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1 Dia – Quem Eu Sou

Eu me chamo Mário tenho o mesmo nome do meu pai. Quando era mais
novo não gostava do meu nome, preferia ser chamado de Júnior. Era assim
que minha família me chamava. Mas, quando comecei a estudar não teve jeito,
precisei me acostumar a atender por meu primeiro nome. Hoje gosto e me
orgulho do meu nome.
Tenho 38 anos. Sou casado com uma linda mulher chamada Natália.
Juntos temos dois lindos filhos. O Arthur de 9 anos e o Daniel de 4 anos. São
duas figuras cada um com suas particularidades.
Sou uma pessoa muito tranquila, organizada e perfeccionista. Estou
sempre querendo ser alguém melhor. Apesar de agradecido por tudo que
alcancei e que recebi não me dou por satisfeito. Acredito que há sempre mais a
melhorar e alcançar. Não faço disso um peso em minha vida, mas tenho
certeza que Deus sempre tem mais do que aquilo que podemos pedir ou
pensar.
Me formei em Educação física a 16 anos atrás. Fiz pós-graduação em
Educação Física Escolar. Lecionei por 17 anos, mas decidi parar de lecionar e
atuar apenas na área de condicionamento e preparação física. Me sinto muito
bem com a decisão que tomei.
Pratico jiu-jitsu desde os 10 anos de idade. Em 2006 cheguei a faixa
preta. Hoje me orgulho em dizer que continuo a praticar essa maravilhosa arte
marcial que para mim se tornou um meio para relaxar e desestressar. O jiu-jitsu
se tornou para mim aquilo que é o futebol para os “peladeiros” de fim de
semana.
Hoje administro um Studio, onde oferecemos atividades como
treinamento funcional, pilates, preparação física para concursos, estética
corporal e facial. Além do Studio atuo também como personal trainer.
Em 2010 conclui o curso de teologia pelo Seminário Teológico Carisma.
Amo a Palavra de Deus e a tenho como meu manual de vida.

Dia 2 – Minhas Origens


Nasci em Belo Horizonte. Sou filho de Mário e Aparecida. Para mim dois
vencedores na vida. Ambos tiveram uma infância sofrida e de escassez e
mesmo assim se tornaram pessoas que tenho orgulho. Não conheci meus
avôs. Infelizmente convivi muito pouco com minhas avós. Ambas faleceram
quando eu ainda era muito jovem.
Meu pai nasceu em Barra do Cuieté/MG perdeu o pai muito cedo,
quando tinha apenas um ano de idade. Quando jovem veio para Belo Horizonte
com sua mãe. Trabalhou por 21 anos em uma empresa de telecomunicações.
Ele tinha maior orgulho em trabalhar nessa empresa. Trabalhou nessa
empresa até ela ser privatizada. Meu pai era um homem muito comprometido
com o trabalho. Não me recordo de nenhuma falta em seu trabalho. Não sei se
pela sua história de vida, meu pai tinha uma dificuldade em expressar seu
amor, mas era alguém muito divertido. Quando eu era mais jovem, me lembro
de muitas situações em que me fazia rir.
Eu tinha muito receio em falar com meu pai a respeito de algo
importante, principalmente de dinheiro. Ele geralmente era um pouco grosseiro.
Isso mudou um pouco quando me tornei adulto, talvez por que não falava com
tanta frequência mais a respeito de dinheiro.
Eu amava meu pai. Infelizmente em abril desse ano ele veio a falecer
em decorrência de um tumor.
Minha mãe ela é viúva de seu primeiro casamento. Desse casamento
ela teve duas filhas. Soraya e Solange, minhas irmãs. Minha mãe apesar de
sua infância humilde, de não ter tido oportunidade de se aprofundar nos
estudos é uma vencedora. Trabalhou muito para criar as duas filhas que
perderam o pai quando ainda eram crianças.
Nascida em Belo Horizonte também não chegou a conhecer seu pai. Foi
criada por sua mãe que assim como ela teve que se desdobrar para criar três
filhos pequenos. Minha vó também foi um exemplo de mulher.
O relacionamento com meu pai durou por volta de dezesseis anos.
Quando tinha apenas três anos de idade meu pai saiu de casa. Essa é uma
cena que apesar de minha pouca idade ficou muito marcada na minha vida.
Meus pais apesar de não viverem mais juntos tiveram um
relacionamento de amizade muito respeitoso. Frequentavam a casa um do
outro. Minha mãe nunca mais teve nenhum outro relacionamento. Meu pai
quando eu tinha nove anos de idade decidiu trazer uma mulher de Vitória/Es
para morar com ele. Com ela viveu 31 anos.
No início foi meio estranho ver meu pai morar com outra mulher. Hoje
tenho um imenso amor e respeito por ela. Meus filhos a chamam de vovó Fafá.

