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UNIVERSIDADE DO DISTRITO FEDERAL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA


ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO

ALUNA: LIDIANE ENIZIA DE SOUZA MACEDO, RGM: 28298349

ESTUDO DIRIGIDO II

Leia o caso abaixo:

Valéria, 32 anos, filha única, solteira (divorciada), assistente social, mora sozinha em Brasília há 5 anos, é
natural de uma cidade do interior de Goiás. Saiu de casa aos 23 anos, logo após o término da faculdade.
Recebeu diagnóstico de TDAH há 8 anos, faz uso regular de medicação (ritalina). Gosta de praticar
exercícios físicos, cozinhar e participar de atividades sociais com amigos e parceiros românticos.

Mãe de Valéria: 69 anos, mãe solteira (marido ausente ainda no início da gravidez), relação próxima com as
demais irmãs, trabalha com vendas (loja própria de roupas), sente-se “inferior” às irmãs por possuir o menor
poder aquisitivo.

QUEIXA E DADOS DA ENTREVISTA E PRIMEIRAS SESSÕES

Inicialmente, a cliente queixa-se de dificuldades em estabelecer relações afetivo-amorosas


consistentes. Desde o término de seu primeiro casamento (8 anos), busca engajar em interações com
parceiros até o momento em que mantém uma interação sexual satisfatória. Sempre que o parceiro
demonstra interesse em construir uma relação mais duradoura, Valéria percebe que ela acaba
“boicotando” as investidas deles: diz não ter tempo para algo mais sério, desaparece de todas as
redes sociais, deixa de atender ligações, evita visitar lugares que possivelmente o encontraria etc.

Valéria trabalha na modalidade home office desde que veio morar no DF. Tenta organizar
sua rotina para que consiga encaixar tudo que precisa fazer no dia, porém, queixa-se de não sentir
que faz isso de forma eficiente. Percebe que às vezes tende a gastar muito tempo com atividades
rotineiras, como organização da casa, mesmo quando não há tanta tarefa doméstica para realizar. Há
um sofrimento significativo em relação à forma como ela tem lidado com as necessidades de
organização de tarefas e cumprimento de metas no trabalho. Entretanto, ela se percebe bastante
engajada e compromissada com as atividades de cuidado com a saúde, como a alimentação e a
prática de atividades físicas.

Além do sofrimento frente a dificuldades de organização e orientação de metas no contexto


de trabalho, há também uma forte cobrança em relação à necessidade de ganhar mais e mais
dinheiro. Valéria trabalha com design de interiores há mais de 10 anos, tendo alcançado um poder
aquisitivo que permite lidar com todas as necessidades atuais. Entretanto, percebe-se estagnada, ao
mesmo tempo que não tem conseguido voltar a estudar para aprimorar suas habilidades (uma pós,
MBA etc). Chegou a pensar em mudar de área como possibilidade de alcançar seu objetivo de
ganhar mais dinheiro. Seu maior interesse é estar vivendo em um contexto em que não precise ter
tanto controle financeiro sobre o que precisa gastar ao longo do mês, podendo viajar com mais
frequência para a sua cidade natal, visitar sua mãe e, inclusive, conseguir ajudá-la financeiramente.

Ao falar de sua mãe e experiência de vida na infância, Valéria relata ter crescido em um
contexto em que foi praticamente criada por uma de suas tias, irmã de sua mãe, que possuía (e ainda
possui) um grande poder aquisitivo. Sua mãe passava mais tempo na loja cuidando das vendas e
pouco tinha tempo de estar em casa interagindo com ela. E, na maior parte das vezes, a interação
entre elas não era fácil: a cliente conta que cresceu ouvindo bastante comentários do tipo “você
precisa aprender a ser mais cuidadosa”, “mulher independente precisa saber lidar com as
dificuldades sozinha”, “você precisa trabalhar para ter muito dinheiro e não terminar a vida em um
estado parecido com o meu”, “veja seu primo Ricardo, ele está cursando medicina, por que você
não escolhe esse curso?”, “você já pensou em fazer agronomia? Pode dar mais dinheiro que esse
negócio de design”, “nenhum homem vai querer você assim, toda desorientada na vida”. Valéria
conta chorando ao lembrar de todos esses episódios, mas considera que tais comentários não foram
“por maldade”, era a forma que sua mãe tentava mostrar as dificuldades da vida e passar algum
ensinamento, quando era possível.

