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COMO TER MAIS

VEM REFLETIR
COMIGO.
O caminho da
paciência é o mais
difícil, eu sei!
É muito mais fácil dar um grito, mais rápido dar um “pé

no ouvido”, mais impactante colocar um castigo

arbitrário que dá na telha. Mas é educativo? Instrutivo?

Corretivo?

Sempre lembro da escola em que eu estudava. A gente

não tinha prova, apenas uma avaliação na qual

podíamos consultar nosso caderno e até mesmo tirar

dúvidas com os professores.

Era ótimo. Porque, como eu tinha a oportunidade de

responder certo, eu consultava para acertar. Eu podia

chamar minha professora e ela me ajudava a entender o


enunciado da questão e como desenvolver meu

raciocínio.

Numa prova sem consulta, eu precisaria, na falta de

algum conhecimento específico, chutar a resposta.

Agora minha pergunta para você: quantas vezes você

pegou uma prova e foi tentar entender o conteúdo das

questões que errou? Foi buscar aprender o que fez

errado?
Se não for uma ação do próprio professor ou dos pais,

nossa tendência como alunos é aceitar os erros e nunca

mais se importar com as questões.

Reagir por impulso na educação de filhos é como dar uma


nota zero numa prova. A criança dificilmente terá o

interesse em buscar entender o erro que cometeu, aquilo

que precisa corrigir, os comportamentos adequados para

se ter consigo própria e com os outros.

Como pais, precisamos ser intencionais na educação,

dando à criança a oportunidade de entender seu erro e

compreender qual é o caminho correto. É usar cada


dúvida e cada tropeço para educar.

É mais fácil gritar com os filhos? É mais rápido perder a

paciência? Com certeza! Mas cada vez que você escolhe

esse caminho mais fácil, está correndo o risco de ter que

gritar mais uma vez, se estressar novamente e ver seus

filhos cometendo os mesmos erros – simplesmente


porque não teve nenhum professor que sentou com ele

para explicar como agir naquela questão.

Vamos decidir, todos os dias, sermos as melhores

professoras.
INTRODUÇÃ0
Antes de falarmos sobre estratégias para termos mais

paciência, é preciso deixar claro que esse conteúdo é para

quem entende que a paciência é uma virtude que deve ser


buscada.

Se você acha que todo mundo “tem o direito de ser

impaciente”, esse conteúdo não é para você.

A paciência não é um presente que você dá aos filhos ou

ao cônjuge. É uma habilidade emocional que precisa ser

desenvolvida por compromisso pessoal de evolução e


desenvolvimento.

Cada um deve estar mais comprometido em ser paciente

não por causa dos outros, mas por causa de si próprio.


O arrependimento
da impaciência

Quantas vezes você já se


arrependeu de ter reagido
por impulso? Quis voltar
atrás para desfazer atitudes ou recolher palavras ditas?

A impaciência nos leva a fazer coisas das quais nos


arrependemos posteriormente e pode prejudicar
nossos relacionamentos mais importantes.

Precisamos aprender a lidar com as nossas emoções e


a maneira de nos relacionarmos com os outros.

O que é paciência?

Você vai encontrar no dicionário a definição de que

paciência é uma virtude que faz suportar algo sem

perder a calma; que aguenta com tranquilidade uma


eventualidade, tristeza, ação maldosa. Eu gosto dessa
ideia de a paciência ser uma virtude, ou uma

característica desejável.

pasˈjɛ̃ñsja
Gosto também de uma palavra grega usada para paciência –
traduzida no novo testamento bíblico: é makrothumia. Ela é

a junção de outras duas palavras: makro (distante, longe) +

thumos (ira, fúria). Ou seja a paciência é a capacidade de

manter longe a fúria quando sofremos uma injustiça ou uma


ofensa.

O que eu mais gosto é de pensar na paciência como uma

atitude ativa e não somente “aguentar as dificuldades”.

Diante de uma birra de nossos filhos ou de uma resposta

atravessada de nosso cônjuge, nós precisamos ter uma

resposta passiva – não reagir de maneira inadequada –, mas

também uma atitude ativa: afastar para longe toda a fúria

que está dentro de nós.

O direito do

outro errar
Eu gosto muito de uma frase que li em algum livro, mas não

lembro qual, que dizia que a paciência dá ao outro o direito de

ser humano, o direito de errar.

Quando pensamos nos outros como serem humanos suscetíveis


ao erro (e em nós mesmos e em nossas falhas), fica mais fácil e

possível ter paciência.

