cabeça embora, então sorri e disse: — Água, por favor.

Depois de um breve aceno de cabeça, ela foi até a cozinha, e Sean me cutucou com o
cotovelo.

— Ela vai te matar quando descobrir...

— Eu sei.

— E a mim por ajudar você...

— Eu sei.

Sean suspirou e murmurou baixinho. — É melhor isso funcionar ou eu vou me


matar.

Funcionar o quê?

Encontrar e pegar a boneca?


Com o pensamento da boneca me esqueci sobre Sean e Neala, e olhei ao redor da
sala. Se a boneca estivesse em seu quarto eu estava fodido porque não havia nenhuma
maneira que eu pudesse inventar uma desculpa viável que resultaria em ter que ir ao seu
quarto. Olhei ao redor da sala de estar, e meus olhos travaram na árvore de Natal bem
decorada ao meu lado. Olhei para baixo e avistei presentes embrulhados. Olhei para a
porta da cozinha e quando tive certeza que Neala não estava entrando na sala, caí de
joelhos e peguei cada um dos presentes.

Nenhum dos presentes tinha etiquetas sobre eles, então eu peguei os presentes que
tinham um tamanho semelhante a caixa que segurei no início do dia. Eu dispensei os dois
primeiros que segurei, porque eles eram mais pesados, muito mais pesados do que a caixa
que eu estava procurando. Peguei uma caixa rosa que avistei atrás dos outros presentes. Eu
segurei a caixa na minha mão, e soube imediatamente que era a boneca, mesmo sem
desembrulhá-la. Ela tinha o peso certo, e enquanto corria meus dedos sobre o papel
embrulhado pude sentir os amassados na caixa que foram causados por meu cabo de
guerra com Neala no início do dia.

— É essa. — sussurrei para Sean.

— Então, esconda. — ele sussurrou.

Virei-me em um círculo e percebi que não poderia escondê-la sem que Neala visse.
Com um pensamento desesperado corri até a porta e a abri em silêncio. Eu coloquei a caixa
ao lado do batente da porta do lado de fora e com muito cuidado fechei a porta
novamente. Eu rapidamente retomei o meu lugar ao lado de um Sean confuso e tentei me
acalmar.

— Por que você a colocou lá fora? — ele murmurou.

Para ela não me ver com a caixa e me espancar até a morte depois que ela pegasse
de volta.

Engoli em seco. — Então ela não irá vê-la. Eu vou pegar na saída.

Sean levantou as sobrancelhas. — Mas e se alguém de fora pegá-la?

Eu congelei.

Eu não tinha pensado nisso.

— Então eu vou caçá-lo e matá-lo, em seguida pegar a boneca de volta.

Sean piscou. — Tudo bem, Rambo.


Eu inesperadamente ri, e mentalmente lhe agradeci por aliviar a tensão que estava
se construindo na sala.

Lambi meus lábios. — Você acha que ela irá notar que ela se foi?

— Não. Ou pelo menos não imediatamente. — Sean respondeu.

Nós teríamos que partir em breve no caso dela detectar que algo estava faltando, eu
morreria neste apartamento se isso acontecesse.

— O que diabos ela está fazendo lá? — murmurei.

Sean bufou. — Provavelmente falando sozinha como matá-lo e me persuadir para


ajudá-la.

Isso soava como Neala.

Eu sorri. — Eu acho que você pode estar certo.

Ficamos em silêncio por um minuto ou dois, em seguida, sentei ereto quando Neala
entrou na sala com um único copo de água em suas mãos trêmulas.

— Eu coloquei gelo nele. — ela murmurou, e olhou para baixo quando entregou o
copo para mim.

Eu pisquei.

Ela se lembrava de que eu só bebia água gelada, ou foi uma coincidência?

— Obrigado. — eu disse e peguei o copo dela.

Ela assentiu com a cabeça e foi para o outro lado da sala e sentou na
espreguiçadeira. Eu não queria fazer isso, mas corri meus olhos sobre o copo de água,
inspecionando-o para detectar quaisquer sinais de crime. Não era um movimento muito
idiota. Era de Neala que estávamos falando afinal, ela poderia facilmente ter envenenado
pelo que sei. Eu não queria correr nenhum risco.

Quando eu tive certeza, tomei um gole de água e engoli. Eu suspirei quando o


líquido gelado deslizou na minha garganta e extinguiu minha súbita sede. Tomei um
grande gole da água, seguido por outro, e outro, até que o copo foi drenado e deixado
apenas com os cubos de gelo na parte inferior.

— Com sede? — Sean perguntou do meu lado.

Sua voz estava brincalhona.


— Não mais. — disse, sorrindo.

Eu desviei o olhar de Sean e olhei para Neala que estava me observando com
interesse.

— É agora que marcamos um encontro? — ela perguntou sarcasticamente.

Sean riu e se levantou. — Isso não parece uma má ideia, porque nós temos que ir. Eu
tenho que pegar Charli em seu último dia de aula antes das férias e esse cara vai me dar
uma carona, uma vez que Jess levou a camionete para o trabalho hoje.

Neala ficou de pé. — Bem, tudo bem. Obrigada pela visita.

Eu sorri.

Ela não podia esperar para se livrar de nós, principalmente de mim.

— Foi bom... falar com você, Neala. — menti.

Não foi bom, foi torturante e divertido pra caramba.

Neala engoliu. — E com você, Darcy.

Mentira.

Ela estava passando mal fisicamente apenas por dizer isso.

Levantei, me virando e caminhei até a porta, abri e saí. Rapidamente peguei a caixa
rosa embrulhada e segurei na minha frente enquanto andava pelo corredor não esperando
por Sean, que ainda estava no apartamento de Neala provavelmente tendo sua bunda
chutada por me trazer aqui.

Eu não me importava embora, porque eu passei a perna na Neala, para variar.

Eu tinha a boneca, e não havia absolutamente nada que ela pudesse fazer sobre
isso.

Rá-rá-porra-rá.
E u olhei para a porta da sala e me perguntei que merda havia acontecido.

Sean sempre foi estranho e vinha ao meu apartamento em momentos aleatórios,


mas Darcy, nunca pisou no meu apartamento, não por um bom motivo... até hoje.

Por quê?

Ele foi até... bom comigo.

Ele sorriu para mim algumas vezes também.

Não um sorriso forçado ou um sorrisinho, mas sim um sorriso real.

— Eu não entendo. — murmurei enquanto trancava minha porta da frente e me


afastava como se Darcy pudesse estourar através dela a qualquer momento.

Por que ele veio aqui?

Eu sei que não foi para que pudéssemos “começar a nos dar bem” como ele
disse. Mesmo Sean, que era tudo sobre nós nos dando bem, deu ao Darcy um olhar
engraçado quando ele disse isso. Ele sabia, tão bem quanto eu, que o que Darcy estava
dizendo não era remotamente verdade.

Eu podia ver através das mentiras de Darcy, mas eu não entendia a razão dele falar
o absurdo que disse. Eu nem sequer entendia por que ele estava no meu apartamento em
primeiro lugar. Todo mundo, exceto Darcy, estava enjoado da nossa briga. Eu sabia que ele
gostava, eu sabia que ele estava ansioso para me ver apenas para que ele pudesse me
irritar. Ele era demente.

— Algo não está certo. — eu disse em voz alta e comecei a olhar em volta do meu
apartamento.
Eu não tinha ideia do que estava procurando, mas eu procurei de qualquer maneira.

Passei a maior parte da noite em busca de algo e depois de não encontrar nada, eu
desisti. Eu peguei um copo de água e bebi enquanto me inclinava contra o meu balcão da
cozinha exausta de tentar encontrar algo fora do lugar.

Talvez Darcy tenha feito isso apenas para tentar acalmar as coisas e eu estava
simplesmente sendo paranoica.

Eu balancei a cabeça afastando a ideia boba. Não havia nenhuma maneira no


inferno de Darcy Hart estar disposto a querer ser meu amigo. Como eu disse antes, ele
gostava da nossa rivalidade e discussões aleatórias, então eu não ia considerar, de repente,
sermos melhores amigos novamente. Ele estava tramando algo, e eu só tinha que descobrir
o que era.

Eu estava cansada, e assim quando deu dez horas da noite, descobri que não
conseguia manter meus olhos abertos. Decidi descansar e desliguei tudo no meu
apartamento, verifiquei se a porta da frente e janelas estavam trancadas, antes de eu ir
para a cama. Eu relaxei sob minhas cobertas e involuntariamente refiz os passos de Darcy
na minha cabeça a partir do momento em que ele entrou no meu apartamento com o meu
irmão. Ele entrou e foi para o banheiro, mas eu procurei nesse cômodo de cima a baixo e
nada estava fora do lugar. Quando saiu do banheiro, ele não deixou a sala de estar e eu fui
a única que foi até a cozinha para pegar-lhe um copo de água.

Tudo o que ele fez, ele fez no tempo em que eu estava fora da sala.

O lado louco do meu cérebro disse que eu estava exagerando e simplesmente


esperava que Darcy fizesse algo errado para que eu pudesse jogar em sua cara. Enquanto o
lado lógico dizia que eu tinha razão de ser cautelosa. Darcy aproveitou todas as
oportunidades que podia para me irritar, mesmo que fosse algo idiota. Eu realmente
duvidava que ele fosse perder a chance de mexer no meu apartamento, agora que ele
finalmente teve acesso.

Eu sabia que ele tinha feito alguma coisa, eu sentia isso em meus ossos.

Sentei-me em frustração quando minha mente não me deixou dormir, e em seguida,


saí da cama quando meu corpo começou a superaquecer. Eu pisei para fora do meu quarto,
no corredor estreito que ligava até minha sala de estar, onde acendi as luzes e mais uma
vez, olhei em torno de todos os lugares que Darcy esteve. Fechei os olhos e voltei a pensar
nos movimentos de Darcy. Quando saiu do banheiro, ele ficou na sala de estar com Sean
enquanto eu pegava um pouco de água. Ele estava sentado ao lado da minha árvore de
Natal quando eu voltei para a sala.

Fui até onde ele estava sentado e sentei-me olhando em volta da minha sala de
estar, tentando ver a partir de sua perspectiva.

— O que estou procurando? — eu pensei em voz alta.

Eu estava prestes a desistir, quando olhei para baixo em direção aos presentes que
eu tinha embrulhado mais cedo naquele dia. Inclinei a cabeça e olhei para eles. As cores
não estavam combinando, eu tinha três presentes azuis, um vermelho, um amarelo e um
rosa. Eu arregalei meus olhos e rapidamente pulei para fora do sofá, caí de joelhos
enquanto puxava os presentes debaixo de minha árvore em busca da caixa de embrulho cor
de rosa.

A boneca.

Onde estava?

Onde estava a merda da boneca Blaze da Charli?

Não. Nem fodendo!

Ele não faria isso.

Não faria? Minha mente me provocou.

— Darcy! — eu rosnei e empurrei-me para ficar em pé.

Virei-me e coloquei minhas mãos em cima da minha cabeça e gritei.

Ele me roubou! O bastardo idiota entrou na minha casa e me roubou


sorrateiramente... e acho que o meu maldito irmão o ajudou.

Neala: 1 Darcy: 1

— Mortos. Os dois estão tão malditamente mortos! — rosnei com raiva.

Eu ia conseguir essa maldita boneca de volta e destruir Darcy no processo. Não


havia um lugar na Terra que ele poderia se esconder de mim. Se ele queria uma guerra,
porra, eu ia dar-lhe uma.

Que comecem os jogos.


—O que você quer dizer com Darcy roubou você e que Sean ajudou? —

eu revirei os olhos para Justin Hart, irmão mais velho de Darcy, mesmo que ele não
pudesse me ver.

Justin era o melhor amigo do meu irmão, e praticamente meu irmão adotivo. Eu
gostava de chamá-lo de ‘Sábio’, porque ele tinha apenas sete anos a mais do que eu e ainda
tinha a mente de um idoso. Eu não quero dizer que ele era esquecido, eu só quero dizer que
ele é um homem muito inteligente e sabia coisas que as pessoas normais na casa dos trinta,
provavelmente, não.

— Eu quero dizer exatamente isso, Justin. Ontem, enquanto eu estava em casa


cuidando do meu próprio negócio seu irmão bastardo entrou no meu apartamento
com meu irmão bastardo, e roubou o meu presente de Natal da Charli!

Justin suspirou no alto-falante do seu telefone quando ele aceitou o que eu disse
como verdade. Ouvir esse tipo de coisa não era uma ideia absurda quando Darcy e eu
estávamos envolvidos. Na verdade, coisas como essas aconteceram tantas vezes que eram
provavelmente cansativas para todo mundo ouvir.

Risque isso, eu sabia que eram de fato cansativas para todo mundo ouvir.

O bairro inteiro, provavelmente, estava cheio das nossas brigas.

— É possível que ele esteja apenas brincando com você? É Darcy afinal de contas.

Eu zombei. — Não, nós estamos brigando por este presente desde ontem...

— O quê? — Justin me cortou. — Desde ontem? O que você quer dizer?

Eu gemi. — É uma longa história.


Justin soltou seu suspiro Deus-salve-me-de-Neala-e-Darcy que era sua marca. —
Quando você e Darcy estão envolvidos em alguma coisa juntos, normalmente é. Venha em
casa e me fale sobre isso - estou relaxando com Dustin até a mãe dele voltar do trabalho.

Eu não tinha nenhum lugar melhor para ir, então eu dei de ombros e disse: — Tudo
bem, chego em dez minutos.

Justin vive apenas alguns minutos da estrada do meu condomínio em um pequeno


conjunto habitacional fora do bairro. Eu visitei muitas vezes, porque atualmente eu estava
desempregada por um tempo, por isso significava que eu não tinha mais nada para
fazer. Eu não era fraca, eu tinha um emprego, um ótimo emprego, no Holiday Inn como
recepcionista, mas o hotel estava em construção. Um ano e meio atrás, os proprietários
decidiram derrubar o antigo hotel e reconstruir um hotel maior novíssimo em seu
lugar. Eu pegaria meu antigo emprego de volta no Ano Novo, uma vez que o hotel reabriria
em 03 de janeiro, é garantido, mas até então eu estava usando o seguro desemprego, só
para me ajudar a sobreviver. O dinheiro é uma merda, mas pelo menos era algo.

Eu coloquei meu casaco, botas de borracha, cachecol, gorro de lã e luvas. Não era
apenas com o gelo lá fora que eu tinha que me preocupar mais, desde que eu cheguei em
casa depois do Smyths ontem, começou a nevar o suficiente para acumular no chão e
causar problemas. Já havia alguns centímetros no terreno. Era inédito esse tempo para
Dublin, só nevava uma vez a cada cinco ou seis anos, mas diziam que a queda de neve deste
inverno seria a pior da história. Eu não prestei muita atenção aos avisos, porém, metade do
tempo o canal do tempo previa errado de qualquer maneira, então eu nunca tomei o que
era dito como fato.

Fechei meu apartamento, em seguida, saí do complexo e para a rua. Demorou um


pouco mais do que o habitual andar para a casa de Justin. A neve era tão espessa que eu
tinha que observar o meu passo, porque eu não tinha certeza se havia gelo sob as camadas
de neve. Era melhor prevenir do que remediar.

Quando cheguei à Fairview Road, onde Justin e sua família residiam, tinha
começado a nevar novamente e isso não fez nada para o meu temperamento aquecido, ou
os meus membros gelados.

— Você parece congelada. — a voz rindo de Justin gritou quando eu fiz o meu
caminho até sua casa.
Eu resmunguei: — Se eu não estivesse tão dura e fria, eu levantaria meu dedo para
você.

Justin sorriu quando me aproximei dele. — A encarada mortal que você está me
dando é uma grande substituição.

Eu não consegui evitar, eu sorri ou pelo menos eu tentei - eu estava tão dormente,
que não poderia dizer se os meus lábios se moveram ou não.

— Você parece como se estivesse constipada. — Justin meditou quando eu pisei em


seu corredor.

Eu gemi quando Justin fechou a porta da frente e o calor de sua casa me cercou.

— Meu rosto está congelado, seu idiota! — eu disse através dos meus dentes
batendo.

Justin riu quando ele me levou para a sua sala de estar onde estava ainda mais
quente. Eu corri para o aquecedor sob a janela da sala e pressionei minha bunda e coxas
contra ele. Eu suspirei de prazer e fiquei onde estava quando o formigamento de calor
começou a se espalhar em toda a minha pele e comecei a descongelar do frio.

— Parece que você está em um filme pornô.

Eu mantive meus olhos fechados. — Só você poderia pensar isso, pervertido.

Ouvi uma risadinha.

— O que é um filme pornô? — perguntou uma voz baixinha.

Abri os olhos e arregalei-os ao ponto de dor. Dustin, o filho de Justin, estava


encostado no batente da porta da sala de estar com os braços cruzados sobre o peito e um
olhar interrogativo no rosto.

Justin estava olhando para Dustin com olhos preocupados, e depois de alguns
momentos de silêncio, ele disse: — Não importa...só não repita para sua mãe.

Dustin sorriu. — É algo ruim?

Uh-oh, o garoto tinha uma aparência chantagista.

Justin desajeitadamente coçou seu pescoço. — Não... não necessariamente. Olhe


carinha, só não diga a sua mãe que eu disse essa palavra, está bem?
Dustin inclinou a cabeça para o lado, enquanto ele pensava sobre isso, e eu sorri. Ele
era uma cópia do Justin com o cabelo loiro e olhos grandes, mas parecia com seu tio
quando estava pensando.

Sacudi os agradáveis pensamentos indesejados sobre Darcy para longe, e foquei na


gracinha próxima a mim.

— O que eu ganho com isso? — Dustin perguntou a seu pai.

Eu ri. — Ele é seu filho, não há dúvida disso.

Justin resmungou para mim sem olhar para longe de seu filho. — Eu vou te livrar de
me ajudar a lavar os pratos durante uma semana inteira, o que você acha?

Dustin considerou por um momento, em seguida, sugeriu: — Uma semana sem


lavar os pratos e uma semana de lanches à noite?

Justin empacou. — Você está me matando filho, sua mãe me matará se ela souber
que você comeu porcaria antes de dormir.

Dustin endireitou-se, para mim, um sinal de que ele não estava disposto a recuar.

— Esse é o trato, pai. É pegar ou largar.

Cobri minha boca com a mão para não rir.

O garoto tinha Justin pelos testículos.

— Está bem, tudo bem, seu pestinha - mas nenhuma palavra para a sua mãe sobre
os lanches, pratos ou a palavra que eu disse, tudo bem?

Dustin sorriu de orelha a orelha. — Que palavra, pai?

Ele virou-se e correu para fora da sala.

— Ei, garoto mal-educado! Diga oi para Neala!

Eu ouvi os pés de Dustin quando ele subiu as escadas em alta velocidade.

— Oi, tia Neala. Tchau, tia Neala.

Eu ri. — Oi e tchau para você também, Dusty!

Olhei para Justin que estava resmungando baixinho enquanto ele se sentava na
cadeira na minha frente.
— Você não pode ficar irado, ele não está fazendo nada que você não fez na idade
dele.

Justin bufou. — Você não estava viva quando eu tinha a idade dele.

Revirei os olhos. — Dá um tempo. Você tem sete anos a mais que eu, Sábio, não
setenta.

Justin sorriu e assentiu com a cabeça para a porta da sala de estar.

— Você acredita que ele vai fazer sete em julho?

Eu balancei minha cabeça. — Não, é como se ele tivesse nascido ontem.

Justin sorriu ao pensar na memória com carinho. — O garoto é inteligente demais


para uma criança de seis anos. Eu não era tão avançado como ele quando tinha a idade
dele, nem era um negociante.

Eu gargalhei. — Ele está aprendendo alguns truques novos, isso é certo.

Justin zombou: — Tudo às minhas custas.

— Ele aceitaria de outra maneira? — eu perguntei, sorrindo.

Justin olhou para mim e sorriu. — Não.

— Foi o que eu pensei. — eu ri e disse: — Eu ainda não acredito que você iria dar seu
nome. Justin e Dustin são confusos para mim às vezes.

— Eu queria que ele tivesse meu nome, mas a mãe dele não aceitou e Dustin era o
segundo.

Justin sorriu em seguida, olhou para mim até que eu me contorci.

— Pare de olhar para mim, você está me assustando.

Justin simplesmente riu de mim.

Afastei-me do aquecedor agora que eu sentia todas as partes do meu corpo


novamente. Tirei minhas botas de borracha e outras roupas de inverno, deixando-as em
cima do aquecedor para secar, então eu sentei na frente do Justin e esfreguei os braços
com as mãos.

— Este inverno está horrível.

Justin acenou com a cabeça em concordância. — Vai ficar ainda pior, também.
Deus, eu esperava que não.

Coloquei minha cabeça contra a cadeira. — Onde está sua baby mama6?

Justin fez uma careta para mim. — Sarah está trabalhando.

Estalei meus dedos. — Certo, você mencionou ao telefone. Como está o trabalho
dela?

Justin deu de ombros. — Está indo bem como pode ser para o pub. Ela e Jess têm
praticamente os mesmos turnos para que tenham um pouco de divertimento juntas.

— Bom, fico feliz em ouvir isso.

Justin sorriu. — Desembucha.

Sorri com conhecimento de causa, nada passava por Justin.

— Desembuchar o quê?

— Por que você está realmente aqui, garota? Eu sei que não é para jogar conversa
fora e se queixar de coisinhas insignificantes, então diga, seja o que for sobre Darcy que
você precisa dizer. — disse Justin, com um sorriso quente em seu rosto.

Hora de começar a trabalhar.

Eu treinei meu olhar sobre ele. — Estou aqui para inscrever você no meu exército.

— Calma aí, Lara Croft7. — Justin riu.

Eu chiei. — Estou falando sério. Eu preciso de você do meu lado, a fim de vencer
esta guerra.

Justin deixou cair seu sorriso e me encarou com horror. — Guerra? Exército? Com
quem diabos você está lutando, Neala?

— Darcy e Sean. — eu cuspi seus nomes. — Separados, eu posso lidar com eles, mas
juntos eles formam um trabalho intelectual e podem antecipar cada movimento meu. Eu
preciso de ajuda para derrotá-los. Sua ajuda.

Justin piscou. — Eu não gosto da vibração saindo de você agora, você soa e parece...
assassina.

Eu sorri maldosamente. — Eu sou, e seu irmão é um dos dois na lista de abatimento.

6
Gíria - A mãe de um ou mais filhos de um homem, especialmente um que não é seu marido ou parceiro atual.
7
Personagem fictícia da série de videogame do gênero de aventura, Tomb Raider.
Justin gritou: — Puta que pariu, será que você pode piscar? Você está me
assustando, Neala!

Eu bufei e bati meus cílios.

— Melhor? — eu perguntei sarcasticamente.

— Não. — Justin bufou. — Você parecia uma garota fora de...

— Eu não me importo quem ou o que eu pareço, Justin. — eu o interrompi. — Eu


realmente preciso da sua ajuda, o seu estúpido irmão mais novo cruzou a linha comigo, e
eu pretendo fazer o bastardo pagar.

Justin sentou-se para frente e esfregou o rosto com as duas mãos.

— Diga-me. — ele suspirou. — O que exatamente Darcy fez para incomodá-la tanto?

Eu engoli a minha raiva, e lembrei-me que Justin não era a pessoa que eu estava
com raiva.

— Ele roubou uma boneca de mim.

Justin levantou uma sobrancelha e murmurou. — Uma boneca?

Eu balancei a cabeça. — Resumindo, lutamos pela mesma boneca no Smyths ontem.


Ele a queria para Dustin, e eu a queria para Charli. Ganhei justamente. — ele não precisava
saber que era uma mentira. — Mas isso não foi o suficiente para Darcy. Ele veio até minha
casa fingindo que queria ser meu amigo, e quando eu dei as costas, ele roubou a boneca
debaixo do meu nariz. Quem faz isso? Ou seja, é o presente de Natal da minha sobrinha e
ele simplesmente levou! Eu sabia que não devia acreditar nele, mas Sean intercedeu por
ele, então eu não tinha nenhuma razão para duvidar dele, sabe?

Eu olhei para as minhas mãos congeladas e desejei que parassem de tremer, mas eu
não poderia fazê-las parar. Elas não estavam tremendo mais de frio. Eu estava tão irritada
com Darcy e magoada por ele ter feito isso comigo. A dor que eu senti me deixou mais
desgostosa do que qualquer coisa, porque eu jurei a muito tempo atrás que as ações de
Darcy não me afetariam, e ainda assim, aqui estava eu perto de lágrimas por causa do
idiota.

O papel do meu irmão em ajudar na jogada de Darcy era desagradável, mas eu sabia
no fundo que Sean pensou que eu gostaria dos meus jogos de guerra com Darcy, como eu
costumava fazer. Mas não hoje.
Justin franziu a testa quando ele olhou para mim. — Eu concordo que ele não
deveria ter roubado a boneca de você, mas eu não acho que ele pretendia incomodá-la. Em
sua mente, ele provavelmente acha que você está tramando um plano para pegar a boneca
de volta dele. Isso é o que você e Darcy fazem, garota. Vocês jogam um com o outro.

Eu grunhi. — Não mais, ele cruzou a linha ao vir em minha casa vomitar mentiras
sobre remendar um falso relacionamento. Eu odeio os mentirosos e ele sabe disso.

Justin mordeu o lábio inferior. — Eu sinto por você, garota, e eu quero ajudá-la no
campo de jogo, mas eu não posso entrar nessa. Ordens diretas do escritório central.

Escritório central?

De. Jeito. Nenhum.

Engoli em seco. — Nossas mães!

Eu não sei por que fiquei sequer surpresa com a menção de nossas mães estarem
envolvidas nesta situação - aquelas duas sabiam de tudo. Elas tinham olhos e ouvidos por
todo o maldito bairro.

Justin sorriu para o meu desabafo. — Elas nunca me disseram o que estava
acontecendo, mas elas me avisaram para não me envolver, porque elas não querem
encorajar qualquer drama entre vocês dois que irá rolar na festa de noivado de Sean e Jess
amanhã à noite.

Como é que elas sequer sabem o que aconteceu entre mim e Darcy?

Será que alguém do Smyths contou para elas?

— Aquelas vacas intrometidas! Como é que Darcy recebe a ajuda de Sean e eu tenho
que lidar sozinha?

Justin fez uma careta e eu imaginei que era por causa de como todos estavam sendo
injustos comigo.

— Talvez eles saibam que sua esperteza e sagacidade valem dez vezes a mais que
Sean e Darcy juntos, e que você não precisa de ajuda extra para ser mais esperta que os
dois?

Eu não pude deixar de sorrir.

Justin tinha uma lábia.

— Você é um bastardo bajulador. — eu ri.


Justin sorriu. — Eu sei o que dizer em determinadas situações, é uma boa
habilidade para se ter.

Eu bufei. — Bem, se você não vai me ajudar a derrubar o Debi e o Lóide, então, faça
com que a mãe não saiba que eu sei que Darcy tem a boneca, está bem? Eu o quero suando
de preocupação sobre quando e como eu vou revidar.

Justin piscou. — Pode deixar, e por tudo que vale a pena, garota, eu estou torcendo
para você sair por cima desta vez. Literalmente.

Isso soou como uma insinuação entre mim e Darcy, e eu estava prestes a responder
Justin quando um grito veio do andar de cima.

— Pai, eu estou morrendo de fome!

Revirei os olhos para o drama de Dustin.

— O que você quer comer? — Justin gritou.

— Pizza! — veio a resposta rápida de Dustin.

Eu bufei quando Justin pegou o telefone.

— Não me julgue. Eu não gosto de cozinhar.

Fiz um gesto com a mão sobre a minha boca que meus lábios estavam selados.

Justin sorriu. — Você fica para o jantar?

Dei de ombros. — Claro, traçar meu plano de ataque contra o seu irmão enquanto
como pizza parece perfeito para mim.

Justin balançou a cabeça e pressionou na tela do seu telefone e o levantava ao


ouvido. — Pobre irmãozinho, ele não percebe que ele abriu os portões do inferno.
C omo fazer para ignorar uma pessoa que lhe comprou algo legal?

Fácil, você não olha para ela.

— Qual deles você quer vestir esta noite na festa? O vermelho ou o azul? — minha
mãe me questionou à medida que levantava os dois vestidos colantes idênticos apenas em
cores diferentes. Eram presentes dela desde que eu não me preocupei em sair e comprar
nada novo para vestir na festa.

Eu já tinha decidido usar o azul, mas apenas para ser uma pirralha, bocejei com
tédio e olhei para qualquer lugar, menos para ela e os vestidos, o que desagradou muito a
minha mãe.

— Você pode pelo menos fingir que você está animada em ir para a festa de noivado
de Sean e Jessica? — minha mãe franziu a testa, e abaixou as roupas ao lado dela.

Levantei minha sobrancelha. — Estou animada por Jess de qualquer maneira, sem
comentários sobre meus sentimentos em relação a Sean agora... ou você e a outra vaca irão
se intrometer nesse assunto.

Minha mãe bufou. — Pelo amor de Deus, Neala. Não é uma coisa terrível que
fizemos. Marie e eu só não queremos que você ou Darcy estraguem a festa com suas brigas.
Somos suas mães, sabemos o que vocês são capazes de fazer.

Que jeito de acusar!

— Oh, muito obrigada! — eu atirei.

Minha mãe gemeu. — Eu não queria dizer isso assim...

— Então fale o que você quis dizer? — interrompi a minha mãe.


Minha mãe balançou a cabeça enquanto ela colocava suavemente ambas as roupas
sobre as costas da minha poltrona. Ela cruzou os braços sobre o peito e me olhou como
mães desagradadas normalmente faziam quando estavam prestes a dar bronca nos filhos.

— Todo mundo sabe o que você e Darcy são capazes quando estão presos em uma
briga, vocês não se importam como afetam as pessoas ao seu redor. Falamos para Justin
não se envolver porque não queríamos que o dilema atual desenvolvesse e explodisse hoje
à noite na frente da cidade inteira.

Engoli em seco. — Somos duas pessoas, mãe, não malditas bombas-relógio!

Minha mãe revirou os olhos. — Vocês dois são o equivalente à guerra química
durante uma discussão, Neala.

Fale sobre ser dramática!

— Isso é ridículo.

— Não. — minha mãe calmamente disse. — O que é ridículo é o comportamento


infantil seu e de Darcy.

Eu podia sentir minha temperatura aumentar.

— Darcy me roubou e chamou a porra do meu irmão para ajudá-lo. Por que
ninguém quer ver que eles estão errados aqui?

Eu odiei que os meus olhos se encheram de água e minha mãe também, pelo olhar
triste que ela me deu. Eu levantei minha mão e balancei a cabeça, quando ela fez um
movimento para vir me confortar.

— Eu estou bem, simplesmente odeio que todo mundo esteja se aliando a ele.

A carranca da minha mãe se aprofundou. — Querida, não estamos escolhendo os


lados aqui. Eu só não quero que o que normalmente acontece com você e Darcy aconteça
na festa de noivado... é assim tão horrível?

Pensei sobre isso e decidi que não era horrível. Eu não queria estragar a festa de
ninguém, mas não deixaria Darcy pensar por um momento que ele escaparia do que tinha
feito. De jeito nenhum.

— Não, não é. Você está certa. Vou me comportar, vou apenas ficar longe de Darcy
na festa para nada acontecer. — disse e levantei do sofá.
Eu passei pela minha mãe e peguei o vestido azul da parte de trás da cadeira e
sorri. — Eu gostei do presente. — segui para o meu quarto para ficar pronta para a festa
quando as palavras da minha mãe interromperam meus passos.

— Só para você saber, querida, eu estou sempre do seu lado. Sempre.

Sorri quando entrei no meu quarto e fechei a porta atrás de mim.

Faria como minha mãe e a mãe de Darcy desejavam - ficaria longe de Darcy e não
causaria problemas com ele. Eu sorri para mim em seguida, quando um mau pensamento
entrou na minha mente.

Eu não precisava estar perto dele para mexer com ele.

De repente eu estava animada com a festa de noivado hoje à noite, muito animada.

— Neala!

Olhei em volta para a fonte da voz chamando meu nome e eu encontrei Jessica
Waters, minha futura cunhada andando na minha direção e eu sorri para ela.

— Jess, hey, você está linda!

Ela estava com um vestido de renda vinho na altura do joelho. Ela estava
impressionante e sua forma com curvas infindáveis faziam maravilhas para ela e para o
vestido. Ela parecia sexy como pecado.

— Eu? Olhe para você! Deus, eu mataria pelas suas pernas! — ela elogiou conforme
se chocou contra mim e me abraçou com força.

Eu ri e a abracei com firmeza e beijei a bochecha para completar.

Eu não era uma amiga muito boa. Darcy fez questão de estragar isso para mim
muito cedo, mas Jess era minha amiga, e mesmo que não pudesse confiar plenamente em
alguém o bastante para contar os meus mais profundos segredos, eu poderia confiar nela o
suficiente para desabafar levemente.

— Então, você e Darcy... que diabos aconteceu? Sean me disse que pode não viver o
suficiente para ver o nosso casamento, se você colocar suas mãos sobre ele a qualquer
hora.
Não era algo para rir, especialmente porque Jess parecia realmente preocupada,
mas não consegui evitar. Foi engraçado.

— Eu não deveria estar rindo porque estou seriamente chateada tanto com Darcy,
quanto com Sean, mas não é nada que o troco não possa esperar alguns dias para... para
Sean de qualquer maneira. — eu sorri.

Jess arregalou os olhos. — Você está pensando em dar o troco em Darcy pelo que ele
fez... hoje à noite?

Merda.

Ela parecia preocupada.

— Sim, mas eu prometo que não causará uma cena ou colocará a sua festa de
noivado em xeque.

Jess me dispensou. — Eu não quis dizer isso. Quero dizer, Darcy te irritou tanto que
você quer se vingar de imediato, normalmente você espera até que ele não esteja com o
Alerta Neala.

Alerta Neala era um código que Darcy inventou quando tinha oito anos. Ele o usava
para que as pessoas soubessem que não deveriam distraí-lo porque ele estava
completamente focado ao seu redor e prestando atenção em mim. Alerta Neala
normalmente acontecia com Darcy depois que ele me pregava uma peça ou simplesmente
me irritava.

Dei de ombros. — Ele cruzou a linha dessa vez.

Jess olhou para mim e esperou por uma explicação.

Suspirei. — Pode parecer estúpido, mas ele roubou uma boneca minha, que comprei
para Charli de Natal há alguns dias no Smyths, e o seu futuro marido ajudou. Eu estou
meio louca com isso.

Mais ou menos... ok, eu estava lívida.

— Isso tudo é por causa de uma boneca? — Jess perguntou e seu tom de voz agora
divertido.

Não.

Bufei. — Não é sobre a maldita boneca. É sobre o fato de que ele roubou alguma
coisa que era minha, e eu não planejo deixá-lo escapar disso.
Jess franziu a testa. — Você parece... chateada?

— Eu estou. — disse.

— Não. — Jess sacudiu a cabeça. — Quero dizer que você parece chateada, tipo,
triste de verdade, não apenas irritada.

Dei de ombros. — Ele foi longe demais desta vez, ele tentou me enganar, fez com
que eu pensasse que ele me queria como amiga novamente.

Jess piscou seus grandes olhos azuis. — Sinto muito, querida.

Eu não queria perder minha calma e me debruçar sobre os meus sentimentos bobos
então eu forcei um sorriso e ignorei a conversa.

— Nada que um pouco de retorno não vá resolver.

Jess sorriu. — Você é hard-core querida.

— Em todos os aspectos da minha vida. — brinquei.

Jess riu e me puxou para outro abraço. Quando nos separamos a mãe de Darcy,
Marie estava na nossa frente com uma grande câmera em suas mãos apontada diretamente
para nós.

— Sorriam amores. — ela sorriu.

Jess e eu nos endireitamos, colocamos o braço em volta da cintura uma da outra e


demos um amplo sorriso para a lente da câmera. O flash que saiu foi brilhante e manchou
minha visão por alguns instantes. Quando meus olhos se reorientaram, estreitei
instantaneamente quando o vi.

— Você! — rosnei.

Darcy estava atrás da sua mãe enquanto ele ria para mim com conhecimento. O
maricas estava realmente usando sua mãe, a mulher que o carregou por nove meses e o
protegeu, como um escudo humano. Ele era um maldito covarde!

— Vocês dois prometeram que não começariam qualquer briga hoje à noite. —
Marie falou ao se virar e olhar para trás e para frente, entre mim e Darcy.

Eu continuei a encarar Darcy e disse: — Eu sei, e não vou começar qualquer coisa.

Darcy piscou para mim e disse: — Eu também não.


Juntei as minhas mãos para tentar matar a coceira que começava em ambas, para
dar um tapa em Darcy.

— É pedir demais por uma foto? A última que temos de vocês dois juntos é de
quando eram crianças.

Mentira.

— Temos toneladas de fotos...

— São fotos de família. — Marie me cortou. — Nenhuma de vocês dois... pelo menos
não sorrindo.

Eu engoli a rejeição que planejei quando vi o rosto de Marie, ela parecia tão
esperançosa que não poderia dizer não a ela, mesmo que realmente quisesse. Ela era como
uma mãe para mim e eu odiava vê-la chateada.

— Ok, tudo bem.

Marie ficou maravilhada e rapidamente agarrou o braço de um relutante Darcy e


atirou-o para mim.

— Ponha o braço sobre o ombro dela, Darcy, e o braço em volta da cintura dele,
Neala. Alguém pode chamar Clare, ela precisa testemunhar isso, provavelmente nunca vai
acontecer de novo!

Revirei os olhos.

Nós não éramos um maldito cometa que só passava pela Terra uma vez a cada
milênio.

Eu queria tirar a foto logo, mas Marie não se moveria até Clare, minha mãe
intrometida, estar ao lado dela.

— Por que você quer a minha mãe? — perguntei quando coloquei meu braço em
volta da cintura de Darcy nitidamente e deixei pairar lá, certificando-me de mal lhe tocar.

Recusei-me a olhar para Darcy, enquanto a lateral do seu corpo moldava contra o
meu. Isso era horrível e ele sem dúvida me faria quebrar minha promessa para as nossas
mães se olhasse, então mantive meu olhar no brilhante de Marie.

— Porque não vimos este tipo de imagem em quase uma década! — Marie afirmou
para Jess, que surgiu ao lado dela, rindo.

— Vocês dois estão ótimos juntos. — Jess comentou assim que minha mãe apareceu.
Minha carne e sangue, também conhecida como a vaca da minha mãe, gritou: — Oh,
e não é que estão mesmo.

Para o que eu rosnei: — Não.

Jess sorriu, minha mãe me ignorou e Marie fingiu que a câmera de repente não
estava funcionando, para que Darcy e eu ficássemos ao lado um do outro por mais
tempo. Ela pensou que estava sendo inteligente, mas ela estava apenas sendo óbvia. Bem,
pelo menos para mim ela estava.

— Vamos, Mãe, você desligou. Então, basta ligar a fodida coisa de novo. — Darcy
resmungou de repente.

Bufei mentalmente.

Ok, então ele sabia o que ela estava fazendo também.

— Não me apresse, eu não aprecei você para nascer mais rápido! — Marie virou-se
para Darcy fazendo Jess rir.

Eu olhei para Jess, que apenas continuou rindo em nossa direção. Honestamente
estava começando a ficar assustada, então olhei para a minha mãe, mas quando vi a
piscina de água em seus olhos rapidamente virei meu foco para Marie.

Malditas mulheres.

— Ok, sorriam. — Marie disse com uma voz alegre, então bufou: — E não force,
Neala!

Revirei os olhos, mas fiz o que ela pediu e dei um sorriso largo - e porque Darcy não
disse nada, imaginei que ele fez o mesmo. Eu vacilei um pouco depois que o flash da
câmera foi desligado, mas rapidamente recuperei.

— Oh meu Deus! — Marie sorriu. — Ficou lindo. Vou emoldurar essa!

— Eu também! — minha mãe jorrou.

— Oh, meu Deus. — resmunguei e afastei rapidamente do braço de Darcy e dei um


passo à esquerda.

A liberdade durou pouco porque minha mãe disparou para frente e me empurrou
contra Darcy, o que me surpreendeu e me fez tropeçar. Fiquei ainda mais surpresa quando
mãos grandes agarraram minha cintura e me mantiveram na vertical e de pé.
— Cuidado. — Darcy murmurou, mas não olhou para mim quando se afastou de
mim mais uma vez.

Eu me limpei com as minhas mãos e murmurei: — Obrigada.

Pisquei quando percebi que aquelas foram as coisas mais bonitas que Darcy e eu
dissemos voluntariamente um para o outro em anos.

Uau.

A risada da minha mãe chamou a minha atenção.

— Desculpe querida, mas eu quero fotos de ambos... com Sean.

Eu olhei para a minha mãe. — Você está forçando isso.

Ela apenas sorriu para mim como se não tivesse ideia do que eu estava falando, mas
é claro que ela sabia, porque ela sabia de tudo. A vaca sabia que Darcy e Sean estavam na
minha lista de ocorrências e ela me queria em estreita proximidade com os dois? Ela
realmente estava testando a contenção de uma menina.

— Sean! — minha mãe gritou.

Eu não sei como ele a ouviu ao longo dos consumidores no pub, mas Sean apareceu
atrás de Jess e esfregou o pescoço quando disse: — Sim, mãe?

Minha mãe estalou os dedos para ele. — Hora da foto com Neala e Darcy, agora.

Sean hesitou quando nossos olhos se encontraram.

Ele engoliu em seco, e balançou a cabeça. A preocupação em seu rosto me deixou


feliz.

Ele estava com medo, e ele devia estar.

— Sean, não me faça pedir de novo. Quero uma foto com Neala e Darcy.

Sean visivelmente empalideceu quando aproximou de uma Jess sorridente e


caminhou em nossa direção.

— Por favor, não me bata. — Sean murmurou quando veio para o meu lado
esquerdo.

Rangi os dentes. — Sem promessas.

Minha mãe estava irritada quando ela deu as ordens aos rapazes sobre onde colocar
as mãos no meu corpo. Ambos foram orientados a colocar suas mãos nas minhas costas, e
inclinar-se para mim, porque eu era consideravelmente menor do que os dois. Soltei um
suspiro quando as mãos deles pressionaram contra mim e nos disseram para sorrir.

— Impressionante! — Marie jorrou.

Eu podia sentir os rapazes começando a se afastar quando a voz de Justin de


repente soou no meu ouvido.

— Não me esqueçam.

A nossa mãe gritou de alegria.

Justin colocou as mãos sobre e ombros de Darcy e Sean apoiou o queixo na minha
cabeça.

— Sorriam! — Marie gritou com orgulho.

Fizemos como pediram e quando o último flash saiu não pude deixar de gemer.

— Essa foi a última?

Senti uma mão cutucar minhas costas. — Não reclame sobre tirar fotos com a
família, garota. — Justin disse.

Eu resmunguei, mas mantive minha boca fechada.

— Não, não é a última. Agora, uma com todos vocês e Jess já que ela está se
juntando à família. Onde está Sarah? Eu quero uma foto em grupo de todos vocês juntos.

Rosnei para a minha mãe, enquanto Jess se apoiou ao lado de Sean. Minha mãe
gritou o nome de Sarah e como Sean, ela apareceu do nada e ficou atrás de mim com
Justin.

— Ok, grandes sorrisos, todos. Esta vai para minha parede. — minha mãe sorriu.

Eu não pude deixar de sorrir com a emoção da minha mãe.

Sua “Parede”, era a parede ao longo do corredor em casa. Ela tinha uma casa muito
grande, o corredor era muito longo e fotos cobriam a parede inteira. Era linda, mas apenas
as fotos mais próximas e queridas subiam para a parede - e se você estivesse em uma, você
estava praticamente sendo homenageado por minha mãe... e Marie, porque por trás de
cada decisão que minha mãe tomava, Marie estava por trás, e vice-versa.

Após o flash final da câmera, afastei do estúpido e do mais estúpido e fui na direção
da minha mãe. — Onde está o papai? — perguntei.
Minha mãe fez um gesto em direção à parte de trás do pub onde as telas de plasma
estavam. — Lá atrás - ele está assistindo a algum documentário de futebol, eu não sei.