Dia 3 – Como Era Minha Infância. O que Eu Sonhava?


Minha infância apesar de humilde me proporcionou muito boas
recordações. Eu cresci em meio a muitas mulheres. Minhas duas irmãs e mais
quatro sobrinhas moravam todas no mesmo terreno que eu. Minhas sobrinhas
regulavam idade comigo. Na verdade, eu já nasci sendo tio.
Brincávamos de pular corda, esconde-esconde, pega-pega, queimada e
muitas outras brincadeiras onde nos divertíamos muito. Lembro-me que apesar
desse terreno não ser grande tínhamos, canteiro, cachorro e até galinhas. É
claro que como toda criança também tínhamos nossas desavenças, que logo
era solucionada e voltávamos a brincar.
Tinha um amigo de infância que era meu vizinho. Mas, nossa relação
era interessante. Muitas das nossas brincadeiras aconteciam com ele na parte
de dentro do portão de sua casa e eu do lado de fora. A sua mãe em muitas
vezes não permitia que eu entrasse em sua casa. Até hoje eu não sei explicar
por que isso acontecia. Já me passaram vários pensamentos, mas resolvi não
alimentá-los, pois isso não me machuca mais. Infelizmente aos dezoito anos
esse meu amigo veio a falecer de câncer.
Lembro que não gostava de fazer compras no supermercado e por um
bom tempo depois tinha dificuldades em me sentir bem neles. Minha mãe por
maior boa vontade que tinha nem sempre conseguia comprar o que eu queria.
Nessa época os biscoitos em sua maioria eram vendidos a granel e quando
minha mãe podia comprar wafer eu sempre esperava uma oportunidade
especial para degusta-los, como por exemplo um bom filme na sessão da
tarde.
Eu gostava muito de desenhar e sonhava em ser médico. Ganhar muito
dinheiro ter uma linda casa e um carro. Queria morar no Rio de Janeiro bem
perto da praia.
Era muito comum eu voltar da escola com minha camisa marcada com o
pé de outros alunos. Por um bom tempo eu fui o saco de pancadas dos outros
meninos. Aos dez anos de idade resolvi mudar essa situação pedi minha mãe
para me matricular em uma academia de artes marciais. Foi aí que conheci
uma de minhas paixões que foi o jiu-jitsu. Como bônus desde então nunca
mais apanhei na escola.

Dia 4 – Minha Adolescência o que eu queria ser?


Como acontece com boa parte dos adolescentes algumas dúvidas
pairavam na minha cabeça. Nunca tive uma fase de rebeldia. Sempre respeitei
meus pais e professores. Era um aluno que sempre deseja está entre os
melhores da turma. Não se contentava em ficar na média. Eu desejava está
entre os melhores.
Queria ser campeão mineiro e brasileiro de jiu-jitsu. Nessa época
fazíamos algumas viagens para competir em outras cidades ou estados. Eram
momentos de muita diversão. Brincávamos muito uns com os outros.
Conhecíamos gente de vários lugares.
Houve uma época que quis ser professor de jiu-jitsu. Algo que acabou
acontecendo quando tinha dezessete anos. Tive a oportunidade de ministrar
aulas para minha primeira turma. As aulas aconteciam aos sábados 16:00. Era
formada por sua maioria de militares da aeronáutica. Me sentia alguém muito
importante. Sendo tão jovem com uma responsabilidade tão grande.
Uma coisa me incomodava muito. Eu como a maioria dos adolescentes
tive uma fase onde tive muita acne (espinhas) no rosto, principalmente na
testa. Isso foi motivo de muita vergonha na minha vida. Minha ansiedade era
toda transmitida em ficar mexendo e ferindo minha pele. Com isso um bom
tempo tive meu rosto muito marcado pelas espinhas. Elas me acompanharam
até o meu casamento. Tentei vários tratamentos, mas nenhum deles resolveu o
meu problema. Elas começaram a sumir ao longo do tempo em que já estava
casado. Não quis nem comprar minhas fotos de formatura, pois todas
deixavam evidentes as marcas das acnes no meu rosto. Tenho pouquíssimas
fotos de formatura. As poucas que tenho são as que meus familiares tiraram.
Ainda tinha o desejo de me formar em medicina. Ter uma carreira
brilhante e ser reconhecido pelo que fazia. Queria muito ter estudado em umas
dessas escolas onde só se entrava por concurso, mas infelizmente não
consegui entrar em nenhuma delas. Cumpri toda minha vida escolar em
escolas públicas.
Na adolescência começaram os primeiros namorinhos. Meu primeiro
namoro sério aconteceu aos15 anos de idade. Cumpri tudo que pedia o
protocolo de bom rapaz. Fui até a casa da moça pedir permissão aos pais e
assim iniciar o namoro.

