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HISTÓRIA CLÍNICA

Amanda, 5 anos, gênero feminino, filha caçula de um casal com dois filhos,
estudante do grupo 5 da educação infantil de uma escola particular e residente em
cidade de grande porte. A busca pelo acompanhamento psicoterápico se deu
através dos seus genitores José Fernandes e Paula Brito, pais de outra garota de 20
anos. Os pais procuraram auxilio psicológico para Amanda devido a sintomas
fisiológicos, comportamentos ansiosos e disfuncionais no ambiente familiar e
escolar. Amanda sempre teve boas relações e resultados positivos em seu contato
com o ambiente de aprendizagem. Na entrevista, os pais relataram que
recentemente, a criança começou a apresentar comportamentos diferentes do
normal e isso chamou a atenção dos pais, familiares e professores. Amanda
demonstra dificuldades na expressão das emoções, como também na interação com
outros colegas. Resiste em ir para a escola e ao acordar, fica muito próxima da mãe,
apresentando choro e tremores. A criança passou por alguns episódios de vômito
nos momentos em que seus pais sinalizavam precisar sair, reclamando de fortes
dores abdominais e na cabeça. Pede para a irmã mais velha ligar para os pais
quando os mesmos estão longe de casa e chora constantemente, até que sua mãe
retorne do trabalho. Durante a noite, a criança insiste em dormir com os pais, sente
pânico noturno e pesadelos constantes com os mesmos, sendo na maioria das
vezes com a mãe viajando ou morrendo. O apetite de Amanda vem diminuindo
consideravelmente e sua melhor alimentação é a noite, quando todos estão
sentados à mesa. Com a mudança comportamental, Amanda repete e verbaliza
muito para os pais prometerem nunca abandoná-la. Além dos sintomas já relatados,
a paciente não interage mais com os amigos do seu condomínio e prefere ficar em
casa na presença dos pais, recusando convites de qualquer outro familiar ou amigo.

HISTÓRIA FAMILIAR
Na avaliação inicial, os pais José Fernandes e Paula Brito relataram que
Amanda sempre foi uma criança comunicativa e apegada aos familiares, em
especial sua mãe. Os pais de Amanda viviam um relacionamento conjugal de
respeito, porém, brigavam constantemente por motivos triviais. Eles se diziam
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Avenida: Tenente Siqueira Campos, nº 1394 – Bairro: Novo Planalto – Colinas do Tocantins.
“desgastados”, mas sempre preferiam esconder os problemas das filhas. Relataram
que a gestação de Amanda foi planejada e desejada: “ela viveu em um ambiente
com laços afetivos bem estruturados”. O desenvolvimento inicial de Amanda foi
saudável e dentro do esperado. Mamou até os 2 anos, porém, sofreu dificuldades no
desmame. Na época da iniciação do desmame, a criança ficou muito tempo na
presença da sua mãe e rejeitando o pai. Tem boas relações com os avós paternos e
maternos e tios. Ingressou na vida escolar com 2 anos e 7 meses e criou bons laços
com professores e auxiliares. Inicialmente, estranhou o ambiente escolar e durante o
primeiro mês, sua mãe ficava acompanhando algumas aulas e atividades. Durante
os três primeiros anos, teve uma babá à qual era apegada, mas que precisou voltar
para o interior que morava e Amanda precisou lidar com essa perda. Durante alguns
meses, ela perguntava pela referida cuidadora e dava tchau para todos os aviões
que passavam e aos poucos foi esquecendo. Hoje, lembra da babá em momentos
pontuais. Na avaliação inicial, um fator importante foi relatado pelos pais, que
consiste no fato da criança ter presenciado durante meses cenas de briga entre eles.
Nas duas últimas brigas presenciadas pela criança, ela escutou os pais ameaçarem
se divorciar. O assunto do divórcio foi falado em um momento único, mas, Amanda
internalizou e desencadeou os sintomas. A criança vinha percebendo mudanças e
se queixava, porém, os pais sempre contornavam a situação. Eles já dormiam
separados, brigavam constantemente e saiam em momentos diferentes Além da
informação sobre o divórcio, a criança veio a saber que sua tia passaria 6 meses na
Austrália e internalizou que sua mãe iria junto, já que estava “se separando” do pai.
Com o tempo, os sintomas ficaram mais frequentes. Toda vez que a mãe precisava
ir na casa da tia a criança entrava em crise de choro e vômito. Os pais buscaram o
acompanhamento psicoterapêutico para a criança, visando uma intervenção e
manejo profissional para a situação que havia saído do controlo deles. A criança era
bastante apegada à sua genitora, figura de apego, e desde que começou a vivenciar
os conflitos em sua casa começou a comportar-se diferente.

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