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• Entrevista centralizada;
• Narração de história de Vida.
Naquela época o primário era muito bem feito, sem desmerecer os professores de hoje, eu também sou professora, não estou
desmerecendo nenhum ensinamento, mas, naquela época, não sei; havia uma maior dedicação da parte dos alunos e a gente tinha
um respeito maior, os valores eram outros e isso ajudava muito para a formação do aluno. Eu fiz um primário muito bem feito e
agora, como já falei, estou concluindo a faculdade. Então as lembranças tanto da minha família quanto da escola sempre foram
lembranças que me marcaram. As que me marcaram com tristeza mas fez parte da minha vida, aquelas que não gostei de ter ouvido
ou visto serviram pra hoje eu nem fazer nem ensinar coisas erradas, por isso foi sempre tudo muito válido.
HISTÓRIA DE VIDA
Essa parte é recente porque me casei com mais de 30 anos. Depois que deixei de ser “aborrecente” eu me descobri uma pessoa
muito alegre, passei a ser mais comunicativa, a ter muitas amizades, minha casa era cheia de amigos. Festa? Lembro que eu
chegava em casa 5 horas da manhã e minha mãe dizendo: chegou o homem da casa. Eu fumava, eu bebia, eu fiz tudo de bom sem
excessos, porque hoje a gente vê uma coisa muito agitada, com drogas, prostituição e na minha época não tinha isso, era curtição
mesmo e quando eu chegava 4 ou 5 da manhã eu estava com minhas amigas sentada no banco da praça fumando e batendo papo e
isso, na época, era muito bom. Eu era um pouco avançada pra época e eu não estava nem aí pra ninguém, só queria ser feliz. Mas
aí, depois dos 30 anos, eu casei com um homem muito mais jovem do que eu. Eu sempre fui assim, nunca fui muito igual, sempre
fui diferente, até na hora de casar casei com um homem mais novo que eu 13 anos. Era um garoto muito bonito, muito desejado, a
gente se apaixonou. Tive uma filha e foi uma realização total porque se você me perguntar quais as coisas mais inesquecíveis da
minha vida eu vou dizer que é o nascimento dos meus filhos. Mas esse casamento, depois de 4 anos, ele desandou. Ele se
apaixonou por uma menina mais jovem que ele, se encantou, chegou pra mim e disse que não dava mais. Eu entrei em depressão
profunda porque não esperava nada disso, minha mãe tinha morrido pouco tempo atrás, eu já estava abalada e depois veio a
separação. Não era a perda do homem, eu estou falando de família desfeita, de criar, filho sem pai, minha filha era muito apegada
a ele, dormia chorando, chamando por ele.
HISTÓRIA DE VIDA
Passei algum tempo em depressão, me tratei, fui lá no fundo do poço, me lamiei toda e quando a gente vai para o fundo do poço é como uma
amiga minha costuma dizer, só tem duas saídas: ou você fica ou você sai. Eu optei por sair e hoje estou falando nesse fato porque você me
perguntou mas eu nem me lembro mais. Hoje sou amiga dele, da esposa dele, dos filhos, eles frequentam minha casa, meus filhos frequentam a
casa dele, está tudo bem. Então na minha fase adulta veio o casamento depois o divórcio. No meu divórcio, tanto a juíza quanto a promotora
falaram pra mim que de todos os anos que elas trabalharam nunca viram um divórcio daquele, porque a gente era rindo, brincando, conversando,
era um caso realmente inédito. A gente tem que resolver bem as coisas que nos machucam, a gente não tem que guardar, é importante a gente
viver a dor até o final, viva a sua dor, não bote sua dor dentro de uma mala e guarde porque a qualquer momento ela vai surgir, você vai abrir e ela
estará lá. Então eu acho que o que aconteceu comigo foi que eu vivi com intensidade aquilo que me magoou, que me feriu. Eu vivi tudo, sofri,
chorei que só uma condenada e quando eu ressurgi, pra finalizar, eu reencontrei o meu primeiro amor depois de tantos anos que eu não o bia.
Reencontrei, estou com ele, tenho um filho de 7 anos só que a gente não divide o mesmo espaço, ele mora em Aracaju, eu moro aqui e a gente se
vê no final de semana, até agora está dando certo; já vivi essa experiência e pra eu viver outra, eu não sei, acho muito difícil. Eu sou uma pessoa
independente e eu vi que pra gente conviver com um homem a gente tem que se anular um pouco e eu não estou aqui pra me anular mais. Já vivi,
já passou, agora eu tenho um “namorido”. Estou terminando minha faculdade, estou com planos para o futuro, tenho uma filha de 17 anos, um
filho de 7 e tento viver ao máximo. Quanto à festa, hoje eu não vou mais, já não curto, parece que eu vivi tudo na época certa. Eu vou a um
casamento quando sou convidada, aniversário, mas essas festas que existem, festa de rua, já não é maia minha praia. E assim é minha vida,
trabalho, cuido dos meus filhos, da minha casa, me tornei uma excelente dona de casa, modéstia parte. Então a minha vida hoje se resume nisso:
casa, escola, filhos, minha família, aquela vidinha normal.