Sem dizer uma palavra a ninguém parti em busca do meu pai, porque ele tinha algo
que eu precisava, algo que eu lhe pedi para trazer. Algo que parcialmente daria o troco em
Darcy pelo que ele fez comigo ao longo dos últimos dias, e também algo que me levaria a
conseguir a minha boneca de volta.

Eu encontrei meu pai exatamente onde minha mãe disse que ele estaria, assistindo
um documentário de futebol com seus amigos, enquanto bebia - era um pub afinal.

Fui até o meu pai e me inclinei. — Você trouxe? — perguntei.

O pai de Darcy, Mark, sorriu e balançou a cabeça, enquanto meu pai discretamente
enfiou a mão no bolso da camisa e tirou uma cartela de comprimidos.

— Não mais do que dois, você vai paralisar o rapaz de outra forma. — meu pai disse
sem tirar os olhos da tela de plasma.

Eu sorri, isso era tudo o que precisava para me vingar de Darcy, mas ele não queria
que Darcy ficasse gravemente ferido. Meu pai adorava Darcy, ele pensava nele como um
filho, mas eu era o seu bebê, por isso quando liguei em lágrimas - falsas, por sinal - e
expliquei como Darcy e Sean tinham roubado de mim o presente de Natal da Charli - sua
preciosa neta - ele ficou furioso e mais do que pronto para me ajudar a me vingar, e
também conseguir a boneca de volta. Ele veio com uma ideia mortal em busca de vingança,
e apesar de ter sido da velha escola, ainda era de ouro. Não faria mal ao Darcy, apenas para
o seu orgulho, e me ajudaria a conseguir a boneca de volta. Tudo o que eu tinha que fazer
era executar o meu plano perfeitamente.

Mark riu alto o que chamou a minha atenção. — Ferre com ele. Ele merece tudo o
que vier para ele depois do golpe que ele armou. Eu estou com você a tudo que refere a este
assunto, Neala.

Eu bati com a mão na mão de Mark, amorosamente bati nas costas do meu pai, em
seguida, virei-me à procura de Darcy para que eu pudesse colocar os comprimidos laxantes
para trabalhar. Sim, eu estava armada com laxantes. Meu plano era dar as merdas para
Darcy por duas razões.

Um, ele merecia uma dor de estômago incapacitante e uma queimação por roubar a
minha boneca. Dois, isso vai garantir que ele tenha que ir para casa para usar a sua - ahã -
instalação, porque pedi ao Bob, o dono do bar, para colocar um sinal que os banheiros
estavam fora de serviço até que Darcy saísse. Foi fácil, só tive que pagar-lhe vinte euros.

Uma vez que Darcy estivesse fora do pub. Eu, então, felizmente o seguiria até a sua
casa misteriosa além das montanhas, invadiria sua casa - vamos ver como ele reage - e
pegaria a minha boneca de volta.

Todo mundo ganha.

Bem, todo mundo, exceto Darcy.

Darcy não conseguia ganhar tudo.


O lhei pelo pub, pela décima vez nos últimos 30 minutos desde que fui forçado a

tirar fotos com ela. Na verdade, estar ao lado de Neala não era tão ruim, porque isso
significava que eu poderia ficar de olho nela, mas agora que não podia ver seus cabelos
castanhos cor de chocolate em qualquer lugar me deixava inquieto.

Era a vez de Neala atacar, e isso significava que eu não podia baixar a minha guarda.

Eu estava cem por cento certo que ela sabia que eu tinha levado a boneca do seu
apartamento. Eu só não entendia por que ela não tinha revelado a todos, ou pelo menos me
pegado sozinho e me atacado. O Natal seria em quatro dias e eu sabia que ela precisava da
boneca para Charli, então ela não podia se dar ao luxo de esperar, ela tinha que vir até a
mim, mais cedo ou mais tarde. O quando era a questão, mas o como era algo ainda maior
que passava na minha mente.

Eu não tinha ideia de como ela iria se vingar de mim e tentar chegar à boneca e
pegá-la de volta. Era arrepiante pensar sobre isso porque Neala poderia ser criativa -
muito criativa - com seus métodos de vingança. Todos e cada um dos seus planos de
vingança ao longo dos anos geralmente me deixavam aos pedaços com meu orgulho
esmigalhado. Eu sabia muito bem que ela poderia deixar um homem adulto de joelhos... eu
era a prova viva disso. Porém, por mais apreensivo que estivesse, estaria mentindo se
dissesse que a emoção não me excitava, porque fazia isso sim.

Neala era adrenalina correndo em mim, era algo que eu desejava e temia ao mesmo
tempo.

Eu nunca admitiria isso em voz alta, porém, me matava apenas admitir para mim
mesmo.
Eu continuei a fazer a varredura do ambiente procurando por ela, mas em vez de
seu rosto pálido, vi outros familiares. Avistei um rosto particularmente familiar, era um
que eu vim a conhecer muito bem ao longo dos últimos anos, era a encantadora Laura
Stoke.

Ela era alta, não tão alta como os meus 1,90m, mas mais alta do que a maioria das
meninas. Ela ficava em torno de 1,80m. Ela tinha a pele pastosa branca com sardas, cabelo
loiro avermelhado espesso e longo, que caía pelas suas costas, e um traseiro que deixava
meu pau em posição de sentido com uma rebolada. Laura era, para ser legal, uma amiga de
foda. Como eu, ela não estava querendo um relacionamento, queria simplesmente se
divertir sempre que eu estivesse afim de ir pra cima - sem trocadilhos.

Tive uma longa amostra de Laura apenas alguns dias atrás, mas desde que estava
tenso, decidi que ela poderia ajudar a acalmar esta noite.

— Laura. — gritei.

Sua cabeça virou na minha direção, e um sorriso conhecedor curvou pelos seus
lábios pintados de vermelho. Eu permiti que meus olhos trilhassem lentamente sobre seu
corpo quente enquanto ela deslizava na minha direção através da pequena multidão, e
como sempre, o pensamento do que eu podia fazer, e tinha feito com o seu corpo, me
deixou duro.

— Darcy Hart, que prazer vê-lo novamente... tão rápido. — Laura ronronou quando
chegou até mim.

Ela se inclinou e deu um beijo casto em meus lábios.

— Você parece comestível. — eu rosnei para ela, e engoli quando ela estalou os
dentes para mim.

Laura deu um passo para trás e olhou para o vestido tubinho rosa choque que usava.

— O quê? Nesta coisa velha?

Eu gemi quando ela girou lentamente me dando uma visão completa do quão
apertada essa coisa velha abraçava seu corpo esbelto e sexy de muitas maneiras.

— Sim, nessa coisa velha. — assobiei quando ela se virou e pressionou-se inteira
contra mim.
Laura sorriu para mim sedutoramente. — Eu nunca recusei você ou seu pau antes
Darcy... francamente, porque você me dá orgasmos incríveis, mas sem orgasmos, não
importa quão bom eles sejam, não valerá a pena a ira de Neala Clarke.

Eu fiquei sério, e meu pau amoleceu, com a menção do nome dela.

— O que diabos Neala tem a ver com a gente transar? — perguntei.

Laura sorriu. — Esta é festa de noivado do irmão dela, e eu já estive em torno de


vocês o suficiente para saber que merda explosiva acontece quando estão juntos no mesmo
lugar. Eu não quero ir para o topo da sua lista de acidentes por estar em seus braços hoje à
noite.

Rosnei em aborrecimento. — Não! Neala não tem nenhuma palavra a dizer sobre
quem eu fodo.

— Não. — Laura concordou. — Mas quando ela está com raiva de você, ela revida,
não importa quem você esteja fodendo e ela está sempre com raiva de você. Eu não
gostaria que ela fizesse alguma façanha enquanto nós estamos transando no banheiro.

Isso não estava acontecendo.

— Não faça isso comigo, Laura. Eu preciso de você hoje à noite. — implorei.

Sim, eu implorei a uma mulher para fazer sexo comigo, então me processe. Eu não
era o primeiro homem a fazer, e não seria o último.

Laura deu aquele sorriso sexy dela, me dando um beijo mais casto antes de
sussurrar nos meus lábios: — Até a próxima vez, boca suja.

Ela virou e quebrou o coração pulsante do meu pau, enquanto se afastava. Eu olhei
para sua bunda e instantaneamente estreitei os olhos para a curva torturante.

Ela realmente precisa rebolar tanto?

— Mulheres. — grunhi, e desviei o olhar da bunda de Laura, para o teto do pub.

Tomei algumas respirações profundas.

Eu resmunguei em aborrecimento quando pensei nela.

Neala Clarke.
A pequena ameaça conseguiu trabalhar seu caminho para a minha vida sexual. Ela
sozinha conseguiu empatar a minha foda... e ela nem sequer sabia porra nenhuma sobre
isso.

— Mulher cruel! — atirei.

O barulho dos clientes no pub encheu meus ouvidos até que uma voz familiar
chamou a minha atenção.

— Qual é o problema, irmãozinho?

Suspirei quando olhei para o olhar preocupado do meu irmão mais velho. — Laura
acabou de me dispensar por causa da Neala.

Cuspi o nome dela como se fosse veneno na minha boca.

A sobrancelha de Justin levantou. — Por quê?

Dei de ombros. — Algo sobre se preocupar que Neala a teria como alvo por estar
comigo.

Justin riu e isso me irritou.

Isso não era engraçado.

Nada sobre um macho não conseguir uma boceta era engraçado.

Nada.

— Importa-se de explicar por que você está sendo um idiota e rindo de mim? —
perguntei.

Justin riu: — Por que todo mundo descreve Neala como algo que ela não é? Ela é
provavelmente a garota mais doce que eu conheço, e acontece de ter atitude de vez em
quando. Soa como toda mulher que já conheci, se for honesto.

Fiquei com a boca aberta para meu irmão.

Ele estava contando uma piada?

— Neala Clarke é o diabo disfarçado, irmão. É melhor você perceber isso. Doce seria
a última palavra que usaria para descrevê-la... ela é a encarnação do mal.

Justin rachou de rir novamente, e como antes, isso me irritou.

— Foda-se, homem.
Justin acenou com a mão para mim. — Eu sinto muito. — disse, enquanto tentava se
acalmar.

Ele conseguiu, mas só depois de um minuto.

— Eu entendo que ambos têm história, mas eu amo que ela te afete tanto. Você
realmente pira perto ela.

Franzi minhas sobrancelhas. — Você acha engraçado que uma mulher me irrite?

— Não, eu acho engraçado que ela fica sob a sua pele e você gosta dela e a odeia ao
mesmo tempo.

Que diabos?

— Eu não gosto...

— Não minta. Não diga que você não gosta da Neala, porque você gosta. Você a
odeia porque você a quer muito. É óbvio, para mim de qualquer maneira.

Meu irmão ficou malditamente louco.

— Há algo errado com você. Eu não quero Neala de qualquer maneira.

Justin sorriu, mas não disse nada e isso me incomodou.

— O quê? — atirei.

Ele riu: — Nada mano, nada.

Eu balancei minha cabeça. — Você é um idiota.

Justin apertou meu ombro com a mão. — Eu posso ser um idiota, mas sou um idiota
honesto.

Com isso dito, ele se afastou, e cumprimentou algumas outras pessoas. Eu o encarei
me sentindo totalmente confuso. Esta foi a primeira vez que ele mencionou achar que eu
gostava da Neala, mas ele estava muito errado.

Eu não gostava dela.

Eu odiava.

Eu só gostava de encher o saco dela de vez em quando.


Claro, às vezes eu sentia que precisava da adrenalina de Neala para me manter são,
mas isso não significava que gostava dela, significava que eu gostava da reação dela para as
minhas merdas. Isso é tudo. Eu não gostava dela. Nem um pouco.

— Você parece absolutamente horrorizado.

Pisquei os olhos, e virei minha cabeça para a direita e vi Sean em pé ao meu lado.

— Justin acha que gosto da Neala. — disse e balancei a cabeça.

Sean permaneceu em silêncio e tive que encará-lo.

— Não me diga que você pensa a mesma coisa? — perguntei chocado.

Sean deu de ombros, mas ainda permaneceu em silêncio.

— Pelo amor de Deus. Eu não gosto dela. Eu não suporto a bruxa!

Sean riu de mim, mas continuou a me olhar como se segurasse sua língua.

— Diga alguma coisa ou eu vou golpeá-lo! — avisei.

Sean lambeu os lábios e disse: — Não me bata... mas concordo com Justin.

Oh, Cristo.

— Que diabos? Mas isso não é verdade. Eu não gosto dela! — declarei.

Sean levantou uma sobrancelha para mim e sorriu. — Você é possessivo com ela.
Você nunca deixou ninguém tocá-la enquanto cresciam. Você...

Cortei Sean. — Porque ela era minha para torturar.

— Você não ia a quaisquer festas, ao menos que ela estivesse presente. Você...

Eu pulei e interrompi Sean novamente. — Porque não era nada divertido, a menos
que ela estivesse lá, então eu podia mexer com ela!

Sean gargalhou levemente. — Você deu um soco no rosto de Kenny e Luke Spencer,
porque eles disseram que ela estava sexy em sua festa de aniversário de 16 anos. Você...

Mais uma vez, o interrompi. — Porque eu não queria lidar com um namorado
enquanto eu estava a torturando... como você não consegue ver nada disso?

Sean balançou a cabeça, ainda não convencido.

— Você admitiu que vê-la faz seu dia.

— Porque sei que a deixo louca toda vez que a vejo, o que me faz feliz.
Sean beliscou a ponta do seu nariz. — Você nunca transa com morenas mesmo
quando você já disse para mim que elas são da sua preferência. Você só vai pra cima de
loiras, ruivas, negras ou meninas sem cabelo, nunca morenas.

— Porque as únicas garotas atraentes nesta maldita vila acontecem de terem o


cabelo louro, vermelho ou preto!

Sean deu uma gargalhada. — Você é tão profundo em negação que não consegue ver
o passado.

Eu queria dar um soco na cara de Sean naquele momento, mas não valia a pena a ira
da minha mãe, ou de Sean, se eu lhe desse uma contusão em sua festa de noivado. Resolvi
socá-lo no braço, em vez disso.

— Está sendo um bastardo de verdade, sabe disso?

Sean esfregou o braço. — Eu estou ciente disso, sim.

Babaca.

Levantei minhas mãos para o rosto e esfreguei, quando abaixei olhei ao redor do
pub novamente e resmunguei.

— Onde ela está? Eu sei que ela está aguardando para se vingar de mim, e não ser
capaz de manter o meu olho nela está me assustando.

Sean riu: — Você está com medo de Neala?

Rosnei. — Você vai ter medo também quando for a vez dela de golpeá-lo.

Sean abriu a boca para falar, mas rapidamente fechou e acenou com a cabeça em
concordância.

— O que você vai fazer? Ficar aqui a noite toda e procurar por ela?

Eu suspirei e dei de ombros.

— Eu não sei, talvez.

Sean estava prestes a dizer algo quando minha mãe apareceu com dois copos cheios
com o que parecia ser um líquido alcoólico.

— Estes foram feitos para serem vodcas com Coca-Cola, mas o barman nos deu
uísque no lugar. Vocês querem? — minha mãe perguntou.

Sean sacudiu a cabeça, mas eu peguei ambas as bebidas.


— Obrigado, Mãe. — disse, e virei os dois.

Enruguei meu rosto quando o líquido queimou a minha garganta até o meu
peito. Eu não estava pensando em beber esta noite. Eu precisava ficar em Alerta Neala,
mas eu precisava de uma bebida para relaxar, e foi isso exatamente o que o uísque fez.

— Por que você não vai ver o seu pai?

Eu levantei minhas sobrancelhas. — Por quê?

Minha mãe bufou. — Eu realmente não me importo aonde você vai Darcy, basta
parar de ficar aqui de pé encarando os nossos amigos. Você parece... estranho.

Sean riu. — Ele está em Alerta Neala.

Minha mãe sorriu, e isso me fez revirar os olhos.

— Não comece, mãe.

Com isso dito, passei pela minha mãe e fui atrás do meu pai. Sentar com ele era
provavelmente a coisa mais segura para fazer agora. Neala amava meu pai e não tentaria
me machucar quando eu estivesse próximo a ele... eu esperava que não, de qualquer
maneira.

— Darcy, aonde você está indo? — meu pai chamou.

— Banheiro. — disse asperamente.

Eu acho que ouvi risadas vindas do meu pai, mas não podia ter certeza. Eu
realmente não me importei, porque precisava chegar ao banheiro o mais rápido
possível. Meu estômago estava absolutamente me matando, e eu senti como se meu
interior estivesse prestes a derramar pelo meu cu.

Se isso soa nojento, você pode imaginar como me sinto.

— O que diabos eu comi? — eu gemi de dor quando tropecei no pequeno corredor do


pub.

Eu tentei pensar em tudo o que tinha comido no início do dia que poderia ter-me
feito sentir tão mal, mas a única coisa que comi fora do normal foi no buffet de comida do
pub que Sean e Jess tinham feito para a festa de noivado. Eu não gosto de especiarias, e
isso era tudo o que consistia o buffet. Temperos e ervas.

Nunca que tocaria em qualquer um de novo, meu estômago revirava apenas com o
pensamento.

Eu alcancei o banheiro dos homens e suspirei em voz alta, mas o meu suspiro se
transformou em um muito choro alto quando li a placa na porta.

FORA DE SERVIÇO!

— Isso não pode estar malditamente acontecendo comigo!

Tomei uma decisão em um segundo de usar o banheiro feminino. Pediria desculpas


a todas as mulheres que me vissem ou ouvissem, mas não poderia deixar de ir ao
banheiro. Eu rapidamente virei para a direita em direção ao das senhoras, mas como no
banheiro dos homens, a porta não abria. Eu olhei para cima e soquei a porta quando vi o
mesmo fora de serviço pendurado na porta.

— Nenhum dos banheiros funciona? — gritei.

Cacete.

Eu tinha que ir embora.

Eu tinha que ir para casa onde poderia ir ao banheiro e morrer em paz.

Eu normalmente nunca saía de uma festa, especialmente uma de família, mas eu


tinha que ir e não conseguiria parar e dizer adeus a ninguém. Ignorei todos ao meu redor e
fiz um caminho mais curto para a saída do pub.

É claro que não fui abençoado em fazer uma fuga rápida, a mão que apertou meu
ombro me deu certeza disso.

— Aonde diabos você vai rebolando assim?

Virei-me para enfrentar Sean. — Eu preciso ir.

— Ir para onde? E sério, você está andando como um pinguim. O que está
acontecendo?

Ignorei sua risada e disse: — Eu preciso ir embora.

— O que quer dizer com você tem que ir embora? — Sean me perguntou, seu tom
irritado.
Eu entendia o seu aborrecimento. Eu fazia parte do seu casamento, e aqui estava eu
correndo da sua festa de noivado muito aguardada. Não só isso, eu também era seu amigo
que estava correndo de sua festa de noivado. Mas não podia evitar, eu tinha que ir.

Meu cu exigia.

— Eu tenho que ir, homem. — disse, então debrucei sobre outra cãibra horrível
dando saltos mortais no meu estômago.

Senti uma mão nas minhas costas. — Darcy, você está bem?

Não, eu realmente não estava.

— Não. — assobiei com dor. — Eu acho que a comida não caiu bem. Meu estômago
está me matando.

Sean ajudou a endireitar-me e sorriu acenando com a cabeça para os clientes do pub
que me olharam um pouco demais.

— Você não acha que a comida está ruim, não é? — Sean perguntou, preocupação
atada no seu tom.

Eu balancei minha cabeça.

— Não, não, ela tinha um sabor delicioso. Eu acho que as especiarias me afetaram
do jeito errado hoje à noite.

Sean estremeceu quando entendeu o significado.

— Vá para casa, homem. Faça amizade com seu banheiro. Eu vou dizer a todos que
seu rabo está em chamas e você teve que sair. Todos eles vão entender, confie em mim.

— Se eu não estivesse com uma dor tão ruim, eu bateria em você.

Sean riu me dando um tapinha nas costas, com força. — Sorte minha então.

— Sim. — resmunguei enquanto ele me desejou boa sorte e trotou para a sua bela
noiva e futura esposa. — Sortudo.

Virei-me e passei por um grupo de rostos familiares. Eu cresci no bairro, portanto


não tinha um rosto que eu não conhecia ou um nome que eu não reconhecia. Agora eu
odiava isso mais do que qualquer coisa, porque várias pessoas tentaram me parar para um
rápido bate-papo ou uma foto ao longo do meu caminho para fora do pub, mas eu tive que
recusar todas.
Ouvi uma risada familiar de algum lugar à minha esquerda, e quando meus olhos
encontraram os dela eu estreitei-os. Neala estava sentada em um banquinho no bar. Por
um momento eu me vi olhando para as pernas, mas eu me afastei disso e rosnei em sua
direção. Ela estava olhando diretamente para mim e estava sorrindo.

Ela fez isso comigo.

Eu não sabia como, mas sabia que ela era responsável pela minha dor súbita e
necessidade desesperada de um banheiro, eu só sabia que era tudo por causa dela.

— Vejo você em breve. — ela murmurou para mim, então piscou.

Eu congelei como uma estátua e arregalei os olhos com horror quando ela se
levantou do banco, virou e sumiu no meio da multidão. Eu engoli a bile que subiu na
minha garganta e me forcei a empurrar através dos meus amigos e familiares até que eu
estava fora no frio congelante.

Ela sabia que peguei a boneca ou isso era apenas ela me revidando as palhaçadas
no Smyths no outro dia?

Eu não sabia, e isso me apavorava.

Esforcei para deixar todos os pensamentos de Neala de lado e desci correndo o


caminho para o parque de estacionamento. A dor incapacitante no meu estômago estava
tão ruim que em um ponto considerei rastejar ao longo do caminho porque somente andar
contribuía ainda mais para a dor.

O que diabos estava acontecendo comigo?

Eu estava sem fôlego e suando como um porco no momento em que cheguei ao


estacionamento e encontrei o meu Jeep. Eu me atrapalhei com as chaves do carro
enquanto as puxava do meu bolso, mas consegui abrir a porta do carro e subir no interior.

— Casa. — choraminguei. — Eu preciso chegar em casa.

Seja homem.

Eu suguei uma enorme quantidade de oxigênio então forcei meus olhos a


permanecerem abertos enquanto dirigi ao longo das estradas escorregadias que levavam
até minha casa. Eu amava a natureza, a exatamente por isso a minha casa era no meio
dela. Eu amava a calma que vinha da natureza e o espaço que a rodeava, mas agora eu não
ligava para nada disso.
Santa Maria Mãe de Deus.

Eu nunca tinha sentido uma dor como a que passou a residir no meu estômago. Era
tão ruim que eu não desejaria isso ao meu pior inimigo. É isso mesmo, eu não desejava
mesmo para Neala, e ela era a cadela máxima.

— Por favor, Deus, me ajude! — eu soluçava com outra cãibra que aleijou meu
abdômen.

Isso não estava acontecendo comigo.

Eu pressionei o acelerador para baixo, e orei a Deus para que não falhasse e ficasse
preso ou deslizasse perigosamente ao longo da estrada. Eu orei por minha segurança e por
um vaso sanitário.

Deus, eu precisava de um banheiro.

A viagem levou 10 minutos, o que era perigoso. Algumas vezes perdi o controle do
meu carro na estrada escorregadia, mas consegui recuperar o controle suficiente para
chegar até a minha casa. Quando cheguei à minha garagem, desliguei meu jipe e abri a
porta. Eu caí para fora do Jeep e me arrastei com meus braços em meio à neve e ao longo
da minha varanda.

Rosnei no fundo da minha garganta quando uma pontada atacou o meu traseiro.

— Não! Cristo não!

Eu me atrapalhei com as chaves na minha mão e abri a porta da frente.

— Está vindo! Está vindo! — eu gritei e empurrei minha porta com os ombros para
abrir quando a chave finalmente virou na fechadura.

Eu tropecei no meu corredor e abri a porta do banheiro, e assim aconteceu. Deixei


escapar um gemido quando a percepção e o cheiro me atingiram.

Eu me caguei.

Eu literalmente me caguei.

Eu ia matar Neala Clarke quando colocasse as minhas mãos nela.


E u não podia acreditar ao que tinha recorrido, a fim de acompanhar Darcy até

sua casa. Tudo para chegar à boneca e tê-la de volta no que tinha de ser o dia mais frio em
toda a história da Irlanda. Congelar minha bunda na missão não foi suficiente,
embora. Para piorar as coisas eu tive que pagar cinquenta euros para um garoto malcriado
para ‘emprestar’ sua bicicleta! O pequeno merdinha fez questão de me avisar que sua mãe
sabia quem era a minha mãe e que falaria que bati nele e roubei sua bicicleta a menos que
a levasse de volta na condição que ele me deu. A bicicleta estúpida não valia sequer
cinquenta euros, ele praticamente me trapaceou.

O pequeno bastardo!

— Criança maldita! — rosnei subindo e pedalando tão forte e o mais rápido que
pude.

Não importa o quão forte ou rápido pedalasse, porém, a roda da bicicleta apenas
girava na neve lamacenta. Eu queria gritar e chorar. Minhas pernas estavam em chamas,
meus pulmões estavam a segundos de distância de entrarem em colapso, e eu não podia
sentir meu corpo. Realmente, eu não podia sentir. Eu estava toda entorpecida. A
temperatura abaixo de zero, e a neve estúpida se certificou disso. Não pensei em mais
nada, apenas neste plano, uma e outra vez assim que descobri sobre a festa de noivado há
dois dias, tracei tudo meticulosamente... exceto meu traje estúpido!

Eu estava com um vestido azul, blazer preto e saltos pretos.

Era isso.

Havia uma foto do meu rosto ao lado da definição de imbecil na Internet, tinha
certeza disso.

— Estúpida, estúpida, estúpida! — gritei em agonia.


Eu estava cansada, com frio, e só queria chegar até a boneca e pegá-la de volta de
Darcy, mas ainda estava a uma boa centena de metros de distância da casa dele. Trinta
minutos ou mais atrás, vi as luzes do seu Jeep desligar quando ele parou na calçada e
tropeçou para fora do seu Jeep, correndo através da sua porta da frente.

Eu olhei para sua casa e notei que ainda estava escura, mas seu jardim e algumas
regiões estavam bem iluminados. Darcy tinha surpreendentemente grande parte da
iluminação pública por estar no alto das montanhas, onde as estradas secundárias
geralmente eram escuras e perigosas. A estrada deste lado da montanha ainda era
perigosa, mas não escura, que foi provavelmente, o único golpe de sorte que tive durante
toda a noite.

Bem, o segundo golpe, se estiver sendo honesta. O primeiro golpe de sorte foi, de
longe, quando Darcy bebeu o uísque com laxante. Isso ocorreu sem problemas. E foi
realmente uma coisa linda observá-lo aceitar a bebida contaminada da sua mãe, em
seguida, assisti-lo engolir a mesma coisa que o faria perder a boneca para mim.

O pensamento de que eu teria a boneca logo me confortou um pouco. Não fez nada
para o meu corpo congelando e pernas cansadas, mas ajudou a manter minha mente sã,
pelo menos.

Tentei mais uma vez pedalar a bicicleta estúpida, mas quando as rodas
infinitamente fincaram na neve desisti. Eu coloquei meu pé no chão na neve e levantei
minha outra perna por cima da bicicleta, mas perdi o equilíbrio e caí para trás. Eu gritei,
então gemi de dor quando minha bunda bateu no chão duro e frio sob o manto de neve. A
dor do impacto chocou meu corpo de cima a baixo, e porque estava frio doeu muito mais.

Eu lutei contra as lágrimas enquanto tentava levantar. Eu queria desistir, mas não
podia fazer nada, exceto seguir com meu plano e caminhar na direção da casa de Darcy. Eu
não podia desistir agora. Eu ainda não tinha a boneca e essa era minha razão para estar
aqui.

Dez minutos de caminhada em um ritmo lento e cuidadoso mais tarde, e eu alcancei


o jardim da frente de Darcy. Silenciosamente agradeci a Deus por ter feito isso, porque
assim que cheguei aos degraus do jardim, começou a nevar novamente.

— Estúpido tempo do caralho! — falei e então joguei minhas mãos sobre a boca.

Merda.
Eu tinha que ficar quieta.

Cuidadosamente caminhei até a varanda de Darcy, na ponta dos pés em cima do


assoalho. Gentilmente testei a maçaneta da porta de Darcy e estava trancada. Meu coração
afundou um pouco, mas não deixei me desanimar completamente. Eu sabia que as chances
de ter que arrombar, literalmente, a casa dele, eram altas, mas eu estava esperando que
uma porta estivesse desbloqueada.

Afastei a decepção e desci da varanda dei a volta na casa. Eu testei a primeira janela
que surgiu e a achei trancada.

Porcaria.

Abracei-me em meio à neve, e encontrei-me ofegante por ar, conforme tornava-se


cada vez mais difícil ficar de pé. Eu estava com tanto frio que não conseguia sentir nada,
talvez andar pela neve fosse difícil, porque minhas pernas estavam começando a
endurecer. Rapidamente percebi porque andar pela neve, de repente tornou-se mais
difícil. Era porque estava nevando muito fortemente. Cada floco era grande e grosso e fazia
minha tarefa consumir ainda mais energia.

— Da u-um tem-tempo! — disse à Mãe Natureza, na sã esperança de que ela


estivesse ouvindo.

Uma grande rajada de vento me bateu segundos depois, e eu entendi como se ela
estivesse mandando eu me foder.

Que cadela.

Eu caminhei pela neve nos meus saltos de doze centímetros, e no momento que
pensei que estava na parte de trás da casa de Darcy e quase salva da neve na varanda dos
fundos, tropecei e caí. Eu acho que gritei, mas não tinha certeza. Eu tive que usar
rapidamente as minhas mãos e empurrar o meu corpo para que eu pudesse levantar a
cabeça da neve, porque eu não conseguia respirar.

— E-esta foi uma ide-ideia de me-merda. — eu disse a mim mesma quando o meu
corpo começou a tremer violentamente.

Saí da neve, e quando cheguei à varanda de Darcy andei tão cuidadosamente quanto
podia para sua porta dos fundos. Fechei os olhos e orei a Deus que a porta estivesse
destrancada. Abri os olhos e levantei a mão na maçaneta da porta e lentamente abaixei.

Clique.
— Oh, mm-meu D-Deus. — sussurrei através dos dentes batendo quando o bloqueio
clicou e a porta se abriu.

Eu consegui. Eu invadi com sucesso a casa de Darcy tudo por minha conta.

Sim!

Tentei controlar minha respiração, pois acelerou dramaticamente nos últimos vinte
segundos. Eu estava com medo, e agora que estava dentro da casa de Darcy eu tinha que
encontrar a boneca e não ser pega. Era uma missão impossível no meu estado atual. Eu
estava tremendo de frio, e eu não conseguia sentir meu corpo.

Eu gentilmente fechei a porta da cozinha, me abaixei e arranquei meu salto alto,


deixando-os na porta dos fundos. A cozinha de Darcy não estava escura, mas não estava
clara também. A luz do exaustor acima de seu fogão estava ligada, por isso significava que
a cozinha estava um pouco iluminada. Olhei ao redor da cozinha e acenei com a cabeça em
aprovação. Era de cor creme brilhante e bancadas de granito preto.

Boa escolha, Darcy.

Trabalhar com construção claramente valeu a pena para ele.

Eu não sei por que, mas procurei toda a cozinha pela boneca. Eu tinha que verificar
todos os lugares, apenas no caso de Darcy colocá-la em algum lugar que a maioria das
pessoas não pensaria em olhar. Eu não sairia da casa sem a maldita boneca, então me
certifiquei de verificar cada armário, gaveta e guarda-louça. Felizmente, todo o movimento
que estava acalmou minha tremedeira, e até me devolveu alguma sensação ao meu
corpo. Graças a Deus.

Olhei para a porta no final da cozinha de Darcy, não era uma boa porta de vidro
igual a que tinha na armação da outra porta do cômodo, então eu imaginei que fosse algum
tipo de despensa. Na ponta dos pés fiz meu caminho até a porta, mas um assobio à minha
direita parou meus passos.

Que diabos foi isso?

A área da cozinha onde estava procurando era mais escura do que o resto do espaço,
então, naturalmente, dei um passo à frente para ver o que era o assobio. Eu pisquei os
olhos para o cobertor escuro jogado sobre algum tipo de caixa que estava em um suporte
alto no ar. Tudo em mim me dizia para não puxar o cobertor para ver o que estava sob ele,
então me virei e caminhei até a porta de madeira e a abri.
Eu estava certa, era uma pequena despensa.

Alcancei dentro do quarto escuro e coloquei a palma da mão na parede fria e movi
ao redor em busca do interruptor de luz. Eu não consegui encontrar um, e assim que estava
prestes a mudar minha mão para a outra parede da despensa, o baixo assobio veio atrás de
mim novamente. Eu pulei de susto e virei.

— O que é isso? — sussurrei.

Aproximei-me da cobertura escura e cuidadosamente estendi a minha mão. Eu


hesitei quando toquei o cobertor, mas sem pensar um segundo puxei e engasguei quando
algo começou assobiar e bater em uma gaiola.

Ele fez um barulho que instantaneamente identificou a criatura como um pássaro.

A memória me bateu em seguida, de Sean contando à minha mãe que Darcy tinha
comprado um papagaio cinzento Africano. O papagaio continuou a assobiar para mim e
isso me assustou. Eu não sabia que as aves poderiam malditamente assobiar.

— Shhh. — sussurrei. — Fique quieto.

— Cale a boca. — o pássaro disse, então assobiou novamente.

Eu congelei no local, e olhei para o pássaro.

Eu estava ficando louca ou esse pássaro acabou de falar o que eu acho que ele
falou?

— O que foi que você disse? — perguntei.

— Água... você quer um pouco de águaaa, bebê? — o pássaro piou.

Apertei os olhos. — Não foi isso que você disse antes.

— Nealaaaaa.

Eu congelei novamente e pisquei.

O pássaro disse meu nome, e soou um pouco como um homem.

— Como você sabe meu nome? — perguntei me apavorando.

— Foda-se, Neala!

Que diabos?

— Fique quieto! — eu assobiei e apontei o dedo para o pássaro.


O pássaro assobiou: — Darcy, Darcy, Darcy.

Meu Deus.

A ave estava me entregando.

— Shhh, seu idiotinha! — rebati e bati na gaiola.

Foi uma má ideia, porque o pássaro ficou fodidamente louco e gritou como se
estivesse sendo assassinado.

— Sinto muito. — implorei em um sussurro: — Por favor, pare...

Eu congelei no meio da frase quando a luz na cozinha, de repente acendeu.

— O que você está fazendo, Clarke?

Oh Cristo.

Eu gritei de susto e cambaleei para trás, até que tropecei e caí de bunda
novamente. Eu gemi quando olhei para cima e arregalei meus olhos quando o corpo
seminu de Darcy apareceu.

— Você sabe que eu ouvi você chegando até a calçada, certo? Abri a porta dos
fundos, para que você não congelasse até a morte.

Eu não podia acreditar.

Ele sabia que eu estava aqui o tempo todo?

Darcy sorriu. — Não fique tão surpresa, você não é exatamente silenciosa, Neala.

Eu balancei a cabeça e abri a boca para falar, mas nada saiu.

Darcy riu. — O gato comeu sua língua? Tenho certeza de que uma ou duas horas
aqui irá mudar sua mente.

O quê?

— O que você está... Darcy!

Ele fechou a porta da despensa e trancou.

— Use esse tempo para pensar sobre o que você fez.

— Darcy! — gritei. — Deixe-me sair ou eu vou te matar!

— Boa noite, Neala. — Darcy riu.

Ele me deixou. O desgraçado me deixou trancada na despensa da sua cozinha.


Eu ia chutar a bunda dele quando eu saísse daqui.
—D ARCY! ME! DEIXE! SAIR!

Abri os olhos e sorri.

— Música, doce música. — eu sorri.

Ouvi Neala gritar de raiva quando ela começou a bater na porta da despensa, pela
décima vez nas últimas horas. Eu iria originalmente só pregar uma peça nela e deixá-la na
despensa por apenas alguns minutos, mas ela xingou e bateu na porta por sólidos 30
minutos, e para ser honesto, eu não abriria a porta enquanto ela estivesse naquele
estado. Ela teria simplesmente me atacado.

Eventualmente abri a porta quando ela parou de bater e gritar, uma hora depois de
colocá-la lá dentro, e eu encontrei-a enrolada no chão da despensa deitada sobre vários
panos de prato roncando como um homem velho. Eu não queria movê-la pela simples
razão de que as minhas viagens de hora em hora para o banheiro foram culpa dela - eu não
tinha provas, mas eu sabia que ela me causou a diarreia - e eu queria que ela sofresse um
pouco. Eu não queria que ela ficasse doente - embora eu não fosse tão mal como ela era,
então eu peguei meu edredom sobressalente e alguns travesseiros e envolvi nela.

Ela não moveu um músculo enquanto eu a acomodava, provavelmente porque ela


estava exausta da caminhada até a minha casa no clima abaixo de zero vestindo apenas um
vestido, blazer e sapatos de salto alto, enquanto estava nevando. A menina não era o lápis
mais brilhante na caixa.

— Darcy!

Eu suspirei e levantei da minha cama. Estiquei, coloquei um par de calças


confortáveis e distraidamente verifiquei meus lençóis para me certificar de que eu não tive
outro “acidente”. Eu balancei minha cabeça só de pensar na noite passada. Depois de me
sujar, passei 30 minutos limpando meu banheiro, ensacando minhas roupas sujas e panos
de limpeza. Eu joguei-os em minha lixeira dos fundos, e foi quando eu ouvi a pequena
criminosa xingando uma tempestade na minha garagem. Ela usava as roupas erradas para
invadir a casa de alguém enquanto estava nevando lá fora, e ela estava tão barulhenta que
eu pude ouvir da parte de trás da minha casa.

Discrição definitivamente não era o seu forte.

Eu não posso chamá-la muito de idiota, porém, ela realmente conseguiu me pregar
uma peça e fez eu me sujar todo. Eu acho que o meu orgulho nunca vai se recuperar do
momento revoltante que ela causou. Mesmo depois que eu fechei a bruxa má na minha
despensa ela ainda estava me machucando, porque eu tive que fazer viagens frequentes
para o meu banheiro durante toda a noite. Meu estômago só se estabeleceu por volta das
cinco horas da manhã. Infelizmente minha bunda ainda parecia como se estivesse nos
abismos da Montanha da Perdição, exceto que eu não tive que caminhar para Mordor.

Um anel de fato me dominou e foi o anel ardente da minha bunda.

Doeu tanto que eu tinha certeza que tinha queimaduras de terceiro grau!

Ah, e se ter dor de estômago incapacitante e uma bunda flamejante não fosse o
suficiente, meu nariz sofreu terrivelmente com o cheiro que fez residência no meu
banheiro. Eu usei duas garrafas de água sanitária e uma lata inteira de purificadores de ar
e o cheiro de morte ainda permanecia no cômodo. Fechei a porta do banheiro e tive que
deixar o ventilador de teto trabalhando a noite toda como um método para arejar o
quarto. O cheiro pode nunca ir embora - eu não ficaria surpreso se ele se moldasse sobre
cada superfície em nível molecular.

Tenho certeza de que isso é o que Neala queria, em primeiro lugar.

— Vaca má. — eu murmurei quando saí do meu quarto e caminhei pelo corredor
para a minha cozinha e prisão temporária.

Abri a porta da cozinha e fiz uma careta quando o amor da minha vida
choramingou.

— Garota, o que há de errado? — eu perguntei e corri para o meu papagaio cinzento


Africano.

Ela era o meu bebê - ela tinha sete anos de idade e era a dona da minha casa.
— Darcy, é você? Abre a porta e me deixe sair, o pássaro está me deixando
malditamente louca!

Ignorei Neala, abri a gaiola e acariciei o peito do meu bebê quando ela subiu na
minha mão.

— O que há de errado com você, Einstein? — perguntei.

Eu ouvi um gemido frustrado vir da despensa.

— Eu falei, eu quero que você...

— Eu não estava falando com você Neala, eu estava falando com meu pássaro. — eu
interrompi Neala e continuei a acariciar o peito de Einstein.

Neala ficou em silêncio por um momento, então ela riu.

— Você nomeou seu papagaio de Einstein? Por quê?

Eu abri minha boca para falar, mas Einstein me cortou.

— Cale a boca, Neala.

Eu sorri e cocei a cabeça da minha Einstein. Olhei para a porta da despensa, então
eu ri quando Neala ficou em silêncio enquanto se movia em sua prisão.

— Eu a nomeei de Einstein, porque ela é muito inteligente, como você pode


perceber.

Mais silêncio.

Eu presunçosamente sorri. — Qual é o problema, Neala? Por que você está tão
quieta de repente?

Eu praticamente podia sentir a sua mente girando enquanto ela pensava.

— Você ensinou seu pássaro a dizer para eu calar a boca? — ela perguntou baixinho.

Ensinei-lhe muito mais do que isso.

Eu simplesmente ri e disse: — Sim.

— Por quê?

Dei de ombros, embora ela não pudesse me ver.

— Eu pensei que seria engraçado Einstein falar isso se você viesse aqui, e eu estava
certo. É fodidamente hilário. Esta brincadeira foi criada anos atrás.
Neala bateu na porta em indignação.

— Você é um babaca classe A!

Eu não poderia discordar dessa afirmação.

— Águaaaa... maçã.

Eu olhei para baixo, para Einstein, e levantei a minha mão para que ela pudesse
chegar ao topo da sua gaiola e roer o fruto que eu coloquei em diferentes seções da sua
gaiola, ontem, e também para que ela pudesse ter acesso a sua garrafa de água.

Afastei Einstein e caminhei até a despensa onde parei quando cheguei na maçaneta
da porta.

— Promete que não vai me atacar se eu abrir a porta.

Neala riu.

— Isso não me dá nenhum motivo para deixá-la sair, Neala.

Ela se acalmou e murmurou: — Ok, eu não vou bater em você.

Ela não parecia nem um pouco sincera.

— Tente de novo, e desta vez me faça acreditar em você.

Eu podia sentir o ódio de Neala por mim irradiar pela porta da despensa, e isso só
me fez sorrir. O próximo minuto depois que ela estivesse livre da despensa seria
interessante, disso eu tinha a maldita certeza.

— Darcy. — Neala começou. — Por favor, deixe-me sair desta despensa.


Prometo não atacá-lo se você fizer isso.

Foi forçado, mas possivelmente honesto.

— Ok, bom o suficiente.

Eu me inclinei para frente e virei a fechadura da porta e pressionei a maçaneta para


baixo. Eu tinha toda a intenção de pedir desculpas por mantê-la na despensa e explicar por
que eu fiz o que fiz, mas todos os meus pensamentos foram para fora da janela e eu pulei
para trás como um peixe fora d'água quando a porta foi aberta e uma Neala desorientada e
selvagem surgiu.

Ela estreitou os olhos para a luz na cozinha e levantou as mãos para proteger os
olhos dos raios. Ela só abaixou depois que piscou algumas vezes e permitiu que seus olhos
se ajustassem. Quando sua visão ficou clara, ela rapidamente olhou ao redor do
cômodo. No momento em que seus olhos pousaram em mim, eu fiquei tenso. Ela estreitou
os olhos e os dentes estavam à mostra. Ela agarrou um pano de prato que estava em sua
mão e chiou para mim.

Porra.

Ela estava completamente louca.

— Você prometeu! — eu gritei com uma voz muito aguda e tropecei para trás.

Os olhos de Neala perfuraram os meus enquanto ela rolou o pano de prato em sua
mão tão forte quanto pôde e rosnou: — Eu menti.

Oh, merda.

— O que você vai fazer com o pano de prato - Ai!

Eu olhei para minha perna e cerrei os dentes. Ela chicoteou minha coxa com o pano
de prato, e essa porra doeu!

Muito.

— Você me trancou na sua despensa a noite toda, praticamente me fez refém! —


Neala rosnou, seus olhos selvagens com raiva.

