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MURILO AMARAL HAMMES – TRO 4M

TRABALHO DE SOCIOLOGIA
04/12/2002

Na data em questão, por volta das 20h eu estava nascendo, e sem imaginar
onde eu estaria me metendo, será q eu ter chegado na frente dos outros
espermatozóides mostra que eu era o melhor? Ou que eles eram muito ruins?
Bom desde daquele momento foram muitos questionamentos sem respostas e
que provavelmente sem manterá do mesmo modo. Sempre fui ao meu ver e
pelo que me falaram um menino bastante calmo, mas com o passar dos
tempos adquiri bastante da personalidade da minha mãe que diga-se de
passagem é bastante nervosa e “de lua”, mas peguei muitas características
dos meus avós por parte de mãe que sempre foram muito presentes na minha
vida, meu avô conta que com 2 semanas de vida de eu estava andando de
charrete com eles.
Setembro de 2020 minha avó faleceu por conta de um câncer de mama que se
espalhou pela coluna, bacia e por outras partes do corpo, nunca havia visto
meu vô tão abalado como vi no dia do enterro, e durante muitos dos próximos
dias, e ele sente muito até hoje. Aqui começa alguns dos ensinamentos e
coisas q eu comecei a perceber, meu vô se abalou tanto de tal maneira mesmo
tendo feito de tudo para que ela ficasse bem quando estava em vida porque
eles passaram muito tempo brigando, lembra que eu disse que minha mãe era
estressada, bom ela pegou isso do meu vô.
Bom, depois de ambientar mesmo faltando falar de uma parte muito
importante da minha vida e que me deu e me da muitos ensinamentos que é o
meu pai. Como já disse meu avós sempre foram muito presentes, meus pais
trabalhavam muito então era comum eu ir pra casa deles e passaram dias, nas
férias chegava a passar 1 mês inteiro com eles, meu vô era dono de uma
borracharia, criava vacas, galinha, cachorro, minha vó tinha um boteco e
chegou a ter 21 gatos, então eu passava o dia todo conversando com os
clientes da minha vó, ajudando meu vô na borracharia mergulhado em
centenas de ferramentas o que fez com que também amasse ferramentas.
Meu vô desde muito novo me ensinou tudo que ele podia sobre o pouco que
ele sabia, me ensinou sobre borracharia então eu sempre ajudava ele a trocar
pneu de caminhão, trator, carro, moto, bicicleta até de um planador a gente
trocou, me ensinou sobre as ferramentas, sobre metal, nos forjávamos metal
para fazer estacas de ferro para segurar as vacas que ele tinha, me ensinou a
anadar de bicicleta que era e é uma das paixões dele, mudando um pouco, aos
5 anos eu tive que operar a apêndice e foi um procedimento bastante serio,
porque demorou a ser tratada, o motivo foi muito engraçado, quando eu disse
para minha mãe que eu estava com muita dor na barriga, eu ao mesmo tempo
que dizia q estava com dor eu ria, e ela achou que eu estava brincando e
deixou pra me levar no outro dia, quando a apêndice estorou dentro de mim e
foi necessário uma operação de emergência e não tinham certeza se daria tudo
certo porque a cirurgia ficou muito em cima da hora, bom, depois de tudo ter
dado certo, o meu vô fez a promessa que se eu melhorasse ele viria de
canguçu onde ele morava, até pelotas de bicicleta, e veio mesmo. Foi com o
meu vô que aprendi sobre animais, vacinar vacas, cuidar, ele tinha tipo 12
vacas e 4 hectares de terra, o correto é 1 vaca por hectare, mas ele tinha 12,
ou seja ele ficava levando as vacas pra campos que não eram dele, terrenos
da prefeitura, terrenos de vizinhos e por ai vai, ele dava um jeito, eram tempos
de dificuldade. Alem disso meu vô me ensinou a dirigir tudo que ele sabia ele
me ensinou, desde de me ensinar a andar, andar de bicicleta, dirigir moto,
carro, trator, tudo, embora tenha estudado só até a quarta serie, a vida fez ele
aprender tudo na marra.
