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O suicida
Princípios básicos:
• Perguntar diretamente sobre pensamentos suicidas (válvula de escape para angustias)
o Manter a maior privacidade possível na entrevista
o Se houver ideação suicida:
▪ Descobrir se há um plano (como você se mataria?
▪ Descobrir como o faria (o que você usaria? Como você conseguiria o meio do qual precisa?)
▪ Descobrir se há uma data (quando você se mataria?)
o Perguntas chave:
▪ Você sente que sua vida perdeu o sentido?
▪ Você pensa que seria melhor morrer?
▪ Você pensa em colocar fim a sua vida?
▪ Você planejou como se mataria?
▪ Você pensou onde e quando se mataria?
▪ Você tem com o que se matar?
▪ Você tem esperança de que te ajudem
Pontos importantes
• Fornecer apoio emocional para resolver a ambivalência entre a vontade de viver e o desejo de morrer
• Avaliar a rigidez do pensamento do paciente (incapacidade de encontrar saídas)
• Avaliar impulsividade do paciente e sua capacidade de lidar com situações difíceis
• A maioria dos suicidas da avisos (“cão que late, morde”
• Atenção para os pacientes excessivamente tranquilos (“cão que late também morde) – os pacientes dão
varias “bandeiras” e pedem ajuda de maneiras diretas e indiretas
Fatores predisponentes
• Homens e idosos – maior letalidade
• Mulheres e jovens – mais tentativas
• Histórico familiar de suicídios, alcoolismo ou transtornos psiquiátricos
• Tentativas previas
• Presença de transtornos mentais ou doenças físicas
• Desesperança
• Solidão conjugal (divorciado, viúvo ou solteiros) e/ou social
• Histórico de abuso
• Desemprego ou aposentadoria
• Minoria étnica ou sexual
• Baixa inteligência
Fatores protetores
• Ausência de transtornos mentais
• Gestação aceita
• Senso de responsabilidade com a família
• Suporte social positivo
• Religiosidade
• Ter emprego
• Criança na família
• Capacidade positiva de resolução de problema
• Conexão intacta com a realidade
• Boa relação terapêutica
Risco de suicídio
• Baixo: pensamentos suicidados ocasionais, sem planejamento – maneja para mais próximo
o Médio: pensamentos suicidas, com esboço de plano de ação, mas sem caráter imediato – avalia caso
a caso
o Alto: pensamentos suicidas, com plano pronto, meio de execução disponíveis e caráter imediato –
via de regra internação
Quando internar
• Risco de suicídio iminente
• Após tentativa de suicídio
• Ideação suicida com planejamento e meios disponíveis
13/09/2021 Ministrada – Dr. Elton Bévena Rodrigues Lopes
• Continência familiar ruim
Alternativas de manejo
• Em paciente com ideação suicida sem planejamento pode-se
o Trabalhar ambivalências
o Oferecer apoio emocional
o Rever o paciente em intervalos regulares
o Comunicar a intenção da família, orientar sinais de alerta e vigilância 24 horas
O psicótico
Prioridades
• Coletar informações e observar paciente visando formular uma hipótese diagnostica
• Revisar tratamento prévios – paciência em mania psicótica bipolar se estiver em uso de antidepressivo
temos, portanto, um fator precipitante, temos que tirar esse fármaco
13/09/2021 Ministrada – Dr. Elton Bévena Rodrigues Lopes
• Descartar quadro orgânico
• Avaliar possibilidade de intoxicação abstinência ou delirium
• Avaliar e tratar quadros que exijam intervenção imediata – mesmo sem caber a causa por enquanto temos
que tratar
Tratamento farmacológico
• Antipsicóticos:
o Haloperidol 10mg (associar prometazina 25-50mg), IM. Máximo 20mg/dia
o Olanzapina 10mg IM (menos efeitos colaterais, efeito menos duradouro). Máximo 30mg/dia
▪ Passando da dose máxima e o paciente mesmo assim não respondeu podemos associar
outros fármacos
O violento
Pontos básicos
• Tentar obter sinais vitais, oximetria, dextro – tanto hipo quanto hiperglicemia pode ser predisponentes
• Nunca ignorar causas orgânicas
• Identificar fatores de risco para violência
• Pesquisar psicose
• Atuar quando há tensão crescente (raiva – resistência a autoridade – confrontamento)
Prioridades
• Manter segurança de todos
• Observar paciente e coletar informações do mesmo e de seus acompanhantes para formular diagnostico
inicial
• Revisar tratamento prévios
• Excluir condições medicas gerais
• Avaliar e tratar quadros que exijam intervenção imediata