Valéria sempre se viu como uma pessoa “subversiva”. Embora ouvisse todos esses
comentários, e outros envolvendo a sua forma peculiar de lidar com aspectos sociais na
adolescência, como o tipo de roupa usa, o tipo de música que ouve, as pessoas com quem escolhe se
envolver etc., ela nunca voltou atrás em qualquer de suas decisões, sobretudo em relação a escolha
do curso profissional. Tanto que, assim que terminou os estudos, casou-se e saiu de sua cidade
natal, construindo uma vida a dois e desenvolvendo suas habilidades profissionais longe daquele
contexto familiar.

Em relação aos familiares, a cliente indica que os recebe em Brasília e os visita com
frequência. Além disso, fala que ainda escuta muitos comentários sobre suas escolhas profissionais
e de condução da própria vida. Ela diz que “não dá ouvidos”, embora chore com frequência ao falar
que as críticas de sua mãe parecem relembrar de seu tempo de infância/adolescência, um período
em que ela vivia numa mistura de sentimentos sobre si mesma: “sou muito idealista e determinada,
ao mesmo tempo que minha família me faz sentir que sou fracassada e derrotada”. Certa vez,
quando sua mãe veio visitá-la, entraram numa discussão sobre escolhas de Valéria acerca da
organização da casa, discussão essa que foi muito calorosa e resultou em saída imediata de casa,
deixando sua mãe sozinha e indo dormir na casa de uma prima. Ela faz conexão desse episódio com
outros que ocorria quando mais jovem: das poucas vezes que ia visitar a mãe, no primeiro
comentário agressivo que ela emitisse, ela disse que “saia de casa sem nem pensar duas vezes”, pois
sempre teve como apoio a residência da tia, lugar onde passava a maior parte do tempo.

Nos últimos meses, Valéria conheceu um rapaz novo e tem aproveitado a interação sexual
que eles têm tido. Porém, percebe que ela mesma, assim como o rapaz, tem demonstrado um
interesse de se encontrar em momentos diferentes para realizar outras atividades juntos. Valéria fala
que não compreende os sentimentos que tem tido atualmente. Recorda das razões do término de seu
casamento (ter sabido que seu ex-marido mantinha relações afetivas fora do casamento), lembra de
sua condição financeira que relembra a visão “fracassada” que tinha de si mesma na adolescência e,
ao mesmo tempo, percebe-se evitando esse novo parceiro, por exemplo: sempre que estão juntos,
acha maravilhoso, mas logo encontra uma forma de voltar para casa, inventando qualquer desculpa;
fala que está trabalhando quando ele tenta ligar ou mandar mensagens, mesmo que ela esteja livre.

Responda as questões abaixo.

01) O que são as terapias comportamentais de “Terceira Onda”? Qual seria a característica fundamental
que as define?

Resposta: São terapias que focam em aspectos como a forma como linguagem afetam nossa
experiência, a relação terapêutica, o conceito de mindfulness ou estar no presente, sendo o self como
contexto e a aceitação. Vem para tornar a terapia comportamental ainda mais abrangente, aprofundada e
não apenas em mostrar resultados, mas em estabelecer relações com as dificuldades humanas num
sentido mais amplo. Existe uma junção de estudos do comportamento das pessoas e da maneira como
elas percebem, aprendem, recordam e pensam.
02) Considerando a queixa apresentada pela cliente no caso hipotético anterior, qual seria o modelo de
acolhimento e avaliação que as perspectivas das terapias contextuais forneceriam para a execução
do processo terapêutico?

