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Chama a atenção seu isolamento. Ele diz “passei a não fazer mais nada, comecei a
dormir a maior parte do meu dia, assim era melhor, afinal quando estou dormindo não estou
sofrendo”. Quando não estava dormindo, ficava com o filho, porém a um mês mandou a criança
morar com a avó materna. “Quando eu brincava com meu filho, só lembrava da minha esposa
e me sentia triste, então parei de brincar com ele. Mandei ele morar com a avó, mas tenho
dificuldade de ir vê-lo, tenho evitado ao máximo, quando vou fico pouco tempo, sempre que
vejo meu filho tenho vontade de chorar”. João relata ainda que não tem vontade de continuar
vivendo, sente-se injustiçado por Deus e sozinho pela falta de apoio dos colegas e da família.
Procurou a terapia com queixas de dificuldade nos estudos e tristeza intensa.
Natural do Rio de Janeiro, João é o filho mais velho de uma prole de cinco filhos (cada
filho de um pai diferente). Foi criado apenas pela mãe, seu pai o abandonou quando descobriu
a gravidez e seu avô a expulsou de casa na época. Diz que sempre se sentiu sozinho, sua mãe e
irmão não davam atenção para ele. Além disso, sofria agressões constantes da mãe, nem sabia
porque estava apanhando, sempre chorava e sentia muita dor, lembra de sentir um misto de
raiva e medo da mãe. Quando via a mãe já começava a tremer e sentia-se mal (relata ansiedade,
medo e raiva). Frequentemente ao apanhar, a mãe o chamava de lerdo. Quando a mãe chegava
em casa, ele já se trancava no quarto, passou a evitar ao máximo o contato com a mãe. Na
primeira oportunidade que teve saiu de casa para se casar com sua falecida esposa, que foi sua
primeira namorada, se conhecerem no ensino médio e se casaram quando ele tinha 18 anos.
Estudou no Colégio Naval e não teve amigos com quem pudesse contar. Além disso,
relata um problema que teve com uma das professoras, ela pedia constantemente
apresentações orais. Em uma das ocasiões de apresentação, a Professora chamou João de lerdo
por ele demorar a responder a uma pergunta. Ele começou a tremer, teve taquicardia, boca seca
e não conseguiu finalizar a apresentação, diz que não sabe porque, mas naquele momento
parece que esqueceu tudo que tinha aprendido e não conseguia se lembrar de nada.
Conta que na sua formatura do ensino médio não compareceu ninguém da sua família,
só sua namorada e a família dela. João comenta que sempre foi tímido e reservado, não teve
amigos durante a infância e nem na adolescência, além disso, não tem bom relacionamento com
sua família de origem. Ele só os veem em aniversários e festa de natal. Nesses eventos fica o
tempo todo no celular para não ter que conversar com nenhum deles. Diz que só de vê-los já se
sente angustiado e ansioso. Nos dois últimos aniversários que foi convidado, inventou uma
desculpa e não compareceu.
g) - Comportamento de dormir.