Eu segurei minhas mãos na frente do meu peito e lentamente comecei a me afastar


dela e em direção à minha fuga - a porta da cozinha.

— Você invadiu a minha casa e você me causou uma diarreia - que não é nada
comparado com o que fiz a você nas últimas doze horas! — eu rebati.

Neala hesitou em avançar sobre mim, cruzou os braços sobre o peito e começou a
sorrir maldosamente. — Eu sabia que você iria tomar aquelas bebidas que sua mãe
ofereceu e tomou. Foi uma coisa bonita de se ver, realmente.

Ela não fez o que eu acho que ela fez.

Eu estreitei os olhos para a sua loucura e quando eu entendi a verdade, eu ofeguei.

— Você convocou minha mãe para o seu lado? — eu acusei.

Caramba.

A decepção me bateu com toda a força de um impacto de trem!


Como ela ousa corromper minha mãe ignorante ao seu plano maligno. Aquela
mulher me deu a luz!

— Não, não necessariamente. — Neala sorriu seu rosto uma máscara maligna. — Eu
paguei um dos barmans para nos dar as bebidas erradas, eu só sugeri à sua mãe que você
gostava de uísque e ficaria feliz com ambos. Era um pedaço de bolo. Sua mãe não queria
desperdiçar e desde que eu sabia que nenhuma das mulheres na mesa beberia, eu sabia
que ela faria o que eu sugeri e levaria as bebidas para você.

Eu estreitei os olhos para a diaba. — Eu não posso acreditar em você. Eu posso


entender usar minha mãe como um peão em seu plano satânico, se fosse para algo menor,
mas você aumentou a aposta desta vez. Você bagunçou o meu interior, Neala.
Eu nunca mexi com o seu interior. O que você fez para mim é apenas deplorável.

Pisquei os olhos quando Neala jogou o pano de prato para o meu rosto e gritou: —
Mentiroso! Você me deu uma intoxicação alimentar na festa de aniversário de vinte anos
de Sean. Eu fiquei presa na cama e vomitando por dias!

Eu estremeci.

Esqueci-me disso.

— Eu não fiz aquilo de propósito, porém, eu realmente pensei que o frango estivesse
na validade. O que você fez comigo foi uma tacada planejada, sua vaca malvada!

Eu desejei ter usado uma palavra diferente, em vez de vaca quando o rosto de Neala
torceu de raiva. Eu dei um passo para longe dela, caso ela decidisse liberar sua fúria
crescente em cima de mim.

— Você me manteve refém durante toda a noite, o seu papagaio me insultando toda
a manhã, e agora você está me chamando de gorda?

Oh, Jesus.

Eu ia morrer hoje.

Eu não respondi Neala nem tentei explicar que eu não a estava chamando de
gorda. Em vez disso, eu me virei e corri para fora da cozinha tão rápido que deixei um
rastro de fumaça atrás de mim. Eu não me importava se isso fazia de mim um covarde, um
maricas ou qualquer outra coisa. Ninguém mais sabe o quão forte Neala pode bater, e pela
expressão em seus olhos cheios de raiva, eu sabia que ela apontaria para minhas bolas se
tivesse chance e eu não lhe daria essa oportunidade.
— Darcy! — ela gritou atrás de mim.

Eu podia ouvir seus pés batendo contra o meu chão da cozinha de azulejos, e por um
momento, eu gostaria que ela escorregasse e caísse de modo que ficaria preocupada e não
viria atrás mim.

Isso era malvado?

— Merda! — eu gritei quando o que só poderia ser descrito como um quase macaco
corpulento pulou nas minhas costas.

Eu instintivamente estendi a mão e agarrei os braços de Neala quando ela tentou


envolvê-los no meu pescoço. Eu estava pronto para esse movimento desta vez. Quando ela
fez o mesmo no Symths na quarta-feira, eu não estava pronto para que ela quase me
estrangulasse, mas hoje eu estava.

Hoje não, Clarke.

Hoje não!

— Você está louca? — eu gritei e tentei tirá-la das minhas costas, mas como um
macaco-aranha, ela se agarrou em mim como se sua vida dependesse disso.

Tentei agitá-la um pouco mais, mas quando esses esforços falharam eu resmunguei
e entrei na minha sala de estar onde eu tentei virá-la das minhas costas e no meu sofá, e
quando isso não funcionou, fiquei irritado e decidi jogar sujo. Eu larguei os braços delas e
alcancei as minhas costas e fiz cócegas nos lados dela e todo o caminho até as coxas. Isto
foi cem por cento eficaz porque Neala era coceguenta, extremamente coceguenta.

— Desgraçado! — ela gritou e me soltou.

Ela caiu para trás e de costas no meu assoalho de carvalho vermelho de madeira
com um poderoso baque.

Estremeci quando virei e olhei para ela.

Eu coloquei minhas mãos em meus quadris e suspirei. — Você está bem, macaca?

Neala fez um barulho que não era exatamente humano, e isso me assustou. Eu
estava com medo de me inclinar, no caso dela estar fingindo e me agarrar com as mãos,
então em vez disso, estendi a minha perna direita e a cutuquei com o pé para certificar de
que ela ainda estava viva.

— Darcy. — ela resmungou através da sua dor. — Tire seu pé nojento de mim agora.
Eu interiormente sorri para sua explosão ameaçadora.

Ela estava bem.

— Ainda com medo de pés dos homens? — eu perguntei e levantei minha perna para
que pudesse exibir meu pé na frente do seu rosto só para irritá-la ainda mais.

Ela gritou e se afastou de mim.

— Não tenho medo, apenas repulsa. — ela cuspiu.

Eu olhei para o meu pé, em seguida, de volta para os lábios se curvando de nojo de
Neala e sorri.

Ela rosnou para mim: — Nem sequer pense nisso.

Eu levantei uma sobrancelha curiosa. — Pensar sobre o quê?

— Qualquer coisa desagradável que esteja passando por sua cabecinha no momento.

Ela nunca perdia uma chance de me insultar.

Levantei minhas mãos no ar. — Eu não estou pensando em fazer nada, por isso não
vou fazer qualquer coisa... você, por outro lado, está.

Neala lentamente se levantou.

Engoli em seco quando seu vestido subiu um pouco mais alto até as coxas do que
deveria. Engoli em seco novamente e desviei o olhar quando ela segurou a barra e puxou-o
para baixo.

— O que eu vou fazer? — perguntou ela, com a voz tensa quando estremeceu por
causa da dor da sua queda.

Olhei para seu rosto e sorri. — Você vai sair da minha casa.

Neala olhou para mim com os olhos sem piscar. — O quê?

— Você vai sair da minha casa. Agora, na verdade. — eu disse e estendi a mão para
coçar a cabeça.

Eu arrepiei meu cabelo um pouco para ajudar a me livrar da aparência de acabei-de-


sair-da-cama. Neala se moveu lentamente como um zumbi enquanto fixava os olhos em
mim e seguiu meus movimentos e me encarou um pouco mais do que o normal. Ela ainda
mordeu o lábio inferior enquanto arrastava os olhos em cima de mim, bem vagarosamente.

Interessante.
— Neala. — eu chamei e estalei os dedos para chamar sua atenção.

Ela pulou um pouco, depois estreitou os olhos quando viu o meu sorriso e soube que
eu a peguei me conferindo. Eu também podia ver o momento em que ela tornou-se
desgostosa com ela mesma por perceber o que estava fazendo, e que eu a peguei no ato.

— Por que você está só de calça? — ela retrucou e fez um grande show para olhar
longe do meu peito e estômago.

Eu ri: — Talvez porque o seu bater na porta da despensa me acordou e não me


deixou tempo para colocar mais do que calça?

Neala zombou: — Seja como for, só... só vá colocar mais algumas roupas.

E perder seu nervosismo?

Sem chance.

— Não, eu gosto de usar apenas essa calça. O tecido é fino e eu gosto de sentir o ar
fresco da manhã fazendo cócegas nas minhas bolas.

Neala se abaixou e pegou uma almofada do meu sofá e atirou-a para mim.

Eu a peguei e ri alto.

— Pare de ser um idiota!

— Nunca. — eu sorri.

Neala gritou em aborrecimento e deixou a sala de estar. Ela não foi em direção a
cozinha, porém, ela pegou uma curva à direita que a levaria para o meu quarto, sala de
jantar ou o meu banheiro. E o banheiro estava fora dos limites por pelo menos mais duas
ou três horas. Mesmo que eu tenha limpado e o cômodo estivesse impecável - eu não
arriscaria meus pulmões nele ainda. Estava sob perigo biológico em quarentena até novo
aviso.

— Neala! — gritei e rapidamente comecei a segui-la. — Aonde você vai?

— Ao banheiro. Eu estive em sua maldita prisão durante toda a noite, eu preciso


fazer xixi. — Neala estalou.

Meu Deus.

— Uh, Neala, eu não iria lá se...


— Eu não vou ouvir mais as suas besteiras, Darcy. Apenas me diga qual é porta para
o banheiro e eu não vou matar você! — Neala gritou, sua voz próxima ao de um rosnado.

Encostei-me na porta da sala de estar e olhei para a diaba.

Foda-se, ela não merecia o meu aviso, o que ela merecia era inalar um pulmão cheio
de gás tóxico, uma vez que ela era a causa do mau cheiro, para início de conversa.

— A primeira porta à esquerda, antes da última porta ao longo do corredor. — eu


disse, sorrindo.

Neala não me agradeceu, em vez disso ela virou-se, deu alguns passos pelo corredor
e parou diante da porta do banheiro. Abriu-a e entrou, fechando a porta atrás dela.

Três segundos se passaram antes que ela gritasse.

— DARCY! — ela gritou.

Eu explodi em um ataque de riso: — Isso é o que você ganha por me dar uma
diarreia - cheire o que você fez!

Ela gritou e xingou por sólidos vinte segundos em seguida, então a toda velocidade
fez tudo o que ela precisava, e correu para fora, seus dedos tampando o nariz.

— Isso é nojento demais! — ela gritou na minha direção. — Que porra é essa?
Cheirava como se algo tivesse arrastado de dentro da sua bunda e morrido!

Eu continuei a rir conforme Neala passou correndo por mim pelo corredor, e para a
cozinha. Eu a segui e vi quando ela tirou o blazer e jogou-o sobre minha mesa da cozinha,
em seguida, pegou o pano de prato que ela jogou em mim há poucos minutos. Sorri quando
ela foi para a pia da cozinha e esfregou as mãos e os braços com água e lavou as mãos. Ela
lavou o rosto com água e depois umedeceu o pano de prato e esfregou-a nos braços, em
seguida, inclinou-se e esfregou-o para cima e para baixo nas suas pernas.

Estendi a mão e fechei a porta, em seguida, para que ela pudesse ter alguma
privacidade e limpar suas partes de senhora. Eu balancei a cabeça e sorri conforme ela
continuava a xingar uma tempestade na cozinha.

— Eu não posso acreditar que eu tenho que me lavar em sua cozinha com o seu
papagaio pervertido olhando para minha vagina como se fosse um objeto estranho!

Eu ri alto e balancei a cabeça.

Ela era incrível.


Depois que alguns minutos se passaram, Neala abriu a porta da cozinha e olhou
para mim com uma sacola de plástico na mão.

— O que tem aí? — perguntei.

— O pano de prato que eu usei para me limpar e minha calcinha. — Neala


respondeu arrogantemente.

A calcinha dela estava naquela sacola?

Engoli em seco quando pensamentos sujos surgiram em minha mente.

— Você está sem calcinha? — eu perguntei, chocado.

Neala continuou a olhar para mim. — Eu não podia ficar com ela, eu as usei durante
todo o dia de ontem e a noite passada... eu preciso de uma nova, mas desde que eu não
tenho nenhuma, tenho que ficar sem. Tudo bem com você? — ela retrucou.

Dei de ombros. — Eu não me importo com o que você faz com a sua calcinha. — eu
respondi, então limpei minha garganta subitamente seca.

— Bom. — Neala murmurou quando se virou e caminhou até o lixo na cozinha e


colocou o saco plástico nele. Fiquei em silêncio enquanto ela fazia a tarefa e se virou para
me encarar.

Ela bufou enquanto saía da cozinha e passava por mim para o meu corredor.

Eu suspirei. — Onde você está indo agora?

— Onde você acha que eu vou? Eu vou em busca da boneca que você roubou de
mim!

Graças a Deus, algo para tirar a minha mente da maldita calcinha.

Ou falta de calcinha.

— Eu só peguei de volta um item que pertencia a mim em primeiro lugar. — eu


respondi.

Neala congelou assim que ela estendeu a mão para a maçaneta da porta do meu
quarto. — O que quer dizer com ‘Pertencia a você em primeiro lugar?’

Dei de ombros. — Eu possuo a boneca.

Neala pareceu ter engolido algo azedo - seu rosto enrugou e sua boca abriu. Ela
levantou as mãos até as têmporas e massageou-as.
Eu estava lhe dando dor de cabeça.

Bom.

— Eu nem sei o que dizer sobre isso.

Eu ri. — Eu não estou ficando louco. Eu realmente possuo a boneca. Você usou meu
cartão de débito para pagar a boneca. Eu tenho o seu na minha mesa de cabeceira.

Neala piscou atentamente para mim, depois estreitou-os em fendas.

— Mostre-me! — ela retrucou.

Fiz um gesto para que ela abrisse a porta, ela ficou de frente, e com um olhar em
minha direção abriu a porta e entrou. Eu a segui e passei por ela, direto para a minha mesa
de cabeceira. Abri a gaveta e tirei o cartão de débito de Neala. Virei-me e estendi o meu
braço para que ela pudesse pegar o cartão da minha mão estendida, e examiná-lo.

Neala olhou para mim por um momento, então hesitante se adiantou e pegou o
cartão da minha mão. Ela olhou para o nome e número do cartão, em seguida, virou-o para
a parte de trás, onde a sua assinatura estava. Ela virou o cartão o cartão frente e verso
algumas vezes para checar triplamente o que estava vendo antes de olhar para mim.

Ela acreditou em mim, eu vi em seus olhos. Eu também vi ódio e raiva, mas isso era
uma coisa normal quando ela olhava para mim.

— Eu não estou mentindo para você. — eu disse apenas para esclarecer que não
estava brincando.

Ela engoliu em seco. — Eu não me importo. Então você possui tecnicamente a


boneca... grande coisa. Eu perguntei ao rapaz primeiro, ele foi e pegou para mim e
então você levou embora.

Pisquei quando Neala fungou. Ela rapidamente limpou debaixo de seu nariz e
passou a mão sobre os olhos, mas não foi rápido o suficiente. Eu peguei o brilho de água
que se reuniu no canto de seus olhos antes que ela afastasse as provas. Eu senti como se de
repente pudesse ir até ela e fizesse algo louco como abraçá-la então eu tive que dar um
passo para trás.

Eu me senti... mal, e eu não soube o que fazer sobre isso.

Eu nunca me senti mal sobre Neala, mas vê-la genuinamente confusa e chateada fez
meu peito doer e meu estômago ficar enjoado.
Que diabos foi isso?

— Neala Girl...

— Pare de me chamar assim, Darcy.— ela me cortou e enxugou os olhos novamente.

Eu fiz uma careta. — Eu não posso. É o seu nome.

Neala balançou a cabeça. — Não tem sido meu nome por um longo tempo.

Eu levemente sorri. — É claro que é, sempre vai ser. Você é minha Neala Girl afinal
de contas.

Neala arregalou os olhos, e eu também.

Eu não quis dizer isso em voz alta.

Ou de qualquer jeito.

— Eu não quero dizer a minha Neala Girl, eu só quis dizer que você sempre será
conhecida como Neala Girl para mim. Isso é tudo.

Neala levantou a sobrancelha, e eu poderia dizer que ela queria dizer alguma coisa,
mas ela não o fez. Ela manteve a boca fechada e não disse nada.

Nem uma única palavra, que não parecia a boca grande de jeito nenhum.

O silêncio encheu o quarto e eu momentaneamente desejei que ela gritasse ou me


xingasse, apenas para tirar o constrangimento súbito, mas ela não fez, apenas olhou para
mim.

— Você não vai pegar a boneca, Neala. — eu disse, com firmeza.

Foi a única coisa que eu consegui pensar para dizer que fizesse a briga voltar para
ela e fazê-la parar de olhar para mim como se eu fosse um alien do espaço sideral. Também
chutaria o silêncio e a estranheza para fora do quarto.

Como previsto, a declaração funcionou como um encanto.

O olho esquerdo de Neala contraiu. — Eu vou sair daqui com essa boneca, quer você
goste ou não, Darcy.

Foi isso mesmo?

Eu suspirei. — Boa sorte em encontrá-la.


Saí do meu quarto e voltei para a minha sala de estar onde me sentei no meu sofá e
coloquei minhas mãos atrás da minha cabeça. Ouvi Neala murmurar palavrões enquanto
ela procurava a boneca e isso me fez sorrir, porque tudo o que ela iria encontrar no meu
quarto era roupa limpa, roupa suja, preservativos e possivelmente até mesmo um
preservativo usado, se ela olhasse no caixote do lixo.

— Seu bastardo sujo! Já ouviu falar de esvaziar seu lixo de vez em quando? — Neala
gritou.

Eu sorri plenamente.

Ela encontrou o preservativo usado então.

— Eu juro Darcy, você é um cachorro!

Au, au.

Suspirei quando relaxei no meu sofá, olhei ao redor da sala e notei o tanto que os
enfeites de Natal pareciam merda. Eu montei a minha árvore, mas a caixa de enfeites para
colocar sobre os galhos estava no chão, ao lado da base da árvore. A luz acima do Papai
Noel, bonecos de neve e outros personagens de Natal estavam todos no canto da sala. Eu
comprei-os porque eles eram operados com bateria, que significava a ausência de fios, e
não haveria altas contas de energia elétrica, mas eu estava com preguiça de até mesmo
espalhá-los nos vários lugares da sala. Eu gostava do Natal, era o meu feriado favorito, mas
decorar tudo não era a minha praia.

Eu acho que você poderia dizer que eu era um bastardo preguiçoso.

Suspirei, fechei os olhos e ri levemente quando Neala saiu do meu quarto, foi para o
corredor e entrou na cozinha.

— Darcy! — Einstein gritou.

— Cala a boca seu animal estúpido.

Eu abri minha boca para dizer a Neala para deixar Einstein em paz, mas acabou por
meu pássaro conseguir se defender.

— Foda-se, Neala.

Comecei a rir.

Foi perfeitamente cronometrado, e utilizado na situação ideal.

— Eu odeio esse maldito pássaro!


Eu amava aquele pássaro.

Eu tinha um grande sorriso no meu rosto quando Neala atacou de volta para a
sala. Ela estava na porta com as mãos nos quadris.

— Diga a ela para calar a boca!

Eu ri. — Eu não posso. Ela não sabe o significado das palavras. Ela está apenas
repetindo coisas que ela memorizou, só isso.

— Só isso? Você ensinou um papagaio a falar para eu ir me foder!

Comecei a rir. — Sim, eu sei.

Neala fez uma careta para mim. — Você é irreal, você sabe disso? Eu achei que eu
não podia te suportar mais do que eu não suporto, mas, mais uma vez você me provou que
estava errada.

Sim, o jeito que ela estava olhando para o meu estômago mostrava o quanto ela não
podia me suportar.

— Então vá embora. A porta está ali, eu não quero você aqui de qualquer maneira.

Neala bufou. — Eu não quero ficar aqui também, querido. Assim que eu encontrar a
boneca eu vou para o meu alegre caminho e você pode voltar para seus sábados seminus
com seu papagaio.

Oh, mal-humorada.

— Eu posso ficar completamente nu agora se você quiser um sábado de nu


completo?

— Poupe-me. — disse Neala com sua mão levantada. — Eu não quero que a visão do
seu corpo nu me deixe mais doente do que já deixou.

Meu corpo a deixou doente?

— Oh, é isso que significa essa expressão no seu rosto? — eu divaguei.

Neala endireitou. — Que expressão?

— Você continua olhando para o meu estômago, minha calça e meu peito. Eu devo
ser muito repulsivo para você continuar olhando para mim desse jeito. — eu disse,
sarcasticamente.

Neala engoliu em seco. — Eu não estava olhando...


— Não é bom mentir, Neala Girl. Você de todas as pessoas deveria saber disso. — eu
cortei.

A coisa sobre a mentira me trouxe de volta para quando éramos crianças. Sempre
que eu fazia uma brincadeira com Neala e era pego, gostava de inventar uma mentira e
jogar a culpa sobre ela e, desde aquela época ela odeia as mentiras em geral. Eu sempre
gostava de apontar quando ela estava mentindo, ou tentando mentir.

A expressão em seu rosto era impagável.

Neala fechou a boca, soprou uma grande quantidade de ar pelo nariz e estremeceu
com raiva quando olhou para mim. — Eu não estou mentindo, e pare de me chamar assim!

Nunca.

Eu sorri. — Você não estava indo embora?

Neala rosnou: — Eu vou, depois que eu encontrar a boneca.

Eu pisquei. — Boa caça.

Isso colocou Neala em uma caça de duas horas em busca da boneca Fire
Princess. Depois de uma hora ou mais ouvindo sua reclamação e xingamentos, fui até a
cozinha e tomei café da manhã. Eu cozinhei alguns ovos, bacon, salsichas e pudim, sentei-
me e comi minha pequena refeição. Eu perguntei se Neala queria que eu lhe fizesse um
pouco de comida, mas ela apenas me disse para me foder, então eu fiz exatamente isso e fiz
minha refeição. Ela finalmente entrou na cozinha, quando estava com fome, porém, ela
parou sua busca pela boneca para ter algum cereal, mas era só uma pequena pausa, em
seguida, ela voltaria para a sua busca - palavras dela, não minhas.

Depois do café da manhã eu estava satisfeito e me senti sonolento. Uma grande


refeição sempre me deixava sonolento, mas eu estava cansado, principalmente, de não
conseguir dormir durante a noite, por isso, quando eu voltei para minha sala e sentei-me
no sofá, fechei os olhos e cochilei dentro de segundos. Eu abri meus olhos quando ouvi um
grande estrondo, então gritos de Einstein. Sentei-me e esfreguei o sono dos meus olhos. Eu
não tinha certeza de quanto tempo eu dormi, assim, eu olhei para o relógio na parede da
sala e balancei a cabeça. Era depois das cinco horas da tarde. Eu queria voltar a dormir,
mas os xingamentos aborrecidos de Neala e os gritos de Einstein me mantiveram
acordado.
Eu não levantei do sofá depois que acordei, estava confortável e quando a casa caiu
em silêncio, eu fechei os olhos, mas abri de repente quando ouvi Neala ofegar, então gritar
de prazer.

Ela encontrou a boneca.

Eu não sei como sabia que ela tinha encontrado, simplesmente sabia.

Como diabos ela a encontrou? Eu não a deixei em campo aberto como ela fez na
casa dela - estava escondida no meu maldito sótão, pelo amor de Deus.

Espere.

— Você está no maldito sótão? — eu gritei.

Silêncio.

Neala era perigosa quando fazia barulho, mas era letal quando ficava em silêncio.

Levantei-me do sofá e caminhei lentamente em direção à porta da sala de


estar. Quando cheguei à porta, eu estava prestes a chamar o nome de Neala quando de
repente ela correu por mim com uma caixa rosa debaixo do braço. Ela estava correndo
para a minha porta da frente. Sua fuga estava em movimento, mas eu não a deixaria ir
embora.

Não nas minhas vistas.

Corri atrás de Neala e colidi na traseira dela no momento em que ela abriu a porta
da frente. Eu resmunguei quando ela caiu para trás e nos levou ao chão. Ela não era uma
garota grande, mas não era tão leve como uma pluma, então quando o peso dela bateu no
meu estômago, eu arfei secamente com a pancada.

Eu tirei Neala de mim e gemi de dor. Chiei quando senti uma dor gelada esfaquear
meus pés descalços. Eu me empurrei para afastar da minha porta da frente e olhei para
cima para ver o que estava frio e doloroso quando me tocou. O que eu vi me fez arregalar
os olhos e encarar com horror.

— Jesus, Darcy! Você não tem que saltar sobre mim - Ai meu Deus!

Sim. Ai meu Deus.

— Darcy, o que é isso? — Neala sussurrou.

Eu olhei para a parede de um metro e oitenta de neve espessa à minha frente e


lambi meus lábios.
Pisquei, em seguida, engoli. — Parece neve, Neala Girl.

Neala ofegou. — Isso... isso significa o que eu acho que significa?

Eu gemi quando uma leve dor pulsante se formou na base da minha cabeça.

— Sim, Sherlock, significa. — eu suspirei e olhei para a minha hóspede


indesejável. — Estamos cercados pela neve.
N ão.

De. Jeito. Nenhum. Merda.

Não estava presa por causa da neve com Darcy dentro da casa dele.

Eu não ia ficar presa aqui sozinha com ele.

Apenas... não!

Arrastei para longe de Darcy e da parede de neve e levantei. Eu me virei e corri pelo
corredor e pela sala de estar. Corri para a janela, abri as cortinas e ofeguei. A neve estava
levantada e cobria completamente o vidro. Se as luzes não estivessem acesas, a sala poderia
estar revestida pela escuridão graças à neve que estava bloqueando qualquer luz do
exterior.

— O que você está fazendo? — ouvi Darcy perguntar atrás de mim.

Tentando encontrar uma maneira de sair daqui.

— A janela está bloqueada também. — eu disse e virei-me para encará-lo.

Olhei para as mãos dele e rosnei.

Ele estava com a caixa da boneca na mão.

— Dê-me isso. — disse.

Darcy revirou os olhos, inclinou-se e colocou a caixa de boneca em uma mesa ao


lado de um abajur. Eu fiquei momentaneamente confusa, ele fez o que disse a ele para
fazer, mas por quê? Eu encontrei a minha resposta quando olhei para o rosto dele e
encontrei seus olhos quase pulando para fora de sua cabeça.

Eu estava prestes a ficar louca.


— Nós não podemos estar presos aqui. De maneira nenhuma... veja todas as janelas
e portas. Tem que haver uma maneira de sair daqui!

Pisquei, quando ele saiu correndo pelo corredor na direção da cozinha.Pulei quando
o ouvi vomitar uma série de palavrões imundos. Imaginei que a porta da cozinha e janelas
estavam bloqueadas com neve, também.

Peguei a caixa da boneca e escondi atrás do sofá, então saí da sala e fomos para a
sala de jantar. Eu fiz uma careta quando não precisei sequer ir para a janela para saber que
estava bloqueada com neve também. As cortinas estavam abertas, e a neve estava
pressionada contra o vidro, clara como o dia.

Eu olhei para o vidro e meu estômago revirou.

Isto pode não estar acontecendo.

— Por favor, Jesus, não faça isso comigo! — Darcy gritou da cozinha. — Deixe-me
preso com qualquer outra pessoa, exceto ela, por favor!

Revirei os olhos.

Ele era um idiota.

Saí da sala de jantar e fui para o corredor, de volta para a sala de estar, ao mesmo
tempo que Darcy.

— O que eu fiz para merecer isso? — ele me perguntou enquanto eu me sentava no


sofá.

Eu pisquei. — Você nasceu.

— Eu não pedi para nascer. — ele sussurrou. — Eu não dei opinião alguma sobre o
assunto!

Eu não pude evitar, eu ri.

— Você está rindo? — Darcy estalou. — Você acha que nós dois isolados na neve
é engraçado?

Eu continuei a rir enquanto balançava a cabeça. — Não, mas se eu não rir, eu vou
gritar ou chorar... é isso que você quer?

O Einstein gritou da cozinha. — Foda-se, Neala!

Eu olhei para Darcy.


Ele fez uma careta. — Não, eu não quero que você grite ou chore. Entrar em pânico é
a última coisa que precisamos fazer.

Balancei a cabeça. — Exatamente, então sente-se e cale a boca. Vamos pensar


melhor em silêncio.

Surpreendente, Darcy fez o que eu disse e sentou-se na outra extremidade do sofá.

Eu olhei para ele, e rapidamente desviei o olhar. — Darcy, coloque algumas roupas...
você vai ficar doente.

Soou como se eu me preocupasse com seu bem-estar, mas não era isso. Eu só não
queria olhar para o seu corpo por mais tempo, porque era surpreendentemente muito bem
construído e eu estava definitivamente percebendo.

Quem imaginaria que Darcy tinha um pacote de seis gominhos?

— E uma linha V. — murmurei em voz alta.

Eu senti Darcy olhar para mim. — Você acabou de dizer algo sobre a minha linha V?

Merda.

— Não. — ri. — Eu nem percebi que você tinha uma.

Senti o sorriso de Darcy quando falei a mentira, e isso me irritou.

Odiava mentir, mas o que me irritou ainda mais naquele momento era saber que
Darcy me pegou olhando para seu corpo algumas vezes, e me odiava por isso. Eu odiei
tanto ser pega, quanto ter olhado, para início de conversa.

— Eu não sei por que você está rindo, mas pare.

Darcy se ajustou no sofá para que pudesse virar de frente para mim. — Nah, vamos
falar sobre o que você gosta no meu corpo incrivelmente definido.

Oh, aqui vamos nós.

— Não vamos. — disse, então ri. — Eu não diria que você é definido também.

— Eu pensei que você não tivesse checado meu corpo? — Darcy questionou.

— Eu não.

— Então, como você sabe se sou definido ou não? — Darcy perguntou, ostentando
um sorriso comedor de merda.
Bem... merda.

— Cale a boca, Darcy. — murmurei.

Darcy gargalhou: — Sem chance, Neala Girl. Eu não terei uma outra oportunidade
de provocá-la por gostar do meu corpo todos os dias, então vou aproveitar essa.

Fiz uma careta. — Você é realmente um idiota, você sabia disso?

Olhei para Darcy e me enfureci quando notei que ele estava balançando a cabeça.

— Eu odeio quando você faz isso. — assobiei.

Darcy sorriu. — Faço o quê?

— Concorda comigo quando estou tentando insultá-lo.

Ele riu: — Não é um insulto, se é verdade, mas sim, na maioria das vezes concordo
por causa desse olhar no seu rosto como se estivesse prestes a me morder ou algo assim.

Eu suspirei. — E você acha que é engraçado? Cutucar a leoa quando ela está com
raiva?

Darcy piscou. — Tenho certeza que se você viesse para cima de mim eu conseguiria
lidar com você.

Sério?

— Na última semana eu fui para cima de você duas vezes, e me lembro de que tive
sucesso nas duas vezes.

— Sim, mas ambas as vezes eu estava de costas, então não conta. — ele falou
mantendo contato visual direto comigo.

Ele estava me incitando a avançar nele, agora que estávamos frente a frente, poderia
dizer que ele estava tentando me deixar desconfortável, então decidi virar a situação para
ele.

Eu bati meus cílios. — Darcy, você está flertando comigo?

Ele piscou, então engoliu em seco, balançou a cabeça indicando que não estava.

Inclinei-me para mais perto. — Parece que você está... você quer que eu avance em
você agora, enquanto estamos encarando um ao outro? Pode ser um pouco perigoso,
porém, você com tão pouca roupa e tal... e se eu te arranhar? O tecido fino dessa calça não
irá protegê-lo.
O maxilar de Darcy caiu aberto, e não consegui conter o estrondoso riso que
escapou da minha boca.

— Peguei você.

Darcy fez uma careta. — Não faça isso, eu realmente pensei que você estivesse
prestes a tentar algo comigo.

Eu gargalhei. — Darcy, você é o último homem na Terra com quem eu faria sexo.

Isso não era uma mentira completa.

Eu faria sexo com Darcy, se sua boca estivesse costurada.

Darcy recuou com a minha resposta como se eu tivesse lhe dado um tapa.

— Sim? Bem, isso é uma vergonha. Não conheço nenhum rapaz no bairro que tenha
chegado à segunda base com você e muito menos feito um home run por isso, se não for
eu, com quem você vai perder a sua virgindade?

Foi a minha vez de recuar e olhar para ele.

Ele não falou isso.

— Eu não sou virgem, Darcy. — eu menti.

Eu queria me chutar, porque para alguém que odiava tanto mentir, eu parecia estar
fazendo muito, mas desta vez foi para esconder algo pessoal para que ele não tivesse que
dizer nada. Quer dizer, eu era virgem, mas como diabos Darcy sabia disso?

Será que eu tenho isso estampado na minha testa ou algo assim?

— Sim, você é. — Darcy retrucou.

Que diabos?

— Vá em frente, me diga como você chegou a essa conclusão. Eu aparentemente não


tenho mais nada para fazer, apenas o tempo aqui com você, então vá em frente. — disse e
fiz um grande esforço para tentar parecer confortável.

Darcy olhou para mim, realmente olhou para mim e balançou a cabeça.

— Não importa.

Ele foi levantar, mas agarrei seu pulso e segurei-o no lugar.

— Não, diga-me.
Darcy, mais uma vez, balançou a cabeça. — Deixe pra lá, Neala.

Ele estava sério agora, não havia nenhum vestígio de sorriso no rosto.

— Não. Diga-me.

Darcy rosnou: — Você não quer que eu diga, acredite.

O que isso significa?

— Darcy, você pode simplesmente me dizer?

Ele se soltou de mim, e abaixou a cabeça para olhar para o chão. — Tudo bem. — ele
resmungou. — Você se lembra de quando tinha dezesseis anos e Laura Stokes fez sua festa
de aniversário de dezoito anos no pub de O'Leary, mas depois de algumas horas, todos nós
voltamos para a casa dela?

Engoli em seco. Eu me lembrava da festa. Laura Stokes era, e ainda é, a amiga de


foda de Darcy ou namorada secreta. Ela era algo assim, mas a conhecia também porque
crescemos no mesmo pequeno bairro de modo que todo o grupo ser convidado era
regra. Mas essa festa, em particular, foi diferente. Muito diferente.

Eu acho que jamais poderia esquecer aquela noite, mesmo se tentasse.

— Sim, eu me lembro. O que tem? — eu murmurei.

Darcy engoliu, então disse: — Foi por volta das duas da manhã, Sean pediu-me para
ir procurar você. Você disse a ele que ia ao banheiro, antes de levarmos você para casa, mas
você estava demorando. Ele estava em algum lugar na casa com Jess e Sarah bebendo e
merdas assim.

Sentei-me em silêncio enquanto ele falava.

Ele riu levemente. — Eu pensei que você estivesse em algum lugar na casa e que
você simplesmente não queria ficar perto de mim. Mas, para apaziguar o seu irmão eu subi
para verificá-la, e eu ouvi você dentro do banheiro... ouvi-o também.

Eu congelei no meu lugar.

— O-o quê? — eu sussurrei.

— Eu sei, Neala. — ele respondeu, com a voz quase inaudível.

Meu Deus.

Ele sabia?
Essa foi a pior noite da minha vida, o meu único segredo e Darcy sabia?

— Eu ouvi você rindo, então falando enrolado, sabia que de alguma forma você
tinha tomado algumas bebidas. — Darcy disse, então cerrou os punhos. — Eu ouvi Trevor
Nash, o maldito idiota, dizendo-lhe para chupá-lo, e então eu ouvi você fazer isso. Eu
queria impedi-la, mas sabia que era o seu erro de fazer e se eu interviesse você teria apenas
me odiado ainda mais do que você já odiava.

Sentou-se em seguida, e recostou a cabeça no sofá.

— Eu não sei por que eu fiquei do lado de fora da porta, algo em mim, um instinto
me disse para ficar, então fiquei. Tive sorte, porque quando Trevor disse-lhe para puxar
sua saia para cima e você falou não, ouvi o barulho do tapa que ele lhe deu. Eu não hesitei,
chutei a porta para abrir e olhei para você no chão, com Trevor de pé sobre você,
desabotoando o jeans, me enfureci. Como você pode esperar, bati pra caralho no idiota.

Darcy manteve os olhos fechados enquanto falava.

— Eu só parei de bater nele quando ouvi você começando a chorar. Eu te peguei e


quando tentei levá-la para baixo você me implorou para não contar nada para o Sean, você
não queria que ele soubesse o que aconteceu. Você sabia que estava falando comigo, mas
ao mesmo tempo não sabia. Foi estranho. Você me pediu para não contar a ninguém,
porque todo mundo pensaria que você era uma vagabunda por fazer sexo oral com Trevor,
mesmo que você fosse realmente uma virgem.

Eu pisquei para conter as lágrimas quando Darcy virou a cabeça para o lado e olhou
para mim.

— Então, eu não contei a ninguém, e até hoje eu não tinha. Eu te trouxe para o
corredor e sentei com você até que adormeceu. Trevor tropeçou fora do banheiro e para
fora da casa, sem ser notado, durante o seu sono. Você acordou cerca de trinta minutos
depois, e em vez de estar chateada, você gritou porque eu estava muito perto de você. Você
se lembrou do que Trevor fez, percebi pelo olhar em seu rosto, mas você não se lembrava
de nada do que eu fiz. Não importou também que eu não contei a ninguém o que ele estava
prestes a fazer com você, porque o carma o encontrou mais tarde naquela noite.

O carma que ele está se referindo foi o acidente que Trevor se envolveu depois que
roubou um carro com dois de seus amigos logo que deixou a festa. Um Trevor Nash bêbado
bateu o carro - ele estava dirigindo a uma velocidade alta descendo a montanha, que
envolveu o carro em uma árvore. Literalmente. O acidente matou instantaneamente todas
as três pessoas no veículo.

Eu não podia dizer que fiquei triste ao ouvir isso também.

Senti-me mal pela família de Trevor, e pela família dos amigos dele, mas só isso.

Lembrei-me do olhar em seu rosto quando lhe disse que não, e sabia que ele ia
tentar e forçar-me a fazer o que ele queria que eu fizesse. Se ele tivesse a chance, ele teria
me estuprado naquela noite.

Mas ele não estuprou, e agora eu sei o motivo.

Darcy o deteve.

— Darcy... eu.

— Não. Não me agradeça por algo que qualquer um teria feito.

Engoli em seco. — Você impediu-o de me estuprar, eu não acho que você percebe os
anos de dor e sofrimento que você me salvou.

Darcy olhou para trás, para o teto e suspirou: — Eu não acho que isso seja verdade.
Eu coloquei você em algumas merdas ao longo dos últimos anos.

Limpei meus olhos quando bufei inesperadamente: — Nossas brigas eram as


melhores coisas naquela época, elas me davam algo para me concentrar, então não focava
no que... quase aconteceu.

Darcy deu de ombros. — Eu sei, é por isso que fui tão sacana com você até que
tínhamos vinte anos. Eu era sua distração pessoal.

Revirei os olhos um pouco inchados. — Você não parou aos vinte anos, você
é ainda um sacana comigo. Lembra-se da boneca?

Darcy gemeu: — Você nunca vai deixar isso para lá, não é?

Eu balancei minha cabeça.

— Bem, eu espero que você goste da decepção porque você não vai ficar com ela.

O quê?

— Desculpe-me?

Darcy olhou para mim e ergueu as sobrancelhas. — Qual é a do olhar chocado com
isso?
— Você acaba de revelar algo tão profundamente íntimo para mim. Você acabou de
me dizer que você me impediu de ser estuprada quando eu era adolescente... e ainda assim
você ainda não vai me dar a porra da boneca?

Darcy piscou para mim. — Eu não achei que contar o que você pediu para ouvir
fosse um convite para que você pensasse que tinha um crédito sobre a boneca.

Eu não podia acreditar.

— Você é inacreditável.

Darcy deu de ombros. — Diga-me algo que eu não saiba.

Olhei para ele. — Você ainda não respondeu a minha pergunta, você disse que eu
era virgem, mas como é que você sabe disso? Eu era virgem quando tinha dezesseis anos,
mas tenho vinte e cinco agora.

— Então?

— Então, eu não sou mais uma garota.

Darcy se virou de uma forma que fez o meu interior saltar. Ele olhou para o meu
corpo, em seguida, voltou para os meus olhos. — Eu posso ver isso, mas e daí? Seu corpo
cresceu, mas você ainda é a mesma garota que conheci toda a minha vida. Você levou o que
aconteceu muito a sério, como qualquer pessoa faria. Você não conseguiria com qualquer
um na época, e ainda mais agora. Eu não sei ao certo se você é virgem, mas tenho quase a
maldita certeza que é. Você está se guardando, não se aproxima das pessoas. Sua ideia de
uma noite na cidade é uma ida ao bar com as nossas famílias. Você não é do tipo dessas
garotas loucas, então não consigo imaginar você abaixando a calcinha em um piscar de
olhos para qualquer um.

— Assim como Laura Stokes, você quer dizer? — arregalei meus olhos logo depois
que eu disse isso.

Eu não quis dizer isso em voz alta.

Darcy riu. — Sim, você não é nada como Laura Stokes, Neala Girl.

Uau.

Fale de um golpe baixo.

Laura Stokes era tudo o que eu não era. Ela era alta, magra, tinha uma bunda
grande e seios enormes. Ela era bonita e tinha um espesso longo cabelo loiro natural.
Darcy dizer que eu não era nada como ela não deveria ter me ferido ou me perturbado
muito, mas porra, aconteceu isso.

— Quer saber? Foda-se, Darcy! — rebati e me levantei do sofá, fui rápido em direção
ao quarto. — E eu sou virgem. — gritei. — Mas e daí?

— O que diabos eu fiz? — Darcy gritou quando me seguiu para fora da sala e pela
cozinha.

Eu fui depressa para a despensa e fechei a porta depois que entrei.

— Neala, você está realmente fugindo de mim e voltando para a dispensa?

Eu estava tentando fugir.

Bati a porta. — Me. Deixe. Em. Paz.

Ele ficou em silêncio por um momento e depois um pequeno baque veio contra a
porta e não sabia se ele estava encostado nela ou não.

— Eu não sei o que está errado com você, e você pode apostar que nós vamos falar
sobre isso, mas se você quer ficar de birra como uma criança por algum tempo, vá em
frente.

Não morda a isca.

— Eu vou.

— Faça isso. — Darcy riu.

Gritei: — Vá. Embora!

Deus.

— Não, esta é a minha casa, lembra?

Ele não podia simplesmente me deixar em paz!

Eu grunhi em derrota e chutei a porta para abrir, ela bateu em Darcy, que estava
atrás dela e ele gritou como uma menina. Isso me fez sentir um pouco melhor. Saí da
despensa como se nada estivesse errado. Fiz questão de ignorar Darcy e a estúpida
Einstein.

Darcy agarrou meu braço no corredor e me virou para encará-lo.

— Ok, o que está errado com você?


Eu brinquei: — Você não sabe?

— Na verdade não, então ilumine-me.

Ele parecia confuso, então decidi esclarecer o rapaz.

— Você me chamou de gorda e feia.

Darcy olhou para mim com olhos arregalados, sem piscar. — Você oficialmente ficou
louca.

Eu zombei. — Como você descobriu isso?

Darcy colocou a mão livre no meu outro braço e me balançou.

— Eu não a chamei de gorda ou feia. Eu nunca sequer mencionei essas palavras.

— Você não precisou, estava implícito! — eu assobiei.

Darcy pareceu tão confuso que eu quase tive pena dele.

Quase.

— Neala... que porra é essa?

Eu aspirei uma grande quantidade de ar pelo nariz e disse: — Você disse que eu
era nada como Laura Stokes. Ela é perfeita, se é que existe tal coisa. Ela é linda, alta e
magra, e tudo o mais que eu não sou. Eu não me importo que eu não seja, mas você não
tem que dizer isso.

Os ombros de Darcy caíram um pouco.

— Você ficou com raiva porque eu disse que você não é como Laura?

Dei de ombros. — Chame-me de louca, mas nenhuma garota, mesmo uma inimiga,
gosta de ouvir que elas são nada como uma garota que poderia facilmente passar por uma
supermodelo.

Darcy olhou para mim por um longo momento, então o bastardo caiu na
gargalhada.

Fiquei instantaneamente furiosa.

— Você é um pedaço insensível de...

— Você está louca se você considerar o que eu disse como um insulto, em vez de um
elogio. — Darcy me interrompeu, ainda rindo.
Pode repetir?

— Espere um minuto fodido, eu deveria estar lisonjeada por você achar que não sou
nada como Laura? — eu esclareci.

Darcy acenou com a cabeça.

