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UNIÃO DAS FACULDADES CATÓLICAS DE MATO GROSSO


CURSO DE PSICOLOGIA- 10° SEMESTRE
ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECÍFICO IV
DOCENTE: PEDRO RIBEIRO SIMÕES MATHIAS
ACADÊMICA: IASMIN CARVALHO PINTO

RELATO DE CASO CLÍNICO

Cuiabá- MT
2022/1
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UNIÃO DAS FACULDADES CATÓLICA DE MATO GROSSO

RELATO DE CASO CLÍNICO

Portfólio de cunho avaliativo que apresenta um


estudo de caso, atividade que cumpre requisito
exigido do estágio supervisionado em Psicologia
Clínica II, orientado pelo professor Me. Pedro
Mathias Simões.

Cuiabá- MT
2022
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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO..............................................................................................................4

2.DESENVOLVIMENTO.................................................................................................5

3.CONCLUSÃO..............................................................................................................11

4.REFERÊNCIAS........................................................................................................... 12

Cuiabá- MT
2022/2
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INTRODUÇÃO

Este trabalho caracteriza-se como um Caso Clínico que foi elaborado através dos
atendimentos do Estágio Clínico II, realizados na Clínica de Psicologia da Unifacc-
Cuiabá, MT. O caso clínico trata-se de uma mulher de 55 anos, solteira, aposentada, mas
trabalha com produtos da Avon e Natura, e atualmente mora sozinha. A paciente S.D,
inicialmente relatou que estava tudo bem consigo mesma, mas durante as sessões foi
relatando alguns acontecimentos tanto do passado, como do presente que a deixaram sem
direção, tais sentimentos como angustia, tristeza, vazio, dentre outros sentimentos que
será exposto. A paciente relatou todo o desenvolvimento de sua vida, como
acontecimentos e experiencias que foram agradáveis e desagraveis, inclusive, como foi
os seus relacionamentos entre ex namorados, familiares e amigos, e qual era a sua relação
com eles, e como isso a afetou, e afeta até os dias de hoje. Relembra também sobre sua
infância, onde desde aos 14 anos já trabalhava de doméstica e de babá para seus
familiares, onde era extremamente cobrada por tudo que fazia, e ainda, se não fizesse
direito, era agredida verbalmente. Sempre teve uma cobrança dos pais na infância, de ter
que estudar, trabalhar, ter notas boas e uma bela educação.

Sendo assim, o presente relatório constará relatos relevantes das sessões da paciente, no
qual foram observados ao longo das sessões, bem como análise teórica a respeito desses
conteúdos que serão relacionados com a prática e teoria.

A Abordagem que será utilizada será a Psicanálise. A psicanálise é um tipo de


psicoterapia, desenvolvida pelo famoso médico Sigmund Freud, que serve para ajudar as
pessoas a entenderem melhor seus sentimentos e emoções, assim como ajudar na
identificação de como o inconsciente influencia os pensamentos e ações no dia-a-dia.
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DESENVOLVIMENTO

A paciente S.D ao retornar os atendimentos, inicialmente relatou que está numa “vibe”
mais de paz, sem discutir com as pessoas, e que está se sentindo muito bem consigo
mesmo. Até comentou da reforma que fez na casa de sua mãe, que estava feliz por ter
dado tudo certo. A mesma, foi em uma festa, se divertiu bastante, dançou sozinha e não
sentiu vergonha por isso, e nem se importou com o que as pessoas iriam falar, como antes,
que ela se importava com o que as pessoas diziam, e ficava mal, mas dessa vez, foi
diferente. Comentou que ainda quer um companheiro, mas que não está desesperada para
isso. Comentou que vê algumas coisas ruins nos relacionamentos, até as próprias pessoas
dizem pra ela não namorar, nem nada, porque é só” dor de cabeça”, “brigas” e ela acha
que o dela vai ser assim também. A minha fala foi que, talvez não, até porque nenhum
relacionamento é igual, e não é porque o de “fulano” é ruim que o seu vai ser também. Aí
ela começou a falar da parte sexual, falou que sente bastante vontade que nessas horas
que bate a carência, ela queria ter alguém ali pra realizar esses atos, até mesmo pra aliviar
as tensões. De acordo com Bezerra (2021), a Sexualidade, é, portanto, parte integrante do
indivíduo, é a energia que nos impulsiona na busca do amor e do prazer, ela se expressão
na forma como pensamos, sentimos e agimos abrangendo as diversas áreas da vida
humana e de diversas formas. Assim sendo, o medo de não ser capaz de ter relações
sexuais, e não dar prazer ao parceiro limita a capacidade sexual, causando ansiedade e
insegurança, e sentimentos de grande carência. Quando se fala de sexualidade,
precisamos entender que ela não se restringe ao ato sexual em si, mas também
compreende o tom de voz, beijo, toque, cheiro, entre outras coisas. É plenamente possível
qualquer ser humano, vivenciar a sexualidade como uma importante dimensão da sua
vida porque envolve aspectos físicos, emocionais, sexuais e sentimentais.

