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Caso Rodrigo - dinâmica em grupo

Módulo: Técnicas Cognitivas


Professora: Priscilla Ohno

Instruções

● Construa, brevemente, a formulação do caso de Rodrigo. Observação: as informações que


não estiverem no texto, podem ser criadas por vocês.
● Na sequência responda as questões propostas ao final do texto.

Formulação do caso (sugestão de estrutura para raciocínio)

Diagnóstica - Fatores precipitantes O que está acontecendo?


- Padrão de funcionamento Quais são os padrões?
- Dificuldades apresentadas

Clínica - Fatores de predisposição (vulnerabilidades Por que e como


biológica, psicológica e social) desenvolveram?
- Padrão de funcionamento O que mantêm?
- Fatores perpetuadores
De - Objetivos do tratamento (metas terapêuticas de Quais os pontos fortes do
tratamento curto, médio e longo prazo) paciente/cliente?
- Facilitadores e dificultadores do processo Quais os obstáculos?
terapêutico Qual o foco do tratamento?
O que fazer (etapas, técnicas e
recursos)?

Caso - Introdução

Rodrigo é um paciente do sexo masculino, solteiro, branco, 24 anos, possui ensino médio
completo e não trabalha. Mora com seus pais e o irmão, dois anos mais velho, e ajuda nas despesas
de casa devido a um benefício de auxílio-doença que recebe.
Encaminhado ao serviço-escola pelo setor de Psiquiatria do hospital em que é atendido,
Rodrigo passou por atendimento no laboratório de uma universidade e, com a graduação de sua
terapeuta, foi encaminhado para dar início a um novo processo psicoterápico. Ele não demonstrou
incômodo com a mudança, dizendo que a terapeuta anterior o havia avisado da troca e que ele
havia concordado com a modificação. Além disso, ele relata estar acostumado com as constantes
trocas de profissionais que o atendem no hospital que frequenta desde os seis anos.
Rodrigo relata ter dificuldade para se relacionar com as pessoas, principalmente do sexo
feminino, e diz ter muita vontade de encontrar uma namorada, mas por ser muito tímido não
consegue conversar com as mulheres pelas quais tem algum interesse. Diz conversar normalmente
com outras pessoas quando necessário. Declara ser muito ansioso e queixa-se de ficar nervoso com
facilidade, principalmente quando o interrompem em qualquer atividade ou quando precisa fazer
algo importante para alguém e teme não realizar isso da forma correta.

A trajetória

O ambiente hospitalar e a rotina de consultas e exames médicos já são familiares para