— Como você pode dizer isso? — eu atirei.

Ele apenas balançou a cabeça e riu.

— Responda-me. — exigi.

Darcy inclinou a cabeça para trás e suspirou antes de abaixar e olhar de novo para
mim.

— Você quer ficar aqui e falar sobre isso, ou você quer tentar sair da casa?

Mudança de assunto.

Eu hesitei por um momento e depois disse: — Sair da casa.

Darcy acenou com a cabeça uma vez. — Isso que eu pensei, então me ajude a
descobrir um jeito de sair daqui.

Eu o deixei ir por um momento, mas logo que não estivéssemos em um modo de


pânico sobrevivente, eu voltaria ao assunto e exigiria saber o que ele quis dizer.

— Ok, então todas as saídas das portas e janelas estão bloqueadas com neve. A única
coisa inteligente a fazer agora seria entrar em contato com alguém para nos ajudar a sair
daqui.

Eu mordi meu lábio inferior por um momento, então suspirei. — Eu deixei meu
telefone no pub na última noite!

Na hora, não quis trazê-lo comigo, porque não tinha bolsos no meu blazer ou
vestido e não queria segurá-lo durante a corrida de bicicleta, então o deixei antes de ir até a
montanha. Pensei sobre a bicicleta, e o garoto que me emprestou e gemi. Ele ia contar aos
pais que eu roubei a estúpida coisa dele.

— Ainda bem que eu tenho o meu, então, não é? — Darcy brincou, em seguida,
virou-se e seguiu pelo corredor até seu quarto.

Fiquei olhando a parte de trás de sua cabeça, enquanto o seguia. Encostei-me na


porta do seu quarto e vi quando ele pegou o telefone da sua mesa de cabeceira. Ele se virou
para mim e sorriu quando acenou com o telefone em minha direção. Eu dei dedo para ele,
para o que ele balançou a cabeça.

— Legal. — ele bufou e pressionado na tela de seu telefone.

Ele fez isso ao mesmo tempo que a luz em seu quarto apagou.

Eu gritei, e assim fez Einstein da cozinha.

— Está tudo bem, querida! — Darcy gritou.

Segurei no batente da porta. — Eu estou bem, Darcy.

Silêncio.

— Eu estava conversando com Einstein.

Eu olhei para a escuridão. — Você está mais preocupado com o seu pássaro do que
comigo?

Darcy bufou. — Uh, sim.

Cretino.

Eu tropecei para trás quando algo duro colidiu com o meu peito.

— Caramba, Neala. Onde você está? — Darcy estalou.

Ele trombou em mim e ele estava bravo?

Típico.

Eu grunhi e estendi os braços, tateei o ar à procura dele. Agarrei o que pareceu ser o
seu braço nu. Apalpei seu braço até que eu encontrei os dedos dele.

— Ok, você não vai esbarrar em mim agora. Mostre o caminho.

Silêncio.

— Darcy? — eu pressionei.

Ele limpou a garganta. — Ouvi você... eu só estou me perguntando por que a energia
acabou.

Eu pensei sobre isso depois resmunguei: — O tempo? Parece ser, foda-se tudo o
mais, por que não temos eletricidade?
Darcy gemeu. — Besteira. Temos que sair daqui, cara. Meu fogão é elétrico, assim
como o sistema de aquecimento central, a geladeira funciona com energia também.
Estamos fodidos.

Duh!

— Basta ligar para um dos nossos irmãos para vir e nos pegar.

Eu olhei para o telefone de Darcy quando a tela iluminou.

— Oh, merda. — Darcy murmurou.

Isso não soava bem.

— O que foi agora? — perguntei.

Darcy empurrou o telefone na minha cara. — Eu tenho apenas dois por cento da
bateria agora.

Só isso?

— Então, carregue-o.

Eu senti Darcy virar a cabeça para olhar para mim. — Estamos sem energia...
lembra?

Eu me encolhi e me senti estúpida por minha sugestão imprestável.

— Esqueci. — murmurei.

Darcy bufou levemente quando pressionou na tela de seu telefone. A foto de Justin
surgiu na tela quando o telefone de Darcy tentou conectar-se com ele. Darcy levou o
telefone ao ouvido quando o telefone de Justin respondeu.

— Justin? Bro, você tem que ajudar Neala e eu. Estamos presos na neve na minha
casa, e nós precisamos... o que você quer dizer? Que você está preso também? Você não
pode estar falando sério!

Meu estômago afundou quando apertei minha mão em Darcy e ele me deu um
aperto de volta que surpreendentemente me tranquilizou - ligeiramente.

— Está ruim em todos os lugares? A neve eu quero dizer. — perguntou Darcy.

Esforcei-me para ouvir o que Justin estava dizendo, mas sua voz era muito abafada,
então não pude escutar sua resposta.
— Justin? Alô? Eu não consigo entender o que você está dizendo. Bro, você pode me
ouvir?

Isso não soava bem.

Darcy xingou quando afastou o telefone do seu rosto e olhou para ele, na tela inicial
era visível a indicação que a chamada de Justin terminou. Eu estava prestes a sugerir que
ele ligasse novamente para Justin, mas a tela do telefone de Darcy de repente ficou preta
indicando que sua bateria acabou. Segurei a mão de Darcy quando a escuridão nos
consumiu mais uma vez.

— Eu nunca vou sair daqui. — falei enquanto roía o interior da minha bochecha.

Darcy resmungou do meu lado. — Nós vamos. Se nossas famílias não podem vir e
ajudar, então vamos ter que nos ajudar e dar o fora daqui.

Eu ri sem humor. — Nós estamos presos na maldita neve de merda!

Darcy rosnou: — Eu vou sair dessa casa, mesmo que isso me mate.

Eu soltei a minha mão do Darcy, quando ele se afastou de mim. Ouvi-o voltar para o
seu quarto. Eu bufei uma ou duas vezes quando ele xingou porque pisou em algo ou
tropeçou em alguma coisa. Ele estava fazendo muito barulho, e assim quando estava
prestes a perguntar o que ele estava fazendo a luz de uma vela apareceu no corredor.

— Vou procurar uma lanterna, mas por agora eu tenho um monte de velas que
podemos acender para iluminar o lugar. Segure esta.

Eu peguei a vela de Darcy e quando inalei, um aroma de baunilha doce encheu


minhas narinas.

— Velas perfumadas, realmente?

Darcy me empurrou de brincadeira quando passou por mim. — Vamos lá. – riu. –
Vela de baunilha tem um cheiro adorável, e se você discordar prenda a respiração.

Eu ri. — Eu gosto delas, eu só não achava que você gostava de velas perfumadas.

— Por que eu sou um homem? — Darcy perguntou.

Bem... sim.

— Se eu disser que sim, você vai pensar que eu sou machista?

— Sim.
— Então, não. — eu sorri.

Darcy riu. — Típico.

Eu sufoquei de volta um sorriso acolhedor, e engoli a sensação vertiginosa que


desde minutos atrás a conversa entre nós, as coisas estavam... mudando. Eu não sei se foi a
admissão do que ele fez para me ajudar quando éramos adolescentes, mas posso dizer que
não o odiava cem por cento mais.

Isso me assustou mais do que um pouco.

Para tirar minha mente desses pensamentos foquei na situação em questão.

— Então... qual é o seu plano para nos tirar daqui? — perguntei e inclinei o meu
ombro contra a parede do corredor.

Darcy olhou para mim e sorriu.

Eu não gostei do seu sorriso, nem um pouco.

Ele estalou os dedos, em seguida, seu pescoço. — A hora no meu telefone antes de
morrer era perto das seis da tarde. Dormimos o dia inteiro. A temperatura vai cair abaixo
de zero de novo esta noite, então amanhã de manhã quando acordar vou cavar um
caminho para sair daqui e você vai me ajudar.

Eu ri, mas Darcy não e isso fez o meu estômago afundar.

Nós cavaríamos um caminho para sair daqui?

Bem... merda.
N eala tinha ido embora.

Acordei cerca de cinco minutos atrás e depois que fui ao banheiro, agora seguro
para entrar, me aliviar, abri a porta da sala e virei a cabeça ao redor para ver se ela estava
bem, mas ela não estava lá, o que era estranho. Quando fui dormir na noite passada ela
estava aconchegando-se no sofá, mas agora ela e o cobertor de reposição que eu dei à ela
na sexta-feira à noite, não estavam em nenhum lugar à vista. Estava mais escuro do que na
noite passada porque todas as velas estavam apagadas, mas eu as reacendi para iluminar a
sala. Eu peguei uma grande vela acesa na mão para caminhar ao redor do cômodo e
verificar por trás do sofá e todas as outras partes onde Neala poderia estar sentada ou
deitada, mas ainda não havia nenhum sinal dela.

Mas havia sinal da caixa da boneca, assim eu a peguei eu levei-a para o meu quarto
e coloquei na gaveta de cima da minha cômoda. Eu não estava pensando em esconder a
boneca dela, eu só queria mantê-la em um local seguro. Eu mal havia pensado na boneca,
porém, estava pensando em Neala quando a curiosidade levou a melhor sobre mim para
que eu fosse à busca da minha hóspede inesperada.

Eu deixei o meu quarto e verifiquei a minha sala de jantar e como a sala de estar,
estava vazia.

— Neala? — eu gritei.

Sem resposta.

Eu não gostava do silêncio quando Neala estava em um cômodo próximo ao meu,


seria um movimento tolo e perigoso presumir que ela não estava tramando algo. Ela
provavelmente não faria qualquer coisa, mas até que eu visse por mim mesmo, eu suporia
que ela estava planejando algo ruim.
— Neala? — gritei de novo.

Eu sabia que ela não estava no meu quarto, mas eu verifiquei-o completamente de
qualquer maneira. Quando esse quarto estava limpo, eu voltei para o meu corredor. Eu não
sei por que, mas eu fui para a minha porta da frente. Uma visão da Neala de alguma forma
atravessando a parede de neve passou pela minha cabeça, então eu corri para a frente e
abri a porta. Eu soltei um suspiro que pareceu de alívio quando vi a parede de neve
perfeitamente intacta.

Lembrei-me que eu não estava aliviado que ela ainda estivesse aqui em algum lugar,
só que ela não estava lá fora morta e envolta num bloco de gelo. Sua mãe me mataria se ela
morresse enquanto eu dormia.

Fechei a porta e virei. Eu andei pelo corredor e parei no banheiro, eu não olhei para
minha banheira enquanto estava lá, então eu bati na porta e chamei o nome de Neala
novamente. Mais uma vez, nenhuma resposta. Abri a porta do banheiro e estremeci com a
ventilação do teto, que definitivamente não estava entupida com a neve, porque o ar frio de
fora estava fluindo através dele perfeitamente bem.

Fechei a porta do banheiro e continuei a andar pelo meu corredor, parei na minha
porta da cozinha por um momento antes de eu alcançar a maçaneta. Eu abri a porta e
passei por ela.

— Neala? — murmurei quando coloquei a minha cabeça pela porta.

Sem Neala.

Onde diabos ela estava?

Entrei no cômodo e franzi a testa. Estava muito escuro, então eu usei a minha vela
para iluminar um dos balcões. Quando a sala estava iluminada e eu estava prestes a gritar
o nome de Neala tão alto quanto podia foi quando ouvi o som fraco de um ronco. Um
sorriso esticou no meu rosto quando meus olhos se fixaram na porta da minha
dispensa. Fui até ela e bati na porta.

— Clarke! Você está aí?

Outro ronco.

Eu sorri para mim mesmo quando coloquei a minha vela no balcão da cozinha, em
seguida, voltei para a dispensa e usei as minhas duas mãos para bater na porta o mais alto
que podia. Parei quando Neala gritou e eu ri quando eu abri a porta e ela caiu no chão de
lado.

— Você é um filho da puta! — Neala gemeu do chão.

Eu não podia discordar com ela, então não fiz isso.

— Você está bem, Harry Potter? — perguntei quando olhei para ela.

Neala assobiou. — Harry vivia em um armário sob as escadas, não em uma dispensa
da cozinha.

Eu dei de ombros. — Ele não tinha opção, por outro lado, você tinha um sofá
perfeitamente bom para ficar, e ainda assim você veio para cá para dormir... Por quê?

Neala rolou de costas e olhou para mim. — Sua casa faz barulhos estranhos durante
a noite e isso me manteve acordada... por isso vim para cá. Einstein fala de vez em quando
fez-me sentir um pouco melhor... Como se não estivesse sozinha.

Eu odiei que me senti mal.

— Por que você não foi até mim, se você estava com medo? — eu perguntei, curioso.

Neala resmungou: — Porque eu sabia que você falaria para ir para a sua cama e
dormir.

Pisquei para longe a imagem de Neala espalhada na minha cama, e eu inclinei


minha cabeça enquanto olhei para ela.

— Como você sabia que eu teria dito isso?

Ela encolheu os ombros. — Porque você não gosta que eu fique com medo, a menos
que você seja a razão para isso.

Ela me pegou.

Eu mordi minha bochecha interior quando olhei nos olhos dela. — Você está certa,
eu teria dito para você deitar na minha cama, mas teria sido apenas para dormir. Nada de
gracinhas.

Neala bufou. — Eu sei disso.

Eu fiz uma careta. — Então por que você veio para cá, então?

Ela suspirou. — Meu orgulho não me deixou ir até você para pedir ajuda.
Eu sorri. — Você vai precisar de mim, eventualmente Neala, seja para uma lata de
feijão, uma garrafa de água ou até mesmo para um isqueiro para as suas velas.

Ela olhou para longe de mim. — Eu vou evitar precisar de você até que seja
absolutamente necessário.

Eu ri.

Típica Neala.

— Ok, bem, eu não estava brincando sobre o que eu disse ontem à noite. Nós vamos
cavar nosso caminho para fora daqui.

Neala gemeu. — Isso não é uma boa ideia.Teve neve na sexta à noite e ontem
durante todo o dia depositada, vai estar dura como o gelo, e tudo o que temos para cavá-la
são colheres e garfos. Confie em mim, eu chequei.

Eu abri minha boca para corrigi-la, mas quando me dei conta que todas as minhas
ferramentas e pás estavam fora da casa em um galpão fechei minha boca e bufei. Eu tinha
uma casa grande, mas quase nada de mobília para preenchê-la. Eu só comprei o que eu
precisava quando a casa foi concluída. Eu não sabia como cozinhar, a extensão das minhas
habilidades culinárias era colocar uma pizza no forno, em seguida, tirá-la quando o
temporizador se apagava. E uma vez que eu não cozinho eu não tinha uso para qualquer
coisa na minha cozinha com exceção de facas, garfos, colheres, alguns pratos, copos e uma
vasilha estranha para cereal.

— Bem, colheres e garfos vão ter que servir.

Neala riu: — Você é louco.

— Desculpe-me, mas não sou eu a deitada no chão frio rindo como uma hiena. Não,
isso seria você, maluca.

Neala me chutou então eu pulei para trás, para longe dela. — Menos disso!

Neala continuou a rir quando ela se pôs de pé. Ela estalou os dedos e saltou para
cima e para baixo em um círculo em volta de mim com nada além de falso entusiasmo. —
Vamos, chefe. Vamos cavar nosso caminho para sair daqui.

Eu não apreciei seu sarcasmo.

— Se você não quiser ajudar, então não ajude, eu não vou forçá-la. — eu retruquei.

Virei-me e saí do cômodo.


Eu esperava que eu parecesse robusto e viril, mas eu estava segurando uma vela
com aroma de baunilha para ver onde eu estava indo, então eu duvido que eu parecesse tão
duro quanto eu queria.

Neala me seguiu e riu: — Não revire suas calcinhas, Miss Daisy. Eu vou ajudar.

Revirei os olhos. — Ajude-me calando a boca.

Neala zombou de trás de mim: — Você cale a boca. Você é o único que nunca para de
falar.

— Todos que conhecemos discordam, você poderia falar pela Irlanda, caixa de
conversa fiada.

— Foda-se, eu sou não uma caixa de conversa fiada!

Sim você é.

— Ok. — eu disse enquanto colocava a minha vela no chão.

Neala inclinou-se contra a parede do corredor e rosnou quando passei por ela. —
Não diga apenas ok para me acalmar.

Sorri quando entrei na minha sala de estar. — Ok.

— Darcy! — Neala gritou em aborrecimento.

Deus era tão fácil irritá-la.

— Eu só estou brincando com você, Neala. — eu disse, esperando que ela ouvisse a
verdade na minha voz.

Havia, é claro, nenhuma verdade, porque ela era uma caixa de conversa fiada - ela
nunca parava de falar. Todo mundo do nosso bairro podia concordar comigo quando digo
isso.

— Eu não acredito em você... o que você está fazendo?

Suspirei quando peguei as velas acesas. — Levando isso para o corredor, vai facilitar
para ver as coisas quando eu cavar para nos tirar daqui.

— Quando nós cavarmos para nos tirar daqui você quer dizer.

Sim, certo.

— Sim, eu quis dizer nós.


Neala resmungou: — Você é um péssimo mentiroso, Darcy.

Eu sorri para mim enquanto passei por ela e voltei para o corredor.

— Você poderia pegar algumas outras velas da sala de estar para mim? Vou pegar as
colheres e garfos.

Neala murmurou o que eu só podia adivinhar que eram palavrões rudes para ela,
mas ela fez o que pedi e foi para a sala para pegar mais velas. Eu fui para a cozinha e peguei
algumas colheres e garfos das gavetas. Procurei ao redor por algo maior que tornaria cavar
mais fácil, mas eu não encontrei nada. Eu lamentei não deixar minha mãe me comprar um
monte de merda de utensílios de cozinha quando me mudei para cá, qualquer coisa nos
ajudaria agora.

Suspirei, em seguida, caminhei até a gaiola de Einstein quando ela gritou. Eu abri a
porta da gaiola e deixei-a subir para o topo da gaiola para que pudesse esticar suas asas e
fazer um pouco de uma caminhada ao redor. Ela amava sua gaiola, mas adorava andar em
torno da sua gaiola superior ainda mais.

— Cale a boca, Neala! — Einstein gritou.

Sorri para Einstein na hora que Neala venenosamente gritou: — Eu odeio esse
maldito pássaro!

Eu ri e esfreguei a cabeça de Einstein. — Boa menina. — eu sussurrei


amorosamente.

Saí da cozinha armado com minhas ferramentas de escavação e voltei para minha
porta da frente... que estava preenchida com a neve.

— É estranho como a neve não cedeu para o corredor, a porta foi aberta algumas
vezes e nada aconteceu. — disse Neala enquanto fui para o lado dela e olhei para a porta
cheia de neve.

— Ela endureceu enquanto a porta estava fechada, não exatamente para gelo, mas o
suficiente para não desabar quando algum espaço se tornou disponível.

Neala engoliu. — Eu não posso acreditar que isso está acontecendo, nós nunca
tivemos esta quantidade de neve.

Eu olhei para ela e levantei minhas sobrancelhas. — Eu concordo que nós nunca
normalmente tivemos esta quantidade de neve, mas por semanas temos sido avisados de
que este inverno seria o nosso pior em mais de 50 anos. Por que você acha que eu e todos
os outros empilhamos alimentos enlatados e garrafas de água em caso de um apagão ou se
as estradas não ficassem seguras o suficiente para dirigir?

Neala deu de ombros. — Eu ouvi os avisos, mas as pessoas do tempo geralmente


preveem coisas erradas para nós. Elas preveem céu claro e sol e em vez disso temos céu
nublado e chuva pesada. As chances estavam apenas a seu favor neste momento, uma vez
que acabou por estar certo.

Eu balancei minha cabeça. — Bem, está feito agora, e isso nos levou a ficar presos
aqui, então vamos mudar isso. Você fica para trás e eu vou começar a trabalhar na
escavação para nos levar para fora.

Eu dei um passo para frente só para ser sacudido de volta pela pequena mão que
rodeava meu antebraço. — Não me trate como uma mulher pouco capaz, Darcy.

— Você é uma instável... ai! — eu gritei quando Neala agarrou minha orelha e
torceu.

— Termine essa frase. Eu te desafio. — ela torceu mais forte.

Eu gritei: — Eu estou brincando, eu juro!

Neala sorriu para mim e soltou minha orelha para que eu rapidamente colocasse
meus dedos sobre ela e esfregasse para a dor ir embora. O latejar permaneceu quando tirei
minha mão, mas a dor pungente inicial acabou.

Graças a Deus.

Eu me concentrei em Neala e olhei tão duro quanto pude para ela.

— Faça isso de novo e eu não vou ter nenhuma piedade quando eu fizer cócegas pra
caralho em você.

Neala piscou para mim, e por um momento ela pareceu chocada... isso até ela rir.

— Uau! — ela gargalhou. — Por um segundo você pareceu sério.

Eu não movi um músculo no meu rosto.

— Estou falando sério.

Neala parou de rir e me olhou fixamente, sem piscar.

— Oh. Bem, tudo bem então. Eu não vou tocar em você, nunca mais.

Excelente.
— Bom, agora fique para trás e deixe-me começar a cavar um túnel. Eu não vou
excluí-la disso, você pode ajudar. Vamos fazer turnos... ok?

Eu fui para o meu quarto e coloquei algumas camadas de roupa para me aquecer e
ajudar a afastar o frio da neve. Quando eu estava vestido, voltei para o corredor e entreguei
à Neala algumas colheres e garfos. Eu fiquei com duas colheres para mim, só para ajudar a
escavar a neve um pouco mais fácil. Eu dei a Neala um breve aceno de cabeça, mas ela não
olhou para mim por isso passou despercebido. Suspirei e virei para a porta de neve e
estreitei os olhos.

Eu podia fazer isso.

Eu caí de joelhos e comecei a fazer um esboço de um grande círculo. Uma vez que
estava delineado comecei a dar colherada na neve e empilha-las ao meu lado. Dez minutos
disso e eu mal tinha feito um entalhe para formar um túnel real e uma impaciente Neala
começou a bufar atrás de mim.

— Você está demorando demais.

Parei minha escavação.

— Eu não preciso da sua pressão agora, Neala.

Com isso dito, comecei a trabalhar no túnel de novo e Neala voltou a ficar em
silêncio. Só por uma hora mais ou menos porque ela reclamou sobre sentir frio, então ela
pegou seu cobertor da dispensa, envolveu-o em torno de si. Depois que ela não estava tão
picante, ela entrou na minha sala e manteve-se ocupada com alguma coisa. Eu não
perguntei o que ela estava fazendo ou fui ver como ela estava, porque eu me alegrava com o
silêncio. Não durou muito tempo, porém, quando ela estava entediada, ela decidiu voltar
para o corredor e abrir a boca novamente.

— É a minha vez. Eu não tenho nada para fazer e certificar que as velas não
apaguem é estúpido.

Meu Deus, mulher!

Eu tinha um túnel decente em processo e ela ainda tinha que reclamar.

O túnel estava um pouco mais largo do que o meu corpo, eu combinei o


comprimento com a largura, por isso, quando nós saíssemos daqui seria em um rastejar
suave para ambos. Neala não apreciou o meu tempo extra para alargar o túnel que era para
o seu benefício, bem como para o meu.
Bruxa ingrata.

— Manter as velas acesas é um trabalho importante! — eu gritei para que ela


pudesse me ouvir.

Ela chutou a minha perna. — Então você malditamente pode fazê-lo.

Eu estava muito bravo, tanto para ela nunca me bater de novo. Ela não podia
simplesmente deixar-me terminar o maldito túnel para que tanto eu como ela pudéssemos
sair daqui, para longe um do outro.

— Bem! — eu rebati e comecei a contorcer o meu corpo para fazer a minha saída do
túnel.

Meus ombros batiam nos lados do túnel a cada centímetro que me movia para
trás. Parei meu movimento quando um barulho de cima soou. Logo quando eu virei minha
cabeça para o lado para olhar para cima e ver o que estava acontecendo, a neve
desmoronou ao meu redor.

O frio da neve me apunhalou como agulhas, mas o que era pior foi que pesava e
pressionou-me no chão do túnel. Tentei me mover, mas eu não consegui. Tentei respirar
fundo para me acalmar, mas minha respiração tornou-se difícil com a neve me rodeando.

Porra.

Isso não era bom.


T udo aconteceu em câmera lenta.

Darcy estava gritando para mim de dentro do túnel em um minuto, e no próximo a


parte superior do seu corpo desapareceu quando a neve do teto do túnel desmoronou em
cima dele. É, literalmente, caiu em cima dele e agora ele não estava se movendo.

De jeito nenhum.

Por pelo menos 20 segundos eu não fiz nada, além de olhar para ele, em seguida, os
meus sentidos voltaram com tudo.

— Darcy! — gritei e joguei meu cobertor fora de meu corpo enquanto corria até ele.

Lambi meus lábios e olhei para o seu corpo com os olhos arregalados e membros
trêmulos. Meu coração estava martelando no meu peito, e cada pulso ficava alto e mais
alto. Eu podia ouvir cada batida do meu coração e os meus ouvidos zumbiam com o
barulho.

— Darcy! — gritei esperando que ele fosse fazer um barulho de debaixo da neve ou
pelo menos movesse as pernas.

Nada.

Nem um som ou um chute dele.

Eu realmente comecei a me preocupar, então, o pensamento dele se afogando


passou pela minha cabeça. Quer dizer, neve era feita de água e ele estava enterrado sob a
neve, o que significava que ele estava tecnicamente sob a água no momento.

Porra.

Eu tinha que salvá-lo.


Larguei minha vela no chão e a ignorei quando a tigela de vidro que estava com a
vela quebrou, explodindo tudo.

Estava mais escuro agora, mas os restos das velas ao longo do corredor ainda
estavam acesas, então eu conseguia ver muito bem.

— Darcy, não se preocupe! — eu gritei. — Eu vou tirar você daí!

Eu caí de joelhos e comecei a tirar punhados de neve fora de seu corpo. Eu joguei a
neve sobre a pilha que Darcy criou ao escavar o túnel à minha direita, mas tive que parar
porque minhas mãos doíam com o frio. Eu mudei para as pernas de Darcy e agarrei-as,
puxando. Eu puxei com toda a minha força e o corpo do idiota apenas se deslocou
ligeiramente.

— Mova! — eu gritei e puxei as pernas novamente.

Eu segurei Darcy com cada fibra de força que tinha e puxei novamente, e pela graça
de Deus, o seu corpo se moveu.

Ele realmente moveu.

Eu era forte!

— Sim! — eu aplaudi.

Subi até as costas de Darcy quando seu ombro se tornou visível. Coloquei minhas
mãos em ambos e puxei tão forte quanto fisicamente possível, o piso molhado sob Darcy o
fazia deslizar, o que tornava as coisas muito mais fáceis para mim e para os meus braços.

— Você está fora! — eu comemorei.

Darcy estava com falta de ar, então eu rolei para que ele pudesse sugar o tanto de ar
que ele precisava. Seus olhos estavam fechados, mas seu corpo estava tremendo. Eu
instintivamente coloquei minhas mãos em seus braços, diretamente em seu bíceps.

Seus bíceps firmes.

Pare com isso.

Comecei a esfregar para cima e para baixo muito rápido na esperança de gerar um
pouco de calor para Darcy, para aliviar seus tremores. Toda a fricção era inútil, a menos
que eu o levantasse do chão frio e úmido ele ficaria doente.

— Darcy, levante-se. — eu disse.


Ele não se moveu, nem me respondeu.

Isso me preocupou.

Eu olhei para o rosto de Darcy e encontrei seus olhos ainda fechados. Olhei para
baixo para seu peito e vi que estava se movendo para cima e para baixo, o que me fez
relaxar imensamente.

— Darcy! — eu disse em voz alta, sacudindo-o.

— Darcy! — Einstein chamou da cozinha.

Eu gritei: — Cale a boca, Einstein!

Maldito passáro estúpido.

Eu olhei de volta para o Darcy quando pensei que tinha o ouvido rir, mas eu estava
enganada, porque ele estava imóvel, com os olhos ainda fechados. Ele não tinha feito isso,
eu tinha que acordá-lo porque ficaríamos presos nesta casa se ele não terminasse o túnel e
continuasse a cavar para que pudéssemos sair daqui.

Isso era egoísta?

— Darcy! — eu gritei e sacudi com força.

Ele gemeu e fez meu pulso disparar.

— Neala? — ele resmungou.

Ele estava vivo!

— Sim, Darcy, é Neala. Eu estou aqui. Está tudo bem, eu te salvei.

Eu estava tão orgulhosa de mim por salvá-lo também.

— Neala. — ele engasgou meu nome de novo, e desta vez foi seguido por uma tosse.

Eu fiz uma careta para ele.

Por que ele estava tossindo?

— Você está bem? — eu perguntei genuinamente preocupada com o seu bem-estar.

Darcy tossiu novamente. — Eu acho que não... tudo está desaparecendo.

Meu Deus.

Desaparecendo?

Como desaparecendo?
— Você não vai morrer e me deixar aqui sozinha! — eu bati nele.

Ainda posso odiá-lo noventa por cento do tempo, mas não queria que
ele morresse... eu também não queria ser deixada sozinha com apenas Einstein como
companhia.

— Eu estou... eu estou morrendo... Neala.

Oh, não.

— Você não pode estar morrendo, você não ficou sob a neve por um longo tempo
Darcy! — eu gritei e sacudi-o quando ele começou a ficar mole.

— Neala. — ele engasgou. — Chegue mais perto.

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo.

Não era assim que as coisas deviam acabar, nós devíamos sair daqui... juntos.

— Eu estou aqui, Darcy. — eu disse, e engolindo um soluço que queria escapar.

A respiração de Darcy desacelerou. — Eu posso ver a luz. — ele sussurrou.

Segurei as lágrimas. — Vá para a luz, Darcy.

Darcy parou a respiração ofegante, então de repente tudo parou.

Seu movimento.

Sua respiração.

Seu tudo.

Oh, não.

— Darcy? — eu sussurrei.

Nada.

Meu Deus.

— Por favor, não morra. — disse, em seguida, deixei escapar um soluço que estava
morrendo para ser solto.

Fiquei olhando para o rosto de Darcy, e não podia acreditar no que estava
acontecendo.

Ele morreu em meus braços.

O que eu ia fazer?
Eu nunca sequer lhe disse que estava arrependida por ter fugido dele, ou para todas
as outras vezes que eu fui uma cadela com ele, e agora nunca teria a chance.

Eu me senti como uma merda.

Comecei a chorar, mas o corpo de Darcy de repente se contraiu em seguida, ele


respirou fundo, e alto.

Pisquei, então arregalei os olhos em estado de choque.

— Darcy? — eu sussurrei.

Darcy piscou e abriu seus grandes olhos castanhos.

Ele estava vivo!

— Estou no céu? — ele perguntou.

Ele achava que estava morto!

Darcy piscou os olhos algumas vezes, em seguida, ele abriu os olhos e olhou para
mim por um longo momento antes de suspirar.

— Não, não é o Céu. Deve ser o inferno se você está aqui. — ele disse, seu rosto era
tão sério como se tivesse acabado de me dizer que alguém teve um ataque cardíaco.

Fiquei olhando para ele, então estreitei os olhos.

Que porra é essa?

— O quê? — eu perguntei completamente confusa.

Darcy olhou para mim, em seguida, começou a rir.

Rir!

Engoli em seco e ele caiu no chão.

Ele grunhiu de dor, mas continuou a rir.

Que... que filho da puta!

Ele me enganou.

— Você brincou sobre estar morrendo? — eu gritei.

Quem faz isso?

A única resposta de Darcy foi outro ataque de riso.


— Seu filho da puta! — eu gritei e mergulhei nele.

Peguei um punhado de neve do monte à minha direita e tentei matar o filho da puta
de verdade desta vez empurrando a neve em sua boca e nariz. Darcy virou a cabeça da
esquerda para a direita e pegou as minhas mãos para me impedir.

Ele riu o tempo todo.

Eu estava tão louca.

Empurrei-me para cima dele e chutei na lateral.

— Eu sabia que você realmente se importava comigo! — Darcy gritou através de seu
riso então, imitou minha voz. — Darcy, Darcy! Por favor, não morra.

— Eu te odeio! — eu gritei, em seguida, virei-me e fui para o corredor.

Senti meu olho se contorcer quando bati a porta da sala de Darcy e me separei dele,
mas não estava bom, eu ainda podia ouvir o idiota rindo. Fui até o sofá e me joguei. Eu
cruzei os braços sobre o peito e olhei para a porta da sala de estar.

Quem finge morrer?

Isso não foi engraçado.

— Darcy! Vá para a luz, Darcy. — Darcy gritou no corredor, em seguida, caiu na


gargalhada novamente.

Deus.

Eu odiava cem por cento o idiota novamente.


—N ealaaaa?

Foda-se.

— Vamos, Neala. — Darcy riu. — Você tem que falar comigo em algum momento.

Claro que não.

— Neala Girl. — Darcy cantou em sua voz alegre. — Oh, você decorou a sala.

Sim, eu decorei a sala.

Enquanto ele estava fazendo o túnel esta manhã eu abri a caixa de decorações da
árvore e montei os galhos, tirando a aparência nua da árvore. Quando terminei parecia
uma árvore agradável. Eu até coloquei os personagens de Natal que acendem ao redor da
sala. As coisas fodidas eram a bateria, o que significa que quando estavam todas ligadas
elas iluminavam completamente a sala, e que nos fez economizar o uso de velas desde
ontem. Darcy foi um idiota por não pensar neles quando a energia acabou.

Eu fui tirada dos meus pensamentos quando Darcy chamou meu nome
novamente. Rosnei e virei mais profundamente no sofá, me abraçando para impedir o meu
corpo de tremer. Meu cobertor estava no corredor e ainda estava molhado por causa da
neve quando o lancei no chão tentando fazer Darcy comê-la.

— Neala. — Darcy suspirou longa e profundamente. — Você está congelando, eu


posso ver você tremendo. Levante e vá para o meu quarto, onde você vai ficar quente e
confortável.

Ah. Sim. Certo. Foda-se.

Essa é a mesma melodia que Darcy tem cantado uma e outra vez, desde que ele
forjou sua própria morte esta manhã. Eu não ia comprar isso. Não falaria com ele ou ir
para o seu quarto, não importava o quanto as coisas estivessem terríveis para mim. Darcy
suspirou atrás de mim, então riu para si mesmo.

— Vou trazer Einstein para cá, a menos que você entre no meu quarto. — Darcy
ameaçou.

Ele não ousaria.

— Eu vou trazê-la aqui, Neala. Não duvide de mim.

Eu arregalei os meus olhos.

Será que ele podia ler a minha mente?

Foda-se, Darcy.

Silêncio.

Nah, ele não podia ler minha mente, ele só percebeu o que eu estava pensando.

— Vamos, Neala. Você vai ficar doente aqui. A sala está ensopada. — Darcy grunhiu,
seu tom mudou para um de aborrecimento.

Eu não ia cair na sua mudança de tom.

A sala estava molhada por causa dele, era completamente culpa dele.

Depois que ele falsificou a sua morte e eu me fechei na sala de estar, o filho da puta
abriu a porta e jogou bolas de neve em mim. Sim, bolas de neve. Ele obviamente nunca foi
ensinado a não jogar coisas dentro de casa, especialmente merdas de bolas de neve. Ele
encharcou completamente o meu vestido e blazer e os móveis, porque ele tem a pior
pontaria da história da humanidade. As bolas de neve derreteram e quase destruíram a
mobília, o pouco mobiliário que tinha, estava encharcado.

Ele teve sorte de não estragar a árvore, eu teria chutado a bunda dele se tivesse. O
idiota nem percebeu que eu montei a sala antes, quando ele me atacou, porque eu desliguei
a luz dos personagens para economizar a energia da bateria, mas agora que eles estavam
acesos ele estava percebendo.

O maldito idiota.

— Fale comigo, Neala. — Darcy implorou. — Eu vou ficar chateado se você não falar.

Eu levantei minha mão direita no ar, e mostrei meu dedo do meio para ele.
Um grito repentino de Darcy me assustou pra cacete. Eu rapidamente me virei para
ele, no momento que ele caiu de joelhos e dramaticamente começou a gritar e chorar.

Ele era um idiota tão grande.

— Cale-se! — eu gritei e cobri os ouvidos com as mãos. — Você está me dando uma
dor de cabeça do cacete, imbecil.

Darcy continuou a chorar e se jogar no chão e bater as mãos contra o chão de


madeira.

Ele estava tendo um chilique.

Maravilhoso.

— Pare com isso! — eu gritei e pulei do sofá.

Darcy me ignorou e continuou a sua birra falsa, ele ainda acrescentou rolar de um
lado para o outro na sua rotina estúpida. Einstein começou a surtar e chorar também, e
mesmo que ela estivesse na cozinha, eu podia ouvi-la tão claro como o dia. Ela gritava
ainda mais alto do que a porra do Darcy.

— Você está perturbando Einstein, pare com isso! — eu rosnei baixo para Darcy
quando fui até ele.

Quando eu estava diante dele, Darcy passou os braços em volta dos meus pés, me
agarrando como se dependesse a sua preciosa vida.

Oh, Cristo.

— Darcy! — eu gritei e me abaixei dando um tapa em seus braços.

Ele não soltou.

— Pelo amor de Deus, você vai me soltar e parar! — eu falei.

Darcy, com o choro falso, olhou para mim. — Você vai fazer o que eu pedir?

— Não. — eu chiei.

Ele gritou. — Jingle bells, jingle bells, jingle all the wayyyyyy. Oh what fun it is to
ride in a one horse opppeeeennnnnn...

— Tudo bem! — eu gritei. — Eu vou fazer o que você pedir!

Se ele parasse de agir e cantar jingles estúpidos como uma criança de cinco anos eu
faria qualquer coisa.
Darcy sorriu para mim, em seguida, deixou minhas pernas e levantou-se.

— Excelente, agora me siga.

Estreitei meus olhos para as costas de Darcy quando ele se virou e pulou para fora
da sala.

Ele era tão cheio de si.

Eu balancei a cabeça, e relutantemente segui Darcy para fora da sala, no corredor, e


em seu quarto. Eu estava ociosa em sua porta do quarto e hesitei em entrar. Darcy olhou
por cima do ombro para mim e riu, o que me deu vontade de bater nele.

— Eu não vou saltar em você - eu estou tentando ajudá-la.

Ah. Sim, certo.

— Ajudar-me como? — eu perguntei curiosa.

Darcy virou-se e caminhou até seu guarda-roupa, ele abriu a porta e tirou algumas
peças de roupa. Ele caminhou até sua cômoda e tirou outra peça de roupa, ele se virou e
derrubou os itens em sua cama e fez um gesto para eles com seus braços.

— Calça, uma camiseta, boxers e meias. Pronto.

O quê?

— Eu não entendo. — disse com as sobrancelhas franzidas.

Darcy pigarreou. — Sua roupa está encharcada, você não pode ficar com elas,
porque você vai ficar doente, por isso estou dando-lhe algumas das minhas para vestir.

Borboletas explodiram em meu estômago e tive que lutar sozinha para não corar. Eu
deveria ter me irritado com a oferta de roupas, porque eu não podia suportar Darcy, mas
eu não estava.

Eu estava estranhamente animada.

— Eu não vou vestir suas roupas. — eu disse simplesmente para manter a minha
emoção sem ser detectada.

Quem diabos fica animado sobre vestir roupas de um cara?

Aparentemente eu.

Ugh.
— Eu tenho que fazer outra birra? — Darcy perguntou.

Eu não estava olhando para ele, mas podia ouvir o sorriso que tinha certeza que
estava estampado na sua cara estúpida bonita.

Olhei para ele ignorando, e disse sorrindo. — Você está me ameaçando.

Era uma afirmação, não uma pergunta.

— Você é um docinho inteligente. — Darcy brincou.

Eu resmunguei. — Você rivalizaria com uma criança com essa maldita birra.

Darcy sorriu. — Obrigado.

Não foi um elogio e ele sabia disso.

— Tudo bem. Vou usar as suas roupas.

Darcy piscou. — Obrigado.

Eu queria bater nele.

Ele realmente estava me fazendo um favor, me oferecendo roupas limpas e secas


para vestir, mas pareceu que eu estivesse fazendo um favor por usá-las.

— A boxer é nova, assim como as meias. Mas a camiseta e a calça não são.

Minhas bochechas ficaram vermelhas assim que eu andei até a cama com a cabeça
abaixada.

— Obrigada. — murmurei.

— O quê? — Darcy perguntou, em voz alta.

Eu o odiava.

— Obrigada. — repeti com os dentes cerrados.

— Eu não posso ouvi-la.

Ele estava falando sério?

Eu inclinei o meu queixo. — Obrigada.

Darcy apertou a mão contra o peito dele e fingiu ficar emocionado.

— Você não precisa me agradecer Neala. — ele disse e abanou o rosto. — De nada.

Pisquei com tédio.


— Eu só não te soco porque não quero um idiota na minha mão.

Darcy continuou a se abanar, então explodiu em um choro bagunçado.

— Darcy, eu vou te cortar se você não parar, merda! — eu o interrompi com um


grunhido e virei de costas para ele.

Darcy cortou o ato e riu atrás de mim e deu um tapinha no meu ombro. — Eu
acabei, eu juro. Eu vou estar na cozinha, se você precisar de mim.

— Eu não preciso de você. — disse para as suas costas enquanto ele saía do seu
quarto, rindo de si mesmo.

Fiz uma careta para a porta do quarto, agora fechada, em seguida, olhei para suas
roupas e encontrei-me sorrindo.

Forcei para tirar o sorriso do meu rosto e balancei a cabeça.

— Você é patética. — murmurei para mim mesma.

Tirei minhas roupas úmidas e frias, dobrei-as e coloquei-as em cima da cômoda de


Darcy e depois vesti as meias e a boxer de Darcy. Ambos eram grandes para mim, mas
eram confortáveis, então continuei e coloquei as calças de Darcy e a camiseta. Eu tive que
amarrar a calça apertada com o cordão para não cair, e também tive que enrolá-la algumas
vezes porque ela era bem comprida. A camiseta foi a minha favorita. Era como uma tenda
em mim, mas uma tenda quente, macia que cheirava maravilhosamente bem.

Eu inalei profundamente e gemi em voz alta.

Darcy. Cheirava. Impressionante.

Olhei para sua camiseta quando percebi o quão assustadora eu estava sendo,
coloquei minhas mãos em meu rosto e gemi.

Estava me transformando em uma espécie de fã do Darcy e a pior parte era... eu


gostava.

Possivelmente gostava... de Darcy... um pouquinho.

Eu acho.

Eu tinha uma coisa a dizer a esse pequeno pensamento: QUE PORRA É ESSA?

— Eu estou tão ferrada. — murmurei para mim mesma.

Silenciosamente saí do quarto de Darcy e desci para a cozinha.


Darcy estava em cima da gaiola de Einstein lhe dando uma comida enlatada. Olhei
para ele, mas quando ele se virou na minha direção me concentrei em lavar as mãos na pia,
e mais nada, nem ninguém mais.

— Você está bem com... roupas. — Darcy comentou quando colocou a lata agora
vazia no lixo.

Levantei minha sobrancelha e olhei para ele. — Eu estava com roupas antes dessas...
elas estavam apenas molhadas.

Darcy me deu um olhar de verdade. — Aquele vestido e blazer não cobriam muito, o
que você está vestindo agora são roupas adequadas.

Eu sorri interiormente.

— Sim, bem... como quiser.

Darcy riu: — Está te matando usar as minhas roupas?

Não, e é por isso que eu estava irritada.

— Elas vão servir. — foi tudo o que eu disse.

Eu não queria mentir, porque odeio mentir assim diretamente, não responder sua
pergunta era a minha única opção.

— Que horas são? — perguntei.

Darcy olhou para a parede atrás de Einstein e disse: — Onze e meia.

Eu arregalei meus olhos. — Da noite?

Darcy assentiu. — É véspera de Natal amanhã.

Eu fiz uma careta. — Eu não quero perder o Natal.

Darcy inclinou a cabeça enquanto olhava para mim. — Nós não vamos, nossas mães
virão aqui e cavar com suas próprias mãos antes de nos deixarem perder o Natal.

Eu ri, e balancei a cabeça.

Eu não descartaria também que nossas mães fizessem algo tão drástico.

