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MINISTÉRIO DA CIDADANIA

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL


SECRETARIA NACIONAL DE PROMOÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO À PRIMEIRA INFÂNCIA
COORDENAÇÃO DE FORMAÇÃO E DISSEMINAÇÃO

Estudo de Caso: A FAMÍLIA ALMEIDA

✔ Objetivo: Promover discussão sobre a centralidade do trabalho articulado entre rede de


serviços no trabalho com famílias.

✔ Material Necessário: Lápis Piloto, Tarjetas, Papel 40kg e Fita Crepe.

✔ Espaço: Sala ampla, com cadeiras móveis para trabalho em grupos.

METODOLOGIA

1- O multiplicador (a) dividirá os participantes para formação de 06 subgrupos. Em


seguida, entregará uma cartolina e uma tarjeta contendo uma situação de vida de um
indivíduo, para que o grupo pense em ações para resolução da problemática
apresentada. O tempo determinado será de até 30 minutos.
2- O multiplicador (a) deverá orientar os participantes a elencarem as ações possíveis na
cartolina, de forma que estejam expressas todas as etapas do atendimento ao indivíduo
em questão.
3- Encerrando o tempo disposto para realização da tarefa, solicitar que um representante
de cada grupo venha à frente, cole sua cartolina na parede e faça a apresentação das
ações.
4- Após a apresentação das ações elencadas pelos grupos, o multiplicador (a) deverá ler a
história da família Almeida e refletir com o grupo o conteúdo da história com as ações
realizadas.
TARJETAS COM SITUAÇÕES PARA SEREM ENTREGUES AOS GRUPOS

Grupo 1 – Dona Maria do Carmo foi procurar atendimento no CRAS. Solicitou uma cesta básica,
alegando que o marido encontra-se desempregado e o dinheiro do Bolsa Família é insuficiente.
Tem quatro filhos, de 14, 12, 04 e 02 anos, além da sua mãe com 65 anos, que reside junto com a
família. Maria do Carmo não adere às reuniões do PAIF e, quando está presente, fica calada.

Grupo 2 – A creche pede solução para a situação da criança Paulo Henrique, de 4 anos, que
frequenta as aulas irregularmente e vive pelas ruas do bairro na companhia de um irmão mais
velho. Paulo Henrique, quando vai à escola, é agitado, não consegue se concentrar e participar das
atividades propostas pela professora. A diretora percebe que a criança tem alguma deficiência, mas
a mãe não aceita e, portanto, não procurou acompanhamento de saúde mental para o filho.

Grupo 3 – A adolescente Patrícia, de 14 anos, quando consultada pelo setor de ginecologia da UBS,
uma vez que apresenta sinais de abuso sexual - identificados alguns hematomas e por ela relatado
sintomas de doença sexualmente transmissível - através de exame clínico teve confirmada a
suspeita de gravidez. Questionada pelo médico, nega ter sido violentada.

Grupo 4 – O Conselho Tutelar requisita visita domiciliar ao CRAS, à família do adolescente João
Pedro, de 12 anos, que vive perambulando pelas ruas do bairro. Já foi abordado na área central da
cidade várias vezes. Quando vai a escola, é agressivo, faz consumo de drogas, agride outros alunos
e os próprios professores. A escola ameaça dar transferência compulsória.

Grupo 5 – O senhor Marcos Almeida, 45 anos, está desempregado há 8 anos. Foi até a prefeitura
procurar uma vaga de emprego, mas se encontrava alcoolizado. Era padeiro, quando tinha
emprego fixo. Agora faz bicos de pedreiro, pintor, dentre outros.

Grupo 6 – A senhora Josefa é idosa, com 65 anos, e recebe o BPC – Benefício de Prestação
Continuada. Foi ao posto de saúde passando mal, com hipertensão e diabete elevada devido a não
fazer uso do medicamento necessário e a má alimentação. Apresenta quadro de desnutrição.
A HISTÓRIA DA FAMÍLIA ALMEIDA

Dona Maria do Carmo é casada com o senhor Marcos há 13 anos, com quem tem três filhos, João
Pedro, Paulo Henrique e Mariana. De outro casamento, que não deu certo, porque o marido a
agredia diariamente, inclusive na gravidez, trouxe Patrícia, na época com um ano de idade. Ambas
vieram para casa do senhor Marcos desnutridas e machucadas, pois o antigo marido da senhora
Maria do Carmo, além de agredir a ela e a criança, ainda as deixava passar fome. Na infância, dona
Maria foi criada por parentes, que também a agrediam quando não cumpria as tarefas a ela
determinadas. Os pais da mesma moravam no interior de Pernambuco e a mandaram para os
parentes a fim de não passar fome onde estavam.