Dia 5 – Estudei, Brinquei, Namorei – O que eu pensava?


Sempre pensei em ser bem sucedido em tudo que eu fazia. No jiu-jitsu
queria ser um dos melhores tanto que nos campeonatos tinha muita dificuldade
em aceitar a derrota. Após as lutas em que saia derrotado eu sempre chorava
e queria ficar sozinho. Quando ouvi de um dos professores da minha equipe
que não precisava provar nada para ninguém a não ser para mim, foi como se
um peso fosse tirado das minhas costas. Daí em diante todas as vezes em que
entrava no tatame eu entrava mais leve e sabia que a única pessoa que eu
precisava provar algo era eu mesmo.
Comecei a repensar qual carreira seguiria. A medicina começou a ficar
distante. O alto custo e o tempo de estudo fizeram com que minha ideia de me
tornar médico esfriasse. Perto de escolher qual curso segui meu vizinho que
comigo sonhava em ser médico também mudou de ideia. Se inscreveu em
educação física. Gostei da ideia e como já estava muito inserido no esporte me
inscrevi também para educação física.
Pensei que poderia ser um preparador físico de uma grande equipe de
futebol ou mesmo de uma outra modalidade esportiva. Eu vislumbrava o status
e o grande retorno financeiro.
Em algum momento cheguei a pensar em seguir carreira militar, mas
não dei continuidade a essa ideia. Mesmo essa ideia permeando meus
pensamentos em outros momentos da minha vida.

Dia 6 – Cresci, me tornei adulto. O que mudou?


Quando me tornei adulto eu comecei a cursar faculdade de Educação
Física. Fui estudar na cidade de Itaúna/MG. Foram quatro anos de curso
fazendo uma viagem de ida e volta em torno de duas horas cada. Saia de casa
por volta das 6:30h da manhã, voltava para almoçar e depois só chegava em
casa por volta das 00:45h. Nos dois primeiros anos tinha aulas aos sábados
onde quando podia ficava na cidade de Itaúna, mas quando a situação
financeira não permitia eu tinha que voltar e me aprontar para as 5:00h poder
pegar o especial que nos levava para a faculdade.
Foram anos onde exigiram muito esforço e dedicação, mas o fato de ter
noção da oportunidade que estava tendo de cursar uma faculdade e me tornar
o primeiro da minha família a ter um curso superior me motivavam a não
desanimar.
Durante o curso eu comecei a dar aulas em escola. Tive experiência de
viver a realidade de uma escola pública e de uma escola particular. Cheguei
nas escolas acreditando que mudaria o mundo. No início até pensei que isso
seria possível, mas acabei caindo na dura realidade que o meu tempo em
educação estava com os dias contados. Mas esses dias duraram mais do que
eu realmente pretendia ou gostaria. Fiquei dezessete anos nessa área.
Consegui finalmente findar minha carreira na educação no início de 2020.
Conheci muita gente legal durante a faculdade e meu período nas
escolas, mas também tive o contato com pessoas que se pudesse não gostaria
de ter conhecido.
O tempo de faculdade também foi o momento com que mais me
relacionei com mulheres. A faculdade é um ambiente onde o acesso a
determinadas coisas é muito fácil. Nunca me envolvi com drogas seja licita ou
não, mas me relacionei com muitas mulheres nesse período. Não falo para me
gabar, mas nesse tempo não tinha a maturidade e nem a cabeça que hoje
tenho.
Me formei em 2004. Tive uma grande festa de formatura. Meus
convidados até hoje elogia a festa. Realmente foi algo marcante, apesar que eu
não consigo me lembrar com detalhes de tudo que aconteceu e não foi por que
me embriaguei ou fiz uso de algum substancia. O que sei é que foi um
momento que marcou para toda minha família.
Continuei me dedicando a minha carreira na educação até que em um
determinado momento, no qual eu não sei precisar, muita coisa mudou.
Comecei a ter amolações praticamente todos os dias. Me deparei com uma
realidade diferente da minha quando estudava e respeitava meus professores e
aqueles que estavam em posição de autoridade.
A pior constatação não foi a falta de limites e respeito que encontrei me
boa parte dos alunos, mas a falta de autoridade e participação dos pais. O
relacionamento entre pais e professores já não era mais o mesmo. Os pais
agora esperavam que os professores exercessem o papel que era deles e pior
com o agravante de serem vigiados por eles. Os pais já não eram mais
parceiros e sim consumidores de um produto e exigiam o que nem eles eram
capazes de oferecer. A sensação que tinha era que esperavam a mínima falha
para atormentarem a sua vida.