• Pesquisar intoxicação ou abstinência
Objetivos do atendimento
• Reduzir sofrimento físico e psicológico do paciente
• Reduzir risco de dano a terceiros
• Ajudar o paciente a manejar emoções e readquirir controle do comportamento
• Evitar danos ao paciente (prescrições seguras, monitoramento da saúde física)
Como lidar
• Postura honesta e franca, com atitude receptiva
• Evitar movimentos bruscos
• Assegurar ao paciente que quer ajuda-lo a controlar seus impulsos
• Manter distância física segura
• Evitar anotar
• Apresentar a si mesmo e a outros membros da equipe
• Fala firme e pausada
• Perguntas claras e diretas
• Conduzir entrevista com flexibilidade e sem barganhas
• Colocar limites de forma objetiva e acolhedora
• Não ameaçar e não confrontar
• Estimular o paciente a expressar sentimentos com palavras
Medidas
• Não coercivas
o Ambientais
▪ Implantar protoloco de atendimento para pacientes agitados ou violentos
▪ Educação continuada para toda a equipe
▪ Ter equipe de segurança
▪ não ter objetos que possam ser usados como armas.
▪ paciente e clínico em posição que permita acesso fácil às portas (que devem estar abertas).
▪ minimizar estímulos externos.
▪ diminuir tempo de espera para atendimento
o verbais (desescalonamento)
▪ respeite espaço pessoal do paciente.
▪ não seja provocativo.
▪ estabeleça contato verbal.
▪ seja conciso.
▪ identifique desejos e sentimentos do paciente.
▪ escute com cuidado.
▪ concorde ou “concorde para discordar”.
▪ estabeleça limites claros.
▪ ofereça escolhas.
▪ demonstre otimismo.
▪ dialogue de forma coesa com paciente e equipe.
• Não coercivas
o Contenção física
▪ Reclusão (“sala acolchoada”)
▪ Contenção mecânica
• Equipe de cinco membros treinados
• Apenas o médico assistente conversa com o paciente
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• Dialogue claramente com o paciente
• Informe o paciente quanto ao procedimento em curso (também orientar
acompanhantes)
• Conter em decúbito dorsal, com leve elevação da cabeça e possibilitando acessos
venosos
• Solicitar revista do paciente (armas ou drogas)
• Monitorar nível de consciência e parâmetros vitais
• Retirar faixas após controle comportamental
• Pode ser necessária tranquilização farmacológica concomitante (opte por fazer)
o Contenção química
▪ Benzodiazepínicos
▪ Antipsicóticos típicos ou atípicos
Dicas
• Delirium tremens – Benzodiazepinicos
• Intoxicação por estimulantes – prefira benzodiazepínicos (antipsicóticos geralmente reduzem limiar
convulsivo)
• Intoxicação por álcool: antipsicótico (benzodiazepínico também deprime SNC)
• Usar Haloperidol sempre associado a prometazina (na primeira aplicação): melhora sedação e reduz risco de
distonia aguda
• Se o objetivo é sedação: Midazolam
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• Comparado a antipsicóticos atípicos, a combinação Haloperidol + Prometazina tem o mesmo efeito agudos,
com maior duração
• Evitar Clorpromazina em idosos e paciente com Delirium (droga hipotensora e bastante sedativa)
• Lorazepam IM é bem absorvido e interage pouco com outras drogas
• Midazolam IM tem efeito bastante curto (no máximo 2h)
• Evitar Diazepam IM (absorção errática e metabolitos ativos de meia-vida longa)
• Se necessário Diazepam EV, monitorar frequência respiratória e ter antidoto disponível (Flumazenil 0,3mg
EV/min até sair do coma)
Transtornos somatoformes
• Sintomas físicos múltiplos que não podem ser explicados por quaisquer transtornos físicos detectáveis
• A preocupação com os sintomas causa angustia persistente e leva o paciente a buscar consultas repetidas
• Recusa continua em aceitar a confirmação do medico de que não há nenhuma causa física para os sintomas
apresentados
Transtornos conversivos
• Presença de sintoma sou déficits que afetam funções motoras ou sensoriais sem confirmação anatômica ou
fisiopatológica
• Tais sintoma não são fruto de simulação e produção intencional
• Sintomas comuns: motores (descoordenação, perda de equilíbrio, paresias ou paralisias, alterações de fala,
dificuldade em engolir, “nó” ou “bola” na garganta, dificuldade em urinar) e sensoriais (perda de tato e
sensação de dor, visão dupla, cegueira, surdez), e pseudocrises convulsivas.