No atendimento seguinte, a paciente veio bastante confusa em relação aos seus


sentimentos, pois, não sabia qual direção, ou qual caminho seguir de sua vida, porque
estava sem animo para sair ou realizar seus afazeres. Relatou que está sentindo um vazio
dentro de si, e acha que esse vazio, poderia ser, por conta de querer ter alguém por perto,
alguém pra sair, se divertir, para dançar, namorar, etc., já que ela praticamente não sai
para se divertir com os seus amigos, até mesmo porque esses amigos não saem e nunca
tem tempo. Foi perguntado se ela já teria saído alguma vez sozinha para se divertir, e a
resposta foi que sim, porém, que já tinha tempo que ela não saísse sozinha, por conta que
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tem medo de andar de Uber. E também, que as vezes se “trava” quando sai, e não
consegue, pois, se recorda na memória, que no passado, a sua mãe não a deixava sair,
falava que no mundo lá fora, era perigos. E exposto isso, deu pra notar que a paciente tem
um trauma sobre o mundo, por conta dessas falas de sua mãe, que a prejudicou, como ela
mesma fala. Apesar disso, ela já se acostumou a ser sozinha, e prefere ficar em seu canto,
sem incomodar ninguém, e nem ficar dependendo das pessoas, tanto que hoje lida super
bem com isso, e vive bem com a sua própria companhia.

Diante dos relatos anteriores, foi orientado para a paciente, buscar meios de socialização,
como Centro Comunitário, Cras, Centro de Assistência Social. Além disso, foi sugerido
também, se a mesma pensa fazer auto escola, até mesmo, pra se ter mais autonomia. Foi
discutido também, sobre a importância de criar um novo filtro, de fazer coisas novas, sair
da rotina, deixar de viver a vida de acordo com as pessoas. E viver, de acordo com as suas
vontades e princípios.

Comentou que tem medo de arrumar alguém, porque acha que alguém pode dar golpe
nela, ou enganar ela, querendo o dinheiro. E também é bastante insegura, e tem medo de
se decepcionar. Sobre isso, comentei que é possível se recuperar de um machucado, que
com o tempo se recupera, e que tinha tudo para dar certo e errado também, mas que ela
iria saber, somente se tentasse.

Falou como é a rotina dos pais, que o pai dela, sai, faz as coisas, e a mãe não faz nada,
não arruma nem a cama, não lava a louça, etc. Fala sempre para as sobrinhas arrumar a
casa também, disse que não gosta de bagunça. Frente a isso, foi perguntado, o quanto é
dever dela controlar os pais/sobrinhas, e qual a sua responsabilidade sobre eles. A
paciente comentou, que as vezes, se sente na obrigação de ajudar eles. E se não ajuda,
fica mal com isso, mas, que deveria se afastar, e parar com esse controle, que tem relação
com a sua infância, no qual a mesma passou sua infância e adolescência, sendo controlada
e obrigada a fazer os afazeres de casa, e demais serviços. Falou das coisas que ela
aprendeu, como por exemplo, conhecer a pessoa antes de julgar, falou até de uma situação
em que viu o amigo dela brigando no trânsito, ela disse que não ficou julgando-o, e nem
repassando o vídeo como as outras pessoas, e sim, foi conversar com ele e perguntar o
que aconteceu de fato. Disse que hoje, não reclama tanto das coisas como reclamava. Que
hoje não se importa tanto com a opinião das pessoas. Disse que está com dificuldade em
fazer os cálculos dos seus boletos. Não a dificuldade de somar todas as contas, e sim, de
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saber como separar certinho, até porque ela ganha da aposentadoria e dos produtos que
ela vende. Disse que está se sentindo bem consigo mesma, que acha que não te falta nada.
Disse que queria alguém pra ter uma companhia, até mesmo pra ajudar nesses cálculos.
Comentou que já pediu ajuda pra um amigo em relação a isso, mas ele a ficou criticando.
Já viu vídeos no YouTube também sobre isso, porém, ela disse que as vezes falta alguém
pra pegar na mão dela e ensinar. Foi proposto também, que a paciente buscasse auxilio
no Cras, para se ter essa organização financeira.