Dia 7 – Casei? Engravidei (dos meus filhos ou dos filhos que Deus
colocou no meu caminho) Como foi essa Experiência?
Aos 27 anos eu me casei com a Natália. Foi um momento incrível. Todos
os momentos que antecederam ao nosso casamento, cada aquisição, cada
conquista tinha um sabor muito especial. Nossa lua de mel foi demais. Tivemos
o privilégio de conhecermos umas cidades, na qual eu indico que todos
possam conhecer. Eu estou falando de Gramado/RS. Foi até hoje uma das
nossas melhores viagens. Fomos tão abençoados que pudemos fazer tudo que
tivemos vontade nessa viagem. Conhecemos vários lugares. Experimentamos
toda a culinária local. Nos divertimos muito.
Como para todo casal recém casado, tivemos nossos conflitos. Vivemos
momentos de turbulência, onde cheguei a pensar que o melhor seria cada um
seguir sua vida sem o outro. Mas, uma voz falava dentro de mim que eu não
podia desanimar que eu deveria me esforçar para fazer dar certo. É muito claro
para mim que o meu casamento foi e tem sido sustendo por Deus. O desejo de
honrar o compromisso que assumi perante e Ele e meus convidados, me
fizeram perseverar. Eu descobrir que amar a Naty era uma escolha,
independentemente de suas limitações e defeitos. Cheguei a conclusão que a
tarefa dela com relação a mim também não era fácil. No fim pude perceber que
todos os esforços valeram a pena.
Aos 31 anos de idade me tornei pai do Arthur. Recebemos um presente.
O melhor de mim e da Naty estavam ali, naquele bebê lindo que havíamos
recebido. Eu corria para casa do trabalha só para dar um cheiro no Arthur.
Adorava ficar com ele no colo até ele dormir. Segura-lo no colo a primeira vez
foi uma das maiores sensações que tive na vida.
Cinco anos depois fomos novamente presenteados. Agora com o Daniel.
Novamente pude sentir aquela sensação maravilhosa de segurar no colo
alguém tão importante para Deus. Daniel é uma figura. Em seu primeiro
momento depois de nascer, quando estava sendo pesado deu uma rajada de
xixi.
Eu literalmente me sinto agraciado com meus dois filhos e uma esposa
linda. Com a família que Deus me permitiu formar. Eu tenho prazer em me
sentar à mesa e olha-los. Realmente sou muito favorecido por Deus.

Dia 8 – Meus sonhos forma alcançados? Precisei desistir de algum


sonho? Precisei atrasa-los?
Minha vida tomou uma direção um pouco diferente da que eu desejava
quando era mais jovem. Eu não cursei medicina. Não me tornei médico. Não
sou rico como planejava, mas sou exatamente aquilo que Deus planejou para
que eu fosse.
Consegui me formar. Fui o primeiro da minha família a concluir um curso
superior e como muito orgulho hoje não sou o único. Deus me deu uma esposa
linda e dois filhos maravilhosos. Moro no mesmo lugar em que cresci. Adoro o
lugar onde moro, o bairro onde moro.
Eu acredito que o que eu sou hoje é exatamente o que Deus desejava
que eu fosse. Não, eu não sou perfeito. Estou em processo de construção, mas
tudo que aconteceu para que eu me tornasse quem eu sou e fazer o que eu fiz
foi tudo de acordo com plano de Deus. Em alguns momentos tentei mudar essa
direção e buscar outro rumo, mas entendi que não existe outro lugar melhor
que não seja cumprindo o propósito de Deus para minha vida.
Confesso que levou um bom tempo para entender isso. Foram várias
vezes em que me encontrei frustrado, decepcionado e triste com o que havia
realizado e conquistado. Achava que estava longe do que poderia fazer e
achava que o tempo só se encurtava e minhas oportunidades também
diminuíam e tudo isso afligia meu coração e me impedia de enxergar e
contemplar o quanto Deus havia sido bom comigo até então.

Dia 9 – Algo me Paralisou? Mudei a Trajetória?