• causa clássica: conflito inconsciente (desafiada por achados de neuroimagem funcional – menor atividade
orbitofrontal e no cíngulo).
• predisponentes: baixo nível socioeconômico, mulher, zona rural, tr. humor ou personalidade, história
familiar positiva, maus-tratos na infância, stress recente, doença neurológica
Conversivos: manejo
• Explicar origem psicogênica
• Deixar claro que sintomas não são inventados ou forçados
• Argumentar baseado na normalidade dos exames (com o bom senso e evitar iatrogenia ou exames invasivos)
• Encaminhar para tratamento multidisciplinar
Transtornos dissociativos
• “histeria”, “piti”. formas comuns:
• transtornos motores dissociativos (paralisia total ou parcial de membro, incoordenação – principalmente nas
pernas – incapacidade de ficar em pé).
• transtornos dissociativos de movimento e sensações (“convulsões”, analgesias, cegueiras, anosmia, surdez).
• a incapacidade física colabora para a fuga de um conflito desagradável ou expressão direta de sentimentos.
• investigar clinicamente.
• além da ausência de correspondência clínica, sintomas psiquiátricos devem estar presentes.
• investigar ambiente psicossocial e relações interpessoais do paciente
Dissociativos: conceito
• ruptura na integração de funções mentis que funcionam associadas (consciência, memória, representação
corporal, controle motor, identidade, emoção, percepção ambiental).
• resposta inadaptada a trauma ou estresse intenso
Fuga dissociativa
• paciente viaja para longe de sua casa e local de trabalho, acompanhada de amnésia parcial ou total.
• mantém cognição e pragmatismo (ao contrário do psicótico).
• comportamento mais organizado do que na amnésia dissociativa
despersonalização/ desrealização
• falha na integração das percepções que resulta na experiência subjetiva de desconexão subjetiva de si
mesmo ou do mundo ao redor.
• despersonalização: sensação de estar desacoplada de si mesma, agindo como robô ou como em um sonho.
• desrealização: senso de irrealidade sobre mundo externo ou passagem do tempo. objetos parecem mudar
de forma, sons parecem diferentes.
• ambas podem vir acompanhadas de sintomas ansiosos, depressivos ou medo de enlouquecer, pois ao
contrário da psicose, o paciente não perde o contato com a realidade.
Manejo
• Psicoterapia
• Medicar sintomas alvo (ansiosos ou depressivos)
• Se desrealização ou pseudoalucinações forem muito intensas, pode-se usar antipsicóticos
Pânico
Ataques de pânico
• sensações de palpitações, falta de ar, sudorese, náusea, sensação de morte iminente, ou perda de controle.
• surgimento abrupto e desaparecem geralmente dentro de uma hora.
• intenso medo e desconforto pela alta ativação autonômica.
• importante descartar eventos ameaçadores à vida.
Manejos psicoterápicos
• primeira coisa a se tentar.
• tentar diminuir ativação autonômica.
• respiração diafragmática (inspiração e expiração lenta).
• informar o paciente sobre o transtorno de pânico.
• quebrar crenças errôneas sobre morrer ou enlouquecer na crise (apresentar diferenças entre a
interpretação do paciente e a realidade objetiva e a interpretação catastrófica dos sintomas e riscos reais).
• assegurar o paciente de que ele pode superar possíveis crises posteriores.
Manejo farmacologico
• paliativo na emergência: sempre encaminhar paciente para tratamento psiquiátrico ambulatorial.