Paciência é uma virtude que todo mundo deseja, mas ela não

vem numa caixa de presente. É necessário compromisso,

autodisciplina e exercício diário para desenvolver o hábito de ser


compreensivo com os outros e entender que todo mundo erra
Tudo

começa

comigo!
Como falei no início, não adianta você querer ser igual a

mim ou igual à vizinha. Você tem que parar e pensar: que


tipo de mãe/ pai eu quero ser? Eu quero gritar menos?

Quero ter mais paciência? Quero manter o clima da casa

agradável?

Não sei quais são as suas pretensões, mas você não vai

conseguir chegar em lugar algum se primeiro não pensar


qual é seu objetivo.

Por que digo isso? Porque muita gente já comentou que

acha que não tem problema gritar com os filhos, que não
concorda em demorar muito para fazer as coisas e que

criança tem que obedecer e ponto final não importa o

método ou a ordem.

Então, se você tem alguns conceitos muito diferentes dos


meus, o que eu vou falar nos sobre o assunto não farão

sentido nenhum, entende?


Comprometa-se
com a sua
evolução pessoal

Todos nós somos adultos e temos a capacidade de tomar

decisões de mudanças. Para isso precisamos entender que


temos responsabilidade sobre a mudança que queremos.

Você não pode mudar o ambiente ou as coisas que

acontecem a seu redor, mas tem o dever de controlar suas


emoções e reações diante dessas situações.

Assim, para alcançar a paciência e parar de gritar com as

crianças, você precisa assumir que é a sua


responsabilidade ter mais paciência com os filhos e não
função das crianças “não te tirar do sério”.

Seja o líder das suas emoções, tenha autocontrole, coloque


suas reações e atitudes no caminho que você já decidiu

trilhar. A responsabilidade é sua! Assuma o compromisso

com essa jornada de mudanças.


Entenda que o
problema não está
nas outras pessoas

Crianças têm atitudes que nos irritam? Sem dúvida. Elas

choram, gritam, respondem de maneira grosseira… Porém,

a gente não pode esquecer: são crianças e estão

aprendendo a viver nesse mundo, a se relacionar e a lidar


com suas emoções.

Isso já deveria ser o suficiente para a gente decidir lidar

com elas com mais paciência. Afinal, a paciência dá ao

outro o direito de errar. E quem tem mais direito de errar


do que uma criança que ainda está em fase de

desenvolvimento e aprendizado?

Não digo isso para minimizar o nível de irritação que o

comportamento errado do seu filho provoca. Eu sei que é


desafiador! Eu tenho duas filhas.

Eu sei o quanto uma criança pode ter um comportamento

irritante. Porém, eu sei – por experiência própria – que a

nossa reação não se baseia no comportamento errado, mas


em como nós estamos nos sentindo naquele momento.
O comportamento errado ou irritante do seu filho vai

acontecer mais algumas vezes porque as crianças

aprendem por repetição – ou seja, não mudam de uma

hora para outra.

Se entendemos que elas têm direito de errar – e vão errar,

porque são crianças – não seremos pegos de surpresos por


situações potencialmente irritantes. Assim, poderemos

controlar melhor nossas emoções e reações.


E NA

PRÁTICA DO

DIA A DIA?
Identifique

seus

gatilhos
Quais são os momentos que te fazem surtar? Existem

alguns momentos em que estamos mais impacientes e


isso varia de pessoa para pessoa. Então, você precisa

identificar: fico mais irritado quando estou com sono? Com


fome? Tenho muita tarefa de casa ou trabalho acumulado?
O tempo está curto e estamos com pressa? Na TPM?

Existem alguns desses gatilhos que podemos prevenir ou

evitar – e vamos falar sobre eles abaixo. Mas há alguns


sobre os quais não temos o menor controle. Você não pode
evitar que um bebê pequeno acorde de madrugada, não

controla seus hormônios nem define se seu chefe vai te

tratar bem ou te sobrecarregar com trabalho.

Mas se você sabe que há situações que te deixam

potencialmente mais estressado e com mais chances de

brigar com as crianças, você passa a ficar mais atento.


Quando eu durmo mal, por exemplo, logo pela manhã eu

já avalio o meu nível de sono e SEI que naquele dia

precisarei ter mais atenção com as minhas atitudes e

reações. Porque eu me conheço e sei que tenho mais

chance de sair do sério O mesmo acontece na minha TPM.

Em qualquer momento-gatilho que eu vivo (sono, trabalho


acumulado, TPM etc), eu me policio. Eu me afasto de

situações potencialmente estressantes, eu evito cenários

que podem levar à crises de birra.

