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Terapia
Comportamental e Cognitivo-Comportamental. Práticas Clínicas. São Paulo: Roca, 2004)
Alex, 4 anos, foi encaminhado para atendimento pela escola. A professora relatou para o
terapeuta que Alex provocava muito os colegas de classes, retirava brinquedos das mãos
dele, beliscava, batia se lhe negassem algo, os empurrava, mas o comportamento mais forte
era morder. Sempre ele começava provocando, depois empurrava, ameaçava e o último
comportamento a ser emitido era morder. A professora disse que sempre ficava atenta ao
mesmo, castigando-o, se necessário. Quando o terapeuta perguntou como a professora
agia, ela relatou que diversas vezes conversava com ele: ‘O que aconteceu para você fazer
isso? Vamos tentar falar com os colegas? Conta para mim o que aconteceu?’ e explicava o
quanto esse comportamento era inadequado, falando: ‘Isto é errado, você não deve agir
assim, você machucou seu coleguinha e doeu’. Depois a professora falava: ‘Por ter feito
isto, vou retirar o seu brinquedo’.
João é um jovem de dezoito anos e, no semestre passado, foi aprovado nos exames do
DETRAN e obteve sua carteira nacional de habilitação. Como ainda é muito jovem, João
frequentemente dirige em velocidade superior à permitida e ultrapassa os sinais vermelhos,
mesmo sabendo das possibilidades de ser multado. Como consequência, todo início de
mês, chegam a sua residência, no mínimo, duas multas, que lhe custam um pouco mais da
metade da mesada que recebe de seus pais. Nestas ocasiões, João passa a dirigir na
velocidade permitida e a parar nos sinais vermelhos, porém, essa mudança em seu
comportamento é temporária e ele volta a se comportar como anteriormente.
João é uma criança hiperativa e, aos nove anos de idade, ainda está cursando o segundo
ano do ensino fundamental. Na escola, passa quase todo o tempo atrapalhando os colegas
de classe, além de trabalhar apenas por curtos períodos e distrair-se facilmente. A
hiperatividade de João consiste em falar, empurrar, bater, beliscar, olhar para trás, para os
lados, para fora, levantar-se da carteira e mexer em tudo. Além disso, é agressivo e machuca
as outras crianças. João é encaminhado à Clínica Psicológica da Universidade de Oregon
e o Dr. Marcelo, responsável pelo acompanhamento de João, vai para a sala de aula
trabalhar com João na situação onde seus comportamentos inadequados ocorrem. Uma
pequena caixa com luz e um contador é colocada na carteira do garoto hiperativo. Cada vez
que João presta atenção em seu trabalho durante um período de 10 segundos, a luz se
acende e o contador marca um ponto, no final de cada intervalo de 10 segundos. Quando
isso acontece, o menino ganha um “confete” ou uma moeda, que lhe é dado no final de cada
lição. As lições diárias duram de 5 a 30 minutos. Antes de começar o acompanhamento, o
garoto hiperativo passava 25% de seu tempo apresentando comportamentos inadequados
ou de desatenção; ao final de 10 dias de acompanhamento, João comportava-se de forma
inadequada menos do que 5% das vezes, o que é, aproximadamente, a média para uma
criança normal. Ao final do acompanhamento, João foi observado por um período de duas
horas e ele era a criança que melhor se comportava em sala de aula.
Retirado de: Costa, Silvana Elisa Gonçalves de Campos e Marinho, Maria LuizaUm modelo
de apresentação de análise funcionais do comportamento. Estudos de Psicologia
(Campinas) [online]. 2002, v. 19, n. 3, pp. 43-54. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0103-166X2002000300005>.
a) As queixas apresentadas por Ana ao início da terapia foram: desânimo, cansaço, dores
no corpo, dificuldades para enfrentar os problemas do dia-a-dia e em fazer amizades,
vontade de fugir e de dormir e elevada sensibilidade diante de acontecimentos ruins. Relatou
desejo de mudar esse seu jeito de ser.
b) A cliente relatou que devido às dores no corpo, não conseguia fazer os serviços de casa
e, por isso, contava com a ajuda de sua mãe e de seu marido: ontem, eu cheguei em casa
e fui direto deitar. Tinha um monte de coisas para fazer. Meu marido é que foi arrumar as
coisas para mim. Quando levantei, tomei banho, jantei e deitei de novo.
c) Observou-se que Ana contava com um número reduzido de pessoas significativas em sua
vida. A respeito disso, relatou que tinha apenas uma amiga íntima e acrescentou: ela (a avó)
era a pessoa que mais me dava carinho. Meu pai e minha mãe nunca foram muito
carinhosos e ela era. Ela me faz tanta falta! Se eu perder meu marido, em matéria de amor,
eu não vou ter mais.
e) Com o casamento, Ana pareceu estar em situação de conflito: consolidar a escolha entre
freqüentar o grupo bíblico sem o marido ou acompanhá-lo em suas reuniões sociais que lhe
eram aversivas. Sobre isso, comentou:
Eu fico nas festas, no meio daquelas pessoas bebendo, me dá uma coisa tão ruim! Parece
que não era ali que eu queria estar; eu queria estar com meus amigos de lá (do grupo
religioso), que não bebem e nem fumam, não contam piada obscena. (...) Quando eu estava
lá (no grupo religioso), eu sentia muita falta de alguém. (...) E agora eu tenho ele, meu
marido, mas não tenho o ambiente que eu gostava, não tenho os amigos.
g) Ana sofreu o que foi diagnosticado por um psiquiatra como uma forte crise depressiva no
final do primeiro ano de casamento. Nesse período, ela tinha idéias de suicídio, não queria
sair de casa e chorava freqüentemente: eu me tranquei no banheiro uma vez, sentei no chão
e comecei a chorar, chorar, chorar e ele (marido) arrebentou a porta.
Puxa vida! Eu tenho que pensar um pouco pra falar, eu fico com a consciência pesada!
Eu falei para elas (amigas) que havia um monte de coisas em promoção. Daí, elas foram e
não gostaram de nada e na volta tomaram chuva ainda. Aí eu falei: ai, meu Deus, eu devia
ter ficado quieta!
A minha amiga falou assim: aquilo lá não é bom (sobre máquina de lavar louça), aquilo lá
demora, eu não tenho vontade de comprar. Eu falei assim: imagina, aquilo é uma maravilha,
é ótimo, eu tenho e lavo e a louça fica limpinha (...). Aí, depois, eu fiquei pensando: nossa,
eu acabei com o pensamento da outra!
A gente não pode se prejudicar por ter medo de falar e isso acontece muito comigo.