• benzodiazepínicos para melhora provisória dos sintomas.
• lorazepam (0,5 a 2mg), alprazolam (0,25 a 1mg), clonazepam (2mg), ou diazepam (5 a 10mg).
Luto e ajustamento
Princípios gerais
• pesar pela perda de um ente querido é experiência universal e inescapável.
• diferenciar luto normal de patológico.
• diferenciar reação de luto de episódio depressivo.
Luto patológico
• perda de pessoa significativa há mais de 6 meses.
• saudade com sofrimento físico e psíquico diário ou em nível que provoque prejuízo funcional
(funcionamento social ou ocupacional). cinco ou mais dos seguintes:
• confusão acerca do papel na vida ou self diminuído.
• dificuldade em aceitar a perda
• dificuldade em aceitar a realidade da perda
• desconfiança dos outros desde a perda
• raiva relacionada com a perda
• dificuldade em fazer novos amigos, encontrar novos interesses, tocar a vida
• ausência de emoções desde a perda
• vida vazia, oca, sem sentido desde a perda
• sensação de atordoamento, confusão e choque pela perda
Luto X Depressão
• Luto
o Afeto predominante: sensação de vazio ou perda
o Disforia decresce em intensidade após dias ou semanas e ocorre em ondas
• Depressão
13/09/2021 Ministrada – Dr. Elton Bévena Rodrigues Lopes
o Humor deprimido persistente
o Incapacidade de antecipar felicidade ou prazer
Dicas de manejo
• revisitar com o paciente os eventos que levaram à morte, a morte em si e o que ocorreu depois.
• ajudar o paciente a entender que as memórias, apesar de causarem dor, são normais e que, uma vez
toleradas, melhoram com o passar do tempo.
• atentar para a possibilidade do episódio de luto reativar um quadro depressivo prévio.
Passos da avaliação
I. reconhecer a possibilidade de uma reação de luto normal
II. descartar a presença de sintomas suficientes para preencher critérios de transtorno de ansiedade ou
depressivo
III. encaminhar o paciente para terapia e considerar o uso de medicamentos para tratar sintomas ou
transtornos específicos
Transtorno de ajustamento
• estressores podem ser únicos ou múltiplos, recorrentes ou contínuos, individuais, familiares ou
comunitários.
• podem ser agudos (seis meses ou menos) ou crônicos (mais de seis meses de duração)
• subtipos dependendo dos sintomas principais: depressivo, ansioso, misto ansioso/depressivo, distúrbio de
conduta/comportamento (violam normas sociais), distúrbio de emoções/comportamento (mistura de todos
os anteriores).
Manejo
• normalmente são transitórios.
• podem evoluir para outro diagnóstico psiquiátrico ou cronicidade.
• psicoterapia é o carro chefe do tratamento.
• fármacos são adjuvantes.
Princípios do tratamento:
• se possível, remover o estressante
• psicoterapia para adaptação psicológica ao estressante
• modificar respostas disfuncionais ao estresse por medicação ou modificação comportamental.
Opções farmacológicas
• ansiolíticos não-benzodiazepínicos tem a mesma resposta de benzodiazepínicos com menos ansiedade de
rebote: buspirona 15 a 60mg/dia, divididos em duas tomadas.
• manejo da insônia - sedativos por curta duração: difenidramina (25 a 50mg), trazodona (50 a 100mg),
mirtazapina (7,5 a 15mg). ou hipnóticos: zolpidem (5 a 10mg) ou zaleplom (5 a 10mg).
• cuidado com benzodiazepínicos: usar apenas na certeza de promover desmame depois.
Dicas de avaliação
• Sempre buscar informações com acompanhantes
• EXAME FISICO!!
Propedêutica complementar
• B12: alterações cognitivas e da marcha
• folato: depressão, tromboembolismos
• VDRL: neurolues
• RX tórax (pedir em moradores de rua)
• TC (mais acessível que MM): tumores ou sangramentos em pacientes com alterações súbitas de estado
mental ou psicose nova.
• EEG: estados epiléticos não-convulsivos, encefalopatia metabólica (delirium).
• punção lombar: alterações de estado mental com febre e sinais meníngeos (meningoencefalite,
sangramentos).