Eu tento fazer algo que me ajude a “despressurizar”


(dormir, ler um livro, fazer uma atividade física). Eu explico

para meu marido que estou mais estressada naquele dia e


peço para ele resolver algum conflito eventual que

normalmente eu resolveria. E até mesmo falo para as


crianças: “mamãe dormiu pouco essa noite e hoje estou

meio irritada. Eu não quero brigar com vocês. Então, me

ajudem!”.

Experimente fazer isso. Como o autoconhecimento, vem


também o autocontrole!

palavras-chave
identificar
policiar
tentar despressurizar

avisar aos outros


Mude o que

dá para

mudar
Na busca por paciência, é importante entender quais são as
situações que nos deixam potencialmente irritados e com o
pavio mais curto. Há alguns sobre os quais temos mais

controle do que imaginamos. Vou citar só alguns:

pressa acúmulo de tarefas

ou pouco tempo

se você fica mais


impaciente quando está

para dormir
com pressa, que tal
já pensou em organizar melhor a

controlar melhor o seu


sua rotina? Você pode cozinhar um
tempo? Você quem saber
dia e congelar comida para o resto

ver as horas e controla a


da semana, por exemplo. Também

agenda, não seu filho. pode limitar o tempo que você

gasta em redes sociais para que

Comece antes a preparar as tenha disponibilidade para outras

coisas para sair, dê mais


tarefas ou mesmo para dormir
tempo para as refeições e
mais cedo.
evite fazer as coisas com

pressa. As crianças não têm A gente reclama de falta de tempo,


o mesmo ritmo que você –
mas não paramos para pensar em

nem precisam ter. quanto desperdiçamos.


discussões com as crianças
existem alguns momentos em que o relacionamento com os

filhos é desafiador, como em momentos de birra ou

argumentação.

Em vez de continuar discutindo e inflamando a briga com

grosseria, gritos ou falta de controle, que tal mudar de foco, tirar


a criança da situação, oferecer uma distração?

Existem tantas técnicas para aplacar uma discussão. Não se

entregue à raiva. Seja o adulto da relação e faça melhores

escolhas no dia a dia com seus filhos.

Ache sua válvula de escape


Eu sempre brinco: quando eu durmo bem, sou uma mãe
melhor. A minha impaciência não é resultado do
comportamento do meu filho, é consequência de como estou
na hora em que ele se comporta dessa maneira.

Se está muito difícil de manter a paciência, você precisa avaliar


o que te faz viver à beira de um ataque de nervos, o que te
mantém no limite… é o estresse, é o cansaço físico, ansiedade?

Encontre meios de desestressar, realize atividades que te dão


descanso mental, ache maneiras de relaxar o físico, organize seu
dia para realizar as tarefas necessárias, dispense o que não é
prioridade.

Antes que você me diga que não tem tempo, já parou para
contar quantos minutos ou horas você perde nas redes sociais
que poderiam ser usados para tornar sua vida melhor, mais
descansada e mais produtiva?
Conheça o

seu filho
Um dos fatores que mais nos faz perder a paciência é esperar

de nossos filhos respostas que eles não podem nos dar – seja

por imaturidade etária, cognitiva ou psicológica.

As crianças vão ter atitudes e reações diferentes de acordo com


a fase de vida em que estão e também de acordo com sua

própria personalidade.

temperamento
o temperamento de cada

criança, que é algo inato,


leva a criança a agir e reagir
de determinadas maneiras.

Saber que seu filho é

diferente de você já ajudará


a ter expectativas realistas

quanto ao comportamento

dele.
desenvolvimento cerebral
O cérebro só termina de se desenvolver por volta dos 25 anos.

Uma criança de dois anos age baseada principalmente em suas

emoções instintivas e, por isso, tem reações exageradas aos nossos


olhos. Uma criança de seis anos, está passando por mudanças

cerebrais que a levam a questionar normas e regras, fazendo-a

parecer mais desafiadora.

Portanto, não podemos esperar de uma criança as mesmas

reações que um adulto teria. Isso significa já saber de antemão


que você vai precisar repetir ordens, explicar coisas com detalhes
e testemunhar cenas exageradas.

sua educação emocional


As crianças aprendem a lidar com as emoções da mesma forma

que aprendem outras habilidades. Leva tempo e demanda ajuda


externa, portanto, não espere que uma criança de dois anos saiba
lidar com a frustração da maneira que você acha que seria

adequado.

