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Universidade Pedagógica

FACEP

Curso: Psicologia Clínica 3º Ano


Laboral

Cadeira: Praticas Psicológicas III Docente: Msc. Armando


Rodrigues

Tema: Elaboração de Plano de Intervenção Nome: Costa Gil de Eusébio


Ginote

INTRODUÇÃO

Neste presente trabalho, apresento um plano de intervenção e aconselhamento psicológico no


contexto da saúde mental onde, apresento desde a história clínica do paciente ate ao tratamento
do transtorno que afecta o paciente.

Nota-se uma crescente procura pelos serviços de saúde mental, devido a uma crescente
necessidade de apoio que a população do país apresenta em resposta as adversidades da vida
social e a nível da saúde.

O quadro de saúde do país esta marcado por altos níveis de doenças infecto-contagiosas: O
HIV/SIDA, a Tuberculose e a malária foram responsáveis pela redução da esperança de vida
(36.8 anos ao nascer em 2000. A taxa de mortalidade materna é uma das mais altas do mundo
(600 a 1100 x 100.000 nascimentos) e elevadas taxas por abortos ilegais, violência contra mulher
e crianças (MANUAL DE SAÚDE MENTAL, 2005).
OBJECTIVOS

Objectivos Gerais

 Elaboração de um plano de aconselhamento e intervenção no contexto da saúde mental;

Objectivos específicos

 Elaboração da História clínica do paciente;


 Identificação do Problema (transtorno);
 Elaboração de um plano de intervenção (uso de técnicas e estratégias);
 Restabelecer o equilíbrio psíquico do paciente.

Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho foram utilizadas as seguintes metodologias e técnicas de


pesquisa: Pesquisa bibliografia onde foram usados livros físicos e eletrónicos, e entrevistas que
foram realizadas durante as consultas, no âmbito da cadeira de práticas psicológicas.
HISTÓRIA CLÍNICA

I. ANAMNESE

A. Dados gerais

Filiação. A.V. 17 anos de idade, F, residente na cidade da matola, modelo, solteira, 10 classe de
escolaridade, religiosa da igreja anglicana, Moçambicana.

Habitat. Paciente vive em casa da sua mãe, com seus 2 iramos, (um rapaz e uma menina) e 2
sobrinhos, onde estão construídas 3 casas, uma casa grande composta por 3 quartos, outra com 2
quartos e casa de banho, feitas a blocos e coberto de placa, outra de um quarto feita de chapas
com água e luz.

Motivo da consulta. Tomei detergente de limpeza que estava numa garrafinha de água mineral e
os comprimidos de HIV da ninha mãe, “SIC”.

Segundo a mãe, referiu início súbito dos problemas a dois dias atrás apos uma discussão com o
seu namorado onde lhe encontraram dentro estatelada no chão.

Referente. Paciente transferida da enfermaria de medicina do HPM.

Dados de estudo. Paciente foi feita uma lavagem gástrica durante o seu internamento no dia 27
de setembro de 2016.

B. Enfermidade actual

Paciente refere início a 2 dias em relação ao comportamento apos uma discussão com o
namorado por causa de ciúmes devido a uma traição e com momentos de tensão na relação o que
fez com que pensasse em cometer o acto.

Refere ouvir vozes que chamam pelo seu nome e que prefere usar auriculares para que as vozes
não lhe incomodem; com início das vozes a 2 anos atrás.

C. História pessoal. Infância – paciente refere que era uma menina muito calma, bom
relacionamento com todos; menos socializada porque não queria sair de casa, para sair tinha que
ser por insistência de alguém; sem intenções malarias assim como outras doenças.

Escolaridade. Paciente actualmente na 10 classe.


Adolescência e juventude. paciente refere início da menarca com 15, não tinha problemas de
relacionamento.

Vida sexual. Com 15 anos de idade; início das relações sexuais com seu namorado ate agora;
relações ocasionais sem uso de preservativo e usando pilulas.