Resposta: O modelo seria a Terapia de aceitação e compromisso (ACT) onde seu relacionamento com a
mãe, o relacionamento emocional, e com o trabalho seriam indicados seria familiarizar Valeria com os
princípios e abordagens, instituindo meios de consolidar os ganhos, e mantê-los, observar os
comportamentos de esquiva, principalmente nos relacionamentos a dois. Aqui ela passaria pelas seis
fases da terapia: determinar atos e comportamentos que não funcionam, mostrar como esses
comportamentos são baseados no emocional, ajudar a paciente a entrar em contato com uma percepção
de si e suas crenças, ajudando a identificar direções de valores de vida, objetivos, ações necessárias
para atingi-los.

03) O que significa a sigla ACT? Com base nessa definição, indique também qual o principal objetivo
dessa proposta de abordagem terapêutica.

Resposta: Significa Terapia de aceitação e compromisso, que engloba a terapia de terceira onda,
com o objetivo de aumentar a flexibilidade psicológica, baseada em estratégias de aceitação e
compromisso, com o intuito de obter uma mudança no comportamento.

04) O que é o hexaflex e qual a relação dessa teoria com os processos de saúde/doença?

Resposta: Seria o modelo unificado de entendimento do funcionamento humano, a partir da terapia


de aceitação e compromisso, representado por hexágono. A relação é que não é sobre se livrar de
pensamentos, sentimentos, emoções, trata de aceitar esses eventos privados, como eles são em
direção ao que importa.

05) Considere a descrição do caso acima e selecione dois bons exemplos que você utilizaria para
explicar componentes do hexaflex.

Resposta: Aceitação, na relação com a mãe, com as palavras no passado e presente, fazendo aceitar
como a mãe é.

No contato com o presente momento (mindfulness) onde a pessoa fique conectada ao momento
presente, no caso, olhar e perceber o que está presente no momento, onde Valeria irá analisar sua
vida profissional com sua função no agora.

06) Qual a principal característica da FAP e como você resumiria os objetivos dessa abordagem
terapêutica?

Resposta: Direcionar a relação terapeuta-paciente, como meio de proporcionar mudança nas queixas
trazidas pelo paciente. O objetivo seria reduzir o comportamento problema que acontece na sessão
terapêutica, e aumentar o comportamento de progresso ou alvo dos clientes que acontecem na
relação terapêutica e as interpretações dos clientes sobre seus comportamentos.

07) Como você definiria o conceito de CCRs considerando utilizar exemplos de comportamentos
apresentados ao longo do relato de caso descrito?

Resposta; São respostas que ocorrem durante a sessão embora comportamentos com a mesma
função possam acontecer fora da terapia. CCRS 3 interpretações da cliente sobre seu
comportamento: ...idealista e determinada, embora minha família me faz sentir fracassada e
derrotada.

08) Explique o que são contingências aversivas e por qual razão precisamos entender com detalhes
acerca desse tema para o trabalho aplicado da análise do comportamento.

Resposta: é aquela que tem um estímulo aversivo, estímulos dolorosos, é feito por reforçamento
negativo, mais punições positivas e negativa. O estímulo aversivo tende a promover respostas
emocionais como fuga e esquiva diante de estímulos aversivos.

09) Destaque alguns episódios comportamentais apresentados no texto para exemplificar contingências
de fuga e esquiva. Em sua resposta, indique toda a contingência envolvida: os estímulos
antecedentes, as respostas e os estímulos consequentes.

Resposta: Fuga- ... encontra uma forma de voltar para casa, inventando qualquer desculpa, ou no
primeiro comentário agressivo saia de casa sem pensar duas vezes.

Esquiva: dificuldades em estabelecer relações afetivo-amorosas, sempre que o parceiro demostra


interesse em construir uma relação , ela percebe que boicota a relação.

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