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NEUROPSICOLOGIA

Profª Dra Juliana Cecato


cecatojuliana@hotmail.com

Psicóloga clínica
Especialista em Psicopedagogia
Neuropsicóloga HC/FMUSP
Mestrado em Ciências da Saúde
Doutorado em Neuropsicologia pela UniFieo e em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de Jundiaí
Professora colaboradora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Jundiaí - FMJ
NEUROPSICOLOGIA
Avaliação neuropsicológica do
adulto e do idoso

PROFESSORA:
XXXXXX
Transtorno de
Personalidade
Caso clínico 1
• Paciente E.M., 50 anos, sexo masculino, Faculdade de Direito (sem OAB), trabalha com
consultoria empresarial. É encaminhado para avaliação neuropsi pelo psiquiatra.

• Paciente relata nunca ter passado por psicólogo na vida e que nunca entendeu para que
funciona;

• A anamnese com o paciente relata vida familiar harmoniosa: dois filhos, a esposa e o cachorro.
Tem um bom relacionamento com todos da família  exceto a família da esposa e com dois dos
seus irmãos

• Ao ser questionado, relata ter bastante amigos  ???

• Relata que teve um problema com o filho  homossexualismo  “Matei meu filho!”

• Fala bem, se expressa bem  “paciente sedutor”!


Caso clínico 1
• A esposa (empresária) que acompanha o paciente nas consultas, relata explosões de
agressividade quando contrariado.

• Relatou que várias vezes “foi empurrada” pelo marido em discussões  empurrou do carro

• Em outro momento, quando chegou em casa e viu que tinha fezes do cachorro na sala (moram
em apartamento), quase jogou o cachorro pela janela  mas se arrependeu

• Esposa também relata que o paciente está desempregado  nunca manteve um trabalho durou
(no máximo 4 anos em um trabalho)  já passou mais de 20 trabalhos diferentes

• Não tem amigo  não se dá com ninguém (nem mesmo com sua família)
Transtorno de Personalidade
• TP são definidos como um padrão persistente que acontece de maneira interna do indivíduo
e seu comportamento afasta do esperado para uma determinada cultura

• O padrão de comportamento, além de ser acentuadamente fora das expectativas, é difuso e


inflexível, aprece nas fases iniciais da vida, leva ao prejuízo do funcionamento social e
mental

• TP representam um dos maiores desafios para muitos profissionais que lidam com
pacientes psiquiátricos, ou seja, diferenciar transtorno de traços de personalidade se
torna uma tarefa complexa

• Algumas doenças podem provocar alteração no traço da personalidade como por exemplo
uso abusivo de álcool ou droga
Transtorno de Personalidade

• O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em sua 5ª atualização


(DSM-5) aborda os transtornos de personalidade em duas seções: na seção II voltada
para o atendimento do perfil clínico (Tabela 1) e na seção III voltada para atender
iniciativas em pesquisas (Tabela 2) (APA, 2014). Para esta versão, a Associação de
Psiquiatria Americana (APA) mantem os 10 transtornos específicos de personalidade.
Transtorno de Personalidade

• Salienta-se que um transtorno de personalidade está presente quando existe inflexibilidade


de comportamento e estes são mal-adaptativos, causando prejuízo funcional ou sofrimento
subjetivo significativo

• Necessariamente, indivíduos com transtorno de personalidade apresentam déficit de


comportamento que se manifesta por meio de alterações da cognição, da afetividade, do
funcionamento interpessoais e também dificuldade em controlar seus impulsos

• O sofrimento descrito nos manuais diagnósticos refere-se ao prejuízo na relação


interpessoal clinicamente significativo que prejudica a vida do indivíduo
Transtorno de Personalidade Borderline
• Um dos mais angustiantes TP

• Podem desenvolver em seu curso alucinações, delírios, distorções


de imagem corporal

• Geralmente escolhem algo ou um objeto para sentirem-se


protegidos (por exe., animal de estimação)

• Tentativas de suicídio

• Perdas de emprego recorrente


Prevalência

• Pode chegar a 5,9% da população geral

• 10% em pacientes de ambulatório

• 20% em hospitais psiquiátricos

• 75% apresentam mais de uma tentativa de suicídio (3,4 tentativas

na média)
Transtorno de Personalidade Borderline
• Transtorno de Personalidade Limítrofe  Forma limítrofe da esquizofrenia

• TPB e Esquizofrenia  ≠

• Pessoas com TPB evitam o abandono e com relacionamento difíceis

• Inseguros e dificuldade de controle comportamental

• Podem cursar com comorbidades  álcool, droga, sexo inseguro, compulsão alimentar

• Tentativas de suicídio são frequentes (média de 4,3 por pessoa)

• Sentimento crônico de vazio

• Raiva inapropriada (agressões físicas)


Característica TPB

• São desafiadores e difíceis de tratar

• Resultando em atitudes negativas,


agitação, e irritabilidade

• Baixa tolerância a frustração

• Baixa aderência ao tratamento


psicológico
Quando surge?
• Frequentemente no início da puberdade  13 a 18 anos  automutilação