Atitudes. Estou arrependida pelo meu comportamento e penso que não vou voltar a cometer o
mesmo; procuro me acalmar, pedir perdão a minha mãe por que ela me quer bem, sempre
discutimos, mas nunca pensei em me matar.

D. Historia Familiar

Segundo a mãe, A, é a quinta numa fratria de 5 irmãos, 3 do mesmo pai e 2 de pais diferentes,
filha de pais separados quando ela tinha 9 meses; calma e bom relacionamento com todos; é uma
menina com muitos desejos, sonhos e que pretende fazer de tudo de melhor, comprar um carro e
outras coisas para sua mãe.

Segundo o paciente, refere bom relacionamento com a mãe, sua irmã mais velha de pais
diferentes, seus amigos, amigas e colegas e mau relacionamento com sua irmã mais velha do
mesmo pai; refere história de doenças mentais do lado paterno, mas não especificou.

E. Historia socio económica e ocupacional

Paciente trabalha como modelo a caminho de ser uma estilista que refere ser seu sonho; bom
relacionamento com os restantes colegas e mau relacionamento com seu chefe, porque num belo
dia, o seu chefe junto com os amigos, na praia de bilene, apos terem feito a viagem com sua irmã
e seu cunhado, lhe pediu para manter relações sexuais juntos, com seus amigos alegando que ia
lhe aumentar salário e que o que esta a receber é pouco.

II. EXAME CLÍNICO PSICOLÓGICO

A. Observação das características gerais do comportamento (descrição física; consciência e


nível de alerta; estados emocionais; motricidade; condutas sociais).

Paciente nutrida, hábitos de higiene pessoais mantidos, calma, tom de voz e ritmo de fala
audível, sem alteração da motricidade, conduta social.
B. Exploração dos processos cognitivos. (atenção e concentração; perceção; orientação;
memoria; pensamento e linguagem; inteligência), alteração da perceção com alucinações
auditivas, sem alteração nas outras esferas cognitivas.

C. Exploração dos estados emocionais. Humor alterado, elevação do estado de humor,


hipertimia momentos de alegria e de tristeza.

D. Exploração das atitudes sociais – irritabilidade ocasional.

Segundo DSM-V, Transtorno do comportamento suicida actual

Actual: Não mais de 12 meses desde a última tentativa.

Critérios

A. Nos últimos 24 meses, o individuo fez uma tentativa de suicídio;

B. O acto não preenche os critérios para auto lesão não suicida – isto é, não envolve auto lesão
direcionada a superfície do corpo realizada para produzir alívio de um estado cognitivo /
sentimento negativo ou para alcançar um estado de humor positivo.

C. O diagnostico não é aplicado a ideação suicida ou a actos preparatórios;

D. o acto não foi iniciado durante um estado de delírio ou confusão;

E. O acto não foi realizado unicamente por um objectivo político ou religioso.

Comorbidade em relação ao caso

Transtorno depressivo; transtorno esquizoafetivo; transtorno da personalidade bordeline – padrão


global de instabilidade no relacionamento interpessoal, autoimagem e afectos; e transtornos de
adaptação – sendo adolescente que se enquadra numa fase de conflitos, passam por mudanças da
sua maneira de se comportar procurando se afirmar dentro do seu grupo social e das suas
relações intra e extrafamiliares.
Segundo CD-X, transtorno Esquizoafectivo tipo depressivo

Transtorno no qual sintomas esquizofrénicos e depressivos ambos são proeminentes no mesmo


episodio da doença. A depressão do humor é usualmente acompanhada por vários sintomas
depressivos característicos ou anormalidades comportamentais tais como: retardo, insónia, perda
de energia, do apetite ou de peso, redução de interesses normais, comportamentos de
concentração, culpa, sentimentos de desesperança e pensamentos suicidas e alucinações
auditivas.