— Então... — disse Darcy.

Queria sorrir porque ele estava balançando para frente e para trás apoiando nos
calcanhares quando olhou para mim.
— Então o quê? — perguntei.

Darcy deu de ombros. — Então... já é tarde. Hora de ir para a cama. — ele estava me
mandando para a cama.

— Você está me colocando na cama? — eu perguntei, brincando.

Ele deu de ombros. — Depende. Se você andar até o meu quarto livremente, então
não, mas se você fugir de mim, então sim.

Meu estômago virou, meu coração bateu contra o meu peito e pulsou entre as
minhas coxas. O pulso me assustava mais, porque nunca tive essa sensação com Darcy...
até agora.

— Eu estou, uh, bem na despensa. — eu disse e tentei passar por ele.

Darcy estalou a língua para mim e me pegou pela cintura, com os braços quando
tentei passar. Ele me puxou de volta para ele até que minhas costas estavam encostadas no
seu peito. Eu podia sentir o calor do seu corpo no meu.

Cristo.

Por que eu estava reagindo a ele assim?

Este era Darcy.

O mesmo Darcy que me deixava absolutamente louca.

O mesmo Darcy que era meu inimigo, e tinha sido por 20 anos.

O mesmo Darcy que me odiava tanto quanto eu o odiava.

Meu corpo e minha mente agora pareciam não se importar com nada disso porque
gostei da sua proximidade, do seu toque.

Porra, eu gostei de Darcy me segurando tão perto dele.

O que diabos eu faria agora? Internava em um manicômio?

— Sem dormir na despensa, pequena mulher. Você vai dormir ao meu lado,
na minha cama, esta noite. Você não precisa ter medo, vou até mesmo deixá-la construir
um forte de travesseiros entre nós para que você não tenha que olhar para mim.

Eu ri.

Sim, eu ri, merda.


— Foi uma risadinha que ouvi? — Darcy provocou brincando.

Eu tentei abafar o meu riso iminente quando disse: — Não.

Darcy trouxe sua boca até a minha orelha e disse: — Você vai querer ou não?

Porque queria ver o que ele faria, disse: — Não.

— Eu não queria ter que fazer isso, mas você não me deixou escolha. — disse Darcy,
sua voz rouca.

Não esperava o que ele fez. — Oh meu Deus! — eu gritei quando Darcy me virou
para encará-lo, em seguida, se abaixou e me pegou por trás dos joelhos com suas mãos e
me puxou. Eu virei sobre o ombro de Darcy e fiquei pendurada lá enquanto ele se
endireitava.

— Hi-ho, hi-ho, e para a cama nós vamos. — Darcy cantou enquanto marchava para
fora da cozinha.

Ele virou-se um pouco quando ele saiu da sala e minha cabeça bateu na porta da
cozinha.

— Ai!

Darcy fez uma careta. — Foi mal.

Eu rachei de rir quando estava pendurada no ombro dele. Eu bati em sua bunda
algumas vezes só para mostrar algum sinal de protesto, embora estivesse amando cada
segundo do seu ato homem das cavernas.

Eu gritei quando fui subitamente arremessada para trás sobre os ombros de Darcy,
mas em vez de bater em uma superfície dura eu caí em um colchão macio. Eu ainda estava
rindo quando Darcy pulou na cama ao meu lado. Rolei e o empurrei. Ele olhou para mim e
riu. Estava sorrindo quando me encontrei olhando em seus olhos, em seguida, para a sua
boca.

Eu peguei o momento que Darcy viu o que estava fazendo e notei sua ingestão aguda
da respiração. Eu engoli nervosamente e limpei minha garganta.

— Obrigada... eu não concordo com o seu método, mas aprecio você querer que eu
tenha um lugar confortável para dormir. — disse, em seguida, virei-me e me arrastei para
baixo das cobertas, de costas para Darcy.
— Sem problema. — disse Darcy, então demorou um momento antes dele se mexer e
entrar debaixo das cobertas também.

Houve silêncio por um momento, até que ele disse: — Boa noite, Neala Girl.

Meu coração martelou no meu peito e meu estômago explodiu em borboletas.

— Boa noite, Darcy.

Fechei os olhos e rezei para dormir fácil. Mesmo que minha mente estivesse
gritando que algo definitivamente tinha mudado entre Darcy e eu, e quisesse pensar
nisso. Surpreendentemente caí em um sono profundo e relaxado. Mas o sono relaxado foi
totalmente destruído na manhã seguinte.

Acordei antes de abrir meus olhos.

Eu não queria abrir meus olhos, porque estava quente, confortável e completamente
satisfeita com o travesseiro que eu estava abraçando com tanta força no meu corpo. Eu me
aconcheguei mais perto do travesseiro quente, duro e comecei a cochilar novamente
quando o movimento sob mim interrompeu minha soneca.

O que foi isso?

Eu gemi alto e isso deixou o que estava debaixo de mim tenso.

Desde quando travesseiro fica tenso?

Desde quando eles podem se mexer?

Tomei consciência de tudo naquele momento, com a minha mente totalmente


acordada.

Oh, não.

— Oh, meu Deus. — sussurrei quando abri meus olhos e dei de cara com um mamilo
rosa claro.

Estava praticamente pressionado em minha cavidade ocular.

Lentamente estendi a mão e apertei contra o peito ao redor do mamilo e


cuidadosamente levantei meu rosto. Engoli em seco quando olhei para baixo e encontrei
minha perna sobre o corpo de Darcy. Eu estava tanto no espaço de Darcy, que estava
praticamente montada nele.

Eu arregalei meus olhos quando um pulso acentuado entre as minhas coxas me


pegou de surpresa.

Eu estava ficando excitada?

Por estar quase deitada sobre o corpo rígido do Darcy?

Eu estava fodidamente perdida.

Tentei retirar a minha perna novamente do corpo de Darcy, tão lentamente quanto
pude, mas quando um ligeiro gemido retumbou até a garganta de Darcy, congelei. Eu não
sabia o que fazer, então fiquei completamente parada até que tive certeza que Darcy não
tinha acordado. Eu olhei de novo para baixo e lentamente comecei a puxar minha perna
para longe do Darcy, mais uma vez, mas no momento que a minha perna se moveu sobre
sua pélvis e deslizou sobre o que só pode ser descrito como uma lombada, senti arrepios
estourarem por todo o meu corpo.

Darcy tinha uma ereção... e minha perna estava no momento descansando em cima
dela.

Oh. Meu. Deus.

Eu queria juntar as minhas coxas, quando os pulsos entre elas ficaram um pouco
intensos demais para eu lidar calmamente com isso, mas não podia. Eu estava mortificada
que estivesse tendo esse tipo de reação com Darcy e ele estava fazendo nada além de
dormir.

Eu me senti como uma grande pervertida.

Rapidamente afastei minha perna da área da virilha de Darcy, mas o movimento


rápido fez a minha perna roçar sobre sua ereção e Darcy deve ter sentido isso, porque ele
se mexeu. Meu coração deu um pulo quando dei uma olhada no Darcy.

Seus olhos estavam fechados, mas ele tinha um pequeno sorriso no rosto.

Oh, Jesus.

Engoli em seco. — Você está acordado!

Darcy abriu os olhos e riu: — Desculpe-me, você estava tentando sair de cima de
mim sem ser detectada e estava muito divertido para interromper.
Eu estava tão envergonhada.

Eu zombei e empurrei o peito de Darcy com minhas mãos enquanto me afastava


dele. Rolei de cima dele e amontoei os cobertores do meu lado temporário da cama, porque
toda a seção do colchão estava congelando.

Eu estremeci.

Devo ter dormido em Darcy por um longo tempo.

Caramba.

— Neala. — Darcy riu. — Não se esconda aí. Eu não me importo se você quiser ficar
de conchinha comigo... ou deitar em mim. Se você estiver com frio, não tenha medo de
usar meu corpo para aquecê-la.

Maldição.

— Pare com isso. Pare de falar comigo, basta voltar a dormir. — rebati e enterrei
meu rosto no travesseiro onde minha cabeça repousava.

— Mas eu posso ser o seu aquecedor, baby. — ele cantou.

Eu não conseguia nem sorrir. — Você simplesmente está massacrando uma grande
canção8.

Eu estava absolutamente mortificada, e não queria que Darcy percebesse porque ele
só iria me provocar um pouco mais, então tentei parecer relaxada e isso significava que eu
tinha que ser uma cadela.

— Você está com vergonha? — Darcy perguntou, rindo.

Legal, fique calma.

— Por que eu ficaria envergonhada? — eu disse, e depois limpei minha garganta. —


Eu não posso evitar o que eu faço no meu sono. Está fora do meu controle, se meu corpo se
move, quando oitenta por cento do meu cérebro está dormente.

Darcy gargalhou. — O mesmo aqui, acordar duro não deveria te assustar tanto.
Caras tem ereção matinal o tempo todo, o que está fora do nosso controle.

Eu nem sequer mencionei sua ereção!

— Cale a Boca. — rosnei.

8
Referência à música: I wanna be your lyrics, do Artic Monkeys.
Darcy suspirou. — Você está surtando porque estava abraçada comigo, mas você
ficou mais assustada quando você tocou meu pau... quer dizer, pênis.

Eu podia ouvir o sorriso em sua voz, o filho da puta.

— Isso não me assusta, eu prefiro apenas não tocar em qualquer parte sua.
Especialmente o pa... pênis.

Caramba.

Darcy bufou. — Um pouco mal-humorada, não é?

Eu nunca conseguiria me acalmar, se ele continuasse falando.

— Se você continuar falando eu vou para a sala de estar. — eu ameacei.

Darcy riu: — Ok, Ok. Eu vou parar de provocá-la.

Graças a Deus.

Darcy parou de falar e depois de alguns minutos sua respiração desacelerou e eu


sabia que o filho da puta tinha voltado a dormir, o que não era justo. Eu não conseguiria
dormir. Meu corpo estava em estado de alerta e ainda estava mortificada.

Eu não podia ficar na sua cama por mais tempo, assim, calmamente escorreguei
para fora da cama e sorrateiramente fui para a sala de estar. Algumas áreas ainda estavam
úmidas, então fui para a cozinha e peguei alguns panos de prato para secar tudo. Isso me
deu algo para fazer e me concentrar... por alguns minutos.

Minha mente continuava voltando a tocar a ereção de Darcy, e depois ele rindo
porque ele sabia que eu senti.

Eu estava tão envergonhada.

Eu não queria olhar para ele, ou falar com ele, nunca mais.

Queria enterrar meu rosto nas montanhas de neve lá fora e deixar minha existência.

Com Darcy, porém, as coisas nunca eram tão simples.


E ra véspera de Natal, e eu ainda estava presa na casa de Darcy.

Eu estou presa dentro desta casa do mal já há três dias e meio.

Três dias e meio!

Eu estava contando sexta à noite como metade de um dia, pois senti como se fosse
um.

A coisa piorou muito, porque parecia que não havia fim à vista para este... calvário.

Olhei para a porta da sala quando um barulho chamou a minha atenção. Quando eu
vi que era Darcy encostado na porta eu corei de vergonha e desviei o olhar. Eu estava grata
pela sala mal iluminada, porque eu não poderia ter Darcy me provocando agora,
especialmente depois do que aconteceu esta manhã. Eu o evitei durante a maior parte do
dia. Obriguei-me a passar por um banho frio congelante por um tempo para me
limpar. Eu, terrivelmente, senti falta da água morna, mas precisava de uma boa
esfoliação. Era uma desculpa perfeita para ficar longe de Darcy também. Eu só interagi
com ele quando eu precisei de roupas limpas, ele silenciosamente me deu outro conjunto
de roupas, assim como os que eu tinha antes. Eu pensei que escaparia, sem ter que falar
com ele, mas agora era tarde da noite, ele estava me fazendo encará-lo.

Era horrível.

Eu acordei esta manhã de conchinha com Darcy, e eu toquei a sua... ereção. Essa
nem é a pior parte, a pior parte foi que eu meio que, de certa forma, gostei.

Ugh!

Minha alma foi esmagada.


Eu estava tão confusa sobre meus sentimentos repentinos por Darcy. Eu não sabia o
que fazer com eles ou eu. Eu estava tão assustada com tamanha intensidade para algo tão
novo. Eu não sabia como processá-los.

— Vá embora, Darcy. — eu resmunguei, puxando meus joelhos até o peito.

— Mas eu vim trazendo presentes.

Eu olhei para o Darcy e vi que ele estava com uma garrafa de vinho.

Uma grande garrafa de vinho, que era exatamente o que eu precisava.

Eu estendi minha mão e peguei a garrafa aberta quando ele me entregou. Eu dei
pelo menos cinco grandes goles da garrafa e a entreguei de volta para ele. Ele tomou alguns
goles da garrafa, em seguida, colocou-a no chão, ao lado do sofá. Eu balancei a cabeça,
quando o líquido escorreu pelo meu corpo, e depois de um momento, pressionei meu rosto
de novo nos meus joelhos, enquanto Darcy ria.

— Por que você está assim?

Recusei-me a olhar para ele.

— Assim como? — eu murmurei.

Ouvi Darcy caminhar na minha direção e fiquei tensa.

— Desse jeito. Você está agindo como uma menina que viu o primeiro pa...

— Não diga essa palavra. — rosnei e cortei Darcy antes que ele pudesse terminar a
frase.

Darcy riu enquanto caía no sofá ao meu lado. — Você não gosta dessa palavra?

Eu não me importava, mas quando Darcy falava, soava sujo... sujo em um bom
sentido.

— Não, eu não gosto.

Darcy riu levemente. — Ok, você está agindo como uma menina que nunca viu
um pênis antes.

Eu lhe dei uma cotovelada no estômago e ele tossiu e então riu muito.

— Você é um idiota, Darcy Hart! — eu atirei.

Tentei levantar-me do sofá, mas os braços de Darcy fecharam ao meu redor,


tornando isso impossível.
— Eu sinto muito. Eu não vou rir mais.

Sim, como se eu acreditasse nisso.

Suspirei em derrota. — Eu não me importo se rir.

Darcy me liberou do seu aperto, mas deixou um braço em volta do meu ombro.

— Eu só estou brincando com você, Neala Girl. Você sabe disso, certo?

Eu sabia, mas ainda era constrangedor.

— Você veio aqui apenas para falar sobre hoje de manhã? Porque se for isso, você
pode ir se foder.

Darcy balançou com uma risada silenciosa.

— Eu queria ter certeza de que estava tudo bem. Você mal olhou para mim desde
esta manhã o que é estranho, mesmo para você.

Encostei minha cabeça de volta no braço de Darcy e olhei para o teto escuro.

— Eu sei que você não podia evitar, era apenas o seu corpo e não você. Eu sei de
tudo isso, mas ainda assim... me tocou, Darcy.

Darcy pareceu perdido e rapidamente envolveu os dois braços no meu corpo quando
eu tentei me levantar do sofá, mais uma vez. Ele uivava de tanto rir e gritou quando
belisquei sua pele em uma tentativa para me soltar, mas ele não soltou. Segurou-me com
força, e eu odiei ter amado cada segundo disso.

— Sinto muito. — ele chiou com o riso. — Eu vou parar... apenas me dê um segundo.

Ele era um idiota - ele zombava de tudo.

Eu murmurei obscenidades para mim até Darcy acalmar-se, o que demorou pelo
menos três minutos.

— Tudo bem, eu estou bem. — ele disse.

Inclinei a cabeça para trás e olhei à direita, para ele. — Você tem certeza?

Darcy sorriu largamente. — Só não diga que minha ereção te tocou de novo, nesse
tom horrorizado, e eu vou ficar perfeitamente bem.

Revirei os olhos e olhei de novo para o teto. — Você é um idiota. Você sabe disso,
certo?
— Sim.

Eu não consegui evitar, eu ri.

Darcy me cutucou levemente, até que eu olhei para ele.

— Sabe o que isso me lembra?

Fiquei intrigada.

— O quê? — perguntei.

— Quando éramos pequenos, antes do drama que começou entre nós, você
encostava em mim, como você está agora e você ficava feliz assim durante horas. Era como
se você se sentisse segura em meus braços, como se soubesse que eu iria protegê-la de
qualquer coisa.

Eu derreti. — Você podia me proteger de qualquer coisa naquela época, Darcy. Eu


sabia que você iria.

Ele me cutucou. — Eu ainda protegeria.

Engoli em seco e olhei para frente.

O que diabos eu deveria dizer sobre isso?

— Eu não estou jogando conversa mole para cima de você. Eu apenas nunca te
contei que, embora tenhamos ódio um pelo outro, eu ainda sinto muito amor por você.
Mesmo que estejamos na garganta um do outro o tempo todo, você é uma grande parte da
minha vida. Você toma metade dela, para ser honesto.

Eu era metade da vida de Darcy?

— Uau. — eu sussurrei.

Darcy riu. — Profundo, hein?

Eu balancei a cabeça. — Eu não sei o que pensar. Esta é a conversa mais estranha
que eu já tive.

Darcy bufou. — Chama ser civilizado um com o outro.

Fingi estar desgostosa. — Eu não gosto disso.

Darcy fez uma careta para mim e apertou meu lado me fazendo guinchar e rir.
— Você acha que ficar presa aqui junto com você nos mudou? — perguntei
aleatoriamente.

Era uma pergunta que permanecia parte de trás da minha mente desde que Darcy
me contou o que ele fez por mim quando éramos adolescentes.

Darcy pensou por um momento e depois acenou com a cabeça. — Eu acho. Quer
dizer, sim. Olha como estamos diferentes um com o outro e só se passaram alguns dias.
Claro, nós ainda tivemos brigas aqui e ali, mas nós dois estamos vivos, o que diz muito... eu
quero dizer, você ainda se lembra do porquê agimos desse jeito durante todos esses anos?

Essa era uma pergunta séria?

— Sim, eu lembro. Você deu um soco no rosto de Alan Pine por ele me chamar de
namorada e você me expulsou da sua casa e me disse que não queria ser mais meu amigo.
Eu me lembro de tudo sobre esse dia, Darcy.

Darcy piscou para mim. — Você se lembra daquele dia?

Eu balancei a cabeça. — Foi a primeira vez que alguém quebrou meu coração, é
claro que eu me lembro.

Darcy arregalou os olhos quando ele olhou para mim, e eu espelhei sua expressão,
porque eu não quis dizer isso em voz alta.

— Eu quebrei o seu coração? — perguntou Darcy.

Dei de ombros, mas não respondi.

Os dedos de Darcy tocaram meu queixo enquanto ele virou meu rosto na sua
direção.

— Eu quebrei seu coração? — ele repetiu.

Engoli em seco e balancei a cabeça lentamente.

Ele piscou os grandes olhos castanhos e abriu a boca para falar, mas rapidamente
fechou.

Depois de alguns momentos de silêncio eu sorri. — Está tudo bem, foi há muito
tempo.

Darcy franziu a testa para mim. — Não está tudo bem. Eu nunca deveria ter feito
aquilo. Eu nunca quis te machucar. Eu quero dizer, eu queria, mas não a este ponto. Eu só
queria que você se sentisse triste, como eu me senti quando ouvi Alan chamado você de
namorada.

Olhei para Darcy com os olhos arregalados.

Ele pegou a minha expressão e me deu um sorriso triste. — Eu te amava, Neala Girl.
Você era minha melhor amiga. Não de outra pessoa. Minha. Eu não queria ninguém te
chamando de dele ou dela, mesmo quando criança eu me sentia protetor em relação a você.
Eu apenas fiz uma coisa de merda que levou-a para longe, quando eu não deveria ter
feito... é tarde demais para eu pedir desculpas?

Que.Porra.É.Essa?

O que estava acontecendo agora?

Darcy ia pedir desculpas para mim?

Isso era demais para absorver.

— Parece que você está prestes a surtar. — Darcy ponderou.

— Eu estou. — eu respondi.

Darcy riu e me abraçou contra seu corpo quente. — Parece ser a hora da
honestidade. Eu posso nunca ter outra chance como essa, então eu quero que tudo entre
nós fique claro. Ok?

Eu balancei a cabeça.

— Minha honestidade a assusta? — Darcy perguntou.

Assustava-me?

Não.

Emocionava-me

Sim.

— Não, eu só estou um pouco... chocada? Eu realmente não sei. Eu nunca esperei


que você dissesse qualquer coisa como esta para mim, Darcy.

Ele acenou com a cabeça. — Confie em mim, eu nunca planejei isso, mas
simplesmente parece o certo. Eu não sei por que, mas parece.

Eu mordi o interior da minha bochecha, em seguida, disse: — Talvez você tenha


febre de cabana e o isolamento da casa esteja te enlouquecendo.
Darcy olhou para mim e começou a rir.

A tensão que construiu no ambiente sumiu nesse momento, e eu fiquei muito grata
por isso.

— Fale sério. — ele riu e me cutucou.

Limpei a garganta. — Sério?

Darcy assentiu.

— Ok, parece certo. Acho que é porque estamos apenas nós juntos aqui e não temos
as nossas famílias em torno, tentando nos forçar a ser agradáveis. Estamos sendo
amigáveis em nossos próprios termos, que é uma espécie de milagre. Quero dizer, você já
nos imaginou, alguma vez, mesmo remotamente, sendo amigáveis um com o outro?

Darcy sorriu. — Não, mas eu espero que hoje seja o primeiro dia de muitos, nós
somos amigos?

Virei-me no braço de Darcy e levantei uma sobrancelha para ele. — Você está
sugerindo uma trégua indefinida entre nós?

— Seria tão terrível assim? — perguntou Darcy.

Eu pensei sobre isso e só pude chegar a uma resposta.

Eu sorri. — Não.

— Então, sim. — Darcy sorriu. — É isso que eu estou sugerindo.

— Diga. — eu ri.

Ele suspirou de brincadeira. — Neala Clarke, podemos viver o resto das nossas vidas
em paz?

Fingi pensar sobre isso e Darcy me empurrou, me fazendo rir.

— Sim. — eu ri. — Nós podemos ser amigos.

— Amigos. — Darcy assentiu.

Uau.

Fale de uma estranha reviravolta dos acontecimentos, o próprio Papai Noel não
poderia ter previsto isso.

— Então, nós somos amigos... o que vamos fazer agora? — perguntei.


Darcy esmoreceu um pouco e disse: — Eu não tenho nenhuma ideia.

Eu olhei para ele, ao mesmo tempo, ele olhou para mim e nós dois rimos.

— Eu sinto muito, também. — eu disse e o assisti sorrir para mim.

Eu queria explodir de emoção, mas de alguma maneira eu mantive minha calma.

— Nossas mães ficarão tão felizes. — eu disse, divertida.

Darcy bufou. — Eu apostaria dinheiro que vão chorar.

Eu balancei a cabeça em concordância. — Essa é uma vitória fácil, elas vão chorar
por semanas.

Darcy riu. — Irá deliciar nossos irmãos, que não terão que separar as nossas brigas.

Eu sorri. — Eles estavam ficando muito velhos para isso, de qualquer maneira.

Darcy balançou a cabeça, sorrindo. — E os nossos pais? Eu nem acho que eles irão
perceber.

Eu mordo meu lábio. — Eles vão, darão um high five, isso significa que não irão
ouvir sobre nós das nossas mães.

A boca de Darcy se curvou em um sorriso. — Eu acho que toda a cidade se alegrará.


Pássaros vão cantar, as mães vão chorar, aleijados irão caminhar...

Eu o cortei com meu riso.

Ele me abraçou com força. — Tocar meu pau te assusta tanto agora?

Sério?

Ele precisava trazer esse assunto de volta?

— Darcy! — eu gemi e cobri o rosto com ambas as mãos.

Ele gargalhou: — Eu só estou brincando.

— Bem, não. Eu nunca fiquei tão mortificada em toda a minha vida, quanto esta
manhã.

Darcy estava com ambas as sobrancelhas levantadas quando eu olhei para ele.

— Sério? — ele perguntou. — Sentir-me duro foi pior do que voltar a pé, nua, para
casa, da Piscina Elite depois da formatura da escola?

Corei um vermelho escaldante.


— Oh, meu Deus. Aquele dia foi todo tipo de horrível, e você... você causou aquilo!

Darcy fez uma careta. — Aquela brincadeira foi um pouco longe demais.

Rosnei para Darcy, ele foi mais do que um pouco longe.

O incidente horrível, a que ele estava se referindo, foi no dia em que me formei na
escola secundária. Foi um ano após a situação com Trevor. Eu não gostava de beber ou agir
como idiota, então eu colei em alguns caras e meninas da minha turma de
formandos. Todos nós decidimos ir para a piscina local, um dos rapazes na classe tinha as
chaves com ele porque seu pai era um salva-vidas lá. Tínhamos a piscina só para nós, e foi
uma noite brilhante até que Darcy, meu irmão, Justin, e alguns amigos estúpidos de Darcy
apareceram.

Uma vez que vi Darcy na piscina de sunga, eu sabia que tinha que sair. Eu não podia
fazer Darcy sair, porque ele se formou na escola também, então ele tinha tanto direito de
estar lá quanto eu. Eu queria sair porque Darcy provavelmente tentaria me afogar, mas se
eu fosse honesta comigo mesma, a principal razão pela qual eu queria sair era que pela
primeira vez, eu vi Darcy sob uma nova luz, e isso me assustou. Darcy geralmente virava
meu estômago quando o via, mas eu nunca esquecerei o momento em que olhei para Darcy
e senti algo diferente do que desgosto. Ele me fez sentir... quente. Eu coloquei culpa em
ficar chocada, por ver o corpo de Darcy em seu calção de banho. Nós dois faríamos dezoito
anos no verão daquele ano e foi nessa época que Darcy deixou de ser magro, ele começou a
encorpar, e eu notei.

Toda garota notou.

Tentei discretamente sair da piscina, mas nunca era tão fácil com Darcy. O idiota
me seguiu até o vestiário das meninas e enquanto eu estava tomando banho, ele roubou
minhas roupas e maiô. Ele jogou-as na piscina, e morreu de rir quando eu fui para a
piscina enrolada em uma toalha com um olhar furioso em mim.

— Você e Sean me escoltaram todo o caminho de casa e ameaçaram de morte


qualquer um que me olhasse duas vezes. — falei.

Darcy inclinou a cabeça para trás e riu. — Aquele foi um dia ruim. A brincadeira
pareceu uma boa ideia no momento, então eu vi suas pernas intermináveis em uma
pequena toalha. Deus. Eu queria matar todo mundo que olhou para você, até mesmo o seu
irmão que estava dizendo algo, porque ele me agrediu quando descobriu o que eu fiz.
Sorri para mim mesma enquanto perguntei. — Por que você queria bater nas
pessoas que estavam olhando para mim?

Darcy olhou para mim e revirou os olhos. — Você sabe por quê.

Eu realmente não sabia.

— Não, você vai ter que me iluminar...

Ele gemeu: — Você gosta de me torturar, não é?

Eu sorri sadicamente.

— Mulher do diabo. — Darcy rosnou.

Minhas entranhas pularam ao som delicioso.

— Tudo bem. — ele murmurou. — Eu gostava de você. Pronto, falei.

Darcy gostava de mim?

De mim?

Que diabos de amor?

Essa era uma grande novidade para mim. Darcy gostava de mim! Eu pensei que a
estranha atração que se desenvolveu entre nós, ao longo dos últimos dias, fosse
unilateral. Eu pensei que estivesse louca por achá-lo bonito, e me sentir daquele jeito, mas
descobri que ele era tão louco quanto eu, e fiquei feliz demais com isso.

— Passado? Você não gosta mais de mim? — eu perguntei, e depois me encolhi, com
a vermelhidão das minhas bochechas coradas.

Oh, olá ousadia!

Darcy olhou para mim, e ele pareceu tão chocado quanto eu.

O pobre rapaz.

— Eu gosto. — ele disse, em seguida, limpou a garganta. — Você... você gosta de


mim? Gosta de mim naquele sentido?

Se ele me fizesse essa pergunta na semana passada eu teria dito não, embora o
achasse atraente.
Eu nunca coloquei um monte de pensamento nele, porque nós sempre brigávamos,
mas agora, se as borboletas no estômago e ondas de calor quando o via estavam todas ali,
então seria definitivamente um sim.

— Sim... eu gosto de você. — eu admiti.

Eu não podia acreditar que disse isso.

Eu não podia acreditar que era verdade.

— Você está falando sério, Neala? — Darcy perguntou, seu tom áspero. — Porque se
você estiver brincando comigo, não é engraçado.

Ele parecia irritado.

Eu coloquei minha mão em seu braço. — Eu não estou brincando. Eu estou falando
sério.

Darcy olhou para mim, e depois inclinou a cabeça para trás para que pudesse olhar
para o teto.

Eu estabeleci-me de volta contra o seu peito e eu senti um arrepio percorrer meu


corpo com a familiaridade.

— Sabe o que mais isso me lembra? — Darcy murmurou.

Fechei os olhos e sorri.

— O quê?

— O seu décimo quarto aniversário. Você estava com Daryl Maine. Eu sabia que ele
estava a fim de você. Eu disse a ele que você era lésbica, e ele não quis beijá-la por causa
disso. Você bebeu uísque do seu pai porque estava com raiva de mim e ficou bêbada. Eu
tive que ficar com você por algumas horas, até que você ficasse sóbria e eu pudesse levá-la
para casa e ir dormir.

Rompi surpreendentemente em risos. — Na verdade, eu me lembro disso.

Era uma das minhas melhores memórias.

Darcy me deu um pequeno aperto. — Eu levei você até o rio e nós nos sentamos lá
por horas apenas jogando pedras na água, vendo quem conseguia fazer pular mais e nós
não brigamos ou xingamos um ao outro. Esquecemos que nos odiávamos e apenas nos
divertimos juntos. Assim como fazíamos quando éramos pequenos.
Meu coração se encheu e meus olhos lacrimejaram.

— Tenho saudade daqueles tempos. — eu admiti.

Darcy ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Eu também.

Eu me virei e olhei para Darcy, que já estava olhando para mim.

— Diga-me não. — disse Darcy quando abaixou a cabeça na minha direção.

Meu coração acelerou contra o meu peito.

— O quê? — eu sussurrei.

Darcy lambeu os lábios trêmulos. — Diga-me não. Eu vou te beijar, se você não
disser.

Suas advertências caíram em meus ouvidos surdos.

— Darcy, antes de eu responder-lhe, você vai me dizer uma coisa?

Ele piscou. — Sim?

A conversa que tivemos no outro dia estava fixa na minha mente, e eu apenas tinha
que fazer a pergunta que estava me incomodando.

— O que você quis dizer quando falou que eu deveria considerar você me chamando
do oposto de Laura Stokes como um elogio e não um insulto?

Darcy olhou nos meus olhos, os cantos dos olhos enrugaram levemente quando um
sorriso surgiu em seus lábios. — Laura, à sua própria maneira é sexy, mas você... você,
minha Neala Girl, é linda. Qualquer um pode ser sexy, mas nem todo mundo pode ser
bonito.

Oh, meu.

Meu estômago explodiu em borboletas e formigamentos para cima e para baixo na


minha espinha.

— Sim. — eu respirei.

Darcy ingeriu. — Sim, o quê?

— Sim, eu quero que você me beije.

Eu senti o corpo de Darcy tremer enquanto ele abaixou a boca para a minha.
— Não tenha medo. — eu sussurrei, segundos antes dos seus lábios tocarem os
meus.
E u abri todos os meus sentidos para Darcy.

Eu podia senti-lo, saboreá-lo, ouvi-lo, cheirá-lo e vê-lo.

Eu o queria.

Ele todo.

Eu levantei meus braços e deslizei-os sobre os ombros de Darcy até que eu encostei
minhas mãos atrás do seu pescoço. Eu puxei a cabeça mais perto até que nossos rostos
estavam pressionados um contra o outro. Abri a boca e encontrei a língua quente de Darcy
molhada na minha boca. Eu imitava suas ações com a minha boca e língua. Depois de um
longo momento eu mudei as coisas, mordiscando o lábio inferior com os dentes e eu
poderia dizer que ele gostou porque ele rosnou.

Darcy tem rosnado para mim o suficiente ao longo dos anos para que eu pudesse
decifrar se era um bom ou mal rosnado, e este rosnado era bom.

Muito bom.

Eu gemi quando seus braços vieram ao redor da minha cintura e ele me acolheu em
seu colo. Mudei a minha perna esquerda e virei meu corpo até que eu estava montada nele.
Surpreendendo Darcy, acabou não sendo a melhor opção, porque o beijo ficou mais longo e
mais difícil, mas uma dor pulsante cresceu entre as minhas coxas. Eu mudei minhas mãos
em Darcy, para a parte de trás do sofá onde eu o agarrei.

— Neala. — Darcy respirou contra a minha boca.

Ele se afastou da minha boca e beijou ao longo da minha mandíbula até o meu
pescoço. Ele acariciou meu pescoço por um momento e em seguida, beijou o local logo
abaixo da minha orelha fazendo com que eu gemesse contra ele. Eu gemia alto e isso
causou em Darcy um movimento para travar meu pescoço e dar um chupão.

— Darcy! — eu chorei e movi minha pélvis contra a dele.

O que diabos estava acontecendo comigo?

Eu estava agindo como um animal selvagem.

Obtenha um pouco de autocontrole, mulher!

Foi extremamente difícil, porque embora parecesse que eu não conseguia me


controlar, eu tinha que ter Darcy de todas as formas possíveis.

— Neala Girl. — Darcy murmurou em meu pescoço.

Eu gemi em resposta e empurrei meu pescoço em direção a sua boca, fazendo-o rir.

— Você está bem? — ele me perguntou.

Eu me afastei e rosnei para ele: — Se você parar de me tocar, teremos um problema.

Darcy piscou para mim. — Eu nunca vi esse lado em você antes... é sexy pra caralho.

Eu sorri. — Não é lindo?

Darcy estendeu a mão e roçou o polegar sobre meu rosto. — Você está sempre
bonita, mas baby, você está provando que você pode ser sexy, também.

Baby.

Eu gostava disso.

Olhei para Darcy e engoli.

Eu senti como se estivesse flutuando apenas para bater com força no concreto. Este
era Darcy, meu Darcy. Eu o amava há muito tempo e eu o odiei por anos, mas eu também
tive uma atração estranha por ele há anos que foi solidificada em uma queda ao longo dos
últimos dias. Eu nunca percebi isso, mas Darcy era alguém que estava constantemente em
minha mente e vê-lo fez o meu dia ser preenchido com o par de discussões.

Eu acho que tinha uma coisa grave por Darcy.

Merda.

Eu aterrei minha pélvis contra Darcy mais uma vez e desta vez eu senti.
— Neala Girl, não faça isso. Eu não quero incomodá-la, mas isso não faz de mim
mais forte. Eu sei que você e ele estão se animando...

— Eu quero fazer sexo com você. — cortei Darcy.

Darcy recuou e olhou para mim com olhos chocados.

— Neala.

— Não. Não se atreva a arruinar isso e me rejeitar.

Darcy parecia aflito. — Eu não quero estragar isso, confie em mim. Não tem
nada que eu adoraria mais do que explorar cada centímetro de você, mas eu quero
respeitá-la, baby. Eu quero a sua confiança.

Ele estava me matando.

— Darcy, por favor, eu não sou uma menina. Eu tenho 25 anos de idade, e eu só
percebi que eu queria você durante o tempo que me lembro. Eu esperei tempo suficiente
para ter você, não me faça esperar mais um minuto.

Darcy foi dividido entre fazer o que seu corpo queria e o que sua mente estava
dizendo a ele, então eu decidi tornar isso ainda mais difícil para ele. Literalmente.

Levantei-me e estendi a mão para a barra da minha camiseta emprestada e a puxei


para cima do meu corpo, sobre a minha cabeça e a joguei atrás de mim no chão. Eu
empurrei minha calça para baixo e deslizei meus quadris da esquerda para a direita até que
ela se reuniu em uma piscina de tecido em torno dos meus tornozelos. Saí da minha calça e
olhando para cima, quando os olhos de Darcy quase saltaram fora de sua cabeça, quando
eles percorreram meus seios nus.

— Foda-se. — ele sussurrou.

Seu olhar de admiração estimulou o meu momento de bravura.

Abaixei-me e enfiei os dedos sob a borda da boxer que usava e brinquei com ele,
empurrando-o para baixo lentamente, antes de puxá-lo de volta. A respiração de Darcy
tinha acelerado enquanto ele chupava seu lábio inferior em sua boca, quando sorri e
empurrei a boxer por todo o caminho e chutei o tecido para longe dos meus pés. Eu
arrastei meus pés contra o chão até as minhas meias enquanto o material deixava meu
corpo, eu estava diante de Darcy nua como no dia em que nasci.

— Oh, Cristo. — Darcy xingou.


Isso era bom ou ruim?

Foda-se, talvez isso fosse uma ideia terrível.

Eu abri minha boca para me desculpar, mas Darcy me silenciou com o olhar
aquecido e o atirou em minha direção. Ele abaixou os olhos para os meus seios e em
seguida foi baixando mais e mais. Eu estava mortificada e apenas mal pensei em me cobrir
com as minhas mãos. Minha respiração aumentou e meu coração chutou na ultrapassagem
quando Darcy de repente levantou-se do sofá e estava diante de mim.

Ele estendeu a mão e passou o polegar sobre meu mamilo esquerdo e sussurrou algo
para si. Lambi meus lábios e olhei para ele, quando ele deslizou a mão até meu seio e no
meu pescoço, em seguida, segurou meu rosto.

— Você é linda. — ele respirou.

Toda a preocupação e dúvida fugiu do meu corpo com essa única frase.

— Você é perfeita, a minha Neala Girl.

Minha Neala Girl.

Minha.

De repente tive vontade de chorar, mas eu não fiz. Eu estava feliz, tão feliz, que me
senti mais confortável em ficar nua com Darcy, do que eu já fiquei totalmente vestida com
mais ninguém na minha vida.

Eu queria dizer a Darcy para tirar suas roupas, mas eu não podia falar, então eu
estendi a mão e puxei a barra da sua camiseta. Darcy olhou para baixo, em seguida, olhou
de volta para mim com um sorriso no rosto.

— Você tornou impossível para eu ser um cavalheiro e deixá-la com toda essa
responsabilidade.

Senti uma pontada de satisfação me percorrer.

— Nesse caso, você vai ter que rasgá-la em pedaços.

Darcy rosnou: — Não me tente. Eu quero ser gentil com você.

Gentil?

Não é o caso.

— Tudo bem, você vai ser gentil comigo e eu vou ser dura com você.
Segurei a bainha da sua camiseta e puxei-a para sair do seu corpo. Deixei-o no
ponto, até que Darcy levantou os braços, mas não podia ver, porque a camisa estava
amontoada em seu rosto. Estendi a mão e passei as mãos no peito e sobre os sexys
gominhos que eu babei no dia anterior.

Seu abdômen era tão duro quanto eu pensei que eles seriam.

Mergulhei meus dedos para baixo da tentadora linha V, mas me afastei quando
Darcy rosnou e começou a tirar a camisa por cima da cabeça. Antes que ele pudesse me
parar, mergulhei minha cabeça em seu peito e serpenteei minha língua para fora e circulei
seu mamilo esquerdo.

— Porra! — Darcy vaiou ao mesmo tempo em que o ruído de sua camiseta bateu no
chão.

Coloquei minhas mãos em seus quadris e apertei em advertência para ele não parar
de me tocar. Parei a minha língua em um mamilo indo para o outro e lambi e chupei até
que a respiração de Darcy pegou um ritmo ainda mais rápido. Eu dobrei meus joelhos
enquanto perdia a minha língua para baixo de seu peito e em seu abdômen.

— Não faça isso comigo, por favor. — implorou Darcy.

Eu afundei de joelhos diante dele e sorri quando ele começou a recitar orações de
Ave Maria e Pai Nosso.

— O próprio Jesus não poderia me parar neste momento Darcy.

Darcy olhou para mim com olhos cobertos. — Eu não quero que você faça qualquer
coisa que você vai se arrepender... eu não quero que você acorde de manhã e perceba que
cometeu um erro e volte a me odiar novamente.

Meu coração ficou magoado com as palavras de Darcy.

Eu me levantei e coloquei minhas mãos no rosto de Darcy. — Eu não vou... hey, eu


não vou me arrepender de estar com você. A única coisa que eu lamento é todo o tempo
perdido que poderia ter ficado com você.

As sobrancelhas de Darcy saltaram. — Você quer que estejamos... juntos?

Devia ter dito isso?

Engoli em seco. — Eu não sei. Talvez? Eu sei que estamos pulando etapas aqui,
fazendo trocadilhos, mas eu preciso de você. Eu acho que uma vez que eu tenha você, será
essa necessidade incessante de ter você em meu sistema e aí poderemos começar a ficar
juntos, a conhecer um ao outro em um nível romântico. Quer dizer, se você quiser.

Darcy levantou a mão para o meu rosto e acariciou-o suavemente antes que ele
colocasse a mão no meu cabelo e puxasse-o.

— Uma vez que eu tiver você, nenhuma quantidade de vezes juntos vai me tirar do
seu sistema. Você vai me implorar, Neala Girl.

Oh, merda.

— Eu espero que você tenha as habilidades para fazer backup do que essa sua
grande boca disse, Hart.

Darcy sorriu e soltou meu cabelo. — Você logo vai descobrir, Clarke.

Eu recuei e Darcy sorriu. — Vá em frente, eu tenho que dar-lhe cinco segundos de


partida.

Cinco segundos?

Para quê? Correr?

— Quatro... Três...

Eu gritei, então virei e saí correndo para fora da sala e pelo corredor na direção do
quarto de Darcy. Eu tive que parar quando o medo de cair me atingiu. Não havia velas
acesas no corredor e eu não conseguia ver nada.

— Eu não posso ver! — eu gritei.

Eu gritei de susto quando senti uma mão tocar meu quadril.

— Eu não vou deixar você cair. — ele murmurou no meu ouvido quando ele
pressionou sua frente nas minhas costas.

Minhas entranhas tremeram e começaram a suar com antecipação.

Darcy me cutucou para frente até que eu comecei a andar. Eu não sei como ele
poderia ver se tudo era negro, mas ele podia porque ele estava guiando meus
passos. Engoli em seco quando Darcy atingiu em torno de mim e abriu a porta de seu
quarto à minha esquerda. Luz tênue das velas, estava iluminando o resto do caminho e
vendo sua cama parei meus passos.
— O que está errado? — Darcy perguntou quando ele carinhosamente beijou meu
pescoço.

Engoli em seco. — Estou prestes a perder minha virgindade... eu estou com um


pouco de medo.

Os lábios de Darcy congelaram no meu pescoço.

Eu estava momentaneamente preocupada de ter dito a coisa errada, mas ele me


virou para ele, se inclinou e pressionou sua testa na minha. — Eu vou cuidar de você. Você
sabe que eu vou... não é?

Eu fiz que sim, eu sabia que ele não iria me machucar intencionalmente.

— Eu sei... ainda é um pouco assustador. Eu sei que na primeira vez dói e eu sou
uma covarde quando se trata de dor. E se eu chorar e estragar todo o processo?

Darcy caiu na gargalhada. — Sexo não é um processo? É um ato de prazer épico


entre duas pessoas e você está pensando demais sobre isso.

Eu coloquei minhas mãos em seu peito e empurrei-o de brincadeira antes que eu me


inclinasse para ele e descansasse minha cabeça contra seu peito.

— Eu tenho medo de não ser épico. — eu admiti.

Darcy ficou tenso. — Você acha que eu posso fazer isso não ser ótimo para você?

Oh, merda.

— Eu não estava duvidando das suas habilidades, eu estava duvidando das minhas.
E se eu for uma porcaria e você preferir morrer do que continuar?

Darcy vibrou com uma risada silenciosa, então eu empurrei-o com força.

— Estou falando sério!

Darcy continuou a rir e isso me incomodou, por isso virei e me afastei dele. Eu me
arrastei para os pés de sua cama e assim fiz meu caminho até Darcy colocar suas mãos nas
minhas costas com pressão e me segurar. Eu estava chateada até ele me deitar na cama
onde deitei com a mão no meu estômago e Darcy passou as mãos pelas minhas costas e
sobre a minha bunda onde ele apertou forte.