Suicídio
• idosos tentam mais suicídio e são mais letais, portanto, é importante identificar aqueles sob risco.
• nunca hesitar em perguntar sobre ideação suicida.
• questionar histórico psiquiátrico como qualquer paciente.
• atentar para idosos muito angustiados ou depressivos.
• sempre proporcionar tratamento ao idoso depressivo.
Iatrogenia
• notificar médico assistente de forma polida.
• simplificar a prescrição.
• manejar efeitos colaterais (prometazina injetável para efeitos extrapiramidais de antipsicóticos,
antieméticos ou antivertiginosos).
Agitação
• causas comuns:
o delirium
o delirium tremens
o abstinência de benzodiazepínicos
o hipoglicemia
o estados pós-ictais
o psicose/mania/transtorno psiquiátrico primário
o anormalidade estrutural cerebral
o emergência toxicológica
Delirium
• clinica
o flutuação do nível de consciência
o oscilação dos sinais vitais (disautonomia)
o alterações sensoperceptivas (visuais)
o alterações cognitivas (atenção)
o tipos: hiperativo, hipoativo (apático), misto
• manejo
o garantir segurança do paciente
o identificar e tratar causa-base
o antipsicóticos menos sedativos (haloperidol EV é geralmente seguro).
o NÃO UTILIZAR BENZODIAZEPÍNICOS
Delirium tremens
• Clinica
o delirium + tremores.
o disautonomia intensa
o última ingesta de álcool entre 24 e 72 horas
• Manejo
o se via aérea estiver intacta, tratamento agressivo com benzodiazepínicos até paciente ficar
torporoso.
o monitorar e internar em UTI.
Abstinência de benzodiazepínicos
• Clinica
o similar à abstinência de álcool, sem disautonomia.
o delirium com ou sem tremores.
o maior risco de convulsões
• Manejo
o descontinuar gradualmente o benzodiazepínico.
Hipoglicemia
• Cínica
o estado mental alterado
o sudorese fria
o taquicardia
o fraqueza
Estados pós-ictais
• Clinica
o nível de consciência alterado
o confusão
o agressividade frequente
o ataxia
o possíveis sinais de mordedura na língua ou liberação esfincteriana
• Manejo
o nível de consciência alterado
o confusão
o agressividade frequente
o ataxia
o possíveis sinais de mordedura na língua ou liberação esfincteriana
Emergências toxicológicas
• Clinica
o varia de acordo com a substância monitorar:
▪ Alterações pupilares
▪ sudorese
▪ sinais vitais
▪ outros sinais clínicos (hálito, urina, vômitos)
• Manejo
o tentar detectar o agente
o ligar para o ceatox
Epidemiologia
• 52,5% dos estupros ocorrem na casa da vítima ou do agressor.
• 24,7% das mulheres buscaram atendimento após 7 dias ou mais.
• 33,3% de todos os atendimentos por violência.
• dentre todas as formas de violência, o estupro consistiu 39% das mulheres atendidas e 13,8% dos homens.
• EUA: 26% dos estupros são notificados.
• 4 a 30% das mulheres estupradas adquirem DST. 0,8 a 2,7% HIV (risco de HIV semelhante a exposição sexual
única ou acidente perfurocortante de profissional de saúde).
• contracepção de emergência nas primeiras 24 horas previne 75% das possíveis gestações fruto de violência.
13/09/2021 Ministrada – Dr. Elton Bévena Rodrigues Lopes
• prevalência maior contra pacientes psiquiátricos do que população geral.
• agressores mais frequentes das mulheres são seus parceiros, em ambiente doméstico.
• homens são mais vitimados por estranhos, no ambiente público.
• dentre as mulheres que optam pelo seguimento da gestação decorrente de estupro, 75% de seus rns vão
para adoção.
Aspectos psiquiátricos
• 94% das mulheres desenvolvem sintomas de TEPT em até duas semanas após a violência, prevalecendo após
3 meses em 50% delas.
• risco de uso abusivo de álcool é 4,7 vezes maior em mulheres vítimas de estupro.
• risco de desejo sexual hipoativo e transtornos de excitação sexual é 1,21 a 1,62 vezes maior em mulheres.
ejaculação retardada é 2,1 vezes mais prevalente em homens.