ENTREVISTA CENTRALIZADA
Amo! Ser professora é ter dom, se você não gosta não siga. Para estar na sala de aula você tem que gostar, ao contrário, você será
uma péssima professora, porque você lida com muitas coisas, altos e baixos, e você lida com crianças. É uma formadora de opiniões.
Não, quando me perguntavam eu dizia: Deus me livre! Quando surgiu o concurso para professora eu ia fazer para auxiliar
administrativo, até que uma colega me convenceu a fazer para professora dizendo que eu não precisaria atuar na sala de aula,
ou seja, eu ia fazer e continuar sendo auxiliar. Então eu fiz mas não fui para a sala de aula até que uma época começou a
aparecer uns abonos salariais no fim de ano (muito bons) destinados a cada professor (a) e eu ficava de fora por não estar
atuando. Então uma pessoa que trabalhava na secretaria de educação começou a me questionar porque eu não ia para a sala de
aula dizendo que eu tinha “jeito pra coisa”, assim, eu entrei na sala de aula pela primeira vez por causa do abono salarial, não
nego. Depois que me deparei com alunos eu vi que tinha jeito e nos fins de ano me emocionava muito quando ia me despedir
deles, porém, não ficava permanentemente como professora, sempre ia para outras funções. Agora sim, me dedico somente a
isso e da sala de aula só saio quando me aposentar.
ENTREVISTA CENTRALIZADA
ENTREVISTA CENTRALIZADA
ENTREVISTA CENTRALIZADA
Eu respondo isso com um sorriso, e talvez eu não tenha nem palavras certas, só a sensação. É você estar presente na vida de
alguém, eu estou no fundamental menor, sou professora de 15 alunos e para sempre vou estar com eles, na formação deles, ou seja,
daqui a 10, 15, 20 anos eles vão lembrar que fui professora deles, é onde vai entrar a sensação.
Fisicamente, colocaria ela no chão e faria outra porque a escola em que trabalho tem uma infraestrutura que fica a desejar, não tem
um espaço para os alunos, não tem uma quadra. Fizeram as salas nas laterais, um corredor no meio e no fundo tem terreno. A
escola é muito organizada, muito limpa, ótima merenda mas falta estrutura para terem uma melhor recreação.
• Você sabe dizer se sua escola participa de algum programa do governo? Recebe verbas?
Recebe, para material, etc. Só não sei dizer o nome dos programas, mas existem sim programas destinados à escola.
ENTREVISTA CENTRALIZADA
Está sempre a desejar, as benfeitorias são poucas. Fazem uma coisinha aqui, uma coisinha ali sempre podendo ter feitos mais.
Costumo avaliar de uma maneira muito vasta, porque eu acho que a avaliação escrita, teórica, é sem fundamento. Acho muito injusto o
professor pegar uma prova e dar uma nota vermelha, as vezes o aluno sabe e tira nota vermelha por ficar nervoso(a). Então, a gente faz
a prova (tem que ter ne), avalio os alunos como eles interagem, participam das aulas, dá pra ver o quanto eles absorveram dos
ensinamentos. É uma série de coisas pra chegar até a nota, não mais como antigamente.
• Você utiliza livros didáticos nas suas aulas? Faz cópia no quadro? Passa diariamente tarefas para casa?
Eu aboli cópia, meu foco é fazer com que eles leiam e escrevam muito bem e aprendam as 4 operações matemáticas porque a partir dai
ninguém segura eles. Eu falo para eles que estou lá para orientá-los, passar o alfabeto para que eles juntem as letrinhas, vejam a família
silábica e formem palavras. Eu digo que quando eles saírem e verem um carro, que não olhem só a cor desse carro, que vejam a placa,
de onde é, para onde vai se for uma topique, despertem a curiosidade, pratiquem o que aprenderam e que não decorem, tem que ler e
entender, interpretar. Eu sempre busco na internet atividades que ajudem eles a usarem a mente, a desenvolverem a criatividade.
ENTREVISTA CENTRALIZADA
Fico muito frustrada, eu tento mudar as tarefas, dou uma pesquisada para obter uma ajuda e até eu mesma me questiono se não poderia ter feito melhor aquilo que
desenvolvi ou porque eu passei uma atividade muito além do ritmo deles e eles não conseguiram acompanhar e eu precise ir mais devagar, tento modificar no dia
seguinte.
