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PODER DO NÃO

Por que dizemos sim quando queremos dizer não?

Autora: Jaqueline Moura

ÍNDICE

Prefácio
Introdução
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Referências
Outras obras da Autora
Sobre a Autora

PREFÁCIO
Prezado(a) leitor(a), em primeiro lugar, gostaria de dizer que fico muito feliz com seu interesse
em baixar meu ebook O poder do não — Por que dizemos sim quando queremos dizer não?
Esse é um tema que sempre me chamou a atenção e por isso decidi abordá-lo através de um
ensaio literário — um tipo de texto despretensioso, curto, que não pretende esgotar todo o
tema, mas que permite ao autor expressar sua opinião. Nas próximas páginas, você será
convidado(a) a refletir sobre situações do cotidiano que nos colocam em “saias justas” e,
muitas vezes, nos prejudicam por não sabermos como dizer não. Ao final da leitura, espero que
você se sinta motivado(a) a utilizar a partícula negativa sempre e quando achar necessário.
Um forte abraço!
A autora

INTRODUÇÃO
As histórias de Maria Júlia e Jorginho

Faltam vinte minutos para as sete horas da noite, é quinta-feira e Maria Julia acaba de
estacionar na garagem de seu prédio. O dia foi intenso e esgotador, e, enquanto espera o
elevador, ela planeja um rico e demorado banho. Depois, de pijamas, pensa em saborear um
nutritivo e delicioso cozido, enquanto assiste ao seu programa de televisão favorito.
Ao entrar em casa, Maria Júlia percebe a vibração do celular e verifica – é Anna, sua melhor
amiga, convidando-a para uma saída. Ela explica que não teve um dia fácil e que deseja
descansar, mas a amiga insiste, diz que há dias não colocam as fofocas em dia, e ela não
encontra argumentos para recusar. Cansada, Maria Júlia toma seu banho e se apronta. Sem
muito ânimo, retorna à garagem e sai ao encontro de Anna, que não teve um dia difícil e só
queria prosear... ✽✽✽ Esta é a segunda semana de trabalho de Jorginho e ele está muito
empolgado com seu primeiro emprego de carteira assinada. A jornada não é nada fácil, mas
com a ajuda de magrela, sua fiel e equipada bicicleta, ele consegue sair da faculdade e chegar
no trabalho sem se atrasar.
Hoje pela manhã, enquanto saía de casa, sua tia que mora ao lado lhe pediu um favorzinho e,
sem jeito, o menino não teve coragem de recusar. A prefeitura fica a apenas uma quadra de
seu trabalho, e a tia precisa de um documento que pode ser retirado no terceiro andar. Às 11
horas, o menino olha no relógio e decide não assistir à última aula a fim de fazer o favor e não
se atrasar para o trabalho. Ele chega à prefeitura, recebe uma senha e espera. Depois de um
tempo, descobre que há um valor a pagar para retirar o documento e, como o montante é
simbólico, ele sai do edifício, vai até o banco mais próximo e faz o pagamento. No retorno,
pega outra senha e, agora, começa a se preocupar. Faltam vinte minutos para sua entrada no
trabalho, ainda há duas senhas antes da dele, mas o garoto decide esperar. “Ainda bem que
perdi a última aula”, suspira aliviado, mas logo se aflige

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CAPÍTULO 3
Como dizer não

Com exceção dos casos de abuso e violência, costumo dizer que as pessoas só fazem
conosco aquilo que permitimos que elas façam.