Comentou de uma situação, que uma comadre dela disse que iria na casa dela almoçar e
acabou não indo, e ela se sentiu muito mal, porque a pessoa nem avisou. E achou muita
falta de interesse. Mas ela disse que apesar de tudo, soube lidar com a situação. Disse que
antes, quando ela namorava, ela marcava compromisso e se a pessoa não a aparecesse iá
na casa da pessoa, do serviço. Mas disse que hoje nem se importa mais, e sabe lidar com
essas situações. Ela relatou que precisava perdoar essa pessoa, conversei com ela sobre
isso, se ela se sentiria bem perdoando, ou o porquê ela queria perdoar, e ela disse que se
sentiria bem perdoando, até mesmo para ficar em paz consigo mesma e se sentir melhor.

Disse que mudou algumas coisas em relação ao seu trabalho, como as formas de
pagamento porque ela quer aumentar suas vendas e crescer ainda mais. E comentou sobre
a forma de pagamento com as pessoas, e ela sentiu mal porque uma pessoa específica não
gostou, e ela se sentiu mal. Mas ela disse que refletiu sobre o que ela fez, e que era
necessário, porque muitas vezes as pessoas demoravam pra pagar, e ela tinha que ficar
esperando, e sempre acabava pegando dinheiro do seu bolso para as despesas. Aí
comentei com ela, em relação a essa mudança, até mesmo porque ela disse que nunca
buscou fazer uma mudança que beneficiava ela mesmo, ao invés das pessoas. E que talvez
a mudança assuste, algumas pessoas não irão gostar mesmo, e que tá tudo bem. E que pra
alguns pode assustar, mas que as vezes é necessário, se for uma mudança que vai te fazer
bem, e que vai gerar resultados para sua empresa, ótimo. E ela disse que quer ampliar seu
negócio, quer começar a postar em suas redes sociais e quer aprender sobre como mexer
nessas redes, dei a sugestão dela assistir vídeos no Youtube que ensinam como mexer
nessas plataformas online. E ela quer evoluir ainda mais em seus negócios.

A paciente trouxe uma situação também, onde uma cliente pediu para que ela levasse o
produto até a sua casa, e ela não podia no momento, e disse para a cliente ir até a casa
dela buscar o produto. Porém, a cliente não foi, e ficou brava. E diante disso, a S.D, ficou
triste, pensando se fez o certo não ir naquele momento em que estava ocupada, disse que
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roeu as unhas, não conseguiu dormir, por conta deste fato. E diante de tudo, que ela foi
relatando durante a sessão, fui conversando com ela algumas coisas, como por exemplo.
A cobrança, ela se cobra muito em ter que ajudar as pessoas, em ter que ser uma pessoa
forte a todo momento, em ter a necessidade de fazer sempre algo pelos outros e no final
acabar se decepcionando. Porque, nem todos vão agir da forma que a gente gostaria, ou
nem todos vai ter a mesma empatia e ser bom conosco. E que vai ter vezes que a gente
vai querer abraçar o mundo ou ajudar as pessoas e não vamos dar conta, e que tá tudo
bem. Temos que ter as nossas limitações, e fazer o que está ao nosso alcance. E que não
temos o controle do outro. As vezes a gente pode agir com amor, com empatia, com
carinho, com o outro, mas, que nem sempre o outro irá agir da mesma maneira que nós.
Ela disse “as vezes estamos super bem, estamos em equilíbrio e aí uma coisinha que o
outro falou acaba nos derrubando”, e em seguida, eu disse que, de fato, não estamos
ilesos, porque de qualquer forma, sempre vai ter alguém, ou algo que nos machuca (como
sempre acontece com ela), sempre uma, ou outra pessoa falando coisas que a ofenda).

Comentou que quando fica tudo bem, fica até em alerta, por exemplo, está tudo bem, e
pode não ficar. Perguntei o quanto esse alerta é benéfico para ela, e a mesma disse é
benéfico, para se atentar nas situações, e até mesmo para ela ficar atenta e preparada com
tudo que possa vir a ocorrer. E a gente conversou sobre isso né, sobre esse equilíbrio, de
uma hora está bem, e na outra não, por conta de alguma situação, que acaba nos deixando
ficar chateado, angustiado, e que são coisas que podem acontecer.