Minha avó é uma parte importantíssima na formação do meu caráter foi mais
que uma mãe pra mim sem duvida alguma, era meu ombro quando eu estava
perdido e sem saber o que fazer, com confusões de criança e até quando já
estava mais velho, era que me ensinava a ter paciência embora ela mesma n
fosse muito paciente, quando a primeira vez não que fiz a prova para entrar no
IF e não consegui passar foi ela quem me ajudou a passar por aquilo e sempre
foi assim, eu poderia saber que independente da cagada que eu fizesse ou que
estivesse sentindo eu teria um porto seguro nela, que ela me acolheria e me
falaria a coisa certa a se fazer, e hoje não tenho mais isso, mas a vida é assim
não tem nada que eu possa fazer pra mudar isso embora seja dolorido.
Quando não estava literalmente “pirando na batatinha” na casa dos meu avòs,
como minha mãe sempre dizia “tu gosta de ir pra casa da tua vó órque ela faz
tudo as tuas vontade” e ela não estava errada né. Na cidade a vida era outra,
regada de um pouco de loucura e solidão, desde dos 6 anos comecei a ficar
sozinho em casa, porque não tinha ninguém pra ficar comigo, de vez em
quando a minha vó vinha mas não era sempre, minha mãe como dito era muito
estressada devido ao trabalho de administrativo em uma transportadora da
penasul hoje JBS, meu pai normalmente ausente, também trabalhava muito,
meu pai era e é até hoje chaveiro, e gostava de ver jogos do internacional, não
culpo eles, fizeram o possível e o impossível pra me criar, sempre estudei em
escola particular, e nunca me faltou nada. A minha mãe sempre foi muito mais
presente que meu pai até certo ponto da minha vida, e meio que a gente se
desentendia com facilidade, afinal peguei muito da personalidade dela e dois
bicudo não se beijam. Mas minha mãe apensar de todos os transtornos que ele
passou na vida quando criança pois minha vó teve um serio problema com
bebidas durante toda adolescência da minha mãe e ela sempre que virou
“gente” quando se casou com meu pai pois pode sair da casa dos meus avós,
embora todos os nossos desentendimentos ela sempre fz tudo que pode por
mim, acho que posso dizer que foi a primeira pessoa que eu amei, afinal é a
minha mãe.
Continuando a vida quando eu não estava no meu refugio mental que era a
casa da minha vó, a “escolinha” sempre foi muito presente, afinal antes dos 6
anos quando eu entrei para o ensino fundamental, era onde eu passava boa
parte dos meus dias, a “escolinha” me traz uma sensação ruim, uma sensação
de solidão, até hoje sinto uma angustia muito grande de uma vez que meu pai
foi até a lá para eu ir almoçar junto com ele e eu estava fingindo dormir e não
fui, senti essa angustia por anos, uma mistura de arrependimento, com solidão,
eu devia ter uns 3 anos e me lembro disso até hoje, por que tive uma
oportunidade de não estar ali por um tempo e não soube agir, sempre foi um
sofrimento pra mim ter que ir pra lá, inclusiv eu sempre tinha que ir na
psicóloga da escola, mas quando eu era deixado lá, parecia que meu mundo
caia, era eu contra as adversidades do desconhecido, e da convivência com
outros que eu não tinha o mínimo interesse em me relacionar, estudei em uma
escolinha que estava com o alvará suspenso, onde uma vez a mulher fez ua
das crianças comer o vomito quando ela havia vomitado por não querer comer,
onde minha mãe tinha levado uma TV para eu assistir desenho e filho da dona
da creche pegou a TV pra ele jogar e eu nunca podia jogar, isso parece muito
pouco, mas com 3 anos sem ninguém de confiança por perto a sensação de
estar sozinho era angustiante, acho que fiquei 1 ano nessa escola, até minha
mãe descobrir que estava com o alvará caçado. Depois dessa fui para outras
menos traumatizantes mas também angustiantes porque eu não queria estar
lá.