— Darcy! — engoli em seco.


Ele riu e deslizou as mãos pelas minhas coxas até os tornozelos e fiz um backup
novamente. Quando ele veio para os meus quadris, me segurou com força e me virou. Eu
estava de costas, olhando para o teto. Eu ampliei meus olhos quando Darcy colocou as
mãos sobre os joelhos e espalhou minhas pernas.

— Você tem uma boceta tão bonita, baby... e você está tão molhada. — Darcy rosnou.

Oh. Meu. Deus.

Bati minhas pernas fechadas com som alto.

— Eu não acredito que você acabou de dizer isso!

Eu gritei e cobri o rosto com as mãos.

Meu corpo estava inundado com mortificação.

Eu não queria estar envergonhada, eu queria parar e me deliciar com as palavras de


Darcy, mas eu não podia.

Foi tão... sujo.

Darcy gemeu e mordeu de leve minha coxa exterior antes que ele dissesse: — Neala
Girl, sua inocência está me matando.

Eu mantive minhas mãos sobre meu rosto. — Não diga coisas como essa para mim
senão eu vou me transformar em um tomate. Deus!

Darcy gargalhou: — Você é brilhante.

Eu queria socá-lo por rir de mim, mas eu me recusei a mover minhas mãos do meu
rosto.

— Você vai olhar para mim enquanto eu te provo, pela primeira vez? — Darcy
perguntou com sua voz baixa e rouca.

Eu odiava que eu era tão ingênua, porque eu não tinha ideia do que ele queria dizer.

— O que você vai fazer? — eu perguntei quando o meu corpo começou a tremer.

— Mova suas mãos longe do seu rosto e eu vou mostrar-lhe exatamente o que quero
dizer.

Estremeci, e foi contra todas as fibras do meu corpo. Tirei minhas mãos do meu
rosto e olhei para baixo.
Eu olhei para baixo enquanto Darcy lambia os lábios e com as mãos acariciava os
meus joelhos. Eu olhei para as minhas pernas e me encolhi, elas estavam mais presas e
apertadas do que o Fort Knox9. Eu soltei a tensão em ambas as pernas e deixei Darcy as
afastar. Eu me concentrei na minha respiração quando ele se deitou de bruços e teve seu
rosto no mesmo nível da vagina.

Exposto ao nível da vagina.

— Oh meu Deus. — eu murmurei.

Darcy olhou para mim e depois voltou para a minha vagina quando ele levemente
soprou em mim.

Eu chiei: — Darcy.

Ele cantarolou. — Você é depilada.

Engoli em seco. — Eu faço depilação com cera.

Encarando o que foi uma preferência pessoal para mim, eu não gostava de pelos em
qualquer lugar do meu corpo, exceto na minha cabeça.

— Eu gosto assim. — Darcy murmurou, então se inclinou para frente e deu um leve
beijo contra o topo da minha fenda antes de arrastar a língua para baixo sobre meus lábios.

— Não tenha medo, baby. Você vai aproveitar isso, confie em mim.

Eu confiava nele.

— Você está pronta? — ele perguntou.

Eu balancei a cabeça.

— Olhos em mim. Olhe o que eu faço com você.

Eu balancei a cabeça de novo.

Eu assisti como Darcy enfiou os braços sob as minhas pernas e colocou as mãos
espalhadas na meu quadril. Senti o movimento abrir meus lábios totalmente e afastar para
revelar a parte mais íntima do meu corpo. Darcy aplicou pressão nos meus quadris e me

9
Fort Knox é uma pequena cidade americana e base do Exército dos Estados Unidos, localizada no estado de
Kentucky, ao longo do rio Ohio. Ela abriga importantes unidades de treinamento e comando de recrutamento do
exército, o Museu George S.
segurou no lugar. Eu não sabia o motivo, pois eu não estava vendo ele se mover, mesmo
que eu quisesse. Eu estava congelada.

Eu ampliei meus olhos quando Darcy empurrou minhas pernas abertas tão largas
quanto elas iriam com os ombros. Ele manteve os olhos fixos nos meus quando ele abaixou
a cabeça e serpenteou a língua para fora. Ele colocou sua língua em mim e lambeu da
minha entrada para o meu clitóris.

Oh, merda.

Engoli em seco e contrai-me contra a boca de Darcy, mas a metade inferior do meu
corpo não se mexeu porque Darcy estava segurando apertado. Olhei para Darcy quando ele
rosnou.

— Tão doce. — disse ele antes de colocar a língua em mim.

Desta vez não foi uma longa lambida, foi um assalto de sua língua no meu
clitóris. Eu queria pular para fora da cama com as incríveis novas sensações que sacudiam
todo o meu corpo. Eu ter me tocado antes me trouxe grande prazer, mas a língua de Darcy
era tão melhor do que os meus dedos. Abaixei a cabeça enterrando minhas mãos no cabelo
de Darcy e puxando-o. Ele sussurrou contra mim e beliscou meu clitóris com os dentes em
resposta ao seu cabelo puxado.

Eu gritei com a sensação inesperada de dor misturada ao prazer e empurrei minha


cabeça para trás no colchão. Olhei para o teto atenta aos movimentos dele. Eu tentei
pensar em tudo e qualquer coisa, exceto no que a língua de Darcy estava fazendo para mim
e como ele me fez querer rosnar de satisfação. Alguma chance de distração falhou, porque
uma coisa que eu não pude escapar foi a sensação da boca de Darcy em mim e no que sua
boca estava fazendo para o meu corpo.

Lambi meus lábios e gemi quando os choques agudos de prazer vieram do meu
clitóris. Empurrei minha pélvis para o rosto de Darcy, ele respondeu chupando meu
clitóris em sua boca e balançando a cabeça da esquerda e para a direita. Prendi a
respiração por um momento, mas quando os pulsos quentes de prazer se tornaram demais,
eu rastejei na cama longe da língua de Darcy.

— Demais! — eu gritei. — Ah, é demais!

Darcy ignorou meus gritos e se abateu sobre o meu clitóris e lambeu e chupou o
feixe de nervos até o meu quadril involuntário contrair contra seu rosto e as costas
arquearem. Eu gemi de prazer quando eu agarrei os lençóis da cama em minhas mãos. A
propagação do fogo no meu clitóris indo para baixo pelas minhas coxas e em linha reta até
a parte inferior do estômago foram uma explosão de alegria que tomou conta de mim.

Minha boca estava aberta, minha respiração parou e meus olhos foram espremidos
bem fechados.

Eu senti Darcy mover a boca para longe de mim e quando ele pulou da cama, andou
em direção de sua cômoda. Ouvi-o abrir o armário e em seguida, o som de algo sendo
rasgado.

Eu sabia que era um pacote de preservativo sem abrir os olhos.

Eu estava tão nervosa, mas meu corpo ainda cantarolava com os pequenos tremores
de prazer, então eu fiquei muito gelada enquanto eu estava deitada na cama de Darcy. Ouvi
o som sibilante do tecido bater no chão e em seguida, um rangido de Darcy subindo de
volta para a cama.

Abri meus olhos quando ele passou a mão até minhas coxas e parou entre elas. Ele
estendeu a mão e tocou-me com o polegar contra o meu clitóris muito sensível e eu
gritei. Ele escolheu esse momento para alinhar-se contra mim, ele estava com a cabeça de
seu pênis esfregando contra o meu clitóris. Eu rebolava e gemia.

— Neala. — Darcy sussurrou.

Eu abri meus olhos e no momento em que fiz contato visual com Darcy, ele
empurrou para frente. Mordi o lábio com o desconforto. Olhei para baixo e mesmo que
houvesse iluminação mínima no quarto eu vi que ele não estava totalmente dentro de mim.

Oh, Cristo.

Olhei para cima para Darcy e lancei meus lábios, mas no momento ele puxou a
cabeça de seu pênis para fora de mim e empurrou para frente novamente com um pouco
mais de força, foi quando eu fechei os olhos e a dor explodiu dentro de mim.

— Ai. — eu gemi e agarrei os lençóis da cama na minha mão.

Darcy acalmou. — Abra os olhos, menina bonita.

Abri os olhos e fiquei surpresa quando caíram lágrimas deles, correndo pelas
minhas têmporas e na minha testa. Darcy se inclinou e beijou sobre minhas lágrimas e
depois roçou os lábios nos meus olhos.
— Você é incrível. — ele respirou.

Eu engoli meus soluços.

— Você é grande. — eu respondi, sem fôlego.

Darcy sorriu para mim por um momento antes dele se inclinar e me beijar. Foi
durante nosso beijo que ele saiu de mim e empurrou para dentro. Ele foi gentil, mas
parecia que ele estava cortando dentro de mim, pois as paredes ao redor dele eram picadas
com a intromissão. Eu me concentrei na minha respiração e no beijo de Darcy. Deixei-me
ficar perdida nele e quando ele saiu de mim e empurrou para frente mais uma vez eu não
senti dor, eu me senti bem, senti algo... bom.

Eu abri meus olhos quando Darcy quebrou o nosso beijo. Olhei para os nossos
corpos ligados e o estômago perfeitamente trabalhado de Darcy foi a primeira coisa que eu
vi. Olhei para baixo e engoli.

Ele estava realmente dentro de mim.

— Oh, meu Deus. — eu respirei e tive cuidado para não mover um músculo dentro
de mim.

Darcy descansou nos cotovelos enquanto ele pairava sobre mim.

— Olhe para mim. — disse ele.

Eu olhei para ele e quando meus olhos fizeram contato com os dele, eu comecei a
relaxar.

— É isso baby, relaxe. Você está bem. Confie em mim.

Eu respirei. — Eu estou relaxando.

Eu realmente estava.

Darcy lambeu os lábios e em seguida, se inclinou e me beijou novamente. Levantei


minhas mãos para seus bíceps, deslizei minhas mãos por seus braços, até o pescoço e
enterrarei em seu cabelo espesso. Puxei meus dedos atados em seus cabelos, enquanto
aprofundávamos o nosso beijo.

Eu relaxei minhas pernas e fiquei apenas um pouco tensa quando Darcy puxou
lentamente para fora de mim e com confiança ele foi lento para dentro novamente e foi
muito gentil. Ajudou a aliviar a sensação que ele me alongava. Com cada impulso, eu
comecei a sentir pequenos tremores de prazer e eu me senti muito melhor por causa
dele. A dor foi embora. Eu tinha passado pelo pior.

Graças a Deus.

Darcy definiu um ritmo lento e constante por alguns minutos enquanto empurrava
suavemente dentro e fora do meu corpo até que eu gemia. Ouvia o grunhido de Darcy
quando ele sempre tão ligeiramente empurrava para dentro de mim acelerando.

Eu quebrei o beijo de Darcy e nós compartilhamos o olhar quando ele empurrou


para o meu corpo duro e um arrepio de pura satisfação correu em volta do meu núcleo.

O que é que foi isso?

— Foda-se. — eu respirei.

Darcy pressionou sua testa na minha. — Você está incomodada? — ele perguntou. —
Eu vou parar se você estiver.

O diabo que ele ia parar.

— O oposto. — eu gemi e levei meus quadris empurrando para baixo em direção a


Darcy, o que o levou a gemer de prazer quando deslizou totalmente para dentro de mim.

— Jesus, Neala. — disse ele e moveu sua boca na minha bochecha onde ele mordeu.

Não doeu nada.

Darcy moveu sua boca para o meu pescoço.

Ele beijou, lambeu e chupou-me enquanto ele empurrou mais duro no meu corpo.

Cada impulso causado era um tapa, com a nossa pele batendo junta, o som ecoava
no quarto seguido por nossos grunhidos e gemidos mistos. Meu corpo estava em chamas e
eu sentia que precisava de Darcy se inclinando em cima de mim, então eu corajosamente
perguntei: — Posso montar você?

Darcy parou seus movimentos e isso fez meu interior se contrair com sua
desaprovação.

— Você quer estar por cima? — ele perguntou.

Eu balancei a cabeça.
Eu gritei quando Darcy segurou na minha cintura e rolou seu corpo sob o meu, e me
puxou para cima dele. Engoli em seco quando eu sentei e olhei para baixo. Eu estava
encarando Darcy e ele ainda estava dentro de mim.

— Como diabos você fez isso? — eu perguntei em choque.

Darcy não respondeu e ao invés disso, ele colocou as mãos na minha cintura e rolou
seus quadris para cima fazendo com que os olhos à deriva fechassem. Abri os olhos em
seguida, coloquei minhas mãos em seu ombro e olhei para ele.

— Para cima e para baixo, baby. — Darcy incentivava e assobiava enquanto eu fazia
o que ele pedia. Ele contrariou seus quadris para cima quando eu afundei em cima dele e
rosnou: — Só assim.

Eu repeti a ação do movimento para cima e para baixo até que eu caí em um salto
rítmico lento e constante. Cada impulso de Darcy fez como se eu estivesse afundado em
cima dele. Inclinei minha cabeça para trás e arqueei as costas quando meus músculos
internos estavam contraídos em torno dele.

Ele gemeu, estendeu as mãos e apalpou os meus seios beliscando meus mamilos. Eu
chiei e olhei para ele rosnando quando ele sorriu para mim.

— Você é uma porra sexy, baby.

Eu amei os elogios que ele deu, cada um deles fazia eu me sentir mais confiante do
que o último.

Eu me abati sobre ele e contrai os meus músculos internos em torno dele mais uma
vez e vi como seu rosto se iluminou com prazer. Eu adorava que eu estivesse o fazendo se
sentir bem. E eu adorava que ele estava fazendo me sentir bem.

— Neala Girl. — ele gemeu. — Eu não vou durar muito.

Eu ronronei de prazer, pois era eu a causa dele estar prestes a perder o controle.

Eu peguei o meu ritmo e montei-o mais rápido. Ele enrolou as mãos em torno dos
meus braços e me apertou cada vez que eu apertei-o com os meus músculos internos.

— Porra! — ele gritou.

Abastecido por seus gritos eu cai sobre ele mais e mais rápido até que seu corpo
empurrou para dentro de mim em alta velocidade em busca de seu lançamento. Quando
ele gozou, todo o corpo de Darcy ficou tenso, enquanto ele tinha seus quadris empurrando
contra mim em jorros rápidos.

Meu corpo inteiro estava corado de prazer quando eu olhei para o corpo de
Darcy. Eu queria repetir o que acabamos de fazer uma e outra vez, mas eu não era
gananciosa. Eu não estava esperando um orgasmo durante a minha primeira experiência
sexual, mas eu tive e isso foi o suficiente para mim. Eu não teria me importado se eu nunca
tivesse, porque era com Darcy. Isso tornou ainda mais perfeito para mim.

Darcy estava certo, foi um épico ato de prazer.

— Neala... Cristo. — Darcy respirou depois de alguns instantes.

Ele abriu os olhos e olhou para mim como se eu fosse uma deusa e isso me fez sentir
incrivelmente bela.

— Isso foi incrível, você é incrível. Só... nossa. — disse Darcy quando ele lambeu os
lábios.

Inclinei-me e pressionei meus lábios contra os dele. — Foi perfeito. — eu respirei em


seguida, rolei de cima dele sibilando um pouco enquanto ele deslizava do meu corpo.

Eu estava ao lado do corpo ofegante de Darcy por alguns minutos apenas


deleitando-me com o que aconteceu. Eu não podia acreditar que eu tinha feito sexo. Eu não
podia acreditar que eu tinha tido relações sexuais com Darcy.

— Oh, meu Deus. — eu sussurrei.

Darcy estava ocupado removendo o preservativo. Ele se inclinou, atirando-o ao lado


de sua cama, então ele virou de lado para me encarar. Colocou a mão na minha barriga e
inclinou seu cotovelo para apoiar o queixo a palma da mão.

— Você está deslumbrante. — disse Darcy sorrindo para mim.

Sorri de volta. — Eu me sinto incrível.

Darcy olhou para baixo e em seguida, voltou-se para mim. — Alguma dor? — ele
perguntou.

Eu balancei minha cabeça.

— Isso é bom. — ele sorriu. — Há um pouco de sangue nos lençóis abaixo de você e
um pouco sobre você e eu, mas é completamente normal, então não se preocupe. Tudo
bem?
Eu balancei a cabeça e olhei para baixo.

Eu estava esperando uma grande quantidade de sangue, mas não havia muito para
que eu me preocupasse com isso. Eu deveria me sentir envergonhada e querer fazer algo
como correr para o banheiro e me limpar, mas eu estava contente e feliz.

Eu só não me importei.

Virei-me para Darcy e empurrei-o de costas e montei nele novamente.

Suas mãos foram para os meus quadris e ele sorriu. — Mais uma vez? — ele
perguntou.

Eu balancei a cabeça.

— Você estava certo. — eu sorri. — Uma vez com você não será o suficiente.

Inclinei-me e cobri minha boca com a de Darcy e me perdi nele mais uma vez.
A cordei com batidas.

Não qualquer tipo de barulho. Quero dizer, como algo ou alguém batendo forte na
minha casa - minha porta da frente para ser exato. Isso era impossível, porque a minha
entrada estava bloqueada com neve.

Quando tudo ficou em silêncio, eu achei que tivesse ouvindo coisas. Mas eu esqueci
esse pensamento quando ouvi meu nome sendo chamado por uma voz familiar.

Que diabos?

Abri os olhos e fiz um movimento para sentar-me, mas o peso no meu peito e torso
dificultou.

Peso?

Olhei para baixo e pisquei os olhos.

Neala.

Ela estava deitada em cima de mim... nua.

Extremamente nua.

Os acontecimentos de ontem à noite voltaram à minha mente, e isso me levou a


arregalar meus olhos. Neala e eu bebemos um pouco de vinho, fizemos as pazes e demos
trégua às nossas guerras... depois fizemos sexo.

Sexo incrível.

— Foda-se. — eu sussurrei.

Eu estava tão ferrado.

Eu não podia acreditar que eu tinha tido relações sexuais com ela. Duas vezes.
Eu queria muito, Deus, eu realmente queria muito, mas agora que eu estou
pensando com a cabeça sobre meus ombros não parecia ser uma ideia tão boa. Isso
realmente parece ser a pior coisa que poderia ter acontecido a qualquer um de nós, porque
quando Neala acordasse a merda ia bater no ventilador.

Tinha que ser culpa da bebida que as coisas entre nós aconteceram rapidamente.

De jeito nenhum ela estaria disposta a querer transar comigo logo depois de
fazermos as pazes. Nós odiamos um ao outro por duas décadas, e nós éramos ambos tolos
se pensássemos que uma noite na cama poderia fazer-nos esquecer disso.

Coloquei a minha cabeça de volta no meu travesseiro e fechei os olhos.

O que diabos eu estava pensando?

Eu não tinha a intenção que o sexo acontecesse entre nós. Se alguém pressionou, foi
Neala, mas eu estaria mentindo se eu dissesse que não a desejei. Eu não sabia, até ontem à
noite, que muito do meu ódio por ela, era simplesmente o meu desejo do que eu não podia
ter.

Bem, eu a tive, e simplesmente não pareceu suficiente.

Eu a queria de novo, e de novo, e de novo.

Pensei em todas as vezes que eu acidentalmente me peguei pensando nela de uma


forma sexual, ou sonhando com ela de uma forma sexual, então, nas vezes em que eu
poderia ter matado os homens que olhavam muito para ela. Talvez ela
realmente fosse apenas um caso de desejar o fruto proibido - ela era irmã do meu amigo e,
além disso, minha arqui-inimiga... mas se fosse esse o caso, então por que eu gosto tanto
de tê-la em meus braços?

Eu olhei para a sua forma adormecida e suspirei.

Eu gostava dela, e não apenas de uma forma sexual também.

Eu gostava dela.

Merda.

Isto só vai acabar com a minha cabeça e coração machucados.

Neala provavelmente estava bêbada, após os poucos goles de vinho que tomou,
mesmo que ela parecesse bem, e só queria sexo, onde achei que só queria sexo com ela.

Essa era a diferença - eu não queria qualquer uma... eu a queria.


— Porra... eu a quero. — eu murmurei para mim e levantei a mão livre para o meu
rosto e esfreguei os olhos.

Jesus.

Quando o inferno fez todo o meu ódio de repente se transformar em desejo e


gostar da Neala?

Eu estava com raiva de mim.

Eu senti como se minha cabeça, todo o meu corpo, pesassem uma tonelada.

O que eu faria?

Neala não se sentiria do mesmo jeito, eu sabia que ela ia explodir em um acesso de
raiva quando percebesse o que aconteceu entre nós. Ela iria me culpar por enganá-la para
tirar a sua virgindade, e então ela iria convencer-se que isto foi um jogo doentio meu com
ela.Isso iria machucá-la. Isso iria realmente machucá-la, se ela acreditasse que essa foi
minha intenção.

Mesmo se eu me explicasse e fosse verdadeiro com a explicação que o aconteceu


entre nós foi real, ou real para mim, ela não me ouviria. Ela se convenceria, e se colocaria
contra mim. Ela sempre fazia isso.

Eu estava fodido.

— Darcy?

Estreitei os olhos e olhei para baixo, para Neala, mas ela ainda estava dormindo,
então ela não poderia ter dito o meu nome.

Quem diabos falou?

Retirei-me com muito cuidado do lado de Neala. Peguei o travesseiro de trás da


minha cabeça e coloquei em seus braços para que ela ainda tivesse algo para agarrar. Ela
resmungou o meu nome em seu sono, e isso me fez congelar.

Ela estava sonhando comigo?

Eu tirei o pensamento da minha cabeça quando eu ouvi o barulho de batidas vindas


de fora de novo, e mais do que uma voz dessa vez. Eu deslizei cuidadosamente para fora da
minha cama quando eu tive certeza que Neala não acordou. Peguei uma boxer do fundo da
gaveta da minha cômoda e vesti. Na ponta dos pés fiz meu caminho até a porta do quarto,
abri gentilmente, então saí para o corredor, fechando-a atrás de mim.
— Darcy? Companheiro, você está aí?

— É claro que ele está lá dentro besta, eles estão presos.

Eu encontrei-me sorrindo quando as vozes de Sean e Justin discutindo puderam ser


ouvidas claras como o dia. Fui até a minha porta da frente e bati nela duas vezes.

— Eu estou aqui. — eu gritei.

Ouvi tanto o meu irmão e Sean comemorar, o que me fez rir.

— Eu te disse que ela não iria matá-lo, pode me pagar. — a voz de Justin declarou
alegremente.

Eles apostaram minha vida?

— Poderia ter sido de outra forma, seu idiota. Aqui. — Sean grunhiu em resposta.

Eram ambos idiotas.

— Vocês dois são uma coisa, sabem disso? — eu gritei.

— Sim, nós sabemos. — eles responderam em uníssono, depois riram.

Eu sorri e balancei a cabeça.

Eu coloquei minha mão na maçaneta da porta e pressionei-a para baixo. Com um


pequeno puxão a porta abriu e uma boa quantidade de neve caiu no meu corredor. Eu pisei
e gritei quando pulei para trás.

— Porra, isso está frio. — eu assobiei.

Olhei para cima, para um Justin sorrindo e um Sean passivo.

O que havia com eles?

— O quê? — eu disse.

Justin coçou a parte de trás da sua cabeça e sorriu completamente para mim,
enquanto Sean olhou.

— Sério, o quê?

Justin acenou com a cabeça para o meu peito, então eu olhei para baixo para ver
qual o grande negócio. Quando vi o que tinha feito os rapazes agirem estranhamente, eu
fiquei tenso e instantaneamente levantei as minhas mãos quando eu olhei de novo para
Sean.
— Sean... companheiro...

Sean sacudiu a cabeça. — Ela tem vinte e cinco anos, eu não posso dizer nada, mas
porra, cara... ela é minha irmã mais nova.

Eu olhei de volta para o meu peito e nos grandes arranhões vermelhos no meu peito,
que Neala causou durante a segunda e última rodada de sexo da noite e decidi mostrar as
minhas costas, porque doía dez vezes mais do que o meu peito. Prendi a respiração e virei-
me para mostrar minhas costas para os rapazes.

— Oh, pelo amor de... foda-se! — Sean rosnou.

Eu virei para trás e fiz uma careta. — Se serve de consolo, arde muito.

Sean resmungou: — Bom. Eu estou feliz por doer, seu filho da puta.

Olhei para baixo e não pude deixar de sorrir.

Quando olhei de novo para Sean ele estava me encarando. — Onde ela está?

Indiquei com o meu polegar, sobre meu ombro. — Quarto. — tanto o meu irmão,
quanto Sean, balançaram a cabeça.

— Eu não posso acreditar nisso. Vocês realmente transaram? — Justin perguntou.

Sean parecia que estava prestes a gritar ou passar mal.

Possivelmente ambos.

Eu gemi. — O que aconteceu com Feliz Natal?

— Feliz Natal. — ambos disseram, então Justin repetiu: — Vocês transaram?

Eu corei ligeiramente, depois ri em resposta, junto com um encolher de ombros.

— Este é o pior Natal de todos. — Sean resmungou.

Eu momentaneamente me senti mal por ele - ele sabia que eu tinha tido relações
sexuais com sua irmã mais nova. Isso deve ser uma coisa horrível de se ouvir. Fiquei
impressionado com a sua compostura, porém, Neala era tudo para Sean, então eu imaginei
o quanto de calma ele usou para se impedir de me bater pra cacete.

Eu ri de Sean e fiz um gesto para dentro de casa. — Estranhezas à parte, obrigada


por retirar a neve. Eu tentei fazer isso há dois dias e o túnel improvisado de merda que eu
fiz desabou sobre mim.
Justin arregalou os olhos quando olhou para Sean, em seguida, de volta para
mim. — Caramba. Você machucou?

Eu resmunguei: — Só estou bem porque Neala me puxou para dentro.

Tanto Sean e Justin olharam um para o outro e depois de um momento ambos


caíram na gargalhada.

Filhos da mãe.

— Sim, sim. Podem rir. Eu estava perto de desmaiar, porque eu não conseguia
respirar.

Isso deu uma parada em ambos os risos de hiena.

— Porra. — Justin murmurou.

Sean assentiu com a cabeça. — Fico feliz que você esteja bem, cara, mas eu estou
meio que feliz que você quase morreu. Isso me faz sentir melhor sobre você e Neala... você
sabe.

Sim, eu sabia.

— Saúde, companheiros. — eu ri.

Eu olhei para o céu e sorri. — Eu nunca pensei que eu ficaria tão feliz em ver o céu.
Eu não acho que teria durado muito mais tempo lá dentro. A força acabou há três dias.

Justin olhou para mim, com o rosto congelado. — Vocês podiam comer comida?

Eu balancei minha cabeça. — Meu fogão é elétrico, então tivemos que comer feijão e
merda, porque tudo o que eu comprei precisava ser cozido. Estou duzentos dólares mais
pobre essa semana, já que toda minha comida na geladeira está estragada, então eu terei
que comprar tudo fresco.

Justin passou a mão pelo cabelo, enquanto Sean olhou para a pá que estava na sua
mão e a girava.

Estranho.

— Todo mundo foi afetado como nós? — perguntei a Justin que parecia perplexo. —
Você disse que estava nevando muito quando eu liguei no outro dia.
Ele mordeu o lábio inferior. — Sim, cara, mas não foi tão ruim quanto para você e
Neala. Todo mundo ajudou todo mundo no bairro, mas foi... difícil para chegar aqui com
as estradas tão ruins.

Eu balancei a cabeça em compreensão.

— Sim, eu aposto que estavam ruins... mas está bem agora?

Tanto Sean e Justin assentiram com a cabeça.

Eles me lembraram robôs momentaneamente.

— Sim. — disse Sean. — O conselho limpou as estradas, então estão mais fáceis de
dirigir agora.

Essa era uma boa notícia.

Eu estava prestes a dizer isso para o meu irmão e Sean, mas eu hesitei quando
peguei ambos trocando olhares. Olhei para mim para me certificar de que não estava com
uma ereção, mas quando vi que estava livre de uma, eu olhei de novo para os rapazes.

— O que há de errado com vocês dois?

Sean mordeu a bochecha interior. — Nada, cara. Eu só estou querendo saber como
você não está com frio. Eu estou congelando minha bunda aqui e estou completamente
vestido. Você está de cueca e nem sequer está tremendo.

Isso era verdade, eu não estava tocando na neve, mas a brisa gelada nem parecia me
incomodar.

— Sua brincadeira na cama de manhã, provavelmente, ainda o mantém aquecido. —


Justin brincou.

Eu estava prestes a corrigi-lo, mas eu deixei seu comentário besta quando Sean foi
para cima dele com sua pá levantada.

— Eu estou brincando! — Justin gritou e caiu para trás em uma enorme pilha de
neve.

Comecei a rir e Sean também.

— Não faça piadas sobre sexo quando envolve minha irmã mais nova, nunca.

Justin gemeu quando se levantou e limpou a neve das suas roupas. — Entendido.
Eu levantei minhas mãos e balancei a cabeça para Sean para que ele soubesse que
eu recebi o recado. Quer dizer, se ele foi para cima de Justin e ameaçou-o com uma pá por
uma piada sobre sexo com Neala, eu odiaria pensar no que ele faria comigo se eu o irritasse
por realmente ter feito sexo com ela.

Isso não acabaria bem para mim - certeza.

Olhei para trás e quando eu vi que a porta do quarto ainda estava fechada, fiz um
gesto para os rapazes entrarem em minha casa.

— Entre, ela ainda está apagada. — eu disse.

Fui para a minha sala e abri a porta.

Sorri quando a luz encheu a sala, em vez da escuridão.

— Eu tirei a maior parte da neve e empurrei-a para longe do vidro - eu tinha


esperança de assustá-lo, se você estivesse aqui. — disse Justin atrás de mim.

Entrei na minha sala de estar e ri. — Parabéns por isso, idiota.

Os rapazes congelaram quando entraram na sala de estar.

— Você realmente terminou de decorar? — Justin perguntou, mais do que surpresa


no olhar em seu rosto.

Eu sorri. — Não eu, Neala.

Sean acenou com a cabeça. — Parece que ela decorou.

Eu balancei a cabeça.

Sean fez uma careta. — Então... o que vai acontecer agora com vocês dois?

Meu estômago revirou com a pergunta, porque eu sinceramente não tinha ideia.

— Eu acho que nós vamos voltar para nossas velhas maneiras e fazer o que
normalmente fazemos, nos odiarmos.

Justin franziu suas sobrancelhas para mim, enquanto Sean me olhou nos olhos.

Engoli em seco e soltei um suspiro. — Eu sei que soa duro, confie em mim, eu não
quero que seja assim, mas quando ela acordar e perceber o que aconteceu, ela vai ficar
louca.

Sean deu um passo adiante. — Perceber o que aconteceu?


Oh merda.

Eu me expressei terrivelmente.

— Ela sabe o que aconteceu, ontem à noite... fomos apanhados pelo momento. O
que quero dizer é que ela vai se arrepender do que fizemos. Eu sei como ela é, e a culpa,
como sempre, cairá nos meus pés. E vai estragar o que foi dito antes do sexo acontecer.

Justin fez uma careta. — O que foi dito?

Cocei meu pescoço. — Fizemos as pazes, e uma trégua indefinida na nossa merda.
Estávamos muito felizes ontem à noite, e então nós tomamos um monte de vinho e bam.
Sexo.

Foi estranho, agora que eu pensei nisso. Eu bebi uma boa quantidade de vinho,
assim como Neala, mas nós dois estávamos sóbrios. No máximo, eu provavelmente me
sentia um pouco tonto, mas eu nem sequer notei e eu posso dizer com certeza que o
consumo não nos fez perder o controle, nós fizemos isso tudo por conta própria.

Sean torceu o seu nariz. — Sinto muito, cara.

Forcei um sorriso. — Eu também.

Justin continuou a franzir a testa para mim. — Você se arrepende do que aconteceu
entre vocês dois?

Claro que não.

É claro que não, mas eu não queria parecer fraco e emocional, então eu limpei
minha garganta e disse: — Sim e não. Eu não me arrependo de fazer as pazes com Neala,
mas eu me arrependo de ter transado com ela. Quero dizer, não o ato inicial, mas o fiasco
iminente... foi simplesmente um erro. Eu não posso acreditar que eu pensei que seria
realmente bom para nós, e que poderia ser um passo em uma nova direção, mas eu estava
errado. A melhor coisa para nós é apenas sermos amigos platônicos.

— E o quê?

Eu congelei, Justin congelou, e até mesmo Sean congelou.

Os rapazes deram um passo para longe um do outro e revelaram uma Neala


lindamente corada envolta em meus lençóis. Ela era uma coisa linda, e quando eu estava
prestes a sorrir para ela, olhei em seus olhos, estavam machucados, e meu coração partido.

— Neala. — eu ofeguei e balancei a cabeça.


Neala respirou. — Acabe o que você estava dizendo, vá em frente.

Eu não conseguia me mover ou falar.

Os olhos de Neala começaram a marejar. — Termine. Vá em frente. Diga o quanto


você se arrepende da noite passada e o quanto somos um erro.

Oh, Cristo.

Eu estava desesperado. — Neala, por favor. Você não entende...

— Eu entendo perfeitamente, porra! Você prometeu que seria diferente...


você prometeu que não nos odiaríamos novamente.

Um suor nervoso escorreu na minha testa. — Nós não vamos...

— Mentiroso! Não minta para mim! — ela gritou enquanto lágrimas escorriam por
suas bochechas.

Isso era ruim.

Isso era muito ruim.

Eu não queria magoá-la mais do que já tinha, então eu permaneci em silêncio


enquanto olhava para ela. Ela enxugou o rosto raivosamente e me deu um olhar cheio
tanto de ódio, quanto de dor, ela recuou alguns passos para longe de mim. Senti-me mal.

— Por favor. — eu disse, desejando que eu soubesse o que dizer para fazê-la não
olhar para mim daquele jeito.

Eu não sabia o que eu estava dizendo, por favor, pare, mas eu disse de qualquer
maneira esperando que ela tivesse misericórdia de mim.

— Por favor, o quê? — ela estalou.

Eu pisquei. — Não me odeie.

Ela olhou para mim por um longo momento, então disse: — Eu não te odeio Darcy...
eu me arrependo de você. Lamento o dia que eu te conheci.

Eu senti como se o ar tivesse sido tirado de mim por suas palavras. Eu estava
prestes a avançar e ir até ela, quando ela se virou e saiu pelo corredor e voltou para o meu
quarto, onde ela bateu a porta com tanta força que as paredes da sala tremeram.

Sean e Justin estavam paralisados perto da porta e olhavam para mim.


— Darcy... — Justin começou, mas eu não ficaria por aqui para ouvir o que ele tinha
a dizer, eu segui Neala da minha sala e pelo corredor. Eu fiquei de pé fora do meu quarto e
engoli a bile que subiu em minha garganta.

Eu acabei de tê-la, e em questão de segundos eu a perdi.

Eu me senti vazio.

Eu me senti como um nada.

Eu coloquei minha testa na porta do meu quarto e suspirei.

Eu me arrependo de você.

Essa foi a pior coisa que ela poderia ter dito para mim. Essa porra machucou. Eu
fechei os olhos e, pela primeira vez em toda a minha vida, eu desejei que Neala tivesse
acabado de dizer que me odiava.
E u ia passar mal.

Eu tropecei para frente, com os lençóis de Darcy em volta do meu corpo, nua no seu
quarto, e fechei a porta. Peguei minhas roupas ainda molhadas de cima da cômoda de
Darcy, e com o canto dos meus olhos vi algo rosa na parte superior da gaveta de cima de
Darcy, que estava ligeiramente aberta. Abri a gaveta e encontrei um embrulho rosa, um
pouco danificado, a caixa da boneca.

Eu me concentrei em não gritar. Ele ainda estava tentando tomar a boneca de mim,
depois de tudo, foi sua prioridade. Ele colocou em sua gaveta para mantê-la longe de
mim. Estabilizei-me, inclinando apenas no caso de vomitar, mas quando nada aconteceu
endireitei-me e comecei a ofegar. Eu usei uma mão para segurar o lençol em volta de mim,
e minha mão livre para pressionar contra minha testa.

Isso não estava acontecendo.

Darcy se arrependeu de ontem à noite?

Ele se arrependeu do sexo que fizemos?

Ele se arrependeu de mim?

— Neala?

Eu sufoquei um soluço, mas não pude fazer nada sobre as lágrimas que caíam
livremente pelo meu rosto.

— Deixe-me sozinha, Darcy. Por favor. — eu disse através das minhas lágrimas.

Ele foi tão silencioso como um rato, porque eu não o ouvi entrar no quarto atrás de
mim.
— Eu não quis dizer o que eu disse.

Sentei-me ao lado da cama e estendi a mão para as minhas roupas. Eu não tinha a
minha calcinha, ela estava na cozinha de Darcy, então peguei meus sapatos e coloquei
meus saltos, em vez disso. Levantei-me indiferente e deixei cair o lençol do meu corpo. Eu
não tinha vergonha, se eu sentia alguma coisa era nojo. Darcy viu cada centímetro meu na
noite passada, mas ele disse que foi um erro, que não significou nada, o que resultava que
se eu me trocasse na frente dele também não significaria nada para ele. Eu puxei meu
vestido úmido sobre a minha cabeça e coloquei no meu corpo.

— Não. — funguei. — Você quis, você só não queria que eu escutasse o que você
disse.

Darcy se aproximou de mim, podia senti-lo atrás de mim.

— Isso não é verdade, Neala. Eu disse aquilo porque...

— Eu não me importo por que você disse, eu só me importo que você disse. Ontem à
noite não deveria ter acontecido, Darcy. — eu o cortei colocando meu blazer e virando para
encará-lo. — Você está certo. Quando acordei me arrependi do que fizemos. Foi um erro.

Eu menti.

Deslizei a mentira através dos meus dentes.

Eu não me arrependo de um único segundo do que Darcy e eu compartilhamos, mas


eu disse isso porque me recusava a deixar Darcy saber que ele acabou de quebrar meu
coração pela segunda vez. Eu não iria dar-lhe a satisfação de saber que arrancou algo de
dentro de mim.

— Esta é a última vez que eu lhe permito ter a capacidade de me machucar.


Eu nunca quero ver ou falar com você novamente. Você é um covarde patético e se por
algum acaso você ainda tem um coração, não deve estar funcionando, está congelado.

O rosto de Darcy empalideceu e os ombros caíram.

— Neala... eu sinto muito. Eu me sinto horrível. Por favor.

Eu andei impaciente, e quando estava prestes a passar por ele pressionei a caixa de
boneca contra o peito dele. — Isso deve fazer você se sentir melhor, é o que você queria
afinal, certo? Bem, sorte sua, você tem o que queria. Você ganhou, Darcy. Parabéns

Neala: 1 Darcy: 2.
Soltei a caixa e saí do quarto de Darcy, em seguida. Finalmente, depois de dias
presa, coloquei o pé para fora da sua casa. Eu fiz um voto de silêncio para mim mesma que
eu nunca iria voltar.

— Neala? — Sean disse quando eu desajeitadamente atravessei a neve profunda e fui


em direção a ele. Foi difícil conseguir ficar de pé com saltos, mas eu consegui. Duvido que
eu não parecesse com algo, exceto uma idiota, mas pelo menos eu não caí.

Recusei-me a olhar para cima, na direção de Justin, quando procurei o meu


caminho até meu irmão.

— Leve-me para casa. Por favor. — disse conforme o meu corpo tremia.

Sean colocou o braço em volta de mim e rapidamente me levou em torno do seu


caminhão para o lado do passageiro. Ele me ajudou a subir, em seguida, fechou a porta. O
calor no caminhão de Sean da viagem para fora da casa de Darcy causou arrepios de cima a
baixo pela minha espinha. Minha pele se arrepiou e a dor que passou a residir na minha
cabeça aliviou ligeiramente.

Sean gritou alguma coisa para Justin que assentiu com a cabeça e fez seu caminho
através da neve se dirigindo para a casa de Darcy. Eu desviei o olhar quando Sean veio para
o lado do motorista do seu caminhão e entrou. Ele ligou o caminhão e recuou lentamente
até que pudesse fazer o retorno e nos levar a estrada abaixo na montanha.

Acho que consegui um ou dois minutos antes de começar a chorar.

— Baby girl. — Sean suspirou estendendo a mão esquerda e esfregou meu ombro.

Levantei minhas mãos para o meu rosto e balancei a cabeça. — Eu estou bem.

Sean tirou a mão do meu ombro e mudou a marcha do seu caminhão, focado em
dirigir nas estradas escorregadias da montanha.

— Ele machucou você? — Sean perguntou.

Olhei para ele entre meus dedos e notei que seus dedos apertavam o volante tão
forte que estavam ficando brancos.

— Não da maneira que você pensa. — eu funguei e limpei os olhos com os dedos.

Sean olhou para mim. — De que maneira ele a machucou?

Olhei para baixo e dei de ombros. — Ele disse que foi um erro, ficarmos juntos. Ele
disse que se arrependeu de mim.
As lágrimas vieram novamente quando terminei de falar e eu me odiava por isso. Eu
queria ser forte, eu queria dizer ‘foda-se Darcy’, mas o meu coração foi ferido tão
profundamente por ele, alguém que há uma semana eu poderia ter me importado menos.

— Foi só isso que ele fez? — Sean perguntou, sua voz venenosa.

Limpei a garganta. — Sim... quer dizer, quando nós... fizemos sexo... Doeu e eu
sangrei um pouco, mas Darcy disse que era normal por ser minha primeira vez.

O caminhão ficou em silêncio por um momento até que Sean rosnou baixo, no
fundo da garganta. — Eu vou matá-lo!

Eu arregalei meus olhos e olhei para ele.

Ele estava furioso.

— Não. Foi consensual.

Darcy me machucou, mas Sean iria matá-lo se ele achasse que ele me forçou, que
era a coisa mais distante da verdade. Sean olhou para mim e suavizou seus olhos antes de
voltar a olhar para a estrada e estreitar os olhos novamente.

— Se ele não ia viver de acordo com tudo o que ele fez você acreditar, então ele
deveria ter ficado longe de você, porra. Eu não achava que você fosse virgem. Foda-se. A
porra de uma virgem! Eu vou matá-lo e fazer picadinho!

Oh, merda.

— Sean, por favor. — eu chorei.

Meu irmão murmurou palavrões antes de soltar um grande fôlego. — Por que você
não quer que eu o machuque?

— Porque me importo com ele! — eu rebati, então afundei no meu assento, ainda
mais ferida por minha admissão.

Eu desejava não me importar.

Eu desejava odiar Darcy novamente. As coisas eram muito mais fáceis quando eu o
odiava... mas eu não conseguia. Eu me preocupava com ele. Eu realmente gostava dele e
me sentia mal que ele não se sentisse da mesma maneira.

Sean olhou para mim com os olhos arregalados. — Você se importa com Darcy?
— Você a-acha que eu iria me entregar a alguém que eu não tivesse q-qualquer
sentimento? — eu perguntei, irritada que ele pensasse de mim desse jeito.

Sean sacudiu a cabeça. — Não, claro que não. Eu sei que você não é assim, eu só,
quer dizer... desde quando você se importa com Darcy?

Desde ontem à noite.

Bem, eu sempre tinha me importado com ele, simplesmente não percebi até ontem
à noite.

Limpei meu nariz, que estava escorrendo, com alguns lenços do porta-luvas de
Sean. — As coisas mudaram entre nós na casa dele. Fizemos uma trégua na noite passada.
Eu pensei que se nós nos tornássemos amigos as coisas ficariam bem entre nós... mas,
aparentemente, eu estava errada depois de ouvir o que ele disse para você e Justin.

Sean xingou um pouco mais. Eu me desliguei, porque quanto mais o ouvia, mais
chateada eu ficava. Eu olhei pela janela, para as árvores cobertas de neve e foquei nelas,
conforme dirigimos.

Senti-me mal comigo mesma.

Eu não podia acreditar que tinha agido como uma maníaca sexual depravada na
noite passada. Eu praticamente rasguei a roupa de Darcy do seu corpo e pedi-lhe para me
foder. Eu estava mortificada, e eu estava profundamente magoada. Eu realmente achei que
depois da noite passada seríamos pelo menos amigos. Uma parte de mim estava esperando
eventualmente, que iniciássemos algo romântico entre nós. Mesmo se isso nunca
acontecesse, teria ficado feliz em sermos apenas amigos. Ele me pediu desculpas e eu pedi
desculpas a ele e nós percebemos que ambos estávamos errados todos estes anos.