O atual companheiro de Maria do Carmo não a agride e, apesar de estar desempregado, sempre faz
bicos para tentar sustentar a casa, esforçando-se ao máximo para por comida na mesa.
Infelizmente, ele é usuário de álcool e acaba, quando bêbado, ofendendo Dona Maria. Além disso,
ele sempre tratou bem sua filha Patrícia, como se fosse filha dele. Sempre gostou de cuidar dos
filhos, até banho com as crianças ele tomava (quando eram pequenos). Para a menina, comprava
roupas, sapatos e, depois que ela fez seis anos, começou a comprar-lhe enfeites. Às vezes, Dona
Maria se ressente disso, e fica um pouco enciumada porque ele nunca comprou nada para ela. Ele
gosta muito de ficar em casa sozinho com a menina, que hoje tem 14 anos. Dona Maria do Carmo
prefere sair e ir para a casa de uma vizinha conversar e tentar esquecer as coisas que, às vezes,
passam pela cabeça dela.

Dona Maria gosta de ficar sempre quieta, fala só quando é necessário, principalmente porque o
marido anterior a deixou com três dentes quebrados e ainda não conseguiu arrumá-los. Esse é seu
maior sonho. Mas já desistiu dele. Queria também trabalhar, talvez de costureira, mas é analfabeta,
porque teve que trabalhar cedo para ajudar os pais. Quando casou, o marido mandou que ficasse
em casa e ela obedeceu, apesar de querer ao menos voltar a estudar, coisa que já desistiu.

João Pedro, filho de Maria, é muito revoltado. Sai de casa e não fala para onde vai. Anda com uma
turma de barra pesada, envolvida com traficantes. A família não sabe se ele usa drogas e, quando o
pai tenta questioná-lo, ele fica furioso e até já tentou agredir o mesmo. Sua revolta é grande,
porque sabe que o pai vem abusando de sua irmã Patrícia, e a mãe nada faz para impedir. Ele
também se revolta contra todos que estão à volta, os vizinhos, a escola, a igreja, porque ele acha
que todo mundo sabe e ninguém faz nada. Busca atividades perigosas, usa drogas, fica pelas ruas,
envolve-se em confusão, mas na verdade, queria que alguém olhasse para ele e visse seu
sofrimento.
Paulo Henrique, o filho de Maria, não tem frequentado a creche todos os dias. Dona Maria alega
que não gosta de levá-lo, pois sempre que chega ao portão da creche já começa a escutar
reclamações sobre seu filho. Confirma que não consegue mantê-lo em casa, pois ele não para
quieto e por isso vive na rua na companhia de seu irmão. Fica triste quando fala que os vizinhos
chamam o filho de “menino maluquinho” e não aceita que ele possa ter algum problema. Se
preocupa dele começar a andar na companhia do irmão, mas não enfrentamento ao filho mais
velho. Fala que a casa e a filha bebê consomem muito o seu tempo.

O senhor Marcos Almeida, quando criança, sofreu abuso sexual de um vizinho. Quando cresceu,
apresentou problemas sexuais, mas tentou de qualquer forma escondê-los. Abusa da sua enteada
desde quando tinha 05 anos. Acha errado, mesmo assim continua. Sabe que em sua casa quem
manda é ele, e este poder lhe dá o direito sobre todos. Está desempregado há oito anos, mas
sempre foi trabalhador. Os vizinhos têm orgulho de tê-lo por perto. É prestativo e respeitador para
com os outros, nunca arrumou uma briga fora de casa, e nunca ergueu um dedo contra a mulher.
Sabe que ela e a filha devem dar graças a Deus por terem vindo morar com ele. Infelizmente não
consegue controlar a bebida, mas não reconhece isso, pois acha que pode parar quando quiser. Foi
um excelente padeiro, porém depois que foi mandado embora, nunca mais conseguiu emprego,
também não se qualificou, e hoje não sabe mexer com as máquinas mais modernas de padaria.
Sente-se um lixo, humilhado e envergonhado por causa disso. E quando vai procurar emprego, sabe
que não vai conseguir. Então, para aguentar a humilhação e a frustração, acaba bebendo alguns
goles.

A senhora Josefa é viúva. Perdeu o marido há dois anos. Antes vivia somente ela e o esposo. Está na
cidade há dez anos e ainda não se acostumou, pois morava no interior de Pernambuco. A filha
Maria do Carmo, junto com o marido, senhor Marcos Almeida, não conseguiram pagar o aluguel e
tiveram que vir morar com ela há cerca de um ano. Apesar de ser diabética e viver apenas com o
benefício, ela conseguia comprar comida e os medicamentos, além daqueles que conseguia no
posto. Agora, a coisa ficou difícil, porque são muitas bocas em casa para alimentar, e juntando o
seu dinheiro com o pouco que o genro ganha, mal dá para a comida. A alimentação que o médico
recomendou ela não pode mais fazer e isso a tem deixado mais debilitada. Acha que sua família
tem muitos problemas, mas ninguém dá muita atenção a ela mesma. Ela está com depressão, sente
falta do marido e às vezes pensa na morte, porque seria uma libertação. Tem pena dos netinhos,
que cuida com muita dedicação, pois terão que trilhar todo o caminho de sofrimento que essa vida
oferece.

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