Nunca fui de muitos amigos, nunca gostei de me relacionar com outros,
gostava de ficar com meus avós pra minha já bastava, aos 6 anos tive meu
primeiro amor, não sei se aos 6 anos eu sabia o que era isso, mas sentia que
nós dois gostávamos um do outro, embora eu fosse um mini brutamonte sem
saber dar afeto aos outros, uma vez ela tentou me beijar e eu fugi, no próximo
ano ela mudou de escola e eu nunca mais há vi, na terceira e quarta serie o
coraçãozinho do mini brutamonte mudou de dona, e ambos os anos, ambas as
duas mudaram de cidade de escola, sei lá, uma delas eu encontrei mês
passado no instagram, mas é complicado falar depois de mais de 10 anos, “oi
lembra de mim, eu fui apaixonado por ti aos 8 anos”, se alguém me falasse isso
eu ia dizer “f0d@-se??”.
Na escola sempre tentei ser o mais dedicado possível, embora não muito
inteligente ganhava a graça dos professores pelo esforço, tabem nuca fui de
muitos amigos e nem fazia muita questão, sempre fui meuio grosso e meio
rude, acho que era minha forma de me defender, não que eu realmente fosse
grosso ou rude, mas minha amizades sempre eram femininas, comecei a ter
amizades masculinas somente quando entrei pro exercito no anos de 2021,
que percebi que talvez não exista amiazade entre homem e mulher, que a
mulher pode ter amigo homem, mas normalmente o homem tem segundas
intenções, mas quando criança nunca tive segundas intenções, com as
meninas que eu gostava eu não sabia fazer amizade, a minha única amiga de
verdade por anos, inclusive era lesbica, fomos muito amigos do quinto ano até
o primeiro do médio, hoje nem nos falamos mais, ela tinha sérios problemas
com depressão e auto aceitação, muita confusão mental quando percebeu que
era lesbica.
Bom agora vamos falar do meu pai, sinceramente começo a ter fortes
lambranças do meu pai lá pelos 9, 10 anos, antes não muitas como disse meu
pai não era muito presente, mas hoje tenho a presença dele muito e forte e
talvez como miha maior inspiração de vida, caráter e pessoa, ele é com quem
eu trabalho, pois como disse, ele é chaveiro e desde de 2019 ele fez a
proposta pra mim de ir trabalhar com ele, e trabalhar com ele foi o que me
proporcionou dignidade, e aprendizados que eu vou levar pra vida toda, meu
pai ter a quarta serie, filho da lavoreiro, plantava fumo com 7 anos pra jaudar
emcasa, depois de ter servido ainda trabalhou de graça para meu vô até os 21
anos.
Quando saiu pelo mundo para tentar a vida, trabalhou em fabrica de sapatos
em Novo Hamburgo, fazendo picolé, e como chaveiro, o chefe dele mudou o
chaveiro para pelotas e ele veio junto, por volta de 93 ou 94 o chefe dele
resolveu voltar para Novo Hamburgo e meu pai comprou o chaveiro, o preço
foi: um frezzer, uma camionete pampa e 2 mil dólares. Hoje meu pai tem o
chaveiro a 29 anos, no mesmo supermercado de quando o chefe dele abriu a
mais de 30 anos atrás e ele comprou o negocio e continuo com muito trabalho
e esforço. Hoje ele faz serviço pra umas 4 imobiliaria, prefeitura, empresas, e
milhares de clientes que ele atendeu ao longo dos anos. O meu pai me ensinou
todas as noções de respeito, moralidade, humanindade que eu tenho hoje,
embora tenha sofrido tudo que sofreu, meu pai não reclama, não tem rancor,
além de ser muito sábio, tudo que ele tem hoje não foi enganando ninguém
nem passando a perna em ninguém, ele tem tantos clientes por causa da
honestidade dele que qualquer um se cativa, e mostra o porque de tantos anos
de trabalho, se eu puder ser metade de quem meu pai é como pessoa eu já
fico satisfeito, por isso tenho muita vontade de ser alguém, poder dar orgulho
pra eles e conseguir retribuir todos os ensinamentos que eles me passaram.
