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CURSO: PSICOLOGIA

COMPETÊNCIA: DESENVOLVER INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS NO


CAMPO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE MENTAL.
PROFESSORA: GUAÍRA MOREIRA CAMILO DE MELO DUTRA
ALUNOS: CLÁUDIO LUCAS DOS SANTOS BARBOSA
DANIEL LUCAS GALVINO VIEIRA
HERBESON FELIPE ELIAS DOS SANTOS
JESSICA CAVALCANTI FERREIRA
JOSILENE CAVALCANTE AREIAS DE ALMEIDA
NICOLAS RAFAEL CALDAS DE ALMEIDA
TURMA: 5º PERÍODO - 2023.1 DATA:25/02/2023

EXERCÍCIO: PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR


Analisem e discutam o caso abaixo e em seguida façam uma proposta de
Projeto Terapêutico Singular que atenda às demandas apresentadas.

CASO APARECIDA

Autoria: Roberto Tykanori Kinoshita

Aparecida chegou ao CAPS encaminhada pelo setor de Ginecologia e


Obstetrícia do Hospital Municipal Universitário por estar no sexto mês de gravidez e
desejar fazer tratamento para dependência química, já que é usuária de crack. Após
ficar abstinente por 3 meses, voltou a fazer uso e na última semana chegou a usar
20 pedras de crack, sentiu-se muito mal e foi internada. Gostaria de ficar abstinente
porque sua última filha teve sequelas do uso na gestação. Conta que iniciou o uso
há 8 anos, através da cocaína. Está na 5ª gestação. Tem uma filha de 16 anos,
também gestante. Todas as crianças estão sendo cuidadas pelos parentes (ou os
pais ou avós).
Aparecida diz não sentir-se apoiada pela mãe; há dois anos não fala com ela.
Atualmente está registrada trabalhando numa empresa terceirizada de limpeza. Tem
33 anos, mora com a irmã e quer parar de usar drogas para “recuperar” os filhos,
pois está se sentindo só.

Diagnóstico Situacional

Nome: Aparecida dos Santos

Renda que administra: R$ 850,00 por mês

Relação com o trabalho: trabalha registrada como ajudante de limpeza

Tipo de família: atitude crítica, faz 2 anos que não fala com a mãe

Vida social e afetiva: pouca relação com a família, o pai da criança é


ausente, suas relações estão muito em função do uso da droga

Circulação: restrita, sempre tendo a droga como interesse central.

Condição civil plena, mas já perdeu a guarda de outros filhos

Autoimagem muito prejudicada, sente-se uma pessoa sem valor, que não
consegue nada do que deseja.

Projetualidade: sem perspectiva de futuro

Autonomia: muito dependente do crack, foge, “larga” os filhos, vende coisas.

Podemos listar então os seguintes problemas a serem abordados:


1. Conseguir levar a gestação até o fim
2. Ter um bebê saudável
3. Conseguir cuidar do bebê e de si mesma
4. Manter o emprego
5. Conseguir um quarto para ela e os filhos
6. Conseguir a guarda de outro filho
7. Conseguir aproximação com a família
8. Mobiliar o quarto
9. Conseguir creche para o bebê

Aparecida se reconhece nessas necessidades, inicia tratamento e logo em


seguida passa a noite usando crack. Procura, então, o CAPS onde lhe é proposto
ficar em hospitalidade noturna. Ela não aceita. Volta no dia seguinte, tem contato
com o profissional de referência e começa a se acostumar com a ideia de ficar no
CAPS AD. Conta brevemente sua história, fala sobre o estupro sofrido aos 13 anos;
o desligamento da escola a partir disso; ameaças à família; mudança para a Bahia;
retorno para São Bernardo do Campo; a experiência de ser filha de pais separados;
os vários relacionamentos afetivos; seus filhos tendo pais diferentes; o estupro de
seu filho de 13 anos; um novo relacionamento com outro usuário do CAPS.

Tem dificuldades para cumprir o contrato de hospitalidade noturna. Assina


termo de compromisso para sair e não pernoitar no serviço, mas retorna no dia
seguinte. Num processo de aproximação, decide participar do grupo e conta que
decidiu sair à noite, pois ficou angustiada em saber que a outra paciente que saiu
para buscar droga para as duas não retornou. Saiu para encontrá-la e não
conseguiu; usou duas pedras. Informada quanto às regras da hospitalidade,
indagada quanto ao seu desejo de se tratar, alugar um cômodo para cuidar de sua
filha, ela começa efetivamente a permanecer dia e noite no CAPS.
PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS)

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL (problemas abertos e fechados)

Orientações para construção do PTS a curto, médio e longo prazo.

