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Caso clínico I

Paciente, 27 anos formou-se há três anos em ciências da computação. Ele


busca atendimento encaminhado pela psicóloga de uma consultoria de
recursos humanos em que participou de um processo seletivo, em
consequencia da intensa ansiedade que apresentara durante a entrevista. A
psicóloga refere que o paciente se destaca na execução de eu trabalho e que
não tem conseguido passar nas seleções em consequencia de sua ansiedade,
ou até por já ter faltado em algumas delas. Refere que essa ansiedade lhe é
comum em situações em que se sente avaliado, como entrevistas de emprego,
provas de concursos, eventos em que deve apresentar o seu trabalho para
algum publico ou em locais com muitas pessoas que não o conhecem e que
segundo ele “olham de cima a baixo”. Tais sintomas começaram a atrapalha-lo
mais após mudar-se para a capital para cursar o Ensino Superior. Pode-se
dizer que o atrapalharam muito ao longo da faculdade e atrasaram, em alguns
anos, a conclusão do seu curso, visto que, por diversas vezes, não conseguiu
comparecer nas avaliações, em consequencia da ansiedade anecipatória que
sentia. Trancou a matrícula em algumas disciplinas por sentir ansiedade ao
pensar que o professor que não o conhecia poderia chama lo em sala de aula
para avaliar seus conhecimentos prévios. Ele relata ter poucos amigos, com
quem tem algum contato seus amigos desde a infância. Paciente refere que
nos últimos anos tem evitado, inclusive, o contato com esses amigos, visto que
eles em sua maioria já estão bem empregados e até casados, enquanto ele se
sente “tentando começar a vida, mas fracassando em tudo o que faz”. Quando
questionado sobre sua história, conta que nasceu com suspeita de problemas
cardíacos em consequencia disso, permaneceu internado no hospital, em
incubadora, por volta de trinta dias, até todas as suspeitas serem descartadas
pelos médicos. É filho único de um casal de classe alta de uma cidade do
interior, e nasceu quando pai já tinha 58 anos. Segundo paciente, o pai sempre
foi um “velho ranzinza” com ele, bastante rígido em sua educação, sempre
exigindo silêncio e excelente comportamento na pouca interação social que
tinha com a família, em missas ou nas raras festas que a cidade tinha ao longo
do ano. Não raro paciente apanhava do pai por ter falado muito alto ou ter rido
durante alguma refeição da família. Quando o pai se sentia incomodado com
seu comportamento, dizia-lhe que ele “não tinha jeito”, “jamais teria concerto”
ou era uma “vergonha”. O pai trabalhava muito e a mãe era bastante submissa
a ele, tendo a responsabilidade de manter a casa em ordem. Dessa forma, a
mãe acompanhava paciente nas horas de estudos após a escola por exigência
do pai. Eram raros os dias em que podia brincar com os colegas e amigos. Ao
ser questionado sobre transtornos mentais na família, ele refere que nenhum
dos familiares próximos buscou atendimento, portanto não possuem
diagnóstico de seu conhecimento, mas pelas características relatadas dos pais,
levanta-se a suspeita de a mãe ter transtorno depressivo maior. Paciente diz
lembrar-se de sempre ser tímido e acreditar que deveria ser muito educado,
bom e agradável na interação com todos, mas quando conseguia iniciar a
interação com os outros sentia que não conseguia atingir o mínimo que julgava
ser necessário, sentindo-se cada vez pior e diminuindo gradativamente as
tentativas de novos contatos. Hoje diz que se as pessoas o avaliarem verão
que ele é diferente. Quando questionado sobre o que quer dizer com “diferente”
utilizava a palavra “normal” para definir-se. Percebe que esse temor vem
atrapalhando significativamente sua vida e diz-se motivado para o tratamento,
pois quer sentir-se normal. Entre objetivos que relata estão: conseguir
emprego, ter novos amigos, e não temer sair com eles.

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