No dia que eu passei para o IFSUL foi sem duvida um marco na minha vida,
um ponto de partida, como se fosse um novo “checkpoint”, tipo minha vida se
dividiu em antes do IF e pós IF, como já disse não sou dos mais inteligentes
mas sou esforçado, a primeira vez que tentei entrar não passei com 26 pontos,
sendo q eu fiz 1 ano inteiro de cursinho, a segunda vez eu estudei apenas por
questões, refiz 22 provas passadas, de todos os anos possíveis, e as que eu
tinha dificuldade eu fazia de novo, e passei, com 27 pontos em primeiro lugar
na eletrônica integrado do acesso universal, foi um dia muito feliz da minha
vida sem sobra de duvida, quanto tempo eu esperei por aquele momento,
quando entrei logo fui pro laboratório de pesquisa e projetos da eletrônica, e
minha vida virou de cabeça pra baixo, 2019 foi, de manhã estudar matérias
normais, de tarde trabalhar com o meu pai, e de noite eu ia pro laboratório de
pesquisa pois eu era estagiário, era uma confusão, dormia pouco, trabalhava
muito mas eu gostava, fazia porque queria, como tenho um grande anseio por
ser alguém na vida, queria ter a sensação de ter feito tudo que eu pude no
tempo que eu tinha, e foi o que eu fiz. Nesse tempo fiz uma grande amizade
com um rapaz que dedicava a vida dele tanto quanto eu para o IF, morava em
outra cidade, vinha de manhã cedo pro IF, pra trabalhar o dia todo e a noite
fazer engenharia elétrica, ele era muito ríspido, de poucos amigos também,
visto talvez pelos outros da eletrônica te como grosseiro, por ser muito
dedicado e não gostar de brincadeiras, não vou citar nomes, mas aqui começa
talvez a maior experiência social que eu já vivi na minha vida, e algumas
informações que estão aqui não podem sair daqui.
Bom este rapaz era uma pessoa muito difícil de lidar, muito serio, muitas vezes
no inicio do nosso projeto ele quis terminar tudo por não se sentir confiante
comigo, começamos eu, ele e um professor um laboratório só nosso,
organizamos tudo, e com o tempo fomos ficando amigos e fui descobrindo
coisas sobre ele que ele foi me contando, todo seu passado, todos os traumas
que ele sofreu na vida, como sua mãe ter sido uma prostituta, e ela ter falecido
por uma overdose de cocaína, ele ter perdido todos os “portos seguros” dele
como eu tinha minha vó, ele tinha madrasta e vó que morreram muito cedo,
então o IF deu uma nova esperança de vida pra ele, só que por ele ter tido
todos esses traumas ele era uma pessoa muito difícil, uma pessoa que
precisava de muita atenção, ele ficava brabo se eu me relacionava com alguma
menina, dizia que isso iria atrapalhar o nosso projeto que eu iria me desfocar,
até que um dia ele começou a implicar com as amigas que eu tinha dizer, que
eu não era amigo dele, dizer que eu não tão amigo dele quanto delas, que ele
fazia tudo por mim mas que eu preferia elas, foi quando ele admitiu que sentia
ciúmes, eu sentia quase como se ele quisesse me namorar, o ciúme e a
possessão que ele tinha era quase como se eu namorasse com ele,
conseguimos passar por isso e continuamos a amizade, mas na pandemia em
2020, ficamos o ano todo afastado e ficou insuportável, ele tinha uma
dependência emocional muito grande e eu não agüentei aquela pressão, até
hoje eu tenho dificuldade de manter o contato com alguém pelo whatsapp,
porque parece q me sinto sufocado de tantas vezes que me sentia mal e
pressionado quase como se eu tivesse a vida de alguém na mão, porque ele
tinha pensamentos suicidas e dizia q não tinha se matado por causa minha.
Na ultima, parte quero falar sobre a segunda maior experiência social que tive
que foi o exercito, eu obrigado pro quartel, eu não era voluntario, e fui, aprendi
muito, mas foi um ano de muita angustia e agonia de estar lá, pois antes de ir
eu estava abrindo um site de vendas, estava trabalhando com o meu pai, então
era como se eu sentisse tudo q eu poderia estar fazendo fora dali, mas era
obrigado a estar ali, sem duvida o exercito transforma meninos em homens
acho que ninguém que esta fora tem noção do que estar lá, o problema maior
pra mim, sem ser oque eu já citei, era um cara, mais burro do que eu, mais
fraco que eu, agir como se fosse melhor do que eu, e terem a autorização de
um superior de te humilhar, é muito ruim ser humilhado e não poder agir de
nenhuma forma, tirando isso, fiz muitos amigos, tive experiências que só teria
uma vez na vida, e no fim queriam muito que eu ficasse.

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