III. INTERVENÇÃO

 Restabelecer uma conduta de ajuda ao paciente no sentido de falar do seu sofrimento e


ajudar a encontrar melhores soluções para os seus problemas;
 Permitir com que ele fale das coisas que o preocupam. Levar a expressar o que sente e a
vivenciar a situação;
 Mostrar a disponibilidade de escuta-lo sem julgamentos;
 Avaliar sempre o caso verificando se as ideias do suicídio são frequentes e se eles
dispõem de meios para consumar o acto;
 Intensificar a auto-estima, encorajando-o nos seus progressos; em suas habilidades e
comportamentos independentes;
 Orientar a família, a esconder os objectos que constituem perigo;
 Ensinar a estratégia de autocontrolo, para reduzir alterações emocionais.

Aplicação da Terapia Cognitivo Comportamental

Que tem como objectivo auxiliar o paciente reconhecer e modificar padrões de pensamento e
comportamentos disfuncionais para outros que sejam mais racionais, realistas e eficientes na
direção de metas por ele desejados (RAMGE ET AL 1996 A 2005, P.32).

A terapia ensina o paciente a colocar em foco a cada sessão, seus pensamentos e crenças
disfuncionais, identificando, avaliando e respondendo a cada situação disfuncional (ABREU &
GULHARDI 2004, P.283).

Técnicas
Contratos de contingência – explicando o comportamento que devem ser executados,
modificados ou eliminados.

Reestruturação cognitiva – processo de identificação das próprias cognições analisando o


impacto de certos pensamentos sobre o comportamento e aprendendo a substituir estas cognições
por pensamentos mais apropriados.

Resolução de problemas – estratégia cognitivo comportamental que ensina os indivíduos,


formas de gerir problemas quotidianos. Identifica a solução mais eficaz para um problema e
proporcionar um treino sistemático de capacidades.

Fundamentação teórica

Suicídio e tentativas de suicídio, acto de acabar com a própria vida, dar morte a si mesmo (costa
e melo, 2001).

Factores de risco em relação ao caso

Depressão, perturbação do humor, Esquizofrenia, perturbação da personalidade, problemas


conjugais, da adolescência, familiares e laborais.

Consulta seguinte “2”

Paciente veio acompanhada da sua irmã com queixas de uma com pus nos lábios de órgãos
genitais e dores no baixo-ventre.

Segundo irmã, refere momentos de irritabilidade, ideias suicidas, quando os irmãos começam a
mandar piadas no sentido de brincar com ela, momentos de brigas com o namorado e sem
problemas de relacionamento com a família.

Colaborante e sem alteração de humor.

Foi transferida para o serviço de ginecologia.

Consulta seguinte “3”

Paciente veio sozinha a consulta, refere melhorias, audição de vozes ocasionais chamando pelo
seu nome e que uma semana atrás quando ia ao mercado, ouviu a voz masculina lhe chamando;

Durante a espera para a consulta, ouviu a voz feminina chamando pelo seu nome.
Actualmente com bom relacionamento familiar, colegas, amigos. Calma, colaborante, alteração
da perceção com alucinações auditivas e sem alteração noutras esferas.

IV.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a identificação do problema do nosso paciente é necessário a elaboração de um plano de


intervenção que inclui a aplicação de uma técnica especifica e eficaz para o tratamento do
transtorno no paciente, e encontramos diversas técnicas que podem auxiliar ao nosso paciente a
reestabelecer o seu equilíbrio psíquico. Para este caso específico foi identificado o transtorno do
comportamento suicida no nosso paciente, e foi recomendável a aplicação da terapia cognitiva
comportamental, visto que, o paciente apesentava pensamentos disfuncionais e era necessário
que se fizesse uma reestruturação cognitiva no nosso paciente. Após a intervenção foi possível
reestabelecer o equilíbrio psíquico do paciente.
V. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

American Psychiatric Association, Manual Diagnóstico e Estatisco de Transtornos Mentais, 5ª


edição, Artmed, Porto Alegre, 2014.

Ministério da Saúde (MISAU), Direcção Nacional de Saúde , Manual de Saúde Mental, 2005.

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