1. Possibilidades de trocas materiais


● Renda que de fato administra: R$ 850,00 por mês.
● Relação com o trabalho: (não trabalha, trabalha, aposentado por invalidez,
mercado informal, aposentado por tempo de serviço, auxilio doença. Qual a
relação com o trabalho ou com o “não trabalhar”?)

Trabalha registrada como ajudante de limpeza

2. Possibilidades de trocas afetivas


a) Relação com a família: (não tem, indiferente, atitude crítica, atitude
favorável. Quem identifica como sendo sua família? Como se dão essas
relações?)

Atitude crítica, faz 2 anos que não fala com a mãe

b) Vida social e afetiva (sempre só, sociabilidade comprometida, pouca


relação com a família e a comunidade, vida social plena, relacionamentos
amorosos)

Pouca relação com a família, o pai da criança é ausente, suas relações


estão muito em função do uso da droga .

c) Circulação na vida cotidiana: (não circula, circulação restrita, circulação


mediada, circulação ampla. Há espaços com os quais se identifica?)

Restrita, sempre tendo a droga como interesse central.


3. Condição civil: (plena, interditado, sob júdice, medida de segurança, curatela,
privado de liberdade)

Plena, mas já perdeu a guarda de outros filhos.

4. Aspectos da subjetividade
a) Auto-imagem: (ruim, regular ou boa. Como percebe a si mesmo? Qual
relação com o autocuidado?)

Muito prejudicada, sente-se uma pessoa sem valor, que não consegue nada
do que deseja.

b) Projetualidade: (como é a articulação do seu projeto de vida no mundo:


ruim, regular ou boa. Tem projetos de futuro?)

Sem perspectiva de futuro.

c) Autonomia (qual seu poder de escolha/decisão frente às coisas e relações


significativas para o cotidiano da sua vida? De quais/quantas relações/coisas
depende)

Muito dependente do crack, foge, “larga” os filhos, vende coisas.

d) Independência (grau de dependência física relativa à realização das


ações do dia-a-dia)

Independente para agir, mesmo na gravidez.


OFERTAS POSSÍVEIS DO SERVIÇO E PREVISÃO DE ARTICULAÇÕES
INTERSETORIAIS
a) Terapêuticas: consultas médicas, farmacoterapia, propostas de atendimentos
individuais e/ou grupais com propósito terapêutico, oficinas terapêuticas, articulação
com serviços de saúde territoriais, etc.

Psicólogo - Avaliação Psicológica e escuta psicológica, abordagens e oficinas


psicoterápicas e psicossociais, tanto individual como em grupo, trabalhando o
autoconhecimento sobre seu propósito e autovalorização.
Enfermeiro - Farmacoterapia para lidar com abstinência e dependência química,
higienização corporal da gestante, acompanhamento de cuidados diários.
Consulta com Médico Clínico - a avaliação do projeto terapêutico: os fármacos
utilizados, as comorbidades clínicas relacionadas à dependência química e se o
usuário necessitava de tratamento psicológico ou psiquiátrico, monitorando o
surgimento de futuras complicações, encaminhamento para o acompanhamento
do Pré-Natal e Neonatal de Obstetra e Ginecologista.
Médico Psiquiátrica - Avaliará a síndrome de abstinência, a tolerância, a
substituição de horas produtivas pelo consumo, comorbidades clínicas,
psiquiátricas e de risco de suicídio, montagem de plano de redução de danos.
Assistente Social - Articulação com serviços de saúde territorial, identificação de
fatores favoráveis e desfavoráveis para uso de drogas, em termos de pessoas,
ambiente, e se área de convivência tem características de vulnerabilidade para
uso.
Nutricionista - Avaliação e acompanhamento nutricional no auxílio em uma dieta
que se adeque ao quadro de gestante e recuperação da dependência química.
Educador Físico - Fazer avaliação da situação física, para verificar se existe a
necessidade de reabilitação física, inserir atividade física moderada na rotina
durante a gestação.
Terapeuta Ocupacional - Receber as demandas dos outros profissionais de
saúde e planejar ações que se adequem ao caso.