Seu filho só grita com você porque você permite. Seu parceiro(a) só te maltrata ou desvaloriza
porque você permite. Seus colegas de trabalho só abusam de sua boa vontade porque você dá
espaço e liberdade..
Com excecão dos casos que mencionei no primeiro parágrafo, você sempre terá a
oportunidade de ditar como as pessoas devem te tra-tar. E geralmente elas te tratam de acordo
com a maneira com a qual você se trata. Há exceções, mas eu diria que essa é a regra.
Conheço pessoas que são com-pletamente escravas da agenda dos outros,que vivem
“apagando incên-dios” alheios e, no final do dia, vão chorar no ouvido de algum amigo ou
amiga,reclamando dos abusos sofri-dos.
Parei de dar ouvidos a esses amigos e amigas. Principalmente porque sei que têm consciência
do que ocorre, mas relutam em treinar o amor próprio, o respeito e a consi-deração por si
mesmos.
Sei que dizer não, em mui-tas ocasiões, pode ser difícil. Mas se dizer sim implicará a perda da
sua liberdade, do seu bem-estar ou de qualquer outra coisa que lhe seja importante, não
duvide: sua melhor alternativa é o uso da partícula ne-gativa.
Pode parecer desconfortável, a princípio, mas a tarefa ficará cada vez mais fácil à medida que
você for observando os beneficios de dizer não.
A paz de ter seu bem-estar e privacidade garantidos serão tão grandes que você logo não terá
a menor dificuldade em manifestar sua posição. Mas para chegar até esse ponto é preciso uma
boa dose de conscientização.
Primeiro você precisa ser consciente do seu valor: seu tempo não é menos importante do que o
tempo dos outros, nem seu dinheiro, nem sua privacidade, nem seus so nhos, nem qualquer
outra coisa. Você é importante e precisa ser cons-ciente disso.
Depois, você precisa ser cons-ciente do momento presente.Você deve viver no presente, deve
estar atento ao que ocorre ao seu redor-e não ficar preso ao passado,nem perdido no futuro.
Se você estiver concentrado no aqui e no agora, terá mais cons-ciência de suas necessidades
e mais clareza sobre a importância de seus afazeres. Assim, dificilmente al-guém irá tirar
vantagem de sua boa vontade.
Você também precisa ter consciência do valor das coisas que precisa ou deseja conseguir. No
exemplo de Maria Júlia, o banho re-laxante e o cozido-que ela comeria de pijamas no sofá-
foram renun-ciados por um encontro que não era urgente, nem necessário.
Então,ser conscientes de nos-sas necessidades é algo fundamen-tal.
Por último, para ser capaz de dizer não, você precisa articular. Pre-cisa abrir a boca e mover os
lábios, pronunciando esta pequena palavra monossilábica: não.
“Hoje não posso ir, estou muito cansado(a)". “Não posso ajudar, tenho muito trabalho". Ou,
sim-plesmente, “não".
Observe que não é necessário que você dê longas explicações para justificar o seu não.
Tampouco deve se sentir culpado, já que não há nada de errado em manifestar sua deci-são.
A liberdade é um direito de todo ser humano, é o que dizem vá-rios artigos da Declaração
Univer-sal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
Logo, recusar um compro-misso como os citados anterior-mente, ou esquivar-se de “obriga-
ções” socialmente ou religiosamente impostas, é um direito seu.
Um não e uma breve explica-ção já deve ser suficiente para ex-pressar sua vontade e
dispensar inú-meras e longas elucidações.

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CAPÍTULO 4
O poder do não

Uma pesquisa sobre autoestima feminina realizada pela marca Dove, em 2016,
entrevistou 10.500 mulheres e me-
ninas em 13 países. Dentre várias
descobertas, encontraram que 71%
das entrevistadas diziam se sentir
pressionadas a nunca cometer erros
ou a demonstrar fraqueza.
Esse dado me chamou aten-ção porque a questão da autoes-tima (ou baixa
autoestima)também é uma das razões pelas quais as pes-soas dizem sim quando em realidade
querem dizer não.
A falta de confiança e a ten-dência a seguir padrões bloqueiam nossa capacidade de expressar
opi-niões, bem como de tomar decisões, levando-nos a agir de modo automá-tico, sem refletir,
ou de modo pres-sionado,influenciado por alguém ou algum paradigma.
A falta de autoconhecimento e a não valorização do eu também fo-mentam essa contradição.
Cuidado com os sins e com o estresse!