O momento de maior tensão em minha vida foi um período quando dava
aulas na rede pública e particular de educação. Não sei explicar, mas durante
um tempo todos os dias em que chegava na escola eu tinha um problema para
resolver. Quando era colocado frente ao aluno seus pais e o representante da
escola me sentia em um tribunal onde eu era o acusado e deveria elaborar
minha defesa e ao mesmo tempo me defender, pois muitas vezes me senti só
em situações como essas.
Sofri algumas acusações que me fizeram repensar se realmente era
aquilo que gostaria de fazer da minha vida nos próximos anos. Tive tanto
estresse nesse tempo que acredito que boa parte do meu cabelo caiu devido a
tudo que tive que enfrentar nesse período.
Eu tinha a horrível sensação de ter que ir para um lugar onde eu não
queria estar. Infelizmente esse período durou mais do que deveria, pois a falsa
impressão de estabilidade no trabalho e a falta de inciativa e perspectiva me
impediram de tomar uma decisão antes.
Foi então que entendi que se continuasse a insistir em fazer o que
estava fazendo logo poderia ser acometido de algo pior, tamanha a infelicidade
em que me encontrava naquele momento. Então comecei a orar e pedir
literalmente que Deus mudasse aquela situação ou me tirasse dali.
Deus então abriu meus olhos e me deu a oportunidade de vislumbrar
outra possibilidade na qual me encontra fazendo até hoje.
Entendo que essa experiência me ensinou que eu não devo insistir em
algo que faz mal e principalmente onde não consigo e nem desejo entregar o
meu melhor.

Dia 10 – Até aqui o que conheci do mundo? Injustiça, ingratidão, ser


usado?
Gosto de comparar essa vida a uma viagem de trem. Nessa viagem
encontramos muitas pessoas. Fazemos amizades, nos relacionamos, fazemos
coisas juntos. Brigamos, discutimos, ficamos até sem conversar por um tempo.
Aprendemos a amar e perdoar. Que ninguém é igual a ninguém e que todos
dentro de suas particularidades buscam a mesma coisa; sentido para vida.
Em um determinado tempo algumas pessoas descerão desse trem que
é a vida. Mas, algumas que descem ainda que não volte sempre serão
lembradas. Outras serão esquecidas, talvez por que não marcaram sua vida.
Existem aqueles que irão conosco até fim dessa viagem. Mas, cada uma
dessas pessoas de alguma maneira contribuirá para seu amadurecimento, quer
seja como o que não fazer ou o que é bom aprender e replicar sem nunca
perder a originalidade de quem você foi criado para ser.
Aprendo que nesse mundo temos injustiças, ingratidão, egoísmo, mas
cabe a nós tentar ser diferente ainda que isso signifique ir contra a multidão.

Dia 11- Como o Mundo se apresentou para mim? Quem eu conheci?


