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CASO CLÍNICO:

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

1. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE:
Alex Silva Vieira, 32 anos, sexo masculino, brasileiro, natural de Goiânia, GO,
reside em Goiânia-GO, ensino superior completo, jornalista, solteiro, católico.

2. MOTIVO DA CONSULTA:
“Resolvi me internar porque parece que tem um buraco dentro de mim, e é
difícil lidar com as pessoas.” – palavras do paciente.

3. HDA (História da Doença Atual)


O paciente decidiu buscar ajuda psiquiátrica devido a um profundo vazio
interior e às dificuldades em lidar com as pessoas. O paciente relata que esse
sentimento de vazio o atormenta, e ele sente como se houvesse um buraco dentro
dele: “às vezes, parece que tem um buraco enorme dentro de mim, e é difícil lidar
com as pessoas.” - palavras do paciente. Essa sensação intensificou-se ao ponto
de afetar suas relações interpessoais, levando-o a considerar a internação como
uma medida necessária. Relata episódios frequentes de alterações de humor, onde
em um momento se sente muito feliz e pouco tempo depois tudo parece cinza, como
aconteceu recentemente no seu trabalho por causa de uma matéria que publicou
sobre o qual recebeu feedback positivo de colegas, mas no dia seguinte ao ver
comentários online negativos sobre a mesma matéria ficou se sentindo muito mal:”
fiquei me sentindo terrível, talvez eu não seja tão bom quanto pensava” – palavras
do paciente.
Relata relacionamentos interpessoais tumultuados, como um outro episódio
no seu trabalho em que Alex percebe que a colega Maria está trabalhando em uma
matéria similar à sua. Questiona à Maria por que ela está trabalhando em uma
matéria parecida com a sua e quando Maria responde que não percebeu que
estavam trabalhando na mesma coisa Alex responde rispidamente: “você está
tentando roubar o meu trabalho” - palavras do paciente ao que Maria responde
dizendo que não era isso, ela só não viu... Sem deixar Maria terminar de falar,
interrompendo-a, rebate: “sempre é assim. Todo mundo tenta me prejudicar. Eu não
aguento mais isso!”.
O paciente atribui a sua reação nesse caso a uma defesa pessoal dessa
postura insistente das pessoas que convivem com ele querer tirar proveito dele ou
roubar as suas ideias. E diz ao mesmo tempo não entender como as pessoas
parecem querer as ideias dele, mas não darem o devido valor a ele.
A mãe relata que sempre notou uma autoimagem instável em Alex, pois ele
sempre ficava se comparando com outras pessoas, e foi assim desde muito jovem
até a idade atual. Em uma das últimas conversas em que isso ficou bem evidenciado
foi quando Alex chegou contando sobre um artigo que um colega do trabalho
escreveu, dizendo o quanto o artigo tinha ficado incrível, o quanto o amigo era
talentoso e como ele nunca chegaria aos pés dele. Quando a mãe chamou a sua
atenção pedindo para ele parar de se colocar pra baixo ao se comparar com os
outros e pra ele lembrar que cada pessoa tem suas próprias habilidades únicas Alex
respondeu com desânimo: “é difícil aceitar isso. Às vezes, sinto como se não tivesse
identidade própria, só uma cópia ruim dos outros."
Além da autoimagem instável, a mãe também conta de impulsividade em
áreas como gastos financeiros e comportamentos sexuais, dificuldade em manter
relacionamentos saudáveis e do medo constante de ser abandonado, o que o leva a
ter comportamentos autodestrutivos.