"e como eu vou

conseguir aprender

tudo isso de cada

faixa etária
e de cada filho?"
Conhecer essas limitações das crianças – principalmente

considerando as diferentes faixas etárias – pode ser muito difícil e

desafiador para pais e mães. No dia a dia, é difícil acompanhar

literatura, cursos e conteúdos profundos sobre os temas.

O que precisamos é: entender que essas limitações existem para


que sejamos mais compreensivos e tenhamos expectativas mais
realistas. E, consequentemente, consigamos ser mais pacientes.

Muito importante: o fato de a criança ter limitações não significa

que iremos aceitar comportamentos inadequados. Iremos corrigir


tudo o que deve ser corrigido, mas de maneira mais consciente

quanto às causas do comportamento e quanto às melhores

formas de correção.
E quando a

paciência

está prestes

a acabar?

não responda
de imediato
A nossa primeira resposta
quando somos ofendidas
respire fundo
geralmente não é a mais

Isso irá ajudar você a colocar

apropriada. Então, pare

seus ânimos no lugar, entender

antes de responder e não

que o comportamento não foi

leve para o lado pessoal.


uma ofensa pessoal, acalmar a

raiva que nasceu no seu coração

com aquele comportamento e

proteger as suas emoções!


afaste-se se
necessário
Se a criança estiver no
analise a

meio daquele

comportamento (e
situação

obviamente, não estiver friamente


trazendo nenhum risco à

sua integridade física) e


Qual será a causa do

você não estiver


comportamento mau?

conseguindo lidar com as Fome, frio, sono, tédio,

suas emoções naquela


cansaço, desejo de
hora (você está prestes a
atenção, falta de
explodir), afaste-se. Vá
maturidade emocional…
para outro cômodo Ao olharmos para
contar até 100! as causas, teremos mais

facilidade de lidar com a

criança e achar uma reação

adequada baseada no amor.

lembre-se de

quem você

quer ser reaja da maneira

Você já sabe que pai/

mãe quer ser, certo?


que SABE que é

Mais paciente, bondoso,


a certa!
amável? Então, lembre-

Isso te fará um pai/

se disso na hora da crise.


uma mãe melhor e

Isso deve te nortear e te

conquistará o coração

ajudar a controlar suas

do seu filho em vez de

reações.
afastá-lo.
Um lembrete

sobre

comunicação

Palavras amáveis e palavras duras demoram o mesmo tempo

para serem proferidas, mas têm resultados muito diferentes. Por


que escolher falar palavras amáveis com os filhos?

palavras amáveis
são ouvidas
– Demonstram afeto, mesmo em momentos de crise.

Afinal, o amor não deveria mudar pelas circunstâncias.


– Também são expressão de paciência e autocontrole.
– Acalmam uma pessoa irada.
– Educam, instruem e são mais eficazes em obter a

cooperação do outro.
– Conectam-se ao coração.
palavras duras são
ensurdecedoras
– Assustam o outro, levando o cérebro a liberar o cortisol
(hormônio do estresse) o que dificulta a compreensão
da mensagem.
– São expressão de falta de autocontrole.
– Também despertam a raiva na outra pessoa.
– Constróem barreiras no relacionamento e dificultam o
aprendizado e cooperação.
– E não se conectam ao coração.

por que usamos palavras duras?


– temos a falsa impressão de que conseguimos o que
queríamos, quando, na verdade, só provocamos uma reação

automática de autodefesa.
– aliviamos o nosso coração, esbravejando as nossas frustrações.
– sentimos que precisamos defender a nossa honra e nos

deixamos levar pelo orgulho pessoal ao nos sentirmos


ofendidos pelo comportamento do outro.
como usar mais
palavras
amáveis com os
filhos?
– Comprometa-se com ser uma pessoa melhor. Todos os dias
e em todos os momentos. Errou? Decida fazer diferente no
segundo seguinte.
– Lembre que o amor é paciente e não busca os próprios
interesse. Ele não se ressente do mal, mas olha para o outro
como alguém que também pode errar.
– Ao sentir que vai explodir, se afaste. Melhor uma resposta
demorada do que uma resposta irada.
– Peça perdão ao errar! Pedir perdão é chato, muitas vezes,
mas até essa “sensação ruim” nos ajuda na decisão de não
errar mais.
– Lembre-se de que você é um exemplo e também colhe o
que planta: se quer ser tratada com amabilidade, seja amável
com os outros.
– Encha seu coração de amor! A gente só dá o que tem.
Acorde pela manhã lembrando o quanto você ama as
pessoas ao seu redor.
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