Conheci tantas pessoas que tenho receio de ser injusto com alguém por
não o mencionar. Quando criança gosto de lembrar do João Paulo meu vizinho,
aquele que brincávamos as vezes separados pelo portão. Me lembro do
Anderson com que jogava vídeo game, na verdade eram dois Anderson.
Ambos eram bons amigos para jogarmos juntos.
Na minha adolescência me lembro das crianças que moravam próximo
da casa de meu pai. Gostava de ir para lá para brincarmos na rua. Foi lá que
conheci o Nêgo apelido do meu amigo Henrique. Foi na casa dele, que mesmo
naquela simplicidade experimentei o melhor mingau de couve que já comi.
Fiz parte de um grupo católico onde conheci o Renato, um cara
sensacional. Uma pena que nossos caminhos se desencontraram. Tentei
algumas vezes reencontra-lo, mas não tive sucesso.
Tive o prazer de conhecer o Henrique que não é o Nego. Ele foi um
grande amigo. Ele dizia que eu exercia a função de amigo, conselheiro,
treinador e pastor não todas ao mesmo tempo. Era alguém que quando queria
zoar era o primeiro que me vinha a mente. Amo a família dele. Sua esposa
Alessandra e seus filhos Miguel e Samuel. Infelizmente no ano passado ele
sofreu um acidente e veio falecer.
Não poderia deixar de mencionar o Cleber. O Cleber é meu amigo e
quem eu penso sempre quando preciso de um socorro. Em todas as vezes que
precisei ele sempre foi solicito, mesmo que isso significasse sair tarde da noite
para me ajudar. Amo sua esposa Jéssica e seu filho Miguel.
Conheci grande homens de Deus que me inspiraram como Pastor Lineu,
Pastor Tonhão e Pastor Eliezer. Em minha vida tive a oportunidade de
conhecer inúmeras pessoas. Aqueles que não citei não quer dizer que não
foram importantes, mas simplesmente que enquanto escrevia esses vieram a
minha mente.
Dia 12 – Em que eu me tornei? O que precisei enfrentar?
Hoje sou formado tenho pós-graduação. Abri um studio onde atuo com
preparação e condicionamento físico. Atuo com atendimento personalizado,
onde busco mais do que prescrever exercícios físicos e mensurar resultados
transformar vidas.
Fiz teologia e atuei como pastor auxiliar durante quase 9 anos. Hoje eu e
minha família congregamos em outro lugar, servindo a Deus na recepção e
acolhimento dos irmãos.
Mas, a coisa mais importante que me tornei foi um marido e pai de dois
lindos garotos. Essa talvez tenha sido minha maior e melhor formação. Para
que isso acontecesse tive que entender que não poderia seguir os exemplos
que tinha, mas aprender em como não gostaria de ser.
Acreditei que era possível me tornar um bom marido e pai atencioso.
Pensar em ter uma família e um lar sempre foi um desejo do meu coração. Não
que minha família tenha falhado comigo, mas desejava ser um marido e pai
presente.
A ausência de lembrança ou exemplos não podem justificar nossas
ações futuras. O fato de alguém não ter recebido amor não pode servir de
desculpa para não amar. Não ter um exemplo de marido ou um mal exemplo
não pode justificar sua falha no casamento.
Eu escolhi ser o melhor marido e pai que eu posso ser. Eu reconheço
que não sou perfeito. Longe disso. Mas, busco ser alguém melhor para mim e
para os meus. A construção de um edifício leva tempo e eu ainda estou em
construção. Mas, tento ser melhor hoje do que fui ontem.

Dia 13 – O Que Me Marcou Profundamente ao Longo da Minha Vida


O processo da minha conversão foi algo marcante em minha vida. Eu
nunca fui de fazer mal a alguém ou a mim mesmo. Ia as missas todo o final de
semana. Participava de um grupo de jovens. Seguia direitinho o que
considerava ser um padrão de bom rapaz.
Assim que me formei, fui convidado para trabalhar em um colégio
evangélico. O fato de ter trabalhado nesse colégio já era um indicio do plano de
Deus para minha vida, já que a preferência para fazer parte dos colaboradores
era ser evangélico. O colégio pertencia a uma igreja local e como toda igreja
tinha sua programação. Foi então que recebi o convite para direcionar a
recreação em um acampamento de adolescentes. Mais uma vez vi que Deus
tinha algo de muito especial para mim. Como não era evangélico tive que
passar pela aprovação do pastor presidente da igreja, algo que ainda não tinha
acontecido até então. Alguém não evangélico, que não era membro está a
frente de uma programação da igreja.
Foi nesse acampamento, em uma madrugada, alguns adolescentes
começaram a acordar. uns oravam outros eram perturbados. Pude ver a
manifestação de Deus como nunca tinha visto até então. Naquele momento
entendi que era aquilo que desejava para mim.
No final de semana seguinte fui convidado por minha sobrinha e minha
irmã para participar de um culto em sua igreja. Lá no momento do apelo senti
que era especialmente para mim aquele convite e não hesitei em entregar a
minha vida para meu Salvador. Esse mudou a minha história.
Mas, não para por aí. Quando descobrimos algo de bom queremos
dividir com os outros e então contei para minha mãe o que havia acontecido.
Minha mãe era uma católica muito praticante de rezar o terço e receber santa
em casa. Claro que fiquei com receio em como ela iria receber a notícia de que
daquele momento em diante eu seguiria um caminho diferente do que ela tinha
me ensinado. Ela não só respeitou a minha decisão como também começou a
me acompanhar aos cultos que passei a participar.
No momento do apelo sempre a perguntava se ela desejava aceitar. Ela
fechava a sua cara e respondia: “No dia que eu quiser eu vou”. Eu nunca
imaginei que pudesse ser tão rápido a sua decisão. Passados pouco tempo,
pude testemunhar uma das maiores decisões da vida da minha mãe que foi
também se render a Cristo. Foi um momento incrível e eu tive o privilégio de
presenciar esse acontecimento.