• Verifica-se que 3 a cada 100 adultos possuem o transtorno

• Acomete homens e mulheres  no entanto, homens infringem mais a lei

• Não se sabe ao certo o que contribui para a melhoria ou estabilização do transtorno

• Estudo alemão revela que melhora com a idade  

• Drogas (inclusive maconha) e álcool pioram o quadro

• 70%  abuso sexual


Manifestação

• Problemas com sentimentos (regulação emocional)

• Problemas com outras pessoas

• Problemas consigo próprio e com a imagem corporal


Regulação emocional
Todo pensamento volta-se unicamente à função de reconhecermos os mais rápido possível
uma nova ameaça e a de nos defendermos

Toda vez que um sentimento é muito forte, ele determina nosso pensamento e nossa ação

Por essa razão, quem convive muitas vezes acha o comportamento estranho e não
entende o que motivou determinada reação
Problemas com outras pessoas
Problemas consigo próprio e com a imagem corporal
• Relatos de profunda insegurança quanto a quem elas realmente são

• Se percebem com o “separadas de si mesma”

• A atitude diante do próprio corpo e a avaliação da própria imagem


não costumam ser benevolentes e carinhosas

• Dependendo da tensão (crise) podem surgir fenômenos


dissociativos: sensação de irrealidade
Intervenção
• Foco da terapia está na exposição e na resolução do conflito
intrapsíquico  preparar a paciente para lidar com frustrações

• Aumento do controle de impulsos e da tolerância à ansiedade

• Estabelecer metas e a hierarquia das metas no primeiro ano

• Adesão ao tratamento medicamentoso

• Enfrentamento dos sintomas depressivos e ansiosos

• Sem deixar o foco dos comportamentos suicidas


Intervenção
• Mudança de pensamento  mudar o pensamento  criar formas
mais adaptativas como o paciente enxerga o mundo

• Reduzir crenças negativas que resultam em afeto instável e


comportamentos destrutivos

A Carol não gostava de falar de faculdade, mesmo tendo feito uma das mais
concorridas do Brasil  trauma porque levou 7 anos para terminar  influência
negativa da mãe

Após algumas sessões, Carol tem orgulho de ter feito Unicamp


Intervenção
Estágio 1: Alcançando capacidade básicas
•Controle do comportamento para construir um padrão de vida que
seja razoavelmente funcional e estável
•Trabalhar como dentista? É o foco no primeiro estágio?
•Diminuir a sensação de vazio
•Atividades sociais (ex. academia; cursos de curta duração que
sejam motivacionais)
•O Terapeuta deve seguir e cobrar esse Plano de Ação
•Os estágios básicos podem levar cerca de 1 ano para ser realizado
Intervenção

Estágio 1: Alcançando capacidade básicas

•“Ensinar” a lidar com frustrações

•O que fazer quando sentir o vazio? Para quem recorrer?

•Por que não para si mesmo?

•Evitar qualquer ideia e comportamento suicida


Intervenção
Estágio 2: Redução de estresse pós-traumático
•Reduzir o desespero silencioso
•Sofrimento emocional extremo
•Nesse estágio é tratada a ampla gama de dificuldades de vivenciar
emoções
•Como muitos pacientes com TPB apresentam traumas, pode
apresentar Estresse Pós-traumático
•Aqui tratamos como quadro de EPT  Terapia de Exposição (formal
ou informal)
Intervenção
Estágio 2: Redução de estresse pós-traumático

•Lembrar e aceitar os fatos de eventos traumáticos anteriores

•Reduzir a estigmatização e a autorrecriminação geralmente


associadas a alguns tipos de trauma

•Reduzir as síndromes de negação oscilante e reação intrusiva que


são comuns a pessoas que sofreram trauma grave

•Esclarecer as tensões dialéticas com relação à atribuição da culpa


pelo trauma
Intervenção
Estágio 3: Resolvendo problemas da vida e aumentando o respeito
próprio
•Lidar concomitantemente com as situações dos dois estágios
anteriores
•Lidar com a infelicidade da mesma maneira que encara a felicidade
•Sofrimento faz parte da história de vida de cada indivíduo –
aprender a lidar  resiliência
•Autoconfiança
•Autoestima
•Aprender a cuidar de si  sem esperar tanto do outro 
autoconfiança suficiente para se relacionar com os outros e depender
deles sem se anular
Intervenção
Estágio 4: Adquirindo a capacidade para a liberdade e a satisfação
sustentada
•Estágio final
•Desenvolver uma capacidade de satisfação sustentada
•Se libertar de pensamentos irraizados (crenças centrais)
•Consciência do quadro  saber que tem um problema  saber lidar
com os seus limites  enfrentar os pensamentos quando preciso e
saber ter paciência quando não puder resolver
Intervenção
• Em crises: 2 sessões por semana
• 50 a 90 minutos
• Psicoeducação: treinamento de habilidades

Ensinar que são


 Habilidade social: não gritar na sala da espera comportamentos destrutivos
 Uso de droga e sexo impulsivo Apresenta risco a longo prazo
 Uso de telefonemas é permitido (se ver em uma situação
desconfortável que pode ser
evitada)

- Telefone ≠ sessão
- Proporciona intervenção emergencial (crises)
- Proporciona instrução em habilidade e promover sua generalização

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