Então, por que é que ele disse aquilo para Sean e Justin?

Ontem à noite foi apenas mais uma brincadeira de mau gosto, afinal? Tirar minha
virgindade e me fazer apreciar isso no processo?

Eu estava tão insegura, e isso me matava.

Eu odiava não poder reconhecer se a noite passada foi verdadeira ou falsa. Eu


queria que fosse real, mas a chance dele provavelmente ter me enganado me destruía.

— Eu não quero mais falar sobre isso, Sean.

Sean ficou em silêncio por um momento e depois disse: — Sinto muito, mana.
Eu olhei para ele e lhe dei um pequeno sorriso. — Não se desculpe, você não fez
nada de errado.

O rosto de Sean esmoreceu, sua boca formou uma linha fina, e seus olhos pareciam
tristes.

Eu odiava que a minha situação com Darcy o perturbasse tanto.

Eu olhei para frente e cruzei os braços sobre o peito e apreciamos o silêncio do resto
da viagem de volta para casa... e quando digo casa, quero dizer a casa dos meus pais.

— O jantar será em duas horas. Vá tomar um banho e vestir algo quente. Dê


preferência a algo que cubra o seu rabo em vez de expô-lo. — Sean murmurou.

Seu jeito de irmão mais velho trouxe um sorriso genuíno ao meu rosto, eu me
inclinei e beijei sua bochecha quando ele estacionou seu caminhão na garagem dos meus
pais. — Eu vou... obrigada por me salvar.

— Sempre. — Sean murmurou e suspirou enquanto eu saía do caminhão.

Eu cruzei os braços sobre meu peito quando pulei do caminhão e segui no caminho
limpo.

— Cuidado com o gelo negro. Eu coloquei sal, mas posso ter perdido alguns pontos.
— Sean gritou atrás de mim.

— Tudo bem. — eu gritei e abrandei o meu ritmo.

A brisa gelada passou através de mim no momento em que cheguei na porta da


frente do meu pai. Fechei a mão em um punho e bati na porta.

— Mulher das cavernas, toque a campainha. — disse Sean atrás de mim.

Revirei os olhos e apertei a campainha.

Um momento se passou até que minha mãe abriu a porta. Ela estava usando uma
roupa de Mamãe Noel e tinha chifres na cabeça - foi o suficiente para eu não levá-la a sério.

— Você está livre! — minha mãe gritou.

Eu levantei minhas sobrancelhas quando a voz de Dustin gritou da sala de estar. —


Liberdaaadeeee!

Olhei por cima do meu ombro para Sean, que estava sorrindo. — Ele assistiu
Coração Valente conosco na noite passada.
É claro que ele assistiu.

Eu virei e dei a minha mãe um sorriso de lábios fechados. — Preciso de um banho.


— e ser deixada sozinha.

Minha mãe colocou as mãos no meu rosto. — Você estava chorando.

Pisquei. — Eu não quero falar sobre isso.

Eu me movi por minha mãe, caminhando pela sala e pelo corredor até as
escadas. Meus pais nunca mexeram no meu quarto desde quando me mudei, então ele
ainda era o mesmo de quando eu o deixei, quando tinha vinte e dois anos. Isso significava
que tinha roupas aqui e tudo era familiar.

Familiaridade era algo que eu precisava agora.

Quando fui subindo as escadas, ouvi minha mãe perguntar ao Sean: — Onde estão
Darcy e Justin?

— Darcy não pode vir ao jantar de hoje, ele está ocupado! — eu gritei e continuei
subindo as escadas.

Quando eu estava no meu antigo quarto, eu quebrei e mentalmente fiz uma careta
para mim por isso.

— Pare com isso! — assobiei balançando a cabeça.

Eu forcei minha mente para pensar em coisas simples, como tomar um banho.

Água quente. Gel de banho. Shampoo e condicionador.

Céu.

Despi-me, ficando livre do meu blazer, vestido e saltos - prometendo queimar cada
item enquanto atingia o chão. Eu entrei no banheiro, que era anexado ao meu quarto, e
liguei o chuveiro. Esperei alguns minutos até que o vapor do chuveiro fluísse.

Eu dei um passo sob o jato de água quente e suspirei de prazer. Eu não fiz nada por
alguns minutos, apenas fiquei sob a água e deleitei com o calor e cada gota quentinha
batendo na minha pele, fazendo arrepios espalharem sobre a superfície do meu
corpo. Quando eu estava relaxada, ou tão relaxada quanto poderia estar, peguei meu
shampoo e apertei uma quantidade enorme na minha mão. Espalhei sobre a minha cabeça
com as duas mãos e esfreguei meu couro cabeludo até uma espuma espessa
aparecer. Depois de ter limpado mais ou menos meu couro cabeludo, arrastei a espuma do
meu cabelo e dei do meio e extremidades uma boa limpeza. Eu lavei meu cabelo e repeti
cada passo, simplesmente porque não tinha lavado nenhuma uma vez, enquanto estava
no... enquanto estava nas montanhas.

Rosnei para mim por quase deslizar através desses pensamentos que me recusava a
pensar. Mudei minha mente de volta para a minha rotina no chuveiro e passei
condicionador no meu cabelo. Quando chegou a hora de lavar a minha pele, minha mão
alcançou automaticamente o meu gel de banho favorito, com aroma de baunilha, mas eu
rapidamente peguei o de morango em vez dele.

Eu nunca mais queria sentir o cheiro de baunilha.

Comecei a lavar a minha pele, e quando eu olhei para baixo, para o meu peito,
congelei. Após piscar vi uma mordida de paixão no meu seio esquerdo. Eu esfreguei a
bucha sobre a área mordida, cerrei os dentes enquanto esfregava a bucha vegetal para trás
e para frente sobre a área até arder. Olhei para meus braços e pernas e vi algumas
contusões leves e fragmentos dos eventos da noite passada com Darcy. Quando pensei
nele, encostei na parede do chuveiro e comecei a chorar.

Eu não podia escapar dele.

Eu rudemente me esfreguei com a bucha tentando desesperadamente remover tudo


e qualquer vestígio dele do meu corpo. Quando terminei a minha pele estava vermelha,
crua e dolorida. Eu deslizei contra os azulejos do chuveiro, afundando até me sentar. Eu
assobiei quando me sentei, entre as minhas coxas estava frágil e dolorida.

Eu chorei mais com o lembrete do porquê.

— Eu o odeio. — sussurrei.

Não, você não odeia.

Eu coloquei meu rosto em minhas mãos quando minha mente sussurrou a temida
verdade. Eu queria desesperadamente odiar Darcy, mas eu não podia, e eu não entendia a
razão. Odiá-lo foi a coisa mais fácil que eu já tinha feito. Eu o odiei nos últimos 20 anos,
mas por que uma noite tornou esse hábito impossível agora?

Maldito homem.

Eu chorei até secar, e sentei no chão do meu chuveiro até que a água corresse
fria. Desliguei o chuveiro e saí, em seguida, me sequei com a toalha da prateleira. Voltei
para o meu quarto e congelei quando vi que minha mãe estava sentada na minha cama.
— Diga-me o que aconteceu. — ela disse.

Engoli em seco. — O que você...

— Eu perguntei a Sean o que estava errado e ele disse-me para vir falar com você.
Foi o que eu fiz e quando entrei aqui eu ouvi você chorando no banheiro. O que aconteceu
entre você e Darcy que a irritou tanto? — minha mãe me cortou, sua voz severa.

Eu não queria, mas queria falar sobre isso ao mesmo tempo, e se fosse descarregar
isso em alguém, seria a minha mãe.

Pisquei os olhos inchados e sussurrei: — Nós dormimos juntos.

Minha mãe olhou para mim por um número incontável de segundos em


silêncio. Agarrei minha toalha e olhei diretamente para ela em silêncio. Eu não sabia o que
mais precisava ser dito, então mantive minha boca fechada.

— Você e Darcy? — ela perguntou.

Revirei os olhos, cansada. — Não, eu e o Boneco de Gelo transamos... é claro que foi
Darcy, Ma.

Minha mãe engoliu em seco, mas não disse nada.

Era muito diferente da minha mãe, porque, bem, ela não parava de falar.

— Diga alguma coisa. — implorei.

Minha mãe olhou para mim com um rosto sério, e perguntou: — Ele foi bom?

O quê?

Porra, o quê?

— Ma!

Minha mãe riu inesperadamente: — O quê?

Realmente?

— Você não pode simplesmente me perguntar uma coisa dessas? Você não vê que eu
estou chateada com a... situação?

Minha mãe perdeu seu sorriso, e franziu a testa. — Sinto muito, querida. Eu só
queria te fazer sorrir.

— Diga-me que Darcy não virá para o jantar, isso vai me fazer sorrir. — eu disse.
Minha mãe suspirou, seu suspiro me deu imediatamente a minha resposta.

— Eu não vou para o jantar se ele estiver lá, Ma. De jeito nenhum.

Eu não conseguiria encará-lo. Nunca.

— Neala, apenas... diga-me o que aconteceu.

Franzi meu rosto em desgosto fazendo minha mãe dar uma risada.

— Eu não quero os detalhes sujos, apenas me diga o que aconteceu antes de


acontecer a sujeira.

Sujeira?

Eu balancei a cabeça para limpar e caminhei até minha cômoda.

— Nada de mais aconteceu, Ma. — eu disse quando peguei minhas roupas íntimas e
pijama da minha gaveta.

— Coloque o pijama de volta, você vai vestir um traje de Natal para jantar, assim
como eu.

Eu olhei para o teto e fechei os olhos.

Por favor, ajude-me, Jesus.

— Eu não vou para o jantar. — repeti.

— Sim, você vai, e não me dê o discurso ‘não aconteceu nada’. Você e Darcy se
odiavam, algo aconteceu para o sexo acontecer.

Eu cometi um erro no momento em que ela disse a palavra sexo. Acabou sendo
horrível falar com a minha mãe, porque ela conhecia Darcy, ele era como um filho para ela.

— Eu não sei, Ma... nós apenas começamos a conversar sem discutir pela primeira
vez e fomos pela estrada da memória e colocamos um monte de besteira para fora. Nós nos
desculpamos, e até mesmo demos uma trégua. Houve até mesmo uma conversa sobre nós
e nossos sentimentos e algo possivelmente acontecendo entre nós, porque nós admitimos
gostar um do outro.

Minha mãe balançou a cabeça e disse: — Então vocês dois dormiram juntos... o que
parece ótimo para mim, mas você está muito chateada, então qual é o problema?

Ela nunca perdia uma coisa.


— Eu o ouvi dizer a Sean e Justin esta manhã que o vinho que bebemos nos levou a
cometer o erro de dormir juntos. — eu olhei para baixo para os meus pés descalços e franzi
a testa. — A coisa é, o vinho nem sequer me afetou, da minha parte, minha mente estava
sóbria... eu não acho que foi um erro, e eu me sinto mal por Darcy ter se arrependido... se
arrependido de mim.

Eu me virei e olhei para o teto enviando as lágrimas acumuladas nos meus olhos
embora.

— Isso é besteira. — estalei. — Eu o odiava alguns dias atrás... eu não sei como me
coloquei nesta posição. É uma merda.

Minha mãe limpou a garganta atrás de mim. — Isso vai soar brega, mas realmente
há uma linha tênue entre o amor e o ódio.

Rosnei. — Eu não amo Darcy, mãe.

Eu sabia que não o amava, se eu amasse, eu certamente iria me sentir como se


estivesse morrendo sem ele.

Minha mãe sorriu. — Tudo bem, uma linha tênue entre gostar e odiar, então.

Oh, ela era tão engraçada.

— Ha. Ha. Ha. — eu falei com humor.

Minha mãe me deu um sorriso triste. — Os relacionamentos, até mesmo os


modernos e de qualidade, não são fáceis, querida. Você tem que trabalhar constantemente
neles, mas se eles não valem o risco de um coração partido, você nunca terá tido uma
chance em primeiro lugar.

As palavras da minha mãe machucaram meu coração já partido.

— O que você está dizendo? — perguntei, entre lágrimas.

Minha mãe se levantou e andou até mim.

Ela beijou minha testa e disse: — Eu estou dizendo, não desista de Darcy tão
facilmente. Você não quer também ou você não estaria chorando tanto por ele. Feliz Natal,
querida.

Fechei os olhos quando ela saiu do meu quarto e eu estava sozinha mais uma vez.

Eu afundei no chão e tentei organizar meus pensamentos, mas eu não conseguia.


Minha mente estava uma bagunça.

Não desista de Darcy.

A voz da minha mãe ecoava nos meus pensamentos.

Eu chorei baixinho.

Minha mãe estava errada porque eu não desisti de Darcy, ele desistiu de mim.
A bri os olhos quando ouvi uma batida na porta do meu quarto.

Eu queria gritar e dizer a quem quer que fosse para ir embora, mas era Natal, e não
importa o quão ferrada eu estivesse me sentindo, ou quanto estava para baixo, não
descontaria na minha família.

— Sim? — eu respondi.

Uma garganta pigarreou. — Sou eu.

Tudo parou.

Minha respiração.

Meu batimento cardíaco.

Tempo.

— Vá embora. — eu consegui falar depois de um longo período de silêncio.

Eu vi quando a maçaneta da porta do meu quarto virou, e quando a porta se abriu


bem devagar até que todo o um metro e oitenta do Darcy entrou no meu quarto, vestindo
jeans preto, botas pretas, cabelo bagunçado de uma forma sexy com estilo... e um moletom
de rena?

A minha mãe, pensei.

Ela sempre nos fazia vestir algo ‘natalino’ para jantar no Natal, era uma tradição que
acontecia há anos. Meu traje natalino foi o item que ela escolheu para mim este ano no
jantar. Olhei para ele e suspirei. Eu era uma mulher da neve, o capuz da minha blusa
também dobrava como uma máscara de boneco de neve se você puxasse para baixo o
suficiente. Ele era confortável, então eu realmente não podia reclamar.
Esqueci-me do meu traje estúpido quando Darcy fechou a porta do meu quarto e se
virou para mim.

— Ei, minha Neala Girl.

Fechei os olhos e balancei minha cabeça quando deitei de novo na minha


cama. Meu coração bateu contra o meu peito, e meu estômago revirou.

— Não me chame assim, Darcy. — eu sussurrei.

Eu o ouvi dar alguns passos até mim.

— Eu sinto muito. — ela disse.

Minha raiva e mágoa desencadearam.

— Não. — eu rebati e saltei para os meus pés. — Não venha aqui porque você se
sente mal, ou porque o meu irmão o obrigou. Eu não quero ouvir a sua desculpa falsa, por
isso dê o fora e me deixe em paz! Eu disse a você que eu nunca queria mais ver ou falar
com você. Que parte você não entendeu?

Minha pele estava queimando com raiva, e minhas mãos doíam de apertá-las com
tanta força.

Darcy se manteve firme e nem sequer pestanejou com os meus gritos.

— Eu estou aqui por minha própria vontade, e não porque eu fui forçado. — ele
retrucou. — Eu fodidamente sinto muito, ok. Eu não quis dizer nada do que eu disse.

Mentira.

— Sim, você quis! Você não teria dito aquilo, se não quisesse. Eu não estava no
cômodo, eu não discuti com você ou fiz você dizer qualquer coisa por causa da raiva. Uma
pergunta foi feita... e você respondeu... honestamente.

Darcy ergueu as mãos para o rosto antes de deslizá-los pelo seu pescoço. — Eu não
sabia o que responder, honestamente, eu juro pela minha vida que não era a verdade.

Eu balancei a cabeça e ouvi o que minha cabeça estava me dizendo.

Ele estava mentindo.

— Lá vai você. — Darcy virou-se para mim.

Franzi minhas sobrancelhas. — O quê? — perguntei.


— Você já está com a sua maldita cabeça feita. Você sempre fode isso... você não me
dá uma chance de provar a verdade para você. Você me culpa por tudo e não acredita em
uma coisa que eu digo! — ele gritou.

Isso foi uma merda de piada?

— Quando você alguma vez provou algo mim? — eu gritei.

Darcy deixou cair os braços do seu pescoço e virou-se, caminhou até a porta e deu
um soco nela. Eu pulei de susto, mas mantive meus olhos estreitados quando ele se virou
para me encarar.

— Eu pensei que tivesse provado a verdade para você na noite passada. — ele disse,
em voz baixa.

Eu olhei para ele fixamente, sem piscar. — Eu me despi para você na noite passada.
Eu expus a verdade e meus sentimentos. Eu pensei que você tivesse também, então você
mostrou suas verdadeiras cores, esta manhã.

Darcy soltou um grande suspiro e olhou para o teto. — O que eu tenho que fazer
para fazer você acreditar que eu estava mentindo esta manhã?

Engoli em seco. — Você não pode fazer qualquer coisa. — eu me virei e subi na
minha cama. — Só... apenas vá embora. Por favor.

Eu odiava o quanto eu queria beijá-lo ou tocá-lo de qualquer maneira, mas eu me


forcei a virar e encarar a parede do meu quarto enquanto estava deitada na minha
cama. Eu soube que Darcy não saiu porque eu podia ouvir sua respiração rápida.

Minha cama mergulhou momentos depois e os braços de Darcy vieram ao meu


redor, deitando ao meu lado e me puxando para ele. Eu não podia acreditar que ele teve a
coragem de vir aqui e me tocar. Fiquei grata por seu toque reconfortante, embora e eu não
percebesse o quanto eu precisava dele, até que ele se se aconchegou contra mim.

— Eu não me arrependo de você, não foi um erro, e eu não quero que seja. — ele
disse, apertando-me a cada pausa da sua frase.

Eu fechei os olhos à medida que minhas lágrimas fluíram livres. Darcy me virou
para ele, e eu abri meus olhos e quando eu olhei para o seu rosto bonito, eu chorei com
mais intensidade.

— Eu n-não a-acredito em você. — eu sussurrei.


Eu não podia.

Ele só estava dizendo isso por causa do quanto eu estava chateada, era a única
razão.

Ele não me queria... não do jeito que eu o queria.

— Eu sei que você não acredita, mas eu tenho todo o tempo do mundo para provar a
você que estou dizendo a verdade. — ele disse, em seguida, se inclinou e pressionou seus
lábios contra os meus.

Minhas lágrimas caíram e misturaram com o nosso beijo.

O beijo durou apenas alguns segundos antes de nos separarmos.

Darcy beijou minha testa e disse: — Eu vou provar a verdade para você. Eu prometo.

Eu olhei para baixo. — Não faça promessas que não pode cumprir.

Darcy colocou dois dedos debaixo do meu queixo e levantou minha cabeça até que
eu estava mais uma vez olhando para ele.

— Eu não faço. — ele disse, antes de beijar a ponta do meu nariz e sair da minha
cama e do meu quarto, fechando a porta atrás de si.

O que foi isso?

Por que eu não gritei ou atirei coisas nele quando me beijou?

Por que não fiquei com raiva dele?

Eu fiz uma careta quando percebi a resposta.

Foi porque eu estava triste.

A tristeza que eu sentia me encheu completamente e não deixou espaço para mais
nada.

Eu não deveria, mas eu me agarrei a um pouco de esperança que Darcy provaria


para mim, e mesmo se ele não fizesse isso, eu manteria a promessa que fiz para ele. Eu não
voltaria aos meus velhos costumes. Eu não o odiaria... eu, eventualmente, seria sua amiga,
se isso fosse tudo que eu pudesse ser.

— Eu odeio os homens. — eu murmurei para mim, depois ri.

Não foi uma risada longa ou forte, mas ainda era um sorriso, e à luz da merda que
atingiu o ventilador sobre as últimas horas, eu pensei nisso como um progresso.
Levantei-me da cama e caminhei até o meu espelho de corpo inteiro. Eu balancei a
cabeça para os meus sapatos brancos felpudos, minha fantasia de mulher da neve e meu
cabelo castanho encaracolado, que derramava sobre o meu peito. Depois que sequei e
arrumei o meu cabelo mais cedo, eu passei um pouco de rímel à prova d'água, foi
necessário, e gloss. Eu não me incomodei com qualquer outra coisa, porque o meu rosto
estava vermelho e rosado de chorar tanto, e nenhuma quantidade de maquiagem teria
escondido, então eu nem sequer tentei.

Abri a porta do quarto e o cheiro do jantar de Natal da minha mãe me bateu. Fiquei
surpresa quando meu estômago não roncou, mas resmungou, em vez disso. Lambi meus
lábios e tentei lembrar de quando eu tinha tido uma refeição decente. Nós só comemos
coisas enlatadas no Darcy, uma tigela de cereal quente teria sido um avanço – e pelo cheiro
do jantar da minha mãe, seria um upgrade gigante.

— Neala? — a voz da minha mãe gritou. — O jantar estará pronto em dois minutos.

Você pode fazer isso.

Eu inspirei e expirei. — Estou indo.

Fechei a porta do quarto, e, em seguida, desci as escadas. Eu podia ouvir o jingle de


canções de Natal vindo da cozinha. Eu estava prestes a caminhar pela sala, quando
encontrei as crianças sentadas no chão e os adultos reunidos em torno delas, percebi que
era hora das crianças abrirem seus presentes. Eu não tinha nada para dar a Charli e
mereceria qualquer reação que eu teria dela por quebrar minha promessa.

Eu prometi que iria lhe dar a boneca, e eu não cumpri.

Eu seria oficialmente a pior tia de sempre.

— Eu pensei que era hora do jantar. — eu disse quando vi as costas da minha mãe.

Ela se virou e sorriu para mim. — As crianças querem abrir mais alguns presentes
primeiro.

E sorri levemente e olhei para Charli e Dustin.

Ambas as crianças já estavam rasgando presentes, e eu não pude evitar, exceto


realmente sorrir para eles. Ambos eram a imagem da inocência e felicidade enquanto riam
um com o outro. Eu tive a sensação que alguém estava me olhando do outro lado da sala, e
uma vez que eu sabia que era ele, eu me recusei a olhar para cima.
Eu só queria que isso fosse sobre as crianças e não tivesse o foco em cima de mim e
Darcy. Ambos arruinamos inúmeros momentos ao longo dos anos e eu não deixaria que
nossas diferenças e problemas tirasse isso das crianças. Eram miniversões de nós dois, e se
eu pudesse impedi-los de acabar como a versão antiga de nós, então eu faria isso com
certeza.

Eu pisquei quando um pequeno suspiro chamou a minha atenção.

Eu olhei para baixo quando Dustin levantou a caixa rosa, com o embrulho
amarrotado, que fiz para Charli e olhou para Darcy. Fixei meus olhos com os de Darcy e o
vi piscar e acenar com a cabeça. Franzi minhas sobrancelhas e olhei para Dustin quando
ele limpou a garganta.

— Charli? — ele disse.

Charli estava a meio caminho de abrir uma boneca Barbie que meus pais devem ter
dado. Eu vi quando ela abandonou completamente seu presente quase aberto e se virou,
dando a Dustin sua total atenção. Eu encontrei-me sorrindo enquanto observava os
dois. Eles se adoravam.

— Sim? — Charli respondeu a Dustin.

As bochechas de Dustin ficaram vermelhas quando ele estendeu o braço e a caixa


embrulhada rosa na direção de Charli.

— Eu comprei esse para você. — Dustin falou para Charli.

Eu arregalei meus olhos.

O quê?

Dustin estava dando a boneca para a Charli?

Que.Porra.É.Essa?

Charli ofegou e animadamente pegou a caixa com um alegre ‘obrigada’ e rasgou o


papel rosa do embrulho. Quando ela desembrulhou totalmente a caixa, seu suspiro e grito
de alegria aqueceram meu coração e todos os outros. Todos nós olhamos para o par.

— A boneca Fire Princess! — Charli gritou e abraçou a caixa da boneca Fire contra o
peito.

Eu não entendia o que estava acontecendo, mas os meus olhos se encheram de


lágrimas, porque eu consegui o que queria, Charli ganhou o que ela desejava.
Olhei para Darcy, que já estava olhando para mim, ele me deu um pequeno sorriso e
um pequeno encolher de ombros quando disse: — Ele só me contou o que faria alguns
minutos atrás.

Darcy não sabia sobre os planos de Dustin com a boneca, o que me fez sentir um
pouco melhor. Eu ficaria tão brava se ele soubesse de tudo e nunca tivesse me contado. As
coisas poderiam ter sido facilmente resolvidas se nós dois soubéssemos. Isso me levou a
pensar se Sean ou a minha mãe sabiam e nunca nos disse.

Eu olhei para as crianças e sorri quando Charli engatinhou e jogou os braços em


torno de Dustin e derrubou-o de costas enquanto o abraçava. Todos riram, enquanto
minha mãe tirava fotos e Sean gravava o par em seu telefone.

Quando Charli soltou Dustin ela olhou para mim, um sorriso enorme surgiu no meu
rosto. — Olhe! — ela sorriu e estendeu a caixa para eu ver.

Eu ri. — Sim. É brilhante. Exatamente a boneca que você queria, não é?

Charli assentiu com a cabeça e abraçou a caixa da boneca contra o peito. Dustin
sentou-se e tomou a caixa da boneca de Charli e começou a abrir a caixa para ela. Levou
alguns minutos para chegar à boneca desembaraçando os fios que a prendiam na caixa,
mas Charli esperou pacientemente que ele soltasse a boneca.

Quando deixou a boneca livre e entregou para Charli, ela tomou a boneca nos
braços, fechou os olhos e sorriu enquanto abraçava a boneca contra o peito.

— Feliz Natal a todos! — ela aplaudiu, fazendo todos nós rirmos de alegria com ela.

Dustin sorriu para Charli e vi como estava feliz, então ele olhou para Darcy e deu-
lhe um polegar para cima, o que nos fez rir.

— Charli, por que você não pega o presente embrulhado roxo sob a árvore. Neala
comprou para você. — disse minha mãe.

Charli gritou e rastejou para debaixo da árvore para pegar o presente embrulhado
roxo. Dustin colocou a mão na parte de trás da perna de Charli e puxou-a de debaixo da
árvore quando ela gritou que estava com a caixa, mas não podia se mover. Todos riram,
além de mim.

Eu olhei para a minha mãe e sussurrei: — Eu não comprei nada para ela.

— Sim, você comprou. — minha mãe piscou.


Ela realmente piscou para mim.

Eu não comprei nada para Charli, então o que ela comprou em meu nome, eu
esperava que brilhasse como a boneca Fire - caso contrário, Charli provavelmente não iria
nem perceber, de qualquer forma eu era grata por dizer que eu tinha algo para ela.

— Obrigada. — eu murmurei para minha mãe, que sorriu.

Nós assistimos Charli abrir seu presente e rimos quando ela gritou tão alto que
Dustin teve que tampar seus ouvidos com os dedos.

— Vestidos de boneca Fire! Ohmeudeus! — Charli gritou. — Obrigada, Tia Neala!

Ela levantou-se e agarrou minhas pernas, me abraçando tão apertado quanto seus
bracinhos permitiam. Meu coração saltou de alegria quando devolvi o abraço e a observei
voltar ao presente e começar a rasgar a caixa cheia de vestidos de bonecas e acessórios.

Sua reação foi incrível.

Olhei para minha mãe, que sorriu. — Todo mundo comprou todas as bonecas, mas
não se incomodou com as roupas, então eu percebi que devia comprar algo para você, uma
vez que teve tantos problemas com a boneca. Eu entrei no Smyths depois de quarta-feira
passada e peguei as roupas da boneca, enquanto você estava em outro lugar na loja.

Eu provavelmente estava envolvida na briga com Darcy pela boneca.

Ela era tão sorrateira, mas incrível.

Abracei minha mãe firmemente, então olhei de volta para Charli, que estava
brincando de vestir sua boneca, e eu ri quando ela fez Dustin escolher seu vestido favorito
para a boneca vestir. O pobre rapaz não sabia qual vestido escolher e ficou olhando para
Charli para conseguir alguma dica do qual ela queria que ele escolhesse.

Ela amava rosa, então eu tossi e murmurei. — Rosa.

Dustin me ouviu e escolheu um vestido rosa e Charli se iluminou. — Grande escolha,


Dusty!

Dustin soltou um suspiro e olhou para mim e deu-me um grande soquinho.

Eu pisquei para ele.

Então, alguns presentes foram trocados entre os adultos. Eu ganhei perfume,


roupas e algumas joias. Todo mundo ganhou presentes semelhantes, e quando tudo foi
aberto, fomos para cozinha para comer. Como de costume, eu odiei que tivessem lugares
marcados no jantar, porque a cada ano Darcy e eu éramos colocados próximos um do
outro, e nos últimos anos uma das crianças se sentava entre nós apenas para manter as
coisas limpas e seguras para todos na mesa.

Sentei-me, assim como Darcy e todos os outros.

Olhei ao redor de todo mundo, eu não queria causar uma briga, mas eu também não
queria não dizer nada.

— Por que vocês apenas não nos contaram o que Dustin queria fazer com a boneca?
Eu não teria brigado tanto para conseguir a maldita coisa de Darcy se eu soubesse! — eu
disse um pouco calmamente para o meu irmão.

Sean suspirou do outro lado da mesa. — Isso é culpa da Ma, não minha.

Mudei meus olhos estreitados do meu irmão para a minha mãe.

— O que ele quer dizer com isso? — perguntei.

Minha mãe tinha um olhar de culpa sobre ela. — Fazia muito tempo que você e
Darcy não passavam algum tempo juntos, mesmo que fosse apenas para discutir... achei
que prolongar essa coisa da boneca seria bom para ambos.

É por isso que Justin foi proibido de me ajudar! Nossa mãe não queria que a guerra
pela boneca acabasse tão cedo.

Uau.

Isso foi nojento.

Darcy riu sem humor ao meu lado. — Nós quase nos matamos pela coisa estúpida.

Minha mãe congelou e disse: — Desculpe.

Como se isso fosse de alguma ajuda.

Olhei para Sean, que estava mordendo o lábio inferior.

— E você? Você está arrependido, menino da mamãe?

Sean resmungou: — Sim, eu estou.

Duvido.

Eu senti como se estivesse em estado de choque repentino.

Eu estava irritada com a minha família.


Darcy e eu brigamos com unhas e dentes pela maldita boneca, e agora eu soube que
se eu simplesmente tivesse deixado Darcy ficar com a boneca, tanto Dustin e Charli teriam
conseguido o que tanto queriam. Eu não sabia de onde minha família tirou a lógica desse
maldito plano estúpido.

— Foi uma surpresa, Neala. — Justin suspirou. — Dustin me fez prometer que não
contaria, e uma vez que Dean, minha mãe e Clare estavam no quarto quando ele me disse
por que queria a boneca, eles falaram que não contariam. Ele nos fez jurar com o dedo
mindinho.

Eu passei pelo inferno por causa de um juramento com o dedo mindinho... sério?

Rosnei. — Um juramento com o dedo mindinho?

— Fizemos um juramento também, se isso ajuda. — Sean murmurou.

Eu estava prestes a falar novamente quando Charli e Dustin entraram na sala de


jantar vestidos com suas roupas de ‘jantar’, que consistia de camiseta sem estampa e
calça. Se eles se sujassem com comida, não importaria, porque eles simplesmente os
trocariam para suas roupas de Natal na hora das fotos mais tarde.

— Neala? — Charli disse enquanto se sentava entre Darcy e eu.

Eu olhei para ela e sorri. — Sim, baby?

Charli inclinou a cabeça para o lado. — Você ainda está triste?

Todo mundo congelou depois de um momento em que olharam para mim.

Engoli em seco. — Do que você está falando, babes? Eu não estou triste.

Charli estalou a língua. — Sim, você está. Eu ouvi você chorar no seu chuveiro mais
cedo, quando você chegou em casa.

Olhei para Charli com a minha boca aberta.

Eu não sabia o que dizer a ela.

— Ela provavelmente bateu o dedão do pé, só isso, garota. — Darcy riu e cutucou
Charli, que estava sentada entre nós.

Charli riu, então ela se virou para mim e perguntou: — Ainda dói?

— Sim. — eu respondi. — Ainda dói muito.


Eu não estava falando sobre o meu dedo do pé, e com o canto do meu olho eu peguei
Darcy olhando para mim. Ele também sabia que eu não estava falando sobre o meu dedo
do pé.

Olhei para Charli, que ainda estava aconchegando aquela boneca esquecida por
Deus, enquanto Darcy colocava comida no seu prato.

— Qual o nome dela? — perguntei.

Charli riu. — O nome dela no filme é Reni, mas vou mudá-lo para Neala Girl, como o
tio Darcy chama você. Eu amo isso.

Senti o olhar de todos em mim, mas eu me recusei a mostrar qualquer emoção.

Eu simplesmente sorri e disse: — Nome bonito.

Charli abraçou Neala Girl com força e Dustin riu do outro lado da mesa. Eu olhei
para ele, e o encontrei sorrindo enquanto observava Charli abraçar e brincar com sua
boneca. Naquele momento, ele me lembrou muito de um jovem Darcy que me bajulava o
tempo todo... antes da merda bater no ventilador, é claro.

Eu soube pelo olhar no rosto de Dustin que ele amava Charli, ele simplesmente não
perceberia a emoção até que ele fosse mais velho. Eu fiz um voto de silêncio para mim
mesma quando olhei entre um e outro. Eu prometi nunca deixar que os dois entrarem em
uma situação que durasse mais de duas décadas, como Darcy e eu fizemos - a amizade
deles era preciosa demais para perder.

Eu me desliguei por um tempo, todo mundo agradeceu, então focou na comida. Eu


não estava a fim de jeito nenhum. Eu brincava com as batatas no meu prato e não
conseguia nem olhar para a carne sem o meu estômago ameaçar se revoltar. Sentia-me
como merda e não queria nada mais do que simplesmente ir para a cama.

Mas eu passei pelo jantar e depois, quando todos se retiraram para a sala de estar,
eu esperei cerca de 30 minutos antes de dizer a todos que eu queria ir para o meu quarto
para dormir um pouco. Eu estava perto da porta da sala de estar e prestes a fazer a minha
fuga quando ouvi Sean e Justin trocarem palavras fora no corredor.

— Ela está realmente para baixo, cara. Sinto-me mal que nós praticamente
causamos isso. — disse Justin suspirando.

Sean resmungou e respondeu: — Eu sei, mas nós nunca planejamos que isso fosse
tão longe.
Planejaram?

Do que diabos eles estavam falando?

Entrei no corredor e quando Sean e Justin me viram ambos se encolheram e


balançaram a cabeça.

— Merda. — Sean resmungou.

Sean e Justin passaram por mim na sala de estar e eu rapidamente os segui.

— O que você quis dizer com aquilo, Sean? — eu perguntei para ele.

Sean caminhou até a minha mãe e se inclinou para ela, sussurrando em seu ouvido.

Minha mãe bateu no braço dele quando ele se afastou.

— O que quis dizer que você nunca planejou ir tão longe? — perguntei a Sean.

— Ele pretendia...

Eu estendi minha mão no ar, interrompendo a minha mãe - ela não precisaria
mentir, se ela não falasse.

— O que você quis dizer, Sean? — eu perguntei, meus olhos se estreitaram.

— O que está acontecendo? — Darcy entrou na conversa.

Olhei para ele. — Eu ouvi Sean e Justin falando de mim lá fora, sobre eu estar
chateada. Eles disseram que foram a causa disso e que nunca quiseram que fosse tão longe,
e eu quero saber do que diabos eles estão falando.

Darcy levantou-se do sofá e veio para o meu lado, e virou-se para olhar para os
nossos irmãos.

— O que diabos está acontecendo? — ele perguntou.

Eu não queria que ele ficasse do meu lado, mas o que quer que Sean fez, o envolvia
também.

Sean olhou para a minha mãe, pai, então Justin, antes de olhar de volta para mim.

— Era para ser apenas ser uma piada... uma brincadeira, na verdade. Assim como as
que você e Darcy fazem um com o outro o tempo todo.

Eu engoli a bile que subiu na minha garganta.

— O. Que. Você. Fez? — eu rosnei.


Meu pai suspirou. — Basta contar, é melhor eles saberem a verdade.

Olhei de Sean para o meu pai, em seguida, de volta para Sean.

Que verdade?

— Sean? — eu pressionei.

Ele levantou os braços e esfregou o rosto com as mãos.

— Nós soterramos vocês dois. — ele disse, evitando o contato visual.

O quê?

— Como? — Darcy rosnou.

Dustin assobiou. — Uh-oh. Tio Darcy está neeervooosooo.

Justin cutucou Sarah, que estava ao lado dele. — Leve ele e Charli até seu quarto e
feche a porta, certo?

Isso era grave se Justin não queria as crianças na sala ouvissem a conversa.

Fiquei calada até que Sarah levou Dustin e Charli para o andar de cima e eu ouvi a
porta do quarto de Charli ser fechada com um clique.

— Fale. Agora.

Sean suspirou e olhou para a nossa mãe. — Isso foi ideia sua, você conta para ela o
que tivemos que fazer.

Comecei a tremer.

Minha mãe olhou para Sean, então para mim. — Nós só queríamos dar a você e
Darcy um pequeno... empurrão. Não é todo dia que conseguimos juntar vocês dois, então
nós achamos que se ficassem na casa de Darcy por alguns dias faria bem.

Eu pisquei. — Eu não entendo. Ficamos presos na casa de Darcy porque estava


nevando. O tempo fez isso, não você.

Minha mãe olhou para seus pés.

Darcy ofegou à minha direita, então eu olhei para ele e disse: — O quê?

Ele olhou para mim, em seguida, olhou para frente de novo e falou. — Eles nos
soterraram na casa para nos impedir de sair.

O quê?
Como isso era possível?

— Eu não acho que eles...

— Nós fizemos isso, Neala.

Eu estalei minha cabeça na direção do meu pai e fiquei boquiaberta. — O quê?

Meu pai balançou a cabeça. — Foi uma ideia estúpida, mas tanto a sua mãe quanto a
de Darcy queriam fazer uma última tentativa para vocês se entenderem.

Puta que pariu.

Eles foram responsáveis por sermos enterrados na casa de Darcy por dias comendo
comida enlatada, tomando banhos frios congelantes, tendo zero calor do caralho e com
Darcy quase morrendo?

Eu explodi. — Vocês não podem forçar duas pessoas a se darem bem! Estou de saco
cheio com todos vocês tentando controlar nossas vidas. Se quiséssemos estar juntos, nós
estaríamos juntos. Isso depende de nós, não de vocês!

Todo mundo se encolheu quando parei de gritar.

— Ela está certa, vocês foram longe demais. Como se atrevem a nos forçar a ficar
juntos como animais!

Eu estava tremendo de raiva quando Darcy falou.

— Não era para ser assim. Nós pensamos que vocês achariam divertido. — Justin
protestou.

Rosnei para ele. — Nós odiamos ficar na companhia um do outro há 20 anos. Vocês
entendem isso? Vinte malditos anos! O que fez vocês pensarem que quatro dias
resolveriam tudo?

Justin levantou as sobrancelhas. — Vocês dois dormiram juntos, ódio, obviamente,


não era um problema entre vocês dois naquela casa.

Meu coração se partiu mais uma vez com a lembrança, e eu estava mortificada que
todos perto de mim souberam que eu e Darcy transamos.

— Justin! Caramba, cara! — Darcy assobiou.

Limpei meus olhos antes que quaisquer lágrimas pudessem cair. — Obrigada por
esse lembrete, Justin, e obrigada por deixar todos saberem algo tão pessoal.
Justin fez uma careta depois resmungou quando sua mãe deu um tapa no seu braço.

— O que aconteceu entre nós não foi nem mesmo a nossa escolha. Vocês nos
forçaram a ficarmos juntos e sabiam que seria: ou dormir juntos ou matar um ao outro. —
Darcy virou-se para sua mãe.

Marie franziu a testa. — Nós só queríamos que vocês se dessem bem...

— Nós sabemos! — Darcy gritou. — Sabemos o que todos vocês queriam, mas e
sobre o que nós queremos? Não façam isso como se vocês estivessem fazendo isso para
alguém, exceto para si mesmos. Vocês todos nos queriam juntos para que pudéssemos
brincar de famílias felizes.

Eu cruzei os braços sobre o peito e olhei para baixo quando comecei a fungar.

— Nós não somos ovelhas, vocês não podem simplesmente nos colocar juntos,
porque vocês querem isso.

Sean pigarreou. — Eu não queria juntar vocês dois, eu só queria que parassem de
brigar o tempo todo.

Levantei minhas mãos para minhas têmporas e esfreguei.

— Como vocês fizeram aquilo? — perguntei.

Meu pai que me respondeu.

— Em primeiro lugar, eu quero pedir desculpas a vocês dois. Eu não gostei da ideia,
mas eu tomei a decisão de concordar e ajudar, o que foi imperdoável. Sinto muito por
vocês dois. — ele disse.

— O mesmo aqui. — Mark, o pai de Darcy, entrou na conversa. — Eu sinto muito. Eu


não deveria ter participado do esquema, que foi estúpido e errado. Eu espero que vocês
possam me perdoar... perdoar-nos.

— Eu amo como vocês estão jogando toda a culpa em mim e na Carol! — a mãe de
Darcy falou com raiva.

Sean zombou. — Foi de vocês duas que surgiu a ideia. Nós fomos apenas os idiotas
que realizaram a ação.

Eu estava ciente que ambos os nossos pais tinham ajudado a soterrar-nos na casa de
Darcy, mas as pessoas que eu estava furiosa eram nossos irmãos e mães. Nossos pais
apoiaram nossas mães, apenas para manter as velhas felizes, mas nossos irmãos não
teriam conseguido muito lucro se tivessem dito não à ideia idiota. Eles queriam fazer por
razões egoístas.

— Pedimos desculpas a todos vocês cada vez que discutimos na presença de vocês,
raramente causamos cenas, então não entendo por que vocês foram tão longe. Vocês
entendem o que fizeram, certo? Vocês nos soterraram dentro de uma casa e nós
mantiveram presos por dias. Vocês têm alguma ideia de como foi? Foi assustador, escuro e
desconfortável. Nós dois brigamos a maior parte do tempo lá. Eu tive que suportar insultos
dia e noite da porra de um papagaio... um papagaio!

Darcy colocou a mão sobre sua boca, e eu rosnei em sua direção.

— Eu não estou rindo. — ele disse rapidamente e olhou para longe de mim.

Desgraçado!

Eu olhei de volta para o meu pai, que de repente parecia deprimido. — Vá em frente,
diga-nos como vocês fizeram isso.

Ele suspirou. — Depois que Darcy deixou o pub na noite da festa de noivado, eu
sabia que você ia segui-lo para pegar a sua boneca de volta. Eu mencionei isso para sua
mãe e disse a ela que iria atrás de você, porque eu estava preocupado que você pudesse se
machucar e congelar sua bunda subindo a montanha. Sua mãe e a de Darcy, apareceram
com a ideia, uma vez que você estivesse dentro de casa, porque sabíamos que você ia
entrar, para bloquear todas as saídas, assim, manter os dois juntos para... resolver suas
diferenças.

Meu pai balançou a cabeça.

— Eu, Mark, Sean e Justin subimos a montanha atrás de você, mas mantivemos a
nossa distância, para você não nos pegar. Depois de uma hora ou mais que chegamos à
casa de Darcy, conseguimos ouvi-los discutindo lá dentro. Sean foi até a porta dos fundos e
disse que era sobre o papagaio, então nós achamos que não era nada sério.

Nada sério, ha!

Aquela porra de pássaro me traumatizou.

— Vá em frente, não pare agora. — Darcy rosnou.

Justin assumiu. — Pegamos pás do seu barracão e começamos a trabalhar -


colocamos um bloqueio em cada porta e como a queda de neve estava pesada, facilitou as
coisas. Não demorou muito para nós bloquearmos as portas e janelas. Quando
terminamos... começamos a ter dúvidas, mas pensamos em deixar rolar e ver o que
aconteceria...

Eu era insanamente louca, mas eles eram piores.

Eu não posso acreditar que este grupo de idiotas, nem por um segundo, achou que o
que fizeram foi uma boa ideia.