Dia 14 – Quando foi e o que foi o divisor de águas


A minha começou a tomar uma nova direção no momento em que eu
reconheci que precisava ter uma intimidade maior com Deus. Eu admirava o
conhecimento bíblico que a maioria dos evangélicos tem e dizia eu preciso
disso. Meu encontro com Cristo aconteceu em julho de 2005 e desde então eu
sigo e prossigo em conhecer mais e mais a Ele.
Foi algo tão marcante que me lembro do dia, a hora aproximada e quem
ministrava o culto quando me rendi a Cristo. Estava em um culto cheio de
pessoas, mas no momento do apelo parecia estar ali somente eu e Deus.

Dia 15 – Quando ocorreu a grande mudança? O que mudou?


Em 2006 conheci a Naty que começara um estágio em uma das escolas
em que dava aula. Tínhamos uma amiga em comum, a Michele que juntos
combinamos que uma vez por mês iriamos ao cinema e que um de nós ficaria
sem pagar. O meu dia nunca chegou.
Em janeiro de 2007 ficamos noivos. Aguardamos ela formar e em julho
de 2008 nos casamos. O início do nosso casamento não foi nada fácil. Por
muitas vezes me vi repensando se realmente tinha tomado a decisão certa. O
temor a Deus e o desejo de honrar o compromisso assumido perante Ele e
nossos convidados nos fizeram perseverar e confiar que tempos melhores
viriam.
Não me vejo hoje sem a Naty. Acordar e adormecer ao seu lado se
tornou um dos melhores momentos do meu dia. Me tornei um homem de
família agora não só com uma esposa, mas dois lindos garotos que fazem da
nossa casa um lugar vivo. Que torna nosso sentar à mesa um momento único
e especial. Desde a oração de agradecimento, ao servir um ao outro ou as
conversar que temos a mesa, tudo me faz desejar passar esse tempo com
eles.

Dia 16 – Como era Minha Vida e Rotina antes da Quarentena?


Acordava por volta das 5:30h da manhã, para comer algo e ir treinar.
Retornava tomava um banho e ia para o studio, onde ficava até as 11:00h.
Voltava para casa e preparava o almoço para esperar minha esposa e meus
filhos chegarem. Adoro surpreende-los com algo novo. Tínhamos geralmente
as tardes livres para ficarmos juntos, exceto as quartas feiras, quando tinha
que dar uma aula em uma escola infantil.
Por volta das 17:00h retornava para o studio para retomar as atividades.
Nesse tempo via o studio mais como uma oportunidade de trabalho do que
como uma empresa e um negócio da família. Minha visão e entendimento a
esse respeito mudou durante a quarentena. As segundas e quartas geralmente
ao fim do expediente no studio ia para a academia treinar Jiu-jitsu. Era o
momento em que eu relaxava e distraia. O jiu-jitsu é como uma pelada de fim
de semana para mim. Um momento meu.
Nesse período estava atendendo dois alunos de personal. Infelizmente
perdi uma querida aluna, muito querida pouco antes de entrarmos em
isolamento. Ao escrever esse texto me vieram algumas lembranças e uma
saudade gostosa bateu. Mas, tive o privilégio de por algum tempo fazer parte
da vida dela. Era um dos bons momentos do meu dia, quando ia atende-la.
Deus me concede o prazer de atender alunos especiais, quer seja por sua
idade ou por alguma outra necessidade especial. Me sinto muito feliz e
honrando por fazer parte da história desses presentes que recebo, que são
meus alunos.

Dia 17 – No Início da Quarentena, como eu estava?