b) Sociabilidade: oficinas terapêuticas, atividades de lazer, espaços de convivência,


atividades junto à comunidade, etc.
Trabalhar temas de separação da vida social para com as drogas, promoção de
saúde (Nutrição, Educação física, Psicoeducação), abrir círculos sociais fora do
ambiente do crack, incentivar interação com outras pessoas que estejam na
situação dela (Gestantes, Usuários de drogas, Mães) e promover socialização em
grupos de diferentes atividades de convivência.
Exemplos de oficina: Maquiagem, leitura, brincadeiras lúdicas, artesanato, teatro,
arte terapia, pilates, yoga.
Psicólogo - Montagem de oficinas, atendimento psicológico individual e em grupo.
Terapeuta Ocupacional - Trabalha a relação do uso dentro do cotidiano do
sujeito, bem como processos de reinserção social.
Assistente Social - Avalia a situação social da paciente e repassa as informações
para os profissionais de saúde.
Educador Físico - Acompanhar e montar atividades físicas em grupo.

c) Atenção às famílias: orientações, assembleias de familiares, reunião de famílias,


associação de familiares, etc.

Analisar os vínculos intrafamiliares e planejar orientações de acordo com o caso


da paciente. Como ela deseja a reaproximação com a família, devemos facilitar
este processo.
Psicólogo - Atendimento psicológico individual e familiar.
Assistente Social - Avaliar os vínculos familiares e fazer visitas domiciliares,
orientar e conscientizar sobre a recuperação da guarda dos filhos.
Terapeuta Ocupacional - Auxiliar na recuperação de relações familiares.

d) Reabilitação: inserção no trabalho, garantia de direitos sociais e civis, apoio à


criação de cooperativas de trabalho, incentivo à autonomia, incentivo à
escolarização, incentivo à profissionalização.

Incentivo à autonomia e independência do crack, estímulo para aprendizagem por


pedagogo, incentivo à conclusão do processo escolar, liberação do atestado
médico para que fique assegurada e não perca o emprego, garantia de direitos
sociais e civis quanto a família, saúde, moradia e ensino, incentivo à
profissionalização, o autoconhecimento sobre seu propósito e de autovalorização.
Assistente Social - Informa e analisa as atuais e futuras perspectivas do
paciente, educando sobre seus direitos e deveres.
Psicólogo - Atendimento psicológico individual.
Terapeuta Ocupacional - Atendimento individual.

PTS a curto prazo (até 3 meses)

● Avaliar os encaminhamentos realizados pela equipe interdisciplinar;


● A adesão da mesma às atividades;
● Fazer novamente as avaliações psicológicas, médicas e psiquiátricas,
considerando o estado que ela se encontra;
● Analisar os vínculos intrafamiliares e fazer visitas domiciliares para planejar
orientações de acordo com o caso da paciente.
● Farmacoterapia para lidar com abstinência e dependência química.
● Incentivo à autonomia e independência do crack.
● Trabalhar temas de separação da vida social para com as drogas,
promoção de saúde, abrir círculos sociais fora do ambiente do crack,
incentivar interação com outras pessoas que estejam na situação dela e
promover socialização em grupos de diferentes atividades de convivência.
● Garantia de direitos sociais e civis quanto a família, saúde, moradia,
fazendo o levantamento dessas informações.
● incentivo à profissionalização, o autoconhecimento sobre seu propósito e de
autovalorização.

PTS a médio prazo (3 a 9 meses)

● Fazer novamente as avaliações psicologicas, médicas e psiquiátricas,


considerando o estado que ela se encontra;
● Verificar o engajamento da mesma às atividades;
● Como ela deseja a reaproximação com a família, devemos facilitar este
processo.
● Farmacoterapia para lidar com abstinência e dependência química.
● incentivo à profissionalização, o autoconhecimento sobre seu propósito e de
autovalorização.
● Incentivo à autonomia e independência do crack.
● Garantia de direitos sociais e civis quanto a família, saúde, moradia.

PTS a longo prazo (acima de 9 meses)

● Fazer novamente as avaliações psicologicas, médicas e psiquiátricas,


considerando o estado que ela se encontra;
● Farmacoterapia para lidar com abstinência e dependência química..
● Incentivo à autonomia e independência do crack.
● Estímulo para aprendizagem por pedagogo, incentivo à conclusão do
processo escolar.
● Garantia de direitos sociais e civis quanto a família, saúde, moradia,
verificando o comprometimento dela para com esses fatores.
● incentivo à profissionalização, o autoconhecimento sobre seu propósito e de
autovalorização.
Roteiro

1. Como está sendo a humanização do seu serviço (autocuidados, dificuldades


na realização do serviço)?
2. Qual o feedback que os pacientes costumam dar sobre o serviço oferecido?

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