— Vocês são um bando de idiotas, eu espero percebam isso.

Todos abaixaram a cabeça.

Eles sabiam.

— Eu espero que vocês também percebam que eu quase sufoquei tentando cavar o
nosso caminho através da porra da neve. — Darcy falou com raiva.

Todo mundo, exceto nossos irmãos, ofegou.

— Sim. — eu entrei na conversa. — A neve no túnel caiu sobre ele e eu tive que tirá-
lo. Vocês quase mataram Darcy.

Eu estava dizendo a verdade, mas eu adicionei um toque de drama na minha voz


para realmente expor o meu ponto de vista, e pela expressão no rosto de todos, funcionou.

— Eu sinto muito. — a mãe de Darcy chorou.

Choro legítimo. Lágrimas reais.

Eu nunca vi Marie chorar antes, então encarei muito.

Eu até me senti mal.

Só por um minuto, embora, até que eu me lembrei do que o grupo de idiotas


orquestraram.

— Eu honestamente não posso acreditar que vocês nos prenderam em uma casa,
soterrando as saídas, isso é ao menos legal?

Meu pai bufou. — Certeza absoluta que não é.

Interessante.

— O quê? Você vai nos prender? — Sean me perguntou no seu tom sarcástico.

Eu enrolei meu lábio em desgosto. — Não é mais do que você merece.

Sean não respondeu, ele apenas olhou para baixo.


Todo mundo parecia estar a favor de olhar para os pés.

— E sobre o apagão? Vocês causaram aquilo também? — Darcy rosnou.

Todos balançaram a cabeça. — A energia no bairro só voltou ontem. A casa da


montanha e hotéis deverá ter energia na quinta-feira. O município está trabalhando nisso.
— explicou Justin.

Soterrar-nos era ruim o suficiente, eu poderia ter esmagado algo agora se eles
tivessem boicotado a energia também.

— A partir deste momento em diante, eu nunca mais quero ouvir alguém mencionar
o meu nome e de Darcy em uma frase, de uma forma que seja sugestivo sermos um casal
ou já ser um casal. Eu não quero ninguém tentando jogar de casamenteiro, e acima de
tudo, não nos prendam em qualquer lugar juntos novamente. Entenderam?

— Entendi. — todos responderam em uníssono.

Eu balancei a cabeça, em seguida, olhei para Darcy antes de olhar para todos os
outros.

— E pela última vez nunca haverá uma relação Neala e Darcy. Ele não me quer... e
eu não o quero.

Com o que disse eu me virei e saí da sala, subindo as escadas e indo para o meu
quarto.

Meu coração estava martelando no meu peito e meu estômago revirou.

Eu me odiava.

Eu odiava mentirosos e eu odiava mentir.

No entanto, eu acabei de falar a maior mentira de todas.

Eu não era melhor do que o resto da minha chamada família.

Parecia que ser uma mentirosa vinha naturalmente.

Para todos nós.


—O utra Darcy? — Bob, o proprietário do Pub O'Leary, me perguntou.

Eu olhei para Bob e balancei a cabeça, mesmo que ela tivesse começando a girar.

Bob suspirou e apoiou os cotovelos em cima do balcão na minha frente e me


encarou.

— Qual é o problema, garoto? — ele me perguntou.

Eu gosto de uma garota pra caramba e eu sinto a falta dela enlouquecidamente.

Como eu poderia falar isso, sem soar como um maricas?

— Eu fiz merda com uma garota que estava vendo e eu estou um pouco acabado por
isso. — eu disse, e balancei a cabeça. — Ela é uma boa garota e eu fui um idiota com ela.

Assim está bom.

— Você a traiu? — Bob perguntou quando se inclinou para trás e pegou alguns copos
de cerveja e enxugou-os com um pano.

Eu fiz uma careta para ele. — Não, eu transei com ela, então disse a ela que me
arrependi, quando eu realmente não tinha.

Eu não quis mencionar que eu não disse essas palavras diretamente para ela, e que
falei para Justin e Sean, ou Bob teria percebido que era da Neala que eu estava
falando. Bob era um homem bom, mas ele amava um pouco de fofoca e esse pouco de
informação seria espalhado para o bairro todo até Ano Novo se eu fosse muito claro.

— Então diga a ela que você não quis dizer isso. — Bob falou com um encolher de
ombros.

Se as coisas fossem assim tão simples.


Eu resmunguei: — Eu disse, mas ela não acredita em mim.

— Justamente por isso. — Bob concordou. — Você feriu a moça e ela tem medo de
confiar em você de novo. Isso é compreensível.

— Sim. — eu concordei tristemente. — O negócio é o seguinte, eu falei para ela que


iria provar e mostrar que eu gosto dela, e que quero mais do que uma brincadeira suja
entre os lençóis com ela, mas ela está receosa em relação a isso. Eu não vejo ou falo com ela
há alguns dias.

Bob assobiou. — Parece que você realmente machucou o coração da moça.

Abaixei a cabeça em cima do balcão e gemi: — Sim, eu estou ciente disso. Obrigado.

Bob riu. — Desculpe rapaz, não quis dizer para enfiar a adaga mais profundamente.

Suspirei e levantei minha cabeça. — É ótimo. Eu mereço isso.

Bob inclinou a cabeça para o lado enquanto me observava. — Você realmente gosta
desta moça? — ele perguntou.

Eu balancei a cabeça. — Mais do que eu já gostei de alguém. — eu admiti.

Bob levantou uma sobrancelha. — Mesmo Laura Stokes?

Quem?

Oh, sim, Laura.

Porra.

Ela nem sequer se compara com Neala. Nenhuma mulher se comparou ou algum
dia compararia.

Ela me arruinou para qualquer outra pessoa.

— Mesmo Laura Stokes. — eu balancei a cabeça para Bob.

Ele sorriu. — Prove.

O quê?

— Eu não entend...

— Darcy Hart. Muito tempo sem nos vermos, o que é ruim para mim e para você.

Virei-me do olhar vigilante de Bob para um aquecido de Laura.

Forcei um sorriso. — Hey Laura... como você está?


— Eu estou bem, querido. — Laura sorriu sedutoramente. — E você?

Eu balancei a cabeça. — Não estou tão ruim. — eu menti.

— Você teve um bom Natal? — ela perguntou.

Eu tive uma noite de Natal incrível, mas um dia de Natal de merda.

— Sim, passei com a família... você?

— O mesmo. — Laura disse quando se inclinou para mim, mas franziu a testa
quando eu me afastei. — O que está errado? — ela perguntou.

Eu pisquei. — Nada, por quê?

Ela me deu um sorriso. — Você está para baixo por causa de alguma coisa - eu posso
dizer.

Como?

— Eu estou bem... realmente.

Laura riu. — Ok, então.

Ela continuou a olhar e sorrir para mim até que eu rachei.

— É uma garota... — eu murmurei. — Eu só percebi recentemente o quanto gosto


dela, mas eu disse algo muito doloroso para ela e estraguei tudo.

Laura franziu a testa, estendeu a mão e esfregou meu ombro. — Tenho certeza que
Neala vai perdoá-lo, Darcy. Eu posso ver como você está para baixo com o que quer que
tenha acontecido. Tenho certeza que ela vai perceber também.

Duvido.

— Nah. — eu murmurei. — Ela não acredita em mim quando eu digo que sinto
muito, ou que eu não quis dizer o que disse... espere um segundo, como você sabe que é
Neala? — eu perguntei meus olhos arregalados com o choque.

Laura baixou a mão do meu ombro e riu: — Vamos lá, Darcy. Eu teria que ser cega
para não perceber a conexão entre os dois. Vocês têm isso desde que éramos crianças,
apenas mostrou-se na forma de ódio e raiva.

Fiquei olhando para Laura sem palavras. Como ela sabia que Neala e eu tínhamos
uma conexão quando nem nós sequer sabíamos?
Ela continuou a falar: — Mas estou feliz que vocês finalmente descobriram, melhor
agora do que quando estivessem velhos e grisalhos.

Eu estava tão confuso.

— Eu não sei de mais nada... estou apenas confuso, e eu não sei o que fazer comigo
mesmo. É uma merda.

Laura riu e deu um tapinha no meu braço. — Eu tenho certeza que você vai resolver
isso. Boa sorte, Darcy.

Laura se inclinou e beijou meu rosto. — Tchau. — ela sussurrou antes de se levantar
e ir embora.

Bem assim, nosso relacionamento foi encerrado.

Graças a Deus.

Se eu não poderia ter Neala, eu não queria nenhuma mulher.

Eu olhei para frente e peguei o copo de cerveja fresca na minha frente. Olhei para a
minha direita, quando Bob virou para mim e sorriu.

— Então você realmente gosta daquela garota. — disse Bob.

Eu queria rir, mas eu simplesmente soltei uma quantidade extra de ar pelo meu
nariz e disse: — Sim, cara.

Bob sorriu para mim. — Então faça tudo que puder para consegui-la.

Bob afastou-se para cuidar de algum outro cliente que queria pedir uma bebida.

Fiquei sozinho com meus pensamentos, mas não por muito tempo.

— Eu falei que ele estaria aqui. Pague, cadela. — a voz de Sean soou animada.

O rosnado irritado do meu irmão seguiu. — Aqui, idiota.

— Parem de fazer dinheiro com a minha miséria, vocês me irritam. — eu disse antes
de virar metade da minha cerveja.

Sean sentou no banquinho vazio à minha esquerda, enquanto Justin sentou-se em


um vazio à direita.

— Acabei de ver você terminar com Laura Stokes? — Sean me perguntou.

Dei de ombros. — Sim, para sempre. Mas ela está bem com isso.
Sean assobiou. — Você está mal, garoto.

Não me diga.

Ambos os rapazes bateram palmas sobre os meus ombros.

— Como vai, chefe? — Justin me perguntou.

Eu resmunguei. — Como é que parece que estou? — perguntei.

— Como merda. — Sean respondeu.

Ding ding ding.

Nós temos um vencedor.

— Isso me resume. — eu disse e tomei outro gole da minha cerveja e balancei a


cabeça quando oscilei um pouco.

Ambos os rapazes suspiraram.

— Se isso ajudar. — Sean começou. — Ela não fala com qualquer um de nós também.
Exceto as crianças, é claro.

Meu estômago embrulhou.

Ela estava sozinha em um momento que ela não deveria estar.

Eu me senti como um enorme idiota.

O que nossas famílias fizeram para nós foi merda suficiente, mas lidar com o que eu
disse duplicou.

— Além do problema óbvio, ela está bem? Ela está comendo e se cuidando? —
perguntei com preocupação.

Eu me odiaria mais ainda se a magoei o suficiente para deixá-la doente. Eu, com
certeza, mal comi desde o Natal, mas foda-me, eu não poderia me importar menos comigo,
era Neala que me preocupava.

— Sim, ela está comendo e tomando banho e fazendo todas as coisas normais... ela
está apenas triste, cara.

Engoli em seco e olhei para baixo. — Eu sei, eu desejava nunca ter dito aquilo.

— Você não queria ter dito ou você não queria que ela escutasse? — Sean perguntou.
Eu olhei para ele e respondi honestamente: — Eu desejava nunca ter dito aquilo. Eu
menti para vocês para que não me olhassem como um maricas quando ela acordasse e me
dispensasse. Eu fiz da minha preocupação uma realidade por mentir. Eu ferrei tudo e eu
não tenho a quem culpar senão eu.

— Não seja tão duro consigo mesmo, mano. — Justin disse e me cutucou. — Tudo
vai se ajeitar, você vai ver.

— Não vai ajeitar sozinho. — eu disse, balançando a cabeça. — Eu estraguei tudo,


então eu tenho que arrumar... eu devo isso a ela.

Sean deu um tapinha no meu ombro para apoio, enquanto Justin sinalizou para o
Bob e pediu uma rodada de bebidas para nós. Bob pegou nosso pedido rapidamente e
levou o meu copo de cerveja, agora vazio, e franziu a testa quando comecei o copo novo que
colocou diante de mim.

Justin olhou para Bob, então para mim.

— Ele bebeu quantas? — ele perguntou.

— Esta é a número cinco. — Bob respondeu.

Revirei os olhos quando Justin assobiou.

— Você quer ficar bêbado e fora de si? Afogar as mágoas não vai te trazer de volta a
sua Neala Girl, maninho.

Ele não podia chamá-la assim, só eu podia.

Eu rosnei. — O que você sabe? Você tem uma mulher e uma criança. Você não sabe
o que eu estou sentindo.

Justin riu e isso só piorou meu temperamento.

— Você acha que as coisas sempre foram boas com Sarah? Comecei a sair com ela eu
tinha vinte e cinco anos e ainda estamos juntos e felizes no casamento, porque nós
trabalhamos para manter o que temos. Ninguém é presenteado com um relacionamento
saudável, para de sentir pena de si mesmo, porra. Você ferrou com Neala, vá arrumar, se
ela significar muito para você.

Eu sabia que Justin estava certo, mas eu empurrei-o, simplesmente porque eu


estava à procura de uma luta.
Eu queria sentir algo diferente do que a sensação de mal-estar que estava
constantemente no meu estômago.

Justin levantou-se do banco e eu considerei um convite que ele queria trocar


golpes. Eu dei o primeiro soco e acertou em cheio a mandíbula de Justin. Ele bateu as
costas no banco e, em seguida, no chão.

— Ah, foda-se! — Sean me agarrou por trás e bateu na parte de trás da minha cabeça
com tanta força que meu cérebro ficou confuso. — Você quer brigar, vem para cima mim.
Foi com a minha irmãzinha que você fodeu, lembra?

Eu vi vermelho e joguei Sean no chão.

Eu me afastei e desencadeei uma série de socos no seu rosto, mas nenhum pegou
porque ele estava com a cabeça protegida, então eu mudei e dei alguns golpes no seu peito.

— Está tudo bem, honestamente, não se preocupe. Um minuto ou mais e vai ficar
tudo bem. Sente-se. — a voz de Bob rompeu a minha nuvem.

Um ruído cego bloqueou tudo e minha visão manchou.

Levei um segundo para perceber que tinha levado um soco na cabeça.

Sean, o bastardo, levantou e me deu um soco.

Eu estava prestes a devolver o favor quando senti braços envolverem o meu pescoço
por trás e me puxar de cima de Sean. Estendi a mão para trás e acertei Justin, que estava
me segurando, mas ele não desistiu até que eu parei de dar socos. Minha cabeça estava
girando e meu estômago ameaçava transbordar a qualquer momento.

— Acabou? — Justin gritou no meu ouvido.

— Eu teria matado vocês, se conseguisse ver em linha reta! — eu rebati, então tossi
quando o braço de Justin apertou meu pescoço.

Sean ria do chão, na minha frente. — Eu acho que não, projeto de machão. Eu deixei
você me dar alguns golpes para ajudar a aliviar um pouco o estresse. Você se sente melhor?

Pisquei e quando a minha visão focou pude ver Sean, mas parecia que ele estava
balançando enquanto sentava.

Eu ri inesperadamente: — Sim, eu me sinto melhor.

Eu surpreendentemente me sentia.
Esperei que Justin me soltasse, e, em seguida, ele e Sean ficaram de pé e me
ajudaram a levantar. Ambos empurraram e deram um tapa de brincadeira na minha
cabeça.

— Acabou o show, tudo bem, todos. — Bob anunciou.

As pessoas que se preocuparam em olhar na nossa direção viraram e continuaram


com suas conversas, como se não tivéssemos acabado de brigar um minuto atrás.

— Eu não posso acreditar que ele te derrubou com um golpe. — Sean zombou de
Justin quando ele endireitou nossos bancos e sentamos de novo.

Justin esfregou o queixo. — Minha última briga com ele foi há cinco anos. Ele está
perfeito em dar uns socos decentes, desde então, ao que parece.

Eu bufei quando coloquei minha cabeça em cima do balcão.

Justin bateu nas minhas costas com a mão. — Eu nunca vi você assim por causa de
mulher.

— Ela não é só uma mulher, cara. — eu disse. — É Neala.

Sean me cutucou. — Sua Neala Girl?

Sim.

Minha Neala Girl.

— Sim, ela é minha. — eu disse e sentei ereto. — Eu preciso consertar isso... mas não
sei como.

Ambos os rapazes deram um tapinha no meu ombro.

— Nós vamos ajudá-lo, mano. — disse Justin.

Eu sorri interiormente.

Eu suspirei. — Como?

Todos nós ficamos parados e pensamos sobre isso por alguns minutos, em seguida,
Sean estalou os dedos. — Você tem que pegá-la sozinha - você não vai conseguir a atenção
dela em uma sala cheia de pessoas.

Revirei os olhos. — Ela não sai do seu apartamento. Como posso falar com ela
sozinha, quando ela não quer falar comigo? — eu perguntei.

Isso nos fez ficar mais alguns minutos em silêncio, enquanto pensávamos.
— Eu sei. — disse Justin. — Nós podemos enganá-la para sair.

— Você se lembra do que aconteceu quando você a enganou? Eu tenho certeza que
sim, foi apenas na semana passada. Você a aprisionou em uma casa comigo por dias. — eu
interrompi Justin com um grunhido.

Justin fez uma careta. — Não fui só eu, cara... e todos nós pedimos desculpa por
isso.

Eu balancei a cabeça e olhei para o meu meio litro de cerveja, eu nem queria beber
mais. Eu vim aqui para afogar minhas mágoas, mas não importava o quanto eu bebesse,
ainda não conseguia escapar da maneira que eu me sentia. Eu empurrei o copo para longe.

— É véspera de Ano Novo... o que acha de chamá-la para vir para a festa aqui esta
noite? — Sean sugeriu.

Eu olhei para ele e brinquei: — Se ela não sai do apartamento, então, ela não vai vir
aqui.

Sean sorriu afetado. — Deixe isso comigo. Eu vou trazê-la aqui, você apenas
certifique-se de ir para casa e fique pronto para arrumar tudo com ela. Você entendeu?

Eu levantei minha sobrancelha e olhei para Justin que deu de ombros.

Eu olhei de novo para Sean e decidi, que diabos? Quem seria melhor para me ajudar
a ganhar Neala do que seu próprio irmão?

— Entendi. — eu disse com um aceno de cabeça firme.

Eu só rezava para o que quer que Sean tivesse planejado, funcionasse, porque de
uma maneira ou de outra eu começaria o Ano Novo com a minha Neala Girl, na minha
vida, como a minha namorada.

Eu não me contentaria com nada menos do que o seu coração.


—N eala?

Uh.

— Neala. Eu sei que você está aí, abra a porta. Por favor.

Vá embora.

— Neala! — a voz de minha mãe soou estridente. — Por favor, abra a porta.

Eu levantei do meu quarto quando a voz da minha mãe começou a entrar em


pânico. Eu imaginei algo terrivelmente errado com ela, sem pensar duas vezes eu corri do
meu quarto, no corredor e abri a minha porta da frente.

— Ma? — eu disse com preocupação revestindo a minha voz.

Eu pisquei quando meu irmão estava diante de mim e não a minha mãe.

Eu estava confusa.

Eu tinha certeza que ouvi a voz da minha mãe.

— Onde está Ma? Eu a ouvi. — eu disse.

Sean mordeu seu lábio inferior antes de levantar seu braço e apertar na tela do seu
iPhone.

— Neala? — a voz de minha mãe gritou do telefone.

Franzi minhas sobrancelhas em confusão, em seguida, olhei para Sean, que deu de
ombros e guardou o telefone.

— Eu sabia que você não abriria a porta para ninguém, exceto nossa mãe
angustiada. — ele disse.
Desgraçado!

Ele passou a perna em mim.

Eu rosnei para ele e tentei bater a minha porta no rosto de Sean, mas ele parou o
processo, jogando seu corpo entre a porta e o batente, o que tornou impossível fechar a
porta.

— Saia! — eu gritei.

Sean grunhiu de dor: — Não, nós precisamos conversar.

O inferno que precisamos.

— Eu não me importo com uma única palavra que você tenha a dizer, seu pedaço de
merda! — eu gritei, levantei a mão e comecei a dar tapa na cabeça do Sean.

Ele gritou. — Neala, pare com isso! Dói... ai!

Sinta a dor, seu filho da puta.

— Não! Você merece tudo por ser uma desculpa de irmão. — eu disse, em seguida,
caí para trás de bunda quando Sean irrompeu pela porta e caiu de cara no chão ao meu
lado.

Ha-ha-porra-ha!

— Isso dói. — Sean murmurou.

Eu olhei para ele. — Estou feliz.

— Você é a Senhora das Trevas. — ele gemeu.

Eu sorri maldosamente. — E algum dia eu vou governar a Terra.

Sean gemeu quando rolou de costas. Ficamos em silêncio, quando ele se colocou ao
meu lado e ficou olhando para o teto. Eu estava olhando para cima também, mas só porque
eu não queria virar a cabeça e ver seu rosto estúpido.

— Isso é invasão de domicílio, sabe? — eu resmunguei.

Sean bufou: — Você é a minha irmã.

— Então? Eu não quero você aqui, por isso ainda conta como invasão de domicílio.
— eu disse ao me sentar, gemendo com uma leve dor que irradiava na direção da minha
bunda, por causa do impacto de bater no chão quando caí. Eu fiquei de pé e coloquei as
duas mãos na minha bunda, esfregando para passar a dor. Olhei para o meu irmão e revirei
os olhos.

— Você tem quase trinta e dois anos, e ainda assim age como se tivesse quinze. — eu
disse com um aceno de cabeça.

Sean olhou para mim e sorriu. — Eu aposto que você vai ter uma repetição dessa
conversa comigo em 50 anos.

Eu suspirei. — Duvido, eu pretendo renegá-lo muito antes disso.

Sean se levantou desajeitadamente, e quando ele se endireitou, colocou um braço


em volta do meu ombro e me puxou para o lado dele. Ele me deu um beijo no topo da
cabeça e disse: — Você não pode me renegar... você me ama muito.

Verdade.

Eu grunhi em aborrecimento. — É uma vergonha como eu nunca poderia renegar


você, mas você não teve nenhum problema em fazer isso comigo por quatro dias.

Sean levantou a sobrancelha. — Quatro? — ele questionou.

Eu bufei. — Fiquei trancada de sexta à noite até terça-feira de manhã e conta um dia
inteiro, então sim, verificando as horas, somam-se quatro dias.

Sean acenou com a cabeça, em seguida, me abraçou novamente. — Eu sinto muito,


Neala, estou verdadeiramente arrependido. Foi uma ideia estúpida, lixo total de verdade.
Por favor, me perdoe. Eu não vou enganá-la nunca mais. Eu prometo.

Eu dei um passo para longe do meu irmão e fechei a porta da frente antes de virar
para ele.

— O que você chama de colocar a voz de Ma para tocar no seu telefone, para me
fazer abrir a porta, então? — perguntei.

Sean abriu a boca, fechou-a, em seguida, abriu novamente. — Certo, a partir de


agora eu não vou enganá-la mais. Prometo.

Eu bufei e balancei a cabeça para ele.

— Vamos, Neala. É noite de Ano Novo, você não pode iniciar um ano sem falar com
a sua família.

Quem disse?
Eu suspirei. — Observe.

Sean franziu a testa. — Nós sentimos sua falta, irmã. Ma chora todos os dias porque
ela se sente muito mal sobre tudo o que aconteceu.

Isso dói.

Engoli em seco. — Você está usando o choro da Ma para me deixar culpada?

Sean sacudiu a cabeça. — Não, eu só estou te contando o tanto que ela está mal com
você a ignorando. Ela não queria magoar você, nenhum de nós queria... nem mesmo
Darcy.

Eu ampliei meus olhos. — Você está do lado dele?

Ele era meu irmão! Como ele poderia estar do lado dele?

— Claro que não. — afirmou Sean. — Eu a apoio o dia todo, todos os dias. Só estou
dizendo que o cara não está levando a briga de vocês muito bem.

Parte de mim queria perguntar se ele estava bem, e a outra metade queria ir até ele
e me certificar que ele estava bem, mas eu sufoquei os sentimentos de saudade e
resmunguei: — Sim, bem, eu não sou exatamente a imagem de felicidade aqui também,
Sean.

Eu andei ao redor de Sean e entrei na minha sala de estar, onde sentei na cadeira e
me cobri com o cobertor que pairava sobre o encosto dela. Sean me seguiu e sentou perto
de mim, com os cotovelos apoiados nos joelhos, enquanto olhava para mim.

— Você não pensa que nos ignorar por seis dias é castigo suficiente?Nós vemos uns
aos outros todos os dias - todos nós preocupamos com a vida uns dos outros, e você nos
ignorando dói pra caralho. Penso em você constantemente e me pergunto se você está bem
ou não.

Olhei para a janela da sala e suspirei enquanto observava a neve cair.

— Vocês todos me machucaram. Eu só precisava ficar longe de vocês e de tudo por


algum tempo.

Eu olhei de novo para Sean quando ele se sentou e esfregou o rosto com as mãos. —
Você não acredita que estamos arrependidos?

— Eu acredito. — respondi. — Eu realmente acredito que vocês sentem muito. Eu


ainda estou apenas chateada com a coisa toda, Sean.
Sean apoiou o queixo em sua mão direita e franziu a testa. — Eu não culpo você,
mas nos excluir não é a resposta.

Eu sorri. — Você está aqui, não é? A exclusão não parece estar funcionando.

Sean bufou. — Isso mesmo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos até que Sean disse: — Você vem para a
festa de Véspera de Ano Novo no Pub O'Leary esta noite?

Eu não respondi de imediato, porque eu não tinha certeza da minha resposta.

Eu sabia que a minha família e a de Darcy estavam arrependidas do que fizeram


conosco, e mesmo que eu ainda estivesse zangada com eles eu não podia evitar, exceto
sentir saudade. Eu não via os meus pais há seis dias, que é o tempo mais longo que eu, por
vontade própria, fiquei sem vê-los, então eu não via nenhuma razão ficar sem vê-los por
mais tempo. Além disso, Sean estava certo, eu não queria começar o Ano Novo em clima
ruim com todos.

— Sim, eu vou. — eu respondi para o Sean, que pareceu chocado com a minha
resposta.

Eu bufei. — Você estava esperando uma briga? — perguntei.

Sean piscou para mim e assentiu com a cabeça. — Bem... sim. Eu não esperava que
você viesse sem alguma resistência.

Dei de ombros. — Estou farta de ficar dentro de casa e da maneira que estou
sentindo, um pub soa como o lugar perfeito para ir.

Sean não disse nada, ele apenas me observou.

— Que horas são? — perguntei.

— Seis e meia da tarde.

Eu balancei a cabeça.

Dormir todas as horas foi um padrão que eu caí durante a semana passada.

— Eu vou tomar um banho e me trocar. Você pode me levar para a sua casa por um
tempo para que eu possa ver Charli e Jess e depois vamos para o pub.

Sean coçou a cabeça. — Parece bom para mim.

Eu balancei a cabeça, levantei e saí da sala em direção ao banheiro.


Eu ia a uma festa hoje à noite só para fazer as pazes com a minha família. Uma vez
que isso fosse feito eu estacionaria minha bunda no bar. Algumas bebidas poderiam apagar
Darcy e todas as besteiras que o acompanhavam da minha mente, mas isso era apenas uma
ilusão.

— Ma está na parte de trás, nas cabines, com todos. — Sean falou para mim quando
entrei no pub com ele e Jess.

Charli ficou em casa, na cama, uma babá estava cuidando dela enquanto seus pais
curtiam o Ano Novo juntos.

Eu balancei a cabeça para Sean e segui-os pelo pub, como um cachorrinho seguindo
seu mestre. Eu me senti tão fora do lugar no meu próprio pub local, com uma multidão de
rostos que cresci vendo. Suspirei para mim mesma enquanto caminhava.

Talvez vir aqui tenha sido uma má ideia.

Eu balancei a cabeça e continuei a andar atrás de Sean e Jess. Olhei em volta


enquanto caminhava e quando vi uma pessoa familiar ao longo do bar e percebi vi o que
ela estava fazendo eu quase despenquei.

Laura Stokes estava beijando um homem que não parecia em nada com Darcy.

Mas eu conhecia aquele homem. Olhei um pouco mais e meus olhos arregalaram
quando eu percebi que o rapaz estuprando a boca da Laura era Dan Jenkins, o rapaz com
quem eu tive um encontro e fugi, a quase duas semanas atrás.

Fiquei feliz por ver que ele estava levando a minha rejeição tão bem.

Eu só estava feliz que Dan não fosse Darcy. Quer dizer, se fosse Darcy quem ela
estivesse beijando eu provavelmente o teria matado, então para a sorte dele era Dan. Eu
estava tão presa assistindo Laura e seu novo companheiro de beijo que bati nas costas de
alguém.

— Você está bem? — Jess riu quando ela se virou e me amparou.

Eu sorri. — Desculpe, eu estava distraída.

— Por quê? — ela perguntou.


Eu balancei a cabeça para o bar, onde Laura e seu amigo estavam sentados.

Jess esquadrinhou a área, eu balancei a cabeça e quando seus olhos pousaram sobre
Laura ela sorriu. — Huh, Sean não estava brincando. Darcy realmente, realmente, deu o
fora nela.

O quê?

— Ele o quê? — eu perguntei, choque sobressaindo no tom da minha voz.

Jess sorriu. — Hoje mais cedo Laura veio até Darcy toda sexy e merda, mas Darcy
nem se importou. Bob contou para a sua mãe que era porque ele estava tão magoado por
uma garota que ele realmente gostava, que não conseguia pensar em nenhuma outra
mulher, só nela.

Não é possível.

— Sério? — perguntei.

Jess assentiu com a cabeça. — Juro por Deus, é verdade.

Oh, uau.

Darcy terminou sua amizade com benefícios com Laura por minha causa?

— Ela pareceu se recuperar rápido. — eu murmurei.

Jess riu: — Claro que ela recuperou. Ela vai ficar à espreita por um pouco de carne
nova uma vez que Darcy não está mais disponível.

Eu levantei minhas sobrancelhas. — Ele está disponível.

— Não emocionalmente. — Jess piscou, virou-se e continuou a caminhar na direção


das cabines onde minha família estava sentada.

Darcy não estava disponível emocionalmente?

O que diabos isso significava?

Isso significava que ele ainda transaria com as pessoas fisicamente, mas
emocionalmente ele estaria fechado como um estúpido zumbi?

Por que as pessoas não podiam ser simplesmente diretas no que falam?

Eu odiava toda essa confusão.


Eu limpei qualquer sujeira invisível do meu vestido e segui Jess até a cabine. Eu
queria rir no momento em que cheguei na frente da cabine, porque cada pessoa que estava
sentada na nossa seção virou a cabeça e olhou para mim ao mesmo tempo.

É não era só a minha família na cabine, a família de Darcy estava lá também, é claro.

— Noite. — eu disse, secamente.

Justin foi o primeiro a se levantar e me cumprimentar.

— Você está linda. — ele disse quando se inclinou e passou os braços ao meu
redor. — Eu senti a sua falta, garota.

Eu sorri e abracei Justin. — Eu senti sua falta também, Sábio.

Justin riu e me liberou.

Abracei Sarah e os pais dele e garanti-lhes que eu estava bem quando


perguntaram. Quando meu pai se levantou eu dei uma piscada para que ele soubesse que
estávamos bem, eu vi seus ombros relaxarem quando alívio o encheu.

— Eu sinto muito e eu te amo.

Abracei meu pai e disse-lhe que o amava também.

Minha mãe começou a chorar quando foi sua vez de dizer olá, e eu não pude deixar
de rir quando ela me puxou para um abraço esmagador. Ela escondeu o rosto no meu
pescoço e chorou como se eu tivesse acabado de voltar dos mortos.

— Foi apenas alguns dias, mulher! — eu disse, fazendo todos rir.

Minha mãe continuava a chorar enquanto me abraçava.

— Ma. — eu disse quando encostei minha boca na orelha dela. — Eu sei que está
arrependida e eu te perdoo. Não se preocupe com isso.

Eu ainda estava muito aborrecida com todo o calvário que Darcy e eu fomos
colocados, mas eu podia ver o quanto as nossas famílias lamentavam. Trazer isso à tona
não faria qualquer bem, por isso, nesse momento, eu teria que deixar isso para trás e
ansiar pelo Ano Novo.

Minha mãe me liberou, em seguida, fui para o meu pai para mais um pequeno grito,
porque ela estava feliz que tudo voltou ao normal. Bem, mais ou menos.

— Ele está aqui? — perguntei ao Justin.


Justin se inclinou e disse: — Ele está aqui em algum lugar. Ele foi para outro lugar
quando você chegou, para não incomodá-la.

Eu balancei a cabeça.

Eu sabia que teria que falar com Darcy eventualmente, eu só esperava que não desse
errado, porque eu sinceramente não podia lidar com mais nenhuma merda entre nós. Eu
joguei conversa fora com todos na cabine por uma hora ou mais. Já era tarde quando
chegamos e o pub estava lotado, mas agora que era quase meia-noite, o lugar estava lotado
de pessoas.

— Neala! — Sean gritou meu nome.

Eu olhei e me levantei da minha cadeira e caminhei até ele na margem da área de


estar, quando ele chamou meu nome. Eu tive que ultrapassar algumas pessoas para chegar
a Sean.

— O quê? — eu perguntei a ele.

Ele suspirou. — Você precisa falar com Darcy. Ele quer ir para casa, porque ele se
sente fora do lugar. Eu sei que você provavelmente vai estourar comigo, mas ele é uma
parte da nossa família tanto quanto você, e ele não devia sentir que tem que ir embora por
constrangimento.

Eu pisquei para Sean. — Onde ele está? — perguntei.

Sean olhou ao redor, em seguida, olhou de volta para mim. — Eu não sei, era para
ele ter mandado uma mensagem quando ele quisesse que eu trouxesse você...

— Trazer-me para onde? — perguntei então estreitei os olhos. — É melhor você não
ter armado para eu vir aqui, Sean.

Sean não disse uma palavra.

Meu Deus.

Eu não podia acreditar.

— Você disse que nunca iria me enganar de novo. Você prometeu, Sean! — eu gritei
e dei um passo para longe do meu irmão.

Sean suspirou. — Eu não estou enganando você. Eu ia tentar convencê-la a vir aqui
esta noite para limpar o ar entre você e Darcy, mas você veio aqui por sua própria vontade.
O único lugar que estou trazendo você é para fora, para um pouco de ar fresco. Ter você
aqui não é nenhum esquema do mal. Desta vez, eu estou deixando tudo caminhar por
conta própria.

Olhei em volta, mais uma vez em busca de Darcy. — Ele sabia que eu estaria aqui?

Ele acenou com a cabeça. — Sim, ele sabia... ele sente sua falta, Neala. Ele só quer
conversar, mas se você realmente não quiser, eu vou levá-la para casa. Sem perguntas.

Olhei para o meu irmão e suspirei. — Você acredita nele? — perguntei.

— Se eu acredito que ele sente sua falta? — Sean perguntou com as sobrancelhas
levantadas.

— Sim. — eu disse. — Você acredita que ele sente minha falta?

— Sem a porra de uma dúvida. — afirmou Sean. — O rapaz é uma catástrofe depois
do que aconteceu entre vocês dois. Ele estava aqui mais cedo, tentando beber até o
esquecimento, apenas para escapar da sua própria cabeça por um tempo. Ele terminou as
coisas com Laura Stokes também. Eu testemunhei isso com meus próprios olhos. Ele não
quer ninguém além de você.

Pisquei para o meu irmão, sem saber o que sentir ou pensar.

— Eu posso ver que você está hesitante, então vamos lá fora para um pouco de ar.
Podemos voltar ou ir para casa quando você limpar a sua cabeça.

Olhei ao redor da sala mais uma vez e balancei a cabeça. — Você está certo, eu
preciso de um pouco de ar, mas eu quero ir sozinha e é quase dez para meia-noite. Vá
encontrar Jess e ficar com ela para a contagem regressiva.

Sean sacudiu a cabeça. — E você?

Eu sorri. — Eu vou ficar bem. Eu só preciso de alguns minutos para mim. Ok?

— Ok. — Sean disse lentamente. — Mas se você decidir ir para casa, volte aqui e vou
levá-la. Eu não estou bebendo hoje à noite. Ok?

Eu balancei a cabeça. — Ok.

Ele abriu os braços e eu me segurei neles. — Eu te amo, Neala.

— Eu também te amo. — eu disse e apertei ainda mais meu irmão antes de me virar
e caminhar por entre a multidão de habitantes bêbados.

Eu respirei fundo quando saí.


Eu cruzei os braços sobre o peito e esfreguei minhas mãos sobre meus braços para
gerar um pouco de calor. Não nevava desde esta manhã, mas tinha uma ligeira brisa a e
estava frio pra caralho.

Eu suspirei para mim mesma.

Por que eu vim aqui?

Por que eu simplesmente não fui ao banheiro feminino, como todas as outras
mulheres fazem quando querem um tempo sozinha?

— Neala?

Eu congelei quando sua voz soou atrás de mim.

— Como você sabia que eu estava aqui? — perguntei.

Por favor, não diga que Sean disse.

— Eu vi você vir aqui depois da sua conversa com seu irmão... eu não tinha certeza
se você ia tentar caminhar para casa ou não. Você não tem um histórico muito bom de
caminhadas pela da neve em saltos altos, por isso vim até aqui para ver se precisava de
alguma ajuda. — disse Darcy, e eu podia ouvir o sorriso em sua voz.

Eu encontrei-me sorrindo também.

— Eu não vou sair... eu só vim aqui para pensar sobre algumas coisas.

Darcy veio para o meu lado. — E por acaso, acontece de eu ser uma dessas coisas?

Eu mantive o meu olhar para frente.

— Sim. — eu respondi.

Ficamos em silêncio por alguns instantes antes de Darcy suspirar e virar-se para
mim.

— Sinto muito por ferir você. Eu não tenho nenhuma desculpa para as coisas
dolorosas que eu disse. Eu estive doente comigo mesmo todos os dias, sabendo que eu te
magoei tanto.

Engoli em seco quando me virei para enfrentar Darcy. Fiz uma careta quando eu
verifiquei sua aparência. Ele estava vestido com sua marca registrada, um jeans escuro,
botas pretas, camisa de botão azul, e seu cabelo estava bagunçado daquela forma sexy que
eu amava... mas ele não se parecia com Darcy. Ele parecia um escudo de si mesmo.
Eu assobiei para ele. — Você está se alimentando? — perguntei.

Ele não era um cara muito grande, ele tinha músculos e agora parecia que tinha
perdido algum peso.

— Bem... não. — Darcy admitiu. — Eu não estava brincando quando disse que me
sentia doente com o que eu disse sobre a noite que nós compartilhamos.

Eu fiz uma careta. — Darcy, eu não quero que você fique doente por minha causa.

Ele balançou a cabeça. — Nada disso é por sua causa, mas minha, por causa, das
coisas estúpidas que eu disse.

Fiquei surpresa com o quão duro ele estava sendo consigo. Ele definitivamente
estava tomando nosso rompimento a sério.

— Eu sei que você falou que não quis dizer aquilo, mas se isso é verdade, então por
que você falou? — eu perguntei e continuei a esfregar meus braços para cima e para baixo.

Darcy suspirou. — Eu falei aquilo, porque eu realmente pensei que você ia acordar e
surtar. Eu acordei antes de você e quando eu percebi o quanto eu gostei de tê-la nos meus
braços e de você, eu fiquei com medo. — ele se aproximou de mim. — Eu tinha tanta
certeza de que você iria me culpar por termos dormido juntos e que você me odiaria
novamente. Quando reconciliamos e sorrimos lembrando de todas as coisas bobas que
fizemos no passado, isso me fez feliz, e eu estava com medo de que não fosse do mesmo
jeito para você.

Santo. Deus.

— Eu não tinha ideia de que você se sentia assim. — eu sussurrei.

— Como você podia? Eu nunca mencionei isso para você por causa do medo de você
não sentir o mesmo, então eu decidi mentir sobre a noite que passamos juntos para os
nossos irmãos, para que eu não parecesse afetado... esse plano fracassou terrivelmente,
porque ambos me viram no meu ponto mais baixo hoje cedo. Eles estão ostentando os
hematomas para provar isso.

Engoli em seco. — Você brigou com Justin e Sean!

Darcy deu de ombros. — Só por um minuto. Eu precisava bater em alguma coisa e


eles foram alvos voluntários.

Uau.
Eu não sabia o que pensar.

Por um lado, eu estava preocupada, eu não queria me dispor a mais sofrimento, mas
por outro lado eu estava tão incrivelmente feliz que Darcy se sentisse daquele jeito por
mim. Ele estava mais do que chateado com a nossa briga e ele admitiu gostar de mim.

Ele disse isso em voz alta.

— Se eu disser que tudo bem, que eu acredito em você e estou disposta a perdoar... o
que você faria? — perguntei.

Darcy estendeu a mão e pegou a minha na sua.

— Eu a chamaria para sair.

Meu estômago explodiu em borboletas.

— Um encontro de verdade? — eu perguntei, sorrindo.

Darcy acenou com a cabeça, os olhos esperançosos. — Sim, um encontro de


verdade. E, em seguida, outro encontro, quando este acabasse, então outro, quando aquele
acabasse, outro...

Interrompi Darcy com risos e seu rosto iluminou inteiro com um sorriso radiante.

— Parece que você quer me conhecer. — eu brinquei.

Darcy estendeu a mão e tirou meu cabelo dos olhos. — Eu já conheço você, eu só
quero conhecer tudo de novo.

Pisquei quando meu coração bateu forte no meu peito.

— Eu acredito em você. — eu sussurrei. — E eu te perdoo.

Darcy olhou para mim com os olhos sorridentes.

— Neala. — ele murmurou. — Você quer ir a um encontro comigo?

Fingi pensar sobre isso e Darcy resmungou fazendo minhas entranhas saltarem.

— Eu adoraria ir a um encontro com você. — eu disse, mordendo meu lábio inferior.

Darcy sorriu e baixou o rosto para o meu quando as pessoas começaram a gritar
dentro do pub.

— Eu tenho que esperar até depois do nosso primeiro encontro antes de poder te
beijar? — ele perguntou.
Comecei a tremer.

— Hmmm. — pensei. — Eu não sou uma garota de beijo no primeiro encontro.

Os gritos das pessoas, a contagem regressiva de dez no interior do pub era


ensurdecedora.

Darcy sorriu para mim. — Você vai fazer uma exceção? — ele perguntou.

— Seis!

— Cinco!

— Quatro!

— Três!

— Dois!

— Só desta vez. — eu sussurrei.

Darcy trouxe sua boca para a minha quando os fogos de artifício e explosões saíram
ao redor da cidade. Todo mundo estava gritando e rindo dentro do pub quando iniciou um
Novo Ano.

Darcy quebrou nosso beijo curto e esfregou o nariz contra o meu. — Feliz Ano Novo,
minha Neala Girl.

A sensação de calor e de alegria se espalhou por todo o meu corpo quando eu


abracei o corpo de Darcy ao meu.

— Feliz Ano Novo. — eu respondi e sorri para ele.

Ele olhou para mim com tanta emoção que me fez rir.

— O que é tão engraçado? — ele perguntou, sorrindo.

— Eu só estava pensando que você é um novo Darcy.

Darcy piscou. — Um Darcy mais feliz agora que eu tenho você.

— Bem, isso é você quem diz. — eu brinquei. — Você não tem um coração
congelado10, afinal.

10
No original Frozen.
Darcy franziu o rosto e levou as mãos até as minhas laterais e me fez cócegas. Eu caí
na gargalhada e agarrei em seu corpo até que ele riu alto e parou seu ataque. Ele beijou o
topo da minha cabeça e me abraçou.

Fechei os olhos e suspirei.

Quando abri os olhos, sorri.

Eu estava feliz, realmente feliz, e Darcy estava feliz, mas o só o próprio Deus sabia o
quanto nossas famílias ficariam felizes. Fogos de artifício explodiriam novamente, quando
eles descobrissem que Darcy e eu estávamos levando as coisas devagar, mas dando-
nos uma chance.

Melhor os filhos da puta deixarem seus narizes intrometidos fora do nosso


relacionamento.

Eu soterraria algo por conta própria desta vez se eles não ficassem.

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