A algum tempo eu já vinha com alguns questionamentos a respeito da
minha vida. Principalmente a respeito se eu realmente me encontrava onde
deveria estar. Algumas perguntas sempre vinham a minha mente, como será
que fiz tudo que poderia e deveria fazer até então? Eu realmente destinei meus
esforços e empenho naquilo que era importante? Qual seria o meu propósito
de vida? Para que eu nasci? Eram perguntas que só foram respondidas no
momento em que fui apresentado a Dra Valéria que me ajudou a encontrar
essas respostas em nossas sessões de coach e através da leitura do livro
“Uma Vida como Propósitos” no qual lemos juntos e ao fim de cada lição eu
deveria cumprir as tarefas e enviar um áudio para ela. Esse livro depois da
Bíblia é o livro mais transformador que já li.
Me sentia perdido em minha administração financeira pessoal e também
na gestão do studio, chegando ao ponto de misturar as finanças pessoais com
a da empresa.
Em vários momentos tinha sensação de que não estava fazendo o que
deveria fazer e nem estava onde deveria estar.
Dia 18 – Quando dei a volta por cima ao longo da quarentena?
Quando ocorreu a grande mudança? O Que mudou?
A grande guinada da minha vida iniciou quando fui apresentado a Dra
Valéria. Uma Mulher que Deus usa grandiosamente e tem sido desde então um
canal de benção em minha vida. Nossas sessões no atendimento privado
abriram meus olhos e me fizeram enxergar coisas que não conseguia antes.
Meus olhos foram desvendados e os questionamentos que tinha anteriormente
começaram a ser respondidos.
Mais tarde começamos como a maratona 21 dias para uma mudança de
hábitos ruins e aquisição de bons hábitos que também ajudou nesse processo
de transformação. Tudo colaborava para um sentimento de pertencimento e de
que mesmo em meio a um caos que estávamos vivendo era possível criar
novas oportunidades.
Em seguida começamos com a leitura dirigida do livro do pastor Rick
Warren “Uma Vida com Propósitos”. Esse projeto tem alcançado um número
incrível de pessoas não somente no Brasil, mas em outros países como
Portugal, Moçambique, Espanha e Canadá. Esse projeto tem só crescido e
ainda irá crescer muito mais.
Hoje posso dizer que sei qual é meu propósito de vida, e descobri que a
vida só faz sentido com Deus.
Acordo todos os dias as 5:00h da manhã e participo de duas reuniões do
projeto. Sinto-me com isso bem mais preparado e motivado para o restante do
meu dia.

Dia 19 - O que eu faria diferente? Eu mudaria algo?


É muito engraçado hoje responder essa pergunta. Se fosse algum tempo
atrás talvez eu tivesse um bom número de coisas que gostaria de ter feito ou
mudado. Mas, hoje com tudo que aconteceu, a única coisa que talvez eu faria
era ter tentado uma carreira militar, mas até isso ao escrever Deus me trouxe a
memória que eu já tentei, quando participei do concurso para entrar na
Academia das Agulhas Negras.
Eu realmente sei e creio que cada um de meus dias foram planejados
por Deus e tudo que aconteceu até aqui teve um propósito. É incrível hoje olhar
e ver que nada aconteceu por acaso, mas tudo fez parte de um processo para
eu ser quem eu hoje sou e estar onde estou.

Dia 20 - Por que minha vida valeu a pena até aqui? E por que valerá ainda
mais? Qual a Organiza+ação (focado no outro) que eu iniciei?
Minha vida não só valeu até aqui como ainda vale pelo fato de ser um
projeto de Deus. Ele sonhou comigo, fez planos a meu respeito e se escrevo
esse texto a vocês é por que ainda tenho algo a cumprir.
Sou maravilhado com tudo que pude viver. Cada experiência que tive
contribuiu para ser quem Ele desejava que eu fosse. Sei que ainda estou em
um processo de transformação, mas tenho plena convicção de que sou alguém
especial para Deus e que seus planos a meu respeito ainda não findaram.
Nesse processo que passei juntamente com minha esposa na maratona
21 dias surgiu o Treinando Emoções. Um projeto onde atendemos casais
emocionalmente abalados que precisam de ajuda. Cremos que se cada um
deles ainda respiram, ainda há tempo para viverem um novo tempo em seu
relacionamento. Não somos um casal perfeito. Longe disso, mas Deus permitiu
que tivéssemos experiências nas quais hoje podemos compartilhar e ajudar
outros casais. Nos sentimos honrado e privilegiados em poder servir outros
casais.

21 – Por que minha história é capaz de impactar outras vidas? Por que
outras vidas conseguirão ser protagonistas de suas histórias como eu
fui? O que é possível aprender com minha história?
Eu sou um milagre de Deus. Em inúmeras vezes Ele me poupou do pior,
por que tinha algo planejado para mim. Permitiu que vivesse inúmeras
situações, algumas das quais se pudesse escolher não gostaria de ter vivido,
mas em todas elas até aqui me fez mais que um vencedor.
Fui o primeiro da minha casa a ter um curso superior. Quebrei todas as
perspectivas de que os casamentos da minha família não davam certo. O meu
deu. Sou um homem de família. Luto dia a dia para não ser um impedimento do
que Deus tem para realizar em minha vida e através dela. Cada experiência,
cada instante de alegria, cada dor, cada pessoa que conheci tudo fez parte de
um processo de crescimento e transformação. Ainda não alcancei minha
melhor versão, mas prossigo para atingir o alvo e cumprir minha missão.
Muitos lerão minha história e se identificarão com ela não para repeti-la,
mas para não desistir, pois para aqueles que confiam há sempre um novo
tempo para viver.

Continua...

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