15 alunos.
Meus alunos são meus filhos. Hoje tenho 7 meninos e 7 meninas, um foi embora para o Rio Grande do Sul, chorava eu e ele agarrados. Então se chegarem na minha
sala e perguntarem o que tem nela, eles vão responder que tem amor. Meus alunos são muito carentes financeiramente e afetivamente, 70% deles estão
correspondendo aos meus objetivos, quanto a minoria estou lutando para ver no que é que dá, porém nunca disse a eles que não vão conseguir, eles vão conseguir
sim, sempre incentivo e digo que são capazes.
ENTREVISTA CENTRALIZADA
Participam de eventos ou quando são convidados para reuniões, dia das mães, dia dos pais, datas comemorativas.
Não.
Todo professor faz isso, quando chego do trabalho já tenho que pensar no dia seguinte, todo plano de aula é maleável, você faz um plano
de aula e quando chega na hora percebe que não é o planejado e temos que dar uma modificada, ou seja, sempre há atividades para fazer
em casa.
Não, porque os 15 minutos que são destinados ao recreio tenho que ficar de olho neles. Eles gritam, pulam, correm e tem dias que nem
levanto do birô porque tem atividade, alguma coisa pra fazer e eles ficam interagindo comigo, então não tenho descanso.
ENTREVISTA CENTRALIZADA
• Como é a relação dos docentes na sala dos professores? Vocês costumam conversar sobre o trabalho?
Ninguém tem tempo, é incrível. Tem colegas meus que as vezes passo 2, 3 dias sem vê-los porque quando chegamos vai cada um pra sua
sala, os 15 minutos que temos é no recreio e as vezes quando vou na secretaria pegar alguma coisa encontro um no corredor, dou um
abraço, um xero, pronto. Não existe aquele tempo de sentar pra bater papo porque cada um tá lá com sua sala, seus alunos e nossa
preocupação maior é justamente no recreio. Ficamos com o coração na mão com medo de acontecer alguma coisa, então não temos
tempo, a não ser quando tem reunião no sábado letivo, ai eu encontro todos. Mas isso é uma vez por mês.
Sim, pego minha reca e digo: vamos dar uma volta na cidade. Nós temos alunos (os meus alunos) que não conhecem determinadas coisas da nossa
cidade, recentemente peguei eles e comecei a mostrar as ruas, pedia para eles lerem as placas com os nomes das ruas, passei em alguns prédios
públicos (prefeitura, fórum, câmara , banco) e eles sempre muito curiosos. Foi um dia muito produtivo, eles olhavam e ficavam sabendo para que
servem esses lugares e sempre que posso saio com eles, toda semana vamos à igreja, tem uns que são evangélicos e eu levo na igreja católica.
Então converso com os pais e explico que estou os levando não para indicar uma religião mas mostrar que Jesus em todas as religiões, é assim que
eu creio. Uma coisa que costumo fazer é essa parceria dos pais comigo, converso com eles toda semana e graças a Deus eles estão contentes e eu
também, tenho o telefone de todos. Se o aluno falta num dia no outro já ligo e pergunto o que está acontecendo. Se os pais não vem, você chama.
Sim. Veja bem, nós temos a equipe dos eventos, são alunos que a cada semana tem uma função (ouvir música, ver tv, fazer uma dança). Temos a
equipe da limpeza que é pra não deixar a sala suja, não Jogar papel no chão, e Temos a da organização. E assim implanto para eles que não pode
Ter bagunça na sala, nem mal comportamento e eles se sentem muito orgulhosos por fazerem parte de Cada equipe. Com isso tento discipliná-los,
tem que realmente ter disciplina, apesar de que você não pode estar dentro de um espaço que exista aquela coisa militar. Tem dias que eles pulam,
gritam, reviram a Sala e eu deixo pra ver até onde eles vão. Até quando digo: pronto, parou.
ENTREVISTA CENTRALIZADA
• Qual a maior dificuldade dos alunos atualmente? Como você faz para tentar resolver?
A maior dificuldade que eles tem no momento são com as provas, eu já vi aluno tremer, aluno que sabe ler, que escreve, porque dá
um branco mesmo, por isso acho que prova tinha que ser abolida das escolas. Então tento passar pra eles que aquilo é passageiro,
não é definitivo, que não é só a prova que é importante pois a participação também conta muito e eles fazendo isso podem se
importar menos com a prova.
NÚCLEOS DE SIGNIFICADO
Casou-se depois dos 30 anos, teve uma filha e se separou 4 anos depois de casada;