Rodrigo. Aos seis anos, se submeteu a uma cirurgia para retirada de um tumor maligno na glândula
pineal após a descoberta de hipopituitarismo anterior, uma deficiência na produção ou ação dos
hormônios da hipófise. Desde então, as idas aos médicos são constantes e após tantos tratamentos
o paciente apresenta sequelas neuromotoras cognitivas, além de fazer uso de vários medicamentos.
Rodrigo é o mais novo de uma família com dois filhos e frequentemente se refere à sua
doença para explicar o funcionamento de sua família. Como era muito jovem quando ficou doente,
a mãe teve que acompanhá-lo durante todo o período de internação e com isso seu irmão mais
velho acabou por receber menos atenção dos pais do que ele recebia. Rodrigo ressalta que apesar
do irmão entender hoje o que passou, na época ele não entendia e por causa disso diz que o irmão
tinha muitos ciúmes dele por toda atenção recebida.
Por sua vez, apesar de não afirmar que sente ciúmes do irmão, Rodrigo demonstra nutrir
esse sentimento, comparando o tratamento dado pelos pais aos dois e descrevendo atividades que
o irmão faz e ele não pode fazer, como ingerir bebidas alcoólicas e dirigir, por exemplo. Apesar
disso, diz manter um bom relacionamento com o irmão, mas de vez em quando brigam por motivos
não muito sérios, o que Rodrigo chama de “coisas de irmão”. Relata que antes o relacionamento
dos dois era mais complicado, pois o irmão fazia brincadeiras em relação às suas dificuldades e
isso o entristecia, mas que agora ele entende as brincadeiras e não se deixa incomodar tanto como
antes, quando chegava a ser agressivo. Declara ser muito próximo da mãe, por ser ela quem o
acompanha em todos os seus atendimentos e gostar muito da companhia do pai, com quem por
diversas vezes sai para assistir a jogos de futebol.
A doença também é considerada por Rodrigo a grande responsável pelo modo como ele
age no momento. Devido ao tratamento, foi obrigado a ficar de fora da escola por dois anos.
Segundo ele, esse fato o fez “perder a época em que se aprende a conversar com garotas e fazer
amigos”, registrando esse episódio como o porquê de não conseguir manifestar esses
comportamentos na vida adulta, mesmo tendo frequentando a escola após esses dois anos de pausa.
Teve dificuldades de voltar à escola, mas não por problemas de relacionamentos, e sim por
dificuldades de compreender alguns conteúdos. Diz ter tido amigos na escola, mas por muito
tempo sofreu com brincadeiras feitas em relação à sua aparência física ou à doença que teve, ficava
triste, se sentia diferente e reagia xingando ou ficando muito nervoso, mas reitera que tinha amigos
que o protegiam e não faziam nenhum tipo de brincadeiras.
Por volta dos treze anos houve um episódio na escola em que sua mãe foi chamada, pois
ele estava paralisado, não conversava nem se mexia direito. Em casa, começou a ficar nervoso e a
desmontar as tomadas de sua casa em busca de microfones ou câmeras que pudessem estar
monitorando-o. Em outra ocasião, procurou microfones dentro da bolsa de uma amiga da mãe,
achando que estavam escondendo algo dele. Relatou também achar que na televisão estavam
sempre falando dele e não podia ouvir pessoas conversando que já imaginava que essas pessoas
estariam indo atrás dele ou falando sobre ele. Esse tipo de situação não ocorreu mais após o
paciente passar a tomar Olanzapina, medicamento de que ainda faz uso.
Devido à doença, Rodrigo permanece em constantes tratamentos médicos, que lhe causam
algumas sequelas principalmente neuromotoras, como tremores nas mãos, além de dificuldades
cognitivas relacionadas à compreensão das horas e raciocínio lógico-matemático (principalmente
envolvendo contas com dinheiro). Apresenta também dificuldades socioemocionais pelas
diferenças físicas ocasionadas pela doença e pela cirurgia, como falta de cabelo e uma grande
cicatriz na cabeça. Por causa desses tremores, o paciente faz uso de outros medicamentos
(primidona e enalapril).
Além dos medicamentos já mencionados, Rodrigo também faz uso de paroxetina e
carbamazepina, assim como de reposição hormonal de testosterona e GH, benzafibrato e
prednisona devido a todas as consequências da doença ao seu sistema endócrino. Também é
constante o uso de salbutramol, formoterol e beclometasona para tratamento de asma.
Por causa dos tratamentos que faz, e por não morar na cidade em que estes ocorrem, o
paciente se desloca de sua cidade (~77 km de distância) de duas a três vezes por semana para
realizar exames e consultas, além da Terapia Ocupacional, sempre em companhia da mãe. Essa
situação é geradora de muito incômodo a Rodrigo devido ao cansaço causado pelas viagens.
Rodrigo afirma que tem vergonha e medo de conversar com pessoas que não conhece,
frequentemente diz que “tento, não consigo e largo mão”, mas se realmente for necessário diz que
conversa normalmente e constantemente caracteriza seus comportamentos como “eu não sou de
conversar”. Além disso, afirma ter dificuldade de lidar com situações que demonstram sua
dificuldade, como ir fazer compras, pegar ônibus sozinho e lidar com comentários sobre sua
doença. Todas essas situações o deixam ansioso, nervoso e decepcionado consigo mesmo e o
levam a ser agressivo ou passivo, dependendo da intimidade com os envolvidos. Essa ambivalência
de reações fica evidenciada nos momentos em que ele diz que “quando tô bravo, irritado, eu fico
nervoso, mas não de agredir”, mas também declara que “eu posso jogar coisas em você”.
Rodrigo diz não gostar de sair de casa, só quando tem motivo e mesmo assim não sai
totalmente feliz. Em contrapartida, demonstra grande desejo de arranjar uma namorada, mas na
fala dele: “tenho vontade, mas tenho dificuldades”. Demonstra também dificuldade em estar perto
de pessoas que namoram. Relata uma situação em que estava na casa de um primo que havia
começado a namorar e não conversou com o primo até a namorada ir embora, momento em que
“o primo voltou a ser só seu primo e não mais um cara com uma namorada”. Sobre essa situação,
ele declara: “eu poderia ser daquelas pessoas que não liga, mas não sou assim, eu não vou querer
roubar a dele, mas eu queria uma para mim”. Rodrigo diz ser difícil alguém se interessar por ele,
citando o fato de ser careca como um empecilho. Quando confrontado, reage dizendo que “carecas
só são bonitos se tiverem dinheiro”, o que demonstra a sua baixa autoestima.
O paciente frequenta uma oficina realizada pela Terapia Ocupacional em que os
participantes fazem diversos objetos - como velas, trabalhos com miçangas e fuxicos - e vendem
em um bazar no hospital. Nessa situação, apesar de dizer que quando precisa pede ajuda, reconhece
que raramente isso acontece; na fala dele “o humano não quer mostrar defeito para os outros, só
qualidade”, então “a gente não sabe, não quer pedir ajuda e prefere se matar para fazer algo para
não dizer que não sabe”.

Questões a serem discutidas e respondidas pelo grupo:

1) Com base no relato, qual seria o provável RPD de Rodrigo? Construa as respostas e depois
diga porque pensaram nessas opções.
2) Com base no relato, quais são as possíveis crenças de Rodrigo? Que técnica podemos
utilizar para descobri-las?

Crenças Centrais Sobre si:

Sobre os outros:

Crenças-Regra

Estratégias Compensatórias

3) Quais técnicas cognitivas podem ser utilizadas com o Rodrigo e com quais finalidades?

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