• diferenças de significação: “homens estuprados tendem a se tornarem estupradores; mulheres estupradas
tendem a procurar abusadores físicos e/ou sexuais.”
Atendimento
• postura empática, receptiva, respeitosa e livre de discriminação.
• atenção com populações especiais:
o pacientes psiquiátricos graves.
o portadores de necessidades especiais.
o homossexuais
o idosos
Pontos importantes
• triagem e intervenções agudas para segurança e estabilização do paciente.
• atentar para psicoses e efeito de substâncias.
• investigar sintomas psíquicos atuais, história de vitimização e antecedentes psiquiátricos familiares.
• compensar quaisquer condições psiquiátricas preexistentes.
• cuidado para não re-traumatizar o paciente exigindo reminiscências excessivas da agressão.
• sempre informar a vítima da importância de cada medida e respeitar sua autonomia quando da recusa de
alguma medida.
• informar vítima mulher tanto das possibilidades de contracepção e interrupção legal da gestação quanto do
direito a assistência pré-natal e possibilidade de entrega da criança para adoção caso opte pelo
prosseguimento da gestação.
Cuidados especiais
• história da violência (registrar em prontuário):
o local, dia e hora da violência.
o tipo de violência sexual sofrida.
o forma de constrangimento utilizada.
Manejo
• sempre oferecer psicoterapia.
• inibidores de recaptação da serotonina para intervir em sintomas agudos que podem se arrastar (tept,
humor depressivo, pensamentos intrusivos, impulsividade, ideação suicida). sempre informar sobre efeitos
colaterais, sintomas de retirada e perda de efeito quando terapia é descontinuada.
• propiciar acesso a ginecologista, urologista e legista.
• em casos de violência cometida por agressor desconhecido, é ideal que a vítima compareça ao serviço de
saúde sem tomar banho e com as vestes do momento da agressão (para coleta de material que leve à
identificação do perpetrador).
• coleta de sangue, amostra vaginal, amostras uretrais, anais e faríngeas (dependendo da violência sofrida)
Exames
• Secreções (conforme local da violência)
o Gram
o bacterioscopia de secreção vaginal
o imunofluorescência direta para clamídia
o cultura das secreções
o cultura para gonococo (Thayer-Martin)
o cultura para fungos
• Sangue
o HIV
o HBV
o HDV
o HTLV I e II
o herpes simples I e II
o sífilis
o imunofluorescência indireta para clamídia beta-hcg
Profilaxia
• gestação: quando há contato vaginal com sêmen (confirmado ou não) em mulheres pós-menarca e pré-
menopausa e sem uso de contraceptivos de elevada eficácia.
• HIV: quando há penetração vaginal e/ou anal, feita nas primeiras 72 horas após a violência. se há ejaculação
na cavidade oral, a decisão cabe à vítima (evidências escassas; esclarecer vítima sobre risco de infecção
quando há lesão na cavidade oral ou agressor é soropositivo).
• hepatite B: imunoprofilaxia indicada quando há exposição a fluidos corporais do agressor.
• tétano: quando há lesões associadas à violência e estado vacinal da vítima é deficitário ou desconhecido.
• vítima deve ser seguida por 6 meses, não devendo doar sangue/órgãos, engravidar ou amamentar neste
período
Aspectos gerais
• a violência hoje é um fenômeno social disseminado.
• em São Paulo, a chance de uma pessoa passar por algum evento traumático chega a 90%.
• alguns quadros psiquiátricos podem surgir de forma reativa: transtorno de estresse agudo, TEPT, transtorno
de ajustamento e até transtornos psicóticos breves.
• TEPT
• a maioria das pessoas com tr. estresse agudo desenvolvem TEPT e muitos desenvolvem TEPT sem tr.
estresse agudo.
Dicas terapêuticas
• em caso de insônia, usar trazodona (antidepressivo tetracíclico).
• em caso de sintomas dissociativos, rememorações, hiper-estimulação e hiper-reação, usar antipsicóticos
atípicos em baixas doses (risperidona, olanzapina, quetiapina).