Disse que sempre acaba fazendo tudo pelo outros e as vezes esquece dela mesmo. Relatou
das tantas coisas que ela fazia para as pessoas, e começou a chorar. Comentou que
percebeu que precisava colocar Deus em primeiro lugar ao invés das pessoas. Aí disse
que quer que o irmão dela volte pra igreja, juntamente com as sobrinhas dela. E diante
disso tudo, ela quer que as pessoas buscam uma certa direção. E eu disse que por mais
que a gente tente ajudar os outros, a seguir uma boa direção, muitas vezes eles não
querem, o que você quer, talvez não seja o que o outro queira. E tá tudo bem o outro
escolher a direção que deseja.

Disse que está tudo bem com ela, disse que aprendeu a olhar mais pra si, a reconhecer os
seus próprios defeitos e não impor o que ela acha sobre os outros, e ela está aprendendo
a se controlar sobre isso. Se controlar em se meter na vida das pessoas, sem elas pedirem
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opiniões. E também está aprendendo a dizer não a qualquer atitude que peça como por
exemplo, passa o cartão, fazer compras. Também, começou a se valorizar mais.

A paciente comentou que já teve alguns relacionamentos, porém ela tem muita
dificuldade em se relacionar com alguém, tanto que ela diz que, que realizou todos os
sonhos dela, menos o sonho de se casar. Ela disse que por mais que já namorou com
alguns homens, nunca se sentiu segura em se casar com algum deles. Mas que ainda sonha
com isso, por mais que seja "impossível” por conta de sua idade, onde ela acha que é bem
difícil nessa fase encontrar alguém que queira algo sério.

A projeção na teoria psicanalítica, que foi originalmente desenvolvida por Sigmund


Freud, é um tipo de mecanismo de defesa. A definição de projeção a descreve como
um mecanismo de defesa, que consiste em atribuir a outra pessoa algo que acontece com
si mesmo.

Para Freud (1915-1926/1985) o mecanismo projetivo consiste em procurar no exterior a


origem de um desprazer, defendendo o sujeito daqueles sentimentos, desejos, que não
suportaria percebê-los como próprios. Então, a projeção é uma forma de funcionamento
observada em pessoas que atribuem a outro o que está acontecendo com elas mesmas,
normalmente de forma inconsciente. A projeção não permite o contato consigo mesmo
nem com os outros. Um mecanismo de defesa é uma estratégia que pessoas podem usar,
mesmo sem perceber que estão fazendo isso a fim de proteger-se de coisas que realmente
não querem lidar ou pensar.

Partindo disso, podemos perceber que a paciente, acaba projetando as suas características
a outras pessoas, como por exemplo, ela durante a sua infância e sua vida adulta, era
extremamente cobrada pelas pessoas, cobrada por se relacionar com alguém, por trabalhar
e ser estudiosa e por ter melhores condições de vida para se viver bem. Diante isso,
podemos notar que tudo isso que ela vivenciou, ela acaba tendo o comportamento de
cobrar os seus pais para fazer os serviços de casa, acaba cobrando também as suas
sobrinhas pra fazer os deveres da escola e de casa, por elas procurarem um emprego e ser
alguém na vida. A paciente fala também, que gosta das coisas tudo organizado, ou seja,
tudo perfeito, em seu devido lugar, como por exemplo, a casa arrumada, ter uma vida
organizada e equilibrada. E isso tudo, eram coisas que ela dizia durante as sessões que
não queria que as pessoas passassem por isso, pois, segundo ela, foi muito sofrido e
dolorido, ter que passar por toda essa pressão, de o tempo todo ser cobrada e obrigada a
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fazer as coisas e ser bom o tempo todo em tudo. Ao projetar essas características em
alguém, podemos estar tentando de certa forma não reconhecer que essa característica na
verdade, possa ser nossa. A paciente tenta em alguns momentos observar o
comportamento dos outros, talvez algum comportamento que não a agrade, e acaba
julgando aquela ação. Um exemplo é quando ela diz “fulano é bem desorganizado com a
sua vida, não tem controle sobre si”, ou “fulano não consegue fazer tal coisa”, “nunca tá
de bem a com vida”, durante as sessões, a paciente sempre trazia uma questão sobre
alguém, que fulano era isso e aquilo, sendo que provavelmente aquilo que ela odeia no
outro, talvez não tolere em si mesmo.

Em virtude disso, falei pra ela em relação a cobrança que ela tinha muito na infância, e
que talvez, ela esteja reproduzindo esse comportamento na própria família, de ficar o
tempo todo os cobrando. Ela disse que nunca parou pra pensar nisso, inclusive, nesse
momento da sessão, ficou por alguns minutos calada, refletindo, e que talvez poderia ser
isso mesmo, e que ela não gostaria de ser assim, e que nem se percebeu o que estava
fazendo, até mesmo porque não queria ser esse tipo de pessoa, que talvez possa estar
machucando os outros pelas suas atitudes, que as vezes não é percebida por si próprio.

