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Melhor coisa da minha vida: Estudar na Cásper Líbero

Pior coisa da minha vida: Ter tido depressão e síndrome do


pânico e fazer tratamento até hoje por conta disso.

Pior coisa da minha vida: Estudar na Cásper Líbero com certeza não
é tão bom assim. Em primeiro lugar, eu tive que estudar muito para
conseguir passar no vestibular, o que fez com que eu perdesse horas
preciosas com meus amigos, baladas inesquecíveis e momentos que
jamais voltarão. Depois de ter conseguido passar, veio o trote que foi
horrível. Me pintaram toda com tintas, esmaltes de unha e até cola de
papel colocaram no meu cabelo. Me fizeram andar de elefantinho em
uma posição completamente comprometedora bem na Avenida
Paulista, além de ter sido amarrada com pessoas que eu nunca tinha
visto antes e ter de ficar gritando: “Eu Mackenzie, vai tomar no cu!”,
sendo que eu nem odiava o Mackenzie. Me fizeram pedir dinheiro no
semáforo e além do mico que eu já estava pagando na maioria das
vezes ouvia um não como resposta. Mas o trote foi só começo da
parte ruim de estudar na Cásper.
Eu moro em Jundiaí, 50km de São Paulo, então todos os dias tenho
que viajar para chegar na faculdade o que é muito ruim pois sou a
primeira a ser pega na minha casa e a última a ser deixada na volta.
Saio de casa muito cedo e chego sempre depois da 1 hr da
madrugada, o que me deixa com muito sono no dia seguinte. Sem
contar que minha alimentação virou uma bagunça pois não janto mais
e sempre como porcarias na faculdade. A questão financeira também
pesa bastante pois além da mensalidade que é cara, tenho que gastar
bastante com transporte e alimentação, sem contar que quando
preciso chegar cedo na faculdade tenho que ir de ônibus, sair da
minha casa muito mais cedo e gastar ainda mais com transporte.
Como nasci e moro no interior tenho mesmo sotaque arrastado,
diferente dos paulistanos que tiram a maior onda da minha cara
quando eu falo PORRRRTA ou PORRRRRQUE e além do mais
acham que Jundiaí é totalmente rural, que eu moro no meio do mato
ou que eu crio galinhas e tenho horta no quintal da minha casa.
Os trabalhos também são muito difíceis, tenho que perder muito tempo
com eles (que não são poucos) e quase não me sobra tempo para
fazer coisas que eu realmente gosto. As provas são complicadas,
tenho que estudar muito e mesmo estudando sempre fico nervosa e
acabo não tirando notas tão altas.
Com toda certeza, não é nada mole estudar na Cásper Líbero.
Melhor coisa da minha vida: Ter ficado um bom tempo doente com
depressão e síndrome do pânico foi uma das melhores coisas que já
me aconteceram pois além de ter aprendido coisas maravilhosas, que
nunca em nenhuma parte no mundo ninguém poderia me ensinar,
mudei muito e passei a me conhecer melhor.
Hoje eu posso dizer que os melhores mestres da vida são a dor e o
sofrimento pois quando fiquei doente passei a conviver com eles a
todo momento. A tristeza, o sofrimento e a sensação de solidão fez
com que eu enxergasse e percebesse coisas que antes quando eu
estava bem nunca tinha percebido.
Aprendi que a coisa mais preciosa que alguém pode ter é a família e
que esta por mais difícil e sacrificado que seja mantê-la quando
enfrentamos uma situação difícil e quando parece que toda a alegria e
felicidade que temos parecem ir embora e dar lugar ao vazio, as
únicas forças que nos restam são a nossa família e muitas vezes eu
só encontrava um ombro amigo, o carinho e as palavras que eu
precisava com meus pais. Não há o que eles não tenham feito para
me ver bem, com saúde e feliz novamente, era apenas isso que eles
esperavam de mim: que eu fosse feliz, mais nada além disso.
Os amigos também são muito importantes, a força, a compreensão, as
orações e o companheirismo são fundamentais além do sorriso
sempre aberto no rosto dos meus melhores amigos mesmo quando
me viam chorando, estes torceram e sei que ainda torcem por mim,
mas a dificuldade também me fez enxergar que nem todas as pessoas
que eu gosto eu posso chamar de amigo, os de verdade mesmo são
poucos e pessoas que eu nem imaginava ligavam todos os dias para a
minha casa perguntando como eu estava e se precisava de alguma
coisa enquanto muitos que eu estava sempre junto, saía para balada,
dava risadas e confiava demais acabaram me decepcionando e
mostrando de verdade quem eram. Não tenho mágoas dos amigos
que nem foram tão amigos, pois aprendi a não esperar demais das
pessoas, elas são falhas e às vezes nos magoam mesmo sem
perceberem. Consegui aceitar melhor as pessoas do jeito que elas são
e aproveitar cada momento da minha vida com quem está ao meu
lado.
Com o próprio medo aprendi a enfrentar os meus medos e a controlar
minha insegurança. Aprendi que uma pessoa pode ter todo o dinheiro
e poder do mundo mas a felicidade interior e o amor pela vida ela não
pode comprar, são coisas que dependem exclusivamente dela e de
mais nada. Aprendi também a acreditar nos meus sonhos, a tê-los
como objetivo de vida e fazer com que eles sejam minha força para
buscar cada vez mais, aprender cada vez mais e a sonhar cada vez
mais.
Percebi que olhar para o lado e dar importância à todas as pessoas
que fazem parte de uma maneira ou outra da minha vida é sempre
fundamental, pois sem a força e o carinho dessas pessoas nunca teria
conseguido me curar.
Nenhuma faculdade é capaz de ensinar tudo o que aprendi, viver tudo
o que vivi e a amar a vida como hoje eu amo. A depressão e a
síndrome do pânico me fizeram ao final de tudo tão bem que hoje
posso dizer que sou uma pessoa muito mais feliz e porque estou me
conhecendo cada vez mais, aprendo a cada dia a enfrentar minhas
dificuldades, acredito muito em mim e busco cada vez mais o que eu
quero.
Faculdade Cásper Líbero

Melhores e piores
coisas da minha vida

Juliana Maria Bêgo nº 206128


1PPD Criatividade Profª Vilma
São Paulo-SP
2006

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