• outras drogas sugeridas: buspirona (sintomas ansiosos predominantes), hidrocortisona (baixos níveis de
cortisol após estresse agudo por feedback negativo), propranolol ou clonidina (pela taquicardia – usar nos
primeiros momentos após o evento traumático).
• encaminhar para terapia cognitivo-comportamental para uso de técnicas como exposição prolongada
(habituação) e reestruturação cognitiva.
Transtornos de personalidade
Tipos
• grupo a (esquisitos, excêntricos):
• paranóide (0,7-2,3%) #5
• esquizóide (0,8-4,9%) #2
• esquizotípica (0,1-3,3%) #4
• grupo b (dramáticos, emotivos, imprevisíveis):
• antissocial (0,6-4,1%) #3
• borderline (0,5-1,6%) #7
• histriônica (0,2-2,0%) #6
• narcisista (0,1-0,8%) #10
• grupo c (ansiosos, medrosos):
13/09/2021 Ministrada – Dr. Elton Bévena Rodrigues Lopes
• evitativa (0,8-5,2%) #1
• dependente (0,5-1,5%) #8
• obsessivo-compulsiva (0,9-1,1%) #9
Pontos fundamentais
• sempre ter em mente as três principais causas que trazem estes pacientes à emergência:
• suicídio
• raiva, impulsividade, agressividade
• quebra de barreiras
Borderlines: medicação
• manejar normalmente os sintomas agudos com as respectivas medicações indicadas.
• antipsicóticos atípicos e estabilizadores de humor (exceto ácido valpróico; há evidências para aripiprazol e
carbamazepina) tem algum efeito em uso crônico
Complicações medicamentosas
Tratamento da SNM
• UTI
• retirar fármaco causador
• compensações hidroeletrolíticas, controle térmico, suporte cardíaco, respiratório e renal.
• se CPK muito alta, hidratação vigorosa e alcalinização da urina (prevenir rabdomiólise).
• usar benzodiazepínicos para conter agitação psicomotora e acelerar recuperação.
• amantadina 200 a 400mg/dia divididos em 2 tomadas ou bromocriptina 2,5mg 3x/dia, VO. (até 45mg/dia).
• se hipertermia, rigidez e hipermetabolismo: dantrolene 1 a 2,5mg/kg de ataque e 1mg/kg a cada 6 horas
para manutenção.
• ECT como última medida (6 a 10 sessões).
• 7 a 11 dias para recuperação.
Acatisia
• forma mais comum de síndrome extrapiramidal.
• vontade irresistível de se mexer e incapacidade de ficar parado (ligada a introdução ou aumento de
antipsicóticos ou à retirada de medicação usada para tratar sintomas extrapiramidais).
• balançar de pernas, oscilar de um lado para outro, andar a esmo, não conseguir parar sentado ou não ficar
parado em pé).
• primeiramente tenta-se reduzir o antipsicótico. caso não funcione, lorazepam 0,5mg VO. duas vezes ao dia,
podendo chegar a 10mg/dia.
• outras opções: betabloqueadores (propranolol 10mg/dia em 2 tomadas, pode chegar a 60mg/dia) ou
anticolinérgicos (biperideno 2 a 6mg/dia, ou amantadina).
Distonia aguda
• contrações musculares involuntárias, breves ou prolongadas,
resultando em movimentos ou posturas anormais (torcicolo,
protrusão de língua, crises oculógiras, opistótono e até
laringospasmo – raro e potencialmente fatal).
• fatores de risco: homem, menos de 30 anos, uso de cocaína, história
prévia de distonia.
• tratar rapidamente com biperideno 2mg IM. ou EV., podendo repetir
a cada 30 minutos até atingir 4 doses.
• normalmente reversível em no máximo 1 hora.
• é de bom tom, após a crise, alternar terapêutica para antipsicótico
de menor potência ou atípico
Síndrome serotonérgica
• tremor, clônus e acatisia (principalmente em extremidades) sem sinais extrapiramidais.
• outros sinais: hiper-reflexia, náuseas, midríase, aumento do peristaltismo, agitação, diaforese, taquicardia,
hipertensão, hipertermia (superior a 38ºc).
• ocorre geralmente menos de 12 horas após contato com agente serotonérgico.
• pode haver leucocitose, aumento de cpk, creatinina, transaminases e acidose metabólica