Depois que as pessoas reconhecem o que estão fazendo, podem ser mais capazes de
enfrentar os seus sentimentos de frente e lidar com eles ao invés de projetá-los em outra
pessoa. Isto levará a relações mais positivas e funcionais .

Freud (1914), diz através de seu texto Recordar, Repetir e Elaborar, que aquilo que não
queremos lembrar, acabamos repetindo. Ele descobriu isso, ao observar que a maneira
como seus pacientes se comportavam em análise, dizia de lembranças que não eram
possíveis de serem evocadas. Dessa forma, as recordações faziam-se presentes pela via
do ato, através das repetições. Diante disso, podemos notar que algumas vezes, a S.D,
trazia sempre questões sobre sua infância como foi relato acima, também reclamava de
como era tratada por outras pessoas, ou que gostaria de ter uma vida melhor. O que
repetimos, na verdade, são reflexos de algum evento traumático que aconteceu no passado
ou na infância.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atendimento na clínica revelou-se sendo de fundamental importância no caso da


paciente em questão. O espaço ao qual a paciente foi acompanhada, proporcionou um
ambiente acolhedor e de escuta aonde ela pode expressar-se, deixando suas angústias e
sofrimento virem á tona. Ao analisar todo processo terapêutico é possível afirmar que
houve um considerável progresso na evolução, percebe-se que a paciente apresentou uma
possível compreensão em relação as principais queixas levantadas no início, onde foi
analisado e recapitulado alguns pontos essenciais juntamente com a paciente.

Pois, no início, a paciente chegou em sofrimento, chorando, angustiada, com a expressão


triste, e conforme as sessões, houve uma evolução, onde a mesma, se sentia melhor por
falar sobre seus sentimentos sem ser questionada ou julgada, e por refletir e entender
sobre suas próprias atitudes, como lidar em determinadas situações e, não se colocar
diante de situações que lhe causam dor. E quando nos deparamos com alguma situação
que nos causa grande sofrimento, inconscientemente reprimimos e recalcamos aquele
conteúdo como uma forma de nos defendermos, para não olharmos mais para o que nos
abala, nascendo daí os sintomas, que interferem no desenvolvimento saudável da pessoa.
Os sintomas também nos alertam de que algo não vai bem com nossos reais desejos.
Repetimos esse comportamento tanto conosco, como nas pessoas, porque talvez, os
traumas não foram trabalhados, o que nos impossibilita de olharmos para eles, de
recordarmos o que realmente aconteceu, já que estão recalcados no inconsciente. Por isso,
nos colocamos em situações onde vamos reviver inconscientemente àquele trauma,
àquela situação, onde, repetindo o mesmo padrão de comportamento, tentaremos fazer
tudo diferente, tentaremos acertar, porém sem sucesso.

Experiências como a falta de afeto e segurança dos pais, além de dificuldades afetivas
vivenciadas na primeira infância, a cobrança excessiva dos familiares, pode ocasionar
graves problemas na vida futura, como por exemplo, a autobrança, intolerância com os
próprios erros, perfeccionismo excessivo, medo de sair, dentre outros. Pois, tem maior
dificuldade para encontrar em si mesmas recursos internos para uma vida prazerosa,
podendo ter comprometida a capacidade afetiva, cognitiva, a formação da identidade e da
autoestima. Assim, enquanto esse sofrimento não for trabalhado, será vivenciado em
comportamentos repetitivos, insistiremos buscando padrões que só nos causam
sofrimento na tentativa inconsciente de acertar, como é o caso da paciente.
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REFERÊNCIAS

FREUD, S. (1914), Recordar, repetir e elaborar (Novas recomendações sobre a técnica


da Psicanálise II). Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud. Vol. XII, Rio de Janeiro: Imago, 1980

FONSECA, A.L.B.; MARIANO, M.S.S. Desvendando o mecanismo da projeção.


Psicologia em foco, Aracaju-SE, v.1, n.1, p.1-8, jul-dez. 2008. Disponível em: . Acesso
em: 04 abr. 2019.

Freud, S. (1969a). Manuscrito H. In: J. Strachey (Ed. e J. Salomão, Trad.), Edição


Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. (Vol. I, pp. 253- 258). Rio
de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1895).

O que é desejo sexual para a psicanálise. Psicanálise Clínica. Instituto Brasileiro de


Psicanálise Clínica, 19 de mai 2021.
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