4. CURVA VITAL:
Segundo a mãe, ele teve uma gestação normal, sem nenhum problema com
ela ou com a criança. Foi o primeiro filho de uma prole de três e embora sempre
tenha tido problemas de relacionamento com os dois irmãos mais novos, tinha uma
melhor relação com o irmão caçula. Alex tinha muito ciúme do irmão do meio com a
mãe. O pai e os avós eram relativamente próximos.
Alex cresceu em um ambiente familiar marcado por instabilidade emocional.
Seus pais se divorciaram quando ele tinha apenas 11 anos, resultando em um
ambiente tumultuado com alternâncias frequentes entre as casas dos pais. No
campo escolar, seu rendimento variável foi acompanhado por interesses voltados
para a tecnologia desde cedo. Apesar das dificuldades familiares, Alex manteve um
bom desempenho acadêmico ao longo dos anos. Entretanto, embora durante a
puberdade, Alex tenha passado por um desenvolvimento dentro dos padrões
normais, desde a adolescência, enfrentou desafios nas relações sociais,
encontrando dificuldade em manter amizades duradouras.
Durante a adolescência, Alex começou a manifestar os primeiros sinais. Ele
relatou dificuldades em estabelecer amizades duradouras, frequentemente
envolvendo-se em brigas com seus pares no colégio. Seus relacionamentos
amorosos também eram instáveis, caracterizados por uma montanha-russa
emocional de intensidade e desespero. Aos 14 anos de idade, teve sua primeira
crise após ter se interessado romanticamente por uma colega de classe e ela o ter
rejeitado.
Diante disso, Alex começou a apresentar comportamento hostil com as
garotas da escola e chegou a ser suspenso por três dias após tentar beijar uma
colega à força.
Alex experimentou oscilações de humor intensas, passando de momentos de
intensa euforia para períodos de profunda tristeza em curtos espaços de tempo.
Essas mudanças abruptas tornaram difícil para ele manter amizades e
relacionamentos estáveis.
A impulsividade de Alex também se manifestou em várias áreas de sua vida.
Relatou decisões impulsivas em relação ao trabalho, finanças e até mesmo em seus
relacionamentos. Seu medo intenso de ser abandonado o levava a agir
impulsivamente, muitas vezes afastando as pessoas que estavam próximas dele.
Em sua vida adulta, ele relata um histórico de empregos variados, com
ambições profissionais não totalmente realizadas. Seus hábitos incluem um
consumo moderado de álcool, sem padrão de abuso, um histórico de uso de drogas
ilícitas e abuso de tabaco.
Em seus antecedentes mórbidos, não há relatos significativos de problemas
de saúde na infância, como viroses frequentes, convulsões ou traumatismos. Seu
desenvolvimento motor e linguístico ocorreu dentro da normalidade. Ao longo da
vida, Alex experimentou mudanças notáveis em seus interesses, hábitos e
personalidade. Seu comportamento impulsivo e a intensidade emocional afetaram
sua estabilidade profissional, levando a mudanças frequentes de emprego.
Após a recomendação de um amigo próximo, Alex buscou ajuda profissional e
iniciou sessões de psicoterapia individual para abordar suas dificuldades emocionais
e comportamentais. Ele não possui histórico de internações devido a sua condição.
Quanto à sua vida amorosa, relata uma série de relacionamentos instáveis,
marcados por episódios de ansiedade intensa e medo de abandono, resultando em
comportamentos impulsivos, como gastos excessivos e envolvimento em
relacionamentos turbulentos.
No âmbito sexual, suas experiências são pontuadas por relacionamentos
instáveis e uma constante insegurança e ansiedade em relação ao sexo oposto.
Atualmente solteiro, Alex continua a enfrentar os desafios impostos por sua
condição, buscando compreender e superar as complexidades de sua vida
emocional e profissional.
Alex tem um círculo social limitado devido a suas relações turbulentas. Sua
família expressa preocupação com seu comportamento, e ele possui poucos amigos
próximos.

CONSTELAÇÃO FAMILIAR:

Não há histórico de doença mental significativa na família, contudo:


- Avô paterno demonstrava comportamentos semelhantes ao de Alex desde o
início do seu casamento (mesmo não tendo sido diagnosticado, foi detido duas
vezes pela já em idade avançada, após agredir violentamente sua avó e deixá-la
passando fome enquanto gastava todo o seu salário com bebidas.
- Observa-se de uma dinâmica familiar complexa e com padrões de
comunicação disfuncionais

EXAME PSÍQUICO -

EXAMES FÍSICOS - normais

EXAMES COMPLEMENTARES: não constam

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