Demasiados sins podem rou-bar seu tempo, sua energia e até mesmo sua personalidade. Tudo
tem limites nessa vida, inclusive a tolerância e a solidariedade.
Conheço pessoas que se en-volvem em tantas atividades soci-ais humanitárias que, sem
perce-ber, acabam renunciando a própria saúde, a carreira e a família.
Algumas são muito conscien-tes do que fazem e até se justificam na fé, em um suposto
chamado di-vino ou algo do tipo.
Contudo, quando as vejo co-lapsadas em um hospital ou se hu-milhando na frente de um
gerente de banco,por terem negligenciado aspectos importantes de suas vidas, me pergunto de
quem teria sido a

VOz que, hipoteticamente, elas te-


riam ouvido...
Não desejo questionar a fé das pessoas, nem a intenção com a qual fazem coisas e favores
que não deve-riam. Mas depois de mais de uma dé-cada estudando o comportamento humano,
sua interação com o divino e com a ciência, percebi que os sa-crifícios não são capazes de
aportar muitas coisas boas a quem os faz.
Inúmeras leituras e pesqui-sas me mostraram que o sofri-mento e o descontentamento geram
um excesso de cortisol na corrente sanguínea, ocasionado pelo estresse, podendo se
desdobrar na manifesta-ção de doenças imediatas e também de médio prazo.Essa informacão
é baseada em evidências, e você segu-ramente conhece alguém que vive doente ou com
problemas por alme-jar ser o salvador do planeta.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o estresse é o mal do século, e especialistas


afirmam que evitar uma crise, ou quadros mais avançados da doença, pode ser mais simples
do que se imagina.
Eles dizem que é preciso equi-librar as demandas, compreender que para tudo há um limite de
tempo e espaço-seja na vida pes-soal ou no trabalho -, e que buscar momentos de lazer,
descontração e bem-estar são imprescindiveis para que o problema possa ser evitado.
Num modelo de saúde integrado e baseado na evidência, a saúde mental (incluindo as
emocões e os padlrões de pensamento) emerge como determinante-chave da saúde geral. O
estado afetivo angustiado e depri-mido, por exemplo, inicia uma
cascata de mudancas adversas no funcionamento endócrino e imunitário e cria uma maior
susceptibilidade a uma série de doencas fisicas.OMS (2002, p. 38)
Em vista disso, se dizer sim signifique sacrificar seu tempo, suas emoções, família ou finanças,
e re-presente algum risco de angústia ou dissabor para você, reveja a necessi-dade de
realmente ter que dizê-lo.
Como seres humanos e almas viventes que somos, estamos todos conectados e,
evidentemente, preci-samos uns dos outros. Porém, a so-lidariedade não pode nos prejudicar.
Cada um de nós é responsável pelo próprio bem-estar e é dever de cada individuo se cuidar.
Então, renunciar a pedidos, favores e convites em função disso

é absolutamente saudável, recomen-dável e você não deve se sentir des-confortável com isso.
Seja forte e pratique o não!
Se os sins têm o poder de roubar nosso tempo, nossa energia e personalidade, os nãos são
capazes de nos proteger, garantindo nossa saúde financeira, mental, fisica e emocional.
Podem nos livrar de situ-ações embaraçosas, de relações tóxi-cas e, em sintese, de problemas
des-necessários.
Não faz muito tempo, um amigo me disse:
Só os fortes dizem não. A liber-dade é um não que foi dito na hora certa. Del Wendel
Com essas palavras encerro.
Desejo que você medite nelas e que se conecte com sua fortaleza inte-rior.Que encontre forças
para cons-truir muralhas de amor ao seu redor e que se ame, que se cuide e se valo-rize. Pois
só assim será possível amar e servir ao próximo sem se ferir e sem ferir ao grande
mandamento.

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